1) Oração

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,31-37)

Naquele tempo, 31Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e ali ensinava-os aos sábados. 32Maravilharam-se da sua doutrina, porque ele ensinava com autoridade. 33Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio imundo, e exclamou em alta voz: 34Deixa-nos! Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: o Santo de Deus! 35Mas Jesus replicou severamente: Cala-te e sai deste homem. O demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal algum. 36Todos ficaram cheios de pavor e falavam uns com os outros: Que significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles saem? 37E corria a sua fama por todos os lugares da redondeza.

 

3) Reflexão   Lucas 4,31-37

No evangelho de hoje, vamos ver de perto dois assuntos: a admiração do povo pela maneira de Jesus ensinar e a cura de um homem possuído por um demônio impuro. Nem todos os evangelistas contam os fatos do mesmo jeito. Para Lucas, o primeiro milagre é a calma com que Jesus se livrou da ameaça de morte da parte do povo de Nazaré (Lc 4,29-30) e a cura do homem possesso (Lc 4,33-35). Para Mateus, o primeiro milagre é a cura de uma porção de doentes e endemoninhados (Mt 4,23) ou, mais especificamente, a cura de um leproso (Mt 8,1-4). Para Marcos, foi a expulsão de um demônio (Mc 1,23-26). Para João, o primeiro milagre foi em Caná, onde Jesus transformou água em vinho (Jo 2,1-11). Assim, na maneira de contar as coisas, cada evangelista mostra qual foi, segundo ele, a maior preocupação de Jesus.

 

Lucas 4,31A mudança de Jesus para Cafarnaum

Jesus foi a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e aí ensinava aos sábados”. Mateus diz que Jesus foi morar em Cafarnaum (Mt 4,13). Mudou de residência. Cafarnaum era uma pequena cidade junto ao entroncamento de duas estradas importantes: uma que vinha da Ásia Menor e ia para Petra no sul da Transjordânia, e a outra que vinha da região dos rios Euphrates e Tigris e descia para o Egito. A mudança para Cafarnaum facilitava o contato com o povo e a divulgação da Boa Nova.

 

Lucas 4,32Admiração do povo pelo ensino de Jesus

A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. Jesus falava com autoridade”. Marcos acrescenta que, por este seu jeito diferente de ensinar, Jesus criava consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebia e comparava: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas” (Mc 1,22.27). Os escribas da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida. 

 

Lucas 4,33-35Jesus combate o poder do mal

O primeiro milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e as alienava. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade. E ele o faz pelo poder da sua palavra: "Cale-se, e saia dele!"  Ele dizia em outra ocasião: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês” (Lc 11,20). Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do governo e do comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada pelos cobradores. Acha que não vive direito enquanto não comprar aquilo que a propaganda anuncia. Não é fácil expulsar este poder que hoje aliena tanta gente, e devolver as pessoas a si mesmas!

Lucas 1,36-37: A reação do povo: ele manda nos espíritos impuros primeiro impacto

Além do jeito diferente de Jesus ensinar as coisas de Deus, o outro aspecto que causava admiração no povo era o seu poder sobre os espíritos impuros: "Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros com autoridade e poder, e eles saem". Jesus abre um novo caminho para o povo poder conseguir a pureza através do contato com ele. Naquele tempo, uma pessoa impura não podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida a Abraão. Teria que purificar-se, primeiro. Havia muitas leis e normas que dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura. Mas agora, purificadas pela fé em Jesus, as pessoas podiam comparecer novamente na presença de Deus e rezar a Ele, sem necessidade de recorrer àquelas complicadas e, muitas vezes, dispendiosas normas de pureza.

 

4) Para um confronto pessoal

 1) Jesus provocava a admiração do povo. A atuação da nossa comunidade aqui no bairro provoca alguma admiração no povo? Qual?

2) Jesus expulsava o poder do mal e devolvia as pessoas a si mesmas. Hoje, muita gente vive alienada de si mesma e de tudo. Como devolve-las a si mesmas?

 

5) Oração final

 O Senhor é clemente e compassivo, longânime e cheio de bondade. O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se estende a todas as suas obras (Sl 144, 1)

Flagelo da fome 

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Arcebispo de Belo Horizonte (MG)

 

A crueldade do flagelo da fome em Gaza é ferida que precisa doer em toda a civilização contemporânea para ser adequadamente tratada. As cenas de aflição e de desespero expressam os atrasos humanitários neste tempo de tantas conquistas científicas e tecnológicas, insuficientes diante das bizarrices políticas que geram situações de extermínio. Confrontar a crueldade em Gaza, com juízo austero, é exigência para as autoridades diretamente envolvidas no conflito. Essa exigência precisa envolver também líderes de outras partes do mundo, chamados a exercer a corresponsabilidade cidadã. O planeta não pode aceitar, pacificamente, que seres humanos padeçam com a fome. Um flagelo que também ameaça crianças e idosos, no alto dos morros, diante de lugares onde se consome até o desperdício. A chaga do flagelo da fome está também, ainda, como mácula no tecido da sociedade brasileira.   

Compadecer-se diante do semelhante privado do direito essencial à alimentação pode levar à conquista de um novo estilo de vida que inspire consumo mais responsável. A humanidade não pode normalizar situações em que pessoas correm para obter comida sob o risco de serem exterminadas, ou lentamente morrem por falta de adequada alimentação. A fome em Gaza e em outros lugares do mundo merece tornar-se pauta mundial, de modo interpelante e transformador, para além das abordagens restritas ao marketing político-eleitoral. A construção de soluções exige a consideração de valores e princípios norteadores, em um horizonte ético-moral capaz de inspirar respostas organizacionais sistêmicas com propriedades para banir o flagelo da fome, onde ele está e cresce. As guerras tarifárias, as disputas que levam ao confronto bélico, a defesa de privilégios, a corrupção e certos “interesses de mercado” precisam ser confrontados a partir de valores e princípios que representem luz de esperança. Trata-se de investimento para fazer surgir nova cidadania, convencendo a sociedade que vale a pena ser justa e solidária. A Doutrina Social da Igreja Católica apresenta o princípio da solidariedade como cláusula pétrea, respeitado o valor comum que todos partilham – iguais em direito e dignidade. 

O princípio da solidariedade é iluminado pela consciência universal da interdependência entre pessoas e povos. Sem essa consciência, convive-se com imposições autoritárias e manipulações interesseiras em detrimento do bem de todos. O antídoto para esses males é a adoção da solidariedade como princípio social e virtude moral. A solidariedade, enquanto princípio social, ordena as instituições para livrá-las de manipulações e estreitamentos organizacionais, libertando-as de lógicas que ameaçam o bem comum. Na condição de virtude moral, a solidariedade é mais que expressão de um simples sentimento. Torna-se compromisso para agir, de modo determinante, na promoção do bem comum, emoldurando a prática da justiça que busca superar as várias situações de pobreza.  

A promoção do bem comum é indissociável do exercício da solidariedade, lembrando que a luta pelo bem partilhado por todos é indispensável alavanca para se alcançar a paz. O Magistério Social da Igreja Católica afirma: ao reconhecer os laços que unem as pessoas e os grupos sociais, abre-se um espaço para a liberdade humana e o crescimento comum de todos. Aqueles que são capazes de enxergar os laços que unem as pessoas e grupos capacitam-se para exercer a liderança de modo humanista, tornando-se políticos com envergadura de estadistas e cidadãos que buscam a igualdade social, para além de individualismos e particularismos. Abre-se a possibilidade de uma compreensão iluminada pela consciência de que os bens da Terra foram criados por Deus para serem sabiamente administrados por todos. Bens que devem ser partilhados com equidade, segundo a justiça e a caridade. O flagelo da fome há, pois, de ser vencido pelo respeito e aplicação do princípio da destinação universal dos bens – orientação moral e cultural.  

A fome é um problema moral e ecológico que atinge a humanidade. O princípio ético da destinação universal dos bens desafia a inteligência humana ante a necessidade de encontrar caminhos e práticas que, de fato, sejam capazes de vencer a fome. A humanidade não pode continuar a conviver com as justificativas terroristas daqueles que buscam matar de fome os inocentes e indefesos. O caminho que leva à solução desse grave problema é longo e, por isso mesmo, gera aflições, pois o compromisso moral de salvar vidas é urgente, quem passa fome tem uma necessidade inadiável. Os bens da criação não podem se reduzir apenas à consideração comercial. Essa consideração precisa ser confrontada com o direito básico à segurança alimentar, de modo sensível, prioritariamente, à realidade dos pobres.  

Desconsiderar o sofrimento de quem tem fome é imoral e abominável.  A sociedade precisa gritar contra os desperdícios e exigir de políticos o enfrentamento desse mal. Quem tem fome tem pressa. O apelo é tomar sobre si responsabilidades e fomentar ações, em uma sociedade que precisa de governantes, magistrados, cidadãos, todos dedicados a vencer a fome e, assim, superar ferida dolorosa na história da humanidade. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Frei Carlos Mesters, O. Carm

 

1) Oração

Ó Deus, quisestes que São João Batista fosse o precursor do nascimento e da morte do vosso Filho; como ele tombou na luta pela justiça e a verdade, fazei-nos também lutar corajosamente para testemunhar a vossa palavra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Marcos 6,17-29)

17Pois o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado.18João tinha dito a Herodes: Não te é permitido ter a mulher de teu irmão.19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém.20Pois Herodes respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia.21Chegou, porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu natalício, deu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus oficiais e aos principais da Galiléia.22A filha de Herodíades apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande satisfação de Herodes e dos seus convivas. Disse o rei à moça: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.23E jurou-lhe: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja a metade do meu reino.24Ela saiu e perguntou à sua mãe: Que hei de pedir? E a mãe respondeu: A cabeça de João Batista.25Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei, exprimiu-lhe seu desejo: Quero que sem demora me dês a cabeça de João Batista.26O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua promessa e dos convivas, não quis recusar.27Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou João no cárcere,28trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e esta a entregou à sua mãe.29Ouvindo isto, os seus discípulos foram tomar o seu corpo e o depositaram num sepulcro.

 

3) Reflexão

Hoje comemoramos o martírio de São João Batista. O evangelho traz a descrição de como João Batista foi morto sem processo, durante um banquete, vítima da corrupção e da prepotência de Herodes e sua corte.

 

Marcos 6,17-20. A causa da prisão e do assassinato de João.

Herodes era um empregado do império romano. Quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era César, o imperador de Roma. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império e a ele mesmo. A preocupação de Herodes era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Ele gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. A denúncia de João Batista contra a moral depravada de Herodes (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso. 

 

Marcos 6,21-29: A trama do assassinato.

Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que os poderosos do reino se reuniam e no qual se costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galiléia”. É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso, ele foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.

Nas entrelinhas, o evangelho de hoje traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época. Galiléia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galiléia! Herodes era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo!

Herodes construiu uma nova capital, chamada Tiberíades. Sefforis, a antiga capital, tinha sido destruída pelos romanos em represália contra um levante popular. Isto aconteceu quando Jesus tinha em torno de sete anos de idade. Tiberíades, a nova capital, foi inaugurada treze anos mais tarde, quando Jesus tinha seus 20 anos. Era chamada assim para agradar a Tibério, o imperador de Roma. Tiberíades era um quisto estranho na Galiléia. Era lá que viviam o rei, “os magnatas, os generais e os grandes da Galiléia” (Mc 6,21). Era lá que moravam os donos das terras, os soldados, a polícia, os juizes muitas vezes insensíveis (Lc 18,1-4). Para lá eram levados os impostos e o produto do povo. Era lá que Herodes fazia suas orgias de morte (Mc 6,21-29). Não consta nos evangelhos que Jesus tenha entrado nessa cidade.

Ao longo daqueles 43 anos do governo de Herodes, criou-se toda uma classe de funcionários fieis ao projeto do rei: escribas, comerciantes, donos de terras, fiscais do mercado, publicanos ou coletores de impostos, militares, policiais, juizes, promotores, chefes locais. A maior parte deste pessoal morava na capital, gozando dos privilégios que Herodes oferecia, por exemplo, isenção de impostos. Outra parte vivia nas aldeias. Em cada aldeia ou cidade havia um grupo de pessoas que apoiavam o governo. Vários escribas e fariseus estavam ligados ao sistema e à política do governo. Nos evangelhos, os fariseus aparecem junto com os herodianos (Mc 3,6; 8,15; 12,13), o que reflete a aliança que existia entre o poder religioso e poder civil. A vida do povo nas aldeias da Galiléia era muito controlada, tanto pelo governo como pela religião. Era necessário ter muita coragem para começar algo novo, como fizeram João e Jesus! Era o mesmo que atrair sobre si a raiva dos privilegiados, tanto do poder religioso como do poder civil, tanto em nível local como estadual.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E aqui entre nós, na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo? Dê um exemplo.
  2. Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis tanto da sociedade como da Igreja.

 

5) Oração final

É em vós, Senhor, que procuro meu refúgio; que minha esperança não seja para sempre confundida. Por vossa justiça, livrai-me, libertai-me; inclinai para mim vossos ouvidos e salvai-me. (Sl 70, 1-2)

 

1) Oração

Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias.

Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 24, 42-51)

42Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor.43Sabei que se o pai de família soubesse em que hora da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa.44Por isso, estai também vós preparados porque o Filho do Homem virá numa hora em que menos pensardes.45Quem é, pois, o servo fiel e prudente que o Senhor constituiu sobre os de sua família, para dar-lhes o alimento no momento oportuno?46Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, na sua volta, encontrar procedendo assim!47Em verdade vos digo: ele o estabelecerá sobre todos os seus bens.48Mas, se é um mau servo que imagina consigo:49- Meu senhor tarda a vir, e se põe a bater em seus companheiros e a comer e a beber com os ébrios,50o senhor desse servo virá no dia em que ele não o espera e na hora em que ele não sabe,51e o despedirá e o mandará ao destino dos hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.

 

3) Reflexão   Mateus 24, 42-51

O evangelho de hoje, festa de Santo Agostinho, fala da vinda do Senhor no fim dos tempos e nos exorta à vigilância. Na época dos primeiros cristãos, muita gente achava que o fim deste mundo estava perto e que Jesus voltaria logo. Hoje, muita gente acha que o fim do mundo está perto. Por isso, é bom refletir sobre o significado da vigilância.

 

Mateus 24,42: Vigilância

 “Portanto, fiquem vigiando! Porque vocês não sabem em que dia virá o Senhor de vocês”. A respeito do dia e da hora do fim do mundo, Jesus tinha dito: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32). Hoje, muita gente vive preocupado com o fim do mundo. Nas ruas das cidades, você vê escrito nas paredes: Jesus voltará!  E como será esta vinda? Depois do ano 1000, apoiados no Apocalipse de João (Apc 20,7), começaram a dizer: “De 1000 passou, mas de 2000 não passará!” Por isso, na medida em que o ano 2000 chegava mais perto, muitos ficavam preocupados. Teve até gente que, angustiada com a proximidade do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Outros, lendo o Apocalipse de João, chegaram a predizer a hora exata do fim. Mas o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim não chegou! Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a frequentar uma determinada igreja! Outros ainda, de tanto esperar e especular em torno da vinda de Jesus, já nem percebem mais a presença dele no meio de nós, nas coisas mais comuns da vida, nos fatos do dia-a-dia.

 

A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Muita gente das comunidades dizia que o fim deste mundo estava perto e que Jesus voltaria logo. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Por isso, havia até pessoas que já não trabalhavam, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas. “Trabalhar para que, se Jesus vai voltar logo?” (cf 2Ts 3,11). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisava: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” Outros ficavam só olhando o céu, aguardando o retorno de Jesus sobre as nuvens (cf At 1,11). Outros reclamavam da demora (2Pd 3,4-9). Em geral, os cristãos viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta deste mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4).

 

Até hoje, a vinda de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? É que já não percebemos que Jesus já voltou, já está no nosso meio: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo." (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. A plenitude ainda não chegou, mas uma amostra ou garantia do Reino já está no meio de nós. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25). E enquanto esperamos e lutamos, dizemos acertadamente: “Ele já está no meio de nós!” (Mt 25,40).

 

Mateus 24,43-51: O exemplo do dono da casa e seus dois empregados

“Compreendam bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente ficaria vigiando, e não deixaria que a sua casa fosse arrombada”.   Jesus deixa bem claro. Ninguém sabe nada a respeito da hora: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!"  O que importa mesmo não saber a hora do fim deste mundo, mas sim ter um olhar capaz de perceber a vinda de Jesus já presente no meio de nós na pessoa do pobre (cf Mt 25,40) e em tantos outros modos e acontecimentos da vida de cada dia. O que importa é abrir os olhos e ter presente o exemplo do bom empregado de que Jesus fala na parábola.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Perguntas para a reflexão:
  2. Em que sinais o povo se apóia para dizer que o fim do mundo está perto? Você acha que o fim do mundo está perto?
  3. O que responder aos que dizem que o fim do mundo está próximo? Qual a força que anima você a resistir e ter esperança?

 

5) Oração final

Dia a dia vos bendirei, e louvarei o vosso nome eternamente. Grande é o Senhor e sumamente louvável, insondável é a sua grandeza. (Sl 144, 2-3)

A Igreja recorda hoje Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho. O Papa Francisco apontou-a várias vezes como modelo a imitar, especialmente por sua constante oração a Deus, um diálogo de fé que sustentou a sua caminhada cristã.

 

Tiziana Campisi – Vatican News

Uma mulher tenaz e amorosa, com uma fé sólida: este é o retrato de Santa Mônica. Esposa virtuosa e mãe cuidadosa, ela alimentou sua fé com a oração, prática piedosa e escuta da Palavra de Deus. O seu é o exemplo de oração incessante que deveria alimentar a fé de todo cristão. E, de fato, a oração é o "segredo" da vida de Mônica, um diálogo com Deus que nunca se interrompeu. Uma oração que, embora às vezes parecesse que não era ouvida, foi insistente, sustentada pela vontade de ferro de querer ser uma boa esposa e de ver seus filhos seguros no porto de Deus. Em uma meditação matinal proposta na Capela da Casa de Santa Marta (11 de outubro de 2018), o Papa chamou a oração "uma trabalho: um trabalho que nos pede vontade, nos pede constância, nos pede determinação, sem vergonha". (...) Uma oração constante e intrusiva. Pensemos em Santa Mônica, por exemplo, quantos anos ela rezou assim, mesmo com lágrimas, pela conversão de seu filho. O Senhor finalmente abriu a porta".

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A oração escola de perfeição

E foi precisamente na oração que Mônica alcançou a Sabedoria e a perfeição, tanto que um dia, conversando com seu filho Agostinho, agora determinado a dar sua vida inteiramente pela Igreja, sabendo-o na vida de Cristo, desejando a plenitude em Deus e bem-aventurança eterna, ela disse que a vida não tinha mais nenhuma atração para ela. E perto da morte, encontrando-se em Óstia, longe da Numídia, a região do norte da África onde nasceu, ela comentou com seus parentes que não queriam deixar que seus restos mortais ficassem em uma terra estrangeira, recomendou: "enterrem este corpo onde ele está, sem nenhuma piedade. Peço a você apenas uma coisa: lembrem-se de mim, onde quer que vocês estejam, diante do altar do Senhor" (Conf. IX, 11.27).

Mônica em diálogo com Deus

 

Sem dúvida, Mônica não teria conseguido tal visão de sua existência se não tivesse alimentado sua vida cristã com a oração. A Irmã Ilaria Magli, monja agostiniana do Mosteiro dos Santos Quatro Coroados, de Roma, explica o que caracterizou a conversa de Santa Mônica com Deus:

 

  1. - O que certamente distingue sua oração é sua tenacidade e insistência em arrancar Agostinho tanto da seita maniqueísta como de todos os erros de sua adolescência, a fim de trazê-lo àquela certa felicidade que é a estabilidade com Deus. Esta insistência, e esta grande liberdade que a mulher e mãe Mônica tinha para com Deus, gosto um pouco de compará-la à mulher sirofenícia do Evangelho que, para sua filha doente, insiste também diante das respostas que parecem bruscas de Jesus e quer a todo custo conseguir a cura de sua filha, com aquela liberdade que não a faz dizer: "Ah, olha, Senhor, é verdade, tens razão, eu não pertenço à casa de Israel". Com licença, estou indo embora". Não, não, ela insiste e insiste. Isto realmente nos ensina perseverança e confiança em um Pai que nos salva. E também me parece que, além da insistência, há este belo fato que é fundamentalmente a maternidade, isto é, rezar como sendo ventres que continuamente geram vida. Agostinho nos conta isso sobre Mônica, que ela havia criado seus filhos dando à luz tantas vezes quantas as que viu se afastando de Deus. Isto diz que a oração parte da própria essência de uma realidade, que para Mônica era a maternidade, sendo ela precisamente uma mulher que deseja a vida de seus filhos. E isto não nos separa também de uma oração que está ancorada em nosso tecido vital, de nosso ser mulheres ou homens, sacerdotes ou homens consagrados, mulheres casadas ou mulheres que vivem a castidade, mas ancoradas à sua realidade. Portanto, uma mulher, mãe, Mônica, que insiste na vida e dá à luz e gera, continuamente à vida, vida concreta, mas também vida na fé.

 

O que Santa Mônica aprendeu com a oração?

 

R.- Parece-me que Mônica, entretanto, fosse uma mulher que rezava muito. Agosinho nos lembra dela quando passava um tempo em Milão ouvindo Ambrósio. E o espaço que ele dedicava à escuta, à oração, deu a Mônica esse conhecimento, essa Sabedoria que é precisamente o sabor da presença de Deus em sua vida e em sua história. E talvez Mônica também aprende e nos ensina que estar com Deus, "desperdiçando nosso tempo", torna possível adquirir um bom sabor da vida que é esta eternidade, que então se encarna nos fragmentos de nossa existência. É bonito quando Agostinho, nos diálogos com seus amigos neste caminho de busca, agora próximo da conversão, vê Mônica também presente que lança estas pérolas de sabedoria. Mas de onde vem essa sabedoria nela que não tem os fundamentos filosóficos que esses jovens têm? Vem precisamente desta bela Sabedoria que é o Evangelho, que é a escuta dos textos, que é esta oração, este sabor que torna Deus presente na história e que torna você sábio.

 

Como cultivar a oração hoje?

 

  1. - Hoje é tão difícil rezar - porque estamos todos imersos numa sociedade extremamente frenética e apressada - que parar e adorar o Santíssimo Sacramento, ler as Escrituras, neste tempo livre, parece, precisamente, uma perda de tempo; não é tempo explorável, não tem lucro. Cultivar a oração significa, enquanto isso, aprender que somente tomando tempo, tomando espaço durante o dia, chegaremos àquela Sabedoria que Mônica nos ensinou, que é a de garantir que em todas as coisas que fazemos ali esteja aquela reverberação da eternidade que Deus nos dá. Depois há um espaço sagrado a preservar - a partir da própria interioridade, da escuta da Palavra, de uma oração, também vocal, daquela que é a forma pessoal de oração - mas para chegar a esta conexão com a realidade, esta compreensão de toda a realidade, com sua fadigas e alegrias, com as doenças e as dores, com as solidões e os vazios. É nesta realidade que Deus nos fala. Para Mônica Deus falou precisamente através de um sofrimento que era a distância de Agostinho de Deus, também de seu marido. E ele a levou a assumir na oração este grito materno.

Assim, estar verdadeiramente ancorado à própria história, à própria vida, faz com que a doação de espaços de silêncio torne a vida plena, bela, cheia de Deus. Porque, nos lembra o próprio Agostinho, estamos inquietos, temos um coração continuamente ansioso, preocupado, até que O encontramos, até que descansamos n’Ele. Significa alcançar, trazer para cá, acolher aqui aquele Paraíso e aquela eternidade que o Senhor quer nos dar em cada fragmento do dia. Isto podemos aprender com a oração e podemos cultivar se aprendermos a descobrir aquele desejo básico que é uma felicidade que habita em nós, que está escrito em nossos corações. Assim, fazer florescer novamente este desejo que habita em nosso coração significa então aprender, lentamente, a tomar tempo e permanecer dentro desta bela escola da vida. Fonte: https://www.vaticannews.va

 

1) Oração

Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias.

Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 23, 27-32)

27Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de cadáveres e de toda podridão! 28Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. 29Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, 30e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. 31Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. 32Vós, pois, completai a medida de vossos pais!

 

3) Reflexão

Estes dois últimos Ais, que Jesus pronunciou contra os doutores da lei e os fariseus do seu tempo, retomam e reforçam o mesmo tema dos dois Ais do evangelho de ontem. Jesus critica a falta de coerência entre a palavra e a prática, entre o interior e o exterior.

 

Mateus 23,27-28: O sétimo Ai contra os que se parecem sepulcros caiados

“Vocês: por fora, parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça”. A imagem de “sepulcros caiados” fala por si e não precisa de comentário. Jesus condena os que mantêm uma aparência fictícia de pessoa correta, mas cujo interior é a negação total daquilo que querem fazer aparecer para fora. 

 

Mateus 23,29-32: O oitavo Ai contra os que enfeitam os sepulcros dos profetas, mas não os imitam

Os doutores e fariseus diziam: “Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices na morte dos profetas”. E Jesus conclui: pessoas que falam assim “confessam que são filhos daqueles que mataram os profetas”, pois eles dizem “nossos pais”. E Jesus termina dizendo: “Pois bem: acabem de encher a medida dos pais de vocês!”  De fato, naquela altura dos acontecimentos, eles já tinham decidido matar Jesus. Assim acabavam de encher a medida dos pais.

 

4) Para um confronto pessoal

1) São mais dois Ais, mais dois motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das dois cabe em mim?

2) Qual a imagem de mim mesmo que eu procuro apresentar aos outros? Ela corresponde ao que sou de fato diante de Deus?

 

5) Oração final

Felizes os que temem o Senhor, os que andam em seus caminhos. Poderás viver, então, do trabalho de tuas mãos, serás feliz e terás bem-estar. (Sl 127, 1-2)

OUTRO LADO: Diocese diz que religioso está afastado; reportagem não consegue contatar defesa

 

Padre Antônio de Souza Carvalho foi condenado por estupro em Penápolis (SP)

 

Simone Machado

São José do Rio Preto (SP)

O padre Antônio de Souza Carvalho, 67, foi condenado a 26 anos e oito meses de prisão por estupro de um coroinha em Penápolis (SP). Segundo a sentença, foram ao menos dez episódios desde 2009, quando a vítima tinha 13 anos, e persistiram por cinco anos. O religioso pode recorrer da decisão em liberdade.

A reportagem não conseguiu contato com o religioso nem com a defesa dele. A Diocese de Lins, no interior de São Paulo, a qual o padre pertence, disse que ele foi afastado do exercício do ministério.

A sentença da 1ª Vara da comarca de Penapólis, a 477 km de São Paulo, do juiz Vinicius Gonçalves Porto, foi publicada na sexta-feira (22).

Conforme a sentença, os abusos teriam começado quando a vítima tinha 13 anos. Na época, o adolescente havia se mudado com a família da área rural para a urbana de Penápolis, e todos passaram a frequentar a paróquia Sagrada Família, no bairro Eldorado.

Com o tempo, o adolescente passou a atuar como coroinha e a ajudar o padre na organização das missas na cidade e também na área rural. Os abusos teriam acontecido, principalmente, durante os trajetos até as missas realizadas na área rural.

Segundo o processo, durante o percurso feito de carro, o padre passava as mãos nas pernas e nas partes íntimas do adolescente, além de dar beijos em seu pescoço. Os abusos teriam ocorrido de 2009 a 2014, quando o padre foi transferido de cidade.

Ainda conforme a decisão, apesar de os abusos terem ocorrido há mais de uma década, somente em 2023 a vítima teve coragem de fazer a denúncia. No decorrer do processo, o padre negou as acusações.

De acordo com o processo judicial, ao ser interrogado na fase policial, o padre ficou em silêncio. Já na audiência de instrução e julgamento, ele negou as acusações.

"Questionado sobre o crime que lhe está sendo imputado, disse que sempre foi um padre muito carinhoso na comunidade; o "gesto carinhoso" é sempre um beijo e um abraço; não passava as mãos nas partes íntimas da vítima", diz trecho do processo.

Em nota, a Diocese de Lins disse que teve conhecimento da condenação, em primeira instância, na segunda-feira (25), após a informação ser vinculada na imprensa e acrescentou que o religioso foi afastado das funções.

"Desde que tomamos conhecimento da denúncia, envolvendo um suposto abuso sexual de menor, a Diocese adotou todas as medidas canônicas e pastorais cabíveis. O referido sacerdote foi afastado do exercício de seu ministério, conforme cân.1722 do CIC/83, e o caso foi imediatamente comunicado ao Dicastério para a Doutrina da Fé, em Roma, que determinou a instauração de um Processo Penal Administrativo, ainda em curso", diz trecho da nota assinada por dom João Gilberto de Moura, bispo de Lins.

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) disse que não vai se manifestar sobre o assunto. Procurado, o Vaticano ainda não respondeu.

O padre Antônio, mais conhecido como padre Toninho, começou a atuar na paróquia Sagrada Família em 2001, e seis anos depois ganhou o título de cidadão penapolense.

Segundo o site da Diocese de Lins, de 2014 a 2023 ele atuou como pároco na paróquia Nossa Senhora Rainha dos Anjos, em Reginópolis (SP) e depois foi transferido para a cidade de Luziânia, também no interior paulista.

O padre segue no quadro do clero da diocese, porém não foi informada a cidade em que ele está. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

 

1) Oração

Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 23,23-26)

23Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar o restante. 24Guias cegos! Filtrais um mosquito e engolis um camelo. 25Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Limpais por fora o copo e o prato e por dentro estais cheios de roubo e de intemperança. 26Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o que está fora fique limpo.

 

3) Reflexão

O evangelho de hoje traz outros dois Ais ou pragas que Jesus falou contra os líderes religiosos da sua época. Os dois Ais de hoje denunciam a falta de coerência entre palavra e atitude, entre o exterior e o interior. Repetimos hoje o que afirmamos ontem. Ao meditar estas palavras tão duras de Jesus, devo pensar não só nos doutores e fariseus da época de Jesus, mas também e sobretudo no hipócrita que existe em mim, em nós, na nossa família, na comunidade, na nossa igreja, na sociedade de hoje. Vamos olhar no espelho do texto para descobrir o que está errado em nós mesmos.

 

Mateus 23,23-24: O quinto Ai contra os que insistem na observância e esquecem a misericórdia

“Vocês pagam o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade”.  Este quinto Ai de Jesus contra os líderes religiosos daquela época pode ser repetido contra muitos líderes religiosos dos séculos seguintes, até hoje. Muitas vezes, em nome de Deus, insistimos em detalhes e esquecemos a misericórdia. Por exemplo, o jansenismo tornou árida a vivência da fé, insistindo em observâncias e penitências que desviaram o povo do caminho do amor. A irmã carmelita Teresa de Lisieux foi criada nesse ambiente jansenista que marcava a França no fim do século XIX. Foi a partir de uma dolorosa experiência pessoal, que ela soube recuperar a gratuidade do amor de Deus como a força que deve animar por dentro a observância das normas. Pois, sem a experiência do amor, as observâncias fazem de Deus um ídolo.

 

Mateus 23,25-26: O sexto Ai contra os que limpam as coisas por fora e sujam por dentro

“Vocês limpam o copo e o prato por fora, mas por dentro vocês estão cheios de desejos de roubo e cobiça”.  No Sermão da Montanha, Jesus critica os que observam a letra da lei e transgridem o espírito da lei. Ele diz: "Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: 'Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal'. Eu, porém, lhes digo: todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal. Quem diz ao seu irmão: 'imbecil', se torna réu perante o Sinédrio; quem chama o irmão de 'idiota', merece o fogo do inferno. Vocês ouviram o que foi dito: 'Não cometa adultério'. Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração” (Mt 5,21-22.27-28). Não basta observar a letra da lei. Não basta não matar, não roubar, não cometer adultério, não jurar, para ser fiel ao que Deus pede de nós. Só observa plenamente a lei de Deus aquele que, para além da letra, vai até raiz e arranca de dentro de si “os desejos de roubo e de cobiça” que possam levar ao assassinato, ao roubo, ao adultério. É na prática do amor que se realiza a plenitude da lei.

 

4) Para um confronto pessoal

1-São mais dois Ais ou duas pragas, mais dois motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das dois cabe em mim

2-Observância e gratuidade: qual das duas prevalece em mim?

 

5) Oração final

Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome, anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe. Proclamai às nações a sua glória, a todos os povos as suas maravilhas. (Sl 95, 2-3)

Informações foram repassadas pela Polícia Civil; arcebispo disse que padre foi suspenso assim que denúncia chegou à Diocese de Cascavel

 

Foto por REPRODUÇÃO/POLÍCIA CIVILPadre foi preso no domingo (24) em Cascavel

 

Escrito por Da Redação

Investigação da Polícia Civil do Paraná aponta que o padre de Cascavel, preso por estupro de vulnerável no domingo (24), teria dopado um jovem de 19 anos e abusado sexualmente dele enquanto oferecia tratamento contra o vício em drogas. Ainda conforme a investigação conduzida pela delegada Thaís Zanatta, denúncias anteriores contra o religioso foram abafadas por superiores na Igreja, permitindo que ele continuasse a atuar por anos.

A polícia formalizou a denúncia por três crimes de abuso de vulnerável, mas a delegada afirma que o número de vítimas pode ser ainda maior. Um dos casos mais recentes, de 2019, envolve um jovem de 19 anos que buscou ajuda do padre para tratar o vício em drogas. Segundo a investigação, o padre teria pedido que o jovem pernoitasse em sua casa para receber uma medicação. Segundo a polícia, a vítima foi dopada a estuprada na terceira noite.

As investigações revelaram que o histórico de abusos do sacerdote não é recente. A investigação aponta que o primeiro registro contra ele é de 2010, quando ele ainda era seminarista. Na ocasião, a vítima foi outro seminarista, que, embora maior de idade, estava em estado de sonolência, sendo considerado vulnerável.

As denúncias anteriores, inclusive casos com crianças, teriam sido abafadas pela hierarquia da Igreja, o que fez com que o padre continuasse na função.

O arcebispo de Cascavel, Dom José Mário Scalon Angonese, informou por meio de comunicado que o padre foi suspenso de suas atividades em 14 de agosto, assim que a denúncia chegou oficialmente à diocese. Um processo de investigação eclesiástica foi iniciado e, caso os crimes sejam confirmados, o sacerdote poderá ser "demitido do estado clerical", conforme a decisão do Vaticano. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não se manifestou sobre o caso.

O padre, cujo nome não foi divulgado, está detido na Cadeia Pública de Cascavel e será transferido para o sistema penitenciário. Fonte: https://tnonline.uol.com.br

 

Arcebispo de Cascavel se pronuncia após prisão de padre acusado de assédio sexual

Em sua fala, Dom José Mário expressou consternação e sofrimento diante da situação, ressaltando que a Igreja deseja que a verdade venha à tona. 

 

O Arcebispo de Cascavel, Dom José Mário, realizou na manhã desta segunda-feira (25) um pronunciamento oficial em resposta à prisão de um padre cascavelense acusado de assédio sexual. O religioso, cujo nome não foi divulgado, já estava afastado de suas funções há alguns dias, desde que a Igreja Católica recebeu a denúncia e tomou conhecimento da investigação dos fatos.

Em sua fala, Dom José Mário expressou consternação e sofrimento diante da situação, ressaltando que a Igreja deseja que a verdade venha à tona. “Se o padre, de fato, cometeu delito, ele deve responder por isso”, afirmou. O arcebispo destacou ainda que, ao assumir a liderança em Cascavel, instituiu para todos os presbíteros um código de conduta, com orientações claras sobre o comportamento esperado dos padres.

Segundo Dom José Mário, a denúncia foi recebida formalmente pela Igreja, o que permitiu a adoção imediata dos procedimentos recomendados pelo direito canônico. O padre foi suspenso de suas atividades e um processo de investigação foi aberto. “Temos um prazo de 90 dias na diocese, depois encaminhamos para a Congregação da Doutrina da Fé, ou do Clero, em Roma, no Vaticano, onde eles farão o julgamento”, explicou o arcebispo. Ele acrescentou que, caso seja confirmada a prática de pedofilia, a decisão do Vaticano tem sido a demissão do estado clerical, o que implica o desligamento do padre de suas funções religiosas.

O arcebispo também comentou sobre as transferências de padres entre paróquias, explicando que se trata de uma prática comum na Igreja, visando o dinamismo e a renovação do trabalho pastoral. No caso específico, o padre investigado já estava há nove anos na mesma paróquia, ultrapassando o período considerado ideal, motivo pelo qual sua transferência já estava sendo avaliada pelo conselho dos presbíteros.

Dom José Mário enfatizou o compromisso da Igreja em apoiar possíveis vítimas de abuso, oferecendo auxílio para superar as dificuldades e curar as feridas. “É uma atitude positiva da igreja, de solidariedade, de ajuda e de compreensão e de acompanhamento destas pessoas”, declarou.

Ao final do pronunciamento, o arcebispo destacou que a Arquidiocese de Cascavel conta com 74 padres, ressaltando que a grande maioria é composta por homens justos e dedicados à missão religiosa. Ele pediu que a comunidade católica continue orando pela Igreja e por seus padres e reforçou a importância de denúncias formais em casos de conduta inadequada. “Se eventualmente tiver algum comportamento equivocado de qualquer um dos presbíteros ou diáconos, por favor, ofereçam-nos a denúncia e nós vamos acolher”, concluiu. Fonte:  https://cgn.inf.br/noticia

 

1) Oração

 Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 23, 13-22)

13Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o Reino dos céus. Vós mesmos não entrais e nem deixais que entrem os que querem entrar. 14[Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Devorais as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso, sereis castigados com muito maior rigor.] 15Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Percorreis mares e terras para fazer um prosélito e, quando o conseguis, fazeis dele um filho do inferno duas vezes pior que vós mesmos. 16Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: Se alguém jura pelo templo, isto não é nada; mas se jura pelo tesouro do templo, é obrigado pelo seu juramento. 17Insensatos, cegos! Qual é o maior: o ouro ou o templo que santifica o ouro? 18E dizeis ainda: Se alguém jura pelo altar, não é nada; mas se jura pela oferta que está sobre ele, é obrigado. 19Cegos! Qual é o maior: a oferta ou o altar que santifica a oferta? 20Aquele que jura pelo altar, jura ao mesmo tempo por tudo o que está sobre ele. 21Aquele que jura pelo templo, jura ao mesmo tempo por aquele que nele habita. 22E aquele que jura pelo céu, jura ao mesmo tempo pelo trono de Deus, e por aquele que nele está sentado.

 

3) Reflexão  Mateus 23,13-22

Nestes próximos três dias vamos meditar o discurso que Jesus pronunciou criticando os doutores da lei e os fariseus, chamando-os de hipócritas. No evangelho de hoje (Mt 23,13-22), Jesus pronuncia contra eles quatro Ais ou pragas. No de amanhã, mais duas pragas (Mt 23,23-26), e no evangelho de depois de amanhã, outras duas pragas(Mt 23,27-32). Ao todo oito Ais ou pragas contra os líderes religiosos da época. São palavras muito duras. Ao meditá-las, devo pensar não só nos doutores e fariseus do tempo de Jesus, mas também e sobretudo no hipócrita que existe em mim, em nós, na nossa família, na comunidade, na nossa igreja, na sociedade de hoje. Vamos olhar no espelho do texto para descobrir o que existe de errado em nós mesmos.

 

Mateus 23,13: O primeiro Ai contra os que fecham a porta do Reino 

“Vocês fecham o Reino do Céu para os homens. Nem vocês entram, nem deixam entrar aqueles que desejam”. Fecham o Reino como? Apresentando Deus apenas como juiz severo, deixando pouco espaço para a misericórdia. Impondo em nome de Deus leis e normas que não têm nada a ver com os mandamentos de Deus, falsificam a imagem do Reino e matam nos outros o desejo de servir a Deus e ao Reino. Uma comunidade que se organiza ao redor deste falso deus “não entra no Reino”, nem é expressão do Reino, e impede que seus membros entrem no Reino.

 

Mateus 23,14: O segundo Ai contra os que usam a religião para se enriquecer 

“Vocês exploram as viúvas, e roubam suas casas e, para disfarçar, fazem longas orações! Por isso, vocês vão receber uma condenação mais severa”. Jesus permite aos discípulos viver do evangelho, pois diz que o operário digno do seu salário (Lc 10,7; cf. 1Cor 9,13-14), mas usar a oração e a religião como meio para enriquecer-se, isto é hipocrisia e não revela a Boa Nova de Deus. Transforma a religião num mercado. Jesus expulsou os comerciantes do Templo (Mc 11,15-19) citando os profetas Isaías e Jeremias: “Minha casa é casa de oração para todos os povos e vocês a transformaram num covil de ladrões” (Mc 11,17; cf Is 56,7; Jr 7,11)). Quando o mago Simão quis comprar o dom do Espírito Santo, Pedro o amaldiçoou (At 8,18-24). Simão recebeu a “condenação mais severa” de que Jesus fala no evangelho de hoje.

 

Mateus 23,15: O terceiro  Ai contra os que fazem proselitismo 

“Vocês percorrem o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguem, o tornam merecedor do inferno duas vezes mais do que vocês”.  Há pessoas que se fazem missionários e anunciam o evangelho não para irradiar a Boa Nova do amor de Deus, mas para atrair as pessoas para o seu grupo ou sua igreja. Certa vez, João proibiu uma pessoa de usar o nome de Jesus porque ela não fazia parte do grupo dele. Jesus respondeu: “Não proíba, pois quem não é contra, é a favor” (Mc 9,39). O documento da Assembléia Plenária dos bispos da América Latina, realizada no mês de maio de 2008, em Aparecida, Brasil, tem como título: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida!” Ou seja, o objetivo da missão não é para que os povos se tornem católicos, nem para fazer proselitismo, mas sim para que os povos tenham vida, e vida em abundância.

 

Mateus 23,16-22: O quarto Ai contra os que vivem fazendo juramento 

“Vocês dizem: 'Se alguém jura pelo Templo, não fica obrigado, mas se alguém jura pelo ouro do Templo, fica obrigado'”.  Jesus faz um longo raciocínio para mostrar a incoerência de tantos juramentos que o povo fazia ou que a religião oficial mandava fazer: juramentos pelo ouro do templo ou pela oferenda que está no altar. O ensinamento de Jesus, dado no Sermão da Montanha, é o melhor comentário da mensagem do evangelho de hoje: “Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o suporte onde ele apóia os pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. Não jure nem mesmo pela sua própria cabeça, porque você não pode fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. Diga apenas 'sim', quando é 'sim'; e 'não', quando é 'não'. O que você disser além disso, vem do Maligno." (Mt 5,34-37)  

 

4) Para um confronto pessoal

1) São quatro Ais ou quatro pragas, quatro motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das quatro críticas cabe em mim?

2) Nossa Igreja hoje merece estes Ais da parte de Jesus?

https://www.olharjornalistico.com.br/index.php/video-cast/16584-segunda-feira-28-de-agosto-2023-21-semana-do-tempo-comum-evangelho-do-dia-lectio-divina-com-frei-carlos-mesters-carmelita

 

5) Oração final

Cantai ao Senhor um cântico novo. Cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome, anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe. (Sl 95, 1-2)

 

 

1) Oração

Ó Deus, que preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 22,1-14)

1Jesus tornou a falar-lhes por meio de parábolas: 2O Reino dos céus é comparado a um rei que celebrava as bodas do seu filho. 3Enviou seus servos para chamar os convidados, mas eles não quiseram vir. 4Enviou outros ainda, dizendo-lhes: Dizei aos convidados que já está preparado o meu banquete; meus bois e meus animais cevados estão mortos, tudo está preparado. Vinde às bodas! 5Mas, sem se importarem com aquele convite, foram-se, um a seu campo e outro para seu negócio. 6Outros lançaram mãos de seus servos, insultaram-nos e os mataram. 7O rei soube e indignou-se em extremo. Enviou suas tropas, matou aqueles assassinos e incendiou-lhes a cidade. 8Disse depois a seus servos: O festim está pronto, mas os convidados não foram dignos. 9Ide às encruzilhadas e convidai para as bodas todos quantos achardes. 10Espalharam-se eles pelos caminhos e reuniram todos quantos acharam, maus e bons, de modo que a sala do banquete ficou repleta de convidados. 11O rei entrou para vê-los e viu ali um homem que não trazia a veste nupcial. 12Perguntou-lhe: Meu amigo, como entraste aqui, sem a veste nupcial? O homem não proferiu palavra alguma. 13Disse então o rei aos servos: Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes. 14Porque muitos são os chamados, e poucos os escolhidos.

 

3) Reflexão Mateus 22,1-14

O evangelho de hoje traz a parábola do banquete que se encontra em Mateus e em Lucas, mas com diferenças significativas, provenientes da perspectiva de cada evangelista. O pano de fundo, porém, que levou os dois evangelistas a conservar esta parábola é o mesmo. Na comunidades dos primeiros cristãos, tanto de Mateus como de Lucas, continuava bem vivo o problema da convivência entre judeus convertidos e pagãos convertidos. Os judeus tinham normas antigas que os impediam de comer com os pagãos. Mesmo depois de terem entrado na comunidade cristã, muitos judeus mantinham o costume antigo de não sentar à mesma mesa com um pagão. Assim, Pedro teve conflitos na comunidade de Jerusalém, por ter entrado na casa de Cornélio, um pagão, e ter comido com ele (At 11,3). Este mesmo problema, porém, era vivido de maneira diferente nas comunidades de Lucas e nas de Mateus. Nas comunidades de Lucas, apesar das diferenças de raça, classe e gênero, eles tinham um grande ideal de partilha e de comunhão (At 2,42; 4,32; 5,12). Por isso, no evangelho de Lucas (Lc 14,15-24), a parábola insiste no convite feito a todos. O dono da festa, indignado com a desistência dos primeiros convidados, mandou chamar os pobres, os aleijados, os cegos, os mancos para virem participar do banquete. Mesmo assim sobrava lugar. Então, o dono da festa mandou convidar todo mundo, até que a casa ficasse cheia. No evangelho de Mateus, a primeira parte da parábola (Mt 22,1-10) tem o mesmo objetivo de Lucas. Ele chega a dizer que o dono da festa mandou entrar “bons e maus” (Mt 22,10). Mas no fim ele acrescenta uma outra parábola (Mt 22,11-14) sobre o traje de festa, que insiste no que é específico dos judeus, a saber, a necessidade da pureza para poder comparecer diante de Deus.

 

Mateus 22,1-2: O convite para todos

Alguns manuscritos dizem que a parábola foi contada para os chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo.  Esta afirmação pode até servir como chave de leitura, pois ajuda a compreender alguns pontos estranhos que aparecem na história que Jesus conta. A parábola começa assim: "O Reino do Céu é como um rei que preparou a festa de casamento do seu filho”. Esta afirmação inicial evoca a esperança mais profunda: o desejo do povo de estar com Deus para sempre. Várias vezes nos evangelhos se alude a esta esperança, sugerindo que Jesus, o filho do Rei, é o noivo que veio preparar o casamento (Mc 2,19; Apc 21,2; 19,9).

 

Mateus 22,3-6Os convidados não quiseram vir

O rei fez dois convites muita insistentes, mas os convidados não quiseram vir. “Um foi para o seu campo, outro foi fazer os seus negócios, e outros agarraram os empregados, bateram neles, e os mataram”.  Em Lucas são os deveres da vida cotidiana que impedem os convidados de aceitar o convite. O primeiro diz: “Comprei um terreno. Preciso vê-lo!” O segundo: “Comprei cinco juntas de bois! Vou experimentá-las!” O terceiro: “Casei. Não posso ir!” (cf. Lc 14,18-20). Dentro das normas e costumes da época, aquelas pessoas tinham o direito e até o dever de recusar o convite que lhes foi feito (cf Dt 20,5-7).

 

Mateus 22,7Uma guerra incompreensível

A reação do rei diante da recusa surpreende. “Indignado, o rei mandou suas tropas, que mataram aqueles assassinos, e puseram fogo na cidade deles. Como entender esta reação tão violenta? A parábola foi contada para os chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo (Mt 22,1), os responsáveis pelos da nação. Muitas vezes, Jesus tinha falado a eles sobre a necessidade da conversão. Ele chegou a chorar sobre a cidade de Jerusalém e dizer: "Se também você compreendesse hoje o caminho da paz! Agora, porém, isso está escondido aos seus olhos! Vão chegar dias em que os inimigos farão trincheiras contra você, a cercarão e apertarão de todos os lados. Eles esmagarão você e seus filhos, e não deixarão em você pedra sobre pedra. Porque você não reconheceu o tempo em que Deus veio para visitá-la." (Lc 14,41-44). A reação violoenta do rei na parábola refere-se provavelmente ao que aconteceu de fato de acordo com a previsão de Jesus. Quarenta anos depois, Jerusalém foi destruída (Lc 19,41-44; 21,6;).

 

Mateus 22,8-10O convite permanece de pé

Pela terceira vez, o rei convida o povo. Ele disse aos empregados: “A festa de casamento está pronta, mas os convidados não a mereceram. Portanto, vão até as encruzilhadas dos caminhos, e convidem para a festa todos os que vocês encontrarem. Então os empregados saíram pelos caminhos, e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados“. Os maus que eram excluídos como impuros da participação no culto dos judeus, agora são convidados, especificamente, pelo rei para participar da festa. No contexto da época, os maus eram os pagãos. Eles também são convidados para participar da festa de casamento. 

 

Mateus 22,11-14: O traje de festa

Estes versos contam como o rei entrou na sala da festa e viu alguém sem o traje da festa. O rei perguntou: 'Amigo, como foi que você entrou aqui sem o traje de festa?' Mas o homem nada respondeu.  A história conta que o homem foi amarrado e jogado fora na escuridão. E conclui: “Muitos são chamados, e poucos são escolhidos”.  Alguns estudiosos acham que aqui se trata de uma segunda parábola que foi acrescentada para abrandar a impressão que ficou da primeira parábola onde se disse que “maus e bons” entraram para a festa (Mt 22,10). Mesmo admitindo que já não é a observância da lei que nos traz a salvação, mas sim a fé no amor gratuito de Deus, isto em nada diminui a necessidade da pureza do coração como condição para poder comparecer diante de Deus.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Quais as pessoas que normalmente são convidadas para as nossas festas? Por quê? Quais as pessoas que não são convidadas para as nossas festas? Por quê?
  2. Quais os motivos que hoje limitam a participação de muitas pessoas na sociedade e na igreja? Quais os motivos que certas pessoas alegam para se excluir do dever de participar na comunidade? Será que são motivos justos?

 

5) Oração final

Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza. De vossa face não me rejeiteis, e nem me priveis de vosso santo Espírito. (Sl 50, 12-13)

 

1) Oração

Ó Deus, que preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 19,23-30)

Naquele tempo, 23Jesus disse então aos seus discípulos: Em verdade vos declaro: é difícil para um rico entrar no Reino dos céus!24Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.25A estas palavras seus discípulos, pasmados, perguntaram: Quem poderá então salvar-se?26Jesus olhou para eles e disse: Aos homens isto é impossível, mas a Deus tudo é possível.27Pedro então, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que deixamos tudo para te seguir. Que haverá então para nós?28Respondeu Jesus: Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.29E todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna.30Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão os primeiros.

 

3) Reflexão  Mateus 19,23-30

O evangelho de hoje é a continuação imediata do evangelho de ontem. Traz o comentário de Jesus a respeito da reação negativa do jovem rico.

 

Mateus 19,23-24: O camelo e o fundo da agulha.

Depois que o jovem foi embora, Jesus comentou a decisão dele e disse: "Eu garanto a vocês: um rico dificilmente entrará no Reino do Céu. E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus". Duas observações a respeito desta afirmação de Jesus: 1) O provérbio do camelo e do buraco da agulha se usava para dizer que uma coisa era impossível e inviável, humanamente falando. 2) A expressão “um rico entrar no Reino” trata, não em primeiro lugar da entrada no céu depois da morte, mas sim da entrada na comunidade ao redor de Jesus. E até hoje é assim. Os ricos dificilmente entram e se sentem em casa nas comunidades que tentam viver o evangelho de acordo com as exigências de Jesus e que procuram abrir-se para os pobres, os migrantes e os excluídos da sociedade.

 

Mateus 19,25-26: O espanto dos discípulos

O jovem tinha observado os mandamentos, mas sem entender o porquê da observância. Algo semelhante estava acontecendo com os discípulos. Quando Jesus os chamou, fizeram exatamente o que Jesus tinha pedido ao jovem: largaram tudo e foram atrás de Jesus (Mt 4,20.22). Mesmo assim, ficaram espantados com a afirmação de Jesus sobre a quase impossibilidade de um rico entrar no Reino de Deus. Sinal de que não tinham entendido bem a resposta de Jesus ao moço rico: “Vai vende tudo, dá para os pobres e vem e segue-me!” Pois, se o tivessem entendido, não teriam ficado tão chocados com a exigência de Jesus. Quando a riqueza ou o desejo da riqueza ocupa o coração e o olhar, a pessoa já não consegue perceber o sentido da vida e do evangelho. Só Deus mesmo para ajudar! "Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível."

 

Mateus 19,27: A pergunta de Pedro.

O pano de fundo da incompreensão dos discípulos transparece na pergunta de Pedro: “Olhe, nós deixamos tudo e te seguimos. O que é que vamos receber?” Apesar da generosidade tão bonita do abandono de tudo, eles mantinham a mentalidade anterior. Abandonaram tudo para receber algo em troca. Ainda não entendiam bem o sentido do serviço e da gratuidade.

 

Mateus 19,28-30: A resposta de Jesus

"Eu garanto a vocês: no mundo novo, quando o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, vocês, que me seguiram, também se sentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais, e terá como herança a vida eterna. Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos; e muitos que agora são os últimos, serão os primeiros".  Nesta resposta, Jesus descreve o mundo novo, cujos fundamentos estavam sendo lançados pelo trabalho dele e dos discípulos. Jesus acentua três pontos importantes: (1) Os discípulos vão sentar nos doze tronos junto com Jesus para julgar as doze tribos de Israel (cf. Apc 4,4). (2) Vão receber em troca muitas vezes aquilo que tinham abandonado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, e terão a herança da vida eterna garantida. (3) O mundo futuro será a inversão do mundo atual. Nele os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. A comunidade ao redor de Jesus é semente e amostra deste mundo novo. Até hoje as pequenas comunidades dos pobres continuam sendo semente e amostra do Reino.

 

Cada vez que, na história do povo da Bíblia, surge um movimento para renovar a Aliança, ele começa restabelecendo os direitos dos pobres, dos excluídos. Sem isto, a Aliança não se refaz! Assim faziam os profetas, assim faz Jesus. Ele denuncia o sistema antigo que, em nome de Deus, excluía os pobres. Jesus anuncia um novo começo que, em nome de Deus, acolhe os excluídos. Este é o sentido e o motivo da inserção e da missão da comunidade de Jesus no meio dos pobres. Ela atinge a raiz e inaugura a Nova Aliança.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Abandonar casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do nome de Jesus.  Como isto acontece na sua vida? O que já recebeu de volta?

2) Hoje, a maioria dos países pobres não é da religião cristã, enquanto a maioria dos países ricos é da religião cristã. Como se aplica hoje o provérbio do camelo que não passa pelo fundo de uma agulha?

 

5) Oração final

Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso cajado são o meu amparo. (Sl 22, 4)

A luz ainda brilha. A esperança ainda pulsa. Deus ainda é procurado – e encontrado – pelos corações jovens

 

Por Carlos Alberto Di Franco

Roma viveu uma noite histórica. Um milhão de jovens, oriundos dos cinco continentes, reuniram-se em Tor Vergata, nos arredores da Cidade Eterna, para a grande Vigília com o Santo Padre, o papa Leão XIV. O mundo, acostumado aos ruídos de um cotidiano fragmentado, presenciou um fenômeno de unidade, beleza e transcendência. Um mar humano de cores, bandeiras, línguas e canções tomou conta do imenso campo aberto, transformando-o num coração palpitante da Igreja. Em tempos de indiferença e relativismo, ali proclamou-se – com cantos, lágrimas e silêncios – que a Igreja está viva. E que ela vive onde está Pedro.

Mas o dado mais eloquente daquela noite não foi o entusiasmo das canções ou a multiplicidade das culturas. Não foram os gritos de festa, os flashes das câmeras ou o colorido das bandeiras. Foi o silêncio. Um silêncio que falava mais alto do que qualquer palavra. Quando o papa se ajoelhou diante do Santíssimo Sacramento, aquele milhão de jovens – que minutos antes cantava, aplaudia e celebrava – caiu de joelhos. O campo se tornou um templo. A alegria deu lugar à adoração. O burburinho das línguas foi substituído por um silêncio denso, carregado de reverência e fé.

Esse foi o momento culminante de um encontro que ultrapassou as categorias convencionais. Tor Vergata não foi apenas um evento religioso, uma espécie de Woodstock cristão, como alguns quiseram rotular. Foi algo infinitamente mais profundo: uma epifania. A manifestação clara e inequívoca de que uma nova geração se levanta. Uma geração que se recusa a ceder ao cinismo, à descrença, à ironia barata. Uma juventude que não quer ser escrava do vazio. Que não aceita a anestesia da alma. Que clama – ainda que silenciosamente – por algo maior. Por sentido. Por verdade. Por fé.

Essa juventude, tantas vezes rotulada como líquida, apática ou relativista, mostrou ali o oposto: sede de valores sólidos, fome de beleza autêntica, desejo de santidade. Em meio a um mundo marcado pela corrupção, violência, hiperconectividade e hedonismo, Tor Vergata foi um grito silencioso: o mal não terá a última palavra. A luz ainda brilha. A esperança ainda pulsa. Deus ainda é procurado – e encontrado – pelos corações jovens.

Há uma inquietação saudável nas novas gerações. Uma rebeldia sadia. Uma sede que não se sacia com promessas vazias, com entretenimento raso ou com ideologias enganosas. Muitos desses jovens chegaram a Roma depois de longas peregrinações, enfrentando o calor, o cansaço, a distância. Mas chegaram com os olhos cheios de expectativa. Queriam ver o papa, sim. Mas, mais do que isso, queriam ver a si mesmos à luz de Deus. Queriam descobrir quem são, de onde vêm e para onde vão. E ali, na presença real de Cristo, encontraram mais do que respostas: encontraram um olhar. O olhar do Pai.

O papa Leão XIV, com sua serenidade, olhar firme e palavras doces, pareceu compreender a alma daquela multidão. “Vocês são a esperança viva da Igreja”, disse. Não como um slogan. Mas como uma constatação carregada de verdade e responsabilidade. O aplauso que se seguiu foi mais do que entusiasmo: foi uma profissão de fé. Uma confirmação de que, sim, a Igreja continua jovem. Não por causa da idade de seus membros, mas pela vitalidade de sua fé.

Há algo profundamente comovente em ver 1 milhão de jovens ajoelhados. Ajoelhar-se, no mundo de hoje, é quase um escândalo. É sinal de fraqueza para alguns, de submissão para outros. Mas, para quem crê, ajoelhar-se diante de Deus é o maior ato de liberdade. Porque é só diante d’Ele que o homem encontra sua verdadeira dignidade. Tor Vergata nos lembrou que ajoelhar-se não é humilhação: é elevação. Não é fuga: é encontro. Não é alienação: é reencontro com a realidade mais profunda da existência.

O que aconteceu em Roma foi um sinal. Um sopro do Espírito. Uma primavera espiritual que começa a despontar nos corações, especialmente nos corações jovens. E esse fenômeno precisa ser compreendido com seriedade. Não se trata de um surto religioso passageiro, mas de uma resposta clara à crise de sentido que assola o mundo contemporâneo. Numa época marcada pela superficialidade, pela cultura do descarte e pelo narcisismo digital, jovens reunidos em torno do papa, da Eucaristia e da oração são um testemunho profético.

A experiência de Tor Vergata deve, portanto, ser lida como um sinal dos tempos. E não um sinal qualquer, mas um sinal luminoso. Uma centelha de esperança num cenário muitas vezes sombrio. Uma lembrança de que, por trás das estatísticas e dos diagnósticos pessimistas, existe uma juventude que busca. Que luta. Que sonha. Que tem fé.

E o mais belo é que essa juventude não busca um Deus genérico, diluído, adaptado às modas do tempo. Busca a beleza da fé. Busca um sentido que não se esgota nos likes ou nas notificações. Busca um amor que seja eterno.

Tor Vergata não é passado. É profecia. E como toda profecia verdadeira, não grita – sussurra. Não impõe – propõe. Não acusa – convida. Aquele milhão de jovens, ajoelhados diante do Santíssimo, não estava fugindo do mundo. Estava sendo preparado para transformá-lo. Fonte: https://www.estadao.com.br

Por meio de nota, o grupo responsável pelo evento pediu desculpas pelo episódio e se comprometeu a não usar a oração novamente. Associação de diversidade pediu que MPCE investigue o caso.

 

Por Redação g1 CE

 

Grupo compara homossexualidade e lesbianidade a doenças durante evento católico no CE

A Associação Cearense de Diversidade e Inclusão (Acedi) denunciou um evento católico no qual a homossexualidade e a lesbianidade foram comparados com doenças como câncer e depressão durante uma oração. O grupo responsável pelo evento pediu desculpas pelo episódio e se comprometeu a não usar a oração novamente. (Confira o posicionamento abaixo)

O caso aconteceu no dia 5 de agosto no encerramento do Cerco de Jericó, um encontro religioso organizado pela Comunidade Católica Filhos Amados do Céu (FAC) no município de Juazeiro do Norte, na região do Cariri cearense.

Durante uma prece conhecida como "oração de quebra muralhas", uma das assistentes do sacerdote, que intercalava a oração com ele, diz: "Jesus, quebre todas as muralhas de doenças, sejam elas quais forem, principalmente o câncer, depressão, dependência do álcool, drogas, prostituição, homossexualismo, lesbianismo...". (Veja no vídeo acima)

O evento contava com transmissão ao vivo para as redes sociais e a fala repercutiu na região. A Acedi enviou uma notícia de fato (uma espécie de denúncia) para o Ministério Público do Ceará (MPCE) e repudiou o texto como discriminatório.

O denunciado proferiu declarações abertamente discriminatórias contra pessoas LGBTQIA+, comparando a homossexualidade a uma "doença". Tais falas, travestidas de discurso religioso, extrapolam a liberdade de crença e configuram incitação ao ódio, reforçando estigmas históricos contra pessoas LGBTQIA+, podendo incitar práticas de exclusão, preconceito e violência", escreveu o grupo na notícia de fato enviada ao MPCE.

Desde a década de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não considera mais orientações sexuais diversas da heterossexualidade como transtornos, por isso os termos homossexualismo e lesbianismo caíram em desuso, uma vez que levam o sufixo -ismo, associado no mundo da saúde a doenças. Desde então, os termos utilizados têm sido homossexualidade e lesbianidade.

No documento, a associação pediu que o MPCE apure os fatos e identifique os envolvidos, bem como instaure um inquérito policial para a "devida responsabilização criminal".

Por meio de nota, o MPCE confirmou que recebeu a notícia de fato enviada pela associação e que ela será distribuída para uma promotoria, que vai analisar os fatos e tomar as medidas cabíveis.

 

O que diz o grupo católico

Por meio de nota, a Comunidade Católica Filhos Amados do Céu se desculpou pelo trecho da oração e disse que oração ministrada no dia foi uma versão antiga e recortada de outras fontes "aparentemente confiáveis".

O grupo também se desculpou pelo episódio e disse que iria providenciar para que o trecho em questão não fosse utilizado novamente.

A Comunidade Católica Filhos Amados do Céu - FAC, por meio dos seus fundadores, Pe. Sebastião Monteiro, Carlos Eduardo Pereira Nicolau e Maria Dalvani Silva Vieira, vem a público oficialmente, em razão da propagação midiática de trecho da missa ocorrida no último dia 05 do corrente mês e ano, por ocasião do encerramento do Cerco de Jericó, prática de oração antiquíssima e tradicional, da Igreja Católica Apostólica Romana, ESCLARECER e - ao tempo se SOLIDARIZAR com a comunidade LGBTQIAPN+ -, que se sentiu ofendida com parte da oração pronunciada no ato, em que trazia a homossexualidade como uma doença. De fato, entendemos e concordamos que as diversas orientações sexuais e de identidade de gênero não constituem uma patologia, tanto pela sua exclusão da Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID) - em 1990, quanto pelos valores cristãos de amor, respeito e misericórdia que movem o nosso carisma, há mais de 15 (quinze) anos, nos levando diariamente e indiscriminadamente a acolher todas as pessoas nas suas individualidades, inclusive sexual. Tanto é verdade que inúmeros são os relatos/testemunhos de pessoas, inclusive da comunidade LGBTQIAPN+, que ao conhecerem a nossa comunidade e experienciarem do nosso carisma e ministério, sentiram-se acolhidos, pertencentes e amados por nós e por Deus, numa expressão máxima de respeito à dignidade da pessoa humana, obra-prima e única do Senhor, e princípio constitucional fundamental do Estado Democrático de Direito Brasileiro. Desta maneira, reste inequívoco que não tivemos - a qualquer tempo ou propósito - o intuito de ofender, diminuir, excluir, discriminar, patologizar, curar ou promover qualquer dano às pessoas com identidade de gênero vinculadas à comunidade LGBTQIAPN:+, neste ato do Cerco de Jericó, bem como em qualquer outra celebração organizada pela nossa instituição católica. Ao contrário, as diversas manifestações e promoções de atos de fé, oração e obras sociais que a Comunidade Católica Filhos Amados do Céu realiza é com o desejo ímpar e sagrado de legitimar e concretizar o Evangelho de Jesus Cristo, na vida de cada um daqueles que Deus traz ao nosso encontro e nos dá a graça de tocar com seu infinito amor. Acontece, que como humanos que também somos, falhamos e erramos em nossas práticas, e no caso em específico, reconhecemos que a oração de quebra de muralhas ministrada neste dia no Cerco de Jericó, foi uma versão antiga e recortada de outras fontes - aparentemente confiáveis -, passando despercebida a afetação do trecho em questão, até o presente momento. Desta forma, em sinal de solidariedade e respeito a todos que se inserem na comunidade LGBTQIAPN+, e ofenderam-se com a proclamação do trecho aludido, a Comunidade Filhos Amados do Céu, lamenta o ocorrido e pede PERDÃO - num ato cristão de humildade e de contrição de coração - pela tristeza que, involuntariamente, possa ter ocasionado. E, se compromete aqui, em PROVIDENCIAR que não mais seja ministrada ou propagada. No mais reafirmamos o nosso chamado em "ser no mundo reflexo do amor eterno e misericordioso de Deus", para todos. Paz e bem!  Fonte: https://g1.globo.com

É preciso reconhecer que os pastores adoecem mentalmente e o ambiente laboral religioso está entre os fatores responsáveis pelo adoecimento

 

Valdinei Ferreira

É doutor em sociologia pela USP e fundador do Mapa Centrante

 

Generais costumam ser empáticos com a morte de seus soldados em combate. Embora o bispo Edir Macedo defina a vida cristã como uma guerra, não demonstrou compaixão ao comentar a morte de Lucas Di Castro, 35 anos, pastor da Igreja Universal do Reino de Deus na Bolívia.

Os pastores estão sempre de plantão para atender chamadas emergenciais da comunidade, escutam desabafos, visitam doentes, realizam cerimônias fúnebres, coordenam campanhas assistenciais e fazem tarefas operacionais e burocráticas do dia a dia das igrejas. Burnoutdepressão e suicídio de pastores são mais frequentes que se imagina.

expansão das igrejas evangélicas tem sido objeto de debate nas últimas décadas no Brasil. Porém, pouco se sabe do custo emocional e mental pago por essa mão de obra religiosa que é responsável pelo sucesso de megaempreendimentos como a IURD ou de igrejas de garagem.

O tratamento dado ao caso pelo bispo Macedo contribui para que pastores que lutam com transtornos de saúde mental tenham receio de falar sobre o assunto e de buscar ajuda - Divulgação

Parte da população vê os pastores como pessoas que não trabalham e enriquecem com o dinheiro dos fiéis. Isso não é verdade. A maioria dos pastores trabalha duro e vive modestamente.

Em 2024, o Ministério do Trabalho atualizou a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), passando a exigir a avaliação de fatores de riscos psicossociais no ambiente de trabalho. Essa avaliação inclui elementos como carga de trabalho excessiva, metas inatingíveis, jornadas prolongadas, ausência de suporte da liderança, assédio moral e sexual, conflitos interpessoais e insegurança no emprego.

Como pastor desde 1993, sei que riscos psicossociais estão presentes nos ambientes de trabalho religiosos. Embora algumas igrejas já reconheçam que seus pastores adoecem mentalmente e precisam de ajuda profissional, ainda é tabu a discussão sobre como as dinâmicas do trabalho religioso contribuem para os processos de adoecimento mental dos pastores.

Lucas morreu no dia 5 de agosto e Macedo comentou sua morte no dia 8 no Instagram. O tom do fundador da Universal sobre o suicídio do pastor é marcado pela irritação e por comentários críticos às pessoas que, segundo ele, "possuem uma fé emotiva e ficam de mimimi".

De modo exasperado, o bispo Macedo afirma que Lucas Di Castro "nunca foi pastor, ele tinha o título de pastor; mas ele nunca foi um homem de Deus, porque, se fosse, passaria pelos problemas como eu passei, aliás, eu passei por problemas piores que ele...".

O tratamento estigmatizante dado ao caso pelo bispo Macedo contribui para que pastores que lutam com transtornos de saúde mental tenham receio de falar sobre o assunto e de buscar ajuda profissional para tratamento. Afinal, se não conseguem superar os problemas somente pela fé, se afastam do padrão estabelecido pelo líder máximo da IURD.

Segundo Macedo, os pastores da Universal "recebem do bom e do melhor e são acompanhados com todo cuidado". Na sua fala há uma confusão entre controle gerencial episcopal e cuidados em saúde mental. O bispo afirma que se reúne pessoalmente com os pastores uma vez por semana. Isso é parte do problema, pois são reuniões para cobrar os pastores por metas que serão alcançadas à custa da negação dos sofrimentos psíquicos.

As condições de trabalho na IURD, igreja altamente hierarquizada, são diferentes de pequenas igrejas lideradas por pastores que se dividem entre o trabalho religioso e outras atividades profissionais para sustento financeiro. Todavia, sem deixar de lado essas diferenças, é preciso reconhecer que os pastores adoecem mentalmente e o ambiente laboral religioso está entre os fatores responsáveis pelo adoecimento.

"Não estou nem aí para a morte desse pastor", pontificou o bispo Edir Macedo, do pináculo da arrogância de quem construiu o Templo de Salomão, mas prefere ignorar o ensinamento bíblico: "chorem com os que choram".  Fonte: https://www1.folha.uol.com.br 

A diocese da cidade de Floriano informou, na quinta-feira (14), que o sacerdote foi afastado por tempo indeterminado. Ao g1, o padre Vinicius José confirmou que entregou o cargo na igreja.

 

 

Por Eduarda Barradas*, Lívia Ferreira, g1 PI, TV Clube

O padre Vinícius José afirmou ao g1, na noite desta quinta-feira (14), que entregou o cargo na Igreja Católica. A informação foi confirmada horas após a Diocese de Floriano anunciar o afastamento do sacerdote por tempo indeterminado. O padre teve vídeos íntimos vazados na cidade.

"O que aconteceu foi a entrega do meu ministério, eu mesmo entreguei, de comum acordo foi conversado, foi pensado, foi bem trabalhado, foi bem assistido pelo meu bispo Dom Júlio César e o vigário geral Padre Eulálio Miranda. Nós tivemos uma reunião e lá na reunião nós conversamos e achamos por bem chegar a essa conclusão", afirmou o padre ao g1.

Em imagens que circulam nas redes sociais, o padre aparece tendo relações sexuais com uma mulher.

Com o afastamento e o pedido de renúncia, o padre Vinícius não pode mais exercer celebrações sacramentais publicamente, assim como concelebrar Eucaristia com presença de fiéis, com exceção de casos específicos, a exemplo de atendimento de fiéis em perigo de morte.

 

Confira a nota oficial da Diocese de Floriano

A Diocese de Floriano comunica que, por decisão da autoridade eclesiástica competente, o Revmo. Padre Vinicius José de Madeira Messias foi afastado, por tempo indeterminado, de todo e qualquer exercício público do ministério sacerdotal, ficando-lhe vedada a celebração pública dos sacramentos e sacramentais, bem como a presidência ou concelebração da Eucaristia com a participação de fiéis, exceto nos casos em que o próprio direito concede faculdade, como no atendimento sacramental de fiéis em perigo de morte.

Trata-se de uma medida de caráter pastoral e administrativa, adotada com espírito de prudência, visando o bem da Igreja, o cuidado com o Povo de Deus confiado a esta diocese e a devida atenção à pessoa do sacerdote.

*Eduarda Barradas, estagiária sob supervisão de Roberto Araujo. Fonte: https://g1.globo.com 

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,15-20)

Naquele tempo, disse Jesus: 15Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão. 16Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. 17Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano. 18Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu. 19Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus. 20Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.

 

3) Reflexão   Mateus 18,15-20

No evangelho de hoje e de amanhã vamos ler e meditar a segunda parte do Sermão da Comunidade. O evangelho de hoje fala da correção fraterna (Mt 18,15-18) e da oração em comum (Mt 18,19-20). O de amanhã fala do perdão (Mt 18,21-22) e traz a parábola do perdão sem limites (Mt 18,23-35). A palavra chave desta segunda parte é “perdoar”. O acento cai na reconciliação. Para que possa haver reconciliação que permita o retorno dos pequenos, é importante saber dialogar e perdoar. pois o fundamento da fraternidade é o amor gratuito de Deus. Só assim a comunidade será um sinal do Reino. Não é fácil perdoar. Certas mágoas continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem: "Eu perdôo, mas não esqueço!" Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a reconciliação.

 

A organização das palavras de Jesus nos cinco grandes Sermões do evangelho de Mateus mostra que, já no fim do primeiro século, as comunidades tinham formas bem concretas de catequese. O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35), por exemplo, traz instruções atualizadas de como proceder em caso de algum conflito entre os membros da comunidade e como encontrar critérios para solucionar os conflitos. Mateus reuniu aquelas frases de Jesus que pudessem ajudar as comunidades do fim do primeiro século a superar os dois problemas agudos que elas enfrentavam naquele momento, a saber, a saída dos pequenos por causa do escândalo de alguns e a necessidade de diálogo para superar o rigorismo de outros e acolher os pequenos, os pobres, na comunidade. 

 

Mateus 18,15-18: A correção fraterna e o poder de perdoar.

Estes versículos trazem normas simples de como proceder no caso de algum conflito na comunidade. Se um irmão ou uma irmã pecar, isto é, se tiver um comportamento não de acordo com a vida da comunidade, não se deve logo denunciá-los. Primeiro, procure conversar a sós. Procure saber os motivos do outro. Se não der resultado, leve mais duas ou três pessoas da comunidade para ver se consegue algum resultado. Só em caso extremo, deve levar o problema para a comunidade toda. E se a pessoa não quiser escutar a comunidade, que ela seja para você “como um publicano ou pagão”, isto é, como alguém que já não faz parte da comunidade. Não é você que está excluindo, mas é a pessoa, ela mesma, que se exclui a si mesma. A comunidade reunida apenas constata e ratifica a exclusão. A graça de poder perdoar e reconciliar em nome de Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e, aqui no Sermão da Comunidade, à própria comunidade (Mt 18,18). Isto revela a importância das decisões que a comunidade toma com relação a seus membros.

 

Mateus 18,19: A oração em comum 

A exclusão não significa que a pessoa seja abandonada à sua própria sorte. Não! Ela pode estar separada da comunidade, mas nunca estará separada de Deus. Caso a conversa na comunidade não der resultado e a pessoa não quiser integrar-se na vida da comunidade, resta o último recurso de rezar juntos ao Pai para conseguir a reconciliação. E Jesus garante que o Pai vai atender: “Se dois de vocês na terra estiverem de acordo sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está no céu”.

 

Mateus 18,20: A presença de Jesus na comunidade.

O motivo da certeza de ser ouvido pelo Pai é a promessa de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, estarei no meio deles!” Jesus é o centro, o eixo, da comunidade e, como tal, junto com a Comunidade ele estará rezando conosco ao Pai, para que conceda o dom do retorno ao irmão ou à irmã que se excluiu.

 

4) Para um confronto pessoal

 

  1. Por que será que é tão difícil perdoar? Na nossa comunidade existe espaço para a reconciliação? De que maneira?
  2. Jesus disse: "Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, estarei no meio deles". O que significa isto para nós hoje?

 

5) Oração final

Louvai, ó servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre. (Sl 112, 1-2)

 

A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro informa que, no dia 7 de agosto de 2025, o Santo Padre, Papa Leão XIV, acolheu a renúncia apresentada por seu Arcebispo Metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, O.Cist., ao governo pastoral desta Igreja Particular, conforme as normas do Direito Canônico, utilizando a fórmula “nunc pro tunc”.

Ao mesmo tempo, o Santo Padre determinou que o Cardeal permaneça à frente da Arquidiocese por mais dois anos, até a nomeação de seu sucessor.

O Papa manifestou reconhecimento e gratidão pelo serviço prestado por Dom Orani ao longo destes anos e pediu que continue conduzindo o Povo de Deus com serenidade, generosidade e zelo pastoral.

O Cardeal acolheu a decisão com espírito de comunhão e renovado compromisso, convidando todo o clero, religiosos, religiosas e fiéis leigos a se unirem em oração e renovado ardor missionário, especialmente neste tempo de júbilo em que a Arquidiocese celebra seu jubileu de 450 anos. Fonte: https://arqrio.org.br

Tema do 19.º Domingo do Tempo Comum

Necessitamos continuamente de redescobrir o nosso lugar e o nosso papel no projeto que Deus tem para nós e para o mundo. A Palavra de Deus que a liturgia deste domingo nos propõe lembra-nos isso mesmo. Diz-nos que viver de braços cruzados, numa existência de comodismo e resignação, é malbaratar a vida. Deus precisa de nós, Deus conta conosco; quer-nos despertos, atentos, comprometidos com a construção de um mundo mais justo, mais humano e mais feliz.

 

Na primeira leitura um “sábio” de Israel recorda a noite em que Deus libertou os hebreus da escravidão do Egito. Para os egípcios, foi uma noite de desolação e de morte; para os hebreus, foi uma noite de libertação e de glória. Os hebreus perceberam nessa noite, que caminhar com Deus e seguir as indicações que Ele deixa é fonte permanente de vida e de liberdade. É nessa direção que o “sábio” nos convida a construir a nossa vida.

 

No Evangelho Jesus lembra aos discípulos que foram escolhidos para levar o projeto do Reino de Deus ao encontro do mundo. Devem, portanto, viver para o serviço do Reino. Nesse sentido, têm de estar sempre atentos e vigilantes, cumprindo a cada instante as tarefas que Deus lhes pede, servindo o Reino com humildade e simplicidade.

 

Na segunda leitura um “catequista” cristão anônimo propõe-nos Abraão e Sara como modelos de fé. Eles confiaram incondicionalmente em Deus e não hesitaram em caminhar ao encontro dos bens prometidos. Essa “aposta” trouxe-lhes frutos: ultrapassando as limitações e a caducidade da vida presente, puderam alcançar os bens eternos.

 

EVANGELHO – Lucas 12,32-48

  

MENSAGEM

O pequeno grupo de discípulos que acompanham Jesus no caminho para Jerusalém (Jesus chama-lhe “pequenino rebanho”), é um grupo débil, insignificante, sem gente notável, aparentemente incapaz de agarrar o mundo e de transformar a história; mas aqueles discípulos foram escolhidos por Deus para acolher o Reino e para o levar ao encontro do mundo. São como o fermento que levanta toda a massa. É necessário que assumam sem medo e sem reticências o projeto de Deus (vers. 32). Deus confia-lhes o tesouro do Reino; eles têm de deixar em segundo outras propostas, outros interesses, outros bens, outros desafios. Devem ver o Reino de Deus como o valor mais precioso, pelo qual vale a pena renunciar a tudo o resto (vers. 33-34). Abraçando o projeto do Reino, adquirem um tesouro eterno, um tesouro inesgotável, que nunca passará de moda e que ninguém lhes poderá subtrair.

 

INTERPELAÇÕES

Vivemos numa época da história particularmente exigente. Sombras escuras pairam no horizonte e ameaçam o futuro do nosso mundo: as guerras, as injustiças, a crise climática, o atropelo dos mais elementares direitos humanos, as políticas que ignoram as necessidades dos mais desfavorecidos, a indiferença face ao sofrimento das pessoas abandonadas nas bermas da sociedade, a desumanização dos homens transformados em simples máquinas de produção ao serviço dos interesses materialistas dos senhores do mundo, o desencanto de tantos homens e mulheres que não encontram sentido para as suas vidas… Poderemos cruzar os braços, assumir uma atitude de resignação e de passividade e deixar que o mundo continue a ser construído sobre injustiças e sofrimentos? Jesus convida os seus discípulos a estar preparados, a cada instante, para fazer aquilo que Deus lhes pede para fazer. É hora de viver com responsabilidade e lucidez, sentindo-nos construtores de uma nova história e imprimindo ao nosso mundo um dinamismo de amor, de vida nova, de misericórdia, de compaixão. Como vivemos? Adormecidos e despreocupados, comodamente instalados no nosso conforto e segurança, ou como servidores humildes, atentos e comprometidos do Reino de Deus e da sua justiça?

Também na forma de viver a fé pode haver passividade, resignação, superficialidade. Podemos instalar-nos numa fé rotineira, que nos leva a repetir sempre os mesmos gestos, as mesmas orações, os mesmos ritos, as mesmas tradições, mas que não tem qualquer impacto na nossa vida e no nosso compromisso com a construção do Reino de Deus; podemos andar tão ocupados com os nossos trabalhos que não consigamos encontrar tempo para escutar Deus, para dialogar com Ele, para tentar perceber os projetos que Ele tem para nós e para o mundo; podemos instalar-nos comodamente numa prática religiosa “morna” e de “meias tintas”, que nos tranquiliza a consciência e nos faz sentir “em regra” com Deus, mas não nos leva a “sujar as mãos” com os nossos irmãos que necessitam do nosso cuidado, da nossa compaixão, do nosso amor. A nossa forma de viver a fé é marcada pela passividade e pelo conformismo, ou pelo compromisso com Deus e com os irmãos? Vivemos a nossa adesão a Cristo e à Igreja de forma ativa, lúcida e responsável? Somos meros “consumidores” de atos de culto, ou discípulos comprometidos com a construção de uma Igreja viva, missionária, fraterna, acolhedora, sinal e anúncio do amor de Deus no mundo?

Aos discípulos que vão com Ele no caminho para Jerusalém, Jesus diz: “Não temas, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino”. Aquele grupo de galileus que ia atrás de Jesus era, de fato, um grupo pequeno, aparentemente incapaz de interferir nos mecanismos de poder e de “causar mossa” nos interesses instalados; aqueles discípulos que Jesus tinha chamado não tinham perfil de influenciadores da opinião pública ou de figuras capazes de impor modas ou tendências. No entanto, Deus confiou-lhes o testemunho e a construção do Reino de Deus. Hoje, depois de séculos de “regime cristão”, nós, discípulos de Jesus, sentimo-nos uma minoria sem privilégios nem poder, um pouco perdidos num mundo que nem sempre entende a proposta que abraçamos. Por vezes, sentimos nostalgia dos tempos passados, quando a Igreja era uma força social reverenciada pelos grandes do mundo. Estamos piores agora? Não. Estamos melhor: livres de compromissos com o poder, podemos testemunhar o Evangelho de Jesus sem amarras nem cedências. O Evangelho não se impõe pela força. A nossa missão é viver ao estilo de Jesus, com simplicidade, contagiando o mundo; a nossa missão é sermos fermento que ninguém vê, mas que transforma e melhora o pão. Mesmo em minoria, mesmo lidando com a hostilidade e a incompreensão, dispomo-nos a testemunhar, com simplicidade e sem medo, o Evangelho de Jesus?

Jesus tinha uma ideia muito clara sobre o mal que o dinheiro pode fazer ao homem. Por isso dizia aos seus discípulos: “vendei o que possuís e dai-o em esmola. Fazei bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável nos Céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. O dinheiro, uma vez que pode oferecer-nos segurança, bem-estar, importância social, prende o nosso coração e torna-se um “deus”; passamos a correr atrás dele, sentindo a necessidade de ter sempre mais e mais. Escravos do dinheiro, acabamos por subalternizar todos os outros valores. Tornamo-nos insensíveis à sorte dos homens e mulheres que caminham conosco, até mesmo da nossa família e amigos. Ignoramos o convite de Deus para sermos solidários, fraternos, misericordiosos, humanos; e fechamo-nos num egoísmo que seca e destrói toda a nossa vida. Como lidamos com os bens materiais? A cobiça, a ambição, a avareza, alguma vez nos impediram de acolher os valores do Reino de Deus? Vivendo no meio de uma sociedade que tem o coração posto nos bens materiais, somos capazes de dar testemunho de uma vida mais austera, mais simples, mais desprendida, mais fraterna, mais solidária?

As palavras de Jesus que o Evangelho deste domingo nos trouxe contêm uma interpelação especial a todos aqueles que desempenham funções de responsabilidade, quer na Igreja, quer no governo central do país, quer nas autarquias, quer nas empresas, quer nas repartições… Convida cada um a assumir as suas responsabilidades e a desempenhar, com atenção e empenho as funções que lhe foram confiadas. A todos aqueles a quem foi confiado o serviço da autoridade, a Palavra de Deus pergunta sobre o modo como se comportam: como servos que, com humildade e simplicidade cumprem as tarefas que lhes foram confiadas, ou como ditadores que manipulam os outros e que tratam com prepotência os pequenos e os humildes? Sempre que nos são confiadas tarefas de responsabilidade e de coordenação, entendemos a missão que nos foi confiada como serviço e acolhemos as pessoas com delicadeza, com doçura, com compaixão?

*Leia na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.

 

Jesus estava rezando 

 

Dom Rodolfo Luís Weber

Arcebispo de Passo Fundo (RS)

 

“Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar”. Jesus respondeu: “Quando rezardes, dizei: Pai…” (Gênesis 18,20-32, Salmo 37, Colossenses 2,12-14 e Lucas 11,1-13). “Jesus orava: isso basta como argumento em favor da oração. O comportamento de Jesus é, para o discípulo, uma norma absoluta de vida. Jesus é, de fato, o Mestre! Ora, ninguém pode negar que a oração não tenha sido literalmente o centro da vida de Jesus: a oração era seu respirar, seu horizonte de referência, a fonte de suas ações e palavras” (A. Comastri, Rezar hoje, p.25). 

Toda Sagrada Escritura afirma claramente a necessidade da oração. A leitura do livro do Gênesis revela Abraão na presença de Deus. O clima é de mistério, mas também denso de luz. Deus compartilha com Abraão que o pecado pesa sobre as cidades de Sodoma e Gomorra a ponto que estão prestes a serem destruídas. A intimidade existente entre Abraão e Deus faz com que ele entre profundamente na vontade divina. Deste encontro nasce uma audaciosa e insistente oração. Abraão insiste que os justos não podem morrer pelos injustos, mesmo tendo poucos na cidade.  

Desta audaciosa e insistente atitude de Abraão, se confirma que “a oração é diálogo; a oração é iniciativa de amor; a oração é ousadia; a oração é a porta que nos introduz no Coração de Deus e no próprio mistério de suas decisões” (Comastri, p.28). Depois de ensinar o Pai Nosso Jesus oferece várias orientações como se deve rezar. Dá o exemplo do amigo que importuna o amigo, fora de hora, porque está preocupado, não consigo mesmo, mas com o visitante. Acrescenta “pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto”.  

Esta atitude persistente revela que o homem é pequeno. O reconhecimento da pequenez da condição da humana é que permite iniciar um verdadeiro caminho de oração. Quem se apoia em si mesmo, na sua autossuficiência direciona a sua confiança em “outros senhores” e não em Deus. A Bíblia denomina esta pessoa de ímpia. Sem humildade não se chega a Deus. Somente o homem que aceita serenamente a sua pequenez como ponto de verdade e ponto de partida do caminho, se apoia em Deus como rochedo e salvador. 

Ao reconhecer e assumir a pequenez torna-se necessária a consciência de que o pecado feriu o coração de cada homem e devastou a história com tantos fatos que envergonham. Para rezar na verdade devemos nos apresentar diante de Deus com as feridas expostas de nossa pequenez e do nosso pecado. Só assim o encontro com Deus será de libertação e salvação. Partindo desta condição humana, Jesus ensinou a rezar: “perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores”. 

Jesus ensinou-nos a suplicar: “Não nos deixes cair em tentação”. A tentação ocorre quando valores importantes, por exemplo a caridade, a fraternidade, o perdão, são submetidos a uma espécie de pressão, seja individual ou coletiva, momentânea ou prolongada. A tentação pode fortalecer os valores que estão sendo provados. Ou podem ter um resultado negativo desviando para escolhas erradas. O mistério do mal sempre ronda as pessoas e a sociedade. Ao pedir a intervenção de Deus há o reconhecimento de que somente as forças humanas não são suficientes. Mesmo sendo cristãos esforçados sempre há o risco de fracassar. O cristão pede que o Pai o proteja em seu caminho, permaneça junto dele, que o liberte do mal nas áreas mais vulneráveis da sua vida. 

O discípulo aprende do Mestre e recebe a missão de ensinar. Por isso, aprender a rezar e ensinar a rezar faz do cristão um discípulo-missionário. Na medida que reza e ensina a orar vai entrando no mistério divino descobrindo a vontade de Deus e construindo o seu Reino. Fonte: https://www.cnbb.org.br