Olhar Jornalístico

Papa recebe pandeiro como símbolo da alegria da Bahia e do Evangelho

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Publicado em 27 maio 2022
  • Papa Francisco,
  • bispos do Regional Nordeste 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
  • Papa recebe pandeiro como símbolo da alegria da Bahia e do Evangelho
  • bispo da Diocese de Bom Jesus da Lapa,

Os Bispos brasileiros em visita ad limina do Regional Nordeste 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil foram recebidos pelo Papa Francisco na manhã desta sexta-feira (27/05)

 

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

Um pandeiro como símbolo da alegria da Bahia e do Evangelho! Este foi o presente “original” que os bispos do Regional Nordeste 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ofereceram ao Papa Francisco ao final de sua visita ad Limina. O Pontífice não só sorriu ao receber o instrumento, como arriscou alguns movimentos. O Regional Nordeste 3 é composto pelos Estados de Bahia e Sergipe, somando 17 milhões de habitantes. Cerca de 65% dos baianos se declaram católicos, enquanto os católicos sergipanos são 77%.

Para o presidente do Regional, Dom João Cardoso, bispo da Diocese de Bom Jesus da Lapa, a audiência com o Papa foi “o ponto mais alto da visita”, que teve início na última segunda-feira, 23 de maio. “Nós nos sentimos confirmados na fé e na nossa missão apostólica com o magistério do Santo Padre. E expressamos isso para ele”, afirmou Dom João. 

E os motivos de gratidão são inúmeros: a Exortação Apostólica Evangelii gaudium, as encíclicas Laudato si e Fratelli tutti, o Sínodo sobre a Amazônia. 

“Ressaltamos ao Papa como é importante o seu profetismo e, sobretudo, o seu protagonismo em favor da paz no mundo. Repercutiu tão positivamente em nossas igrejas o ato solene de consagração da humanidade, particularmente da Rússia e da Ucrânia, ao Imaculado Coração de Maria.” 

A Francisco, os bispos partilharam também os desafios que a região enfrenta, acentuados pela crise econômica em decorrência da pandemia, como o avanço das seitas pentecostais. Falou-se ainda do meio ambiente e das enchentes que atingiram a Bahia e a solidariedade manifestada inclusive internacionalmente.

Fenômenos pós-modernos que afetam a Igreja, como secularismo, fundamentalismo, extremismos, relativismos, também foram mencionados, assim como o desafio do anúncio do Evangelho na cultura digital. Para Dom João, as redes sociais deram voz à “idiocia”, ao “pregador de internet”. A crise antropológica, o desprezo pela vida humana, corrupção, e a permanente instabilidade política também foram tratados.

“O Papa nos acolheu com muita fraternidade, com muita alegria, mostrando grande simpatia pela caminhada da Igreja no Brasil e de forma especial no Regional Nordeste 3. Que esta visita ad Limina nos ajude a crescer na comunhão e na unidade, no espírito de sinodalidade, querido pelo Papa e já preconizado pelo Concílio Vaticano II e pelo Papa Paulo VI.”

No final da visita, o bispo de Juazeiro, Dom Carlos Alberto Breis Pereira (Dom Beto), e o bispo de Feira de Santana, Dom Zanoni Demettino,  ofereceram um pandeiro como “sinal da alegria da Bahia, sinal da alegria do Evangelho” e ainda uma imagem de são Francisco dormindo, “representando assim os sonhos da Igreja de Francisco”. Fonte: https://www.vaticannews.va

Uma loucura!

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Publicado em 27 maio 2022
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  • Alfredo Stroessner
  • Carlos Brilhante Ustra
  • psiquiatra Nise da Silveira,

Pró-Pinochet, Stroessner, Ustra e Daniel Silveira, contra Nise da Silveira e Paulo Freire

 

Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

 

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro enaltece sanguinários como Augusto Pinochet, Alfredo Stroessner e Carlos Brilhante Ustra e faz homenagem de duas horas no Planalto para um sujeito como Daniel Silveira, seu governo ataca a psiquiatra Nise da Silveira, o educador Paulo Freire, o cientista Ricardo Galvão, o compositor Chico Buarque e a nossa diva do teatro Fernanda Montenegro.

O Congresso aprovou a inclusão da Dra. Nise no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria, mas Bolsonaro vetou, alegando que não é possível avaliar “a envergadura” do trabalho dela, e bolsonaristas da Câmara já articulam trocar a Dra. Nise por Olavo de Carvalho, o canastrão rejeitado pela própria filha que xingava até nossos generais aos palavrões. Isso, sim, é uma loucura!

A Dra. Nise, um marco no tratamento psiquiátrico, substituiu crueldade por humanidade, eliminou eletrochoque, lobotomia e confinamento e, em troca, pôs pintura, música e convívio com animais. Reconhecida mundo afora, mereceu dois filmes, O Coração da Loucura, de Roberto Berliner, e Olhar de Nise, de Jorge Oliveira, que comentou o veto: “É lamentável o Brasil conviver com tal ignorância”.

E o governo que põe no Ministério da Educação Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Milton Ribeiro e um que fraudava currículo ataca Paulo Freire, autor de Pedagogia do Oprimido, defensor de justiça, inclusão e generosidade pela educação, ensinando os cidadãos a pensar; a aprender a aprender.

Enquanto no Brasil bolsonaristas ameaçam destruir o monumento de Paulo Freire no MEC, o maior educador brasileiro merece estátuas numa praça em Estocolmo, na Suécia, e na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, por sua “tolerância e diálogo”. Como é o mundo...

Já o físico Ricardo Galvão foi demitido do Inpe por dados sobre o desmatamento da Amazônia depois sobejamente comprovados. Membro da Academia Brasileira de Ciências, o primeiro dos dez cientistas mais importantes da revista Nature em 2019 e premiado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, ele não serve para Bolsonaro.

Na música, Bolsonaro se recusou a assinar o Prêmio Camões (Brasil-Portugal) que Chico Buarque ganhou. No teatro, Roberto Alvim, que veio a ser secretário de Cultura, chamou a nossa Fernanda Montenegro de “sórdida” e “mentirosa”, anunciando “profundo desprezo” pela classe artística.

É nesse ambiente, com ódio, civis armados e policiais fora de controle, que geramos o George Floyd brasileiro: um homem com distúrbios mentais trancado no porta-malas de um camburão e assassinado com gás pela polícia. O que diria a Dra. Nise da Silveira? Fonte: https://www.estadao.com.br

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O LVI DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

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Publicado em 26 maio 2022
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  • A escuta
  • O 56º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

 

Escutar com o ouvido do coração

 

Queridos irmãos e irmãs!

No ano passado, refletimos sobre a necessidade de «ir e ver» para descobrir a realidade e poder narrá-la a partir da experiência dos acontecimentos e do encontro com as pessoas. Continuando nesta linha, quero agora fixar a atenção noutro verbo, «escutar», que é decisivo na gramática da comunicação e condição para um autêntico diálogo.

Com efeito, estamos a perder a capacidade de ouvir a pessoa que temos à nossa frente, tanto na teia normal das relações quotidianas como nos debates sobre os assuntos mais importantes da convivência civil. Ao mesmo tempo, a escuta está a experimentar um novo e importante desenvolvimento em campo comunicativo e informativo, através das várias ofertas de podcast e chat audio, confirmando que a escuta continua essencial para a comunicação humana.

A um médico ilustre, habituado a cuidar das feridas da alma, foi-lhe perguntada qual era a maior necessidade dos seres humanos. Respondeu: «O desejo ilimitado de ser ouvidos». Apesar de frequentemente oculto, é um desejo que interpela toda a pessoa chamada a ser educadora, formadora, ou que desempenhe de algum modo o papel de comunicador: os pais e os professores, os pastores e os agentes pastorais, os operadores da informação e quantos prestam um serviço social ou político.

 

Escutar com o ouvido do coração

A partir das páginas bíblicas aprendemos que a escuta não significa apenas uma perceção acústica, mas está essencialmente ligada à relação dialogal entre Deus e a humanidade. O «shema’ Israel – escuta, Israel» (Dt 6, 4) – as palavras iniciais do primeiro mandamento do Decálogo – é continuamente lembrado na Bíblia, a ponto de São Paulo afirmar que «a fé vem da escuta» (Rm 10, 17). De facto, a iniciativa é de Deus, que nos fala, e a ela correspondemos escutando-O; e mesmo este escutar fundamentalmente provém da sua graça, como acontece com o recém-nascido que responde ao olhar e à voz da mãe e do pai. Entre os cinco sentidos, parece que Deus privilegie precisamente o ouvido, talvez por ser menos invasivo, mais discreto do que a vista, deixando consequentemente mais livre o ser humano.

A escuta corresponde ao estilo humilde de Deus. Ela permite a Deus revelar-Se como Aquele que, falando, cria o homem à sua imagem e, ouvindo-o, reconhece-o como seu interlocutor. Deus ama o homem: por isso lhe dirige a Palavra, por isso «inclina o ouvido» para o escutar.

O homem, ao contrário, tende a fugir da relação, a virar as costas e «fechar os ouvidos» para não ter de escutar. Esta recusa de ouvir acaba muitas vezes por se transformar em agressividade sobre o outro, como aconteceu com os ouvintes do diácono Estêvão que, tapando os ouvidos, atiraram-se todos juntos contra ele (cf. At 7, 57).

Assim temos, por um lado, Deus que sempre Se revela comunicando-Se livremente, e, por outro, o homem, a quem é pedido para sintonizar-se, colocar-se à escuta. O Senhor chama explicitamente o homem a uma aliança de amor, para que possa tornar-se plenamente aquilo que é: imagem e semelhança de Deus na sua capacidade de ouvir, acolher, dar espaço ao outro. No fundo, a escuta é uma dimensão do amor.

Por isso Jesus convida os seus discípulos a verificar a qualidade da sua escuta. «Vede, pois, como ouvis» (Lc 8, 18): faz-lhes esta exortação depois de ter contado a parábola do semeador, sugerindo assim que não basta ouvir, é preciso fazê-lo bem. Só quem acolhe a Palavra com o coração «bom e virtuoso» e A guarda fielmente é que produz frutos de vida e salvação (cf. Lc 8, 15). Só prestando atenção a quem ouvimos, àquilo que ouvimos e ao modo como ouvimos é que podemos crescer na arte de comunicar, cujo cerne não é uma teoria nem uma técnica, mas a «capacidade do coração que torna possível a proximidade» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 171).

Ouvidos, temo-los todos; mas muitas vezes mesmo quem possui um ouvido perfeito, não consegue escutar o outro. Pois existe uma surdez interior, pior do que a física. De facto, a escuta não tem a ver apenas com o sentido do ouvido, mas com a pessoa toda. A verdadeira sede da escuta é o coração. O rei Salomão, apesar de ainda muito jovem, demonstrou-se sábio ao pedir ao Senhor que lhe concedesse «um coração que escuta» ( 1 Rs 3, 9). E Santo Agostinho convidava a escutar com o coração ( corde audire), a acolher as palavras, não exteriormente nos ouvidos, mas espiritualmente nos corações: «Não tenhais o coração nos ouvidos, mas os ouvidos no coração» [1]. E São Francisco de Assis exortava os seus irmãos a «inclinar o ouvido do coração» [2].

Por isso, a primeira escuta a reaver quando se procura uma comunicação verdadeira é a escuta de si mesmo, das próprias exigências mais autênticas, inscritas no íntimo de cada pessoa. E não se pode recomeçar senão escutando aquilo que nos torna únicos na criação: o desejo de estar em relação com os outros e com o Outro. Não fomos feitos para viver como átomos, mas juntos.

 

A escuta como condição da boa comunicação

Há um uso do ouvido que não é verdadeira escuta, mas o contrário: o espionar. De facto, uma tentação sempre presente, mas que neste tempo da social web parece mais assanhada, é a de procurar saber e espiar, instrumentalizando os outros para os nossos interesses. Ao contrário, aquilo que torna boa e plenamente humana a comunicação é precisamente a escuta de quem está à nossa frente, face a face, a escuta do outro abeirando-nos dele com abertura leal, confiante e honesta.

Esta falta de escuta, que tantas vezes experimentamos na vida quotidiana, é real também, infelizmente, na vida pública, onde com frequência, em vez de escutar, «se fala pelos cotovelos». Isto é sintoma de que se procura mais o consenso do que a verdade e o bem; presta-se mais atenção à audience do que à escuta. Ao invés, a boa comunicação não procura prender a atenção do público com a piada foleira visando ridicularizar o interlocutor, mas presta atenção às razões do outro e procura fazer compreender a complexidade da realidade. É triste quando surgem, mesmo na Igreja, partidos ideológicos, desaparecendo a escuta para dar lugar a estéreis contraposições.

Na realidade, em muitos diálogos, efetivamente não comunicamos; estamos simplesmente à espera que o outro acabe de falar para impor o nosso ponto de vista. Nestas situações, como observa o filósofo Abraham Kaplan [3], o diálogo não passa de duólogo, ou seja um monólogo a duas vozes. Ao contrário, na verdadeira comunicação, o eu e o tu encontram-se ambos «em saída», tendendo um para o outro.

Portanto, a escuta é o primeiro e indispensável ingrediente do diálogo e da boa comunicação. Não se comunica se primeiro não se escutou, nem se faz bom jornalismo sem a capacidade de escutar. Para fornecer uma informação sólida, equilibrada e completa, é necessário ter escutado prolongadamente. Para narrar um acontecimento ou descrever uma realidade numa reportagem, é essencial ter sabido escutar, prontos mesmo a mudar de ideia, a modificar as próprias hipóteses iniciais.

Com efeito, só se sairmos do monólogo é que se pode chegar àquela concordância de vozes que é garantia duma verdadeira comunicação. Ouvir várias fontes, «não parar na primeira locanda» – como ensinam os especialistas do oficio – garante credibilidade e seriedade à informação que transmitimos. Escutar várias vozes, ouvir-se – inclusive na Igreja – entre irmãos e irmãs, permite-nos exercitar a arte do discernimento, que se apresenta sempre como a capacidade de se orientar numa sinfonia de vozes.

Entretanto para quê enfrentar este esforço da escuta? Um grande diplomata da Santa Sé, o cardeal Agostinho Casaroli, falava de «martírio da paciência», necessário para escutar e fazer-se escutar nas negociações com os interlocutores mais difíceis a fim de se obter o maior bem possível em condições de liberdade limitada. Mas, mesmo em situações menos difíceis, a escuta requer sempre a virtude da paciência, juntamente com a capacidade de se deixar surpreender pela verdade – mesmo que fosse apenas um fragmento de verdade – na pessoa que estamos a escutar. Só o espanto permite o conhecimento. Penso na curiosidade infinita da criança que olha para o mundo em redor com os olhos arregalados. Escutar com este estado de espírito – o espanto da criança na consciência dum adulto – é sempre um enriquecimento, pois haverá sempre qualquer coisa, por mínima que seja, que poderei aprender do outro e fazer frutificar na minha vida.

A capacidade de escutar a sociedade é ainda mais preciosa neste tempo ferido pela longa pandemia. A grande desconfiança que anteriormente se foi acumulando relativamente à «informação oficial», causou também uma espécie de «info-demia» dentro da qual é cada vez mais difícil tornar credível e transparente o mundo da informação. É preciso inclinar o ouvido e escutar em profundidade, sobretudo o mal-estar social agravado pelo abrandamento ou cessação de muitas atividades económicas.

A própria realidade das migrações forçadas é uma problemática complexa, e ninguém tem pronta a receita para a resolver. Repito que, para superar os preconceitos acerca dos migrantes e amolecer a dureza dos nossos corações, seria preciso tentar ouvir as suas histórias. Dar um nome e uma história a cada um deles. Há muitos bons jornalistas que já o fazem; e muitos outros gostariam de o fazer, se pudessem. Encorajemo-los! Escutemos estas histórias! Depois cada qual será livre para sustentar as políticas de migração que considerar mais apropriadas para o próprio país. Mas então teremos diante dos olhos, não números nem invasores perigosos, mas rostos e histórias de pessoas concretas, olhares, expetativas, sofrimentos de homens e mulheres para ouvir.

 

Escutar-se na Igreja

Também na Igreja há grande necessidade de escutar e de nos escutarmos. É o dom mais precioso e profícuo que podemos oferecer uns aos outros. Nós, cristãos, esquecemo-nos de que o serviço da escuta nos foi confiado por Aquele que é o ouvinte por excelência e em cuja obra somos chamados a participar. «Devemos escutar através do ouvido de Deus, se queremos poder falar através da sua Palavra» [4]. Assim nos lembra o teólogo protestante Dietrich Bonhöffer que o primeiro serviço na comunhão que devemos aos outros é prestar-lhes ouvidos. Quem não sabe escutar o irmão, bem depressa deixará de ser capaz de escutar o próprio Deus [5].

Na ação pastoral, a obra mais importante é o «apostolado do ouvido». Devemos escutar, antes de falar, como exorta o apóstolo Tiago: «cada um seja pronto para ouvir, lento para falar» (1, 19). Oferecer gratuitamente um pouco do próprio tempo para escutar as pessoas é o primeiro gesto de caridade.

Recentemente deu-se início a um processo sinodal. Rezemos para que seja uma grande ocasião de escuta recíproca. Com efeito, a comunhão não é o resultado de estratégias e programas, mas edifica-se na escuta mútua entre irmãos e irmãs. Como num coro, a unidade requer, não a uniformidade, a monotonia, mas a pluralidade e variedade das vozes, a polifonia. Ao mesmo tempo, cada voz do coro canta escutando as outras vozes na sua relação com a harmonia do conjunto. Esta harmonia é concebida pelo compositor, mas a sua realização depende da sinfonia de todas e cada uma das vozes.

Cientes de participar numa comunhão que nos precede e inclui, possamos descobrir uma Igreja sinfónica, na qual cada um é capaz de cantar com a própria voz, acolhendo como dom as dos outros, para manifestar a harmonia do conjunto que o Espírito Santo compõe.

Roma, São João de Latrão, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2022.

 

Francisco

[1] «Nolite habere cor in auribus, sed aures in corde» ( Sermo 380, 1: Nova Biblioteca Agostiniana 34, 568).

[2] Carta à Ordem inteira: Fontes Franciscanas, 216.

[3] Cf. «The life of dialogue» , in J. D. Roslansky (ed.), Communication. A discussion at the Nobel Conference (North-Holland Publishing Company – Amesterdão 1969), 89-108.

[4] D. Bonhöfffer, La vita comune (Queriniana – Bréscia 2017), 76.

[5] Cf. ibid., 75. Fonte: https://www.vatican.va

Seja medíocre e viva feliz

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Publicado em 24 maio 2022
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  • Frei Petrônio de Miranda,
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  • Província Carmelitana Fluminense,
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  • mediocridade

Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita da Ordem do Carmo e Jornalista.

Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 21 de maio-2022.

Quer ser um padre bonzinho e admirado por todos? Muito simples, seja medíocre. Isso mesmo! Esqueça o que Jesus falou sobre pobres, compaixão, inclusão social e defesa da vida. Finja que você mora em uma cidade onde não tem corruptos. Esqueça essa história de proteção do meio ambiente ou a defesa dos pobres. Não fale em questões políticas ou sociais. Portanto, a mediocridade é a solução para você ser amado, admirado e reconhecido por todos.

 

Quer ter uma vida “estável” sem muito agito, ou uma caminhada calma sem tempestades? Muito simples, seja medíocre! Dessa forma ninguém vai notar que você veio ao mundo para ser protagonista da sua história e fazer história. Pare com esta baboseira de ser autêntico e ter personalidade própria, fazendo assim, você não vai ter que enfrentar os fracassados e invejosos que ficam estacionados de braços cruzados, prontos para te criticar, apontar o dedo e condenar. Portanto, a mediocridade é a solução para os seus medos e a sua falta de coragem em tomar decisões e enfrentar a vida.

 

Quer ser uma freira, um frade, um monge, um missionário consagrado ou um seminarista amado por todos? Eu tenho a solução! Seja medíocre e não questione se a comunidade está sendo fiel aos seus objetivos. Deixe de lado essa história de fraternidade, correção fraterna, profetismo, missão, “sentir o cheiro das ovelhas” ou “eles tinham tudo em comum”. O que vale é a falsa harmonia e a cara de paisagem às 24 horas. Portanto, a solução real e sincera para caminhar na vida religiosa com sucesso é a mediocridade nua e crua.

 

Quer ser elogiado por todos? Simples, seja medíocre. Isso mesmo, sendo uma marionete nas mãos dos outros você não vai se dá ao trabalho de construir os seus caminhos e, com certeza, não vai ter quer cair, porque sempre haverá pessoas do seu lado para te guiar, controlar e falar o que você deve fazer, pensar ou se posicionar frente os diversos assuntos e problemas do mundo social, econômico, político e religioso. Portanto, a mediocridade será sempre a sua tábua de salvação. 

 

Quer ser bonzinho e santinho na convivência diária? Para esta formula eu também tenho o caminho mais curto e fácil. Do que que estou falando?  Da mediocridade, claro! Isso mesmo! Finja ser santo às 24 horas e seja medíocre. Seja bonzinho, tipo maria vai com as outras! Sendo assim, você vai ser um verdadeiro medíocre carimbado e será feliz para sempre! Quer dizer, feliz não, uma xerox da felicidade. Pelos menos você não será vítima de críticas e interrogações no trabalho, na família, na Igreja ou no círculo de amizade.  Portanto, a mediocridade é o melhor antídoto para a sua vidinha sem sal e sem açúcar.

 

Agora é o seguinte... Você quer ser autêntico, verdadeiro e único como todos deveria ser? Não tenha medo da cruz! denuncie os políticos revestidos de cordeiros- mas na verdade são os lobos modernos- que devoram os pobres. Não silencie diante de um seguimento comunitário com segundas intenções e grite contra uma religião fanática, mercadológica e interesseira. Fale para os quatro cantos que você encontrou Jesus Cristo e a sua Boa Nova, e não uma religião apenas de emoção, milagres, prosperidade, lambe-lambe, doce de coco ou suco de maracujá que fecha os olhos os excluídos. Não seja marionete e tenha a sua opinião sobre espiritualidade, política, economia e a própria vida. Enfim, não use máscaras e não tenha medo de ser você. E tenho dito!  

Semana Laudato si’, novos estilos de vida para responder ao grito da terra

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Publicado em 24 maio 2022
  • Povos Indígenas.
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  • Semana Laudato si
  • A Semana Laudato si'
  • encíclica do Papa Francisco,
  • sétimo aniversário da encíclica do Papa Francisco,
  • crise climática

Renova-se o convite promovido pelo Dicastério para o Desenvolvimento Humano: de 22 a 29 de maio, no sétimo aniversário da encíclica do Papa Francisco, uma campanha de conscientização, iniciativas e boas práticas para enraizar a urgência de proteger a casa comum

 

Vatican News

A Semana Laudato si' está de volta, apresentando eventos com ressonância global, regional e local, cada um vinculado a um objetivo particular da encíclica Laudato si' e dos sete setores da Plataforma de Iniciativas Laudato si'. Todos eles serão focados no conceito de ecologia integral. Espera-se a participação de centenas de milhares de católicos para intensificar os esforços da Plataforma de Iniciativas: este é um novo instrumento que permite as instituições, as comunidades e as famílias de implementarem plenamente o Documento do Papa.

 

Biodiversidade, conflitos, crises climáticas, acolhida dos pobres

Entre os tópicos principais que serão explorados estão: como os católicos podem combater o colapso da biodiversidade; o papel dos combustíveis fósseis nos conflitos e na crise climática; como todos os cidadãos podem acolher os pobres na nossa vida diária. Entre os encontros programados, há um centralizado na possibilidade de dar força às vozes indígenas que terá a participação da Irmã Alessandra Smerilli, Secretária do mesmo Dicastério.

 

O programa: foco em aumentar a força das vozes indígenas

“Resposta ao Grito da Terra" é o tema da segunda-feira, 23 de maio, com um evento que será transmitido ao vivo da Universidade Católica Australiana de Roma. O tema será como reequilibrar os sistemas sociais com a natureza e contará com a participação do Padre Joshtrom Kureethadam: a sua contribuição será importante para dar força às vozes indígenas em vista da conferência da ONU sobre biodiversidade que será realizada este ano. O tema do dia seguinte será "Apoiar a ECO-mmunity: Acolher os pobres". A quarta-feira será dedicada à economia ecológica, analisada sob o aspecto dos combustíveis fósseis, da violência e da crise climática. Enquanto que na quinta-feira 26, o tema será a adoção de estilos de vida sustentáveis: investimentos coerentes com a fé. Na sexta-feira à tarde terá a pré-estreia de um documentário sobre a "Laudato si". No sábado à noite, será aprofundado o âmbito da espiritualidade ecológica. Por fim, no domingo 29 de maio será concluído com o tema da resiliência e empoderamento da comunidade como parte do caminho sinodal. Para as 15h deste dia conclusivo está previsto um encontro de oração.

 

Oradores internacionais

Os outros palestrantes serão: Theresa Ardler, Oficial de Ligação da Pesquisa Indígena na Universidade Católica Australiana, diretora e proprietária da Gweagal Cultural Connections; Vandana Shiva, fundadora da Navdanya Research Foundation for Science, Technology and Ecology na Índia e presidente da Navdanya International; Angela Manno, artista premiada; Greg Asner, diretor do ASU Centre for Global Conservation Discovery and Science.

O programa completo da Semana Laudato si' Week – está disponível no link LaudatoSiWeek.org – e inclui eventos em Uganda, Itália, Irlanda, Brasil e Filipinas e - com exceção do documentário - será transmitido nos canais Facebook e YouTube do Movimento Laudato si'. Fonte: https://www.vaticannews.va

Tito Brandsma- Música.

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Publicado em 11 maio 2022
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  • Padre Tito,
  • Padre Tito Brandsma
  • Anno Sjoerd Titus Brandsma,

Tito Brandsma

Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm

Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 08 de março-2022

 

1-A Igreja, ao Carmelo agradece, uma escola de santidade e oração. A Igreja, ao Carmelo enaltece: Fraternidade, Profetismo e Missão.

 

Tito Brandsma, Carmelita, Jornalista, nosso irmão. Com o Santo Escapulário vamos juntos em Missão.

 

2-Precisamos, em tempos difíceis, com Elias, na fonte beber. Nos porões, da humanidade, a verdade e a paz, sempre há de vencer.

 

3- No Carmelo, se pensar em Maria, é a nossa própria vocação. Comungar, todos os dias, pra chegar à contemplação.

 

4-A missão, dos carmelitas, não é grandes coisas fazer, mas, nas pequenas coisas, com grandeza, sempre viver.

 

5- A imprensa, depois dos templos, é o primeiro púlpito para ensinar. É a força da palavra e da verdade, contra a violência das armas a matar.

 

6- Pobre mulher, eu rezarei por você... Ainda que não saiba rezar. Pode pelo menos dizer: "Rogai por nós pecadores... Disse, com fé. 

 

7-Oração, não é um oásis no deserto da vida, mas é vida, em nosso viver. Meditando, na Boa Nova, seguindo Jesus Cristo para crescer. 

CRÔNICA- Vida despedaçada.

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Publicado em 02 maio 2022
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Frei Petrônio de Miranda, O. Carm

Convento do Carmo, São Paulo. 23 de março-2012.  

 

Vida? Que vida? No morro não se nasce, não tem passos, não tem laços, não tem braços. No morro tem fracasso, tem um grito, um suspiro, um lamento, um olhar e um destino já marcado, traçado, crucificado, condenado, amarrado e deletado.

 

No morro do Alemão ele nasceu. Era um dia de chuva. Os raios e trovões o acolheram naquela tarde quente. Sua mãe, Teresa Joaquina da Silva, vítima de um estupro com o traficante Pedrão da Pedra Lascada Quente, foi mais uma vítima das estatísticas violenta contra a mulher.   

 

Mulheres? No morro não tem mulheres. Lá tem objetos do prazer. Cobaia para traficar, bumbum para alegrar, cabelos para enfeitar, sorriso para enganar e carne para saborear. 

 

A família de Teresa era da Igreja do Apocalipse Ardente. Não importava se foi estupro ou não, para eles a criança tinha que nascer. Aborto era coisa do diabo e pecado mortal.

 

Pecado mortal? No morro não tem pecado. Todos querem sobreviver, lutar, ganhar a vida, cantar, ultrapassar os conceitos e pré-conceitos. Falar com Deus com o baseado na mão e dar glórias a Jesus com um tiro de escopeta. 

 

Mesmo assim, aquela aflita mãe tentou várias vezes matar o filho. Todas em vão. Foram nove meses gerando uma criança que seria vítima do destino ensanguentado e da falta de sorte. Destino por seguir os passos do pai e falta de sorte pôr a sua infância roubada.

 

Destino? Que destino! Destino se faz na raça, na luta e labuta, no tiro e no grito, no agito e na raça.

No dia treze de janeiro de 2013 nascia Pedrinho. Sua cor negra já trazia a marca da discriminação. Os seus olhos pareciam assustados, suas mãos inquietas eram como se já estivessem pedindo socorro.

 

Socorro? No morro não tem socorro, tem sorte, tem luta, labuta, corrida contra o tempo a morte e a sorte. Sim meu velho, no morro se vive o céu de manhã, o purgatório à tarde e o inferno à noite.

 

Por alguns anos aquela criança foi à alegria da casa. Teresona, nome de guerra da mãe, voltou a se encontrar com o traficante Pedrão. Entre a violência doméstica, o choro e a miséria, o menino crescia e convivia em um mundo cão.

 

Mundo cão? Cão é o dia cinzento, escuro e frio. Sim, frio nos becos, rua e vielas marcadas pelas balas berdidas, os sonhos partidos e as vidas cruzadas.

 

Aos oito anos Pedrinho desceu o morro. Mas para onde ele foi? Para a escola? Para o Parque de Diversões?  Não, não... Ele foi apresentado ao tráfico por seu pai. Religiosamente todos os dias às 13 horas, horário de pico na Praia do Leblon, lá estava o menino entre os carros, transeuntes e os turistas vendendo drogas, pedindo dinheiro e, muitas vezes, fazendo pequenos furtos.

 

Pai? Que pai? No mundo das drogas não se ama, não se perdoa, não se conversa, não se confia. Lá se troca, se vende, se mata, se consome e se despedaça.

 

Ao voltar para casa era recebido com gritos e a saudação das grandes mãos de sua mãe. Eram gritos de alegria? Sua mãe o abraçava? Não, não... Drogada e bêbada, aquela infeliz mulher xingava o filho e com as suas mãos batia no seu rosto e nas costas como se estivesse se vingando do estupro do seu pai. A cena se repetiu ao longo de cinco anos. Por sua vez, Pedrinho crescia cresceu revoltado e prometia a si mesmo que um dia daria um fim naquele inferno familiar.

 

Inferno? Inferno é ser negro, discriminado, favelado, sem ter nome, status social, uma família para amparar, uma mãe carinhosa para conversar e irmãos para brincar.

 

Finalmente naquela tarde, após roubar um turista na Lagoa, seguindo os mesmos passos do pai, Pedrinho comprou uma arma. Ao subir o morro estuprou uma mulher. A pobre jovem gritava, pedia socorro e como se estivesse voltado no tempo o menino viu nos olhos da vítima a sua própria mãe sendo violentada por seu pai. Passado e presente se encontraram naquela paranoia psicológica. O então adolescente, nos seus 17 anos não suportou a tal angustia e perturbação mental, pega o revólver calibre 38 de fabricação do exército e tira a sua própria vida.

 

Vida? Que vida? Foram 17 anos de morte. Sonhos despedaçados, alegria roubada, infância perdida, família falida e adolescência repartida. Sim meu caro leitor, céu e inferno, fogo e frio, destino e sorte. Tudo, tudo tinha parado no tempo e no espaço com aquele tiro fatal. Pedro da Pedra Lascada Quente- o pai ou Pedrinho- o filho? Não sei, só sei que as vidas se cruzaram, o temo parou, o morro sangrou e Teresa Joaquina da Silva- a mãe, até hoje nunca mais sonhou.

 

OS CARMELITAS E A RESSURREIÇÃO: Ressurreição e espiritualidade

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Publicado em 16 abril 2022
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  • Os Carmelitas e a Ressurreição
  • Ressurreição e espiritualidade

 

Arie G. Kallenberg

 

São muito poucos os textos dos primeiros autores Carmelitas que estabeleceram uma relação clara com a Ressurreição. Existe um texto notável escrito entre 1317 e 1345/1352 por John Baconthorpe, Laus Religionis Carmelitanae 48, pouco depois de 1312, o ano em que o Ordinário de Siberto de Beka foi prescrito para toda a Ordem. O capítulo 2 de Laus Religionis Carmelitanae aborda o modo como os Carmelitas mostram nos seus hábitos a graça da Ressurreição 49. Escreve Baconthorpe:

"Quando Cristo foi glorificado, o esplendor da sua divindade sobrepôs-se à sombra da sua humanidade – visto que a sua face resplandecia gloriosamente como o sol e as suas vestes eram brancas como a neve - como se durante algum tempo e de forma mística, envolvesse com carícias as vestes e as capas dos Carmelitas, mostrando a gloria da sua Ressurreição. Nessa mesma transfiguração apareceu o Pai dos Carmelitas, Elias, juntamente com Moisés. como testemunha da Lei, prefigurando misticamente a gloria e o esplendor da graça  [da Ressurreição]" 50.

Ao estudar mais profundamente o significado das duas cores (cinza e branco) dos mantos dos Carmelitas, no qual o branco simboliza o tempo de Graça e a união a Maria, conclui o capítulo com as seguintes palavras: "Então o apóstolo diz: 'Saiamos das trevas e lutemos com as armas de luz'. Desta forma, passamos do tempo da Graça para a glória da Ressurreição eterna" 51. Também no terceiro capítulo que trata o "Elogio do traje da Ordem dos irmãos Carmelitas" Baconthorpe estabelece uma relação entre o manto dos Carmelitas e a Ressurreição: "era então certo que os Carmelitas, que representavam tempos antigos com as suas roupas, deveriam agora mostrar a futura glória imaculada dos crentes de uma forma respeitável com os seus esplêndidos mantos. Isto acontece então no tempo de Graça". 52 Ele refere-se aqui ao facto de que o antigo manto de duas cores ter sido mudado para branco. Na sua opinião, esta mudança aconteceu graças à intervenção divina para que desse modo os Carmelitas pudessem "mostrar claramente aos crentes a paz eterna e a glória da Ressurreição" 53. De seguida diz que está a falar de uma ligação direta à liturgia dos Carmelitas que mais do que os outros celebram a Ressurreição do Senhor: "e particularmente estes irmãos celebram nas suas igrejas a liturgia da Ressurreição do Senhor, de um modo mais especial do que todos os outros” 54. Este testemunho de John Baconthorpe pode ser considerado extraordinário por causa da relação explícita que estabelece entre a Ressurreição e a primeira liturgia Carmelita. Segundo os seus textos é óbvio que a liturgia da Ressurreição não é mera recordação de um acontecimento histórico, mas antes uma realidade dinâmica que passou da liturgia até ao âmago do pensamento e da vida espiritual dos Carmelitas medievais. Apesar de, até hoje, nenhum dos estudos de outros textos espirituais medievais ter produzido pontos de contato entre os elementos referidos, ainda assim estou convencido que ao longo dos séculos a influência da liturgia da Ressurreição, consciente ou inconscientemente, deixou a sua marca na maneira de pensar e de agir dos Carmelitas, uma vez que tinha de ser celebrada em todos os seus mosteiros desde o início do século XIV até ao século XVI. Num estudo recente sobre a Regra dos Carmelitas, Kees Waaijman55 abordou o tema da Ressurreição, não diretamente em termos da liturgia, mas dentro do contexto da Regra.

Seguem-se algumas afirmações da sua obra. A primeira citação refere-se ao capítulo décimo da Regra, capítulo que trata do oratório e da prática da união.

"Os antigos monges do deserto celebravam a Eucaristia uma vez por semana. No século XIII era diferente. A maioria das comunidades religiosas juntava-se todos os dias para a Eu­caristia. A reunião diária dá uma estrutura rítmica à vida. O facto de se juntarem diariamente, de manhã cedo, ao crepúsculo, dá ao dia um ritmo básico. O nascer do sol que conquista a noite deve ter sido intuitivamente entendido como sinal do Ressuscitado” 56

O encontro dos irmãos tinha uma dimensão litúrgica. O facto de virem todos juntos para a Eucaristia quase lembra a Ressurreição:

"A Eucaristia, afinal de contas, começa onde nós permitimos que o Senhor nos una num só. Ele convida-nos a escutar a sua palavra para que ela nos toque, forme o desejo no nosso coração e nos faça procurar a sua presença. Ele convida-nos a tornar o seu corpo e sangue, para nos lembrarmos d'Ele e nos identificarmos com Ele, para que entremos na sua morte e sejamos encontrados pelo próprio Deus.

A Eucaristia radicaliza o ato de sair de nós próprios: não somos nós quem vimos: mas somos conduzidos, conduzidos para a vastidão do Mundo para a profundeza da Morte para sermos encontrados, para sermos reunidos, para sermos unidos.

Esta é a perspectiva mística do facto de se reunir para a celebração da Eucaristia. Este movimento místico está lindamente representado através das palavras ‘de manhã cedo’, palavras que evocam a marcha silenciosa de Maria Madalena até ao túmulo: 'No primeiro dia da semana, ainda era escuro, Maria de Mágdala foi ao túmulo de manhã cedo...' (João 20:1). De manhã cedo os Carmelitas reúnem-se no oratório, e ninguém ocupa o centro. Como a noiva do Cântico dos Cânticos, também eles, enquanto ainda é noite, procuram Aquele a quem as suas almas amam.

À procura do amor através da escuridão da noite segue-se a experiência da Páscoa na escuta da voz suave: 'Miriam', o teu querido nome pronunciado por aquele que é amado pela tua alma. Segue-se a resposta não menos terna: 'Rabbouni'. Esta é a Páscoa do amor, a profundidade mística da Eucaristia. Aqui esta o coração do Carmelo". 57

No seu comentário sobre capítulo da Regra que trata o capítulo semanal, Kees Waaijman continua as suas reflexões sobre o Do­mingo, como o dia da celebração da Ressurreição:

"Identidade e reciprocidade soam mais profundamente quando colocadas no contexto do amor do Ressuscitado. A Eucaristia no dia da Ressurreição, a referência ao amor de Maria Madalena, a reunião dos apóstolos no primeiro dia da semana e o aparecimento no meio deles d'Aquele que ressuscitou - tudo isto centraliza o capítulo no contexto do amor d'Aquele que ressuscitou e se entregou na sua Palavra, no seu Corpo e Sangue…”58.

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46 Kallenberg, Fontes. 292.

 47 Idem, op. cit., 56.

48 Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage. Roma, Institutum Carmelitanum 1989, 176-177.

49Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage. 249: Capitulum II, Quod Carmelitae ostendunt in habitu gratiam resurrectionis.

50 Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage, 249: “Cum etiam ipse Christus transfiguratus est, super umbram humanitatis suae claritas apparuit deitatis, quia resplenduit facies eius sicut sol, et vestimenta eius facta sunt alba sicut nix, ac si mystice habitum Carmelitarum et cappam pro tempore, quasi super umbram <humanitatis> gloriam resurrectionis praemonstrando, baiularet. In  ipsaque transfiguratione pater Carmelitarum Elias cum Moyse apparuit velut Legis testes, et gloriam ac splendorem gratiae mystice praefigurantes".

51 Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage, 251: Unde apostolus: "Abiiciamus opera tenebrarum et induamur arma lucis". Et sic de tempore Gratiae pervenitur ad gloriam resurrectionis perpetuae.

54 Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage, 251: Et ipsi quidem fratres officium resurrectionis Dominicae in ecclesia ceteris specialius exercent.

55 Kees Waaijman. De mystieke ruimte van de Karmel. Een uitleg van de Karmelregel. Kok Kampen-Carmelitana Gent. 1995. 230 pp.

56 Kees Waaijman. De mystieke ruimte van de Karmel, 100.

52 Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage, 251: Dignum igitur fuit ut Carmelitae, qui tempora priora cum indumenti speculo monstrabant, ordinatim futuram resurrectionis gloriam fidelium, non habentem maculam, cum cappa splendida praesentarent. Unde sub tempore Gratiae.

53 Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage, 251: ut sic pacem aeternam et resurrectionis gloriam...palam ostenderent  fidelibus

OS CARMELITAS E A RESSURREIÇÃO: A veneração da cruz e a liturgia da Ressurreição

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Publicado em 16 abril 2022
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  • Os Carmelitas e a Ressurreição
  • Exaltatio Crucis
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  • A veneração da cruz
  • veneração da cruz

 

Arie G. Kallenberg

 

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38 Sibertus de Beka, Ordinaire, 9.

39 Joannes Cassianus, Collationes XXI, 11, 20; citado em Kees Waaijman, De Mystieke ruimte van de Karmel. Een uitleg van de Karmelregel. Kok Kampen-Carmelitana, Gent, 1995, 124.

40 Louis van Tongeren, Exaltio crucis, passim.

 

No livro Exaltatio Crucis 40, Louis van Tongeren descreve como as diferentes comemorações à volta da Cruz, especialmente a da Descoberta e a da Exaltação da Cruz, se desenvolveram ao longo dos séculos. Acerca deste assunto escreve: "A informação mais antiga relata uma festa para a dedicação anual de duas igrejas erguidas em Jerusalém em locais sagrados: a Basílica dos Mártires perto do Gólgota e (...) a chamada Igreja do Santo Sepulcro ou Igreja da Ressurreição" 41.

No princípio do século quarto, "de acordo com a tradição enraizado principalmente na lenda, Helena, a mãe de Constantino, o Grande, encontrou a cruz na qual Jesus morreu em Jerusalém. No lugar onde a encontraram depressa edificaram uma basílica em memória da cruz. Essa basílica dos Mártires foi inaugurada em 335 e pouco tempo depois transformou-se num grande complexo, enquanto, por cima do túmulo de Jesus que estava situado perto da Basílica foi construída a igreja da Ressurreição (...)" 42. Numa primeira fase Eusébio de Cesareia estabeleceu uma ligação entre a cruz e a Ressurreição. Dado que ele "substituiu a cruz pelo túmulo... Do ponto de vista de Eusébio a Ressurreição constituiu o coração e a alma da fé e ele desejava relacionar o túmulo com Constantino. Era seu objetivo, acima de tudo, acentuar a ressurreição e o túmulo, e não a cruz, porque queria principalmente realçar a divindade de Cristo e não o seu sofrimento" 43. Não demorou muito até que a cruz fosse vista como a cruz triunfante por meio da qual veio a salvação e onde Cristo reina como um rei 44. In hoc signo vinces: neste símbolo vencerás. Isto foi assim durante séculos.

Por volta de 1200 "deu-se no Ocidente uma mudança dramática na maneira de ver a cruz. A atenção centrou-se no Jesus histórico. Como resultado do trabalho de Bernardo de Claraval (1090-1153) e Francisco de Assis (1181/1182-1226) o modo de entender a cruz sofreu uma mudança decisiva. A ênfase já não era no Cristo crucificado vencedor da morte, mas no Cristo terrestre, que sofreu e morreu na cruz. Graças a uma interpretação realista de Mat. 10, 38 e 16, 24 relativa ao carregar a cruz à imitação de Cristo, fundamental era a identificação com o sofrimento de Cristo. O Cristo que viveu e triunfou na cruz da gloria deu lugar a um Cristo que sofreu uma morte dolorosa na cruz' 45.

A oração do Papa na Via-Sacra: Senhor, desarmai a mão levantada do irmão contra o irmão

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Publicado em 15 abril 2022
  • Papa Francisco,
  • VIA-SACRA NO COLISEU
  • A oração do Papa na Via-Sacra

A Via-Sacra voltou a ser realizada no Coliseu de Roma, com a participação de milhares de fiéis. Um momento tocante foi representado por duas mulheres, uma ucraniana e outra russa, que juntas carregaram a Cruz na XIII Estação, que narra a morte de Cristo.

 

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

A Paixão de Cristo encarnada na vida das famílias: o Coliseu de Roma concentrou hoje as alegrias e cruzes dos lares, durante a Via-Sacra desta Sexta-feira Santa, com a participação de dez mil pessoas.

Adentrando na cotidianidade de pais, avós e filhos, foram tocados temas da atualidade, como a educação, a pobreza, a migração, a pandemia, a doença e também a guerra. De fato, um dos momentos mais tocantes foi vivido durante a XIII Estação, que narra a morte de Jesus. Neste momento, a Cruz é carregada por duas famílias, uma ucraniana e outra russa, em especial por duas mulheres amigas que trabalham juntas em Roma. A câmera flagra o olhar de cumplicidade entre elas, enquanto o Pontífice cobre com a mão o seu rosto em profunda oração. 

O texto da meditação foi modificado no decorrer da celebração, para dar mais espaço à oração e ao silêncio, como explicou a Sala de Imprensa da Santa Sé: "Diante da morte, o silêncio é mais eloquente do que as palavras. Detemo-nos, portanto, num silêncio orante e cada um, no coração, reze pela paz no mundo."

Ao final das 14 estações, o Papa Francisco recitou a seguinte oração:

 

Pai misericordioso, que fazeis nascer o sol sobre bons e maus, não abandoneis a obra das vossas mãos, pela qual não hesitastes em entregar o vosso único Filho, nascido da Virgem,

crucificado sob Pôncio Pilatos, morto e sepultado no coração da terra, ressuscitado dentre os mortos ao terceiro dia, aparecido a Maria de Magdala, a Pedro, aos outros apóstolos e discípulos, sempre vivo na santa Igreja, o seu Corpo vivo no mundo.

 

Mantende acesa nas nossas famílias a lâmpada do Evangelho, que ilumina alegrias e sofrimentos, fadigas e esperanças: cada casa espelhe o rosto da Igreja, cuja lei suprema é o amor. Pela efusão do vosso Espírito, ajudai a despojar-nos do homem velho, corrompido pelas paixões enganadoras, e revesti-nos do homem novo, criado segundo a justiça e a santidade.

 

Segurai-nos pela mão, como um Pai, para que não nos afastemos de Vós; convertei ao vosso coração os nossos corações rebeldes, para que aprendamos a seguir desígnios de paz; fazei que os adversários se deem as mãos, para que saboreiem o perdão recíproco;

desarmai a mão levantada do irmão contra o irmão, para que, onde há ódio, floresça a concórdia.

 

Fazei que não nos comportemos como inimigos da cruz de Cristo, para participar na glória da sua ressurreição. Ele que vive e reina convosco, na unidade do Espírito Santo, para sempre. Amém. Fonte: https://www.vaticannews.va

A prisão de Jesus

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Publicado em 11 abril 2022
  • Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro,
  • Semana Santa,
  • Traição de Judas,
  • Orani João, Cardeal Tempesta,
  • A prisão de Jesus
  • Charles de Foucauld,
  • soltam Barrabás,

Orani Joao, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

 

Esta semana – a Semana Santa – é um tempo propício para meditarmos, de modo mais especial, sobre os últimos acontecimentos da vida de Jesus Cristo, Nosso Senhor, em sua entrega plena de amor por nós.

Reflitamos sobre o início de tudo ou o início do fim da vida pública de Cristo neste mundo. É a história de um inocente traído, preso sem direito à ampla defesa, e abandonado pelos seus… Isso é o que vemos se olharmos, cruamente, para os relatos da prisão, sem levarmos em conta a total entrega de Jesus por você e por mim, naquela noite, depois de lavar os pés dos Apóstolos e querer ficar conosco, de modo perpétuo, na Eucaristia.

O primeiro ponto que nos chama a atenção é a traição de Judas, um dos doze, que sempre esteve com o Senhor. Por 30 moedas de prata ele entrega o Mestre e amigo com quem convivera por três anos e de quem fora discípulo. No meio dos discípulos, há um traidor…

O Senhor que é verdadeiro Homem também é verdadeiro Deus e, por isso tudo sabe, de modo a prever: “Um de vós há de me trair”. Cada um dos doze não apontou para o irmão, mas, ao contrário, examinou a própria consciência: “Acaso, serei eu, Senhor? ”, até que o verdadeiro culpado surge. É Judas. Pega o pão, come e sai para concretizar sua traição nefasta e vergonhosa. Volta com os soldados – que também cumpriam ordens – e ainda tem a desfaçatez de dar um beijo no Senhor, que o recrimina docemente: “Judas, com um beijo traís o Filho de Deus? ”

Tudo, porém, já estava feito e o desenlace, que já conhecemos, será celebrado nos próximos dias. O desespero não constrói nada de bom, só leva a desatinos, como o de Judas. Enforcou-se! Seu psicológico não aguentou tamanha covardia para com Aquele que só fez o bem a todos. Peçamos, aqui, duas graças a Deus: a de ser como os Apóstolos, na hora da Ceia, antes de acusar alguém, examinar primeiro a nossa consciência: “que fiz eu de mal, Senhor? Como posso mudar de vida?…” Mas também a de não ser como Judas que trai o Senhor, não mais por 30 moedas, mas, talvez, por um cargo, por um status social, pelo poder etc.

O segundo ponto desta meditação é o despojamento de Cristo totalmente humano ali no Horto das Oliveiras. Quando Pedro corta a orelha do servo do chefe de polícia, Jesus cura o ferido e repreende o líder do Colégio Apostólico mandando-o guardar a espada. Se não quisesse dar a vida por nós, pediria ao Pai e Ele mandaria legiões de anjos que, em pouco tempo, reduziria as centúrias de soldados a cinzas. Mas não é hora da grandeza, e, sim, do despojamento total.

Charles de Foucauld, assassinado em 1916, no Marrocos, Beato da Igreja, aprendeu com o Pe. Huvelin, seu diretor espiritual, uma verdade que bem se aplica a este momento da vida de Jesus e da nossa: “Aprendamos uma coisa, dizia o padre, devemos buscar sempre o último lugar, mas Cristo já o ocupou de tal maneira que só nos resta o penúltimo”. Ora, de Jesus aprendamos a superar a violência, derramando mais amor e nunca (nunca) sangue inocente.

O terceiro ponto, dentro da dramática prisão de Jesus, é a negação covarde de Pedro. Esteve sempre com o Senhor, tem o primeiro lugar entre os doze, fala, em sua teimosia, que vai morrer no lugar de Jesus, mas, na hora decisiva, nega o Mestre como o próprio Senhor previra. “Eu não conheço esse homem”. Que fracasso o de Pedro e também o nosso quando o Evangelho nos chama a dar testemunho de nossa fé com sadia radicalidade. Falamos também: “Estou pronto a morrer pelo Senhor”, mas depois O negamos, nem sempre somos fiéis até o fim.

É preciso, contudo, lembrar que, longe de entrar em um desespero angustiante, Pedro se arrependeu de sua covardia e chorou amargamente. Depois da Ressurreição, reafirmou por três vezes seu amor a Cristo, assumiu a sua função, pregou, de modo destemido, o Evangelho e morreu mártir, em Roma, crucificado de cabeça para baixo. Não se achou digno de falecer como Jesus. Aprendamos com Pedro, não a teimosia nem muito menos a covardia, mas o arrependimento salutar que perdoa as nossas faltas e restitui a nossa dignidade perdida.

O quarto ponto é o julgamento de Jesus em si. Quem O julga tenta se livrar do pecado de condenar um inocente, enquanto Jesus assume os pecados da humanidade. Eis a oposição entre a humildade do Deus-Homem e a arrogância de alguns homens que se julgam deuses e aptos a condenar à morte um inocente. Sem entrar nos detalhes longos do que ocorreu, pois os veremos na Sexta-feira Santa, na Celebração da Paixão, deixo um ponto para reflexão.

Os acusadores e condenadores de Jesus sabem que prendem e condenam um homem puro e soltam Barrabás, um malfeitor. No “calor” do momento pedem que o sangue de Cristo caia sobre eles em forma de maldição. Contudo, Jesus não paga o mal com o mal, mas, sim, com o bem. Retribui-lhes com a bênção de seu sangue redentor, ela dá a cada pecador, sinceramente arrependido, a graça do perdão e da vida eterna. Pensemos nisso. Amém! Fonte: https://catequizar.com.br

SEMANA SANTA 2022

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Publicado em 06 abril 2022
  • Semana Santa,
  • Domingo de Ramos,
  • SEMANA SANTA 2022

 

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba (MG)

 

Essa Semana não é diferente daquelas de outros anos, com abertura no Domingo de Ramos, na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, capital da fé do Povo de Deus daquele tempo. Os ramos trazidos pelas pessoas representam a alegria pela presença daquele, apresentado pelos profetas, como a esperança para todos. Ao lado da esperança, estava a preocupação das autoridades de Jerusalém.

Na visão comum da sociedade de então, o rei, que ia nascer, profetizado na literatura do Antigo Testamento, viria como sendo o “salvador da pátria”, com capacidade além do que tinham os reis de seu tempo. Essa ideia causava espanto para as autoridades, e isso foi confirmado quando Jesus é acolhido pela multidão quando entrou, montado em um jumento, na cidade de Jerusalém.

A profundidade do mistério que envolve Jesus Cristo escapa aos olhos da cultura moderna, carente de fé. Não é fácil entender que, na paixão e morte do Senhor, estava o germe da vida cristã, culminando com a Ressurreição, com a Páscoa e com uma vida nova. Acompanhar esse itinerário da Paixão de Cristo na Semana Santa, em novos tempos, é ressignificar a dimensão do mistério da vida.

Já são mais de dois mil anos de cristianismo e os objetivos proféticos da vinda e da vida de Cristo ainda não atingiram o que fora proposto como aliança de Deus com o mundo. O mistério de Deus é colocado em segundo plano, ascendendo cada vez mais as práticas de tudo aquilo que degrada a dignidade da vida humana e o desrespeito para com a natureza, criada para o bem de todos.

A sensibilidade da Semana Santa toca no coração de quem admira Jesus como Deus e Homem, aquele que se despojou de todos os tipos de dignidade próprios de um rei. Foi realmente um caminho difícil, de martírio e de morte, assumido com liberdade e consciência clara quanto aos objetivos desse projeto do Pai. Foi como a semente plantada num campo, que morre para gerar nova vida.

O martírio vem acontecendo na vida de muita gente. É só olhar para a situação dos milhares de refugiados dos últimos tempos. No momento o mundo está sendo sensibilizado diante dos migrantes venezuelanos, dos ucranianos forçados a sair de seu país, sem rumo e sem perspectiva de futuro, buscando refúgio em outros países. A Paixão de Cristo, da Semana Santa, se repete na vida das pessoas. Fonte: https://www.cnbb.org.br

O FREI RADICAL: Fundador da Educafro, frei David ajudou 100 mil jovens negros e pobres a terem acesso ao ensino superior

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Publicado em 04 abril 2022
  • Baixada Fluminense,
  • frei David dos Santos,
  • negro no Brasil
  • Educafro,

 

LÍLIAN BERALDOCOLABORAÇÃO PARA ECOA, DE BRASÍLIA (DF)

Ajudar o mundo a ser um lugar melhor para todos sempre foi o sonho de frei David dos Santos, 69. A busca por uma sociedade mais igualitária ganhou forma e objetivo em um momento crucial de sua vida: descobrir-se negro no Brasil. Foi a partir dessa autopercepção - e de tudo o que ela carrega - que frei David pautou sua vida e militância.

Ainda nos anos 1960, durante a ditadura militar, o jovem David já se angustiava por ver o sofrimento do povo brasileiro com crescimento de pessoas empobrecidas e do processo de favelização. Uma pergunta não saía de sua cabeça: "qual a minha missão nisso tudo?"

À época, ele avaliou o cenário e pensou que poderia ajudar o país sendo diplomata. "Fui para o Itamaraty, quando ele ainda era no Rio de Janeiro, pedir informação sobre o que fazer para ser diplomata. Lá, a pessoa que me atendeu foi bastante grosseira e falou que não conhecia diplomata negro. Falei: mas eu quero ser diplomata negro. Qual o problema? Não é um espaço público? E ele: 'Você fala inglês? Fala francês? Alemão? Esse espaço não é para você'."

A porta fechada foi decisiva para que ele mudasse os rumos profissionais, mas não para abandonar o sonho de transformar o planeta.

A ditadura militar se tornava mais e mais violenta e o jovem começou a pensar em alternativas e instituições que pudessem enfrentar o poder vigente, mas com menos danos pessoais. Ele encontrou na Igreja Católica a aliada que procurava e foi estudar no Seminário de Petrópolis (RJ).

Eu quis ser frei para ajudar os pobres sem ser classificado pela ditadura como comunista. Foi o meu processo de doação radical a essa causa. Uma busca de como servir ao mundo.

Frei David, ativista e fundador da Educafro

 

Cursinho para pobres e negros

Durante um evento para adolescentes negros na Baixada Fluminense, frei David perguntou quantos da plateia estavam se preparando para entrar no ensino superior. A resposta foi muito diferente da que ele esperava. Apenas duas pessoas das mais de 100 presentes tinham a intenção de seguir os estudos.

"O passo seguinte foi criar o pré-vestibular comunitário para jovens pobres poderem se preparar para disputar o espaço com os ricos e fazerem a sua faculdade", conta. Surgiu assim a Educafro, ONG que há mais de 30 anos ajuda jovens pobres, em especial negros, a entrarem em universidades em todo o país.

Com sede em São Paulo, a Educafro já garantiu o acesso ao ensino superior a cerca de 100 mil pessoas e esteve à frente de importantes conquistas da população preta e parda, como a Lei de Cotas nas universidades.

 

Sementes e vidas transformadas

Um dos muitos alunos a passar pelos bancos da ONG foi o assessor parlamentar Ewerton da Silva Carvalho, 30. "Quando eu cheguei, não tinha perspectiva nenhuma de vida. Minha família é muito pobre, não tinha condição de me ajudar nem com passagem", relembra o advogado.

"A Educafro me ajudou a tornar real esse sonho. Foi lá que eu descobri cursinhos comunitários, a existência de políticas de cotas, a entender sobre política. E isso me ajudou a entrar na faculdade sabendo qual era o meu lugar na sociedade", conta Ewerton, que fez cursinho pré-vestibular na instituição e conseguiu uma bolsa de 100% no Programa Universidade para Todos (Prouni).

O advogado credita sua formação profissional e humana aos trabalhos de frei David. "Considero o frei David como um pai. Uma pessoa que moldou o meu caráter todos esses anos. Aprendi muitas coisas com ele. Concordei e discordei", conta Ewerton. A passagem pelo projeto foi tão importante que hoje atua no setor jurídico da Educafro e representa a instituição no Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social do Ministério da Justiça.

Também formada em direito, Keit Lima, 30, afirma que frei David é uma das pessoas mais comprometidas com a equidade racial e com a diminuição da desigualdade no Brasil. "Falar sobre a Educafro é falar sobre comprometimento e coletividade. É uma organização que transforma vidas, e eu sou uma dessas vidas", afirma Keit, que conheceu a Educafro em 2009 e foi aluna da ONG.

 

Acesso à educação e oportunidades de trabalho

Outra linha de atuação da Educafro é a luta pela garantia de um sistema de cotas, não apenas na educação, mas em diversas áreas. No início dos anos 2000, quando as ações afirmativas começaram a ser pensadas no Brasil, frei David era voz potente em prol da população negra e presença constante nos debates e na imprensa.

As primeiras experiências de cotas raciais começaram a ser implantadas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 2003, e na Universidade de Brasília (UnB), em 2004.

Quase uma década após a criação das primeiras políticas de reserva de vagas para pretos e pardos no ensino público brasileiro, a Lei de Cotas (Lei 12.711/2012) foi aprovada com abrangência nacional, incluindo como critério de reserva de vagas não só a raça como a condição socioeconômica.

"Lotar a votação de negros e negras gritando por seus direitos foi a grande diferença. Se deixasse só na mão de deputados e senadores, até hoje, não teria cota para negro", lembra David das caravanas de jovens até o Congresso Nacional.

Com a conquista das cotas no ensino superior e o consequente aumento de pretos e pardos com graduação, a Educafro estendeu sua linha de atuação para cursinhos preparatórios para concursos de grande visibilidade econômica e social.

"Temos preparatório para concursos do MPF, da Defensoria, de cartórios, de magistratura e assim vai. Atendendo as pessoas que já ganharam reforço da Educafro pelas cotas, na graduação, e agora precisam de reforço, via curso, para entrada em vagas de alta demanda em que não se tem negros", explica. Para essa empreitada, frei David pede apoio de instituições e entidades para que ofereçam bolsas em parceria com a Educafro.

 

Vitória recente

Na luta incansável para inclusão de pretos, pardos e pobres, frei David comemora uma conquista recente: a aprovação, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), das cotas para afrodescendentes nos concursos de cartórios. Segundo ele, foram 3 anos de batalhas até aprovação da reserva mínima de 20% das vagas para negros. A resolução é válida para os cartórios nos 27 Tribunais de Justiça do Brasil.

A aprovação não escapou de polêmicas e, segundo ele, escancara o racismo ainda presente na sociedade. "No edital do concurso de cartório para o Tribunal de Justiça de São Paulo, por exemplo, estava expresso que os pobres - e os negros são pobres - tinham só um dia para fazer a inscrição com isenção de taxa. Quem é rico tinha 30 dias para fazer a inscrição. Nós, negros, somos as grandes vítimas dessa exclusão. O racismo estrutural está aí", critica. No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56,2% da população se declara negra.

 

Processos como arma contra racismo

Em uma sociedade estruturalmente racista, a Educafro busca novos mecanismos para combater essa violência direcionada à população negra. Depois de muitos anos de estudo sobre o tema, a entidade compreendeu que uma importante frente de trabalho é a abertura de processos por danos coletivos - uma prática pouco usual no Brasil.

"Tinha um episódio de racismo, fazíamos passeata, chorávamos e acabava por ali. Agora, tem também o processo contra o causador do racismo pedindo danos coletivos", afirma.

Para frei David, essa é uma importante batalha que mostra o amadurecimento da população afrodescendente brasileira. "É mais uma maneira de mostrar que o povo negro está atento e com mais consciência de direitos." Fonte: https://www.uol.com.br

Mapeamento aponta 14,6 mil imóveis em áreas de risco de Angra dos Reis

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Publicado em 04 abril 2022
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Fortes chuvas em Angras dos Reis causam deslizamentos em Angra dos Reis; levantamento parcial elaborado por técnicos da prefeitura em 2019 identificou que mais de 14,6 mil imóveis estão em áreas de risco na cidade Foto: Prefeitura de Angra dos Reis/via Reuters - 02/04/2022

Entre os bairros mais ameaçados, está Monsuaba (com 501 edificações), o mais afetado pela chuva que atingiu a Costa Verde do Rio nos últimos dias, causando deslizamentos e mortes

 

Priscila Mengue, O Estado de S.Paulo

Levantamento parcial elaborado por técnicos da prefeitura de Angra dos Reis em 2019 identificou que mais de 14,6 mil imóveis estão em áreas de risco. Entre os bairros mais ameaçados, está Monsuaba (com 501 edificações), o mais afetado pela chuva que atingiu a Costa Verde do Rio nos últimos dias, causando deslizamentos e mortes.

O mapeamento não informa a classificação de risco dos locais (de baixo a muito alto). Segundo o documento, a avaliação foi feita in loco, por meio de vistorias em conjunto com a Defesa Civil.

Em 2013, o Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ) publicou o Diagnóstico Sobre Risco a Escorregamentos no Estado do Rio, no qual apontava Angra dos Reis, Niterói, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo como as cidades com mais setores de risco iminente. Petrópolis, na região serrana, teve a maior tragédia da sua história neste ano, com 234 mortos após um temporal recorde em fevereiro.

“(As regiões têm) Características que apontam para uma possibilidade muito alta de ocorrência de escorregamentos com danos: vertentes íngremes, amplitudes topográficas expressivas, maciços rochosos fraturados, depósitos de tálus e solos residuais dispostos diretamente sobre rocha, combinadas com ocupação urbana densa e vulnerável”, aponta o documento do DRM-RJ.

O documento reconhece que desastres não são um risco só quando há eventos extremos. Ele ressalta que há locais com “alta probabilidade de ocorrência de escorregamentos com danos, mesmo num cenário de chuvas não excepcionais, ou seja, chuvas regulares que ocorrem todos os anos, principalmente no verão”.

O Plano de Emergência do Estado, de 2020, admite “grande dificuldade de realocar e remover grandes contingentes populacionais em uma região de topografia acidentada”, como a Região Serrana, Costa Verde, Sul Fluminense, entre outras. Isso, continua o documento, é “um dos maiores entraves a qualquer política que vise ou venha a objetivar a prevenção de desastres naturais.” Cientistas dizem que eventos climáticos extremos ficarão cada vez mais frequentes com o aquecimento global.

 

Levantamento de 2011 aponta 318 casas em risco em Paraty

Uma carta geológica elaborada pelo Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ) em 2011 apontou 38 setores de "risco iminente a escorregamentos" em Paraty, incluindo 318 casas, além de outros imóveis, como escolas, pousadas e bares. Na época, a estimativa era de que 1.274 pessoas estavam “sob risco”.

No Plano de Contingências do Estado do Rio de Janeiro Para Chuvas Intensas - Verão 2021/2022, é destacado que "desastres no Estado do Rio de Janeiro têm ocorrido com frequência e intensidade e acompanham a expansão desordenada das áreas urbanas e também devido às mudanças climáticas globais". "As necessidades estruturais, humanas e ambientais, bem como as políticas públicas que, em geral, não contemplam de forma eficiente o tema desastre, refletindo no aumento do número de mortos, feridos, causando danos e prejuízos públicos e privados vultosos, insegurança de investidores e estagnação econômica do Estado." Fonte: https://brasil.estadao.com.br

AINDA É TEMPO DE PENITÊNCIA

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Publicado em 30 março 2022
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  • Quaresma é um tempo de penitência, mas não de tristeza,
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  • AINDA É TEMPO DE PENITÊNCIA

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

 

         O fruto de uma autêntica penitência, que é a conversão do coração a Deus, pode perder-se se cai na tentação, que não é só de épocas remotas, de tentar esquecer que o pecado é pessoal com consequências sociais e comunitárias. Deus quer que o pecador se converta e viva, mas este deve cooperar com o arrependimento e com as obras de penitência. No seu sentido próprio e verdadeiro, o pecado – dizia São João Paulo II –  “é sempre um ato da pessoa, porque é um ato de um homem, individualmente considerado, e não propriamente de um grupo ou de uma comunidade.

         Descarregar o homem dessa responsabilidade seria obliterar a dignidade e a liberdade da pessoa, que também se revelam – se bem que negativa e desastrosamente – nessa responsabilidade pelo pecado cometido. Por isso, em todos e em cada um dos homens, não há nada tão pessoal e intransferível como o mérito da virtude ou a responsabilidade da culpa.

         Assim, é uma graça do Senhor não deixarmos de arrepender-nos dos nossos pecados passados nem mascararmos os presentes, mesmo que não passem de imperfeições. Que também nós passamos dizer: Eu reconheço a minha iniquidade e o meu pecado está sempre a minha frente (Sl 50,5).

         É verdade que um dia confessamos as nossas culpas e o Senhor nos disse: Vá e não tornes a pecar. Mas os pecados deixam um vestígio na alma. “Perdoada a culpa, permanecem as relíquias do pecado, disposições causadas pelos atos anteriores, embora fiquem debilitadas e diminuídas, de maneira que não dominam o homem e permanecem mais em forma de disposição que de hábito. Além disso, existem pecados e faltas que não chegamos a perceber por falta de espírito de exame, por falta de delicadeza de consciência… são como más raízes que ficaram na alma e que é necessário arrancar mediante a penitência para impedir que produzam frutos amargos”.

         Muitos são os motivos que temos para fazer penitência neste tempo da Quaresma, e devemos concretizá-la em pequenas coisas: em mortificar os nossos gostos nas refeições – em viver a abstinência que a Igreja manda – , em ser pontuais, em vigiar a imaginação. E também em procurar, com o conselho do diretor espiritual, do confessor, outros sacrifícios de maior importância, que nos ajudem a purificar a alma e a reparar os pecados próprios e alheios.

         O pecado seja sempre uma ofensa pessoal a Deus, não deixa de produzir efeitos nos demais homens. Para bem ou para o mal, estamos sempre influindo naqueles que estão ao nosso lado, na Igreja e no mundo, e não apenas pelo bom ou mau exemplo que lhes damos ou pelos resultados diretos das nossas ações. Esta é a outra face daquela solidariedade que, em nível religioso, se desenvolve no profundo e magnífico mistério da Comunhão dos santos, graças à qual se pode dizer que cada alma que se eleva, eleva o mundo.

         O Senhor pede-nos que sejamos motivo de alegria e luz para toda a Igreja. No meio do nosso trabalho e das nossas tarefas, ser-nos-á de grande ajuda pensar nos outros, saber que somos apoio- também mediante a penitência – para todo o Corpo Místico de Cristo, e em especial para aqueles que, ao longo da vida, o Senhor foi colocando ao viveres, serás de bom grado um homem penitente. E compreenderás que a penitência é gaudium etsi laboriosum – alegria, embora trabalhosa. E te sentirás “aliado” de todas as almas penitentes que foram, são e serão. Terás mais facilidade em cumprir o teu dever, se pensares na ajuda que te prestam os teus irmãos e na que deixas de prestar-lhes se não és fiel.

         A penitência que o Senhor nos pede, como cristãos que vivem no meio do mundo, deve ser discreta, alegre…, uma penitência que quer permanecer inadvertida, mas que não deixa de traduzir-se em atos concretos. Além disso, não faz mal que vez por outra se percebam as nossas penitências. Se foram testemunhas das tuas fraquezas e misérias, que importa que o sejam da tua penitência?

         Uma penitência que agrada muito a Deus é aquela que se manifesta em atos de caridade e que tende a facilitar aos outros o caminho que conduz a Deus, tornando-o mais amável. As nossas oferendas ao Senhor devem caracterizar-se pela caridade: saber pedir perdão àqueles a quem ofendemos; assumir plenamente o sacrifício que supõe cuidar da formação de alguém que está sob a nossa responsabilidade; ser pacientes; saber perdoar com prontidão e generosidade. A este respeito, nos diz São Leão Magno: “Ainda que sempre seja necessário aplicar-se à santificação do corpo, agora sobretudo, durante os jejuns da Quaresma, deveis aperfeiçoar-vos pela prática de uma piedade mais ativa. Daí esmola, que é muito eficaz para nos corrigirmos das nossas faltas; mas perdoai também as ofensas e abandonai as queixas contra aqueles que vos fizeram algum mal” (São Leão Magno, Sermão 45 – Sobre a Quaresma).

         Que a Bem-Aventurada Virgem Maria nos ajude nesta etapa de santificação já caminhando para o final do tempo quaresmal e nos convida a conversão e a ter um coração completamente voltado para amar ainda mais a Deus e o próximo. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Manteve a esperança até nas asperezas dos campos de concentração

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Publicado em 08 março 2022
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osservatoreromano. 08 de março-2022.

Tito Brandsma foi um padre carmelita, professor universitário, escritor, ecumenista, respeitado conferencista e jornalista na Holanda.

Foi preso em 19 de janeiro de 1942 por falar contra o regime nazi e trabalhar para alinhar os jornais católicos do país com os ensinamentos da Igreja sobre o nazismo.

Na época, o regime nazi ocupava a Holanda, terra natal do padre Brandsma, e tentava alinhar seu povo com o dogma nazista. Brandsma foi finalmente morto no campo de concentração de Dachau em 26 de julho de 1942.

«Esta é uma notícia que esperávamos há muito tempo e que vem como resultado do reconhecimento da Igreja da santidade e testemunho de Titus Brandsma», disse o Padre Míceál O’Neill, O. Carm., Prior-geral da Ordem Carmelita. «É significativo que tenhamos esta celebração em um momento em que a verdade e a integridade estão sofrendo seriamente nos grandes conflitos que agora ameaçam a paz do mundo».

Como professor, conferencista e jornalista, Brandsma era bem conhecido na Holanda e tinha-se manifestado contra a filosofia nazista nas suas aulas e discursos, antes e durante a Segunda Guerra Mundial.

Como assistente eclesiástico da União de Jornalistas Católicos, visitou editoras católicas, em todo o país, em nome dos bispos católicos para os incentivar a permanecerem firmes contra a impressão de propaganda nazista.

Como presidente da União das Escolas Católicas, trabalhou para derrubar a exigência nazi de expulsar as crianças judias das escolas. Ignorou os regulamentos nas escolas carmelitas. Protestou ainda, quando o governo cortou os salários dos professores em 40%.

As suas opiniões sobre o nazismo eram bem conhecidas na Holanda e dentro do establishment nazista. Foi apelidado de «o pequeno papagaio-do-mar perigoso».

Para os jornalistas católicos, tornou-se um modelo de vocação jornalística, convicção ética e compromisso com a verdade. Por isso, em 1988, a União Católica Internacional de Jornalistas ( UCIP ) criou o Prémio Titus Brandsma, que é concedido, a cada três anos, a jornalistas ou organizações que se destacam pelo compromisso com o valor da busca da verdade.

Brandsma recebeu vários prémios ao longo de sua vida, incluindo o título de Reitor Magnífico da Universidade Católica de Nijmegen e a «Ordem do Leão Holandês» da Rainha Wilhelmina, pelos seus ministérios altruístas.

Recebeu também muitos testemunhos, após sua morte, de pessoas de todas as religiões. Todos refletem que Brandsma manteve a esperança entre pessoas de todas as religiões, mesmo nas horas mais sombrias dos campos de concentração.

Entre os muitos testemunhos poderosos da exemplaridade cristã de Brandsma nos campos está o de um pastor protestante: Posso atestar que Titus Brandsma era um filho de Deus pela graça de Jesus Cristo.

Outros falaram de um respeito e afeição geral por Brandsma pela sua maneira descontraída e amigável. «Ele não conhecia ódio nem aversão, nem impaciência nem aspereza».

O processo diocesano de beatificação e canonização de Tito Brandsma começou na diocese de Den Bosch, na Holanda, em 1952: foi o primeiro processo sobre um suposto mártir do nacional-socialismo. Em 3 de novembro de 1985, São João Paulo II beatificou o padre Tito Brandsma como mártir da fé.

Em julho de 2016, iniciou-se na Diocese de Palm Beach (Flórida) uma investigação diocesana sobre um suposto milagre atribuído à intercessão do Beato, a saber, a recuperação de um melanoma maligno metastático nos gânglios linfáticos do Padre Michael Driscoll, O. C arm.

Em novembro de 2020, o Conselho Médico, nomeado pela Congregação para as Causas dos Santos, reconheceu a inexplicabilidade científica da cura do câncer do padre Driscoll, que foi atribuída à intercessão do Beato Tito Brandsma.

Em 25 de maio de 2021, o Congresso de Consultores Teológicos reconheceu o milagre.

A mesma opinião foi expressa pelos Cardeais e Bispos na Sessão Ordinária de 9 de novembro de 2021.

Finalmente, em 25 de novembro de 2021, o Papa Francisco autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar o decreto referente ao milagre atribuído à intercessão do Beato Tito Brandsma, abrindo caminho para sua canonização.

Em 4 de março de 2022, durante o Consistório Ordinário Público, o Papa Francisco confirmou a opinião dos Cardeais e Bispos e anunciou a data de sua canonização. Fonte: https://www.osservatoreromano.va

Jornalista e cineasta Arnaldo Jabor morre aos 81 anos

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Publicado em 15 fevereiro 2022
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Ele estava internado desde o dia 17 de dezembro no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, após sofrer um AVC

 

Morreu nesta terça-feira (15), aos 81 anos, o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor. Ele estava internado desde o dia 17 de dezembro no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, após sofrer um AVC. 

Integrante da geração do chamado “cinema novo”, Arnaldo Jabor se tornou conhecido por seus comentários na TV Globo desde os anos 90. 

Lançou o primeiro filme em 1967, “A Opinião Pública”, e outros, como “Eu Te Amo”, de 1981. Publicou ainda livros como "Os Canibais Estão na Sala de Jantar", de 1993, e "O Malabarista - Os Melhores Textos de Arnaldo Jabor", de 2014. Fonte: https://www.band.uol.com.br

CHUVAS NO PARÁ: MARABÁ PRECISA DA SUA AJUDA!

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Publicado em 17 janeiro 2022
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  • CHUVAS NO PARÁ
  • cheias dos rios Itacaiúnas e Tocantins
  • diocese de Marabá,
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A cidade de Marabá, no Pará, está vivendo momentos difíceis devido às cheias dos rios Itacaiúnas e Tocantins. A solidariedade está se manifestando pelos governos e pela Igreja.

Os governos do Estado do Pará, municipal de Marabá bem como a Defesa Civil, o Exército, o Corpo de Bombeiros, a Secretaria Municipal de Assistência Social estão ajudando com a construção de abrigos, deslocamento das pessoas até os abrigos ou outros locais para viver melhor, com alimentação, colchonetes, roupas e outras ajudas neste momento em que povo sofre por causa das enchentes.

A Igreja e a diocese de Marabá, com suas comunidades, sacerdotes, lideranças e também pelo projeto social Santa Dulce dos Pobres da cidade de Marabá estão se solidarizando com as famílias, vítimas das cheias dos rios Itacaiúnas e Tocantins e também presta ajuda com comidas, alimentação, colchonetes para as pessoas mais necessitadas.

“Nós estamos unidos com o povo sofredor e com todas as pessoas, entidades, governos que ajudam o povo sofredor. As doações devem ser feitas nas secretarias paroquiais. A solidariedade é fundamental no seguimento a Jesus Cristo que esteve ao lado das pessoas mais necessitadas. O amor a Deus, ao próximo como a si mesmo é a palavra de Jesus para ser seguida e vivida”, afirma o bispo local, dom Vital Corbellini.

 

Saiba como ajudar

Você poderá enviar sua ajuda financeira para a conta abaixo. Todo o recurso que chegar será destinado à compra de alimentos e outras necessidades para as famílias desabrigadas por causa das chuvas.

 

Diocese de Marabá Past Diocesana
CNPJ : 04.882.130/0001-56
Banco Itaú – Cód 341
Agência 0946
Conta Corrente 26947-9.

Fonte: https://www.cnbb.org.br

Talvez 2022 seja novo.

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Publicado em 30 dezembro 2021
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  • FELIZ ANO NOVO
  • 2022

Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Comunidade Capim, Lagoa da Canoa/AL. 31 de dezembro-2021.

 

Se a gente seguir as pegadas de Jesus Cristo não para discriminar, apontar o dedo diante dos erros e falhas dos nossos familiares e amigos, mas viver a religião para fazer pontes onde os sofridos- pecadores e excluídos- possam passar, talvez o ano seja novo.

 

Se a gente tirar o ódio do coração, limpar as magoas e não se deixar levar por sentimentos pessimistas e egoístas, mas saber sempre que, depois de uma tempestade, vem o brilho do sol, talvez o ano seja novo.

 

Se a gente não continuar propagando as fake News nas mídias sociais, contra a democracia e a vida do nosso próximo- muitas vezes julgados e condenados- por nossas posições conservadoras e ultrapassadas, talvez o ano seja novo.

 

Se a gente fizer a nossa parte e não ficar de braços cruzados ou estacionados no tempo, esperando que Deus resolva a nossa vida- Desde os problemas financeiros até amorosos- talvez o ano seja novo.   

 

Se a gente não continuar apoiando políticos corruptos, sanguinários, genocidas, bandidos e assassinos dos pobres que, eleição pós-eleição, nos transforma em mamulengo, talvez o ano seja novo.

 

Se a gente for mais humano e solidário diante dos 15 milhões de desempregados, das 600 mil famílias que choram os seus entes queridos vítimas da pandemia, dos jovens negros assassinados nos morros, becos e vielas e dos povos em situação de vulnerabilidade em nossas ruas e praças, talvez o ano seja novo.

 

Se a gente for mais verdadeiro e não esconder as verdades embaixo do tapete, não fugir das responsabilidades e enfrentar os medos e as decepções com a cabeça erguida, enquanto filhos e filhas amadas por Jesus Cristo, talvez o ano seja novo.

 

Se a gente não tiver medo das noites escuras que se aproximarem da nossa caminhada e limpar com força e garra as pedras e os espinhos que iremos encontrar em nosso caminho ao longo do ano, talvez o ano seja novo.

 

Se a gente não desistir do primeiro não, da primeira cara feia ou da primeira porta que baterem em nossa cara convictos que, o Senhor Deus vai estar sempre do nosso lado para enfrentar todos os obstáculos, talvez o ano seja novo.

 

Se a gente não continuar apoiando os negacionistas contra a vacina do novocoronavírus, deletar os fanáticos políticos que pedem a volta da Ditadura Militar e jogar no lixo eleitoral aqueles que usam o nome de Deus para chegarem no poder, talvez o ano seja novo.

 

Se a gente lutar a favor da nossa casa comum- O Planeta Terra- e nas próximas eleições dizer não aos políticos que fecham os olhos diante do grito da mãe natureza, dos indígenas, dos quilombolas e dos trabalhadores ruais, talvez o ano seja novo.

 

Se a gente tiver a coragem de perdoar aqueles que por ventura fizerem algum mal contra nós, dá um Bom dia, uma Boa Tarde e Boa noite para os desanimados e esquecidos do sistema econômico e político, talvez o ano seja novo

 

Talvez... Talvez seja novo. Depende de mim, depende de você, depende de todos nós! Feliz 2022 com os pés no chão.

Crônica de um Retiro: A eterna angustia do monge

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Publicado em 16 dezembro 2021
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Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Mosteiro de Itaici, São Paulo. 16 de dezembro-2021. www.instagram.com/freipetronio

 

Naquela manhã de nove de maio de 2014, o jovem monge estava angustiado- não pela vida- que aliás estava muito boa atrás dos muros daquele imenso e tradicional mosteiro: um bom plano de saúde, uma boa alimentação, uma boa faculdade... o seu futuro estava garantido! Quer dizer... (Aguarde a nossa crônica do dia)

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