No mundo há muitos sacerdotes que são heróis, diz prefeito do Dicastério para o Clero
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No mundo há muitos sacerdotes que são heróis, diz prefeito do Dicastério para o Clero
Dom Lazarus You Heung-Sik fala ao Vatican News sobre os vários aspectos da Igreja na Ásia: o clericalismo é derrotado quando um sacerdote sente que não é apenas pai, mas também filho e irmão da comunidade que serve.
Deborah Castellano Lubov - Cidade do Vaticano
Há muitos sacerdotes heroicos em todo o mundo, "há tantas belas histórias sacerdotais para contar, não somente aquelas feias e desagradáveis, que infelizmente não faltam", afirma Dom Lazarus You Heung-Sik, prefeito do Dicastério para o Clero.
Na extensa entrevista concedida ao Vatican News, o futuro cardeal fala sobre o sacerdócio, vocações, formação nos seminários e da Igreja na Ásia. Para ele, o clericalismo na Igreja é combatido com sacerdotes “pais” e também “filhos e irmãos” de suas comunidades. Se a Igreja formar sacerdotes maduros humana, espiritual e intelectualmente, "então se ouvirá falar menos de abusos e de outros males bem conhecidos".
Dom Lázaro, o que o senhor fazia exatamente quando soube que o Papa disse no Regina Coeli que o criaria cardeal? Qual foi sua reação?
Eu estava em Zagreb para um compromisso pastoral e naquele domingo estava na companhia de um amigo, visitando um santuário mariano, quando a certa altura o celular tocou. Como esse santuário está localizado em um local muito alto, o sinal não era dos melhores. Ao telefone foi um amigo que me disse: "O Papa nomeou-te...". "Quem ele nomeou?", perguntei. Em suma, foi ele quem me comunicou que meu nome estava na lista dos novos cardeais. Lembro-me que cerca de 20 minutos se passaram desde que o Regina Coeli havia sido recitado na Praça São Pedro. Assim, desliguei o celular, rezamos diante do Santíssimo Sacramento, rezamos o Santo Rosário e pedi a ajuda de Nossa Senhora para responder bem a este novo chamado a serviço da Igreja, do Papa e dos sacerdotes. Então liguei novamente o telefone e fui bombardeado com telefonemas e mensagens e disse a mim mesmo: "Não sou digno, mas se o Santo Padre me nomeou então cardeal significará para mim amar ainda mais a Igreja, para servir melhor ao Papa, para ser instrumento da graça de Deus para todos os sacerdotes, diáconos e seminaristas do mundo”.
Os cardeais são os conselheiros mais próximos do Papa. Como o senhor exercerá esse papel?
Nunca pensei em aconselhar o Santo Padre. Por outro lado, sempre achei muito bonita a comunhão com o Papa. De minha parte, antes que aconselhar, procuro ouvir o Santo Padre para entender bem o que ele espera do meu serviço, a partir de algumas questões fundamentais: de quais sacerdotes a Igreja precisa hoje? Como escolhê-los? Como formá-los? Vejo em relação a isto uma resposta muito clara, desde que, no início do Pontificado, o Papa nos deu a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. O importante é viver a Palavra de Deus. Nós, no geral, dizemos que quem vive a Palavra é cristão e quem não a vive não pode ser chamado assim. Viver juntos a Palavra como o Santo Padre deseja na Encíclica Fratelli tutti, ou seja, ser irmãos e irmãs em um clima evangélico de amor recíproco. Hoje lemos na Constituição Apostólica Praedicate Evangelium que a evangelização se faz sobretudo com o testemunho: o testemunho da caridade, do amor fraterno. Os sacerdotes deveriam, portanto, ser os primeiros a pôr em prática o espírito da Praedicate Evangelium, vivendo, com as comunidades que lhes são confiadas, a realidade de uma Igreja sinodal.
A reforma da Cúria descrita na Praedicate Evangelium está em vigor desde domingo, 5 de junho, Solenidade de Pentecostes. Que efeito tem na sua realidade cotidiana?
O Papa Francisco, logo que foi eleito, instituiu o "Conselho dos Cardeais", convocando-os periodicamente. A última reunião, creio, foi a quadragésima primeira. Mas o trabalho desse Conselho de certa forma diz respeito a toda a Igreja, precisamente em vista da nova Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, que não é precisamente obra somente de alguém. De fato, muitos estudaram, rezaram, conversaram, buscando encontrar o “caminho” para a Igreja em nosso tempo. Pessoalmente sinto que minha tarefa é viver bem o espírito da Praedicate Evangelium, para que a Igreja se torne, graças ao empenho de cada um, cada vez mais aquela que Deus quer e também apareça cada vez mais credível aos olhos do mundo. E uma Igreja sinodal é o testemunho do seu rosto mais belo.
O senhor é prefeito do Dicastério para o Clero, que trata dos sacerdotes e diáconos. O Papa Francisco frequentemente condena o clericalismo. Na sua opinião, quais são concretamente os comportamentos e hábitos que o Papa quer combater? E como devem ser combatidos?
O sacerdote preside a comunidade, celebra para ela e com ela a Santíssima Eucaristia; ele é o pai e orientador da comunidade. Jesus instituiu o sacerdócio também para o serviço da comunidade; portanto, sem comunidade, o sacerdócio ministerial não pode existir. Mas o sacerdote é também filho da comunidade, companheiro da comunidade, no sentido de que caminha junto com ela, comendo o mesmo Pão. Portanto, quando o papel do sacerdote-pai é absolutizado, disto porde resultar o clericalismo. Por outro lado, quando um bom sacerdote é, sim, pai, mas no coração também se sente filho e irmão, então amará a comunidade com tudo de si, dedicar-se-á a ela em tempo integral e não perderá tempo em perseguir aspirações e ambições pessoais. O importante é viver esta vida trinitária junto com a comunidade.
Preocupa a queda no número das vocações ao sacerdócio em muitas partes do mundo?
Sim, estou muito preocupado com isso. Em quase todos os países, as vocações estão diminuindo. No entanto, muitos jovens querem imitar bons exemplos, que não faltam. Trata-se, portanto, de oferecer-lhes bons exemplos, isto é, testemunhos credíveis, de quem vive o Evangelho integralmente e assim sabe mostrar que Deus é amor e que estar com Ele representa o nosso único bem, a única verdadeira felicidade do coração humano.
Deste ponto de vista, como pode ajudar a experiência formativa do seminário?
O Seminário não é uma fábrica onde são produzidos sacerdotes, mas um lugar onde vivem os discípulos de Jesus e ali se tornam pouco a pouco seus apóstolos. Por isso, no seminário é necessário antes de tudo viver a Palavra, tanto a nível pessoal como na vida comunitária. De fato, é importante que a vida comunitária seja bem vivida, mesmo em seminários com pequeno número. Se o celibato também significa renunciar a uma família humana para formar uma família maior, esta consciência deve nascer e desenvolver-se no coração dos candidatos ao sacerdócio já nos primeiros anos de formação.
O senhor vem da Coreia do Sul. Em seu continente, a Ásia, muitas Igrejas estão testemunhando um florescimento de vocações para o sacerdócio. Na sua opinião, o que poderiam ensinar àquelas em que a crise vocacional mais se faz sentir?
A história cristã da Coreia é uma história de mártires e muitos deles receberam o dom da fé através do testemunho de fiéis leigos. Depois, em tempos mais recentes, é verdade que as vocações ao sacerdócio aumentaram, mas atualmente também lá estão diminuindo, embora a Igreja continue muito empenhada na promoção e acompanhamento das vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, quer masculina como feminina. Pessoalmente, vejo as vocações na Coreia como um dom que Deus nos deu e continua a nos dar por meio de nossos mártires. Devemos, portanto, voltar ao exemplo dos mártires e acho que isso também pode se aplicar a outros países.
Na qualidade de prefeito do Dicastério para o Clero, quais são os desafios que o senhor vê como mais urgentes hoje para os sacerdotes e seu ministério? E como enfrentá-los?
O sacerdócio é um grande dom de Deus. Muitas vezes os meios de comunicação bombardeiam o ouvinte com notícias nem sempre belas sobre os sacerdotes... Mas vejo que há muitos heróis, bons sacerdotes: párocos, missionários ao serviço do povo de Deus, sobretudo dos marginalizados da sociedade. Então é importante e necessário encorajar os sacerdotes, para que sejam alegres: nunca com o nariz empinado, mas com um sorriso nos lábios, capazes de expressar a beleza do dom recebido também em seus rostos. Há muitas histórias sacerdotais bonitas para contar, não apenas as feias e desagradáveis, que infelizmente não faltam.
O Papa Francisco fez muitos esforços para restaurar a reputação da Igreja como uma instituição credível e confiável, fazendo tudo para salvaguardar e proteger os menores de abusos. Qual é o papel do seu Dicastério nestes esforços?
Sinto uma dor enorme ao saber de atos praticados por sacerdotes em detrimento de menores, como pedofilia e abusos em geral. Acredito que se conseguirmos formar sacerdotes maduros humana, espiritual e intelectualmente, eles não usarão a sexualidade por puro prazer, não abusarão dos menores, mas, pelo contrário, os respeitarão e os ajudarão, como de fato a esmagadora maioria deles o fez e faz. A questão é, portanto, formar sacerdotes sólidos e maduros, e então - tenho certeza - finalmente ouviremos menos sobre abusos e outros males conhecidos.
Voltemos ao boom de vocações ao sacerdócio que as Igrejas da Ásia e da África estão testemunhando...
Cada continente vive sua própria situação, mas é impossível pensar em uma Igreja sem sacerdotes. Por isso, todo o Povo de Deus deve invocar com a oração o dom de novos sacerdotes. Esta é a minha esperança. E tenho certeza que o Senhor logo nos dará essa graça e nos mostrará o caminho. Fonte: https://www.vaticannews.va
Reflexão para o XIII Domingo do Tempo Comum
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Enterrar os mortos, despedir-se da família, são as desculpas que damos para não nos comprometermos, para adiarmos a resposta ao chamado amoroso de Jesus, que nos chama a segui-lo para caminhar junto com Ele nos caminhos que levam ao Pai.
Padre Pedro André, SDB - Vatican News
A missão de Jesus foi a de revelar a face amorosa de Deus Pai para a humanidade e para isso Ele foi até as últimas consequências. Neste domingo vemos como Jesus, consciente da decisão que amadureceu em seu coração, de partir para Jerusalém, nos ensina que a maturidade, ou seja, a capacidade de discernir e fazer escolhas, mesmo sabendo das consequências, permite que possamos oferecer nossas vidas como oferta generosa para Deus e para os irmãos e irmãs.
No caminho rumo à Jerusalém vemos alguns diálogos muito significativos em que Jesus convida ou recebe propostas de novos seguidores. No primeiro alguém disse: “Eu te seguirei para onde quer que fores”, e em seguida Jesus esclarece que nem mesmo Ele tem onde repousar a cabeça. No segundo Jesus convida outro, dizendo: “segue-me” e o convidado diz sobre a necessidade de enterrar o próprio pai, ou seja, estava ligado aos compromissos deste mundo. O terceiro também faz uma promessa de seguimento, mas primeiro teria que ir se despedir de seus familiares, e Jesus o interpela dizendo: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”.
Enterrar os mortos, despedir-se da família, são as desculpas que damos para não nos comprometermos, para adiarmos a resposta ao chamado amoroso de Jesus, que nos chama a segui-lo para caminhar junto com Ele nos caminhos que levam ao Pai.
Jesus deixa bem claro que segui-lo não é fácil, pois nem mesmo Ele tinha onde repousar a cabeça, ou seja, é um caminho de desapego. Também nos ensina que as prioridades do Reino de Deus estão em dissonância com as prioridades deste mundo e, que quando alguém se coloca no caminho do Reino, não deve olhar para trás, o que quer dizer, viver se lamentando pelas coisas pelas quais abriu mão para poder estar com Ele.
O Reino de Deus deve ser o objetivo de nossas vidas. Todas as nossas urgências devem ser trocadas pela verdadeira prioridade. Todos nós temos traumas da nossa infância, coisas não resolvidas, que nos impedem de dar passos, de assumir compromissos definitivos. Todos somos convidados por Jesus a viver um processo de amadurecimento permanente, que nos permitirá, assim como ele que caminhou rumo a Jerusalém, mesmo sabendo das consequências que isso traria.
Peçamos a intercessão da Virgem Maria, modelo de seguidora de Jesus, que nos ajude neste processo de amadurecimento, para que o nosso sim, seja sempre renovado todos os dias, para que o nosso desejo de seguir Jesus, num caminho de conversão permanente, possa ir além das nossas fraquezas, medos e traumas, para que as prioridades do Reino de Deus sejam também as nossas. Fonte: https://www.vaticannews.va
Ao ser preso pela PF, pastor lobista afirmou que iria 'destruir todo mundo'
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Em conversa interceptada, Arilton Moura demonstrou preocupação que investigação atingisse sua família
Por Aguirre Talento — Brasília
O pastor e lobista Arilton Moura, apontado pela Polícia Federal como suspeito de participar de um esquema de corrupção no Ministério da Educação, realizou um telefonema para sua equipe de defesa após ter sido levado preso à sede da PF no Pará na última quarta-feira. Na ligação, realizada antes de ser recolhido à carceragem, ele disse que iria "destruir todo mundo" caso as investigações atingissem sua família.
No telefonema, Moura pede à integrante de sua equipe de defesa que tranquilizasse sua esposa.
— Eu preciso que você ligue para a minha esposa... acalme minha esposa... porque se der qualquer problema com a minha menininha, eu vou destruir todo mundo! — afirmou na ligação.
Sua interlocutora tenta lhe tranquilizar e diz já ter conversado com sua família a respeito da situação.
Nas investigações, Moura é acusado de intermediar contatos de prefeituras com o Ministério da Educação em troca de pedir pagamentos de propina. A PF rastreou uma transferência bancária feita ao genro de Moura, Helder Bartolomeu, no valor de R$ 30 mil, que seria propina por sua atuação para abrir portas no MEC. Bartolomeu também foi preso na quarta-feira. Todos foram soltos no dia seguinte, por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Outra transferência apontada pela PF como indício de pagamento de propina envolveu a filha do pastor, Victoria Bartolomeu, que é casada com Helder. Ela fez um depósito de R$ 60 mil para a mulher do ex-ministro Milton Ribeiro, Myrian Ribeiro, que seria referente a compra de um carro.
A investigação também encontrou uma transferência de R$ 20 mil para um funcionário do MEC, ligado ao então ministro Milton Ribeiro, que teria sido feita a pedido de Arilton.
Procurada, a defesa de Moura ainda não se manifestou. Fonte: https://oglobo.globo.com
33 milhões de pessoas passam fome no Brasil, mais que há 30 anos, aponta pesquisa
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Situação no país retrocedeu ao patamar dos anos 90, e 6 em cada 10 convivem com insegurança alimentar hoje.
Tiago Bastos de Santana, 24 , pede ajuda em cruzamento no bairro da Mooca -
O ano de 2022 marca o retrocesso da segurança alimentar no Brasil a um patamar de fome ainda pior do que o registrado 30 anos atrás.
Atualmente, 33 milhões de pessoas passam fome no país, segundo resultado de uma nova pesquisa sobre o tema divulgada nesta quarta (8). Em 1993, eram 32 milhões de pessoas nessa situação, segundo dados semelhantes do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) —a população brasileira então era 35% menor que a de hoje.
Naquele ano, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, lançou a Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida, a primeira grande campanha nacional da sociedade civil sobre o assunto.
"A gente regrediu literalmente 30 anos na luta contra a fome, o que nos assusta muito", diz o atual diretor-executivo da Ação da Cidadania, Kiko Afonso. "Mas o sentimento de indignação da sociedade brasileira hoje diante da fome de 33 milhões de brasileiros está muito aquém da indignação de 1993, diante da fome de 32 milhões. Estamos inertes como sociedade."
O levantamento divulgado nesta quarta, chamado 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, foi feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) e executado pelo Instituto Vox Populi. A margem de erro é de 0,9 pontos percentuais, para mais ou para menos.
A pesquisa mostrou que 6 a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar. São 125,2 milhões de pessoas nesta situação, o que representa um aumento de 7,2% desde 2020 e de 60% na comparação com 2018.
O sentimento de indignação da sociedade brasileira hoje diante da fome de 33 milhões de brasileiros está muito aquém da indignação de 1993, diante da fome de 32 milhões. Estamos inertes como sociedade. Kiko Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania
"Não tem nada mais prioritário no Brasil do que combate à fome, independente de ideologia", avalia Afonso. "Sem alimento a pessoa não consegue procurar emprego, estudar ou sair de casa. E tem de se humilhar para sobreviver."
De acordo com a pesquisa, em 2022, 1 de cada 3 brasileiros já fez alguma coisa que lhe causou vergonha, tristeza ou constrangimento para conseguir alimento.
Esses novos indicadores da segurança alimentar apontam que 41% da população tem acesso estável a alimento em quantidade e qualidade adequados, índice que é superior entre brancos (53,2%) e inferior entre pretos e pardos (35%).
No outro extremo, a média dos brasileiros com fome é de 15%. Superam essa marca aquelas pessoas que residem nas regiões Norte (25,7%) e Nordeste (21%), na zona rural (18,6%), e em domicílios chefiados por mulheres (19,3%) ou por pessoas pretas e pardas (18,1%).
"Temos desigualdades históricas do país que nunca foram resolvidas: rural e urbana, homem e mulher, brancos e negros. E essas desigualdades se reproduzem na questão da fome", explica a médica sanitarista Ana Maria Segall, professora aposentada da Unicamp e pesquisadora da Rede Penssan.
"É como se 41% da população estivesse protegida das crises econômica e política que já vinham se arrastando nos últimos ano e também do impacto da pandemia da Covid a partir de 2020", analisa Segall.
"Por outro lado, quase 60% dos brasileiros vive numa situação de instabilidade que é muito afetada tanto pela crise quanto pela pandemia, que pegou essa população já numa condição desfavorável."
Segurança alimentar é a situação em que há acesso pleno e estável a alimentos em qualidade e quantidade adequados.
Já a insegurança é dividida em três categorias: leve (quando o temor de faltar comida leva a família a restringir a qualidade dos alimentos), moderada (sem qualidade, há alimentos em quantidade insuficiente para todos) e grave (quando ninguém acessa alimentos em quantidade suficiente e se passa fome).
A médica destaca que entre 2004 e 2013 houve um incremento "muito significativo" no acesso das famílias a alimentos.
"Depois de 2013, você tem um precipício, e derrocada da segurança alimentar ocorre de maneira muito rápida. Houve uma piora rápida e muito expressiva do acesso a alimentos que continua até hoje e é pior dentro dos grupos que já viviam em algum nível de insegurança alimentar", afirma ela, que fez parte do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), extinto pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).
Em 2018, 5,8% dos brasileiros passavam fome. Em 2020, essa parcela subiu para 9% e, em 2022, chegou a 15,5%.
Isso quer dizer que, no intervalo de um ano, 14 milhões de brasileiros passaram a conviver com a fome em suas casas.
Para Francisco Menezes, consultor da ONG internacional ActionAid e ex-presidente do Consea (2004-2007), três das principais causas do aumento da fome no país são o empobrecimento da população, o desmonte de políticas sociais e de abastecimento, e a crise climática.
"Tivemos uma elevação muito forte do desemprego e um processo de precarização do trabalho com o crescimento da informalidade. Soma-se à perda de renda a inflação dos alimentos, que desde 2020 não arrefece, e atinge itens básicos como arroz, feijão e óleo de soja, além do gás e dos combustíveis", aponta ele, para quem uma política de estoques de alimentos, abandonada pelo governo, é crucial num momento desfavorável.
Ele critica o modelo de acesso a benefícios de transferência de renda, que requer acesso a internet e a um computador ou celular. "Extrema pobreza e aplicativo não são coisas que combinem."
O 2º Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar aponta que o maior percentual de pessoas em insegurança grave ou fome era entre quem solicitou mas não recebeu o auxílio emergencial aprovado pelo Congresso para o primeiro ano da pandemia (63%), seguido pelo grupo de quem sequer conseguiu solicitar o benefício (48,5%).
O levantamento mostra que há fome em 13,5% dos domicílios em que residem apenas adultos, enquanto entre as casas com três ou mais crianças ou jovens de até 18 anos o percentual sobe para 25,7%.
O dado é especialmente preocupante porque aponta para danos futuros. Estudos sugerem que o impacto da fome entre crianças e adolescentes tem efeitos deletérios imediatos na saúde e no bem-estar, com potencial comprometimento das potencialidades desses indivíduos.
Isso é o que mais mexe com Suelen Medeiros, 29, que mora com os quatro filhos na periferia sul da cidade de São Paulo. Desempregada e sem receber pensão do pai de seus filhos, ela conta que chega a ficar dias sem comer para privilegiar as refeições das crianças, que têm entre 2 e 12 anos.
"Eu aguento sentir fome, eles, não", lamenta. "Mas fico tão ansiosa por causa das crianças que até perco a fome", diz ela, que recebe uma cesta básica de doação mensalmente, mas que nem sempre é suficiente. "É muito difícil. Toda vez que meus filhos não têm o que comer, meu mundo desaba. Não ter condições de dar nem um pão de manhã a eles acaba comigo", afirma ela. "Não vejo a hora de arranjar um trabalho."
A pesquisa da Rede Penssan foi baseada em entrevistas realizadas em 12.745 domicílios de áreas urbanas e rurais de 577 municípios dos 26 estados e do Distrito Federal. Trata-se de uma parceria das organizações Ação da Cidadania, ActionAid Brasil, Fundação Friedrich Ebert Brasil, Ibirapitanga, Oxfam Brasil e Sesc. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Talvez seja Pentecostes...
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Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita e Jornalista.
Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 5 de maio-2022.
Neste domingo, se a gente não aprisionar o Espírito Santo em nossas ideias conservadoras e em nosso mundinho e grupinhos fechados recheado de conceitos e pré-conceitos, mas ao contrário, nos abrir ao ruah, o vento ou sopro de Deus, o hálito de vida porque, “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (1 Coríntios 12,7). Talvez seja Pentecostes, afinal, Ele sopra onde quer.
Neste domingo, se a gente abrir o coração e deletar o ódio que corrói as nossas relações - seja no campo social, profissional, político ou religioso- talvez seja Pentecostes, por que a sua presença em nossa vida não é ódio, fake News e violência, ao contrário, viver segundo o Espírito é saborear os seus frutos- digo; o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão e o domínio próprio, afinal, Ele sopra onde quer. ((Gl 5: 22-23)
Neste domingo, se a gente se livrar da religião mercadológica e lucrativa onde tudo pode em nome do aumento da nossa conta bancária, do Ibope e dos likes nas mídias sociais, mas acreditar que de fato hoje nasceu a Igreja (Atos dos Apóstolos 2,1-11). Talvez seja Pentecostes e, esse Sopro Divino venha limpar a nossa mente poluída com ideias produtivas, lucrativas, afinal, Ele sopra onde quer
Neste domingo, se a gente abrir a nossa mente para o Espírito Santo, talvez seja Pentecostes e teremos Fortaleza para vencer as adversidades da pandemia do novo coronavírus, usaremos a Sabedoria na hora dizer sim ou não, pautaremos a nossa leitura bíblica com a Ciência Divina, teremos o Conselho como companheiro em nossas relações, seremos homens e mulheres capazes de nos abrir ao Entendimento, pautaremos a nossa fé na Piedade autêntica e verdadeira e, às 24 horas, teremos o Temor de Deus, afinal, Ele sopra onde quer
Neste domingo, se a gente não aproveitar da devoção ao Divino Espírito Santo para continuar apoiando os velhos coronéis da política neste ano eleitoral, talvez seja Pentecostes e, nos comprometendo com a justiça social, a defesa do planeta terra neste Dia Mundial do Meio Ambiente- a nossa casa em comum- possamos assumir o nosso protagonista de cidadãos conscientes. Afinal, Ele sopra onde quer.
Neste domingo, se a gente gritar contra a injustiça social, a violência, o desemprego, o fanatismo político e a fome em nossa cidade e, de mãos dadas, construirmos a nossa história inspiradas na Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo caminhando na Unidade enquanto cristãos porque “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (1 Coríntios 12,7). Talvez seja Pentecostes. Afinal, Ele sopra onde quer.
Neste domingo, se a gente não esquecer que recebemos a ação do Espírito Santo em nossa vida através do batismo e da Crisma: “Recebereis o poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra. (At 1, 8) e que, cheios do Espírito, não vamos ter medo de estender as mãos e abrir os nossos corações para os jovens- nossos filhos e netos- no mundo da droga e do tráfico em nossa cidade- acolhendo, compreendendo e encarando de frente essa realidade que domina as nossas famílias – muitas delas igrejeiras e devotas. Talvez seja Pentecostes, afinal, Ele sobre onde quer.
Não é o Espírito Santo...
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Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita e Jornalista.
Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 28 de maio-2022.
Quando somos fracos na fé e desistimos dos nossos objetivos nos fechando em nosso mundinho, não é o Espírito Santo que está do nosso lado, porque Ele nos concede o Dom da Fortaleza nos proporcionando coragem, foco e disposição para caminhar. Com este Dom vencemos os medos, as síndromes e depressão causada pela pandemia, o desemprego, a violência e o tráfico em nossos morros. Com este Dom, somos capazes de sermos fiéis à vida cristã neste mundo da relatividade, da mundanidade, do consumismo e do tudo pode em nome do prazer, do poder e do ter.
Quando nós nos fechamos em nossas ideias e conceitos e não nos abrimos para a vontade da Boa Nova, não é o Espírito Santo, por que Ele nos concede o Dom da Sabedoria que nos adentra na mensagem revelada no Santo Evangelho e nos ajuda a compreender melhor a nossa fé e os acontecimentos da vida que, segundo o santo Carmelita, São Tito Brandsma, nos faz “ver o mundo com Deus no fundo”.
Quando negamos a ação do Espírito Santo na vida dos cientistas no combate a pandemia do novo coronavírus, seja através de uma crítica ou mesmo do nosso não à vacina, não é o Espírito Santo que está conosco, por que Ele nos concede o Dom da Ciência, e com este podemos aprimorar a nossa inteligência para crescermos na devesa da vida e da nossa própria fé, afinal, fomos criados para Deus e, segundo Santo Agostinho, “Só N`Ele podemos descansar”.
Quando somos motivos de divisão, seja por questões religiosa, política ou social e fugimos da missão de conselheiros na família, não é o Espírito Santo que está conosco, por que Ele nos deu o Dom do Conselho, com este Dom, somos capazes de sair de cima do muro por que “Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora […]” (Ecl 3, 1-8). Ou seja, é o Espírito Santo que vai nos inspirará a dizer sim ou não na hora certa.
Quando desprezamos o nosso próximo porque é analfabeto e por não ter tido as mesmas oportunidades que nós- seja de frequentar ou boa Escola ou faculdade- não é o Espírito Santo, por que Ele nos concede o Dom do entendimento para compreender as verdades reveladas por Deus. Esse dom, Santa Teresinha do Menino Jesus, Carmelita, e tantos homens e mulheres que- sem o conhecimento da cátedra- receberam. Por esse Dom, podemos visualizar e ter consciência do nosso pecado e da ausência de Deus em nosso caminhar.
Quando nós nos fechamos em nossas devoções- muitas vezes alienadas e descomprometidas com a vida, não é o Espírito Santo, porque Ele nos concede o Dom da Piedade para vivermos uma relação comprometida e amorosa com Deus e com o próximo a partir do Evangelho. Piedade autêntica e verdadeira não é fanatismo ou desprezo dos documentos oficiais da Igreja, mas união com o magistério porque “Os fiéis, lembrando-se da palavra de Cristo aos Apóstolos: ‘Quem vos escuta escuta-me a Mim’ (Lc 10,16), recebem com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que os seus pastores lhes dão, sob diferentes formas”. Sim, é preciso – sob pena de se criarem cismas ou “magistérios” paralelos – dar, sob o grau de assentimento que os pronunciamentos do Papa e dos Bispos o exijam, adesão aos seus ensinamentos e orientações; do contrário, podem recusar a voz do Pastor para seguir a um ladrão ou mercenário que, evidentemente, não é pastor (Jo 10,11-16). Afinal, quem diz: “Não siga o Magistério da Igreja”, de modo indireto ou até inconsciente, afirma: “Sigam a mim e às minhas doutrinas”. Eis o grave perigo! (Catecismo da Igreja).
Quando defendemos políticas assassinas contra a vida- seja o porte de armas, a volta da Ditadura militar, o aborto ou ameaçamos o sistema democrático do país- não é o Espirito Santo que está do nosso lado, por que Ele nos concede o Dom do Temor para amá-lo de todo o coração e, amar a Deus é essencialmente amar o nosso próximo que padece vítima de diversos políticos que se dizem cristãos, mas na verdade- diante de suas atitudes e projetos de governo- não temem, não amam e não respeitam o nosso Bom Deus. Portanto, o Dom do Temor é saber reverenciar, respeitar e reconhecer Deus em nosso caminhar enquanto Senhor da nossa Existência. Somente Ele é nosso tudo!
Seja medíocre e viva feliz
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Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita da Ordem do Carmo e Jornalista.
Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 21 de maio-2022.
Quer ser um padre bonzinho e admirado por todos? Muito simples, seja medíocre. Isso mesmo! Esqueça o que Jesus falou sobre pobres, compaixão, inclusão social e defesa da vida. Finja que você mora em uma cidade onde não tem corruptos. Esqueça essa história de proteção do meio ambiente ou a defesa dos pobres. Não fale em questões políticas ou sociais. Portanto, a mediocridade é a solução para você ser amado, admirado e reconhecido por todos.
Quer ter uma vida “estável” sem muito agito, ou uma caminhada calma sem tempestades? Muito simples, seja medíocre! Dessa forma ninguém vai notar que você veio ao mundo para ser protagonista da sua história e fazer história. Pare com esta baboseira de ser autêntico e ter personalidade própria, fazendo assim, você não vai ter que enfrentar os fracassados e invejosos que ficam estacionados de braços cruzados, prontos para te criticar, apontar o dedo e condenar. Portanto, a mediocridade é a solução para os seus medos e a sua falta de coragem em tomar decisões e enfrentar a vida.
Quer ser uma freira, um frade, um monge, um missionário consagrado ou um seminarista amado por todos? Eu tenho a solução! Seja medíocre e não questione se a comunidade está sendo fiel aos seus objetivos. Deixe de lado essa história de fraternidade, correção fraterna, profetismo, missão, “sentir o cheiro das ovelhas” ou “eles tinham tudo em comum”. O que vale é a falsa harmonia e a cara de paisagem às 24 horas. Portanto, a solução real e sincera para caminhar na vida religiosa com sucesso é a mediocridade nua e crua.
Quer ser elogiado por todos? Simples, seja medíocre. Isso mesmo, sendo uma marionete nas mãos dos outros você não vai se dá ao trabalho de construir os seus caminhos e, com certeza, não vai ter quer cair, porque sempre haverá pessoas do seu lado para te guiar, controlar e falar o que você deve fazer, pensar ou se posicionar frente os diversos assuntos e problemas do mundo social, econômico, político e religioso. Portanto, a mediocridade será sempre a sua tábua de salvação.
Quer ser bonzinho e santinho na convivência diária? Para esta formula eu também tenho o caminho mais curto e fácil. Do que que estou falando? Da mediocridade, claro! Isso mesmo! Finja ser santo às 24 horas e seja medíocre. Seja bonzinho, tipo maria vai com as outras! Sendo assim, você vai ser um verdadeiro medíocre carimbado e será feliz para sempre! Quer dizer, feliz não, uma xerox da felicidade. Pelos menos você não será vítima de críticas e interrogações no trabalho, na família, na Igreja ou no círculo de amizade. Portanto, a mediocridade é o melhor antídoto para a sua vidinha sem sal e sem açúcar.
Agora é o seguinte... Você quer ser autêntico, verdadeiro e único como todos deveria ser? Não tenha medo da cruz! denuncie os políticos revestidos de cordeiros- mas na verdade são os lobos modernos- que devoram os pobres. Não silencie diante de um seguimento comunitário com segundas intenções e grite contra uma religião fanática, mercadológica e interesseira. Fale para os quatro cantos que você encontrou Jesus Cristo e a sua Boa Nova, e não uma religião apenas de emoção, milagres, prosperidade, lambe-lambe, doce de coco ou suco de maracujá que fecha os olhos os excluídos. Não seja marionete e tenha a sua opinião sobre espiritualidade, política, economia e a própria vida. Enfim, não use máscaras e não tenha medo de ser você. E tenho dito!
Semana Laudato si’, novos estilos de vida para responder ao grito da terra
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Renova-se o convite promovido pelo Dicastério para o Desenvolvimento Humano: de 22 a 29 de maio, no sétimo aniversário da encíclica do Papa Francisco, uma campanha de conscientização, iniciativas e boas práticas para enraizar a urgência de proteger a casa comum
Vatican News
A Semana Laudato si' está de volta, apresentando eventos com ressonância global, regional e local, cada um vinculado a um objetivo particular da encíclica Laudato si' e dos sete setores da Plataforma de Iniciativas Laudato si'. Todos eles serão focados no conceito de ecologia integral. Espera-se a participação de centenas de milhares de católicos para intensificar os esforços da Plataforma de Iniciativas: este é um novo instrumento que permite as instituições, as comunidades e as famílias de implementarem plenamente o Documento do Papa.
Biodiversidade, conflitos, crises climáticas, acolhida dos pobres
Entre os tópicos principais que serão explorados estão: como os católicos podem combater o colapso da biodiversidade; o papel dos combustíveis fósseis nos conflitos e na crise climática; como todos os cidadãos podem acolher os pobres na nossa vida diária. Entre os encontros programados, há um centralizado na possibilidade de dar força às vozes indígenas que terá a participação da Irmã Alessandra Smerilli, Secretária do mesmo Dicastério.
O programa: foco em aumentar a força das vozes indígenas
“Resposta ao Grito da Terra" é o tema da segunda-feira, 23 de maio, com um evento que será transmitido ao vivo da Universidade Católica Australiana de Roma. O tema será como reequilibrar os sistemas sociais com a natureza e contará com a participação do Padre Joshtrom Kureethadam: a sua contribuição será importante para dar força às vozes indígenas em vista da conferência da ONU sobre biodiversidade que será realizada este ano. O tema do dia seguinte será "Apoiar a ECO-mmunity: Acolher os pobres". A quarta-feira será dedicada à economia ecológica, analisada sob o aspecto dos combustíveis fósseis, da violência e da crise climática. Enquanto que na quinta-feira 26, o tema será a adoção de estilos de vida sustentáveis: investimentos coerentes com a fé. Na sexta-feira à tarde terá a pré-estreia de um documentário sobre a "Laudato si". No sábado à noite, será aprofundado o âmbito da espiritualidade ecológica. Por fim, no domingo 29 de maio será concluído com o tema da resiliência e empoderamento da comunidade como parte do caminho sinodal. Para as 15h deste dia conclusivo está previsto um encontro de oração.
Oradores internacionais
Os outros palestrantes serão: Theresa Ardler, Oficial de Ligação da Pesquisa Indígena na Universidade Católica Australiana, diretora e proprietária da Gweagal Cultural Connections; Vandana Shiva, fundadora da Navdanya Research Foundation for Science, Technology and Ecology na Índia e presidente da Navdanya International; Angela Manno, artista premiada; Greg Asner, diretor do ASU Centre for Global Conservation Discovery and Science.
O programa completo da Semana Laudato si' Week – está disponível no link LaudatoSiWeek.org – e inclui eventos em Uganda, Itália, Irlanda, Brasil e Filipinas e - com exceção do documentário - será transmitido nos canais Facebook e YouTube do Movimento Laudato si'. Fonte: https://www.vaticannews.va
Tito Brandsma- Música.
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Tito Brandsma
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 08 de março-2022
1-A Igreja, ao Carmelo agradece, uma escola de santidade e oração. A Igreja, ao Carmelo enaltece: Fraternidade, Profetismo e Missão.
Tito Brandsma, Carmelita, Jornalista, nosso irmão. Com o Santo Escapulário vamos juntos em Missão.
2-Precisamos, em tempos difíceis, com Elias, na fonte beber. Nos porões, da humanidade, a verdade e a paz, sempre há de vencer.
3- No Carmelo, se pensar em Maria, é a nossa própria vocação. Comungar, todos os dias, pra chegar à contemplação.
4-A missão, dos carmelitas, não é grandes coisas fazer, mas, nas pequenas coisas, com grandeza, sempre viver.
5- A imprensa, depois dos templos, é o primeiro púlpito para ensinar. É a força da palavra e da verdade, contra a violência das armas a matar.
6- Pobre mulher, eu rezarei por você... Ainda que não saiba rezar. Pode pelo menos dizer: "Rogai por nós pecadores... Disse, com fé.
7-Oração, não é um oásis no deserto da vida, mas é vida, em nosso viver. Meditando, na Boa Nova, seguindo Jesus Cristo para crescer.
CRÔNICA- Vida despedaçada.
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Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
Convento do Carmo, São Paulo. 23 de março-2012.
Vida? Que vida? No morro não se nasce, não tem passos, não tem laços, não tem braços. No morro tem fracasso, tem um grito, um suspiro, um lamento, um olhar e um destino já marcado, traçado, crucificado, condenado, amarrado e deletado.
No morro do Alemão ele nasceu. Era um dia de chuva. Os raios e trovões o acolheram naquela tarde quente. Sua mãe, Teresa Joaquina da Silva, vítima de um estupro com o traficante Pedrão da Pedra Lascada Quente, foi mais uma vítima das estatísticas violenta contra a mulher.
Mulheres? No morro não tem mulheres. Lá tem objetos do prazer. Cobaia para traficar, bumbum para alegrar, cabelos para enfeitar, sorriso para enganar e carne para saborear.
A família de Teresa era da Igreja do Apocalipse Ardente. Não importava se foi estupro ou não, para eles a criança tinha que nascer. Aborto era coisa do diabo e pecado mortal.
Pecado mortal? No morro não tem pecado. Todos querem sobreviver, lutar, ganhar a vida, cantar, ultrapassar os conceitos e pré-conceitos. Falar com Deus com o baseado na mão e dar glórias a Jesus com um tiro de escopeta.
Mesmo assim, aquela aflita mãe tentou várias vezes matar o filho. Todas em vão. Foram nove meses gerando uma criança que seria vítima do destino ensanguentado e da falta de sorte. Destino por seguir os passos do pai e falta de sorte pôr a sua infância roubada.
Destino? Que destino! Destino se faz na raça, na luta e labuta, no tiro e no grito, no agito e na raça.
No dia treze de janeiro de 2013 nascia Pedrinho. Sua cor negra já trazia a marca da discriminação. Os seus olhos pareciam assustados, suas mãos inquietas eram como se já estivessem pedindo socorro.
Socorro? No morro não tem socorro, tem sorte, tem luta, labuta, corrida contra o tempo a morte e a sorte. Sim meu velho, no morro se vive o céu de manhã, o purgatório à tarde e o inferno à noite.
Por alguns anos aquela criança foi à alegria da casa. Teresona, nome de guerra da mãe, voltou a se encontrar com o traficante Pedrão. Entre a violência doméstica, o choro e a miséria, o menino crescia e convivia em um mundo cão.
Mundo cão? Cão é o dia cinzento, escuro e frio. Sim, frio nos becos, rua e vielas marcadas pelas balas berdidas, os sonhos partidos e as vidas cruzadas.
Aos oito anos Pedrinho desceu o morro. Mas para onde ele foi? Para a escola? Para o Parque de Diversões? Não, não... Ele foi apresentado ao tráfico por seu pai. Religiosamente todos os dias às 13 horas, horário de pico na Praia do Leblon, lá estava o menino entre os carros, transeuntes e os turistas vendendo drogas, pedindo dinheiro e, muitas vezes, fazendo pequenos furtos.
Pai? Que pai? No mundo das drogas não se ama, não se perdoa, não se conversa, não se confia. Lá se troca, se vende, se mata, se consome e se despedaça.
Ao voltar para casa era recebido com gritos e a saudação das grandes mãos de sua mãe. Eram gritos de alegria? Sua mãe o abraçava? Não, não... Drogada e bêbada, aquela infeliz mulher xingava o filho e com as suas mãos batia no seu rosto e nas costas como se estivesse se vingando do estupro do seu pai. A cena se repetiu ao longo de cinco anos. Por sua vez, Pedrinho crescia cresceu revoltado e prometia a si mesmo que um dia daria um fim naquele inferno familiar.
Inferno? Inferno é ser negro, discriminado, favelado, sem ter nome, status social, uma família para amparar, uma mãe carinhosa para conversar e irmãos para brincar.
Finalmente naquela tarde, após roubar um turista na Lagoa, seguindo os mesmos passos do pai, Pedrinho comprou uma arma. Ao subir o morro estuprou uma mulher. A pobre jovem gritava, pedia socorro e como se estivesse voltado no tempo o menino viu nos olhos da vítima a sua própria mãe sendo violentada por seu pai. Passado e presente se encontraram naquela paranoia psicológica. O então adolescente, nos seus 17 anos não suportou a tal angustia e perturbação mental, pega o revólver calibre 38 de fabricação do exército e tira a sua própria vida.
Vida? Que vida? Foram 17 anos de morte. Sonhos despedaçados, alegria roubada, infância perdida, família falida e adolescência repartida. Sim meu caro leitor, céu e inferno, fogo e frio, destino e sorte. Tudo, tudo tinha parado no tempo e no espaço com aquele tiro fatal. Pedro da Pedra Lascada Quente- o pai ou Pedrinho- o filho? Não sei, só sei que as vidas se cruzaram, o temo parou, o morro sangrou e Teresa Joaquina da Silva- a mãe, até hoje nunca mais sonhou.
OS CARMELITAS E A RESSURREIÇÃO: Ressurreição e espiritualidade
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Arie G. Kallenberg
São muito poucos os textos dos primeiros autores Carmelitas que estabeleceram uma relação clara com a Ressurreição. Existe um texto notável escrito entre 1317 e 1345/1352 por John Baconthorpe, Laus Religionis Carmelitanae 48, pouco depois de 1312, o ano em que o Ordinário de Siberto de Beka foi prescrito para toda a Ordem. O capítulo 2 de Laus Religionis Carmelitanae aborda o modo como os Carmelitas mostram nos seus hábitos a graça da Ressurreição 49. Escreve Baconthorpe:
"Quando Cristo foi glorificado, o esplendor da sua divindade sobrepôs-se à sombra da sua humanidade – visto que a sua face resplandecia gloriosamente como o sol e as suas vestes eram brancas como a neve - como se durante algum tempo e de forma mística, envolvesse com carícias as vestes e as capas dos Carmelitas, mostrando a gloria da sua Ressurreição. Nessa mesma transfiguração apareceu o Pai dos Carmelitas, Elias, juntamente com Moisés. como testemunha da Lei, prefigurando misticamente a gloria e o esplendor da graça [da Ressurreição]" 50.
Ao estudar mais profundamente o significado das duas cores (cinza e branco) dos mantos dos Carmelitas, no qual o branco simboliza o tempo de Graça e a união a Maria, conclui o capítulo com as seguintes palavras: "Então o apóstolo diz: 'Saiamos das trevas e lutemos com as armas de luz'. Desta forma, passamos do tempo da Graça para a glória da Ressurreição eterna" 51. Também no terceiro capítulo que trata o "Elogio do traje da Ordem dos irmãos Carmelitas" Baconthorpe estabelece uma relação entre o manto dos Carmelitas e a Ressurreição: "era então certo que os Carmelitas, que representavam tempos antigos com as suas roupas, deveriam agora mostrar a futura glória imaculada dos crentes de uma forma respeitável com os seus esplêndidos mantos. Isto acontece então no tempo de Graça". 52 Ele refere-se aqui ao facto de que o antigo manto de duas cores ter sido mudado para branco. Na sua opinião, esta mudança aconteceu graças à intervenção divina para que desse modo os Carmelitas pudessem "mostrar claramente aos crentes a paz eterna e a glória da Ressurreição" 53. De seguida diz que está a falar de uma ligação direta à liturgia dos Carmelitas que mais do que os outros celebram a Ressurreição do Senhor: "e particularmente estes irmãos celebram nas suas igrejas a liturgia da Ressurreição do Senhor, de um modo mais especial do que todos os outros” 54. Este testemunho de John Baconthorpe pode ser considerado extraordinário por causa da relação explícita que estabelece entre a Ressurreição e a primeira liturgia Carmelita. Segundo os seus textos é óbvio que a liturgia da Ressurreição não é mera recordação de um acontecimento histórico, mas antes uma realidade dinâmica que passou da liturgia até ao âmago do pensamento e da vida espiritual dos Carmelitas medievais. Apesar de, até hoje, nenhum dos estudos de outros textos espirituais medievais ter produzido pontos de contato entre os elementos referidos, ainda assim estou convencido que ao longo dos séculos a influência da liturgia da Ressurreição, consciente ou inconscientemente, deixou a sua marca na maneira de pensar e de agir dos Carmelitas, uma vez que tinha de ser celebrada em todos os seus mosteiros desde o início do século XIV até ao século XVI. Num estudo recente sobre a Regra dos Carmelitas, Kees Waaijman55 abordou o tema da Ressurreição, não diretamente em termos da liturgia, mas dentro do contexto da Regra.
Seguem-se algumas afirmações da sua obra. A primeira citação refere-se ao capítulo décimo da Regra, capítulo que trata do oratório e da prática da união.
"Os antigos monges do deserto celebravam a Eucaristia uma vez por semana. No século XIII era diferente. A maioria das comunidades religiosas juntava-se todos os dias para a Eucaristia. A reunião diária dá uma estrutura rítmica à vida. O facto de se juntarem diariamente, de manhã cedo, ao crepúsculo, dá ao dia um ritmo básico. O nascer do sol que conquista a noite deve ter sido intuitivamente entendido como sinal do Ressuscitado” 56
O encontro dos irmãos tinha uma dimensão litúrgica. O facto de virem todos juntos para a Eucaristia quase lembra a Ressurreição:
"A Eucaristia, afinal de contas, começa onde nós permitimos que o Senhor nos una num só. Ele convida-nos a escutar a sua palavra para que ela nos toque, forme o desejo no nosso coração e nos faça procurar a sua presença. Ele convida-nos a tornar o seu corpo e sangue, para nos lembrarmos d'Ele e nos identificarmos com Ele, para que entremos na sua morte e sejamos encontrados pelo próprio Deus.
A Eucaristia radicaliza o ato de sair de nós próprios: não somos nós quem vimos: mas somos conduzidos, conduzidos para a vastidão do Mundo para a profundeza da Morte para sermos encontrados, para sermos reunidos, para sermos unidos.
Esta é a perspectiva mística do facto de se reunir para a celebração da Eucaristia. Este movimento místico está lindamente representado através das palavras ‘de manhã cedo’, palavras que evocam a marcha silenciosa de Maria Madalena até ao túmulo: 'No primeiro dia da semana, ainda era escuro, Maria de Mágdala foi ao túmulo de manhã cedo...' (João 20:1). De manhã cedo os Carmelitas reúnem-se no oratório, e ninguém ocupa o centro. Como a noiva do Cântico dos Cânticos, também eles, enquanto ainda é noite, procuram Aquele a quem as suas almas amam.
À procura do amor através da escuridão da noite segue-se a experiência da Páscoa na escuta da voz suave: 'Miriam', o teu querido nome pronunciado por aquele que é amado pela tua alma. Segue-se a resposta não menos terna: 'Rabbouni'. Esta é a Páscoa do amor, a profundidade mística da Eucaristia. Aqui esta o coração do Carmelo". 57
No seu comentário sobre capítulo da Regra que trata o capítulo semanal, Kees Waaijman continua as suas reflexões sobre o Domingo, como o dia da celebração da Ressurreição:
"Identidade e reciprocidade soam mais profundamente quando colocadas no contexto do amor do Ressuscitado. A Eucaristia no dia da Ressurreição, a referência ao amor de Maria Madalena, a reunião dos apóstolos no primeiro dia da semana e o aparecimento no meio deles d'Aquele que ressuscitou - tudo isto centraliza o capítulo no contexto do amor d'Aquele que ressuscitou e se entregou na sua Palavra, no seu Corpo e Sangue…”58.
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46 Kallenberg, Fontes. 292.
47 Idem, op. cit., 56.
48 Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage. Roma, Institutum Carmelitanum 1989, 176-177.
49Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage. 249: Capitulum II, Quod Carmelitae ostendunt in habitu gratiam resurrectionis.
50 Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage, 249: “Cum etiam ipse Christus transfiguratus est, super umbram humanitatis suae claritas apparuit deitatis, quia resplenduit facies eius sicut sol, et vestimenta eius facta sunt alba sicut nix, ac si mystice habitum Carmelitarum et cappam pro tempore, quasi super umbram <humanitatis> gloriam resurrectionis praemonstrando, baiularet. In ipsaque transfiguratione pater Carmelitarum Elias cum Moyse apparuit velut Legis testes, et gloriam ac splendorem gratiae mystice praefigurantes".
51 Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage, 251: Unde apostolus: "Abiiciamus opera tenebrarum et induamur arma lucis". Et sic de tempore Gratiae pervenitur ad gloriam resurrectionis perpetuae.
54 Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage, 251: Et ipsi quidem fratres officium resurrectionis Dominicae in ecclesia ceteris specialius exercent.
55 Kees Waaijman. De mystieke ruimte van de Karmel. Een uitleg van de Karmelregel. Kok Kampen-Carmelitana Gent. 1995. 230 pp.
56 Kees Waaijman. De mystieke ruimte van de Karmel, 100.
52 Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage, 251: Dignum igitur fuit ut Carmelitae, qui tempora priora cum indumenti speculo monstrabant, ordinatim futuram resurrectionis gloriam fidelium, non habentem maculam, cum cappa splendida praesentarent. Unde sub tempore Gratiae.
53 Adrianus Staring, Medieval Carmelite Heritage, 251: ut sic pacem aeternam et resurrectionis gloriam...palam ostenderent fidelibus
OS CARMELITAS E A RESSURREIÇÃO: A veneração da cruz e a liturgia da Ressurreição
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Arie G. Kallenberg
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38 Sibertus de Beka, Ordinaire, 9.
39 Joannes Cassianus, Collationes XXI, 11, 20; citado em Kees Waaijman, De Mystieke ruimte van de Karmel. Een uitleg van de Karmelregel. Kok Kampen-Carmelitana, Gent, 1995, 124.
40 Louis van Tongeren, Exaltio crucis, passim.
No livro Exaltatio Crucis 40, Louis van Tongeren descreve como as diferentes comemorações à volta da Cruz, especialmente a da Descoberta e a da Exaltação da Cruz, se desenvolveram ao longo dos séculos. Acerca deste assunto escreve: "A informação mais antiga relata uma festa para a dedicação anual de duas igrejas erguidas em Jerusalém em locais sagrados: a Basílica dos Mártires perto do Gólgota e (...) a chamada Igreja do Santo Sepulcro ou Igreja da Ressurreição" 41.
No princípio do século quarto, "de acordo com a tradição enraizado principalmente na lenda, Helena, a mãe de Constantino, o Grande, encontrou a cruz na qual Jesus morreu em Jerusalém. No lugar onde a encontraram depressa edificaram uma basílica em memória da cruz. Essa basílica dos Mártires foi inaugurada em 335 e pouco tempo depois transformou-se num grande complexo, enquanto, por cima do túmulo de Jesus que estava situado perto da Basílica foi construída a igreja da Ressurreição (...)" 42. Numa primeira fase Eusébio de Cesareia estabeleceu uma ligação entre a cruz e a Ressurreição. Dado que ele "substituiu a cruz pelo túmulo... Do ponto de vista de Eusébio a Ressurreição constituiu o coração e a alma da fé e ele desejava relacionar o túmulo com Constantino. Era seu objetivo, acima de tudo, acentuar a ressurreição e o túmulo, e não a cruz, porque queria principalmente realçar a divindade de Cristo e não o seu sofrimento" 43. Não demorou muito até que a cruz fosse vista como a cruz triunfante por meio da qual veio a salvação e onde Cristo reina como um rei 44. In hoc signo vinces: neste símbolo vencerás. Isto foi assim durante séculos.
Por volta de 1200 "deu-se no Ocidente uma mudança dramática na maneira de ver a cruz. A atenção centrou-se no Jesus histórico. Como resultado do trabalho de Bernardo de Claraval (1090-1153) e Francisco de Assis (1181/1182-1226) o modo de entender a cruz sofreu uma mudança decisiva. A ênfase já não era no Cristo crucificado vencedor da morte, mas no Cristo terrestre, que sofreu e morreu na cruz. Graças a uma interpretação realista de Mat. 10, 38 e 16, 24 relativa ao carregar a cruz à imitação de Cristo, fundamental era a identificação com o sofrimento de Cristo. O Cristo que viveu e triunfou na cruz da gloria deu lugar a um Cristo que sofreu uma morte dolorosa na cruz' 45.
A oração do Papa na Via-Sacra: Senhor, desarmai a mão levantada do irmão contra o irmão
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A Via-Sacra voltou a ser realizada no Coliseu de Roma, com a participação de milhares de fiéis. Um momento tocante foi representado por duas mulheres, uma ucraniana e outra russa, que juntas carregaram a Cruz na XIII Estação, que narra a morte de Cristo.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
A Paixão de Cristo encarnada na vida das famílias: o Coliseu de Roma concentrou hoje as alegrias e cruzes dos lares, durante a Via-Sacra desta Sexta-feira Santa, com a participação de dez mil pessoas.
Adentrando na cotidianidade de pais, avós e filhos, foram tocados temas da atualidade, como a educação, a pobreza, a migração, a pandemia, a doença e também a guerra. De fato, um dos momentos mais tocantes foi vivido durante a XIII Estação, que narra a morte de Jesus. Neste momento, a Cruz é carregada por duas famílias, uma ucraniana e outra russa, em especial por duas mulheres amigas que trabalham juntas em Roma. A câmera flagra o olhar de cumplicidade entre elas, enquanto o Pontífice cobre com a mão o seu rosto em profunda oração.
O texto da meditação foi modificado no decorrer da celebração, para dar mais espaço à oração e ao silêncio, como explicou a Sala de Imprensa da Santa Sé: "Diante da morte, o silêncio é mais eloquente do que as palavras. Detemo-nos, portanto, num silêncio orante e cada um, no coração, reze pela paz no mundo."
Ao final das 14 estações, o Papa Francisco recitou a seguinte oração:
Pai misericordioso, que fazeis nascer o sol sobre bons e maus, não abandoneis a obra das vossas mãos, pela qual não hesitastes em entregar o vosso único Filho, nascido da Virgem,
crucificado sob Pôncio Pilatos, morto e sepultado no coração da terra, ressuscitado dentre os mortos ao terceiro dia, aparecido a Maria de Magdala, a Pedro, aos outros apóstolos e discípulos, sempre vivo na santa Igreja, o seu Corpo vivo no mundo.
Mantende acesa nas nossas famílias a lâmpada do Evangelho, que ilumina alegrias e sofrimentos, fadigas e esperanças: cada casa espelhe o rosto da Igreja, cuja lei suprema é o amor. Pela efusão do vosso Espírito, ajudai a despojar-nos do homem velho, corrompido pelas paixões enganadoras, e revesti-nos do homem novo, criado segundo a justiça e a santidade.
Segurai-nos pela mão, como um Pai, para que não nos afastemos de Vós; convertei ao vosso coração os nossos corações rebeldes, para que aprendamos a seguir desígnios de paz; fazei que os adversários se deem as mãos, para que saboreiem o perdão recíproco;
desarmai a mão levantada do irmão contra o irmão, para que, onde há ódio, floresça a concórdia.
Fazei que não nos comportemos como inimigos da cruz de Cristo, para participar na glória da sua ressurreição. Ele que vive e reina convosco, na unidade do Espírito Santo, para sempre. Amém. Fonte: https://www.vaticannews.va
A prisão de Jesus
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Orani Joao, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Esta semana – a Semana Santa – é um tempo propício para meditarmos, de modo mais especial, sobre os últimos acontecimentos da vida de Jesus Cristo, Nosso Senhor, em sua entrega plena de amor por nós.
Reflitamos sobre o início de tudo ou o início do fim da vida pública de Cristo neste mundo. É a história de um inocente traído, preso sem direito à ampla defesa, e abandonado pelos seus… Isso é o que vemos se olharmos, cruamente, para os relatos da prisão, sem levarmos em conta a total entrega de Jesus por você e por mim, naquela noite, depois de lavar os pés dos Apóstolos e querer ficar conosco, de modo perpétuo, na Eucaristia.
O primeiro ponto que nos chama a atenção é a traição de Judas, um dos doze, que sempre esteve com o Senhor. Por 30 moedas de prata ele entrega o Mestre e amigo com quem convivera por três anos e de quem fora discípulo. No meio dos discípulos, há um traidor…
O Senhor que é verdadeiro Homem também é verdadeiro Deus e, por isso tudo sabe, de modo a prever: “Um de vós há de me trair”. Cada um dos doze não apontou para o irmão, mas, ao contrário, examinou a própria consciência: “Acaso, serei eu, Senhor? ”, até que o verdadeiro culpado surge. É Judas. Pega o pão, come e sai para concretizar sua traição nefasta e vergonhosa. Volta com os soldados – que também cumpriam ordens – e ainda tem a desfaçatez de dar um beijo no Senhor, que o recrimina docemente: “Judas, com um beijo traís o Filho de Deus? ”
Tudo, porém, já estava feito e o desenlace, que já conhecemos, será celebrado nos próximos dias. O desespero não constrói nada de bom, só leva a desatinos, como o de Judas. Enforcou-se! Seu psicológico não aguentou tamanha covardia para com Aquele que só fez o bem a todos. Peçamos, aqui, duas graças a Deus: a de ser como os Apóstolos, na hora da Ceia, antes de acusar alguém, examinar primeiro a nossa consciência: “que fiz eu de mal, Senhor? Como posso mudar de vida?…” Mas também a de não ser como Judas que trai o Senhor, não mais por 30 moedas, mas, talvez, por um cargo, por um status social, pelo poder etc.
O segundo ponto desta meditação é o despojamento de Cristo totalmente humano ali no Horto das Oliveiras. Quando Pedro corta a orelha do servo do chefe de polícia, Jesus cura o ferido e repreende o líder do Colégio Apostólico mandando-o guardar a espada. Se não quisesse dar a vida por nós, pediria ao Pai e Ele mandaria legiões de anjos que, em pouco tempo, reduziria as centúrias de soldados a cinzas. Mas não é hora da grandeza, e, sim, do despojamento total.
Charles de Foucauld, assassinado em 1916, no Marrocos, Beato da Igreja, aprendeu com o Pe. Huvelin, seu diretor espiritual, uma verdade que bem se aplica a este momento da vida de Jesus e da nossa: “Aprendamos uma coisa, dizia o padre, devemos buscar sempre o último lugar, mas Cristo já o ocupou de tal maneira que só nos resta o penúltimo”. Ora, de Jesus aprendamos a superar a violência, derramando mais amor e nunca (nunca) sangue inocente.
O terceiro ponto, dentro da dramática prisão de Jesus, é a negação covarde de Pedro. Esteve sempre com o Senhor, tem o primeiro lugar entre os doze, fala, em sua teimosia, que vai morrer no lugar de Jesus, mas, na hora decisiva, nega o Mestre como o próprio Senhor previra. “Eu não conheço esse homem”. Que fracasso o de Pedro e também o nosso quando o Evangelho nos chama a dar testemunho de nossa fé com sadia radicalidade. Falamos também: “Estou pronto a morrer pelo Senhor”, mas depois O negamos, nem sempre somos fiéis até o fim.
É preciso, contudo, lembrar que, longe de entrar em um desespero angustiante, Pedro se arrependeu de sua covardia e chorou amargamente. Depois da Ressurreição, reafirmou por três vezes seu amor a Cristo, assumiu a sua função, pregou, de modo destemido, o Evangelho e morreu mártir, em Roma, crucificado de cabeça para baixo. Não se achou digno de falecer como Jesus. Aprendamos com Pedro, não a teimosia nem muito menos a covardia, mas o arrependimento salutar que perdoa as nossas faltas e restitui a nossa dignidade perdida.
O quarto ponto é o julgamento de Jesus em si. Quem O julga tenta se livrar do pecado de condenar um inocente, enquanto Jesus assume os pecados da humanidade. Eis a oposição entre a humildade do Deus-Homem e a arrogância de alguns homens que se julgam deuses e aptos a condenar à morte um inocente. Sem entrar nos detalhes longos do que ocorreu, pois os veremos na Sexta-feira Santa, na Celebração da Paixão, deixo um ponto para reflexão.
Os acusadores e condenadores de Jesus sabem que prendem e condenam um homem puro e soltam Barrabás, um malfeitor. No “calor” do momento pedem que o sangue de Cristo caia sobre eles em forma de maldição. Contudo, Jesus não paga o mal com o mal, mas, sim, com o bem. Retribui-lhes com a bênção de seu sangue redentor, ela dá a cada pecador, sinceramente arrependido, a graça do perdão e da vida eterna. Pensemos nisso. Amém! Fonte: https://catequizar.com.br
SEMANA SANTA 2022
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Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Essa Semana não é diferente daquelas de outros anos, com abertura no Domingo de Ramos, na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, capital da fé do Povo de Deus daquele tempo. Os ramos trazidos pelas pessoas representam a alegria pela presença daquele, apresentado pelos profetas, como a esperança para todos. Ao lado da esperança, estava a preocupação das autoridades de Jerusalém.
Na visão comum da sociedade de então, o rei, que ia nascer, profetizado na literatura do Antigo Testamento, viria como sendo o “salvador da pátria”, com capacidade além do que tinham os reis de seu tempo. Essa ideia causava espanto para as autoridades, e isso foi confirmado quando Jesus é acolhido pela multidão quando entrou, montado em um jumento, na cidade de Jerusalém.
A profundidade do mistério que envolve Jesus Cristo escapa aos olhos da cultura moderna, carente de fé. Não é fácil entender que, na paixão e morte do Senhor, estava o germe da vida cristã, culminando com a Ressurreição, com a Páscoa e com uma vida nova. Acompanhar esse itinerário da Paixão de Cristo na Semana Santa, em novos tempos, é ressignificar a dimensão do mistério da vida.
Já são mais de dois mil anos de cristianismo e os objetivos proféticos da vinda e da vida de Cristo ainda não atingiram o que fora proposto como aliança de Deus com o mundo. O mistério de Deus é colocado em segundo plano, ascendendo cada vez mais as práticas de tudo aquilo que degrada a dignidade da vida humana e o desrespeito para com a natureza, criada para o bem de todos.
A sensibilidade da Semana Santa toca no coração de quem admira Jesus como Deus e Homem, aquele que se despojou de todos os tipos de dignidade próprios de um rei. Foi realmente um caminho difícil, de martírio e de morte, assumido com liberdade e consciência clara quanto aos objetivos desse projeto do Pai. Foi como a semente plantada num campo, que morre para gerar nova vida.
O martírio vem acontecendo na vida de muita gente. É só olhar para a situação dos milhares de refugiados dos últimos tempos. No momento o mundo está sendo sensibilizado diante dos migrantes venezuelanos, dos ucranianos forçados a sair de seu país, sem rumo e sem perspectiva de futuro, buscando refúgio em outros países. A Paixão de Cristo, da Semana Santa, se repete na vida das pessoas. Fonte: https://www.cnbb.org.br
O FREI RADICAL: Fundador da Educafro, frei David ajudou 100 mil jovens negros e pobres a terem acesso ao ensino superior
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LÍLIAN BERALDOCOLABORAÇÃO PARA ECOA, DE BRASÍLIA (DF)
Ajudar o mundo a ser um lugar melhor para todos sempre foi o sonho de frei David dos Santos, 69. A busca por uma sociedade mais igualitária ganhou forma e objetivo em um momento crucial de sua vida: descobrir-se negro no Brasil. Foi a partir dessa autopercepção - e de tudo o que ela carrega - que frei David pautou sua vida e militância.
Ainda nos anos 1960, durante a ditadura militar, o jovem David já se angustiava por ver o sofrimento do povo brasileiro com crescimento de pessoas empobrecidas e do processo de favelização. Uma pergunta não saía de sua cabeça: "qual a minha missão nisso tudo?"
À época, ele avaliou o cenário e pensou que poderia ajudar o país sendo diplomata. "Fui para o Itamaraty, quando ele ainda era no Rio de Janeiro, pedir informação sobre o que fazer para ser diplomata. Lá, a pessoa que me atendeu foi bastante grosseira e falou que não conhecia diplomata negro. Falei: mas eu quero ser diplomata negro. Qual o problema? Não é um espaço público? E ele: 'Você fala inglês? Fala francês? Alemão? Esse espaço não é para você'."
A porta fechada foi decisiva para que ele mudasse os rumos profissionais, mas não para abandonar o sonho de transformar o planeta.
A ditadura militar se tornava mais e mais violenta e o jovem começou a pensar em alternativas e instituições que pudessem enfrentar o poder vigente, mas com menos danos pessoais. Ele encontrou na Igreja Católica a aliada que procurava e foi estudar no Seminário de Petrópolis (RJ).
Eu quis ser frei para ajudar os pobres sem ser classificado pela ditadura como comunista. Foi o meu processo de doação radical a essa causa. Uma busca de como servir ao mundo.
Frei David, ativista e fundador da Educafro
Cursinho para pobres e negros
Durante um evento para adolescentes negros na Baixada Fluminense, frei David perguntou quantos da plateia estavam se preparando para entrar no ensino superior. A resposta foi muito diferente da que ele esperava. Apenas duas pessoas das mais de 100 presentes tinham a intenção de seguir os estudos.
"O passo seguinte foi criar o pré-vestibular comunitário para jovens pobres poderem se preparar para disputar o espaço com os ricos e fazerem a sua faculdade", conta. Surgiu assim a Educafro, ONG que há mais de 30 anos ajuda jovens pobres, em especial negros, a entrarem em universidades em todo o país.
Com sede em São Paulo, a Educafro já garantiu o acesso ao ensino superior a cerca de 100 mil pessoas e esteve à frente de importantes conquistas da população preta e parda, como a Lei de Cotas nas universidades.
Sementes e vidas transformadas
Um dos muitos alunos a passar pelos bancos da ONG foi o assessor parlamentar Ewerton da Silva Carvalho, 30. "Quando eu cheguei, não tinha perspectiva nenhuma de vida. Minha família é muito pobre, não tinha condição de me ajudar nem com passagem", relembra o advogado.
"A Educafro me ajudou a tornar real esse sonho. Foi lá que eu descobri cursinhos comunitários, a existência de políticas de cotas, a entender sobre política. E isso me ajudou a entrar na faculdade sabendo qual era o meu lugar na sociedade", conta Ewerton, que fez cursinho pré-vestibular na instituição e conseguiu uma bolsa de 100% no Programa Universidade para Todos (Prouni).
O advogado credita sua formação profissional e humana aos trabalhos de frei David. "Considero o frei David como um pai. Uma pessoa que moldou o meu caráter todos esses anos. Aprendi muitas coisas com ele. Concordei e discordei", conta Ewerton. A passagem pelo projeto foi tão importante que hoje atua no setor jurídico da Educafro e representa a instituição no Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social do Ministério da Justiça.
Também formada em direito, Keit Lima, 30, afirma que frei David é uma das pessoas mais comprometidas com a equidade racial e com a diminuição da desigualdade no Brasil. "Falar sobre a Educafro é falar sobre comprometimento e coletividade. É uma organização que transforma vidas, e eu sou uma dessas vidas", afirma Keit, que conheceu a Educafro em 2009 e foi aluna da ONG.
Acesso à educação e oportunidades de trabalho
Outra linha de atuação da Educafro é a luta pela garantia de um sistema de cotas, não apenas na educação, mas em diversas áreas. No início dos anos 2000, quando as ações afirmativas começaram a ser pensadas no Brasil, frei David era voz potente em prol da população negra e presença constante nos debates e na imprensa.
As primeiras experiências de cotas raciais começaram a ser implantadas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 2003, e na Universidade de Brasília (UnB), em 2004.
Quase uma década após a criação das primeiras políticas de reserva de vagas para pretos e pardos no ensino público brasileiro, a Lei de Cotas (Lei 12.711/2012) foi aprovada com abrangência nacional, incluindo como critério de reserva de vagas não só a raça como a condição socioeconômica.
"Lotar a votação de negros e negras gritando por seus direitos foi a grande diferença. Se deixasse só na mão de deputados e senadores, até hoje, não teria cota para negro", lembra David das caravanas de jovens até o Congresso Nacional.
Com a conquista das cotas no ensino superior e o consequente aumento de pretos e pardos com graduação, a Educafro estendeu sua linha de atuação para cursinhos preparatórios para concursos de grande visibilidade econômica e social.
"Temos preparatório para concursos do MPF, da Defensoria, de cartórios, de magistratura e assim vai. Atendendo as pessoas que já ganharam reforço da Educafro pelas cotas, na graduação, e agora precisam de reforço, via curso, para entrada em vagas de alta demanda em que não se tem negros", explica. Para essa empreitada, frei David pede apoio de instituições e entidades para que ofereçam bolsas em parceria com a Educafro.
Vitória recente
Na luta incansável para inclusão de pretos, pardos e pobres, frei David comemora uma conquista recente: a aprovação, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), das cotas para afrodescendentes nos concursos de cartórios. Segundo ele, foram 3 anos de batalhas até aprovação da reserva mínima de 20% das vagas para negros. A resolução é válida para os cartórios nos 27 Tribunais de Justiça do Brasil.
A aprovação não escapou de polêmicas e, segundo ele, escancara o racismo ainda presente na sociedade. "No edital do concurso de cartório para o Tribunal de Justiça de São Paulo, por exemplo, estava expresso que os pobres - e os negros são pobres - tinham só um dia para fazer a inscrição com isenção de taxa. Quem é rico tinha 30 dias para fazer a inscrição. Nós, negros, somos as grandes vítimas dessa exclusão. O racismo estrutural está aí", critica. No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56,2% da população se declara negra.
Processos como arma contra racismo
Em uma sociedade estruturalmente racista, a Educafro busca novos mecanismos para combater essa violência direcionada à população negra. Depois de muitos anos de estudo sobre o tema, a entidade compreendeu que uma importante frente de trabalho é a abertura de processos por danos coletivos - uma prática pouco usual no Brasil.
"Tinha um episódio de racismo, fazíamos passeata, chorávamos e acabava por ali. Agora, tem também o processo contra o causador do racismo pedindo danos coletivos", afirma.
Para frei David, essa é uma importante batalha que mostra o amadurecimento da população afrodescendente brasileira. "É mais uma maneira de mostrar que o povo negro está atento e com mais consciência de direitos." Fonte: https://www.uol.com.br
Mapeamento aponta 14,6 mil imóveis em áreas de risco de Angra dos Reis
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Fortes chuvas em Angras dos Reis causam deslizamentos em Angra dos Reis; levantamento parcial elaborado por técnicos da prefeitura em 2019 identificou que mais de 14,6 mil imóveis estão em áreas de risco na cidade Foto: Prefeitura de Angra dos Reis/via Reuters - 02/04/2022
Entre os bairros mais ameaçados, está Monsuaba (com 501 edificações), o mais afetado pela chuva que atingiu a Costa Verde do Rio nos últimos dias, causando deslizamentos e mortes
Priscila Mengue, O Estado de S.Paulo
Levantamento parcial elaborado por técnicos da prefeitura de Angra dos Reis em 2019 identificou que mais de 14,6 mil imóveis estão em áreas de risco. Entre os bairros mais ameaçados, está Monsuaba (com 501 edificações), o mais afetado pela chuva que atingiu a Costa Verde do Rio nos últimos dias, causando deslizamentos e mortes.
O mapeamento não informa a classificação de risco dos locais (de baixo a muito alto). Segundo o documento, a avaliação foi feita in loco, por meio de vistorias em conjunto com a Defesa Civil.
Em 2013, o Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ) publicou o Diagnóstico Sobre Risco a Escorregamentos no Estado do Rio, no qual apontava Angra dos Reis, Niterói, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo como as cidades com mais setores de risco iminente. Petrópolis, na região serrana, teve a maior tragédia da sua história neste ano, com 234 mortos após um temporal recorde em fevereiro.
“(As regiões têm) Características que apontam para uma possibilidade muito alta de ocorrência de escorregamentos com danos: vertentes íngremes, amplitudes topográficas expressivas, maciços rochosos fraturados, depósitos de tálus e solos residuais dispostos diretamente sobre rocha, combinadas com ocupação urbana densa e vulnerável”, aponta o documento do DRM-RJ.
O documento reconhece que desastres não são um risco só quando há eventos extremos. Ele ressalta que há locais com “alta probabilidade de ocorrência de escorregamentos com danos, mesmo num cenário de chuvas não excepcionais, ou seja, chuvas regulares que ocorrem todos os anos, principalmente no verão”.
O Plano de Emergência do Estado, de 2020, admite “grande dificuldade de realocar e remover grandes contingentes populacionais em uma região de topografia acidentada”, como a Região Serrana, Costa Verde, Sul Fluminense, entre outras. Isso, continua o documento, é “um dos maiores entraves a qualquer política que vise ou venha a objetivar a prevenção de desastres naturais.” Cientistas dizem que eventos climáticos extremos ficarão cada vez mais frequentes com o aquecimento global.
Levantamento de 2011 aponta 318 casas em risco em Paraty
Uma carta geológica elaborada pelo Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ) em 2011 apontou 38 setores de "risco iminente a escorregamentos" em Paraty, incluindo 318 casas, além de outros imóveis, como escolas, pousadas e bares. Na época, a estimativa era de que 1.274 pessoas estavam “sob risco”.
No Plano de Contingências do Estado do Rio de Janeiro Para Chuvas Intensas - Verão 2021/2022, é destacado que "desastres no Estado do Rio de Janeiro têm ocorrido com frequência e intensidade e acompanham a expansão desordenada das áreas urbanas e também devido às mudanças climáticas globais". "As necessidades estruturais, humanas e ambientais, bem como as políticas públicas que, em geral, não contemplam de forma eficiente o tema desastre, refletindo no aumento do número de mortos, feridos, causando danos e prejuízos públicos e privados vultosos, insegurança de investidores e estagnação econômica do Estado." Fonte: https://brasil.estadao.com.br
AINDA É TEMPO DE PENITÊNCIA
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Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
O fruto de uma autêntica penitência, que é a conversão do coração a Deus, pode perder-se se cai na tentação, que não é só de épocas remotas, de tentar esquecer que o pecado é pessoal com consequências sociais e comunitárias. Deus quer que o pecador se converta e viva, mas este deve cooperar com o arrependimento e com as obras de penitência. No seu sentido próprio e verdadeiro, o pecado – dizia São João Paulo II – “é sempre um ato da pessoa, porque é um ato de um homem, individualmente considerado, e não propriamente de um grupo ou de uma comunidade.
Descarregar o homem dessa responsabilidade seria obliterar a dignidade e a liberdade da pessoa, que também se revelam – se bem que negativa e desastrosamente – nessa responsabilidade pelo pecado cometido. Por isso, em todos e em cada um dos homens, não há nada tão pessoal e intransferível como o mérito da virtude ou a responsabilidade da culpa.
Assim, é uma graça do Senhor não deixarmos de arrepender-nos dos nossos pecados passados nem mascararmos os presentes, mesmo que não passem de imperfeições. Que também nós passamos dizer: Eu reconheço a minha iniquidade e o meu pecado está sempre a minha frente (Sl 50,5).
É verdade que um dia confessamos as nossas culpas e o Senhor nos disse: Vá e não tornes a pecar. Mas os pecados deixam um vestígio na alma. “Perdoada a culpa, permanecem as relíquias do pecado, disposições causadas pelos atos anteriores, embora fiquem debilitadas e diminuídas, de maneira que não dominam o homem e permanecem mais em forma de disposição que de hábito. Além disso, existem pecados e faltas que não chegamos a perceber por falta de espírito de exame, por falta de delicadeza de consciência… são como más raízes que ficaram na alma e que é necessário arrancar mediante a penitência para impedir que produzam frutos amargos”.
Muitos são os motivos que temos para fazer penitência neste tempo da Quaresma, e devemos concretizá-la em pequenas coisas: em mortificar os nossos gostos nas refeições – em viver a abstinência que a Igreja manda – , em ser pontuais, em vigiar a imaginação. E também em procurar, com o conselho do diretor espiritual, do confessor, outros sacrifícios de maior importância, que nos ajudem a purificar a alma e a reparar os pecados próprios e alheios.
O pecado seja sempre uma ofensa pessoal a Deus, não deixa de produzir efeitos nos demais homens. Para bem ou para o mal, estamos sempre influindo naqueles que estão ao nosso lado, na Igreja e no mundo, e não apenas pelo bom ou mau exemplo que lhes damos ou pelos resultados diretos das nossas ações. Esta é a outra face daquela solidariedade que, em nível religioso, se desenvolve no profundo e magnífico mistério da Comunhão dos santos, graças à qual se pode dizer que cada alma que se eleva, eleva o mundo.
O Senhor pede-nos que sejamos motivo de alegria e luz para toda a Igreja. No meio do nosso trabalho e das nossas tarefas, ser-nos-á de grande ajuda pensar nos outros, saber que somos apoio- também mediante a penitência – para todo o Corpo Místico de Cristo, e em especial para aqueles que, ao longo da vida, o Senhor foi colocando ao viveres, serás de bom grado um homem penitente. E compreenderás que a penitência é gaudium etsi laboriosum – alegria, embora trabalhosa. E te sentirás “aliado” de todas as almas penitentes que foram, são e serão. Terás mais facilidade em cumprir o teu dever, se pensares na ajuda que te prestam os teus irmãos e na que deixas de prestar-lhes se não és fiel.
A penitência que o Senhor nos pede, como cristãos que vivem no meio do mundo, deve ser discreta, alegre…, uma penitência que quer permanecer inadvertida, mas que não deixa de traduzir-se em atos concretos. Além disso, não faz mal que vez por outra se percebam as nossas penitências. Se foram testemunhas das tuas fraquezas e misérias, que importa que o sejam da tua penitência?
Uma penitência que agrada muito a Deus é aquela que se manifesta em atos de caridade e que tende a facilitar aos outros o caminho que conduz a Deus, tornando-o mais amável. As nossas oferendas ao Senhor devem caracterizar-se pela caridade: saber pedir perdão àqueles a quem ofendemos; assumir plenamente o sacrifício que supõe cuidar da formação de alguém que está sob a nossa responsabilidade; ser pacientes; saber perdoar com prontidão e generosidade. A este respeito, nos diz São Leão Magno: “Ainda que sempre seja necessário aplicar-se à santificação do corpo, agora sobretudo, durante os jejuns da Quaresma, deveis aperfeiçoar-vos pela prática de uma piedade mais ativa. Daí esmola, que é muito eficaz para nos corrigirmos das nossas faltas; mas perdoai também as ofensas e abandonai as queixas contra aqueles que vos fizeram algum mal” (São Leão Magno, Sermão 45 – Sobre a Quaresma).
Que a Bem-Aventurada Virgem Maria nos ajude nesta etapa de santificação já caminhando para o final do tempo quaresmal e nos convida a conversão e a ter um coração completamente voltado para amar ainda mais a Deus e o próximo. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Manteve a esperança até nas asperezas dos campos de concentração
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osservatoreromano. 08 de março-2022.
Tito Brandsma foi um padre carmelita, professor universitário, escritor, ecumenista, respeitado conferencista e jornalista na Holanda.
Foi preso em 19 de janeiro de 1942 por falar contra o regime nazi e trabalhar para alinhar os jornais católicos do país com os ensinamentos da Igreja sobre o nazismo.
Na época, o regime nazi ocupava a Holanda, terra natal do padre Brandsma, e tentava alinhar seu povo com o dogma nazista. Brandsma foi finalmente morto no campo de concentração de Dachau em 26 de julho de 1942.
«Esta é uma notícia que esperávamos há muito tempo e que vem como resultado do reconhecimento da Igreja da santidade e testemunho de Titus Brandsma», disse o Padre Míceál O’Neill, O. Carm., Prior-geral da Ordem Carmelita. «É significativo que tenhamos esta celebração em um momento em que a verdade e a integridade estão sofrendo seriamente nos grandes conflitos que agora ameaçam a paz do mundo».
Como professor, conferencista e jornalista, Brandsma era bem conhecido na Holanda e tinha-se manifestado contra a filosofia nazista nas suas aulas e discursos, antes e durante a Segunda Guerra Mundial.
Como assistente eclesiástico da União de Jornalistas Católicos, visitou editoras católicas, em todo o país, em nome dos bispos católicos para os incentivar a permanecerem firmes contra a impressão de propaganda nazista.
Como presidente da União das Escolas Católicas, trabalhou para derrubar a exigência nazi de expulsar as crianças judias das escolas. Ignorou os regulamentos nas escolas carmelitas. Protestou ainda, quando o governo cortou os salários dos professores em 40%.
As suas opiniões sobre o nazismo eram bem conhecidas na Holanda e dentro do establishment nazista. Foi apelidado de «o pequeno papagaio-do-mar perigoso».
Para os jornalistas católicos, tornou-se um modelo de vocação jornalística, convicção ética e compromisso com a verdade. Por isso, em 1988, a União Católica Internacional de Jornalistas ( UCIP ) criou o Prémio Titus Brandsma, que é concedido, a cada três anos, a jornalistas ou organizações que se destacam pelo compromisso com o valor da busca da verdade.
Brandsma recebeu vários prémios ao longo de sua vida, incluindo o título de Reitor Magnífico da Universidade Católica de Nijmegen e a «Ordem do Leão Holandês» da Rainha Wilhelmina, pelos seus ministérios altruístas.
Recebeu também muitos testemunhos, após sua morte, de pessoas de todas as religiões. Todos refletem que Brandsma manteve a esperança entre pessoas de todas as religiões, mesmo nas horas mais sombrias dos campos de concentração.
Entre os muitos testemunhos poderosos da exemplaridade cristã de Brandsma nos campos está o de um pastor protestante: Posso atestar que Titus Brandsma era um filho de Deus pela graça de Jesus Cristo.
Outros falaram de um respeito e afeição geral por Brandsma pela sua maneira descontraída e amigável. «Ele não conhecia ódio nem aversão, nem impaciência nem aspereza».
O processo diocesano de beatificação e canonização de Tito Brandsma começou na diocese de Den Bosch, na Holanda, em 1952: foi o primeiro processo sobre um suposto mártir do nacional-socialismo. Em 3 de novembro de 1985, São João Paulo II beatificou o padre Tito Brandsma como mártir da fé.
Em julho de 2016, iniciou-se na Diocese de Palm Beach (Flórida) uma investigação diocesana sobre um suposto milagre atribuído à intercessão do Beato, a saber, a recuperação de um melanoma maligno metastático nos gânglios linfáticos do Padre Michael Driscoll, O. C arm.
Em novembro de 2020, o Conselho Médico, nomeado pela Congregação para as Causas dos Santos, reconheceu a inexplicabilidade científica da cura do câncer do padre Driscoll, que foi atribuída à intercessão do Beato Tito Brandsma.
Em 25 de maio de 2021, o Congresso de Consultores Teológicos reconheceu o milagre.
A mesma opinião foi expressa pelos Cardeais e Bispos na Sessão Ordinária de 9 de novembro de 2021.
Finalmente, em 25 de novembro de 2021, o Papa Francisco autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar o decreto referente ao milagre atribuído à intercessão do Beato Tito Brandsma, abrindo caminho para sua canonização.
Em 4 de março de 2022, durante o Consistório Ordinário Público, o Papa Francisco confirmou a opinião dos Cardeais e Bispos e anunciou a data de sua canonização. Fonte: https://www.osservatoreromano.va
Jornalista e cineasta Arnaldo Jabor morre aos 81 anos
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Ele estava internado desde o dia 17 de dezembro no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, após sofrer um AVC
Morreu nesta terça-feira (15), aos 81 anos, o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor. Ele estava internado desde o dia 17 de dezembro no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, após sofrer um AVC.
Integrante da geração do chamado “cinema novo”, Arnaldo Jabor se tornou conhecido por seus comentários na TV Globo desde os anos 90.
Lançou o primeiro filme em 1967, “A Opinião Pública”, e outros, como “Eu Te Amo”, de 1981. Publicou ainda livros como "Os Canibais Estão na Sala de Jantar", de 1993, e "O Malabarista - Os Melhores Textos de Arnaldo Jabor", de 2014. Fonte: https://www.band.uol.com.br
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