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‘Não ardia o nosso coração, enquanto nos falava pelo caminho e explicava as Escrituras?’ Francisco falou ao nosso coração
Por Nicolau da Rocha Cavalcanti
São Lucas narra uma das cenas mais bonitas da Bíblia. Dois discípulos de Jesus iam a pé de Jerusalém a Emaús. “Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se e caminhava com eles. Mas os seus olhos estavam como que vendados e não o reconheceram. Perguntou-lhes, então: ‘De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?’”. Eles, então, explicaram o que havia ocorrido: Jesus – “profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo” – tinha sido crucificado e, apesar de alguns boatos sobre sua ressurreição, ninguém ainda o vira. Este era o motivo da sua tristeza: aquele que pensavam ser o Messias estava morto. Aquela história, que parecia tão bonita, tinha chegado ao fim.
Jesus, então, os advertiu: “‘Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas! Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas para, assim, entrar em sua glória?‘. E, começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras”.
O fim da cena é conhecido. “Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante. Mas eles forçaram-no a parar: ‘Fica conosco, já é tarde e declina o dia’. Entrou então com eles. Aconteceu que, estando sentado à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho. Então, se lhes abriram os olhos e o reconheceram... mas ele desapareceu. Disseram, então, um para o outro: ‘Não ardia o nosso coração, enquanto ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?’”.
Penso que todos, crentes e não crentes, podemos dizer algo semelhante a respeito dos 12 anos de pontificado do papa Francisco: “Não ardia o nosso coração, enquanto ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”. Francisco falou ao coração de todos nós. De diversas maneiras e em diferentes tons, mas sempre ao coração. Viveu o que Jesus ensinara: “Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo”.
Francisco foi popular, mas nunca populista. Não teve medo de dizer verdades contrárias à opinião pública. Sua pregação foi sempre a das bem-aventuranças, que é exigente e oposta tanto a uma visão materialista da vida como à indiferença com o mundo e com os outros, tão presentes nos dias de hoje. “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus”. Não são essas as palavras fundamentais do pontificado de Francisco? Paz, pobreza, caridade, mansidão, justiça, misericórdia.
O papa falava dos pobres como os “prediletos de Deus”. É o oposto da cultura do sucesso e da cultura da indiferença. Como olhamos os pobres à nossa volta?
Com razão, muito se diz que Francisco foi um reformador, que buscou promover reformas na Igreja Católica. O papa argentino queria deixar mais visível, transparecendo na organização e na ação, que a Igreja é um projeto de serviço, e não de poder. Afinal, Jesus “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate por muitos”. Mas a reforma de Francisco não tinha relação com atividades meramente externas, com “reformas estruturais desprovidas de Evangelho”. Sobre estas, disse na Encíclica Dilexit nos: “O resultado é, muitas vezes, um cristianismo que esqueceu a ternura da fé, a alegria do serviço, o fervor da missão pessoa-a-pessoa, a cativante beleza de Cristo, a gratidão emocionante pela amizade que Ele oferece e pelo sentido último que dá à vida”.
Francisco foi um homem do diálogo e do encontro, mas porque era, antes, uma pessoa do silêncio e da oração. Cultivava a vida interior. Em 2021, em entrevista ao Estadão, o biógrafo do papa Austen Ivereigh, questionado sobre a pandemia e o pontificado de Francisco, disse: “A Igreja mudou durante a crise, que acelerou o que já era claro: que a fé já não se transmite pela lei, pela cultura, pela instituição e pela família, mas pelo testemunho e pela experiência. Entender essa mudança é a chave do pontificado”.
Francisco transmitiu-nos sua experiência de Deus, seu testemunho pessoal de Deus. E, por isso, foi tão genuíno, próximo, acolhedor, sincero, humano. Com falhas, certamente. Não poucas vezes precisou esclarecer o que havia dito. Mas Francisco – e aqui está o mistério – não foi apenas Jorge Mario Bergoglio. Muito mais do que expressão de uma personalidade cativante ou de uma liderança excepcional, o pontificado que se encerrou há dois dias evidencia o mistério da Igreja, em sua dimensão humana e também divina. Evidenciou que Deus não é uma ideia, menos ainda uma ideologia. Deus é Amor. Fonte: https://www.estadao.com.br
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O Vaticano anunciou os detalhes das exéquias do Papa Francisco. Em 23 de abril, o corpo será trasladado à Basílica de São Pedro. A Missa das Exéquias será celebrada em 26 de abril, seguida do sepultamento na Basílica de Santa Maria Maior.
Vatican News
O Departamento de Celebrações Litúrgicas do Vaticano anunciou os detalhes das exéquias do Papa Francisco. A cerimônia segue as indicações estabelecidas no Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, documento que rege os ritos funerários do Pontífice Romano.
Traslado para a Basílica de São Pedro
Na quarta-feira, 23 de abril, às 9h (horário local), o corpo do Papa Francisco será trasladado da Capela da Casa Santa Marta até a Basílica de São Pedro. A condução da urna será precedida por um momento de oração, presidido pelo cardeal Kevin Joseph Farrell, camerlengo da Santa Igreja Romana.
A procissão seguirá pela Praça Santa Marta e pela Praça dos Protormártires Romanos, saindo pelo Arco dos Sinos até a Praça São Pedro, entrando em seguida na Basílica Vaticana pela porta central. Diante do Altar da Confissão, o cardeal camerlengo conduzirá a Liturgia da Palavra, após a qual será aberto o período de visitação à urna mortuária do Papa Francisco.
Exéquias e sepultamento
No sábado, 26 de abril, às 10h (horário local), será celebrada a Missa das Exéquias, que marca o primeiro dia do Novendiali (novenário), os nove dias de luto e orações em honra ao Pontífice falecido. A celebração ocorrerá no átrio da Basílica de São Pedro e será presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício.
Ao final da celebração eucarística, ocorrerão os ritos da Última Commendatio e da Valedictio — despedidas solenes que marcam o encerramento das exéquias. Em seguida, o caixão do Papa será levado novamente para o interior da Basílica de São Pedro e, de lá, transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, onde será realizada a cerimônia de sepultamento.
Diversos chefes de Estado e de governo já anunciaram oficialmente sua presença para prestar homenagem ao Pontífice falecido. Fonte: https://www.vaticannews.va
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Pontífice de 88 anos morreu nesta segunda, 21; leia o texto em que ele deixou instruções para seu sepultamento
Por Luisa Laval
O Vaticano publicou nesta segunda-feira, 21, o testamento do papa Francisco, no qual ele expressa seus últimos desejos. O pontífice de 88 anos morreu nesta segunda, vítima de um acidente vascular cerebral e de colapso cardiocirculatório.
Diferentemente de seus antecessores, ele pediu para ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, na Capela da Salus Populi Romani, imagem de Nossa Senhora considerada padroeira de Roma. A tradição diz que ela teria sido pintada por São Lucas, um dos quatro evangelistas do Novo Testamento.
O pontífice argentino será o primeiro em 122 anos a ser sepultado fora das grutas do Vaticano, no subsolo da Basílica de São Pedro. No ano passado, Francisco já havia anunciado seu desejo de ser enterrado na igreja, uma das quatro basílicas papais de Roma.
Leia na íntegra o testamento do papa Francisco
“Miserando atque Eligendo
Em Nome da Santíssima Trindade. Amém.
Sentindo que se aproxima o ocaso da minha vida terrena e com viva esperança na Vida Eterna, desejo expressar a minha vontade testamentária somente no que diz respeito ao local da minha sepultura.
Sempre confiei a minha vida e o ministério sacerdotal e episcopal à Mãe do Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que os meus restos mortais repousem, esperando o dia da ressurreição, na Basílica Papal de Santa Maria Maior.
Desejo que a minha última viagem terrena se conclua precisamente neste antiquíssimo santuário Mariano, onde me dirigia para rezar no início e fim de cada Viagem Apostólica, para entregar confiadamente as minhas intenções à Mãe Imaculada e agradecer-Lhe pelo dócil e materno cuidado.
Peço que o meu túmulo seja preparado no nicho do corredor lateral entre a Capela Paulina (Capela da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza desta mesma Basílica Papal, como indicado no anexo.
O túmulo deve ser no chão; simples, sem decoração especial e com uma única inscrição: Franciscus.
As despesas para a preparação da minha sepultura serão cobertas pela soma do benfeitor que providenciei, a ser transferida para a Basílica Papal de Santa Maria Maior e para a qual dei instruções apropriadas ao Arcebispo Rolandas Makrickas, Comissário Extraordinário do Cabido da Basílica.
Que o Senhor dê a merecida recompensa àqueles que me quiseram bem e que continuarão a rezar por mim. O sofrimento que esteve presente na última parte de minha vida eu o ofereço ao Senhor pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos.
Santa Marta, 29 de junho de 2022″. Fonte: https://www.estadao.com.br
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Andrea Tornielli
“A misericórdia de Deus é a nossa libertação e a nossa felicidade. Vivemos da misericórdia e não podemos nos dar ao luxo de ficar sem misericórdia: ela é o ar que respiramos. Somos pobres demais para estabelecer condições, precisamos perdoar, porque precisamos ser perdoados”. Se há uma mensagem que, mais do que qualquer outra, caracterizou o pontificado do Papa Francisco e está destinada a permanecer, é a da misericórdia. O Papa nos deixou repentinamente nesta manhã, depois de ter dado a última bênção Urbi et Obi no dia de Páscoa, do balcão central da Basílica de São Pedro, depois de ter dado a última volta pela multidão, para abençoar e saudar.
Muitos temas foram abordados pelo primeiro pontífice argentino na história da Igreja, em especial a preocupação com os pobres, a fraternidade, o cuidado com a Casa Comum, o firme e incondicional não à guerra. Mas o coração de sua mensagem, o que certamente causou mais impressão, é o chamado evangélico à misericórdia. A proximidade e ternura de Deus para com aqueles que se reconhecem necessitados da sua ajuda. A misericórdia como “o ar para respirar”, isto é, do que mais precisamos, sem o qual seria impossível viver.
Todo o pontificado de Jorge Mario Bergoglio foi vivido sob o lema dessa mensagem, que é o coração do cristianismo. Desde o primeiro Angelus recitado em 17 de março de 2013 da janela do apartamento papal que ele nunca habitaria, Francisco falou da centralidade da misericórdia, lembrando as palavras ditas a ele por uma senhora idosa que foi se confessar quando ele tinha sido apenas ordenado bispo auxiliar de Buenos Aires: “O Senhor perdoa tudo... Se o Senhor não perdoasse tudo, o mundo não existiria”.
O Papa que veio “do fim do mundo” não fez mudanças nos ensinamentos da tradição cristã de dois mil anos, mas ao trazer de modo novo a misericórdia ao centro de seu magistério, ele mudou a percepção que muitos tinham da Igreja. Ele deu testemunho da face materna de uma Igreja que se inclina sobre aqueles que estão feridos e, em particular, sobre aqueles que estão feridos pelo pecado. Uma Igreja que dá o primeiro passo em direção ao pecador, assim como Jesus fez em Jericó, convidando-se para ir à casa do pouco apresentável e odiado Zaqueu, sem lhe pedir nada, sem condições prévias. E foi por se sentir olhado e amado dessa maneira pela primeira vez que Zaqueu se reconheceu pecador, encontrando naquele olhar do Nazareno o impulso para se converter.
Muitas pessoas, há dois mil anos, ficaram escandalizadas quando viram o Mestre entrar na casa do publicano de Jericó. Tantas pessoas se escandalizaram nos últimos anos com os gestos de boas-vindas e proximidade do pontífice argentino em relação a todas as categorias de pessoas, especialmente os “pouco apresentáveis” e pecadores. Em sua primeira homilia em uma missa com o povo, na Igreja de Santa Ana, no Vaticano, Francisco disse: “Quantos de nós talvez mereceríamos uma condenação! E seria também justa. Mas Ele perdoa! Como? Com a misericórdia, que não apaga o pecado: é somente o perdão de Deus que o apaga, enquanto a misericórdia vai além. É como o céu: olhamos para o céu, tantas estrelas, mas quando o sol vem pela manhã, com tanta luz, as estrelas não podem ser vistas. Assim é a misericórdia de Deus: uma grande luz de amor, de ternura, porque Deus perdoa não com um decreto, mas com uma carícia”.
Ao longo dos anos de seu pontificado, o 266º sucessor de Pedro mostrou o rosto de uma Igreja próxima, capaz de testemunhar ternura e compaixão, acolhendo e abraçando a todos, mesmo à custa de assumir riscos e sem se preocupar com as reações dos simpatizantes. “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e suja por estar nas ruas” - escreveu Francisco na ‘Evangelii gaudium’, a road map de seu pontificado -, “do que uma Igreja doente por estar fechada e a comodidade de agarrar-se à sua própria segurança. Uma Igreja que não confia nas capacidades humanas, no protagonismo de influenciadores que só se referem a si mesmos e nas estratégias de marketing religioso, mas que se torna transparente para tornar conhecido o rosto misericordioso d'Aquele que a fundou e a faz viver, apesar de tudo, há dois mil anos.
É esse rosto e esse abraço que tantos reconheceram no idoso bispo argentino de Roma, que começou seu pontificado indo rezar pelos migrantes que morreram no mar em Lampedusa, e o terminou imobilizado em uma cadeira de rodas, dedicando todos os últimos momentos para testemunhar ao mundo o abraço misericordioso de um Deus próximo e fiel em seu amor por todas as suas criaturas. Fonte: https://www.vaticannews.va
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“Ressuscitou como disse... Aleluia! A vida venceu a morte!”
Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News
O Evangelho de São João nos diz que no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de Jesus e o encontrou vazio. João faz questão de ressaltar que era de madrugada e ainda estava escuro. Podemos perceber que o evangelista ao registrar que o fato aconteceu no primeiro dia da semana, quer fazer alusão à nova criação. O que ele vai relatar é uma novidade radical, é a vida nova de um homem, não um fato como a denominada ressurreição de Lázaro, que volta à vida, mas continua submetido à necessidade de cuidar de sua saúde, de se alimentar e que voltará a morrer.
João vai relatar a autêntica ressurreição, a vitória de Jesus sobre as limitações humanas, sobre suas fragilidades, sobre a morte. Jesus jamais voltará a morrer. A morte nunca mais terá poder sobre ele, porque ele, a Vida, a destruiu.
Contudo, Maria Madalena, apesar de ter escutado várias vezes Jesus dizer que ressuscitaria, a dor da morte é tal que ela se esquece das palavras do Mestre.
Apesar do corpo de Jesus já ter sido ungido na sexta-feira por José de Arimatéia e por Nicodemos, ela não consegue ficar longe do corpo morto do Senhor. A escuridão enfatizada no texto é um símbolo do estado interior de Maria. Ela está com uma vida sem sentido, sem alegria. Seu grande libertador, seu grande amigo está morto. Ela vai ao sepulcro quando ainda está escuro, na natureza e no seu interior. Mas seu coração está iluminado pelo amor, por isso ela vai até ao sepulcro.
Ela o encontra vazio. Sente-se despontada e mais desolada, perdida e impotente. Maria Madalena busca o cadáver de Jesus. Ela esqueceu totalmente a promessa dele de que iria ressuscitar.
Ela olha para o sepulcro vazio e vê dois anjos, um na cabeceira e outro nos pés. O evangelista quer nos recordar os dois anjos que foram colocados, um à cabeceira e outro aos pés da arca da aliança. Jesus é a nova aliança. Por isso a aliança de Jesus Cristo é eterna, pois ele ressuscitou.
Mas Madalena, abalada pela dor não reconhece os sinais e só vê o sepucro vazio. Somente após a segunda pergunta de Jesus, ao ouvi-lo pronunciar seu nome e deixar de olhar para o sepulcro e voltar-se para o lado contrário é que ela vê o ressuscitado.
Como Maria Madalena, também nós só veremos os sinais da ressurreição, quando levantarmos nossos olhos dos sinais de morte, e dirigirmos nosso coração para a VIDA. Enquanto estivermos afeiçoados àquilo que é egoísmo, ambição, ira, não perceberemos que a Vida está à nossa frente, e sofreremos as consequências da opção pelos atrativos mortais. Ao contrário, quando acreditarmos no poder de Deus e formos mais irmãos, adeptos da partilha e do serviço, perceberemos os sinais da Vida a todo momento, pois estaremos desde agora vivendo à luz de Deus.
Feliz Páscoa a todos!
Fonte: https://www.vaticannews.va
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O que aconteceu com a cruz em que Jesus morreu?
Igrejas em todo o mundo afirmam ter pelo menos um pedaço da verdadeira cruz, mas especialistas dizem que a possibilidade é remota
Segundo vários relatos, Helena, mãe do imperador Constantino, foi quem encontrou a cruz onde Cristo morreu em Jerusalém - Getty Images via BBC
Alejandro Millán Valencia
Segundo a história em que os cristãos se baseiam, Jesus de Nazaré morreu crucificado por ordem do então prefeito romano da Judeia, Pôncio Pilatos.
A jornada dele até aquela morte - uma série de episódios conhecida como Paixão de Cristo —é um dos elementos centrais das comemorações da Semana Santa.
A crucificação é tão simbólica para o Cristianismo que a cruz acabou se tornando o símbolo das religiões que professam devoção à figura de Jesus Cristo.
Mas o que aconteceu com a cruz original?
Dezenas de mosteiros e igrejas em todo o mundo afirmam ter pelo menos um pedaço da chamada "verdadeira cruz" nos altares, para louvor dos seus fiéis.
E muitos deles baseiam a veracidade da origem dessas relíquias em textos dos séculos 3 e 4, que narram a descoberta em Jerusalém do pedaço de madeira onde Jesus Cristo foi executado pelos romanos.
"Essa história, que inclui o imperador romano Constantino e a mãe dele, Helena, foi o ponto inicial dessa trajetória da cruz de Cristo, que sobrevive até hoje", explica Candida Moss, professora de História dos Evangelhos e Cristianismo Primitivo da Universidade de Birmingham, no Reino Unido.
Ela baseia-se nos escritos de historiadores antigos como Gelásio de Cesareia e Tiago de Vorágine. Mas, para muitos historiadores de hoje, eles não determinam a autenticidade dos pedaços de madeira que vemos em vários templos ao redor do mundo —nem podem servir como confirmação da origem dessas relíquias.
"É muito provável que aquele pedaço de madeira não seja a cruz onde Jesus foi crucificado, porque muitas coisas poderiam ter acontecido com esse objeto. Por exemplo, os romanos podem tê-lo reutilizado para outra crucificação, em outro lugar e com outras pessoas", raciocina Moss.
Mas, então, como surgiu a história da "verdadeira cruz" e por que existem tantas peças que supostamente fazem parte da madeira "original"?
"(Isso se deve ao) desejo de ter uma proximidade física com algo que acreditamos", responde o historiador Mark Goodacre, especialista em Novo Testamento da Universidade Duke, nos Estados Unidos.
"As relíquias cristãs são mais um desejo do que algo verdadeiro", diz ele.
A lenda dourada
Na narrativa do Evangelho, após a morte de Jesus na cruz, o corpo dele foi levado para um túmulo onde hoje é a Cidade Velha de Jerusalém.
E, durante quase 300 anos, não houve menção alguma ao pedaço de madeira usado na crucificação.
Foi por volta do século 4 que o bispo e historiador Gelásio de Cesaréia publicou um relato em seu livro A História da Igreja sobre a descoberta em Jerusalém da "verdadeira cruz" por Helena, uma santa da Igreja Católica.
Helena também era mãe do imperador romano Constantino, que impôs o Cristianismo como religião oficial do império.
A história, referenciada por outros historiadores e por escritores como Tiago de Voragine no livro Lenda Dourada, do século 13, indica que Helena, enviada pelo filho para encontrar a cruz de Cristo, foi levada para um local próximo do Monte Gólgota, onde Jesus foi supostamente crucificado. Havia ali três cruzes.
Algumas versões indicam que Helena, ao duvidar de qual seria a cruz verdadeira, colocou uma mulher doente próxima de cada uma das cruzes —e aquela que curou a mulher foi considerada a autêntica.
Outros historiadores afirmam que a "cruz verdadeira" foi reconhecida porque era a única das três que apresentava sinais de ter sido usado para uma crucificação com pregos —segundo o Evangelho de João, Jesus foi o único que foi crucificado com esse método naquele dia.
"Toda essa história faz parte do desejo por relíquias que começou a ocorrer no cristianismo durante os séculos 3 e 4", contextualiza Goodacre.
O acadêmico destaca que os primeiros cristãos não tinham como foco a busca ou a preservação desse tipo de objeto como fonte de devoção.
"Nenhum cristão durante o primeiro século colecionava relíquias de Jesus", destaca ele.
"À medida que o tempo passou e o cristianismo se expandiu pelo mundo naquela época, os seguidores da religião começaram a criar formas de ter alguma conexão física com a pessoa que consideram o salvador", acrescenta o acadêmico.
A origem da busca por essas relíquias tem muito a ver com os mártires.
Segundo historiadores, o culto aos santos começou a ser uma tendência dentro da Igreja Católica. Desde cedo, por exemplo, se estabeleceu que os ossos dos mártires eram evidências do "poder de Deus operando no mundo", pois eles supostamente produziam milagres que "provavam" a eficácia da fé.
E, como Jesus ressuscitou, não foi possível procurar os ossos dele: segundo a Bíblia, depois de três dias no túmulo, o regresso de Cristo à vida e a posterior "ascensão ao céu" foram corporais.
Com isso, só restaram os objetos, como a cruz e a coroa de espinhos, entre outros.
"Esse período de tempo, quase três séculos após a morte de Jesus, é o que torna improvável que os objetos encontrados em Jerusalém, como a cruz onde ele morreu ou a coroa de espinhos, sejam autênticos", observa Goodacre.
"Se isso tivesse sido feito pelos primeiros cristãos, que tiveram um contato mais próximo com os acontecimentos, poderíamos falar na possibilidade de que fossem reais, mas não foi assim que aconteceu."
Relíquias para encher um navio
Parte da cruz entregue à missão capitaneada por Helena foi levada para Roma (o outro pedaço permaneceu em Jerusalém). Segundo a tradição, grande parte dos restos de madeira está preservada na Basílica de Santa Cruz, na capital italiana.
Com o "descobrimento" e a expansão do cristianismo pela Europa durante a Idade Média, a cruz se tornou o símbolo universal da religião. Nesse período, iniciou-se também a multiplicação de fragmentos da cruz, que foram parar em outros templos.
Esses pedaços são conhecidos como lignum crucis ("madeira da cruz", em latim).
Além da Basílica da Santa Cruz, as catedrais de Cosenza, Nápoles e Gênova, na Itália, o mosteiro de Santo Turíbio de Liébana (que tem a peça maior), Santa Maria dels Turers e a Basílica de Vera Cruz, na Espanha, afirmam ter um fragmento do tronco onde Jesus Cristo foi executado.
A Abadia de Heiligenkreuz, na Áustria, também guarda uma peça. Outro segmento muito importante está na Igreja da Santa Cruz, em Jerusalém.
Junto com as evidências físicas, os concílios de Niceia, no século 4, e de Trento, no século 16, deram validade espiritual à devoção destas relíquias.
Um tratado católico de 1674 afirma: "O sentido religioso do povo cristão encontrou, em todos os tempos, uma expressão em formas variadas de piedade em torno da vida sacramental da Igreja com a veneração das relíquias."
Esses registros também indicam que as próprias relíquias não são "objetos de salvação", mas meios para alcançar intercessão e "benefícios por meio de Jesus Cristo, seu Filho, nosso Senhor, que é nosso redentor e salvador".
Da mesma forma, a multiplicidade de fragmentos foi questionada na época por diversos pensadores.
O teólogo francês João Calvino destacou no século 16, em meio a um boom no tráfico de relíquias onde pedaços da chamada "verdadeira cruz" foram espalhados por igrejas e mosteiros, que, "se quiséssemos recolher tudo o que foi encontrado (da cruz), haveria o suficiente para encher um grande navio".
No entanto, esta afirmação foi posteriormente refutada por vários teólogos e cientistas ao longo da História.
Recentemente, Baima Bollone, professor da Universidade de Turim, na Itália, destacou num estudo que, se todos os fragmentos que afirmam fazer parte da cruz de Cristo fossem reunidos, "só conseguiríamos restaurar 50% do tronco principal".
Veracidade
"É muito provável que Helena tenha encontrado um pedaço de madeira, mas o que também é muito provável é que alguém o tenha colocado naquele local para dar ideia de que aquela era a cruz onde Jesus morreu", pondera Moss.
O acadêmico indica que há outra dificuldade em comprovar se estas peças realmente pertenceram, pelo menos, a uma crucificação ocorrida no tempo de Cristo.
"Por exemplo, a datação por carbono, que seria uma das primeiras coisas a se fazer num caso desses, é cara. Uma igreja de porte médio não tem fundos para realizar este tipo de trabalho", diz ele.
Mesmo que fosse possível financiar tal estudo, a investigação pode afetar a integridade da relíquia.
"A datação por carbono é considerada intrusiva e um tanto destrutiva. Mesmo que seja necessária apenas cerca de 10 miligramas de madeira, esse processo ainda envolve o corte de um objeto sagrado", observa Moss.
Em 2010, o pesquisador americano Joe Kickell, membro do Comitê de Investigação Cética, conduziu um estudo para determinar a origem das lascas que eram consideradas parte da "verdadeira cruz".
"Não há uma única evidência que apoie que a cruz encontrada por Helena em Jerusalém, ou por qualquer outra pessoa, venha da verdadeira cruz onde Jesus morreu", escreveu Kickell num artigo.
Tanto para Moss quanto para Goodacre, a possibilidade de encontrar a verdadeira cruz de Cristo é muito remota.
"Teríamos que fazer um trabalho arqueológico, não teológico. E, mesmo assim, seria muito improvável encontrar uma madeira de mais de dois milênios atrás", especula Goodacre.
Nesse sentido, para Moss as dificuldades vêm até do objeto a ser procurado.
"Tanto em grego como em latim, a palavra cruz se refere a uma árvore ou a uma vara vertical onde se praticava tortura", explica o historiador.
"Ou seja, possivelmente estamos falando de um único pedaço de madeira ou estaca- e não do símbolo que conhecemos atualmente", conclui ele. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Nesse dia, os fiéis são convidados a refletir e esperar, seguindo o exemplo de Maria, a mãe de Jesus, enquanto também recordam a perplexidade dos apóstolos diante da morte de Cristo.
Thulio Fonseca – Vatican News
Descrito pelos Padres da Igreja como "o mais longo dos dias", o Sábado Santo propõe uma espera silenciosa, que revive a angústia dos discípulos após a crucificação. A reforma litúrgica realizada por Pio XII restaurou esse dia como tempo de recolhimento, no qual cada cristão reflete sobre a morte de Cristo e sobre a finitude da existência humana. Nesse momento, a fé é posta à prova: o Messias morreu, e o desfecho permanece desconhecido. Só resta confiar que o vazio interior será um dia preenchido.
Cristo permanece em ação
Mesmo em silêncio, Cristo não deixa de agir. Segundo uma antiga tradição, Ele desce à morada dos mortos, atravessa as sombras da morte e resgata a humanidade. Vai ao encontro de Adão — figura que representa todos os homens —, o desperta e anuncia a salvação, oferecida a todos. Assim, constrói uma ponte entre o túmulo e o Reino dos Céus. Com a Cruz em mãos, vence a morte por meio da própria morte.
O padre Diogo Shishito, da Diocese de Mogi das Cruzes (SP), doutorando em Liturgia na Universidade Sant’Anselmo, em Roma, nos convida a contemplar o silêncio fecundo deste dia, repleto de sentido e esperança.
"O que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos."
Assim começa uma homilia do século IV que a Igreja retoma no Ofício das Leituras em cada Sábado Santo e da qual nasce o costume de chamar esse dia como o “Dia do Grande Silêncio”. De fato, diante do Mistério Pascal de Jesus, o silenciar parece ser natural para a nossa pequenez humana, uma vez que não se encontram palavras para expressar o misto de surpresa e gratidão que move interiormente quem se coloca diante de tamanha Graça.
O Silêncio é o lugar da ação do Espírito Santo
O silêncio parece apresentar-se como único caminho para aqueles que são inundados de um amor sem igual manifestado na entrega sem reservas do Deus feito homem que, ao dar seu último suspiro no alto da cruz, rasgou de cima abaixo o véu que separava a habitação divina da sua criatura predileta. É o silêncio de quem faz espaço para acolher algo de novo e nunca antes presenciado no tempo. O silêncio de quem, admirado, não encontra no elenco das reações uma atividade capaz de responder ao que se apresenta diante de seus olhos. Mas o silêncio, diferentemente do que muitas vezes se pensa, não é vazio.
No silêncio se encontra aquele espaço necessário entre uma ação e outra que nos permite comunicar a multiforme expressão de vida presente em cada um de nós. O silêncio é a pausa sem a qual a comunicação não seria possível, pois é ela que separa as palavras e dá clareza ao discurso. Só com o silêncio se pode passar de um conceito a outro, de uma ideia à outra. O grande silêncio desse dia faz passar da morte à Vida, do tempo à eternidade. Por isso podemos dizer que o Silêncio é o lugar da ação do Espírito Santo. Quando o Verbo cala, o Espírito trabalha no germinar de uma realidade nova.
Fé e expectativa
No alto da Cruz, com o calar-se do Verbo divino, a Palavra Eterna transformou-se em silêncio, produzindo na humanidade um sentimento de expectativa… Uma espera que brota da fé, que nasce da confiança sem reservas na promessa feita pelo próprio Senhor de que estaria conosco sempre. Para os Discípulos, que não sabiam como seriam as coisas depois da cruz e não imaginavam que a ressurreição se daria, esse silêncio certamente produziu dúvidas e medos, mas também é certo que, assim como quando um discurso é interrompido, fica a expectativa de como seria sua continuidade, no coração de cada um deles brotava também a esperança de que o Senhor, de algum modo, daria sentido àquilo que eles não conseguiam entender ainda.
Esperar com Maria
Olhando para Maria, que sabia com clareza que Jesus é o Filho de Deus, podemos pensar que o silêncio que brota da morte do Senhor tenha levado seu pensamento à doce espera da sua chegada, àquele silêncio de contemplação da surpreendente ação divina que realiza o que aos critérios humanos parecia impossível, de maneira que aquele silêncio se tornasse mais uma vez um ato de espera do próximo passo na história da Salvação. Para a Igreja, no entanto, esse silêncio é memorial da nossa fé, é a ação que reconhece a grandeza do mistério pascal de Cristo e abre espaço para o agir transformador de Deus que faz germinar, a partir dos nossos limites, o amor gerador de uma nova realidade. O amor verdadeiro daquele que nos amou até o fim e que manifestou a sua graça à humanidade quando estava ainda imersa no pecado.
O Senhor venceu a morte
De fato, por suas qualidades, uma pessoa pode ser admirada, mas só pelas suas limitações que pode ser acolhida e amada. É fácil acolher alguém quando tudo vai de acordo com o que nos agrada; somente quando o outro se mostra diferente do que gostaríamos é que a acolhida de suas inconstâncias se torna amor. Imbuídos da certeza da ressurreição, cada um de nós é chamado, através do silêncio, a abrir espaço para que o Senhor transforme em nosso interior as situações de morte fazendo brotar a vida nova e eterna que é Dele e da qual podemos participar pela sua misericórdia.
Peçamos então que o nosso silenciar possa de verdade dar espaço à ação silenciosa do Espírito Santo, que revigora em nós a graça dos que têm a vida escondida com Cristo em Deus e que o ressoar do esperado Aleluia dessa noite santa renove em nosso interior a força de ser no mundo uma voz que proclama o centro da nossa fé: o Senhor venceu a morte e está vivo no meio de nós. Fonte: https://www.vaticannews.va
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Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Aos Padres
Quinta-Feira Santa
Neste dia em que celebramos a instituição da Eucaristia, quero dirigir-me a todos os presbíteros que, diariamente, consagram o Corpo e o Sangue de Cristo para o alimento espiritual dos fiéis. Neste momento festivo para a Igreja, em que recordamos a entrega total de Jesus por nós, convido todo o povo de Deus a elevar uma prece pelos sacerdotes, para que perseverem com fidelidade em sua missão e busquem viver a santidade no cotidiano.
Rezemos por todos os padres doentes e idosos, que tanto se dedicaram ao sacerdócio ao longo da vida. Rezemos também por aqueles que, por diferentes motivos, estão afastados ou privados do exercício ministerial, para que o Senhor os fortaleça e renove neles a confiança em Sua misericórdia que jamais falha. Que tudo se realize conforme a vontade de Deus.
Sabemos o quanto o ministério sacerdotal é desafiador e vai muito além da celebração da Missa e da administração dos sacramentos. Muitas vezes, o sacerdote assume múltiplas funções: é secretário da paróquia, cozinheiro na casa paroquial, responsável por resolver questões burocráticas como idas a bancos, cartórios, correios e compras de materiais litúrgicos. Acrescente-se as situações de violência, de insegurança e de questões diversas que aparecem no dia a dia da paróquia. Por isso, é compreensível que, ao final do dia, esteja exausto diante das inúmeras tarefas desempenhadas.
Entretanto, para que tudo isso seja fecundo, o sacerdote não pode negligenciar a vida de oração. É a oração, unida à Eucaristia diária, que sustenta o ministério presbiteral. Antes de qualquer outra atividade, é essencial começar o dia com a oração, rezando as Laudes, e, se houver celebração pela manhã, presidir a Santa Missa. Sem a oração e, sobretudo, sem a Eucaristia cotidiana, o ministério enfraquece, e o padre corre o risco de tornar-se apenas um “executador de tarefas”. O sacerdote é muito mais que isso: é ministro do Sagrado, chamado a proclamar a Palavra de Deus e a celebrar, com piedade, a Eucaristia para o povo que lhe foi confiado.
Além disso, o padre está a serviço da comunidade e não pode permitir que as obrigações administrativas o afastem do contato com os fiéis. É preciso encontrar tempo para visitar os enfermos, atender confissões, presidir celebrações, sepultar os mortos e ministrar os demais sacramentos. O sacerdote precisa estar presente na paróquia, acessível ao povo que o procura.
O sacerdócio não deve ser encarado como um fardo. Quando o Senhor nos chamou para esta missão, não o fez para nos sobrecarregar, mas para que, com alegria, servíssemos ao seu povo. O padre não deve ser alguém amargurado, constantemente cansado ou de mau humor. Ao contrário, mesmo diante das muitas tarefas do dia, é preciso conservar o bom humor e acolher bem os fiéis. Como em qualquer outra vocação, é fundamental que o padre se sinta realizado em sua missão. Só assim é possível viver com alegria. Cumprir tudo apenas por obrigação leva ao desgaste e à infelicidade.
Esta é uma mensagem de encorajamento e ânimo para que continuem a exercer com amor o ministério que lhes foi confiado. Embora o Dia do Padre seja celebrado em 4 de agosto, na quinta-feira santa comemoramos a razão de ser da Igreja: a instituição da Eucaristia. E os sacerdotes são, por excelência, os ministros deste mistério de amor. Rogo a Deus pelo ministério de cada um, para que sejam verdadeiros pastores, cuidando com zelo do rebanho, especialmente das ovelhas feridas e dispersas.
Uma característica essencial da vida presbiteral é a fraternidade, especialmente entre os padres e com o bispo. A chamada fraternidade presbiteral implica cuidado mútuo, interesse pelo irmão que não está bem, visitas fraternas e busca conjunta de soluções. Muitas vezes, isolamo-nos em nossos próprios mundos e esquecemos de olhar para a dor do outro. Precisamos dar o exemplo, cultivar o amor entre os presbíteros, e a partir daí, ensinar os fiéis a viverem a caridade entre si.
Do mesmo modo, os sacerdotes são chamados a viver a fraternidade com os leigos, acolhendo com misericórdia e buscando os que se afastaram. A fraternidade é uma virtude evangélica que deve marcar a vida de todos: bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas e leigos.
Vivam o sacerdócio com amor e, a cada dia, renovem o “sim” dado no dia da ordenação, como fazemos também na missa do Crisma, na quinta-feira santa. Essa renovação acontece na oração diária, onde se reaviva o chamado. Que a Virgem Maria, Mãe das Divinas Vocações, interceda por todos vocês. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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Sermão do Encontro de Bom Jesus dos Passos e Nossa Senhora das Dores
“Os sete passos de Jesus nas sete capelinhas dos Passos“
Dom Pedro Brito Guimarães,
Arcebispo de Palmas – TO
Oeiras – PI, 11/04/2025
Amados e amadas de Deus, tenho sede!
Sou Dom Pedro Brito Guimarães, atualmente Arcebispo de Palmas. Muito agradecido a Oeiras por ter me acolhido, em 1976, como seminarista menor. Morei aqui, três anos, no antigo Palácio Episcopal. Estudei na Escola Normal Presidente Castelo Branco. Fiz estágio pastoral na paróquia Nossa Senhora da Vitória. Fui modelo do Cristo Crucificado que se encontra na Igreja da Conceição, esculpido pelo padre Ângelo, de saudosa memória.
Hoje, estou aqui, convidado por Dom Edilson, bispo desta diocese, para proferir o Sermão do Encontro de Bom Jesus dos Passos com Nossa Senhora das Dores, Mãe da Soledade. Esta Praça é testemunha viva de muitos Sermões memorais. Certamente os nossos ouvidos já ouviram muitos destes Sermões.
Para ser breve, escolhi para esta nossa meditação e oração OS SETE PASSOS DE JESUS, antes de ser pregado na Cruz, que correspondem simbolicamente às sete Capelinhas dos Passos. A piedade popular convencionou chamar este Encontro de Jesus, com sua mãe, de Quarta Estação da Via-Sacra. Retorno já a este quinto passo. Seguirei a inteligência espiritual da paixão de Jesus, segundo João (Jo 18,28-19,16). Segundo este evangelista, Jesus deu sete Passos até chegar a hora da sua morte na cruz:
Primeiro: O PASSO DE JESUS NO JARDIM DAS OLIVEIRAS, ao lado da torrente do Cedron. Tudo começou em um jardim, como os primeiros habitantes desta terra, Adão e Eva. A terra foi feita no formato ou na configuração de um jardim. Hoje já não é mais assim. Hoje, quase não se cultiva mais jardim. A terra se parece mais um deserto do que um jardim. Como reza a Campanha da Fraternidade 2025 – Fraternidade e Ecologia Integral – por meio da conversão ecológica, passamos do deserto ao jardim novamente. Foi num ambiente ecologicamente harmonioso como o de um jardim que “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). No Antigo Testamento, este jardim chamava-se de Éder. Aqui, no Novo Testamento, o jardim é chamado de Oliveira. Foi neste jardim que houve o fatídico beijo de Judas. E foi também neste jardim que Jesus fez a pergunta do milênio: “a quem procurais?” Esta mesma pergunta Jesus faz hoje, aqui e agora, a todos e a cada um de nós: “a quem procurais?” Na manhã da Páscoa, Maria Madalena confundiu Jesus com um jardineiro.
O segundo: O PASSO DA PRISÃO DE JESUS. Os soldados e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o levaram a Anás, genro de Caifás, Sumo Sacerdote daquela época. Neste segundo passo, Pedro traiu a Jesus, como Judas, no primeiro passo, também o traiu. A traição parece algo normal na nossa cultura. Quantos de nós traímos ou fomos traídos! O traidor é primeiramente traidor de si mesmo, dos seus princípios e dos seus acordos e só depois é traidor de alguém. Por que Jesus não nega o Pai e Pedro nega Jesus? Porque Jesus se apoia no Pai e Pedro se apoia em si mesmo. Mas em Jesus, custou a sua vida. Se Jesus não tivesse sido traído, provavelmente não teria sofrido o martírio que sofreu. Neste segundo passo é característico o interrogatório. Às vezes, somos exímios especialistas em interrogatórios. Com tantas perguntas, Jesus se incomodou e perguntou a eles: por que me interrogas? Por causa desta sua pergunta, Jesus ganhou bofetadas e foi torturado, no corpo e na alma. Entende-se aqui interrogatório como condenação sumária, sem direito de defesa.
Terceiro: JESUS NA PRESENÇA DE CAIFÁS. Este foi o passo mais curto. Mas foi um passo fatal. O suficiente para traçar o destino de Jesus. O característico neste passo é, novamente, a traição de Pedro. Foi neste passo que o galo cantou três vezes, anunciando a traição de Pedro. Se esta moda pegar, todas às vezes que trairmos o galo canta, vai faltar galos para cantar as nossas traições.
Quarto passo: JESUS ENVIADO AO PALÁCIO DO GOVERNADOR. Há um ditado popular que diz: “fulano entrou na história, como Pilatos entrou no Credo”. Mas Pilatos não é tão inocente assim. Não entra no Credo inocentemente. Na cadeia das responsabilidades pela morte de Jesus, Pilatos é um elo importante. De fato, Pilatos é um personagem secundário neste passo, pois, na paixão, Jesus é sempre o personagem principal. Jesus é tido, neste passo, como malfeitor. “Malfeitor”, em outras palavras, significa “feitor de coisas feias e más”. Para nós, cristãos, Jesus passou no mundo fazendo o bem a todos, coisas boas e bonitas (At 10,37). Mas para seus algozes, Jesus fez coisas feias e ruins. O reinado de Deus, uma das ações que Jesus mais fez na sua vida pública, é entendido como ameaça ao reinado de Pilatos, no império Romano. Jesus desfaz este equívoco afirmando que o seu Reino não deste mundo. Jesus não se deixa julgar. É Ele que julga os que estão lhe julgando. Ele mesmo reina neste julgamento. A elevação de Jesus na cruz, segundo João, é similar à elevação de um rei ao trono. Jesus elevado na cruz, é elevado e exaltado ao seu reinado. Aqui está o reinado de Jesus: dar a sua vida por nós. Não conseguiu convencer Pilatos. A liberdade de Jesus foi trocada pela liberdade de Barrabás. Anistiar Barrabás para condenar Jesus é chegar ao limite da legalidade judicial. Lembrado de que “Barrabás” não é o nome de registro de uma pessoa física. Etimologicamente, significa “filho do pai”. Quem é o pai de Barrabás? Pai de quem? Filho de quem? Barrabás é pai e é filho das bandidagens e dos julgamentos parciais, nefastos e tendenciosos que punem inocentes e absolvem culpados. Neste passo, também Jesus é flagelado, insultado, blasfemado, coroado de espinhos, vestido com manto vermelho e, por fim, crucificado. Daqui, com a cruz nos ombros, Jesus é conduzido ao Calvário. Ali suas vestes foram repartidas em quatro partes, uma para cada soldado. Não sabemos o que eles fizeram destas roupas rasgadas. Só sabemos que foi para se cumprir a Escritura (Jo 19,23).
Quinto: O ENCONTRO DE JESUS COM SUA MÃE e com as outras mulheres, amigas de Jesus. Tudo cai na conta e no colo da mãe. Neste quarto passo, Jesus que não tinha mais quase nada, agora não terá nem a sua mãe. Até sua mãe, ele a deu. Neste passo Maria sofreu as três últimas dores de suas sete dores, como a tradição as convencionou chamá-las. A quarta dor: Maria encontra o seu Filho a caminho do Calvário. A quinta dor: Jesus morre na Cruz. E a sexta dor: Jesus é descido da cruz e entregue a sua Mãe. Na cruz Jesus não tem mais nada para si, nem mesmo a sua mãe. Mas tem uma coisa que não a desejou, mas que o fez sofrer ardentemente: “TENHO SEDE” (Jo 19, 28-29). E deram-lhe de beber vinagre, uma bebida que não chegou a ser vinho. Os grandes místicos viram nesta sede de Jesus uma sede mais profunda, que torturava sua alma e seu coração: sede de doação, de Deus, do Reino, do infinito, de amor, de paz, de mim e de nós. A sede física e biológica não é tão fatal quanto as sedes existencial e espiritual. A sede de Jesus é o seu amor pelo Pai e pela humanidade. Esta também deverá ser a sede que mais nos fascina, nos empurra, nos contagia e nos faz apaixonados pelo Reino. Madre Teresa de Calcutá se via na ótica da sede de Jesus: “a sede de Jesus se torna a minha sede”. Em todo o caso, este brado de Jesus: – “TENHO SEDE” – é dirigido a todos nós, a cada um de nós… Mas tinha uma coisa: a sede. Tenho sede! Deste ofegante grito de Jesus na cruz, terei o meu lema episcopal. De que Jesus tem realmente sede? De mim, de você, de nós. Nesta doação de Maria está o nascimento da Igreja. Maria e os apóstolos se constituem o núcleo central da Igreja de Jesus.
Sexto: JESUS MORRE NA CRUZ. Sede é sonho, é desejo, é desiderata. Deixar de ter sede é começar a morrer. A sede fez Jesus inclinar a cabeça. Ofereceu o perdão ao ladrão arrependido e pediu ao Pai que perdoasse todos aqueles e aquelas que não sabem o que fazem. Ele, de fato, derramou seu sangue pelos nossos pecados. Depois que Jesus bebeu vinagre, inclinou a cabeça, entregou o seu espírito e, segundo João, disse: “tudo está consumado!” (Jo 19,30). Segundo o papa Bento XVI, no seu livro Jesus de Nazaré, esta palavra “consumado” alude ao lava-pés: “amou até o fim” (Jo 13,1). Jesus foi até o fim, até o limite e para além do limite. A morte na cruz, segundo o Papa Bento, foi um acontecimento cósmico e litúrgico: o sol escondeu-se, o véu do templo rasgou-se em dois, a terra tremeu, os mortos ressuscitaram. Mais importante é o sinal da fé: “verdadeiramente, diz o centurião, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39). Inclinando a cabeça Jesus pronunciou o seu último veredito: “tudo está consumado”. Jesus morreu na cruz para nos salvar. Para João, Jesus não morreu simplesmente, “entregou o seu espírito”. Em respeito à morte de Jesus, um minuto de silêncio. E a mim, o que isto diz? O que faz a minha cabeça se inclinar? Ou tenho o pescoço duro, a cabeça dura, a cerviz dura? Quais são os sinais desta dureza? A afetividade mal resolvida gera agressividade e aspereza. A falta de oblatividade e de doação é sinal de que falta em nós a sede de amor, de doação, de autoentrega. Fazer nossa, a sede do Senhor, é viver para o serviço e para a doação. Inclinar a cabeça foi o gesto, o sentimento mais profundo, mais límpido que Jesus teve em toda a sua vida. Esta, na verdade, foi a sua hora. A hora da sua entrega, da conclusão da sua obra. De fato, em Jo 17,4, ele mesmo fala da conclusão da sua obra com a sua morte. E também diz, em Jo 4, 31-34, que o seu alimento era fazer a vontade do Senhor: consumar a sua obra. É por isso que quando tudo estava consumado (Jo 19,28), inclinando à cabeça, entregou o seu espírito (v. 30). O seu último AMÉM, livremente. E diz, em Jo 10,15c-18: “dou a minha vida livremente, entrego-a voluntariamente”. E esta é também a nossa missão de guias espirituais: ser lâmpada acesa, deixar-nos consumir pelo irmão.
Sétimo: JESUS É RETIRADO DA CRUZ. No final destes seus passos, aparece a coragem de amigos de Jesus, José de Arimateia e Nicodemos. A exemplo destes dois amigos de Jesus, vamos retirar Jesus da cruz e levá-lo em nossos corações, não para ser sepultado, mas para ser guardado e cuidado para sempre por nós.
Caros irmãos e irmãs, a Via-Sacra que o papa preside, no Coliseu, em Roma, na sexta-feira santa: Jesus encontra sua mãe. Diz São João: “Então Jesus, ao ver ali ao pé da cruz a sua mãe e o discípulo que ele amava, disse (…) ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua (Jo 19, 26-27). As meditações das famosas Vias-Sacras do Coliseu, nos últimos anos, foram preparadas por bispos, religiosos, famílias, jovens, estudantes, casais, missionários, migrantes e refugiados de guerra. Esta última, de 2024, foi escrita, de próprio punho, pelo Papa Francisco. Mal sabia ele que este ano estaria passando, certamente, pela maior e mais dolorosa via-sacra da sua vida. Desta Via-Sacra, escrita, de próprio punho, extraí este trecho:
“Jesus, os vossos abandonaram-vos, Judas traiu-vos, Pedro renegou-vos: ficastes sozinho com a cruz. Mas está lá a vossa mãe. Não são necessárias palavras, bastam os seus olhos, que sabem enfrentar o sofrimento e ocupar-se dele. Jesus, no olhar de Maria cheio de lágrimas e de luz, encontrais a memória da ternura, das carícias, dos braços amorosos que sempre Vos acolheram e sustentaram. O olhar materno é o olhar da memória, que nos fundamenta no bem. Não se pode prescindir duma mãe que nos traz ao mundo, mas também não podemos prescindir duma mãe que nos ponha direitos, no mundo. Vós o sabeis e, da cruz, dais-nos a vossa própria mãe. Eis a tua mãe – dizeis ao discípulo, a cada um de nós: depois da Eucaristia, dais-nos Maria, a dádiva extrema antes de morrer. Jesus, no vosso caminho, serviu-Vos conforto a recordação do seu amor; também o meu caminho precisa de se fundar na memória do bem. Dou-me conta, porém, que a minha oração é pobre de memória: rápida, apressada, uma lista de necessidades para hoje e amanhã. Maria, detende a minha corrida! Ajudai-me a fazer memória: a guardar a graça, a lembrar o perdão e os prodígios de Deus, a reavivar o primeiro amor, a saborear as maravilhas da providência, a chorar de gratidão.
E, para concluir este memorial, rezando pela saúde do Papa Francisco, vamos fazer um minuto de silêncio. Rezemos, dizendo: Senhor, reavivai em mim a recordação do vosso amor.
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Quando reaparecem as feridas do passado |
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Senhor, reavivai em mim a recordação do vosso amor. |
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Quando extravio o sentido e o fio das coisas |
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Senhor, reavivai em mim a recordação do vosso amor. |
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Quando perco de vista os dons que recebi |
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Senhor, reavivai em mim a recordação do vosso amor. |
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Quando perco de vista o dom que sou |
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Senhor, reavivai em mim a recordação do vosso amor. |
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Quando me esqueço de Vos agradecer |
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Senhor, reavivai em mim a recordação do vosso amor. |
Ó Maria concebida sem pecado. Rogai por nós que recorremos a vós. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Quais são as promessas de Cristo que devemos ser dignos?
Olhemos então para Maria, a Virgem das Dores, Mãe da Soledade, e respondamos “EU”, quando eu perguntar:
1-Quem quer receber Maria em sua casa? – Diga: EU!
2-Quem quer levar Maria para a sua casa? – Diga: EU!
3-Quem quer imitar as virtudes de Maria na sua vida diária? – Diga: EU.
Amém! Fonte: https://diocesedeoeiras.org
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Relíquia fica originalmente em Portugal, mas será transportada em peregrinação por cinco Estados e o Distrito Federal até 26 de abril

Cruz original da primeira missa realizada no Brasil fica preservada no Museu da Sé de Braga e foi exposta na Catedral da Sé, em São Paulo. Foto: Luciney Martins/Arquidiocese de São Paulo
Por Giovanna Castro
A cruz utilizada na primeira missa rezada no Brasil está de volta ao País em comemoração aos 525 anos do evento realizado em 26 de abril de 1500 - a chegada dos portugueses ocorreu em 22 de abril de 1500, quando a expedição de Pedro Álvares Cabral desembarcou no litoral sul da Bahia.
A relíquia, que pertence ao Museu da Sé de Braga, em Portugal, chegou em São Paulo, nesta terça-feira, 15, e vai passar em peregrinação por Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pará e Bahia (veja o cronograma mais abaixo).
Uma missa utilizando a cruz foi rezada nesta terça pelo cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, na Catedral da Sé, centro da capital paulista. “Hoje temos a alegria de acolher aqui uma relíquia muito importante para a história do Brasil e para a Igreja do Brasil”, disse Scherer.
“Esse sinal (a cruz) nos lembra tanta coisa da nossa história, mas lembra sobretudo a cruz de Cristo. Lembra Cristo, que está na cruz e que por nós padeceu e que anunciou a boa nova da vida, do perdão, da misericórdia a todos os povos e também aos povos originários que aqui já viviam e que aqui depois chegariam”, afirmou o arcebispo na abertura da missa. Após o culto religioso, a relíquia foi levada em procissão até o Pateo do Collegio.
A cruz deve seguir para outras cidades paulistas, como Cachoeira Paulista e Aparecida, e ser levada a outros Estados, em peregrinação escoltada pela Polícia Rodoviária Federal.
“Ela passará pelos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde a PRF em comboio a acompanhará pela Rodovia Presidente Dutra, BR-116, além do Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pará e Bahia”, diz a PRF.
Por fim, no dia 26 de abril, às 16h, será realizada a Missa Pontifical dos 525 anos da primeira missa no Brasil, presidida pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, cardeal Sérgio da Rocha, em Santa Cruz Cabrália, no litoral sul da Bahia, onde aconteceu a primeira missa e está instalado um monumento em homenagem ao culto.
“A primeira missa celebrada no Brasil, em 26 de abril de 1500, na Praia de Coroa Vermelha, Aldeia do Descobrimento, município de Santa Cruz Cabrália, na Bahia, é amplamente reconhecida como marco fundacional da história nacional“, diz o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, um dos responsáveis pela peregrinação, junto ao Movimento Brasil com Fé e o Instituto Redemptor.
“A cruz original, atualmente preservada no Museu da Sé de Braga, em Portugal, transcende seu significado religioso, simbolizando amor, união e interconexão entre povos”, afirma o Santuário.
Os locais exatos onde ocorrerão as missas utilizando a cruz em cada cidade de passagem da peregrinação podem ser conferidos no Instagram do Movimento Brasil com Fé. Fonte: https://www.estadao.com.br
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Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
Encontramos na Bíblia uma das páginas mais duras da experiência humana: o beijo, uma das mais genuínas expressões de amor, convertido em estratagema de traição, onde uma das motivações era o “metal vil”. Judas, amigo de mesa e apóstolo de Jesus o entrega aos romanos com um beijo.
Vejamos o que diz o texto:
Predisposição de trair. “Judas Iscariot, um dos Doze, foi aos chefes dos sacerdotes para entregá-Lo a eles. Ao ouví-lo, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele procurava uma oportunidade para entregá-lo” (Mc 14,10-11).
O “cheiro” da traição. “Ao cair da tarde, Ele foi para lá com os Doze. E quando estavam à mesa, comendo, Jesus disse: ‘Em verdade vos digo: um de vós que come comigo há de me entregar’. Começaram a ficar tristes e dizer-lhe, um após outro: ‘acaso sou eu?’ Ele, porérm, disse-lhes: ‘um dos Doze, que coloca a mão no mesmo prato comigo’” (Mc 14,17-20).
O beijo como senha. “E, imediatamente, enquanto ainda falava, chegou Judas, um dos Doze, com uma multidão trazendo espadas e paus, da parte dos chefes, dos sacerdotes, escribas e anciãos. O seu traidor dera-lhes uma senha dizendo: ‘É aquele que eu beijar. Prendei-o e levai-o bem guardado’. Tão logo chegou, aproximando-se dele disse: ‘Rabi!’ E o beijou. Eles lançaram a mão sobre ele e o prenderam” (Mc 14,43-46).
O remorso. “Então, Judas, que o entregara, vendo que Jesus fora condenado, sentiu remorsos e veio devolver aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos as trinta moedas de prata dizendo: ‘Pequei, entregando um sangue inocente’. Mas estes responderam: ‘Que temos nós com isso? O problema é teu!’ Ele, atirando as moedas no Templo, retirou-se e foi enforcar-se” (Mt 27,3-5).
E agora é conosco! O que estas palavras tem a ver conosco? De que modo nos atinge, ensina e corrige? Que problemática concreta ela encerra?
Rastro destruidor. Sabemos que a problemática da traição não se circunscreve, simplesmente, em torno a dramas de ordem sexual. E, mesmo sendo esta uma das que mais afeta vidas, pessoas, e famílias, vai além disso.
Sendo assim, não precisamos recorrer às abstrações e/ou aos eufemismos para dizer que a traição já atingiu a vida de muitas pessoas e deixou o seu rastro destruidor.
“Mediações da traição”. Toda traição tem em comum a utilização de elementos (ou mediações) que são fatores de convivência e do mais genuíno relacionamento humano. No caso de Judas, o beijo e, de “outros” Judas, a casa, a cama, o trabalho, a fé, a amizade, um algo partilhado. Isso, certamente é o que mais influencia no estado da pessoa que é “vítima”.
O problema não é tanto o ato em si, mas as “mediações” que, antes favoreciam o inter-relacionamento saudável e que, de uma hora para outra se transformou em “plataforma” do desespero. E, agora?
Reações imediatas. São diversas as reações de quem foi traído: a desconfiança de tudo e de todo, sentimento de ter sido usado, enojamento da pessoa em questão, distanciamento, agressividade, apassivamento, cumplicidade, depreciação de si mesmo, fuga, sentimentos de auto destruição, humilhação, medo, insegurança… e a rejeição tácita a “freqüentar” a “mediação” que favoreceu a traição.
A experiência concreta demonstra que o cenário da traição escapa da minúscula dimensão de acontecimento e lança raízes na dimensão existencial. Quer dizer, prejudica profundamente a vida de uma pessoa. Sendo assim, se suporta até a morte, mas ninguém admite o “beijo” de Judas, o beijo de traição! Fonte: https://diocesedeoeiras.org
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Quem celebra a Semana Santa não pratica apenas ritos, mas sente-se profundamente envolvido naquilo que é celebrado
Todas as semanas do ano têm a mesma duração. Para a piedade católica, porém, a Semana Santa é a Semana Maior, por vários e bons motivos. Iniciando no Domingo de Ramos e culminando com o Domingo da Páscoa, o povo cristão acompanha misticamente os últimos dias vividos por Jesus na Terra, sobretudo, seus padecimentos, morte na cruz, sepultamento e ressurreição gloriosa.
Não se trata de simples recordação de fatos passados: os eventos lembrados e celebrados envolvem as raízes profundas da fé religiosa cristã, em que a memória se mistura com a profissão de fé, o louvor, o pedido de perdão e o agradecimento por aquilo que Deus realizou e segue realizando. Quem celebra a Semana Santa não pratica apenas ritos, mas sente-se profundamente envolvido naquilo que é celebrado.
No Domingo de Ramos, o povo acompanha o ingresso de Jesus em Jerusalém, aclamando com cânticos e louvores, ramos verdes nas mãos, saudando antecipadamente o triunfo do reinado de Deus e da vida sobre a morte. A celebração da Quinta-feira Santa, recordando a última ceia de Jesus com seus apóstolos, é um momento marcante para os cristãos. Jesus celebrou a ceia pascal judaica, conforme a tradição do seu povo; porém, introduziu um significado novo naquele rito, instituindo a Eucaristia como memorial perene de sua paixão, morte e ressurreição.
No pão que abençoou e repartiu com os apóstolos durante a ceia, Jesus ofereceu a si mesmo, seu corpo entregue sobre a cruz por amor à humanidade. E no vinho que lhes distribuiu no cálice, ele entregou seu sangue derramado na paixão, para que todos tivessem remissão e vida por meio dele. Quando os cristãos celebram a Eucaristia, fazem-no em memória de Jesus Cristo (ver Lucas 22, 14-20), de tudo o que Ele significa para eles e para o mundo.
Ao final da última ceia, Jesus realizou um gesto desconcertante, que os discípulos custaram a entender. Ele lavou os pés deles e explicou: Compreendestes? Se eu, que sou vosso mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que façais a mesma coisa (ver João 12,12-15). Toda a vida de Jesus, mesmo a dura paixão que sofreu, foi um serviço de amor pela humanidade: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (ver João 10,10). Após a última ceia, Jesus despediu-se dos discípulos e lhes fez suas últimas recomendações: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (ver João 13,34-35).
A Sexta-Feira Santa é dedicada a rememorar os passos da paixão e morte de Jesus: sua prisão, o julgamento religioso diante dos sumos-sacerdotes Anás e Caifás, as torturas e humilhações, o julgamento diante das autoridades romanas, a injusta condenação à morte, o caminho doloroso até o Gólgota, a crucificação e a morte. Os relatos evangélicos da paixão, morte e ressurreição de Jesus muito provavelmente foram as primeiras partes escritas dos Evangelhos. Os cristãos das primeiras gerações já faziam algo semelhante ao que ainda hoje se faz no tríduo pascal: narravam os passos da paixão de Jesus e, talvez, também os encenavam.
Na celebração da Sexta-Feira Santa há o momento especialmente intenso, quando os participantes, após terem ouvido o relato da paixão e morte de Jesus, são convidados a externar um gesto de gratidão e homenagem a Jesus diante do crucifixo exposto à sua devoção. É o momento de dizer no íntimo do coração: foi também por mim que ele aceitou morrer na cruz. Não se trata de cena teatral, ou de mero gesto estético, mas de mística profunda, em que cada um pode expressar seu envolvimento na ação celebrada.
O Sábado Santo, para os cristãos, é dia de reflexão e vigília junto da sepultura de Jesus, que experimentou o mistério da morte, o mesmo que também nos angustia. As interrogações e a profunda perplexidade que a morte nos causa têm uma resposta cheia de esperança: o túmulo ficou vazio; Jesus venceu a morte. O Sábado Santo convida a refletir sobre o sentido da vida e da morte à luz da morte e ressurreição de Jesus.
A vigília pascal, no Sábado Santo à noite, é marcada pela luz e a certeza de que a morte não tem a última palavra sobre a existência, porque o Autor da vida venceu a morte e ressuscitou Jesus dentre os mortos. Nesta “mãe de todas as vigílias”, a Igreja celebra e espera o alegre anúncio da ressurreição de Jesus e do seu triunfo sobre o mal e a morte.
Durante a vigília, leem-se trechos da história da salvação, na Bíblia, e se renovam as promessas do Batismo. No final, ainda durante a noite, já se celebra a solene liturgia pascal, que segue durante todo o Domingo de Páscoa da Ressurreição, marcado pelo alegre anúncio da ressurreição de Jesus. É o primeiro de todos os domingos.
A Semana Maior poderia parecer carregada de tonalidades tristes; em vez disso, porém, ela é a celebração sempre renovada da esperança e o anúncio do amor salvador de Deus pela humanidade: “Deus amou tanto o mundo, que lhe entregou seu Filho único para que não pereça todo aquele que nele crer, mas tenha a vida” (ver João 3,16). Fonte: https://www.estadao.com.br
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Neste final de semana, 12 e 13 de abril, fiéis de todas as dioceses do Brasil se unem em um gesto concreto de solidariedade: a Coleta Nacional da Campanha da Fraternidade 2025, realizada no Domingo de Ramos. Essa coleta representa o compromisso cristão com a transformação social e a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
Os recursos arrecadados serão destinados ao Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), que financia projetos sociais em diversas regiões do país, especialmente aqueles voltados às populações em situação de vulnerabilidade.
Os valores arrecadados são divididos da seguinte maneira:
60% permanecem nas próprias dioceses, por meio dos Fundos Diocesanos de Solidariedade (FDS), para apoiar iniciativas locais voltadas ao enfrentamento das situações de pobreza, fome, exclusão e vulnerabilidade.
40% são enviados à CNBB, que coordena o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), destinando os recursos a projetos sociais em âmbito nacional, priorizando iniciativas que promovam o desenvolvimento humano integral, a justiça social e a cidadania.
Projeto da Associação Amparo Maternal transforma vidas com apoio do FNS em 2024
Um dos projetos que recebeu apoio do FNS em 2024 foi a Associação Amparo Maternal, em São Paulo, que há mais de 80 anos acolhe gestantes, mães e bebês com atendimento integral e humanizado. Fundada em 1939 e localizada na Rua Napoleão de Barros, na Vila Clementino, a entidade dedica-se ao acolhimento integral e humanizado de gestantes, mães e bebês em situação de vulnerabilidade.
Com os recursos recebidos, a Associação fortaleceu o projeto “Amparo Pela Vida”, iniciativa que teve como missão reconstruir o tecido social a partir do cuidado com a vida desde seu início.
“O apoio do FNS foi fundamental para garantir alimentação adequada às mulheres e crianças acolhidas no Pavilhão Irmã Leoni para Gestantes, Mães e Bebês, que possui capacidade para atender até 100 pessoas por dia, em funcionamento 24 horas”.
Distribuição de alimentos
Ao longo do período de execução do projeto foram realizadas compras mensais de alimentos, cuidadosamente planejadas com base nas necessidades nutricionais específicas de gestantes e mulheres no puerpério. Quatro profissionais especializados em culinária atuaram na preparação das refeições, garantindo uma alimentação balanceada, saudável e adequada ao público acolhido.
As refeições foram distribuídas em café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. Essa rotina garantiu que todas as gestantes, puérperas e crianças acolhidas recebessem nutrição adequada, regular e de qualidade, contribuindo diretamente para sua saúde física e emocional durante o período de acolhimento.
Equipe multidisciplinar
A realização e o desenvolvimento das atividades foram acompanhados por uma equipe técnica especializada que garantiu o bem-estar físico, conforto e segurança das mulheres acolhidas no ambiente institucional. A equipe foi composta por gerente de serviço, psicólogo, assistentes pessoais, pedagoga, orientadoras socioeducativas e cuidadoras sociais.
O acompanhamento das ações foi realizado de forma qualitativa e quantitativa, com monitoramento constante ao longo do projeto. Entre os indicadores analisados estiveram a satisfação das usuárias, o alcance das metas estabelecidas e os resultados obtidos junto às gestantes, puérperas e seus filhos.
Projeto solicitude e ações complementares
Paralelamente à alimentação foi executado o Projeto Solicitude, que acompanhou mulheres após a saída qualificada do acolhimento. Essas ex-acolhidas participaram de encontros mensais no centro, onde puderam compartilhar experiências, celebrar conquistas, participar de palestras e receber cestas básicas.
As atividades promoveram o fortalecimento de vínculos e ofereceram suporte emocional e social. Segundo a coordenação do projeto, os temas abordados nas palestras foram fundamentais para o processo de reintegração e autonomia das mulheres.
Beneficiados
Ao final do projeto foram 100 pessoas impactadas diretamente, entre mulheres e crianças. Todas as assistidas receberam alimentação adequada ao longo do período, além de apoio emocional, social e educativo.
“A ação contribuiu de forma efetiva para a redução da vulnerabilidade social, promovendo dignidade, autoestima e oportunidades reais de reconstrução de vidas”, salienta a coordenação do projeto.
A continuidade do projeto será assegurada por meio de parcerias, incluindo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), além de colaborações com pessoas jurídicas, como o Mesa Brasil e a Instituição BibliAsp, juntamente com doações de pessoas físicas. Essas parcerias e contribuições são fundamentais para garantir a manutenção de uma alimentação saudável e de qualidade para as mulheres gestantes, puérperas, bebês e seus filhos até a primeira infância.
“Essa rede de apoio diversificada fortalece o projeto e garante sua sustentabilidade a longo prazo, beneficiando assim as famílias atendidas de forma contínua e consistente”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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Mais uma saída não programada de Francisco, como no domingo passado, a partir da Casa Santa Marta, onde segue em convalescença e retomou alguns encontros. O Pontífice esteve por volta das 13h locais na Basílica vaticana, onde encontrou cerca de uma centena de fiéis muito emocionados que se aproximaram para saudá-lo e receber sua bênção.

Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano
Eram quase 13h (horário local) na Basílica de São Pedro quando algumas mulheres começaram a gritar: “É o Papa! É o Papa!”. Após a surpresa do domingo passado, quando os 20 mil fiéis na Praça São Pedro para o Jubileu dos Enfermos viram, de repente, o Papa chegar de cadeira de rodas, também nesta tarde Francisco quis deixar por alguns minutos a Casa Santa Marta, onde prossegue sua recuperação, para entrar na Basílica. Menos de dez minutos para rezar diante do túmulo do Papa Pio X, o santo pontífice com quem sempre demonstrou forte ligação e a quem já havia rezado no último domingo.
Fiéis saúdam o Papa
Poucos minutos, no entanto, foram suficientes para comover as cerca de cem pessoas que naquele momento visitavam a Basílica e que, “como num boca a boca organizado”, segundo relatos de quem estava presente, se reuniram para saudar o Papa. Entre elas, algumas restauradoras que trabalhavam naquele momento por trás de um pano, nos trabalhos internos destes meses realizados pela Fábrica de São Pedro, apertaram a mão de Jorge Mario Bergoglio; várias crianças foram por ele abençoadas; e grupos inteiros de peregrinos em Roma para o Jubileu se aproximaram.
“Muita emoção, minha visão ficou turva pelas lágrimas e não consegui nem tirar uma foto”, contou aos meios de comunicação do Vaticano monsenhor Valerio Di Palma, cônego da Basílica de São Pedro. Ele havia voltado à sacristia por volta das 12h50 e, dez minutos depois, saiu atraído pelo alvoroço e viu a cadeira de rodas com o Papa, empurrada por Massimiliano Strappetti, seu assistente de saúde pessoal. Ao redor, os guardas tentavam manter a ordem.
Bênçãos e saudações
“O Papa passou pela Porta da Oração e depois foi até o Altar da Cátedra e, por fim, ao túmulo de São Pio X para rezar. No final, cumprimentou algumas pessoas, na medida do possível”, explica monsenhor Di Palma. Nenhuma palavra de Francisco, apenas gestos. Gestos de proximidade e carinho com aqueles que encontrou à sua frente — alguns até formaram fila só para ter um instante de contato com o Bispo de Roma, em um tempo em que, por causa da convalescença, suas aparições públicas têm sido raras: “Todos correram ao saber que o Papa tinha vindo de surpresa”.
Francisco se mostrou ao povo com uma manta sobre as pernas, contra o frio, e as cânulas nasais para receber oxigênio: “Isso nos comoveu — vê-lo assim, ‘à paisana’, simples. Todos choravam, até o pessoal da segurança”. Algumas crianças se aproximaram do Papa, uma senhora recebeu sua bênção entre lágrimas. Por que lágrimas? “Porque é sinal de que ele está se recuperando, que sim, está sofrendo, mas está próximo. O que mais me tocou foram os olhos: grandes, brilhantes. Um olhar penetrante e atento. Não disse nada: apenas cumprimentava e abençoava. Eu disse a ele: ‘Santidade, estamos ansiosos por tê-lo de volta aqui, novamente’. Ele sorriu.” Fonte: https://www.vaticannews.va
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1) Oração
Perdoai, ó Deus, nós vos pedimos, as culpas do vosso povo. E, na vossa bondade, desfazei os laços dos pecados que em nossa fraqueza cometemos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 10, 31-42)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, 31Os judeus pegaram pela segunda vez em pedras para o apedrejar. 32Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte de meu Pai. Por qual dessas obras me apedrejais? 33Os judeus responderam-lhe: Não é por causa de alguma boa obra que te queremos apedrejar, mas por uma blasfêmia, porque, sendo homem, te fazes Deus. 34Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Vós sois deuses (Sl 81,6)? 35Se a lei chama deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (ora, a Escritura não pode ser desprezada), 36como acusais de blasfemo aquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, porque eu disse: Sou o Filho de Deus? 37Se eu não faço as obras de meu Pai, não me creiais. 38Mas se as faço, e se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai. 39Procuraram então prendê-lo, mas ele se esquivou das suas mãos. 40Ele se retirou novamente para além do Jordão, para o lugar onde João começara a batizar, e lá permaneceu. 41Muitos foram a ele e diziam: João não fez milagre algum, 42mas tudo o que João falou deste homem era verdade. E muitos acreditaram nele. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Estamos chegando perto da Semana Santa, em que comemoramos e atualizamos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Desde a quarta semana da quaresma, os textos dos evangelhos diários são tirado quase exclusivamente do Evangelho de João, dos capítulos que acentuam a tensão dramática entre, de um lado, a revelação progressiva que Jesus faz do mistério do Pai que o enche por inteiro e, de outro lado, o fechamento progressivo da parte dos judeus que se tornam cada vez mais impenetráveis à mensagem de Jesus. O trágico deste fechamento é que ele é feito em nome da fidelidade a Deus. É em nome de Deus que eles rejeitam Jesus.
Esta maneira de João apresentar o conflito entre Jesus e as autoridade religiosas não é só algo que aconteceu no longínquo passado. É também um espelho que reflete o que acontece hoje. É em nome de Deus que algumas pessoas se transformam em bombas vivas e matam os outros. É em nome de Deus que nós, membros das três religiões do Deus de Abraão, judeus, cristãos e muçulmanos, nos condenamos e nos combatemos mutuamente, ao longo da história. É tão difícil e tão necessário o ecumenismo entre nós. Em nome de Deus foram feitas muitas barbaridades e continuam sendo feitas até hoje. A quaresma é um período importante para parar e perguntar qual a imagem de Deus que habita o meu ser?
João 10,31-33: Os judeus querem apedrejar Jesus. Os judeus apanham pedras para matar Jesus. Jesus pergunta: "Por ordem do meu Pai, tenho feito muitas coisas boas na presença de vocês. Por qual delas vocês me querem apedrejar?" A resposta: "Não queremos te apedrejar por causa de boas obras, e sim por causa de uma blasfêmia: tu és apenas um homem, e te fazes passar por Deus." Querem matar Jesus por blasfêmia. A lei mandava apedrejar tais pessoas.
João 10,34-36: A Bíblia chama todos de Filhos de Deus. Eles querem matar Jesus porque ele se faz passar por Deus. Jesus responde em nome da mesma Lei de Deus: "Por acaso, não é na Lei de vocês que está escrito: 'Eu disse: vocês são deuses'? Ninguém pode anular a Escritura. Ora, a Lei chama de deuses as pessoas para as quais a palavra de Deus foi dirigida. O Pai me consagrou e me enviou ao mundo. Por que vocês me acusam de blasfêmia, se eu digo que sou Filho de Deus?”.
Estranhamente, Jesus diz “a lei de vocês”. Ele deveria dizer “nossa lei”. Por que ele fala assim? Aqui transparece novamente a ruptura trágica entre Judeus e Cristãos, dois irmãos, filhos do mesmo pai Abraão, que se tornaram inimigos irredutíveis a ponto de os cristãos dizerem “a lei de vocês”, como se não fosse mais nossa lei.
João 10,37-38: Ao menos acreditem nas obras que faço. Jesus torna a falar das obras que ele faz e que são a revelação do Pai. Se não faço as obras do Pai não precisam crer em mim. Mas se as faço, mesmo que vocês não acreditem em mim, acreditem ao menos nas obras, para que você possam chegar a perceber que o Pai está em mim e eu no pai. As mesmas palavras Jesus vai pronunciar para os discípulos na última Ceia (Jo 14,10-11).
João 10,39-42: Novamente querem matá-lo, mas ele escapou das mãos deles. Não houve nenhum sinal de conversão. Eles continuam achando que Jesus é blasfemo e insistem em querer matá-lo. Não há futuro para Jesus. Sua morte está decretada, mas sua hora ainda não chegou. Jesus sai e atravessa o Jordão para o lugar onde João tinha batizado. Assim mostra a continuidade da sua missão com a missão de João. Ajudava o povo a perceber a linha da ação de Deus na história. O povo reconhece em Jesus aquele que João tinha anunciado.
4) Para um confronto pessoal
1) Os judeus condenam Jesus em nome de Deus, em nome da imagem que eles têm de Deus. Já aconteceu eu condenar alguém em nome de Deus e depois descobrir que eu estava errado?
2) Jesus se diz “Filho de Deus”. Quando eu professo no Credo que Jesus é o Filho de Deus, qual o conteúdo que eu coloco nesta minha profissão de fé?
5) Oração final
Eu te amo, SENHOR, minha força, SENHOR, meu rochedo, minha fortaleza, meu libertador; meu Deus, minha rocha, na qual me refugio; meu escudo e baluarte, minha poderosa salvação. (Sl 17, 2-3)
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A realeza britânica, em visita de Estado à Itália de 7 a 10 de abril, foi recebida esta tarde por Francisco para uma visita privada, na Casa Santa Marta, onde o Pontífice continua sua convalescença após ficar internado no Hospital Gemelli. O Papa e o Rei trocam votos recíprocos de uma rápida recuperação.
Salvatore Cernuzio – Vatican News
Num dia particularmente significativo para sua família, entre seu vigésimo aniversário de casamento e os quatro anos da morte de Filipe de Edimburgo, os membros da realeza inglesa Carlos e Camilla, em visita oficial à Itália de 7 a 10 de abril, se encontraram com o Papa Francisco na tarde desta quarta-feira (09/04). O encontro realizou-se na Casa Santa Marta, onde o Papa está em convalescença há mais de duas semanas após ter sido internado no Hospital Gemelli, e onde recentemente retomou alguns encontros.
A Sala de Imprensa da Santa Sé informa: "O Papa Francisco encontrou-se em privado com Suas Majestades, o Rei Carlos e a Rainha Camila, esta tarde. Durante o encontro, o Papa teve a oportunidade de expressar seus votos a Suas Majestades por ocasião do aniversário de seu casamento e retribuiu a Sua Majestade os votos de uma rápida recuperação de sua saúde."
Uma referência às condições de saúde do Rei, que foi internado no final de março devido aos efeitos colaterais do tratamento do câncer que lhe foi diagnosticado há um ano.
O Buckingham Palace anunciou um encontro oficial com o Papa no início de março, enquanto Francisco estava internado há alguns dias com pneumonia bilateral, explicando que a realeza inglesa passaria, no Vaticano, a primeira etapa de sua viagem à Itália para celebrar o Jubileu com o Pontífice. Uma nota posterior datada de 24 de março comunicou que o rei Carlos III e sua esposa não encontrariam o Papa devido a necessidades relacionadas à sua convalescença. “Suas Majestades”, dizia a nota, “expressam seus melhores votos ao Papa por sua convalescença e esperam visitar a Santa Sé assim que ele se recuperar”.
Votos que o casal expressou pessoalmente durante o encontro realizado na tarde desta quarta-feira, 9 de abril. Carlos III, além de ser o monarca do Reino Unido, é também, como se sabe, o chefe da Igreja Anglicana. Em 2019, na véspera da canonização do cardeal John Henry Newman, primeiro britânico a ser proclamado santo em mais de quarenta anos, o então príncipe de Gales assinou um artigo no L'Osservatore Romano, chamando o evento de "motivo de celebração não apenas no Reino Unido e não apenas para os católicos, mas também para todos aqueles que prezam os valores que o inspiraram". Carlos participou da cerimônia, no Vaticano, em 13 de outubro de 2019, no final da qual cumprimentou o Papa Francisco.
Durante esses três dias de visita, os soberanos britânicos se encontraram com o presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, e a primeira-ministra, Giorgia Meloni. O Rei falou às Câmaras reunidas no Palácio Montecitório, sede da Câmara dos Deputados da Itália. Fonte: https://www.vaticannews.va
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1) Oração
Assisti, ó Deus, aqueles que vos suplicam e guardai com solicitude os que esperam em vossa misericórdia, para que, libertos de nossos pecados, levemos uma vida santa e sejamos herdeiros das vossas palavras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 8, 51-59)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, 51Disse Jesus aos Judeus em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a minha palavra, não verá jamais a morte. 52Disseram-lhe os judeus: Agora vemos que és possuído de um demônio. Abraão morreu, e também os profetas. E tu dizes que, se alguém guardar a tua palavra, jamais provará a morte... 53És acaso maior do que nosso pai Abraão? E, entretanto, ele morreu... e os profetas também. Quem pretendes ser? 54Respondeu Jesus: Se me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; meu Pai é quem me glorifica, aquele que vós dizeis ser o vosso Deus 55e, contudo, não o conheceis. Eu, porém, o conheço e, se dissesse que não o conheço, seria mentiroso como vós. Mas conheço-o e guardo a sua palavra. 56Abraão, vosso pai, exultou com o pensamento de ver o meu dia. Viu-o e ficou cheio de alegria. 57Os judeus lhe disseram: Não tens ainda cinquenta anos e viste Abraão!... 58Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão fosse, eu sou. 59A essas palavras, pegaram então em pedras para lhas atirar. Jesus, porém, se ocultou e saiu do templo. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O capítulo 8 parece uma exposição de obras de arte, onde se podem admirar e contemplar famosas pinturas, uma ao lado da outra. O evangelho de hoje traz mais uma pintura, mais um diálogo entre Jesus e os judeus. Não há muito nexo entre uma e outra pintura. É o expectador ou a expectadora que, pela sua observação atenta e orante, consegue descobrir o fio invisível que liga entre si as pinturas, os diálogos. Deste modo vamos penetrando aos poucos no mistério divino que envolve a pessoa de Jesus.
João 8,51: Quem guarda a palavra de Jesus jamais verá a morte. Jesus faz um solene afirmação. Os profetas diziam: Oráculo do Senhor! Jesus diz: “Em verdade, em verdade vos digo!” E a afirmação solene é esta: “Se alguém guardar minha palavra jamais verá a morte!” De muitas maneiras este mesmo tema aparece e reaparece no evangelho de João. São palavras de grande profundidade
João 8,52-53: Abraão e os profetas morreram. A reação dos judeus é imediata: "Agora sabemos que estás louco. Abraão morreu e os profetas também. E tu dizes: 'se alguém guarda a minha palavra, nunca vai experimentar a morte'. Por acaso, tu és maior que o nosso pai Abraão, que morreu? Os profetas também morreram. Quem é que pretendes ser?" Eles não entenderam o alcance da afirmação de Jesus. Diálogo de surdos..
João 8,54-56: Quem me glorifica é meu Pai. Sempre de novo Jesus bate na mesma tecla: ele está de tal modo unido ao Pai que nada do que ele diz e faz é dele. Tudo é do Pai. E ele acrescenta: "Quem me glorifica é o meu Pai, aquele que vocês dizem que é o Pai de vocês. Vocês não o conhecem, mas eu o conheço. Se dissesse que não o conheço, eu seria mentiroso como vocês. Mas eu o conheço e guardo a palavra dele. Abraão, o pai de vocês, alegrou-se porque viu o meu dia. Ele viu e encheu-se de alegria." Estas palavras de Jesus devem ter sido como uma espada a ferir a auto-estima dos judeus. Dizer às autoridades religiosas: “Vocês não conhecem o Deus que vocês dizem conhecer. Eu o conheço e vocês não o conhecem!”, é o mesmo que acusa-las de total ignorância exatamente naquele assunto no qual eles pensam ser doutores especializados. E a palavra final encheu a medida: “Abraão, o pai de vocês, alegrou-se porque viu o meu dia. Ele viu e encheu-se de alegria”.
João 8,57-59: Não tens 50 anos e já viu Abraão! Tomaram tudo ao pé de a letra mostrando assim que não entenderam nada do que Jesus estava dizendo. E Jesus faz nova afirmação solene: “Em verdade, em verdade digo a vocês: antes que Abraão existisse, EU SOU!” Para quem crê em Jesus, é aqui que alcançamos o coração do mistério da história. Novamente pedras para matar Jesus. Nem desta vez o conseguiram, pois a hora ainda não chegou. Quem determina o tempo e a hora é o próprio Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Diálogo de surdos entre Jesus e os judeus. Você já teve alguma vez a experiência de conversar com alguém que pensa exatamente o oposto de você e não se dá conta disso?
2) Como entender esta frase: “Abraão, o pai de vocês, alegrou-se porque viu o meu dia. Ele viu e encheu-se de alegria” ?
5) Oração final
Procurai o SENHOR e o seu poder, não cesseis de buscar sua face. Lembrai-vos dos milagres que fez, dos seus prodígios e dos julgamentos que proferiu. (Sl 104, 4-5)
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1) Oração
Ó Deus de misericórdia, iluminai nossos corações purificados pela penitência. E ouvi com paternal bondade aqueles a quem dais o afeto filial. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 8, 31-42)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, 31Jesus dizia aos judeus que nele creram: Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; 32conhecereis a verdade e a verdade vos livrará. 33Replicaram-lhe: Somos descendentes de Abraão e jamais fomos escravos de alguém. Como dizes tu: Sereis livres? 34Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo. 35Ora, o escravo não fica na casa para sempre, mas o filho sim, fica para sempre. 36Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. 37Bem sei que sois a raça de Abraão; mas quereis matar-me, porque a minha palavra não penetra em vós. 38Eu falo o que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que aprendestes de vosso pai. 39Nosso pai, replicaram eles, é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. 40Mas, agora, procurais tirar-me a vida, a mim que vos falei a verdade que ouvi de Deus! Isso Abraão não o fez. 41Vós fazeis as obras de vosso pai. Retrucaram-lhe eles: Nós não somos filhos da fornicação; temos um só pai: Deus. 42Jesus replicou: Se Deus fosse vosso pai, vós me amaríeis, porque eu saí de Deus. É dele que eu provenho, porque não vim de mim mesmo, mas foi ele quem me enviou. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No evangelho de hoje, continua a reflexão sobre o capítulo 8 de João. Em forma de círculos concêntricos, João vai aprofundando o mistério de Deus que envolve a pessoa de Jesus. Parece repetição, pois ele sempre torna a falar do mesmo assunto. Na realidade, é o mesmo assunto, mas é cada vez num nível mais profundo. O evangelho de hoje aborda o tema do relacionamento de Jesus com Abraão, o Pai do povo de Deus. João procura ajudar as comunidades a compreender como Jesus se situa dentro do conjunto da história do Povo de Deus. Ajuda-as a perceber a diferença que existe entre Jesus e os judeus, pois também os judeus e aliás todos nós somos filhos e filhas de Abraão.
João 8,31-32: A liberdade que nasce da fidelidade à palavra de Jesus. Jesus afirma aos judeus: "Se vocês guardarem a minha palavra, vocês de fato serão meus discípulos; conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês". Ser discípulo de Jesus é o mesmo que abrir-se para Deus. As palavras de Jesus são na realidade palavras de Deus. Elas comunicam a verdade, pois fazem conhecer as coisas do jeito que elas são aos olhos de Deus e não aos olhos dos fariseus. Mais tarde, durante a última Ceia, Jesus ensinará a mesma coisa aos discípulos.
João 8,33-38: O que é ser filho e filha de Abraão? A reação dos judeus é imediata: "Nós somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: 'vocês ficarão livres'?” Jesus rebate fazendo uma distinção entre filho e escravo e diz: "Quem comete o pecado, é escravo do pecado. O escravo não fica para sempre na casa, mas o filho fica aí para sempre. Por isso, se o Filho os libertar, vocês realmente ficarão livres”. Jesus é o filho e vive na casa do Pai. O escravo não vive na casa. Viver fora de casa, fora de Deus, é viver em pecado. Se eles aceitarem a palavra de Jesus poderão tornar-se filhos e terão a liberdade. Deixarão de ser escravos. E Jesus continua: “Eu sei que vocês são descendentes de Abraão; no entanto, estão procurando me matar, porque minha palavra não entra na cabeça de vocês”. Em seguida aparece bem clara a distinção: “Eu falo das coisas que vi junto do Pai; vocês também devem fazer aquilo que ouvem do pai de vocês”. Jesus lhes nega o direito de dizer que são filhos de Abraão, pois as obras deles dizem o contrário.
João 8,39-41a: Um filho de Abraão pratica as obras de Abraão. Eles insistem em afirmar: “Nosso Pai è Abraão!” como se quisessem apresentar a Jesus o documento de sua identidade. Jesus rebate: "Se vocês são filhos de Abraão, façam as obras de Abraão. Agora, porém, vocês querem me matar, e o que eu fiz, foi dizer a verdade que ouvi junto de Deus. Isso Abraão nunca fez. Vocês fazem a obra do pai de vocês”. Nas entrelinhas, ele sugere que o pai deles é satanás (Jo 8,44). Sugere que são filhos da prostituição.
João 8,41b-42: Se Deus fosse pai de vocês, vocês me amariam, porque eu saí de Deus. Usando palavras diferentes, Jesus repete a mesma verdade: “Quem é de Deus escuta as palavras de Deus”. A origem desta afirmação vem de Jeremias que disse: “Colocarei minha lei em seu peito e a escreverei em seu coração; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais precisará ensinar seu próximo ou seu irmão, dizendo: "Procure conhecer a Javé". Porque todos, grandes e pequenos, me conhecerão - oráculo de Javé. Pois eu perdôo suas culpas e esqueço seus erros” (Jr 31,33-34). Mas eles não se abriram para esta nova experiência de Deus, e por isso não reconhecem Jesus como o enviado do Pai.
4) Para um confronto pessoal
1) Liberdade que se submete totalmente ao Pai. Existe algo assim em você? Conhece pessoas assim?
2) Qual a experiência mais profunda em mim que me leva a reconhecer Jesus como o enviado de Deus?
5) Oração final
Bendito és tu, Senhor, Deus dos nossos pais, sejas louvado e exaltado para sempre! Bendito seja o teu nome santo e glorioso! Sejas louvado e exaltado para sempre! (Dn 3, 52)
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RECORDAÇÃO DO OLHAR JORNALÍSTICO. Ritual da Semana Santa- Março/ 2018- em Salvador/BA. Imagens: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
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1) Oração
Concedei-nos, ó Deus, perseverar no vosso serviço para que, em nossos dias, cresça em número e santidade o povo que vos serve. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 8, 21-30)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, 21Jesus disse-lhes: Eu me vou, e procurar-me-eis e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir. 22Perguntavam os judeus: Será que ele se vai matar, pois diz: Para onde eu vou, vós não podeis ir? 23Ele lhes disse: Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. 24Por isso vos disse: morrereis no vosso pecado; porque, se não crerdes o que eu sou, morrereis no vosso pecado. 25Quem és tu?, perguntaram-lhe eles então. Jesus respondeu: Exatamente o que eu vos declaro. 26Tenho muitas coisas a dizer e a julgar a vosso respeito, mas o que me enviou é verdadeiro e o que dele ouvi eu o digo ao mundo. 27Eles, porém, não compreenderam que ele lhes falava do Pai. 28Jesus então lhes disse: Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis quem sou e que nada faço de mim mesmo, mas falo do modo como o Pai me ensinou. 29Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou sozinho, porque faço sempre o que é do seu agrado. 30Tendo proferido essas palavras, muitos creram nele. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Na semana passada, a liturgia nos levava a meditar o capítulo 5 do Evangelho de João. Esta semana ela nos confronta com o capítulo 8 do mesmo evangelho. Como o capítulo 5, também o capítulo 8 contém reflexões profundas sobre o mistério de Deus que envolve a pessoa de Jesus. Aparentemente, trata-se de diálogos entre Jesus e os fariseus (Jo 8,13). Os fariseus querem saber quem é Jesus. Eles o criticam por ele dar testemunho de si mesmo sem nenhuma prova ou testemunho para legitimar-se diante do povo (Jo 8,13). Jesus responde dizendo que ele não fala a partir de si mesmo, mas sempre a partir do Pai e em nome do Pai (Jo 8,14-19).
Na realidade, os diálogos são também expressão de como era a transmissão catequética da fé nas comunidades do discípulo amado no fim do primeiro século. Eles refletem a leitura orante que os cristãos faziam das palavras de Jesus como expressão da Palavra de Deus. O método de pergunta e resposta ajudava-os a encontrar a resposta para os problemas que, naquele fim de século, os judeus levantavam para os cristãos. Era uma maneira concreta de ajudar a comunidade a ir aprofundando sua fé em Jesus e sua mensagem.
João 8,21-22: Onde eu vou, vocês não podem me seguir. Aqui João aborda um novo assunto ou um outro aspecto do mistério que envolve a pessoa de Jesus. Jesus fala da sua partida e diz que, para onde ele vai, os fariseus não podem segui-lo. “Eu vou e vocês me procuram e vão morrer no seu pecado”. Eles procuram Jesus, mas não vão encontra-lo, pois não o conhecem e o procuram com critérios errados. Eles vivem no pecado e vão morrer no pecado. Viver no pecado é viver afastado de Deus. Eles imaginam Deus de um jeito, e Deus é diferente do que eles o imaginam. Por isso não são capazes de reconhecer a presença de Deus em Jesus. Os fariseus não entendem o que Jesus quer dizer e tomam tudo ao pé da letra: “Será que ele vai se matar?”
João 8,23-24: Vocês são aqui de baixo e eu sou lá de cima. Os fariseus se orientam em tudo pelos critérios deste mundo. “Vocês são deste mundo e eu não sou deste mundo!” O quadro de referências que orienta Jesus em tudo que ele diz e faz é o mundo lá de cima, isto é, Deus, o Pai, e a missão que recebeu do Pai. O quadro de referências dos fariseus é o mundo cá de baixo, sem abertura, fechado nos seus próprios critérios. Por isso, eles vivem em pecado. Viver em pecado é não ter o olhar de Jesus sobre a vida. O olhar de Jesus é totalmente aberto para Deus a ponto de Deus estar nele em toda a sua plenitude (cf. Col 1,19). Nós dizemos: “Jesus é Deus”. João nos convida a dizer: “Deus é Jesus!”. Por isso, Jesus diz. “Se vocês não acreditarem que EU SOU, vocês vão morrer em seus pecados”. EU SOU é a afirmação com que Deus se apresentou a Moisés no momento de libertar o seu povo da opressão do Egito (Ex 3,13-14). É a expressão máxima da certeza absoluta de que Deus está no meio de nós através de Jesus. Jesus é a prova definitiva de que Deus está conosco. Emanuel.
João 8,25-26: Quem è você? O mistério de Deus em Jesus não cabe nos critérios com que os fariseus olham para Jesus. De novo perguntam: “Quem è você?” Eles nada entenderam porque não entendem a linguagem de Jesus. Jesus teria muito a falar a eles a partir de tudo que ele experimentava e vivia em contato com o Pai e a partir da consciência da sua missão. Jesus não se auto-promove. Ele apenas diz e expressa o que ouve do Pai. Ele é pura revelação porque é pura e total obediência.
João 8,27-30: Quando vocês tiverem elevado o Filho do Homem saberão que EU SOU. Os fariseus não entendem que Jesus, em tudo que diz e faz, é expressão do Pai. Só vão compreendê-lo depois que tiverem elevado o Filho do Homem. “Aí vocês saberão que EU SOU”. A palavra elevar tem o duplo sentido de elevar sobre a Cruz e de ser elevado à direita do Pai. A Boa Nova da morte e ressurreição vai revelar quem é Jesus, e eles saberão que Jesus é a presença de Deus no meio de nós. O fundamento desta certeza da nossa fé é duplo: de um lado, a certeza de que o Pai está sempre com Jesus e nunca o deixa sozinho e, de outro lado, a radical e total obediência de Jesus ao Pai, pela qual ele se torna abertura total e total transparência do Pai para nós
4) Para um confronto pessoal
1) Quem se fecha nos seus critérios e acha que já sabe tudo, nunca será capaz de compreender o outro. Assim eram os fariseus frente a Jesus. E eu frente aos outros, como me comporto?
2) Jesus é radical obediência ao Pai e por isso é total revelação do Pai. E eu, que imagem de Deus se irradia a partir de mim?
5) Oração final
SENHOR, escuta minha oração, e chegue a ti meu clamor. Não me ocultes teu rosto no dia da minha angústia. Inclina para mim teu ouvido; quando te invoco, atende-me depressa. (Sl 101, 2-3)
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