Sexta-feira, 1º de novembro-2024. 30º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 1-6)
1Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 2Havia ali um homem hidrópico. 3Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: É permitido ou não fazer curas no dia de sábado? 4Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5Depois, dirigindo-se a eles, disse: Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de sábado? 6A isto nada lhe podiam replicar.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz mais um episódio de discussão entre Jesus e os fariseus, acontecido durante a longa viagem de Jesus desde a Galiléia até Jerusalém. É muito difícil de situar este fato no contexto da vida de Jesus. Existem semelhanças com um fato narrado no evangelho de Marcos (Mc 3,1-6). Provavelmente, trata-se de uma das muitas histórias transmitidas oralmente e que, na transmissão oral, foram sendo adaptadas de acordo com a situação, as necessidades e as esperanças do povo das comunidades.
Lucas 14,1: O convite em dia de sábado
“Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam”. Esta informação inicial sobre refeição na casa de um fariseu é o gancho para Lucas contar vários episódios que falam da refeição: cura do homem doente (Lc 14,2-6), escolha dos lugares à mesa (Lc 14,7-11), escolha dos convidados (Lc 14,12-14), convidados que recusam o convite (Lc 14,15-24). Muitas vezes Jesus é convidado pelos fariseus para participar das refeições. No convite deve ter havido também um motivo de curiosidade e um pouco de malícia. Querem observar Jesus de perto para ver se ele observa em tudo as prescrições da lei.
Lucas 14,2: A situação que vai provocar a ação de Jesus
“Havia um homem hidrópico diante de Jesus”. Não se diz como um hidrópico pôde entrar na casa do chefe dos fariseus. Mas se ele está diante de Jesus é porque quer ser curado. Os fariseus que o observam Jesus. Era dia de sábado, e em dia de sábado é proibido curar. O que fazer? Pode ou não pode?
Lucas 14,3: A pergunta de Jesus aos escribas e fariseus
“Tomando a palavra, Jesus falou aos especialistas em leis e aos fariseus: "A Lei permite ou não permite curar em dia de sábado?" Com a sua pergunta Jesus explicita o problema que estava no ar: pode ou não pode curar em dia de sábado? A lei permite, sim ou não? No evangelho de Marcos, a pergunta é mais provocadora: “Em dia de sábado pode fazer o bem ou o mal, salvar ou matar?” (Mc 3,4).
Lucas 14,4-6: A cura
Os fariseus não responderam e ficaram em silêncio. Diante do silêncio de quem não aprova nem desaprova, Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. Em seguida, para responder a uma possível crítica, explicitou o motivo que o levou a curar: "Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tiraria logo, mesmo em dia de sábado?" Com esta pergunta Jesus mostra a incoerência dos doutores e dos fariseus. Se qualquer um deles, em dia de sábado, não vê problema nenhum em socorrer a um filho ou até a um animal, Jesus também tem o direito de ajudar e curar o hidrópico. A pergunta de Jesus evoca o salmo, onde se diz que o próprio Deus socorres a homens e animais (Sl 36,8). Os fariseus “não foram capazes de responder a isso” . Pois diante da evidência não há argumento que a negue.
4) Para um confronto pessoal
1) A liberdade de Jesus diante da situação. Mesmo observado por quem não o aprova, ele não perde a liberdade. Qual a liberdade que existe em mim?
2) Há momentos difíceis na vida, em que somos obrigados a escolher entre a necessidade imediata de um próximo e a letra da lei. Como agir?
5) Oração final
Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembléia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)
Papa: percorrer a santidade pela prática das Bem-aventuranças no dia a dia
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O caminho da santidade, recordou o Papa no Angelus desta sexta-feira, 1º de novembro e Dia de Todos os Santos, começa pelo comprometimento em primeira pessoa em "praticar as Bem-aventuranças do Evangelho nos ambientes em que vivo". Tantos os santos venerados nos altares como aqueles da "porta ao lado" são "pessoas 'cheias de Deus', incapazes de permanecer indiferentes às necessidades do próximo; testemunhas de caminhos luminosos, possíveis também para nós".
Andressa Collet - Vatican News
Neste 1º de novembro a Igreja celebra o Dia de Todos os Santos, feriado na Itália, mas não no Brasil que o faz no domingo, dia 3 de novembro. Na Praça São Pedro, também ponto de partida para a tradicional Corrida dos Santos na sua décima sexta edição com 4 mil atletas, o Papa refletiu no Angelus sobre o Evangelho do dia (cf. Mt 5,1-12) e as Bem-aventuranças proclamadas por Jesus, que são "a carteira de identidade do cristão e o caminho da santidade", aquele feito por amor, "que Ele mesmo percorreu primeiro ao se tornar homem, e que para nós é tanto um dom de Deus quanto a nossa resposta".
O caminho da santidade
É dom de Deus, explicou Francisco, porque, é para Ele "que pedimos que nos faça santos, que torne o nosso coração semelhante ao seu", de modo que em nós, como dizia o Beato Carlo Acutis, "tenha sempre 'menos de mim para dar lugar a Deus'". O que nos leva ao segundo ponto, continuou o Pontífce, a nossa resposta:
O Pai do céu, de fato, nos oferece a sua santidade, mas não a impõe a nós. Ele a semeia em nós, nos faz sentir o gosto e ver a beleza, mas depois espera e respeita o nosso “sim”. Deixa a nós a liberdade de seguir as suas boas inspirações, de nos deixarmos envolver por seus projetos, de fazer nossos os seus sentimentos (cf. Dilexit nos, 179), colocando-nos, como Ele nos ensinou, a serviço dos outros, com uma caridade cada vez mais universal, aberta e dirigida a todos, ao mundo inteiro.
Tudo isso vemos na vida dos santos, apronfundou o Papa, ao citar o caminho da santidade feito por "São Maximiliano Kolbe, que em Auschwitz pediu para tomar o lugar de um pai de família condenado à morte; ou em Santa Teresa de Calcutá, que passou sua existência a serviço dos mais pobres entre os pobres; ou no bispo São Óscar Romero, assassinado no altar por ter defendido os direitos dos últimos contra os abusos dos prepotentes". Santos "moldados pelas Bem-aventuranças" que são venerados nos altares, sem esquecer "aqueles que estão 'na porta ao lado', com quem convivemos todos os dias" e são "pessoas 'cheias de Deus', incapazes de permanecer indiferentes às necessidades do próximo; testemunhas de caminhos luminosos, possíveis também para nós".
“Perguntemo-nos então: eu peço a Deus, em oração, o dom de uma vida santa? Deixo-me guiar pelos bons impulsos que o seu Espírito desperta em mim? E me comprometo em primeira pessoa a praticar as Bem-aventuranças do Evangelho nos ambientes em que vivo?” Fonte: www.vaticannews.va
O Dia de Finados que estendemos ao infinito
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Seguimos nos portando como quem guarda a garrafa térmica na geladeira para conservar a água quente
Por Flávio Tavares
Jornalista, escritor (Prêmio Jabuti 2000 e 2005; Prêmio APCA 2004) e professor aposentado da Universidade de Brasília, Flávio Tavares escreve mensalmente na seção Espaço Aberto
Na véspera do Dia de Finados é imprescindível falar da vida e não da morte. Morrer faz parte da existência. É um fim em si mesmo, definido popularmente pelo velho refrão de que “para morrer, basta estar vivo”. No entanto, estamos acelerando a morte da vida no planeta com o descuido contínuo que faz surgir a crise climática atual. As mudanças climáticas são antigas, não surgiram nas últimas décadas. Talvez tenham até alguns séculos, desde quando na “idade da pedra” se acenderam as primeiras fogueiras. Incrementaram-se e cresceram, porém, com a “Revolução Industrial”, que nos facilitou o viver no dia a dia, mas terminou por nos tirar muito mais do que, agora, nos proporciona em bem-estar.
Só nas últimas décadas, porém, a ciência e os cientistas descobriram as “mudanças climáticas” como um fenômeno provocado por nosso desleixo para com a vida no planeta. Passamos a conhecer o “efeito estufa” como o verdadeiro vilão da vida, sempre à espreita para nos destruir gradativamente. É ele o responsável pela seca na Amazônia (onde, antes, chovia todos os dias) tanto quanto pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul. Ou até pela ventania e temporais que afetaram o abastecimento de energia elétrica em São Paulo. Surge a pergunta: a natureza será má? Ou a maldade está em nós mesmos como conjunto da sociedade ao não responsabilizar os governantes por deixarem de adotar as medidas pelas quais são responsáveis?
Aí está o Acordo de Paris, assinado pelos governos de 195 países, mas que, na prática, deixou de ser um compromisso e se tornou quase um mero documento burocrático. O Brasil é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo e, por isso, deve apresentar medidas concretas na próxima reunião climática a realizar-se no Azerbaijão. Nada ou muito pouco, porém, se faz aqui com o que se chama de “Contribuição Nacionalmente Determinadas” (ou NDC na sigla em inglês de Nationally Determined Contributions) para alinhar esforços e atingir a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau centígrado em comparação com os níveis pré-industriais, sem que isso afete a economia e o desenvolvimento.
Quais as medidas práticas para deter o efeito estufa e obter emissões zero até a metade deste século? O mundo está chegando à beira do colapso. No entanto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas afirma que “ainda há tempo” de “mudar a rota” e estabilizar o aumento da temperatura em 1,5 grau centígrado, evitando o colapso. Em 2023, o aquecimento variou de 2,1 graus a 2,8 graus centígrados. Seguimos, porém, nos portando como quem guarda a garrafa térmica na geladeira para conservar a água quente…
Tratando ainda de preservação ambiental, surge a água como problema fundamental a resolver. Em São Paulo e cidades menores ao longo do Brasil, seguimos lavando calçadas e automóveis com água tratada, num desperdício que podemos chamar de criminoso. O problema se agiganta com um número que esquecemos: 47,6% da população do Brasil não tem acesso à água tratada nem à coleta de esgoto. E apenas 46% dos esgotos são tratados.
Assim, tudo se degrada, da saúde dos habitantes ao ecossistema aquático. Não é preciso nem sequer buscar exemplos lá fora para demonstrar o quase horror. Junto à maior cidade do Brasil, a Represa Billings (que vai completar cem anos em 2025) é o mais importante reservatório paulistano de água. No entanto, a maioria das moradias junto à represa não tem acesso adequado a esgoto e nem sequer à água tratada. Os detritos e resíduos, a começar pelas fezes, são lançados na própria represa que, por outro lado, irá tratar essa água que vai abastecer os paulistanos. Qual a explicação disso?
Dir-se-á que a desordenada urbanização das áreas junto à represa é responsável por esse duplo problema que, por sua vez, foi provocado pela migração de famílias vindas do Nordeste e de outras regiões do Brasil em busca de trabalho. Ainda que essa migração verdadeiramente tenha ocorrido (e que São Paulo tenha até o apelido de “maior cidade do Nordeste”), só a cegueira e inação dos governantes pode explicar tudo isso.
Há outras situações a mostrar que o horror se estende. A tragédia de Mariana, em Minas Gerais, onde uma barragem da Samarco se rompeu em 2015, matou 19 pessoas e devastou com lama tóxica (que chegou ao Rio Doce) uma área equivalente a 13 mil piscinas olímpicas, só poucos dias atrás teve o que se chamou de “solução”, após nove anos. De fato, essa “solução” é monetária ou indenizatória e não recupera por si só as regiões devastadas nem ressuscita os mortos, obviamente. O valor total das indenizações chega a R$ 170 bilhões, e o acordo se fez dias depois de um tribunal iniciar em Londres o julgamento do mesmo episódio, já que a Samarco (geradora do rompimento) é empresa de capital inglês e australiano, além da brasileira Vale. Fonte: www.estadao.com.br
Por tudo isso, indago agora: não estaremos estendendo ao infinito o Dia de Finados?
* JORNALISTA E ESCRITOR, PRÊMIO JABUTI DE LITERATURA 2000 E 2005, PRÊMIO APCA 2004, É PROFESSOR APOSENTADO DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Domingo, dia 3- A solenidade de Todos os Santos
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Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
Amados irmãos e irmãs, neste dia 03 de novembro, transferido no Brasil por decisão da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – para o domingo, celebramos a Solenidade de Todos os Santos, uma festa de grande alegria e esperança para nós, cristãos. Este dia nos convida a olhar para a multidão de homens e mulheres que, vivendo em diversas épocas e circunstâncias, alcançaram a santidade e agora estão na glória de Deus. Esses santos são nossos modelos e intercessores, e a celebração de hoje nos lembra que todos nós somos chamados à santidade, como nos diz São Paulo: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3).
Na primeira leitura, do Livro do Apocalipse, o apóstolo João nos oferece uma visão gloriosa do céu: “Vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do trono e diante do Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas na mão” (Ap 7,9). Esta imagem nos revela que os santos são uma multidão inumerável, vindos de todos os lugares, unidos em torno de Cristo, o Cordeiro de Deus. Eles foram lavados pelo sangue do Cordeiro e agora participam da glória eterna. Eles estão lá porque viveram uma vida de fidelidade a Deus, superando tribulações e provações, como se diz mais adiante: “São aqueles que vieram da grande tribulação e lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14).
Essa visão é uma fonte de grande esperança para nós, pois nos lembra que o caminho para a santidade está aberto a todos. Não importa de onde viemos ou quais foram as nossas dificuldades, todos podemos alcançar a santidade, se seguirmos o caminho de Cristo.
Na segunda leitura, da Primeira Carta de São João, ouvimos uma verdade profunda e transformadora: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” (1Jo 3,1). O apóstolo nos lembra que, como filhos de Deus, estamos destinados à santidade. Somos chamados a viver como verdadeiros filhos de Deus, imitando Cristo e conformando nossas vidas ao Seu ensinamento. João nos exorta a manter nossa esperança firmemente em Deus, porque “quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é” (1Jo 3,2). A santidade consiste em permitir que essa semelhança com Cristo cresça em nós, dia após dia.
Ser santo, portanto, não é algo reservado a um grupo seleto. A santidade é o chamado fundamental de todo cristão. Muitas vezes pensamos nos santos como figuras distantes e inatingíveis, mas hoje somos lembrados de que eles eram homens e mulheres como nós. Eles experimentaram desafios, fraquezas e provações, mas confiaram em Deus e seguiram o caminho do amor, da fé e da justiça. Como nos ensina o Papa Francisco, “todos somos chamados a ser santos vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia” (Gaudete et Exsultate, 14).
No Evangelho de hoje (Mt 5,1-12a), ouvimos as palavras de Jesus sobre as Bem-Aventuranças, que nos mostram o caminho concreto para a santidade. As Bem-Aventuranças são o coração do ensinamento de Cristo e revelam a verdadeira felicidade e o caminho para o Reino dos Céus. Jesus nos ensina que os pobres de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz e os perseguidos por causa da justiça são aqueles que são bem-aventurados, ou seja, verdadeiramente felizes.
Cada uma dessas Bem-Aventuranças é uma característica dos santos. Eles viveram essas palavras de Jesus em suas vidas, e por isso foram transformados à imagem de Cristo. Eles foram pobres de espírito, reconhecendo sua dependência de Deus; foram mansos, buscando a paz em vez da violência; foram misericordiosos, oferecendo perdão em vez de vingança. Os santos foram aqueles que confiaram em Deus em todas as circunstâncias, mesmo diante da perseguição e da injustiça.
Nós também somos chamados a viver as Bem-Aventuranças. Esse é o caminho da santidade. Não se trata de um ideal inalcançável, mas de uma vida vivida na simplicidade do dia a dia, buscando fazer a vontade de Deus em todas as coisas.
Queridos irmãos e irmãs, a Solenidade de Todos os Santos nos lembra de que a santidade é o destino de cada um de nós. Somos chamados a seguir o exemplo dos santos e a viver as Bem-Aventuranças em nossa vida diária. A santidade não é uma vocação para poucos, mas para todos os que amam a Deus e procuram seguir o Seu caminho. Como nos diz São Paulo: “Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef 1,4).
Neste dia, peçamos a intercessão de todos os santos, para que possamos perseverar no caminho da fé, da esperança e do amor. Que possamos, um dia, juntar-nos a eles na glória eterna, celebrando a vitória de Cristo, o Cordeiro de Deus. Amém. Fonte: www.cnbb.org.br
TERESA, JOÃO E A ESPIRITUALIDADE CARMELITANA
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Na vida e nos escritos de Teresa e de João, vemos que a vida espiritual não está dissociada da vida real. A espiritualidade carmelitana, com suas raízes na Regra e na experiência dos eremitas no Monte Carmelo, deu origem a muitos movimentos nos 800 anos de sua existência. A maioria desses movimentos enfatizou a contemplação e Teresa e João são autoridades renomadas nesta área. Os dois falam da possibilidade de experimentar o divino e do caminho que deve ser seguido rumo à oração.
Teresa e João faziam parte de um amplo movimento, mais forte na Espanha, que enfatizava a chamada “oração intelectual”. Sabemos que surgiram todos os tipos de problemas com este movimento e que isso incluiu a Inquisição. Ocasionalmente, Teresa e João eram denunciados a este órgão por seus inimigos mas nada sério veio das acusações, embora os dois tivessem que ser cautelosos. Apesar dos perigos, Teresa e João não podiam ignorar o chamado. Eles estavam respondendo com seus corações Àquele que os amava. A definição de Teresa de oração intelectual era muito simples e, ao mesmo tempo, muito profunda: “não é nada mais do que uma partilha íntima entre amigos; significa dedicar freqüentemente um tempo para estar a sós com Ele, aquele que sabemos que nos ama” (Vida 8,5). João escreve: “Aquele que foge da oração, foge de tudo que é bom” (Outras Máximas, 11).
Através da história da Ordem, é inquestionável que a contemplação sempre foi compreendida como o coração do carisma carmelitano. O Institutio Primorum Monachorum, que por centenas de anos foi o documento de formação para todos os jovens carmelitanos, diz: “O objetivo desta vida é duplo: Uma parte adquirimos através de nossos próprios esforços e pelo exercício das virtudes, com a ajuda da graça divina. Significa oferecer a Deus um coração que é sagrado e puro da verdadeira mancha do pecado. Alcançamos este objetivo quando somos perfeitos e ‘no Carit’, isto é, escondidos naquela caridade que o Homem Sábio cita, ‘O amor cobre ofensas’ (Pr 10,12). ... O outro objetivo da vida nos é dado como dom gratuito de Deus; ou seja, não apenas após a morte mas nesta vida mortal, para saborear algo no coração e experimentar na mente o poder da presença divina e a doçura da glória celestial” (Livro 1, cap. 3).
Santa Teresa e São João da Cruz foram bem formados na tradição carmelitana e lembraram a Ordem de sua inspiração inicial, como o fizeram todas as outras reformas através da história da Ordem. Ocasionalmente a Contemplação foi definida de diferentes maneiras e essas formas de compreendê-la estiveram mais ou menos em contato com a realidade das vidas dos verdadeiros carmelitanos. Na atual apresentação do carisma carmelitano, a Ordem diz o seguinte: “Os carmelitas buscam viver sua obediência a Jesus Cristo pelo compromisso de buscar a face do Deus vivo (a dimensão contemplativa da vida), pela fraternidade e pelo serviço no meio do povo” (Const. 14). Outro artigo da Constituição diz: “A tradição da Ordem sempre interpretou a Regra e o carisma fundador como expressões da dimensão contemplativa da vida e os grandes mestres espirituais da Família Carmelitana sempre retornaram a esta vocação contemplativa” (Const. 17). O mesmo artigo das Constituições assim descreve a contemplação: “uma experiência transformadora do irresistível amor de Deus. Esse amor nos esvazia de nossos modos humanos limitados e imperfeitos de pensar, amar e comportar-se, transformando-os em modos divinos” (Const. 17).
A Ratio esclarece o papel da contemplação no carisma da Ordem: A dimensão contemplativa não é meramente aquela dos elementos de nosso carisma (oração, fraternidade e serviço): é o elemento dinâmico que os unifica.
Na oração nos abrimos para Deus, que, por sua ação, nos transforma gradualmente através de todos os grandes e pequenos eventos de nossas vidas. Esse processo de transformação permite que participemos e experimentemos relacionamentos fraternos autênticos; nos coloca prontos para servir, capazes de compaixão e de solidariedade, e nos dá a capacidade de colocar diante do Pai as aspirações, as angústias, as esperanças e as súplicas do povo.
A fraternidade é o campo de provas da autenticidade da transformação que está acontecendo dentro de nós (Ratio 23). A Ratio continua: Através dessa transformação gradual e contínua em Cristo, que se realiza em nós pelo Espírito, Deus nos leva para si mesmo numa jornada interior que nos tira das margens dispersivas da vida para o âmago interior de nosso ser, onde ele vive e nos une a si mesmo.
O processo interior que leva ao desenvolvimento da dimensão contemplativa nos ajuda a adquirir uma atitude de abertura à presença de Deus na vida, nos ensina a ver o mundo com os olhos de Deus e nos inspira a buscar, reconhecer, amar e servir a Deus naqueles que estão ao nosso redor (Ratio 24).
Algumas pessoas vêem dificuldades entre o modo como as Constituições e a Ratio compreendem o carisma. Eu, pessoalmente, não vejo. O deserto foi usado muitas vezes como eufemismo para a jornada da contemplação (cf. Living Flame B, 3,38).
Papa: Maria nos precede no caminho rumo à união definitiva com o Senhor
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Nesta quinta-feira, 15 de agosto, dia em que a Igreja celebra a Solenidade da Assunção da Virgem Maria, celebrada no Brasil no próximo domingo (18/08), o Papa Francisco refletiu durante a oração mariana do Angelus sobre a visita de Nossa Senhora à sua prima Isabel. Segundo o Pontífice, essa é "uma metáfora de toda a sua vida, pois, a partir desse momento, Maria estaria sempre em caminho, seguindo Jesus como discípula do Reino".
Thulio Fonseca - Vatican News
“Hoje celebramos a Solenidade da Assunção da Virgem Maria e contemplamos a jovem de Nazaré que, assim que recebeu o anúncio do Anjo, partiu em visita à sua prima Isabel.”
Como destacou o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus nesta quinta-feira, 15 de agosto, a Igreja celebra o mistério da Assunção ao Céu da Mãe de Jesus, uma festa litúrgica que, no Brasil, será comemorada no próximo domingo, 18/08.
Maria está sempre a caminho
Ao refletir sobre o Evangelho da liturgia proposto para esta Solenidade (Lc 1,39-56), o Pontífice destacou a expressão “partiu”. Segundo Francisco, isso significa que Maria não considerou um privilégio a notícia que recebeu do Anjo, mas, ao contrário, saiu de casa e se pôs a caminho com a pressa de quem deseja anunciar essa alegria aos outros e com a preocupação de se colocar ao serviço de sua prima.
“Essa primeira viagem, na realidade, é uma metáfora de toda a sua vida, pois, a partir desse momento, Maria estaria sempre em caminho, seguindo Jesus como discípula do Reino. E, ao final, sua peregrinação terrena se encerra com a Assunção ao Céu, onde, junto a seu Filho, goza para sempre da alegria da vida eterna.”
“Irmãos e irmãs, não devemos imaginar Maria como uma ‘estátua imóvel de cera’; nela podemos ver uma ‘irmã... com as sandálias gastas... e com tanto cansaço nas veias’, pelo fato de ter caminhado seguindo o Senhor e ao encontro dos irmãos, concluindo então a sua viagem na glória do Céu. Assim, a Virgem Santa é aquela que nos precede no caminho, lembrando a todos nós que também a nossa vida é uma viagem contínua rumo ao horizonte do encontro definitivo."
"Rezemos à Nossa Senhora para que nos ajude a seguir nesta jornada rumo ao encontro com o Senhor", concluiu o Papa Francisco. Fonte: https://www.vaticannews.va
Congresso da Ordem Terceira do Carmo: Frei Carlos Mesters-01
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No vídeo, Palestra de Frei Carlos Mesters, O. Carm, no Congresso da Ordem Terceira do Carmo realizado nos dias 2-3 de agosto-2019. Rio de Janeiro, 6 de agosto-2024.
Semana Nacional da Família reúne a Igreja no Brasil durante o Mês Vocacional
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Os fiéis de todo o Brasil têm um compromisso marcado entre os dias 11 e 17 de agosto. É a Semana Nacional da Família, celebrada há mais de 30 anos e uma oportunidade de as pessoas se aproximarem e rezarem juntas, em família e em comunidade. Durante esses dias, no contexto do Mês Vocacional, a Igreja celebra a importância da vocação familiar e do serviço de evangelização às famílias.
O tema escolhido pela Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para este ano é “Família e Amizade”, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2024, que abordou “Fraternidade e amizade social”. Os temas propostos para aprofundamento estão no subsídio Hora da Família, distribuído para grupos de todo o país celebrarem em casa, nas comunidades e paróquias.
“Acreditamos que é na família que construímos os melhores amigos e também onde aprendemos os valores básicos da vivência social. Desejo que todas as famílias possam fazer uma experiência profunda de amizade, especialmente com aqueles que estão mais próximos, para poder viver também uma profunda e intensa amizade com Deus”, disse o bispo eleito de Ponta Grossa (PR) e presidente da Comissão Vida e Família, dom Bruno Elizeu Versari.
A Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF), responsável por animar a celebração da Semana Nacional da Família em todo o Brasil, deseja favorecer a oportunidade de as famílias vivenciarem momentos de oração, de confraternização e de visitas aos que estão afastados. “O importante é despertar junto com os filhos, junto com a família e em famílias a importância da amizade”, motiva dom Bruno Versari, convidando à participação nas atividades realizadas em cada paróquia do país. “Que possam fazer um momento de alegria e de convivência aí na sua comunidade!”, finalizou.
A Semana Nacional da Família
Em agosto, a Igreja no Brasil celebra o Mês das Vocações, e a cada semana são refletidos os diversos chamados de Deus para o serviço na Igreja e na sociedade. Na segunda semana do mês, a partir do Dia dos Pais, é celebrada a Semana Nacional da Família, como momento de destacar e valorizar a vocação matrimonial.
Nesse sentido, desde 1992, várias dioceses promovem atividades que em mais de três décadas foram tomando corpo pelo país e hoje contam com celebrações, encontros, palestras e momentos festivos. Tais eventos extrapolaram o âmbito da Igreja em algumas cidades do Brasil, com ações em escolas, associações, casas legislativas e outros locais – que inclusive a tem como data oficial no calendário municipal.
Materiais de apoio e divulgação
Para a celebração da Semana Nacional da Família, é oferecido o subsídio Hora da Família, com roteiros para o Dia dos Pais e para os encontros de cada dia da Semana. O material também contém os encontros para a Semana Nacional da Vida, que será vivenciada em outubro. O Hora da Família pode ser adquirido na loja virtual da Pastoral Familiar: lojacnpf.org.br
Além do subsídio impresso, a CNPF oferece um kit de material gráfico da Semana Nacional da Família 2024 para ser utilizado pelos comunicadores e agentes da Pastoral Familiar na divulgação. Acesse aqui.
Saiba mais sobre a Semana Nacional da Família no Portal Vida e Família: www.vidaefamilia.org.br Fonte: https://www.cnbb.org.br
Bispos venezuelanos pedem verificação do processo eleitoral
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Em um comunicado divulgado por ocasião dos acontecimentos nas eleições presidenciais, a Conferência Episcopal Venezuelana apela à verificação do processo eleitoral “no qual participem ativa e plenamente todos os atores políticos envolvidos”.
Vatican News
Protestos nos setores populares de Caracas e outras regiões da Venezuela depois das eleições realizadas no último domingo em que a oposição, organizações internacionais e governos manifestaram as suas dúvidas em relação aos resultados divulgados pelo órgão eleitoral, que deram a vitória a Nicolás Maduro.
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Os líderes da oposição venezuelana contestam o resultado, assegurando que, de posse de 73,25 % das atas, o candidato Edmundo González Urrutia venceu em todos os Estados, com 6.275.182, contra os 2.759.256 obtidos por Maduro.
Diante deste quadro, os bispos venezuelanos publicaram um comunicado onde destacam “a participação massiva, ativa e cívica de todos os venezuelanos no processo eleitoral", o que ratifica "a nossa vocação democrática.”
“Como pastores do Povo de Deus, acompanhamos de perto o desdobramento dos últimos acontecimentos e queremos expressar a todos a nossa proximidade e disponibilidade para prestar acompanhamento pastoral neste momento de preocupação”, afirma o comunicado dos prelados.
E unem-se ao pedido de uma verificação do processo eleitoral: “Unimos as nossas vozes às de todos aqueles dentro e fora da Venezuela que exigem um processo de verificação dos registos de contagem de votos, no qual todos os eleitores participem activa e plenamente.
Ao menos 12 manifestantes* morreram e mais de 700 foram presos durante os protestos em todo o país, que rechaçam a proclamação de Nicolás Maduro como presidente do país.
A Organização dos Estados Americanos (OEA), com sede em Washington, convocou uma reunião extraordinária para tratar dos resultados das eleições na Venezuela, questionadas pela oposição venezuelana e por vários países da região.
Neste meio tempo, o Governo da Venezuela exigiu que Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai retirassem “imediatamente” os seus representantes em território venezuelano, por terem manifestado a sua preocupação com o desenvolvimento das eleições presidenciais.
Jesuítas
O Centro Gumilla, que é o Centro de Investigação e Ação Social da Companhia de Jesus na Venezuela, por meio de um comunicado rejeitou o incitamento à “violência e a perseguições políticas", exortando a percorrer "caminhos de paz, o que exige respeito pela Constituição por parte de todos os cidadãos, organizações, Forças Armadas e poderes públicos.”
“O Conselho Nacional Eleitoral, com transparência, deve garantir aos Partidos Políticos, e a todo o país, o acesso a 100% dos registros eleitorais, por Estados, municípios e mesas, para verificar e validar se os resultados eleitorais correspondem ao que foi proclamado. Enquanto isto não for esclarecido, não é justo reconhecer aquele que foi proclamado vencedor”, afirma o comunicado do Centro Gumilla dirigido à opinião pública.
Também é lançado um apelo à comunidade internacional para que continue a mediação “para que o processo eleitoral esteja de acordo com a Constituição, que sejam esclarecidas as dúvidas razoáveis sobre os resultados e a verdade prevaleça, mediante auditorias independentes”.
União Europeia: sem verificação, votação não reflete vontade popular
O alto representante da União Europeia Josep Borrell felicitou "o povo venezuelano pela sua determinação em exercer o direito de voto de forma pacífica e massiva", reconhecendo "o empenho da oposição no processo eleitoral, apesar das condições desiguais. A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada", reiterou.
Outrossim, como os resultados eleitorais não puderam ser verificados, "não podem ser considerados representativos da vontade do povo venezuelano até que todos os registos oficiais das assembleias de voto sejam publicados e verificados."
Neste sentido, a UE apelou ao Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela para agir com a máxima transparência no processo de apuração dos resultados, incluindo o acesso às atas de votação de todas as mesas de voto e a publicação dos resultados eleitorais. O apelo também às autoridades para que garantam a investigação completa de quaisquer reclamações ou reclamações pós-eleitorais.
Relatórios fidedignos de observadores nacionais e internacionais indicam que as eleições foram marcadas por numerosos fracassos e irregularidades.
Diante deste quadro, a União Europeia lamenta que nenhuma das principais recomendações da Missão de Observação Eleitoral da UE de 2021 tenha sido implementada. Os obstáculos à participação dos candidatos da oposição, as deficiências no registo eleitoral e o acesso desequilibrado aos meios de comunicação contribuíram para a criação de condições eleitorais desiguais.
A UE - ademais - manifesta a sua preocupação com as detenções arbitrárias e a intimidação de membros da oposição e da sociedade civil ao longo do processo eleitoral e apela à libertação imediata de todos os presos políticos, e assegura que continuará a dedicar todos os seus esforços políticos e diplomáticos para apoiar o diálogo e uma solução pacífica e negociada para a crise política.
A UE reitera o seu apoio aos esforços regionais e internacionais para facilitar o diálogo e restaurar a legitimidade democrática das instituições venezuelanas. Fonte: https://www.vaticannews.va
*Atualização às 6h30 de 31 de julho
Tito Brandsma (Em Inglês)
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Interpretação: Ledjane Motta/ Rio de Janeiro.
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
1-The church to Carmel give thanks. A school of holiness and prayer. The church to Carmel praises: Fraternity, prophetism and mission
Tito Brandsma, Carmelita, journalist, our brother. With holy scapular we go on mission.
2 - We need, on hard times with Elias at the source have a drink. On the basement of the humanity, the truth and peace will always win.
3 – On Carmel our vocation is thinking about Maria. Commune every day to reach to contemplation
4 – The mission of carmelites it’s not do great things but, in the little things, with greatness, always live 5 – The media, after the temples, it’s the first pulpit to teach. It’s the power of the word and the truth against the violence.
6 – Poor woman, I'll pray for you. Even though i don’t know how to pray at least I’ll say " watch over our, sins”
7 – Prayer is not an oasis at the desert of the life, but a sea on our lives. Meditating, on the greatness news, following Jesus to Grow
Tito Brandsma (Em Espanhol)
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Tito Brandsma (Em Espanhol)
Interpretação: Ledjane Motta/ Rio de Janeiro.
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
1-La Iglesia, gracias al Carmelo, escuela de santidad y de oración. La Iglesia alaba el Carmelo: Fraternidad, Profetismo y Misión.
Tito Brandsma, Carmelita, Periodista, nuestro hermano. Con el Santo Escapulario vamos juntos en Misión.
2-Necesitamos, en tiempos difíciles, con Elías, en la fuente para beber. En los sótanos de la humanidad, la verdad y la paz siempre triunfarán.
3- En el Carmelo, si pensamos en María, es nuestra propia vocación. Comunión, todos los días, para llegar a la contemplación.
4-La misión de los carmelitas no es hacer grandes cosas, sino en las cosas pequeñas, con grandeza, vivir siempre.
5- La prensa, después de los templos, es el primer púlpito para enseñar. Es la fuerza de la palabra y de la verdad, contra la violencia de las armas para matar.
6- Pobre mujer, rezaré por ti... Aunque no sepas rezar. Al menos puedes decir: "Ruega por nosotros pecadores... Lo dijo con fe.
7-La oración no es un oasis en el desierto de la vida, sino que es vida, en nuestro vivir. Meditando, en la Buena Noticia, siguiendo a Jesucristo para crecer
Biden se rende
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Em gritante contraste com o delinquente Trump, Biden sai da disputa como um político de grande estatura, que só foi abatido pela idade. Já no campo moral, o presidente ganhou de lavada
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou ontem, a escassos 107 dias da eleição, que desistiu de tentar a reeleição, ampliando o caráter dramático da campanha presidencial americana.
Pode-se ler sua decisão como um gesto de grandeza e espírito público, ante o fato de que sua permanência na disputa parecia ampliar drasticamente as chances de seu adversário, o ex-presidente Donald Trump, tido e havido como uma ameaça à democracia no país. Mas também é possível concluir que Biden não tinha alternativa, ante o fato de que sua candidatura estava sangrando – com perdas substanciais em financiamento e em apoio dentro de seu próprio partido. A pressão por sua desistência se tornou irresistível, e Biden, político experientíssimo aos 81 anos, concluiu o óbvio: sua candidatura estava morta.
Foram semanas de agonia após o desempenho desastroso no já antológico debate com Trump na TV. Recorde-se, aliás, que os democratas haviam desafiado Trump para o debate antes mesmo da confirmação das candidaturas porque tinham interesse em mostrar que, ao contrário das aparências, Biden estava em forma e pronto para o combate. Como se sabe, não foi o que se viu: os americanos, atônitos, puderam constatar que seu idoso presidente é um homem com limitações evidentes para o desafio de uma campanha eleitoral e, o mais importante, de governar os Estados Unidos por mais quatro anos.
Para piorar, as últimas semanas foram particularmente generosas para a campanha de Trump. Além da evidente fragilidade do adversário, o ex-presidente teve vitórias judiciais expressivas, que praticamente limparam seu caminho rumo à Casa Branca, onde terá poder para enterrar todos os inúmeros processos que tem contra si. Ademais, mas não menos importante, Trump sofreu uma tentativa de assassinato durante um comício, transformando-se automaticamente em mártir e em santo para seus inúmeros devotos. A sobrevivência de Trump foi transformada por sua campanha em prova de que o ex-presidente é um enviado de Deus para salvar a América. Nada menos.
Não foram poucos os que vaticinaram que a eleição, mantido o atual cenário, estava liquidada, ainda que as pesquisas de intenção de voto não tenham mostrado variações muito significativas em favor de Trump mesmo depois do atentado. E isso possivelmente se dá porque os Estados Unidos estão solidamente divididos entre democratas e trumpistas. A luta será para convencer os eleitores que não se identificam automaticamente com um ou outro – e eles terão peso significativo para decidir a eleição.
Para o Partido Democrata, começa agora a busca por um candidato viável, depois de semanas de angústia. Biden endossou sua vice, Kamala Harris, que não é exatamente um portento eleitoral, mas a esta altura não é possível imaginar uma disputa aberta entre os democratas pela vaga na chapa. Logo, salvo surpresas de última hora, os democratas irão de Kamala mesmo.
Ainda que abundem incertezas no campo democrata, a sensação certamente é de alívio. Não será mais necessário preocupar-se com cada frase dita por Biden – cujas declarações, todas elas, eram tomadas como medida de sua senilidade. A energia do partido poderá ser usada agora exclusivamente para construir uma candidatura forte o bastante para enfrentar Trump. A rigor, qualquer um seria melhor que Biden para cumprir essa missão.
É preciso energia e vigor para enfrentar Trump, que transformou o tradicional Partido Republicano numa seita que o idolatra, que nunca se conformou com a democracia e com sua derrota na eleição de 2020, que incitou uma tentativa de golpe de Estado e que tem profundo desprezo pelas instituições e pelos americanos que não o apoiam.
Em gritante contraste com o delinquente Trump, Biden sai da disputa como um político de grande estatura, que só foi abatido pelas limitações de sua idade, disputa que é impossível vencer. Já no campo moral, Biden ganhou de lavada. Fonte: https://www.estadao.com.br
Mãe do Carmelo
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Mãe do Carmelo
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
Mãe do Carmelo, pra onde vais, Virgem do Carmo, onde estais. / Ensina a seguir Jesus, ensina encontrar a paz (bis)
1- Na Ordem, Terceira do Carmo, vamos juntos evangelizar, / Senhora do Escapulário, vem logo nos ajudar (bis)
2- No mês, da Flor Carmelo, a Novena vamos rezar. / julho é carmelitano, com o Cristo vamos encontrar (bis).
3- Com, Madalena de Pazzi, e Tito Brandsma, vamos louvar. / Com Teresona e João da Cruz, para o Monte vamos caminhar (bis)
4- Não me fale, em devoção, e para os pobres, os olhos fechar. / O Carmelo é compaixão, e vidas sempre salvar (bis)
ELEIÇÃO-2024: Pensar não ofende... Votar também.
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REFLEXÃO ELEITORAL À LUZ DA PALAVRA DE DEUS
Dom Jailton Oliveira Lino
Bispo de Teixeira de Freitas Caravelas (BA)
Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
Estamos nos aproximando de um período de grande importância para a vida cívica de nossas cidades: o período eleitoral. Em breve, seremos chamados às urnas para escolher nossos prefeitos e vereadores. Este é um momento que exige de nós, cristãos, uma profunda reflexão à luz da Palavra de Deus e dos ensinamentos da Igreja.
A política, como nos lembra o Papa Francisco, é o meio mais rápido de ajudar aqueles que mais precisam. Em seu ensinamento, o Papa nos exorta a ver na política uma forma elevada de caridade, pois ela busca o bem comum e a promoção da dignidade humana. No entanto, não podemos fazer da política um ringue de disputas onde predominam o ódio, o rancor e a raiva. A democracia não é esse palco. A democracia tem a ver com liberdade, liberdade de escolha, onde as pessoas podem escolher e serem respeitadas.
A Palavra de Deus nos orienta a agir com justiça, misericórdia e humildade (Miquéias 6:8). Neste período eleitoral, devemos lembrar que a justiça de Deus nos chama a olhar para o próximo com amor e compaixão, a promover a dignidade de cada pessoa, especialmente daqueles que estão mais vulneráveis e necessitados.
Jesus nos ensina: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:39). Este mandamento deve guiar nossas escolhas e ações durante o processo eleitoral. Não devemos escolher nossos líderes baseados em interesses pessoais ou em promessas vazias, mas sim em sua capacidade de servir ao bem comum e de agir conforme os valores cristãos de amor, justiça e paz.
O Papa Francisco também nos adverte contra a tentação de instrumentalizar a política para fins egoístas. Ele nos chama a um engajamento político que seja realmente voltado para o serviço aos outros, e não para a busca de poder pelo poder. A verdadeira política, segundo o Papa, é uma das formas mais altas de caridade porque serve ao bem comum.
Em nossa caminhada democrática, que predomine o respeito, que predomine a política em favor dos que mais precisam. Que possamos escolher líderes que se comprometem verdadeiramente com a justiça social, com a promoção da paz e com a dignidade humana.
Precisamos nos entender como seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus, e levar em consideração o valor do outro. Não podemos secularizar o ser humano e colocar as disputas e o poder acima dos interesses do povo, dos interesses de Deus.
Peço a todos que orem pelo discernimento e sabedoria neste período eleitoral. Que o Espírito Santo nos guie em nossas escolhas e que possamos contribuir para uma sociedade mais justa e fraterna, onde o amor de Cristo possa realmente se manifestar em nossas ações e decisões.
Que Deus abençoe a todos nós e ilumine o caminho de nossa nação. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Menino de 7 anos esfaqueado por padrasto enquanto tentava salvar a mãe de agressão em Salvador tem morte cerebral, diz família
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Crime aconteceu no último fim de semana. Mulher não resistiu aos ferimentos.
Criança estava internada no Hospital Geral do Estado (HGE) desde sábado (29), quando aconteceu o crime. — Foto: Arquivo Pessoal
Menino de 7 anos esfaqueado por padrasto enquanto tentava salvar a mãe de agressão em Salvador tem morte cerebral — Foto: Arquivo Pessoal
Por g1 BA e TV Bahia
O menino Arthur da Luz Santos, de 7 anos, que foi esfaqueado pelo padrasto enquanto tentava salvar a mãe de uma agressão no bairro do Doron, em Salvador, teve a morte cerebral confirmada por familiares, nesta quarta-feira (3). A criança estava internada no Hospital Geral do Estado (HGE) desde sábado (29), quando aconteceu o crime.
Apesar da luta de Arthur, a mãe dele, Mariza da Luz Santos, de 30 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu no sábado. O suspeito de cometer o crime foi preso em flagrante.
De acordo com a Polícia Militar, equipes da 23ª Companhia Independente foram acionadas com informações de que um homem era agredido por populares na Travessa Ana Lúcia Torres.
Ao chegarem ao local, os agentes foram comunicados de que ele havia esfaqueado a companheira e o enteado, além de ter colocado o próprio filho do casal, de apenas um mês de idade, dentro de um balde com água fria.
O suspeito ainda abriu o gás de cozinha da casa, para intoxicar o bebê, trancou os dois pequenos no imóvel e tentou fugir.
"Ele sempre foi o demônio, ela sempre deu sinais que não queria mais ele, mas ele não saía da vida dela. Ele não saía de jeito nenhum, até que fez uma brutalidade dessa e tirou a vida dela", disse a irmã da vítima, Larissa Santos.
As crianças foram resgatadas pelos militares e socorridas para o HGE. O recém-nascido recebeu alta hospitalar e está com familiares.
"Ela queria sair dele, mas ele perturbava ela todos os dias. Ele é um monstro, só peço justiça e que esse monstro não saia da cadeia"
O homem foi levado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). No domingo (30), ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.
Histórico de brigas entre o casal
De acordo com a Polícia Civil, até o momento não há detalhes sobre a motivação do ataque. Testemunhas serão ouvidas nos próximos dias. Entretanto, vizinhos e parentes relataram à reportagem da TV Bahia que Mariza sofria violência do companheiro, com quem convivia há três anos.
Ele foi identificado pelos entrevistados como Rodrigo Bispo dos Santos. A família já havia pedido que ela se livrasse do relacionamento abusivo, temendo o pior.
"Eles brigavam muito, ele batia muito nela, até quando ela estava grávida do menorzinho", detalhou uma vizinha, que não foi identificada.
Ela disse, ainda, que essa noite Rodrigo estava "completamente transtornado", e tentou escapar pela cobertura das casas. "Ninguém dormiu aqui essa noite, com esse homem andando pelo telhado para lá e para cá. Ele estava descontrolado. Ainda bem que foi preso", desabafou. Fonte: https://g1.globo.com
Papa: a Unção dos Enfermos não é só para quem está "prestes a morrer"
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Francisco, no vídeo de intenção de oração para julho, pede que rezemos "para que o sacramento da Unção dos Enfermos dê às pessoas que o recebem e aos que lhes são mais próximos a força do Senhor e se torne cada vez mais para todos um sinal visível de compaixão e esperança". O Papa ainda insiste que "não é um sacramento apenas para aqueles que estão prestes a morrer", explicando que é "um dos 'sacramentos da cura', que cura o espírito".
Andressa Collet - Vatican News
“Este mês tenhamos na nossa oração o cuidado pastoral dos enfermos.”
Assim inicia Francisco a mensagem em vídeo de julho com a intenção de oração que o Pontífice confia à Igreja Católica através da Rede Mundial de Oração do Papa. O Pontífice se detém a explicar mais precisamente sobre a Unção dos Enfermos, um sacramento administrado pelo sacerdote que proporciona consolo aos que sofrem alguma doença e aos seus mais próximos. Os sacramentos da Igreja são dons, são as formas de Jesus se fazer presente para abençoar, animar e acompanhar. O Papa faz um alerta:
"A Unção dos Enfermos não é um sacramento apenas para aqueles que estão prestes a morrer. Não. É importante deixar isto claro. Quando o sacerdote se aproxima de uma pessoa para lhe dar a Unção dos Enfermos, não está necessariamente a ajudá-la a despedir-se da vida. Pensar assim é desistir de toda a esperança. É dar por adquirido que depois do padre vem o coveiro."
Um sacramento com dimensão comunitária
O convite do Papa Francisco à oração de toda a Igreja é uma forma de tornar visível que a Unção dos Enfermos é um sacramento de natureza comunitária e relacional. Em Audiência Geral de fevereiro de 2014, dedicada à Unção dos Enfermos, o Pontífice recordou que "no momento da dor e da doença não estamos sós: o sacerdote e quantos estão presentes durante a Unção dos Enfermos representam toda a comunidade cristã que, como um único corpo se estreita em volta de quem sofre e dos familiares, alimentando neles a fé e a esperança, e apoiando-os com a oração e com o calor fraterno".
A proximidade de Jesus
Esse sacramento assegura a proximidade de Jesus à dor de quem está doente ou já idoso, o alívio do sofrimento e o perdão dos seus pecados, mas não é sinônimo de uma morte iminente. A Unção dos Enfermos é, frequentemente, um sacramento esquecido ou menos reconhecido, continuou o Papa. No entanto, "é o próprio Jesus que chega para aliviar o doente, para lhe dar força, para lhe dar esperança, para o ajudar; também para lhe perdoar os pecados". E, no vídeo para o mês de julho, Francisco acrescenta:
"Lembremos que a Unção dos Enfermos é um dos 'sacramentos da cura', da 'cura', que cura o espírito. E quando uma pessoa está muito doente, é aconselhável dar-lhe a Unção dos Enfermos. E quando uma pessoa já é idosa, é apropriado que receba a Unção dos Enfermos."
As imagens que acompanham as palavras de Francisco no vídeo – gravadas por profissionais da Arquidiocese de Los Angeles em duas dioceses dos Estados Unidos: Allentown (Pensilvânia) e Los Angeles (Califórnia) – põem em destaque precisamente os diferentes contextos em que o sacramento pode ser administrado. São retratadas duas histórias aparentemente diferentes em idade e situação clínica, mas unidas pela graça da Unção dos Enfermos e pelo grande afeto daqueles que se reúnem em volta de quem recebe o sacramento.
“Rezemos para que o sacramento da Unção dos Enfermos dê às pessoas que o recebem e aos que lhes são mais próximos a força do Senhor e se torne cada vez mais para todos um sinal visível de compaixão e esperança.”
A Unção dos Enfermos à luz dos Evangelhos
O Padre Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, salienta que, embora já haja muitas pessoas que redescobriram a profundidade da Unção dos Enfermos, esse sacramento ainda é visto, frequentemente, como uma forma de preparar os doentes para a morte: "é isso que o Papa Francisco diz, quando recorda que, quando alguém está gravemente doente, queremos sempre adiar o sacramento da Unção dos Enfermos, pois persiste a ideia de que o coveiro chega depois do sacerdote (Audiência Geral de 26 de fevereiro de 2014). Por isso, o Pontífice deseja que este mês possamos redescobrir toda a profundidade e o verdadeiro sentido deste sacramento, não apenas como preparação para a morte, mas como um sacramento que consola os doentes em alturas de enfermidade grave, bem como os que lhe são queridos, e dá força a quem os cuida".
"A pessoa doente não está sozinha", conclui então o Pe. Fornso: "com os sacerdotes e as pessoas presentes, é toda a comunidade cristã que a apoia com as suas orações, alimentando a fé e a esperança, e assegurando-lhe, bem como à família, que não estão sós no sofrimento. Todos conhecemos pessoas doentes, rezamos por elas e, se entendemos que padecem de uma doença grave, bem como os idosos cujas forças declinam, não tenhamos dúvidas em propor-lhes que vivam esse sacramento de consolação e esperança". Fonte: https://www.vaticannews.va
Rebelião há 200 anos no Nordeste impulsionou debate sobre República e fez oposição a dom Pedro
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Confederação do Equador, deflagrada a partir de Pernambuco, foi sufocada pelo imperador
Ilustração da morte de Frei Caneca
RECIFE
O autoritarismo do Império brasileiro levou um grupo de revoltosos a proclamar uma República em 2 de julho de 1824, durante o reinado de dom Pedro 1º, em uma parte do Brasil. O episódio foi a Confederação do Equador, que questionava os superpoderes e intervenções do imperador. A República proclamada envolvia as províncias de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
O nome Confederação do Equador se deu por causa da proximidade das províncias com a Linha do Equador. O movimento aconteceu sete anos depois da Revolução Pernambucana de 1817, na qual foi inspirado, segundo historiadores, e dois anos depois da Independência do Brasil.
A declaração de Independência trouxe autonomia para o Brasil, mas não deixou a monarquia para trás. Por isso, a Confederação do Equador trouxe a ideia de República, que se efetivou apenas 75 anos depois, mas que já havia sido implantada em partes da América do Sul.
"Falar de República naquele momento era quase que uma blasfêmia, era quase que atentar os desígnios divinos, porque a ideia de monarquia de antigo regime, monarquia de direitos divinos, ainda estava muito viva", afirma o professor de história George Cabral, da Universidade Federal de Pernambuco.
Em 1824, dom Pedro desfez a Assembleia Constituinte que estava em andamento, composta por deputados eleitos nas províncias, e promulgou uma nova Constituição do Brasil que incluía um Poder Moderador chefiado por ele.
Naquela época, o imperador não falava em mudar a escravidão e tinha mantido a concentração de terras com os ricos.
A dissolução da Constituinte foi um dos motivos para a explosão da tensão em Pernambuco.
Os líderes da Confederação do Equador também questionaram a troca, em 1823, do presidente da província local, uma espécie de governador. Manoel de Carvalho Paes de Andrade foi eleito pelo voto popular —predominantemente homens ricos votavam—, mas foi retirado do cargo pelo imperador, que colocou na função o antigo incumbente, Francisco Paes Barreto.
A medida foi com base em uma lei de 1823 que determinou a indicação dos presidentes de províncias pelo imperador, em vez de serem escolhidos pelas próprias províncias.
Os ideias liberais eram o norte dos revoltosos, liderados por nomes como Paes de Andrade —articulador político—, Frei Caneca —tido como a voz intelectual do movimento— e Cipriano Barata, um médico baiano que foi morar em Pernambuco após retornar de um período em Portugal. Ele não voltou para a Bahia em razão das tensões políticas no estado, que só aderiu à Independência do país um ano depois. Já Frei Caneca era filho de um homem que fabricava canecas e serviu à Igreja Católica no Convento do Carmo, no Recife.
Os objetivos da Confederação do Equador eram garantir uma ordem constitucional, de preferência com o regime republicano federativo, ou seja, com as autonomias das províncias. Assim, o movimento pretendia se diferenciar do imperador, que era centralizador e tinha amplos poderes com a instituição do Poder Moderador, uma espécie de árbitro das divergências entre poderes.
Outra intenção era instituir o federalismo no país, a fim de garantir maiores autonomias às províncias. "Isso era um problema, porque o imperador não se sentia bem com essa história das províncias estarem com muita independência. Não é uma independência [no modelo] separação, é uma independência no tipo de um autogoverno. Porque o que ele queria na realidade era um governo dele, unitário", diz Flávio Cabral, professor de história da Universidade Católica de Pernambuco e especializado na Confederação do Equador.
"Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte estariam unidos, mas formando um todo. Porém, num Estado não centralizado, como foi aquele que ficou visível após a Independência, e sim num Estado descentralizado", acrescenta Cabral.
Uma discussão central na Confederação do Equador também era o fim da escravidão. Entre os participantes, havia muitos homens negros livres e muitos mestiços livres.
"E a Confederação do Equador foi até um passo adiante, se a gente comparar com a Revolução de 1817. Porque um dos principais, um dos primeiros atos do governo, foi a proibição do tráfico negreiro. Então, a gente pode dizer que a Confederação até avançou em relação à Revolução Pernambucana nesse sentido", diz George.
As elites pernambucanas aderiram ao Império para preservar seus lucros e mão de obra advinda da escravidão.
A Confederação do Equador tem muitas semelhanças com a Revolução Pernambucana de 1817, movimento separatista e republicano ainda no período colonial. Diversos participantes da mobilização de 1824 tinham participado dos atos de sete anos antes.
Alguns participantes de 1817 foram presos, como Frei Caneca, que ficou quatro anos detido e foi solto apenas após a Revolução Liberal do Porto de 1820, quando dom João 6º decretou a soltura de todos os presos políticos, o que contemplou o futuro líder da Confederação do Equador.
Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará eram ligados a Pernambuco social e economicamente, com a produção açucareira e do algodão. Por isso, tinham confluências com o estado mentor do movimento, além de ligações religiosas, com o mesmo bispado na Igreja Católica.
A repressão foi forte. Dom Pedro determinou o fechamento do Porto do Recife, sufocando o abastecimento da província ainda em abril de 1824, antes da eclosão da Confederação do Equador. O fechamento continuou durante todo o movimento, que acabou em novembro.
Como punição, Pedro 1º determinou a retirada da Comarca de São Francisco, atualmente no oeste da Bahia, do território pernambucano. Sete anos antes, o território de Pernambuco já tinha sido reduzido com a retirada de Alagoas, após a Revolução Pernambucana de 1817.
No campo militar, Pernambuco não tinha preparo para enfrentar a tropa do Império. As tropas imperiais ficaram na divisa com Alagoas, impedindo a comunicação com outras localidades. Depois, a tomada do Recife se deu por mar e por terra.
Acuado pelas tropas, Frei Caneca foi rumo ao Ceará, na esperança de organizar e encontrar uma resistência, o que não aconteceu. Foi preso e condenado à morte. Os aliados do Império se recusaram a enforcá-lo. A morte foi por fuzilamento. Já Cipriano foi preso em 1825.
A difusão de informações do movimento era feita nos jornais Thyphis Pernambucano, de Frei Caneca, e Sentinela pela Liberdade, de Cipriano Barata. Como parte expressiva da população não sabia ler, Frei Caneca, por exemplo, costumava ler as publicações em praça pública para disseminar as suas ideias.
"Os jornais eram comprados por quem tinha dinheiro. A partir do momento que eles ouviam as discussões, as pessoas, mulheres, pobres ou ricas, escravizados de ambos os sexos, estavam nas esquinas comentando daquilo que está se passando no Rio de Janeiro e em outras partes do mundo", diz Flávio Cabral.
A constituição de um país republicano a partir de Pernambuco não deu certo, mas a Confederação do Equador ajudou a disseminar os ideais de República e liberdade. Duzentos anos depois, os debates sobre superposição dos poderes e sobre autoritarismos ainda estão em vigor no Brasil.
Em Pernambuco, o governo estadual prepara uma série de atividades, a partir da terça-feira (2), para celebrar o bicentenário da Confederação do Equador, incluindo o lançamento de livros especiais e acervos de publicações do período da eclosão do movimento. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Igreja Universal volta a investir alto em horários na TV e vai gastar R$ 1 bilhão em 2024
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Edir Macedo retoma parceria com Rede 21, aumenta tempo na TV Gazeta e reajusta valores com Record e RedeTV!
Bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da Record - Folhapress
ARACAJU
Desde 2019 diminuindo cifras em televisão aberta, a Igreja Universal do Reino de Deus decidiu seguir caminho contrário em 2024 e voltou a investir pesado na TV. A maior congregação pentecostal do Brasil vai voltar a gastar um valor acima de R$ 1 bilhão por locações de horários.
O grosso deste investimento, claro, é na Record, emissora que tem Edir Macedo como dono. Somente com a venda das madrugadas para telecultos e programas especiais, a IURD tem a previsão de desembolsar R$ 910 milhões até dezembro, segundo o F5 apurou.
O valor pode ser ainda maior porque ele não contabiliza a produção de novelas bíblicas. Desde 2022, para diminuir custos próprios da Record, a Igreja Universal produz atrações como "Reis" e a recém-estreada "A Rainha da Pérsia", exibidas em horário nobre.
O que fez o valor se elevar para 2024 foi a retomada de uma parceria que estava suspensa desde dezembro de 2022. A Igreja Universal voltou a ocupar 22 horas da programação da Rede 21, canal do Grupo Bandeirantes de Comunicação, dono da Band.
O retorno aconteceu após um acordo oriundo de uma disputa judicial que se arrastava há dois anos. A estimativa de gastos até o fim do ano da Igreja Universal com esse contrato é de R$ 300 milhões anuais.
Para retomar com a Rede 21, a Band se comprometeu a fazer investimento em melhorias de transmissão de sinal para todo o Brasil para crescer sua cobertura nacional para até 70% do território brasileiro. Essa era a principal queixa da IURD quando rescindiu com o acordo antigo.
Outros dois contratos também tiveram reajustes e puxaram para cima os gastos da Igreja Universal. A TV Gazeta de São Paulo aumentou sua faixa de vendas para a IURD desde o ano passado, e com o reajuste previsto em contrato, vai receber em 2024 cerca de R$ 300 milhões. Ao todo, a IURD ocupa 13 horas da programação da Gazeta.
O mesmo vale para a RedeTV!, que desde o início de junho, negociou mais uma hora de sua programação matinal para a IURD, que agora ocupa três horas diárias. Os gastos anuais com a RedeTV! serão em torno de R$ 350 milhões.
Por fim, a Universal também tem um contrato com a CNT, onde ocupa 22 horas da programação, assim como na Rede 21. O valor é menor em relação aos outros, com repasse de cerca de R$ 100 milhões anuais.
Desde 2019, a IURD vinha tentando não pagar tanto para estar na TV aberta. O objetivo era fortalecer sua presença no digital para alcançar novos fiéis, assim como diversas outras igrejas estão fazendo. No entanto, o retorno foi abaixo do esperado, segundo apurou o F5.
Em 2023, a Igreja Universal do Reino de Deus decidiu recalcular a rota e retomou negócios com TVs abertas. Somente na Record, houve crescimento de repasse em mais de R$ 100 milhões. Além dos programas exibidos em rede, há pagamentos para afiliadas da emissora em todo o Brasil.
O F5 procurou a Universal e alguns de seus representantes para falarem sobre o assunto, mas a igreja disse que não comenta detalhes contratuais com as TVs. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
Grupo de 460 bispos e padres reprova 'o PL dos estupradores' em manifesto que será enviado ao papa
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Em documento, religiosos afirmam que 'ser contra o aborto não pode ser confundido com o anseio em ver a mulher que o pratica atrás das grades'
Mulheres protestam contra o projeto de lei da câmara dos deputados que altera as regras para o aborto legal em caso de estupro -
Mônica Bergamo
Um grupo de 460 bispos e padres que participam de um coletivo formado para apoiar o pontificado do papa Francisco no Brasil fez um duro manifesto contra o PL Antiaborto por Estupro. A proposta equipara a interrupção da gravidez acima de 22 semanas ao crime de homicídio, inclusive para mulheres que foram estupradas.
SONORO NÃO
No documento, os religiosos afirmam que "em consonância com os sentimentos da maioria do povo brasileiro, especialmente das nossas irmãs mulheres, reprovamos, repugnamos e nos opomos veementemente ao projeto de lei 1904/2024 que ora tramita no Congresso Nacional e que ficou popularmente conhecido como PL dos Estupradores".
O ÓBVIO
"Obviamente, não somos a favor do aborto!", seguem os religiosos. "Somos sim contra a substituição de políticas públicas por leis punitivas às vítimas de estupro e abuso, imputando-lhes um crime seguido de pena maior do que o dos estupradores."
PENA MAIOR
A proposta do deputado evangélico Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) prevê pena de até 20 anos para a mulher que engravidar e que interromper a gravidez. Já um estuprador pode ser detido por até no máximo dez anos, de acordo com o Código Penal.
RACHA
A iniciativa explicita as divergências na Igreja Católica brasileira sobre o tema: a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) apoia o projeto. Os religiosos vão enviar o documento à própria entidade e também ao papa Francisco.
VINGANÇA CRUEL
Nele, padres e bispos afirmam ainda que "ser contra o aborto não pode ser confundido com o anseio em ver a mulher que o pratica atrás das grades. Esta 'vingança social' acarreta a grave consequência de penalizar as mulheres pobres que não podem sequer usar o sistema público de saúde".
Pontuam também que "a criminalização das mulheres não diminui o número de abortos. Impede apenas que seja feito de maneira segura".
VINGANÇA 2
"Criminalizar a mulher vítima de estupro e abuso é violentá-la novamente", afirmam.
LEVIANDADE
Os religiosos dizem ainda que fazem deles as palavras do bispo dom Angélico Sândalo Bernardino, que em entrevista à coluna afirmou que "simplesmente punir a mulher sem discutir com profundidade uma situação tão complexa é uma leviandade. É uma precipitação legalista. É querer resolver pela lei um problema muito mais amplo e vasto".
LEVIANDADE 2
Citam também as manifestações do pastor da Igreja Batista da Água Branca, Ed René Kivitz, para quem o projeto trata a violência contra a mulher com "displicência, leviandade, crueldade e irresponsabilidade". Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
ORAÇÃO CONTEMPLATIVA OU VIDA CONTEMPLATIVA?
- Detalhes
Capítulo à Comunidade de Scourmont, Bélgica de D. Armand Veilleux OCSO 14/04/1999
Há vários séculos, distinguem-se entre as diversas formas de vida religiosa, a vida ativa, a contemplativa e a mista. Ora, há muito que os mestres da espiritualidade monástica fazem notar que não é possível fazer entrar à força a vida monástica num tal esquema. Seria de fato perigoso - e mesmo hipócrita- considerar que uma forma de vida monástica é mais contemplativa do que outra pelo simples fato de que ela não comporta atividade apostólica.
A vida monástica é contemplativa? A questão foi colocada muito explicitamente durante o Concílio Vaticano II, no momento em que se preparava o documento conciliar sobre a vida religiosa. Com freqüência compreendeu-se mal aqueles que colocavam então esta questão. Seu objetivo não era o de colocar em questão que a vida monástica tem - e deve ter - uma dimensão e mesmo uma orientação contemplativa, mas de recusar de defini-la como tal pelo simples fato de não ter ação pastoral.
Dom Jean Leclercq escreveu nesta época em Collectanea Cisterciensia (27 [1965] pp. 108-120) um artigo precisamente com este título: "A vida monástica é uma vida contemplativa?" ("La vie monastique est-elle une vie contemplative?") Sua resposta é: Sim, evidentemente que é. Mas acrescenta imediatamente que, segundo toda a tradição monástica, chamar alguém de contemplativo não significa que pratique a contemplação num ou noutro sentido que a palavra tomou nas diversas escolas de espiritualidade desde o século XVI. Significa mais que ele pratica a oração contínua, ou ainda, que ele organiza toda a sua vida de tal modo que possa manter de modo tão constante quanto possível uma consciência amante da presença de Deus.
Para manter esta oração contínua, o monge utiliza um certo número de meios. Um deles, o mais importante de todos na tradição beneditina é o Ofício Divino; outro é a lectio divina. Esta, com efeito, segundo a tradição monástica, do Oriente e do Ocidente, é autêntica oração contemplativa e não simplesmente uma preparação à oração. Outros meios são, sobretudo, os momentos de silêncio, os momentos de maior atenção à presença de Deus, ou ainda as repetições de orações breves, a oração de Jesus, o rosário. Estes são alguns dos muitos métodos para manter uma atitude contemplativa durante todo o dia, durante todas as ocupações, aí se incluindo o trabalho.
Um ensinamento constante da tradição monástica pelos séculos é este: é-se contemplativo durante todos os aspectos de sua vida ou não se o é em absoluto. Devo claramente ser contemplativo na minha meia hora ou hora de oração silenciosa, como devo sê-lo durante o Ofício Divino e durante o trabalho, qualquer que seja o tipo de trabalho. Se não faço esforços para conservar uma comunhão contemplativa com Deus durante meu trabalho, me iludo pensando que seria transformado subitamente em contemplativo entrando na Igreja ou me ajoelhando para minha meia hora de oração.
Um outro ensinamento que consta da tradição é que a oração contemplativa por excelência, e o contexto ideal para toda a experiência mística é a liturgia. Os mais belos ensinamentos místicos de São Bernardo e de nossos Padres cistercienses se acham em seus sermões preparados para serem usados na Liturgia, ou, em todo caso, sobre os textos bíblicos lidos durante a liturgia.
Isto é sobretudo verdadeiro para a grande tradição mística, mesmo fora do monaquismo. O mais importante dos autores místicos, aquele que recolheu todo o ensinamento dos Padres antes dele e que influenciou todos os místicos dos séculos seguintes foi certamente Dionísio, o Aeropagita, ou o Pseudo-Dionísio. Ora, todo seu ensinamento místico se acha num comentário sobre a Divina Liturgia e sobre a vida sacramental da Igreja em particular.
Dom Jean Leclercq publicou em 1963 (de quem mencionei o artigo anteriormente) um estudo sobre os nomes da oração contemplativa (Jean Leclercq, Otia monastica. Études sur le vocabulaire de la contemplation au Moyen Âge. Roma [Studia Anselmiana, 48], 1963). Mostrou que a mais importante e a mais constante de todas as expressões achadas na tradição para descrever a oração contemplativa é "memoria Dei" (lembrança de Deus). Não se acha, por exemplo, a palavra "contemplatio" na Regra de São Bento; mas a "memoria Dei" é o primeiro grau de humildade, e se encontra em toda a Regra.
Freqüentemente se diz que o ensinamento de Bento sobre a oração é árido e limitado. Sem dúvida isto se deve a querer ler a Regra com um espírito muito diferente daquele com o qual ela foi escrita. Hoje se é muito atento às experiências de oração que fazemos: ao que se passa em nós enquanto rezamos ou tentamos rezar. Bento faz parte de uma longa tradição de mestres monásticos, para quem a qualidade da vida cotidiana, em todos seus aspectos, é mais importante do que a "performance" no curso dos "momentos de oração". A convicção subjacente é que a oração é alguma coisa que "vem" bem naturalmente àquele que se esforça por viver os ensinamentos do Evangelho na vida cotidiana. Bento facilmente faria sua a palavra que Cassiano atribui a Santo Antão: "A oração não é perfeita enquanto o monge estiver consciente ou de si mesmo ou do conteúdo de sua oração."
Da mesma forma, São Bernardo utiliza pouco a palavra "contemplação" mas "lembrança de Deus" está no coração de seu ensinamento. Escreve, por exemplo: "A lembrança de Deus é o caminho para a presença de Deus. Quem quer que guarde os mandamentos presentes no espírito, a fim de observá-los, será recompensado a seu tempo pela percepção de sua presença." (Sent 1.11; SBO 6b.8-17-21) (Ver artigo de Michael Casey sobre "Mindfulness of God in the Monastic Tradition", Cistercian Studies 17 [1982], pp. 111-126).
Bernardo, como Bento, está consciente do fato que, no mosteiro, os monges realizam a dimensão contemplativa de sua vida de modos diferentes, segundo sua vocação e segundo os papéis que são chamados a desempenhar na comunidade. Fala de duas categorias de monges: os claustrales e os officiales ou obedientiales, que chama também de obedientes. Os claustrales são aqueles que não têm nenhuma responsabilidade administrativa, os obedientiales são os que são chamados a suprir diversos serviços na comunidade. Cada um é chamado a ser contemplativo de um modo que lhe é próprio. Cada um deve praticar a memoria Dei, e isto não quer dizer que ele deva pensar continuamente em Deus de modo ativo, mas que deve espontaneamente fazer referência a Deus em tudo o que pensa, faz e acontece.
Bernardo volta mais de uma vez em seus escritos à tensão vivida por todos aqueles que, na comunidade, têm importantes responsabilidades administrativas, quer seja de ordem material, quer espiritual. Em primeiro lugar faz uma advertência contra o perigo de aspirar a tais responsabilidades, mas ensina tamém que para um monge que recebeu tais encargos, isto pode ser para ele a ocasião de um despojamento radical que o faz renunciar a seu próprio lazer e assumir uma grande parte do peso de preocupação da comunidade, de modo que seus irmãos possam gozar da solidão e da paz. Esta foi, sem dúvida, a vocação de Gérard, o irmão de Bernardo e celeireiro de Claraval, a quem Bernardo paga um tal tributo no seu Sermão 26 sobre o Cântico dos Cânticos.
Todos aqueles que têm muito a fazer a serviço da comunidade devem se esforçar para conservar suficiente tempo para a oração, a leitura e a meditação. Mas isto não é suficiente e nem mesmo é o essencial. O essencial é que toda nossa atividade seja enraizada numa oração contemplativa, realizada num clima e num espírito de oração, e nos leve sem cesssar a ela.
©Abadia de Scouurmont, 1999 – Traduziu: Cecília Fridman, Rio Negro, PR, Brasil para o mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo
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