1) Oração

Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 21, 12-19)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12Mas, antes de tudo isso, vos lançarão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença dos reis e dos governadores, por causa de mim. 13Isto vos acontecerá para que vos sirva de testemunho. 14Gravai bem no vosso espírito de não preparar vossa defesa, 15porque eu vos darei uma palavra cheia de sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos adversários. 16Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos, vossos parentes e vossos amigos, e matarão muitos de vós. 17Sereis odiados por todos por causa do meu nome. 18Entretanto, não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. 19É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão  Lucas 21,12-19

*  No evangelho de hoje, que é a continuação do discurso iniciado ontem, Jesus enumera mais um sinal para ajudar as comunidades a se situar dentro dos fatos e não perder a fé em Deus nem a coragem de resistir contra as investidas do império romano. Repetimos os primeiros cinco sinais do evangelho de ontem:

1º sinal: os falsos messias (Lc 21,8);

2º sinal: guerra e revoluções (Lc 21,9);

3º sinal: nação lutará contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);

4º sinal: terremotos em vários lugares (Lc 21,11);

5º sinal: fome, peste e sinais no céu (Lc 21,11). 

Até aqui foi o evangelho de ontem. Agora, no evangelho de hoje, mais um sinal:

6º sinal: a perseguição dos cristãos (Lc 21,12-19)

 

Lucas 21,12. O sexto sinal da perseguição.

Várias vezes, durante os poucos anos que passou entre nós, Jesus tinha avisado aos discípulos que eles iam ser perseguidos. Aqui, no último discurso, ele repete o mesmo aviso e faz saber que a perseguição deve ser levado em conta no discernimento dos sinais dos tempos: "Antes que essas coisas aconteçam, vocês serão presos e perseguidos; entregarão vocês às sinagogas, e serão lançados na prisão; serão levados diante de reis e governadores, por causa do meu nome”. E destes acontecimentos, aparentemente tão negativos Jesus tinha dito: “Não fiquem apavorados. Primeiro essas coisas devem acontecer, mas não será logo o fim." (Lc 21,9). E o evangelho de Marcos acrescenta que todos estes sinais são "apenas o começo das dores de parto!" (Mc 13,8) Ora, dores de parto, mesmo sendo muito dolorosas para a mãe, não são sinal de morte, mas sim de vida! Não são motivo de medo, mas sim de esperança! Esta maneira de ler os fatos trazia tranqüilidade para as comunidades perseguidas. Assim, lendo ou ouvindo estes sinais, profetizados por Jesus no ano 33, os leitores de Lucas dos anos oitenta podiam concluir: "Todas estas coisas já estão acontecendo conforme o plano previsto e anunciado por Jesus! Por tanto, a história não escapou da mão de Deus! Deus está conosco!"

 

Lucas 21,13-15: A missão dos cristãos em época de perseguição

A perseguição não é uma fatalidade, nem pode ser motivo de desânimo ou de desespero, mas deve ser vista como uma oportunidade, oferecida por Deus, para as comunidades realizarem a missão de testemunhar com coragem a Boa Nova de Deus. Jesus diz: “Isso acontecerá para que vocês dêem testemunho. Portanto, tirem da cabeça a idéia de que vocês devem planejar com antecedência a própria defesa; porque eu lhes darei palavras de sabedoria, de tal modo que nenhum dos inimigos poderá resistir ou rebater vocês”. Por meio desta afirmação Jesus anima os cristãos perseguidos que viviam angustiados. Ele faz saber que, mesmo perseguidos, eles tinham uma missão a cumprir, a saber: testemunhar a Boa Nova de Deus e, assim, ser um sinal do Reino (At 1,8). O testemunho corajoso levaria o povo a repetir o que diziam os magos do Egito diante dos sinais e da coragem de Moisés e Aarão: “Aqui há o dedo de Deus!” (Ex 8,15). Conclusão: se as comunidades não devem preocupar-se, se tudo está nas mãos de Deus, se tudo já era previsto por Deus, se tudo não passa de dor de parto, então não há motivo para ficarmos preocupados.

 

Lucas 21,16-17: Perseguição até dentro da própria família

“E vocês serão entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vocês. Vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome”. A perseguição não vinha só de fora, da parte do império, mas também de dentro, da parte da própria família. Numa mesma família, uns aceitavam a Boa Nova, outros não. O anúncio da Boa Nova provocava divisões no interior das famílias. Havia até pessoas que, baseando-se na Lei de Deus, chegavam a denunciar e matar seus próprios familiares que se declaravam seguidores de Jesus (Dt 13,7-12).

 

Lucas 21,18-19: A fonte da esperança e da resistência

“Mas não perderão um só fio de cabelo.  É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida!"  Esta observação final de Jesus lembra a outra palavra que Jesus tinha dito: “nenhum cabelo vai cair da cabeça de vocês!” (Lc 21,18). Esta comparação era um apelo forte a não perder a fé e a continuar firme na comunidade. E confirma o que Jesus já tinha dito em outra ocasião: “Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9,24).

 

4) Para um confronto pessoal

 1) Como você costuma ler as etapas da história da sua vida e do seu país?

2) Olhando a história da humanidade dos últimos 50 anos, a esperança aumentou em você, ou diminuiu?

 

5) Oração final

O Senhor manifestou sua salvação, aos olhos dos povos revelou sua justiça. Lembrou-se do seu amor e da sua fidelidade à casa de Israel. (Sl 97, 2-3)

 

Frei Joseph Chalmers O. Carm.

En el Carmelo hay muchas estrella, pero las más grandes, las más brillantes son Santa Teresa de Jesús  y san Juan de la Cruz. Su experiencia y sus escritos son tan importantes para la historia de la espiritualidad. Pero son tan grandes que a veces,  no se puede ver otra cosa. La espiritualidad Carmelita no empieza con Teresa y Juan. Ellos recibieron la tradición y con genio reelaboraron esta tradición y pasó esta tradición a nosotros.

El corazón de la espiritualidad Carmelita es desde el inicio de nuestra historia, la contemplación. Santa Teresa y San Juan  vivían en el tiempo de la “Devoción Moderna” en que la oración mental era muy importante. Teresa encontró un método de oración mental que le ayudó mucho. Teresa y Juan escriben de la vida espiritual en términos de oración. Por supuesto, la puerta a la contemplación es la oración, pero la contemplación incluye toda la vida.

Claro que vivimos en un mundo de ruido. Hay siempre ruido, radio, Tv., palabras, palabras , palabras. No somos islas aisladas. Todo el ruido entra en nuestras almas. Llevamos con nosotros un gran ruido interior. Cuando vamos a la oración individual, es muy difícil para nosotros estar en silencio. Tal vez nuestra oración es simplemente más ruido. El silencio es difícil para nosotros y tal vez tenemos miedo; entonces llenamos todo el tiempo de la oración con palabras. Es bueno leer, es bueno meditar en el sentido de pensar sobre la Palabra; es bueno hablar a Dios con palabras santas como el Padre Nuestro y Ave María; es bueno hablar a Dios con nuestras propias palabras. Pero hay tiempo para hablar y tiempo para silencio. Ahora quisiera hablar un poquito sobre la oración del silencio y proponer un método de oración del silencio.

Hemos hablado el miércoles sobre el camino de una relación interpersonal. Es siempre importante hablar para continuar la comunicación entre dos personas, pero en una relación buena, el silencio puede ser lleno de significado. Es muy normal en una relación que está madurando que la comunicación se hace más simple con menos palabras. Al inicio, se tiene que hablar mucho, pero después un movimiento de los ojos puede ser suficiente para comunicar mucho.

Tenemos que crecer en la amistad con Dios y no debemos presumir una relación que no existe. Por supuesto que Dios nos ama igualmente, pero nosotros no estamos en el mismo lugar. Cuando hablo de la oración del silencio, no estoy diciendo que el silencio sea todo el contenido de nuestra oración, no necesitamos rezar de varias maneras. Cuando una persona siente la necesidad de más silencio en la oración, necesita un poquito de ayuda.

Hay varios métodos de rezar en silencio. Quisiera hablar solamente de una de esas; es un método que es moderno, pero tiene sus raíces en la riquísimo tradición contemplativa del cristianismo. El método no es complicado; es muy sencillo y al mismo tiempo bastante sutil. Hay cuatro puntos en este método.

 

 1.- posición del cuerpo.

Se puede rezar en cualquier ocasión o en cualquier posición. Pero en la larga tradición contemplativa podemos encontrar varias sugerencias. Es importante encontrar una manera para que el cuerpo no sea una distracción durante la oración. Yo tengo dificultad para arrodillarme.

Después de unos minutos no puedo pensar en algo más que el dolor en las rodillas. Entonces para mí, rezar de rodillas no es una buena idea. Para cualquier método de oración de silencio, veinte  minuto  es un mínimo porque necesitamos tiempo para entrar en esta oración.

Para la mayoría de personas es mejor estar sentadas; es más confortable y se puede continuar sentado por todo el tiempo. Los brazos y las piernas en una posición de relax. Rezando con los brazos o piernas cruzadas no ayuda el cuerpo entrar en la oración y así el cuerpo puede ser una gran distracción durante la oración. Todo esto es para iniciar bien

 

2.- introducir la palabra sacra.

 En este método de oración usamos una Palabra  Sacra. Esta Palabra no tiene que ser sacra en sí misma, pero tiene que ser muy significativa para la persona. La oración consiste en estar en la presencia de Dios y consentir  su acción en nosotros. Es una oración de intención y no de atención; es decir, no es necesario concentrarse en algo sino desear la presencia y la acción de Dios en nuestras vidas. En el silencio introducimos la palabra sacra muy suavemente en el propio corazón. Esta palabra viene de la relación que   tienes con Dios; es una palabra que tú entiendes y que Dios entiende, pero no se necesita que otras personas la entienden.

Según la tradición contemplativa, la palabra sacra debía ser breve. Algunos ejemplos de palabras posibles son: Dios, Señor, Amor, Jesús, Espíritu, Padre, María, Sí. Pero si una palabra es sacra para ti; es decir, significativa puedes usarla en esta oración.

Cuando digo introducir la palabra sacra en tu propio corazón, no estoy diciendo profundizar la palabra, sino aceptar esta palabra dentro de sí sin pensar sobre el significado. No es necesario forzar la palabra; tiene que ser muy suave. No se pronuncia la palabra con la boca ni con la cabeza. No es un mantra. La palabra sacra focaliza nuestro deseo. Se necesita usar la palabra siempre de la misma manera para ayudar al corazón a volver al Señor cuando somos conscientes de que estamos distraídos. Esta es una oración de intención y no de abstención. Nuestra intención es simplemente estar en la presencia de Dios y consentir  su acción en nuestras vidas. Nuestra palabra sacra exprime esta intención y cuando estamos consientes que estamos pensando en otras cosas podemos decidir continuar pensando en esta palabra  o volver a la intención de estar en la presencia de Dios y consentir su acción. Durante esta oración no es necesario hablar con Dios con palabras bellas o tener pensamientos santos; podemos hacer estas cosas en otro momento. Nuestro silencio y deseo valen mucho más que muchas palabras bonitas.

Por medio de esta palabra sacra que hemos escogido, exprimimos nuestro deseo profundo y nuestra intención de permanece en la presencia de Dios y consentir su acción en nuestra vida, una acción de purificación y transformación. Se usa la palabra sacra que es símbolo de nuestra intención y de nuestro deseo; sólo cuando somos conscientes de que estamos pensando en otra cosa. La oración misma consiste en estar en la presencia de Dios sin pensar en algo particular. Es una oración de relación con Dios, Padre, Hijo y Espíritu Santo.

María, la Madre de Jesús estaba frente a la cruz en silencio, en silencio recibió la vocación de ser Madre de la iglesia. En el silencio pronuncio su “sí” al Padre, uniéndose de esta manera al sacrificio de su Hijo, por la salvación del mundo. María es el modelo para nuestras vidas. Como ella  escuchamos la Palabra de Dios y abrimos el corazón para que Dios nos transforme. Somos creados para Dios; tenemos cavernas infinitas dentro de nosotros. Intentamos llenar estas cavernas con muchas cosas, pero sólo Dios basta.

 

DIRECTRICES PARA LA ORACIÓN EN SILENCIO

1.- Escoger una palabra sacra, como símbolo de la propia intención de consentir la presencia y la acción de Dios dentro de sí.

2.- Encontrar una postura física, cerrar los ojos e introducir en silencio la palabra sacra como símbolo de la intención de consentir la presencia de la acción de Dios dentro de sí.

3.-Cuando se es consciente de pensar en algo; volvemos suavemente a la palabra sacra.

4.- Al fin del periodo de oración, permanecer en silencio por algunos minutos con los ojos cerrados.

Frei Joseph Chalmers O .Carm.

San Juan de la Cruz dice que la contemplación inicia cuando Dios empieza a llevar a las personas a una noche oscura (Noche Oscura 1,1) Indudablemente es una realidad muy compleja. La noche oscura es exactamente preparada para la persona que está experimentando esta realidad porque es una manera de purificación para aquel individuo. La noche oscura no es un castigo; al contrario, es un momento de gracia. Es un efecto de la proximidad de Dios. Al inicio, la madera que se pone en el fuego, da humo negro antes de hacerse una unidad con el fuego (Llama de Amor Viva,1,15-21).

 Santa Teresa y San Juan están de acuerdo que el centro del alma es Dios y el viaje espiritual de cada cristiano es volver a ese centro. Dios es completamente libre y puede dar sus favores a quien y cuando Él piensa. Pero el proceso normal es entrar gradualmente en una relación personal con Dios y crecer en esa. Hemos hablado del ejemplo del desarrollo de relaciones humanas – inicialmente hay el primer conocimiento, la afabilidad, la amistad y finalmente la intimidad. Hay momentos altos y bajos en cualquier relación humana y muchas relaciones no llegan a desarrollarse por muchos motivos. Y así sucede en la relación con Dios.

Pero en la relación con Dios hay una diferencia crucial. Siempre Dios tendrá la iniciativa. Él no quiere simplemente ser nuestro amigo íntimo, sino que desea sanarnos de todo lo que nos impide llegar a ser lo que podemos ser. Por ese motivo, Dios nos sigue y toca lo que necesita ser sanado. Tenemos que estar listos para escuchar y aceptar lo que Dios nos revela sobre nosotros mismos. Este remedio que implica el proceso de purificación es la noche oscura. No hay dos relaciones personales que sean exactamente iguales y no hay una fórmula exacta que seguir en la relación con Dios.

El riesgo de la vida humana es un proceso de crecimiento en el amor, pero una parte indispensable de este proceso es la purificación del corazón. Sin aguardar la dolorosa purificación del corazón, no podemos amar en verdad. Muchas veces, lo que parece amor es simplemente egoísmo. La purificación es dolorosa porque en este proceso, todas nuestras pretensiones e ilusiones tienen que caer. Necesitamos entender en lo más profundo de nuestro ser que solamente la pura gracia de Dios es la que nos sostiene. Es muy fácil decir, pero otra cosa es entender esa realidad profundamente. Antes de entender necesitamos pasar por la noche oscura.

La contemplación es la última y más importante parte del proceso de purificación del corazón humano. Por medio de la contemplación llegamos al punto de ver todo como Dios ve y amar como Dios ama. Pero para llegar a la purificación total de nuestro ser tenemos que viajar bastante.

La noche oscura nos da el conocimiento de quiénes somos y de cómo estamos apegados a nuestras propias ideas para llegar a la felicidad. La noche oscura es una parte muy importante del proceso de transformación porque nos hace entender cómo nuestros planes e ideas en vez de dirigirnos hacia la felicidad; están dirigiéndonos hacia la miseria. Hay tinieblas porque no hemos dejado nuestras propias ideas para llegar a la felicidad y no hemos recibido aún la plenitud y la verdadera alegría del Señor. Este es un inicio para esperar en la oscuridad a Dios que es siempre fiel a su promesa. La tiniebla se hace más intensa cuando el amor de Dios llega a la parte más íntima de nuestra alma, pero cuanto más oscura es la noche más cerca está el alba. La noche oscura no es un castigo, sino una señal del amor de Dios y una garantía que el Señor nos está haciendo libres para vivir una vida llena. la noche oscura es un pasaje esencial en nuestro viaje hacia la libertad. Es importante colaborar con Dios por medio de la fe y un amor silencioso.

Podemos hacer algo para preparar el suelo del corazón para recibir a Dios cuando y como quiera venir. La primera cosa es la ascesis. Esta palabra tiene una larga historia y quizá esta palabra no suene bien en nuestros oídos por causa de algunas experiencias en el pasado. El tipo de ascesis que estoy sugiriendo es muy duro, pero no tiene que ver con vigilias de oración o penitencias insólitas. Santa Teresita decía que no responder a la palabra dura con palabras duras es mejor que penitencias largas.

Una verdadera ascesis  cristiana nos ayuda a crecer en el amor y a perder las ilusiones sobre nuestra propia bondad. La tentativa de amar en cada situación y de ser humildes que significa simplemente aceptar la verdad sobre nosotros mismos; producirá mucho fruto. El ayuno de la palabra dura es mucho más útil que el ayuno del alimento.

 

 

EL EGO FALSO

 En este proceso de la noche, el ego falso, empieza a desmantelarse si la persona consiente. De esta manera entramos en contacto con nuestro verdadero centro que es Dios . El ego falso es un concepto moderno para explicar lo que escribió San Pablo sobre el hombre viejo o el hombre carnal. El ego falso es la cáscara que construimos alrededor de nosotros para protegernos de peligros verdaderos o que solamente están en nuestra cabeza ya sean físicos o emocionales. Nacemos con necesidades instintivas de amar, de buscar seguridad y de dominar la propia vida. Estas son buenas y naturales, pero muy fácilmente perdemos el control y construimos un ego falso que nos asegura que solamente en la satisfacción de todas nuestras necesidades hay la felicidad.

Cuando una persona en su niñez no recibió un mínimo de amor y no sintió un mínimo de seguridad o dominio de su propia vida, el ego falso será muy fuerte y muy difícil de desmantelar. Somos creados con la capacidad para Dios y sólo Dios puede satisfacer la sed de nuestros necesidades infinitas; el ego falso busca una satisfacción ilusoria.

Entramos en la Familia Carmelitana con nuestra cáscara bien construida. Cuando Jesús habla de la necesidad de perder la vida para encontrarla; está hablando de esa vida falsa que necesitamos dejar para recibir la vida en abundancia de Dios. Hay muchos motivos para entrar en la Familia Carmelitana y el discernimiento es importante, pero nadie al inicio tiene motivos completamente puros; con los años y la madurez, las intenciones iniciales salen gradualmente purificadas. Lo que es verdaderamente importante no es la motivación inicial sino la motivación siempre renovada que nos da la fuerza de permanecer fieles a nuestro compromiso.

La Regla habla del desierto que es el lugar de batalla. O entramos en este proceso de purificación y luchamos contra el ego falso o buscamos refugio en un mundo ilusorio. El Ego falso puede acomodarse a cualquier estilo de vida y encuentra gusto en las cosas externas de la religión. Hay muchas maneras de escapar de este proceso de purificación. Kevin habló de la persona que puede aparecer muy humilde, muy santo, pero con motivaciones deformadas.

 

Una gran parte del proceso de purificación y transformación está en medio de los eventos normales de la vida. Se puede tener una oración que parece muy alta, pero si la persona no está creciendo en las virtudes normales de la vida cristiana, la oración no es tan alta. Sólo el amor es la prueba verdadera de la vida espiritual. Y el amor necesita purificación constante para que sea puro y no una máscara para el egoísmo.

Tenemos que responder al acercamiento de Dios, consintiendo  su presencia y su acción en nosotros; nuestra oración, cualquiera que sea el método, tiene que ser una apertura a Dios y un deseo ardiente que su voluntad sea cumplida en nosotros y por medio de nosotros. Las experiencias durante la oración no son las cosas más importantes y es posible que no tengamos memoria de ninguna de esas experiencias. Lo que hacemos y cómo reaccionamos en los hechos concretos de cada día, nos dirá mucho más sobre nuestra relación con Dios; que los sentimientos particulares que nos broten durante la oración.

 

LA LUCHA

 Si no comprendemos la necesidad de luchar contra el ego falso, pienso que no será posible el crecimiento porque no hemos aceptado la necesidad de una conversión de todo nuestro ser. El ego falso no tiene ningún problema para actuar llevando incluso un habito religioso o un escapulario, etc. Porque estas cosas no nos tocan en lo profundo necesariamente. Se puede vivir una vida egoísta a pesar de las apariencias o palabras bonitas que se usa.

¿Cómo se puede luchar contra el ego falso? El punto más importante es reconocer cuándo este ego falso está fuerte. Por ese motivo, Santa Teresa de Jesús dice que las primeras moradas son del autoconocimiento. Dice que el autoconocimiento tiene que acompañarnos durante todo el viaje espiritual. Sin el conocimiento propio no existe una humildad y sin la humildad, el Señor no construye muy alto. No tenemos que pensar demasiado pronto que ya nos conocemos; no es fácil conocer a sí mismo y nuestro ego falso lucha ferozmente contra el auto conocimiento, porque el ego falso prospera en un ambiente ilusorio.

Podemos hacer fácilmente un examen de conciencia y reconocer algunas pequeñas faltas, pero habitualmente no nos preguntamos por qué hacemos estas cosas, es decir no reconocemos nuestros motivos. Es fácil ocultar nuestros motivos en un atmósfera de  activismo.

Me parece que el primer paso para conocerse mejor es preguntarse “¿por qué?” ¿por qué estoy siempre duro con esa persona? ¿por qué no veo aquella persona con simpatía? Pienso que la computadora nos puede enseñar mucho. En una computadora hay diversos programas con los que se pueden escribir cartas y charlas; jugar a la baraja o contactar por medio del Internet con personas que están muy lejos. Cuando se quiere hacer estas cosas se pide a la computadora que inicie un programa; y, se hace esto apretando un icono  de la computadora. Apretar una letra inicia diversos mensajes dentro de la computadora y pronto el programa que queremos empieza. Dentro de nosotros hay diversos programas: El enojo, la ironía, la auto defensa, las lágrimas, etc. No necesito explicar cómo  se forman estos programas dentro de nosotros, pero algunos son más usados que otros y esto depende de la personalidad individual.

Normalmente algo o alguien aprieta el punto que empieza  un programa dentro de mi. Muchas veces decimos: “ella me hace enojar,”  etc. Nada y nadie puede hacerme enojar u obligarme a tener una reacción. Una persona puede hacer algo o una situación puede tener para mi un significado particular y como reacción empiezan en mí emociones fuertes, pero el problema está en mí y no en la otra persona o situación, yo no puedo cambiar a la otra persona; es bastante difícil cambiar mi propio corazón.

Si quiero crecer como persona humana y responder a la gracia de Dios que está siempre presente tengo que preguntarme ¿por qué me enojo en esta situación o con cualquier persona y por qué no puedo aceptar  a esta persona como es? El objetivo es hacernos conscientes de lo que está pasando en nuestra vidas. Cuando estoy consiente de lo que hago; hay menor posibilidad de pisar los derechos  o sentimientos de los demás. Es importante vivir en el presente y si estamos verdaderamente en el presente; estaremos conscientes de lo que estamos haciendo.

El próximo paso es buscar vivir siempre en la presencia de Dios. Si estamos conscientes de lo que estamos haciendo este paso es más fácil. Si no nos avergonzamos de hacer algo o decir algo en la presencia de Dios; o si somos encarcelados de un gran engaño o si nuestras acciones son según la voluntad de Dios. Tenemos que recordar que el ego falso llevará muchos motivos para asegurarnos que tenemos razón y no necesitamos mudar nada en nuestras vidas. Para el viaje espiritual, la honradez es indispensable.

Por supuesto la oración es otra arma en la lucha contra el ego falso para que el ego verdadero pueda nacer. El ego verdadero está creado a imagen de Cristo. Hay diversos métodos de oración y antes hemos hablado de alguno, pero cada verdadera oración es una apertura a Dios. Santa Teresa descubrió la oración mental como una conversación íntima con El que sabemos que nos ama. Pero a veces lo que hacemos es tener un método para defendernos de Dios, no escuchar su voz y para continuar sintiéndonos bien. Por ejemplo, la oración del fariseo en el templo, “Gracias, Señor, porque no soy como los demás.” Es posible decir lo que queremos a Dios y basta; no queremos verdaderamente escuchar.

Es bueno hablar con Dios, es bueno tener pensamientos santos, pero estas palabras y estos pensamientos son nuestros. Es posible que sea ilusión; es decir, podemos convencernos que somos espirituales porque las palabras  o meditaciones son santas. Santa Teresa escribió, “Cuando veo a las almas todas concentradas en qué tipo de oración tienen y así concentradas cuando están en esta oración que no quieren hacer el más pequeño movimiento por miedo de perder aquel poquito de gusto y devoción  que sienten, me persuado que no conocen el camino de la unión ” (Las Moradas 5,3,11). ¿Qué significa? Hay una manera sola para juzgar la oración. Sólo si la oración está cambiando nuestra vida es una verdadera apertura a Dios. ¿Nuestra oración está ayudándonos o tratar mejor a nuestros vecinos?

Frei Carlos Mesters, O. Carm

  1. Na solidão do Monte Carmelo, onde viviam os primeiros carmelitas, reinava um grande silêncio. Não havia barulho, a não ser os ruídos da própria natureza que convidam ao silêncio. Mesmo assim, a Regra recomenda com muita insistência o silêncio. Numa cidade barulhenta tem sentido insistir que se faça silêncio. Mas pedir que se faça silêncio naquela serra imensa do Carmelo, cheia de solidão, qual o sentido? Parece o mesmo que carregar água para o mar! Qual o silêncio que a Regra pede daqueles primeiros carmelitas do Monte Carmelo e, através deles, de todos nós da Família Carmelitana?
  2. Há muitos tipos de silêncio: o silêncio de uma sala de estudo ou de uma biblioteca; o silêncio que se pede num hospital; o silêncio da noite ou da madrugada; o silêncio da natureza, o silêncio da morte; o silêncio que precede à tempesta­de; o silêncio do medo; o silêncio do censurado e do povo silenciado e amordaçado; o silêncio do aluno que não sabe a resposta; o silêncio do fulano frustrado ou do jovem abafado; o silêncio do lutador derrubado; o silêncio de Deus que nunca aparece; o silêncio do místico; o silêncio da quebra interior: tudo que a pessoa tinha imaginado e planejado até àquele momento cai no vazio e se desintegra. Parece que não valeu nada. Tantos silêncios! .... Qual o silêncio que a Regra pede e recomenda? Vejamos:

 

  1. O texto da Regra sobre o Silêncio

      O apóstolo recomenda o silêncio, quando manda que se trabalhe em silêncio. Do mesmo modo, o profeta afirma: "A justi­ça é cultivada pelo silên­cio". E em outro lugar diz: “É no silêncio e na es­perança, que se encontrará a vossa força”.

      Por isso, determinamos que, após a recitação do com­pletório, guardem silêncio até depois da oração da manhã do dia seguinte. Quanto às demais horas, embora não tenha de ser observado um silêncio tão rigoroso, abstenham-se cuidadosa­mente do muito falar, porque conforme está escrito e não menos a experiência o ensina: “No muito falar não faltará o pecado; e quem fala sem refletir sentirá um mal-estar, e ainda quem fala muito prejudica sua alma. E o o Senhor no Evangelho: de toda palavra inutil que a gente disser, dela terá que dar conta no dia do juizo.

      Portanto, cada um ponha  moderação nas suas palavras e coloque um freio na sua boca, para não escorregar e tropeçar na língua, numa queda sem cura que con­duz à morte. Como diz o profeta, cada um vigie sua conduta para não pecar com a língua e procure diligentemente observar o silêncio, pelo qual se cultiva a justiça.

 

  1. Um pouco de história: Os motivos do silêncio invocados pela Regra
  2. Na Regra o silêncio é uma arma a mais a ser usada na luta espiritual. E é uma das armas mais importantes. Pois, dentro do conjunto da Regra, o capítulo sobre o silêncio (Rc 21) é como que o ponto de chega­da, após as longas recomendações sobre a luta (Rc 18-19) e o trabalho (Rc 20). É o topo do Monte Carmelo, onde se chega após longa e dolorosa subida. É através do silêncio que todos os valores da vida carmelitana, aos poucos, vão sendo assimilados e encarnados na vida.
  3. Todas as religiões, de uma ou de outra forma, recomendam a prática do silêncio como condição neces­sária para o encontro com Deus. O silêncio é importante, não só para o nosso relacionamento com Deus, mas também para o relacionamento com o próximo, conosco mesmos, com a natureza e com as coisas. É importante, inclusive, para a saúde mental e corporal das pessoas.
  4. Silêncio é muito mais do que ausência de barulho. É o espaço onde se refaz a síntese final, onde a pessoa se possui a si mesma, onde ela conversa com Deus, onde ela se prepara para poder falar e conversar. Sem silêncio não há conversa, nem com o irmão e a irmã, nem com Deus. Pois a condição para a conversa verdadeira é saber escutar o outro. Palavras verdadeiras nascem é do silêncio.
  5. Silêncio é saber escutar e fazer à outra pessoa sentir que, no momento da conversa, ela, e só ela, é o absoluto diante do qual todo o resto é relativo. Isto exige uma ascese muito grande. Sobretudo, saber escutar as pessoas que sempre foram silenciadas, os pobres, tanto na sociedade como na igreja.
  6. Resumindo:
  7. O silêncio favorece a comunicação: fazer silêncio para aprender a escutar. É ascese dura: fazer silenciar tudo para dar atenção ao outro, ao pobre, ao povo, a Deus.
  8. O silêncio é o caminho para a maturidade. Evita a superficialidade, pois exige o recolhimento e concentração das forças da gente.
  9. O domínio da língua é condição para o domínio da mente e para a consciência crítica que nos revela as situações de morte que ameaçam a vida.
  10. O silêncio deve ter uma expressão concreta e comunitária, para que lembre a todos que o objetivo da vida fraterna é a busca de Deus e do irmão.
  11. O silêncio é como a solidão e a cela: não vale em primeiro lugar pelo não falar, mas pelo silêncio interior que por ele deve ser gerado.

 

  1. O ponto de partida: o controle da língua que conduz ao silêncio profético

      O número 21 da Regra sobre o silêncio tem três partes: 1) Descreve o valor do silêncio; 2) Organiza o silêncio; 3) Recomenda a prática do silêncio.

 

(1) O Valor do silêncio:

      Na primeira parte, usando frases da Bíblia, a Regra recomenda o silêncio. Ela começa lembrando a recomen­dação do apóstolo Paulo a respeito do trabalho em silêncio (Rc 20). Em seguida, para des­crever o valor do silêncio, ela cita por inteiro duas frases do profeta Isaías: "A justiça é cultiva­da pelo silêncio", e “É no silêncio e na esperança, que se encontrará a vossa força. Isto significa que o silêncio recomendado pela Regra tem a ver com a Bíblia: a sua origem está nos profetas. É um silêncio profético! Trata-se de um silêncio que é muito mais do que só ausência de barulho ou de falatório. Conforme as duas fraes do profeta, o silêncio tem a ver com a prática da justiça, com a esperança e a resistência (for­ça). Para nós, carmelitas, o silêncio profético evoca imediatamente o profeta Elias.

      Este silêncio profético tem dois aspectos, expressos nas duas frases de Isaías. A primeira frase diz que o cultivo do silêncio gera justiça. Isaías compara a prática do silêncio com o trabalho do agricultor que cultiva sua roça para ter boa colheita. Esta primeira frase indica o esforço ativo nosso que visa atingir um determinado resultado. A segunda frase do profeta sugere o contrário. Em vez de esforço ativo em busca de um resultado, aqui a prática do silêncio é vista como a atitude de espera de algo que deve acontecer, mas que não depende do nosso esforço. Depende de Deus.

(2) A Institucionalização do silêncio

      A segunda parte do número 21 da Regra descreve a organização do silêncio. Se o silêncio é um valor tão importante, ele deve ter a sua expressão na vida do Carmelo. Na Regra, a organi­zação ou institucionalização do silêncio é adaptada ao ritmo diferente do dia e da noite. A noite, ela por si mesma, é silenciosa. O silêncio da noite nos envolve e nos faz silenciar. Produz uma certa passividade. Acalma as pessoas. Acontece, independente de nós. O dia já é mais barulhento. Em vez de silêncio, produz distração. Agita as pessoas. Exige um esforço interior maior para fazer silêncio. Por isso, a Regra pede um tipo de silêncio mais estrito para a noite e um silêncio menos estrito para durante o dia. Insistindo para que o silêncio seja institucionalizado conforme o ritmo diferente do dia e da noite, a Regra, por assim dizer, cria canais concretos através dos quais o silêncio possa atingir as pessoas para gerar nelas a justiça, a esperança e a resistência (força) de que fala o profeta Isaías. Através da observância do ritmo do silêncio de dia e de noite, a pessoa vai assimilando dentro de si os valores do silêncio profético.

 

(3) A recomendação do silêncio

      A terceira parte consta de dois momentos. Num primeiro momento, a Regra descreve como  a pessoa deve fazer para cultivar o silêncio que gera a justiça. Este cultivo consiste sobretudo no controle da língua. Citando frases da Bíblia, Alberto aponta os perigos do muito falatório. Ele diz: No muito falar não faltará o pecado; e quem fala sem refletir sentirá um mal-estar, e ainda quem fala muito prejudica sua alma. E o Senhor no Evangelho: de toda palavra inútil que as pessoas dis­serem, dela terão que prestar conta no dia do juízo.

      Em seguida, num segundo momento, citando novamente frases da Bíblia, a Regra passa a recomendar o cultivo do silêncio ou o contro­le da língua, como sendo o caminho para se chegar ao silêncio mais profundo que é o silêncio profético. A Regra diz: Portanto, cada um faça uma balança para as suas palavras e rédeas curtas para a sua boca, para que, de repente, não tropece e caia por causa da sua língua, numa queda sem cura que conduz à morte. Que, com o profeta, cada um vigie sua conduta para não pecar com a língua, e se empenhe, com diligência e prudência, em observar o silêncio pelo qual se cultiva a justiça. De um lado, o pecado, a morte. Do outro lado, a justiça, a vida. O muito falatório conduz ao pecado e à morte. O controle da língua conduz à justiça e à vida.

      No fim, a Regra retoma a frase inicial sobre a justiça que é fruto do silêncio e diz: Cada um procure diligentemente observar o silêncio, pelo qual se cultiva a justiça. No começo e no fim, a insistência na prática do silêncio como caminho para a justiça. É o silêncio profético!

 

  1. Ponto de chegada: o silêncio profético que enfrenta a morte e conduz à vida
  2. Hoje em dia, o fluxo de palavras, de imagens e de falatório que nos envolvem é tanto, que impede as pessoas de perceberem o que está acontecendo de fato. Envolve-nos de tal maneira, que acaba­mos achando normal aquilo que, na realidade, é uma situação de morte. Por exemplo, anos atrás, o povo se revoltava diante de assassinatos e diante da violência. Hoje em dia, a violência tornou-se uma coisa tão freqüente e tão presente, que já nos acostumamos. A miséria crescente do povo, a injustiça impune, o sofrimento dos que nunca cometeram algum mal, o abandono, o desemprego, a exclusão, a doença, a solidão, o desamor...! Vivemos numa situação de morte, e já não nos da­mos conta. Além disso, muitas vezes, o consumismo mata qualquer esforço de consciência crítica
  3. O primeiro passo do silêncio profético está expresso na primeira citação de Isaías que diz: A justiça é cultivada pelo silêncio. Este cultivo consiste num trabalho ativo nosso que faz silenciar tudo dentro de nós, para que a realidade possa aparecer do jeito que ela é em si mesma e não como aparece desfigurada através do muito falatório, do barulho da moda, do diz-que-diz, ou através dos meios de comunicação, da ideologia dominante. Este trabalho ativo da prática do silêncio produz, aos poucos, o desmantelo das falsas idéias, da ideologia dominante ou dos pre­conceitos que tínhamos na cabeça. Faz nascer a visão justa das coisas. Gera em nós a justiça.
  4. Na hora em que se desmantela dentro da cabeça da gente o arcabouço ideológico que nos dava uma visão falsa e artificial da realidade, nesse momento é como se levássemos uma pancada forte. Como que de repente, despertamos do sono e somos confrontados com a situação de morte sem saída em que estamos vivendo e que grita por mudança e conversão. Nesse momento, tudo silencia dentro da gente. O falatório acabou, emudecemos. Perdemos os argumentos que nos sustentavam. É o momento da crise. Este momento do confronto com a situação de morte que faz silenciar, é o primeiro passo do silêncio profético, de que fala a Regra. É fruto do esforço ativo nosso de fazer silenciar o muito falatório da propaganda, da ingenuidade sem consciência crítica.
  5. O silêncio profético coloca o dedo na ferida escondida. Ele denuncia os caminhos sem saída em que estávamos caminhando e dos quais achávamos que fossem caminhos de vida, quando, na realidade, nos conduziam para a morte. O profeta aponta a morte, não porque gosta da morte, mas sim para que a vida possa manifestar-se. Agindo assim, ele dá pancada, faz silenciar. Faz silêncio para que possamos escutar e experimentar a morte e, passando pela morte, reencontrar a vida. É a cami­nhada da Noite Escura, de que fala São João da Cruz. É uma exigência da vida que sejam apontados os falsos e ilusórios caminhos da morte, para que possam provocar mudança e conversão, tanto na vida pessoal como na convivência social, e, assim, gerar justiça.
  6. O segundo passo do silêncio profético está expresso na segunda citação do profeta Isaías: No silêncio e na esperança está a força de vocês. O silêncio produzido em nós pelo confronto com a situação de morte, apesar de doloroso, é fonte de esperança e produz a força da resistência. Dá força para a gente agüentar a situação de morte, porque acreditamos que da morte do trigo caído na terra vai brotar vida nova. Faz cantar. Como diz o poeta: Faz escuro mas eu canto. Canta a Noite Escura do povo, porque dentro dela já se articula a madrugada da ressurreição.
  7. Este segundo passo, fruto da ação de Deus, aparece em muitos lugares na Bíblia e de várias maneiras. Trata-se da experiência mística. Por exemplo:

*  Salmo 37,7 diz: Descansa em Javé e nele espera. Literalmente se diz: Esvazia-te diante de Ja­vé e agüenta firme. A palavra esperar (agüentar), sugere a atitude da mulher em dores de parto. Ela agüenta firme, porque sabe que vai nascer vida nova, apesar das muitas dores.

*  Lamentação 3,26 diz: É bom esperar em silêncio a salvação de Javé. É a mesma experiência da certeza que vem de Deus. Não sai de frente de Deus, porque sabe que vai ser atendido.

*  Este mesmo silêncio foi acontecendo na vida do profeta Elias na caminhada para o Monte Horeb (1Rs 19). Disto falaremos no subsídio do Círculo 18.

*  O mesmo silêncio aconteceu na vida de Maria e na vida dos Santos e Santas Carmelitas. Sobre isto meditaremos no subsídio do Círculo 19.

  1. Resumindo. O silêncio profético recomendado pela Regra tem dois aspectos, expressos pelas duas frases de Isaías. O primeiro aspecto é fruto do esforço nosso, do cultivo, do trabalho. Exige disciplina e controle, estudo e reflexão, para que a gente possa perceber os mecanismos da opres­são e da ideologia, dos preconceitos e das propagandas. É fruto da partilha, da troca de expe­riências, do trabalho comunitário. O segundo aspecto do silêncio profético é fruto da ação do Espírito de Deus em nós. Desobstruído o acesso à fonte pelo esforço ativo nosso, a água brota de dentro de nós e inunda o nosso ser.

 

  1. O silêncio profético na vida do profeta Elias
  2. Elias parecia forte e invencível no confronto com os profetas de Baal (1Rs 18,20-40). Mas diante da ameaça de Jezabel, ele aparece como é na realidade: fraco e vulnerável, "igual a nós" (Tg 5,17). Com medo de ser morto, foge do país, vai para o deserto (1Rs 19,1-3). Cego, sem enxergar, não percebe o anjo de Deus que lhe traz comida. Ele só quer comer, beber, dormir e ficar longe de tudo (1Rs 19,5). Está desanimado. Quer morrer: Não sou melhor que meus pais! Mas Deus não desiste. O anjo volta uma segunda vez (1Rs 19,7). Finalmente, Elias desperta e, alimentado por Deus, recupera sua força e, no silêncio do deserto, caminha quarenta dias e quarenta noites até o Horeb (Sinai), a Montanha de Deus (1Rs 19,8). Ele busca reen­contrar Deus no mesmo deserto onde, séculos antes, na época do êxodo, havia nascido o povo.
  3. Mas a busca parece não estar bem orientada. Alguma coisa não está dando certo. Ele diz ter muito zelo, mas, na realidade, está fugindo com medo de morrer (1Rs 19,10.14). Diz que ficou sozinho, mas havia sete mil que não tinham dobrado o joelho diante de Baal (1Rs 19,18). Elias tem a visão limitada. Ele acha que é o único a defender a causa de Deus! (1Rs 19,14) Deus o manda sair da gruta e ficar na entrada, pois "Deus vai passar" (1Rs 19,11). Elias sai da gruta, mas a gruta não sai dele. Ele continua com a mesma visão limitada, achando que é ele quem defende a Deus! (1Rs 19,14)
  4. Deus vai passar! A nova experiência de Deus desintegra o mundo de Elias. Primeiro, um furacão! Depois, um terremoto! Depois, um fogo! No passado, ao concluir a Aliança com o povo naquela mesma Montanha Horeb ou Sinai, Deus tinha se manifestado no furacão, no tremor da montanha e nos raios de fogo (Ex 19,16). Eram os sinais tradicionais da presença atuante de Deus no meio do povo. Eram estes os critérios que orientavam a Elias na sua busca de Deus. Ele mesmo tinha experimen­tado a presença de Deus no fogo quando, no Monte Carmelo, enfrentou os profetas de Baal (1Rs 18,36-38).
  5. Elias estava fazendo uma coisa certa. Ele buscava Deus voltando às origens do povo. Ele voltou à experiência de Deus no êxodo. Mas os critérios da sua busca estavam desatualizados. Ele vivia no passado. Encerrou Deus dentro dos critérios! Queria obrigar Deus a ser como ele, Elias, o imaginava e desejava. Por isso acontece o inesperado, a surpresa total: Deus não estava mais no furacão, nem no terremoto, nem mesmo no fogo que tinha sido sinal da presença de Deus, pouco antes, no Monte Carmelo! Parece até um refrão que volta três vezes: Javé não estava no furacão! Javé não estava no terremoto! Javé não estava no fogo!
  6. É a desintegração do mundo de Elias. A crise mais violenta e mais dolorosa que se possa imaginar! Cai tudo! Pois se Deus não está aqui nestes sinais de sempre, então Ele não está em canto nenhum! É o silêncio de todas as vozes! É a escuridão da noite! E é neste momento, que se abre para Elias um novo horizonte. É no silêncio de todas as vozes que a voz de Deus se manifesta a Elias.
  7. Este silêncio total, a língua hebraica expressa-o dizendo: “voz de calmaria suave”, (qôl demamáh daqqáh). As traduções costumam dizer: “Murmúrio de uma brisa suave” A palavra hebraica, demamáh, usada para indicar a calmaria, vem da raiz DMH que significa parar, ficar imóvel, emudecer. A brisa suave indica algo, uma experiência, que, de repente, faz emudecer, faz a pessoa ficar calada, cria nela um vazio e, assim, a dispõe para escutar. Esvazia a pessoa, para que Deus possa entrar e ocupar o lugar. Ou melhor, Deus entrando provoca o vazio e o silêncio. Silêncio sonoro, solidão povoada! Vacare Deo diziam os antigos carmelitas, isto é, esvaziar-se para Deus!
  8. Elias cobriu o rosto com o manto (1Rs 19,13). Sinal de que tinha experimentado a presença de Deus exatamente naquilo que parecia ser a ausência total de Deus! A escuridão se iluminou por dentro e a noite ficou mais clara que o dia. É a libertação de Elias. Reencon­trando-se com Deus, ele se reencontra consigo mesmo. Não é ele, Elias, que defende a Deus, mas é Deus quem defende a Elias. Libertado por Deus, ele é livre para libertar os outros!
  9. A experiência de Deus reconstroi a pessoa e lhe revela a sua missão (1Rs 19,15-18). Refeito pelo encontro com Deus, Elias redescobre sua missão (1Rs 19,15-18) e se preocupa em dar-lhe continuidade, indicando Eliseu como sucessor (Rs 19,19-21). Antes, ele queria morrer. Já não via mais sentido no que fazia. Agora, a nova experiência de Deus mudou tudo. Ele volta para o lugar onde queriam matá-lo. Já não tem mais medo. Em vez de querer morrer, quer que sobreviva a sua missão. Sinal de que novamente crê no que faz e deve fazer.

 

  1. Maria, a Virgem do silêncio
  2. De Maria se fala pouco na Bíblia, e ela mesma fala menos ainda. Os textos da Bíblia sobre Maria são todos dos evangelhos, menos três (Gl 4,4; At 1,13; Ap 12,1-17). Segue aqui uma chave de leitura para os textos dos três evangelhos que falam sobre Maria: Mateus, Lucas e João.
  3. Chave de leitura para os textos do evangelho de Mateus sobre Maria:
  4. Nos textos do evangelho de Mateus em que Maria é mencionada, tudo é centrado em torno da pessoa de José. Maria aparece como a esposa de José. Ela mesma não fala.
  5. Na genealogia de Jesus, Maria aparece silenciosa em companhia de quatro outras mulheres. Esta Companhia de Maria merece uma atenção especial. São Tamar, Raab, Betsabea e Rute.
  6. Tamar, uma cananéia, viúva, se vestiu de prostituta para obrigar Judá a ser fiel à lei e dar-lhe um filho (Gn 38,1-30).
  7. Raab, uma cananéia, prostituta de Jericó, fez aliança com os israelitas. Ajudou-os a entrar na Terra Prometida e professou a fé no Deus libertador do Exodo (Js 2,1-21).
  8. Betsabea, uma hitita, mulher de Urias, foi seduzida, violentada e engravidada pelo rei Davi, que, além disso, mandou matar o marido dela (2 Sm 11,1-27).
  9. Rute, uma moabita, viuva pobre, optou para ficar do lado de Noemi e aderiu ao Povo de Deus (Rt 1,16-18).
  10. As quatro mulheres são estrangeiras e irregulares. Não agem nem vivem dentro dos padrões da lei. Mesmo assim, suas iniciativas pouco convencionais deram continuidade à linhagem de Je­sus e trouxeram a salvação de Deus para todo o povo. Foi através delas que Deus realizou seu plano e enviou o Messias prometido.
  11. Uma irregularidade semelhante existe em Maria. A sua gravidez acontece antes de ela conviver com José. Se José tivesse agido conforme as exigências das leis da época, deveria ter denunciado Maria, e ela poderia ser apedrejada. Mas José, por ser justo, não obedeceu às exigências das leis de pureza. A justiça de José era maior e o levou a defender a vida tanto de Maria como de Jesus. Mais tarde, Jesus irá dizer: "Se a justiça de vocês não for maior que a dos escribas e fariseus, não poderão entrar no Reino do céu" (Mt 5,20).

 

  1. Chave de leitura para os textos do evangelho de Lucas sobre Maria:

É no evangelho de Lucas que Maria aparece mais. Mesmo assim, ela fala pouco: com o anjo Gabriel, com Isabel e com Jesus no Templo de Jerusalém. Ela canta, usando os salmos. Lucas, quando fala de Maria, pensa nas Comunidades. Ele apresenta Maria como modelo para a vida das comunidades. É na maneira de Maria relacionar-se com a Palavra de Deus que Lucas vê a maneira mais correta para a comunidade relacionar-se com a Palavra de Deus: acolhê-la, encarná-la, vivê-la, aprofundá-la, ruminá-la, fazê-la nascer e crescer, deixar-se moldar por ela, mesmo quando não a entendemos ou quando ela nos faz sofrer. Maria nos orienta na escuta e no uso da palavra.

 

  1. Chave de leitura para os textos do evangelho de João sobre Maria:

A Mãe de Jesus aparece duas vezes no evangelho de João: no começo, nas bodas de Caná (Jo 2,1-5), e no fim, ao pé da Cruz (Jo 19,25-27), e pronuncia apenas duas frases: "Eles não têm mais vinho!" (Jo 2,3) e: "Fazei tudo o que ele vos disser!" (Jo 2,5). Nos dois casos, em Caná e ao pé da Cruz, Maria representa o Antigo Testamento que aguarda a chegada do Novo e, nos dois casos, ela contribui para que o Novo chegue. Maria é o elo entre o que havia antes e o que virá depois. Em Caná, é ela, a mãe de Jesus, símbolo do Antigo Testamento, que percebe os limites do Antigo: "Eles não têm mais vinho!" E é ela que dá os passos para que o Novo possa chegar, dando o grande conselho: "Fazei tudo que ele vos disser!" Na hora da morte, é novamente Maria, a Mãe de Jesus, que acolhe o "Discípulo Amado". O Discípulo Amado é a Comunidade do Novo Testamento que cresceu ao redor de Jesus. Ele é o filho que nasceu do Antigo Testamento. A pedido de Jesus, o Novo Testamento, recebe o Antigo Testamento, em sua casa. Os dois devem caminhar juntos. Pois o Novo não se entende sem o Antigo. Mãe não se entende sem filho, e filho não se entende sem mãe. Seria um prédio sem fundamento. E o Antigo sem o Novo ficaria incompleto. Seria uma árvore sem fruto.

 

NOTA DE FALECIMENTO. Faleceu nesta segunda-feira 3 de novembro-2025 na cidade de Limeira, São Paulo, o Sr. Moreira (fotos), um dos fundadores da Ordem Terceira do Carmo naquela cidade. Em nome da Província Carmelitana Fluminense e da Comissão Provincial para a Ordem Terceira do Carmo, o nosso muito obrigado pelo carinho e amor ao Carmelo. Descanse nos braços da Senhora do Carmo. Com saudades, Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Delegado Provincial.

Os 41 Sodalícios da Província Carmelitana Fluminense- E a Família Carmelitana do Brasil e do mundo- agradece ao Frei Carlos Mesters, O. Carm., pelo carinho e apoio. Parabéns pelos 94 Anos!

Primeira entrevista dada pelo novo Prior Geral, Fr. Desidério Garcia

 

Transcrevemos integralmente, com a devida vénia, a primeira entrevista dada pelo novo Prior Geral da Ordem do Carmo, Fr. Desidério Garcia, a Francisco Otamendi, publicada pelo sítio Omnes, no passado dia 8 de outubro de 2025, e por nós traduzida para o público de língua portuguesa.

 

Desidério Garcia, novo Prior Geral dos Carmelitas: “A nossa origem é asiática”

 

A Ordem do Carmo tem um novo Prior Geral, eleito na Indonésia. É o P. Desidério Garcia (França, 1970), até agora prior e pároco dos Carmelitas de Ayala (Madrid). “Nascemos na Terra Santa. A nossa origem é asiática”, assevera a Omnes. “A contemplação, com mãos compassivas, é o melhor presente que podemos oferecer ao mundo e à Igreja”, acrescenta.

A Província Carmelita de Aragão, Castela e Valência foi a mais rápida a dar a notícia. A 19 de setembro. “P. Desidério García, novo Prior Geral. Capítulo Geral, Malang 2025”, dizia a notícia. De fato, no Capítulo Geral de Malang (Indonésia), o P. Desidério foi eleito Prior Geral da Ordem dos Irmãos da Virgem Maria do Monte Carmelo para os próximos seis anos (2025-2031).

Nascido em Orange (França), na Provença francesa, em 1970, filho de pais espanhóis, “sou filho de emigrantes”, conta ele a Omnes. O P. Desidério, O. Carm., tem três licenciaturas: em Estudos Eclesiásticos, Teologia Bíblica e Filologia Hebraica. E foi membro de diferentes Comissões Internacionais da Ordem do Carmo.

Durante seis anos foi Prior Provincial das Carmelitas da Província de Aragão, Castela e Valência, de São João da Cruz, vinte e um anos Conselheiro de Formação na sua Província e dezoito anos Mestre de Noviços. Fez parte de projetos de formação em Salamanca (Espanha), Aylesford (Reino Unido), Roma (Itália) e Santo Domingo (República Dominicana).

Atualmente, o P. Desi, como é coloquialmente conhecido, era Conselheiro para a Vida Religiosa e, desde há dois anos, prior e pároco da comunidade carmelita da Rua Ayala (Madrid). Recém-chegado da ilha de Java e depois de ter pregado um retiro Effetá naquela paróquia a numerosos jovens, conversámos com ele.

 

Em primeiro lugar, parabéns. Estava à esperava disto? Quais foram os seus primeiros pensamentos?

– Nunca se espera uma coisa destas. Eu estava feliz, servindo, juntamente com os meus irmãos carmelitas, na nossa paróquia de Santa Maria do Monte Carmelo, conhecida em Madrid como os “Carmelitas de Ayala”. Soube da minha eleição ali mesmo, na sala capitular, uma vez lido o escrutínio da primeira votação deliberativa, onde me disseram que tinha conseguido a maioria absoluta. No meu caso, senti gratidão pela confiança dos meus irmãos e, ao mesmo tempo, tremor e temor perante a responsabilidade que tinha assumido.

Estes dons que Deus dá têm a forma de cruz. A nossa autoridade não é a do poder, do brilho ou de uma medalha de mérito, mas sim a da caridade, da humildade, do serviço generoso a todos, como Jesus fez no lava-pés. Foi o que expressei aos Irmãos capitulares e a toda a Ordem, comunicando-lhes, depois o ter rezado, que aceitava esta responsabilidade como um serviço de amor a Deus, à Igreja e à Ordem do Carmo, em cada um dos Irmãos, para que, juntos, possamos levar à plenitude a vocação à qual fomos chamados.

 

O novo Prior Geral dos Carmelitas, P. Desidério Garcia, com o novo Núncio da Santa Sé em Espanha, Dom Piero Pioppo, até agora Núncio na Indonésia. A reunião teve lugar em Jacarta há alguns dias.

 

Nasceu em França, mas desde então vive em Espanha.

– Nasci em Orange (França) em 1970. Os meus pais são espanhóis, sou filho de imigrantes. Orange situa-se na Provença francesa, é uma cidade romana que possui um património impressionante: o antigo teatro e o arco do triunfo, ambos declarados Património da Humanidade. Também é conhecida por ser um importante centro de vinificação da França. Os vinhos das Côtes du Rhône, bem como os vinhedos de Châteauneuf du Pape, onde o meu pai trabalhava, são reconhecidos desde o século XIV.

Orange é uma espécie de Mérida francesa. Ainda lá tenho amigos e familiares. A família, quando os avós envelheceram e foi necessário dar prioridade a quem se tinha que atender primeiro, voltou para Espanha. Instalaram-se em Onda (Castellón), onde tive o meu primeiro contacto com os carmelitas.

 

O Capítulo Geral celebrou-se na Indonésia. Ontem comentou que o crescimento da Ordem na Ásia é grande, mais do que noutras latitudes.

– Com grande alegria, a Ordem do Carmo está a difundir-se na Ásia, a par do anúncio do Evangelho. Não é demais lembrar que se trata apenas de uma viagem de ida e volta, já que a nossa origem é asiática. De fato, nascemos na Terra Santa, no Monte Carmelo, no Médio Oriente. Viemos de lá e agora o Espírito Santo está a levar-nos de novo para lá.

O Carmelo chegou à Indonésia em 1923, há 102 anos, graças à generosidade e ao zelo missionário da Província Carmelita da Holanda. Hoje, no maior país muçulmano do mundo, onde a população católica perfaz apenas 3%, existem mais de 400 frades e cerca de 200 jovens em diversas estapas de formação. O importante, obviamente, não são os números, nem as estratégias, nem os cálculos. Mas comprovar como o dom do carisma carmelita, os seus valores, a sua espiritualidade, continuam a dar fruto, sob ação do Espírito Santo.

 

Já teve a oportunidade de informar o Papa Leão XIV da sua eleição? Pode destacar alguma mensagem do Papa nestes primeiros meses?

– O Procurador-Geral, que é o representante a nível institucional da nossa Ordem junto à Santa Sé, é quem comunica oficialmente isso ao Secretário de Estado do Vaticano. Esse é o canal institucional. A nomeação é então notificada a todos os Dicastérios da Santa Sé, com os quais a Ordem, por uma razão ou outra, tem de estar em contacto.

Não tive a oportunidade de cumprimentar pessoalmente o Santo Padre porque ainda não estou a residir em Roma. Da ilha de Java, onde se realizou o Capítulo Geral em Malang, regressei diretamente a Madrid. Temos um tempo de transição para tratar dos vistos, permissões de residência e de questões administrativas a nível civil e canónico dos membros do Conselho Geral. Uma vez lá, é o Procurador-Geral que se encarrega de pedir uma audiência com o Santo Padre para apresentar oficialmente o Prior Geral e o seu Conselho.

Gostaria de destacar a mensagem inicial do Papa Leão XIV, a sua bela mensagem de paz. Ele pediu, no primeiro dia, logo após a sua eleição, que a “paz de Cristo ressuscitado” tocasse “todos os povos”, “toda a terra” e que fosse “uma paz desarmada e uma paz desarmante”.

 

Desidério  García,  ao  centro,  com  os  dois  ex-Priores  Gerais (P. Fernando Millán, 2007-2019, à esquerda, e P. Míċeál O'Neill, 2019-2025, ndT)

Para os que ainda não conhecem bem a Ordem Carmelita, aponte-nos algum traço central do carisma carmelita. 

– A contemplação não é apenas o coração do carisma carmelita, mas é, em si mesma, o melhor dom que podemos oferecer ao mundo e à Igreja. Como mendicantes, estamos abertos a todo o tipo de ministérios e apostolados. Pois bem, uma vez que nós, carmelitas, levamos a cabo a nossa missão no meio do povo, antes de mais com a riqueza da nossa vida contemplativa, façamos nós o que fizermos, prestamos especial atenção ao caminho espiritual das pessoas.

Creio que um dos grandes desafios proféticos do Carmelo é ajudar o mundo de hoje a cultivar a vida interior. Uma vida interior que não nos afasta da vida ordinária dos homens, mas que, pelo contrário, nos mergulha mais profundamente nos sofrimentos da humanidade. Uma pessoa com um olhar contemplativo é uma pessoa com mãos compassivas.

O contemplativo “alarga a sua tenda”, como diz o profeta Isaías, para que nela caiba Deus e todos os que vêm com Ele: a humanidade. Se um dia, à nossa volta, já não houvesse mais doentes e famintos, abandonados e desprezados – os minores de que fala a nossa tradição mendicante – não é porque os não haja, mas, simplesmente, porque não os vemos. A contemplação autêntica leva-nos à ternura e à compaixão, a tocar as chagas do Corpo de Cristo e a curar as feridas. Insisto, a qualidade da nossa compaixão brota das raízes da contemplação.

Embora possa ser prematuro, poderia comentar alguma prioridade do seu mandato? Os outros membros do governo também foram eleitos.

– O Prior Geral é encarregado pelos irmão de zelar com docilidade pelo bem comum de toda a Ordem. Para isso, deve dedicar o máximo esforço para que esta cresça na fidelidade à sua identidade (o que chamamos, na nossa linguagem, o carisma), bem como discernir, de modo criativo, olhando para o nosso mundo, os novos caminhos por onde Deus nos conduz.

Isso implica acompanhar toda a Família Carmelita para que cultive a nossa atitude contemplativa na vida de oração, fraternidade e serviço no anúncio do Evangelho. Esta animação, como pode imaginar, não se faz por controle remoto. Implica, acima de tudo, viajar, olhar cara a cara para os irmãos, conhecer a realidade, dialogar com cada cultura. E, sobretudo, exercitar o “apostolado da escuta”. Viver com fidelidade o dom recebido da nossa espiritualidade carmelita, voltando às nossas origens de forma criativa, implica diversas coisas: por um lado, a renovação da vida comunitária, como lugar de acompanhamento e acolhimento incondicional; e, por outro, o cultivo da nossa missão, abrindo janelas de esperança para a humanidade vulnerável, pobre e esquecida.

Sim, de fato, o Prior Geral não está sozinho. Seria impossível. Um bom grupo de irmãos carmelitas, chamados Conselho Geral, de diferentes nacionalidades, também eles eleitos no Capítulo Geral, ajudam e apoiam esta missão de governo e animação espiritual: o Vice-Geral (Fr. Hariawan Adji, Indonésia), o Ecónomo Geral (Fr. Christian Körner, Alemanha), o Conselheiro para a Europa (Fr. Richard Byrne, Irlanda), o Conselheiro para as Américas (Fr. Nepomuk Willemsen, Estados Unidos), o Conselheiro para a Ásia, Austrália e Oceânia  (Fr. Robert Thomas Puthussery, Índia), o Conselheiro para a África (Burkina Faso, Fr. Erik Chrisostome) e o Procurador-Geral (Fr. Michael Farrugia, Malta).

 

Se quiser acrescentar mais alguma coisa...

– Gostaria de dar graças a Deus pelo seu trabalho e pôr a vida dos leitores debaixo do manto de Nossa Senhora do Monte Carmelo, nossa Mãe e Irmã. Para isso, despeço-me com umas palavras do Frei Paulo Maria da Cruz, O. Carm., um jovem carmelita, doente de cancro, que fez sua profissão carmelita in articulo mortis (em perigo de morte).

Antes de morrer, aos 21 anos, ele escreveu uma carta póstuma ao Papa Francisco durante a JMJ de Lisboa 2023, dizendo-lhe: “No Carmelo, o Jardim de Deus, antecâmara do Céu, cresce Maria, o Girassol de Deus, a quem gosto de chamar e imaginar como a Virgem da Primavera. Peço-lhe a ela que transforme os desertos da dor em jardins de consolação, e nas suas mãos confio a evangelização dos jovens”.

Autor: Francisco Otamendi

Sítio: Omnes
Data do artigo original, em castelhano: 8 de outubro de 2025

URL: https://www.omnesmag.com/foco/p-desiderio-garcia-nuevo-prior-general-de-los-carmelitas/

Fonte: https://www.ordem-do-carmo.pt 

 

Caros Irmãos e Irmãs do Carmelo

 

1- Com gratidão a Deus e a Nossa Senhora do Monte Carmelo, nós, delegados do Capítulo Geral Carmelita, reunidos em Malang, Indonésia, de 9 a 26 de setembro de 2025, refletimos sobre o tema: “Vocês devem ter algum tipo de trabalho a fazer” (Regra 20)

- Nossa Fraternidade Contemplativa Discerne Sua Missão. Dirigimos esta mensagem final a toda a Família Carmelita.

 

Ação de Graças e Contexto

2- Somos profundamente gratos à Província da Indonésia e ao Secretariado do Capítulo Geral por sua extraordinária hospitalidade, organização e vitalidade, criando as melhores condições e ambiente possíveis para a celebração deste Capítulo Geral. Expressamos também nossa gratidão ao Papa Leão XIV, que, em carta endereçada ao Capítulo, nos lembrou que nossas raízes na oração silenciosa e no cuidado mútuo cultivam uma quietude que nos permite discernir os sinais dos tempos, especialmente da perspectiva dos pobres (Const. 118). Ele enfatizou que nossa vida compartilhada de oração é o fundamento de todo o nosso serviço e confiou este Capítulo a Nossa Senhora do Monte Carmelo.

 

3- Nossos dias juntos foram marcados por fraternidade, honestidade e discernimento orante. Com gratidão e reverência, também nos lembramos das quatro irmãs de nossa Ordem que faleceram tragicamente em um acidente de carro na Tanzânia. À luz

do Ano Jubilar, nos tornamos mais conscientes de pertencer a uma Igreja mais ampla e peregrina. Nossas reflexões foram enriquecidas por relatórios do Prior Geral, do Conselho Geral, das comissões e das quatro áreas geográficas da Ordem, bem como por contribuições de especialistas que nos ajudaram a ler os sinais dos tempos.

 

4- Uma dessas vozes foi a da Irmã Patricia Murray, IBVM. Baseando-se no Caminho Sinodal de Comunhão, Participação e Missão da Igreja, ela nos lembrou que nossa resposta deve passar das palavras à ação. Devemos resistir à indiferença e encarnar a misericórdia e a transformação. Ela nos desafiou a ouvir a voz do Espírito Santo e a “alargar a tenda dos nossos corações”, levando nosso carisma às periferias com coragem, empatia e esperança. A qualidade da nossa presença está acima de tudo, para que as pessoas vejam a presença de Deus em nós.

 

5- Aprendemos que a missão surge da comunhão da própria vida de Deus, estendendo-se à criação e à história, e está firmemente enraizada na vontade salvífica universal de Deus (1 Tm 2,4). A Igreja não tem tanto uma missão, mas a missão tem uma Igreja. O Espírito Santo nos chama hoje a restabelecer nosso “ser contemplativo diante do Senhor”. Essa identidade eliana, fundamentada no serviço, na oração e na fraternidade, é a fonte da ação profética em resposta aos clamores de nossa época: a difícil situação dos migrantes e refugiados, a devastação da guerra, as feridas da pobreza e da exclusão em uma economia movida pela ganância, o fundamentalismo religioso e o racismo, as ameaças das mudanças climáticas e da degradação ambiental.

 

6- Sob essa luz, a Regra 20, “Vocês devem ter algum tipo de trabalho a fazer”, nos falou novamente. Nosso “trabalho” não é apenas trabalho, mas a união diária de oração, fraternidade e serviço, para que cada ação se torne uma missão contemplativa.

 

Nossa Experiência Juntos

 

7-Estes dias em Malang não foram meramente discussões, mas momentos de discernimento fraterno, enriquecidos pela beleza da vida cultural e espiritual da Indonésia. Nosso “trabalho” não é simplesmente estar ocupado, mas permitir que a missão flua da misericórdia de Cristo para as realidades do nosso mundo. Repetidamente, fomos lembrados de que a verdadeira liderança no Carmelo é definida pela autoridade que surge do testemunho de uma fraternidade enraizada na oração, na humildade e no serviço. A missão não é uma estratégia, mas uma resposta à misericórdia de Deus, que nos transforma em uma comunidade de amor. Também buscamos a clareza que somente o Espírito Santo pode fornecer para reconhecer os raios que obscurecem nossa visão.

 

8- Neste Capítulo, vivenciamos a própria fraternidade como um trabalho contemplativo: ouvir profundamente uns aos outros, dialogar honestamente e compartilhar a responsabilidade pela nossa missão comum. A diversidade de culturas reunidas aqui não foi um desafio, mas um dom, um sinal do caráter internacional do Carmelo hoje.

9-Este Capítulo nos lembrou que o discernimento não é um evento isolado, mas um modo de vida: permanecer atentos ao Espírito para que nossa missão seja sempre renovada e

responsiva às necessidades da Igreja e do mundo.

 

Enfrentando a Realidade com Esperança

 

10- Nosso confrade, Dom Wilmar Santin, O.Carm., da Prelazia Territorial de Itaituba, Brasil, nos lembrou que a missão pertence ao próprio coração da nossa identidade carmelita: enraizada na contemplação, expressa na fraternidade e enviada às periferias. Ele lembrou a coragem e a criatividade dos carmelitas na Amazônia e além, exortando-nos a passar de uma mentalidade de manutenção para um espírito de discipulado missionário, formando comunidades voltadas para o exterior e dispostas

a adentrar novos espaços de pobreza, migração e crise ecológica.

 

11- Nosso irmão, Bispo Henricus Pidyarto Gunawan, O.Carm., da Diocese de Malang, Indonésia, refletiu conosco sobre o carisma carmelita como um dom para a Igreja e o mundo. Ele nos lembrou que nossas obras devem ter qualidade real, responder a necessidades concretas e ser credíveis em nós que as oferecemos; autenticamente carmelitas, benéficas para o povo de Deus e testemunhadas em nossa vida cotidiana. Ele nos chamou a equilibrar trabalho e oração, evitando a preguiça e o excesso de trabalho, para que nossa vocação não se torne superficial ou exausta. O silêncio, ele nos lembrou, é essencial para a comunhão com Deus, enquanto a fraternidade exige trabalho em equipe e responsabilidade compartilhada, em vez de isolamento ou individualismo. Inspirados por Elias e Jesus, somos chamados a defender os pobres e marginalizados, garantindo que nossas obras apostólicas sejam sempre uma expressão autêntica do nosso carisma.

 

12- Estando na Indonésia, fomos cercados pela presença de membros da religião islâmica. Fomos lembrados de que em nossas constituições afirmamos que o profeta Elias é para nós uma ponte para as outras religiões monoteístas. A Sra. Alissa Wahid, acadêmica e ativista muçulmana, filha do ex-presidente da Indonésia, juntamente com nosso irmão Hariawan Adji, O. Carm., nos deram algumas percepções extraordinárias sobre o que é possível por meio do diálogo e da mobilização inter-religiosos, que unem as pessoas. 13. Iluminados pelo testemunho de jovens carmelitas, fomos encorajados a ver que eles são atraídos por comunidades onde a autenticidade, a fraternidade, a devoção mariana e um ritmo de oração conduzem naturalmente ao serviço generoso. Sua esperança e paixão nos inspiram a permanecer fiéis ao cerne de nossa vocação.

 

14- Ao mesmo tempo, não podemos ignorar as realidades do nosso tempo. Na Europa, somos chamados a enfrentar o declínio das vocações e o peso das estruturas com honestidade e

coragem, abrindo mão onde for necessário, enquanto abraçamos a nova energia dos encontros de jovens, da colaboração leiga e das redes internacionais. Nas Américas, somos chamados a nutrir vocações florescentes na América Latina. Na América do Norte, enfrentamos

os desafios da redução de vocações e do envelhecimento com criatividade e solidariedade. Ao mesmo tempo, reconhecemos muitos sinais de vitalidade nos noviciados comuns, na formação compartilhada e no compromisso renovado. Na África, somos chamados a fortalecer comunidades jovens vibrantes, investindo em formação e liderança sólidas e buscando maior sustentabilidade financeira, para que possam crescer em autonomia e responsabilidade. Na Ásia-Austrália-Oceania, somos chamados a enraizar vocações abundantes, especialmente na Indonésia, Vietnã e Timor-Leste, em uma profunda fraternidade contemplativa, para que essa vitalidade permaneça um verdadeiro dom e não se desvie para o mero ativismo.

 

15- Em todas as áreas, a salvaguarda, a vivência intercultural e o testemunho confiável continuam sendo desafios urgentes. Para fortalecer nossa resposta comum, o Capítulo Geral se comprometeu a aprofundar a fraternidade intercultural e a garantir um testemunho autêntico em todos os contextos. Também decidimos implementar a salvaguarda com estruturas obrigatórias em toda a Ordem, garantindo proteção e responsabilização consistentes em todos os níveis.

 

Prioridades Emergentes

 

16- Guiados pela exortação da Regra de “ter algum tipo de trabalho a fazer”, o Capítulo identificou várias prioridades para a nossa Ordem e para a Família Carmelita em geral.

A formação, tanto inicial quanto contínua, deve nutrir a maturidade humana e espiritual e garantir que o nosso carisma seja vivido plenamente no mundo de hoje. Reconhecemos os jovens como “o agora de Deus” e nos comprometemos a caminhar com eles, criando espaços autênticos onde as vocações possam crescer. Nosso discernimento e missão pertencem a toda a Família Carmelita. Juntos, frades, freiras, irmãs, membros da Terceira Ordem e leigos carmelitas, somos chamados a compartilhar a responsabilidade pelo carisma que nos foi confiado. O testemunho e a vitalidade dos leigos, especialmente da Terceira Ordem, são indispensáveis ​​para levar o espírito carmelita às famílias, paróquias e sociedade. Cada um contribui de acordo com sua vocação, compartilhando recursos e apoiando se mutuamente, para que nenhuma comunidade caminhe sozinha. Essa solidariedade deve se estender a todas as províncias e continentes em termos de formação, pessoal e finanças.

 

17- Ao discernirmos como comunidade nossos compromissos apostólicos, manteremos aquelas obras que expressam autenticamente nosso carisma, adaptando-as aos contextos locais e aos sinais dos tempos e, quando necessário, abandonaremos aquelas que não servem mais ao Evangelho de maneira carmelitana. Ao mesmo tempo, reconhecemos a importância de comunicar nosso carisma com clareza e responsabilidade, usando com sabedoria as mídias digitais e tradicionais. Nossa resposta contemplativa ao clamor dos pobres e ao clamor da Terra permanece central em nossa missão, incitando-nos a defender a justiça, a paz e o cuidado com a criação. Por fim, estamos comprometidos em renovar nossas comunidades como testemunhas vivas da fraternidade, promovendo uma liderança visionária e voltada para o serviço e fortalecendo nossa vida litúrgica como o coração do nosso testemunho da presença de Deus no mundo.

 

Seguindo em Frente

18-Em Malang, vivenciamos fraternidade, diversidade e esperança. Reconhecemos nossas limitações, mas também encontramos a abundância da graça de Deus. O que buscamos não é otimismo piedoso, mas esperança real: uma esperança enraizada em Cristo, sustentada pela oração e vivida na fidelidade diária à fraternidade e à missão.

 

19- Como Carmelitas, sabemos que a oração no deserto não é fuga, mas fonte de vida, transformando-nos em água viva para o mundo. Nossa vocação é permanecer no amor de Deus para que nossas comunidades irradiem alegria, gratidão e misericórdia. Olhando para o futuro, levamos adiante as perceções aqui adquiridas: que a missão flui da oração, que a própria fraternidade é missão e que nosso carisma não é nossa posse, mas um dom de Deus à Igreja e ao mundo.

 

20- Para acompanhar os membros da ordem ao longo dos próximos seis anos, elegemos uma nova liderança: Prior Geral, Desiderio García Martínez, O.Carm. (ACV); Vice Prior Geral, Franciscus Xavarius Hariawan Adji, O.Carm. (INDO); Procurador Geral, Michael Faruggia, O.Carm. (MEL); Ecônomo Geral, Christian Körner, O.Carm. (GER); Conselheiro Geral para a África, Erick Chrisostome N'Do, O.Carm. (BET); Conselheiro Geral para as Américas, Rolf Nepomuk (Nepi) Willemsen, O.Carm. (PCM); Conselheiro Geral para a Ásia-Austrália-Oceania, Robert Thomas Puthussery, O.Carm. (ISTA); e Conselheiro Geral para a Europa, Richard Byrne, O.Carm. (HIB).

 

21- Confiamos nosso compromisso renovado a Nossa Senhora do Carmo, nossa Mãe e Irmã, sob cujo manto encontramos proteção e paz, e confiamos na dupla porção do espírito do Profeta Elias que nos foi dada. Que elas nos guiem a discernir nosso “trabalho” como Carmelitas hoje: testemunhar a misericórdia de Deus, servir em fraternidade e caminhar humildemente com o povo de Deus.

 

22- Ao olharmos para o futuro, o fazemos com a confiança de que o Espírito de Deus que nos guiou em Malang continuará a nos guiar. A jornada dos próximos seis anos não é isenta de desafios, mas é repleta de oportunidades: sermos comunidades contemplativas em missão, um sinal vivo de esperança para a Igreja e para o mundo.

 

Malang, Indonésia

26 de setembro de 2025

Do Capítulo Geral. 9 a 26 de setembro de 2025


Eleições para Conselheiros Gerais para África, América, Ásia/Austrália/Oceania e Europa realizadas no Capítulo Geral  

Após as eleições do prior geral e  do vice-prior geral, procurador geral e ecônomo geral na sexta-feira, o Capítulo Geral voltou sua atenção para a eleição dos Conselheiros Gerais que trabalham nas quatro áreas geográficas da Ordem.

O dia começou com a Oração da Manhã e a Missa. Os membros do Capítulo então se reuniram na Aula Capitular.

As eleições foram as seguintes: 

 

Conselheiro Geral para a África:

Nascido em Koudougou, Burkina Faso, Erick ingressou no Carmelo de Bobo Dioulasso. Em 16 de julho de 2008, fez sua profissão simples e, em 4 de julho de 2011, foi ordenado sacerdote. Após sua ordenação, foi designado para a Casa do Postulado em Ouagadougou. Em setembro de 2013, foi enviado à comunidade de Madri para realizar estudos especializados em filosofia com o tema Humanismo e Transcendência na Pontifícia Universidade de Comillas.

Depois de concluir uma tese sobre Edith Stein em junho de 2017, ele retornou à comunidade em Ouagadougou, onde leciona filosofia na Universidade Católica de São Tomás de Aquino e no Instituto Privado de Filosofia, onde postulantes carmelitas assistem às aulas.

 

Conselheiro Geral para a América:

Rolf Nepomuk (Nepi) Willemsen, O. Carm., originário da Alemanha, é membro da Província do Puríssimo Coração de Maria (PCM) e atua como Primeiro Conselheiro da Província.

Ele também é prior e Diretor de Formação no Whitefriars Hall em Washington, DC. Nepi tem experiência profissional em serviço social, organização comunitária e saúde internacional.  Na Ordem, lecionou teologia por seis anos e agora supervisiona a Coleção Carmelitana, promovendo pesquisas sobre a espiritualidade carmelitana. Seu ministério concentra-se em formação, educação teológica e acompanhamento vocacional.

 

Conselheiro Geral para a Ásia, Austrália e Oceania:

Robert Thomas Puthussery nasceu em Kerala, Índia. Estudou em sua cidade natal, Mookkannoor, em Kerala. Após concluir seus estudos de filosofia e teologia, foi ordenado sacerdote em 1994.

Ele obteve o bacharelado (BA 1990-93) e o mestrado (MA 1994-96) em Literatura Inglesa e lecionou como professor assistente (1996-97) no Christ College Bangalore, Índia. De 1997 a 2000, atuou como prior e reitor do seminário menor carmelita em Carmel Nivas, Kothamangalam. De 2000 a 2002, fez o mestrado em Teologia Aplicada na Universidade de Middlesex, Londres. Posteriormente, atuou como capelão das comunidades católicas siro-malabares de imigrantes em Londres, Liverpool e Manchester, Reino Unido. De 2006 a 2007, atuou como diretor estudantil da Província Britânica dos Carmelitas. Enquanto servia como subprior da comunidade carmelita internacional em East Finchley, Londres, concluiu seu doutorado (PhD 2006-2010) na Universidade de Liverpool em psicologia pastoral.

Após seu retorno do Reino Unido em 2011, ele atuou como prior e diretor espiritual do seminário principal carmelita na Carmeljyoti Study House, enquanto lecionava na Christ University (2011-2014) Bangalore, como professor assistente no Departamento de Estudos de Língua e Mídia e na Faculdade de Direito. 

 

Conselheiro Geral para a Europa:

Richard nasceu em Dublin e foi educado pelos Carmelitas no Terenure College. Após seus estudos filosóficos e teológicos no Instituto Milltown, foi ordenado sacerdote em 1996. Foi membro da Comunidade Carmelita do Terenure College por mais de vinte anos, exercendo diversas funções: professor de contabilidade e educação religiosa, capelão escolar, treinador de rúgbi e diretor escolar. Durante esses anos, no University College Dublin, o Padre Richard também concluiu seu Bacharelado em Comércio (BComm) e seu Doutorado (PhD) sobre as peculiaridades da educação católica.

Em 2015, foi eleito prior provincial da Província Irlandesa e reeleito provincial em 2018. Na Irlanda, Richard foi nomeado presidente da Catholic Schools Partnership, que prestava um serviço nacional de apoio ao ensino católico no país. Em seu tempo livre em Dublin, ele era árbitro de rúgbi e apitava partidas escolares e de adultos em toda a sua província natal, Leinster.

No Capítulo Geral de 2019, foi eleito Conselheiro Geral da Europa para um mandato de seis anos, de 2019 a 2025. Suas áreas de responsabilidade são a Comissão de Liturgia e Oração e a Comissão Internacional de Comunicações. Fonte: https://ocarm.org

Do Capítulo Geral | 9 a 26 de setembro de 2025

 

Prior Geral, Vice-Prior Geral, Procurador Geral e Ecônomo Geral eleitos pelo Capítulo Geral

Após o dia de retiro e reflexão do Bispo Henricus Pidyardo, os membros do Capítulo dedicaram algum tempo à reflexão sobre os possíveis candidatos ao governo da Ordem. Esta manhã, após a Oração da Manhã e a Eucaristia, os membros do Capítulo Geral reuniram-se no Salão Capitular para iniciar o processo de votação. 

O Capítulo Geral de 2025 elegeu quatro membros do governo central da Ordem no primeiro dia das eleições. Os cargos preenchidos foram prior geral, vice-prior geral, procurador geral e ecônomo geral.

 

Capítulo Geral dos Carmelitas -2025, 

 

Prior Geral

O Pe. Desiderio García Martínez, da Província Arago, Castellae et Valentiae- Espanha, foi eleito Prior Geral para o próximo sexênio, é Bacharel em Estudos Eclesiásticos (1989-1994), Bacharel em Teologia Bíblica (1994-1996) e Bacharel em Filologia Hebraica (1996-2000). Foi prior provincial da Província ACV (2017-2023), Mestre de Noviços (1997-2009, 2011-2017), Conselheiro de Formação (2002-2017), Conselheiro para a Vida Religiosa (2023-25) e pároco (2009-11, 2023-25).

 

Vice-Prior Geral

Mais tarde, pela manhã, o Padre Franciscus Xavarius Hariawan Adji, atual prior provincial da Indonésia, foi escolhido para servir como Vice-Prior Geral. O Padre Hariawan possui bacharelado em Linguística Inglesa (1992), bacharelado em Administração Industrial (1993), bacharelado em Filosofia e Teologia Cristãs (2006), mestrado em Bioestatística (2000), mestrado em Filosofia e Teologia Cristãs (2009) e doutorado em Estudos Inter-religiosos (2017).

É professor na Universidade Airlangga, Surabaya (1992 - presente) e diretor de Estudos no Access English Centre Surabaya (1993-2000). Foi Secretário Provincial (2009-2012), Chefe de ONG Carmelita Indonésia (2010 - presente), Representante Asiático da ONG Carmelita (2006-2024), Membro da Comissão Geral da JPIC (2013-2025), Vice-Prior Provincial da Província da Indonésia (2015-2018 e 2018-2022) e Prior Provincial da Província da Indonésia (2023-presente).

 

Procurador-Geral

O Pe. Michael Farrugia foi postulado para o cargo de Procurador Geral, que ocupou por 12 anos (2 mandatos).      

Michael estudou Teologia Sagrada na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. Em 1986, foi ordenado sacerdote pelo Santo Papa João Paulo II. O Padre Michael continuou seus estudos em Direito Canônico na Pontifícia Universidade Lateranense, onde obteve seu doutorado.

Na Província, o Pe. Michael atuou como Ecônomo Provincial, Conselheiro Provincial, Prior, Pároco e membro da equipe de formação. Em 2009, foi eleito Prior Provincial e reeleito em 2012. Foi presidente da Região Itália-Malta.

Na Arquidiocese de Malta, o Pe. Michael foi Defensor do Vínculo e Promotor de Justiça no Tribunal Eclesiástico e Juiz do Tribunal Regional de Segunda Instância. Em 2006, foi eleito membro do Conselho Presbiteriano e integrou diversas comissões diocesanas. Foi conselheiro e presidente da Conferência dos Superiores Maiores Religiosos.

 

Tesoureiro Geral:

Christian nasceu em Würzburg (Baviera), Alemanha. Ingressou na Ordem do Carmo em 1981, após seus estudos na escola do Carmelita Theresianum em Bamberg. Completou seus estudos em Filosofia e Teologia em Bamberg e Roma. Após ser ordenado sacerdote em 1988, Christian trabalhou em uma paróquia como vice-pároco. Foi mestre de noviços de 1992 a 1997 e, pelos três anos seguintes, de 1997 a 2000, mestre dos alunos. Antes de sua primeira eleição como prior provincial da Província Alemã em 2000 (a 2007), foi prior da comunidade de Bamberg e conselheiro provincial. De 1994 a 2007, foi membro da Comissão Internacional para a Formação da Ordem.

No Capítulo Geral de 2007, o Pe. Christian foi eleito Vice-Prior Geral da Ordem para um mandato de seis anos (2007-2013) e, no Capítulo Geral de 2013, foi reeleito para um segundo mandato (2013-2019). No Capítulo Geral de 2019, foi eleito Ecônomo Geral da Ordem para um mandato de seis anos (2019-2025). Fonte: https://ocarm.org

 

Os Carmelitas elegem um pároco de Madri como o novo Prior Geral da ordem.

O Padre Desiderio García Martínez possui três títulos de bacharel e é o atual superior da comunidade de Santa María del Monte Carmelo, na Rua Ayala.

 

Irmão Desiderio durante sua visita à República Dominicana em 2023 Carmelitas

 

Alex Navajas

O Irmão Desiderio García Martínez, pároco da famosa igreja carmelita de Ayala, em Madri, acaba de ser nomeado Prior Geral da Ordem do Carmelo. A votação ocorreu durante o Capítulo Geral da Ordem, atualmente realizado em Malang, Indonésia.

Apesar do nome, o Irmão Desiderio é francês, filho de espanhóis que logo retornaram à Espanha para se estabelecer em Onda (Castellón). Lá, entrou em contato com os carmelitas e decidiu ingressar no seminário menor de Vila-Real, onde continuou sua formação até iniciar o postulado em Salamanca. Concluiu o noviciado em Caudete (Albacete) e ali emitiu sua profissão simples em 1989. Fez os votos solenes em 1995 e foi ordenado sacerdote um ano depois.

É formado em Estudos Eclesiásticos (1989-1994), em Teologia Bíblica (1994-1996) e em Filologia Hebraica (1996-2000). Foi Prior Provincial (2017-2023), Mestre de Noviços (1997-2009, 2011-2017), Conselheiro de Formação (2002-2017), Conselheiro de Vida Religiosa (2023-2025) e Pároco (2009-2011, 2023-2025).

Dedicou grande parte de sua vida carmelita à formação em Salamanca. Atualmente, atua como prior da comunidade de Ayala, em Madri, e como pároco de Santa María del Monte Carmelo . Agora, servirá como Prior Geral dos Carmelitas pelos próximos seis anos (2025-2031).

O Irmão Desiderio também é Padre Provincial há vários anos, o que o levou a visitar inúmeras obras carmelitas ao redor do mundo. Em janeiro de 2023, por exemplo, ele visitou Sabaneta, em La Vega (República Dominicana), para comemorar o 60º aniversário da presença carmelita no país caribenho. Fonte: https://www.eldebate.com

Os membros do capítulo recebem e discutem as contribuições sobre o tema do capítulo

 

O Capítulo mudou sua direção nos últimos dias de recebimento de relatórios. Na terça-feira, os membros começaram a analisar as implicações do tema para o Capítulo Geral e a Ordem. A primeira das duas contribuições foi dada pela Irmã Pat Murray, IBVM. Intitulada “Contexto Social e Eclesial de Hoje”, a apresentação foi seguida por uma partilha em estilo sinodal nos pequenos grupos após o intervalo para almoço. Na quarta-feira, o Bispo Carmelita Wilmar Santin falou sobre Missões Carmelitas “Ad gentes”. Sua apresentação foi seguida por uma reflexão e discussão em grupos linguísticos. Na quinta-feira, 18 de setembro, o Bispo Henricus Pidyarto Gunawan, O. Carm., bispo de Malang, onde o Capítulo está acontecendo, juntou-se aos Carmelitas para a Missa e, em seguida, ministrou o retiro do Capítulo e conduziu o discernimento para a liderança.

Os resumos das apresentações estão abaixo, seguidos de breves biografias dos apresentadores.

 

Contexto social e eclesial atual

Irmã Pat Murray, IBVM

A Irmã iniciou sua apresentação observando que o tema do Capítulo é desafiador tanto para a comunidade quanto para o indivíduo: Vocês precisam ter algum trabalho a fazer? Nossa Fraternidade Contemplativa Discerne sua Missão . Aliás, ela repetia “Vocês precisam ter algum trabalho a fazer” em vários momentos da palestra.

Ela observou que a vida se tornou cada vez mais polarizada e que muitas vezes é difícil encontrar um meio-termo. Ouvimos os gritos de crianças separadas de seus pais ao longo das fronteiras ou as vozes de migrantes chamando de barcos deixados à deriva no mar por dias. É uma época de escuridão. O inverno do desespero está nos olhos dos famintos, dos sem-teto, dos nus e dos sedentos.

Ela ofereceu três imagens para despertar a imaginação de seus ouvintes enquanto eles refletem sobre sua missão hoje.

1) Saia da Casa Segura — Vá ao encontro das pessoas. "Deixem seus ninhos", como disse o Papa Francisco. "Saiam dos limites dos seus respectivos Institutos e trabalhem juntos em nível local e global."

2) Envolva-se em navegação e tecelagem na internet — A Irmã citou o teólogo menonita e ativista pela paz John Paul Lederach. Ele usa o termo "imaginação moral" para descrever algo "que convoca as pessoas para além das coisas imediatamente aparentes e visíveis". Para Lederach, a imaginação moral é "a capacidade de dar à luz algo novo", de se recusar a "ser limitado pelo que as visões existentes da realidade percebida sugerem", mas de buscar descobrir possibilidades ainda não sonhadas.

3) Alargue a tenda do seu coração — A citação do profeta Isaías “para alargar o lugar da sua tenda, estenda bem as cortinas da sua tenda, não o impeça; alongue as suas cordas, fortaleça as suas estacas” é uma imagem maravilhosa para a vida religiosa hoje porque fala de flexibilidade e enraizamento, hospitalidade ilimitada e identidade segura.

 

Missões Carmelitas “Ad gentes”.

Bispo Wilmar Santin, O. Carm.

A primeira apresentação do Bispo Santin foi uma revisão da história das missões carmelitas ao redor do mundo, ressaltando que, desde a origem da Ordem até o século XVI, não havia espírito missionário. Todo o trabalho pastoral e evangelizador era realizado na Europa Ocidental e Oriental. Quando o chamado Novo Mundo se abriu aos europeus, os carmelitas não se interessaram, embora tenham feito algumas tentativas frustradas.

Ele apresentou a história dos Carmelitas no Brasil e especialmente na Amazônia. Ele ressaltou que uma das marcas da catequese dos Carmelitas era sua devoção mariana. Eles pareciam ter sido pacientes e trataram os indígenas relativamente bem. Citando Arthur Reis: “Os Carmelitas, portanto, alcançaram mais resultados do que as expedições militares, marcadas em sangue e negativas na civilização dos selvagens”. Os Carmelitas criaram a primeira escola na Amazônia para a educação das crianças indígenas. Os Carmelitas “ministravam aulas de música e canto, aproveitando as habilidades e inclinações dos catecúmenos para as artes”. Quase um terço das aldeias tinha Nossa Senhora como padroeira. Entre os santos padroeiros das aldeias, metade são santos carmelitas com uma aparente preferência pelo profeta Elias. O martírio fazia parte da vida dos Carmelitas, no entanto, com vários sendo mortos pelos nativos.

Críticas são feitas aos esforços missionários carmelitas no Brasil. Algumas são de natureza econômica e outras de natureza política. A pergunta que se coloca é: o que levou esses homens a abandonar o conforto das cidades e [suas casas religiosas] para se aprofundam na selva amazônica?

Ele então revisou as várias províncias da Ordem e suas contribuições para estabelecer novas missões ao redor do mundo.

A segunda apresentação do Bispo Santin revisou a doutrina da Igreja sobre evangelização, começando com a Evangelii nuntiandi e a Perfectae caritatis do Papa Paulo VI , do Concílio Vaticano II. O decreto de 1965 sobre a atividade missionária da Igreja, Ad gentes , a Declaração de Medellín (1968) e a de Puebla (1979) foram revisados, destacando-se os pontos que falam sobre os religiosos e sua responsabilidade para a eficácia da missão da Igreja. Os religiosos são chamados a dar testemunho profético no meio do povo de Deus.

Em seguida, ele revisou o que as Constituições da Ordem dizem sobre a missão carmelitana, especialmente os números 94 a 97. Elas nos convocam a participar da missão de Jesus e que o ministério é parte integrante do carisma. A missão ad gentes — a tarefa de anunciar o Evangelho em lugares onde ele não é conhecido — é uma das atividades fundamentais da Igreja. Ele ressaltou que o trabalho missionário requer uma espiritualidade específica e um processo de inculturação.

 

Carmelitas: Um presente para a Igreja e para o mundo

Bispo Henricus Pidyarto Gunawan, O. Carm.

O Capítulo Geral se envolveu em uma discussão profunda sobre o estado atual da Ordem e a futura Ordem que vislumbramos, uma Ordem que atenda às necessidades da Igreja e do mundo. Ao fazer esse discernimento, os membros do Capítulo considerarão quem são os candidatos adequados para liderar a Ordem no futuro, indivíduos que possam implementar efetivamente a decisão tomada pelo Capítulo Geral. Essas são as duas áreas que ele abordou. Nesta primeira parte, o Bispo Henricus ofereceu algumas ideias relacionadas ao tema do Capítulo e o resumo das discussões sobre o Instumentum laboris .

Os documentos deixam claro que o carisma carmelita, como dom de Deus para a Igreja e o mundo, é um tema recorrente. A carta de convocação destaca a estreita ligação entre o carisma e as nossas obras apostólicas. Como afirmam as Constituições, “o nosso ministério como carmelitas é, portanto, parte integrante do nosso carisma”.

O Magistério ensina repetidamente que a vida religiosa é um dom extraordinário para a Igreja e para o mundo. Os religiosos e as religiosas tornam-se um dom precioso para a Igreja e para o mundo, não apenas pela sua união espiritual com Jesus Cristo nos conselhos evangélicos, mas também pela sua encarnação de um carisma específico que o Espírito Santo concedeu à sua respectiva instituição religiosa.

A história mostra que a maioria das ordens religiosas nasceu para responder às necessidades reais da época. Muitas ordens surgiram como reação a situações específicas da Igreja e da sociedade. Um carisma que não esteja em consonância com as necessidades da época é menos atraente para as pessoas. Portanto, nossas obras apostólicas devem preservar nosso carisma e identificar as necessidades da Igreja e da sociedade.

O bispo enfatizou que devemos trabalhar contemplativa, fraternal e profeticamente em meio ao povo. Em seguida, delineou o que cada tipo de trabalho envolveria. Em seguida, fez uma apresentação sobre o discernimento do nosso trabalho apostólico para o futuro. Ele nos incentivou a manter obras alinhadas ao carisma da Ordem, mas também a incentivar o estudo da Mariologia e da Bíblia. Ele apresentou uma tabela indicando que, tanto nos séculos XIV quanto XV, em Paris e Oxford, os Carmelitas lideraram o fornecimento de comentaristas das Escrituras.

 

Liderança religiosa segundo a Bíblia

Bispo Henricus Pidyarto Gunawan, O. Carm.

O Bispo Henricus começou lembrando-nos que acreditamos que, por meio deste Capítulo Geral, o Espírito Santo escolherá alguns de nossos irmãos para cargos de liderança na Ordem. Em seguida, delineou duas definições práticas de liderança religiosa: a capacidade e a vontade de unir pessoas em torno de um propósito comum e o caráter que inspira confiança. Em segundo lugar, uma pessoa com capacidade e responsabilidade dadas por Deus que influencia um grupo específico do povo de Deus em direção ao propósito de Deus para o grupo.

A liderança cristã combina de forma única a liderança natural e a espiritual, unindo o talento humano à obra da graça de Deus. Em seguida, ele apresentou exemplos nas Escrituras de líderes "chamados" por Deus — especificamente Moisés, Jesus e Paulo, e a necessidade de cada um deles se autopreparar.

Os líderes religiosos devem ter uma visão clara e um objetivo comum. O objetivo final de toda liderança religiosa é conduzir o povo de Deus ao seu Deus e alcançar o propósito que Deus estabeleceu para eles. Usando o exemplo de Jesus, o Bispo Henricus enfatizou que um líder religioso deve conhecer claramente a visão compartilhada, mas também ser capaz de convencer seus seguidores de sua importância. Somente aqueles que realmente enxergam sua visão compartilhada e acreditam que ela é um valor digno perseverarão.

Um líder religioso também deve nutrir seus seguidores. Citando diversas autoridades em liderança, ele concluiu que a liderança não é mais vista apenas como um esforço para induzir subordinados a perseguir um objetivo comum ou fazer com que subordinados cumpram ordens. Um líder religioso prioriza a humanidade de seus subordinados.

Liderança é influenciar os outros. Portanto, eles precisam de autoridade. Destacando os dez modelos de liderança que São Paulo descreveu, que eram usados ​​de acordo com a situação e a maturidade espiritual da congregação. Se um líder é chamado por Deus para representá-Lo, então ele deve depender de Deus que o envia. Vemos isso em Moisés, Elias, a Rainha Ester, Judite, João Batista, Jesus e os apóstolos, bem como muitos outros. Sua força reside em sua oração.

O restante do tempo foi dedicado a Neemias como um líder exemplar — já que a história bíblica contém muitas das qualidades de um líder religioso. Neemias enfrentou inimigos (repetidamente), mas confiou no poder de Deus e não em sua própria força. Um bom líder não se apressa, mas estuda a situação. Outra habilidade de liderança de Neemias era envolver muitos grupos, incluindo famílias. Ele não dava ouvidos aos que zombavam dele, mas permanecia focado na tarefa. Como líder, é preciso suportar críticas, obstáculos e inimigos. Os verdadeiros líderes são resilientes.

O Bispo Henricus concluiu expressando a esperança de que sua reflexão sobre liderança bíblica possa contribuir para a reflexão dos membros do Capítulo na eleição do governo da Ordem para os próximos seis anos.

 

Irmã Patricia Murray, IBVM, é de Dublin, Irlanda. Pat estudou nas Irmãs de Loreto e ingressou no Instituto da Bem-Aventurada Virgem Maria, tendo concluído seus estudos em Dublin e Chicago, incluindo o Doutorado em Ministério.

A Irmã Pat foi membro do Conselho Geral de sua Congregação e tornou-se diretora executiva da Solidariedade com o Sudão do Sul, que estabeleceu um novo paradigma missionário de vida religiosa, com religiosos e religiosas vivendo e trabalhando juntos para ajudar o povo sul-sudanês. Ela acaba de completar onze anos de ministério, trabalhando como secretária executiva na União Internacional das Superioras Gerais.

A Irmã Patrícia recebeu o Prêmio Presidencial de Serviços Distintos. Em 18 de fevereiro, o falecido Papa Francisco a nomeou consultora do Dicastério para a Cultura e a Educação .

 

Dom Wilmar Santin, O. Carm. , é bispo de Itaituba, Brasil, nomeado em dezembro de 2010 e empossado em abril de 2011. Natural de Paranavaí, é membro da Província Alemã da Ordem. Serviu por seis anos como Conselheiro Geral da Ordem para a América Latina e Comissário Provincial de Paranavaí, de 1990 a 1995. De 2005 a 2008, foi prior do Centro Internacional Santo Alberto (CISA), em Roma.

 

O Bispo Henricus Pidyarto Gunawan, O. Carm ., é membro da Província Indonésia, tendo nascido em Malang. Ele é descendente de chineses e indonésios. Seu irmão Antonius, também padre carmelita, faleceu em 2015. Estudou Escritura no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e obteve seu doutorado na Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, ambas em Roma. Continua a lecionar Escritura no Instituto Filosófico e Teológico de Widya Sasana. Foi nomeado bispo de Malang pelo Papa Francisco em junho de 2016. Fonte: https://ocarm.org

  

O Capítulo Geral concentrou sua atenção no trabalho dos escritórios da Cúria Geral e das Comissões Internacionais na sexta-feira e no sábado. Isso inclui relatórios do Ecônomo Geral, do Procurador Geral, da Comissão Internacional para a Salvaguarda, da Comissão Internacional para a Justiça, Paz e Integridade da Criação, da Comissão Internacional para a Liturgia e Oração, da Secretaria Geral para os Leigos Carmelitas e da Comissão Internacional para a Juventude. Na tarde de sábado, foram apresentados relatórios do Escritório do Postulador Geral, do Escritório de Comunicações da Ordem, do Institutum Carmelitanum e da Comissão Internacional para as Comunicações.

O Capítulo então se dirigiu à capela para a Oração Vespertina, seguida de jantar. O domingo foi um dia livre. Foi oferecido um passeio opcional a várias partes de Malang à tarde e à noite. Será tema de uma atualização futura. Todos esses relatórios serão publicados em Analecta (2025) #2 da Edizioni Carmelitane.

 

Comissão Geral e Financeira

A sexta-feira começou com um relatório sobre a situação financeira da Ordem. O Ecônomo Geral, Christian Körner, descreveu o trabalho da Comissão Geral de Finanças, que se reúne anualmente, e explicou o trabalho do seu gabinete. Ele também falou sobre a reunião dos ecônomos em novembro de 2024, em Fátima, e as revisões do Diretório Econômico da Ordem. Foram abordadas questões relativas à antiga Domus e à CISA, ao Institutum e aos arquivos da Ordem. Também foram explicadas as doações da Cúria Geral para as áreas de missão da Ordem. A Sociedade da Pequena Flor (Reino Unido e Irlanda) não aceita mais doações e está em processo de fechamento completo. Em setembro de 2022, foi criado um fundo central para desenvolvimento e formação, utilizando apenas os juros auferidos pelo fundo. O fundo para as monjas, criado pelo Conselho Geral em 2008, permitiu à Ordem atender às solicitações de vários mosteiros ao redor do mundo. O Pe. Christian concluiu descrevendo alguns dos desafios nos próximos meses e anos. Os membros do Capítulo Geral tiveram então a oportunidade de reagir ao relatório ou levantar outras questões.

 

Procurador-Geral

A apresentação financeira foi seguida pela do Procurador-Geral, Michael Farrugia. A apresentação foi realizada em duas sessões. A primeira fez referência ao trabalho da Procuradoria-Geral em geral. Ele destacou que algumas mudanças foram feitas para adaptar o Direito Canônico aos novos desafios e situações que surgem na vida da Igreja. Consequentemente, as Constituições da Ordem também devem ser atualizadas para refletir essas mudanças.

Sua última área de atuação foi a dos textos litúrgicos e da aprovação do calendário da Ordem. No entanto, outros pedidos (como a elevação da celebração de São Tito Brandsma à categoria de festa) e textos litúrgicos permanecem em tramitação no dicastério competente. O procurador-geral também participou de vários Capítulos provinciais e gerais das irmãs carmelitas e ajudou a revisar os textos das Constituições.

 

Comissão Internacional de Salvaguarda

A sessão seguinte, também liderada pelo Procurador-Geral, foi dedicada ao trabalho da Comissão Internacional de Salvaguarda. Desde a sua criação, a Comissão trabalhou na preparação de um manual, posteriormente aprovado pelo Conselho Geral, que cada província deverá implementar. Os membros do Capítulo Geral expressaram gratidão pela finalização deste importante trabalho.

Nos últimos anos, a Ordem, a Cúria Geral e a Comissão Internacional para a Salvaguarda assumiram um compromisso eficaz e específico para garantir que todo abuso ou maus-tratos a menores ou pessoas vulneráveis ​​sejam processados ​​de acordo com a lei.

A reforma dos Dicastérios pelo Papa Francisco em 2022 simplificou as estruturas de governo, mas está em constante evolução. Michael então revisou os documentos da Santa Sé de outubro de 2019 a setembro de 2025, que estão intimamente relacionados à vida e à missão da Ordem. Ele também revisou os novos cânones do CIC de 1983 relativos à vida dos membros da Ordem e aos tópicos tratados dentro da Ordem.

 

Comissão Internacional de Justiça, Paz e Integridade da Criação

O sábado também foi um dia inteiro de apresentações para os membros do Capítulo. A manhã começou com um relatório sobre a Comissão Internacional de Justiça, Paz e Integridade da Criação, por Conrad Mutizamhepo, Conselheiro Geral para a África, que preside a comissão.

Os objetivos gerais para o período de seis anos incluíam: promover o encontro pessoal e comunitário e o relacionamento com o Senhor; promover a formação, o desenvolvimento e a animação das estruturas carmelitas da JPIC; planejar uma Conferência Internacional da Família Carmelita da JPIC para compartilhar experiências sobre o trabalho nos ministérios da JPIC, bem como explorar maneiras de implementar o documento " Da Contemplação à Ação" . Esperava-se que o acesso ao documento ajudasse a aprofundar a reflexão e a discussão sobre as questões da JPIC nas congregações, províncias e regiões afiliadas.

A Comissão não conseguiu concretizar uma maior colaboração com a ONG carmelita e a criação de um blog da JPIC sobre questões atuais, como esperava. Dificuldades técnicas impediram a realização de uma pesquisa online com carmelitas que trabalham no ministério da JPIC em províncias, comissariados e institutos afiliados à Ordem. A Conferência da JPIC, programada para julho de 2024 em Fátima, teve que ser cancelada porque o número de inscrições ficou aquém do necessário para a viabilidade do evento.

No entanto, a Comissão conseguiu oferecer apresentações em webinars sobre quatro tópicos bem pesquisados, com tempo para perguntas e discussões.

Uma fraqueza é que os ministérios da JPIC em regiões geográficas geralmente não estão interligados ou bem coordenados. As atividades ministeriais da JPIC são frequentemente associadas erroneamente ao ativismo partidário. Conrad concluiu: "A bola está do nosso lado, como Ordem, para reviver esta dimensão profética (de Elias) da nossa identidade carismática, incorporando a justiça, a paz e a integridade da criação, de acordo com as tradições eclesiásticas e carmelitas, no programa de formação."

O relatório da Comissão termina com quatro recomendações e a afirmação de que o ministério da JPIC não é um ministério periférico para os carmelitas. Os valores da JPIC são valores constitutivos do Reino de Deus, bem como parte integrante da herança profética e carismática carmelita.

O tempo após o relatório foi curto, mas uma série de observações foram feitas pelos membros sobre o trabalho do JPIC em toda a Ordem.

 

Comissão Internacional de Liturgia e Oração

Seguiu-se o relatório da Comissão Internacional de Liturgia e Oração, apresentado por seu presidente, Richard Byrne. O Conselho Geral aprovou a continuidade da atualização dos ritos litúrgicos e dos livros da Ordem. O Conselho também aprovou a preparação de materiais adicionais de autores carmelitas para o Ofício Carmelita de Leituras da BVM aos sábados e outros dias com particular devoção a Nossa Senhora do Monte Carmelo. Também haveria um projeto de colaboração com a Comissão de Formação para a preparação litúrgica dos estudantes em formação, os estudos litúrgicos como parte da formação contínua e a promoção da boa pregação. Seriam promovidas formas de celebrar a liturgia a partir de uma perspectiva carmelita, a promoção dos santuários da Ordem em nível de Ordem, e a organização de congressos e encontros que fomentassem a vida litúrgica e de oração dos membros da Família Carmelita.

Observando o baixo número de jovens carmelitas estudando liturgia, decidiu-se selecionar um acadêmico de cada uma das quatro áreas geográficas para obter o doutorado em liturgia. Liturgia é agora uma das quatro áreas de estudo de pós-graduação que a Cúria financiará.

Foi elaborado um documento sobre o ministério dos santuários carmelitas. O documento ofereceu algumas ideias como forma de orientar a renovação dos santuários dentro da Ordem.

Em maio de 2025, foi realizada uma conferência litúrgica com ênfase na dimensão pastoral e vivencial de nossas vidas litúrgicas e de oração. O tema geral foi: Encontro com o Senhor Ressuscitado: Liturgia e Oração no Carmelo Hoje . Oitenta pessoas participaram do Congresso.

Richard então revisou o status dos vários textos litúrgicos, incluindo o Rito da Profissão, o Ritual da Ordem Terceira, o Ofício das Leituras/Memória de Sábado de Nossa Senhora, os textos para os mártires espanhóis, os Beatos Angelus e Lucas, e a celebração de São Tito Brandsma, que será elevada à categoria de Memorial para toda a Ordem. Será uma festa nas províncias onde Tito é o padroeiro. Continuam a existir dificuldades para a conclusão do Proprium Missarum e da Liturgia Horarum .

 

Secretariado Internacional para Leigos Carmelitas

Após um intervalo, Luis Maza, membro do Conselho Geral, apresentou o trabalho do Secretariado Geral para os Leigos Carmelitas. No início do sexênio, foi criado um Secretariado Internacional para os Leigos. Todas as reuniões foram realizadas online. Duas reuniões de treinamento foram organizadas via Zoom, em espanhol e português, para os líderes do COT.

A Secretaria preparou o 4º Congresso Internacional dos Leigos Carmelitas em setembro de 2024. O Congresso foi baseado em quatro eixos fundamentais: formação, serviço, fraternidade e oração. Esses temas foram desenvolvidos em palestras e workshops que incentivaram a reflexão e o diálogo. Participaram 200 carmelitas de 30 países.

Uma Assembleia Geral dos Carmelitas Terciários foi realizada em Fátima de 25 de fevereiro a 2 de março de 2025. A assembleia teve como objetivo fortalecer a identidade e a unidade da Família Carmelita por meio de melhores comunicações, colaboração e formação. A Assembleia reconheceu o papel vital do testemunho leigo como inspirador da transformação da sociedade secular.

Devido às referências na regra do Código de Processo Penal a partes das Constituições que não existem mais, a regra precisa ser revisada. Entre as áreas sugeridas para regulamentação adicional estão os padres terciários, o uso do hábito tradicional ou escapulário, a formação, a admissão, o tempo de discernimento e a profissão.

Um resultado importante da Assembleia foi a criação de um Conselho Internacional provisório (Força-Tarefa) (2025-2027) encarregado de elaborar regras de procedimentos para governança do TOC e preparar futuras assembleias.

Estatísticas parciais indicam que há 16.482 Terciários Solenes; 3.003 Terciários Temporários; 1.463 em formação; e 542 comunidades.

 

Comissão Internacional para a Juventude

O Conselheiro Geral Robert Puthussery revisou o trabalho da Juventude Carmelita durante o último sexênio. Reconhecendo a importância do engajamento juvenil, o Capítulo Geral de 2019 determinou a criação de uma Comissão Internacional para a Juventude, com o objetivo de explorar novos métodos e abordagens contemporâneas para o envolvimento dos jovens na vida da Igreja e da Ordem. A Comissão identificou sete áreas-chave de ação a serem trabalhadas: um estudo aprofundado sobre Christus vivat ; assistência na organização de eventos carmelitas na Jornada Mundial da Juventude; fortalecimento da pastoral juvenil em áreas geográficas por meio de comissões regionais; desenvolvimento e disponibilização de conteúdo de formação online; organização de Jornadas da Juventude Carmelita em áreas geográficas; promoção da comunicação entre comissões regionais da juventude; e estabelecimento e apoio a uma rede de escolas carmelitas.

Em seguida, Robert relatou as atividades da Comissão da Juventude Ásia-Austrália-Oceania. Posteriormente, apresentou um panorama geral da pastoral juvenil em toda a Ordem. Ele também falou sobre o Dia do Carmelo durante a Jornada Mundial da Juventude de 2023, em Lisboa. Concluiu com algumas reflexões sobre os desafios da comissão, incluindo pessoal, integração estrutural, finanças e a transição de uma pastoral ocasional para uma pastoral integrada.

 

Postulador Geral

Após o almoço e uma pausa, a Postuladora Geral, Giovanna Brizi, apresentou atualizações sobre as diversas causas atuais e futuras que seu escritório está enfrentando, bem como outras atividades das quais participou nos últimos seis anos. Ela fez seu relato via Zoom, de Roma.

Ela iniciou o processo de 70 anos que culminou em 15 de maio de 2022, com a canonização de São Tito Brandsma pelo Papa Francisco. Atualmente, há sete causas para a canonização de beatos individuais, bem como de grupos de mártires da Guerra Civil Espanhola. Quatro causas, todas de mulheres, estão na fase de Veneráveis. Quinze casos estão na fase de Servos de Deus. O postulador então relatou oito casos na fase diocesana. Há três casos a serem abertos em breve e oito casos em estudo. Três casos foram suspensos.

 

Gabinete de Comunicações da Ordem

Em seguida, veio um relatório de William J. Harry, diretor do Escritório de Comunicações da Ordem. Ele fez um apelo para que a Ordem assumisse seriamente sua responsabilidade de criar o programa de comunicação mais eficaz em toda a Ordem, a fim de tornar o carisma carmelita, sua espiritualidade e história acessíveis não apenas à Família Carmelita, mas também a outros que buscam caminhos de santidade. Ele lembrou aos membros do Capítulo que a Ordem fez contribuições significativas para a vida da Igreja nos últimos 800 anos, por meio de escritos, obras de arte e dos modelos de vida que muitos dos membros vivem.

Seu relatório incluiu uma revisão do trabalho da Força-Tarefa, que criou um escritório único de comunicações e reformulou o website. Ele destacou a popularidade da Lectio divina e da reflexão semanal sobre a leitura do Evangelho dominical, originárias da província da Austrália-Timor-Leste. Ambas são enviadas por e-mail para mais de 20.000 endereços de e-mail. Os e-mails online do CITOC recebem em média 186 mensagens por ano, embora as atualizações online do CITOC incluam de 3 a 5 notícias por envio. O Twitter e o Facebook também são utilizados para mensagens do CITOC.

Uma porcentagem considerável do trabalho em Comunicação é, na verdade, dedicada ao trabalho com os autores e editoras na publicação de novos livros. Devido ao modelo de negócios da Edizioni Carmelitane , estabelecido em um Capítulo anterior, tempo e dinheiro consideráveis ​​são gastos no envio dos livros às comunidades. O valor de investir esse tempo e dinheiro é que todos os membros da Ordem terão esses recursos disponíveis em suas próprias comunidades. Diversas propostas para aprimorar esse modelo serão propostas a este Capítulo pela Comissão Internacional de Comunicação.

Desde a mudança do antigo site da Edizioni Carmelitane para uma loja Shopify, as vendas de livros aumentaram significativamente. Entre 1º de julho de 2024 e janeiro de 2025, houve um aumento de 183% no número de clientes. Em 1º de julho de 2025, os clientes aumentaram para 594, um aumento de 225%. Nenhuma outra empresa além da Edizioni recebe mais 50% do lucro. Todo o lucro vai diretamente para a Edizioni . Além disso, agora sabemos quem são nossos clientes e seus padrões de compra. Podemos direcioná-los ao marketing. Em 2015, a Edizioni vendeu € 12.799,90 em livros para comunidades não carmelitas. No ano de 1º de julho de 2024 a 30 de junho de 2025, as vendas brutas foram de € 50.848,63.

William descreveu uma série de outras iniciativas que foram empreendidas nos últimos seis anos para melhorar o reconhecimento e a presença da Edizioni em diversos mercados. Algumas foram bem-sucedidas. Outras, não.

O diretor também relatou a reunião de três partes realizada em janeiro de 2025 com diretores de comunicação de toda a Ordem. A reunião incluiu um componente de desenvolvimento profissional de três dias na Universidade Santa Croce, em Roma, uma celebração do jornalismo como parte do Jubileu de 2025 e uma chamada via Zoom com pessoas de todo o mundo que não puderam estar presentes em Roma para discutir as medidas que a Ordem como um todo deveria tomar para tornar seu programa de comunicação mais eficaz. Uma reunião online de acompanhamento foi realizada a pedido dos participantes.

 

Reforma do Institutum Carmelitanum

Em 2019, o Capítulo Geral votou pela reforma do Institutum Carmelitanum . Uma comissão foi nomeada e, dois anos depois, o texto das Normas revisadas foi apresentado ao Conselho Geral para revisão e aprovação. Como resultado, a Biblioteca Carmelita e a Biblioteca Geral da CISA foram fundidas para formar a Biblioteca Geral Carmelita. A reforma explicita o tipo de pesquisa interdisciplinar, a colaboração com outros órgãos de pesquisa e acadêmicos, a ligação entre pesquisa e atividade pastoral e entre pesquisa e formação. Uma dúzia de áreas foram enfatizadas.

Durante a apresentação, foram apresentados a nova liderança do Institutum Carmelitanum , os arquivos e a biblioteca, embora um deles não seja membro do Capítulo e estivesse ausente.

 

Comissão Internacional de Comunicações

O relatório da Comissão Internacional de Comunicações foi apresentado por seu presidente, Richard Byrne. Ele afirmou que o objetivo do programa de comunicações da Ordem é comunicar a Palavra de Cristo por meio do nosso carisma carmelita. Isso é feito tanto por meio de aspectos internos quanto externos. O Conselho Geral estabeleceu inicialmente uma Força-Tarefa de Comunicações, que funcionou de 2019 a 2022. Vinte e cinco reuniões foram realizadas online.

A Força-Tarefa propôs um escritório único de comunicação (que foi aceito), que a presença online se estenderia além das notícias da Cúria Geral e que o site seria reconfigurado para permitir que as pessoas aprendessem sobre a espiritualidade e a tradição carmelita, bem como sobre a Ordem. Um único diretor foi nomeado e um leigo, Marco Pellitero, foi contratado como Assistente de Comunicação. A assistência técnica para o site é terceirizada. A contabilidade da Edizioni faz parte do escritório do Tesoureiro Geral.

Uma Comissão de Comunicação foi nomeada e está em funcionamento até hoje. Ela se reuniu 11 vezes, sendo 7 delas online. O principal trabalho foi o desenvolvimento de um plano de comunicação com a contribuição profissional de José Maria La Porte, do Departamento de Comunicação da Universidade Santa Croce. Durante a reunião final da Comissão, houve uma reunião com o Dicastério para a Comunicação do Vaticano, incluindo o prefeito, Dr. Paolo Ruffini, e a Dra. Nataša Govekar, diretora do Departamento Teológico-Pastoral.

Por fim, a Comissão fez algumas recomendações para alterar o atual modelo de negócios das Edições Carmelitas . Esse modelo, aprovado por um capítulo anterior, prevê que cada casa receba um exemplar de cada uma de suas publicações. Isso torna os recursos disponíveis para todos os membros da Ordem onde residem e ajuda a pagar as despesas do Escritório de Comunicação. Quatro modelos diferentes de distribuição e quatro modelos de financiamento foram propostos para consideração do Capítulo.

O relatório concluiu que, embora muito trabalho tenha sido feito nos seis anos anteriores, ainda existem desafios. Os membros do Capítulo Geral foram lembrados de que possuímos um tesouro precioso que deve ser transmitido, um tesouro que traz luz e esperança .

Os membros do capítulo então celebraram as Vésperas na capela, seguidas de jantar.

Na segunda-feira, o Capítulo terminou de ouvir os relatórios dos vários escritórios e comissões. Fonte: https://ocarm.org

 

 

Acidente na Tanzânia mata quatro freiras carmelitas de Santa Marinella e seu motorista.

 

A agência SIR relata isso, juntamente com as condolências do prefeito Tidei.

Ontem, na Tanzânia, na missão de Mwanza, a Superiora Geral das Missionárias Carmelitas de Santa Teresa do Menino Jesus, Irmã Lilian Gladson Kapongo, perderam tragicamente a vida, juntamente com a Irmã Maria Nerina De Simone, conselheira e secretária geral, a Irmã Damaris Matheka, conselheira provincial da Província da África Oriental, a Irmã Stellamaris Muthini e o motorista do veículo, chamado Bonifasi.

A notícia foi anunciada hoje pela Diocese de Porto-Santa Rufina, que está ligada à missão porque a fundadora da Congregação, a Beata Maria Crucifixa Curcio, chegou à cidade de Santa Marinella há exatamente cem anos. Ontem, um comunicado explicou: "As freiras, tendo concluído sua missão na Tanzânia, estavam prestes a retornar à Itália quando se envolveram em um terrível acidente envolvendo um veículo pesado. Uma última freira, Paulina Crisante Mipata, está hospitalizada em estado grave."

A Vigária Geral do Instituto, Irmã Zélia da Conceição Dias, pede orações neste momento de sofrimento que afeta toda a família religiosa das Irmãs Carmelitas. A Diocese de Porto-Santa Rufina "compartilha seu profundo luto e se une às necessárias orações de sufrágio pelas queridas Irmãs Carmelitas".

 

O prefeito Pietro Tidei ficou triste ao saber do falecimento prematuro da Irmã Lilian Gladson Kapongo, Superiora Geral, e da Irmã Maria Nerina De Simone, conselheira e secretária geral da Congregação das Carmelitas de Santa Teresa do Menino Jesus.

Ao tomar conhecimento do lamentável incidente na Tanzânia, o Prefeito foi à comunidade fundada pela Madre Crocifissa nas primeiras horas da manhã para transmitir as condolências da administração e de toda a cidade de Santa Marinella às irmãs. O Prefeito declarou: "Unimo-nos à dor de toda a comunidade das Irmãs do Carmelo, que recentemente perderam duas estimadas irmãs e figuras importantes. Tive a sorte de conhecê-las pessoalmente e apreciar suas qualidades humanas e a intensidade de sua vocação. Elas eram uma referência para a educação religiosa e para toda a comunidade."

Guardarei com carinho a memória da Irmã Lilian e da Irmã Nerina, que conheci pessoalmente há algumas semanas, durante as celebrações do aniversário de fundação da Congregação.

Dedico os sinceros pensamentos da cidade às irmãs da ordem das monjas carmelitas." Fonte: https://www.terzobinario.it

 

Incidente in Tanzania, morte 4 carmelitane di Santa Marinella e l’autista

 

Lo scrive l’agenzia Sir, il cordoglio del sindaco Tidei

Nella giornata di ieri, in Tanzania, presso la missione di Mwanza, hanno tragicamente perso la vita la superiora generale delle Carmelitane missionarie di Santa Teresina del Bambino Gesù, suor Lilian Gladson Kapongo, insieme a suor Maria Nerina De Simone, consigliera e segretaria generale, suor Damaris Matheka, consigliera provinciale della Provincia East Africa, suor Stellamaris Muthini, e l’autista del mezzo, di nome Bonifasi.

Ne dà notizia oggi la diocesi di Porto-Santa Rufina che è legata alla missione perché la fondatrice della Congregazione, la beata Maria Crocifissa Curcio, è giunta nella città di Santa Marinella esattamente cento anni fa. Ieri, viene spiegato in una nota, “le suore conclusa la loro missione in Tanzania, stavano per far rientro in Italia quando sono rimaste vittime di un terribile incidente con un mezzo pesante. Un’ultima suora, Paulina Crisante Mipata, è ricoverata in gravi condizioni in ospedale”.

“La vicaria generale dell’Istituto, suor Zelia da Conceiçao Dias, chiede preghiere in questo momento di sofferenza che tocca tutta la famiglia religiosa delle Suore carmelitane”. La diocesi di Porto-Santa Rufina “partecipa al grave lutto e si unisce nella doverosa preghiera di suffragio per le care Suore Carmelitane”.

Il sindaco Pietro Tidei ha appreso con tristezza la notizia della prematura scomparsa di Suor Lilian Gladson Kapongo, Superiora generale e Suor Maria Nerina De Simone, consigliera e segretaria generale della Congregazione delle Carmelitane Syuor Teresa del Bambino Gesù.

Non appena venuto a conoscenza dell’infausto incidente accaduto in Tanzania, nelle primissime ore del mattina il Primo Cittadino si è recato presso la Comunità fondata da Madre Crocifissa per portare le condoglianze alle consorelle da parte dell’Amministrazione e di tutta la Città di Santa Marinella. Queste le parole del Primo cittadino: “Ci uniamo al dolore di tutta la Comunità delle Suore del Carmelo che in queste ore ha perso due stimate consorelle e importanti figure di riferimento. Ho avuto la fortuna di conoscerle personalmente e di apprezzarne le doti umane e l’intensità della vocazione. Un punto di riferimento per l’educazione religiosa e per tutta la comunità.

Conserverò il ricordo di Suor Lilian e Suor Nerina, che ho incontrato personalmente poche settimane fa durante le celebrazioni per l’Anniversario della fondazione della Congregazione.

Alle consorelle dell’ordine delle suore del Carmelo dedico il commosso pensiero della città “. Fonte: https://www.terzobinario.it

 

Tragic Automobile Accident in Tanzania

 

Logo of the Carmelite Missionary Sisters of St. Thérèse of the Child Jesus

Tragic Automobile Accident in Tanzania. Four Carmelite Sisters of Santa Marinella Killed

Four sisters from the Congregation of Carmelite Missionary Sisters of St. Thérèse of the Child Jesus (Congregazione Suore Carmelitane Missionarie di S. Teresa del Bambino Gesù) and their driver were tragically killed in an automobile accident in Tanzania. A fifth sister remains in very serious condition in the hospital.

The deceased are Sr. Lilian Gladson Kapongo, general superior of the Congregation; Sr. Maria Nerina De Simone, a general councilor and the general secretary; Sr. Damaris Matheka, provincial councilor for the Province of East Africa; Sr. Stellamaris Muthini; and their driver, Mr. Bonifasi. Sr. Paulina Crisante Mipata is in hospital and is in serious condition.

The members of the Carmelite General Chapter being held in Malang, Indonesia, received the news in the early morning hours of September 16th by email from Sr. Zelia da Conceiçao, vicar general. The sisters and the members of the Congregation, and the family of Mr. Bonifasi were remembered at the morning Eucharist. Fonte: https://www.ocarm.org

 

Noi, Suore Carmelitane Missionarie di Santa Teresa del Bambino Gesù, abbiamo ricevuto ieri sera una notizia terribile che condividiamo con voi e chiediamo la vostra preghiera. ✝️SR. M. LILIAN G. KAPONGO, SUPERIORA GENERALE E ✝️ SR. M. NERINA DE SIMONE, CONSIGLIERA E SEGRETARIA GENERALE, alla conclusione della missione, celebrazione del II Capitolo Provinciale e dei voti perpetui di tre suore nostre. Nel ritorno del viaggio a Dar es Salaam, hanno sofferto un incidente mortale, in Mwanza Tanzania e il Signore li ha portati con sé e anche più altre due sorelle della Provincia East Africa e l’autista:
🙏Sr M. Damaris Matheka, consigliera provinciale della Provincia East Africa
🙏Sr M. Stellamaris Muthini
🙏L’autista Bonifasi,
Le chiediamo preghiere per sr. Paulina Crisante Mipata che è gravissima in ospedale
Contiamo sulle vostre preghiere in questo momento di sofferenza per la nostra Famiglia religiosa.
 
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Quatro irmãs da Congregação das Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus  (Congregazione Suore Carmelitane Missionarie di S. Teresa del Bambino Gesù)  e seu motorista morreram tragicamente em um acidente automobilístico na Tanzânia. Uma quinta irmã permanece em estado grave no hospital.

Os falecidos são a Irmã Lilian Gladson Kapongo, superiora geral da Congregação; a Irmã Maria Nerina de Simone, conselheira geral e secretária geral; a Irmã Damaris Matheka, conselheira provincial da Província da África Oriental; a Irmã Stellamaris Muthini; e seu motorista, o Sr. Bonifasi. A Irmã Paulina Crisante Mipata está hospitalizada e em estado grave.

Os membros do Capítulo Geral Carmelita, realizado em Malang, Indonésia, receberam a notícia na madrugada de 16 de setembro por e-mail da Irmã Zélia da Conceição, vigária geral. As irmãs, os membros da Congregação e a família do Sr. Bonifasi foram homenageados na Eucaristia matinal. Fonte: https://www.ocarm.org

 

Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus

Ontem à tarde, recebemos a dolorosa notícia que partilhamos com todas vocês: um acidente fatal em Mwanza, Tanzânia, levou ao encontro definitivo com o Senhor algumas de nossas queridas irmãs: Irmã Lilian Gladson Kapongo, nossa Superiora Geral; Irmã Maria Nerina de Simone, Conselheira e Secretária Geral; Irmã Damaris Matheka, Conselheira Provincial; Irmã Stellamaris Muthini, juntamente com o motorista, cujo nome ainda não conhecemos.

Com o coração entristecido, mas cheio de esperança, confiamos nossas irmãs à infinita bondade e misericórdia de Deus, certos de que hoje participam da glória eterna, após o fiel cumprimento de sua missão terrena.

Unamo-nos em oração pela Irmã Paulina Crisante Mipata, que se encontra em estado crítico no hospital. Pedimos que o Senhor, rico em amor, a sustente com sua graça e lhe conceda a saúde.

Permaneçamos todas unidas neste momento de dor, mas também de fé, como uma só família carmelita missionária. Que o testemunho de nossas irmãs continue a iluminar o caminho de nossa missão: “Missionárias até a consumação dos séculos Fonte: https://www.facebook.com/irmascarmelitasmissionarias

 

Com profundo pesar, o Colégio Dom Elizeu se une em oração pelo falecimento das queridas irmãs:

Irmã Lilian Gladson Kapongo, Superiora Geral;
Irmã Maria Nerina De Simone, Conselheira e Secretária Geral;
Irmã Damaris Matheka, Conselheira Provincial;
Irmã Stellamaris Muthini.
Elas partiram para a Casa do Pai após um trágico acidente ocorrido ontem em Mwanza, na Tanzânia. Elevamos também nossas preces pela recuperação da Irmã Paulina Crisante Mipata, que se encontra em estado grave no hospital.
De forma especial, recordamos com carinho a presença de Irmã Lilian e Irmã Maria Nerina em nosso colégio, cuja passagem deixou marcas de fé, amor e dedicação. Neste momento de dor, permaneçamos unidas em oração e confiança na promessa de Cristo.
Que o Espírito Santo console toda a Congregação das Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus e todos nós que partilham desta perda. 

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Recebemos do Bispo ontem à noite a notícia da trágica morte devido a um acidente rodoviário na Tanzânia, da Irmã Lilian Gladson Kapongo, Superintendente Geral dos Missionários Carmelitas, Irmã Maria Nerina De Simone, Conselheira e Secretária Geral, Irmã Damaris Matheka, Conselheira Provincial, Irmã Stellamaris Muthini e o motorista deles. Irmã Paulina Crisante Mipata está em estado muito grave no hospital.

Nosso vicariato está próximo, com oração, da congregação das Irmãs Missionárias Carmelitas de Madre Crucifissa Curciu, pela tragédia que também viu nossa irmã Nerina envolvida, engajada na evangelização de jovens e adultos em nossas comunidades de Ispica há vários anos.

Bispo Salvatore Rumeo pede o sufrágio de caridade para as queridas freiras e seu motorista. Fonte: Vicariato di Ispica 

Santa Marinella: suore carmelitane muoiono in un incidente stradale in Tanzania

 

SANTA MARINELLA RM – Nella giornata di ieri, in Tanzania, presso la missione di Mwanza, hanno tragicamente perso la vita la superiora generale delle Carmelitane missionarie di Santa Teresina del Bambino Gesù, suor Lilian Gladson Kapongo, insieme a suor Maria Nerina De Simone, consigliera e segretaria generale, suor Damaris Matheka, consigliera provinciale della Provincia East Africa, suor Stellamaris Muthini, e l’autista del mezzo, di nome Bonifasi.

Le suore conclusa la loro missione in Tanzania, stavano per far rientro in Italia a Santa Marinella,  quando sono rimaste vittime di un terribile incidente con un mezzo pesante. Un’ultima suora, Paulina Crisante Mipata, è ricoverata in gravi condizioni in ospedale.

Profondo cordoglio in città per la tragica scomparsa di Suor Lilian Gladson Kapongo, superiora generale, e di Suor Maria Nerina De Simone, consigliera e segretaria generale della Congregazione delle Carmelitane Suor Teresa del Bambino Gesù.

Appresa la notizia, il sindaco Pietro Tidei si è recato presso la comunità fondata da Madre Crocifissa per portare personalmente le condoglianze dell’amministrazione comunale e dell’intera cittadinanza.

“Ci uniamo al dolore della Comunità delle Suore del Carmelo – ha dichiarato Tidei – che in queste ore ha perso due stimate consorelle e importanti figure di riferimento. Ho avuto la fortuna di conoscerle personalmente e di apprezzarne le doti umane e l’intensità della vocazione”.

Il primo cittadino ha ricordato come le due religiose rappresentassero “un punto di riferimento per l’educazione religiosa e per la comunità tutta”, sottolineando di averle incontrate di recente durante le celebrazioni per l’anniversario della fondazione della Congregazione.

“Alle consorelle dell’Ordine delle Suore del Carmelo – ha concluso – dedico un pensiero commosso a nome di tutta la città di Santa Marinella”. Fonte: https://www.confinelive.it

 

Santa Marinella: freiras carmelitas morrem em acidente de carro na Tanzânia

SANTA MARINELLA RM – Ontem, na Tanzânia, na missão de Mwanza, a Superiora Geral das Missionárias Carmelitas de Santa Teresa do Menino Jesus, Irmã Lilian Gladson Kapongo, perderam tragicamente a vida, juntamente com a Irmã Maria Nerina De Simone, conselheira e secretária geral, a Irmã Damaris Matheka, conselheira provincial da Província da África Oriental, a Irmã Stellamaris Muthini e o motorista do veículo, chamado Bonifasi.

Após concluir sua missão na Tanzânia, as freiras estavam prestes a retornar à Itália, em Santa Marinella, quando se envolveram em um terrível acidente envolvendo um veículo pesado. Uma última freira, Paulina Crisante Mipata, está hospitalizada em estado grave.

A cidade expressa profundas condolências pelo trágico falecimento da Irmã Lilian Gladson Kapongo, Superiora Geral, e da Irmã Maria Nerina De Simone, conselheira e secretária geral da Congregação das Carmelitas Irmã Teresa do Menino Jesus.

Ao saber da notícia, o prefeito Pietro Tidei viajou até a comunidade fundada pela Madre Crocifissa para transmitir pessoalmente as condolências da administração municipal e de todos os cidadãos.

"Unimo-nos à dor da Comunidade das Irmãs do Carmelo", declarou Tidei, "que recentemente perdeu duas irmãs estimadas e importantes figuras de referência. Tive a sorte de conhecê-las pessoalmente e apreciar suas qualidades humanas e a intensidade de sua vocação."

O prefeito lembrou que as duas freiras representam "um ponto de referência para o ensino religioso e para toda a comunidade", lembrando que as conheceu recentemente durante as comemorações do aniversário de fundação da Congregação.

“Às irmãs da Ordem das Irmãs do Carmelo”, concluiu, “dedico um pensamento sincero em nome de toda a cidade de Santa Marinella”.

Após cerimônia de acolhida dos capitulares, oriundos das diversas circunscrições da Ordem do Carmo, o Capítulo Geral, que acontece em Malang, Indonésia, foi oficialmente aberto, no dia de hoje, com uma missa presidida pelo Geral, o Pe. Míċeál O’Neill, que leu a carta enviada pelo Santo Padre, o Papa Leão, cuja tradução está abaixo:

 

Ao P. Míċeál O’Neill, O.Carm. Prior Geral da Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo

 

Fiquei feliz em saber que a Ordem dos Carmelitas realizará seu Capítulo Geral em Malang, na Indonésia, de 9 a 26 de setembro, e envio meus melhores votos a todos os participantes. Ao se reunirem neste Ano Jubilar, confio que este tempo em que estão juntos será uma ocasião de renovação espiritual: “Mantenhamos sem vacilar a profissão da nossa esperança, porque é digno de fé aquele que prometeu” (Hb 10,23).

O tema escolhido, “nossa fraternidade contemplativa discerne sua missão”, reflete o coração do carisma carmelitano, ilustrando como sua vida de oração compartilhada constitui o fundamento de seu serviço à Igreja e ao mundo. Esse vínculo deve permanecer uma realidade vivida, que molda todos os aspectos de seu ministério. Enraizando-se na oração silenciosa e no cuidado mútuo, vocês cultivam uma quietude que lhes permite discernir os sinais dos tempos, em particular através da perspectiva dos pobres (Constituições Carmelitas, 113), e responder com uma silenciosa constância de amor.

De fato, o convite a “fazer algum trabalho” (Regra Carmelita, 20) tem um significado profundo em seu ministério, convidando-os a encarnar o olhar amoroso de Cristo, que abraça cada pessoa com misericórdia e ternura. Seja através da pregação de retiros, do acompanhamento espiritual, do trabalho paroquial ou da educação dos jovens, rezo para que o vínculo da caridade nas vossas comunidades testemunhe o dom da unidade, especialmente nas partes da sociedade fragmentadas pela divisão e pela polarização.

Com esses sentimentos, confio o Capítulo Geral à intercessão da Nossa Senhora do Monte Carmelo, sob cujo manto vocês encontram proteção e paz, e concedo cordialmente minha Bênção Apostólica a todos os membros da Ordem como penhor de sabedoria, alegria e paz no Senhor.

Do Vaticano, 5 de agosto de 2025.

PAPA LEÃO XIV

 

O Capítulo irá até o dia 26 de setembro. Pedimos orações a todos, a fim de que as reflexões e discussões sejam iluminadas pelo Espírito Santo e pela intercessão dos santos. Este é o evento mais importante de toda a Ordem. Nele, além de ser escolhido o novo governo geral, será formulado um novo projeto com orientações gerais para animar a vida de toda a Ordem por mais um sexênio. Fonte: https://fradescarmelitas.org

Com grande alegria, a Família Carmelitana do Brasil se reuniu no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida para um encontro marcado pela espiritualidade, fraternidade e vivência da consagração ao Carmelo. Foram dois dias de fortalecimento da espiritualidade carmelita para continuar a missão no mundo com o ardor no coração, animados e confiantes.

Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm e Paulo Daher

E-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. www.instagram.com/freipetronio https://www.facebook.com/freipetroniodemiranda

 

 

“Subir a Montanha para Contemplar e descer a planície para evangelizar”. Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida.

 

Este pensamento de Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida, resume o que nós- Frades, Freiras, leigos e leigas- vivenciamos entre os dias 2 e 3 de agosto-2025 no Santuário Nacional de Aparecida, São Paulo o nosso 1º Congresso da Família Carmelitana do Brasil com a presença de mais de 700 participantes.

Além da presença dos 41 Sodalícios da Província Carmelitana Fluminense, de representantes da Província Carmelitana Pernambucana, frades e leigos da Ordem Terceira e Fraternidades e do Comissariado Geral do Paraná- Leigos e Frades- tivemos também a participação das Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus, das Irmãs Carmelitas da Divina Providência e das Irmãs Missionárias Carmelitas além de diversas Fraternidades do Escapulário do Sudeste e Nordeste.

Para nos ajudar na reflexão do tema; Peregrinos de Esperança Rumo ao Monte Carmelo, tivemos a presença ilustre do nosso Prior Geral, Frei Miceal O’Neill, O. Carm., e do Conselheiro das Américas, Frei Luis Mazza, O. Carm, além do confrade, Frei Gilvander Luiz Moreira, O. Carm, Prior da Comunidade Carmelitana Santa Edith Stein, de Belo Horizonte –MG; da nossa irmã da OTC, Teresa Matos de Sousa, do Sodalício da Vila Kosmos- Vicente de Carvalho/RJ; do Geraldino do Espírito Santo, da Ordem Terceira do Carmo do Comissariado Geral do Paraná; do Silvano Tenório Felix, Prior da Ordem Terceira do Carmo de Campo Limpo/SP, Sodalício Santo Alberto de Jerusalém; Frei Adailson Quintino, O. Carm., Prior Provincial da Província Carmelitana Fluminense; Frei Carlos Mesters, O. Carm.; Sr. José Araújo Filho, Ordem Terceira do Carmo da Provincia Carmelitana Pernambucana- Sodalício Senhor Bom Jesus dos Passos/ SE.

“Eu não posso dizer que sou contemplativo se não tenho um bom relacionamento com o meu sodalício”, afirmou a Teresa em sua reflexão. Por sua vez o Frei Gilvander, O. Carm., falando sobre o tema; Rumo ao Monte Carmelo na Justiça Social: Um Olhar para a Espiritualidade Carmelitana sob a ótica do Profetismo- Anúncio e Denuncia, ressaltou a importância do testemunho em um mundo em constantes mudanças e desafios, desde político, econômico, religioso e social.

Por sua vez o Prior Geral, Frei Miceal O’Neill, O. Carm., falando sobre o tema central do Congresso; Peregrinos de Esperança Rumo ao Monte Carmelo, enfatizou a importância de termos esperança frente os diversos desafios onde a Ordem do Carmo está presente enquanto família que bebe da mesma fonte. “Certa vez ao participar de um encontro um leigo falou, EU TAMBÉM SOU CARMELITA”! Para muitos Frades, carmelita era apenas monjas e Frades. Agora não, SOMOS TODOS NÓS”! Afirmou.

Destacamos ainda a experiência e testemunho do Geraldino do Espírito Santo, Ordem Terceira do Carmo do Comissariado  Geral do Paraná, com o tema: Rumo ao Monte Carmelo em Solidariedade e Missão: Um Olhar para a Espiritualidade Carmelitana sob a ótica Missionária. De uma maneira muito pessoal e emotiva, ele relatou a Espiritualidade Carmelitana no resgate da dignidade da pessoa a partir da sua própria vida.

Já o Padre Provincial da Província Carmelitana Fluminense, Frei Adailson Quintino, O. Carm., falou sobre o tema: Rumo ao Monte Carmelo na Solidariedade, destacando a importância da Espuriedade do Carmo enquanto compromisso no resgate social. “A Associação São Martinho é um exemplo concreto que nós nos comprometemos defesa da vida e no resgatem Social”. Afirmou.

Já o Sr. José Araújo Filho, da Ordem Terceira do Carmo do Sergipe,  Provincia Carmelitana Pernambucana- Sodalício Senhor Bom Jesus dos Passos/ SE, falando sobre o tema: Rumo ao Monte Carmelo na Contemplação: Um Olhar para a dimensão Orante- Contemplativa na Ordem Terceira do Carmo, destacou a importância da oração a partir da Regra da Ordem Terceira do Carmo levando-nos a valorizar o conhecimento sobre a riqueza espiritual da nossa história.

Tivemos ainda o Conselheiro Geral para as Américas, Frei Luis Mazza, O. Carm, com o tema: Rumo ao Monte Carmelo com os leigos (as) Carmelitas: Um Olhar para a Ordem do Carmo sob a ótica da presença dos leigos (as) no mundo. Em sua reflexão, além de mostrar a importância da presença dos leigos na Ordem, nos fez abrir os olhos para a Missão enquanto Peregrinos de Esperança dento da família Carmelitana: “Vocês não são de terceira categoria, vocês são Carmelitas”. Afirmou.

Destacamos ainda a conferência do Silvano Tenório Felix, Prior da Ordem Terceira do Carmo de Campo Limpo/SP, Sodalício Santo Alberto de Jerusalém que nos presenteou com uma bela reflexão sobre o tema: Rumo ao Monte Carmelo na Missão Laical: O Protagonismo do leigo (a) na história da Ordem do Carmo e nos dias de hoje. Levando-nos a refletir sobrea a nossa Missão não apenas na Ordem mas na Igreja a partir das nossas relações no mundo do trabalho e familiar.

O Congresso foi também marcado por homenagens e reconhecimentos da Ordem pela missão exercidas nos diferentes Sodalícios e Fraternidades não apenas em nossa Província, mas em todo o Brasil. “Agradeço pelo reconhecimento do nosso trabalho em São João Del-MG”, afirmou o Monsenhor Geraldo Magela, após receber o Diploma e Bênção das mãos do Prior Geral. Por sua vez jovem Douglas Levi Batista Lopes, da OTC de São João Del Rei/MG foi homenageado enquanto incentivador e propagador da Espiritualidade Carmelitana naquela cidade.

Por último, destacamos três homenagens, primeiro o Frei Carlos Mesters, O. Carm., 94 anos,  referência da Ordem do Carmo e da família carmelitana no que se refere ao movimento bíblico- espiritual. Segundo o Paulo Daher, enquanto Coordenador  da Comissão Provincial para Ordem Terceira da Província Carmelitana Fluminense. Merece destaque ainda o sr. Carlos Borges, do Sodalício da Esplanada/SP, ele foi o grande homenageado do Congresso enquanto “Peregrino de Esperança e da Caridade” junto aos pobres da cidade de São Paulo. “Na Segunda Guerra Mundial os ricos tinham dinheiro mas não tinha comida, hoje temos comida, mas não temos dinheiro”. Afirmou. Atualmente ele está em um abrigo de idosos e faz tratamento para combater um câncer na cidade de São Paulo.

O auge do Congresso foi a Santa Missa celebrada por Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida e concelebrada por vários padres presentes. “O Pai Elias nos recorda, estou na montanha cheio do zelo pelo Senhor. Eu me consumo de zelo. vamos todos nós, com os carmelitas nos consumir de zelo pelo Pai, de zelo pelo Reino e de zelo por Nosso Senhor Jesus Cristo... O Escapulário é uma Esperança de Salvação”. Afirmou.

 

A Ordem sempre afirmou que a contemplação está no coração de nossa vocação. O Institutio Primorum Monachorum, que desde o século 14 foi o documento para a formação de todos os jovens carmelitas, diz: “O objetivo dessa vida tem duplo sentido: Uma parte alcançamos através de nosso próprio esforço e do exercício das virtudes, com a ajuda da graça divina. Isso significa oferecer a Deus um coração que é sagrado e puro da verdadeira mancha do pecado. Alcançamos este objetivo quando somos perfeitos e ‘in Carith’, isto é, escondido naquela caridade que o Homem Sábio diz: ‘O amor cobre todas as ofensas’ (Pr 10,12). ... O outro objetivo desta vida nos é concedido como um dom gratuito de Deus; ou seja, saborear algo no coração e experimentar na mente o poder da presença divina e da doçura da glória celestial não apenas após a morte mas também nesta vida mortal (Livro 1, cap. 2). Santa Teresa e São João da Cruz foram formados na tradição carmelitana e conduziram a Ordem de volta à sua inspiração inicial, assim como todas as outras reformas através da história da Ordem. Santa Teresa e São João da Cruz são modelos de gênios espirituais e, para aqueles que desejam compreender mais o desenvolvimento da contemplação dentro da pessoa, é essencial estudar estes santos.

Nesta apresentação do carisma carmelitano, a Ordem declara nas Constituições dos frades: “Os carmelitas buscam viver em fidelidade a Jesus Cristo através do compromisso de buscar a face do Deus vivo (a dimensão contemplativa da vida), através da fraternidade e do serviço no meio do povo” (Const. 14). Outro artigo nas Constituições diz: “A tradição da Ordem tem interpretado a Regra e o carisma inicial como expressões da dimensão contemplativa da vida e os grandes mestres espirituais da Família Carmelitana sempre se voltaram para esta vocação contemplativa” (Const. 17). De acordo com as Constituições, a contemplação “é uma experiência transformadora do amor esmagador de Deus. Esse amor nos esvazia de nossa maneira humana de pensar, amar e agir, limitada e imperfeita, divinizando-a” (Const. 17). Nas Constituições das Congregações afiliadas e na recentemente aprovada Regra da Ordem Terceira, aparece a mesma insistência na contemplação.

A Ratio Institutionis Vitae Carmelitanae (o documento da formação ao qual nos referiremos como Ratio) dos frades, esclarece o papel da contemplação no carisma da Ordem: “A dimensão contemplativa não é meramente um dos elementos de nosso carisma (oração, fraternidade e serviço): ela é o elemento dinâmico que os une.

Na oração nos abrimos para Deus que, por sua ação, nos transforma gradualmente através de todos os grandes e pequenos eventos de nossas vidas. Esse processo de transformação nos possibilita iniciar e manter relacionamentos fraternos autênticos. Ele nos faz desejosos de servir, capazes de compaixão e de solidariedade, e nos permite colocar diante do Pai as aspirações, angústias, esperanças e súplicas do povo.

A fraternidade é o teste básico da autenticidade da transformação que está acontecendo dentro de nós” (Ratio 23). A Ratio continua dizendo: “Através dessa transformação gradual e contínua em Cristo, que é realizada dentro de nós pelo Espírito, Deus nos chama em sua direção numa jornada interior que nos leva das margens dispersivas da vida ao âmago de nosso ser, onde Deus mora e nos une a ele.

O processo interior que leva ao desenvolvimento da dimensão contemplativa nos ajuda a adquirir uma atitude de abertura à presença de Deus em nossa vida, nos ensina a ver o mundo com os olhos de Deus e nos inspira a buscar, reconhecer, amar e servir a Deus naqueles que estão à nossa volta” (Ratio 24).

O objetivo da jornada contemplativa é nos tornarmos amigos amadurecidos de Jesus Cristo a tal ponto que seus valores se tornem nossos valores e comecemos a ver com os olhos de Deus e a amar com o coração de Deus. A contemplação autêntica deve encontrar expressão num compromisso de serviço, quer seja realizado através de um apostolado ativo, quer dentro de um mosteiro. Quando contempla o mundo, Deus vê para além do exterior. Deus vê a motivação do coração humano. A autêntica experiência de Deus de uma comunidade contemplativa nos leva a tornar nossa “a missão de Jesus, que foi enviado para proclamar a Boa Nova do Reino de Deus e a realizar a libertação total da humanidade de todo pecado e opressão” (Ratio, 38).

 

Ver com os olhos de Deus

No documento pós-sinodal Vita Consacrata, o papa João Paulo II afirma: “No início de seu ministério, na sinagoga de Nazaré, Jesus anuncia que o Espírito o consagrou para evangelizar os pobres, proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor (cf. Lc 4,16-19). Assumindo a missão do Senhor como sua, a Igreja proclama o Evangelho a todo homem e mulher comprometendo-se com sua salvação integral. Mas com especial atenção, numa opção realmente preferencial, ela se volta para aqueles que suportam grande fraqueza e, portanto, são carentes. ‘Os pobres’, em diversos estados de aflição, são os oprimidos, aqueles às margens da sociedade, os anciãos, os enfermos, os jovens, qualquer um e todos que sejam considerados e tratados como ‘os últimos’. A opção pelos pobres é inerente à própria estrutura do amor vivido em Cristo. Portanto, todos os discípulos de Cristo são fiéis a esta opção. Mas aqueles que desejam seguir o Senhor mais de perto, imitando suas atitudes, sentir-se-ão envolvidos de modo muito especial. A sinceridade de sua resposta ao amor de Cristo os levará a viver uma vida de pobreza e a abraçar a causa do pobre. De acordo com o carisma, para cada instituto, isto significa adotar um modo de vida simples e austero, tanto como indivíduo quanto como comunidade. Fortalecidas por esse testemunho vivo e, de certa forma, consistente com sua opção de vida e mantendo sua independência diante das ideologias políticas, as pessoas consagradas serão capazes de denunciar as injustiças cometidas contra tantos filhos e filhas de Deus e  a comprometerem-se com a promoção da justiça na sociedade onde trabalham” (VC 82).

Fiéis às Escrituras, a Igreja e a Ordem fizeram a opção preferencial pelos pobres porque Cristo foi enviado para levar a Boa Nova aos pobres (Lc 4,18). Não podemos permanecer insensíveis diante do apelo dos pobres (cf. Ex 22, 22.26; Eclo 21,5). Um compromisso com a Justiça e a Paz significa, necessariamente, fazer algo concreto pelos pobres mas também exige fazer perguntas. Por que existe essa situação? O que podemos fazer? Obviamente as razões para a situação de pobreza de tantos no mundo e as razões para a falta da verdadeira paz são extremamente complexas. Esta opção preferencial vem de uma vocação contemplativa. “A autêntica jornada contemplativa nos permite descobrir nossa própria fragilidade, nossa fraqueza, nossa pobreza, - em suma, o nada da natureza humana: tudo é graça. Através dessa experiência, crescemos em solidariedade com aqueles que vivem em situação de privação e de injustiça. Quando nos permitimos ser desafiados pelos pobres e oprimidos, somos gradualmente transformados e começamos a ver o mundo com os olhos de Deus e a amar o mundo com seu coração. Com Deus, ouvimos o clamor dos pobres e nos empenhamos em partilhar o cuidado, o interesse e a compaixão Divina pelos mais pobres e menores.

 Isso nos leva a profetizar diante dos excessos do individualismo e do subjetivismo que vemos na mentalidade de hoje – diante das muitas formas de injustiça e de opressão dos indivíduos e dos povos” (Ratio, 43).

A razão fundamental para a existência de tanta pobreza no mundo está nas profundezas do coração humano. É um grande erro culpar apenas os outros por esta situação, porque cada um de nós tem alguma responsabilidade. O compromisso com a Justiça e a Paz deve estar de mãos dadas com o processo contemplativo de assumir a vontade de Cristo, de forma que nosso serviço aos pobres não se torne um modo sutil de fazer com que os pobres nos sirvam. O coração humano é muito ambíguo e, para servir de acordo com a vontade e o coração de Deus, devemos nos submeter à purificação profunda, que é uma parte íntima do processo contemplativo (Tg 4,8; Hb 4,12-13).

*O DEUS DA NOSSA CONTEMPLAÇÃO. CARTA DO PRIOR GERAL À FAMÍLIA CARMELITA.  01 de Janeiro de 2004, Solenidade de Maria Mãe de Deus-Dia Mundial de Oração pela Paz. Joseph Chalmers, O. Carm., Prior Geral

RUMO AO MONTE CARMELO NA LUTA PELA JUSTIÇA SOCIAL: UM OLHAR PARA A ESPIRITUALIDADE CARMELITANA SOB A ÓTICA DO PROFETISMO - DENÚNCIA E ANÚNCIO

 

 

Por Frei Gilvander Moreira[1]

 

Que beleza realizarmos mais um Encontro da Família Carmelitana do Brasil, no Santuário Nacional de Aparecida do Norte, SP, com o Tema: Peregrinos de Esperança rumo ao Monte Carmelo! Momento de kairós, tempo propício para fraternalmente vivenciarmos a proximidade entre as diversas expressões da Família Carmelitana do Brasil sob a ótica do Ano Jubilar e, em oração, reflexão e encontro, seguirmos caminhando unidos/as buscando nos abastecer espiritualmente para cotidianamente colocarmos em prática o carisma carmelitano, que se constitui no tripé: Fraternidade, Contemplação e Profetismo.  

Importante ressaltar que estas três dimensões do nosso carisma se inter-relacionam, ou seja, para testemunharmos uma vida de fraternidade é preciso sermos pessoas contemplativas e proféticas. Para sermos pessoas contemplativas precisamos vivenciar a fraternidade ad intra e ad extra e exercermos a profecia. E não dá para sermos pessoas proféticas se não somos pessoas fraternas e contemplativas.

Faz bem recordarmos que a fraternidade autêntica tem duas dimensões que se alimentam mutualmente: a fraternidade interna na nossa comunidade e a fraternidade externa com o povo da nossa cidade e na sociedade, prioritariamente fraternidade com as pessoas empobrecidas.

A contemplação não pode ser reduzida à noção de ficar meditando, estático e tentando, de olhos fechados, observar o mistério de Deus. A palavra ação está na palavra contemplAÇÃO. Logo, o sentido mais profundo de contemplação diz respeito a assimilar o jeito de ser e de agir de Deus, mistério de infinito amor que nos envolve, tão bem nos revelado por Jesus Cristo. Em outras palavras, uma pessoa contemplativa vive, convive e atua sendo expressão do reflexo da luz e da força divina no mundo. Assim como na segunda metade do século I da era cristã, pessoas das comunidades cristãs da periferia da grande cidade de Antioquia perceberam que os discípulos e as discípulas de Jesus Cristo eram tão parecidas com o mestre galileu que disseram pela primeira vez: “Estes são cristãos” (At 11,26), quer dizer, semelhantes a Cristo.

A dimensão da Profecia no Carisma Carmelitano, que é o nosso tema aqui, não se reduz a serviço pastoral. Faz bem recordarmos um pouco o que a Bíblia nos diz sobre a dimensão profética da vida. A Bíblia respira profecia do Gênesis ao Apocalipse: “Se calarem a voz dos profetas...” Centenas de vezes aparece na Bíblia a expressão Palavra de Javé/Deus, sempre para indicar profecia. Ora dizendo: consolai os aflitos, e outra hora pedindo: incomodai os exploradores! Ninguém pode tocar o corpo dos escritos proféticos na Bíblia e na vida sem sentir a batida do coração divino.

A partir do livro do Êxodo, constatamos como Javé é um Deus que ouve os clamores das pessoas escravizadas e desce para libertá-las (Ex 3,7-9). No início do Gênesis, se diz que o Espírito está nas águas, permeia e perpassa tudo (Gn 1,2). Tendo “nascido de mulher” (Gl 4,4), em Jesus de Nazaré, Deus se encarna, descendo e assumindo a condição humana. O livro do Apocalipse nos diz que Deus larga o céu, desce, arma sua tenda entre nós e vem morar conosco definitivamente (Ap 21,1-3). Nosso Deus não é apenas um Deus transcendente, mas transdescendente, pois está sempre descendo e abraçando o humano nas entranhas da história, dos fatos e acontecimentos. Nosso Deus age na história.

Pessoa profética é porta voz do Deus da vida, não só pelo que fala, mas principalmente por ser testemunha viva do projeto de vida anunciado pelo Evangelho de Jesus Cristo. A palavra “profeta” vem do verbo pro-ferir, que significa falar por antecipação. Etimologicamente a palavra “profeta” significa “aquele que profere uma mensagem em nome de Deus”. O profeta e a profetisa escutam o Oráculo de Deus. Os oráculos proféticos, normalmente, são introduzidos com uma fórmula característica: “Assim disse Javé....” ou “Oráculo de Javé” (Jr 9,22-23). A expressão “ne’um YAHWEH”, em hebraico, geralmente traduzida por “oráculo de Javé” ou “Palavra de Javé”, significa "sussurro, cochicho de Deus no ouvido do profeta ou da profetisa". 

Para entender um cochicho, um sussurro, é preciso fazer silêncio, prestar muita atenção, estar em sintonia, ter proximidade, ser amigo etc. Portanto, Deus não falava claramente aos profetas, como nós, muitas vezes pensamos que falava. Do mesmo modo que falava aos profetas e profetisas, Deus fala hoje a nós. Deus cochicha (sussurra) em nossos ouvidos a partir da realidade do povo, prioritariamente a partir dos empobrecidos e superexplorados. Precisamos colocar nossos ouvidos e nosso coração pertinho do coração das pessoas injustiçadas para que possamos escutar Deus. Mais do que fazer cursos de oratória, precisamos de cursos de escutatória. Para ouvir os clamores mais profundos das pessoas violentadas na sua dignidade é necessário conviver com elas.

Todas as vezes que na Bíblia fala que “desceu o Espírito de Deus sobre...” diz também que os atingidos pelo Espírito de Deus começam a profetizar (cf. Nm 11,29; At 19,4-6). A profecia é uma consequência direta da ação do Espírito Santo. Logo, um bom critério para saber se estamos vivendo uma verdadeira experiência no Espírito de Deus é nos perguntar: “Estamos nos tornando pessoas proféticas?”

Na Bíblia, encontramos várias fases da profecia. Ao mudar o contexto histórico, a profecia muda também o jeito de ser realizada. Inicialmente, profetas eram conselheiros do rei. Acreditava-se que com boa orientação as autoridades não iriam se corromper e seriam fieis à vivência da ética, do amor ao próximo e solidárias com todos e todas. Mas depois, profetas perceberam a necessidade de denunciar reis, sacerdotes, falsos profetas, príncipes que estavam se corrompendo no exercício do poder, seja ele político, religioso ou econômico. Entretanto, outros profetas descobriram que não bastava denunciar as mazelas, injustiças, violências e corrupções de autoridades, mas que precisavam denunciar o sistema da monarquia, pois o sistema monárquico estava gerando e reproduzindo opressões e explorações. De fato, é muito difícil ser íntegro em um ambiente e contexto opressor e explorador.

Com a dominação imposta pelo Império Assírio, depois pelo Império Babilônico, o que desmantelou a autonomia e a soberania que o povo tinha conquistado na terra prometida por Deus, tendo sido o território invadido, Jerusalém e o templo destruídos e o povo enxotado para o exílio, o sofrimento se tornou quase insuportável e exigiu que os profetas e as profetisas, para serem mensageiros/as de Deus no meio do povo exilado, exercessem o consolo e anunciassem projetos de esperança. Muita gente chegou a pensar: “Deus nos abandonou” (Lm 3,31-33; Jer 25,38; Rm 1,24). Outros perguntavam angustiados: “Onde está Deus?” (Sl 115,2-3; 1 Rs 19; Jo 4,23-24). Em contexto parecido com um vale de ossos ressequidos (Cf. Ez 37,1-14), ser pessoa terna, compassiva, amorosa, acolhedora e solidária se tornou sinal de que Deus estava no meio do povo e esta experiência resgatou a esperança de que as injustiças poderiam ser superadas, pois se experimentava que Deus estava presente no meio do povo sofrido, mas que continuava vivendo relações de fraternidade. Em tempos de exílio, de profundo opressão, a profecia clama para ser vivenciada como solidariedade, conforto, ternura, cuidado, presença amorosa ao lado de quem está sofrendo muito.

Com o caminhar da história, em contexto de internacionalização, a profecia assumiu a roupagem de apocalíptica. Tornou-se necessário usar linguagem simbólica, animar a resistência, cultivar a esperança, denunciar as injustiças e anunciar projetos de esperança, mas com muita criatividade. Em tempos de ditadura militar, no estilo de profecia em roupagem apocalíptica, Chico Buarque e Milton Nascimento cantavam: “Pai, afasta de mim este cálice (= cale-se!)”, atualizando a profecia dos Evangelhos de Mateus (Mt 26,39) e Lucas (Lc 22,42).

Para nós carmelitas é uma graça, mas também grande responsabilidade termos como inspiradores do nosso carisma os profetas Elias e Eliseu e Maria, a mãe de Jesus e nossa mãe, que no seu jeito de viver combinou muito bem Fraternidade, Contemplação e Profecia.

O Profeta Elias foi um intransigente defensor dos pequenos. Elias se fez solidário e teve a coragem de denunciar a brutal injustiça e violência praticada pelo rei Acab e a rainha Jezabel, seguidores do ídolo Baal. Em meados do século IX a.C., o profeta Elias ferveu o sangue de indignação quando ouviu e viu que o rei Acab, a primeira dama Jezabel e latifundiários estavam reforçando a latifundiarização da terra prometida pelo Deus da vida ao povo Sem Terra, filhos/as de Abraão e Sara. A terra para o povo da Bíblia é herança de Deus (Lev 25,23-26: “A terra a Deus pertence...”), deve ser passada de pai para filho/a para usufruto; jamais ser considerada uma mercadoria. “Javé me livre de vender a herança de meus pais” (I Rs 21,3), respondeu Nabot, um pequeno agricultor, ao receber uma proposta indecorosa do rei que desejava comprar seu sítio para anexá-lo ao grande latifúndio que já tinha acumulado.  O rei Acab se irritou com a resistência de Nabot. Jezabel, rainha adepta do ídolo Baal, manipulou a religião e a justiça para roubar a terra do sitiante. Caluniou, criminalizou e demonizou Nabot que, com o beneplácito do poder Judiciário, foi condenado à pena de morte na forma de apedrejamento. Morte que mata aos poucos. Hoje, o “apedrejamento” aos empobrecidos acontece por meio de calúnias, humilhações e, muitas vezes, com o veredicto da justiça. Mais de 6 milhões de indígenas e outros 6 milhões de negros já foram os Nabots no Brasil. Com a cumplicidade da classe dominante e a omissão de muitos, mais de 30 mil jovens estão sendo exterminados no Brasil anualmente, na guerra química, não declarada,   das drogas.

Mas a opressão dos pobres e o sangue dos mártires suscitam profetas. O profeta Elias, ao ouvir que o rei Acab estava invadindo o pequeno sítio de Nabot, após o ter matado, em alto e bom som, profetizou: “Você matou, e ainda por cima está roubando? Por isso, assim diz Javé (Deus solidário e libertador): No mesmo lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabot, lamberão também o seu. Farei cair sobre você a desgraça” (I Rs 21,19.21). Acab desencadeou uma grande perseguição ao profeta Elias, que fugiu, mas refez sua experiência do Deus da vida e continuou lutando ao descobrir que não estava sozinho na luta. Outros sete mil profetas conspiravam com ele e ao lado dele. Elias inspirou Eliseu, que inspirou Jesus de Nazaré, que inspira milhões de pessoas cristãs pelo mundo afora. Acab teve morte sofrida, parecida com a do ditador Garrastazu Médici no Brasil.

O profeta Eliseu recebeu a herança profética do profeta Elias e seguiu sua missão combinando solidariedade com denúncias das violências. Maria, mãe de Jesus e nossa mãe, também foi exemplar ao combinar fraternidade, contemplação e profecia, o que está muito bem apresentando no livro de frei Carlos Mesters, “Maria, a mãe de Jesus”, da Editora Vozes, 1977.

Maria vivenciou a profecia combinando numa perfeita harmonia a solidariedade com o povo, a ternura, o cuidado, o amor a Jesus e a todo o povo e tendo a coragem de não arredar o pé da luta ao lado de seu filho Jesus Cristo permanecendo fiel e o acompanhando até a cruz junto com algumas outras mulheres e continuando a caminhada ao lado das primeiras pessoas e comunidades que fizeram a experiência de que Jesus Cristo está ressuscitado e vivo em nós e no nosso meio.

As primeiras comunidades cristãs alimentadas pelo Evangelho de Lucas fizeram questão de apresentar Maria como mulher profetisa ao inserir no evangelho o Cântico de Maria, o Magnificat (Lc 1,46-55), onde se canta a utopia divina de que “Deus derruba do trono os poderosos e eleva os humildes, aos famintos enche de bens e despede os ricos de mãos vazias” (Lc 1,52-53).

Enfim, com os profetas Elias e Eliseu, com nossa mãe Maria, com Santa Teresa d’Ávila, São João da Cruz, Santa Terezinha, São Tito Brandsma e toda as pessoas que integram a Família Carmelitana, no passado e no presente, sigamos rumo ao Carmelo nos dedicando com muito amor à vivência do carisma carmelitano que nos pede uma harmonia entre Fraternidade, Contemplação e Profecia.

Que a nossa caminhada carmelitana continue iluminada e inspirada com zelo profético, como peregrinos/as de esperança, desejosos/as de transformar realidades para que o Reino de Deus se concretize a partir do aqui e do agora. 

 

 

[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI e Ocupações Urbanas; autor de livros e artigos. E-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       Canal no you tube: https://www.youtube.com/@freigilvander      –    No instagram: @gilvanderluismoreira - Facebook: Gilvander Moreira III

 

OS SETE VALORES BÁSICOS DA REGRA DO CARMO CARMELITAS, PEREGRINOS DA ESPERANÇA RUMO AO MONTE CARMELO EM OBSÉQUIO DE JESUS CRISTO

Frei Carlos Mesters, O. Carm

 

 

OS SETE VALORES BÁSICOS DA REGRA DO CARMO

 

  1. A centralidade de Jesus na Regra do Carmo

 “Viver em obséquio de Jesus Cristo”

 

  1. A Lectio Divina na Regra do Carmo

O jeito próprio de se fazer Lectio Divina no Carmelo

A Regra, ela mesma, é fonte e fruto da Lectio Divina

 

3.A Oração na Regra do Carmo

O jeito de orar no Carmelo, sugerido e recomendado pela Regra:

Ritmo e Objetivo da oração:

 

  1. O trabalho na Regra do Carmo

O texto da Regra sobre o trabalho

O contexto da Regra sobre o trabalho:

 

  1. O silêncio na Regra do Carmo

As várias partes do texto da Regra sobre a prática do Silêncio

Os dois aspectos do silêncio profético recomendado pela Regra

 

  1. A fraternidade mendicante na Regra do Carmo

As características da fraternidade mendicante na Regra do Carmo:

Ser fraternidade orante e profética no meio do povo.

 

  1. A Dimensão Eliano-Mariana na Regra do Carmo

Viver em obséquio de Jesus Cristo como fraternidade orante e profética no meio do povo

Como irmãos e irmãs da Virgem Maria do Carmo

Como Eliseu irradiar o Espírito do profeta Elias

 

 

  1. Carmelitas, Peregrinos da Esperança

A Regra do Carmo escrita por Alberto para os Carmelitas

 

Os primeiros carmelitas eram peregrinos. Tinham vindo da Europa para a Terra de Jesus. Um peregrino não vive parado. Ele sabe o que quer e para onde ele vai. Ele anda e procura, porque não está satisfeito com a situação presente, e busca um objetivo para além do presente. A motivação mais profunda da peregrinação dos carmelitas é a certeza de que existe uma luz, não só no fim do túnel, mas dentro do túnel, dentro da vida, não só depois da morte.

O carmelita peregrino sente dentro de si algo que vem da raiz da vida humana: “Tu nos fizeste para Ti, e o nosso coração está irrequieto até que não descanse em Ti”. Existe luz dentro do túnel, dentro da vida. É esta esperança que anima o peregrino, anima os carmelitas. Somos peregrinos da esperança, e esta esperança não decepciona:

A luz que nos orienta nesta nossa caminhada para Deus é o texto escrito pelos primeiros carmelitas lá no Monte Carmelo, no qual descrevem a maneira como eles procuravam viver a vida em obséquio de Jesus Cristo. Eles queriam ter a aprovação da igreja para poder levar esta vida que eles estavam levando lá no Monte Carmelo. Alberto, o patriarca de Jerusalém, superior da igreja na Terra Santa, leu o texto da vida dos Carmelitas. Gostou e o aprovou; colocou nele a sua assinatura como sendo da sua autoria. Isto foi no ano 1207. No ano 1238, diante da ameaça do avanço dos muçulmanos na Terra Santa, os carmelitas foram morar na Europa. A aprovação oficial da parte da autoridade da igreja veio 40 anos depois no dia 1 de outubro de 1247 pelo Papa Inocêncio IV. A aprovação animou muito aos carmelitas e os confirmou na sua caminhada.

 

2.Os sete valores básicos da Regra do Carmo

 

  1. A centralidade de Jesus na Regra do Carmo

Os números em que a Regra fala de Jesus

Centralidade da pessoa de Jesus na Regra

“Viver em obséquio de Jesus Cristo”

 

  1. A Leitura orante da Bíblia na Regra do Carmo

A Regra recomenda nove vezes, explicitamente, a Lectio Divina

O jeito próprio de se fazer Lectio Divina no Carmelo

A Regra, ela mesma, é fonte e fruto da Lectio Divina

 

  1. A Oração na Regra do Carmo

O Ambiente de oração, sugerido e recomendado pela Regra:

O jeito próprio de orar no Carmelo, sugerido e recomendado pela Regra:

Ritmo e Objetivo da oração:

 

  1. O trabalho na Regra do Carmo

O texto da Regra sobre o trabalho

O contexto da Regra sobre o trabalho:

 

  1. O silêncio na Regra do Carmo

As várias partes do texto da Regra sobre a prática do Silêncio

Os dois aspectos do silêncio profético recomendado pela Regra

 

  1. A fraternidade mendicante na Regra do Carmo

As características da fraternidade mendicante na Regra do Carmo:

Ser fraternidade orante e profética no meio do povo.

 

  1. A Dimensão Eliano-Mariana na Regra do Carmo

Elias:  o profeta do zelo pela causa do Senhor

Maria:  a mãe de Jesus, ouve a Palavra e a coloca em prática

Eliseu:  transmite e irradia para todos a experiência do Deus de Elias

 

  1. A centralidade de Jesus na Regra do Carmo- Os números em que a Regra fala de Jesus

Jesus é uma presença constante na Regra, tão constante, que nem sequer é mencionado a cada momento. Os números em que Jesus é mencionado explicitamente são os seguintes:

Rc 2: No prólogo, a Regra define o objetivo da vida no Carmelo: “viver em obséquio de Jesus Cristo e servir a ele de coração puro e consciência serena”.

Rc 10: O caminho para chegar a esse objetivo é “meditar dia e noite na lei do Senhor”. O Senhor é Jesus. Sua lei é o evangelho a ser meditado em vigílias de oração.

Rc 14: A fonte para manter-se no caminho é a Eucaristia diária no oratório, onde se vive o Mistério da morte e ressurreição de Jesus.

Rc 16: Um meio importante para não perder o rumo é a contínua atenção à pessoa de Jesus durante o ano, desde a exaltação da Cruz até o dia da Ressurreição.

Rc 18: Um aviso é dado aos que querem seguir Jesus: terão muita perseguição; terão a cruz como parte da sua vida.

Rc 20: No conselho para ler as cartas de Paulo se diz que Jesus nos fala pela boca de São Paulo. Suas cartas ensinam como ter em nós os sentimentos de Jesus.

Rc 20: Aos que não levam a sério a vida no Carmelo, a Regra ordena e suplica, em nome de Senhor Jesus Cristo, para que trabalhando em silêncio e ganhem seu pão.

Rc 21: A Regra recomenda a prática do silêncio, pois conforme a palavra do Senhor no Evangelho, de toda palavra inútil teremos de prestar conta a Deus.

Rc 22:  Pede ao prior que procure imitar o exemplo de serviço que Jesus nos dá no Evangelho: “Quem quiser ser o primeiro deve ser o servo de todos”

Rc23:  Aconselha aos súditos de ver a Jesus na pessoa do superior: “Quem ouve a vocês é a mim que ouve”

Rc24:  Suscita em todos a esperança do retorno de Jesus quando, evocando a parábola do Samaritano, diz que o Senhor na sua volta nos pagará.

 

  1. Centralidade da pessoa de Jesus na Regra

A presença de Jesus transparece nas linhas e nas entrelinhas da Regra. No prólogo, ela apresenta Jesus como objetivo e ideal supremo da vida no Carmelo: “viver em obséquio de Jesus Cristo”. Em seguida, a Regra descreve o caminho para se chegar a realizar este objetivo e alcançar o ideal. No epílogo, Jesus aparece como aquele cuja presença se busca e cuja vinda se espera. Ao longo das páginas da Regra, do começo ao fim, Jesus aparece como aquele que chama, anima, avisa, orienta, critica, suplica, ordena, recomenda, propõe, sugere e aconselha.

 

  1. “Viver em obséquio de Jesus Cristo”

Esta expressão vem do apóstolo Paulo (2Cor 10,5). Ela tem o mesmo significado da expressão seguir Jesus.  Nos evangelhos, “Seguir Jesus” indica três coisas importantes:

  1. Imitar o exemplo do Mestre: Jesus era o modelo a ser imitado e reproduzido na vida do discípulo (Jo 13,13-15). Seguir Jesus na convivência diária permitia um confronto constante.
  2. Participar do destino do Mestre. O seguidor devia "estar com ele nas tentações" (Lc 22,28; Jo 15,20; Mt 10,24-25), estar disposto a morrer com ele (Jo 11,16). Devia servir a ele com seus bens e subir com ele até o Calvário (Mc 15,41-42).
  3. Ter a vida de Jesus dentro de si: À luz da ressurreição, acrescentou-se uma terceira dimensão: viver a vida de Jesus. "Vivo, mas não sou eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Identificar-se com Jesus ressuscitado. É a dimensão mística da vivência cristã, fruto da ação do Espírito.

 

2.A Lectio Divina

na Regra do Carmo

Apesar de curta, a Regra repete nove vezes que devemos meditar a Palavra de Deus. Nestas recomendações transparece o jeito próprio de se fazer a Lectio Divina no Carmelo. A Regra, ela mesma, é fruto da meditação constante da Palavra de Deus:

  1. A Regra recomenda nove vezes, explicitamente, a Lectio Divina
  2. Rc 7 Ouvir a Sagrada Escritura durante as refeições
  3. Rc 10 Meditar dia e noite a Lei do Senhor
  4. Rc 11 Rezar as horas canônicas (que são feitas de Salmos e leituras bíblicas)
  5. Rc 14 Participar diariamente da Eucaristia (toda feita de textos bíblicos)
  6. Rc 19 Ter pensamentos santos (que são fruto da Leitura do Livro Santo)
  7. Rc 19 A Palavra, a espada do Espírito, deve habitar na boca e no coração
  8. Rc 19 Agir sempre de acordo com a Palavra de Deus
  9. Rc 20 Ler com freqüência as cartas de Paulo
  10. Rc 22 Ter diante de si o exemplo de Jesus como aparece nos evangelhos
  11. O jeito próprio de se fazer Lectio Divina no Carmelo

A porta que a Regra abre para a Palavra de Deus entrar na nossa vida

*  Pela leitura pessoal: meditação na cela (Rc 10); a Palavra na boca e no coração (Rc 19), ter pensamentos santos (Rc 19); agir em tudo conforme a Palavra de Deus (Rc 19).

*  Pela leitura comunitária: ouvir juntos a Palavra no refeitório (Rc 7); na capela, duran­te a Eucaristia (Rc 14); no Ofício Divino (Rc 11).

O método dos quatro degraus da Lectio Divina

*  Lectio: A Palavra é lida no refeitório (Rc 7), Eucaristia (Rc 14), Ofício Divino (Rc 11);, na cela (Rc 10).

*  Meditatio: A Palavra, lida e ouvida, é meditada dia e noite, na cela (Rc 10), desce da boca para o coração (Rc 19) e produz pensamentos santos (Rc 19).

*  Oratio: A Palavra, lida, ouvida e meditada, é envolvida pela oração no Ofício Divino (Rc 11), na Eucaristia (Rc 14), na Cela, onde o carmelita vigia em orações (Rc 10).

*  Contemplatio: A Palavra comunica a visão de Deus, invadindo o pensamento, a boca e o coração (Rc 19) e, assim, tudo é feito na Palavra do Senhor (Rc 19).

A Regra recomenda uma leitura fiel à Tradição

*  A Lectio Divina é uma atitude de vida que vem da tradição renovadora dos mendican­tes, cujo quadro de referências era o modelo da comunidade dos Atos dos Apóstolos. Este mesmo modelo está na base da parte central da Regra (Rc 10 a 15)

*  A Regra sistematiza o ensinamento dos Santos Padres (Rc 2) e pede que a leitura se faça de acordo com os costumes da Igreja (Rc 11) e da tradição litúrgica (Rc 11).

  1. A Regra, ela mesma, é fonte e fruto da Lectio Divina

A Regra do Carmo não só recomenda a Lectio, mas também a pratica. Ela exprime o seu próprio pensamento com frases tiradas da Bíblia. É difícil saber exatamente quantas vezes a Regra usa a Bíblia para descrever a Norma de Vida dos primeiros Carmelitas. Alguns acham que é mais de cem vezes! Ela usa a Bíblia sem citar, cita sem verificar, junta e separa as frases da Bíblia como e quando quer, muda e adapta conforme lhe parece útil, como se fosse a sua própria palavra. Esta maneira de usar a Bíblia é fruto de longa e assídua leitura, marcada pela familiaridade, pela liberdade e pela fidelidade. Os primeiros carmelitas, conheciam a Bíblia de memória e a assimilaram em suas vidas a ponto de já não distinguirem mais entre as suas próprias palavras e as palavras da Bíblia.

 

  1. A Oração na Regra do Carmo
  2. O Ambiente de oração, sugerido e recomendado pela Regra:

*Na descrição da infraestrutura (Rc 4-9): o lugar de moradia deve ser deserto ou apto para a vida no Carmelo (Rc 5); a preocupação com a cela individual para cada frade garante o diálogo com Deus (Rc 6); a leitura da Bíblia durante as refeições ajuda a manter-se na presença de Deus  (Rc 7).

*Na descrição do ideal (Rc 10-15): permanecer sempre na cela, a não ser que por algum motivo legítimo deva ausentar-se (Rc 10); o oratório no meio das celas obriga a sair de si mesma, todos os dias, cada vez de novo Rc (14); a correção fraterna semanal ajuda a manter vivo o ideal da presença de Deus (Rc 15).

*Na descrição dos meios (Rc 16-21): a prática do jejum, desde a exaltação da Cruz até à Páscoa, nos confronta com a pessoa de Jesus e orienta a seqüência do tempo para a oração (Rc 16); a abstinência de carne e de tantas outras “carnes” ajuda a aprofundar o “VacareDeo” (Rc 17); o uso das armas espirituais ajuda a manter vivas a fé, a esperança e o amor (Rc 19); o trabalho ocupa a mente e impede a distração (20); a prática do silêncio cria ambiente para escutar a Deus (21).

  1. O jeito próprio de orar no Carmelo, sugerido e recomendado pela Regra:

*Oração pessoal: dia e noite, meditando na lei do Senhor e vigiando em orações (Rc 10). É como sístole e diástole. Imita a vida dos apóstolos: “dedicar-se inteiramente à oração e à palavra” (At 6,4). A Regra não pede “orações”, mas pede que sejamos “oração”. Alguém pode até rezar muitas orações e não ser pessoa orante.

*Oração comunitária: o ofício divino e a reza do Pai-Nosso, diariamente. Deve ser oração e não desobriga de consciência. A Regra insiste na reza dos Salmos que são o lado orante da história do Povo de Deus. O Pai nosso é o salmo de Jesus e o resumo orante de tudo que Jesus ensinou.

*Eucaristia diária: para que a vida de Jesus entre em nós e que possamos chegar a dizer: “Vivo, mas não sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Promove a identificação com Jesus. A fração do pão era um elemento básico da vida dos primeiros cristãos (At 2,46). A eucaristia celebra a libertação da escravidão do Egito.

  1. Ritmo e Objetivo da oração:

*Ritmo: O lado orante da vida em obséquio de Jesus tem um tríplice ritmo:

Diário: diariamente eles devem celebrar a eucaristia, rezar o ofício e meditar a lei do Senhor.

Semanal:         uma vez por semana devem fazer revisão de vida e verificar se estão vivendo realmente em obséquio de Jesus.

Anual: durante o ano, seguem o calendário litúrgico, e fazem jejum, desde a festa da Santa Cruz até Páscoa.

*Objetivo: Tanto o ambiente da oração como a oração em si, ambos têm como objetivo: levar as pessoas a esvaziar-se para Deus e a viver em obséquio de Jesus Cristo. 

 

  1. O trabalho na Regra do Carmo
  2. O texto da Regra sobre o trabalho

São dois os motivos que levam a Regra a insistir no trabalho. (1) O primeiro motivo é: impedir a entrada de hóspedes indesejados dentro de nós. Vocês devem fazer algum tipo de trabalho, para que o diabo sempre os encontre ocupados e não consiga, através da ociosidade de vocês, encontrar alguma brecha para penetrar em suas almas. Ou seja, na porta da alma do Carmelita deve estar escrito: Ocupada! Trabalhando! Entrada proibida!!(2) O segundo motivo é: viver do próprio trabalho. Quem não quiser trabalhar também não coma. Neste ponto, a Regra invoca longamente o exemplo de Paulo que trabalhava para poder sobreviver e não ser peso para ninguém. O trabalho é um meio de inserção no meio dos "menores" e faz com que o relacionamento entre os membros da comunidade seja mais harmonioso, pois impede que um seja peso inútil para os outros. A realidade dura da vida, marcada pelo trabalho, faz parte integrante do caminho que conduz até Deus.

  1. O contexto da Regra sobre o trabalho:

Contexto anterior: Nos números anteriores (Rc 18 e 19), a Regra fala da armadura de Deus. O trabalho (Rc 20) faz parte desta armadura. Além da cintura, couraça, capacete, escudo, espada, o carmelita deve usar como arma o trabalho. A Regra não especifica qual seja o tipo de trabalho. Naquele tempo, podia ser um trabalho mais espiritual: meditação, leitura, estudo, copiar livros, ou um trabalho mais corporal: criação de animais, trabalho na roça, construção. Hoje em dia, poderá ser este ou um outro tipo de trabalho.

Contexto posterior: No fim do capítulo sobre o trabalho (Rc 20), citando a carta de Paulo, a Regra conclui pedindo que os frades trabalhem em silêncio. Logo em seguida, no início do capítulo sobre o silêncio (Rc 21), ela retoma este mesmo assunto dizendo: O apóstolo recomenda o silêncio quando manda que se trabalhe em silêncio. Para a Regra, trabalho e silêncio se completam. O trabalho é o lado exterior de uma luta que, através do silêncio, atinge o interior.

Este duplo contexto anterior e posterior revela dois aspectos importantes do trabalho. Através do trabalho, de um lado, impedimos a entrada do diabo de fora para dentro de nós e, de outro lado, facilitamos a saída, de dentro para fora de nós, da força que nasce e cresce em nós pela prática do silêncio. Através do trabalho, lutamos para que a maldade não entre em nós e, ao mesmo tempo, esta luta faz com que, a partir de dentro, através do silêncio, a salvação do Senhor e a bênção no Espírito Santo, desejadas a todos no prólogo da Regra (Rc 1), sejam liberadas para fora sobre a comunidade e, através da comunidade, sobre a sociedade. Pois dentro da gente, no mais profundo de nós, na raiz do nosso ser, habita Deus. É lá naquela presença silenciosa de Deus em nós, que está a célula inicial da vitória.

O trabalho cria, assim, uma estrada de mão única. De fora para dentro, é mão proibida. De dentro para fora, corre a força da vida nova, gerada pelo silêncio e liberada pelo trabalho. Realmente, “este caminho santo e bom, é nele que devemos andar”.

 

  1. O silêncio na Regra do Carmo
  2. As várias partes do texto da Regra sobre a prática do Silêncio

1) Descreve o valor do silêncio. Cita duas frases do profeta Isaías: "A justiça é cultivada pelo silêncio", e “É no silêncio e na esperança, que se encontrará a vossa força”. Por ser recomendado pelo profeta, este silêncio é profético!

2) Organiza a prática do silêncio. Adapta o silêncio ao ritmo diferente do dia e da noite. O silêncio da noite nos envolve e nos faz silenciar. O dia é mais barulhento e produz distração. Exige um esforço interior maior para fazer silêncio.

3) Recomenda o controle da língua. Com frases da Bíblia, aponta os perigos do muito falar e ensina como fazer para cultivar o silêncio.

4) Aponta o objetivo da prática do silêncio. A prática do silêncio procura evitar uma que­da sem cura que conduz à morte. O silêncio enfrenta a morte e conduz à vida!

5) Resumo final: No fim, retoma a frase inicial do profeta reafirmando que a prática do silêncio é o caminho para a justiça.

  1. Os dois aspectos do silêncio profético recomendado pela Regra

O primeiro aspecto do silêncio profético tem a ver com a luta pela justiça e está expres­so na frase de Isaías: A justiça é cultivada pelo silêncio. Cultivar a justiça pelo silêncio significa fazer silenciar, dentro de nós, tudo aquilo que impede a visão justa das coisas. Significa fazer com que a realidade apareça do jeito que ela é em si mesma e não como aparece desfigurada através da propaganda e da ideologia dominante. Este primeiro aspecto do silêncio é fruto do esforço nosso. Exige disciplina e controle, estudo e reflexão. Hoje em dia, o fluxo das palavras e imagens é tanto que nos impede de perceber a realidade tal como ela é. Envolve-nos de tal maneira, que acabamos achando normal o que, na realidade, é uma situação de morte. Por exemplo, a violência tornou-se tão normal e tão presente, que já nos acostumamos. Vivemos numa situação de morte, e não nos damos conta. E muitas vezes, o consumismo mata qualquer esforço de consciência crítica. O silêncio profético coloca o dedo nesta ferida escondida. O profeta aponta a morte, não porque gosta da morte, mas sim para que a vida possa manifestar-se. É uma exigência da própria vida que sejam apontados os falsos e ilusórios caminhos da morte, para que possamos despertar e iniciar a mudança ou conversão, tanto na vida pessoal como na convivência social. Este cultivo consciente do silêncio gera em nós a justiça.

O segundo aspecto do silêncio profético é fruto da ação do Espírito de Deus em nós e está expresso na segunda citação do profeta Isaías: No silêncio e na esperança está a força de vocês. Desobstruído o acesso à fonte pelo esforço ativo nosso que procura conhecer a realidade tal como ela é, a água brotará de dentro de nós e inundará o nosso ser. O silêncio produzido em nós pelo confronto com a situação de morte, apesar de doloroso, é fonte de esperança e de vida. Produz a força da resistência. Dá força para a gente agüentar a situação de morte, porque acreditamos que da morte do trigo caído na terra vai brotar vida nova. É a caminhada na Noite Escura  à espera da chegada da luz, de que fala São João da Cruz.

 

  1. A fraternidade mendicante na Regra do Carmo

A novidade da vida mendicante é a insistência na fraternidade como revelação da Boa Nova do amor de Deus para com os “menores”, os pobres. Fraternidade mendicante era a fraternidade dos “menores”, isto é, do povo pobre que necessitava criar entre si laços de solidariedade para poder sobreviver nas cidades. Ser mendicante significava optar em viver numa fraternidade pobre, de “menores”. Eles eram chamados frades menores.

  1. As características da fraternidade mendicante na Regra do Carmo:
  2. Ter um prior a ser escolhido entre os confrades (Rc 4).

            A primeira coisa que a Regra estabelece é ter um prior e não um abade. O prior é eleito pelos frades e não imposto de cima. Ele exerce a sua autoridade em conjunto com os outros frades, na escolha do lugar (Rc 5), na indicação da cela (Rc 6). Assim, envolve a todos e cria neles um senso de co-responsabilidade e de participação.

  1. Não mudar de “lugar” (convento) (Rc 8).

            Numa fraternidade mendicante, o compromisso não é, como no eremitismo anterior, com um determinado monge mais santo, mas sim com a comunidade e com o ideal expresso na Regra. Para impedir o retorno a esse eremitismo a Regra estabelece: Não é permitido a nenhum irmão, a não ser com licença do prior em exercício, mudar-se de lugar de moradia que lhe foi indicado ou trocá-lo com outro.O eremita carmelita renuncia à itinerância e submete sua vida ao julgamento da comunidade.

 

  1. A cela do prior que deve ficar na entrada (Rc 9)

            O mesmo vale para a cela do prior que deve ficar na entrada. Tanto os novos candidatos como os visitantes e peregrinos que vêm ao lugar, todos são acolhidos e orientados pelo prior que representa a comunidade.

  1. Não ter propriedade, mas possuir tudo em comum (Rc 12)

            A comunhão de bens era um ponto característico das fraternidades mendicantes. A preocupação, para que tudo seja distribuída de acordo com as necessidades de cada um, é uma expressão desta fraternidade.

  1. Por serem evangelizadores itinerantes dos pobres, podem ter jumentos (Rc 13)

            Este número foi acrescentado em 1247. Como acontecia em toda fraternidade mendi­cante, os frades carmelitas se ausentam de casa para o trabalho da evangelização. Em vista deste trabalho se permite que eles tenham jumentos para poder viajar.

  1. Todos são responsáveis pelo todo e pelo bem-estar de cada um (Rc 15)

            A reunião semanal é uma expressão típica da cultura capitular, própria das fraternidades mendicantes. Nela se tratava do bem comum e do bem-estar de cada um e da correção fraterna (15);

  1. Nas viagens missionárias podem comer carne que o povo lhes oferece (Rc 17)

            Inicialmente, não podiam comer carne, mas a vida mendicante os levou a pedir reformulação deste ponto e a licença de comer carne foi aprovada pelo papa em 1247.

  1. Ser fraternidade orante e profética no meio do povo.

A fraternidade não é uma tarefa a mais ao lado das outras, mas sim uma atitude de vida que deve permear tudo. Fraternidade é como “meditar dia e noite na lei do Senhor”. Assim como Deus é presença constante, também o irmão e a irmã devem ser presença constante. O exercício da fraternidade nasce da experiência de Deus e conduz para uma experiência mais profunda de Deus.

Além do que já vimos, vários outros números da Regra estimulam a vivência da fraterni­dade: a eucaristia como dom da entrega de si pelos outros é a raiz da fraternidade (Rc 14); o ofício em comum favorece o sentimento fraterno de estarmos juntos diante do Pai (Rc 11); a mesa comum (Rc 7), a partilha dos bens (Rc 12) e o trabalho em comum pelo sustento (Rc 20) favorecem a fraternidade. A fraternidade é prova de fogo!

  

  1. A Dimensão Eliano-Mariana na Regra do Carmo

A Regra não fala de Maria nem dos profetas Elias e Eliseu. Por que? Esta pergunta não tem resposta clara. Mas alguma luz pode ser encontrada. Talvez seja, porque as pessoas não costumam falar daquilo que é evidente e conhecido por todos. Um pressuposto de que não é necessário falar. Talvez seja, porque os dois únicos pedaços da terra que não podem ser vistos são exatamente aqueles que se encontram debaixo dos nossos pés e nos sustentam. Talvez seja, porque ainda não soubemos analisar suficientemente todos os aspectos e dimensões da Regra nas suas linhas e entrelinhas.

A Regra fala da “Fonte no Monte Carmelo” (Rc 1), junto da qual viviam os eremitas sob a obediência do irmão B. Era normal supor que a fonte no Monte Carmelo era a fonte do Profeta Elias, mencionada na Bíblia por ocasião do sacrifício, realizado na presença de todo o povo, para provar que Javé era o Deus verdadeiro. Assim quando se fala da Igreja do Santo Sepulcro, todos entendem que se trata do Sepulcro de Jesus. Não é necessário acrescentar “de Jesus”. O mesmo vale para a “Fonte no Monte Carmelo”. Não é necessário dizer que é de Elias.

O mesmo vale para o Oratório que tinha sido construído no meio das celas (Rc 14). Todos sabiam que este Oratório era dedicado à Santa Maria do Monte Carmelo. Tanto assim que os frades que viviam ao redor deste oratório receberam do povo o nome que carregamos até hoje: “Irmãos da bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo”.

Nas outras Ordens, a vida dos fundadores era o modelo para os seus seguidores saberem como viver em obséquio de Jesus Cristo. Por exemplo, São Francisco para os franciscanos, São Domingos para os dominicanos. Com os primeiros carmelitas aconteceu o contrário. Eles não tinham fundador. Eles eram os fundadores que escolheram para si os modelos de Elias e de Maria para saber como viver em obséquio de Jesus. Escolheram Elias e , por isso, foram morar no Monte Carmelo, onde eram bem vivas a presença e a memória do profeta Elias. E lá no Monte Carmelo construíram a capela em honra de Santa Maria do Monte Carmelo. Assim, inspirando-se em Elias e Maria iniciaram a viver em fraternidade agrupados ao redor do irmão B, ao qual prometiam obediência.

Sentindo que esta sua vida era diferente dos outros grupos religiosos, quiseram uma aprovação da Igreja. Por isso, elaboraram uma proposta ou esboço, que levaram ao patriarca Alberto, para que desse a sua aprovação (Rc 3). Assim, a Regra do Carmo, elaborada pelos fundadores, redigida por Alberto e aprovada pelo Papa Inocêncio IV, no fundo, nada mais é do que a descrição do caminho daqueles que procuravam viver em obséquio de Jesus Cristo imitando o modelo de vida do Profeta Elias e da Virgem Maria, a Mãe de Jesus.

O caminho descrito na Regra é progressivo. Descreve a lenta subida do Monte Carmelo que desemboca no silêncio profético que faz pensar no profeta Elias (RC 21). É também uma caminhada progressiva de escuta atenta da Palavra (Rc 10), para que a Palavra se encarne em nós como em Maria. Elias e Maria estão presentes na Regra, tão presentes quanto o olho que vê tudo e não pode ver-se a si mesmo.