Em ‘Apocalipse nos Trópicos’, Petra Costa investiga ligação entre a política e evangélicos no Brasil
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Em ‘Apocalipse nos Trópicos’, Petra Costa investiga ligação entre a política e evangélicos no Brasil
Depois de ‘Democracia em Vertigem’, indicado ao Oscar, a cineasta transita entre Brasília e cultos para tentar entender o significado do crescimento da bancada evangélica e das ‘orações políticas’ proferidas Brasil afora
'Apocalipse dos Trópicos', de Petra Costa, explora o crescimento da fé evangélica no Brasil. Foto: Divulgação/Netflix
Por Beatriz Amendola
Enquanto filmava os vaivéns do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff para seu Democracia em Vertigem (2019), documentário que lhe renderia uma indicação ao Oscar, Petra Costa recebeu uma dica de uma assessora parlamentar: filmar um ato profético convocado pelo pastor Silas Malafaia. A cineasta seguiu o conselho e escutou uma mulher proferir uma declaração inflamada que chamou sua atenção: “Deus deve tomar o executivo, o legislativo e o judiciário, e expulsar a escória desse País”.
O momento está registrado em Apocalipse nos Trópicos, novo filme da diretora, que agora se propõe a examinar a intersecção entre a política e as lideranças evangélicas no Brasil. “Essa declaração me marcou muito – eu acho que ela até me incluía na escória que deveria ser expulsa do País”, relembra Petra, em conversa com o Estadão. “E que país seria esse em que Deus toma o executivo, o legislativo e o judiciário? Eu nunca tinha ouvido uma uma uma oração tão política”.
A cineasta transita entre Brasília e cultos para tentar entender o significado do crescimento da bancada evangélica e das ‘orações políticas’ proferidas Brasil. Crédito: Netflix via Youtube
Apocalipse nos Trópicos, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 3, e à Netflix no próximo dia 14, retrata outros discursos similares. Logo no começo, Petra aparece em cena recebendo uma Bíblia das mãos de Cabo Daciolo (Republicanos), que diz que “Deus decretou o fim do governo do ímpio” e fala em uma “guerra espiritual”.
A retórica belicosa, Petra viria a descobrir, está diretamente ligada ao livro bíblico do Apocalipse, que empresta seu nome ao filme. Mais especificamente, a uma de suas interpretações, propagada pelo pastor John Nelson Darby no século 19. Nesta versão, que serviu de base para o fundamentalismo cristão, a segunda vinda de Cristo é iminente, e será precedida por eventos cataclísmicos – e quanto pior forem estes eventos, mais rápido virá o arrebatamento.
Foi um discurso com o qual a cineasta se deparou com frequência enquanto filmava em igrejas evangélicas durante o período da pandemia de covid-19. “As músicas eram sobre Apocalipse, os cultos falavam do Apocalipse e associavam a pandemia ao Apocalipse, como um sinal dos cinco tempos”, recorda. “E um dos pastores que aparece no filme também fala muito disso, sobre como ele estava feliz de o governo Bolsonaro estar criando uma situação de caos que aceleraria o fim do mundo e, portanto, a volta de Jesus.”
Ela acrescenta: “Isso era uma uma teologia muito presente entre os evangélicos fundamentalistas no Brasil e muito presente entre evangélicos fundamentalistas nos Estados Unidos. Os aliados dominionistas do [presidente norte-americano Donald] Trump acreditam piamente nisso de que acelerar o fim do mundo vai acelerar a volta de Jesus.”
A influência de Malafaia
O dominionismo à que Petra se refere, também conhecido como teologia do domínio, prega que os cristãos devem buscar o controle sobre vários aspectos da sociedade, como a política e a cultura. É um conceito que, em Apocalipse nos Trópicos, é explicado por Silas Malafaia, que acaba por se tornar um dos personagens centrais da narrativa.
O pastor não só é entrevistado, como é acompanhado pelas câmeras de Petra em momentos diversos, do púlpito a uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão de incluí-lo veio após a produtora do longa, Alessandra Orofino, constatar que ele estava presente, indiretamente, em grande parte do material que Petra havia gravado em igrejas durante a pandemia.
“Olhando esse material, o Silas estava em tudo”, lembra Alessandra. “Vários pastores o referenciavam quando falavam das suas estratégias de como manter as igrejas abertas e o porquê. Os vídeos que ele fazia viralizavam, e as pessoas que a gente estava entrevistando referenciavam esses vídeos. Então, o Silas estava presente sem a gente o tivesse entrevistado.”
O timing também ajudou, já que Malafaia se tornou uma figura ainda mais proeminente na vida pública nos quatro anos em que o documentário foi filmado. “A influência dele sobre Bolsonaro aumentou tremendamente”, diz Petra. “Os outros aliados caíram, alguns morreram, como o Olavo de Carvalho, e o Silas virou um conselheiro do presidente. E até hoje está organizando manifestações.”
E a esquerda?
O conflito entre os líderes evangélicos, historicamente alinhados à direita, e a esquerda também se faz presente em Apocalipse nos Trópicos. Há, no filme, menções virulentas de Malafaia aos “esquerdopatas”, e o deputado Sóstenes Cavalcante (PL) atribui, também no documentário, justamente à oposição o crescimento da bancada evangélica no Congresso Nacional. Mas o momento mais notável é quando o presidente Lula (PT) diz ter a tese de que o socialismo falhou ao negar a religião.
“É claro que existe uma necessidade de se reconhecer que, no Brasil, a fé é parte da vida das pessoas e ela não vai deixar de ser – e nem necessariamente é desejável que ela deixe de ser”, diz Alessandra. “A fé cumpre muitas funções importantes na vida de muita gente, inclusive na minha, diga-se passagem. Mas o filme não pretende dar lição de moral nem apontar os erros,”
As realizadoras esperam que o longa possa suscitar reflexões na esquerda. “Em alguma medida”, prossegue Alessandra, “alguns segmentos da esquerda se acomodam a um papel de gestores desse capitalismo tardio, de tentar minimizar as dores e os problemas, mas sem buscar soluções mais inventivas, mais criativas e que questionem mais as bases dos problemas que a gente vive, em vez de só gerenciar as consequências mais negativas.”
Remetendo a outro momento do filme, que pontua o “fervor revolucionário” presente na direita e, especialmente, nas lideranças evangélicas, Petra complementa: “Quem é que está falando ‘vamos organizar todo mundo, vamos sair na manifestação, vamos pressionar o Congresso, vamos eleger tantos deputados, vamos encher a Suprema Corte’? Quem está convocando suas bases hoje em dia? A esquerda, como diz o Gilberto Carvalho em Democracia em Vertigem, deixou de convocar suas bases”. Fonte: https://www.estadao.com.br
Depois do fenômeno dos devocionais evangélicos, a ficção cristã surge com enorme potencial comercial
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Depois do fenômeno dos devocionais evangélicos, a ficção cristã surge com enorme potencial comercial
Em um país onde os jovens leem cada vez menos, o aumento das vendas da ficção cristã juvenil é uma ótima notícia
Livro 'Corajosas', que depois virou série, publicado em 2023 pela editora Mundo Cristão - Divulgação/Editora Mundo Cristão
É doutor em ciências da religião, possui especialização na área editorial pela Yale University
Apesar de ser um gênero literário de enorme sucesso nos Estados Unidos, com a venda de milhões de exemplares anualmente, a literatura de ficção sempre teve enormes dificuldades de se estabelecer entre as editoras evangélicas brasileiras. Foram inúmeras tentativas frustradas ao longo de décadas. Mas boas notícias vêm, finalmente, surgindo nos últimos anos, graças ao público juvenil.
Uma delas é o sucesso do livro "Corajosas", que depois virou série, publicado em 2023 pela editora Mundo Cristão e escrito pelas brasileiras e evangélicas Arlene Diniz, Queren Ane, Maria S. Araújo e Thaís Oliveira.
A obra traz versões modernas de contos de fadas tradicionais como "Branca de Neve", "O Príncipe e o Sapo", "Cinderela" e "A Bela e a Fera", e aborda temas como amizade, superação, identidade e propósito.
A série, que já conta com outros três produtos, incluindo uma Bíblia, já teria alcançado cerca de 200 mil exemplares vendidos, segundo Renato Fleischner, COO da Mundo Cristão e diretor-tesoureiro do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros).
Outra boa notícia é que a Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, sediará, entre os dias 16 e 19 de julho, a Feira de Ficção Cristã e Cultura (FEFICC), que espera receber mais de 11 mil visitantes.
O evento, que já tem a participação confirmada de cerca de 80 autores, incluindo Robin Gunn Jones, autora best seller norte-americana com mais de 6 milhões de livros vendidos, contará também com cerca de 25 editoras, entre elas Thomas Nelson Brasil, Mundo Cristão e Editora Vida.
A programação inclui rodas de conversa sobre romances e fantasia cristã, concurso de cosplay, encontros com escritores e profissionais do ramo, além de palestras sobre diversos temas da literatura como "O Cristianismo nas Obras de Tolkien". Maiores informações podem ser encontradas no site do evento.
Esse fenômeno pode fazer parte de uma tendência de inserção de produtos evangélicos na cultura nacional, já que a ficção cristã pode ser compreendida como um gênero literário que incorpora valores e princípios cristãos em suas narrativas, e isso não precisa necessariamente se referir a histórias bíblicas ou evangelísticas, nem ser ambientados em uma igreja ou ter personagens caricaturados.
Abordagem e conteúdo semelhante ao que já acontece com variados títulos de não ficção, seja de autoajuda ou de crescimento e desenvolvimento pessoal, que também incorpora valores e princípios cristãos-evangélicos em seu conteúdo e fazem enorme sucesso de vendas, em um país com elevado percentual de cristãos.
Assim como os devocionais diários como "Café com Deus Pai", lidos por brasileiros de diferentes matizes religiosas, ou a música gospel, que também é cantada e apreciada por não evangélicos, a ficção cristã pode estar abrindo caminho para alcançar novos leitores juvenis fora dos arraiais.
Pode ainda abrir portas para que editoras não religiosas publiquem este gênero literário, em meio a seu catálogo de ficção. Aliás, essa talvez seja uma das formas mais sutis e inteligentes de se aproximar desse público, que muitas vezes olha "atravessado" quando elementos de sua fé são vistos apenas como produtos de consumo.
Considerando que a pesquisa "Retratos da Leitura", divulgada no fim de 2024, mostrou que a internet tira tempo de leitura de 78% dos entrevistados —impactando principalmente os mais jovens— essa pode ser uma boa notícia para todo o mercado editorial, que vê a venda de seus livros de ficção em queda, enquanto a de livros religiosos só aumenta. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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1) Oração
Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 8,18-22)
18Certo dia, vendo-se no meio de grande multidão, ordenou Jesus que o levassem para a outra margem do lago. 19Nisto aproximou-se dele um escriba e lhe disse: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores. 20Respondeu Jesus: As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça. 21Outra vez um dos seus discípulos lhe disse: Senhor, deixa-me ir primeiro enterrar meu pai. 22Jesus, porém, lhe respondeu: Segue-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos.
3) Reflexão
Durante três semanas, meditamos os capítulos 5 a 8 do evangelho de Mateus. Dando seqüência à meditação do capítulo 8, o evangelho de hoje trata das condições do seguimento de Jesus. Jesus decidiu ir para o outro lado do lago e uma pessoa pediu para poder segui-lo (Mt 8,18-22).
Mateus 8,18: Jesus manda passar para o outro lado do lago
Jesus tinha acolhido e curado todos os doentes que o povo havia trazido até ele (Mt 8,16). Muita gente juntou-se ao redor dele. À vista desta multidão, Jesus decidiu ir para a outra margem do lago. No evangelho de Marcos, do qual Mateus tirou grande parte das suas informações, o contexto é outro. Jesus acabava de terminar o discurso das parábolas (Mc 4,3-34) e dizia: “Vamos para o outro lado!” (Mc 4,35), e, do jeito que ele estava no barco, de onde tinha feito o discurso (cf. Mc 4,1-2), os discípulos o levaram para o outro lado. De tão cansado que estava, Jesus deitou e dormiu em cima de um travesseiro (Mc 4,38).Mateus 8,19: Um doutor da Lei quer seguir Jesus
No momento em que Jesus decide fazer a travessia do lago, um doutor da lei se aproxima e diz: "Mestre, eu te seguirei aonde quer que fores”. Um texto paralelo de Lucas (Lc 9,57-62) trata do mesmo assunto, mas de um jeito um pouco diferente. Conforme Lucas, Jesus tinha decidido ir para Jerusalém onde seria preso e morto. Tomando o rumo de Jerusalém, ele entrou no território da Samaria (Lc 9,51-52), onde três pessoas pedem para poder segui-lo (Lc 9,57.59.61). Em Mateus, que escreve para judeus convertidos, a pessoa que quer seguir Jesus é um doutor da lei. Mateus acentua o fato de uma autoridade dos judeus reconhecer o valor de Jesus e pedir para ser discípulo. Em Lucas, que escreve para pagãos convertidos, as pessoas que querem seguir Jesus são samaritanos. Lucas acentua a abertura ecumênica de Jesus que aceita também não judeus como discípulos.
Mateus 8,20: A resposta da Jesus ao doutor da Lei
A resposta de Jesus é idêntica tanto em Mateus como em Lucas, e é uma resposta muito exigente que não deixa dúvidas: "As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça". Quem quer ser discípulo de Jesus deve saber o que faz. Deve examinar as exigências e calcular bem, antes de tomar uma decisão (cf. Lc 14,28-32). “Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33).
Mateus 8,21: Um discípulo pede para poder enterrar o falecido pai
Em seguida, alguém que já era discípulo pede licença para poder enterrar seu falecido pai: "Senhor, deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai". Com outras palavras, ele pede que Jesus adie a travessia do lago para depois do enterro do pai. Enterrar os pais era um dever sagrado dos filhos (cf Tb 4,3-4).
Mateus 8,22: A resposta de Jesus
Novamente, a resposta de Jesus é muito exigente. Jesus não adiou sua viagem para o outro lado do lago e diz ao discípulo: "Siga-me, e deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos”. Quando Elias chamou Eliseu, ele permitiu que Eliseu voltasse para casa para despedir-se dos pais (1Reis 19,20). Jesus é bem mais exigente. Para entender todo o alcance da resposta de Jesus convém lembrar que a expressão Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos era um provérbio popular usado pelo povo para significar que não se deve gastar energia em coisas que não tem futuro e que não tem nada a ver com a vida. Um provérbio assim não pode ser tomado ao pé da letra. Deve-se olhar o objetivo com que foi usado. Assim, aqui no nosso caso, por meio do provérbio Jesus acentua a exigência radical da vida nova para qual ele chama as pessoas e que exige abandonar tudo para poder seguir Jesus. Descreve as exigências do seguimento de Jesus.
Seguir Jesus. Como os rabinos da época, Jesus reúne discípulos e discípulas. Todos eles "seguem Jesus". Seguir era o termo que se usava para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. Para os primeiros cristãos, Seguir Jesus significava três coisas muito importantes, ligadas entre si:
- Imitar o exemplo do Mestre: Jesus era o modelo a ser imitado e recriado na vida do discípulo e da discípula (Jo 13,13-15). A convivência diária permitia um confronto constante. Na "escola de Jesus" só se ensinava uma única matéria: o Reino, e este Reino se reconhecia na vida e na prática de Jesus.
- Participar do destino do Mestre:. Quem seguia Jesus devia comprometer-se com ele e "estar com ele nas sua provações" (Lc 22,28), inclusive nas perseguições (Mt 10,24-25) e na cruz (Lc 14,27). Devia estar disposto a morrer com ele (Jo 11,16).
- Ter a vida de Jesus dentro de si: Depois da Páscoa, à luz da ressurreição, o seguimento assume esta terceira dimensão: "Vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Trata-se da dimensão mística do seguimento, fruto da ação do Espírito. Os cristãos procuravam refazer em suas vidas o caminho de Jesus que tinha morrido em defesa da vida e foi ressuscitado pelo poder de Deus (Fl 3,10-11).
4) Para um confronto pessoal
1) Ser discípulo, discípula, de Jesus. Seguir Jesus. Como estou vivendo o seguimento de Jesus?
2) As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça. Como viver hoje esta exigência de Jesus?
5) Oração final
Compreendei bem isto, vós que vos esqueceis de Deus: não suceda que eu vos arrebate e não haja quem vos salve. Honra-me quem oferece um sacrifício de louvor; ao que procede retamente, a este eu mostrarei a salvação de Deus. (Sl 49, 22-23)
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No ano de 64 d.C., o imperador Nero começou uma perseguição contra os cristãos. Temendo que São Pedro caísse nas garras do imperador, os primeiros cristãos o aconselhavam a sair de Roma para se proteger. Pedro ficou indeciso: ficar e correr o risco de desaparecer junto com a Igreja nascente ou fugir para a Galileia ou Tiberíades e proclamar, bem longe de Roma, as verdades de Cristo?
Pedro quis abandonar Roma. Porém o Senhor interviu, saiu ao seu encontro.
Pela manhã, ao cruzar a Porta Latina da cidade, Pedro enxergou uma luz muito forte, vindo em sua direção. Quando a luz se aproximou, ele reconheceu Jesus Cristo, carregando uma cruz. Diante de Cristo, Pedro deixa cair o bastão, se ajoelha, levanta os braços e diz: “Quo vadis, Domini?” (Aonde vais, Senhor?). E Cristo lhe responde: ”Romam vado iterum crucifigi” (Vou a Roma para ser crucificado novamente).
Pedro compreendeu, então, que seu lugar era em Roma, entre seus cristãos perseguidos, a exemplo de Cristo, o Bom Pastor, que dera a vida pelas ovelhas de seu rebanho. Envergonhado de sua atitude, Pedro voltou para Roma, para continuar o seu ministério, acabou sendo preso e crucificado pelo imperador Nero, porém, de cabeça para baixo, em sinal de humildade. Fonte: https://pt.churchpop.com
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Dom Carlos José
Bispo de Apucarana (PR)
“Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29)
O Sagrado Coração de Jesus é nosso único refúgio e salvação!
É Nele e somente Nele que encontraremos forças na caminhada rumo aos céus.
Peçamos essa graça à Senhora de Lourdes, a Mãe Santíssima que, unindo seu Imaculado Coração ao Sacratíssimo Coração do Filho, nos auxilie a chegar ao Coração de Jesus!
Duas solenidades se entrelaçam neste mês de junho: Corpus Christi e Sagrado Coração de Jesus!
A Eucaristia é o pulsar do Coração do Verbo!
Na Eucaristia está contido Jesus todo, Corpo, Sangue, Alma e Divindade; na Eucaristia está o Coração de Cristo que cuida de nós, nos revelando o amor do Pai e a presença viva do Espírito Santo que nos move, como peregrinos ao encontro da salvação.
O Coração humano e Divino de Jesus é a fonte inesgotável da misericórdia do Pai.
A Ele podemos recorrer, sem receios, em busca de perdão, consolo, ternura e afeto, pois, aí está a fonte do Amor: “Um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água” (Jo 19,34).
Do lado aberto de Cristo, jorram os Sacramentos da Igreja: a água do Batismo que nos purifica e o Sangue da Eucaristia que nos nutre e sustenta.
Um Coração, Divino e humano, parou de bater para que o nosso tivesse vida e não nos perdêssemos no pecado e no erro eterno.
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus não é um mero preceito, mas sinal de reconhecimento e gratidão pela Vida que brota do Coração Amoroso que continua pulsando por nós!
E, esse pulsar é um chamado a sermos semelhantes a Ele, no amor, na humildade, na entrega e na fidelidade diária.
“Tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne” (Ez 36, 26); não fomos feitos para viver de qualquer forma, Deus nos deu um coração de carne para que as pedras do desamor e da solidão fossem extirpadas de dentro de nós.
Que nossa oração ‘Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso’, seja transformada em atitudes concretas para nos assemelharmos ao Dele!
O coração não é apenas o lugar dos sentimentos e dos afetos humanos, se assim fosse, não suportaríamos o peso das tantas pedras.
É no coração que acontece o encontro da nossa humanidade com a Divindade!
Para quem crê em Cristo, o coração engloba toda a pessoa, unindo consciência, liberdade e inteligência.
O coração revela nossa capacidade de pensar e agir, escolher e decidir com amor e com a razão que provém da fé em Cristo Jesus, que nos disse: ‘Vinde a mim vós todos e eu vos aliviarei.
Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 28-29). Jesus nos revela um Coração repleto de mansidão e amor nos convidando a penetrarmos, com confiança e entrega no mais íntimo de seu Ser.
Ao celebrarmos o Sagrado Coração de Jesus, rezemos pela Igreja e pela Santificação do Clero, colocando todos os sacerdotes no Coração de Jesus para que “Cristo habite pela fé em seus corações… para conhecerem o amor de Cristo que excede todo conhecimento” (Ef 3, 17-19) Fonte: https://www.cnbb.org.br
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1) Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 21-29)
21Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. 22Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? 23E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus! 24Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. 26Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. 27Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína. 28Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. 29Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas.
3) Reflexão - Mt 7,21-29
O Evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha: (1) não basta falar e cantar, é preciso viver e praticar (Mt 7,21-23). (2) A comunidade construída em cima do fundamento da nova Lei do Sermão da Montanha ficará em pé na hora da tempestade (Mt 7,24-27). (3) O resultado das palavras de Jesus nas pessoas é uma consciência mais crítica com relação aos líderes religiosos, os escribas (Mt 7,28-29).
Este final do Sermão da Montanha desenvolve algumas oposições ou contradições que continuam atuais até nos dias de hoje: (1) Há pessoas que falam continuamente de Deus, mas se esquecem de fazer a vontade de Deus; usam o nome de Jesus, mas não traduzem em vida sua relação com o Senhor (Mt 7,21). (2) Há pessoas que vivem na ilusão de estarem trabalhando para o Senhor, mas no dia do encontro definitivo com Ele, descobrem, tragicamente, que nunca o conheceram (Mt 7,22-23). As duas parábolas finais do Sermão da Montanha, da casa construída sobre a rocha (Mt 7,24-25) e da casa construída sobre a areia (Mt 7,26-27), ilustram estas contradições. Por meio delas Mateus denuncia e, ao mesmo tempo, tenta corrigir a separação entre fé e vida, entre falar e fazer, entre ensinar e praticar.
Mateus 7,21: Não basta falar, é preciso praticar
O importante não é falar bonito sobre Deus ou saber explicar bem a Bíblia para os outros, mas é fazer a vontade do Pai e, assim, ser uma revelação do seu rosto e da sua presença no mundo. A mesma recomendação foi dada por Jesus àquela mulher que elogiou Maria, sua mãe. Jesus respondeu: “Felizes os que ouvem a Palavra e a põem em prática” (Lc 11,28).
Mateus 7,22-23: Os dons devem estar a serviço do Reino, da comunidade.
Havia pessoas com dons extraordinários como, por exemplo, o dom da profecia, do exorcismo, das curas, mas elas usavam os dons para si mesmas, fora do contexto da comunidade. No julgamento, elas ouvirão uma sentença dura de Jesus: "Afastem-se de mim vocês que praticam a iniqüidade!". Iniqüidade é o oposto de justiça. É fazer com Jesus o que alguns doutores faziam com a lei: ensinavam mas não praticavam (Mt 23,3). Paulo dirá a mesma coisa com outras palavras e argumentos: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria”. (1Cor 13,2-3).
Mateus 7,24-27: A parábola da casa na rocha.
Ouvir e praticar, esta é a conclusão final do Sermão da Montanha. Muita gente procurava sua segurança nos dons extraordinários ou nas observâncias. Mas a segurança verdadeira não vem do prestígio nem das observâncias, não vem de nada disso. Ela vem de Deus! Vem do amor de Deus que nos amou primeiro (1Jo 4,19). Seu amor por nós, manifestado em Jesus ultrapassa tudo (Rom 8,38-39). Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos praticar a sua vontade. Aí, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.
Mateus 7,28-29: Ensinar com autoridade
O evangelista encerra o Sermão da Montanha dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, porque "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência mais crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Suas palavras simples e claras brotavam da sua experiência de Deus, da sua vida entregue ao Projeto do Pai. O povo estava admirado e aprovava os ensinamentos de Jesus.
Comunidade: casa na rocha
No livro dos Salmos, frequentemente encontramos a expressão: “Deus é a minha rocha e a minha fortaleza... Meus Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que me salva...”(Sl 18,3). Ele é a defesa e a força de quem nele acredita e busca a justiça (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus, tornam-se, por sua vez, uma rocha para os outros. Assim, o profeta Isaías faz um convite ao povo que estava no cativeiro: "Vocês que estão à procura da justiça e que buscam a Deus! Olhem para a rocha da qual foram talhados, para a pedreira da qual foram extraídos. Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, sua mãe” (Is 51,1-2). O profeta pede para o povo não esquecer o passado. O povo deve lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram rocha, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, o povo devia criar coragem para lutar e sair do cativeiro. Do mesmo modo, Mateus exorta as comunidades para que tenham como alicerce a mesma rocha (Mt 7,24-25) e possam, dessa maneira, elas mesmas ser rocha para fortalecer os seus irmãos e irmãs na fé. Este é o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornarem-se, também elas, pedras vivas pela escuta e pela prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).
4) Para um confronto pessoal
1) Como a nossa comunidade equilibra oração e ação, louvor e prática, falar e fazer, ensinar e praticar? O que deve melhorar na nossa comunidade, para que ela seja rocha, casa segura e acolhedora para todos?
2) Qual a rocha que sustenta a nossa Comunidade? Qual o ponto em que Jesus mais insiste?
5) Oração final
Ajudai-nos, ó Deus salvador, pela glória de vosso nome; livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados pelo amor de vosso nome. (Sl 78, 9)
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À polícia, ele contou que cometeu o crime porque tinha sido proibido de ir num encontro em outro estado
As vítimas ao lado do adolescente apreendido pelos assassinatos — Foto: Reprodução da internet
Por Bruna Martins — Rio de Janeiro
Um adolescente, de 14 anos, foi apreendido após confessar ter matado os pais e o irmão de 3 anos em Itaperuna, no interior do Rio. Os corpos foram encontrados numa cisterna, na manhã desta quarta-feira, por uma equipe da 143ª DP (Itaperuna). Segundo os agentes, o menino vai responder por fato análogo ao crime de triplo homicídio e ocultação de cadáver.
O caso chegou à polícia na terça-feira (24), quando uma avó do adolescente foi com ele até a delegacia para registrar o desaparecimento da família. Aos agentes, ela contou que tentava contato desde sábado, mas ninguém atendia.
Na manhã desta quarta-feira, ao fazer uma perícia na casa, os policiais encontraram manchas de sangue no colchão do casal, além de roupas ensaguentadas e com focos de queimado. Os celulares das vítimas foram localizados numa bolsa.
No imóvel, um forte odor de putrefação levou os agentes até uma cisterna, onde foram encontrados os corpos já em estado avançado de decomposição.
Com a descoberta, o adolescente acabou confessando ter executado os pais e o irmão, e justificou os crimes afirmando que havia sido proibido de ir a um encontro em outro estado.
Ele esperou os pais irem dormir e, com a arma do pai, atirou contra eles e o irmão. Depois, colocou os corpos em uma cisterna da casa. Fonte: https://extra.globo.com
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1) Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 15-20)
15Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. 16Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? 17Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. 18Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. 19Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 20Pelos seus frutos os conhecereis.
3) Reflexão - Mt 7,15-20
Estamos chegando às recomendações finais do Sermão da Montanha. Comparando o evangelho de Mateus com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira de os dois apresentarem o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do ensinamento e o organizou em cinco grande discursos, dos quais o Sermão da Montanha é o primeiro (Mt 5 a 7). Marcos, por mais de quinze vezes, diz que Jesus ensinava, mas raramente diz o que ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam num ponto: Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). Mateus se interessava pelo conteúdo. Será que Marcos não se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo! Ensinar não é só uma questão de comunicar verdades para o povo aprender de memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e no próprio jeito de Jesus se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. Ela, a pessoa, é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor que transparecem nas palavras e gestos de Jesus fazem parte do conteúdo. São o seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não convence e não à conversão.
As recomendações finais e o resultado do Sermão da Montanha na consciência do povo ocupam o evangelho de hoje (Mt 7,15-20) e o de amanhã (Mt 7,21-29). (A seqüência dos evangelhos diários da semana nem sempre é a mesma dos próprios evangelhos.)
Mateus 7,13-14: Escolher o caminho certo
Mateus 7,15-20: O profeta se conhece pelos frutos
Mateus 7,21-23: Não só falar, também praticar
Mateus 7,24-27: Construir a casa na rocha
Mateus 7,28-29: A nova consciência do povo
Mateus 7,15-16ª : Cuidado com os falsos profetas
No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo, pessoas que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver o povo nos vários movimentos daquela época: essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37). No tempo em que Mateus escreve também havia profetas que anunciavam mensagens diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo mencionam estes movimentos e tendências (cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12). Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento dos espíritos. Daí a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência de Jesus é muito forte: "Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”. A mesma imagem é usada quando Jesus envia os discípulos e as discípulas para a missão: “Mando vocês como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc 10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser que o lobo se converta e perca a sua agressividade como sugere o profeta Isaías (Is 11,6; 65,25). O que importa aqui no nossos texto é o dom do discernimento. Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais ou grupais levam as pessoas a proclamar como falsos aqueles profetas que anunciam a verdade que incomoda. Isto aconteceu com o próprio Jesus. Ele foi eliminado e morto como falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, o mesmo aconteceu e continua acontecendo na nossa igreja.
Mateus 7,16b-20 : A comparação da árvore e seus frutos
Para ajudar no discernimento dos espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Vocês os conhecerão pelos frutos”. Um critério semelhante já tinha sido sugerido pelo livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma árvore má não pode dar bons frutos. 19 Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”. No evangelho de João, Jesus completa a comparação: “Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que dêem mais fruto ainda. O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados." (Jo 15,2.4.6)
4) Para um confronto pessoal
1) Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma pessoa boa e honesta que proclamava uma verdade incômoda foi condenada como falso profeta?
2) A julgar pelos frutos da árvore da sua vida pessoal, como você se define: falso ou verdadeiro?
5) Oração final
Desvia meu olhar para eu não ver as vaidades, faze-me viver no teu caminho. Eis que desejo teus preceitos; pela tua justiça conserva-me a vida. (Sl 118, 37.40)
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Ao reforçar a aliança entre espiritualidade e ação, o papa pode ampliar a formação de consciência ecológica em milhões de pessoas
*Por Virgilio Viana
A escolha do cardeal Robert Prevost como o novo papa – agora Leão XIV – representa um marco simbólico e concreto no fortalecimento do compromisso da Igreja Católica com a justiça socioambiental. Natural dos Estados Unidos, mas com uma trajetória marcada por mais de 20 anos de missão pastoral no Peru, Leão XIV conhece profundamente os desafios da América Latina e traz consigo um firme compromisso com a justiça climática e uma forte convicção: a fé deve estar em ação no cuidado com a criação.
O novo pontífice já era amplamente conhecido por sua atuação diante das injustiças sociais e ambientais. Sua voz ganhou destaque no cenário eclesial internacional ao defender com veemência a urgência de ações práticas frente às mudanças climáticas. Em seus pronunciamentos e documentos pastorais anteriores, sempre ressaltou a responsabilidade moral da Igreja de transformar palavras em ações concretas. Seu pontificado deve seguir a trajetória do papa Francisco, guiada pelo conceito da ecologia integral. Ele também compartilha princípios centrais como Francisco: uma Igreja próxima do povo, especialmente dos pobres; uma liderança humilde e servidora; e uma fé traduzida em gestos concretos.
É nesse contexto ético e pastoral que se insere a visão ecológica do novo papa. Sua experiência missionária no Peru, ao lado de comunidades vulneráveis, fortaleceu a convicção de que a crise climática é também uma crise social e espiritual. Para ele, cuidar da criação é inseparável do cuidado com as pessoas, especialmente os pobres. A ecologia, portanto, integra o Evangelho vivido com justiça, compaixão e compromisso com o futuro do planeta. Entre os pilares de sua visão, destacam-se:
1) A valorização de uma relação harmoniosa com a natureza, rejeitando qualquer modelo que trate os recursos naturais como meros objetos de exploração. Para o papa Leão XIV, a criação não é um bem à disposição irrestrita do ser humano, mas sim um dom divino que exige cuidado, reverência e responsabilidade compartilhada. Ele propõe uma espiritualidade ecológica profunda, na qual cada elemento da natureza (os rios, as florestas, os animais e o ar que respiramos) é reconhecido como parte de uma comunidade viva. Essa visão convida a uma conversão do olhar e do coração, promovendo a ética do cuidado como princípio orientador para as ações humanas. É um chamado a restaurar a harmonia entre o humano e o planetário.
2) A crítica ao desenvolvimento tecnológico desregulado, que, embora traga avanços, pode também agravar a destruição ambiental quando não orientado por princípios éticos e de equidade. O papa Leão XIV resgata uma visão humanista do progresso, insistindo que a tecnologia deve estar a serviço da vida e não o contrário. Ele alerta para o risco de um futuro dominado apenas pela lógica do lucro e da eficiência, em detrimento da dignidade humana e do cuidado com a natureza. A tecnologia, em sua visão, deve ser aliada da proteção ambiental, da inclusão social e da paz duradoura.
3) A centralidade da justiça climática, com atenção especial ao sofrimento dos mais pobres e vulneráveis, que historicamente são os mais afetados pelos efeitos da crise climática, com secas prolongadas, enchentes devastadoras, insegurança alimentar e deslocamentos forçados. Sua liderança busca tornar visíveis esses rostos invisibilizados. O papa Leão XIV é categórico ao afirmar que não se trata apenas de cuidar do planeta em termos genéricos, mas de proteger as pessoas mais vulneráveis.
Esses três pilares formam a base de uma nova esperança. Sob a liderança de Leão XIV, novos caminhos podem ser construídos para servirem de inspiração para uma humanidade mais consciente, mais justa e mais comprometida com a Casa Comum.
A escolha do papa ocorre num momento simbólico em que a ciência emite sinais de alerta cada vez mais agudos. Faltam poucos meses para a realização da COP-30, que ocorrerá na Amazônia. Seu envolvimento nesse processo, inclusive com uma provável presença no evento, representará uma articulação potente entre doutrina católica e urgência climática, reconhecendo o papel vital dos povos da floresta no desenvolvimento de soluções baseadas na natureza. Será também uma forma de ecoar para o mundo que cuidar do meio ambiente é também cuidar de si.
Ao reforçar a aliança entre espiritualidade e ação, o papa pode ampliar a formação de consciência ecológica em milhões de pessoas. Em tempos de negacionismo e retrocessos ambientais, sua voz pode ajudar a reaproximar o mundo do sentido da fraternidade, da compaixão e da responsabilidade coletiva. Ele nos convida a uma conversão ecológica que não é apenas individual, mas também institucional, econômica e política.
O novo pontífice nos dá uma nova oportunidade de colocar em prática o chamado do papa Francisco de unir fé, ciência e justiça numa única direção: um planeta mais justo, mais solidário e mais resiliente. Que o pontificado do papa Leão XIV inspire lideranças de todo o planeta a assumirem compromissos corajosos com a sustentabilidade e com a dignidade humana. Porque, como ele mesmo já disse, “não há paz possível num planeta em colapso”. Fonte: https://www.estadao.com.br
*Opinião por Virgilio Viana
Engenheiro florestal pela Esalq/USP, Ph.D. pela Universidade Harvard, superintendente-geral da Fundação Amazônia Sustentável, membro da Pontifícia Academia de Ciências Sociais do Vaticano, é professor da Fundação Dom Cabral
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Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
Amados irmãos e irmãs,
Hoje celebramos a Solenidade de Corpus Christi, o mistério sublime da presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. E no Ano C da liturgia, a Palavra de Deus nos convida a compreender este mistério a partir de três dimensões: sacrifício, alimento e partilha.
Na primeira leitura – Gn 14,18-20 –, o misterioso rei-sacerdote Melquisedec oferece pão e vinho a Abraão. Esse gesto, tão breve e simbólico, ecoa fortemente no Novo Testamento. Melquisedec aparece como figura de Cristo, o verdadeiro Sacerdote Eterno, que na Última Ceia oferece o seu corpo e o seu sangue sob as espécies do pão e do vinho. O salmo reafirma: “Tu és sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedec” (Sl 109,4). Desde os primórdios, Deus já preparava, na história do povo, os sinais do que seria o dom da Eucaristia.
A segunda leitura – 1Cor 11,23-26 –, da Primeira Carta aos Coríntios, nos remete ao momento mais sagrado da fé cristã: “Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim” (1Cor 11,24). São Paulo nos recorda o que recebeu do próprio Senhor. A Eucaristia é memória viva, não de um evento passado, mas de um sacrifício que se torna presente em cada celebração. Cristo se doa, por amor, para nos unir a Ele.
E o Evangelho de Lucas – Lc 9,11b-17 – nos apresenta a multiplicação dos pães. Diante da multidão faminta, os discípulos propõem despedir o povo, mas Jesus responde com firmeza: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Lc 9,13). Ele acolhe, ensina, cura… e alimenta. Toma os cinco pães e dois peixes, ergue os olhos ao céu, pronuncia a bênção, parte e distribui. Este gesto é um claro anúncio da Eucaristia. E é também um chamado à partilha, à solidariedade. Jesus não apenas dá o pão: Ele se faz pão.
Queridos irmãos e irmãs, o que celebramos hoje?
Celebramos a presença real de Jesus no Santíssimo Sacramento do altar. Ele está realmente ali: corpo, sangue, alma e divindade. Não é símbolo, não é representação. É o próprio Senhor que se dá como alimento para a nossa vida espiritual, como sustento em nossas lutas, como companheiro nas estradas do mundo.
Mas celebramos também a nossa vocação à comunhão e à caridade. Quem se alimenta de Cristo na Eucaristia deve viver como Ele viveu: amando, servindo, partilhando, perdoando. A Eucaristia não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio para os fracos, como dizia o Papa Francisco. E é, ao mesmo tempo, um compromisso de vida.
Hoje, ao sairmos em procissão pelas ruas, levamos Cristo conosco. Mas, mais ainda, Cristo nos leva consigo: queremos ser sinal visível de um Deus que caminha com o seu povo. Queremos proclamar publicamente: “Jesus está no meio de nós!”
Ao contemplar o Pão consagrado, dobramos os joelhos e abrimos o coração. Como São Tomás de Aquino escreveu no hino Adoro Te Devote: “Na cruz se escondia a tua divindade, aqui se esconde também a tua humanidade. Eu, porém, creio e confesso uma e outra coisa, e peço o que pediu o bom ladrão: lembra-te de mim, Senhor.”
Que essa celebração reavive em nós o amor pela Eucaristia, a vontade de comungar com frequência e dignidade, e a disposição de viver o que celebramos.
Que o Senhor Eucarístico nos alimente com seu Corpo e nos transforme em seu Corpo vivo no mundo.
Louvado seja o Santíssimo Sacramento do altar! Para sempre seja louvado! Amém. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 43-48)
43Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. 44Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. 45Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. 46Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? 47Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? 48Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.
3) Reflexão - Mt 5, 43-48
No evangelho de hoje alcançamos o topo da Montanha das Bem-aventuranças, onde Jesus proclamou a Lei do Reino de Deus, cujo ideal se resume nesta frase lapidar: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Jesus estava corrigindo a Lei de Deus! Cinco vezes em seguida ele já tinha afirmado: “Antigamente foi dito, mas eu digo!” (Mt 5,21.27,31.33.38). Era sinal de muita coragem da parte dele de corrigir, publicamente, diante de todo o povo reunido, o tesouro mais sagrado do povo, a raiz da sua identidade, que era a Lei de Deus. Jesus quer comunicar um novo olhar para entender e praticar a Lei de Deus. A chave para poder atingir este novo olhar é a afirmação: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito”. Nunca ninguém poderá chegar a dizer: “Hoje fui perfeito como o Pai do céu é perfeito!” Estaremos sempre abaixo da medida que Jesus colocou diante de nós. Por que será que ele colocou diante de nós um ideal impossível a ser atingido por nós mortais?
Mateus 5,43-45: Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo
Nesta frase Jesus explicita a mentalidade com que os escribas explicavam a lei; mentalidade que nascia das divisões entre judeu e não-Judeu, entre próximo e não-próximo, entre santo e pecador, entre puro o impuro, etc. Jesus manda subverter esta pretensa ordem nascida de divisões interesseiras. Ele manda ultrapassar as divisões. “Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos” .E aqui atingimos a fonte, de onde brota a novidade do Reino. Esta fonte é o próprio Deus, reconhecido como Pai, que faz nascer o sol sobre maus e bons. Jesus manda que imitemos este Deus: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (5,48). E' imitando este Deus que criamos uma sociedade justa, radicalmente nova:
Mateus 5,46-48: Ser perfeito como o Pai celeste é perfeito
Tudo se resume em imitar Deus: "Pois, se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu" (Mt 5,43-48). O amor é o princípio e o fim de tudo. Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão (Jo 15,13). Jesus imitou o Pai e revelou o seu amor. Cada gesto, cada palavra de Jesus, desde o nascimento até à hora de morrer na cruz, era uma expressão deste amor criador que não depende do presente que recebe, nem descrimina o outro por motivo de raça, sexo, sexo, religião ou classe social, mas que nasce de um bem querer totalmente gratuito. Foi um crescendo contínuo, desde o nascimento até à morte na Cruz.
A manifestação plena do amor criador em Jesus. Foi quando na Cruz ele ofereceu o perdão ao soldado que o torturava e matava. O soldado, empregado do império, prendeu o pulso de Jesus no braço da cruz, colocou um prego e começou a bater. Deu várias pancadas. O sangue espirrava. O corpo de Jesus se contorcia de dor. O soldado, mercenário ignorante, alheio ao que estava fazendo e ao que estava acontecendo ao redor, continuava batendo como se fosse um prego na parede da casa para pendurar um quadro. Neste momento Jesus dirige ao Pai esta prece: “Pai, perdoa! Eles não sabem o que estão fazendo!” (Lc 23,34). Por mais que os homens quisessem, a desumanidade não conseguiu apagar em Jesus a humanidade. Eles o prenderam, xingaram, cuspiram no rosto dele, deram soco na cara, fizeram dele um rei palhaço com coroa de espinhos na cabeça, flagelaram, torturaram, fizeram-no andar pelas ruas como um criminoso, teve de ouvir os insultos das autoridades religiosas, no calvário deixaram-no totalmente nu à vista de todos e de todas. Mas o veneno da desumanidade não conseguiu alcançar a fonte da humanidade que brotava de dentro de Jesus. A água que jorrava de dentro era mais forte que o veneno que vinha de fora, querendo de novo contaminar tudo. Olhando aquele soldado ignorante e bruto, Jesus teve dó do rapaz e rezou por ele e por todos: “Pai, perdoa!” E ainda arrumou uma desculpa: “São ignorantes. Não sabem o que estão fazendo!” Diante do Pai, Jesus se fez solidário daqueles que o torturavam e maltratavam. Era como o irmão que vem com seus irmãos assassinos diante do juiz e ele, vítima dos próprios irmãos, diz ao juiz: “São meus irmãos, sabe. São uns ignorantes. Perdoa. Eles vão melhorar!” Era como se Jesus estivesse com medo que o mínimo de raiva contra o rapaz pudesse apagar nele o restinho de humanidade que ainda sobrava. Este gesto incrível de humanidade e de fé na possibilidade de recuperação daquele soldado foi a maior revelação do amor de Deus. Jesus pôde morrer: “Está tudo consumado!” E inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 19,30). Realizou a profecia do Servo Sofredor (Is 53).
4) Para um confronto pessoal
1) Qual a motivação mais profunda do esforço que você faz para observar a Lei de Deus: merecer a salvação ou agradecer a bondade imensa de Deus que te criou, te mantém em vida e te salva?
2) Como você entende a frase “ser perfeito como o Pai do céu é perfeito”?
5) Oração final
Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E conforme a imensidade de vossa misericórdia, apagai a minha iniquidade. Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado. (Sl 50, 3-4)
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Para idealizador da Marcha para Jesus, chapa ideal para 2026 teria Tarcísio e Michelle
Apóstolo Estevam Hernandes no estúdio da Rede Gospel, em São Paulo; ele lidera a Marcha para Jesus na próxima quinta-feira (19) pelas ruas da capital - Eduardo Knapp/Folhapress
São Paulo
O apóstolo Estevam Hernandes, que idealizou em 1993 a Marcha para Jesus, diverge de colegas pastores que só veem uma possibilidade política para quem se diz cristão: o conservadorismo.
"Se cristão quiser ir para o céu, ele pode ser de direita ou de esquerda", diz Hernandes, que estará nesta quinta-feira (19) à frente da 33ª edição da marcha pelas ruas da região central e zona norte de São Paulo.
Claro que há uma "incompatibilidade de pautas", sobretudo no campo dos costumes, mas seria pretensão exigir que um fiel não vote no PT, por exemplo, ele diz à Folha.
O apóstolo, que fundou nos anos 1980 a Igreja Renascer em Cristo, apoiou Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Para a próxima eleição, aposta numa chapa presidencial com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e Michelle Bolsonaro (PL) de vice. Também gostaria de ver o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), na cadeira de governador.
Hernandes fala ainda sobre dois fenômenos ruidosos no evangelicalismo brasileiro: desigrejados e pastores mirins.
São mais de três décadas de marcha. Como a comunidade evangélica mudou nesse meio-tempo?
Tínhamos muitas barreiras denominacionais, e isso era um impeditivo para que a gente muitas vezes fizesse um evento como a Marcha para Jesus, com unidade entre nós. Por outro lado, a introdução da juventude trouxe uma oxigenação muito, muito importante.
E a percepção pública geral sobre os crentes, também se alterou?
O estereótipo estimulado era o do crente careta, a pessoa não participativa [na sociedade]. Hoje, não. A gente vê os cristãos em todas as áreas de atividade, e isso também mudou bastante essa imagem, porque as pessoas passaram a fazer uma leitura mais adequada daquilo que é realmente, entre aspas, "ser crente".
O Censo 2022 revelou um número de evangélicos menor do que o esperado. O que aconteceu?
Acho que o Censo está defasado em termos de informação. Até porque foi feito logo após a pandemia, e, particularmente, acho que não reflete a realidade. Acredito que, no mínimo, temos 35% de evangélicos. Tem alguns ajustes [a serem feitos].
O sr. fala em 35%. Qual é a base para essa afirmação?
A base é o sentimento que a gente tem. Por quê? Quando iniciamos a marcha, por exemplo, a gente deveria ter em média 4%, 5% da sociedade. E dificilmente você encontrava uma pessoa que professava claramente que era crente. Hoje você vai em todos os lugares, e sempre tem pessoas que são evangélicas. Esse retrato da sociedade demonstra que essa participação é maior do que aquilo que o Censo está mostrando.
Alguns líderes evangélicos veem falha na metodologia, outros acham que é o número correto, e que mostra o potencial de crescimento evangélico. E tem quem fale numa suposta má-fé ideológica, de que o Censo seria aparelhado por uma esquerda anticrente.
Acho que é mais uma questão metodológica. Não acredito que há manipulação ideológica nisso.
Vemos muito católico não praticante, que se declara assim por herança geracional, porque o pai, o avô eram católicos. Veremos o evangélico não praticante como fenômeno futuro?
Esse risco não tem como não correr, né? Com o próprio crescimento, com mais gerações [de evangélicos], pode acabar sucedendo. E hoje a gente tem um fenômeno, os considerados desigrejados, que são pessoas evangélicas, praticam todos os princípios da Bíblia e tudo mais, só que por opção não frequentam a igreja. Isso é muito preocupante, quando a pessoa acaba sendo apenas nominal. Como aquela que fala que é católica só porque foi batizada quando criança, mas, na verdade, nunca pôs o pé na igreja, não desenvolve sua fé.
Especialistas atribuem essa tendência a uma insatisfação com as instituições religiosas de modo geral. Concorda?
É claro que insatisfações existem. Mas não creio que seja significativo. Temos aí uma multiplicidade de igrejas, e isso é muito interessante. O pessoal procura se adaptar àquilo que é a comunicação que gosta, ao meio social que está buscando. Esse aspecto de termos muitas igrejas acaba favorecendo. Tem pessoas que podem falar que mudaram de igreja por insatisfação, que talvez é o que mais aconteça hoje. Mas não que a pessoa deixe de ser evangélica.
A polarização poderia ter afastado alguns fiéis, que preferiam uma igreja sem essa tensão política?
Pode ter tido influência, sem dúvida nenhuma. Toda radicalização acaba não sendo benéfica. O grande risco é o extremismo. E isso, às vezes, bate de frente com as pessoas e gera insatisfação.
Onde o sr. observou extremismo nesses últimos anos, seja pelo lado de Bolsonaro, que contou com seu apoio, ou por algum outro?
Vi acontecer. Até por falta de uma consciência política mais adequada, às vezes, as pessoas acabam misturando muito o aspecto espiritual.
Há a ideia difundida em algumas igrejas de que um cristão de verdade não pode ser de esquerda. O sr. já discordou dela no passado. Mantém a opinião?
Se o cristão quiser ir para o céu, ele pode ser de direita ou de esquerda. O que eu falei e repito é sobre a incompatibilidade de pautas, mas não que a pessoa não pode votar no PT ou ser de esquerda. Seria uma pretensão muito grande, e seria também você querer inibir as pessoas daquilo que é opção pessoal.
Essa deve ser mais uma marcha a que o presidente Lula não irá. Enviou algum recado, como ele fez em 2023?
Até agora, não. Ano passado ele mandou os representantes [como seu advogado-geral da União, o batista Jorge Messias].
Acha que Lula deveria comparecer?
Todo mundo deveria, né?
Neymar participou da divulgação da marcha, o que atraiu críticas. Uma delas dizia: "Gosto do Neymar como jogador, mas ele está muito longe da vontade de Deus, vive com a mãe de sua filha e não é casado, o que a Bíblia condena". O que acha?
Dentro daquilo que é o padrão bíblico, a pessoa julga que isso está inadequado. Por outro lado, bate de frente com aquilo que Jesus falou, que a gente não deve julgar para não ser julgado. Não vejo absolutamente nenhum tipo de problema a pessoa confessar o nome de Jesus e ter uma opção de vida diferente daquela que é a minha, entendeu?
Vemos o fenômeno de pastores mirins...
"Of the king, the power [citação ao missionário Miguel Oliveira, 15]."
A marcha já teve cantor gospel menor de idade, como a Maria Marçal. Criança e adolescente podem servir de instrumento de Deus?
Com título de pastor, não é de maneira nenhuma adequada. Agora, quanto a ser um instrumento de Deus, é possível, porque nós temos exemplos bíblicos. Jesus mesmo, quando tinha 12 anos, foi ao templo, e ali surpreendeu todos os sábios. Temos outro exemplo, do profeta Samuel, que jovem começou a ser usado por Deus.
Agora, vamos pegar a concepção clara do que é um pastor. É aquele que cuida de pessoas, tem um peso espiritual. Não é adequado para uma criança assumir uma responsabilidade tão grande. Diferentemente de um louvor. Você citou a Maria Marçal. É uma adolescente que louva e adora, amém? Sem problema nenhum, não está assumindo a responsabilidade pela vida de outras pessoas.
Bolsonaro está inelegível. Que chapa lhe agradaria para 2026?
A ideal seria Tarcísio de Freitas com a Michelle Bolsonaro [de vice], que representa todo esse patrimônio político do Bolsonaro. Tarcísio, para mim, é o grande nome, seria uma superopção para a direita.
E para o governo de São Paulo, se Tarcísio não tentar a reeleição?
O ideal seria o Ricardo Nunes, até pela experiência como gestor. Uma opção muito interessante.
Estamos acompanhando o julgamento sobre a suposta trama golpista no 8 de janeiro. Bolsonaro será condenado?
Olha, é muito difícil responder essa sua pergunta. A gente vê que todas as coisas se encaminham para que ele seja condenado. Acho que não houve crime, tá muito distante de você falar que houve efetivamente uma tentativa de golpe na qual se mobilizaram forças, se executou alguma coisa.
Há uma crítica recorrente de que a marcha, e as igrejas evangélicas de modo geral, não deveriam ter uso político, por serem um espaço de acolhimento espiritual.
Todos nós somos políticos e sabemos qual a importância da própria política na sociedade. Temos, por exemplo, o Tarcísio. Um homem cristão, que participa [da Marcha]. Claro que tem a conotação política daquilo que é a figura dele. Mas não é que nós estamos fazendo um evento para o político. Nós estamos fazendo um evento para Jesus, e que ele, como autoridade, vai ter seu lugar de destaque.
RAIO-X
Estevam Hernandes Filho, 71
São Paulo (SP), 1954. Nascido em São Paulo, fundou a Igreja Apostólica Renascer em Cristo em 1986, com a mulher, a bispa Sonia Hernandes. No braço de mídia, o casal é dono da Rede Gospel e da Gospel FM. Em 1993, o apóstolo lançou a primeira Marcha para Jesus, que se tornou o maior evento do calendário evangélico da América Latina. Em 2009, o então presidente Lula (PT) sancionou a lei que criou o Dia Nacional da Marcha para Jesus. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 38-42)
Naquele tempo disse Jesus: 38Tendes ouvido o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. 39Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. 40Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. 41Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil. 42Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado. 43Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo.
3) Reflexão - Mt 5, 38-42
O evangelho de hoje faz parte de uma pequena unidade literária que vai desde Mt 5,17 até Mt 5,48, na qual se descreve como passar da antiga justiça dos fariseus (Mt 5,20) para a nova justiça do Reino de Deus (Mt 5,48). Descreve como subir a Montanha das Bem-aventuranças, de onde Jesus anunciou a nova Lei do Amor. O grande desejo dos fariseus era alcançar a justiça, ser justo diante de Deus. Este é também o desejo de todos nós. Justo é aquele ou aquela que consegue viver no lugar onde Deus o quer. Os fariseus se esforçavam para alcançar a justiça através da observância estrita da Lei. Pensavam que era pelo próprio esforço que poderiam chegar até o lugar onde Deus os queria, Jesus toma posição diante desta prática e anuncia a nova justiça que deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). No evangelho de hoje estamos quase chegando no topo da montanha. Falta pouco. O topo é descrita com a frase: “Sede perfeito como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48), que meditaremos no evangelho de amanhã. Vejamos de perto este último degrau que nos falta para chegar ao topo da Montanha, da qual São João da Cruz diz: “Aqui reinam o silêncio e o amor”.
Mateus 5,38: Olho por olho, dente por dente
Jesus cita um texto da Lei antiga dizendo: "Vocês ouviram o que foi dito: Olho por olho e dente por dente!”. Ele abreviou o texto. O texto inteiro dizia: ”Vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,23-25). Como nos casos anteriores, também aqui Jesus faz uma releitura inteiramente nova. O princípio “olho por olho, dente por dente” estava na raiz da interpretação que os escribas faziam da lei. Este princípio deve ser subvertido, pois ele perverte e estraga o relacionamento entre as pessoas e com Deus.
Mateus 5,39ª: Não retribuir o mal com o mal
Jesus afirma exatamente o contrário: “Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês”. Diante de uma violência recebida, nossa reação natural é pagar o outro com a mesma moeda. A vingança pede “olho por olho, dente por dente”. Jesus pede para retribuir o mal não com o mal, mas com o bem. Pois, se não soubermos superar a violência recebida, a espiral da violência tomará conta de tudo e já não haverá mais saída. Lameque dizia: “Por uma ferida recebida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete” (Gn 4,24). Foi por causa desta vingança extremada que tudo terminou na confusão da Torre de Babel (Gn 11,1-9). Fiel ao ensinamento de Jesus, Paulo escreve na carta aos Romanos: “Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os homens. Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem”. (Rm 12,17.21). Para poder ter esta atitude é necessário ter muita fé na possibilidade da recuperação do ser humano. Como fazer isto na prática. Jesus oferece 4 exemplos concretos.
Mateus 5,39b-42: Os quatro exemplos para superar a espiral da violência
Jesus diz: “Pelo contrário: (1) se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda! (2) Se alguém faz um processo para tomar de você a túnica, deixe também o manto! (3) Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele. (4) Dê a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pedir emprestado.” (Mt 5,40-42). Como entender estas quatro afirmações? Jesus mesmo nos ofereceu uma ajuda de como devemos entendê-las. Quando o soldado lhe deu uma bofetada numa face, ele não ofereceu a outra. Pelo contrário, ele reagiu energicamente: "Se falei mal, mostre o que há de mal. Mas se falei bem, por que você bate em mim?" (Jo 18,23) Jesus não ensina passividade. São Paulo acredita que, retribuindo o mal com o bem, “você fará o outro corar de vergonha” (Rm 12,20). Esta fé na possibilidade da recuperação do ser humano só é possível a partir de uma raiz que nasce da total gratuidade do amor criador que Deus mostrou para conosco na vida e nas atitudes de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Você já sentiu alguma vez uma raiva tão grande de querer aplicar a vingança “olho por olho, dente por dente”? Como fez para supera-la?
2) Será que a convivência comunitária hoje na igreja favorece a ter em nós o amor criador que Jesus sugere no evangelho de hoje?
5) Oração final
Senhor, ouvi minhas palavras, escutai meus gemidos. Atendei à voz de minha prece, ó meu rei, ó meu Deus. É a vós que eu invoco, Senhor. (Sl 5, 2-4)
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O Brasil evangélico que desafia a esquerda
A identidade pentecostal no Brasil não deve ser explicada exclusivamente pela pobreza. Trata-se de um fenômeno religioso com presença ampla
Por Raphael Corbi e Fabio Miessi Sanches
Por muito tempo, tentou-se explicar o crescimento da população evangélica no Brasil como consequência direta da pobreza. A imagem dominante era a do fiel vulnerável, buscando consolo em meio a crises econômicas. Mas os dados contam uma história mais complexa – e, em certos aspectos, mais surpreendente.
Desde 1980, os censos demográficos mostram que a presença dos evangélicos pentecostais não se limita às faixas mais baixas de renda. Eles estão especialmente concentrados nos grupos intermediários da distribuição de renda – pessoas com renda média baixa, mas superior à dos indivíduos mais pobres. A adesão entre os mais pobres, inclusive, é semelhante à observada em segmentos com renda significativamente mais alta, o que indica uma disseminação ampla da presença pentecostal ao longo das estruturas sociais.
Além disso, embora menor, a participação entre os 20% mais ricos está longe de ser irrelevante – e tem crescido de forma consistente ao longo do tempo.
Entre as décadas de 1980 e 2010, a proporção de pentecostais cresceu de forma expressiva em todas as faixas de renda. O avanço foi mais forte nos grupos intermediários, mas também ocorreu de maneira significativa entre os mais ricos. Entre os 10% do topo da distribuição, por exemplo, a adesão pentecostal em 2010 era quase quatro vezes maior do que na década de 1980.
Esses dados reforçam um ponto central, ainda pouco consolidado no debate público: a identidade pentecostal no Brasil não deve ser explicada exclusivamente pela pobreza. Trata-se de um fenômeno religioso com presença ampla, inclusive entre segmentos de renda mais alta. Ao contrário do senso comum, o evangélico típico pode ser tanto um indivíduo de renda muito baixa, em situação de grande vulnerabilidade, quanto um trabalhador com estabilidade financeira e aspirações de mobilidade social.
Outro ponto relevante é que o período de maior expansão pentecostal não coincidiu com as grandes recessões econômicas do País. Ao contrário: foi entre 2000 e 2010 – a década de maior crescimento da renda e do emprego desde os anos 1970 – que os pentecostais mais avançaram. Mais um dado que desmistifica a ideia de que o crescimento pentecostal é fruto apenas da vulnerabilidade social extrema.
Mas como explicar essa expansão? Nossas pesquisas mostram que a resposta não está apenas na fé, mas em transformações na maneira como a religião é ofertada. O modelo de templos simples, próximos das comunidades e de baixo custo, já existia. O que mudou, a partir do final dos anos 1970, foi sua massificação: multiplicaram-se igrejas pequenas, muitas vezes abertas por lideranças autônomas, sem vinculação com denominações tradicionais. Não era mais necessário passar anos em seminários ou obter reconhecimento institucional: bastava decidir abrir uma igreja. Popularizou-se um novo perfil de organização religiosa – mais ágil, com gestão própria, capaz de operar com estruturas modestas e custos reduzidos, o que facilitou sua rápida disseminação nos centros urbanos.
Em contraste, a Igreja Católica, com seu modelo centralizado e intensivo em capital, tem mais dificuldade para reagir a mudanças. A legislação também ajudou: a isenção de impostos, consolidada na Constituição federal, reduziu custos. E a mudança no Código Civil, em 2003, que equiparou igrejas a pessoas jurídicas, facilitou sua abertura e sua gestão. Criou-se, assim, um ambiente institucional favorável à proliferação de igrejas em diferentes contextos sociais.
Esses dados desmontam a ideia de que o avanço evangélico seja fruto exclusivo da miséria ou da falta de alternativas materiais. A fé continua a mover corações, mas, sem a transformação no modo de ofertá-la, o salto evangélico seria impensável. O Brasil mudou – e quem melhor entendeu as novas regras dessa mudança foi quem ocupou espaços, abriu portas e simplificou o acesso à fé.
Esse panorama ajuda a entender por que partidos políticos, especialmente à esquerda, têm dificuldade para dialogar com o eleitorado evangélico. Parte-se, com frequência, da imagem de que o evangélico é um pobre sem oportunidades, que se refugiou na fé como último recurso. Mas a realidade é mais complexa.
Os evangélicos pentecostais no Brasil incluem tanto pessoas economicamente vulneráveis quanto trabalhadores formais, empreendedores e profissionais com escolaridade média ou superior.
Conversar com esse segmento é, hoje, conversar com a população brasileira. Não há fórmula mágica nem mensagem única. Suas condições de vida e aspirações variam – e insistir na imagem de que o evangélico é alguém pobre e sem oportunidades é manter viva uma caricatura que ocupa lugar demais no debate público, mas que talvez nunca tenha refletido uma parte importante do Brasil real. Fonte: https://www.estadao.com.br
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Antes da oração mariana do Angelus, Leão XIV convidou ao diálogo inclusivo pela paz em Mianmar, recordou as quase 200 vítimas da violência na Nigéria e o pároco morto por um bombardeio no Sudão. Pediu aos combatentes que parem, protejam os civis e iniciem um diálogo pela paz, e à Comunidade internacional que forneça "pelo menos a assistência essencial à população afetada pela grave crise humanitária".
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Leão XIV rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (15/06), na Praça São Pedro, após a missa da Solenidade da Santíssima Trindade e do Jubileu do Esporte celebrada na Basílica Vaticana.
"Acabamos de concluir a celebração eucarística do Jubileu do Esporte, e agora, com alegria, dirijo minha saudação a todos vocês, atletas de todas as idades e origens", disse Leão XIV em sua alocução, exortando-os "a viver a atividade esportiva, mesmo em nível competitivo, sempre com espírito de gratuidade, com espírito lúdico no sentido nobre do termo, porque no jogo e na diversão saudável o ser humano se assemelha ao seu Criador".
O esporte é uma forma de construir a paz
“Gostaria também de sublinhar que o esporte é uma forma de construir a paz, pois é uma escola de respeito e lealdade, que faz crescer a cultura do encontro e da fraternidade. Irmãos e irmãs, encorajo-os a praticarem este estilo de vida conscientemente, opondo-se a toda forma de violência e opressão.”
Danos dos combates em Mianmar
"O mundo hoje precisa muito disso! Há muitos conflitos armados", disse o Papa, acrescentando:
“Em Mianmar, apesar do cessar-fogo, os combates continuam causando danos à infraestrutura civil. Convido todas as partes a trilharem o caminho do diálogo inclusivo, o único que pode levar a uma solução pacífica e estável.”
O terrível massacre na Nigéria
A seguir, Leão XVI falou sobre o terrível massacre, na noite de 13 para 14 de junho, perpetrado na cidade de Yelwata, no Estado de Benue, na Nigéria, "no qual cerca de 200 pessoas foram mortas com extrema crueldade, a maioria delas deslocadas internas, acolhidas pela missão católica local".
“Rezo para que a segurança, a justiça e a paz prevaleçam na Nigéria, um país amado e tão afetado por diversas formas de violência. Rezo especialmente pelas comunidades cristãs rurais do Estado de Benue, que têm sido incessantemente vítimas de violência.”
Sudão, devastado pela violência
A seguir, o Papa recordou a República do Sudão, "devastada pela violência há mais de dois anos".
“Recebi a triste notícia da morte do padre Luke Jumu, pároco de El Fasher, vítima de um bombardeio. Ao mesmo tempo em que asseguro minhas orações por ele e por todas as vítimas, renovo meu apelo aos combatentes para que parem, protejam os civis e se engajem no diálogo pela paz. Exorto a Comunidade internacional a intensificar os esforços para prestar, pelo menos, assistência essencial à população, gravemente afetada pela grave crise humanitária. Continuemos a rezar pela paz no Oriente Médio, na Ucrânia e em todo o mundo.”
A beatificação de Floribert Bwana Chui
A seguir, Leão XIV recordou que, na tarde deste domingo, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, será beatificado Floribert Bwana Chui, um jovem mártir congolês.
“Ele foi morto aos 26 anos porque, como cristão, se opôs à injustiça e defendeu os pequenos e os pobres. Que seu testemunho dê coragem e esperança aos jovens da República Democrática do Congo e de toda a África!”
Por fim, o Papa desejou a todos um bom domingo e disse aos jovens:
“Espero vocês daqui a um mês e meio no Jubileu dos Jovens! Que a Virgem Maria, Rainha da Paz, interceda por nós.” Fonte: www.vaticannews
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Crer e adorar a Trindade é deixá-la habitar e agir em nossa vida, é colocar em prática a palavra de Paulo: “Eu vivo, mas não sou eu, é Cristo que vive em mim.” (Gal 2, 20)
Vatican News
Hoje, de um modo especial, celebramos Deus. Mas quem é Deus? Como explicá-lo? Como defini-lo? Como conhecê-lo?
Nenhuma pergunta sobre Deus pode ser respondida por nós humanos. Deus nos supera!
Temos noção de quem Ele é, mas não conseguimos defini-lo. É impossível! Ele é a eterna surpresa. Nosso Deus não é o Deus dos filósofos, mas é o Pai de Jesus Cristo, é o próprio Cristo, é o Espírito de Amor.
Para conhecê-lo deveremos abrir a Sagrada Escritura, principalmente o Novo Testamento, e ver o que Jesus, o Verbo Encarnado, nos diz.
A Sabedoria, tema da primeira leitura, afirma que ela é o próprio projeto de Deus que cria um mundo justo. Com o projeto da redenção, para sanar o pecado de Adão, o Verbo se encarnou e apareceu no meio do mundo como a Sabedoria de Deus.
Quando da ascensão de Jesus, sua subida aos céus foi um ganho para os discípulos, pois permitiu que o Senhor Ressuscitado estivesse presente em toda parte. O Senhor fala agora através do Espírito, do Paráclito, que une, com sua presença, o passado e o presente.
A segunda leitura, extraída da Carta de Paulo aos Romanos, nos fala que o “amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” Esse amor ocupa o primeiro lugar, deixando justificação e justiça para o segundo plano.
O Espírito, solidarizando-se com Jesus, age dentro de nós, construindo uma vida nova.
Ele nos proporciona duas colunas, a escuta e a disponibilidade, que nos ajudam a assumirmos o projeto de Deus em nossa vida.
Portanto, crer e adorar a Trindade é deixá-la habitar e agir em nossa vida, é colocar em prática a palavra de Paulo: “Eu vivo, mas não sou eu, é Cristo que vive em mim.” (Gal 2, 20). Fonte: https://www.vaticannews.va
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1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 20-26)
20Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus. 21Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal. 22Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: Raca, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: Louco, será condenado ao fogo da geena. 23Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. 25Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. 26Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo.
3) Reflexão – Mt 5, 20-26
O texto do evangelho de hoje está dentro da unidade maior de Mt 5,20 até Mt 5,48. Nela Mateus mostra como Jesus interpretava e explicava a Lei de Deus. Por cinco vezes ele repetiu a frase: "Antigamente foi dito, eu, porém, lhes digo!" (Mt 5,21.27.33.38.43). Na opinião de alguns fariseus, Jesus estava acabando com a lei. Mas era exatamente o contrário. Ele dizia: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os Profetas. Não vim acabar, mas sim dar-lhes pleno cumprimento (Mt 5,17). Frente à Lei de Moisés, Jesus tem uma atitude de ruptura e de continuidade. Ele rompe com as interpretações erradas que se fechavam na prisão da letra, mas reafirma categoricamente o objetivo último da lei: alcançar a justiça maior que é o Amor.
Nas comunidades para as quais Mateus escreve o seu Evangelho havia opiniões diferentes frente à Lei de Moisés. Para alguns, ela não tinha mais sentido. Para outros, ela devia ser observada até nos mínimos detalhes. Por isso, havia muitos conflitos e brigas. Uns chamavam os outros de imbecil e de idiota. Mateus tenta ajudar os dois grupos a entender melhor o verdadeiro sentido da Lei e traz alguns conselhos de Jesus para ajudar a enfrentar e superar os conflitos que surgem dentro da família e dentro da comunidade.
Mateus 5,20: A justiça de vocês deve ser maior que a justiça dos fariseus.
Este primeiro versículo dá a chave geral de tudo que segue no conjunto de Mt 5,20-48. O evangelista vai mostrar às comunidades como elas devem praticar a justiça maior que supera a justiça dos escribas e dos fariseus e que levará à observância plena da lei. Em seguida, depois desta chave geral sobre a justiça maior, Mateus traz cinco exemplos bem concretos de como praticar a Lei de tal maneira que a sua observância leve à prática perfeita do amor. No primeiro exemplo do evangelho de hoje, Jesus revela o que Deus queria quando entregou a Moisés o quinto mandamento “Não Matarás!”.
Mateus 5,21-22: Não Matar
“Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal" (Ex 20,13) Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar de dentro de si tudo aquilo que, de uma ou de outra maneira, possa levar ao assassinato, como por exemplo, raiva, ódio, xingamento, desejo de vingança, exploração, etc. “Todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal”. Ou seja, quem fica com raiva do irmão já merece o mesmo castigo de condenação pelo tribunal que, na antiga lei, era reservado para o assassino! E Jesus vai mais longe ainda. Ele quer arrancar a raiz do assassinato: Quem diz ao seu irmão: 'imbecil', se torna réu perante o Sinédrio; e quem chama o irmão de 'idiota', merece o fogo do inferno. Com outras palavras, eu só observei plenamente o mandamento Não Matar se consegui tirar de dentro do meu coração qualquer sentimento de raiva que leva a insultar o irmão. Ou seja, se cheguei à perfeição do amor.
Mateus 5,23-24: O culto perfeito que Deus quer
“Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, deixe a oferta aí diante do altar, e vá primeiro fazer as pazes com seu irmão; depois, volte para apresentar a oferta”. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo do ano 70, quando os cristãos ainda participavam das romarias a Jerusalém para fazer suas ofertas no altar do Templo, eles sempre se lembravam desta frase de Jesus. Agora, nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existiam. A própria comunidade passou ser o Templo e o Altar de Deus (1Cor 3,16).
Mateus 5,25-26: Reconciliar
Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação, pois nas comunidades daquela época, havia muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes, sem diálogo. Ninguém queria ceder diante do outro. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhimento e compreensão. Pois o único pecado que Deus não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros (Mt 6,14). Por isso, procure a reconciliação, antes que seja tarde demais!
O ideal da justiça maior
Por cinco vezes, Jesus cita um mandamento ou um costume da lei antiga: Não matar (Mt 5,21), Não cometer adultério (Mt 5,27), Não jurar falso (Mt 5,33), Olho por olho, dente por dente (Mt 5,38), Amar o próximo e odiar o inimigo (Mt 5,43). E por cinco vezes, ele critica a maneira antiga de observar estes mandamentos e aponta um caminho novo para atingir a justiça, o objetivo da lei (Mt 5,22-26; 5, 28-32; 5,34-37; 5,39-42; 5,44-48). A palavra Justiça aparece sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). O ideal religioso dos judeus da época era "ser justo diante de Deus". Os fariseus ensinavam: "A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando chega a observar todas as normas da lei em todos os seus detalhes!" Este ensinamento gerava uma opressão legalista e trazia muitas angústias para as pessoas de boa vontade, pois era muito difícil alguém observar todas as normas (Rom 7,21-24). Por isso, Mateus recolhe palavras de Jesus sobre a justiça mostrando que ela deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem daquilo que eu faço para Deus observando a lei, mas sim vem do que Deus faz por mim, me acolhendo com amor como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: "Ser perfeito com o Pai do céu é perfeito!" (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas da mesma maneira como Deus me acolhe e me perdoa gratuitamente, apesar dos meus muitos defeitos e pecados.
4) Para um confronto pessoal
1) Quais os conflitos mais freqüentes na nossa família? E na nossa comunidade? É fácil a reconciliação na família e na comunidade? Sim ou não? Por que?
2) De que maneira os conselhos de Jesus podem ajudar a melhorar o relacionamento dentro da nossa família e da comunidade?
5) Oração final
Visitastes a terra e a regastes, cumulando-a de fertilidade. De água encheu-se a divina fonte e fizestes germinar o trigo. (Sl 64, 10)
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1) Oração
Ó Deus, que designastes são Barnabé, cheio de fé e do Espírito Santo, para converter as nações, fazei que a vossa Igreja anuncie por palavras e atos o Evangelho de Cristo que ele proclamou intrepidamente. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 10, 7-13)
7Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai! 9Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, 10nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão; pois o operário merece o seu sustento. 11Nas cidades ou aldeias onde entrardes, informai-vos se há alguém ali digno de vos receber; ficai ali até a vossa partida. 12Entrando numa casa, saudai-a: Paz a esta casa. 13Se aquela casa for digna, descerá sobre ela vossa paz; se, porém, não o for, vosso voto de paz retornará a vós.
3) Reflexão - Mt 10, 7-13
Hoje é festa de S. Barnabé. O evangelho fala das instruções de Jesus aos discípulos sobre como anunciar a Boa Nova do Reino às “ovelhas perdidas de Israel” (Mt 10,6). Eles devem: 1. curar os enfermos, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os demônios (v.8); 2. anunciar de graça aquilo que de graça receberam (v.8); 3. não levar ouro, nem sandálias, nem bastão, nem sacola, nem sapatos, nem duas túnicas (v.9); 4. procurar uma casa onde possam ficar hospedados até terminar a missão (v.11); 5. ser portadores de paz (v.13).
No tempo de Jesus havia vários movimentos que, como Jesus, buscavam uma nova maneira de viver e conviver, por exemplo, João Batista, os fariseus, essênios e outros. Muitos deles também formavam comunidades de discípulos (Jo 1,35; Lc 11,1; At 19,3) e tinham seus missionários (Mt 23,15). Mas havia uma grande diferença! Os fariseus, por exemplo, quando iam em missão, iam prevenidos. Achavam que não podiam confiar na comida do povo que nem sempre era ritualmente “pura”. Por isso, levavam sacola e dinheiro para poder cuidar da sua própria comida. Assim, as observâncias da Lei da pureza, em vez de ajudar a superar as divisões, enfraqueciam ainda mais a vivência dos valores comunitários. A proposta de Jesus é diferente. O método dele transparece nos conselhos que ele dá aos apóstolos quando os envia em missão. Por meio das instruções, ele procura renovar e reorganizar as comunidades da Galiléia para que sejam novamente uma expressão da Aliança, uma amostra do Reino de Deus. Vejamos:
Mateus 10,7: O anúncio da proximidade do Reino.
Jesus envia os discípulos para anunciar a Boa Nova. Eles devem dizer: “O Reino dos céus está próximo!” Em que consiste esta proximidade? Não significa a proximidade no tempo no sentido de que basta aguardar mais um pouco de tempo e em breve o Reino vai aparecer. “O Reino está próximo” significa que ele já está ao alcance do povo, já “está no meio de vocês” (Lc 17,21). É preciso adquirir um novo olhar para poder perceber a sua presença ou proximidade. A vinda do Reino não é fruto da nossa observância, como queriam os fariseus, mas ele se faz presente, gratuitamente, nas ações que Jesus recomenda aos apóstolos: curar os enfermos, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os demônios.
Mateus 10,8: Curar, ressuscitar, purificar, expulsar
Doentes, mortos, leprosos, possessos eram os excluídos da convivência, e eles eram excluídos em nome de Deus. Não podiam participar da vida comunitária. Jesus manda que estas pessoas excluídas sejam acolhidas, incluídas. É nestes gestos de acolhida e de inclusão dos excluídos que o Reino de Deus se faz presente. Pois nestes gestos de gratuidade humana transparece o amor gratuito de Deus que reconstrói a convivência humano e refaz os relacionamentos inter-pessoais.
Mateus 10,9-10: Não levar nada
Ao contrário dos outros missionários, os apóstolos não podem levar nada: “Não levem nos cintos moedas de ouro, de prata ou de cobre; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão, porque o operário tem direito ao seu alimento”. A única coisa que podem e devem levar é a Paz (Mt 10,13). Isto significa que devem confiar na hospitalidade e na partilha do povo. Pois o discípulo que vai sem nada levando apenas a paz, mostra que confia no povo. Acredita que vai ser recebido, e o povo se sente provocado, valorizado, respeitado e confirmado. O operário tem direito ao seu alimento. Por meio desta prática o discípulo critica as leis de exclusão e resgata os antigos valores da partilha e da convivência comunitária.
Mateus 10,11-13: Conviver e integrar-se na comunidade
Chegando num lugar os discípulos devem escolher uma casa de paz e lá devem permanecer até o fim. Não devem passar de casa em casa, mas conviver de maneira estável. Devem fazer-se membros da comunidade e trabalhar pela paz, isto é, pela reconstrução dos relacionamentos humanos que favorece a Paz. Por meio desta prática, eles resgatam uma antiga tradição do povo, criticam a cultura de acumulação que marcava a política do Império Romano e anunciam um novo modelo de convivência.
Resumindo: as ações recomendadas por Jesus para o anúncio do Reino são estas: acolher os excluídos, confiar na hospitalidade, provocar a partilha, conviver de modo estável e de maneira pacífica. Se isto acontecer, então podem e devem gritar aos quatro ventos: O Reino chegou! Anunciar o Reino não é em primeiro lugar ensinar verdades e doutrinas, catecismo ou direito canônico, mas é levar as pessoas a uma nova maneira de viver e de conviver, a um novo jeito de agir e de pensar a partir da Boa Notícia, trazida por Jesus, de que Deus é Pai/Mãe e de que, portanto, todos somos irmãos e irmãs.
4) Para um confronto pessoal
1) Por que todas estas atitudes recomendadas por Jesus são sinal da chegada do Reino de Deus?
2) Como realizar hoje aquilo que Jesus pede: “não levar bolsa”, “não passar de casa em casa”?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele operou maravilhas. Sua mão e seu santo braço lhe deram a vitória.. (Sl 97, 1)
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As igrejas evangélicas pareciam destinadas a dominar o cenário religioso brasileiro, mas os dados do Censo de 2022 contam uma história diferente
Doutor em economia pela London School of Economics, é professor pesquisador na EESP/FGV
Doutor em economia pela London Business School, é professor titular na FEA/USP
Os dados sobre religião do Censo de 2022 surpreenderam muitos analistas: a participação dos evangélicos cresceu, mas ficou abaixo das expectativas. Estimativas comuns apontavam que eles já representariam entre 33% e 35% da população. O número final foi de 26,9%, frente aos 21,6% registrados em 2010.
Em março, publicamos uma nota levantando a hipótese de que o crescimento evangélico poderia estar sendo superestimado. A avaliação se baseava em pesquisas sobre mecanismos institucionais que impulsionaram a expansão das igrejas nas décadas anteriores —e que ajudam a entender por que esse avanço começa a perder força. É com base nesses resultados que propomos uma leitura para os dados divulgados.
Nas últimas décadas, o crescimento evangélico foi um dos fenômenos sociais mais marcantes do país. A participação saltou de cerca de 6% em 1980 para 21,6% em 2010, chegando a 26,9% em 2022, alterando o cenário religioso e político. Muitos passaram a tratar como certo que os evangélicos se tornariam maioria em breve, mas os dados deste Censo sugerem desaceleração. É improvável que o ritmo acelerado retorne.
O que explica essa mudança?
Nossos trabalhos indicam que o avanço evangélico foi impulsionado por um modelo de expansão baseado na multiplicação de templos de baixo custo, com estrutura enxuta e replicação rápida. Enquanto a Igreja Católica operava com paróquias caras e dependentes de clero especializado, igrejas evangélicas —sobretudo as pentecostais— adotaram uma configuração mais flexível. Seus pastores, geralmente lideranças locais com trajetória informal, abriram templos em espaços comerciais com pouco investimento, ocupando rapidamente áreas não cobertas pela Igreja Católica.
Esse modelo de crescimento pelo lado da oferta —ou seja, centrado na expansão da infraestrutura religiosa— foi o motor da transformação evangélica nas últimas décadas. Ele contrasta com a explicação centrada na demanda, segundo a qual os evangélicos teriam ganhado espaço por oferecer maior capacidade do que os católicos ou o Estado de acolher os mais pobres em momentos de crise. Essa perspectiva parece plausível, mas obscurece o papel da ocupação territorial no processo de crescimento. Os dados do Censo parecem reforçar esse diagnóstico: mesmo com aumento da insegurança social, o crescimento evangélico não acelerou como se previa.
Com a ocupação dos espaços, o modelo perde fôlego. A competição entre igrejas evangélicas e com a Igreja Católica impõe limites à abertura de novos templos. Estimativas mostram que a entrada de novas igrejas cai conforme cresce o número de templos em operação. Hoje, há cerca de sete templos evangélicos para cada templo católico, um sinal da intensidade da ocupação.
Mais importante: o retorno esperado da abertura de um novo templo —em termos de expansão líquida de fiéis— encontra limites. A competição redistribui membros entre igrejas e enfraquece o efeito expansivo da infraestrutura sobre o grupo como um todo. Em áreas com presença católica consolidada, a pressão é maior.
O fim da fase de expansão acelerada não implica perda de influência, mas impõe novos desafios a um movimento que molda disputas eleitorais e o debate público. Trata-se do esgotamento de um modelo que operou com força no passado e agora testa seus limites. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
- Detalhes
Brasil tem menor parcela de católicos da história; evangélicos batem recorde. Espiritismo recua, religiões afro-brasileiras triplicam e cresce número de brasileiros sem religião.
Por Judite Cypreste, g1 — São Paulo
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (6) os dados do Censo Demográfico 2022 com informações detalhadas sobre a religião nos municípios brasileiros (veja no mapa acima).
Brasil tem menor parcela de católicos da história; evangélicos batem recorde
A visualização mostra a religião mais praticada em cada cidade do país — ou seja, qual grupo religioso tem o maior número de seguidores naquele município. Você pode pesquisar sua cidade no mapa e ver os dados atualizados.
Em edições anteriores do levantamento, o IBGE chegou a divulgar subdivisões dentro de cada grupo religioso. Entre os evangélicos, por exemplo, era possível saber quantos pertenciam à Assembleia de Deus, à igreja Batista, Metodista, entre outras denominações. No Censo de 2022, no entanto, o instituto informou que ainda não é possível precisar se trará esse detalhamento em futuras divulgações.
Catolicismo ainda lidera, mas em queda
O levantamento mostra que o catolicismo segue como a religião com mais adeptos no Brasil, presente como grupo majoritário em mais de 5 mil municípios. No entanto, a proporção de católicos caiu ao menor nível da série histórica: 56,7% da população em 2022, contra 99,7% em 1872.
Evangélicos crescem
A proporção de evangélicos continua aumentando no país: passaram de 21,6% da população em 2010 para 26,9% em 2022 — um crescimento de 5,2 pontos percentuais em 12 anos.
Esse grupo já é o mais numeroso em 244 cidades. Em 58 delas, os evangélicos representam mais da metade da população. As maiores proporções estão em municípios com colonização alemã ou pomerana, como Arroio do Padre (RS) e Santa Maria de Jetibá (ES).
Outras religiões e quem não tem religião
- O espiritismo caiu de 2,2% para 1,8% da população entre 2010 e 2022, mas ainda tem forte presença no Sudeste.
- Já as religiões afro-brasileiras, como umbanda e candomblé, triplicaram no período, passando de 0,3% para 1,0%.
- Também cresceu o número de brasileiros sem religião, de 8,0% para 9,4%. Fonte: https://g1.globo.com
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