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Em Castel Gandolfo, Leão XIV celebrou a Missa com o novo formulário “Pela Proteção da Criação”, no Borgo Laudato Si’. Em sua homilia, recordou que “somente um olhar contemplativo pode transformar nossa relação com a criação e nos fazer sair da crise ecológica, cuja causa é a ruptura das relações com Deus, com o próximo e com a terra”.
Thulio Fonseca - Vatican News
“Neste dia lindíssimo, antes de tudo, gostaria de convidar a todos — começando por mim mesmo — a viver aquilo que estamos celebrando, na beleza de uma catedral que poderíamos chamar de “natural”, com as plantas e tantos elementos da criação que nos trouxeram aqui para celebrar a Eucaristia, que significa: dar graças ao Senhor.”
Foram estas as palavras que introduziram a homilia do Papa Leão XIV durante a missa privada no Borgo Laudato Si’, em Castel Gandolfo, onde passa um breve período de descanso. O Santo Padre utilizou, pela primeira vez, o novo formulário litúrgico “Pela Proteção da Criação”. O texto, apresentado em 3 de julho pelo cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, insere-se no compromisso da Igreja de viver a conversão ecológica de forma concreta e celebrativa, por meio de orações e leituras bíblicas específicas.
Foram apresentadas, na Sala de Imprensa da Santa Sé, as leituras bíblicas da celebração eucarística "pela custódia da Criação". Elas serão feitas na quarta-feira por Leão XIV, em De forma espontânea, o Pontífice iniciou dizendo que esta Eucaristia traz muitos motivos de agradecimento ao Senhor, “como o uso da nova fórmula da Santa Missa para o cuidado da criação, que também foi expressão do trabalho de diversos Dicastérios no Vaticano”, e acrescentou: “Pessoalmente, agradeço a muitas pessoas aqui presentes, que trabalharam para esta liturgia. Como sabem, a liturgia representa a vida, e vocês são a vida deste Centro Laudato Si’.”
O agradecimento de Leão XIV estendeu-se a todos os que se dedicam diariamente à missão do Centro, inspirado na encíclica Laudato si’, publicada há dez anos por Papa Francisco: “Gostaria de agradecer a vocês, neste momento, nesta ocasião, por tudo o que fazem seguindo essa belíssima inspiração do Papa Francisco, que concedeu esta pequena porção — esses jardins, esses espaços — justamente para continuar a missão tão importante em relação a tudo o que conhecemos após dez anos da publicação da Laudato si’: a necessidade de cuidar da criação, da casa comum.”
É urgente cuidar da casa comum
O simbolismo do espaço, comparado às antigas igrejas dos primeiros séculos, inspirou o Santo Padre a um apelo à conversão:
“Devemos rezar pela conversão de muitas pessoas, dentro e fora da Igreja, que ainda não reconhecem a urgência de cuidar da casa comum.”
E, em seguida, recordou os “tantos desastres naturais que ainda vemos no mundo, quase todos os dias, em tantos lugares, em tantos países, que são, em parte, causados também pelos excessos do ser humano, com seu estilo de vida. Por isso, devemos nos perguntar se nós mesmos estamos vivendo ou não essa conversão: o quanto ela é necessária!”
Esperança e vida nova
O Pontífice uniu o clima de oração à dura realidade global: “Compartilhamos hoje um momento familiar e sereno, ainda que em um mundo em chamas — seja pelo aquecimento global, seja pelos conflitos armados —, que tornam tão atual a mensagem do Papa Francisco nas Encíclicas Laudato si’ e Fratelli tutti”. Ao refletir o Evangelho proposto, o Papa Leão disse que “o medo dos discípulos na tempestade é o mesmo que acomete grande parte da humanidade. No entanto, no coração do Jubileu, nós confessamos: há esperança! Nós a encontramos em Jesus, o Salvador do mundo”, e completou:
“Ele ainda hoje, soberanamente, acalma a tempestade. Seu poder não arruína, mas cria; não destrói, mas faz existir, dando vida nova. E também podemos nos perguntar: “Quem é este, que até os ventos e o mar obedecem?” (Mt 8,27)
Cuidar, reconciliar, transformar
O Papa destacou a sintonia entre Jesus e a natureza: “As parábolas com que anunciava o Reino de Deus revelam um profundo vínculo com aquela terra e aquelas águas, com o ritmo das estações e a vida das criaturas.”, e ao citar o termo usado por Mateus para descrever a tempestade — a palavra seismós — que remete a outro momento decisivo, o terremoto na morte e ressurreição de Jesus, o Santo Padre sublinhou: “O Evangelho nos permite entrever o Ressuscitado, presente em nossa história virada de cabeça para baixo. A repreensão que Jesus dirige ao vento e ao mar manifesta seu poder de vida e salvação, que domina essas forças diante das quais as criaturas se sentem perdidas”.
Leão XIV recordou que a fé implica compromisso: “Nossa missão é cuidar da criação, levar a ela paz e reconciliação. Nós escutamos o clamor da terra e dos pobres, pois esse clamor chegou ao coração de Deus. Nossa indignação é a sua indignação, nosso trabalho é o seu trabalho”. Ao citar o salmo 29, que fala da voz forte do Senhor, completou:
“Essa voz compromete a Igreja com a profecia, mesmo quando isso exige a ousadia de nos opor ao poder destrutivo dos príncipes deste mundo. A aliança indestrutível entre o Criador e as criaturas, de fato, mobiliza nossas inteligências e nossos esforços, para que o mal se transforme em bem, a injustiça em justiça, a avareza em comunhão.”
Um olhar contemplativo para transformar a crise
“Com infinito amor, o único Deus criou todas as coisas, doando-nos a vida”, recordou o Papa, citando São Francisco de Assis. Essa verdade exige uma nova forma de ver o mundo: o olhar contemplativo. Segundo Leão XIV, é esse olhar que pode romper com a lógica do pecado e restaurar as relações com Deus, com os irmãos e com a terra.
O Papa também ressaltou a vocação do Borgo Laudato si’, que “por intuição do Papa Francisco, quer ser um 'laboratório' onde se viva aquela harmonia com a criação que é, para nós, cura e reconciliação, elaborando novas e eficazes formas de cuidar da natureza que nos foi confiada. A vocês que se dedicam com empenho à realização deste projeto, asseguro, portanto, minha oração e meu encorajamento”, afirmou.
Eucaristia, coração da Criação
Por fim, Leão XIV situou a Eucaristia como o centro e o cume da ecologia integral, e citando novamente a Laudato si’, n. 236, destacou: “Na Eucaristia, já está realizada a plenitude, sendo o centro vital do universo, centro transbordante de amor e de vida sem fim”. Na conclusão de sua homilia, o Papa confiou aos presentes o “louvor cósmico” retirado das Confissões de Santo Agostinho:
“Senhor, 'as tuas obras te louvam para que te amemos, e nós te amamos para que as tuas obras te louvem'. Seja esta a harmonia que difundimos no mundo”, afirmou Leão XIV.
Sobre o Borgo Laudato Sì
Ao redor do lago de Albano, de formação vulcânica, encontra-se a Vila Pontifícia, que inclui construções históricas e um extenso jardim. Ali, foi criado em 2023 o Borgo Laudato Sì, que cedeu essas imagens, por desejo do Papa Francisco. Trata-se de um espaço de formação e conscientização sobre os temas da proteção da Casa Comum. O projeto foi confiado ao Centro de Ensino Superior Laudato Sì, criado na mesma ocasião como um organismo científico, educativo e de atividade social, que trabalha pela formação integral. O Borgo Laudato Sì foi pensado como um sinal concreto da aplicabilidade dos princípios ilustrados por esta Encíclica, que está completando 10 anos. Leão XIV quis conhecer de perto esta iniciativa, ao visitar Castel Gandolfo em 29 de maio. Fonte: https://www.vaticannews.va
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"Num mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das mudanças climáticas, do desmatamento e da poluição, cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade", escreve o Papa Leão XIV em sua mensagem para o 10° Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação de 2025, que será celebrado em 1º de setembro.
Mariangela Jaguraba – Vatican News
Foi divulgada, nesta quarta-feira (02/07), a mensagem do Papa Leão XIV para o 10° Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2025, celebrado em 1º de setembro próximo, sobre o tema "Sementes de paz e esperança".
Ouça e compartilhe
Esse tema foi "escolhido pelo nosso amado Papa Francisco", escreve Leão XIV, por ocasião do décimo aniversário de publicação da Encíclica Laudato si’, e recorda o Jubileu da Esperança em andamento. "É neste contexto que o tema adquire todo o seu significado", ressalta o Papa.
"Jesus usa com frequência a imagem da semente para falar do Reino de Deus e, na véspera da Paixão, aplica-a a si mesmo, comparando-se ao grão de trigo, que deve morrer para dar fruto. A semente entrega-se inteiramente à terra e ali, com a força impetuosa do seu dom, a vida germina, mesmo nos lugares mais inesperados, numa surpreendente capacidade de gerar um futuro", escreve Leão XIV, ressaltando que "em Cristo, somos sementes, sementes de paz e esperança".
A terra está caindo na ruína
O Papa recorda que "em várias partes do mundo, é evidente que a nossa terra está caindo na ruína. Por todo o lado, a injustiça, a violação do direito internacional e dos direitos dos povos, a desigualdade e a ganância provocam o desmatamento, a poluição, a perda de biodiversidade".
"Os fenômenos naturais extremos, causados pelas mudanças climáticas provocadas pelo homem, estão aumentando de intensidade e frequência, sem levar em conta os efeitos, a médio e longo prazo, de devastação humana e ecológica provocada pelos conflitos armados", escreve ainda o Papa Leão.
Segundo o Pontífice, "parece ainda haver uma falta de consciência de que a destruição da natureza não afeta todos da mesma forma: espezinhar a justiça e a paz significa atingir principalmente os mais pobres, os marginalizados, os excluídos. A este respeito, o sofrimento das comunidades indígenas é emblemático".
A criação transforma-se num campo de batalha
O Papa recorda que "a própria natureza se torna, por vezes, um instrumento de troca, uma mercadoria a negociar para obter ganhos econômicos ou políticos. Nestas dinâmicas, a criação transforma-se num campo de batalha pelo controle dos recursos vitais, como testemunham as áreas agrícolas e as florestas que se tornaram perigosas por causa das minas, a política da “terra queimada”, os conflitos que eclodem em torno das fontes de água, a distribuição desigual das matérias-primas, penalizando as populações mais frágeis e minando a própria estabilidade social".
"Cultivar e guardar" o jardim do mundo
"A Bíblia não promove «o domínio despótico do ser humano sobre a criação». Pelo contrário, «é importante ler os textos bíblicos no seu contexto, com uma justa hermenêutica, e lembrar que nos convidam a “cultivar e guardar” o jardim do mundo. Enquanto “cultivar” quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno, “guardar” significa proteger, cuidar, preservar, velar. Isto implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza»", escreve o Papa.
Justiça ambiental, uma necessidade urgente
"A justiça ambiental" tornou-se "uma necessidade urgente que ultrapassa a mera proteção do ambiente". Segundo Leão XIV, "trata-se de uma questão de justiça social, econômica e antropológica". "Para os que creem em Deus", é também "uma exigência teológica, que para os cristãos tem o rosto de Jesus Cristo, em quem tudo foi criado e redimido. Num mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das mudanças climáticas, do desmatamento e da poluição, cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade".
Frutos de justiça e paz
"Trabalhando com dedicação e ternura, muitas sementes de justiça podem germinar, contribuindo para a paz e a esperança", escreve ainda o Papa, recordando "o projeto 'Borgo Laudato si’', que o Papa Francisco nos deixou como herança, em Castel Gandolfo, uma semente que pode dar frutos de justiça e paz. Trata-se de um projeto de educação para a ecologia integral que visa ser um exemplo de como se pode viver, trabalhar e fazer comunidade aplicando os princípios da Encíclica Laudato si’".
"A Encíclica Laudato si’ acompanha a Igreja Católica e muitas pessoas de boa vontade há dez anos: que ela continue a inspirar-nos, e que a ecologia integral seja cada vez mais escolhida e partilhada como caminho a seguir", conclui a mensagem. Fonte: https://www.vaticannews.va
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Na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, Leão XIV presidiu a missa de ordenação de 32 presbíteros, entre eles um brasileiro. Na homilia, proferida antes do rito de ordenação, o Papa convidou a se tornarem intimamente unidos a Jesus, seguindo um ministério de santificação e unidade para levar a paz do Ressuscitado ao mundo e através do exemplo - muitas vezes escondido e humilde - dos santos "mártires, apóstolos incansáveis, missionários e campeões da caridade".
Andressa Collet - Vatican News
O Papa Leão XIV presidiu na manhã desta sexta-feira, 27 de junho, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus e Dia Mundial de Oração pela Santificação Sacerdotal, a missa de ordenação de 32 sacerdotes provenientes de diferentes países, inclusive do Brasil, como Lucas Soares dos Santos, da Arquidiocese de Brasília/DF; e de Angola, como Daniel Alberto dos Santos. A celebração foi realizada no contexto do Jubileu dos Sacerdotes e após a a peregrinação jubilar às Portas Santas das Basílicas Papais e a Vigília de oração nesta quinta-feira (26/06), presidida pelo pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, dom Rino Fisichella, na Basílica de São João de Latrão.
Carregar nos ombros quem se perdeu
Na homilia, proferida antes do rito de ordenação sacerdotal e após a apresentação de cada um que seria ordenado presbítero na Basílica Vaticana, na presença de 5.500 pessoas e outras 3 mil que acompanhavam pelos telões na Praça São Pedro, o Papa Leão XIV se dirigiu aos sacerdotes reforçando o vínculo com o Coração de Cristo, todo o mistério da encarnação, morte e ressurreição do Senhor. À luz das leituras, o Pontífice convidou a meditar sobre o modo para contribuir "para esta obra de salvação". Primeiramente, recordou que o amor do Senhor é universal, sobretudo "num tempo de grandes e terríveis conflitos", e "não há lugar para divisões e ódios de qualquer gênero". Leão XIV exortou todos a colaborarem com o Senhor "colocando a Eucaristia no centro da nossa existência"; pela "frequente recepção do sacramento da penitência"; e, finalmente, "através da oração, da meditação da Palavra e do exercício da caridade".
Através do Evangelho de Lucas (Lc 15, 3-7), que "fala da alegria de Deus – e de todo o pastor que ama segundo o seu Coração – pelo regresso ao redil de uma só das suas ovelhas", o Papa convidou a viver a caridade pastoral:
"É um convite a tornar-nos intimamente unidos a Jesus, semente de concórdia no meio dos irmãos, carregando sobre os nossos ombros quem se perdeu, perdoando quem errou, indo à procura de quem se afastou ou ficou excluído, cuidando de quem sofre no corpo e no espírito, numa grande troca de amor que, brotando do lado trespassado do Crucificado, envolve todos os homens e preenche o mundo."
Seguir um ministério de santificação e unidade
Em seguida, Leão XIV refletiu sobre o ministério sacerdotal como um ministério de santificação e de unidade, inclusive com o bispo e no presbitério, como pediu o Concílio Vaticano II, "harmonizando as diferenças para «que ninguém se sinta estranho»". E, recordando o seu grande desejo expresso na missa solene de início de pontificado, pediu esforços por uma "Igreja unida" com todos "reconciliados, unidos e transformados pelo amor que jorra copiosamente do Coração de Cristo" para levar a paz do Ressuscitado ao mundo. O Papa também compartilhou "algumas coisas simples, mas que considero importantes" para o futuro dos sacerdotes:
"Amai a Deus e aos vossos irmãos, sede generosos, fervorosos na celebração dos Sacramentos, na oração, especialmente na Adoração, e no ministério; sede próximos do vosso rebanho, doai o vosso tempo e as vossas energias por todos, sem vos poupardes, sem fazer distinções, como nos ensinam o lado trespassado do Crucificado e o exemplo dos santos."
E, a esse propósito, Leão XIV finalizou a homilia exortando a imitar essas "figuras maravilhosas de santidade sacerdotal" que, a partir das comunidades das origens, transformaram-se em "mártires, apóstolos incansáveis, missionários e campeões da caridade":
“Fazei desta riqueza um tesouro: interessai-vos pelas suas histórias, estudai as suas vidas e as suas obras, imitai as suas virtudes, deixai-vos inflamar pelo seu zelo, invocai a sua intercessão muitas vezes, com insistência! O nosso mundo frequentemente propõe modelos de sucesso e de prestígio duvidosos e inconsistentes. Não vos deixeis fascinar por eles! Em vez disso, olhai para o exemplo sólido e os frutos do apostolado, muitas vezes escondido e humilde, daqueles que na sua vida serviram ao Senhor e aos irmãos com fé e dedicação, e continuai a sua memória com a vossa fidelidade.” Fonte: https://www.vaticannews.va
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Em discurso no Jubileu dos Bispos, o Pontífice descreveu traços indispensáveis na vida do Pastor, que deve ser um homem de fé, de unidade, de esperança, de vida teologal e de caridade pastoral, num testemunho caracterizado por: "prudência pastoral, pobreza, continência perfeita no celibato e virtudes humanas". O Papa exortou que sejam homens de comunhão para ajudar as comunidades: que tenham "coração aberto e acolhedor, assim como a sua casa".
O Jubileu dos Bispos termina nesta quinta-feira (26/06) (@Vatican Media)
Andressa Collet - Vatican News
A quarta-feira (25/06) de agenda cheia de compromissos para o Papa Leão também foi de encontrar os cerca de 400 bispos que participam do Jubileu. O grupo, após a peregrinação à Porta Santa da Basílica de São Pedro, participou de uma missa e depois ouviu o discurso do Pontífice, que começou agradecendo o empenho de todos em vir "como peregrinos a Roma" para se deixar "renovar profundamente" por Cristo e o "seu mistério de amor". Em seguida, Leão XIV se deteve a descrever traços que devem ser seguidos pelos bispos, Pastores que são exemplo pela palavra e pelo testemunho, que às vezes devem "ir contracorrente" para "proclamar que a esperança não engana" porque não vêm de nós, mas de Deus.
Os traços que caracterizam os bispos
O Pastor, reforçou o Papa, "é testemunha de esperança com o exemplo de uma vida firmemente ancorada em Deus e totalmente entregue ao serviço da Igreja". E esse testemunho, explicou Leão, é caracterizado por alguns traços.
Primeiramente, "o bispo é o princípio visível de unidade na Igreja particular que lhe foi confiada" tendo como dever "zelar pela sua construção na comunhão entre todos os seus membros e com a Igreja universal, valorizando o contributo dos vários dons e ministérios para o crescimento comum e a difusão do Evangelho". O bispo, considerando a sua vida de Pastor, é um "homem de vida teologal. O que equivale a dizer: um homem plenamente dócil à ação do Espírito Santo".
Com a intercessão do Espírito Santo, o bispo também "é um homem de fé", continuou o Pontífice, "aquele que, pela graça de Deus, vê mais além, vê a meta e se mantém firme na provação", assim como fez Moisés que, "chamado por Deus a conduzir o povo à terra prometida, «manteve-se firme». Nessa mesma perspectiva, "o bispo é um homem de esperança":
"Sobretudo quando o caminho do povo se torna mais penoso, o Pastor, pela virtude teologal, ajuda-o a não desesperar: não apenas com palavras, mas com a sua proximidade. Quando as famílias carregam fardos excessivos e as instituições públicas não as apoiam adequadamente; quando os jovens se sentem desiludidos e nauseados por mensagens ilusórias; quando os idosos e os deficientes graves se sentem abandonados, o Bispo está próximo e oferece não receitas, mas a experiência de comunidades que procuram viver o Evangelho na simplicidade e na partilha."
Assim, a fé e a esperança do bispo se fundem nele "como homem de caridade pastoral". Uma vida e um ministério, "tão diversificado e multiforme", que encontra a sua unidade "na pregação, na visita às comunidades, na escuta dos presbíteros e dos diáconos, nas escolhas administrativas", assim como dando "exemplo de amor fraterno" aos bispos próximos, aos colaboradores e sacerdotes em dificuldade ou doentes: "o seu coração é aberto e acolhedor, assim como a sua casa".
As virtudes indispensáveis na vida do Pastor
Após abordar os traços caracterizados pelo "núcleo teológico da vida do Pastor", Leão XIV citou "outras virtudes indispensáveis: a prudência pastoral, a pobreza, a continência perfeita no celibato e as virtudes humanas". A prudência pastoral, começou explicando o Pontífice, "é a sabedoria prática que guia o bispo nas suas escolhas, nas ações de governo, nas relações com os fiéis e as suas associações. Um sinal claro de prudência é o exercício do diálogo como estilo e método nas relações e também na presidência dos organismos de participação, ou seja, na gestão da sinodalidade na Igreja particular", como sempre insistiu o Papa Francisco. Outra virtude do bispo é viver "a pobreza evangélica":
"Tem um estilo simples, sóbrio, generoso, digno e ao mesmo tempo adequado às condições da maioria do seu povo. Os pobres devem encontrar nele um pai e um irmão, não devem sentir-se desconfortáveis ao encontrá-lo ou ao entrar em sua casa. Ele é pessoalmente desapegado das riquezas e não cede a favoritismos com base nelas ou noutras formas de poder."
Juntamente com a pobreza concreta, continuou Leão XIV, o bispo também vive "aquela forma de pobreza que é o celibato e a virgindade por causa do Reino dos Céus":
“Não se trata apenas de ser celibatário, mas de praticar a castidade de coração e de conduta, vivendo assim o seguimento de Cristo e oferecendo a todos a verdadeira imagem da Igreja, santa e casta nos seus membros como na sua cabeça. Deve ser firme e decidido no tratamento das situações que possam dar origem a escândalos e de todo o tipo de abuso, especialmente contra menores, respeitando as disposições em vigor.”
O Pastor também é chamado a cultivar outras virtudes humanas que ajudam o bispo no seu ministério e nas suas relações, disse ainda o Papa: "a lealdade, a sinceridade, a magnanimidade, a abertura da mente e do coração, a capacidade de se alegrar com os que se alegram e de sofrer com os que sofrem; e também o domínio de si, a delicadeza, a paciência, a discrição, a grande inclinação para a escuta e o diálogo e a disponibilidade para o serviço". E antes da bênção final e dos cerca de 400 bispos renovarem a sua profissão de fé, o Papa exortou a todos que sejam homens de comunhão e de unidade para ajudar as comunidades:
"Caríssimos, a intercessão da Virgem Maria e dos Santos Pedro e Paulo obtenha para vós e para as vossas comunidades as graças de que mais necessitais. Em particular, vos ajude a ser homens de comunhão, a promover sempre a unidade no presbitério diocesano, e que cada presbítero, sem excluir ninguém, experimente a paternidade, a fraternidade e a amizade do Bispo. Este espírito de comunhão encoraja os presbíteros no seu empenho pastoral e faz crescer a Igreja particular na unidade." Fonte: www.vaticannews.va
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Leão XIV preside a Missa de Corpus Christi na Basílica de São João de Latrão e recorda que em Jesus "há tudo o que precisamos para dar força e sentido à nossa vida". O Pontífice denuncia a miséria de muitos, diante da qual "a acumulação de poucos é sinal de um orgulho que produz dor e injustiça". Procissão até Santa Maria Maior: oferecemos o Sacramento ao coração dos que creem e dos que não creem "para que se interroguem sobre a fome que temos na alma".
SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO
SANTA MISSA, PROCISSÃO E BÊNÇÃO EUCARÍSTICA
HOMILIA DO PAPA LEÃO XIV
Basílica de São João de Latrão
Queridos irmãos e irmãs, é bom estar com Jesus. Confirma-o o Evangelho que acabou de ser proclamado o confirma, contando que as multidões ficavam horas e horas com Ele, que falava do Reino de Deus e curava os doentes (cf. Lc 9, 11). A compaixão de Jesus pelos sofredores manifesta a amorosa proximidade de Deus, que vem ao mundo para nos salvar. Quando Deus reina, o homem é liberto de todo o mal. No entanto, a hora da prova chega também para aqueles que recebem de Jesus a boa nova. Naquele lugar deserto, onde as multidões ouviram o Mestre, cai a noite e não há nada para comer (cf. v. 12). A fome do povo e o pôr do sol são sinais de um limite que paira sobre o mundo e sobre cada criatura: o dia termina, assim como a vida dos homens. É nesta hora, no tempo da indigência e das sombras, que Jesus permanece entre nós.
Justamente quando o Sol se põe e a fome aumenta, enquanto os próprios apóstolos pedem para despedir a multidão, Cristo surpreende-nos com a sua misericórdia. Ele tem compaixão do povo faminto e convida os seus discípulos a cuidar dele: a fome não é uma necessidade alheia ao anúncio do Reino e ao testemunho da salvação. Pelo contrário, esta fome diz respeito à nossa relação com Deus. Cinco pães e dois peixes, no entanto, não parecem suficientes para alimentar o povo: aparentemente razoáveis, os cálculos dos discípulos evidenciam, em vez disso, a sua falta de fé. Porque, na realidade, com Jesus há tudo o que é necessário para dar força e sentido à nossa vida.
Perante o brado da fome, Ele responde com o sinal da partilha: levanta os olhos, pronuncia a bênção, parte o pão e dá de comer a todos os presentes (cf. v. 16). Os gestos do Senhor não inauguram um complexo ritual mágico, mas testemunham com simplicidade a gratidão para com o Pai, a oração filial de Cristo e a comunhão fraterna que o Espírito Santo sustenta. Para multiplicar os pães e os peixes, Jesus divide os poucos que há, e assim mesmo são suficientes para todos, e ainda sobram. Depois de terem comido – e terem comido até ficarem saciados –, recolheram doze cestos (cf. v. 17).
Esta é a lógica que salva o povo faminto: Jesus age segundo o estilo de Deus, ensinando a fazer o mesmo. Hoje, no lugar das multidões recordadas no Evangelho estão povos inteiros, humilhados pela ganância alheia mais ainda do que pela própria fome. Diante da miséria de muitos, a acumulação de poucos é sinal de uma soberba indiferente, que produz dor e injustiça. Em vez de partilhar, a opulência desperdiça os frutos da terra e do trabalho do homem. Especialmente neste ano jubilar, o exemplo do Senhor continua a ser para nós um critério urgente de ação e serviço: partilhar o pão, para multiplicar a esperança, proclama o advento do Reino de Deus.
Ao salvar as multidões da fome, Jesus anuncia que salvará todos da morte. Este é o mistério da fé, que celebramos no sacramento da Eucaristia. Assim como a fome é sinal da nossa radical indigência de vida, assim também partir o pão é sinal do dom divino de salvação.
Caríssimos, Cristo é a resposta de Deus à fome do homem, porque o seu corpo é o pão da vida eterna: tomai todos e comei! O convite de Jesus abrange a nossa experiência quotidiana: para viver, precisamos nos alimentar da vida, tirando-a das plantas e dos animais. No entanto, comer algo morto lembra-nos que, por mais que comamos, também nós morreremos. Porém, quando nos alimentamos de Jesus, pão vivo e verdadeiro, vivemos por Ele. Oferecendo-se totalmente, o Crucificado Ressuscitado entrega-se a nós, que assim descobrimos que fomos feitos para nos alimentarmos de Deus. A nossa natureza faminta traz o sinal de uma indigência que é saciada pela graça da Eucaristia. Como escreve Santo Agostinho, Cristo é verdadeiramente «panis qui reficit, et non deficit; panis qui sumi potest, consumi non potest» (Sermo 130, 2): um pão que alimenta e não falta; um pão que se pode comer, mas não se esgota. Com efeito, a Eucaristia é a presença verdadeira, real e substancial do Salvador (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1413), que transforma o pão em si mesmo, para nos transformar n’Ele. O Corpus Domini, vivo e vivificante, torna-nos a nós, isto é, a própria Igreja, corpo do Senhor.
Portanto, segundo as palavras do apóstolo Paulo (cf. 1 Cor 10, 17), o Concílio Vaticano II ensina que «pelo sacramento do pão eucarístico, ao mesmo tempo é representada e se realiza a unidade dos fiéis, que constituem um só corpo em Cristo. Todos os homens são chamados a esta união com Cristo, luz do mundo, do qual vimos, por quem vivemos, e para o qual caminhamos» (Const. dogm. Lumen Gentium, 3). A procissão, que em breve começaremos, é sinal deste caminho. Juntos, pastores e rebanho, alimentamo-nos do Santíssimo Sacramento, adoramo-lo e levamo-lo pelas ruas. Ao fazê-lo, apresentamo-lo ao olhar, à consciência e ao coração das pessoas: ao coração de quem acredita, para que acredite mais firmemente; ao coração de quem não acredita, para que se interrogue sobre a fome que temos na alma e sobre o pão que a pode saciar.
Restaurados pelo alimento que Deus nos dá, levemos Jesus ao coração de todos, porque Jesus a todos envolve na obra da salvação, convidando cada um a participar da sua mesa. Felizes os convidados, que se tornam testemunhas deste amor! Fonte: https://www.vaticannews.va
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Pontífice afirma que 'cada membro da comunidade internacional tem responsabilidade moral de pôr fim à tragédia da guerra'
Brasília
O papa Leão 14 afirmou que a "humanidade pede paz" diante do que chamou de "notícias alarmantes vindas do Oriente Médio, neste domingo (22), após os ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares do Irã, que empurraram abertamente a maior potência militar do planeta para o conflito de Teerã com Israel e arriscam expandir a disputa pela região.
"Cada membro da comunidade internacional tem a responsabilidade moral de pôr fim à tragédia da guerra antes que ela se torne um abismo irreparável", declarou o papa, que é americano, ao final de sua oração semanal do Angelus, no Vaticano.
Menos disruptivo do que seu antecessor, Francisco, Leão tem dado ênfase à paz em discursos desde que assumiu o papado, há um mês e meio.
Em seu primeiro mês, Leão 14 fez 20 discursos importantes, entre homilias em missas, audiências com fiéis, orações Regina Coeli (que substitui o dominical Angelus no período da Páscoa) e falas em cerimônias com cardeais, jornalistas, funcionários do Vaticano e diplomatas. Neles, o tema da paz foi citado de forma transversal, com 45 menções à palavra paz.
Apareceu na primeira fala aos fiéis, na mensagem Urbi et Orbi, logo após ter sido apresentado como papa, quando falou em "uma paz desarmada e desarmante", e foi o núcleo do discurso ao corpo diplomático, quando esclareceu o seu conceito de paz.
A paz, disse o papa, não deve ser entendida como "mera ausência de guerra e conflito", mas é um dom ativo de Cristo que compromete cada um.
Na sequência da missa que o oficializou como papa, o americano recebeu o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, e o vice-presidente dos EUA, J. D. Vance. Ainda no começo do mês, falou por telefone com o russo Vladimir Putin. Ainda não avançou, porém, a mediação do Vaticano oferecida pelo papa para as conversas sobre a Guerra da Ucrânia. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Leão XIV reuniu-se com os clérigos da Diocese de Roma, na manhã desta quinta-feira (12/06), no Vaticano. Em seu primeiro discurso ao clero romano, destacou a importância da comunhão, do testemunho fiel e do olhar profético diante dos desafios: "Confiemos ao Senhor nossa vida sacerdotal e peçamos a Ele que cresçamos na unidade, na exemplaridade e no empenho profético para servir o nosso tempo".
Thulio Fonseca - Vatican News
Na manhã desta quinta-feira, 12 de junho, o Papa Leão XIV encontrou-se com cerca de dois mil clérigos da Diocese de Roma, na Sala Paulo VI, no Vaticano. O Pontífice, que é também o bispo desta Igreja particular, dirigiu-se com afeto aos sacerdotes e diáconos presentes, convidando-os a renovarem sua unidade, exemplo de vida e compromisso profético diante dos desafios da cidade e do mundo. O encontro teve início com uma saudação do cardeal Baldassare Reina, vigário do Santo Padre para a diocese.
“Queridos presbíteros e diáconos que desempenham seu serviço na Diocese de Roma, saúdo a todos com afeto e amizade!” Assim iniciou o Papa Leão XIV seu primeiro discurso dirigido ao clero romano, manifestando o desejo de conhecer de perto os sacerdotes da diocese da qual é bispo e iniciar com eles um caminho de comunhão:
“Agradeço pela vossa vida doada ao serviço do Reino, pelo esforço cotidiano, pela generosidade no exercício do ministério, por tudo aquilo que vivem no silêncio e que, às vezes, é acompanhado pelo sofrimento ou pela incompreensão.”
“Vigilantes contra o isolamento”
O primeiro aspecto que Leão XIV destacou foi a importância da comunhão. O Papa lembrou que “a Diocese de Roma preside toda a missão da Igreja na caridade e na comunhão, e isso só é possível graças aos sacerdotes, ao vínculo de graça com o Bispo e à fecunda corresponsabilidade com todo o povo de Deus”. Em seguida, o Pontífice reconheceu os desafios que ameaçam a comunhão entre os presbíteros:
“Hoje essa comunhão é dificultada por um clima cultural que favorece o isolamento e a autorreferencialidade. Nenhum de nós está isento dessas armadilhas que ameaçam a solidez da nossa vida espiritual e a força do nosso ministério.”
O Papa também alertou para obstáculos internos à vida eclesial: “Especialmente aquele sentimento de cansaço que chega porque vivemos fadigas particulares, porque não nos sentimos compreendidos ou escutados, ou por outros motivos.” Diante disso, fez um apelo:
“Gostaria de ajudá-los, caminhar com vocês, para que cada um recupere a serenidade no próprio ministério; mas, justamente por isso, lhes peço um impulso na fraternidade presbiteral, que tem raízes numa vida espiritual sólida, no encontro com o Senhor e na escuta da sua Palavra.”
Fidelidade e testemunho
Leão XIV reforçou que o sacerdote é chamado a ser testemunha de uma vida coerente e transparente: “Peço com o coração de pai e pastor: empenhemo-nos todos em sermos sacerdotes credíveis e exemplares! Recebemos uma graça extraordinária, foi-nos confiado um tesouro precioso do qual somos ministros, servos. E ao servo se pede fidelidade.”
O Papa falou ainda do risco de se deixar seduzir pelo mundo e suas propostas: “A cidade, com suas mil ofertas, pode também nos afastar do desejo de uma vida santa, induzindo a um rebaixamento onde se perdem os valores profundos de ser presbítero.” Convidou, então, os presentes a recordar a força do chamado inicial: “Deixem-se atrair novamente pelo chamado do Mestre, para sentir e viver o amor da primeira hora, aquele que os levou a fazer escolhas fortes e renúncias corajosas.”
Profecia diante dos desafios do presente
O terceiro eixo do discurso do Pontífice foi o olhar profético sobre os desafios contemporâneos. O Papa reconheceu o sofrimento causado pelas injustiças, violências e marginalizações: “Nos ferem as violências que geram morte, nos interpelam as desigualdades, as pobrezas, tantas formas de exclusão social, o sofrimento difundido que assume traços de um mal-estar que já não poupa ninguém.”
Recordando a realidade da capital italiana, o Santo Padre citou seu predecessor: “Como notava o Papa Francisco, à ‘grande beleza’ e ao fascínio da arte deve corresponder também ‘o simples decoro e a normal funcionalidade nos lugares e nas situações da vida ordinária, cotidiana’.” Leão XIV sublinhou também o chamado a não fugir dos desafios, mas a enfrentá-los à luz do Evangelho: “Esses desafios somos chamados a abraçá-los, a interpretá-los evangelicamente, a vivê-los como ocasiões de testemunho. Não fujamos diante deles!”
“Amem esta Igreja, sejam esta Igreja”
Ao final de seu discurso, o Papa garantiu sua proximidade e encorajou o clero romano a crescer em unidade, exemplaridade e compromisso profético: “Queridos, asseguro minha proximidade, meu afeto e minha disponibilidade para caminhar com vocês”, e concluiu com uma citação de Santo Agostinho:
“Amem esta Igreja, permaneçam nesta Igreja, sejam esta Igreja. Amem o bom Pastor, o Esposo belíssimo, que não engana ninguém e não quer que ninguém se perca. Rezem também pelas ovelhas desgarradas: que também elas venham, também elas reconheçam, também elas amem, para que haja um só rebanho e um só pastor.” (Discurso 138, 10). Fonte: https://www.vaticannews.va
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Leão XIV expressou profundo pesar pelas vítimas do acidente aéreo ocorrido hoje, 12/06, perto de Ahmedabad, na Índia, enviando condolências e orações às famílias. O desastre envolveu uma aeronave da Air India e deixou mais de 200 de mortos e feridos.
Thulio Fonseca - Vatican News
O Papa Leão XIV manifestou profundo pesar pelas vítimas do trágico acidente aéreo ocorrido na manhã desta quinta-feira, 12 de junho, nas proximidades de Ahmedabad, na Índia, envolvendo uma aeronave da companhia Air India. Em telegrama assinado pelo cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, o Santo Padre expressou suas sinceras condolências às famílias e amigos dos que perderam a vida na tragédia.
“No momento de dor e luto, Sua Santidade envia suas orações e assegura sua proximidade espiritual a todos os atingidos pelo acidente”, afirma o texto. O Pontífice também confiou “as almas dos falecidos à misericórdia do Todo-Poderoso” e invocou “as bênçãos divinas de cura e paz” sobre os feridos, os socorristas e todos os envolvidos nos esforços de resgate. O telegrama foi enviado às autoridades eclesiásticas locais e aos responsáveis pela assistência às vítimas.
O acidente
O acidente ocorreu quando o voo AI171 da Air India, que partia de Ahmedabad com destino ao aeroporto de Londres Gatwick, caiu poucos minutos após a decolagem. A bordo da aeronave, um Boeing 787‑8 Dreamliner, estavam 232 passageiros e 10 tripulantes. Entre os ocupantes estavam 169 cidadãos indianos, 53 britânicos, 7 portugueses e 1 canadense. Segundo informações da polícia local, mais de 200 pessoas morreram no impacto, mas os trabalhos de busca e resgate continuam na área do desastre. As autoridades ainda investigam as causas do acidente, considerado um dos mais graves da aviação indiana nos últimos anos. Fonte: https://www.vaticannews.va
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As fronteiras a serem abertas pelo Sopro divino, disse o Pontífice em homilia na Praça São Pedro na Solenidade de Pentecostes, estão "dentro de nós, nas nossas relações e entre os povos". Os milhares de peregrinos do Jubileu dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades ouviram o pedido do Papa para invocar "o Espírito do amor e da paz" para encontrar com Deus e "abrir as fronteiras, derrubar os muros, dissolver o ódio": "é Pentecostes que renova a Igreja, renova o mundo!".
Andressa Collet - Vatican News
Mais um dia de Praça São Pedro lotada por ocasião do Jubileu dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades celebrado neste final de semana no âmbito do Ano Santo da Esperança. Neste domingo (08/06), em particular, de Solenidade de Pentecostes, o Papa Leão XIV presidiu a missa para milhares de peregrinos e refletiu sobre o Espírito que "abre fronteiras" dentro de nós, nas nossas relações e entre os povos. Completando exatamente um mês de pontificado, a homilia do novo Sucessor de Pedro foi de grande impulso para abrirmos "as fronteiras do coração" através do "vento vigoroso do Espírito Santo" e com a recordação inclusive dos predecessores Bento XVI e Francisco. O dia solene no Vaticano começou com um giro de papamóvel que durou cerca de 30 minutos: Leão XIV percorreu tanto a Praça São Pedro quanto parte da Via della Conciliazione para saudar os milhares de fiéis.
Abrir as fronteiras dentro de nós
Na homilia e através das palavras de Santo Agostinho, o Papa recordou que este é o dia em que, "depois de sua Ressurreição e depois da glória de sua Ascensão, Jesus Cristo Nosso Senhor enviou o Espírito Santo» (Santo Agostinho, Sermão 271, 1)". Um dom que "realiza algo extraordinário na vida dos Apóstolos", ajudando a interpretar a morte de Jesus e dando força e coragem para "sair ao encontro de todos para anunciar as obras de Deus". Na festa de Pentecostes, lembra Leão nas palavras de Bento XVI em 2005, as portas do cenáculo se abrem porque o Espírito abre as fronteiras. E de onde o Pontífice parte a sua meditação do dia:
"O Espírito abre as fronteiras principalmente dentro de nós. É o Dom que desvela a nossa vida para o amor. E essa presença do Senhor desfaz a nossa dureza, o nosso fechamento, o egoísmo, os medos que nos bloqueiam e o narcisismo que faz-nos rodar apenas em torno de nós mesmos. O Espírito Santo vem para desafiar, em nós, o risco de uma vida que se atrofia, sugada pelo individualismo. É triste observar como num mundo onde se multiplicam as oportunidades de socialização, corremos o risco de ser paradoxalmente mais solitários, sempre conectados, mas incapazes de 'fazer redes', sempre imersos na multidão, mas permanecendo viajantes perdidos e solitários."
O Espírito de Deus, em vez disso, "abre ao encontro com nós mesmos, para além das máscaras que usamos; conduz ao encontro com o Senhor", afirmou o Papa. Abraçando com amor a Palavra, somos "transformados" por ela, tornando a nossa vida "um espaço de acolhimento".
Abrir as fronteiras das relações
"O Espírito, além disso, abre as fronteiras também nas nossas relações". E com aquele mesmo "amor de Deus que habita em nós, tornamo-nos capazes de nos abrir aos irmãos, de vencer a nossa rigidez, de superar o medo em relação ao que é diferente", disse o Pontífice. O Espírito transforma aqueles "perigos mais ocultos que envenenam as nossas relações, como os mal-entendidos, os preconceitos, as instrumentalizaçõe":
“Penso também – com muita dor – em quando uma relação é infestada pela vontade de dominar o outro, uma atitude que frequentemente desemboca na violência, como infelizmente demonstram os numerosos e recentes casos de feminicídio.”
O Espírito Santo, ao contrário, "faz amadurecer em nós os frutos que nos ajudam a viver relações verdadeiras e boas", alargando as fronteiras das relações com o outros. Um critério, alertou Leão XIV, "decisivo também para a Igreja: só somos verdadeiramente a Igreja do Ressuscitado e discípulos de Pentecostes se entre nós não houver fronteiras nem divisões, se na Igreja soubermos dialogar e nos acolher mutuamente, integrando as nossas diversidades, e se, como Igreja, nos tornarmos um espaço acolhedor e hospitaleiro para todos".
Abrir as fronteiras entre os povos
Por fim, "o Espírito abre as fronteiras também entre os povos". Em Pentecostes, disse o Pontífice, recordamos a importância de nos colocarmos "em caminho", "na fraternidade", já que "o Sopro divino une os nossos corações e nos faz ver no outro o rosto de um irmão": em vez de divisão e conflito, preconceito e lógica de exclusão, discórdia e indiferença, como observou Francisco em 2023, o Espírito "rompe fronteiras e derruba os muros da indiferença e do ódio", como as próprias guerras, por "um tesouro comum":
“Invoquemos o Espírito do amor e da paz, a fim de que abra as fronteiras, derrube os muros, dissolva o ódio e nos ajude a viver como filhos do único Pai que está nos céus. Irmãos e irmãs: é Pentecostes que renova a Igreja, renova o mundo! Que o vento vigoroso do Espírito desça sobre nós e em nós abra as fronteiras do coração, dê a graça do encontro com Deus, amplie os horizontes do amor e sustente os nossos esforços pela construção de um mundo onde reine a paz.” Fonte: www.vaticannews.va
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Vejamos “nossa existência como um caminho em seguimento a Jesus, a ser percorrido, como fizemos nesta noite, junto com Maria. E peçamos ao Senhor que saibamos louvá-lo todos os dias, ‘com a vida e com a língua, com o coração e com os lábios, com a voz e com a conduta’, evitando os desacordes: a língua em sintonia com a vida e os lábios com a consciência”. Foram palavras do Papa Leão XIV na noite deste sábado (31/05) após a oração do Terço nos Jardins Vaticanos, na conclusão do mês mariano
Vatican News
Raimundo de Lima – Vatican News
“Reunidos aqui, no último dia do mês de maio, em procissão meditaremos os mistérios gozosos do Santo Terço. Rezemos pelo nosso Papa Leão XIV e por toda a Igreja. Rezemos pela paz no mundo. Nossa oração devota seja sinal do nosso amor filial à Santíssima Virgem e nos leve a imitar sua obediência à vontade de Deus”: com esta oração, feita pelo vigário geral do Papa para o Estado da Cidade do Vaticano e arcipreste da Basílica de São Pedro, cardeal Mauro Gambetti, teve início na noite deste sábado, 31 de maio, nos Jardins Vaticanos, a oração do Terço na conclusão do mês mariano, precedida da procissão luminosa partindo da Igreja de Santo Estêvão dos Abissínios (atrás da Basílica de São Pedro). A caminhada seguiu até a Gruta de Lourdes.
Gesto de fé com o qual nos reunimos sob o manto de Maria
O momento de oração foi concluído pelo Santo Padre unindo-se aos presentes na Vigília de oração no encerramento do mês de maio. Leão XIV lembrou tratar-se de “um gesto de fé com o qual, de forma simples e devota, nos reunimos sob o manto materno de Maria. Este ano, além disso, evoca alguns aspectos importantes do Jubileu que estamos celebrando: o louvor, o caminho, a esperança e, sobretudo, a fé meditada e manifestada em conjunto”, frisou.
“Meditando os Mistérios gozosos durante o caminho percorrido - prosseguiu -, vocês entraram e permaneceram, como em uma peregrinação, em muitos lugares da vida de Jesus: na casa de Nazaré contemplando a Anunciação, na casa de Zacarias contemplando a Visitação – que hoje celebramos –, na gruta de Belém contemplando o Natal, no Templo de Jerusalém contemplando a apresentação e depois o reencontro de Jesus”.
Louvar o Senhor todos os dias com a vida, coração e os lábios
Antes de concluir, o Santo Padre exortou-nos a ver nossa existência como um caminho em seguimento a Jesus, a ser percorrido, como fizemos nesta noite, junto com Maria. “E peçamos ao Senhor que saibamos louvá-lo todos os dias, ‘com a vida e com a língua, com o coração e com os lábios, com a voz e com a conduta’, evitando os desacordes: a língua em sintonia com a vida e os lábios com a consciência”. Por fim, concedeu a todos os presentes a sua bênção apostólica.
O momento de oração foi acompanhado da leitura de textos bíblicos, do Canto das Ladainhas e teve a participação de cardeais, bispos, sacerdotes, religiosas e religiosos e funcionários do Vaticano com seus familiares e fiéis leigos em geral. Fonte: https://www.vaticannews.va
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Na Basílica de São João de Latrão, Leão XIV manifestou seu carinho por sua nova família diocesana, com o desejo de partilhar com ela alegrias e dores, cansaços e esperanças. "Também eu lhes ofereço o pouco que tenho e que sou", afirmou, citando as palavras do Beato João Paulo I na mesma ocasião em 1978.
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
Na tarde deste domingo, 25 de maio, Leão XIV realizou um dos gestos mais característicos no início de pontificado de um Papa: a tomada de posse da Cátedra do Bispo de Roma na Basílica de São João de Latrão.
Logo no início da celebração eucarística, o vigário do Papa para a Diocese de Roma, card. Baldassare Reina, expressou a alegria da Igreja por este momento. O Santo Padre então sentou-se na cátedra e uma representação da Igreja romana prestou a ele obediência.
A "cátedra" é a sede fixa do bispo, na igreja mãe de uma diocese, daí o nome "catedral". A palavra significa "cadeira", símbolo da autoridade e doutrina evangélica que o bispo, como sucessor dos Apóstolos, é chamado a preservar e transmitir à comunidade cristã.
Roma é considerada sede da cátedra de Pedro porque foi nesta cidade que ele concluiu a sua vida terrena com o martírio. Mais que um trono, representa o serviço e a unidade da Igreja sob a condução do Sucessor de Pedro, o Papa. E foi exatamente este o aspecto ressaltado por Leão XIV no início da sua homilia:
"A Igreja de Roma é herdeira de uma grande história, enraizada no testemunho de Pedro, de Paulo e de inúmeros mártires, e tem uma única missão, muito bem expressa pelo que está escrito na fachada desta Catedral: ser Mater omnium Ecclesiarum, Mãe de todas as Igrejas."
Na sequência, a referência foi o Papa Francisco, que com frequência convidava a meditar sobre a dimensão materna da Igreja e sobre as características que lhe são próprias: a ternura, a disponibilidade ao sacrifício e a capacidade de escuta que permite não só socorrer, mas muitas vezes prover às necessidades e às expectativas, antes mesmo que sejam manifestadas.
"Estes são traços que desejamos que cresçam em todo o povo de Deus, e também aqui, na nossa grande família diocesana: nos fiéis e nos pastores, a começar por mim", expressou Leão XIV.
O Santo Padre se inspirou nas leituras da missa para afirmar que todo desafio no anúncio do Evangelho deve ser enfrentado com escuta da voz de Deus e diálogo; que a comunhão se constrói primeiramente “de joelhos”, na oração e num compromisso contínuo de conversão. Não estamos sós nas escolhas da vida, o Espírito nos sustenta e nos indica o caminho a seguir, até nos tornarmos “carta de Cristo” uns para os outros.
"E é exatamente assim: somos tanto mais capazes de anunciar o Evangelho quanto mais nos deixamos conquistar e transformar por ele, permitindo que a força do Espírito nos purifique no íntimo, torne simples as nossas palavras, honestos e transparentes os nossos desejos, generosas as nossas ações."
Leão XIV manifestou apreço pelo exigente caminho que a Diocese de Roma está percorrendo nestes anos para acolher os seus desafios, dedicando-se sem reservas a projetos corajosos e assumindo riscos, mesmo perante cenários novos e desafiadores. Neste Jubileu, tem se esforçado para receber os peregrinos como "um lar de fé".
"Quanto a mim, expresso o desejo e o compromisso de entrar neste vasto canteiro, colocando-me, na medida do possível, à escuta de todos, para aprender, compreender e decidir juntos: «para vós sou Bispo, convosco sou cristão», como dizia Santo Agostinho. Peço que me ajudem a fazê-lo num esforço comum de oração e caridade."
Ao concluir, Leão XIV manifestou seu carinho por sua nova família diocesana, com o desejo de partilhar com ela alegrias e dores, cansaços e esperanças. "Também eu lhes ofereço 'o pouco que tenho e que sou'", afirmou, citando as palavras do Beato João Paulo I na mesma ocasião em 1978. E confiou todos à intercessão dos Santos Pedro e Paulo e "de tantos outros irmãos e irmãs, cuja santidade iluminou a história desta Igreja e as ruas desta cidade. Que a Virgem Maria nos acompanhe e interceda por nós". Fonte: https://www.vaticannews.va
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Ao final da sua primeira Audiência Geral, o Papa fez um apelo pela situação ”cada vez mais preocupante" na Faixa de Gaza, onde os ataques não cessam e as pessoas estão morrendo de fome. O Pontífice exorta para “consentir a entrada de ajuda humanitária digna”. Também pede a todos os fiéis que rezem o terço pela paz para que possam “desarmar seus corações”. O pensamento no Papa Francisco um mês após sua morte: "recordemos dele com muita gratidão".
Salvatore Cernuzio - Vatican News
“Está cada vez mais preocupante e dolorosa a situação na Faixa de Gaza. Renovo o meu apelo sincero para consentir a entrada de ajuda humanitária digna e para pôr fim às hostilidades, cujo preço desolador está sendo pago por crianças, idosos e doentes.”
É o primeiro apelo ao final da primeira Audiência Geral de quarta-feira (21/05) na Praça São Pedro e o Papa Leão XVI o dirige a Gaza, um território que há um ano e meio se tornou sinônimo de morte, violência, destruição e fome.
Semear esperança em um mundo ferido pelo ódio
Já no último domingo (18/05), no Regina Caeli, ao final da missa de início de pontificado, o Papa denunciou o fato de que na Faixa “as crianças, as famílias, os idosos sobreviventes estão reduzidos à fome”. Hoje retoma o tema para estigmatizar essa violência que impede a realização de uma paz "desarmante e desarmada", invocada desde a primeira aparição no Balcão das Bênçãos.
"Em um mundo dividido e ferido pelo ódio e pela guerra, somos chamados a semear a esperança e a construir a paz!"
Emergência de ajuda e novos ataques
As palavras desta quarta-feira (21/05), o apelo em italiano, depois da saudação em vários idiomas, foram proferidas no momento em que caminhões carregados de ajuda humanitária que entraram em Gaza pela passagem de Kerem Shalom ainda estão esperando no lado da fronteira para chegar aos locais onde serão distribuídos, como relatam fontes humanitárias no local. Nesta terça-feira (20/05), Israel anunciou que permitiria a entrada de 93 caminhões na Faixa, mas, de acordo com informações transmitidas por agências locais, uma dúzia de caminhões do Unicef e cinco dos Emirados Árabes Unidos, além de um número desconhecido do Programa Alimentar Mundial da ONU (PAM), ainda não chegaram aos pontos de distribuição.
Enquanto se especula sobre um atraso deliberado, acusações de ajuda insuficiente e uma abertura inadequada considerando a enorme escala da tragédia, há também aqueles que falam de um risco de fome. “Há 14 mil crianças que morrerão nas próximas 48 horas se não conseguirmos chegar até elas”, disse à BBC o chefe de ajuda humanitária da ONU, Tom Fletcher.
Enquanto isso, ao amanhecer, um ataque aéreo das Forças de Defesa de Israel (IDF) matou pelo menos 42 pessoas na Faixa de Gaza. Dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, administrado pelo Hamas. De acordo com a mesma fonte, mais da metade das vítimas, 24 pessoas, foram mortas em Khan Yunis, no sul da Faixa. Por outro lado, os capacetes azuis da ONU denunciam um ataque de Israel com drones no Líbano, na cidade de Al Mansouri, na área de competência da missão da Unifil, lembrando a todas as partes a necessidade de “garantir a segurança do pessoal da ONU e o respeito ao princípio da inviolabilidade das áreas controladas pelos capacetes azuis”.
O convite para rezar o terço
Uma situação “cada vez mais preocupante” e “dolorosa”, nas palavras do Papa Leão que, se àqueles com responsabilidades políticas e governamentais foi exortada uma ação imediata, a todos os fiéis do mundo pediu que pegassem a arma da oração. “Neste mês mariano, gostaria de reiterar o convite da Virgem de Fátima: ‘Rezem o terço todos os dias pela paz’”, disse o Pontífice na saudação aos portugueses.
"Junto com Maria, peçamos que os homens não se fechem a este dom de Deus e desarmem seus corações."
A recordação de Papa Francisco
Palavras que recordam os contínuos apelos do Papa Francisco para que "não parem de rezar pela paz". E foi precisamente em memória do seu predecessor, que morreu em 21 de abril, que o pensamento de Leão XIV foi dirigido ao final da Audiência Geral, acompanhado pelos aplausos dos 40 mil fiéis presentes.
"E não podemos terminar este nosso encontro sem recordar com muita gratidão do nosso amado Papa Francisco, que exatamente há um mês voltou à casa do Pai." Fonte: https://www.vaticannews.va
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Em sua fala, pontífice defende Igreja unida, mas sem estar alheia aos desafios atuais
Milão
Em sua homilia, o papa Leão 14 ressaltou a importância de uma Igreja unida. "Irmãos e irmãs, gostaria que fosse este o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado", disse. O texto representa o programa que o papa pretende seguir nos próximos anos. Abaixo, leia a íntegra.
Queridos irmãos cardeais,
Irmãos no episcopado e no sacerdócio,
distintas autoridades e membros do corpo diplomático,
irmãos e irmãs,
No início do ministério que me foi confiado, saúdo-vos a todos com o coração cheio de gratidão. Escreveu Santo Agostinho: "Fizeste-nos para Vós", [Senhor,] e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós» (Confissões, 1,1.1).
Nos últimos dias, vivemos tempos particularmente intensos. A morte do papa Francisco encheu os nossos corações de tristeza e, naquelas horas difíceis, sentimo-nos como as multidões que o Evangelho diz serem "como ovelhas sem pastor" (Mt 9, 36). No entanto, precisamente no dia de Páscoa, recebemos a sua última bênção e, à luz da ressurreição, enfrentamos este momento na certeza de que o Senhor nunca abandona o seu povo, mas congrega-o quando se dispersa e guarda-o "como o pastor ao seu rebanho" (Jr 31, 10).
Neste espírito de fé, o Colégio Cardinalício reuniu-se para o conclave. Chegando com histórias diferentes e a partir de caminhos diversos, colocamos nas mãos de Deus o desejo de eleger o novo sucessor de Pedro, o bispo de Roma, um pastor capaz de guardar o rico patrimônio da fé cristã e, ao mesmo tempo, de olhar para longe, para ir ao encontro das interrogações, das inquietações e dos desafios de hoje. Acompanhados pela vossa oração, sentimos a ação do Espírito Santo, que soube harmonizar os diferentes instrumentos musicais e fez vibrar as cordas do nosso coração numa única melodia.
Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vós como um irmão que deseja fazer-se servo da vossa fé e da vossa alegria, percorrendo convosco o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família.
Amor e unidade: estas são as duas dimensões da missão que Jesus confiou a Pedro.
É o que nos narra o trecho do Evangelho, que nos leva ao lago de Tiberíades, o mesmo onde Jesus iniciou a missão recebida do Pai: "pescar" a humanidade para salvá-la das águas do mal e da morte. Passando pela margem daquele lago, chamou Pedro e os outros primeiros discípulos para serem como Ele, "pescadores de homens", e agora, após a ressurreição, cabe-lhes precisamente a eles levar em frente esta missão, lançar sempre e novamente a rede imergindo nas águas do mundo a esperança do Evangelho, e navegar no mar da vida para que todos se possam reencontrar no abraço de Deus.
Como pode Pedro levar adiante essa tarefa? O Evangelho diz-nos que isso só é possível porque ele experimentou na própria vida o amor infinito e incondicional de Deus, mesmo na hora do fracasso e da negação. Por isso, quando Jesus se dirige a Pedro, o Evangelho usa o verbo grego agapao, que se refere ao amor que Deus tem por nós, à sua entrega sem reservas nem cálculos, diferente do usado na resposta de Pedro, que descreve o amor de amizade que cultivamos entre nós.
Quando Jesus pergunta a Pedro —"Simão, filho de João, tu amas-me?" (Jo 21, 16)— refere-se ao amor do Pai. É como se Jesus lhe dissesse: só se conheceste e experimentaste este amor de Deus, que nunca falha, poderás apascentar as minhas ovelhas; só no amor de Deus Pai poderás amar os teus irmãos com "algo mais", isto é, oferecendo a vida por eles.
A Pedro, portanto, é confiada a tarefa de «amar mais» e dar a sua vida pelo rebanho. O ministério de Pedro é marcado precisamente por este amor oblativo, porque a Igreja de Roma preside na caridade e a sua verdadeira autoridade é a caridade de Cristo. Não se trata nunca de capturar os outros com a prepotência, com a propaganda religiosa ou com os meios do poder, mas trata-se sempre e apenas de amar como fez Jesus.
Ele é —afirma o próprio apóstolo Pedro— "a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que se transformou em pedra angular" (Act 4, 11). E se a pedra é Cristo, Pedro deve apascentar o rebanho sem nunca ceder à tentação de ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas (cf. 1 Pe 5, 3); pelo contrário, é-lhe pedido que sirva a fé dos irmãos, caminhando com eles: todos nós, com efeito, somos «pedras vivas» (1 Pe 2, 5), chamados pelo nosso Batismo a construir o edifício de Deus na comunhão fraterna, na harmonia do Espírito, na convivência das diversidades. Como afirma Santo Agostinho: "A Igreja é constituída por todos aqueles que mantêm a concórdia com os irmãos e que amam o próximo" (Sermão 359, 9).
Irmãos e irmãs, gostaria que fosse este o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado.
No nosso tempo, ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres. E nós queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: Olhai para Cristo! Aproximai-vos d’Ele! Acolhei a sua Palavra que ilumina e consola! Escutai a sua proposta de amor para vos tornardes a sua única família. No único Cristo somos um. E este é o caminho a percorrer juntos —entre nós, mas também com as Igrejas cristãs irmãs, com aqueles que percorrem outros caminhos religiosos, com quem cultiva a inquietação da busca de Deus, com todas as mulheres e todos os homens de boa vontade— para construirmos um mundo novo onde reine a paz.
Este é o espírito missionário que nos deve animar, sem nos fecharmos no nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo; somos chamados a oferecer a todos o amor de Deus, para que se realize aquela unidade que não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo.
Irmãos, irmãs, esta é a hora do amor! A caridade de Deus, que faz de nós irmãos, é o coração do Evangelho e, com o meu predecessor Leão 13, podemos hoje perguntar-nos: "Não se veria em breve prazo estabelecer-se a pacificação, se estes ensinamentos pudessem vir a prevalecer nas sociedades?" (Carta enc. Rerum novarum, 14)
Com a luz e a força do Espírito Santo, construamos uma Igreja fundada no amor de Deus e sinal de unidade, uma Igreja missionária, que abre os braços ao mundo, que anuncia a Palavra, que se deixa inquietar pela história e que se torna fermento de concórdia para a humanidade.
Juntos, como único povo, todos irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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Leão XIV inicia seu ministério: "É a hora do amor! Olhem para Cristo e aproximem-se Dele"
“Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vocês como um irmão que deseja fazer-se servo da fé e da alegria”, disse Leão XIV na missa de início de pontificado. O Santo Padre expressou o desejo de uma Igreja unida, que seja fermento para um mundo reconciliado. E se emocionou ao receber o Anel do Pescador.
No rito da obediência, o prepósito da Companhia de Jesus, Pe. Arturo Sosa (@Vatican Media)
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
“Esta é a hora do amor!”
O Papa Leão XIV presidiu à Santa Missa de início do seu ministério petrino numa Praça São Pedro lotada de fiéis e autoridades civis e religiosas. Antes da cerimônia, o Pontífice passou de papamóvel, pela primeira vez, por entre as 200 mil pessoas presentes, que se aglomeram também na “Via della Conciliazione”, que dá acesso à Praça.
A solene cerimônia teve início dentro da Basílica Vaticana, em oração diante do túmulo do Apóstolo São Pedro, junto com os Patriarcas das Igrejas Orientais. De lá, o Evangeliário, o Pálio e o Anel do Pescador foram levados em procissão para o Altar no adro da Praça São Pedro, enquanto o coro entoava a ladainha de todos os santos.
Após a proclamação do Evangelho, três cardeais das três ordens (diáconos, presbíteros e bispos) aproximaram-se de Leão XIV para o momento das insígnias episcopais “petrinas”: o card. Mario Zenari impôs-lhe o Pálio e o card. Luis Antonio Tagle entregou-lhe o Anel do Pescador, num dos momentos mais tocantes da missa, com o Papa contendo a emoção. A cerimônia prosseguiu com o rito simbólico de “obediência”, prestado ao Papa por doze representantes de todas as categorias do Povo de Deus, provenientes de várias partes do mundo, entre eles, o cardeal brasileiro Jaime Spengler. Na sequência, o Pontífice pronunciou a sua homilia.
"Fui escolhido sem qualquer mérito"
Leão XIV saudou a todos “com o coração cheio de gratidão” e uma das frases mais célebres de Santo Agostinho: «Fizeste-nos para Vós, [Senhor,] e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós» (Confissões, 1,1.1).
O Santo Padre recordou os últimos dias, vividos de maneira intensa com a morte do Papa Francisco, “que nos deixou «como ovelhas sem pastor»”. À luz da ressurreição, enfrentamos este momento e o Colégio Cardinalício reuniu-se para o Conclave para eleger o novo sucessor de Pedro, “chamado a guardar o rico patrimônio da fé cristã e, ao mesmo tempo, ir ao encontro das interrogações, das inquietações e dos desafios de hoje”.
“Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vocês como um irmão que deseja fazer-se servo da fé e da alegria, percorrendo com vocês o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família.”
Nunca ceder à tentação de ser um líder solitário e acima dos outros
Leão XIV ressaltou as duas dimensões da missão que Jesus confiou a Pedro: amor e unidade.
Jesus recebeu do Pai a missão de “pescar” a humanidade para salvá-la das águas do mal e da morte. Esta missão permanece ainda hoje, de lançar sempre e novamente a rede e navegar no mar da vida para que todos se possam reencontrar no abraço de Deus.
Essa tarefa é possível porque Pedro experimentou na própria vida o amor infinito e incondicional de Deus, mesmo na hora do fracasso e da negação. A Pedro, portanto, é confiada a tarefa de «amar mais» e dar a sua vida pelo rebanho.
“O ministério de Pedro é marcado precisamente por este amor oblativo, porque a Igreja de Roma preside na caridade e a sua verdadeira autoridade é a caridade de Cristo. Não se trata nunca de capturar os outros com a prepotência, com a propaganda religiosa ou com os meios do poder, mas se trata sempre e apenas de amar como fez Jesus.”
Para isso, Pedro e seus sucessores devem apascentar o rebanho sem nunca ceder à tentação de ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas pelo contrário, deve servir a fé dos irmãos, caminhando com eles.
“Irmãos e irmãs, gostaria que fosse este o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado.”
Olhar para Cristo!
No nosso tempo, acrescentou o Santo Padre, ainda vemos demasiada discórdia, feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres.
“E nós queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: Olhem para Cristo! Aproximem-se Dele! Acolham a sua Palavra que ilumina e consola! Escutem a sua proposta de amor para se tornar a sua única família. No único Cristo somos um.”
Este é o espírito missionário que deve nos animar, acrescentou Leão XIV, sem nos fecharmos no nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo.
“Irmãos, irmãs, esta é a hora do amor!”, concluiu o Papa, exortando a construir uma Igreja missionária, que abre os braços ao mundo e anuncia a Palavra.
“Juntos, como único povo, todos irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros.” Fonte: https://www.vaticannews.va
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A homilia escrita por Francisco foi lida pelo cardeal Calcagno na Basílica de São Pedro para 4300 pessoas. O Pontífice conduziu a reflexão sobre o livro da vida e missão dos sacerdotes, que deve seguir as páginas de Jesus "que nos evangeliza, que nos liberta das nossas prisões, que abre os nossos olhos, que nos alivia dos fardos que carregamos aos ombros". Torna-se "um ministério jubilar, como o d’Ele, mas sem tocar as trombetas: numa entrega que não é estridente, mas radical e gratuita".
Missa do Crisma também chamada de Missa dos Santos Óleos ou da Unidade (VATICAN MEDIA Divisione Foto)
Andressa Collet - Vatican News
Na manhã desta Quinta-feira Santa (17/04), na Basílica de São Pedro, especialmente bispos e cerca de 1800 sacerdotes participaram da Missa do Crisma também chamada de Missa dos Santos Óleos ou da Unidade, já que são abençoados os óleos que serão usados nas cerimônias sacramentais do Batismo, Crisma e Unção dos Enfermos. Na celebração, presidida pelo cardeal Domenico Calcagno, presidente emérito da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica, também foram renovadas as promessas sacerdotais, feitas no dia da Ordenação, quando receberam a unção do Espírito Santo por meio do óleo do Crisma.
Um momento para reafirmar a unidade, expressa pela comunhão eclesial em torno do mistério pascal de Cristo, e também o próprio compromisso de servir a Jesus. Trata-se da história pessoal de cada um, recorda o Papa Francisco em homilia lida na ocasião pelo cardeal Calcagno, de onde se "abre um jubileu, isto é, um tempo e um oásis de graça" que faz parte do "livro da nossa vida e ensina-nos a encontrar as passagens que revelam o seu sentido e missão". Mas, questiona Francisco, "estou aprendendo a ler minha vida ou tenho medo de o fazer?".
Os jubileus, continua o Pontífice, se refletem "na proximidade quotidiana do padre ao seu povo, na qual se cumprem as profecias de justiça e paz" e não somente "a cada 25 anos - assim o espero!", diz o Papa, ao acrescentar que o "reino de sacerdotes não coincide com um clero". O sacerdócio ministerial é "puro serviço ao povo sacerdotal", de um "pastor que ama o seu povo" e "não vive à procura de consenso e aprovação a qualquer custo":
“Portanto, para nós, sacerdotes, o ano jubilar representa um apelo específico a recomeçar sob o sinal da conversão: peregrinos de esperança, para sairmos do clericalismo e nos tornar arautos de esperança.”
A Bíblia é a primeira casa
O Papa Francisco, então, ao refletir o Evangelho da Missa da Unidade, faz um regresso a Nazaré onde Jesus foi criado e mantinha bons hábitos, o de frequentar a sinagoga e o de ler, que revelam "onde está o nosso coração", como o de Cristo, apaixonado pela Palavra de Deus. E o Pontífice comenta:
"Caríssimos, estamos aqui reunidos para repetir e assumir como nosso este «Sim, Amém!». Trata-se da confissão de fé do povo de Deus: `Sim, é verdade, é firme como uma rocha!`. A paixão, morte e ressurreição de Jesus, que estamos prestes a reviver, são o terreno que sustenta firmemente a Igreja e, nela, o nosso ministério sacerdotal. E que terreno é este? Em que húmus podemos não só crescer, mas florescer?"
As "Escrituras são a sua casa. Aqui está o terreno, o húmus vital que encontramos ao tornarmo-nos seus discípulos", afirma o Papa, ao indicar: "queridos sacerdotes, todos nós temos uma Palavra a cumprir. Cada um de nós tem uma relação com a Palavra de Deus que vem de longe. Colocamo-la ao serviço de todos somente quando a Bíblia continua a ser a nossa primeira casa".
As páginas escritas com eficácia e discrição
Francisco convida a ajudar também os outros a encontrarem "as páginas das suas vidas: por exemplo, os noivos, quando escolhem as leituras do seu Matrimônio; ou aqueles que estão de luto e procuram passagens para confiar a pessoa falecida à misericórdia de Deus e às orações da comunidade". Todavia, "é também importante para cada um de nós, e de uma forma especial, a página escolhida por Jesus", porque "é precisamente o Espírito de Jesus que permanece o protagonista silencioso do nosso serviço. Quando as palavras se tornam realidade em nós, o povo sente o seu sopro". E, sem "nunca desanimar", acreditando "Deus nunca falha", procurar "levar a boa nova aos pobres, a libertação aos prisioneiros, a vista aos cegos, a liberdade aos oprimidos".
A reflexão do Papa, lida pelo cardeal Calcagno, foi finalizada com um encorajamento que só vem de Jesus, "que nos evangeliza, que nos liberta das nossas prisões, que abre os nossos olhos, que nos alivia dos fardos que carregamos aos ombros. E depois porque, ao chamar-nos para a sua missão, inserindo-nos sacramentalmente na sua vida, Ele liberta também os outros através de nós", sem nem perceber:
“O nosso sacerdócio torna-se um ministério jubilar, como o d’Ele, mas sem tocar as trombetas: numa entrega que não é estridente, mas radical e gratuita. É o Reino de Deus, aquele de que falam as parábolas, eficaz e discreto como o fermento, silencioso como a semente. Quantas vezes os pequeninos o reconheceram em nós? E nós, somos capazes de dizer obrigado?” Fonte: https://www.vaticannews.va
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No vídeo de intenção de oração para abril, Francisco pede para olhar “menos as telas” e “mais nos olhos”. Assim é possível colocar a tecnologia a serviço de todos, especialmente dos mais frágeis, para descobrir “o que realmente importa: que somos irmãos, irmãs, filhos do mesmo Pai”, sem nos distanciarmos dos demais e da realidade. "Rezemos para que o uso das novas tecnologias não substitua as relações humanas, mas respeite a dignidade das pessoas", diz o Papa em voz gravada antes da internação.
Andressa Collet - Vatican News
“Como eu queria que olhássemos menos as telas e nos olhássemos mais nos olhos!”
Assim começa Francisco na mensagem em vídeo com a intenção de oração para o mês de abril que o Pontífice confia à Igreja Católica através da Rede Mundial de Oração do Papa. A voz de Francisco foi gravada antes da sua internação de 38 dias no Hospital Gemelli de Roma. O vídeo traz uma preocupação mundial ligada ao uso das novas tecnologias e a exortação do Papa que elas não substituam as relações humanas, mas respeitem "a dignidade das pessoas" e ajudem "a enfrentar as crises do nosso tempo”. Um tema de grande atualidade, especialmente por causa da difusão das redes sociais e do crescente desenvolvimento da inteligência artificial.
"Se gastamos mais tempo com o celular que com as pessoas, algo não funciona. A tela nos faz esquecer que detrás há pessoas reais que respiram, riem e choram. É verdade, a tecnologia é fruto da inteligência que Deus nos deu. Porém devemos usá-la bem. Não pode beneficiar apenas a uns poucos enquanto outros ficam excluídos."
O alerta do Papa para perigos e riscos
O Papa Francisco recorda, assim, que se a tecnologia não é utilizada bem, pode produzir efeitos negativos. Entre eles estão o isolamento e a falta de relações verdadeiras; riscos como o ciberbullying e o ódio nas redes sociais; além do aumento das desigualdades econômicas, sociais, educativas e de trabalho, por exemplo. Para evitar esses perigos, o Papa convida a colocar a tecnologia a serviço do ser humano, utilizando-a para unir as pessoas e ajudar quem precisa, até para fomentar a cultura do encontro e proteger o planeta:
"O que devemos fazer? Usar a tecnologia para unir, não para dividir. Para ajudar aos pobres. Para melhorar a vida dos enfermos e das pessoas com capacidades diferentes. Usar a tecnologia para cuidar de nossa casa comum. Para nos encontrar como irmãos. Porque quando nos olhamos nos olhos, descobrimos o que realmente importa: que somos irmãos, irmãs, filhos do mesmo Pai."
As novas tecnologias e a família
O cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, faz ecoar as palavras do Papa Francisco: “as novas tecnologias são um importante recurso e instrumento a serviço da família humana. Para que sirvam ao seu desenvolvimento, o seu uso deve orientar-se pelo respeito da dignidade e dos direitos fundamentais do homem. Vamos nos unir ao chamado do Santo Padre, para que o progresso digital constitua um dom para a humanidade, no respeito da dignidade de cada pessoa, da justiça e do bem comum”.
A necessidade de um enfoque ético das novas tecnologias
O vídeo do Papa, realizado neste mês com a colaboração com da Coronation Media, empresa de produção dos Estados Unidos, e o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. “Coronation Media está orgulhosa de apoiar 'O Vídeo do Papa', continuando uma década de serviço à Igreja Católica como premiado estúdio de vídeo e animação”, afirmam os cofundadores, Bill Phillips e Gary Gasse. “Essa colaboração representa um marco significativo no compromisso contínuo da empresa de navegar pela convergência da expressão humana autêntica com as novas tecnologias e meios de comunicação. Foi uma honra apoiar diretamente a oportuna mensagem de Sua Santidade à comunidade eclesial mundial sobre o uso responsável da tecnologia. De um modo muito concreto, apoiar essa mensagem supõe reforçar nossa dedicação ao uso ético das tecnologias emergentes para fomentar o desenvolvimento humano e para coroar o bem em nosso trabalho”.
Os efeitos da tecnologia em nossas vidas
O diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, Pe. Cristóbal Fones, afirma que, no vídeo, “o Papa Francisco nos quer recordar que usar responsavelmente a tecnologia supõe colocá-la a serviço da pessoa humana e da criação. Se é usada dessa forma, é também um meio para dar glória a Deus, já que nossas capacidades e nossa criatividade provêm d´Ele. Além disso, o uso ético das novas tecnologias ajuda a cuidar da criação, salvaguarda a dignidade do ser humano e melhora a vida”. Nesse ponto, o Pe. Fones menciona avanços como a facilidade de acesso a uma infinidade de recursos educativos on-line; a telemedicina, os aplicativos dedicados à saúde e os novos instrumentos de diagnósticos; os aplicativos que melhoram a comunicação e que permitem manter contatos ao redor do mundo e inclusive trabalhar em equipe, apesar das distâncias; as tecnologias de reciclagem e as energias renováveis… “A tecnologia pode ser uma poderosa ferramenta para enfrentar crises globais como a pobreza ou a mudança climática”, afirma.
Porém esse uso ético da tecnologia “requer, sobretudo, que olhemos aos demais com os olhos do coração, que estabeleçamos relações fraternas com os outros, que é o que nos convida o Papa", continua Padre Fones: "o respeito à dignidade de cada pessoa e o bem comum são os princípios que devem guiar-nos no momento de discernir como usar a tecnologia e para quê”. Em resumo, “o Papa Francisco nos exorta a desenvolver uma consciência crítica sobre como usamos as novas tecnologias e seus efeitos em nossa própria vida e na sociedade. E nos anima a fazer e promover um uso responsável das novas tecnologias que favoreça o desenvolvimento humano integral de todos, especialmente dos mais desfavorecidos”.
Em respeito à dignidade das pessoas
No marco do Ano Santo, é bom recordar que uma das condições necessárias para obter as indulgências concedidas por causa do Jubileu é rezar pelas intenções do Pontífice e 'O Vídeo do Papa' apresenta precisamente essas intenções, como a do mês de abril, pelo bom uso das novas tecnologias, que não nos distanciem dos demais e da realidade:
“Rezemos para que o uso das novas tecnologias não substitua as relações humanas, mas respeite a dignidade das pessoas e ajude a enfrentar as crises do nosso tempo.” Fonte: https://www.vaticannews.va
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Depois de cinco semana e 38 dias de internação, Francisco finalmente pôde saudar os fiéis. Foram poucas palavras, mas repletas de significado.
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“Obrigado a todos!”
Essas foram as palavras do Papa ao saudar os fiéis, romanos e turistas que foram ao Hospital Gemelli para ver o Pontífice depois de 38 dias de internação, a mais longa do seu pontificado.
Em meio à multidão, Francisco reconheceu uma senhora, Carmela, que todas as quartas-feiras participa da Audiência Geral para lhe entregar um maço de flores: "E vejo essa senhora com as flores amarelas. É uma boa pessoa", disse ainda o Papa do 5º andar do Hospital, e não do 10º, onde estava internado, justamente para ficar mais próximo dos fiéis, como pediu o Pontífice.
Enquanto os fiéis emocionados viam o seu pastor, a Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou o texto preparado para o Angelus:
"Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
A parábola que encontramos no Evangelho de hoje nos fala da paciência de Deus, que nos exorta a fazer de nossa vida um tempo de conversão. Jesus usa a imagem de uma figueira estéril, que não produziu os frutos esperados e que, no entanto, o agricultor não quer cortar: deseja adubá-la mais uma vez para ver "se dará fruto no futuro" (Lc 13,9). Esse agricultor paciente é o Senhor, que trabalha com zelo o terreno de nossa vida e aguarda confiante o nosso retorno a Ele.
Neste longo período de recuperação, tive a oportunidade de experimentar a paciência do Senhor, que vejo também refletida na dedicação incansável dos médicos e dos profissionais da saúde, assim como nos cuidados e nas esperanças dos familiares dos doentes. Essa paciência confiante, ancorada no amor de Deus que nunca falha, é verdadeiramente necessária à nossa vida, especialmente para enfrentar as situações mais difíceis e dolorosas.
Entristece-me a retomada dos pesados bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, com tantas mortes e feridos. Peço que as armas se calem imediatamente e que se tenha a coragem de retomar o diálogo, para que todos os reféns sejam libertos e se alcance um cessar-fogo definitivo. Na Faixa de Gaza, a situação humanitária é novamente gravíssima e exige o compromisso urgente das partes beligerantes e da comunidade internacional.
Alegra-me, por outro lado, que a Armênia e o Azerbaijão tenham acordado o texto definitivo do Acordo de Paz. Espero que seja assinado o quanto antes e possa, assim, contribuir para estabelecer uma paz duradoura no sul do Cáucaso.
Com tanta paciência e perseverança, vocês continuam a rezar por mim: agradeço-lhes muito! Eu também rezo por vocês. E juntos imploramos pelo fim das guerras e pela paz, especialmente na martirizada Ucrânia, na Palestina, em Israel, no Líbano, em Mianmar, no Sudão e na República Democrática do Congo.
Que a Virgem Maria nos proteja e continue a nos acompanhar no caminho rumo à Páscoa.". Fonte: https://www.vaticannews.va
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A resposta do pontífice divulgada pela mídia do Vaticano ocorreu durante podcast onde Francisco ouvia e respondia mensagens de áudios enviados por jovens
Durante a participação em um podcast do Vaticano nesta terça-feira (25/7), o Papa Francisco disse a um jovem trans que "Deus nos ama assim como somos". O pontífice estava respondendo perguntas enviadas via áudio por jovens, entre eles, Giona, um jovem italiano de 20 anos que disse estar "dividido pela dicotomia entre a fé católica e a identidade transgênero".
"Cultivar uma fé que sentisse ser verdadeiramente minha me ajudou a me aceitar no meu corpo com deficiência, atípico, a não me sentir nunca verdadeiramente só, nem mesmo nas dificuldades, porque sei que quem me conhece desde sempre jamais me entregaria uma cruz pesada demais para os meus ombros", disse ele no áudio.
"Quando tomei consciência de ser uma pessoa trans, teria preferido muito não acreditar. E aquele corpo maravilhoso e perfeito que é obra Dele? Me sentia arrasado pela dicotomia entre a fé e a identidade transgênero, braços do mesmo corpo, o meu", adicionou.
As informações e transcrições do áudio são do portal italiano Tgcom24 .
Ao escutar o áudio, Francisco declarou que "Deus nos ama como somos”. "O Senhor sempre caminha conosco, sempre. O Senhor não tem desgosto por nenhum de nós. Mesmo nos casos em que somos pecadores, ele se aproxima para nos ajudar. O Senhor não tem desgosto pelas nossas realidades, nos ama como somos. E esse é o amor louco de Deus", disse o papa ao responder o questionamento do jovem incentivando-o em outro trecho a não desistir e seguir em frente.
O responsável pelo Popecast é o site oficial de notícias Vatican News, e segundo o portal, os jovens não sabiam inicialmente que seus áudios seriam ouvidos pelo Papa. O episódio teria sido pensado com o intuito de convidar os jovens a participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), marcada para acontecer entre os dias 1º e 6 de agosto, em Lisboa. Fonte: https://www.em.com.br
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Papa Francisco: “Que todos nós possamos, com o especial auxílio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações gananciosas”.
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A cada ano, os bispos do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acolhendo as sugestões vindas dos regionais, dos organismos do Povo de Deus, das ordens e congregações religiosas e dos fiéis leigos e leigas, escolhem um tema e um lema para a Campanha da Fraternidade, com o objetivo de chamar a atenção sobre uma situação que, na sociedade, necessita de conversão, em vista do bem de todos.
Neste ano de 2025, motivados pelos 800 anos da composição do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis; pelos 10 anos de publicação da Carta Encíclica Laudato si’; pela recente publicação da Exortação Apostólica Laudate Deum; pelos 10 anos de criação da Rede Eclesial PanAmazônica (REPAM) e pela realização da COP 30, em Belém (PA), a primeira na Amazônia, acolhendo a sugestão da Comissão Episcopal Especial para a Mineração e a Ecologia Integral, foi escolhido o tema: Fraternidade e Ecologia Integral e o lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).
A Ecologia é a questão mais tratada pelas CF’s ao longo destes 61 anos de existência. Foram 8 as CF’s que de alguma forma abordaram essa temática.
Neste ano, a Campanha da Fraternidade aborda outra vez a temática ambiental, com o objetivo de “promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra” (Objetivo Geral da CF 2025).
“Estamos no decênio decisivo para o planeta! Ou mudamos, convertemo-nos, ou provocaremos com nossas atitudes individuais e coletivas um colapso planetário. Já estamos experimentando seu prenúncio nas grandes catástrofes que assolam o nosso país. E não existe planeta reserva! Só temos este! E, embora ele viva sem nós, nós não vivemos sem ele. Ainda há tempo, mas o tempo é agora! É preciso urgente conversão ecológica: passar da lógica extrativista, que contempla a Terra como um reservatório sem fim de recursos, donde podemos retirar tudo aquilo que quisermos, como quisermos e quanto quisermos, para uma lógica do cuidado”.
Como todos os anos, também neste ano de 2025 o Santo Padre envia uma mensagem para o início da Quaresma no Brasil e para o início da Campanha da Fraternidade. Eis a íntegra da mensagem o Papa Francisco enviou para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, com data de 11 de fevereiro de 2025, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes:
Queridos irmãos e irmãs do Brasil,
Com este dia de jejum, penitência e oração, iniciamos a Quaresma deste Ano Jubilar da Encarnação. Nesta ocasião, desejo manifestar a minha proximidade à Igreja peregrina nessa Nação e felicitar os meus irmãos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela iniciativa da Campanha da Fraternidade, que se repete há mais de 60 anos e que neste ano tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e como lema a passagem da Escritura na qual, contemplando a obra da criação, “Deus viu que tudo era muito bom” (cf. Gn 1,31).
Com a Campanha da Fraternidade, os bispos do Brasil convidam todo o povo brasileiro a trilhar, durante a Quaresma, um caminho de conversão baseado na Carta Encíclica Laudato Si’, que publiquei há quase 10 anos, em 24 de maio de 2015, e que senti necessidade de complementar com a Exortação Apostólica Laudate Deum, de 4 de outubro de 2023.
Nestes documentos, quis chamar a atenção de toda a humanidade para a urgência de uma necessária mudança de atitude em nossas relações com o meio ambiente, recordando que a atual «crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior» (Laudato Si’, 217). Neste sentido, o meu predecessor de venerável memória, São João Paulo II, já alertava que era «preciso estimular e apoiar a “conversão ecológica”, que tornou a humanidade mais sensível» (Audiência, 17 de janeiro de 2001) ao tema do cuidado com a Casa Comum.
Por isso, louvo o esforço da Conferência Episcopal em propor mais uma vez como horizonte o tema da ecologia, junto à desejada conversão pessoal de cada fiel a Cristo. Que todos nós possamos, com o especial auxilio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações gananciosas.
O tema da Campanha da Fraternidade deste ano expressa também a disponibilidade da Igreja no Brasil em dar a sua contribuição para que, durante a COP 30 do próximo mês de novembro, que se realizará em Belém do Pará, no coração da querida Amazônia, as nações e os organismos internacionais possam comprometer-se efetivamente com práticas que ajudem na superação da crise climática e na preservação da obra maravilhosa da Criação, que Deus nos confiou e que temos a responsabilidade de transmitir às futuras gerações.
Desejo que esse itinerário quaresmal dê muitos frutos e nos encha a todos de Esperança, da qual somos peregrinos neste Jubileu. Faço votos que a Campanha da Fraternidade seja novamente um poderoso auxílio para as pessoas e comunidades desse amado País no seu processo de conversão ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e de compromisso concreto com a Ecologia Integral.
Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, concedo de bom grado a Bênção Apostólica a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham no cuidado com a Casa Comum, pedindo que continuem a rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 11 de fevereiro de 2025, memória
litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes.
Franciscus
Fonte: https://www.vaticannews.va
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Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (12/02), Francisco refletiu sobre o nascimento de Jesus e a visita que os pastores lhe fizeram, "as primeiras testemunhas da salvação". O encontro aconteceu num estábulo, sinal da humildade e fragilidade de Jesus e ondem encontraram o poder de Deus que salva a humanidade: "os pastores aprendem que num lugar muito humilde, reservado aos animais, nasce o Messias tão esperado e nasce para eles, para ser o seu Salvador, o seu Pastor".
Andressa Collet - Vatican News
“Caros irmãos e irmãs, bom dia! No nosso percurso jubilar de catequeses sobre Jesus, que é a nossa esperança, hoje nos detemos no evento do seu nascimento em Belém. Agora tomo a liberdade de pedir ao sacerdote, ao leitor, que continue lendo, porque eu, com a minha bronquite, ainda não posso. Espero que da próxima vez eu possa.”
Assim o Papa Francisco compartilhou a sua impossibilidade de ler a catequese durante a Audiência Geral desta quarta-feira (12/02) na Sala Paulo VI, já que ainda se recupera de uma bronquite. O texto, que deu continuidade à reflexão sobre "Jesus Cristo, nossa esperança", foi lido então pelo Pe. Pierluigi Giroli, funcionário da Secretaria de Estado, e dedicado ao nascimento de Jesus e à visita que os pastores lhe fizeram.
Deus não se manifesta no clamor, mas na humildade
O Filho de Deus entra na história sujeito a inúmeros contratempos, tal como nós. Por causa de um recenseamento, estando ainda no ventre da Virgem Maria, teve de viajar de Nazaré a Belém. Assim, explicam as palavras do Papa, "o tão esperado Messias, o Filho do Deus Altíssimo, deixa-se recensear, isto é, contar e registrar, como qualquer outro cidadão". E em Belém se completam os dias do parto para Maria, onde nasce Jesus.
Mas, por não haver lugar para Ele na hospedaria, nasceu num estábulo e foi deitado numa manjedoura. "O Filho de Deus não nasce num palácio real, mas nos fundos de uma casa, no espaço onde estão os animais", comentou Francisco no texto. O evangelista Lucas mostra, assim, "que Deus não vem ao mundo com grandes proclamações, não se manifesta em clamor, mas inicia o seu caminho na humildade".
Os primeiros a visitá-lo foram os pastores que, embora fossem homens de pouca cultura, "malcheirosos devido ao contato constante com os animais", vivendo "à margem da sociedade", souberam acolher o anúncio dos anjos e, por isso, testemunharam em primeira mão a boa notícia do nascimento do Salvador, que veio para todos. Como eles fizeram, exortaram as palavras do Papa, identifiquemos na humildade e fragilidade de Jesus o poder de Deus que salva a humanidade:
"Os pastores aprendem assim que num lugar muito humilde, reservado aos animais, nasce o Messias tão esperado e nasce para eles, para ser o seu Salvador, o seu Pastor. Uma notícia que abre os seus corações à admiração, ao louvor e ao anúncio alegre. 'Ao contrário de tanta gente ocupada a fazer muitas outras coisas, os pastores tornam-se as primeiras testemunhas do essencial, isto é, da salvação que nos é oferecida. São os mais humildes e os mais pobres que sabem acolher o acontecimento da Encarnação'. Irmãos e irmãs, peçamos também a graça de sermos, como os pastores, capazes de nos maravilharmos e louvarmos diante de Deus, e capazes de salvaguardar aquilo que Ele nos confiou: os nossos talentos, os nossos carismas, a nossa vocação e as pessoas que Ele coloca ao nosso lado."
“Peçamos ao Senhor que saibamos discernir na fraqueza a força extraordinária do Menino Deus, que vem renovar o mundo e transformar a nossa vida com o seu projeto cheio de esperança para toda a humanidade.” Fonte: https://www.vaticannews.va
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