Ela disse ainda que ele deveria 'pagar pela língua' sendo responsabilizado pelo que falou. Após a situação, o padre usou as redes sociais da paróquia para pedir desculpas.

‘Deve ser um casal pobre’, diz padre ao reclamar de decoração de casamento em Sergipe

 

Por g1 SE

Padre reclama da decoração de igreja para casamento

Um dia após a repercussão do vídeo de um padre criticando o tapete da decoração de um casamento e chamando os noivos de pobres, no município de Boquim (SE), o g1, ouviu a mãe do noivo, a agricultora Juciara de Jesus. A fala do padre aconteceu em uma missa pouco antes do casamento, no último sábado (6).

Bastante indignada com o que aconteceu, ela confirmou que as declarações do padre foram feitas antes do casamento, que também foi celebrado por ele. No entanto, ela soube da fala do sacerdote sobre os noivos somente um dia depois. “Se eu soubesse antes, eu ia parar o casamento, ia pedir a ele para não casar o meu filho, porque eu tenho mais educação do que ele”, disse Juciara.

Juciara disse também que não tem raiva do padre, mas espera uma punição para o sacerdote.

“Ele deveria ser suspenso de celebrar casamentos por um tempo. Eu não tenho raiva dele, mas ele precisa ser punido por causa da língua dele. Criei meus filhos na roça, longe de drogas e tenho muito orgulho da criação que dei ”, disse.

Ela disse ainda que o filho e a esposa ficaram muito abalados com a fala do padre e com a repercussão da situação. “A igreja deveria pagar um psicólogo para eles. São dois jovens. Ele tem 20 anos e ela 19. Os dois se conheceram na escola”, falou.

O g1, também procurou a família da noiva. O pai dela, que preferiu não ser identificado, disse que a filha está mais tranquila. Ainda de acordo com ele, ela está grávida de oito meses, e o foco agora é que ela tenha a criança longe do estresse que essa situação já provocou.

Ele disse também que já conversou com o padre e reforçou que o sacerdote precisa ser responsabilizado pelo que disse. “Queria que ele se desculpasse por ter chamado a nossa família de pobre. Contratamos uma das melhores decoradoras de Boquim, um dos melhores fotógrafos e isso não é coisa que um padre deva falar”, finalizou.

 

O que disse o padre

Após o vídeo com a sua fala circular nas redes sociais, o padre se manifestou em uma rede social da paróquia para pedir desculpas pelo ocorrido. Segundo ele, a intenção era reforçar para que o sacristão tivesse cuidado com as ornamentações utilizadas nas missas e casamentos para que não colocasse em risco a vida das pessoas.

"Certamente a família pagou um preço alto e fizeram essa arrumação. Quando eu disse certamente que devem ser pessoas simples ou pobres não estava discriminado ninguém, afinal de contas minha vida de sacerdote é acolher e defender os pobres. Peço publicamente aos familiares do noivo e da noiva e às pessoas que divulgaram esse vídeo, peço perdão se feri não fui compreendido, entendido ou se falei palavras que feriram alguém. Publicamente ao bispo e a toda a diocese peço perdão “, disse o padre. Fonte: https://g1.globo.com

 Treze sacerdotes e um religioso foram assassinados em 2023, embora metade tenha sido morto por motivos aparentemente não relacionados à perseguição; as prisões aumentaram, mas os sequestros de clérigos e religiosos caíram em comparação com 2022, no entanto continua sendo uma séria preocupação, especialmente na África; regimes autoritários mantém repressão à Igreja.

Cristãos protestam contra a violência em Peshawar, Paquistão (Photo by Epa/Bilawal Arbab)  (ANSA)

 

Por Marcio Martins, Ajuda à Igreja que Sofre

De acordo com os números levantados pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, um total de 132 padres e religiosos católicos foram presos, sequestrados ou assassinados durante 2023. Isso representa um aumento em relação aos 124 em 2022. Estes são, no entanto, os casos confirmados, o número poderia ser maior, uma vez que em alguns países é difícil obter informações confiáveis. Destes, 86 foram presos ou detidos em algum momento durante 2023.

Alguns dos padres e religiosos já haviam sido presos ou sequestrados antes do início do ano, mas permaneceram sob custódia ou ficaram desaparecidos por parte ou todo o ano de 2023. Isso se compara a 55 que estavam presos em algum momento de 2022. 

Nicarágua e Belarus lideram a lista de regimes autoritários que recorreram à detenção de padres e religiosos para punir a Igreja por se manifestar contra injustiças e violações de direitos humanos, ou simplesmente por tentar operar livremente.

Um total de 46 clérigos foram presos em algum momento durante 2023 na Nicarágua, incluindo dois bispos e quatro seminaristas, enquanto outros, incluindo religiosas como as Missionárias da Caridade, foram expulsos do país ou recusaram a reentrada depois de estarem no exterior. Muitos dos padres que haviam sido presos acabaram sendo libertados ou enviados para o exílio, mas uma grande repressão nas últimas duas semanas de dezembro levou à prisão de pelo menos 19 clérigos, incluindo o bispo Isidoro de Carmen Mora Ortega, de Siúna. Dois dos padres foram libertados mais tarde, mas os restantes 17, mais o bispo Rolando Alvarez, que foi preso em agosto de 2022 e depois condenado a 26 anos de prisão, permanecem sob custódia.

Mesmo que provar a informação seja quase impossível, os números da ACN apontam para 20 casos de clérigos presos em algum momento de 2023 na China, alguns dos quais permanecem desaparecidos depois de muitos anos. Mas o número real pode ser maior, ou até um pouco menor, já que alguns padres ou bispos podem ter sido divulgados sem que detalhes fossem divulgados.

Outro país que recorreu a detenções para silenciar padres é a Belarus, onde pelo menos 10 foram detidos pelas autoridades em algum momento, com três ainda atrás das grades quando o ano se aproximava do fim.

Os padres Ivan Levitskyi e Bohdan Heleta, os dois padres greco-católicos que foram presos na Ucrânia em 2022 pelas forças russas de ocupação, também ainda não foram libertados.

E na Índia, onde as leis anticonversão continuam a ser usadas para tentar impedir o trabalho de organizações católicas, pelo menos seis foram presos ao longo do ano, incluindo uma irmã religiosa. Todos já foram libertados, embora alguns ainda enfrentem acusações que podem levar a penas de prisão.

 

Mesmo em diminuição, número de sequestros preocupa

O número de padres ou religiosas sequestrados em 2023 caiu de 54 em 2022 para 33, mas continua significativo. Este número inclui cinco padres que foram raptados em anos anteriores, mas permaneceram nas mãos dos seus raptores ou ficaram desaparecidos  em 2023, como o padre Hans-Joachim Lohre, que foi raptado no Mali em 2022 e libertado em novembro de 2023.

A Nigéria lidera a lista de longe, com 28 casos, incluindo três religiosas, enquanto o único outro país com múltiplos casos foi o Haiti, com dois. Outros países onde padres foram sequestrados incluem Mali e Burkina Faso, enquanto na Etiópia uma irmã religiosa foi sequestrada.

Houve um caso na Nigéria de um monge que foi assassinado por seus sequestradores, caso contrário, a grande maioria dos sequestrados acabou sendo libertada, com exceção de quatro padres: John Bako Shekwolo, da Nigéria, e Joël Yougbaré, de Burkina Faso, que estão desaparecidos desde 2019, e Joseph Igweagu e Christopher Ogide, ambos da Nigéria.  desaparecidos desde 2022.

Este é o segundo ano em que a ACN rastreia todos os casos de sequestros, assassinatos e prisões de clérigos e religiosos católicos em todo o mundo. Em relação às prisões, a ONG internacional rastreia apenas aquelas que estão relacionadas à perseguição, e não a casos comprovados de crime comum. Casos relacionados a membros de outras confissões também não são considerados na lista.

 

Nigéria registra maior número de assassinatos

Tragicamente, em 2023, muitos cristãos, especialmente clérigos e religiosos, pagaram um preço alto por seu compromisso com o bem comum, os direitos humanos, a liberdade religiosa e a liberdade das comunidades e nações que servem. Em 2023, foram registrados 14 assassinatos, incluindo 11 padres, um bispo, um irmão religioso e um seminarista. Isso representa uma queda em relação aos 18 registrados em 2022. Até onde a ACN pôde apurar, nenhuma religiosa foi assassinada este ano.

Sete dos assassinatos ocorreram em circunstâncias que não eram claras ou não estavam diretamente relacionadas a qualquer incidente confirmado de perseguição. Estes incluíam um bispo e um padre nos EUA, um padre na Colômbia, um padre no México, um irmão religioso nos Camarões, um padre no Burkina Faso e um padre na Nigéria.

Das outras sete mortes diretamente relacionadas à perseguição, a Nigéria novamente tem o maior número da lista, com três. O padre Isaac Achi foi brutalmente assassinado em janeiro, quando não conseguiu escapar de sua residência, que pegou fogo após um ataque, e o seminarista Na'aman Danlami teve exatamente o mesmo destino, mas em setembro. Logo depois, em outubro, Godwin Eze, um beneditino que havia sido sequestrado junto com dois colegas noviços, foi assassinado por seus sequestradores.

Alguns dos assassinatos foram classificados como sendo por motivos de perseguição, apesar dos motivos obscuros dos assassinos. Pamphili Nada foi morto na Tanzânia por um homem com problemas mentais. No México, o padre Javier García Villafaña foi encontrado morto a tiros em seu carro por agressores desconhecidos, em uma região onde o crime organizado é comum e aqueles que se manifestam contra ele são frequentemente alvos de cartéis de drogas. E, em dezembro, um padre belga idoso chamado Leopold Feyen, conhecido localmente como Pol, foi morto a facadas por homens armados que invadiram sua casa na República Democrática do Congo, onde serviu por décadas.

 

Sobre a ACN (Ajuda à Igreja que Sofre)

A Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, sigla em inglês) é uma Fundação Pontifícia que auxilia a Igreja por meio de informações, orações e projetos de ajuda a pessoas ou grupos que sofrem perseguição e opressão religiosa e social ou que estejam em necessidade. Fundada no Natal de 1947, a ACN tornou-se uma Fundação Pontifícia da Igreja em 2011. Todos os anos, a instituição atende mais de 5.000 pedidos de ajuda de bispos e superiores religiosos em cerca de 130 países, incluindo: formação de seminaristas, impressão de Bíblias e literatura religiosa - incluindo a Bíblia da Criança da ACN com mais de 51 milhões de exemplares impressos em mais de 190 línguas; apoia padres e religiosos em missões e situações críticas; construção e restauração de igrejas e demais instalações eclesiais; programas religiosos de comunicação; e ajuda aos refugiados e vítimas de conflitos. Fonte: https://www.vaticannews.va

 

Dom Anuar Battisti

Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

 

A festa da Epifania – do grego epifanein, “manifestar” – que a Igreja celebra hoje, remonta aos primórdios da era cristã. Ela celebra um mistério multiforme, o de Cristo Luz. De fato, todas as celebrações do Tempo de Natal giram ao redor da manifestação luminosa de Jesus. Ele se manifesta primeiramente ao encarnar-se no seio de Maria, depois de aparecer aos pastores – Natal, Missa da Aurora –, aos reis magos – Epifania –, ao ser batizado no Rio Jordão – Batismo do Senhor e 2º. Domingo do Tempo Comum – Anos A e B – e, finalmente, em Caná da Galiléia – 2º. Domingo do Tempo Comum do Ano C – iniciando com seu primeiro milagre a manifestação de seu ministério público, que culminará na Páscoa, suma manifestação do Salvador. 

Celebrando esta Vigília da Epifania, manifestação de jesus como luz para todos os povos, nos juntamos aos magos do Oriente que foram adorá-lo. Nesta assembléia reunida, Corpo de Cristo, vemos a glória do Senhor que se manifesta em todas as pessoas que o buscam.  

Prezados irmãos, 

Na primeira leitura – Is 60,1-6 –anuncia a Jerusalém a chegada da luz salvadora de Deus. Essa luz transfigurará o rosto da cidade, iluminará o regresso a casa dos exilados na Babilónia e atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo. O autor apresenta Jerusalém como luz que se opõe às trevas, porque nela brilha a glória do Senhor. No meio das trevas, a presença divina faz brilhar nova esperança, aurora de novo amanhecer, que atrai os povos. O autor deseja animar o povo, prostrado por tantos problemas e dificuldades. Do meio de sua glória, Deus quer iluminar o caminho de cada um de seus filhos e filhas. É o grande convite de alegria e de esperança a quem vive os desafios do dia a dia. 

Caros irmãos, 

Na segunda leitura – Ef 3,2-3a.5-6 – apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a comunidade de Jesus. O anúncio do mistério da salvação é um anúncio jubiloso, porue fala aos corações endurecidos pelo individualismo e pela indiferença. Deus não discrimina, mas acolhe. Todos são destinatários da salvação trazida por Cristo. 

Amados irmãos, 

No Evangelho – Mt 2,1-12 – vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm uns “magos” do oriente, que representam todos os povos da terra… Atentos aos sinais da chegada do Messias, esses “magos” procuram-n’O com esperança até O encontrar, reconhecem n’Ele a “salvação de Deus” e aceitam-n’O como “o Senhor”. A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se agora um dom que Deus oferece a todos os homens, sem exceção. 

O Evangelho se inicia com a chegada em Jerusalém dos magos, indicando que eles, nãos os anjos, como no Evangelho de Lucas, são os anunciadores do nascimento do Rei dos judeus. Os magos percorreram um caminho árduo e longo – o caminho da fé – para encontrar e adorar o Menino Jesus. O rei pagão, Herodes, deseja matar e se livrar do “Rei dos judeus”, o tão esperando Messias! Mateus, deseja com este episódio mostrar, em prefiguração, o complô das autoridades judaicas que levará Jesus à morte na Cruz. É importante que se tenha claro: quem eliminou Jesus não foi “todo o povo judeu”, mas suas lideranças. Elas que incitaram as multidões a pedir a morte de Jesus. Por outro lado, os magos representam os pagãos que, junto com os judeus convertidos a Jesus, formavam e faziam parte da primeira comunidade cristã, que acolheu Jesus como o Messias de Israel. Eles prostraram-se diante de Jesus e ofereceram seus dons, reconhecendo-o como seu Rei – ouro –, Senhor – incenso – e Messias, Servo sofredor – mirra. Avisados em sonho, retornaram às suas terras por outro caminho. 

Nós temos hoje – no Evangelho – duas posições diante do nascimento do Menino: os poderosos e a elite de seu tempo se opõem, tentando destruir os planos de Deus; o povo simples e desprezado, que não detém o poder, deixa-se guiar pela estrela de Belém e abraça os planos divinos que, preanunciam o amanhecer de uma nova era. Desde o início, Jesus torna-se sinal de contradição. A estrela ilumina o caminho que conduz o recém-nascido. Hoje é o próprio Cristo que ilumina o caminho de Deus. 

Para revelar-se ao mundo, Deus escolheu revelar-se ao coração de cada um de nós. Abrir-nos esse amor que se revela é encontrar a Deus em nossos irmãos, sobretudo nos memores e indefesos, como o recém-nascido de Belém. 

Vamos adorar o Salvador, Deus Menino! Quem procura por Jesus, o reconhece e o adora nunca volta a Herodes e às suas tramas de poder e morte! Quem seguiu e segue a Luz de Jesus, Rei e Senhor, é iluminado e não deseja – evita – as trevas da enganação, da mentira, da violência, do pecado e da morte. Cristo, Luz da Luz, quem guiou os magos do Oriente até a manjedoura e depois os levou por outro caminho nos pede que todos possamos adorar ao Rei Jesus! Fonte: https://www.cnbb.org.br 

 

Luisa Arraes, padre Júlio Lancellotti e Dira Paes — Foto: Reprodução

 

Diante da eventual abertura da CPI das ONGs na Câmara dos Vereadores de São Paulo, cujo alvo principal é a atuação do padre Júlio Lancellotti com a população de rua, várias personalidades foram às redes sociais. Elas se manifestaram em apoio ao religioso.

É o caso de Dira Paes. Em sua conta no Instagram, a atriz escreveu: "Querer criminalizar toda manifestação social que busca diminuir a pobreza e mazelas dos mais necessitados, é perseguição. É um ódio que se estende também a quem solidariza e atua nessas frentes, como está acontecendo covardemente com o Padre Júlio Lancellotti em São Paulo."

Ela complementou: "Quantos mais estão sendo perseguidos no Brasil? Qual o propósito? Quais os argumentos reais para abertura dessa CPI? Nenhum. Como ativista dos direitos humanos me solidarizo totalmente ao lado do Padre Julio Lancellotti e o parabenizo pela sua atuação hercúlea em prol daqueles que estão em situação de rua. Vamos ajudá-lo a continuar fazendo esse trabalho tão importante e fundamental para amenizar os desafios daqueles que precisam do pão de cada dia e um abraço amigo."

Na última quarta-feira (3), o vereador Rubinho Nunes (União) afirmou ter conseguido o número de assinaturas necessário para criar a CPI. Ele acusa o padre Júlio Lancellotti de ser parceiro das ONGs Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e Craco Resiste, que fazem trabalhos com população de rua e dependentes químicos da cracolândia da região central da cidade. Fonte: https://oglobo.globo.com

OUTRO LADO: Pároco afirma que já foi vítima de acusações falsas forjadas por integrantes do MBL

 

Padre Julio Lancellotti, na pré-estreia do filme "Irmã Dulce" Bruno Poletti - 18.nov.2014/FolhapressMAIS 

 

Manoella Smith

O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), afirma ter recebido acusações "de extrema gravidade" contra o padre Júlio Lancellotti e que elas serão levadas ao Vaticano.

Apesar de afirmar que são graves, Milton Leite não diz a que se referem. Os ataques de vereadores ao religioso têm recebido críticas de diversos setores da sociedade.

O pároco é alvo da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das ONGs, proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que pode ser instalada a partir de fevereiro na Casa. O presidente da Câmara diz que não irá comentar a iniciativa até que os fatos sejam esclarecidos.

"Peço um pouco de paciência. Vou aguardar que a primeira denúncia contra o padre chegue ao Vaticano, que está sendo providenciada. Tanto lá quanto no Ministério Público estadual [de São Paulo] e na CNBB [Confederação Nacional dos Bispos do Brasil]", afirma Leite à coluna.

"Quando as denúncias contra ele, que são de extrema gravidade, forem protocoladas, vou me manifestar. Até lá, eu vou aguardar a reunião do colégio de líderes [que ocorrerá no retorno do recesso do Legislativo paulistano]."

Procurado pela coluna, o padre Júlio enviou reportagem da revista Piauí, publicada em 2022, que revelou que integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre) usaram um perfil falso para forjar uma acusação de pedofilia contra o pároco.

A trama visava turbinar a candidatura do hoje ex-deputado Arthur Do Val, o Mamãe Falei, a prefeito, segundo relatos dados à Piauí. O vereador Rubinho Nunes já foi integrante do MBL, mas deixou o movimento em outubro de 2022.

À coluna o autor da CPI diz que recebeu novas acusações após a repercussão do caso.

"Recebi denúncias graves e solicitei a peritagem do material. Depois que eu tiver laudo de especialistas atestando a veracidade [do conteúdo] é que eu vou levar o caso às competências superiores", afirma Rubinho, sem revelar o teor das acusações.

"Do contrário, todo o material será destruído, para que ninguém tenha acesso. Não tenho interesse em prejudicar a imagem de ninguém, muito menos da Igreja Católica, pela qual tenho profundo respeito."

Nunes protocolou o pedido de abertura da CPI em dezembro, com assinaturas de 24 vereadores, e recebeu sinalização positiva de parte da cúpula da Câmara sobre sua instalação em fevereiro.

Nesta semana, diante da forte repercussão contra a comissão, alguns deles passaram a retirar o apoio. Como mostrou a Folha, ao menos sete parlamentares já retiraram suas assinaturas. A proposta de criação da comissão ainda precisa ser apreciada no colégio de líderes e em plenário para que seja instalada. Até mesmo o presidente Lula (PT) saiu em defesa do padre Júlio.

O petista afirmou que graças a Deus "o país tem pessoas como o religioso" e que o trabalho dele e o da Diocese de São Paulo são "essenciais" para assistir a população em situação de vulnerabilidade social.

Como mostrou o Painel, a Arquidiocese de São Paulo disse na noite de quarta (3) que acompanha a ofensiva "com perplexidade".

Na CPI, Rubinho Nunes pretende investigar o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecido como Bompar, e o coletivo Craco Resiste. Ambos atuam junto à população em situação de rua e a dependentes químicos da região central da cidade, assim como o padre Júlio.

A Bompar é uma entidade filantrópica ligada à Igreja Católica e que já teve o padre Júlio como conselheiro. Já a Craco Resiste atua contra a violência policial na região da cracolândia.

Em dezembro, o pároco disse ao Painel que não tem qualquer incidência sobre as entidades e não atua em projetos conjuntos com elas. Ele ainda afirmou que não é do conselho da Bompar há 17 anos e que ocupava uma posição sem remuneração no conselho deliberativo da entidade.

com BIANKA VIEIRA (interina), KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, pela vinda do vosso Filho, vos manifestastes em nova luz. Assim como ele quis participar da nossa humanidade, nascendo da Virgem, dai-nos participar de sua vida no Reino. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (João 1, 43-51)

43No dia seguinte, tinha Jesus a intenção de dirigir-se à Galiléia. Encontra Filipe e diz-lhe: Segue-me. 44(Filipe era natural de Betsaida, cidade de André e Pedro.) 45Filipe encontra Natanael e diz-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei e que os profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José. 46Respondeu-lhe Natanael: Pode, porventura, vir coisa boa de Nazaré? Filipe retrucou: Vem e vê. 47Jesus vê Natanael, que lhe vem ao encontro, e diz: Eis um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade. 48Natanael pergunta-lhe: Donde me conheces? Respondeu Jesus: Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas debaixo da figueira. 49Falou-lhe Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel. 50Jesus replicou-lhe: Porque eu te disse que te vi debaixo da figueira, crês! Verás coisas maiores do que esta. 51E ajuntou: Em verdade, em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.

 

3) Reflexão  - Jo 1, 43-51

Jesus voltou para a Galiléia. Encontrou Filipe e o chamou: "Segue-me!" O objetivo do chamado é sempre o mesmo: "seguir Jesus". Os primeiros cristãos fizeram questão de conservar os nomes dos primeiros discípulos. De alguns conservaram até os apelidos e o nome do lugar de origem. Filipe, André e Pedro eram de Betsaida (Jo 1,44). Natanael era de Caná (Jo 22,2). Hoje, muitos esquecem os nomes das pessoas que estão na origem da sua comunidade. Lembrar os nomes é uma forma de conservar a identidade.

Filipe encontra Natanael e fala com ele sobre Jesus: "Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas! É Jesus, o filho de José, de Nazaré!" Jesus é aquele para o qual apontava toda a história do Antigo Testamento.

Natanael pergunta: "De Nazaré pode vir coisa boa?" Possivelmente, na pergunta dele transparece a rivalidade que costuma existir entre as pequenas aldeias de uma mesma região: Caná e Nazaré. Além disso, conforme o ensinamento oficial dos escribas, o Messias viria de Belém na Judéia. Não podia vir de Nazaré na Galiléia (Jo 7,41-42). André dá a mesma resposta que Jesus tinha dado aos outros dois discípulos: "Venha e veja você mesmo!" Não é impondo, mas sim vendo que as pessoas se convencem. Novamente, o mesmo processo: encontrar, experimentar, partilhar, testemunhar, conduzir até Jesus!

Jesus vê Natanael e diz: "Eis um israelita autêntico, sem falsidade!" E afirma que já o conhecia quando estava debaixo da figueira. Como é que Natanael podia ser um "israelita autêntico" se ele não aceitava Jesus como messias? Natanael "estava debaixo da figueira". A figueira era o símbolo de Israel (cf. Mq 4,4; Zc 3,10; 1Rs 5,5). Israelita autêntico é aquele que sabe desfazer-se das suas próprias idéias quando percebe que elas estão em desacordo com o projeto de Deus. O israelita que não está disposto a fazer esta conversão não é autêntico nem honesto. Natanael é autêntico. Ele esperava o messias de acordo com o ensinamento oficial da época (Jo 7,41-42.52). Por isso, inicialmente, não aceitava um messias vindo de Nazaré. Mas o encontro com Jesus ajudou-o a perceber que o projeto de Deus nem sempre é do jeito que a gente o imagina ou deseja. Ele reconhece o seu engano, muda de idéia, aceita Jesus como messias e confessa: "Mestre, tu és o filho de Deus, tu és o rei de Israel!" A confissão de Natanael é apenas o começo. Quem for fiel, verá o céu aberto e os anjos subindo e descendo sobre o Filho do Homem.  Experimentará que Jesus é a nova ligação entre Deus e nós, seres humanos. É a realização do sonho de Jacó (Gn 28,10-22).

 

4) Para um confronto pessoal

1) Qual o título de Jesus de que você mais gosta? Por que?

2) Teve intermediário entre você e Jesus?

 

5) Oração final

O Senhor é bom, sua misericórdia é eterna e sua fidelidade se estende de geração em geração. (Sl 99, 5)

Veja lista de vereadores que assinaram CPI das ONGs que quer investigar o padre Júlio Lancellotti

Requerimento protocolado pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil) contou com o apoio de 19 colegas de nove partidos diferentes

 

 

Padre Júlio Lancelotti em evento do governo federal em Brasília. Foto: José Cruz / Agência Brasil

 

Por Samuel Lima

04/01/2024 | 16h08Atualização: 04/01/2024 | 18h24Correção: 04/01/2024 | 18h24

O pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia teve o apoio inicial de 22 vereadores da Câmara Municipal de São Paulo. Pelo menos quatro, porém, anunciaram que vão retirar seus nomes. Além do autor da proposta, Rubinho Nunes (União Brasil), parlamentares de nove partidos assinaram o requerimento no dia 6 de dezembro (veja a lista abaixo). O padre Júlio Lancelotti deve ser um dos principais alvos da CPI das ONGs caso ela seja instalada.

O documento mostra a assinatura do líder do governo, o vereador Fábio Riva (PSDB), responsável pela articulação do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na Câmara. Ao todo, seis vereadores tucanos, de um total de oito, concordaram em apoiar o pedido. O PSDB é o maior fiador da empreitada, seguido por União Brasil e PL, com três cada; e Republicanos, com duas. Podemos, MDB, Solidariedade, PSD e Progressistas também cederam assinaturas.

 

Adilson Amadeu (União Brasil)

Beto do Social (PSDB)

Fábio Riva (PSDB)

Fernando Holiday (PL)

Gilson Barreto (PSDB)

Isac Félix (PL)

João Jorge (PSDB)

Jorge Wilson Filho (Republicanos)

Major Palumbo (Progressistas)

Milton Ferreira (Podemos)

Nunes Peixeiro (MDB)

Rodrigo Goulart (PSD)

Rubinho Nunes (União Brasil), autor da proposta

Rute Costa (PSDB)

Sansão Pereira (Republicanos)

 

Outros quatro vereadores assinaram o requerimento, mas confirmaram ao Estadão que decidiram retirar seus apoios e devem votar contra a instalação do colegiado. Eles alegam que foram enganados, pois o requerimento não falava em investigar o padre Júlio Lancellotti. São eles: Sidney Cruz (Solidariedade), Thammy Miranda (PL), Sandra Tadeu (União Brasil) e Xexéu Tripoli (PSDB).

O Estadão obteve a lista de nomes por meio do requerimento de abertura da CPI, disponível publicamente no site da Câmara Municipal de São Paulo. As assinaturas contam com uma identificação informal, feita à mão, abaixo delas. Não foi possível identificar três grafias. O documento não garante a instalação do grupo, que precisa ser aceito na pauta pelo Colégio de Líderes e aprovado por maioria simples, de 28 votos, em plenário.

O autor do pedido de CPI das ONGs, Rubinho Nunes, acusa organizações como a Craco Resiste e o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, de promoverem uma “máfia da miséria”, que recebe dinheiro público para “explorar os dependentes químicos do centro da capital”. O padre já foi conselheiro do Bompar e desenvolve um dos principais trabalhos sociais na capital paulista.

Segundo o vereador, essas organizações recebem dinheiro público para distribuir alimentos, kit de higiene e itens para o uso de drogas, prática conhecida como política de redução de danos, à população em situação de rua, o que, argumenta ele, gera um “ciclo vicioso” no qual o usuário de ] não consegue largar o vício. Ele alega ter o apoio necessário para emplacar a ação em fevereiro.

A Craco Resiste, um dos alvos do vereador, informou que não é uma ONG, e sim um projeto de militância que atua na região da Cracolândia para reduzir danos a partir de vínculos criados por atividades culturais e de lazer. “Quem tenta lucrar com a miséria são esses homens brancos cheios de frases de efeito vazias que tentam usar a Cracolândia como vitrine para seus projetos pessoais. Não é o primeiro e sabemos que não será o último ataque desonesto contra a Craco Resiste”, diz a entidade em nota divulgada nas redes sociais. A reportagem não conseguiu contato o Bompar.

A Arquidiocese de São Paulo reagiu com indignação à proposta. Em nota divulgada nesta quarta-feira, 3, a instituição afirmou que o padre Júlio Lancelotti “exerce importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade”.

Já o padre declarou ao Estadão que a instalação de CPIs para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor é uma ação legítima do Poder Legislativo, mas que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, e sim da Paróquia São Miguel Arcanjo.

A oposição já manifestou a intenção de barrar a CPI das ONGs. Em nota, o PT, que conta com uma bancada de oito vereadores, afirmou que a iniciativa é uma perseguição ao padre “símbolo da luta pelos direitos humanos, que tem sido uma voz incansável na defesa dos mais vulneráveis” e promete obstruir a proposta.

Correções

04/01/2024 | 18h24

A reportagem identificou uma das assinaturas como sendo do vereador Danilo do Posto (Podemos). O vereador, no entanto, afirmou que não assinou o pedido de abertura da CPI, e a sua assinatura de fato consta diferente em outros documentos públicos da Câmara. Fonte: https://www.estadao.com.br

1) Oração

Ó Deus, sede a luz dos vossos fiéis e abrasai seus corações com o esplendor da vossa glória, para reconhecerem sempre o Salvador e a ele aderirem totalmente. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (João 1, 35-42)

35No dia seguinte, estava lá João outra vez com dois dos seus discípulos. 36E, avistando Jesus que ia passando, disse: Eis o Cordeiro de Deus. 37Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. 38Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que procurais? Disseram-lhe: Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras? 39Vinde e vede, respondeu-lhes ele. Foram aonde ele morava e ficaram com ele aquele dia. Era cerca da hora décima. 40André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João e que o tinham seguido. 41Foi ele então logo à procura de seu irmão e disse-lhe: Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo). 42Levou-o a Jesus, e Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas (que quer dizer pedra).

 

3) Reflexão   (Jo 1, 35-42)

No evangelho de hoje, João Batista, novamente, aponta Jesus como “Cordeiro de Deus”. E dois dos seus discípulos, animados pelo próprio João, foram em busca de Jesus e perguntam: “Onde o senhor mora?”. Jesus responde: "Venham e vejam!" É convivendo com Jesus, que eles mesmos poderão verificar e confirmar se era isto que estavam buscando. O encontro confirmou a busca, pois os dois nunca mais esqueceram a hora do encontro. Quase setenta anos depois, João lembra: “Eram quatro horas da tarde!”

Quando uma pessoa é muito amada, ela costuma receber muitos apelidos, nomes ou títulos que expressam o carinho. No Evangelho de João, Jesus recebe muitos títulos e nomes que expressam o que ele significava para os primeiros cristãos. Estes nomes traduzem o desejo dos primeiros cristãos de conhecer melhor quem é Jesus para poder amá-lo com maior coerência. O quarto Evangelho é uma catequese muito bem feita. Os títulos e nomes de Jesus, que vão aparecendo durante os encontros e as conversas das pessoas com ele, fazem parte desta catequese. Eles ajudam os leitores e as leitoras a descobrir como e onde Jesus se revela nos encontros do dia-a-dia da vida. Ao longo dos seus 21 capítulos, através destes nomes e títulos, o evangelista João nos vai revelando quem é Jesus.

Também hoje, nossas comunidades devem poder dizer: "Venham e vejam!" É ver e experimentar para poder testemunhar. O apóstolo João escreve na sua primeira carta: "A vida se manifestou. Nós a vimos e dela damos testemunho!" (1Jo 1,2)

As pessoas que vão sendo chamadas professam a sua fé em Jesus através de títulos como: Cordeiro de Deus (Jo 1,36); Rabi (Jo 1,38); Messias ou Cristo (Jo 1,41); “aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas” (Jo 1,45); Jesus de Nazaré, o filho de José (Jo 1,45), Filho de Deus (Jo 1,49); Rei de Israel (Jo 1,49); Filho do Homem (Jo 1,51). São oito títulos em apenas quinze versos! A cristologia dos primeiros cristãos não começa com reflexões teóricas, mas com nomes e títulos que exprimem o carinho, o compromisso e o amor.

André descobriu que Jesus é o Messias. Ele gostou tanto do encontro, que partilhou sua experiência com o irmão e deu testemunho: "Encontramos o Messias!" Em seguida, conduziu o irmão até Jesus. Encontrar, experimentar, partilhar, testemunhar, conduzir até Jesus! É assim que a Boa Nova se espalha pelo mundo, até hoje! Conosco pode acontecer o que aconteceu com o irmão de André. No encontro com Jesus, ele teve seu nome mudado de Simão para Cefas (Pedra ou Pedro). Mudança de nome significa mudança de rumo. O encontro com Jesus pode produzir mudanças profundas na vida da gente. Deus queira!

 

4) Para um confronto pessoal

1) Como foi o chamado de Jesus em sua vida? Teve alguma mudança de rumo?

2) Você lembra a hora e o lugar de acontecimentos importantes da sua vida?

 

5) Oração final

Exultem em brados de alegria diante do Senhor que chega, porque ele vem para governar a terra. Ele governará a terra com justiça, e os povos com eqüidade. (Sl 97, 8-9)

Francisco recorda na mensagem de vídeo que "já nas primeiras comunidades cristãs, diversidade e unidade estavam muito presentes e numa tensão que deve ser resolvida a um nível superior. Mais ainda. Para avançar no caminho da fé necessitamos também do diálogo ecumênico com os irmãos e irmãs de outras confissões e comunidades cristãs".

 

Vatican News

"Pelo dom da diversidade na Igreja" é a intenção de oração do Papa Francisco, para o mês de janeiro, divulgada na mensagem de vídeo, nesta segunda-feira (02/01).

 

Como os primeiros cristãos

"Não devemos ter medo da diversidade de carismas na Igreja", ressalta Francisco. A diversidade de carismas, de tradições teológicas e de rituais é algo positivo. Nunca deve ser causa de divisão. "Pelo contrário, devemos alegrar-nos por vivenciar esta diversidade", diz o Papa na mensagem de vídeo. A seguir, Francisco recorda:

Já nas primeiras comunidades cristãs, diversidade e unidade estavam muito presentes e numa tensão que deve ser resolvida a um nível superior. Mais ainda. Para avançar no caminho da fé necessitamos também do diálogo ecumênico com os irmãos e irmãs de outras confissões e comunidades cristãs. Não como algo que confunde ou incomoda, mas como um dom que Deus dá à comunidade cristã para que cresça como um só corpo, o corpo de Cristo.

 

A riqueza das Igrejas orientais

A seguir, Francisco convida a pensar, por exemplo, nas Igrejas Orientais: "Têm as suas tradições próprias, ritos litúrgicos característicos, mas mantêm a unidade da fé. Reforçam-na, não a dividem".

Em comunhão com Roma, há numerosas Igrejas orientais, como são os católicos bizantinos, a Igreja Greco-católica ucraniana ou a Igreja Greco-melquita. Outros exemplos da diversidade de ritos no seio do catolicismo são a Igreja Siro-malabar e a Igreja Católica Siro-malancar, surgidas ambas na Índia; a Igreja Maronita, de origem libanesa; a Igreja Católica Copta, de origem egípcia; a Igreja Católica Armênia; a Igreja Caldeia, predominante no Iraque; assim como a Igreja Católica Etíope-Eritreia, entre outras.

Segundo o Papa, "se formos guiados pelo Espírito Santo, a riqueza, a variedade, a diversidade nunca provocam conflito. O Espírito recorda-nos que, acima de tudo, somos filhos amados de Deus. Todos iguais no amor de Deus e todos diferentes".

Rezemos ao Espírito para que nos ajude a reconhecer o dom dos diferentes carismas nas comunidades cristãs e a descobrir a riqueza das diferentes tradições rituais dentro da Igreja Católica.

 

Unidos diante da cruz

O fio condutor do Vídeo do Papa deste mês é a cruz, símbolo de unidade e diversidade: uma cruz que aparece nas portas, nas montanhas, nas igrejas, para mostrar a riqueza das diferentes comunidades cristãs, precisamente nas suas diferenças. “A cruz não é uma estaca dos romanos, mas o madeiro no qual Deus escreveu o seu Evangelho”, escreveu a poetisa Alda Merini; é muito mais que um objeto de devoção, em suma, o mistério de amor diante do qual se encontram todos os cristãos, para além da sua confissão, tradição e rito.

A videomensagem do Papa termina com a imagem de uma enorme cruz formada por milhares de cristãos de diversas origens, retomando metaforicamente o apelo do Santo Padre.

O mês de janeiro é marcado, no hemisfério norte, pela Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que neste ano se celebra com o lema “Amarás o Senhor teu Deus... e ao teu próximo como a ti mesmo” extraído do capítulo 10 versículo 27 do Evangelho de Lucas. Fonte: https://www.vaticannews.va

Medidas como permissão para bênção de casais de mesmo sexo mobilizam alas ligadas a antecessor de Francisco

 

Michele Oliveira

MILÃO

A recente e histórica decisão do Vaticano de liberar padres para abençoar casais do mesmo sexo provocou nova agitação entre a ala conservadora da Igreja Católica que faz oposição ao papa Francisco. Desde a morte de Bento 16, que completa um ano neste domingo (31), esse grupo vive uma disputa interna pelo legado de Joseph Ratzinger, um pontífice que defendeu até o fim a ortodoxia católica.

No último dia 18, o Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF), comandado pelo cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, publicou o documento "Fiducia supplicans", em que autoriza a bênção de casais descritos como "irregulares", categoria em que se enquadrariam homossexuais, divorciados e poligâmicos.

O texto, aprovado por Francisco, não altera a doutrina sobre o sacramento do matrimônio, somente permitido entre homem e mulher, e esclarece que a bênção não pode se parecer em nada com o rito do casamento.

Mesmo assim, nos dias seguintes, vieram as críticas. Figura expoente do grupo conservador, o cardeal alemão Gerhard Müller, prefeito emérito do DDF, dirigido por ele de 2012 a 2017, publicou uma nota em resposta no site católico americano The Pillar. Nela, afirma que o padre que abençoar casais "irregulares" estará cometendo um ato de sacrilégio e de blasfêmia.

"Abençoar uma realidade contrária à criação não é apenas impossível, é uma blasfêmia. Não se trata de abençoar as pessoas que 'vivem numa união que não pode de forma alguma ser comparada com o casamento', mas de abençoar a própria união que não pode ser comparada com o casamento", diz Müller, citando trecho do documento da Santa Sé.

Em outro momento, o alemão afirma que Deus não pode enviar "sua graça a uma relação que lhe é diretamente oposta". "Se essa bênção fosse dada, o seu único efeito seria confundir as pessoas que a recebem. Eles pensariam que Deus abençoou o que ele não pode abençoar", diz. Por fim, alerta que o critério de bênção "pastoral", como foi definida pelo Vaticano, poderia ser estendido também a "uma clínica de aborto ou a um grupo mafioso".

Outra reação negativa tem vindo do continente africano, ao qual o papa Francisco dedica especial atenção. Depois da declaração do Vaticano, a maioria dos bispos da Zâmbia e do Maláui anunciaram que não permitirão a padres fazerem a bênção a casais do mesmo sexo.

Nos Estados Unidos, onde no dia seguinte à declaração do Vaticano um padre abençoou um casal de homens em Nova York, a conferência de bispos divulgou uma nota sóbria em que chama a atenção para a diferença entre a bênção litúrgica e a bênção pastoral. "O ensinamento da Igreja sobre o casamento não mudou, e a declaração afirma isso", diz.

É justamente nos EUA que cresce, ano após ano, uma das maiores resistências às ações de Francisco. O papa, por sua vez, passou a reagir. Em novembro, por exemplo, ele demitiu o bispo Joseph Strickland da diocese de Tyler, no Texas. Dias depois, a imprensa italiana revelou que o Vaticano cortaria o salário e o aluguel em Roma pagos ao cardeal da ala tradicionalista Raymond Burke, crítico eloquente do processo sinodal de Francisco.

"Burke e Strickland pertencem a uma cultura parecida, mas são histórias muito diferentes", afirma à Folha Massimo Faggioli, professor de teologia histórica da Universidade de Villanova, nos EUA. "Strickland era mais exposto porque era responsável por uma diocese da qual saíram reclamações sobre sua forma de governar, principalmente na pandemia. Seu afastamento foi para proteger os católicos de lá, consequência de um processo."

Já o caso de Burke seria mais confuso. "Não está claro o que desencadeou essa decisão de Francisco, que pode ser uma faca de dois gumes. O risco é de restituir a Burke uma certa notoriedade", diz o professor. Aos 75, o religioso pode votar em conclaves até completar 80 anos —e, em teoria, também ser votado. Além disso, é próximo a um círculo de pessoas ricas nos EUA, onde tem acesso a recursos financeiros.

Tanto Burke quanto o cardeal Müller, 75, são personagens proeminentes entre os conservadores, mas não têm a mesma estatura teológica de Ratzinger nem perfil para unificar correntes. "Existem algumas vozes que querem ter essa função de herdeiro de Bento 16, mas que não têm a mesma credibilidade dele", diz.

Logo após o funeral de Ratzinger, em janeiro, Faggioli posicionava Müller em um plano mais destacado que os demais. Mas, quase um ano depois, vê-o mais atrelado a círculos americanos e menos como um candidato a porta-voz do legado de Bento 16.

Ao mesmo tempo, o professor inclui o cardeal húngaro Peter Erdo, 71, nessa lista de postulantes. "Ratzinger deixou muitos seguidores entre bispos, jovens padres e teólogos, mas no nível eclesiástico não deixou um herdeiro", avalia.

Depois de quase 11 anos de papado, Francisco moldou o colégio cardinalício à sua imagem. Atualmente, dos 134 que têm possibilidade de votar, por terem menos de 80 anos, 97 foram indicados pelo argentino, 28 pelo alemão e 9 por João Paulo 2º (1920-2005). Com o passar do tempo, Francisco vem superando o núcleo duro ratzingeriano.

Se os conservadores não possuem um nome universalmente reconhecido como porta-voz de Bento 16 –e, ao mesmo tempo, como alternativa a Francisco no próximo conclave–, o mesmo pode se dizer do campo pró-Jorge Bergoglio. Com o aniversário de 87 anos do papa, comemorado este ano, e a fragilidade de sua saúde, as conversas sobre a sua sucessão ganharam mais tração.

"A falta de nomes evidentes é um problema geral, que também se aplica aos cardeais de Francisco. Não existe um bergogliano que seja o sucessor ideal", diz Faggioli. O resultado é que o próximo conclave, seja quando for, deverá ter um resultado ainda mais imprevisível.

Isso ocorre, segundo o especialista, pelo fato de o clero também ter cedido à sedução midiática de massa. "Cada personagem tenta conquistar seu espaço, seja com seu livro, sua conferência, sua ideia, sua atividade –um sistema de mercado mesmo. É muito mais competitivo e é mais difícil adquirir uma posição dominante", avalia o professor.

Há um ponto, no entanto, em que o campo conservador, em especial aquele nos EUA, está em vantagem. Em vez de somente esperar pelo fim do pontificado de Francisco e tentar influenciar a escolha do próximo papa, esses grupos investem na formação da nova geração, em uma estratégia de longo prazo.

"Nos EUA, muitos bispos sabem que a maior parte dos seminaristas, os futuros padres, pensam como eles e não como Francisco. Esse campo sabe que o futuro da Igreja, como os conservadores a veem, não depende totalmente de um papa", diz.

"O papa pode ser ser um liberal, mas se a maior parte dos padres é conservadora e, por exemplo, não quer trabalhar com mulheres, ter um papa de um certo tipo é uma vitória menor." https://www1.folha.uol.com.br

 

O continente africano registou o maior número de sacerdotes, religiosos, catequistas, incluindo leigos, assassinados em 2023, em muitos casos vítimas de sequestros ou atos de terrorismo, envolvidos em tiroteios ou violências de vários tipos.

 

Paolo Ondarza - Cidade do Vaticano

Não realizaram nenhuma ação sensacional ou feito extraordinário. O que caracteriza os 20 missionários mortos em 2023 é a sua vida normal, vivida em contextos de pobreza econômica e cultural, de degradação moral e ambiental, onde não há respeito pela vida e pelos direitos humanos, mas a norma muitas vezes é apenas a opressão e a violência.

 

Normalidade de vida e testemunho do Evangelho

Também este ano, os dados publicados no especial da Agência Fides, curados por Stefano Lodigiani, retratam vidas comuns interrompidas pela cotidiana oferta do simples testemunho do Evangelho de pastores, catequistas, agentes de saúde, animadores da liturgia e da caridade. A lista inclui 1 bispo, 8 sacerdotes, 2 religiosos não-sacerdotes, 1 seminarista, 1 noviço e 7 leigos e leigas.

 

Mais missionários mortos do que em 2022

Em comparação com o ano passado, foram mortos mais 2 missionários, mas como recorda Fides, os dados compilados permanecem abertos a atualizações e correções. O número mais elevado é registrado na África, onde foram assassinados 5 sacerdotes, 2 religiosos, 1 seminarista, 1 noviço. Segue o continente americano com o assassinato de 1 bispo, 3 sacerdotes e 2 leigos, a Ásia com 4 assassinatos entre homens e mulheres leigos mortos e a Europa com o assassinato de um missionário leigo.

 

Encontram a morte sem culpa

Todos se depararam com a morte mesmo não tendo culpa. Foram vítimas de sequestros ou de atos de terrorismo, envolvidos em tiroteios ou violência de vários tipos. Desde sacerdotes que estavam indo celebrar a Missa ou realizar atividades pastorais em alguma comunidade distante - como aconteceu com padre Jacques Yaro Zerbo, assassinado por homens armados não identificados, na região de Boucle du Mouhoun, em Burkina Faso - até agressões à mão armada perpetradas em ruas movimentadas ou a ataques a casas paroquiais e conventos onde os missionários estavam empenhados na evangelização, na caridade e na promoção humana. Foi o que aconteceu com padre Stephen Gutgsell, assassinado com uma arma branca na canônica da Igreja de Fort Cahloun, em Nebraska (EUA).

Do México chega o testemunho das jovens catequistas Gertrudis Cruz de Jesús e Gliserina Cruz Merino, mortas no Estado de Oaxaca durante uma emboscada quando se dirigiam para uma procissão eucarística. Da Palestina chega por sua vez o testemunho de Samar Kamal Anton, e sua mãe, Nahida Khalil Anton, atingidas por franco-atiradores enquanto caminhavam em direção ao convento das Irmãs de Madre Teresa em Gaza. Juntamente com outras mulheres católicas e ortodoxas, empenharam-se num caminho de fé e de apostolado especialmente em favor dos pobres e de pessoas com deficiêcia.

O dossiê de Fides abrange também a Europa, onde na Espanha Diego Valencia, leigo, sacristão da Paróquia de Nuestra Señora de La Palma, em Algeciras, província de Cádiz, foi morto por um jovem marroquino armado com um facão, que também feriu outras pessoas.

 

Testemunhas de fé e esperança

Mulheres e homens de fé que poderiam ter evitado a morte mudando-se para lugares mais seguros ou desistindo dos seus compromissos cristãos. Eles escolheram de forma diferente, conscientes do risco que corriam diariamente. Ingênuos aos olhos do mundo, mas autênticas testemunhas de fraternidade e de esperança graças às quais a Igreja e o mundo avançam.

Especificamente, em 2023, em África, foram registados missionários mortos na Nigéria (4), no Burkina Faso (2) e na Tanzânia; na América: no México (4) e nos EUA (2); na Ásia: nas Filipinas (2) e na Palestina (2); na Europa: em Espanha (1).

 

Frutos maduros da vinha do Senhor

Segundo Fides, entre 2001 e 2022, 544 agentes pastorais foram mortos.  Cerca de 115 na década 1980-1989; 604 entre 1990 e 2000, década em que ocorreu o genocídio ruandês que causou pelo menos 248 vítimas entre o pessoal eclesiástico. “Os mártires – disse o Papa – não devem ser vistos como heróis que agiram individualmente, como flores que surgiram no deserto, mas como frutos maduros e excelentes da vinha do Senhor, que é a Igreja”.

O dossiê Fides não diz respeito apenas aos missionários ad gentes em sentido estrito, mas leva em consideração todos os batizados envolvidos na vida da Igreja que morreram de forma violenta, mesmo quando isso não ocorre expressamente “por ódio à fé”.  “Por isso – lê-se no relatório – prefere-se não usar o termo mártires, exceto no seu significado etimológico de testemunhas, para não entrar em mérito ao juízo que a Igreja poderá eventualmente dar sobre alguns deles, propondo-os, depois de um exame cuidadoso, para beatificação ou canonização”.

 

Instrumentos do plano salvífico de Deus

A lista da Fides usa o termo “missionário” em referência a cada batizado porque, como escreveu Francisco na Exortação Apostólica Evangelii gaudium, “cada batizado é sujeito ativo da evangelização”. "Ainda hoje - disse o Papa no Angelus do passado dia 26 de dezembro, festa de Santo Estêvão, o protomártir - há ainda - e são muitos - aqueles que sofrem e morrem para dar testemunho de Jesus (...). A semente dos seus sacrifícios, que parecia morrer, brota e dá fruto, porque Deus, através deles, continua a fazer maravilhas (cf. At 18, 9-10), a mudar os corações e a salvar os homens." Fonte: https://www.vaticannews.va

Desde 20 de dezembro, 11 clérigos foram presos no país em meio a uma crescente perseguição à Igreja Católica pelo regime de Daniel Ortega

 

Entre os presos, estão os sacerdotes Raúl Zamora, Miguel Mántica e Marcos Díaz — Foto: Reprodução

 

Por O Globo e agências internacionais — Manágua

Ao menos seis sacerdotes católicos foram detidos pela polícia da Nicarágua entre sexta-feira e sábado, em meio a uma crescente perseguição à Igreja Católica pelo regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo. O saldo eleva para 11 o total de clérigos presos desde 20 de dezembro, incluindo um bispo, denunciaram meios de comunicação e opositores nicaraguenses no exílio.

Entre os últimos detidos estão os monsenhores Silvio Fonseca, vigário de família da Arquidiocese de Manágua; Miguel Mántica, da igreja de São Francisco, também na capital; e Marcos Díaz, da diocese de León (noroeste). Também aparecem na lista os sacerdotes Gerardo Rodríguez, Mykel Monterrey e Raúl Zamora, que prestam serviços religiosos em igrejas de Manágua, informaram veículos de imprensa nicaraguenses independentes.

As prisões se somam às do bispo Isidoro Mora e de dois seminaristas, detidos em 20 de dezembro, que foram seguidas na última semana pelas do vigário-geral de Manágua, Carlos Avilés, e dos sacerdotes Héctor Treminio, Fernando Calero e Pablo Villafranca.

A polícia nicaraguense ainda não se pronunciou sobre as denúncias.

Jornais nicaraguenses como La Prensa, Confidencial e 100% Noticias, que hoje são editados na Costa Rica, citaram em suas denúncias fontes eclesiásticas, as advogadas Martha Molina e Yonarqui Martínez e a ativista de direitos humanos Haydée Castillo, todas no exílio.

 

Perseguição

O bispo Silvio Báez, que saiu da Nicarágua em 2019, denunciou a "perseguição" contra a Igreja e pediu solidariedade aos bispos do mundo. Báez pediu às conferências episcopais do mundo que não "abandonem" a Igreja da Nicarágua, "se solidarizem e ergam sua voz, denunciando esta perseguição da ditadura".

"A ditadura sandinista desatou esta semana uma caçada feroz contra os sacerdotes, levando para a prisão vários deles, que vêm se somar aos dois bispos que já estão presos", disse na rede social X (antigo Twitter).

O salvadorenho-espanhol José María Tojeira, porta-voz dos jesuítas na América Central, disse no X que os "perseguidores" da Igreja sempre acabam fracassando. "Ao atingir a Igreja, não fazem mais que cavar sua própria destruição", afirmou também na rede social.

A ordem jesuíta foi fechada em agosto na Nicarágua e sua universidade foi confiscada pelo governo. Desde 2018, ano dos massivos protestos contra o regime de Ortega, a Igreja Católica da Nicarágua sofreu 740 ataques, de acordo com um levantamento da advogada Martha Patricia Molina.

— Apenas no ano de 2023, ocorreram 275 ataques. Podemos classificar este último ano como o de mais ataques contra a Igreja durante o último quinquênio — explica Molina ao El País, autora do relatório "Nicarágua, uma Igreja perseguida". — Ao todo, 176 religiosos e religiosas não estão exercendo seu ministério na Nicarágua porque foram expulsos, tiveram a entrada proibida ou foram enviados para o exílio.

A perseguição religiosa obrigou até mesmo o Papa Francisco a romper sua postura neutra em relação aos países e comparar o atual regime com "uma ditadura hitleriana".

— Com muito respeito, não me resta outra opção senão pensar em um desequilíbrio da pessoa que lidera — afirmou o Pontífice, o que desencadeou mais a ira do casal presidencial.

Em uma linha do tempo feita pelo El País sobre a perseguição ao catolicismo, encontram-se ataques a padres e bispos, profanações de igrejas, fechamento de meios de comunicação e ONGs administradas pelas dioceses, congelamento de contas bancárias e uma narrativa sustentada contra a Igreja Católica e seus hierarcas. Fonte: https://oglobo.globo.com

 

Dom Anuar Battisti

Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

 

Caros irmãos e irmãs, 

Do dia de Natal até a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, nos encontramos imersos na Oitava de Natal, uma extensão da alegria e da reflexão após a comemoração do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Este período de oito dias é um convite para aprofundar nossa compreensão da mensagem de amor, esperança e redenção que o nascimento de Jesus traz consigo. 

Oitava, nesse contexto, não é apenas uma sequência de dias, mas um convite à continuidade da celebração. É um tempo para mergulhar profundamente na humildade da manjedoura, onde o Verbo se fez carne para habitar entre nós, revelando o amor incondicional de Deus pela humanidade. 

Refletimos sobre as palavras de João 1,14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai.” Esta é a essência da Oitava de Natal – a presença de Deus entre nós, manifestada em Jesus Cristo. 

A passagem de Lucas 2,11 ecoa em nossos corações: “Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Aqui encontramos a humildade e a grandeza do nascimento de Jesus, oferecendo-nos uma mensagem eterna de esperança e salvação. 

Durante esta Oitava de Natal, somos desafiados a abrir nossos corações para acolher a luz que brilhou na manjedoura, iluminando nossos caminhos e inspirando-nos a sermos portadores desse amor e compaixão para com o próximo. 

Meditamos em 1 João 4,9: “Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por meio dele vivamos.” Esta verdade nos lembra do amor que se fez presente em Cristo e nos chama para vivermos conforme Seus ensinamentos. 

Que esta Oitava de Natal seja um tempo de renovação da fé, de profunda reflexão sobre a mensagem de Cristo e de comprometimento em vivermos segundo Seu amor. Que possamos compartilhar a alegria do Natal ao estendermos esse amor e bondade a todos ao nosso redor. 

Vivamos intensamente este tempo santo, bonito e sóbrio do Natal de Jesus! Precisamos reaprender a sobriedade, como pediu o amado Papa Francisco, e contemplar o Presépio! Que Deus abençoe cada um de nós durante esta Oitava de Natal, fortalecendo nossa fé, renovando nossas esperanças e guiando-nos para uma vida plena de amor e serviço ao próximo. Amém Fonte: https://www.cnbb.org.br

No país centro-americano, as medidas restritivas do governo Ortega contra a Igreja estão aumentando. O ano de 2023 registrou o maior número de ataques contra instituições católicas, padres e religiosos.

 

Nicarágua: outro bispo preso

 

L'Osservatore Romano

As medidas restritivas contra a Igreja Católica na Nicarágua se estenderam ao Natal: o governo de Daniel Ortega também proibiu as tradicionais Posadas, os presépios vivos montados nas ruas nos dias que antecedem a festividade. No país centro-americano, as Posadas de Natal envolvem uma procissão com as figuras de José e Maria, geralmente representadas por crianças ou adolescentes, percorrendo as casas em busca de um abrigo (Posada) para o Menino Jesus que vai nascer. Em retribuição à acolhida, as crianças cantam canções em frente ao presépio. Mas este ano", anunciou a advogada nicaraguense de direitos humanos Martha Molina, "a polícia fez saber que não permitirá essas celebrações. Elas só poderão ser realizadas dentro das igrejas.

 

Uma decisão de Ortega

O advogado afirmou que a decisão teria tomada pessoalmente pelo presidente Ortega. Ativistas de várias ONGs relataram que policiais teriam ido às paróquias para impedir que os padres organizassem essas celebrações de rua típicas da tradição natalina.

 

2023 o pior ano para a Igreja

Neste ano, a perseguição à Igreja aumentou. De fato, 2023 registrou o maior número de ataques - 275 - incluindo o fechamento de organizações, universidades católicas, proibições e prisões de padres e religiosos. Fonte: https://www.vaticannews.va

Do seio do próprio catolicismo podem surgir os mais contundentes e perigosos questionamentos ao papa Francisco

 

Por Lilian Sales, Renata Nagamine e Camila Nicácio

A reorientação da Igreja Católica para a bênção de pessoas em “situação irregular” e casais do mesmo sexo correu o mundo, causando espécie e furor a uma semana do Natal. Em que consiste essa reorientação papal, publicada na declaração Fiducia Supplicans? É uma ruptura? Ou é uma mudança ao modo católico, com o manejo de formas pela Igreja para reorientar suas práticas sem romper com a tradição?

O documento dá a casais homossexuais acesso a um modo de consagração da sua união, mas os mantém a uma distância segura do matrimônio. Com a Fiducia Supplicans, a Igreja promove a mudança no cuidado pastoral, controlando o risco que essa mudança pode pôr ao seu catecismo.

A distinção entre bênção e matrimônio serve a esse fim.

A nova orientação das práticas pastorais da Igreja dá a sacerdotes a possibilidade de abençoar casais de pessoas do mesmo sexo. Porém a bênção, reiteram o documento e a notícia dele publicada pelo Vaticano, não se confunde nem deve se confundir com matrimônio.

O matrimônio é um sacramento. É regulado pelo direito canônico e só pode ser recebido por pessoas que cumprem as rígidas regras do catecismo da Igreja. Como sacramento, inscreve o laço conjugal num tempo que a Igreja apresenta como não humano, retirado do tempo histórico. Por isso o matrimônio sobrevive para ela ao divórcio, que desfaz o casamento civil.

Há conflito entre a doutrina da Igreja e a reorientação prática dos seus sacerdotes pelo papa? A rigidez da doutrina católica não se choca com o documento assinado por Francisco. A bênção é restrita e não significa aprovação das uniões homossexuais pela Igreja. Para ela, a validação de qualquer união é um efeito da concessão do sacramento.

A julgar pelo documento, a Igreja sabe, no entanto, que na prática a bênção pode se confundir com o matrimônio. Tentando afastar essa possibilidade de confusão, a Fiducia Supplicans proíbe a concessão da bênção durante qualquer outro ritual católico. Também proíbe sua concessão durante ato civil, tais como a celebração do casamento civil ou união estável. A ver se a linha demarcada pela Igreja será respeitada na prática, isto é, nos usos sociais da bênção.

Apesar de a doutrina permanecer intacta, a autorização é uma inquestionável novidade. Em 2021, a Congregação para a Doutrina da Fé excluiu expressamente em documento a possibilidade da bênção a casais de pessoas do mesmo sexo.

A autorização da prática tem relação com a plasticidade que a ideia de acolhimento pastoral, há muito abraçada pelo papa, confere ao catolicismo. Nos termos dos católicos que se identificam com Francisco, é “abrir as portas da Igreja para todos”. Nos termos de Francisco, é a Igreja da acolhida, em lugar de uma Igreja de “juízes que apenas proíbem”.

Por isso a Fiducia Supplicans pode ser vista sobretudo como um documento papal sobre cuidado pastoral. Exprime a importância atribuída às práticas pastorais pelo papado de Francisco em relação à doutrina, mas também o modo de agir da Igreja.

Também, a extensão da bênção a casais homossexuais é condizente com outras posições do papa em relação a pessoas LGBT. Entre essas estão, por exemplo, a condenação da criminalização da homossexualidade e o incentivo do apoio de pais a filhos não heterossexuais. O incentivo a esse tipo de apoio não desfigura a homossexualidade como pecado para o catecismo da Igreja, do mesmo modo que a bênção não transforma a união homossexual em matrimônio.

Em ambos os casos, a distinção entre as instâncias do cuidado pastoral e da doutrina abre espaço para uma mudança sem ruptura na medida em que guarda a distância entre as práticas e a palavra. De um lado, essa distância assegura que mudanças nas práticas não moldem por si sós a doutrina; de outro, possibilita que a Igreja se molde ao mundo.

E o mundo em que a Igreja atua é crescentemente menos católico. No Brasil, a hegemonia católica se dissolveu nas últimas décadas, ao passo que o número de praticantes e espaços de culto evangélicos cresceu. O reposicionamento pastoral da Igreja em relação à conjugalidade LGBT dá ao catolicismo a oportunidade de aparecer como uma religião de atos, não só da palavra, uma religião que acolhe, e não que expulsa.

Do ponto de vista de não católicos, ou mesmo de católicos que não participam dos rituais com frequência, a percepção pode ser ainda mais borrada. Essas pessoas não distinguem rigidamente bênção de sacramento, de modo que praticantes de outras religiões, não religiosos e católicos pouco conhecedores da doutrina podem confundir aquilo que a Igreja Católica se esmerou em separar.

O próprio terreno católico em que o papa conduz a Igreja mudou no passado recente, com a associação do velho conservadorismo a movimentos carismáticos. Essa associação reforçou o tradicionalismo dentro da Igreja e o combate contra a Teologia da Libertação, que é importante e formativa na América Latina. Do seio do próprio catolicismo podem surgir, enfim, os mais contundentes e perigosos questionamentos a Francisco.

*PESQUISADORAS NO PROJETO TEMÁTICO PLURALISMO RELIGIOSO E DIVERSIDADES NO BRASIL PÓS-CONSTITUINTE (CEBRAP/FAPESP), COLABORAM COM O OBSERVATÓRIO DA RELIGIÃO E INTERSECCIONALIDADES. Fonte: https://www.estadao.com.br

Padre Onofre Araújo Filho faleceu de infarto fulminante em Belo Horizonte, onde visitava familiares.

 

Padre Onofre (Foto: Arquidiocese de Curitiba)

 

Redação Bem Paraná | 20/12/2023 às 17:51

Morreu nesta quarta (20), aos 59 anos, o Padre Onofre Araújo Filho. Ele era Reitor da Igreja do Rosário e São Benedito, no Largo da Ordem, em Curitiba. Ele faleceu de infarto fulminante em Belo Horizonte, onde visitava familiares.

Ele nasceu no dia 01 de abril de 1964. Foi ordenado sacerdote no dia 10 de outubro de 2002 Desde o mês de outubro de 2022 era Reitor da Igreja do Rosário e São Benedito. O

 

Velório e o sepultamento acontecem em Belo Horizonte.

Nesta quarta-feira, houve missa em homenagem ao padre, na Igreja do Rosário.

 

Repercussão

A morte do padre causou grande comoção em Curitiba. “Que notícia triste. Padre Onofre celebrou meu casamento, foi o dia mais especial da minha Vida e ele fez uma celebração lindíssima. Que o senhor o receba em sua casa”, postou uma internauta no Instagram. “Uma grande perda para todo nós, deixará muitas saudades e o exemplo de amar a todos, nos pequenos detalhes”, afirmou outra internauta. Fonte: https://www.bemparana.com.br

Nova orientação está em documento autorizado pelo papa Francisco divulgado nesta segunda. Igreja Católica disse que autorização 'não muda doutrina sobre casamento', e padres podem se negar a fazer rito.

 

Por g1

Papa diz que mulheres trans são "filhas de Deus"

Em uma decisão histórica, o Vaticano afirmou nesta segunda-feira (18) que passará a permitir que padres concedam bênçãos a casais do mesmo sexo.

A decisão, que vai de encontro à doutrina da Igreja Católica de condenar a união homossexual, está em um documento autorizado pelo papa Francisco divulgado nesta segunda.

Pela medida, padres católicos romanos podem, a partir de agora, administrar bênçãos a casais do mesmo sexo, se quiserem. Os padres também poderão se recusar a fazer o ritual, mas estão proibidos de impedir "a entrada (em igrejas) de pessoas em qualquer situação em que possam procurar a ajuda de Deus através de uma simples bênção”.

A bênção também não pode ter qualquer semelhança com uma cerimônia de casamento nem acontecer durante liturgias regulares da Igreja.

O documento que divulga a nova decisão afirma que a Igreja Católica continua a considerar a união entre casais do mesmo sexo um ato "irregular" e que a doutrina não mudou, mas afirmou também que a autorização de bênçãos é um "sinal de que Deus acolhe a todos".

Em outubro, em um discurso, o papa Francisco já havia indicado que a igreja pudesse passar a permitir a bênção a casais homossexuais em um futuro próximo.

"Não podemos ser juízes que apenas proíbem", disse, à época, o pontífice.

Em agosto, ele disse que mulheres trans são "filhas de Deus" e que a igreja não pode tratá-las de forma diferente. Em janeiro, Francisco criticou países que criminalizam homossexuais e disse que "a homossexualidade não é crime".

Apesar dos avanços, no entanto, coletivos de homossexuais católicos cobram o pontífice por mais mudanças há mais de uma década. Fonte: https://g1.globo.com

 

Com a "Fiducia supplicans" do Dicastério para a Doutrina da Fé, aprovada pelo Papa, será possível abençoar casais formados por pessoas do mesmo sexo, mas fora de qualquer ritualização e imitação do matrimônio. A doutrina sobre o matrimônio não muda, a bênção não significa aprovação da união

 

VATICAN NEWS

Diante do pedido de duas pessoas para serem abençoadas, mesmo que sua condição de casal seja "irregular", será possível para o ministro ordenado consentir. Mas sem que esse gesto de proximidade pastoral contenha elementos minimamente semelhantes a um rito matrimonial. Isso é o que diz a declaração "Fiducia supplicans" sobre o significado pastoral das bênçãos, publicada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé e aprovada pelo Papa. Um documento que aprofunda o tema das bênçãos, distinguindo entre as bênçãos rituais e litúrgicas e as bênçãos espontâneas, que se assemelham mais a gestos de devoção popular: é precisamente nessa segunda categoria que agora contemplamos a possibilidade de acolher também aqueles que não vivem de acordo com as normas da doutrina moral cristã, mas pedem humildemente para serem abençoados. Desde agosto, de 23 anos atrás, o antigo Santo Ofício não publicava uma declaração (a última foi em 2000, "Dominus Jesus"), um documento de alto valor doutrinário.

"Fiducia supplicans" começa com uma introdução do prefeito, cardeal Victor Fernandez, que explica que a declaração aprofunda o "significado pastoral das bênçãos", permitindo que "sua compreensão clássica seja ampliada e enriquecida" por meio de uma reflexão teológica "baseada na visão pastoral do Papa Francisco". Uma reflexão que "implica um verdadeiro desenvolvimento em relação ao que foi dito sobre as bênçãos" até agora, chegando a incluir a possibilidade "de abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo, sem validar oficialmente seu status ou modificar de qualquer forma o ensino perene da Igreja sobre o casamento".

Após os primeiros parágrafos (1-3), em que o pronunciamento anterior de 2021 é lembrado e agora ampliado, a declaração apresenta a bênção no sacramento do matrimônio (parágrafos 4-6), declarando "inadmissíveis ritos e orações que possam criar confusão entre o que é constitutivo do matrimônio" e "o que o contradiz", a fim de evitar reconhecer de alguma forma "como matrimônio algo que não é". Reitera-se que, de acordo com a "doutrina católica perene", somente as relações sexuais dentro do casamento entre um homem e uma mulher são consideradas lícitas.

Um segundo grande capítulo do documento (parágrafos 7-30) analisa o significado das várias bênçãos, que têm como destino pessoas, objetos de devoção, lugares de vida. O documento lembra que, "de um ponto de vista estritamente litúrgico", a bênção exige que o que é abençoado "esteja em conformidade com a vontade de Deus expressa nos ensinamentos da Igreja". Quando, com um rito litúrgico específico, "se invoca uma bênção sobre certas relações humanas", é necessário que "o que é abençoado possa corresponder aos desígnios de Deus inscritos na Criação" (11). Portanto, a Igreja não tem o poder de conferir uma bênção litúrgica a casais irregulares ou do mesmo sexo. Mas é preciso evitar o risco de reduzir o significado das bênçãos apenas a esse ponto de vista, exigindo para uma simples bênção "as mesmas condições morais que são exigidas para a recepção dos sacramentos" (12).

Depois de analisar as bênçãos nas Escrituras, a declaração oferece um entendimento teológico-pastoral. Quem pede uma bênção "se mostra necessitado da presença salvadora de Deus em sua história", porque expressa "um pedido de ajuda de Deus, uma súplica por uma vida melhor" (21). Esse pedido deve ser acolhido e valorizado "fora de uma estrutura litúrgica", quando se encontra "em uma esfera de maior espontaneidade e liberdade" (23). Olhando para elas da perspectiva da piedade popular, "as bênçãos devem ser valorizadas como atos de devoção". Para conferi-las, portanto, não há necessidade de exigir "perfeição moral prévia" como pré-condição.

Aprofundando essa distinção, com base na resposta do Papa Francisco às dubia dos cardeais publicada em outubro passado, que pedia um discernimento sobre a possibilidade de "formas de bênção, solicitadas por uma ou mais pessoas, que não transmitam uma concepção errônea do matrimônio" (26), o documento afirma que esse tipo de bênção "é oferecido a todos, sem pedir nada, fazendo com que as pessoas sintam que continuam abençoadas apesar de seus erros e que "o Pai celeste continua a querer o seu bem e a esperar que elas finalmente se abram ao bem" (27).

Existem "várias ocasiões em que as pessoas vêm espontaneamente pedir uma bênção, seja em peregrinações, em santuários, ou mesmo na rua quando encontram um sacerdote", e tais bênçãos "são dirigidas a todos, ninguém pode ser excluído" (28). Portanto, permanecendo proibido de ativar "procedimentos ou ritos" para esses casos, o ministro ordenado pode unir-se à oração daquelas pessoas que "embora em uma união que de modo algum pode ser comparada ao matrimônio, desejam confiar-se ao Senhor e à sua misericórdia, invocar a sua ajuda, ser guiados a uma maior compreensão do seu plano de amor e de verdade" (30).

O terceiro capítulo da declaração (parágrafos 31-41), portanto, abre a possibilidade dessas bênçãos, que representam um gesto para aqueles que "reconhecendo-se indigentes e necessitados de sua ajuda, não reivindicam a legitimidade de seu próprio status, mas imploram que tudo o que é verdadeiro, bom e humanamente válido em suas vidas e relacionamentos seja investido, curado e elevado pela presença do Espírito Santo" (31). Essas bênçãos não devem ser normalizadas, mas confiadas ao "discernimento prático em uma situação particular" (37). Embora o casal seja abençoado, mas não a união, a declaração inclui entre o que é abençoado o relacionamento legítimo entre as duas pessoas: na "breve oração que pode preceder essa bênção espontânea, o ministro ordenado pode pedir paz, saúde, espírito de paciência, diálogo e ajuda mútua, bem como a luz e a força de Deus para poder cumprir plenamente a sua vontade" (38). Também é esclarecido que, para evitar "qualquer forma de confusão e escândalo", quando um casal irregular ou do mesmo sexo pede uma bênção, "ela nunca será realizada ao mesmo tempo que os ritos civis de união ou mesmo em conexão com eles. Nem mesmo com as roupas, os gestos ou as palavras próprias de um casamento" (39). Esse tipo de bênção "pode encontrar seu lugar em outros contextos, como uma visita a um santuário, um encontro com um sacerdote, uma oração recitada em um grupo ou durante uma peregrinação" (40).

Por fim, o quarto capítulo (parágrafos 42-45) nos lembra que "mesmo quando o relacionamento com Deus está obscurecido pelo pecado, sempre é possível pedir uma bênção, estendendo a mão a Ele" e desejá-la "pode ser o melhor possível em algumas situações" (43). Fonte: https://www.vaticannews.va

 

1) Oração

Ó Deus onipotente, dai ao vosso povo esperar vigilante a chegada do vosso Filho, para que, instruídos pelo próprio Salvador, corramos ao seu encontro como nossas lâmpadas acesas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 11, 16-19)

Naquele tempo disse Jesus: 16Com quem vou comparar esta geração? É parecida com crianças sentadas nas praças, gritando umas para as outras: 17 ‘Tocamos flauta para vós, e não dançastes. Entoamos cantos de luto e não chorastes!’ 18 Veio João, que não come nem bebe, e dizem: ‘Tem um demônio’. 19 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ‘É um comilão e beberrão, amigo de publicanos e de pecadores’. Mas a sabedoria foi reconhecida em virtude de suas obras”.conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.

 

3) Reflexão

Os líderes, os sábios, não gostam quando alguém os critica ou questiona. Isto acontecia no tempo de Jesus e acontece hoje, tanto na sociedade, como na igreja. João Batista veio, criticou, e não foi aceito. Diziam:”tem o demônio!”  Jesus veio, criticou e não foi aceito. Diziam: -“Beberão!”. –“Louco!” (Mc 3,21)  -“Tem o diabo!” (Mc 3,22)  -“É um samaritano!” (Jo 8,48)  -“Não é de Deus!” (Jo 9,16). Hoje acontece o mesmo. Há pessoas que se agarram ao que sempre foi ensinado e não aceitam outra maneira de explicar e viver a fé. Logo inventam motivos e pretextos para não aderir: -“É marxismo!”  -“É contra a Lei de Deus!”  -“É desobediência à tradição e ao magistério!”

Jesus se queixa da falta de coerência do seu povo. Eles inventavam sempre algum pretexto para não aceitar a mensagem de Deus que Jesus lhes trazia. De fato, é relativamente fácil encontrar argumentos e pretextos para refutar os que pensam diferente de nós.

Jesus reage e mostra a incoerência deles. Eles se consideravam sábios, mas não passavam de crianças que querem divertir o povo na praça e que reclamam quando o povo não brinca conforme a música que eles tocam. Os que se diziam sábios não têm nada de realmente sábio. Apenas aceitavam o que combinava com as idéias deles. E assim eles mesmos pela sua atitude incoerente se condenavam a si mesmos.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Até onde sou coerente com a minha fé?

2) Tenho consciência crítica com relação ao sistema social e eclesiástico que, muitas vezes, inventa motivos e pretextos para legitimar a situação e impedir qualquer mudança?

 

5) Oração final

Feliz quem não segue o conselho dos maus, não anda pelo caminho dos pecadores nem toma parte nas reuniões dos zombadores, mas na lei do Senhor encontra sua alegria e nela medita dia e noite. (Sl 1, 1-2)

 

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

 

3º Domingo do Advento 

“A minh’alma se alegra, se alegra no meu Deus”. (Lc 1, 46 ss) 

Celebramos neste Domingo o terceiro do tempo do Advento, daqui há poucos dias já estaremos celebrando as alegrias do Natal. Por isso, esse terceiro Domingo do Advento é conhecido como “Domingo Gaudete”, ou da alegria, pois o Natal do Senhor está próximo. Começamos a semana de preparação próxima para o Natal, para celebrar a vinda do Messias. 

A cor litúrgica nesse dia é “rósea”, ou seja, um roxo mais suave, não trazendo tanto aquele tom de penitência. A partir do terceiro Domingo do Advento entramos propriamente no período da Novena de Natal, e as leituras retratam mais o nascimento de Jesus, pois até então retratavam mais sobre a segunda vinda de Cristo.  

Neste Domingo acontece também a coleta para a Campanha da Evangelização, que traz como tema: “Na casa do pão, Deus nos faz irmãos”. Como diz o tema da Campanha, “Deus nos faz irmãos”, se Ele nos faz irmãos temos que ajudar a quem precisa. A coleta nessa missa não fica na paróquia, mas é destinada aos locais de missão da Igreja, e onde ela realiza um trabalho de evangelização, sobretudo aqueles locais mais necessitados.  

Ainda neste Domingo pode-se levar a imagem da Sagrada Família ou do menino Jesus para que o padre abençoe, ou ainda, as mulheres grávidas que estão esperando o seu filho nascer, do mesmo modo que Maria estava esperando Jesus chegar podem receber a benção do padre. A partir deste dia faltarão exatos oito dias para a celebração do Natal e como nos convida a celebração de hoje, devemos nos encher de alegria.  

A primeira leitura da missa deste Domingo é do livro do profeta Isaías (Is 61,1-2a.10-11), o profeta fala sobre a missão a qual Deus lhe confiou e que deve ser a missão de todo profeta. Tudo aquilo que Isaías disse nesse trecho se concretiza em Jesus e se torna o programa de vida de Jesus ao longo de sua vida pública. Em Lucas capítulo quatro, Jesus entra na sinagoga, abre o livro do profeta Isaías e lê essas mesmas palavras e diz que naquele dia tudo aquilo que se concretizava. Isaías viveu há cerca de quatrocentos anos a.C, e tudo aquilo que ele dizia se concretizou na vida de Jesus. Isaías é um profeta marcante do Antigo Testamento, e o acompanhamos bastante no tempo do Advento e na Quaresma.  

O salmo responsorial é de São Lucas (Lc1,46ss), e diz em seu refrão: “A minh’alma se alegra, se alegra no meu Deus”. Esse salmo é um trecho do cântico do “Magnificat”, em que Maria agradece a Deus por tantos “bens” que Ele fez por ela e por seu povo. Maria foi escolhida a cheia de graça, em meio a tantas mulheres de seu tempo Deus a escolheu a “cheia de graça”, para gerar o seu filho. Maria se encheu de alegria não só pelo que Deus fez por ela, mas todo o povo.  

A segunda leitura deste Domingo é da primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses (1Ts 5,16-24), Paulo diz a comunidade e a nós hoje que devemos estar sempre alegres, pois o Senhor está conosco. O Espírito do Senhor está conosco, por isso, devemos estar sempre alegres e nos afastar de tudo aquilo que é mal. Do mesmo modo que Maria alegremo-nos no Senhor, que nos chamou e enviou para a missão.  

O Evangelho deste Domingo é de João (Jo 1,6-8.19-28), João nesse Evangelho fala sobre João Batista que veio como o “precursor”, ou seja, veio preparar o caminho para a chegada de Jesus. João não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz, ele exortava a todos que andavam nas trevas, sob um monte de pecados, para que deixassem as ações das trevas e se aproximassem da luz.  

Os judeus interrogam João e perguntam se ele era o Messias que devia vir ao mundo, pois alguns judeus achavam que Ele era o Messias, mas João confessou e não negou, disse que ele não era o Messias, mas que era a voz que grita no deserto: “Aplainai, o caminho do Senhor” (Jo 1,23). Ele buscava converter o povo judeu para a chegada do Messias que estava próxima, João Batista batizava com água, mas o Messias batizaria com a água e o Espírito Santo.  

João Batista ainda diz que ele não era digno de desatar as correias das sandálias do Messias, e dizia sempre que “Ele cresça e eu diminua”, João não queria em nenhum momento ser mais do que o Messias, mas sabia que a sua missão era preparar o caminho do Senhor.  

Com a celebração desse 3º domingo do Advento sejamos como João Batista e preparemos o caminho para a chegada de Jesus. Anunciemos a palavra de Deus aos nossos irmãos e que possamos convidar aqueles que estão afastados da Igreja, num caminho de pecado, para que possam retornar e se aproximar da luz novamente.  

Ao acendermos hoje a terceira vela da coroa do Advento possamos sentir que a luz do Senhor está perto de nós, e como a luz do sol que pouco a pouco vai clareando o dia, que possamos deixar que a luz do Senhor pouco a pouco nos irradie e que possamos irradiar essa luz a quem se aproxime de nós. Fonte: https://www.cnbb.org.br