1) Oração

Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 13, 10-17)

10Os discípulos aproximaram-se dele, então, para dizer-lhe: Por que lhes falas em parábolas? 11Respondeu Jesus: Porque a vós é dado compreender os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não. 12Ao que tem, se lhe dará e terá em abundância, mas ao que não tem será tirado até mesmo o que tem. 13Eis por que lhes falo em parábolas: para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não ouçam nem compreendam. 14Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo profeta Isaías: Ouvireis com vossos ouvidos e não entendereis, olhareis com vossos olhos e não vereis, 15porque o coração deste povo se endureceu: taparam os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda; para que não se convertam e eu os sare (Is 6,9s). 16Mas, quanto a vós, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem! Ditosos os vossos ouvidos, porque ouvem! 17Eu vos declaro, em verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não ouviram.

 

3) Reflexão  Mateus 13,10-17

O Capítulo 13 traz o Sermão das Parábolas. Seguindo o texto de Marcos (Mc 4,1-34), Mateus omitiu a parábola da semente que germina sozinha (Mc 4,26-29), ampliou a discussão sobre o porque das parábolas (Mt 13,10-17) e acrescentou as parábolas do joio e do trigo (Mt 13,24-30), do fermento (Mt 13,33), do tesouro (Mt 13,44), da pérola (Mt 13,45-46) e da rede (Mt 13,47-50). Junto com as do semeador (Mt 13,4-11) e do grão de mostarda (Mt 13,31-32), são ao todo sete parábolas no Sermão das Parábolas (Mt 13,1-50).

 

Mateus 13,10: A pergunta

No evangelho de Marcos, os discípulos pedem uma explicação das parábolas (Mc 4,10). Aqui em Mateus, a perspectiva é outra. Eles querem saber por que Jesus, quando fala ao povo, só fala em parábolas: "Por que usas parábolas para falar com eles?" Qual o motivo desta diferença?

 

Mateus 13,11-13: A vocês é dado conhecer o mistério do Reino

Jesus responde: "Porque a vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não. Pois, a quem tem, será dado ainda mais, será dado em abundância; mas daquele que não tem, será tirado até o pouco que tem”. Por que será que aos apóstolos era dado conhecer, e aos outros não? Uma comparação para ajudar na compreensão. Duas pessoas escutam a mãe ensinar: "quem ama não corta casaco". Uma das duas é filha e outra não. A filha entendeu e a outra não entendeu nada. Por que? É que na casa da mãe a expressão "cortar casaco" significava caluniar. Assim, o ensinamento da mãe ajudou a filha a entender melhor como praticar o amor. Cresceu nela aquilo que ela já sabia. A quem tem, será dado ainda mais. A outra pessoa não entendeu nada e perdeu até o pouco que pensava entender a respeito de amor e de casaco. Ficou confusa e não conseguiu entender o que o amor tem a ver com casaco. Daquele que não tem, será tirado até o pouco que tem. Uma parábola revela e esconde ao mesmo tempo! Revela para “os de dentro”, que aceitam Jesus como Messias Servo. Esconde para os que insistem em dizer que o Messias será e deve ser um Rei Glorioso. Estes entendem as imagens da parábola, mas não chegam a entender o seu significado. Enquanto os discípulos crescem naquilo que já sabem a respeito do Messias. Os outros não entendem nada e perdem até o pouco que pensavam saber sobre o Reino e o Messias.

 

Mateus 13,14-15: A realização da profecia de Isaías

Como da outra vez (Mt 12,18-21), nesta reação diferente do povo e dos fariseus frente ao ensinamento das parábolas, Mateus vê novamente uma realização da profecia de Isaías. Ele até cita por extenso o texto de Isaías que fala por si: “É certo que vocês ouvirão, porém nada compreenderão. É certo que vocês enxergarão, porém nada verão. Porque o coração desse povo se tornou insensível. Eles são duros de ouvido e fecharam os olhos, para não ver com os olhos, e não ouvir com os ouvidos, não compreender com o coração e não se converter. Assim eles não podem ser curados”.

 

Mateus 13,16-17: Felizes os olhos que vêem o que vocês estão vendo

Tudo isso explica a frase final: “Vocês, porém, são felizes, porque seus olhos vêem e seus ouvidos ouvem.  Eu garanto a vocês: muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês estão vendo, e não puderam ver; desejaram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não puderam ouvir”.

 

As parábolas: um novo jeito de falar ao povo sobre Deus

O povo ficava impressionado com o jeito que Jesus tinha de ensinar. “Um novo ensinamento! Dado com autoridade! Diferente dos escribas!” (Mc 7,28). Jesus tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o povo conhecia e experimentava na sua luta diária pela sobrevivência. Isto supõe duas coisas: estar por dentro das coisas da vida do povo, e estar por dentro das coisas de Deus, do Reino de Deus. Em algumas parábolas acontecem coisas que não costumam acontecer na vida. Por exemplo, onde se viu um pastor de cem ovelhas abandonar noventa e nove para encontrar aquela única que se perdeu? (Lc 15,4) Onde se viu um pai acolher com festa o filho devasso, sem dar nenhuma palavra de censura? (Lc 15,20-24). Onde se viu um samaritano ser melhor que o levita e o sacerdote? (Lc 10,29-37). A parábola provoca para pensar. Ela leva a pessoa a se envolver na história a partir da sua própria experiência de vida. Faz com que nossa própria experiência nos leve a descobrir que Deus está presente no cotidiano da nossa vida. A parábola é uma forma participativa de ensinar, de educar. Não dá tudo trocado em miúdo. Não faz saber, mas faz descobrir. A parábola muda os olhos, faz a pessoa ser contemplativa, observadora da realidade. Aqui está a novidade do ensino das parábolas de Jesus, diferente dos doutores que ensinavam que Deus só se manifestava na observância da lei. Para Jesus, “o Reino não é fruto de observância. O Reino está presente no meio de vocês!” (Lc 17,21). Mas os ouvintes nem sempre o percebiam.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Jesus disse: “A vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino”. Quando leio os evangelhos, sou como os que não entendem nada ou como aqueles a quem é dado conhecer o Reino?

2) Qual a parábola de Jesus com mais me identifica? Por que°

 

5) Oração final

6Senhor, vossa bondade chega até os céus, vossa fidelidade se eleva até as nuvens. Vossa justiça é semelhante às montanhas de Deus, vossos juízos são profundos como o mar. (Sl 35)

 

Desde os tempos mais remotos da história da humanidade chegam até nós os ecos e os sinais desta experiência humana quase universal de que a realidade que nos envolve é mais ampla e mais profunda do que as coisas que conseguimos analisar com a razão, perceber com os olhos, apalpar com as mãos, ouvir com os ouvidos, cheirar com o olfato. É sobretudo o contato com a natureza que mais contribui para esta leitura diferente da realidade; por exemplo, o trovão (Sl 29), os fenômenos da tempestade, do fogo e do terremoto (1Rs 19,11-13), a beleza da natureza (Sl 19,1-7; Sl 104), a lua e as estrelas (Sl 8,4).

Todos os povos, culturas e religiões registram expressões desta percepção, desde Platão até os monges budistas, desde os primeiros cristãos de Jerusalém até os frades Carmelitas que viviam no Monte Carmelo, desde os ritos dos mitos indígenas até a intuição das crianças quando olham o céu estrelado.

A tecnologia, ou melhor, a mentalidade utilitarista, que olha a realidade e a natureza apenas do ponto de vista do proveito que dela podemos tirar para nós, fez com que começássemos a perder a sensibilidade para esta dimensão mais ampla e mais profunda da vida, a dimensão mística. Apesar da grande riqueza material e das enormes facilidades que foram geradas pela mentalidade técnica, a vida ficou mais pobre, menos transparente. Graças a Deus, hoje em dia, em todo canto está renascendo a busca de espiritualidade, de mística.

A palavra mística vem do grego. Significa “escondido”; indica algo que é real, mas não se vê. A palavra mistério sugere a mesma coisa: a realidade escondida da presença de Deus atrás ou na raiz da realidade que observamos com os olhos, apalpamos com as mãos ou pisamos com os pés.

Na mística não se trata de experiências extraordinárias, mas sim de perceber, de intuir e de viver a vida com a atitude não de dono e de aproveitador, mas sim de admiração e de serviço. Ser capaz de ficar maravilhado ou de sentir-se interpelado diante de um por do sol, diante de uma criança, uma obra de arte, um texto bíblico, um pobre que pede esmola, um doente, uma experiência de amor, uma situação de injustiça, um desastre da natureza, um gesto de doação, uma música, um canto, uma flor, um problema sem solução, um panorama, uma árvore frondosa, uma cruz pendurada na parede.

Algumas pessoas têm uma sensibilidade maior diante da natureza, outras diante de situações humanas, outras diante de intuições filosóficas, outras diante de suas reações interiores, outras quando se encontram em meio ao borbulho da vida agitada na cidade. É a partilha destas experiências que enriquece a vida de todos.

A Bíblia nos ajuda a perceber esta dimensão mais profunda da nossa vida. Santo Agostinho dizia que a Escritura nos devolve o olhar da contemplação, nos ajuda a decifrar o mundo e contribui para que a vida se torne novamente transparente.

Experiência mística, dizia o beato Tito Brandsma, não é algo só de alguns místicos privilegiados, mas é uma experiência profundamente humana e comum. Ele dizia isto baseado na sua própria experiência pessoal e pastoral e também no estudo que fez da história da mística no seu país. No Norte da Europa, na Idade Média, surgiu um movimento leigo que se chamava “Irmãos e Irmãs da Vida Comum”. Quando eles diziam “Vida Comum” não se referiam somente à vida fraterna em comum, mas expressavam a sua convicção de que a experiência mística, que se alcança na vida fraterna em comum, é a coisa mais comum que se possa imaginar. É um olhar diferente que faz parte do dia-a-dia da vida.

Na experiência mística, não se trata de você sentir algo diferente, algo fora de comum, mas sim de uma convicção que vai nascendo aos poucos e que não depende de um sentimento passageiro. Uma convicção como aquela de Jeremias. Quando na tragédia do cativeiro, causada por Nabucodonosor, rei da Babilônia, todos os apoios tradicionais falharam e o povo se desesperava, Jeremias redescobriu a fonte da sua esperança nesta certeza tão simples: o sol vai nascer amanhã (cf. Jer 31,35-36; 33,20-21.25-26). Ele soube ler a natureza com outros olhos. Os problemas e as forças contrárias podiam ser grandes, insuperáveis; Nabucodonosor podia ter muita força; jamais ele seria capaz de impedir o nascer do sol no dia seguinte, pois maior era o poder do amor de Deus, experimentada e revelada no sol que renasce todos os dias. E assim, em Jeremias renasceu a esperança como resposta a este amor maior, redescoberto na raiz dos fenômenos da natureza, que envolve todas as coisas do universo. “Deus nos amou primeiro”, dirá São João, séculos depois (1Jo 4,19).

Assim, através de altos e baixos, através de noites escuras e dias ensolarados, vamos penetrando no mistério escondido da vida e da realidade, percebendo os limites das nossas idéias e práticas, descobrindo a força deste amor maior que nos envolve de todos os lados. Vamos subindo a Montanha, desfazendo-nos de tudo que pode atrapalhar ou impedir a subida e a experiência do amor.

Na mesma medida em que vamos chegando ao topo da Montanha, aproximamo-nos das outras pessoas que, como nós, cada uma dentro da sua religião, tradição e cultura, hindus, judeus, cristãos, muçulmanos, tantos e tantas, também vão subindo a mesma montanha, entrando para dentro do mesmo mistério da vida. Juntos, eles e nós, descobriremos então, como diz São João da Cruz, que no topo da Montanha reinam o silêncio e o amor. Lá em cima, seremos todos um, “como tu, Pai, em mim e eu em ti” (Jo 17,21).

Para nós cristãos, a revelação maior deste amor universal, presente na raiz de todas as coisas e objeto dos anseios mais profundos do coração humano, aconteceu e acontece em Jesus. Foi em Jesus que o apóstolo Paulo, no caminho de Damasco, fez a grande descoberta que o sustentou ao longo da sua vida até o martírio: “Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes nem as forças das alturas ou das profundidades, nem qualquer outra criatura, nada nos poderá separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor”  (Rm 8,38-39).

O Papa voltou a falar sobre a triste realidade vivida pelos povos que sofrem insistentemente com as guerras. Primeiro, ao final da missa celebrada na manhã deste domingo (20/07), em Albano, quando interpelado por jornalistas italianos, afirmou que "o mundo já não aguenta mais com tantas guerras". Depois, durante os apelos após a oração mariana do Angelus em Castel Gandolfo, o Pontífice pediu novamente pelo fim dos conflitos, que se "pare imediatamente a barbárie da guerra".

 

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Leão XIV voltou a se posicionar sobre a tragédia que atingiu a única igreja católica na Faixa de Gaza na última quinta-feira (17/07), que matou três pessoas e feriu outras 10, inclusive o pároco da Santa Família, Padre Gabriel Romanelli. Primeiramente, ao final da missa presidida na Catedral de Pancrácio Mártir, em Albano, na manhã deste domingo (20/07), o Pontífice, ao saudar a comunidade pelas principais ruas da cidade, foi interpelado por alguns jornalistas sobre a situação em Gaza e disse:

 

“É preciso rezar pela paz e tentar convencer todas as partes a se sentarem à mesa para negociar, dialogar e depor as armas, porque o mundo não aguenta mais, há tantos conflitos, tantas guerras, é preciso trabalhar verdadeiramente pela paz, rezar com confiança em Deus, mas também trabalhar...”

 

Questionado sobre a conversa que teve com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, após o ataque militar israelense contra a Igreja da Sagrada Família em Gaza, o Papa Leão XIV comentou:

 

"Sim, conversamos, foi publicado, insistimos sobre a necessidade de proteger os locais sagrados de todas as religiões, trabalhar juntos também nesse sentido, mas com verdadeiro respeito pelas pessoas e pelos locais sagrados, e tentar deixar para trás tanta violência e tanto ódio, tantas guerras."

 

Na oportunidade do telefonema, Leão XIV fez um forte apelo para que se chegasse a um cessar-fogo e ao fim da guerra. O Papa também demonstrou grande preocupação “pela dramática situação humanitária da população de Gaza, cujo preço devastador é pago especialmente pelas crianças, idosos e pessoas doentes”.

 

O apelo do Papa no Angelus pelo fim da "barbárie da guerra"

Ao final da oração mariana do Angelus deste domingo (20/07), aos presentes na Praça da Liberdade em Castel Gandolfo, Leão XIV voltou a reforçar sobre a busca pela paz com "mais notícias dramáticas chegando do Oriente Médio", recordando o triste ataque sofrido pelos cristãos em Gaza durante a semana: "expresso minha profunda dor pelo ataque do exército israelense contra a Paróquia Católica da Sagrada Família, na cidade de Gaza. Como sabem, na última quinta-feira, ele causou a morte de três cristãos e ferimentos graves em outros". O Papa então disse rezar por todos os envolvidos, paroquianos e familiares das vítimas, citando o nome das três pessoas que morreram: Saad Issa Kostandi Salameh, Foumia Issa Latif Ayyad e Najwa Ibrahim Latif Abu Daoud:

 

“Peço novamente que pare imediatamente a barbárie da guerra e que se alcance a uma resolução pacífica do conflito.”

"Dirijo à comunidade internacional o apelo para que observe o direito humanitário e se respeite a obrigação de proteger os civis, bem como a proibição de punição coletiva, do uso indiscriminado da força e do deslocamento forçado da população. Aos nossos amados cristãos do Oriente Médio, digo: estou próximo à sensação de vocês de poder fazer pouco diante desta situação tão dramática. Vocês estão no coração do Papa e de toda a Igreja. Obrigado pelo testemunho de fé de vocês. Que a Virgem Maria, mulher do Oriente, aurora do Sol novo que surgiu na história, os proteja sempre e acompanhe o mundo rumo ao amanhecer da paz."

 

O Papa, então, dirigiu várias saudações aos grupos presentes, em especial àqueles do Fórum Internacional da Ação Católica que idealizaram a “Maratona de Oração pelos Governantes”, que convida a parar por 1 minuto a rezar pela paz neste domingo (20/07), entre às 10h e 22h: "o convite, dirigido a cada um de nós, é de pararmos apenas por um minuto para rezar, pedindo ao Senhor que ilumine os nossos governantes e inspire neles projetos de paz".

O Pontífice também fez um agradecimento especial pelo acolhimento recebido durante seu primeiro período de férias em Castel Gandolfo que, ao invés de terminar neste mesmo domingo (20/07) como era previsto, deve acontecer na terça-feira (22/07), segundo comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé. E o retorno de Leão XIV às Vilas Pontifícias para mais um tempo de repouso será em agosto, entre os dias 15 e 17. Fonte: https://www.vaticannews.va

Pároco estava em tratamento e faleceu na manhã de hoje; CNBB emitiu nota de solidariedade

 

Morreu na manhã deste sábado (19) o padre Orlando Gonçalves Barbosa, aos 55 anos. O religioso era pároco da Paróquia de São Francisco de Assis, situada no bairro de mesmo nome na zona Sul de Manaus. Em nota, a Arquidiocese comunicou a páscoa (passagem) do padre.

Além da paróquia, o padre também exercia a função de assessor arquidiocesano da Pastoral do Povo de Rua, que presta assistência social a pessoas em situação de rua na cidade. Nascido no Mato Grosso do Sul, Orlando Gonçalves Barbosa foi ordenado padre em 1999 e se destacou pelos trabalhos sociais na Igreja Católica.

“Padre Orlando estava internado no hospital da Samel com um quadro de infecção pulmonar, mas houve piora de seu quadro nesta madrugada, levando ao seu falecimento por volta de 6h20 da manhã. Informações sobre velório e sepultamento serão divulgadas assim que forem definidas. Na esperança da Ressurreição, pedimos a Deus misericordioso que lhe conceda o descanso eterno e lhe faça brilhar a Sua luz”, diz a nota.

Nas redes sociais, fiéis e paróquias emitiram comunicados de pesar pelo falecimento do padre Orlando Gonçalves. Sua igreja, a Paróquia de São Francisco de Assis, afirmou que o coração dos fiéis “se veste de luto pela partida de Padre Orlando”.

“Hoje, o céu acolhe um pastor fiel e generoso, enquanto nós guardamos suas palavras, seu sorriso e sua fé como herança viva. Descanse em paz, Padre Orlando, e continue iluminando nossos caminhos lá do alto”, disse.

Abertamente católico, o vereador Zé Ricardo (PT) prestou pesar pelo falecimento do padre, chamado por ele de “um defensor da vida, firme na fé e incansável nas lutas por justiça, dignidade e direitos para os mais pobres e excluídos”.

“Neste momento de dor e tristeza, nos solidarizamos com os familiares, amigos, paroquianos e toda a comunidade católica, especialmente aqueles e aquelas com quem ele partilhou o Evangelho da esperança e da libertação. Que seu testemunho de vida continue a inspirar nossos passos na construção de um mundo mais justo e fraterno”, escreveu.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Regional Norte 1 também se manifestou em solidariedade pela morte do padre Orlando, agradecendo a Deus por “seu testemunho e compromisso com a missão nas paróquias e comunidades que ele acompanhou, na Cáritas Arquidiocesana de Manaus, na Pastoral do Povo de Rua, na formação filosófica e teológica, dentre outros serviços” prestados ao longo de 25 anos. Fonte: https://www.acritica.com

(Leituras do dia: 1Rs 18,42-45; Jo 19,25-30).

Frei Martinho Cortez, O.Carm., In Memoriam

1- Nas origens: capela de Santa Maria.

     É uma presença constante, “que tem exercido um vital e profundo influxo” no Carmelo. No monte havia uma capela dedicada a Maria. O carmelita, falando do “seguimento de Jesus” (Regra), cultivou naturalmente aquela que disse “sim” ao plano de Deus. Ele é sua padroeira original, que em seguida é venerada com outras formas de devoção e títulos. A veneração de Maria se prende ao fato de ela ser Mãe do Verbo de Deus, na pessoa de Jesus. Para isto ela tinha de ser imaculada (Imaculada Conceição) e, no fim, da vida, recebeu a graça de voltar para Deus de corpo e alma (Assunção). Maria, Mãe de Deus, é a Nova Eva (salvação) e a Mulher Coroada de Estrelas (Apocalipse). Tudo em sua vida, sobre a qual pouca coisa temos nos Evangelhos, é motivo de alegria, de esperança, de adoração ao Senhor. O Carmelo habituou-se a relacionar-se com ela como mediadora, protetora, santíssima, intercessora, e a lhe prestar honras, endereçar-lhe orações e imitar suas virtudes. Tornou-se um modelo de espiritualidade por sua pureza virginal, humildade consciente, sentido da presença de Deus e de serviço generoso ao próximo. Por Cristo primeiro, os carmelitas chegaram a Maria; depois, por Maria chegaram cada vez mais a Jesus! Chamavam-na de “Mãe de Deus” e “Toda Santa”, e a Ordem do Carmo passou a ser eminentemente mariana, porque, além de terem surgido na terra de Maria – a Terra Santa – foram para lá na qualidade de “peregrinos” e por causa de Jesus. Por isso ela, como verdadeira Rainha, é chamada de “a Senhora do Lugar”: sua beleza é como a beleza do monte Carmelo em tempo de floração; o tema da “nuvenzinha” de Elias é visto em Maria como seu poder de intercessão, que faz cair sobre da parte de Deus uma chuva de graças (“medianeira” – 1Rs 18, 42-45). — Ou seja: nas origens da Ordem do Carmo, Maria aparece nas citações bíblicas, nas tradições da região do monte Carmelo e na consciência que possuíam os carmelitas do papel dela na história da Salvação. Daí a história da espiritualidade carmelita revelar que a Ordem do Carmo sempre se relacionou com Maria em acentuações de afeto, ternura, cordialidade e familiaridade íntima.

 

2-Na Idade Média: a Senhora do Lugar.

      Desde o início Maria foi para os carmelitas protetora e sua padroeira. Aprofundamentos são feitos, desenvolve-se o modo de exprimir a devoção, fica mais rico o conteúdo da fé. Chega-se a um ponto em que, entre os carmelitas, Maria é claramente venerada como a “Mãe do Senhor”, a “Senhora do Lugar” (patrona), a “Virgem”, a “Imaculada”, a “Toda Bela”, a “Mulher Coroada de Estrelas”, a “Mãe do Redentor” (Virgem puríssima), a “Libertadora” (livra das penas do purgatório) e a “Preservadora” (força para evitar no fim da vida a pena capital do inferno). — O significado de “patrona” faz pensar em dedicação, proteção, senhorio. Disso foi que nasceu a consciência de a Ordem do Carmo ter sido fundada para a hora e o serviço de Maria. Por conseqüência, tudo na Ordem era feito através de Maria: a espiritualidade, a profissão de vida consagrada, o uso do hábito e a dedicação das igrejas. Daí, também, o alcance do nome oficial da Ordem: Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Em geral, as igrejas carmelitas recebem o nome de Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Igreja do Carmo. A profissão de consagração à vida carmelita é feita também em nome da Virgem do Carmo. O hábito oficial da Ordem, que inclui a capa branca, sinal da pureza virginal de Maria, incorporou o Escapulário, inicialmente um avental de serviço dentro de casa, nas horas ou nos jardins. O Escapulário ficou sendo um sinal de serviço a Deus pelo serviço a Maria. No conjunto de hinos e celebrações do Carmelo, mesmo as celebrações eucarísticas, incluiu-se o nome de Maria, a própria ave-maria e a salve-rainha. As orações e antífonas proclamavam as virtudes e excelências da Mãe de Deus e sua mediação. Os escritores, pregadores e teólogos carmelitas se referiam cada vez mais freqüente e profundamente das glórias da Mãe e Esplendor do Carmelo. — Do meio para o fim da Idade Média, a Ordem do Carmo dedicava a Maria grandes temas de sua espiritualidade: a “conformidade de vida” (“Tudo em Maria”, “O Carmelo é todo de Maria”); a “maternidade de Maria em relação à Ordem” (“Mãe e Esplendor do Carmelo”; tudo, até a origem da Ordem, é mariano!). O objetivo de vida segue sendo a intimidade com Deus pelo seguimento de Jesus, mas, por isso mesmo, é que o Carmelo funciona com base no ser/agir da Mãe de Deus (cf. também presença de Maria junto à Cruz: Jo 19, 25-30)

 

3- Na passagem para os tempos modernos: a intimidade com Maria vira fraternidade.

      Ao final da Idade Média emergiu no Carmelo uma reflexão profunda sobre a “virgindade” de Nossa Senhora em sua condição de Mãe do Puro Amor (Deus). Era uma exigência decorrente da espiritualidade carmelita: para estar sempre na presença do Senhor, fundamentar-se numa vida de “coração puro e reta consciência”. Maria Puríssima e Santíssima tinha de ser modelo de inspiração e imitação. Maria então passou a ser sentida ainda mais como “companheira de caminhada e consagração”. Sua pureza e santidade deviam ser como “atitudes vitais de entrega e abandono a Deus, e de conformidade à sua vontade”. Traduziu-se tudo isso na palavra “Irmã”, com o sentido de “fraternidade na virgindade” (santidade de vida), “fraternidade na vida em comum” (comunidade de vida) e “fraternidade na pertença por consagração” (membro da Ordem). A pureza de Maria na vida dos carmelitas passou a ser vivida como “beleza”, como “ausência de mancha”, como sinônimo de “vida totalmente disponível à união com Deus”. Esta “união com Deus” se faria como de fato se deve fazer: pela aceitação plena da vontade do Senhor, pela criatividade a partir dela, pelo testemunho diante do mundo e pela profecia em favor da justiça e da paz. Santa Maria Madalena de Pazzi escreveu: “a leveza no corpo, a alegria no coração, a liberdade na vontade, a transparência na inteligência, a lembrança dos benefícios na memória, a verdade nas intenções, a simplicidade nas ações, a veracidade nas palavras, a  mortificação nos sentimentos: assim (alguém) poderá elevar-se com Maria”. Elisabete da Trindade, por sua vez, chamado-a de “Porta do céu” ensinava: “Existe uma criatura que conheceu este dom de Deus, uma criatura que não perdeu nenhuma parcela deste dom, uma criatura que foi pura, tão luminosa que parece ser a própria Luz: “Speculum justitiae” (espelho de justiça); uma criatura cuja vida foi tão simples. Tão perdida em Deus, que quase nada se pode dizer a respeito: “Virgo fidelis” — é a virgem fiel, aquela “que guardava todas as coisas em seu coração” (Lc 2,51).

 

Conclusão

      Os carmelitas, em sua espiritualidade, sempre se relacionaram intimamente com Maria Santíssima, de tal modo que ela se tornou entre eles uma presença mística (na qual se pode fazer a experiência de Deus); uma companheira de caminho à luz do Evangelho (experiência da vida cristiforme), uma mulher digna de imitação (união mística com Maria, vida marieforme) e uma possibilidade de reproduzir o amor de Jesus pela Mãe (atualização e volta a Cristo). Por meio da devoção ao Escapulário do Carmo, os carmelitas pretendem não somente vender o produto de uma espiritualidade sempre atual (“O cristão do século 21 ou será um santo ou nada será” – Karl Rahner), como também continuar afirmando, apesar os pesares (relaxamento, decadência, defasagem espiritual) o que afirmamos a oito séculos: que Maria é a grande protetora humana dos irmãos de Cristo; que ela nos ajuda a alimentar a fidelidade a Deus, a viver uma vida de serviço ao Reino de Deus e a confiar plenamente em que, por sua intercessão, não fica difícil obtermos a salvação!

Fonte bibliográfica única: Boaga, E. – “A Senhora do Lugar”, Edição Carmelita, 1994, Paranavaí – PR.

Segundo a Diocese, a investigação interna teve início em 13 de junho, após o recebimento das denúncias.

Caso do Padre Raimundo Luzia vai ao Vaticano (Foto: Arquivo)

Duas jovens que afirmam ter sido vítimas de abuso sexual por parte do padre Raimundo Luzia Gonzaga de Sousa prestaram depoimento à Comissão de Investigação Prévia da Diocese de Caxias (MA).

O caso ocorreu em Timon, cidade vizinha a Teresina (PI), onde o religioso atuava como pároco da Igreja Menino Jesus de Praga. O processo será encaminhado ao Vaticano, que dará a palavra final sobre a conduta do padre.

As oitivas foram entregues ao bispo Dom Sebastião Lima Duarte no dia 9 de julho. Uma das jovens relatou ter sofrido assédio aos 16 anos e hoje está com 19. A outra diz ter sido estuprada aos 17 anos e atualmente tem 18.

Além delas, foram ouvidos o próprio padre Raimundo Luzia, a pessoa que fez a denúncia anônima e uma testemunha.

Segundo a Diocese, a investigação interna iniciou em 13 de junho, após o recebimento das denúncias. Foi formada uma comissão, realizadas as escutas e agora o material será reunido com a Comissão Diocesana de Tutela de Menores e Pessoas Vulneráveis.

As peças finais serão encaminhadas ao Dicastério para a Doutrina da Fé, no Vaticano, responsável por julgar casos do tipo.

Paralelamente, a Polícia Civil do Maranhão também investiga o caso. A apuração corre sob sigilo e o padre segue afastado de suas funções religiosas desde o dia 6 julho, por decisão da Diocese, que nomeou outro sacerdote para assumir os trabalhos na paróquia.

Dom Sebastião, em nota oficial, afirmou lamentar profundamente os fatos, pediu perdão às supostas vítimas e familiares, e declarou: “rogamos a Deus que conduza a todos na justiça e na paz”. Fonte: https://portalclubenews.com

 

Padre é afastado pela Diocese de Caxias por suspeita de abuso sexual

Raimundo Luzia Gonzaga de Sousa era pároco na Igreja Menino Jesus de Praga.

 

Por g1 MA — São Luís

A Diocese de Caxias decidiu afastar o padre Raimundo Luzia Gonzaga de Sousa, suspeito de envolvimento em casos de abuso sexual contra meninas da igreja na cidade de Timon, na Região Leste do Maranhão. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

A decisão foi assinada no domingo (6), pelo bispo Dom Sebastião Lima Duarte. Em nota, a Diocese afirmou que o afastamento busca “evitar escândalos, defender a liberdade das testemunhas e garantir o curso da justiça”.

O padre atuava como pároco da Igreja Menino Jesus de Praga e, por ora, está impedido de realizar celebrações. Um novo sacerdote já foi nomeado para conduzir os trabalhos da paróquia enquanto durarem as investigações.

A Polícia Civil está a procura de Raimundo Luzia para apurar os fatos. Fonte: https://g1.globo.com

 

Novo comunicado sobre situação pastoral da Paróquia Menino Jesus de Praga depois do afastamento do Padre Raimundo Luzia

 

Prot.: 0086/2025

NOVO COMUNICADO DO BISPO DE CAXIAS-MA


Saudações cordiais paroquianos da paróquia Menino Jesus de Praga e a todos!

No recente comunicado (06/07) foi dito que estamos procedendo com nosso dever ao recebermos denúncias anônimas sobre o Pe. Raimundo Luzia e que por isso foi afastado cautelarmente do ministério sagrado e também de outro oficio ou encargo eclesiástico, como requer os documentos da Igreja Católica; foi proibido de celebrar publicamente a Santíssima Eucaristia e de exercer publicamente atos que requerem o poder de ordem sagrada. Para quem é padre, habituado com estas coisas, isto já é um castigo mesmo sem sê-lo formalmente.

O processo canônico corre em segredo e até próxima semana será enviado tudo para o Dicastério da Doutrina da Fé, no Vaticano em Roma e caberá a esse serviço da Igreja proceder com restante da investigada e dar o veredicto final. Outro sim, nos atemos ao que rege as leis canônicas.

Considerando que a comunidade paroquial Menino Jesus de Praga no Parque Alvorada não pode ser penalizada e muito menos privada das graças e bênçãos de Deus dos sacramentos e sacramentais, levando em conta as outras atividades pastorais, RESOLVEMOS que nestes próximos dias o Pe. Francielio assumirá a paróquia, ele que deixou ontem a paróquia em São João dos Patos e o Diácono transitório Julian que está em Parnarama irá junto nesta missão.

Que o Senhor dos senhores e bom pastor das ovelhas nos conduza em seus caminhos de vida e missão, testemunhando nossa fé em Jesus, o Cristo, que soube cuidar de todos e todas.

 

Dado e passado em Caxias aos 09 de julho de 2025.

Com minha bênção episcopal,

Dom Sebastião Lima Duarte
Bispo de Caxias do Maranhão

Fonte: https://diocesedecaxiasdomaranhao.org

 

Dom João Santos Cardoso

Arcebispo de Natal (RN)

 

No coração humano sempre desponta uma pergunta central que o inquieta: qual o sentido da vida? O filósofo e cientista francês Blaise Pascal nos oferece uma chave: “O coração tem razões que a própria razão desconhece” (Pensées, 277).  Essa expressão sintetiza o desafio de buscar o sentido da vida numa sociedade dominada pela técnica, pelo cálculo e pela produtividade. Embora esse modelo racionalista tenha proporcionado avanços, ele é insuficiente para responder às grandes questões existenciais: Por que existo? Que devo fazer para ser feliz? Há algo depois da morte?  

Diante dessas perguntas, percebemos que a razão por si só não basta. Há dentro de cada pessoa uma sede de plenitude que o conforto material, o êxito profissional ou o reconhecimento social não são capazes de saciar. Como dizia Santo Agostinho: “Fizeste-nos para ti, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousa em ti” (Confissões). Essa inquietação aponta para um desejo que transcende o imediato, uma espécie de saudade do infinito inscrita no íntimo do coração humano. 

Muitos tentam silenciar essa sede por meio de distrações, consumismo ou ativismo. Mas, cedo ou tarde, a inquietação ressurge: em noites solitárias, em perdas repentinas, ou mesmo na contemplação silenciosa de um pôr do sol. Trata-se de um chamado profundo, que nos convida a olhar para além do visível e a considerar o mistério que nos habita. 

Pascal descrevia o ser humano como um “paradoxo misterioso”, capaz de grandezas sublimes, mas também inclinado à miséria. Temos sede de eternidade, verdade, justiça e amor, mas somos limitados e contraditórios. Essa tensão revela que não somos autossuficientes, e que nossa origem e destino remetem a algo, ou melhor, a Alguém maior que nós. Por isso, buscar o sentido da vida é, em última instância, buscar por Deus. 

Pascal identificou dois modos fundamentais de conhecer: o “esprit de géométrie” (espírito de geometria) e o “esprit de finesse” (espírito de fineza). O primeiro refere-se à razão lógica e analítica, que mede, deduz e organiza o conhecimento do mundo externo. Já o segundo é a inteligência do coração, capaz de perceber, amar e intuir. É nesse espírito de fineza que se insere a vida espiritual. A fé, nesse contexto, não é irracional, mas uma forma de conhecimento mais profunda, que reconhece os limites da lógica e se abre à totalidade do real. Trata-se de uma confiança lúcida, não de uma crença cega, é a certeza de que existe um Amor Maior, que nos sustenta e nos espera. 

Redescobrir a dimensão espiritual é, hoje, um caminho necessário para reconectar com o centro da vida. Não se trata apenas de seguir tradições ou praticar rituais, mas de cultivar o silêncio, a escuta interior, a abertura a Deus. A espiritualidade verdadeira é encontro com um Deus vivo, que nos conhece por dentro e nos chama pelo nome. 

A busca pelo sentido da vida não é tarefa exclusiva dos filósofos, mas de todo ser humano. Ela dá unidade à nossa existência, ilumina nossas decisões, fortalece-nos nas dores e oferece esperança diante da morte. É o que nos transforma de meros sobreviventes em “peregrinos da esperança”, que caminham com direção, guiados por uma luz interior que vem de Deus. 

No mais profundo, todos queremos amar e ser amados, viver com verdade, deixar uma marca de bem. É na vida espiritual, vivida com autenticidade, que esses anseios se encontram e se realizam. Como escreveu Pascal: “O ser humano ultrapassa infinitamente o ser humano.” Somos feitos para mais: para o amor que vem de Deus, para a vida plena que só Ele pode dar. Em tempos saturados de informações, mas famintos de sentido, o convite é claro: abrir o coração, escutar o mistério e reencontrar a fonte que realmente sacia. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Mais um Padre...

 

No sábado, 5 de julho de 2025, Padre Matteo Balzano, um padre de 35 anos da Diocese de Novara, Itália, foi encontrado morto na reitoria paroquial de Cannobio. Ele matou-se.

A morte de um padre por suicídio é profundamente trágica e nos obriga a parar e refletir. Por trás do colar e de um sorriso gentil há uma pessoa real - um homem - alguém que deixou a família, uma carreira e muitas alegrias pessoais para servir os outros. Mas os padres não são super-heróis nem máquinas de venda automática para sacramentos. Eles são seres humanos com lutas, necessidades e limites.

Muitas vezes, as comunidades que servem esperam tudo deles (comportamento perfeito, disponibilidade constante, paciência infinita) sem oferecer compreensão, descanso ou apoio emocional em troca. Espera-se que os sacerdotes sejam imunes à solidão, à dor e à exaustão só porque são "homens de Deus". Mas não são. Eles sentem profundamente. E quando são descuidados, criticados constantemente, ou se fazem sentir invisíveis, o peso torna-se demais. Às vezes, tristemente, eles quebram.

Podemos nunca saber completamente o que o Padre Matteo estava passando. Mas podemos perguntar: como tratamos nossos padres? Apoiamo-los tanto quanto os julgamos? Alguma vez agradecemos a eles ou deixamos que eles saibam que são amados?

Uma simples palavra de gentileza, um sorriso ou um momento de conexão real pode significar tudo. Porque o pior tipo de solidão não é estar sozinho, é se sentir invisível, mesmo rodeado de pessoas.

A Igreja está destinada a ser um lar. E isso inclui ser um lar para os nossos padres também. Se eles não se sentirem cuidados, então algo falta.

Padre Matteo morreu sozinho. Mas talvez parte do que levou a isso foi o silêncio daqueles que o rodeavam. Fonte: Facebook

Se amamos a Igreja, também devemos amar e cuidar dos seus pastores, não esperando que eles sejam perfeitos, mas apoiando-os como compatriotas. Às vezes, eles também precisam ser salvos.

 

 O Suicídio de mais um Padre

 

Foi encontrado sem vida esta manhã, Padre Matteo Balzano. em sua casa junto ao oratório Cannobio (Piemonte, Itália), onde durante meses realizava seu ministério entre jovens.

A Diocese de Novara deu a notícia de que o sacerdote se tirou a própria vida de 35 anos, confiando à oração para acompanhar esta dolorosa e difícil história.

O Padre Matteo, foi ordenado em 2017, após a ordenação, havia servido como vigário paroquial na comunidade de Castelletto até 2023, antes de passar por um período de transição no Santuário do Rei. Nos últimos meses instalou-se em Cannobio, onde assumiu a responsabilidade do Oratório Paroquial e onde foi recebido por muitos. especialmente dos jovens.

A tragédia foi descoberta depois que o Padre Matteo não apareceu para celebrar a Santa Missa da manhã e não atendeu o celular. Preocupados os irmãos e paroquianos do seu súbito silêncio, incomum para um padre descrito como sempre presente e atento. A descoberta do corpo deixou a comunidade

Aqueles que trabalharam com ele, descreveram que o jovem sacerdote tinha trazido "entusiasmo e dedicação". Na nota oficial, Padre Franco Giudice, vigário episcopal do clero, escreve: “Só o Senhor, que escreve e conhece cada um de nós, pode compreender os mistérios mais impenetráveis do coração”.

A morte do Padre Mateo lembra, com força e discrição, uma pergunta que começa a surgir também dentro da Igreja: a fragilidade psicológica de quem vive no sacerdócio ministerial.

Muitas vezes percebidos como pontos focais, espiritualmente sólidos e disponíveis para qualquer necessidade, os sacerdotes às vezes vivem em condições de solidão emocional e pressão pastoral que dificilmente se vê no exterior.

No caso do Padre Matteo, não houve sinal explícito. E, no entanto, por trás do rosto daqueles que dirigem, anunciam, educam, uma dor profunda, incomunicável e não reconhecida pode ninhar.

Rezemos pelos padres.

Rezemos por Mateus e confiemos-o à Misericórdia de Deus, que tudo sabe e tudo. Fonte: Facebook

 

 

“Quando um altar se cala”

Por Nei Theotokos

 

Morreu um padre.

Mas ninguém parou.

Não tocaram os sinos por muito tempo. Não houve velório na praça. Só o silêncio. Um silêncio tão grande que parecia engolir tudo ao redor.

Morreu um padre e com ele morreu um pouco da nossa coragem de encarar a verdade.

Porque, veja, ele não morreu de velhice, nem de acidente, nem de doença terminal. Morreu de cansaço.

De alma.

De solidão.

De críticas travestidas de santidade.

De exigências sem afeto.

De um povo que pede milagres, mas não oferece companhia.

De uma Igreja que clama por vocações, mas esquece de cuidar das que já existem.

Ele morreu e com ele morreu também um altar, uma homilia que nunca mais será pregada, uma confissão que não será acolhida, uma bênção que agora ficou suspensa no ar.

Chamavam-no de rígido.

Mas não enxergavam suas rugas de preocupação.

Apontavam sua falta de sorrisos.

Mas ignoravam suas noites sem dormir.

Queriam dele perfeição, mas não ofereceram sequer amizade.

E agora, olhe: o confessionário está vazio.

A batina ainda pendurada atrás da porta.

O missal aberto na página que jamais será lida.

E o sacrário… o sacrário tão limpo…

Mas com o vazio ecoando forte entre as paredes.

Essa crônica não é sobre morte.

É sobre vida.

Sobre a nossa forma de cuidar dos que cuidam.

Sobre o jeito como a gente ama ou esquece de amar.

Que a morte desse padre nos tire do piloto automático.

Que nos obrigue a olhar nos olhos de quem serve o altar.

E a perguntar: Você está bem?

Porque talvez, da próxima vez que um altar se calar…

Seja tarde demais para perguntar qualquer coisa. Fonte: facebook

Em ‘Apocalipse nos Trópicos’, Petra Costa investiga ligação entre a política e evangélicos no Brasil

Depois de ‘Democracia em Vertigem’, indicado ao Oscar, a cineasta transita entre Brasília e cultos para tentar entender o significado do crescimento da bancada evangélica e das ‘orações políticas’ proferidas Brasil afora

 

'Apocalipse dos Trópicos', de Petra Costa, explora o crescimento da fé evangélica no Brasil. Foto: Divulgação/Netflix

 

Por Beatriz Amendola

Enquanto filmava os vaivéns do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff para seu Democracia em Vertigem (2019), documentário que lhe renderia uma indicação ao OscarPetra Costa recebeu uma dica de uma assessora parlamentar: filmar um ato profético convocado pelo pastor Silas Malafaia. A cineasta seguiu o conselho e escutou uma mulher proferir uma declaração inflamada que chamou sua atenção: “Deus deve tomar o executivo, o legislativo e o judiciário, e expulsar a escória desse País”.

O momento está registrado em Apocalipse nos Trópicos, novo filme da diretora, que agora se propõe a examinar a intersecção entre a política e as lideranças evangélicas no Brasil. “Essa declaração me marcou muito – eu acho que ela até me incluía na escória que deveria ser expulsa do País”, relembra Petra, em conversa com o Estadão. “E que país seria esse em que Deus toma o executivo, o legislativo e o judiciário? Eu nunca tinha ouvido uma uma uma oração tão política”.

A cineasta transita entre Brasília e cultos para tentar entender o significado do crescimento da bancada evangélica e das ‘orações políticas’ proferidas Brasil. Crédito: Netflix via Youtube

Apocalipse nos Trópicos, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 3, e à Netflix no próximo dia 14, retrata outros discursos similares. Logo no começo, Petra aparece em cena recebendo uma Bíblia das mãos de Cabo Daciolo (Republicanos), que diz que “Deus decretou o fim do governo do ímpio” e fala em uma “guerra espiritual”.

A retórica belicosa, Petra viria a descobrir, está diretamente ligada ao livro bíblico do Apocalipse, que empresta seu nome ao filme. Mais especificamente, a uma de suas interpretações, propagada pelo pastor John Nelson Darby no século 19. Nesta versão, que serviu de base para o fundamentalismo cristão, a segunda vinda de Cristo é iminente, e será precedida por eventos cataclísmicos – e quanto pior forem estes eventos, mais rápido virá o arrebatamento.

Foi um discurso com o qual a cineasta se deparou com frequência enquanto filmava em igrejas evangélicas durante o período da pandemia de covid-19. “As músicas eram sobre Apocalipse, os cultos falavam do Apocalipse e associavam a pandemia ao Apocalipse, como um sinal dos cinco tempos”, recorda. “E um dos pastores que aparece no filme também fala muito disso, sobre como ele estava feliz de o governo Bolsonaro estar criando uma situação de caos que aceleraria o fim do mundo e, portanto, a volta de Jesus.”

Ela acrescenta: “Isso era uma uma teologia muito presente entre os evangélicos fundamentalistas no Brasil e muito presente entre evangélicos fundamentalistas nos Estados Unidos. Os aliados dominionistas do [presidente norte-americano Donald] Trump acreditam piamente nisso de que acelerar o fim do mundo vai acelerar a volta de Jesus.”

 

A influência de Malafaia

O dominionismo à que Petra se refere, também conhecido como teologia do domínio, prega que os cristãos devem buscar o controle sobre vários aspectos da sociedade, como a política e a cultura. É um conceito que, em Apocalipse nos Trópicos, é explicado por Silas Malafaia, que acaba por se tornar um dos personagens centrais da narrativa.

O pastor não só é entrevistado, como é acompanhado pelas câmeras de Petra em momentos diversos, do púlpito a uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão de incluí-lo veio após a produtora do longa, Alessandra Orofino, constatar que ele estava presente, indiretamente, em grande parte do material que Petra havia gravado em igrejas durante a pandemia.

“Olhando esse material, o Silas estava em tudo”, lembra Alessandra. “Vários pastores o referenciavam quando falavam das suas estratégias de como manter as igrejas abertas e o porquê. Os vídeos que ele fazia viralizavam, e as pessoas que a gente estava entrevistando referenciavam esses vídeos. Então, o Silas estava presente sem a gente o tivesse entrevistado.”

O timing também ajudou, já que Malafaia se tornou uma figura ainda mais proeminente na vida pública nos quatro anos em que o documentário foi filmado. “A influência dele sobre Bolsonaro aumentou tremendamente”, diz Petra. “Os outros aliados caíram, alguns morreram, como o Olavo de Carvalho, e o Silas virou um conselheiro do presidente. E até hoje está organizando manifestações.”

 

E a esquerda?

O conflito entre os líderes evangélicos, historicamente alinhados à direita, e a esquerda também se faz presente em Apocalipse nos Trópicos. Há, no filme, menções virulentas de Malafaia aos “esquerdopatas”, e o deputado Sóstenes Cavalcante (PL) atribui, também no documentário, justamente à oposição o crescimento da bancada evangélica no Congresso Nacional. Mas o momento mais notável é quando o presidente Lula (PT) diz ter a tese de que o socialismo falhou ao negar a religião.

“É claro que existe uma necessidade de se reconhecer que, no Brasil, a fé é parte da vida das pessoas e ela não vai deixar de ser – e nem necessariamente é desejável que ela deixe de ser”, diz Alessandra. “A fé cumpre muitas funções importantes na vida de muita gente, inclusive na minha, diga-se passagem. Mas o filme não pretende dar lição de moral nem apontar os erros,”

As realizadoras esperam que o longa possa suscitar reflexões na esquerda. “Em alguma medida”, prossegue Alessandra, “alguns segmentos da esquerda se acomodam a um papel de gestores desse capitalismo tardio, de tentar minimizar as dores e os problemas, mas sem buscar soluções mais inventivas, mais criativas e que questionem mais as bases dos problemas que a gente vive, em vez de só gerenciar as consequências mais negativas.”

Remetendo a outro momento do filme, que pontua o “fervor revolucionário” presente na direita e, especialmente, nas lideranças evangélicas, Petra complementa: “Quem é que está falando ‘vamos organizar todo mundo, vamos sair na manifestação, vamos pressionar o Congresso, vamos eleger tantos deputados, vamos encher a Suprema Corte’? Quem está convocando suas bases hoje em dia? A esquerda, como diz o Gilberto Carvalho em Democracia em Vertigem, deixou de convocar suas bases”. Fonte: https://www.estadao.com.br

Depois do fenômeno dos devocionais evangélicos, a ficção cristã surge com enorme potencial comercial

Em um país onde os jovens leem cada vez menos, o aumento das vendas da ficção cristã juvenil é uma ótima notícia

 

Livro 'Corajosas', que depois virou série, publicado em 2023 pela editora Mundo Cristão - Divulgação/Editora Mundo Cristão

 

Marcos Simas

É doutor em ciências da religião, possui especialização na área editorial pela Yale University

 

Apesar de ser um gênero literário de enorme sucesso nos Estados Unidos, com a venda de milhões de exemplares anualmente, a literatura de ficção sempre teve enormes dificuldades de se estabelecer entre as editoras evangélicas brasileiras. Foram inúmeras tentativas frustradas ao longo de décadas. Mas boas notícias vêm, finalmente, surgindo nos últimos anos, graças ao público juvenil.

Uma delas é o sucesso do livro "Corajosas", que depois virou série, publicado em 2023 pela editora Mundo Cristão e escrito pelas brasileiras e evangélicas Arlene Diniz, Queren Ane, Maria S. Araújo e Thaís Oliveira.

A obra traz versões modernas de contos de fadas tradicionais como "Branca de Neve", "O Príncipe e o Sapo", "Cinderela" e "A Bela e a Fera", e aborda temas como amizade, superação, identidade e propósito.

A série, que já conta com outros três produtos, incluindo uma Bíblia, já teria alcançado cerca de 200 mil exemplares vendidos, segundo Renato Fleischner, COO da Mundo Cristão e diretor-tesoureiro do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros).

Outra boa notícia é que a Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, sediará, entre os dias 16 e 19 de julho, a Feira de Ficção Cristã e Cultura (FEFICC), que espera receber mais de 11 mil visitantes.

O evento, que já tem a participação confirmada de cerca de 80 autores, incluindo Robin Gunn Jones, autora best seller norte-americana com mais de 6 milhões de livros vendidos, contará também com cerca de 25 editoras, entre elas Thomas Nelson Brasil, Mundo Cristão e Editora Vida.

A programação inclui rodas de conversa sobre romances e fantasia cristã, concurso de cosplay, encontros com escritores e profissionais do ramo, além de palestras sobre diversos temas da literatura como "O Cristianismo nas Obras de Tolkien". Maiores informações podem ser encontradas no site do evento.

Esse fenômeno pode fazer parte de uma tendência de inserção de produtos evangélicos na cultura nacional, já que a ficção cristã pode ser compreendida como um gênero literário que incorpora valores e princípios cristãos em suas narrativas, e isso não precisa necessariamente se referir a histórias bíblicas ou evangelísticas, nem ser ambientados em uma igreja ou ter personagens caricaturados.

Abordagem e conteúdo semelhante ao que já acontece com variados títulos de não ficção, seja de autoajuda ou de crescimento e desenvolvimento pessoal, que também incorpora valores e princípios cristãos-evangélicos em seu conteúdo e fazem enorme sucesso de vendas, em um país com elevado percentual de cristãos.

Assim como os devocionais diários como "Café com Deus Pai", lidos por brasileiros de diferentes matizes religiosas, ou a música gospel, que também é cantada e apreciada por não evangélicos, a ficção cristã pode estar abrindo caminho para alcançar novos leitores juvenis fora dos arraiais.

Pode ainda abrir portas para que editoras não religiosas publiquem este gênero literário, em meio a seu catálogo de ficção. Aliás, essa talvez seja uma das formas mais sutis e inteligentes de se aproximar desse público, que muitas vezes olha "atravessado" quando elementos de sua fé são vistos apenas como produtos de consumo.

Considerando que a pesquisa "Retratos da Leitura", divulgada no fim de 2024, mostrou que a internet tira tempo de leitura de 78% dos entrevistados —impactando principalmente os mais jovens— essa pode ser uma boa notícia para todo o mercado editorial, que vê a venda de seus livros de ficção em queda, enquanto a de livros religiosos só aumenta. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

 

1) Oração

Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mt 8,18-22)

18Certo dia, vendo-se no meio de grande multidão, ordenou Jesus que o levassem para a outra margem do lago. 19Nisto aproximou-se dele um escriba e lhe disse: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores. 20Respondeu Jesus: As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça. 21Outra vez um dos seus discípulos lhe disse: Senhor, deixa-me ir primeiro enterrar meu pai. 22Jesus, porém, lhe respondeu: Segue-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos.

 

3) Reflexão

Durante três semanas, meditamos os capítulos 5 a 8 do evangelho de Mateus. Dando seqüência à meditação do capítulo 8, o evangelho de hoje trata das condições do seguimento de Jesus. Jesus decidiu ir para o outro lado do lago e uma pessoa pediu para poder segui-lo (Mt 8,18-22).

 

Mateus 8,18: Jesus manda passar para o outro lado do lago

Jesus tinha acolhido e curado todos os doentes que o povo havia trazido até ele (Mt 8,16). Muita gente juntou-se ao redor dele. À vista desta multidão, Jesus decidiu ir para a outra margem do lago. No evangelho de Marcos, do qual Mateus tirou grande parte das suas informações, o contexto é outro. Jesus acabava de terminar o discurso das parábolas (Mc 4,3-34) e dizia: “Vamos para o outro lado!” (Mc 4,35), e, do jeito que ele estava no barco, de onde tinha feito o discurso (cf. Mc 4,1-2), os discípulos o levaram para o outro lado. De tão cansado que estava, Jesus deitou e dormiu em cima de um travesseiro (Mc 4,38).Mateus 8,19: Um doutor da Lei quer seguir Jesus

No momento em que Jesus decide fazer a travessia do lago, um doutor da lei se aproxima e diz: "Mestre, eu te seguirei aonde quer que fores”. Um texto paralelo de Lucas (Lc 9,57-62) trata do mesmo assunto, mas de um jeito um pouco diferente. Conforme Lucas, Jesus tinha decidido ir para Jerusalém onde seria preso e morto. Tomando o rumo de Jerusalém, ele entrou no território da Samaria (Lc 9,51-52), onde três pessoas pedem para poder segui-lo (Lc 9,57.59.61). Em Mateus, que escreve para judeus convertidos, a pessoa que quer seguir Jesus é um doutor da lei. Mateus acentua o fato de uma autoridade dos judeus reconhecer o valor de Jesus e pedir para ser discípulo. Em Lucas, que escreve para pagãos convertidos, as pessoas que querem seguir Jesus são samaritanos. Lucas acentua a abertura ecumênica de Jesus que aceita também não judeus como discípulos.

 

Mateus 8,20: A resposta da Jesus ao doutor da Lei

 A resposta de Jesus é idêntica tanto em Mateus como em Lucas, e é uma resposta muito exigente que não deixa dúvidas: "As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça".  Quem quer ser discípulo de Jesus deve saber o que faz. Deve examinar as exigências e calcular bem, antes de tomar uma decisão (cf. Lc 14,28-32). “Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33).

 

Mateus 8,21: Um discípulo pede para poder enterrar o falecido pai

Em seguida, alguém que já era discípulo pede licença para poder enterrar seu falecido pai: "Senhor, deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai". Com outras palavras, ele pede que Jesus adie a travessia do lago para depois do enterro do pai. Enterrar os pais era um dever sagrado dos filhos (cf Tb 4,3-4).

 

Mateus 8,22: A resposta de Jesus

Novamente, a resposta de Jesus é muito exigente. Jesus não adiou sua viagem para o outro lado do lago e diz ao discípulo: "Siga-me, e deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos”. Quando Elias chamou Eliseu, ele permitiu que Eliseu voltasse para casa para despedir-se dos pais (1Reis 19,20). Jesus é bem mais exigente. Para entender todo o alcance da resposta de Jesus convém lembrar que a expressão Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos era um provérbio popular usado pelo povo para significar que não se deve gastar energia em coisas que não tem futuro e que não tem nada a ver com a vida. Um provérbio assim não pode ser tomado ao pé da letra. Deve-se olhar o objetivo com que foi usado. Assim, aqui no nosso caso, por meio do provérbio Jesus acentua a exigência radical da vida nova para qual ele chama as pessoas e que exige abandonar tudo para poder seguir Jesus. Descreve as exigências do seguimento de Jesus.

 

Seguir Jesus. Como os rabinos da época, Jesus reúne discípulos e discípulas. Todos eles "seguem Jesus". Seguir era o termo que se usava para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. Para os primeiros cristãos, Seguir Jesus  significava três coisas muito importantes, ligadas entre si:

  1. Imitar o exemplo do Mestre: Jesus era o modelo a ser imitado e recriado na vida do discípulo e da discípula (Jo 13,13-15). A convivência diária permitia um confronto constante. Na "escola de Jesus" só se ensinava uma única matéria: o Reino, e este Reino se reconhecia na vida e na prática de Jesus.
  2. Participar do destino do Mestre:. Quem seguia Jesus devia comprometer-se com ele e "estar com ele nas sua provações" (Lc 22,28), inclusive nas perseguições (Mt 10,24-25) e na cruz (Lc 14,27). Devia estar disposto a morrer com ele (Jo 11,16).
  3. Ter a vida de Jesus dentro de si: Depois da Páscoa, à luz da ressurreição, o seguimento assume esta terceira dimensão: "Vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Trata-se da dimensão mística do seguimento, fruto da ação do Espírito. Os cristãos procuravam refazer em suas vidas o caminho de Jesus que tinha morrido em defesa da vida e foi ressuscitado pelo poder de Deus (Fl 3,10-11).

 

4) Para um confronto pessoal

1) Ser discípulo, discípula, de Jesus. Seguir Jesus. Como estou vivendo o seguimento de Jesus?

2) As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça. Como viver hoje esta exigência de Jesus?

 

5) Oração final

Compreendei bem isto, vós que vos esqueceis de Deus: não suceda que eu vos arrebate e não haja quem vos salve. Honra-me quem oferece um sacrifício de louvor; ao que procede retamente, a este eu mostrarei a salvação de Deus.  (Sl 49, 22-23)

 

No ano de 64 d.C., o imperador Nero começou uma perseguição contra os cristãos. Temendo que São Pedro caísse nas garras do imperador, os primeiros cristãos o aconselhavam a sair de Roma para se proteger. Pedro ficou indeciso: ficar e correr o risco de desaparecer junto com a Igreja nascente ou fugir para a Galileia ou Tiberíades e proclamar, bem longe de Roma, as verdades de Cristo?

Pedro quis abandonar Roma. Porém o Senhor interviu, saiu ao seu encontro.

Pela manhã, ao cruzar a Porta Latina da cidade, Pedro enxergou uma luz muito forte, vindo em sua direção. Quando a luz se aproximou, ele reconheceu Jesus Cristo, carregando uma cruz. Diante de Cristo, Pedro deixa cair o bastão, se ajoelha, levanta os braços e diz: “Quo vadis, Domini?” (Aonde vais, Senhor?). E Cristo lhe responde: ”Romam vado iterum crucifigi” (Vou a Roma para ser crucificado novamente).

Pedro compreendeu, então, que seu lugar era em Roma, entre seus cristãos perseguidos, a exemplo de Cristo, o Bom Pastor, que dera a vida pelas ovelhas de seu rebanho. Envergonhado de sua atitude, Pedro voltou para Roma, para continuar o seu ministério, acabou sendo preso e crucificado pelo imperador Nero, porém, de cabeça para baixo, em sinal de humildade. Fonte: https://pt.churchpop.com

 

Dom Carlos José

Bispo de Apucarana (PR)

 

“Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29)

O Sagrado Coração de Jesus é nosso único refúgio e salvação!

É Nele e somente Nele que encontraremos forças na caminhada rumo aos céus.

Peçamos essa graça à Senhora de Lourdes, a Mãe Santíssima que, unindo seu Imaculado Coração ao Sacratíssimo Coração do Filho, nos auxilie a chegar ao Coração de Jesus!

Duas solenidades se entrelaçam neste mês de junho: Corpus Christi e Sagrado Coração de Jesus!

A Eucaristia é o pulsar do Coração do Verbo!

Na Eucaristia está contido Jesus todo, Corpo, Sangue, Alma e Divindade; na Eucaristia está o Coração de Cristo que cuida de nós, nos revelando o amor do Pai e a presença viva do Espírito Santo que nos move, como peregrinos ao encontro da salvação.

O Coração humano e Divino de Jesus é a fonte inesgotável da misericórdia do Pai.

A Ele podemos recorrer, sem receios, em busca de perdão, consolo, ternura e afeto, pois, aí está a fonte do Amor: “Um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água” (Jo 19,34).

Do lado aberto de Cristo, jorram os Sacramentos da Igreja: a água do Batismo que nos purifica e o Sangue da Eucaristia que nos nutre e sustenta.

Um Coração, Divino e humano, parou de bater para que o nosso tivesse vida e não nos perdêssemos no pecado e no erro eterno.

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus não é um mero preceito, mas sinal de reconhecimento e gratidão pela Vida que brota do Coração Amoroso que continua pulsando por nós!

E, esse pulsar é um chamado a sermos semelhantes a Ele, no amor, na humildade, na entrega e na fidelidade diária.

“Tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne” (Ez 36, 26); não fomos feitos para viver de qualquer forma, Deus nos deu um coração de carne para que as pedras do desamor e da solidão fossem extirpadas de dentro de nós.

Que nossa oração ‘Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso’, seja transformada em atitudes concretas para nos assemelharmos ao Dele!

O coração não é apenas o lugar dos sentimentos e dos afetos humanos, se assim fosse, não suportaríamos o peso das tantas pedras.

É no coração que acontece o encontro da nossa humanidade com a Divindade!

Para quem crê em Cristo, o coração engloba toda a pessoa, unindo consciência, liberdade e inteligência.

O coração revela nossa capacidade de pensar e agir, escolher e decidir com amor e com a razão que provém da fé em Cristo Jesus, que nos disse: ‘Vinde a mim vós todos e eu vos aliviarei.

Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 28-29). Jesus nos revela um Coração repleto de mansidão e amor nos convidando a penetrarmos, com confiança e entrega no mais íntimo de seu Ser.

Ao celebrarmos o Sagrado Coração de Jesus, rezemos pela Igreja e pela Santificação do Clero, colocando todos os sacerdotes no Coração de Jesus para que “Cristo habite pela fé em seus corações… para conhecerem o amor de Cristo que excede todo conhecimento” (Ef 3, 17-19) Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

1) Oração

Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 21-29)

21Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. 22Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? 23E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus! 24Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. 26Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. 27Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína. 28Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. 29Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas.

 

3) Reflexão  -  Mt 7,21-29

O Evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha: (1) não basta falar e cantar, é preciso viver e praticar (Mt 7,21-23). (2) A comunidade construída em cima do fundamento da nova Lei do Sermão da Montanha ficará em pé na hora da tempestade (Mt 7,24-27). (3) O resultado das palavras de Jesus nas pessoas é uma consciência mais crítica com relação aos líderes religiosos, os escribas (Mt 7,28-29).

Este final do Sermão da Montanha desenvolve algumas oposições ou contradições que continuam atuais até nos dias de hoje: (1) Há pessoas que falam continuamente de Deus, mas se esquecem de fazer a vontade de Deus; usam o nome de Jesus, mas não traduzem em vida sua relação com o Senhor (Mt 7,21). (2) Há pessoas que vivem na ilusão de estarem trabalhando para o Senhor, mas no dia do encontro definitivo com Ele, descobrem, tragicamente, que nunca o conheceram (Mt 7,22-23). As duas parábolas finais do Sermão da Montanha, da casa construída sobre a rocha (Mt 7,24-25) e da casa construída sobre a areia (Mt 7,26-27), ilustram estas contradições. Por meio delas Mateus denuncia e, ao mesmo tempo, tenta corrigir a separação entre fé e vida, entre falar e fazer, entre ensinar e praticar.

 

Mateus 7,21: Não basta falar, é preciso praticar

O importante não é falar bonito sobre Deus ou saber explicar bem a Bíblia para os outros, mas é fazer a vontade do Pai e, assim, ser uma revelação do seu rosto e da sua presença no mundo. A mesma recomendação foi dada por Jesus àquela mulher que elogiou Maria, sua mãe. Jesus respondeu: “Felizes os que ouvem a Palavra e a põem em prática” (Lc 11,28).

 

Mateus 7,22-23: Os dons devem estar a serviço do Reino, da comunidade.

Havia pessoas com dons extraordinários como, por exemplo, o dom da profecia, do exorcismo, das curas, mas elas usavam os dons para si mesmas, fora do contexto da comunidade. No julgamento, elas ouvirão uma sentença dura de Jesus: "Afastem-se de mim vocês que praticam a iniqüidade!". Iniqüidade é o oposto de justiça. É fazer com Jesus o que alguns doutores faziam com a lei: ensinavam mas não praticavam (Mt 23,3). Paulo dirá a mesma coisa com outras palavras e argumentos: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria”. (1Cor 13,2-3).

 

Mateus 7,24-27: A parábola da casa na rocha.

Ouvir e praticar, esta é a conclusão final do Sermão da Montanha. Muita gente procurava sua segurança nos dons extraordinários ou nas observâncias. Mas a segurança verdadeira não vem do prestígio nem das observâncias, não vem de nada disso. Ela vem de Deus! Vem do amor de Deus que nos amou primeiro (1Jo 4,19). Seu amor por nós, manifestado em Jesus ultrapassa tudo (Rom 8,38-39). Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos praticar a sua vontade. Aí, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.

 

Mateus 7,28-29: Ensinar com autoridade

O evangelista encerra o Sermão da Montanha dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, porque "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência mais crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Suas palavras simples e claras brotavam da sua experiência de Deus, da sua vida entregue ao Projeto do Pai. O povo estava admirado e aprovava os ensinamentos de Jesus.

 

Comunidade: casa na rocha

No livro dos Salmos, frequentemente encontramos a expressão: “Deus é a minha rocha e a minha fortaleza... Meus Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que me salva...”(Sl 18,3). Ele é a defesa e a força de quem nele acredita e busca a justiça (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus, tornam-se, por sua vez, uma rocha para os outros. Assim, o profeta Isaías faz um convite ao povo que estava no cativeiro: "Vocês que estão à procura da justiça e que buscam a Deus! Olhem para a rocha da qual foram talhados, para a pedreira da qual foram extraídos. Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, sua mãe” (Is 51,1-2). O profeta pede para o povo não esquecer o passado. O povo deve lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram rocha, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, o povo devia criar coragem para lutar e sair do cativeiro. Do mesmo modo, Mateus exorta as comunidades para que tenham como alicerce a mesma rocha (Mt 7,24-25) e possam, dessa maneira, elas mesmas ser rocha para fortalecer os seus irmãos e irmãs na fé. Este é o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornarem-se, também elas, pedras vivas pela escuta e pela prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).

 

4) Para um confronto pessoal

1) Como a nossa comunidade equilibra oração e ação, louvor e prática, falar e fazer, ensinar e praticar? O que deve melhorar na nossa comunidade, para que ela seja rocha, casa segura e acolhedora para todos?

2) Qual a rocha que sustenta a nossa Comunidade? Qual o ponto em que Jesus mais insiste?

 

5) Oração final

Ajudai-nos, ó Deus salvador, pela glória de vosso nome; livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados pelo amor de vosso nome. (Sl 78, 9) 

À polícia, ele contou que cometeu o crime porque tinha sido proibido de ir num encontro em outro estado

 

As vítimas ao lado do adolescente apreendido pelos assassinatos — Foto: Reprodução da internet

 

Por Bruna Martins — Rio de Janeiro

Um adolescente, de 14 anos, foi apreendido após confessar ter matado os pais e o irmão de 3 anos em Itaperuna, no interior do Rio. Os corpos foram encontrados numa cisterna, na manhã desta quarta-feira, por uma equipe da 143ª DP (Itaperuna). Segundo os agentes, o menino vai responder por fato análogo ao crime de triplo homicídio e ocultação de cadáver.

O caso chegou à polícia na terça-feira (24), quando uma avó do adolescente foi com ele até a delegacia para registrar o desaparecimento da família. Aos agentes, ela contou que tentava contato desde sábado, mas ninguém atendia.

Na manhã desta quarta-feira, ao fazer uma perícia na casa, os policiais encontraram manchas de sangue no colchão do casal, além de roupas ensaguentadas e com focos de queimado. Os celulares das vítimas foram localizados numa bolsa.

No imóvel, um forte odor de putrefação levou os agentes até uma cisterna, onde foram encontrados os corpos já em estado avançado de decomposição.

Com a descoberta, o adolescente acabou confessando ter executado os pais e o irmão, e justificou os crimes afirmando que havia sido proibido de ir a um encontro em outro estado.

Ele esperou os pais irem dormir e, com a arma do pai, atirou contra eles e o irmão. Depois, colocou os corpos em uma cisterna da casa. Fonte: https://extra.globo.com

 

1) Oração

Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 15-20)

15Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. 16Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? 17Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. 18Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. 19Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 20Pelos seus frutos os conhecereis.

 

3) Reflexão -  Mt 7,15-20

Estamos chegando às recomendações finais do Sermão da Montanha. Comparando o evangelho de Mateus com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira de os dois apresentarem o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do ensinamento e o organizou em cinco grande discursos, dos quais o Sermão da Montanha é o primeiro (Mt 5 a 7). Marcos, por mais de quinze vezes, diz que Jesus ensinava, mas raramente diz o que ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam num ponto: Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). Mateus se interessava pelo conteúdo. Será que Marcos não se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo! Ensinar não é só uma questão de comunicar verdades para o povo aprender de memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e no próprio jeito de Jesus se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. Ela, a pessoa, é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor que transparecem nas palavras e gestos de Jesus fazem parte do conteúdo. São o seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não convence e não à conversão.

As recomendações finais e o resultado do Sermão da Montanha na consciência do povo ocupam o evangelho de hoje (Mt 7,15-20) e o de amanhã (Mt 7,21-29). (A seqüência dos evangelhos diários da semana nem sempre é a mesma dos próprios evangelhos.)

Mateus 7,13-14:       Escolher o caminho certo

Mateus 7,15-20:      O profeta se conhece pelos frutos

Mateus 7,21-23:      Não só falar, também praticar

Mateus 7,24-27:     Construir a casa na rocha

Mateus 7,28-29:     A nova consciência do povo

 

Mateus 7,15-16ª : Cuidado com os falsos profetas

No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo, pessoas que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver o povo nos vários movimentos daquela época: essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37). No tempo em que Mateus escreve também havia profetas que anunciavam mensagens diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo mencionam estes movimentos e tendências (cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12). Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento dos espíritos. Daí a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência de Jesus é muito forte: "Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”. A mesma imagem é usada quando Jesus envia os discípulos e as discípulas para a missão: “Mando vocês como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc 10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser que o lobo se converta e perca a sua agressividade como sugere o profeta Isaías (Is 11,6; 65,25). O que importa aqui no nossos texto é o dom do discernimento. Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais ou grupais levam as pessoas a proclamar como falsos aqueles profetas que anunciam a verdade que incomoda. Isto aconteceu com o próprio Jesus. Ele foi eliminado e morto como falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, o mesmo aconteceu e continua acontecendo na nossa igreja.

 

Mateus 7,16b-20 : A comparação da árvore e seus frutos

Para ajudar no discernimento dos espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Vocês os conhecerão pelos frutos”. Um critério semelhante já tinha sido sugerido pelo livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma árvore má não pode dar bons frutos.  19 Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”. No evangelho de João, Jesus completa a comparação: “Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que dêem mais fruto ainda.  O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados." (Jo 15,2.4.6)

 

4) Para um confronto pessoal

 1) Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma pessoa boa e honesta que proclamava uma verdade incômoda foi condenada como falso profeta?

2) A julgar pelos frutos da árvore da sua vida pessoal, como você se define: falso ou verdadeiro?

 

 

5) Oração final

 Desvia meu olhar para eu não ver as vaidades, faze-me viver no teu caminho. Eis que desejo teus preceitos; pela tua justiça conserva-me a vida. (Sl 118, 37.40)

Ao reforçar a aliança entre espiritualidade e ação, o papa pode ampliar a formação de consciência ecológica em milhões de pessoas

 

*Por Virgilio Viana

A escolha do cardeal Robert Prevost como o novo papa – agora Leão XIV – representa um marco simbólico e concreto no fortalecimento do compromisso da Igreja Católica com a justiça socioambiental. Natural dos Estados Unidos, mas com uma trajetória marcada por mais de 20 anos de missão pastoral no Peru, Leão XIV conhece profundamente os desafios da América Latina e traz consigo um firme compromisso com a justiça climática e uma forte convicção: a fé deve estar em ação no cuidado com a criação.

O novo pontífice já era amplamente conhecido por sua atuação diante das injustiças sociais e ambientais. Sua voz ganhou destaque no cenário eclesial internacional ao defender com veemência a urgência de ações práticas frente às mudanças climáticas. Em seus pronunciamentos e documentos pastorais anteriores, sempre ressaltou a responsabilidade moral da Igreja de transformar palavras em ações concretas. Seu pontificado deve seguir a trajetória do papa Francisco, guiada pelo conceito da ecologia integral. Ele também compartilha princípios centrais como Francisco: uma Igreja próxima do povo, especialmente dos pobres; uma liderança humilde e servidora; e uma fé traduzida em gestos concretos.

É nesse contexto ético e pastoral que se insere a visão ecológica do novo papa. Sua experiência missionária no Peru, ao lado de comunidades vulneráveis, fortaleceu a convicção de que a crise climática é também uma crise social e espiritual. Para ele, cuidar da criação é inseparável do cuidado com as pessoas, especialmente os pobres. A ecologia, portanto, integra o Evangelho vivido com justiça, compaixão e compromisso com o futuro do planeta. Entre os pilares de sua visão, destacam-se:

1) A valorização de uma relação harmoniosa com a natureza, rejeitando qualquer modelo que trate os recursos naturais como meros objetos de exploração. Para o papa Leão XIV, a criação não é um bem à disposição irrestrita do ser humano, mas sim um dom divino que exige cuidado, reverência e responsabilidade compartilhada. Ele propõe uma espiritualidade ecológica profunda, na qual cada elemento da natureza (os rios, as florestas, os animais e o ar que respiramos) é reconhecido como parte de uma comunidade viva. Essa visão convida a uma conversão do olhar e do coração, promovendo a ética do cuidado como princípio orientador para as ações humanas. É um chamado a restaurar a harmonia entre o humano e o planetário.

2) A crítica ao desenvolvimento tecnológico desregulado, que, embora traga avanços, pode também agravar a destruição ambiental quando não orientado por princípios éticos e de equidade. O papa Leão XIV resgata uma visão humanista do progresso, insistindo que a tecnologia deve estar a serviço da vida e não o contrário. Ele alerta para o risco de um futuro dominado apenas pela lógica do lucro e da eficiência, em detrimento da dignidade humana e do cuidado com a natureza. A tecnologia, em sua visão, deve ser aliada da proteção ambiental, da inclusão social e da paz duradoura.

3) A centralidade da justiça climática, com atenção especial ao sofrimento dos mais pobres e vulneráveis, que historicamente são os mais afetados pelos efeitos da crise climática, com secas prolongadas, enchentes devastadoras, insegurança alimentar e deslocamentos forçados. Sua liderança busca tornar visíveis esses rostos invisibilizados. O papa Leão XIV é categórico ao afirmar que não se trata apenas de cuidar do planeta em termos genéricos, mas de proteger as pessoas mais vulneráveis.

Esses três pilares formam a base de uma nova esperança. Sob a liderança de Leão XIV, novos caminhos podem ser construídos para servirem de inspiração para uma humanidade mais consciente, mais justa e mais comprometida com a Casa Comum.

A escolha do papa ocorre num momento simbólico em que a ciência emite sinais de alerta cada vez mais agudos. Faltam poucos meses para a realização da COP-30, que ocorrerá na Amazônia. Seu envolvimento nesse processo, inclusive com uma provável presença no evento, representará uma articulação potente entre doutrina católica e urgência climática, reconhecendo o papel vital dos povos da floresta no desenvolvimento de soluções baseadas na natureza. Será também uma forma de ecoar para o mundo que cuidar do meio ambiente é também cuidar de si.

Ao reforçar a aliança entre espiritualidade e ação, o papa pode ampliar a formação de consciência ecológica em milhões de pessoas. Em tempos de negacionismo e retrocessos ambientais, sua voz pode ajudar a reaproximar o mundo do sentido da fraternidade, da compaixão e da responsabilidade coletiva. Ele nos convida a uma conversão ecológica que não é apenas individual, mas também institucional, econômica e política.

O novo pontífice nos dá uma nova oportunidade de colocar em prática o chamado do papa Francisco de unir fé, ciência e justiça numa única direção: um planeta mais justo, mais solidário e mais resiliente. Que o pontificado do papa Leão XIV inspire lideranças de todo o planeta a assumirem compromissos corajosos com a sustentabilidade e com a dignidade humana. Porque, como ele mesmo já disse, “não há paz possível num planeta em colapso”. Fonte: https://www.estadao.com.br

 

*Opinião por Virgilio Viana

Engenheiro florestal pela Esalq/USP, Ph.D. pela Universidade Harvard, superintendente-geral da Fundação Amazônia Sustentável, membro da Pontifícia Academia de Ciências Sociais do Vaticano, é professor da Fundação Dom Cabral

 

Dom Anuar Battisti

Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

 

Amados irmãos e irmãs, 

Hoje celebramos a Solenidade de Corpus Christi, o mistério sublime da presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. E no Ano C da liturgia, a Palavra de Deus nos convida a compreender este mistério a partir de três dimensões: sacrifício, alimento e partilha. 

Na primeira leitura – Gn 14,18-20 –, o misterioso rei-sacerdote Melquisedec oferece pão e vinho a Abraão. Esse gesto, tão breve e simbólico, ecoa fortemente no Novo Testamento. Melquisedec aparece como figura de Cristo, o verdadeiro Sacerdote Eterno, que na Última Ceia oferece o seu corpo e o seu sangue sob as espécies do pão e do vinho. O salmo reafirma: “Tu és sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedec” (Sl 109,4). Desde os primórdios, Deus já preparava, na história do povo, os sinais do que seria o dom da Eucaristia. 

A segunda leitura – 1Cor 11,23-26 –, da Primeira Carta aos Coríntios, nos remete ao momento mais sagrado da fé cristã: “Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim” (1Cor 11,24). São Paulo nos recorda o que recebeu do próprio Senhor. A Eucaristia é memória viva, não de um evento passado, mas de um sacrifício que se torna presente em cada celebração. Cristo se doa, por amor, para nos unir a Ele. 

E o Evangelho de Lucas – Lc 9,11b-17 – nos apresenta a multiplicação dos pães. Diante da multidão faminta, os discípulos propõem despedir o povo, mas Jesus responde com firmeza: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Lc 9,13). Ele acolhe, ensina, cura… e alimenta. Toma os cinco pães e dois peixes, ergue os olhos ao céu, pronuncia a bênção, parte e distribui. Este gesto é um claro anúncio da Eucaristia. E é também um chamado à partilha, à solidariedade. Jesus não apenas dá o pão: Ele se faz pão. 

Queridos irmãos e irmãs, o que celebramos hoje? 

Celebramos a presença real de Jesus no Santíssimo Sacramento do altar. Ele está realmente ali: corpo, sangue, alma e divindade. Não é símbolo, não é representação. É o próprio Senhor que se dá como alimento para a nossa vida espiritual, como sustento em nossas lutas, como companheiro nas estradas do mundo. 

Mas celebramos também a nossa vocação à comunhão e à caridade. Quem se alimenta de Cristo na Eucaristia deve viver como Ele viveu: amando, servindo, partilhando, perdoando. A Eucaristia não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio para os fracos, como dizia o Papa Francisco. E é, ao mesmo tempo, um compromisso de vida. 

Hoje, ao sairmos em procissão pelas ruas, levamos Cristo conosco. Mas, mais ainda, Cristo nos leva consigo: queremos ser sinal visível de um Deus que caminha com o seu povo. Queremos proclamar publicamente: “Jesus está no meio de nós!” 

Ao contemplar o Pão consagrado, dobramos os joelhos e abrimos o coração. Como São Tomás de Aquino escreveu no hino Adoro Te Devote: “Na cruz se escondia a tua divindade, aqui se esconde também a tua humanidade. Eu, porém, creio e confesso uma e outra coisa, e peço o que pediu o bom ladrão: lembra-te de mim, Senhor.” 

Que essa celebração reavive em nós o amor pela Eucaristia, a vontade de comungar com frequência e dignidade, e a disposição de viver o que celebramos. 

Que o Senhor Eucarístico nos alimente com seu Corpo e nos transforme em seu Corpo vivo no mundo. 

Louvado seja o Santíssimo Sacramento do altar! Para sempre seja louvado! Amém. Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

1) Oração

Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 43-48)

43Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. 44Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. 45Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. 46Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? 47Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? 48Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.

 

3) Reflexão  - Mt 5, 43-48

No evangelho de hoje alcançamos o topo da Montanha das Bem-aventuranças, onde Jesus proclamou a Lei do Reino de Deus, cujo ideal se resume nesta frase lapidar: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Jesus estava corrigindo a Lei de Deus! Cinco vezes em seguida ele já tinha afirmado: “Antigamente foi dito, mas eu digo!” (Mt 5,21.27,31.33.38). Era sinal de muita coragem da parte dele de corrigir, publicamente, diante de todo o povo reunido, o tesouro mais sagrado do povo, a raiz da sua identidade, que era a Lei de Deus. Jesus quer comunicar um novo olhar para entender e praticar a Lei de Deus. A chave para poder atingir este novo olhar é a afirmação: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito”. Nunca ninguém poderá chegar a dizer: “Hoje fui perfeito como o Pai do céu é perfeito!” Estaremos sempre abaixo da medida que Jesus colocou diante de nós. Por que será que ele colocou diante de nós um ideal impossível a ser atingido por nós mortais? 

 

Mateus 5,43-45: Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo

Nesta frase Jesus explicita a mentalidade com que os escribas explicavam a lei; mentalidade que nascia das divisões entre judeu e não-Judeu, entre próximo e não-próximo, entre santo e pecador, entre puro o impuro, etc. Jesus manda subverter esta pretensa ordem nascida de divisões interesseiras. Ele manda ultrapassar as divisões. “Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos” .E aqui atingimos a fonte, de onde brota a novidade do Reino. Esta fonte é o próprio Deus, reconhecido como Pai, que faz nascer o sol sobre maus e bons. Jesus manda que imitemos este Deus: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (5,48). E' imitando este Deus que criamos uma sociedade justa, radicalmente nova:

 

Mateus 5,46-48: Ser perfeito como o Pai celeste é perfeito

Tudo se resume em imitar Deus: "Pois, se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu" (Mt 5,43-48). O amor é o princípio e o fim de tudo. Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão (Jo 15,13). Jesus imitou o Pai e revelou o seu amor. Cada gesto, cada palavra de Jesus, desde o nascimento até à hora de morrer na cruz, era uma expressão deste amor criador que não depende do presente que recebe, nem descrimina o outro por motivo de raça, sexo, sexo, religião ou classe social, mas que nasce de um bem querer totalmente gratuito. Foi um crescendo contínuo, desde o nascimento até à morte na Cruz.

 

A manifestação plena do amor criador em Jesus. Foi quando na Cruz ele ofereceu o perdão ao soldado que o torturava e matava. O soldado, empregado do império, prendeu o pulso de Jesus no braço da cruz, colocou um prego e começou a bater. Deu várias pancadas. O sangue espirrava. O corpo de Jesus se contorcia de dor. O soldado, mercenário ignorante, alheio ao que estava fazendo e ao que estava acontecendo ao redor, continuava batendo como se fosse um prego na parede da casa para pendurar um quadro. Neste momento Jesus dirige ao Pai esta prece: “Pai, perdoa! Eles não sabem o que estão fazendo!” (Lc 23,34). Por mais que os homens quisessem, a desumanidade não conseguiu apagar em Jesus a humanidade. Eles o prenderam, xingaram, cuspiram no rosto dele, deram soco na cara, fizeram dele um rei palhaço com coroa de espinhos na cabeça, flagelaram, torturaram, fizeram-no andar pelas ruas como um criminoso, teve de ouvir os insultos das autoridades religiosas, no calvário deixaram-no totalmente nu à vista de todos e de todas. Mas o veneno da desumanidade não conseguiu alcançar a fonte da humanidade que brotava de dentro de Jesus. A água que jorrava de dentro era mais forte que o veneno que vinha de fora, querendo de novo contaminar tudo. Olhando aquele soldado ignorante e bruto, Jesus teve dó do rapaz e rezou por ele e por todos: “Pai, perdoa!” E ainda arrumou uma desculpa: “São ignorantes. Não sabem o que estão fazendo!” Diante do Pai, Jesus se fez solidário daqueles que o torturavam e maltratavam. Era como o irmão que vem com seus irmãos assassinos diante do juiz e ele, vítima dos próprios irmãos, diz ao juiz: “São meus irmãos, sabe. São uns ignorantes. Perdoa. Eles vão melhorar!” Era como se Jesus estivesse com medo que o mínimo de raiva contra o rapaz pudesse apagar nele o restinho de humanidade que ainda sobrava. Este gesto incrível de humanidade e de fé na possibilidade de recuperação daquele soldado foi a maior revelação do amor de Deus. Jesus pôde morrer: “Está tudo consumado!” E inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 19,30). Realizou a profecia do Servo Sofredor (Is 53).

 

4) Para um confronto pessoal

1) Qual a motivação mais profunda do esforço que você faz para observar a Lei de Deus: merecer a salvação ou agradecer a bondade imensa de Deus que te criou, te mantém em vida e te salva?

2) Como você entende a frase “ser perfeito como o Pai do céu é perfeito”?

 

5) Oração final

Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E conforme a imensidade de vossa misericórdia, apagai a minha iniquidade. Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado. (Sl 50, 3-4)

Para idealizador da Marcha para Jesus, chapa ideal para 2026 teria Tarcísio e Michelle

 

Apóstolo Estevam Hernandes no estúdio da Rede Gospel, em São Paulo; ele lidera a Marcha para Jesus na próxima quinta-feira (19) pelas ruas da capital - Eduardo Knapp/Folhapress

 

Anna Virginia Balloussier

São Paulo

 

O apóstolo Estevam Hernandes, que idealizou em 1993 a Marcha para Jesus, diverge de colegas pastores que só veem uma possibilidade política para quem se diz cristão: o conservadorismo.

"Se cristão quiser ir para o céu, ele pode ser de direita ou de esquerda", diz Hernandes, que estará nesta quinta-feira (19) à frente da 33ª edição da marcha pelas ruas da região central e zona norte de São Paulo.

Claro que há uma "incompatibilidade de pautas", sobretudo no campo dos costumes, mas seria pretensão exigir que um fiel não vote no PT, por exemplo, ele diz à Folha.

O apóstolo, que fundou nos anos 1980 a Igreja Renascer em Cristo, apoiou Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Para a próxima eleição, aposta numa chapa presidencial com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e Michelle Bolsonaro (PL) de vice. Também gostaria de ver o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), na cadeira de governador.

Hernandes fala ainda sobre dois fenômenos ruidosos no evangelicalismo brasileiro: desigrejados e pastores mirins.

 

São mais de três décadas de marcha. Como a comunidade evangélica mudou nesse meio-tempo? 

Tínhamos muitas barreiras denominacionais, e isso era um impeditivo para que a gente muitas vezes fizesse um evento como a Marcha para Jesus, com unidade entre nós. Por outro lado, a introdução da juventude trouxe uma oxigenação muito, muito importante.

 

E a percepção pública geral sobre os crentes, também se alterou?

O estereótipo estimulado era o do crente careta, a pessoa não participativa [na sociedade]. Hoje, não. A gente vê os cristãos em todas as áreas de atividade, e isso também mudou bastante essa imagem, porque as pessoas passaram a fazer uma leitura mais adequada daquilo que é realmente, entre aspas, "ser crente".

 

O Censo 2022 revelou um número de evangélicos menor do que o esperado. O que aconteceu?
Acho que o Censo está defasado em termos de informação. Até porque foi feito logo após a pandemia, e, particularmente, acho que não reflete a realidade. Acredito que, no mínimo, temos 35% de evangélicos. Tem alguns ajustes [a serem feitos].

 

O sr. fala em 35%. Qual é a base para essa afirmação?

A base é o sentimento que a gente tem. Por quê? Quando iniciamos a marcha, por exemplo, a gente deveria ter em média 4%, 5% da sociedade. E dificilmente você encontrava uma pessoa que professava claramente que era crente. Hoje você vai em todos os lugares, e sempre tem pessoas que são evangélicas. Esse retrato da sociedade demonstra que essa participação é maior do que aquilo que o Censo está mostrando.

Alguns líderes evangélicos veem falha na metodologia, outros acham que é o número correto, e que mostra o potencial de crescimento evangélico. E tem quem fale numa suposta má-fé ideológica, de que o Censo seria aparelhado por uma esquerda anticrente.
Acho que é mais uma questão metodológica. Não acredito que há manipulação ideológica nisso.

 

Vemos muito católico não praticante, que se declara assim por herança geracional, porque o pai, o avô eram católicos. Veremos o evangélico não praticante como fenômeno futuro?

Esse risco não tem como não correr, né? Com o próprio crescimento, com mais gerações [de evangélicos], pode acabar sucedendo. E hoje a gente tem um fenômeno, os considerados desigrejados, que são pessoas evangélicas, praticam todos os princípios da Bíblia e tudo mais, só que por opção não frequentam a igreja. Isso é muito preocupante, quando a pessoa acaba sendo apenas nominal. Como aquela que fala que é católica só porque foi batizada quando criança, mas, na verdade, nunca pôs o pé na igreja, não desenvolve sua fé.

 

Especialistas atribuem essa tendência a uma insatisfação com as instituições religiosas de modo geral. Concorda?

É claro que insatisfações existem. Mas não creio que seja significativo. Temos aí uma multiplicidade de igrejas, e isso é muito interessante. O pessoal procura se adaptar àquilo que é a comunicação que gosta, ao meio social que está buscando. Esse aspecto de termos muitas igrejas acaba favorecendo. Tem pessoas que podem falar que mudaram de igreja por insatisfação, que talvez é o que mais aconteça hoje. Mas não que a pessoa deixe de ser evangélica.

 

A polarização poderia ter afastado alguns fiéis, que preferiam uma igreja sem essa tensão política?

Pode ter tido influência, sem dúvida nenhuma. Toda radicalização acaba não sendo benéfica. O grande risco é o extremismo. E isso, às vezes, bate de frente com as pessoas e gera insatisfação.

 

Onde o sr. observou extremismo nesses últimos anos, seja pelo lado de Bolsonaro, que contou com seu apoio, ou por algum outro?

 Vi acontecer. Até por falta de uma consciência política mais adequada, às vezes, as pessoas acabam misturando muito o aspecto espiritual.

 

Há a ideia difundida em algumas igrejas de que um cristão de verdade não pode ser de esquerda. O sr. já discordou dela no passado. Mantém a opinião?

Se o cristão quiser ir para o céu, ele pode ser de direita ou de esquerda. O que eu falei e repito é sobre a incompatibilidade de pautas, mas não que a pessoa não pode votar no PT ou ser de esquerda. Seria uma pretensão muito grande, e seria também você querer inibir as pessoas daquilo que é opção pessoal.

 

Essa deve ser mais uma marcha a que o presidente Lula não irá. Enviou algum recado, como ele fez em 2023?

Até agora, não. Ano passado ele mandou os representantes [como seu advogado-geral da União, o batista Jorge Messias].

 

Acha que Lula deveria comparecer?

Todo mundo deveria, né?

 

Neymar participou da divulgação da marcha, o que atraiu críticas. Uma delas dizia: "Gosto do Neymar como jogador, mas ele está muito longe da vontade de Deus, vive com a mãe de sua filha e não é casado, o que a Bíblia condena". O que acha?
Dentro daquilo que é o padrão bíblico, a pessoa julga que isso está inadequado. Por outro lado, bate de frente com aquilo que Jesus falou, que a gente não deve julgar para não ser julgado. Não vejo absolutamente nenhum tipo de problema a pessoa confessar o nome de Jesus e ter uma opção de vida diferente daquela que é a minha, entendeu?

 

Vemos o fenômeno de pastores mirins...

"Of the king, the power [citação ao missionário Miguel Oliveira, 15]."

 

A marcha já teve cantor gospel menor de idade, como a Maria Marçal. Criança e adolescente podem servir de instrumento de Deus?

Com título de pastor, não é de maneira nenhuma adequada. Agora, quanto a ser um instrumento de Deus, é possível, porque nós temos exemplos bíblicos. Jesus mesmo, quando tinha 12 anos, foi ao templo, e ali surpreendeu todos os sábios. Temos outro exemplo, do profeta Samuel, que jovem começou a ser usado por Deus.

Agora, vamos pegar a concepção clara do que é um pastor. É aquele que cuida de pessoas, tem um peso espiritual. Não é adequado para uma criança assumir uma responsabilidade tão grande. Diferentemente de um louvor. Você citou a Maria Marçal. É uma adolescente que louva e adora, amém? Sem problema nenhum, não está assumindo a responsabilidade pela vida de outras pessoas.

 

Bolsonaro está inelegível. Que chapa lhe agradaria para 2026?

A ideal seria Tarcísio de Freitas com a Michelle Bolsonaro [de vice], que representa todo esse patrimônio político do Bolsonaro. Tarcísio, para mim, é o grande nome, seria uma superopção para a direita.

 

E para o governo de São Paulo, se Tarcísio não tentar a reeleição?

O ideal seria o Ricardo Nunes, até pela experiência como gestor. Uma opção muito interessante.

 

Estamos acompanhando o julgamento sobre a suposta trama golpista no 8 de janeiro. Bolsonaro será condenado?

Olha, é muito difícil responder essa sua pergunta. A gente vê que todas as coisas se encaminham para que ele seja condenado. Acho que não houve crime, tá muito distante de você falar que houve efetivamente uma tentativa de golpe na qual se mobilizaram forças, se executou alguma coisa.

 

Há uma crítica recorrente de que a marcha, e as igrejas evangélicas de modo geral, não deveriam ter uso político, por serem um espaço de acolhimento espiritual.
Todos nós somos políticos e sabemos qual a importância da própria política na sociedade. Temos, por exemplo, o Tarcísio. Um homem cristão, que participa [da Marcha]. Claro que tem a conotação política daquilo que é a figura dele. Mas não é que nós estamos fazendo um evento para o político. Nós estamos fazendo um evento para Jesus, e que ele, como autoridade, vai ter seu lugar de destaque.

RAIO-X

Estevam Hernandes Filho, 71

São Paulo (SP), 1954. Nascido em São Paulo, fundou a Igreja Apostólica Renascer em Cristo em 1986, com a mulher, a bispa Sonia Hernandes. No braço de mídia, o casal é dono da Rede Gospel e da Gospel FM. Em 1993, o apóstolo lançou a primeira Marcha para Jesus, que se tornou o maior evento do calendário evangélico da América Latina. Em 2009, o então presidente Lula (PT) sancionou a lei que criou o Dia Nacional da Marcha para Jesus. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br