1) Oração

Senhor Deus, preparai os nossos corações com a força da vossa graça, para que, ao chegar o Cristo, vosso Filho, nos encontre dignos do banquete da vida eterna e ele mesmo nos sirva o alimento celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 15, 29-37)

Naquele tempo, 29Jesus saiu daquela região e voltou para perto do mar da Galiléia. Subiu a uma colina e sentou-se ali. 30Então numerosa multidão aproximou-se dele, trazendo consigo mudos, cegos, coxos, aleijados e muitos outros enfermos. Puseram-nos aos seus pés e ele os curou, 31de sorte que o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que falavam, daqueles aleijados curados, de coxos que andavam, dos cegos que viam; e glorificavam ao Deus de Israel. 32Jesus, porém, reuniu os seus discípulos e disse-lhes: Tenho piedade esta multidão: eis que há três dias está perto de mim e não tem nada para comer. Não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho. 33Disseram-lhe os discípulos: De que maneira procuraremos neste lugar deserto pão bastante para saciar tal multidão? 34Pergunta-lhes Jesus: Quantos pães tendes? Sete, e alguns peixinhos, responderam eles. 35Mandou, então, a multidão assentar-se no chão, 36tomou os sete pães e os peixes e abençoou-os. Depois os partiu e os deu aos discípulos, que os distribuíram à multidão. 37Todos comeram e ficaram saciados, e, dos pedaços que restaram, encheram sete cestos. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O evangelho de cada dia é como o sol que se levanta. Sempre o mesmo sol, todos os dias, a alegrar a vida e a fertilizar as plantas. O maior perigo é a rotina. A rotina mata o evangelho, e apaga o sol da vida.

São sempre os mesmos elementos que compõem o quadro do evangelho: Jesus, a montanha, o mar, a multidão, os doentes, os necessitados, os problemas da vida. Apesar de já bem conhecidos, como o sol de cada dia, estes mesmos elementos sempre trazem uma nova mensagem.

Como Moisés, Jesus sobe a montanha e o povo reúne ao redor. Eles trazem consigo seus problemas: os doentes, os coxos, aleijados, cegos, mudos, tantos... Não são os grandes, mas os pequenos. Eles são o começo do novo povo de Deus que se reúne ao redor do novo Moisés. Jesus cura a todos.

Jesus chama os discípulos. Ele sente compaixão do povo que não têm o que comer. Para os discípulos, a solução deve vir de fora: “Onde conseguir pão para tanta gente?” Para Jesus, a solução deve vir de dentro do povo: “Quantos pães vocês têm?” –“Sete e uns peixinhos”. Com este pouco Jesus matou a fome de todos, e ainda sobrou. Se houvesse partilha hoje, não haveria fome no mundo. Sobrava, e muito! Realmente, um outro mundo é possível!

A narração da multiplicação dos pães evoca a eucaristia e dela revela o valor, ao dizer: “Jesus tomou o pão em suas mãos, deu graças, o partiu e deu aos seus discípulos”.

 

4) Para um confronto pessoal

  

  1. Jesus teve compaixão. Existe compaixão em mim pelos problemas da humanidade? Faço algo?
  2. Os discípulos esperam a solução de fora. Jesus desperta para a solução de dentro. E eu?

 

5) Oração final

 

O Senhor nosso Deus chegará com poder e encherá de luz os seus fiéis. (Is 40,10; cf. 34,5) 

 

1) Oração

Sede propício, ó Deus, às nossas súplicas, e auxiliai-nos em nossa tribulação. Consolados pela vinda do vosso Filho, sejamos purificados da antiga culpa.Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 10, 21-24)

Naquele tempo, 21Naquela mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-te porque assim foi do teu agrado. 22Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 23E voltou-se para os seus discípulos, e disse: Ditosos os olhos que vêem o que vós vedes, 24pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

 

O texto de hoje revela o fundo do coração de Jesus, o motivo da sua alegria. Os discípulos tinham ido em missão e, na volta, partilham com Jesus a alegria da sua experiência missionária (Lc 10,17-21).

O motivo da alegria de Jesus é a alegria dos amigos. Ao ouvir a experiência deles e ao perceber a sua alegria, Jesus também sente uma profunda alegria. A causa da alegria de Jesus é o bem-estar dos outros.

Não é uma alegria superficial. Ela vem do Espírito Santo. O motivo da alegria é que os discípulos e as discípulas experimentaram algo de Deus durante a sua experiência missionária.

Jesus os chama “pequenos”. Quem são os “pequenos”? São os setenta e dois discípulos (Lc 10,1) que voltaram da missão: pais e mães de família, rapazes e moças, casados e solteiros, velhos e jovens. Eles não são doutores. São pessoas simples, sem muito estudo, mas que entendem as coisas de Deus melhor do que os doutores .

“Sim, Pai, assim é do teu agrado!”  Frase muito séria. É do agrado do Pai que os doutores e os sábios não entendam as coisas do Reino e que os pequenos as entendam. Portanto, se os grandes quiserem entender as coisas do Reino, devem fazer-se discípulos dos pequenos!

Jesus olha para eles e diz: “Felizes vocês!” E por que são felizes? Porque estão vendo coisas que os profetas quiseram ver, mas não conseguiram. O que ele viram? Eles perceberam a ação do Reino nas coisas comuns da vida: curar doentes, alegrar os aflitos, expulsar os males da vida.

 

4) Para um confronto pessoal

  

  1. Coloco-me na posição do povo: eu me considero dos pequenos ou dos doutores? Por que?
  2. Coloco-me na posição de Jesus: qual a raiz da minha alegria? Superficial ou profunda?

 

5) Oração final

“Eu vos louvo, ó Pai, porque escondestes os mistérios do reino aos sábios e os revelou aos pequeninos”. (cf. Lc 10, 21)

 

1) Oração

Senhor nosso Deus, dai-nos esperar solícitos a vinda do Cristo, vosso Filho. Que ele, ao chegar, nos encontre vigilantes na oração e proclamando o seu louvor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 8, 5-11)

 Naquele tempo, 5Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica: 6Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito. 7Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei. 8Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado. 9Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz... 10Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel. 11Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó, - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O Evangelho de hoje é um espelho. Ele evoca em nós as palavras que dizemos durante a Missa na hora da comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo”. Olhando no espelho deste texto, ele sugere o seguinte:

A pessoa que procura Jesus é um pagão soldado do exército romano que dominava e explorava o povo. Não é a religião nem o desejo de Deus, mas sim a necessidade e o sofrimento que o levam a procurar Jesus. Jesus não tem preconceito. Não faz exigência prévia, mas acolhe e atende ao pedido do oficial romano.

A resposta de Jesus surpreende o centurião, pois ela ultrapassa a expectativa. O centurião não esperava que Jesus fosse até à casa dele. Ele se sente indigno: “Não sou digno!”  Sinal de que considerava Jesus como uma pessoa muito superior.

O centurião expressa sua fé em Jesus dizendo: “Diga só uma palavra e o meu empregado estará curado”. Ele crê que a palavra de Jesus possa fazer a cura. De onde ele tirou esta fé tão grande? Da sua experiência profissional como centurião! Pois quando um centurião dá suas ordens, o soldado obedece. Deve obedecer! Assim ele imagina Jesus: basta Jesus dizer uma palavra, e as coisas acontecem conforme a palavra. Ele crê que a palavra de Jesus tem força criadora.

Jesus ficou admirado e elogiou a fé do centurião. A fé não consiste em aceitar, repetir e decorar uma doutrina, mas sim em crer e confiar na pessoa de Jesus.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Colocando-me na posição de Jesus: como atendo e acolho as pessoas de outra religião?
  2. Colocando-me na posição do centurião: qual a experiência pessoal que me leva a crer em Jesus?

 

5) Oração final

Lembra-te de mim, Senhor, pelo amor do teu povo, visita-me com teu auxílio salvador; para eu sentir a felicidade dos teus eleitos, e me alegrar com a alegria do teu povo e me gloriar com tua herança. (Sl 105, 4-5)

Na noite deste domingo, 30/11, o Papa fez uma visita de trinta minutos às Irmãs Carmelitas da Theotokos, em Harissa. Humildade, oração e sacrifício foram as características da vocação contemplativa que o Pontífice destacou às religiosas.

 

Vatican News

O Papa Leão XIV visitou o Mosteiro das Irmãs Carmelitas da Theotokos, em Harissa, na noite de seu primeiro dia no Líbano (30/11), logo após o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático no Palácio Presidencial.

Segundo informou a Sala de Imprensa da Santa Sé, ao chegar ao mosteiro o Pontífice cumprimentou cada religiosa individualmente e recebeu a saudação das superioras das duas comunidades. Em suas breves palavras, recordou a importância dessas três atitudes fundamentais da vida carmelita — humildade, oração e sacrifício — e incentivou as irmãs a perseverarem no testemunho silencioso que sustenta espiritualmente a Igreja.

O encontro, que teve duração de aproximadamente meia hora, concluiu-se com a recitação do Pai-Nosso em conjunto e, em seguida, o Papa Leão concedeu a bênção às irmãs carmelitas contemplativas. Fonte: https://www.vaticannews.va

Iniciamos hoje a caminhada do advento. Ao longo dos próximos dias, passo a passo, iremos preparar o caminho para que Jesus possa vir ao nosso encontro e nós possamos reconhecê-l’O e acolhê-l’O quando Ele chegar. A Palavra de Deus que escutaremos nestes dias vai ajudar-nos a balizar esse caminho. A liturgia deste primeiro domingo do advento diz-nos: “vigiai”, “estai atentos”, “não vos deixeis adormecer”. Seria dramático se, por comodismo, por desleixo, por indiferença, por distração, perdêssemos a oportunidade de acolher Aquele que vem libertar o mundo e imprimir um dinamismo novo à história dos homens.

 

EVANGELHO – Mateus 24, 37-44

 

INTERPELAÇÕES

Os evangelhos registaram, de diversas formas, uma das mais profundas preocupações de Jesus em relação aos seus discípulos: que eles, com o decorrer do tempo, deixassem enfraquecer o entusiasmo inicial, perdessem a capacidade de se sentirem provocados pelo Evangelho, se instalassem numa fé “morna” e numa religião rotineira, se acomodassem numa “zona de conforto” sem exigência nem risco, cedessem ao facilitismo e ao “deixa andar” da maioria. Por isso, Jesus não se cansava de recomendar-lhes: “vigiai”, “vivei despertos”, “estai sempre preparados”. Jesus tinha razão: o grande perigo que nos espreita é precisamente essa conformação e esse adormecimento que nos roubam a capacidade de sermos “sal da terra e luz do mundo”. O cansaço, a monotonia, a preguiça, o conformismo vão enfraquecendo a nossa decisão, o nosso compromisso, a nossa capacidade de dar testemunho profético e de nos empenharmos na construção do Reino de Deus. Enquanto discípulos de Jesus, enviados por Ele a anunciar e a construir o Reino de Deus, como nos sentimos: entusiasmados e comprometidos, ou acomodados e desanimados? Continuamos atraídos por Jesus e pelo seu projeto, ou vivemos distraídos por todo o tipo de questões secundárias? Ainda temos vontade de seguir atrás de Jesus e de viver ao seu estilo, ou vivemos tranquilamente e sem exigência, vogando simplesmente ao sabor da corrente?

“Vigiar” é, antes de mais, vivermos atentos a Deus. É procurarmos a cada instante escutar o seu chamamento, os apelos que Ele nos faz, os desafios que Ele constantemente nos deixa; é encontrarmos tempo e espaço para dialogarmos com Deus; é procurarmos compreender a vontade de Deus a nosso respeito e obedecermos àquilo que Ele nos pede; é não permitirmos que outros deuses tomem conta do nosso coração e da nossa vida. “Vigiar” é não perdermos de vista Jesus, esforçarmo-nos por viver ao seu estilo, segui-l’O sem hesitações no caminho do amor e do dom da vida; é insistirmos em ver a vida como Jesus a via, em olhar os nossos irmãos com o olhar de Jesus, em compreender o mundo com a compreensão de Jesus; é nunca desistirmos de sonhar com Jesus o “sonho” do Reino de Deus e empenharmo-nos a cada instante em torná-lo realidade; é deixarmo-nos interpelar constantemente pelo Evangelho, assentarmos a nossa vida de todos os dias sobre os valores que ele aponta. Deus é, a cada instante, o centro da nossa existência? Vivemos constantemente atentos ao caminho que Jesus nos aponta?

“Vigiar” é, também, “olhar com olhos de ver” o mundo que nos rodeia. Muitas vezes vivemos numa alegre inconsciência, anestesiados pelo nosso conforto e bem-estar, isolados no nosso pequeno mundo, sem repararmos nas realidades que nos cercam e sem nos preocuparmos com os problemas que afligem os nossos irmãos. Concentramo-nos apenas nos nossos interesses particulares, nas nossas preocupações pessoais, nos nossos projetos estreitos. Caminhamos indiferentes à sorte dos pobres, dos abandonados, dos “pequeninos”, daqueles cuja voz nunca se faz ouvir, daqueles que os acidentes da vida e a maldade dos homens atiraram para a berma da estrada da vida. Para não nos desgastarmos nem incomodarmos, preferimos ignorar tudo aquilo que desfeia o mundo e que traz sofrimento à vida dos homens. Jesus aprovaria uma opção deste tipo? Podemos alhear-nos das realidades do mundo e do sofrimento dos nossos irmãos como se isso não nos dissesse respeito?

Começamos hoje a nossa caminhada de advento. Não se trata de um “caminho” geográfico, mas sim de um “caminho” espiritual. Ao longo deste “caminho” preparamo-nos para acolher o Senhor que vem. Nesta primeira etapa do caminho do advento, a palavra-chave que a liturgia nos propõe é “vigiai”. Não podemos continuar distraídos, a perder tempo com coisas sem valor, a enterrarmo-nos na lama dos caminhos que não levam a nenhum lado, a deixar-nos enredar em interesses mesquinhos e fúteis. Se insistirmos em continuar a olhar para o chão, provavelmente iremos passar pelo Senhor que vem ao nosso encontro sem o reconhecer e sem o acolher. Talvez seja boa ideia fazermos uma lista das coisas que tolhem os nossos passos, que nos roubam a liberdade, que não deixam espaço no nosso coração para o Senhor que vem… Comprometemo-nos a elaborar essa lista? Iremos cortar da nossa vida tudo aquilo que nos impede de caminhar ao encontro de Jesus?

*Leia na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)

  

O ano novo na espiritualidade cristã católica começa com o Tempo do Advento, que prepara a humanidade para o Natal do Senhor. Este “ano novo” é precedido da festa litúrgica de Cristo Rei do Universo, inscrevendo no caminho existencial de cada pessoa um horizonte transformador: viver a serviço da vida plena, pela oferta de si, a exemplo do Mestre Jesus que tem sua realeza vivida no “trono” da cruz, seu altar de oblação, com a coroa de espinhos. A cruz, que se torna trono, e a coroa de espinhos remetem à obediência amorosa de Cristo ao desígnio redentor e salvífico de Deus. Assim, o tempo do Advento, para além dos enfeites e das luzes, é período litúrgico celebrativo com riquezas abundantes, expressas em ritos, gestos e, sobretudo, na proclamação da Palavra de Deus. Riquezas que devem tocar profundamente a dimensão existencial do ser humano, sempre carente de qualificação. 

Viver o tempo do Advento é oportunidade imperdível para se acolher o convite à conversão, iluminando-se com as luzes da esperança que vêm de uma experiência com força de transformação. Essa vivência contribui para que sejam alcançadas novas respostas humanas, sociais e políticas capazes de ajudar a sociedade a tornar-se mais justa, igualitária, a caminho do Reino de Deus. A espiritualidade do Advento permite um qualificado investimento para que seja encontrado o sentido autêntico do viver humano, possibilitando correções inadiáveis na conduta cidadã. Inspira, assim, nova postura na relação com a casa comum e com o semelhante, marcada pela solidariedade. O tempo do Advento constitui, pois, um percurso espiritual para efetivar o que se expressa nos votos natalinos. O percurso espiritual que se inicia pede dedicação à oração, à escuta de Deus, a partir da vivência da Novena de Natal, das celebrações nas comunidades de fé, de um olhar compassivo e interpelante dirigido aos pobres. Trilhar inadequadamente esse percurso leva ao risco de se experimentar ou de se acentuar um vazio existencial. Significa reduzir a beleza e riqueza do tempo de conversão à apenas uma busca exagerada por comidas, bebidas e compras que expressam um extravagante consumismo.  

Vivenciar inadequadamente o tempo do Advento e o Natal tem um preço alto cobrado por meio das lacunas e perdas para o ano litúrgico que se inicia e, consequentemente, com atrasos e contradições no dia a dia do ano civil. Sem a adequada dedicação à espiritualidade, a violência social se recrudesce, a desigualdade se agrava, a gananciosa depredação do meio ambiente avança ainda mais. A sociedade fica, cada vez mais, desfigurada. A espiritualidade é tempero que não pode faltar nos empreendimentos, nos programas e projetos de vida. Sua ausência é responsável pela falta de sabedoria para se efetivar escolhas, pois não se consegue discernir o que é essencial à construção de um tempo novo, no horizonte do sonho de Deus para a humanidade. O horizonte do Advento interage, pois, com incontáveis campos da vida, promovendo incidências na dimensão pessoal e no contexto social.   

Vale refletir sobre a força da espiritualidade no enfrentamento dos desafios da sociedade, engolida por uma avalanche de disputas, ganâncias e mesquinhez.  Esses males podem ser enfrentados a partir de um princípio cristão que dissipa a avidez: a caridade. A caridade se fortalece no horizonte de uma festa em que ser “bem alimentado” significa servir aos outros, sobretudo aos pobres, mais do que a si mesmo. Um exercício que possibilita importante aprendizado: saber dar, a cada um, a sua justa medida. Investir na espiritualidade é caminho que ilumina no horizonte a esperança de uma vida eterna. Ao mesmo tempo, é remédio aos apegos e à valorização irracional dos bens terrenos, consequência do distanciamento de Deus que adoece o ser humano e perpetua condutas perversas. 

O mundo padece quando o amor é reduzido a um conjunto de interesses, sem qualquer espaço para se viver renúncias e aprender a amar Deus sobre todas as coisas, comprometendo a prática do amor fraterno e universal. A falta de abertura ao amor genuíno impede o coração humano de alcançar a nobreza que o protege de se deixar dominar pelos males da corrupção e da manipulação, que levam a irreparáveis perdas sociais, políticas e humanitárias. Preparar-se bem para celebrar o Natal e vivê-lo adequadamente são exercícios que sublinham essencial convicção: a prioridade de cada pessoa deve ser seguir Cristo, pela singular força transformadora que o encontro com Ele proporciona. É preciso reconhecer o gesto nobre de Jesus, que vem ao encontro da humanidade. Natal é a festa de seu nascimento, da encarnação do Verbo de Deus. Bem preparado e celebrado, Natal é a consciência renovada de que Deus está sempre por perto, na interioridade de cada ser humano. 

O tempo do Advento é convite para exercitar o diálogo com Deus em Jesus Cristo, procurando ouvi-Lo, com o coração aberto. Nesse diálogo, partilhar com Jesus sobre os próprios projetos, negócios, sonhos e sofrimentos, lembrando que Deus não costuma falar a almas que não lhe falam. Advento é tempo de consolidar Cristo como fundamento da própria vida. Assim, a celebração do Natal será fecundada pela experiência de reencontrar Aquele que vem ao encontro da humanidade, para ajudá-la a reconhecer o caminho da vida. É necessário preparar-se para compreender, em profundidade, o verdadeiro sentido do amor de Deus pela humanidade, escolhendo ir a Ele, que vem ao encontro de todos. Na condição de peregrinos, é tempo de alimentar a esperança.  Uma esperança que vence escravidões pesadas, gera humildade e ajuda o coração humano a superar o medo, fonte para a soberba e a mesquinhez. 

Alimentar a esperança no tempo do Advento possibilita fazer do Natal uma nova página para a vida, livre de amarras que desqualificam a existência humana, chamada à nobreza do amor. Advento é tempo de pedir a Deus, a exemplo dos orantes que se inscreveram na história, bastante vida para reconstruir, em cada um, o templo de Deus, manjedoura do Menino Jesus, restaurando as ruínas humanas e, ao mesmo tempo, encontrando um abrigo seguro em Deus, que sempre vem! Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

1) Oração

Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 21, 29-33)

 

Naquele tempo, 29Acrescentou ainda esta comparação: Olhai para a figueira e para as demais árvores. 30Quando elas lançam os brotos, vós julgais que está perto o verão. 31Assim também, quando virdes que vão sucedendo estas coisas, sabereis que está perto o Reino de Deus. 32Em verdade vos declaro: não passará esta geração sem que tudo isto se cumpra. 33Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O evangelho de hoje traz as recomendações finais do Discurso Apocalíptico. Jesus insiste em dois pontos: (1) na atenção a ser dada aos sinais dos tempos (Lc 21,29-31) e (2) na esperança, fundada na firmeza da palavra de Jesus,  que expulsa o medo e o desespero (Lc 21,32-33)..

 

Lucas 21,29-31: Olhem a figueira e todas as árvores

Jesus manda olhar a natureza: "Olhem a figueira e todas as árvores. Vendo que elas estão dando brotos, vocês logo sabem que o verão está perto. Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está perto”.  Jesus pede para a gente contemplar os fenômenos da natureza para aprender deles como ler e interpretar as coisas que estão acontecendo no mundo. O aparecimento de brotos na figueira é um sinal evidente de que o verão está chegando. Assim, o aparecimento daqueles sete sinais é uma prova de “que o Reino de Deus está perto!” Fazer este discernimento não é fácil. Uma pessoa sozinha não dá conta do recado. É refletindo juntos em comunidade que a luz aparece. E a luz é esta: experimentar em tudo que acontece um apelo para a gente nunca se fechar no momento presente, mas manter o horizonte aberto e perceber em tudo que acontece uma seta que aponta para além dela mesma em direção ao futuro. Mas a hora exata da chegada do Reino, porém, ninguém sabe. No evangelho de Marcos, Jesus chega a dizer: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32).

 

Lucas 21,32-33:

“Eu garanto a vocês: tudo isso vai acontecer, antes que passe esta geração. O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão. Esta palavra de Jesus evoca a profecia de Isaías que dizia: "Todo ser humano é erva e toda a sua beleza é como a flor do campo: a erva seca, a flor murcha, quando sobre elas sopra o vento de Javé; a erva seca, a flor murcha, mas a palavra do nosso Deus se realiza sempre” (Is 40,7-8). A palavra de Jesus é fonte da nossa esperança. O que ele disse vai acontecer!

 

A vinda do Messias e o fim do mundo

Hoje, muita gente vive preocupado com o fim do mundo. Alguns, baseando-se numa leitura errada e fundamentalista do Apocalipse de João, chegam a calcular a data exata do fim do mundo. No passado, a partir dos “mil anos”, mencionados no Apocalipse (Ap 20,7), se costumava repetir: “De 1000 passou, mas de 2000 não passará!” Por isso, na medida em que o ano 2000 chegava mais perto, muitos ficavam preocupados. Teve até gente que, angustiada com a chegada do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim não chegou! A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Elas viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta do mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Havia até pessoas que já nem trabalhavam mais, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas (2Tes 2,1-3; 3,11). Assim pensavam. Mas até hoje, a vinda de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? Nas ruas das cidades, a gente vê pintado nas paredes Jesus voltará!  Vem ou não vem? E como será a vinda? Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a frequentar uma determinada igreja!

No Novo Testamento a volta de Jesus sempre é motivo de alegria e de paz! Para os explorados e oprimidos, a vinda de Jesus é uma Boa Notícia!  Quando vai acontecer esta vinda? Entre os judeus, as opiniões eram variadas. Os saduceus e os herodianos diziam: “Os tempos messiânicos já chegaram!” Achavam que o bem-estar deles durante o governo de Herodes fosse expressão do Reino de Deus. Por isso, não queriam mudança e combatiam a pregação de Jesus que convocava o povo a mudar e a converter-se. Os fariseus diziam: “A chegada do Reino vai depender do nosso esforço na observância da lei!” Os essênios diziam: “O Reino prometido só chegará quando tivermos purificado o país de todas as impurezas”. Entre os cristãos havia a mesma variedade de opiniões. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisa: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” (2Tes 3,10). Provavelmente, eram uns preguiçosos que, na hora do almoço, iam mendigar a comida na casa do vizinho. Outros cristãos eram de opinião que Jesus só voltaria depois que o evangelho fosse anunciado no mundo inteiro (At 1,6-11). E achavam que, quanto maior o esforço de evangelizar, mais rápido viria o fim do mundo. Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4). Outros, baseando-se em palavras do próprio Jesus, diziam acertadamente: “Ele já está no meio de nós!” (Mt 25,40).

Hoje acontece o mesmo. Tem gente que diz: “Do jeito que está, está bem, tanto na Igreja como na sociedade”. Eles não querem mudança. Outros esperam pela volta imediata de Jesus. Outros acham que Jesus só voltará através do nosso trabalho e anúncio. Para nós, Jesus já está no nosso meio (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. Mas a plenitude ainda não chegou. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25).

 

4) Para um confronto pessoal

1) Jesus pede para olhar a figueira, para contemplar os fenômenos da natureza. Na minha vida já aprendi alguma coisa contemplando a natureza?

2) Jesus disse: “O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão”. Como encarno estas palavras de Jesus em minha vida?

 

5) Oração final

Feliz quem mora em tua casa: sempre canta teus louvores. Feliz quem encontra em ti sua força e decide no seu coração a santa Viagem. (Sl 83)

 

1) Oração

Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 21, 20-28)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 20Quando virdes que Jerusalém foi sitiada por exércitos, então sabereis que está próxima a sua ruína. 21Os que então se acharem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade retirem-se; os que estiverem nos campos não entrem na cidade. 22Porque estes serão dias de castigo, para que se cumpra tudo o que está escrito. 23Ai das mulheres que, naqueles dias, estiverem grávidas ou amamentando, pois haverá grande angústia na terra e grande ira contra o povo. 24Cairão ao fio de espada e serão levados cativos para todas as nações, e Jerusalém será pisada pelos pagãos, até se completarem os tempos das nações pagãs. 25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. 26Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. 27Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. 28Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão     Lucas 21, 20-28

No evangelho de hoje continua o Discurso Apocalíptico que traz mais dois sinais, o 7° e o 8°, que deverão ocorrer antes da chegada do fim dos tempos ou melhor antes da chegada do fim deste mundo para dar lugar ao novo mundo, ao “novo céu e à nova Terra” (Is 65,17). O sétimo sinal é a destruição de Jerusalém e o oitavo é o abalo da antiga criação.

 

Lucas 21,20-24.  O sétimo sinal: a destruição de Jerusalém.

Jerusalém era para eles a Cidade Eterna. E agora ela estava destruída! Como explicar este fato? Será que Deus não deu conta do recado? Difícil para nós imaginar o trauma e a crise de fé que a destruição de Jerusalém causou nas comunidades tantos dos judeus como dos cristãos. Aqui cabe uma breve observação sobre a composição dos Evangelhos de Lucas e de Marcos. Lucas escreve no ano 85. Ele usou o evangelho de Marcos para compor a sua narrativa sobre Jesus. Marcos escrevia no ano 70, o mesmo ano em que Jerusalém estava sendo cercada e destruída pelos exércitos romanos. Por isso, Marcos escreveu dando uma dica ao leitor: “Quando virdes a abominação da desolação instalada onde não devia estar  -  (aqui ele abre um parêntesis e diz) “que o leitor entenda!” (fecha parêntesis)  -  então, os que estiverem na Judéia devem fugir para as montanhas”. (Mc 13,14). Quando Lucas menciona a destruição de Jerusalém, já fazia mais de quinze anos que Jerusalém estava em ruínas. Por isso, ele omitiu o parêntesis de Marcos. Lucas diz: "Quando vocês virem Jerusalém cercada de acampamentos, fiquem sabendo que a destruição dela está próxima. Então, os que estiverem na Judéia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando nesses dias, pois haverá uma grande desgraça nessa terra e uma ira contra esse povo. Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos pagãos, até que o tempo dos pagãos se completa".  Ao ouvirem Jesus anunciar a perseguição (6° sinal) e a destruição de Jerusalém (7° sinal), os leitores das comunidades perseguidas do tempo de Lucas concluíam: “Este é o nosso hoje! Estamos no 6° e no 7° sinal!”

 

Lucas 21,25-26: O oitavo sinal: mudanças no sol e na lua. Quando será o fim?

No fim, após ter ouvido falar de todos estes sinais que já tinham acontecido, ficava esta pergunta: “O projeto de Deus avançou muito e as etapas previstas por Jesus já se realizaram. Estamos agora na sexta e na sétima etapa. Quantas etapas ou sinais será que ainda faltam até que chegue o fim? Será que falta muito?” A resposta vem agora no 8° sinal: "Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E na terra, as nações cairão no desespero, apavoradas com o barulho do mar e das ondas. Os homens desmaiarão de medo e ansiedade, pelo que vai acontecer ao universo, porque os poderes do espaço ficarão abalados”.  O 8° sinal é diferente dos outros sinais. Os sinais no céu e na terra são uma amostra de que está chegando, ao mesmo tempo, o fim do velho mundo, da antiga criação, e o início da chegada do novo céu e da nova terra. Quando a casca do ovo começa a rachar é sinal de que o novo está aparecendo. É a chegada do Mundo Novo que está provocando a desintegração do mundo antigo. Conclusão: falta muito pouco! O Reino de Deus já está chegando. Dá para aguentar!

 

Lucas 21,27-28: A chegada do Reino de Deus e a aparição do Filho do Homem.

“Então eles verão o Filho do Homem vindo sobre uma nuvem, com poder e grande glória. Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima.” Neste anúncio, Jesus descreve a chegada do Reino com imagens tiradas da profecia de Daniel (Dn 7,1-14). Daniel diz que, depois das desgraças causadas pelos reinos deste mundo, virá o Reino de Deus. Os reinos deste mundo, todos eles, tinham figura de animal: leão, urso, pantera e besta-fera (Dn 7,3-7). São reinos animalescos, desumanizam a vida, como acontece com o reino neo-liberal até hoje! O Reino de Deus, porém, aparece com o aspecto de Filho de Homem, isto é, com aspecto humano de gente (Dn 7,13). É um reino humano. Construir este reino que humaniza, é a tarefa do povo das comunidades. É a nova história que devemos realizar e que deve reunir gente dos quatro cantos do mundo. O título Filho do Homem é o nome que Jesus gostava de usar. Só nos quatro evangelhos o nome aparece mais de 80 (oitenta) vezes! Toda dor que suportamos desde agora, toda luta em favor da vida, toda perseguição por causa da justiça, tudo é dor de parto, semente do Reino que vai chegar no 8° sinal.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Perseguição das comunidades, destruição de Jerusalém. Desespero. Diante dos acontecimentos que hoje fazem o povo sofrer eu me desespero? Qual a fonte da minha esperança?

2) Filho do Homem é o título que Jesus gostava de usar. Ele queria humanizar a vida. Quanto mais humano, tanto mais divino, dizia o Papa Leão Magno. No meu relacionamento com os outros sou humano? Humanizo?

 

5) Oração final

O SENHOR é bom, eterno é seu amor e sua fidelidade se estende a todas as gerações. (Sl 99, 5)

O Papa decolou do aeroporto de Roma para chegar à Turquia, primeira etapa de sua viagem que depois incluirá o Líbano, de domingo, 30 de novembro, até terça-feira, 2 de dezembro

 

Vatican News

A primeira viagem apostólica do Papa Leão teve início na manhã desta quinta-feira, 27 de novembro. A etapa inicial será a Turquia (Türkiye), com a visita a Iznik, por ocasião do 1700º aniversário do Primeiro Concílio de Niceia; em seguida, o Papa seguirá para o Líbano a partir de domingo, 30 de novembro.

O voo da Ita Airways, com o Pontífice, sua comitiva e numerosos jornalistas a bordo, decolou às 7h58 (hora local) do aeroporto de Roma-Fiumicino. A chegada a Ancara, na Turquia, está prevista para as 12h30 locais, de onde o Papa partirá novamente à noite para chegar a Istambul. No voo papal também está presente a imagem de Maria, Mãe do Bom Conselho, conservada no Santuário a ela dedicado em Genazzano e administrado pelos religiosos da Ordem de Santo Agostinho. O Papa Leão visitou o Santuário em 10 de maio de 2025, poucos dias após sua eleição. Depois de rezar diante da imagem de Nossa Senhora, saudando seus confrades, disse que era seu desejo estar ali nos primeiros dias do novo ministério “que a Igreja — acrescentou — me confiou, para dar continuidade à missão como Sucessor de Pedro”.

O Santo Padre deixou o Vaticano por volta das 7h (horário italiano), deslocando-se de carro até o aeroporto. Leão XVI é o quinto Pontífice a visitar a Turquia; o lema de sua viagem ao país é “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo”. O Pontífice dá continuidade ao desejo de Francisco, que pretendia voltar à Turquia em maio de 2025, após a visita de 2014, justamente para o 1700º aniversário do Concílio de Niceia. O momento culminante será em Iznik, nos sítios arqueológicos da antiga Basílica de São Neófito, onde o Papa, junto com o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu, rezará com cerca de vinte patriarcas e representantes das Igrejas cristãs diante dos ícones de Cristo e do Concílio, e acenderá uma vela. Fonte: https://www.vaticannews.va

 

Apoiadores de Bolsonaro rezam durante ato no Centro Cívico (Foto: Eduardo Matisyak)

 

Por Ana Ehlert

O Arcebispo Metropolitano de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo, por meio de sua assessoria, confirmou que a Arquidiocese não irá permitir vigílias políticas nas igrejas católicas. Questionada pela reportagem, a assessoria explicou ainda que essa orientação foi repassada a todo o clero.

A afirmação ocorre no dia seguinte a divulgação de que a Igreja São Francisco de Paula, localizada no Centro de Curitiba, seria palco de uma manifestação política nesta terça, 25, em prol do ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

Mobilização para a vigília nas redes de Cristina Graeml

Agendada para início a partir das 19h30, os manifestantes de direita iriam se reunir no local para fazer uma vigília em prol de Jair Bolsonaro. O ex-presidente está preso preventivamente desde o último sábado (22), após tentar violar a tornozeleira eletrônica que impedia qualquer tentativa de fuga enquanto o político permanecia em prisão domiciliar.

Nas redes sociais, Cristina Graeml (União Brasil) é um dos principais nomes do bolsonarismo no Paraná, mobilizava as bases bolsonaristas para o ato na capital paranaense.

Candidata derrotada no segundo turno da disputa pela Prefeitura de Curitiba em 2024, a jornalista se tornou uma referência do bolsonarismo após surpreender no pleito municipal e em 2026 deve alçar voos políticos ainda maiores, possivelmente disputando uma cadeira no Senado Federal. Fonte: https://www.bemparana.com.br

Como a figura da mãe de Jesus ainda divide cristãos 75 anos após dogma da Assunção de Maria

Proclamada em 1950, crença de que Maria foi elevada ao céu de corpo e alma é a última 'verdade de fé' oficializada pela Igreja

Antes de proclamar o dogma, Pio 12 consultou bispos de todo o mundo em um processo considerado democrático

 

 

Edison Veiga Bled (Eslovênia) | BBC News Brasil

"Pronunciamos, declaramos e definimos como sendo um dogma revelado por Deus: que a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, tendo completado o curso de sua vida terrena, foi assumida, de corpo e alma, na glória celeste", publicou o papa Pio 12 (1876-1958) em 1º de novembro de 1950.

Foi a última vez que a Santa Sé proclamou um dogma: a assunção de Maria, portanto, integra a lista de 43 "verdades de fé", crenças oficializadas pela Igreja Católica como sendo "inquestionáveis" para os que seguem essa religião.

A afirmação papal de 1950 foi feita por meio de um documento chamado constituição apostólica, categoria dentre as mais importantes dentro da máquina burocrática que rege os assuntos da fé católica.

Assim, Pio 12 buscou encerrar uma questão que desde os primeiros séculos era debatida por teólogos e controversa entre populares: qual teria sido o fim da mãe de Jesus, já que os textos bíblicos não se ocuparam de contar sobre seus últimos dias.

O entendimento religioso era o de que ela não poderia ter tido um fim comum aos demais humanos.

"Para ser mãe de Deus, Maria não estava sujeita ao poder do pecado, portanto, não poderia também ficar sujeita ao poder da morte", explica à BBC News Brasil a cientista da religião Wilma Steagall De Tommaso, coordenadora do grupo de pesquisa A Palavra É Imagem: Arte Sacra Contemporânea, História e Religião, na Fundação São Paulo, e coautora do livro A Glorificação de Maria em Corpo e Alma.

"Jesus foi gerado por Maria e, por isso, a carne do filho era a mesma carne da mãe. Se a carne do Filho, Jesus Cristo, não se corrompeu, a mãe também não deveria experimentar a corrupção da carne, sendo glorificada na alma e no corpo da mesma forma que Jesus", completa De Tommaso

"Embora o dogma seja algo recente, estamos falando de uma crença antiga", diz à BBC News Brasil o teólogo Raylson Araujo, pesquisador na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

"O dogma veio de uma reflexão interna da Igreja."

Mas se o papa Pio 12 buscava encerrar a questão, fato é que nem o dogma foi capaz de botar uma pedra sobre o assunto.

Em outros meios cristãos, a ideia de Maria alçada de corpo e alma ao céu é vista como uma invenção; dentro da Igreja Católica, também não há consenso teológico se a mãe de Jesus morreu e, então, foi levada para junto de Deus ou se, chegado o momento, ela foi alçada aos céus sem precisar passar pela experiência da morte.

Há ainda duas curiosidades–um tanto opostas em si–sobre a proclamação do último dogma.

Por um lado, Pio 12 tomou o cuidado de, em um movimento um tanto democrático, consultar bispos de todo o mundo para saber se havia apoio popular para que a tradição da assunção de Maria se convertesse em uma verdade de fé.

Em maio de 1946, o papa publicou uma encíclica na qual apresentou a questão ao episcopado, questionando como suas comunidades viam a proposta de um "dogma de fé" da "assunção corpórea da santíssima Virgem".

Pio 12 citava que era importante saber a posição tanto do clero quanto dos fiéis.

De acordo com informações do Vaticano, 1181 respostas foram recebidas, sendo a esmagadora maioria favorável–1169 diziam concordar com a definição do novo dogma.

Em artigo publicado sobre o tema, o cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, Orani João Tempesta afirmou que, por causa dessa consulta, a decisão papal veio para confirmar "a fé de toda a Igreja".

No livro O Dogma da Imaculada Conceição, o bispo Pedro Carlos Cipolini escreveu que o que se fez foi "uma espécie de concílio por escrito". Já o frade, teólogo e professor Clodovis Boff afirmou que o que foi feito foi "uma democracia de verificação".

Por outro lado, a declaração do dogma da assunção de Maria foi o único episódio em que o papa claramente evocou um princípio formulado por outro dogma– e que soa como autoritário: a ideia da infalibilidade papal, instituída em 1870 por Pio 9º (1792-1878). Afinal, na sua declaração ele enfatiza que o faz pela "própria autoridade".

"Dogma de fé é tudo aquilo que o magistério da Igreja, de modo ordinário e costumeiro, proclama como verdade revelada por Deus e que os católicos aceitam na profissão de fé ou no credo", define a cientista da religião De Tommaso. A especialista explica que a palavra tem origem grega e significa "uma obediência de fé".

 

A construção teológica

Ao longo dos séculos de cristianismo, a Igreja Católica sedimentou as poucas informações dos textos bíblicos sobre Maria, mesclou-as com tradições populares e, pouco a pouco, foi consolidando uma biografia da mãe de Jesus calcada em doutrina, fé e dogmas.

Destas verdades consideradas inquestionáveis, são quatro os pilares que ajudam a compreender o status de Maria dentro do catolicismo: a ideia de que ela é a Mãe de Deus, por ter gerado Jesus; a narrativa de que ela também foi concebida "sem a mancha do pecado original", ou seja, de forma milagrosa; sua virgindade perpétua; e, por fim, a assunção.

Mas se a história da assunção só foi oficialmente sacramentada há 75 anos, essa versão sobre o destino de Maria circula desde os primeiros séculos do cristianismo. Em 377, o bispo Epifânio de Salamina (c. 320-403) afirmou que ninguém sabia se Maria havia morrido ou não.

Desde essa época, textos apócrifos relatando Maria sendo levada ao céu já circulavam. São possivelmente do século 4º o texto chamado O Livro do Repouso de Maria e também os relatos das Narrativas da Dormição dos Seis Livros.

"O que se percebe, historicamente, é uma construção visando a justificar a importância teológica de uma mulher tão especial para ter sido escolhida para gerar Jesus", afirma à BBC News Brasil o historiador e teólogo Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Nos séculos seguintes, espalharam-se diversas versões, muito possivelmente baseadas nessas, de que a mãe de Jesus não havia morrido–e, sim, levada diretamente ao Reino de Deus.

Algumas narrativas diziam que anjos a vieram buscar. Outras, que o próprio Jesus encarregou-se disso. O historiador e bispo Gregório de Tours (538-594) debruçou-se sobre o assunto, buscando explicações teológicas para o que ele chamou de "assunção corpórea" de Maria.

De Tommaso ressalta que as dimensões da vida de Maria estiveram em ampla discussão durante "toda a Patrística", o período filosófico cristão do século 1º ao século 8º.

"Percebe-se essa realidade nos primeiros escritos da literatura cristã antiga", exemplifica.

Ela lembra que Aristides de Atenas, intelectual que viveu no século 2º, defendia o cristianismo como religião ressaltando que Jesus seria o "Filho de Deus [...] que nasceu de uma virgem santa, sem germe de corrupção".

Há registros que por volta do ano 600 já havia celebração em memória desse episódio da assunção. Os papas Sergio 1 (650-701) e Leão 6º (880-929) reconheceram e aceitaram esse costume, que se arraigava.

Teólogos católicos passaram a oscilar entre aceitar e defender a doutrina–ou, pelo menos, tolerar.

E o assunto acabou aparecendo em textos de Boaventura (1217-1274), Tomás de Aquino (1225-1274), Afonso de Ligório (1696-1787) e muitos outros. O papa Bento 14 (1675-1758) declarou que a ideia da assunção de Maria era "uma opinião piedosa e provável".

Convenientemente, a data da comemoração foi trazida para o 15 de agosto, data que desde o ano 18 a.C., por imposição do imperador Augusto (63.a.C - 14 d.C.) era o grande feriado festivo de Roma Antiga.

Segundo Moraes, em 1925, o papa Pio 11 (1857-1939) recebeu de um grupo de religiosos eslavos "uma petição" que buscava inserir a crença na assunção de Maria no rol dos dogmas católicos. "Havia a expectativa que isso ocorresse ainda naquele ano", conta.

Quando o dogma foi proclamado, há 75 anos, a tradição já era tão forte que a afirmação estava "naturalizada" dentro da Igreja, argumenta o teólogo.

Ele reconhece que esse papel importante de Maria dentro do catolicismo funcionou muito bem porque "é um rosto feminino" que dá o toque materno à religião.

"A Igreja Católica passou a extrair os relatos a respeito de Maria a partir de tudo o que era construído pela própria Igreja, pelas opiniões dos teólogos, pelos documentos papais e também pelas lendas transmitidas, pela tradição, pelos milagres atribuídos a Maria", enumera.

"Soa como se sempre tivesse existido e se apaga, principalmente aos fiéis, a história do dogma", comenta.

"Esse dogma é o último estágio da exaltação a Maria. Coloca a assunção de seu corpo ao céu sem que este tivesse experimentado qualquer tipo de corrupção, uma visão piedosa largamente sustentada pela comunhão romana", analisa Moraes.

 

Dormição

De Tommaso lembra que os evangelhos e outros textos bíblicos "silenciam sobre a morte" de Maria. E isto fez com que a explicação precisasse deixar de ser histórica e ser dogmática, segundo ela.

A cientista da religião cita entendimento teológico de Joseph Ratzinger (1927-2022), que depois seria o papa Bento 16, para definir a assunção de Maria como "afirmação teológica" e não "histórica".

Nunca houve consenso, contudo, sobre como teria se dado essa assunção, se com a mãe de Jesus ainda viva ou imediatamente após a morte.

Em geral, os de tradição oriental, os ortodoxos, tendem a entender que Maria teve morte natural, sua alma foi recebida por Jesus e seu corpo foi ressuscitado e levado aos céus–no que seria uma antecipação privilegiada daquilo que ocorreria com todos os humanos para o julgamento final.

É o que eles costumam chamar de dormição de Maria, episódio celebrado também no 15 de agosto.

A Morte da Virgem, obra de 1606, de Caravaggio - Domínio Público

 

Entre os católicos de tradição ocidental, contudo, prevalece o entendimento de que Maria foi levada ao céu, de corpo e alma, antes de morrer.

Na definição do dogma, o papa se furtou a definir isso.

"No texto em que proclama o dogma, o papa fala em 'terminado o curso de sua vida terrena'. Virou um grande 'morreu ou não morreu'", pontua Araujo.

"É fato que um dogma não pode ser anulado, negado, mas ele pode ser revisitado e passar por reinterpretações. E escolas teológicas entendem o dogma da assunção porque ele nos comunica o que o Senhor nos espera no dia final. Em Maria há a antecipação disso e, preservada do pecado original, ela não precisa ter seu corpo corrompido. [...] Essa é a interpretação, para além de pensar Maria sendo levada por anjos."

"A discussão teológica é essa. Claro que no popular, essa conversa geralmente é tratada de maneira mais convencional: alguns vão dizer que ela morreu e depois foi levada por anjos, outros que ela era vista pelos discípulos quando subiu aos céus", diz ele.

"O detalhe, para o fiel, pode não fazer diferença. Afinal, ele vê na assunção a esperança de vida eterna para todos e ponto. Para os teólogos, contudo, isso é importante", diz Moraes.

O que está claro no entendimento católico é a diferença entre a subida de Jesus aos céus e a subida de Maria. Conforme explica De Tommaso, é por isso que se diz "ascensão", no caso de Jesus - este teria subido por sua própria conta. De Maria, o termo é "assunção", porque "ela é levada".

"Por isso a Igreja no primeiro milênio representava a dormição em imagens em que Maria está deitada. Em torno dela estão os apóstolos. E sua alma, como criança envolta em um pano, está no colo do filho que desceu em glória rodeado por anjos para buscar a mãe", descreve De Tommaso.

 

Protestantes

Os cristãos protestantes têm mais divergências com os católicos sobre as questões envolvendo Maria.

O ponto de partida dessa impossibilidade de conciliação é a premissa de que, para esses segmentos cristãos, tudo precisa ser embasado pela Bíblia.

"No universo protestante a autoridade última é concedida às escrituras sagradas, enquanto na Igreja Católica Romana esta detém a autoridade última. Os dogmas, neste sentido, são ou pronunciamentos do próprio papa, quando fala da cátedra de Pedro, ou quando há uma manifestação do papa juntamente com o colégio de bispos, num concílio ecumênico", contextualiza à BBC News Brasil o teólogo e pastor luterano Valdir Steuernagel, autor do livro Um Olhar Sobre Maria, Serva do Senhor.

"No caso do dogma sobre Maria se pode perceber que há vários dogmas que se referem a ela e que foram sendo desenvolvidos no decorrer dos séculos", observa ele.

Steuernagel também acredita que no Brasil, por conta da formação católica da nação construída pela colonização portuguesa, historicamente foi consolidada uma visão dos protestantes como "oposição", de "contraditório".

"Estabeleceu-se assim [o cristianismo não católico] com uma postura e linguagem fortemente crítica a esse catolicismo e, como tal, acabou relegando o papel de Maria a uma 'escondida' personagem em nosso alfabeto bíblico", reconhece ele, lembrando que os evangélicos costumam considerar os católicos "mariólatras".

Para o pastor, essa leitura está mudando.

"A minha percepção é de que quanto mais vamos nos encontrando num Brasil menos católico e mais evangélico, tanto mais liberdade a tradição evangélica, à qual pertenço, terá para mergulhar nas Escrituras e então perceber o papel dessa Maria que se qualifica como serva do Senhor e de quem tanto se pode aprender e que tanto nos ajuda a moldar o seguimento a Jesus", avalia ele.

O teólogo Moraes vê esse papel de Maria, embasado por dogmas dentro do catolicismo, como se ela fosse vista como um meio-termo entre um santo e o próprio Deus.

"Ela tem um local de destaque incomum, acima de um santo normal. É vinculada diretamente com a Santíssima Trindade, alguém que não é inserida diretamente na Trindade [o entendimento de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo], mas alguém que orbita essa Trindade de maneira especial, afinal porque é mãe de Deus", analisa ele.

O professor acredita que aí esteja o ponto de difícil entendimento entre protestantes e católicos.

"Os protestantes reconhecem o valor da Maria histórica, mãe de Jesus, mulher escolhida para trazer ao mundo o Messias. Mas aí dar a ela um grau de adoração, uma função que a Bíblia não atribui, isso já é ir longe demais", compara.

"A 'mariolatria' dos católicos é algo que sempre incomodou os protestantes", diz Moraes.

O teólogo Araujo discorda dessa visão protestante. "Definitivamente, Maria não pleiteia ser a quarta pessoa da Santíssima Trindade. Definitivamente", diz o teólogo. "A Igreja leva isso muito a sério."

Ele comenta que há uma cobrança do Vaticano para que a devoção mariana seja feita "com os pés no chão".

Segundo ele, o que ocorre é chamado de hiperdulia, que seria uma veneração especial a Mãe de Jesus.

Dulia, que vem do termo grego para o verbo honrar, é a denominação teológica para a devoção que os católicos nutrem pelos santos. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br 

 

1) Oração

Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 21, 1-4)

Naquele tempo, 1Levantando os olhos, viu Jesus os ricos que deitavam as suas ofertas no cofre do templo. 2Viu também uma viúva pobrezinha deitar duas pequeninas moedas, 3e disse: Em verdade vos digo: esta pobre viúva pôs mais do que os outros. 4Pois todos aqueles lançaram nas ofertas de Deus o que lhes sobra; esta, porém, deu, da sua indigência, tudo o que lhe restava para o sustento. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

No Evangelho de hoje, Jesus elogia uma viúva pobre que soube partilhar mais que os ricos. Muitos pobres de hoje fazem o mesmo. O povo diz: “Pobre não deixa pobre morrer de fome”. Mas às vezes, nem isso é possível. Dona Cícera que veio do interior da Paraíba, Brasil, para morar na periferia da cidade dizia: “No interior, a gente era pobre, mas tinha sempre uma coisinha para dividir com o pobre na porta. Agora que estou aqui na cidade, quando vejo um pobre que vem bater na porta, eu me escondo de vergonha, porque não tenho nada em casa para dividir com ele!” De um lado: gente rica que tem tudo, mas não quer partilhar. Do outro lado: gente pobre que não tem quase nada, mas quer partilhar o pouco que tem.

No início da Igreja, as primeiras comunidades cristãs, na sua maioria, eram de gente pobre (1 Cor 1,26). Aos poucos, foram entrando também pessoas mais ricas, o que trouxe consigo vários problemas. As tensões sociais, que marcavam o império romano, começaram a marcar também a vida das comunidades. Isto se manifestava, por exemplo, quando elas se reuniam para celebrar a ceia (1Cor 11,20-22), ou quando faziam reunião (Tg 2,1-4). Por isso, o ensinamento do gesto da viúva era muito atual, tanto para eles, como para nós hoje.

 

Lucas 21,1-2:  A esmola da viúva.

Jesus estava em frente ao cofre do Templo e observava como todo mundo colocava aí a sua esmola. Os pobres jogavam poucos centavos, os ricos jogavam moedas de grande valor. Os cofres do Templo recebiam muito dinheiro. Todo mundo trazia alguma coisa para a manutenção do culto, para o sustento do clero e para a conservação do prédio. Parte deste dinheiro era usada para ajudar os pobres, pois naquele tempo não havia previdência social. Os pobres viviam entregues à caridade pública. As pessoas mais necessitadas eram os órfãos e as viúvas. Elas dependiam em tudo da caridade dos outros, mas mesmo assim, faziam questão de partilhar com os outros o pouco que possuíam. Assim, uma viúva bem pobre colocou sua esmola no cofre do templo. Dois centavos, apenas! 

 

Lucas 21,3-4: O comentário de Jesus

O que vale mais: os poucos centavos da viúva ou as muitas moedas dos ricos? Para a maioria, as moedas dos ricos eram muito mais úteis para fazer caridade, do que os poucos centavos da viúva. Os discípulos, por exemplo, pensavam que o problema do povo só poderia ser resolvido com muito dinheiro. Por ocasião da multiplicação dos pães, eles tinham dado a sugestão de comprar pão para dar de comer ao povo (Lc 9,13; Mc 6,37). Filipe chegou a dizer: “Duzentos denários não bastam para dar um pouco para cada um!” (Jo 6,7). De fato, para quem pensa assim, os dois centavos da viúva não servem para nada. Mas Jesus diz: “Esta viúva depositou mais do que todos os outros”. Jesus tem critérios diferentes. Chamando a atenção dos discípulos para o gesto da viúva, ele ensina a eles e a nós onde devemos procurar a manifestação da vontade de Deus, a saber, nos pobres e na partilha. E um critério muito importante é este: “Todos os outros depositaram do que estava sobrando para eles. Mas a viúva, na sua pobreza, depositou tudo o que possuía para viver”.

 

Esmola, partilha, riqueza

A prática de dar esmolas era muito importante para os judeus. Era considerada uma “boa obra”, pois a lei do Antigo Testamento dizia: “Nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: abre a mão em favor do teu irmão, do teu humilde e do teu pobre em tua terra”. (Dt 15,11). As esmolas, colocadas no cofre do templo, seja para o culto, seja para os necessitados, órfãos ou viúvas, eram consideradas como uma ação agradável a Deus (Eclo 35,2; cf. Eclo 17,17; 29,12; 40,24). Dar esmola era uma maneira de reconhecer que todos os bens e dons pertencem a Deus e que nós somos apenas administradores desses dons. Mas a tendência à acumulação continua muito forte. Cada vez de novo, ela renasce no coração humano. A conversão é sempre necessária. Por isso Jesus dizia ao jovem rico: “Vai, vende tudo o que tens, dá para os pobres” (Mc 10,21). A mesma exigência é repetida nos outros evangelhos: “Vendei vossos bens e dai esmolas. Fazei bolsas que não fiquem velhas, um tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói” (Lc 12,33-34; Mt 6,9-20). A prática da partilha e da solidariedade é uma das características que o Espírito de Jesus quer realizar nas comunidades. O resultado da efusão do Espírito no dia de Pentecoste era este: “Não havia entre eles necessitado algum. De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam o resultado da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos” (At 4,34-35ª; 2,44-45). Estas esmolas colocadas aos pés dos apóstolos não eram acumuladas, mas “distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade” (At 4,35b; 2,45). A entrada de ricos na comunidade cristã possibilitou, por um lado, uma expansão do cristianismo, dando melhores condições para as viagens missionárias. Mas, por outro lado, a tendência à acumulação bloqueava o movimento da solidariedade e da partilha. Tiago ajudava as pessoas a tomarem consciência do caminho equivocado: “Pois bem, agora vós, ricos, chorai por causa das desgraças que estão a sobrevir. A vossa riqueza apodreceu e as vossas vestes estão carcomidas pelas traças.” (Tg 5,1-3). Para aprender o caminho do Reino, todos precisam tornar-se alunos daquela viúva pobre, que partilhou com os outros até o necessário para viver (Lc 21,4).

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Quais as dificuldades e alegrias que você já encontrou em sua vida ao praticar a solidariedade e a partilha com os outros?
  2. Como é que os dois centavos da viúva podem valer mais que as muitas moedas dos ricos? Qual a mensagem deste texto para nós hoje?

 

5) Oração final

Ficai sabendo que o Senhor é Deus; ele nos fez e nós somos seus, seu povo e rebanho do seu pasto. (Sl 99, 3)

 

Pe. Adroaldo Palaoro sj  

“Jesus, lembra-te de mim, quando entrares em teu reinado” (Lc 23,42) 

 

Rei, não há outra palavra menos apropriada para Jesus. Jesus, rei atípico.  Os reis deste mundo vivem às custas de seus súditos: explorando, dominando...

Jesus, no entanto, reina perdoando, amando e comunicando vida a partir de uma situação de humilhação e impotência extremas. Um rei crucificado é uma contradição e um escândalo. Lucas nos diz onde e como Jesus ganha este título de rei: na entrega de sua vida até à morte. Seu senhorio é de amor incondicional, de compromisso com os pobres e excluídos, de liberdade e justiça, de solidariedade e de misericórdia. 

O título de Cristo Rei corre o risco de ser utilizado de uma forma pagã, como uma pura imitação dos reis deste mundo. O triunfalismo religioso e político tem utilizado este título para defender ideias dominadoras, triunfalistas e conservadoras.

Esse é a maior contradição da história humana: o Crucificado é esperança dos pobres, dos pecadores e de todos os sofredores. Jesus é Rei desta forma e não da forma triunfalista como querem os cristãos “gloriosos”. Um rei que toca leprosos, que prefere a companhia dos excluídos e não dos poderosos deste mundo. Um rei que lava os pés dos seus, um rei que não tem dinheiro e que não pode defender-se, que não tem exército... Um rei sem trono, sem palácio, sem pompas, sem poder.

Jesus crucificado é um estranho rei: seu trono é a Cruz, sua coroa é de espinhos. Não tem manto, está desnudo. Até os seus o abandonaram. Pobre rei! 

Por isso, para poder aplicar a Jesus o título de “rei”, devemos despojá-lo de toda conotação de poder, força ou dominação. Jesus sempre se manifestou contrário a todo tipo de poder, sobretudo do poder religioso, o mais nefasto. E não só condenou aqueles que dominam como também condenou, com a mesma veemência, aqueles que se deixam dominar.

Jesus quer seres humanos completos, isto é, livres. Ele quer seres humanos ungidos pelo Espírito de Deus, que sejam capazes de manifestar o divino através de sua humanidade. Tanto o que escraviza como o que se deixa escravizar, deixa de ser humano e se afasta do divino.

Jesus quer que todos sejamos “reis” ou “rainhas”, ou seja, que não nos deixemos escravizar por nada nem por ninguém. Quando responde a Pilatos, não diz “sou o rei”, mas “sou rei”; com isso, está demonstrando que não é o único, que qualquer um pode descobrir seu verdadeiro ser e agir segundo esta exigência.

Há uma nobreza presente em nosso interior e que é ativada no encontro com o outro, através da compaixão, do serviço, do amor solidário...

Devemos estar conscientes de que o sentido que queremos dar a esta festa não é aquele dado pelo papa Pio XI, há quase 100 anos, e nem mesmo aquele sentido que é dado pela maioria dos cristãos. Devemos conservar o título, mas mudar a maneira de entendê-lo, ou seja, com o Evangelho na mão podemos continuar falando de “Jesus rei do universo”.

Jesus será “Reino do Universo” quando a paz, o amor e a justiça reinarem em todos os rincões da terra, quando todos forem testemunhas da verdade, quando em todos os ambientes a mesa do Reino se tornar mesa de inclusão e de acolhida... Jesus será Rei quando estivermos dispostos a fazer descer da Cruz aqueles que estão dependurados nela. E são tantos os crucificados no nosso contexto social e religioso!

O Evangelho da festa de hoje faz parte da narração da Paixão de Jesus. Fixemos nosso olhar nos personagens que assistem ao tremendo espetáculo da crucifixão. O povo estava ali olhando. Não é a multidão que habitualmente O segue, mas pessoas que assistem com curiosidade zombadora.

Os chefes, as autoridades religiosas escarneciam de Jesus. Eles conservavam a ideia de um Messias triunfal. Tem um Deus feito à medida de seus interesses. A mensagem de Jesus não os afetou. Julgavam-se em posse da verdade. Os soldados também lhe zombavam. Aproximavam-se dele para dar-lhe vinagre. Os executores da violência do poder romano não podiam entender um rei que não fazia nada para defender-se.

O letreiro também indicava ironia: “Este é o rei dos judeus”.

Um dos ladrões o insultava: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!”.

Ninguém parece ter entendido Sua vida e Sua mensagem. Ninguém compreendeu seu perdão aos algozes. Ninguém viu em seu rosto o olhar compassivo do Pai. Ninguém percebeu que, pendente da Cruz, Jesus se unia para sempre a todos os crucificados e sofredores da história.  Mas, a grande surpresa está reservada para o final da cena: aquele homem impotente, que agonizava na Cruz, promete o paraíso a outro condenado à morte e que se dirigira a Ele assim: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares em teu reinado”. É o único personagem em todo o Evangelho que se dirige a Jesus chamando-o simplesmente por seu nome, sem acrescentar nenhum outro título como Senhor, Mestre, Filho de Davi ou Messias.

Sem saber, ele estava em profunda sintonia com o sentido da missão daquele Homem crucificado, a quem o invocava: aproximar-se, encurtar distâncias, viver entre nós como um entre tantos, entregar-nos seu nome e sua amizade, compartilhar de nossa fragilidade, estar tão perto a ponto de escutar o sussurro de todos aqueles que, sem alento, morrem ao seu lado...

O “bom ladrão” reconhece a Jesus na cruz como rei, um rei que morre na fidelidade à sua missão de mensageiro de um projeto de vida diferente, de um Reino de misericórdia aberto a todos, também ao pior dos malfeitores, e que oferece sua vida para indicar o caminho da verdadeira vida que vence a morte: o amor até o extremo. E nisso consistiu sua glória, sua realeza e seu triunfo. 

Jesus sempre viveu “em más companhias” e agora morre entre dois ladrões. Mais uma vez, não assume o papel de juiz sobre os outros, mas oferece uma nova chance de salvação. Ele é o moribundo que dá vida: presença solidária, que, mesmo em meio ao pior sofrimento, oferece companhia a outros sofredores.

O Justo e o pecador, ambos crucificados, participam da vida definitiva que a morte terrível na cruz não pode vencer. Jesus é o rei, e o primeiro cidadão que ingressa em Reino é esse malfeitor que confiou n’Ele. Assim, impactado pela serenidade e testemunho de Jesus, “rouba o paraíso”. 

No alto da Cruz, Jesus revela uma promessa que muitas pessoas precisam ouvir hoje, sobretudo aqueles que carregam cruzes injustas e pesadas, que vivem realidades atravessadas pela dor, pela solidão, dúvida, incompreensão ou pranto... 

Que ressonância têm estas palavras no interior de cada um de nós: “Hoje estarás comigo no Paraíso”.

Hoje: porque as mudanças, a nova criação, a humanidade reconciliada, não tem que esperar mais; hoje, agora, já...; talvez, se esse “hoje” não chega é por causa de tantas pessoas que não decidem, não optam, esperam sentadas... Comigo: a promessa de viver em sua companhia desperta ecos de uma plenitude que não conseguimos entender.

No paraíso: que não é um mítico Eden, mas lugar de plenitude de vida, onde não haverá mais pranto, nem dor; realidade que já se presente entre nós, sobretudo onde habita a justiça, a paz, a compaixão...

 

Texto bíblico:  Lc 23,35-43 

Na oração: Situar-se diante do Rei Crucificado e dos crucificados da história. No nosso atual contexto social, político e religioso são muitos os julgamentos, ódios, mentiras, intolerâncias, preconceitos... que continuam crucificando e fazendo vítimas. E tudo isso em nome da “religião e da moral cristã”. O Crucificado Inocente continua revelando seu rosto nos crucificados de hoje.

- Como tirar das cruzes as vítimas inocentes que estão dependurados nelas?

- Como construir hoje o paraíso? Neste momento histórico, como ativar e despertar a esperança nas vítimas?

Fonte: https://www.catequesedobrasil.org.br

Leão XIV chegou na cidade italiana de Assis, onde se encontra ainda na manhã desta quinta-feira (20/11) com os bispos da Conferência Episcopal Italiana (CEI) reunidos para a 81ª Assembleia Geral. Antes do encontro na Basílica de Santa Maria dos Anjos, uma parada na Basílica Inferior de São Francisco para prestar homenagem ao santo da Úmbria diante do túmulo que abriga os seus restos mortais desde 1230.

 

Benedetta Capelli - Assis

“É uma bênção poder vir hoje a este lugar sagrado. Estamos próximos dos 800 anos da morte de São Francisco, o que nos dá a oportunidade de nos prepararmos para celebrar este grande Santo humilde e pobre, enquanto o mundo busca sinais de esperança”. Essas foram as primeiras palavras públicas que o Papa Leão XIV pronunciou na cidade italiana de Assis, diante do túmulo de São Francisco, primeira etapa de sua visita à cidade da Úmbria, onde nesta quinta-feira, 20 de novembro, se reúne com os bispos da Conferência Episcopal Italiana (CEI), ao final da 81ª Assembleia Geral.

 

A chegada a Assis

O Pontífice chegou na parte da manhã de helicóptero, aterrando após as 8h do horário local no Estádio de Bastia Umbra. De lá, seguiu de carro para a cidade do Santo da Úmbria, terra de arte, história, cultura, devoção, destino de milhões de peregrinos, entre os quais também 20 Pontífices que a visitaram ao longo dos séculos. Papa Francisco, acima de tudo, que em Assis, em 2020, assinou também a Encíclica Fratelli tutti.

 

A recepção na Basílica inferior

Agora é a vez do Papa Leão que, antes de se dirigir à Basílica de Santa Maria dos Anjos para o encontro com a CEI, pouco depois das 8h30, quis visitar o túmulo do santo padroeiro da Itália. À espera de Leão XIV na praça, sob uma chuva forte e uma temperatura fria, alguns fiéis que o receberam com coros de “Viva o Papa”. Presentes na entrada da Basílica, o presidente da CEI, o cardeal Matteo Zuppi, e o custódio do Sacro Convento, Frei Marco Moroni, que, juntamente com outros frades, acompanharam o Sucessor de Pedro até a cripta, iluminada pela lâmpada votiva, alimentada pelo óleo doado este ano pela Região de Abruzzo, na qual está gravado um verso do Paraíso de Dante: “Não é senão um raio de sua luz”. Uma homenagem que chega perto das comemorações dos 800 anos da morte do frade com a exposição de seus restos mortais.

 

A oração no túmulo do Pobrezinho

Lá, diante daquelas antigas paredes de pedra que, diretamente sob o altar-mor da Basílica, guardam o corpo do santo, um momento íntimo, de silêncio e recolhimento. Em seguida, algumas palavras, transmitidas para a parte externa do local através de altofalantes, reitera a mensagem de esperança que esta pequena mas grande figura continua a difundir na Igreja e no mundo após séculos. Fonte: vaticannews

Redescobrir a África na história bíblica é um gesto de reparação histórica

Devolver à narrativa suas cores, seus caminhos e seus múltiplos sotaques

Sacerdotes leem a Bíblia durante a celebração da Páscoa na igreja Bole Medhanialem em Adis Abeba, Etiópia, uma das regiões da África onde se preserva as tradições bíblicas - Amanuel Sileshi - 16.abr.23/AFP 

Marcelo Rede

É doutor pela Univ. de Paris 1 e professor de história da USP

 

Em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra convida o Brasil a repensar e celebrar suas raízes africanas —as religiões de matriz afro, as influências na culinária e na música, a história de luta e resistência dos escravizados. Mas há uma herança menos lembrada: aquela que atravessa a própria Bíblia e a tradição judaico-cristã.

A razão é simples. No Brasil, o cristianismo chegou tardiamente pelas mãos da colonização portuguesa, sendo imposto e percebido como uma religião europeia, associada ao "homem branco". No entanto, o continente africano não é um território alheio à Bíblia. A África molda histórias, personagens e paisagens bíblicas desde o Gênesis até os primeiros séculos do cristianismo.

Desde o início, o Egito, o país de Kush (atual Sudão e Etiópia) e os líbios aparecem no horizonte dos antigos israelitas. O rio Geon "rodeia toda a terra de Kush" (Gênesis 2:13); o Egito é palco de refúgio e de fuga; e os profetas mencionam a Etiópia como aliada, inimiga ou exemplo moral. A Bíblia hebraica foi escrita em um mundo afro-asiático interligado por rotas comerciais, desertos e rios.

O Egito teve papel ambíguo nessa história: símbolo de opressão e cativeiro dos hebreus, mas também de reconhecimento e abrigo para José, filho de Jacó. No Novo Testamento, quando Herodes ordena a matança dos meninos de Belém, é novamente no Egito que a família de Jesus busca refúgio.

arqueologia confirma o contato intenso entre esses mundos. Escavações em cidades cananeias como Laquish e Megido encontraram amuletos, cerâmicas e selos com motivos egípcios datados de 3.400 anos atrás —época em que o delta do Nilo e a região de Canaã formavam um mesmo sistema político e cultural.

Do Egito também vem uma das primeiras menções extrabíblicas a Israel. A estela do faraó Merneptá, de cerca de 1208 a.C., hoje no Museu do Cairo, traz a inscrição: "Israel está devastado, sua semente não existe mais". É a mais antiga referência escrita ao nome de Israel.

O reino de Kush, na antiga Núbia, é outra presença africana marcante. Na Bíblia, os kushitas aparecem como guerreiros valorosos e diplomatas. A arqueologia moderna devolveu-lhes o rosto: as pirâmides e templos de Napata e Meroé, erguidos entre os séculos 8º a.C. e 4º d.C., revelam uma civilização africana poderosa que chegou a dominar o próprio Egito. Foram os "faraós negros" da 25ª dinastia. O profeta Isaías menciona um deles, Tiraca, em meio às guerras entre Egito e Assíria.

No Novo Testamento, a África reaparece em outro contexto. O livro dos Atos dos Apóstolos cita um "eunuco etíope", servidor da rainha Candace, que encontra o apóstolo Filipe, é batizado e leva o cristianismo para o interior do continente. Séculos depois, comunidades cristãs floresceriam no vale do Nilo e na Etiópia, preservando tradições bíblicas que se perderiam em outros lugares. Foi ali que sobreviveram, em língua geʿez, livros como Henoc e Jubileus, fundamentais para compreender o judaísmo e o cristianismo antigos.

A primeira tradução da Bíblia nasceu também em solo africano. Em Alexandria, no Egito helenístico, tradutores judeus verteram o texto hebraico para o grego: a Septuaginta, realizada entre os séculos 3º e 1º a.C. Essa versão seria a Bíblia usada pelos primeiros cristãos e citada no próprio Novo Testamento. As ruínas de sinagogas e escolas alexandrinas confirmam a vitalidade dessa diáspora judaica africana, cujo legado moldou o pensamento religioso ocidental.

Outras descobertas arqueológicas ampliam esse quadro. Em Elefantina, ilha no sul do Egito, foram achados papiros aramaicos do século 5º a.C. que documentam uma comunidade judaica com seu próprio templo dedicado a Yahweh. Esses textos mostram que a presença judaica na África é muito mais antiga e diversa do que se supunha. Os judeus de Elefantina falavam aramaico, trabalhavam para o exército egípcio e mantinham contato com Jerusalém —um exemplo precoce de mundo híbrido que a Bíblia tantas vezes reflete.

Durante séculos, no entanto, a tradição europeia apagou essa geografia original. As representações ocidentais branquearam as figuras bíblicas, deslocando simbolicamente a história sagrada para o norte do Mediterrâneo. Redescobrir a África na Bíblia é também um gesto de reparação histórica: devolver à narrativa suas cores, seus caminhos e seus múltiplos sotaques. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

 

O ano de 314 inaugura um novo capítulo na história da Igreja. Constantino, depois de haver restituído a paz à Igreja, quis assegurar-lhe o triunfo também exterior sobre as antigas divindades dos pagãos, multiplicando os edifícios do culto cristão. De Constantino a Justiniano nascem as grandes basílicas sob o modelo das basílicas civis.

A basílica de Latrão (cuja dedicação é celebrada em 9 de novembro) e depois a basílica vaticana tornaram-se o sinal do triunfo do cristianismo. A dedicação da basílica de São Pedro foi feita pelo papa Silvestre (314-335), e a da basílica de São Paulo, pelo papa Sirício (384-399).

A memória de sua dedicação não pretende tanto celebrar a finalização do edifício material, que se prolongou nos séculos com várias restaurações, quanto oferecer uma ocasião de refletir sobre a figura e a obra dos dois grandes apóstolos, Pedro e Paulo. Ambos os nomes e sobretudo sua obra de evangelização estão ligados à cidade de Roma, onde deram o supremo testemunho a Cristo com a efusão do próprio sangue.

Roma compartilha com Jerusalém e com Antioquia o privilégio de ter hospedado Pedro durante a pregação. Em Roma Pedro teria vivido 25 anos antes de enfrentar o martírio.
Sua pregação tinha por tema Jesus, a lembrança do tempo passado junto com ele: “Fomos testemunhas oculares da sua grandeza”, escreve na sua segunda carta, e “essa voz nós a ouvimos descer do céu enquanto estávamos com ele sobre o seu santo monte”.

Sob o altar da confissão da basílica vaticana é conservado o túmulo de Pedro crucificado durante a perseguição desencadeada pelo imperador Nero. As escavações mandadas fazer por Pio XII debaixo da basílica permitiram identificar o lugar da sepultura do príncipe dos apóstolos. Nenhuma dúvida, ao contrário, quanto ao túmulo de são Paulo, guardado na basílica a ele dedicada. Quanto à realidade da pregação feita na Cidade Eterna, temos o testemunho direto na Carta aos Romanos.

Fonte: Pia Sociedade das Filhas de São Paulo; https://osaopaulo.org.br

Depoimentos revelam como grupo ajudou a ocultar o corpo e furtar objetos da casa do religioso

 

Leanderson de Oliveira Junior durante depoimento na delegacia (Foto: Reprodução)

 

Por Bruna Marques e Helio de Freitas, de Dourados

Em depoimento à Polícia Civil, Leanderson de Oliveira Júnior, de 18 anos, confessou ter matado o padre Alexsandro da Silva Lima, de 44 anos, na noite de sexta-feira (14), em Dourados, após ser forçado a praticar sexo oral na vítima. O jovem disse que usou uma marreta e uma faca no assassinato e que após praticar o crime roubou o veículo Jeep Renegade com a intenção de vender por R$ 40 mil no Paraguai.

O suspeito afirmou que conheceu o padre por intermédio de seu ex-cunhado e relatou que o religioso costumava buscar aproximação com jovens da região. Segundo ele, o padre se identificava apenas como Alex, abordava estudantes na porta da escola e oferecia pequenas quantias em dinheiro para encontros. Leanderson disse que esteve com o religioso na quarta-feira e retornou à casa dele na sexta, já com a intenção de roubar o carro e o dinheiro. Declarou ainda que o suposto abuso ocorreu quando ficou sozinho com a vítima.

Em depoimento, o jovem contou que usou uma marreta encontrada no imóvel para iniciar o ataque e disse que o padre ainda tentou se defender. Relatou também que utilizou uma faca para concluir a agressão. Após o crime, afirmou que tomou banho na casa, buscou a namorada e saiu pela cidade com um amigo de 17 anos, que, segundo ele, chegou ao local quando o padre já estava morto. Os três passaram por conveniências, encontraram conhecidos e depois seguiram em direção a casa de João Victor Martins Vieira, de 18 anos.

Leanderson revelou a João o que havia ocorrido e o levou até a casa da vítima, onde mostrou o corpo. João afirmou que sugeriu buscar uma solução, mas, ainda assim, o grupo continuou circulando pela cidade até a madrugada. Conforme a investigação, duas adolescentes auxiliaram na limpeza de portas e objetos, enquanto João recolhia itens da residência, como talheres, panelas, ventilador, bebidas e eletrodomésticos.

Após fazer um "limpa" na casa, o grupo enrolou o corpo do padre em um tapete, colocou no porta-malas do Jeep e saiu com todos no banco da frente. Os quatro seguiram até a região da Rua José Feliciano de Paiva, conhecida como Zé Tereré, onde deixaram o corpo. O grupo voltou para a casa de João Victor, rodou por outros pontos da cidade, limpou o carro e foi ao mercado por volta das 10h de sábado (15), quando a polícia os localizou com o veículo.

O desaparecimento do padre levantou um alerta quando familiares tentaram falar com ele e ouviram de uma mulher que o celular havia sido achado em um terreno baldio próximo ao IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul). O filho dessa mulher identificou um telefone com símbolo religioso e disse que um Jeep Renegade circulava pela área à procura do aparelho. A equipe policial foi ao local e encontrou o veículo com Leanderson, João e duas adolescentes.

Alexandro era pároco em Douradina e sumiu na noite de sexta-feira (Foto: Direto das Ruas)

Enquanto uma equipe abordava o grupo, outra realizava perícia na casa da vítima e identificava sinais de violência e sangue. Confrontado, Leanderson revelou onde estava o corpo e citou o amigo adolescente, de 17 anos, que confirmou ter estado na casa, mas negou envolvimento direto na morte e disse que limpou o rosto da vítima antes de ser deixado em uma conveniência. Ele declarou que recusou participar da ocultação do corpo e afirmou que Leanderson pretendia ficar com o carro.

A polícia reuniu provas com base em depoimentos, perícia no local, apreensão da marreta e da faca no porta-malas e localização do corpo. Os investigadores recuperaram o veículo e o celular da vítima, coletaram objetos furtados e pediram a extração de dados dos aparelhos apreendidos.

O delegado decidiu pela prisão em flagrante de Leanderson por latrocínio, ocultação de cadáver e fraude processual. João Victor recebeu voz de prisão por furto, ocultação de cadáver e fraude. O adolescente foi apreendido por ato infracional análogo ao crime de latrocínio, enquanto as duas meninas, de 16 e 17 anos, foram apreendidas por atos infracionais análogos aos crimes de furto, ocultação de cadáver e fraude. A Polícia Civil representou pela conversão das prisões em preventivas e pela manutenção das medidas socioeducativas.

O caso – De acordo com o delegado Lucas Albé Veppo, o crime está sendo investigado como latrocínio. A vítima morava no Jardim Vival dos Ipês, mas não era vista desde a noite de ontem. A polícia foi avisada sobre o sumiço após o celular do padre ser encontrado no bairro Jardim Canaã I.

As equipes continuaram em diligências até que, durante a madrugada, encontraram o carro do padre, um Jeep Renegade preto com dois homens. Os policiais do SIG (Setor de Investigações Gerais) abordaram o veículo e a dupla confessou o crime.

No início da tarde de ontem, o corpo de Alexsandro foi encontrado enrolado em um tapete, ao lado de uma área de mata, no Distrito Industrial. A vítima tinha marcas de facadas no pescoço e ferimentos na cabeça provocados por golpes de martelo. O padre foi morto na casa onde morava.

Alexsandro era pároco em Douradina e, em 2018, já havia sido vítima de assalto. Na ocasião, ele teve a casa invadida por um ladrão armado e, ao chegar, foi rendido e obrigado a entrar no quarto, onde foi agredido. O criminoso fugiu levando o relógio, o celular e o Gol do padre. A vítima foi socorrida e três pessoas chegaram a ser presas na época com o carro roubado.

Em nota, a Arquidiocese de Dourados lamentou profundamente a morte do pároco Alexsandro da Silva Lima. Destacou que ele atuava na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Douradina, além de exercer funções de liderança na Diocese, como coordenador geral do Clero, assessor dos Diáconos Permanentes e da Pastoral da Acolhida. Padre Alexsandro também presidia a Comissão Regional de Presbíteros do Regional Oeste I da CNBB. A Arquidiocese ressaltou ainda que o sacerdote havia completado 44 anos em 13 de outubro e que sua ordenação ocorreu em 27 de agosto de 2011. Fonte:  www.campograndenews.com.br

 

Meninas foram chamadas após crime para limpar casa onde padre foi morto

O corpo do religioso foi encontrado enrolado em um tapete, com marcas de facadas no pescoço

 

Grupo detido após a morte do padre é apresentado na delegacia (Foto: Leandro Holsbach)

 

Por Bruna Marques e Helio de Freitas, de Dourados

Duas meninas de 17 anos foram chamadas para limpar a casa onde o padre Alexsandro da Silva Lima foi assassinado na noite de sexta-feira, em Dourados, a 251 quilômetros de Campo Grande. O corpo do religioso foi encontrado na tarde de sábado (15), enrolado em um tapete ao lado de uma área de mata no Distrito Industrial.

Leanderson de Oliveira Junior é suspeito de matar o padre com golpes de faca e martelo durante um assalto na casa onde a vítima morava. Conforme apurado pelo Campo Grande News, Leanderson estava no imóvel acompanhado de um adolescente de 17 anos. No momento do crime, os dois chamaram um rapaz identificado como João Vitor, de 18 anos, e as duas meninas para limpar o local.

As apurações preliminares indicam que o adolescente ajudou a ocultar o corpo. Ele e Leanderson colocaram o cadáver no carro do padre e levaram o veículo até o ponto onde o corpo foi encontrado. As meninas permaneceram na casa, limparam marcas de sangue ao jogar areia na grama e furtaram pertences da vítima.

A participação de cada envolvido ainda está sob apuração. As versões apresentadas pelo grupo divergem entre si e dificultam esclarecer o papel individual de cada pessoa.

Entenda o caso - De acordo com o delegado Lucas Albé Veppo, o crime está sendo investigado como latrocínio. A vítima morava no Jardim Vival dos Ipês, mas não era vista desde a noite de ontem. A polícia foi avisada sobre o sumiço, após o celular do padre ser encontrado no bairro Jardim Canaã I.

As equipes continuaram em diligências até que, durante a madrugada, encontraram o carro do padre, um Jeep Renegade preto, com dois homens. Os policiais do SIG (Setor de Investigações Gerais) abordaram o veículo e a dupla confessou o crime.

No início da tarde, o corpo de Alexsandro foi encontrado enrolado em um tapete, ao lado de uma área de mata, no Distrito Industrial. A vítima tinha marcas de facadas no pescoço e ferimentos na cabeça provocados por golpes de martelo. O padre foi morto na casa onde morava.

Os dois presos afirmaram que o padre foi assassinado durante o roubo para que eles levassem o veículo, dinheiro, joias e outros objetos de valor. O autor foi identificado como Leanderson de Oliveira Junior, de 18 anos, e foi preso com o carro no Bairro Canaã 1. Um adolescente, de 17 anos, foi apreendido e alegou ter apenas ajudado a esconder o corpo. O caso continua sendo investigado.

Alexandre era pároco em Douradina e, em 2018, já havia sido vítima de assalto. Na ocasião, ele teve a casa invadida por um ladrão armado e, ao chegar, foi rendido e obrigado a entrar no quarto, onde foi agredido. O criminoso fugiu levando o relógio, o celular e o Gol do padre. A vítima foi socorrida, e três pessoas chegaram a ser presas na época com o carro roubado. Fonte: www.campograndenews.com.br

 

Com imensa tristeza, comunicamos o falecimento do Padre Alexsandro da Silva Lima.

O presbítero atuava como pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no município de Douradina. Também era coordenador geral do Clero, assessor dos Diáconos Permanentes e assessor eclesiástico da Pastoral da Acolhida na Diocese de Dourados. Também atuava como Presidente da Comissão Regional de Presbíteros – CNBB Regional Oeste I. Padre Alexsandro da Silva Lima havia completado 44 anos em 13 de outubro deste ano. Foi ordenado presbítero em 27/08/2011.

Dom Henrique, juntamente com todo o clero da Diocese de Dourados, roga a Deus para que acolha a alma deste sacerdote, dê conforto à família e amigos, e que sejam fortalecidos pela Esperança que nunca decepciona (cf. Rm 5,5).

“Se estamos vivos é para o Senhor que vivemos e se morremos, é para o Senhor que morremos. Portanto, vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor.” (Rm 14,8). Fonte: https://diocesededourados.org.br

 

Padre é morto com facadas no pescoço e marteladas na cabeça durante roubo

Padre é morto em Douradina, 

Autores foram presos com o carro da vítima e confessaram que Alexandro foi morto durante o roubo

 

Corpo da vítima foi encontrado enrolado em tapete ao lado de mata (Foto: Leandro Holsbach)

 

Por Ana Paula Chuva e Helio de Freitas, de Dourados

Padre Alexsandro da Silva Lima, 43 anos, responsável pela Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Douradina, foi encontrado morto na tarde deste sábado (15), na região do Distrito Industrial, em Dourados, a 251 quilômetros de Campo Grande. A vítima estava desaparecida desde a noite de sexta-feira (14) e foi assassinada com golpes de faca e martelo por dupla durante um assalto. Os autores estão presos

De acordo com o delegado Lucas Albé Veppo, o crime está sendo investigado como latrocínio. A vítima morava no Jardim Vival dos Ipês, mas não era vista desde a noite de ontem. A polícia foi avisada sobre o sumiço após o celular do padre ser encontrado no bairro Jardim Canaã I.

As equipes continuaram em diligências até que, durante a madrugada, encontraram o carro do padre, um Jeep Renegade preto, com dois homens. Os policiais do SIG (Setor de Investigações Gerais) abordaram o veículo e a dupla confessou o crime.

Perito nesta manhã na casa onde padre foi assassinado (Foto: Leandro Holsbach)

 

No início da tarde, o corpo de Alexsandro foi encontrado enrolado em um tapete, ao lado de uma área de mata, no Distrito Industrial. A vítima tinha marcas de facadas no pescoço e ferimentos na cabeça provocados por golpes de martelo. O padre foi morto na casa onde morava

Os dois presos afirmaram que o padre foi assassinado durante o roubo para que eles levassem o veículo, dinheiro, joias e outros objetos de valor. O autor foi identificado como Leanderson de Oliveira Junior, de 18 anos, e foi preso com o carro no Bairro Canaã 1. Um adolescente, de 17 anos, foi apreendido e alegou ter apenas ajudado a esconder o corpo. O caso continua sendo investigado.

Martelo e faca utilizadas no crime no porta-malas do carro (Foto: Leandro Holsbach)

 

Alexandre era pároco em Douradina e, em 2018, já havia sido vítima de assalto. Na ocasião, ele teve a casa invadida por um ladrão que estava armado e, ao chegar, foi rendido e obrigado a entrar no quarto, onde foi agredido. O criminoso fugiu levando o relógio, o celular e o veículo Gol do padre, que foi socorrido. Três pessoas chegaram a ser presas na época com o carro roubado. Fonte: www.campograndenews.com.br

 

No matagal, corpo de padre é encontrado enrolado em tapete em MS

Polícia apura se religioso foi vítima de latrocínio

 

ALISON SILVA

O padre Alexsandro da Silva Lima, 43 anos, pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Douradina, foi encontrado morto na tarde deste sábado (15), enrolado em um tapete em uma área de mata no Distrito Industrial, em Dourados. Segundo a Polícia Civil, dois suspeitos foram presos e o caso é investigado, a princípio, como latrocínio, roubo seguido de morte.

De acordo com o delegado Lucas Albé Veppo, o corpo foi localizado após diligências que começaram na noite de sexta-feira, quando o padre passou a ser considerado desaparecido. O celular da vítima foi achado no bairro Jardim Canaã I, o que levou os policiais a intensificarem as buscas. Durante a madrugada, agentes do Setor de Investigações Gerais (SIG) da Polícia Civil encontraram o veículo do padre, um Jeep Renegade preto, com dois homens dentro. Eles foram detidos e teriam confessado participação no crime.

Peritos relataram que Alexsandro apresentava ferimentos no pescoço causados por facadas e lesões na cabeça compatíveis com golpes de martelo. Segundo a polícia, os primeiros levantamentos indicam que uma faca e um martelo podem ter sido usados. Os suspeitos afirmaram que o objetivo era roubar o carro, dinheiro, joias e outros pertences do padre. Um deles disse ter cometido o homicídio, enquanto o outro relatou ter ajudado a ocultar o corpo.

Conforme o portal Dourados News, a investigação aponta que o ataque ocorreu na residência do padre, no bairro Jardim Vival dos Ipês. A polícia trabalha para detalhar a dinâmica do crime, coletar depoimentos e analisar evidências encontradas na casa, no carro e na área de mata onde o corpo foi abandonado. A Polícia Civil não descarta novas prisões.

A Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Douradina divulgou nota de pesar pelo falecimento do pároco e pediu orações pela comunidade. O velório deve ocorrer em dois locais, Dourados e Douradina, com detalhes ainda a serem confirmados.

O delegado Lucas Albe Veppo reforçou que o caso está sendo tratado como latrocínio e que as equipes seguem reunindo provas para concluir o inquérito. Fonte: https://correiodoestado.com.br

 

Investigações do SIG avançam e cinco são presos por morte de padre.

 

O SIG da polícia Civil efetuou a prisão de mais envolvidos na morte do Padre Alexsandro da Silva Lima morto com golpes de faca e martelo neste sábado.

Além de Leanderson de Oliveira Junior 18 e do adolescente de 17 anos. Policiais efetuaram ainda a prisão de João Victor Martins Vieira de 18 anos da namorada de adolescente de 17 anos e outra adolescente de 17 anos namorada de Leanderson.

Segundo informações, as adolescentes com João Victor ajudaram na limpeza da casa e subtração de objetos da casa.

Ao todo são dois maiores e três adolescentes até agora envolvidos na morte do padre.

O delegado Lucas Veppo deve se pronunciar sobre o caso na segunda-feira.

Reportagem Osvaldo Duarte. Fonte: https://www.facebook.com/vozdacomunidadedourados

 

Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Bispo de Santos (SP)

 

POBRES EMPOBRECIDOS

no âmago de Jesus, no âmago da Igreja

Vamos vivenciar e celebrar o 9º Dia Mundial dos Pobres, antecedido pela Jornada Mundial dos Pobres: para um dia tão especial, uma semana de jornada, porque assim como a conversão é um processo de vida, para dar sentido ao Dia dos Pobres é necessário trilhar um caminho novo, de mudanças profundas no coração (sensibilidade humana), no pensamento (reflexões comprometidas) e nas ações (atitudes libertadoras). Quando a mudança profunda é iluminada pelo Espírito Santo ela se chama conversão. Os pobres clamam por nossa conversão.

Feliz iniciativa do Papa Francisco, que com a Jornada e o Dia Mundial dos Pobres, quis sacudir a humanidade para a realidade de penúria e de dignidade ferida, de milhões de pessoas na pobreza e na miséria. O Papa Leão continua essa ação chamando a todos para refletir sobre a expressão bíblica do Salmo 71,5: “Tu és a minha esperança”, porque, de fato, a muitos irmãos e irmãs pobres só resta a esperança, mas quando a descobrem, descobrem também que ainda têm tudo para continuarem na luta pela vida dia após dia.

O Dia dos Pobres, no entanto, não é propriamente um dia de homenagem a eles, ou de entrega de algumas marmitas sob clicks fotográficos, ou ainda de cuidados de higiene, o que deve ser feito cotidianamente – porque cotidianamente todos precisam comer, lavar-se, morar, trabalhar – num grande mutirão de solidariedade e fraternidade, mas é uma oportunidade de aproximação para se deixar evangelizar pelos pobres e com eles assumir o compromisso com suas causas por emprego, moradia, saúde, educação, mobilidade, lazer, cultura. Como tudo isso é feito na perspectiva do Reino de Deus, motivado pela fé cristã, tudo isso ganha sabor espiritual, torna-se experiência da presença do Senhor que encontramos nos pobres.

Cristo os elegeu. Eles elegeram a Cristo. Escolheram-se mutuamente, por isso não há disputa entre eles para ocuparem o lugar central, porque onde está um está o outro. Isso se dá ainda mais explicitamente quanto lembramos que, de modo especial, foram os pobres que acolheram a Jesus e sua mensagem do Reino de Deus, e dentre os pobres aqueles anawin, os pobres do Senhor, os que depositaram toda a sua confiança em Deus e em mais nada. Esses apontam para os irmãos e irmãs que vivem nas ruas de todo o mundo, ocupando, sim, o último lugar.

O Dia Mundial dos Pobres chama-nos à consciência de suas fragilidades e clama pelo cuidado dos fragilizados. Mas precisamos ir adiante, para que não pequemos por hipocrisia: sabemos quem são os pobres e o que padecem, todavia, devemos saber também as causas de sua pobreza e miséria, para que atuemos, em múltiplas parcerias, com vigor e rigor, sobre a economia que mata, já que o sistema social e econômico é injusto na sua raiz. Assim como o bem tende a difundir-se, assim também o mal consentido, que é a injustiça , tende a expandir a sua força nociva e a minar, silenciosamente, as bases de qualquer sistema político e social (Cf. Evangelii Gaudium 53 e 59).

A esperança cristã comporta a conjugação de duas forças, a da indignação diante de realidades de sofrimento e a da coragem, para iniciar processos novos para compor novas realidades, novos céus e nova terra (Cf. Is 65,17-18; Ap 21,1-5).

O caminho dos pobres não é exclusivista, pois é o caminho para todos. Dê o seu primeiro passo neste caminho envolvendo-se na Jornada e no Dia Mundial dos pobres. Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

1) Oração

Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 20-25)

Naquele tempo, 20Os fariseus perguntaram um dia a Jesus quando viria o Reino de Deus. Respondeu-lhes: O Reino de Deus não virá de um modo ostensivo. 21Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está no meio de vós. 22Mais tarde ele explicou aos discípulos: Virão dias em que desejareis ver um só dia o Filho do Homem, e não o vereis. 23Então vos dirão: Ei-lo aqui; e: Ei-lo ali. Não deveis sair nem os seguir. 24Pois como o relâmpago, reluzindo numa extremidade do céu, brilha até a outra, assim será com o Filho do Homem no seu dia. 25É necessário, porém, que primeiro ele sofra muito e seja rejeitado por esta geração. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

O evangelho de hoje traz uma discussão entre Jesus e os fariseus sobre o momento da vinda do Reino. Os evangelhos de hoje e dos próximos dias tratam da chegada do fim dos tempos.

 

Lucas 17,20-21: O Reino no meio de nós

“Os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: "O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: Está aqui ou: está ali, porque o Reino de Deus está no meio de vocês". Os fariseus achavam que o Reino só poderia vir depois que povo tivesse chegado à perfeita observância da Lei de Deus. Para eles, a vinda do Reino seria a recompensa de Deus pelo bom comportamento do povo, e o messias viria de maneira bem solene como um rei, recebido pelo seu povo. Jesus diz o contrário. A chegada do Reino não pode ser observada como se observa a chegada dos reis da terra. Para Jesus, o Reino de Deus já chegou! Já está no meio de nós, independente do nosso esforço ou mérito. Jesus tem outro modo de ver as coisas. Tem outro olhar para ler a vida. Ele prefere o samaritano que vive na gratidão aos nove que acham que merecem o bem que recebem de Deus (Lc 17,17-19).

 

Lucas 17,22-24: Sinais para reconhecer a vinda do Filho do Homem

"Chegarão dias em que vocês desejarão ver um só dia do Filho do Homem, e não poderão ver. Dirão a vocês: 'Ele está ali' ou: 'Ele está aqui'. Não saiam para procurá-lo. Pois como o relâmpago brilha de um lado a outro do céu, assim também será o Filho do Homem”. Nesta afirmação de Jesus existem elementos que vem da visão apocalíptica da história, muito comum nos séculos antes e depois de Jesus. A visão apocalíptica da história tem a seguinte característica. Em épocas de grande perseguição e de opressão, os pobres têm a impressão de que Deus perdeu o controle da história. Eles se sentem perdidos, sem horizonte e sem esperança de libertação. Nestes momentos de aparente ausência de Deus, a profecia assume a forma de apocalipse. Os apocalípticos, procuram iluminar a situação desesperadora com a luz da fé para ajudar o povo a não perder a esperança e para continuar com coragem na caminhada. Para mostrar que Deus não perdeu o controle da história, eles descrevem as várias etapas da realização do projeto de Deus através da história. Iniciado num determinado momento significativo no passado, este projeto de Deus avança, etapa após etapa, através da situação presente vivida pelos pobres, até à vitória final no fim da história. Deste modo, os apocalípticos situam o momento presente como uma etapa já prevista dentro do conjunto mais amplo do projeto de Deus. Geralmente, a última etapa antes da chegada do fim costuma ser apresentada como um momento de sofrimento e de crise, do qual muitos tentam se aproveitar para iludir o povo dizendo: “Ele está ali' ou: 'Ele está aqui'. Não saiam para procurá-lo. Pois como o relâmpago brilha de um lado a outro do céu, assim também será o Filho do Homem” Tendo olhar de fé que Jesus comunica, os pobres vão poder perceber que o reino já está no meio deles (Lc 17,21), como relâmpago, sem sombra de dúvida. A vinda do Reino traz consigo sua própria evidência e não depende dos palpites e prognósticos dos outros.

 

Lucas 17,25: Pela Cruz até à Glória

“Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”. Sempre a mesma advertência: a Cruz, escândalo para judeus e loucura para os gregos, mas para nós expressão da sabedoria e do poder de Deus (1Cor 1,18.23). O caminho para a Glória passa pela cruz. A vida de Jesus é o nosso cânon, é a norma canônica para todos nós.

 

4) Para um confronto pessoal

 1) Jesus diz: “O reino está no meio de vós!” Você já encontrou algum sinal da presença do Reino em sua vida, na vida do seu povo ou na vida da sua comunidade?

2) A cruz na vida. O sofrimento. Como você vê o sofrimento, o que faz com ele?

 

5) Oração final

O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos oprimidos, dá alimento a quem tem fome. O Senhor livra os prisioneiros. (Sl 145, 6b-7)