Na missa no Vaticano com os novos cardeais, Francisco deseja que o modo como a Virgem viveu a filiação, a esponsalidade e a maternidade “nos conquiste”, porque a Imaculada não é um mito, mas um projeto bonito e concreto. Toda presunção de autossuficiência, de fato, não gera nem amor, nem felicidade: “de que adiantam os altos níveis de crescimento econômico dos países privilegiados, se metade do mundo morre de fome e de guerra, e outros ainda observam com indiferença?”

 

Antonella Palermo - Vatican News

Na Solenidade da Imaculada Conceição, que este ano coincide com o segundo Domingo do Advento, o Papa Francisco preside a Santa Missa na Basílica Vaticana, onde neste sábado (07/12) criou 21 cardeais, “portadores de uma única Sabedoria com muitas faces”, que neste domingo (08/12) participam da celebração de ação de graças com o Pontífice. A homilia se concentrou na beleza de Maria, “serva” não no sentido de “subjugada”, mas de “estimada”. Uma existência, a dela, a ser tomada como critério praticável de vida, no aqui e agora, capaz de fecundar com amor autêntico tanto a esfera familiar quanto as relações sociais e entre as nações.

 

Não há salvação sem a mulher, a Igreja é a mulher 

A contemplação da Virgem oferecida pelo Papa a torna particularmente próxima e familiar. Maria, Francisco nos lembra, teve uma infância que não é contada nos textos sagrados. E, no entanto, nesse mesmo anonimato - que nos Evangelhos dá lugar à sugestão de uma vida rica em fé, humilde e simples, toda harmonia e candura - o reflexo do amor de Deus floresce e se irradia muito além do desconhecido vilarejo de Nazaré. É “uma flor que cresceu sem ser notada”. Uma filha de “coração puro” com o “perfume da santidade”. A vida de Maria é uma doação contínua. Como esposa, é definida como “serva do Senhor”; mas aqui o Papa faz questão de esclarecer: “serva” não no sentido de “subjugada” e “humilhada”, mas de uma pessoa “confiável”, “estimada”, a quem o Senhor confia os tesouros mais preciosos e as missões mais importantes. E mais uma ênfase, acrescentada pelo Pontífice:

O Concílio diz o seguinte: Deus escolheu Maria, escolheu uma mulher como companheira para o seu projeto de salvação. Não há salvação sem a mulher, porque a Igreja também é mulher.

 

A Imaculada Conceição não é uma doutrina abstrata ou um ideal impossível

A maternidade de Maria, que se tornou a característica que mais interessou aos artistas na história da Igreja, sugere uma generatividade que está totalmente atenta à exaltação do outro, o Filho. Com um coração livre de pecado, dócil à ação do Espírito Santo. A fecundidade da Imaculada, observa o Papa, é bonita precisamente porque ela sabe morrer para dar vida, “em seu esquecer-se de si mesma para cuidar daqueles que, pequenos e indefesos, a Ela se agarram”. Entretanto, é uma figura que encarna uma beleza que não é muito alta, inatingível. 

A Imaculada, portanto, não é um mito, uma doutrina abstrata ou um ideal impossível: é a proposta de um bonito e concreto projeto, o modelo plenamente realizado de nossa humanidade, por meio do qual, pela graça de Deus, todos nós podemos contribuir para mudar o nosso mundo para melhor.

 

A beleza de Maria salva o mundo da autossuficiência

A beleza de Maria é uma beleza “que salva o mundo” e, portanto, deve nos conquistar e nos converter, espera o Sucessor de Pedro. Uma beleza em que as famílias são um espaço de verdadeira partilha e em que os pais estão “presentes em carne e osso junto dos filhos”. Se esse estilo for internalizado, poderão surgir atitudes de abertura, solidariedade, empatia e harmonia, afetando todas as áreas da vida que, com muita frequência, são condicionadas por pretensões de autossuficiência. É essa preocupação em “ser como Deus”, diz o Papa, que continua a ferir a humanidade e não gera nem amor nem felicidade.

 

De que serve o dinheiro se metade do mundo morre?

Ele prossegue listando uma série de situações críticas: “quem exalta como uma conquista a rejeição de qualquer vínculo estável e duradouro, concretamente não fomenta liberdade. Aqueles que não respeitam o pai e a mãe, que não querem ter filhos, que consideram os outros como um objeto ou um incômodo, que avaliam a partilha como uma perda e a solidariedade como um empobrecimento, não espalham alegria nem futuro”. Em seguida, o Pontífice faz algumas perguntas, provocações que analisam algumas contradições óbvias nas sociedades contemporâneas:

De que serve o dinheiro no banco, o conforto nos apartamentos, as falsas “amizades” do mundo virtual, se os corações permanecem frios, vazios, fechados? De que adiantam os altos níveis de crescimento econômico dos países privilegiados, se metade do mundo morre de fome e de guerra, e outros ainda observam com indiferença? De que adianta viajar pelo mundo inteiro, se cada encontro é reduzido à emoção de um momento, a uma fotografia que, em alguns dias ou meses, ninguém se lembrará mais? Fonte: https://www.vaticannews.va

Na catequese desta quarta-feira (04/12), Francisco ressaltou a importância da obra evangelizadora do Espírito Santo e o seu papel na pregação da Igreja. "Pregação com a unção do Espírito é transmitir vida e profunda convicção, evitando o uso de meras palavras persuasivas de sabedoria”, afirmou o Pontífice.

 

Thulio Fonseca – Vatican News

Na Audiência Geral desta quarta-feira, 4 de dezembro, o Papa Francisco continuou sua série de catequeses sobre o Espírito Santo e a Igreja, enfocando a obra evangelizadora do Espírito Santo, ou seja, o seu papel na pregação da Igreja. Inspirado na Primeira Carta de São Pedro, o Santo Padre destacou que os apóstolos são definidos como "aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo" (1Pd 1,12). A partir dessa definição, o Pontífice explicou os dois pilares da pregação cristã: seu conteúdo, que é o Evangelho, e o seu meio, que é o Espírito Santo.

Francisco recordou que, no Novo Testamento, a palavra “Evangelho” possui dois significados principais. Primeiramente, refere-se à boa nova anunciada por Jesus durante sua vida terrena, conforme descrito nos quatro Evangelhos canônicos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Após a Páscoa, o termo assume uma nova conotação: a boa nova é a mensagem central sobre Jesus Cristo, especialmente o mistério pascal de sua morte e ressurreição.

Ao citar a carta de São Paulo aos Romanos, o Papa sublinhou que o Evangelho é “uma força vinda de Deus para a salvação de todo o que crê” (Rm 1,16). Contudo, alertou que a pregação não deve colocar a lei acima da graça, nem as obras acima da fé. “Devemos sempre começar pelo anúncio do que Cristo fez por nós”, explicou o Santo Padre, reiterando a importância do querigma, o primeiro anúncio que é essencial em toda renovação eclesial, conforme ensinado em sua exortação Evangelii gaudium:

"Não se deve pensar que, na catequese, o querigma é deixado de lado em favor de uma formação supostamente mais 'sólida'. Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio.”

 

O Espírito Santo como meio indispensável

O Papa enfatizou também que a eficácia da pregação não se limita a palavras ou doutrinas, mas depende do Espírito Santo, e relembrou que Jesus, no início de seu ministério, proclamou: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres” (Lc 4,18). Pregação com a unção do Espírito, explicou Francisco, é transmitir vida e profunda convicção, evitando o uso de meras “palavras persuasivas de sabedoria”. Para os que se perguntam como colocar isso em prática, o Pontífice ofereceu duas orientações fundamentais. Primeiro, a oração:

"O Espírito Santo chega a quem reza, porque o Pai celeste – está escrito – 'dará o Seu Espírito aos que lhe pedirem' (Lc 11,13), sobretudo se o pedirem para anunciar o Evangelho do seu Filho! Ai de quem pregar sem rezar! Torna-se naquilo que o Apóstolo define como 'um bronze que ressoa ou um címbalo que retine' (cf. 1Cor 13,1). Portanto, a primeira coisa que depende de nós é rezar."

 

Não pregar a si mesmo

A segunda orientação do Santo Padre é a humildade de não pregar a si mesmo, mas a Cristo. E neste sentido, o Papa exortou, de maneira específica, os pregadores:

"Muitas vezes há essas pregações longas, de 20 minutos, 30 minutos... Mas, por favor, os pregadores devem pregar uma ideia, um sentimento e um convite a agir. Mais de 8 minutos e a pregação se perde, não se entende. (...) Por favor, a pregação deve ser uma ideia, um sentimento e uma proposta de ação. E não deve passar de 10 minutos. Nunca! Isso é muito importante."

 

Colaborar com as iniciativas comunitárias

Ao concluir a catequese, o Santo Padre sublinhou que não querer pregar a si mesmo implica também não dar sempre prioridade às iniciativas pastorais promovidas por nós e ligadas ao próprio nome, mas colaborar de boa vontade, se solicitado, em iniciativas comunitárias ou que nos são confiadas por obediência, e completou:

"Que o Espírito Santo nos ajude, nos acompanhe e ensine a Igreja a pregar assim o Evangelho aos homens e mulheres deste tempo!" Fonte: https://www.vaticannews.va 

"Se as preocupações sobrecarregam o coração e nos levam a nos fecharmos em nós mesmos, Jesus, ao contrário, nos convida a erguer a cabeça, a confiar em Seu amor que quer nos salvar e que se aproxima de nós em toda situação de nossa existência", foi a exortação do Papa Francisco em sua reflexão antes da oração mariana do Angelus deste I Domingo do Advento.

 

Thulio Fonseca - Vatican News

“O convite de Jesus é este: erguer a cabeça para o alto e manter o coração leve e vigilante.”

Foi o que recordou o Papa Francisco, durante a oração mariana do Angelus deste I Domingo do Advento (01/12), com os fiéis reunidos na Praça São Pedro. Em sua reflexão, o Santo Padre, ao meditar sobre o evangelho proposto pela liturgia neste tempo em que a Igreja convida os fiéis a se prepararem para o Natal, destacou o convite de Jesus para enfrentar as ansiedades da vida com um coração vigilante e livre, confiando no amor divino que nos sustenta.

"O Mestre quer que nossos corações não fiquem pesados pelas angústias ou preocupações", afirmou o Pontífice ao comentar os eventos catastróficos e as tribulações descritas no Evangelho. "Ao contrário, Ele nos convida a erguer a cabeça, confiando em Seu amor e em Sua promessa de salvação, mesmo nos momentos mais difíceis."

 

Superar o medo com confiança em Deus

O Papa ressaltou que, nos tempos de Jesus, muitos interpretavam os acontecimentos dramáticos como sinais do fim do mundo, sendo tomados pelo medo. No entanto, Francisco enfatizou que Cristo oferece uma perspectiva diferente: "Ele nos liberta das falsas convicções e nos ajuda a interpretar os fatos à luz do projeto de Deus, que realiza Sua salvação mesmo nas situações mais dramáticas da história."

Francisco também convidou os fiéis a refletirem sobre suas próprias vidas: "Meu coração está sobrecarregado pelas preocupações e pelo medo do futuro? Ou consigo olhar para as circunstâncias diárias com os olhos de Deus, em oração, com um horizonte mais amplo?"

 

Vigilância e oração

Durante sua alocução, o Pontífice destacou ainda a importância de manter a vigilância espiritual, prevenindo que o coração se torne "pesado" com as preocupações mundanas, pois "todos nós, em muitos momentos da vida, nos perguntamos: como ter um coração 'leve', vigilante e livre que não se deixa esmagar pela tristeza?"

"Pode acontecer, de fato, que as ansiedades, os medos e as preocupações com nossa vida pessoal ou com o que acontece no mundo atualmente pesem sobre nós como pedras e nos lancem no desânimo. Se as preocupações sobrecarregam o coração e nos levam a nos fecharmos em nós mesmos, Jesus, ao contrário, nos convida a erguer a cabeça, a confiar em Seu amor que quer nos salvar e que se aproxima de nós em toda situação de nossa existência, a abrir espaço para Ele e, assim, reencontrar a esperança."

 

Acolher o projeto de Deus

Ao concluir sua reflexão, Francisco expressou seu desejo de que "este tempo do Advento seja uma oportunidade preciosa para levantar o olhar para o Senhor, que alivia o coração e nos sustenta no caminho", e acrescentou:

"Invoquemos a Virgem Maria, que, mesmo nos momentos de prova, esteve pronta para acolher o projeto de Deus." Fonte: https://www.vaticannews.va

Alegria, fruto do Espírito Santo, foi o tema da catequese do Santo Padre na Audiência Geral desta quarta-feira, 27 de novembro. “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”, afirmou Francisco.

 

Thulio Fonseca - Vatican News

Na Audiência Geral desta quarta-feira (27/11), o Papa Francisco, rodeado por adolescente que ele mesmo convidou para estarem ao seu lado na Praça São Pedro, dedicou sua catequese aos frutos do Espírito Santo, com especial ênfase na alegria. Inspirado pela Epístola aos Gálatas, onde São Paulo descreve os frutos do Espírito como “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5,22), o Pontífice destacou que esses frutos nascem de uma colaboração entre a graça divina e a liberdade humana e exprimem sempre "a criatividade da pessoa, na qual ‘a fé opera pela caridade’ (Gl 5,6), por vezes de forma surpreendente e alegre”.

"Nem todos na Igreja podem ser apóstolos, profetas, evangelistas; mas todos nós, sim, devemos ser caridosos, devemos ser pacientes, devemos ser humildes, construtores de paz e não de guerra."

 

A alegria evangélica, uma fonte inesgotável

Francisco relembrou as palavras iniciais de sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium, sublinhando que “a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”. Essa alegria, explicou o Santo Padre, não se desgasta com o tempo e se multiplica quando compartilhada. Diferente de qualquer outra alegria humana, marcada pela transitoriedade, a alegria evangélica pode renovar-se diariamente e tornar-se contagiosa:

“Somente graças a este encontro – ou reencontro – com o amor de Deus, que se converte em amizade feliz, é que somos resgatados da nossa consciência isolada e da autorreferencialidade."

 

Com Jesus, há sempre alegria e paz

Ao recordar que, na vida, haverá momentos tristes, o Papa sublinhou que sempre haverá paz, pois com Jesus há alegria e paz:

"Tudo passa rápido. Pensemos juntos: a juventude, a mocidade – passa rápido –, a saúde, as forças, o bem-estar, as amizades, os amores... Duram cem anos, mas depois... não mais que isso. Passa rápido. Aliás, mesmo que essas coisas não passassem tão rápido, depois de um tempo já não bastam ou até se tornam tediosas, porque, como dizia Santo Agostinho dirigindo-se a Deus: 'Tu nos fizeste para Ti, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousa em Ti'. Existe essa inquietação do coração na busca pela beleza, pela paz, pelo amor, pela alegria."

 

O exemplo de São Filipe Neri

O Papa destacou que a palavra “Evangelho” significa boa nova e, por isso, não pode ser comunicada com “rostos sombrios e caras fechadas”. Ao recordar a exortação de São Paulo aos Filipenses: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (Fp 4,4), o Pontífice enfatizou a importância da alegria na evangelização e citou São Filipe Neri, conhecido como o “santo da alegria”:

"São Filipe Neri tinha tanto amor por Deus que, por vezes, parecia que o seu coração ia explodir no peito. A sua alegria era, no sentido mais pleno, um fruto do Espírito. O santo participou do Jubileu de 1575, que ele enriqueceu com a prática, mantida mais tarde, de visitar as Sete Igrejas. Foi, no seu tempo, um verdadeiro evangelizador pela alegria. E ele tinha isso justamente de Jesus, que sempre perdoava, perdoava tudo. Talvez alguém de nós possa pensar: 'Mas eu cometi este pecado, e este não terá perdão…'. Escutem bem isto: Deus perdoa tudo, Deus perdoa sempre. E essa é a alegria: ser perdoado por Deus. E aos padres e confessores eu sempre digo: 'Perdoem tudo, não perguntem demais; mas perdoem tudo, tudo e sempre'."

 

A força da evangelização

Ao concluir a catequese, o Papa incentivou os fiéis a refletirem sobre como compartilham a alegria do Evangelho em sua vida diária. “A alegria de quem encontrou o tesouro escondido e a pérola preciosa é a verdadeira força da evangelização”, afirmou o Pontífice, convidando todos a viver e comunicar o Evangelho com um coração transbordante de alegria.

"Caros irmãos e irmãs, sejam alegres com a alegria de Jesus em nosso coração." Fonte: https://www.vaticannews.va 

Jesus é o meu Rei ou tenho outros "reis"? Foi a pergunta que Francisco fez aos fiéis reunidos na Praça São Pedro para o Angelus na Solenidade de Cristo Rei do Universo.

 

Vatican News

Já com a árvore de Natal na Praça São Pedro, o Papa rezou com os fiéis o Angelus dominical na Solenidade de Cristo Rei, que encerra o ano litúrgico. Em sua alocução, Francisco comentou o trecho do Evangelho narrado em João (18,33-37), que apresenta Jesus diante de Pôncio Pilatos. Entre os dois, tem início um breve diálogo e o Pontífice se deteve em duas palavras que, entre as perguntas e respostas, adquirem um novo significado: “rei” e “mundo”.

Num primeiro momento, Pilatos pergunta a Jesus: “És tu o rei dos judeus?”. Raciocinando como funcionário do império, quer perceber se o homem que tem diante de si constitui uma ameaça, e um rei para ele é a autoridade que governa todos os seus súbditos. Em resposta, Jesus afirma que é rei, sim, mas de uma forma muito diferente! Jesus é rei porque é testemunha: é Aquele que diz a verdade. O poder real de Jesus, Verbo encarnado, reside na sua palavra verdadeira e eficaz, que transforma o mundo.

Mundo: eis o segundo momento. O “mundo” de Pôncio Pilatos é aquele onde o forte triunfa sobre o fraco, o rico sobre o pobre, o violento sobre o manso. "Um mundo que, infelizmente, conhecemos bem", constatou Francisco. Jesus é Rei, mas o seu reino não é deste mundo. De fato, o mundo de Jesus é o mundo novo, o mundo eterno, que Deus prepara para todos, dando a sua vida para a nossa salvação. É o reino dos céus, que Cristo traz à terra, derramando graça e verdade.

 

“O mundo do qual Jesus é Rei redime a criação arruinada pelo mal com a força do amor divino, que liberta e perdoa, que doa paz e justiça.”

 

“Mas é verdade isto, padre?”. Sim, como é a sua alma? Há algo de pesado ali dentro? Alguma culpa antiga? Jesus perdoa sempre. Jesus não se cansa de perdoar. Este é o Reino de Jesus. Se há algo ruim dentro de você, peça perdão. E Ele perdoa sempre.

 

O diálogo entre eles, prosseguiu o Papa, não se transforma em entendimento, Pilatos não se abre à verdade, apesar de estar perante ela. Manda crucificar Jesus e ordena que se escreva na cruz: “O Rei dos Judeus”, mas sem compreender o significado dessas palavras. No entanto, Cristo veio ao mundo, a este nosso mundo: quem é da verdade, ouve a sua voz. É a voz do Rei do universo, que se fez servo de todos. Francisco então se dirigiu aos fiéis com as seguintes perguntas:

"Posso dizer que Jesus é o meu “rei”? Ou dentro do coração tenho outros 'reis'? Em que sentido? A sua Palavra é o meu guia, a minha certeza? Vejo Nele a face misericordiosa de Deus que sempre perdoa, que está nos esperando para nos dar o perdão? Rezemos juntos a Maria, serva do Senhor, enquanto esperamos com esperança o Reino de Deus." Fonte: https://www.vaticannews.va

O caminho da santidade, recordou o Papa no Angelus desta sexta-feira, 1º de novembro e Dia de Todos os Santos, começa pelo comprometimento em primeira pessoa em "praticar as Bem-aventuranças do Evangelho nos ambientes em que vivo". Tantos os santos venerados nos altares como aqueles da "porta ao lado" são "pessoas 'cheias de Deus', incapazes de permanecer indiferentes às necessidades do próximo; testemunhas de caminhos luminosos, possíveis também para nós".

 

Andressa Collet - Vatican News

Neste 1º de novembro a Igreja celebra o Dia de Todos os Santos, feriado na Itália, mas não no Brasil que o faz no domingo, dia 3 de novembro. Na Praça São Pedro, também ponto de partida para a tradicional Corrida dos Santos na sua décima sexta edição com 4 mil atletas, o Papa refletiu no Angelus sobre o Evangelho do dia (cf. Mt 5,1-12) e as Bem-aventuranças proclamadas por Jesus, que são "a carteira de identidade do cristão e o caminho da santidade", aquele feito por amor, "que Ele mesmo percorreu primeiro ao se tornar homem, e que para nós é tanto um dom de Deus quanto a nossa resposta".

 

O caminho da santidade

É dom de Deus, explicou Francisco, porque, é para Ele "que pedimos que nos faça santos, que torne o nosso coração semelhante ao seu", de modo que em nós, como dizia o Beato Carlo Acutis, "tenha sempre 'menos de mim para dar lugar a Deus'". O que nos leva ao segundo ponto, continuou o Pontífce, a nossa resposta:

 

 O Pai do céu, de fato, nos oferece a sua santidade, mas não a impõe a nós. Ele a semeia em nós, nos faz sentir o gosto e ver a beleza, mas depois espera e respeita o nosso “sim”. Deixa a nós a liberdade de seguir as suas boas inspirações, de nos deixarmos envolver por seus projetos, de fazer nossos os seus sentimentos (cf. Dilexit nos, 179), colocando-nos, como Ele nos ensinou, a serviço dos outros, com uma caridade cada vez mais universal, aberta e dirigida a todos, ao mundo inteiro.

 

Tudo isso vemos na vida dos santos, apronfundou o Papa, ao citar o caminho da santidade feito por "São Maximiliano Kolbe, que em Auschwitz pediu para tomar o lugar de um pai de família condenado à morte; ou em Santa Teresa de Calcutá, que passou sua existência a serviço dos mais pobres entre os pobres; ou no bispo São Óscar Romero, assassinado no altar por ter defendido os direitos dos últimos contra os abusos dos prepotentes". Santos "moldados pelas Bem-aventuranças" que são venerados nos altares, sem esquecer "aqueles que estão 'na porta ao lado', com quem convivemos todos os dias" e são "pessoas 'cheias de Deus', incapazes de permanecer indiferentes às necessidades do próximo; testemunhas de caminhos luminosos, possíveis também para nós".

“Perguntemo-nos então: eu peço a Deus, em oração, o dom de uma vida santa? Deixo-me guiar pelos bons impulsos que o seu Espírito desperta em mim? E me comprometo em primeira pessoa a praticar as Bem-aventuranças do Evangelho nos ambientes em que vivo?” Fonte: www.vaticannews.va

 

O próprio Pontífice havia anunciado o gesto na Bula de Proclamação “Spes non confundit” do Jubileu Ordinário de 2025. O arcebispo Fisichella confirmou a data e o local nesta segunda-feira (28/10), durante a coletiva de imprensa sobre os eventos do Ano Santo, informando sobre um acordo com o ministro da Justiça da Itália para tornar efetivas as formas de reinserção para vários detentos através de atividades sociais.

 

Salvatore Cernuzio - Vatican News

Esta será a sua décima quinta visita a uma prisão, desta vez para um dos momentos mais significativos de todo o pontificado e da história dos próprios Jubileus: em 26 de dezembro, festa de Santo Estêvão, o Papa Francisco vai abrir a Porta Santa na Penitenciária de Rebibbia, em Roma. Nesse local, já visitado há nove anos para uma Quinta-feira Santa, o Papa quer ir como um “peregrino de esperança” e, idealmente, colocar-se ao lado dos detentos de todas as prisões do mundo.

 

O anúncio na Bula “Spes non confundit

O gesto, um sinal tangível de esperança que o Jubileu traz consigo, foi anunciado pelo próprio Francisco na Bula de Proclamação do Ano Santo “Spes non confundit”. No ponto 10, o Papa, pedindo condições dignas para todos aqueles que são “privados de liberdade” e que “experimentam todos os dias, além da dureza da reclusão, o vazio afetivo, as restrições impostas e, em não poucos casos, a falta de respeito”, escreveu:

“Para oferecer aos presos um sinal concreto de proximidade, eu mesmo desejo abrir uma Porta Santa numa prisão, para que seja para eles um símbolo que os convida a olhar o futuro com esperança e renovado compromisso de vida.”

A data e o local foram anunciados na manhã desta segunda-feira (28/10) por dom Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, durante a conferência na Sala de Imprensa do Vaticano sobre os eventos do Jubileu.

 

A Porta Santa em Bangui e as visitas à Rebibbia

Essa visita à Penitenciária de Rebibbia também é uma novidade em comparação com a tradição secular dos Jubileus, que sempre viu o Papa abrir apenas a Porta Santa da Basílica de São Pedro e as quatro basílicas papais. O anterior havia sido em 2015, quando Francisco decidiu lançar o Jubileu Extraordinário da Misericórdia abrindo a Porta Santa da Catedral de Bangui, como parte de sua viagem à República Centro-Africana, à qual ele queria chegar a todo custo, apesar dos avisos e preocupações sobre a violência que ocorria nas ruas da capital.

Agora Rebibbia, uma prisão que Jorge Mario Bergoglio já havia visitado em 2015, indo ao “Novo Complexo” para lavar os pés de 12 detentos de diferentes nacionalidades. Em seguida, ele retornou em 28 de março deste ano, indo celebrar a missa em Coena Domini na prisão feminina de Rebibbia, lavando os pés de 12 mulheres. No total, o Papa visitou 15 penitenciárias nos anos do seu pontificado: a maioria na Itália, algumas também durante viagens ao exterior, como em Palmasola, na Bolívia, há 9 anos.

 

Acordo com o Ministério da Justiça da Itália

O arcebispo Fisichella enfatizou que o Papa Francisco se preocupa particularmente com a situação daqueles que estão enfrentando a dureza da prisão e pediu sinais tangíveis de esperança. Nesse sentido, disse ele, ‘haverá iniciativas concretas a serem implementadas em cooperação com o governo italiano, formas de anistia e caminhos de reintegração no trabalho para ajudar os prisioneiros a recuperar sua autoconfiança’. De fato, em 11 de setembro, foi assinado um acordo com o ministro da Justiça, Carlo Nordio, e o comissário do governo, Roberto Gualtieri, para tornar efetivas, durante o Ano do Jubileu, formas de reintegração para vários prisioneiros por meio de emprego em atividades de trabalho social. Fonte:  www.vaticannews.va

 

Francisco concluiu a Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos no Vaticano com uma missa na Basílica de São Pedro. O Pontífice convocou a Igreja a se levantar, escutar e caminhar ao lado dos mais vulneráveis, inspirada pelo Evangelho e movida pelo serviço e pela missão: "Deixemos de lado o manto da resignação, confiemos ao Senhor a nossa cegueira, coloquemo-nos de pé e levemos a alegria do Evangelho pelos caminhos do mundo."

 

Thulio Fonseca - Vatican News

Neste domingo, 27 de outubro, a Basílica de São Pedro acolheu cerca de 5 mil fiéis para a missa conclusiva da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, presidida pelo Papa Francisco. O Pontífice dirigiu-se a cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos, convocando-os a refletir sobre a postura da Igreja diante dos desafios atuais, através do exemplo de Bartimeu, o cego que, mesmo marginalizado, encontrou forças para gritar a Jesus e seguir pelo caminho.

A partir da passagem do Evangelho deste trigésimo domingo do tempo comum (Mc 10, 46-52), que narra a cura de Bartimeu, o Papa ressaltou a importância de uma Igreja em movimento, atenta às necessidades e clamores da humanidade: "Uma Igreja sentada é uma Igreja estagnada, incapaz de enxergar o Senhor em seu meio e de responder aos apelos do mundo". Francisco usou a imagem do cego "à margem da estrada" para ilustrar a necessidade de uma comunidade que não se limite a observar de longe, mas que, impulsionada pelo chamado de Cristo, se levante e siga adiante.

 

 

Escutar e responder ao grito do mundo

O Papa, ao proferir a homilia, destacou que, ao longo da Assembleia Sinodal, a Igreja foi chamada a abrir-se ao grito dos marginalizados, daqueles que buscam acolhimento, e daqueles que, silenciosamente, sofrem. A exemplo de Bartimeu, Francisco enfatizou que a Igreja não pode ignorar o sofrimento e as necessidades de tantos irmãos e irmãs. Recordemos isto, enfatizou o Santo Padre, "o Senhor passa, o Senhor passa sempre e cuida da nossa cegueira. E é bonito que o Sínodo nos impulsione a ser Igreja como Bartimeu: a comunidade dos discípulos que, ouvindo passar o Senhor, sente a emoção da salvação, deixa-se despertar pela força do Evangelho e começa a gritar-Lhe. E fá-lo acolhendo o grito de todos os homens e mulheres da terra: o grito dos que querem descobrir a alegria do Evangelho e dos que, pelo contrário, se afastaram; o grito silencioso dos indiferentes; o grito dos que sofrem, dos pobres e dos marginalizados; a voz quebrada dos que já nem sequer têm força para gritar a Deus, porque não têm voz ou porque se resignaram".

“Não precisamos de uma Igreja sentada e desistente, mas de uma Igreja que acolhe o grito do mundo e suja as mãos para servir o Senhor.”

 

Uma Igreja missionária e sinodal

Ao lembrar a interação entre Bartimeu e Jesus, Francisco explicou que, assim como o cego clamou por ajuda e foi atendido, também a Igreja deve escutar ativamente os clamores de hoje, fazendo-se próxima dos que necessitam de amparo espiritual, material e humano. A postura sinodal da Igreja, recordou o Papa, também pode ser simbolizada pelo seguimento de Bartimeu no caminho de Jesus: "uma comunidade em constante movimento, iluminada pelo Espírito Santo e impulsionada pela missão de levar a luz do Evangelho ao mundo". Não caminhemos sozinhos ou segundo os critérios do mundo, mas juntos, como discípulos do Senhor, reforçou o Santo Padre:

"Irmãos e irmãs: não uma Igreja sentada, mas uma Igreja em pé. Não uma Igreja muda, mas uma Igreja que acolhe o grito da humanidade. Não uma Igreja cega, mas uma Igreja iluminada por Cristo, que leva aos outros a luz do Evangelho. Não uma Igreja estática, mas uma Igreja missionária, que caminha com o Senhor pelas estradas do mundo."

 

Amor, unidade e misericórdia

O Pontífice, ao voltar seu olhar para a relíquia da "Cátedra de São Pedro", restaurada e exposta para a veneração dos fiéis, recordou o verdadeiro significado do poder e da liderança na Igreja. Para Francisco, esta imagem da Cátedra expressa a essência do serviço e da unidade, valores essenciais para a Igreja sinodal:

"Enquanto damos graças ao Senhor pelo caminho percorrido em conjunto, poderemos ver e venerar a relíquia da antiga Cátedra de São Pedro, cuidadosamente restaurada. Recordemos que esta é a Cátedra do amor, da unidade e da misericórdia, segundo o preceito que Jesus deu ao Apóstolo Pedro de não exercer domínio sobre os outros, mas de os servir na caridade. E admirando o majestoso baldaquino de Bernini, mais resplandecente do que nunca, redescobrimos que ele enquadra o verdadeiro ponto focal de toda a Basílica, isto é, a glória do Espírito Santo. Esta é a Igreja sinodal: uma comunidade cujo primado está no dom do Espírito, que nos torna irmãos em Cristo e nos eleva até Ele."

 

"Coragem, levanta-te, Ele te chama"

Ao encerrar a homilia, o Papa exortou os presentes a deixarem para trás qualquer manto de resignação ou paralisia que possa ter invadido a Igreja, e incentivou a comunidade a confiar a própria “cegueira” a Deus e, como Bartimeu, levantar-se e seguir o Senhor. "Coragem, levanta-te, Ele te chama. Coloquemo-nos de pé e levemos a alegria do Evangelho pelos caminhos do mundo" concluiu Francisco. Fonte: https://www.vaticannews.va

Os frades menores conventuais há 250 anos ouvindo confissões na Basílica Vaticana - entre eles, o brasileiro Frei Fernando Maria - foram recebidos por Francisco em audiência nesta quinta-feira (24/10). O Papa aprofundou os aspectos da "humildade, escuta e misericórdia" para ser um bom confessor e exortou: "por favor, não ser psiquiatra, quanto menos falar, melhor:  console e perdoe. Você está ali para perdoar".

 

O brasileiro Frei Fernando Maria (no canto à direita) na foto em grupo com o Papa e os confessores da Basílica de São Pedro

 

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Francisco recebeu os penitencieiros do Vaticano na manhã desta quinta-feira (24/10) exortando, antes de tudo, para que não procurem ser "psiquiatras", mas confessores misericordiosos que "ouvem, consolam e perdoam": "perdoar sempre, tudo e sem questionar muitas coisas", insistiu ele. Em discurso, o Pontífice também agradeceu pelo "serviço, assiduidade, paciência e fidelidade" realizado na Basílica de São Pedro que todos os dias recebe um fluxo de 40 mil pessoas, "a maioria por turismo" atraídas pela beleza e história do lugar, mas também em busca de Deus e para confiar as suas intenções ao Senhor, que chegam de longe, enfrentam viagens, despesas e longas filas. A presença dos confessores nesse contexto "é importante", acrescentou Francisco.

 

Os 250 anos de presença no Vaticano

Uma presença que é centenária. Ao saudar o reitor do Colégio dos Penitencieiros Menores Vaticanos Ordinários, Pe. Vincenzo Cosatti, o Papa também cumprimentou todos os confessores, entre eles, o brasileiro Frei Fernando Maria, por ocasião do aniversário de 250 anos da presença dos Frades Menores Conventuais a serviço do Sacramento da Reconciliação na Basílica Vaticana (1774-2024). Uma missão, junto a milhares de fiéis e peregrinos, que permite "encontrar o Senhor da misericórdia"; um ministério para ser exercido através da "humildade, escuta e misericórdia", aprofundou o Pontífice em discurso.

Ao abordar o primeiro aspecto, o da humildade, Francisco recordou que "o tesouro da graça" pertence a Deus e, por isso, para ser um bom confessor, "sejamos 'os primeiros penitentes em busca de perdão'". Ao aprofundar a escuta, o Papa falou da importância de não apenas ouvir o que as pessoas falam, mas acolher as suas palavras "como dom de Deus para a própria conversão":

 

“Ouvir, não questionar muito. Não ser psiquiatra, por favor: ouvir, ouvir sempre, com mansidão. E quando você vê que há um penitente que começa a ter um pouco de dificuldade, porque tem vergonha: “entendi”, não entendi nada, mas entendi; Deus entendeu e isso é importante. Um grande cardeal penitencieiro me ensinou isso: eu entendi, o Senhor entendeu. Mas, por favor, não ser psiquiatra, quanto menos falar, melhor: ouça, console e perdoe. Você está ali para perdoar!”

 

Perdoar sempre e tudo!

E, finalmente, o terceiro aspecto, o da misericórida, disse o Papa, ao acrescentar que o confessor, além de ser misericordioso, deve estar próximo e ter compaixão - sem ser um psiquiatra - insistiu o Pontífice, ao sair do texto escrito e contar sobre sua experiência com um confessor em Buenos Aires. Ele tem 96 anos e continua exercendo o ministério: "eu ia até ele. Ele perdoa tudo! [risos]. Certa vez, ele veio me dizer que tinha medo de perdoar demais. 'E o que o senhor faz?', eu disse a ele. 'Eu vou diante do Senhor: Senhor, me perdoa? Desculpe, perdoei demais! Mas tenha cuidado, foi o Senhor quem me deu um mau exemplo!'.

“Perdoar sempre, tudo e sem questionar muitas coisas. E se eu não entender? Deus entende, você segue em frente! Que eles sintam misericórdia.”

Ao finalizar o discurso, o Papa contou aos penitencieiros do Vaticano que o seu confessor faleceu há alguns meses, por isso: "eu vou me confessar com vocês, em São Pedro. Façam bem!", brincou o Pontífice. Após novamente agradecer pelo serviço "no coração da Igreja", exortou todos a continuarem o ministério assim: "com humildade, eu sou pior que você; com a escuta, e não tanto com perguntas; e com misericórdia. E por favor, não esqueçam de rezar por mim e toda vez que for até vocês me perdoem, claro....". Fonte: https://www.vaticannews.va

Um ano após o massacre de 7 de outubro que desencadeou a escalada da guerra no Oriente Médio.

 

Andrea Tornielli

Há um ano, o ataque terrorista desumano de Hamas contra cidadãos israelenses majoritariamente civis - crianças, adolescentes, idosos, famílias inteiras - conduziu a mais um passo em direção ao abismo da Terceira Guerra Mundial. O mundo, já marcado pela agressão da Rússia contra a Ucrânia e por muitas outras guerras esquecidas, viu o conflito israelense-palestino reabrir-se de forma dramática. O balanço daquele dia de massacres que custou a vida a mais de mil pessoas é trágico, acompanhado pela história comovente e ainda não concluída dos reféns, muitos dos quais foram mortos nos últimos meses. O balanço da resposta israelense é trágico, o que levou ao arrasamento de Gaza, causando quase 42 mil vítimas, incluindo milhares de crianças. Milhares de pessoas perderam suas casas e vivem como deslocadas em condições precárias, à espera de uma trégua, temendo a próxima bomba ou o drone assassino com os seus "efeitos colaterais", ou seja, mortes de civis inocentes.

As execuções seletivas envolvendo bombardeios, os mísseis disparados contra Israel pelas milícias libanesas de Hezbollah e depois pelo Irã, a invasão do Líbano pelo Exército israelense... Uma escalada que neste momento parece não ter fim.

Os governos são incapazes de pôr fim à carnificina no Oriente Médio, bem como à guerra sangrenta que destrói a Ucrânia. Enquanto se gastam enormes somas na corrida aos armamentos, a diplomacia é a grande ausente da cena internacional. A política é silenciosa, “negociação” e “acordos” tornaram-se palavras impronunciáveis. Ninguém parece capaz de deter esta espiral de violência sem precedentes.

Neste primeiro aniversário do massacre que teve início em 7 de outubro de 2023, dia em que a Igreja celebra Nossa Senhora do Rosário, o Papa Francisco nos convida a um dia especial de oração e jejum pela paz. O Bispo de Roma, nos últimos meses, continuou gritando, sem ser ouvido, pedindo um cessar-fogo e caminhos de paz. Hoje, este grito torna-se ainda mais coral e dirige-se ao Céu, na esperança de que o Senhor da história abra os corações dos líderes das nações e sejam alcançadas “negociações honestas” e “compromissos honrosos” para pôr fim à loucura da guerra. Porque mesmo a paz mais imperfeita e precária é preferível ao horror da guerra, mesmo aquela considerada mais “justa”. Fonte: https://www.vaticannews.va

 

Francisco, após o Angelus, recordou com tristeza o assassinato de Juan Antonio López, “delegado da Palavra de Deus, coordenador da pastoral social na Diocese de Trujillo e membro fundador da pastoral da ecologia integral”. O crime ocorreu em 14 de setembro, quando o pai de duas filhas, de 46 anos, estava saindo da Missa. O Papa está próximo de “todos aqueles que veem seus direitos elementares serem pisoteados” e daqueles que trabalham “pelo bem comum em resposta ao clamor dos pobres e da terra"

 

Alessandro Di Bussolo – Vatican News

Com pesar, tomei conhecimento de que Juan Antonio López, delegado da Palavra de Deus, coordenador da pastoral social na Diocese de Trujillo e membro fundador da pastoral da ecologia integral em Honduras, foi assassinado. Junto-me ao luto dessa Igreja e à condenação de todas as formas de violência. Estou próximo àqueles que veem seus direitos elementares serem pisoteados e àqueles que trabalham pelo bem comum em resposta ao clamor dos pobres e da terra.

Após a oração do Angelus, o Papa Francisco, da janela de seu escritório no Palácio Apostólico, expressou assim seu pesar pela morte de Juan Antonio López, agente pastoral e defensor dos direitos humanos e do meio ambiente, que foi morto a tiros em seu carro por um assassino em uma moto no sábado, 14 de setembro, em Tocoa, Honduras, logo após participar da Missa. Ele tinha 46 anos e deixa sua esposa e duas filhas. Nos últimos tempos, López vinha lutando contra a extração a céu aberto de óxido de ferro em uma mina no Parque Nacional “Montaña Botaderos Carlos Escaleras”, que estava causando a poluição de dois rios da região, com sérios riscos para o abastecimento de água da população.

 

Suas batalhas em defesa do meio ambiente e do bem comum

Como membro do Comitê Municipal para a Defesa de Bens Públicos e Comuns em Tocoa, ele frequentemente entrava em conflito com interesses empresariais e políticos locais e nacionais, sedentos por buscar o “desenvolvimento” no departamento de Colón. López, que havia estudado com os jesuítas, também era membro da Rede Eclesial Ecológica Mesoamericana (Remam) e do Conselho Apostólico Nacional da Companhia de Jesus em Honduras.

 

O bispo de Trujillo: seu compromisso vinha da fé em Cristo

O bispo de Trujillo, dom Jenry Orlando Ruiz, de quem López era um colaborador próximo, escreveu em uma mensagem: “Você me disse que não era um ambientalista, porque para você o compromisso social, ecológico e político não era uma questão ideológica, mas uma questão de ser de Cristo e da Igreja”. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) recomendou que fossem implementados mecanismos de proteção adequados para ele, o que não aconteceu.

 

Prelados de Honduras: autoridades garantam justiça a todos

A Conferência Episcopal de Honduras (CEH), em uma mensagem ao povo hondurenho sobre a morte de López, descreve-o como “um delegado da Palavra de Deus, coordenador da Pastoral Social da Diocese de Trujillo, membro fundador da Pastoral da Ecologia Integral em nível nacional, defensor da Casa Comum, um homem comprometido com a verdade, honesto e corajoso”. E afirma que esse assassinato “é um duro golpe para sua família, para a Igreja diocesana de Trujillo, em particular, e para nossa Igreja em Honduras, em geral”. Os bispos condenam veementemente “esse assassinato covarde” e pedem “às autoridades que não apenas falem de justiça, mas que também trabalhem com diligência e sinceridade para garanti-la a todos os cidadãos”.

Remam: “sistema de morte” da atual economia tecnocrática

Também interveio, em uma declaração, a Rede Eclesial Ecológica Mesoamericana (Remam), que chama o assassinato de López de “um mecanismo para silenciar as vozes dos líderes comunitários que, como ele, lutam pelo bem comum diante de interesses econômicos e políticos que usam o assassinato como instrumento”. Esse não é um episódio isolado, de acordo com Remam, já que “o atual modelo econômico tecnocrático” está se tornando cada vez mais, essencialmente, um “sistema de morte”, como confirmado pelas mortes de Juan Antonio López, Berta Cáceres (ambientalista e líder dos direitos dos povos indígenas assassinada em 2016) e outros.  “Juan não morre, se multiplica“, a promessa da rede eclesial, segundo a qual ‘há séculos de demonstrações da fidelidade do Deus da Vida, que sempre cumpre sua promessa: ’o sangue dos mártires é semente de cristãos'”. E expressa, ao finalizar, “infinita gratidão pelos ensinamentos que Juan nos deixou”. Fonte: https://www.vaticannews.va 

Quer ser grande? Faça-se pequeno, coloque-se a serviço de todos. Com uma palavra tão simples quanto decisiva, Jesus renova nosso modo de vida. Ele nos ensina que o verdadeiro poder não está no domínio dos mais fortes, mas no cuidado com os mais fracos: disse Francisco no Angelus ao comentar o Evangelho deste XXV Domingo do Tempo Comum

 

Raimundo de Lima – Vatican News

Quantas pessoas sofrem e morrem por causa das lutas pelo poder! Essas são vidas que o mundo rejeita, assim como rejeitou Jesus. Quando Ele foi entregue nas mãos dos homens, não encontrou um abraço, mas uma cruz. No entanto, o Evangelho continua sendo palavra viva e cheia de esperança: Aquele que foi rejeitado, ressuscitou, é o Senhor! Foi o que disse o Papa na alocução que precedeu o Angelus ao meio-dia deste domingo (22/09), XXV Domingo do tempo Comum.

Hoje, disse Francisco, o Evangelho da liturgia (Mc 9,30-37) nos fala de Jesus anunciando o que acontecerá no ápice de sua vida: “O Filho do Homem é entregue às mãos dos homens e eles o matarão, mas depois de três dias ele ressuscitará”. Os discípulos, no entanto - observou o Pontífice -, enquanto seguem o Mestre, têm outra coisa em suas mentes e lábios. Quando Jesus lhes pergunta sobre o que estavam falando, eles não respondem.

 

Quer ser grande? Faça-se pequeno

“Prestemos atenção a esse silêncio: os discípulos silenciam porque estavam discutindo sobre quem era o maior. Que contraste com as palavras do Senhor! Enquanto Jesus lhes confiava o sentido da própria vida, eles falavam de poder. E agora a vergonha fecha suas bocas, como antes o orgulho havia fechado seus corações. No entanto, Jesus responde abertamente às palavras sussurradas ao longo do caminho: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último”. Quer ser grande? Faça-se pequeno, coloque-se a serviço de todos.”

Com uma palavra tão simples quanto decisiva, prosseguiu o Santo Padre, Jesus renova nosso modo de vida. Ele nos ensina que o verdadeiro poder não está no domínio dos mais fortes, mas no cuidado com os mais fracos.

 

Quem acolhe o menor, a mim acolhe

Francisco retomou a passagem desta página do Evangelho em que Jesus chama uma criança, coloca-a no meio dos discípulos e a abraça, dizendo: “Aquele que receber uma destas crianças por causa do meu nome, a mim recebe”. A criança não tem poder: ela tem necessidade. Quando cuidamos do homem, reconhecemos que o homem está sempre necessitado de vida.

“Nós, todos nós, estamos vivos porque fomos acolhidos, mas o poder nos faz esquecer essa verdade. Então nos tornamos dominadores, não servidores, e os primeiros a sofrer são os últimos: os pequenos, os fracos, os pobres.”

 

Fiéis e peregrinos rezam o Angelus com o Papa Francisco (Vatican Media)

Sejamos como Maria, sem vanglória e prontos para servir

Como faz habitualmente, Francisco concluiu propondo-nos – à luz da Palavra do Evangelho - algumas interpelações para nossa reflexão pessoal.

“Sei reconhecer o rosto de Jesus nos pequeninos? Eu cuido do meu próximo, servindo com generosidade? Agradeço àqueles que cuidam de mim? Oremos juntos a Maria, para sermos como ela, livres da vanglória e prontos para servir.”. Fonte: https://www.vaticannews.va

"Não é fácil seguir o Senhor, compreender o seu modo de agir", concordou Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus deste domingo (25/08). O caminho se dá, orientou o Pontífice, estando mais próximos dele, do Evangelho, recebendo a graça nos Sacramentos, rezando e imitando Jesus na humildade e na caridade: assim "experimentamos a beleza de tê-lo como Amigo, e percebemos que só Ele tem 'palavras de vida eterna'".

 

Andressa Collet - Vatican News

Neste domingo (25/08), de tradicional oração mariana do Angelus com o Papa na Praça São Pedro, Francisco refletiu sobre o evangelho do dia (Jo 6,60-69) que se refere à famosa resposta de São Pedro, que diz a Jesus: «a quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68). "É uma linda resposta e expressão" que testemunha a amizade e a confiança que ligam os discípulos a Cristo, comentou o Pontífice na alocucação que precedeu o Angelus.

Pedro, explicou o Papa, pronunciou essa expressão num "momento crítico" e de discurso de Jesus, que muitos não compreenderam e o abandonaram. "Os Doze, porém, não: permaneceram", ponderou Francisco, porque encontraram em Jesus "palavras de vida eterna".

"Não é fácil segui-Lo. No entanto, entre os muitos mestres daquele tempo, Pedro e os outros apóstolos só encontraram nele a resposta à sede de vida, à sede de alegria, à sede de amor que os anima; só graças a Ele experimentaram a plenitude de vida que procuram, além dos limites do pecado e até da morte. Portanto, eles não vão embora: na verdade, todos, exceto um, apesar de muitas quedas e arrependimentos, permanecerão com Ele até o fim (ver João 17:12)."

 

Como seguir o Senhor?

O Papa, então, insiste na explicação da dificuldade de compreender "o que o Mestre diz e faz". As escolhas de Jesus, continua Francisco, "muitas vezes ultrapassam a mentalidade comum":

“Também para nós, de fato, não é fácil seguir o Senhor, compreender o seu modo de agir, fazer nossos os seus critérios e os seus exemplos: para nós não é fácil. Porém, quanto mais estamos próximos dEle - quanto mais aderimos ao seu Evangelho, recebemos a sua graça nos Sacramentos, permanecemos na sua companhia na oração, o imitamos na humildade e na caridade -, mais experimentamos a beleza de tê-lo como Amigo, e percebemos que só Ele tem “palavras de vida eterna”.”

Ao finalizar, o Papa pediu a intercessão de Maria, "que acolheu Jesus, Palavra de Deus, na sua carne", para nos ajudar a ouvir Jesus, começando por questionar como anda a nossa proximidade com Ele:

"Então nos perguntamos: como Jesus está presente na minha vida? Quanto me deixo tocar e provocar com suas palavras? Posso dizer que também são para mim -'palavras de vida eterna? A você, irmão, irmã, eu pergunto: as palavras de Jesus são para você - também para mim - palavras de vida eterna?" Fonte: https://www.vaticannews.va 

"A guerra é uma derrota": Ucrânia, Oriente Médio, Sudão, Mianmar, a grave situação humanitária em Gaza, a libertação dos reféns, as vítimas dos incêndios na Grécia foram os apelos do Papa após rezar o Angelus na Solenidade da Assunção de Maria ao Céu em corpo e alma.

 

Vatican News

Após rezar o Angelus na Solenidade da Assunção, o Papa voltou a falar de paz e a rezar pelas populações extenuadas pelas guerras:

A Maria Rainha da Paz, que hoje contemplamos na glória do Paraíso, gostaria de confiar mais uma vez as ansiedades e as dores das populações que em muitas partes do mundo sofrem devido às tensões sociais e às guerras. Penso em particular na martirizada Ucrânia, no Oriente Médio, na Palestina, Israel, Sudão e Mianmar. Que a nossa Mãe celeste obtenha para todos consolação e um futuro de serenidade e harmonia!

 

A guerra é uma derrota

Nesta quinta-feira foram retomadas no Catar as negociações por um cessar-fogo na Faixa de Gaza, o que também poderá impedir o Irã de atacar Israel. Ao demonstrar preocupação pela grave situação em Gaza, o Santo Padre também voltou a pediu a libertação dos reféns nas mãos do Hamas:

Continuo acompanhando com preocupação a gravíssima situação humanitária em Gaza e peço mais uma vez que cessem os combates em todas as frentes, que os reféns sejam libertados e que a população extenuada seja socorrida. Encorajo todos a fazerem todos os esforços para que o conflito não se expanda e a percorrerem o caminho da negociação para que esta tragédia termine rapidamente! Não esqueçamos: a guerra é uma derrota.

 

Incêndios na Grécia

O  Papa também dirigiu seu pensamento às vítimas dos incêndios que atingem a Grécia:

Meu pensamento dirige-se agora para a Grécia, que nestes últimos dias está combatendo gravíssimo incêndio, que se alastrou no nordeste de Atenas. Dezenas de milhares de pessoas já foram evacuadas, muitas famílias ficaram sem casa, milhares de pessoas têm de enfrentar dificuldades terríveis e, além dos imensos danos materiais, está se criando uma catástrofe ambiental. Rezo pelas vítimas e pelos feridos, asseguro a minha proximidade a quantos são atingidos por este grave acontecimento, confiando que poderão ser apoiados pela solidariedade comum.

Ao final, ao desejar a todos uma boa festa de Nossa Senhora da Assunção, o Papa pediu para não esquecerem de rezar por ele, "bom almoço e até logo".  Fonte: https://www.vaticannews.va

Vários países exigem divulgação de atas de votação; protestos após anúncio do resultado oficial deixaram pelo menos 11 mortos, segundo organizações de defesa dos direitos humanos

 

Por AFP — Vaticano

O papa Francisco pediu neste domingo a "verdade" após a reeleição do presidente Nicolás Maduro na Venezuela — contestada pela oposição — e pediu às partes que evitem a violência. Após as eleições de 28 de julho, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela atribuiu um terceiro mandato a Maduro, um resultado rejeitado pela oposição e seu candidato Edmundo González Urrutia, que denuncia fraude e exige a divulgação das atas de votação.

 

"Faço um apelo sincero a todas as partes para que busquem a verdade, atuem com moderação, evitem qualquer tipo de violência, resolvam as controvérsias por meio do diálogo e tenham no coração o verdadeiro bem da população e não os interesses partidários", disse o pontífice, de 87 anos, para a multidão reunida na Praça de São Pedro, no Vaticano, após a oração dominical do Angelus. Fonte: https://oglobo.globo.com

O Papa prossegue com o ciclo de encontros com o clero de sua diocese: após dialogar com os sacerdotes com mais de 40 anos de ministério, nesta quarta-feira (29/02), na periferia de Roma, o Pontífice se reuniu com sacerdotes com até 10 anos de ordenação. A conversa reservada com os padres abordou temas como proximidade com o povo, serviço aos doentes e idosos, e as belezas e fraquezas da Diocese de Roma “a serem respondidas não com fofocas, mas diálogo”.

 

Salvatore Cernuzio - Roma

Na tarde desta quarta-feira, 29 de maio, o Papa Francisco se dirigiu até a periférica região portuense da capital italiana para encontrar 90 sacerdotes da Diocese de Roma com até dez anos de ordenação. Um segundo encontro, após o do dia 14 de maio, com os padres com mais de 40 anos de sacerdócio. O próximo compromisso do Pontífice, já anunciado pelo Vicariato de Roma, será no dia 11 de junho com a faixa "média" do clero romano.

 

Recepção da comunidade de religiosas

Francisco foi recebido pelas Irmãs Discípulas do Divino Mestre, e ao saudá-las, começou imediatamente a dialogar com as cinco religiosas, italianas e estrangeiras, que o acolheram junto com o vice-gerente da Diocese de Roma, dom Baldo Reina. Em seguida, todas as irmãs, as mais idosas na primeira fila, e as colaboradoras da estrutura, cumprimentaram o Papa e o presentearam com uma casula costurada por elas: “Dou a vocês minha bênção. Não se cansem de fazer o bem!”, disse o Santo Padre ao se despedir das religiosas.

 

O diálogo com os sacerdotes 

Na Igreja dedicada a Jesus Divino Mestre, o Pontífice foi recebido pelos jovens padres com um forte aplauso, alguns – explicou o bispo Michele Di Tolve, delegado para o cuidado do diaconato, do clero e da vida religiosa – recém-ordenados em 2024. Francisco abriu o encontro com uma oração e a leitura do Evangelho do dia, depois “visto que nos convocou no dia da memória de São Paulo VI”, disse Di Tolve, o Papa rezou junto aos sacerdotes uma oração dedicada ao santo do dia.

 

Proximidade, crise, serviço, pastoral

Posteriormente, houve perguntas e respostas a portas fechadas - como em ocasiões anteriores - sobre temas principalmente pastorais. Entre eles, informa a Sala de Imprensa do Vaticano, “a experiência dos primeiros anos de sacerdócio, a feliz descoberta da fé do povo, mas também o desafio do contato e do serviço aos doentes, aos quais se deve responder com proximidade, compaixão, ternura e, por fim, as crises que se encontram na vida sacerdotal”.

 

Menos fofoca, mais diálogo

“De uma crise, não se sai sozinho”, disse o Papa. Com os sacerdotes, referiu-se também à Diocese de Roma, “ao seu desenvolvimento, à sua beleza, a algumas fraquezas, às quais devemos responder não com a fofoca, mas com o diálogo", e deteve-se ainda sobre o caminho sinodal em andamento, sobre o risco de reduzi-lo a um slogan em vez de vivê-lo como um modo de ser Igreja. Nesse sentido, o Papa citou novamente Paulo VI e a exortação apostólica Evangelii nuntiandi, que ainda é relevante hoje: “Uma joia que sustenta nosso trabalho pastoral".

A solidão na grande cidade, a proximidade, a paternidade, as relações difíceis, mais uma vez, foram os temas do diálogo com Francisco que, novamente, reiterou “a importância de estar perto dos idosos, como um ‘teste de proximidade’, perguntando a si mesmo: Quando estou com eles, eu os escuto?". Ao saudar os jovens sacerdotes, o Papa os convidou para a próxima celebração de Corpus Christi, programada para o domingo, 2 de junho, e agradeceu-lhes pela oração e pela franqueza do diálogo.

 

Di Tolve: “No centro, as crises da guerra, o pós-pandemia e as problemáticas da juventude"

“Foi um encontro muito desejado pelo Santo Padre”, explicou dom Di Tolve à margem da reunião. Os sacerdotes “perguntaram ao Papa o que significa atravessar a crise das pessoas e a crise em que eles se encontram, porque há situações difíceis” em uma época difícil, marcada pela “guerra”, pelas consequências da pandemia, pelos “jovens que estão presos a mentalidades que os desorientam”, ou até mesmo pela situação em que se encontram algumas casas em Roma onde, diz Di Tolve, “há idosos que estão no 5º, 6º ou 7º andar sem elevador e que não têm condições de se locomover”.

 

As quatro “proximidades"

Para o prelado, a tarde de hoje foi um bom incentivo para os padres que começaram recentemente seu ministério. De acordo com Di Tolve: “Não são apenas suficientes os anos de formação no seminário para serem treinados, se torna padre exercendo de fato o ministério”. E assim, "as perguntas de nossos sacerdotes eram precisamente a referência ao fato de se tornarem pastores no meio do povo de Deus, com as várias atribuições, com a disposição pessoal, do tempo para viver a relação com Deus, com os outros, com as necessidades do povo”. Em meio a conselhos, perguntas e sugestões, o Papa recomendou, em particular, as “quatro proximidades” a serem vividas sempre: “proximidade com Deus, proximidade com o bispo, proximidade uns com os outros em fraternidade e proximidade com o povo de Deus”.

 

Orações por Mianmar

Ao final, todos os padres cumprimentaram o Papa. Cada um compartilhou algumas palavras, um presente, uma piada com o Pontífice. A um sacerdote de Mianmar, país também mencionado na audiência geral, o Papa garantiu sua proximidade: “Eu sempre rezo por Mianmar e lhes envio uma bênção especial”. Por fim, Francisco também gravou uma mensagem de vídeo via smartphone para uma paróquia: “Sejam alegres... e rezem por mim!”.

 

Os encontros com o clero de Roma

Este foi o segundo encontro do Papa com o clero de sua diocese, dividido por tempo de ordenação. De setembro de 2023 até o início de maio, Francisco visitou diversos bairros de Roma para encontrar párocos e ouvir deles os desafios, dificuldades, mas também riquezas, gratificações e boas obras em uma Diocese que, como o Pontífice disse tantas vezes, também se tornou “território de missão” - algo que o próprio Papa repetiu em várias ocasiões - “sempre faz muito bem” a um bispo. Fonte: https://www.vaticannews.va

 

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, informa que Francisco “está a par” dos artigos sobre a conversa, a portas fechadas, com os bispos da CEI e afirma: “nunca pretendeu ofender ou expressar-se em termos homofóbicos, e se desculpa com quem se sentiu ofendido”.

 

Vatican News

“O Papa nunca pretendeu ofender ou expressar-se em termos homofóbicos, e se desculpa com quem se sentiu ofendido pelo uso de um termo, referido por outros”.

É o que afirma em uma comunicação aos jornalistas o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, após os artigos publicados nas últimas horas que atribuem ao Pontífice o uso de uma palavra sobre a questão da entrada no seminário de pessoas homossexuais. Trata-se de uma passagem do diálogo a portas fechadas que o Pontífice manteve no dia 20 de maio com os bispos da Conferência Episcopal Italiana na Sala Paulo VI, noticiado pela mídia italiana.

Papa Francisco estar a par dos artigos publicados recentemente acerca de uma conversação, a portas fechadas, com os bispos da Conferência Episcopal Italiana, lê-se na nota de Bruni – além do esclarecimento e do pedido de desculpas – são recordadas as palavras tantas vezes afirmadas pelo Papa: “na Igreja há lugar para todos, para todos! Ninguém é inútil, ninguém é supérfluo, há espaço para todos. Assim como somos, todos”. Fonte: https://www.vaticannews.va

Em reunião a portas fechadas em 20 de maio, Pontífice solicitou a bispos italianos que não aceitassem seminaristas gays, que podem 'levar uma vida dupla'

Por O Globo e agências internacionais — Cidade do Vaticano

 

Em reunião a portas fechadas com bispos da Conferência Episcopal Italiana, Papa Francisco teria dito que seminaristas gays não deveriam ser aceitos porque meios religiosos estavam 'cheios de bichas' — Foto: Alberto Pizzoli

Vaticano pediu desculpas nesta terça-feira após o Papa Francisco ter usado um termo ofensivo para se referir a homens gays na semana passada. Segundo a agência italiana Ansa, em reunião a portas fechadas em 20 de maio, o Pontífice solicitou a bispos italianos que não aceitassem seminaristas gays, afirmando que os meios religiosos estavam "cheios de viadagem".

"O Papa Francisco está ciente dos artigos recentemente publicados sobre uma conversa, a portas fechadas, com os bispos da Conferência Episcopal Italiana (CEI). Como ele afirmou em várias ocasiões: 'Na Igreja há lugar para todos, ninguém é inútil, ninguém é supérfluo — do jeito que somos todos nós.' O Papa nunca teve a intenção de ofender ou expressar-se em termos homofóbicos e pede desculpas àqueles que se sentiram ofendidos pelo uso de um termo relatado", diz o comunicado.

O encontro com os bispos italianos durou 1h30, e a fala do Papa foi confirmada por diferentes fontes que estavam presentes. Segundo o jornal La Repubblica, questionado na reunião da semana passada pelos bispos sobre o tema, o Pontífice teria dito que era necessário colocar limites para evitar "que haja o risco de alguém que é gay escolher o sacerdócio e acabar por levar uma vida dupla". A declaração sobre o "excesso de viadagem" teria sido feita, então, em seguida.

"De acordo com os bispos contatados" pelo Corriere della Sera, "é claro que o Pontífice não tinha consciência de quão insultuosas eram as suas palavras em italiano (o Papa teria dito a palavra "frociaggine", termo altamente ofensivo no idioma)", escreveu o principal jornal italiano no seu site. "Mais do que com vergonha, as suas declarações foram recebidas com alguns risos incrédulos, porque o erro" do papa, cuja língua materna não é o italiano, "era evidente", continuou o jornal.

Segundo a agência Ansa, uma instrução do Dicastério para o Clero do Vaticano em 2005, feita sob Bento XVI, estabeleceu que "a Igreja, embora respeite as pessoas em questão, não pode admitir no Seminário e nas Ordens Sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, têm tendências homossexuais enraizadas ou apoiam a chamada cultura gay". Em 2016, a instrução foi reafirmada por Francisco.

 

Bênçãos a casais do mesmo sexo

Em dezembro passado, o Vaticano autorizou a bênção para casais do mesmo sexo e casais "em situações irregulares" para a Igreja, afirmando que "as pessoas que procuram o amor e a misericórdia de Deus" não devem ser sujeitas a "uma análise moral exaustiva". A medida mudou o entendimento da bênção ao afirmar que os casais homoafetivos poderão adquiri-la, mas não modificou a doutrina do casamento ao afirmar que ela só poderá ser dada fora dos cultos religiosos.

Existe "a possibilidade de bênçãos de casais em situações irregulares e de casais do mesmo sexo, cujo formato não deverá encontrar qualquer fixação ritual por parte das autoridades eclesiásticas para não causar confusão com a bênção do sacramento do matrimônio", afirmou o documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, aprovado pelo Papa.

Ao apresentar o texto, o cardeal Víctor Manuel Fernández disse que, mantendo a "visão pastoral do Papa" de "ampliar" o apelo da Igreja Católica, as novas recomendações permitiriam abençoar relações ainda consideradas pecaminosas. Na Igreja Católica, uma bênção é uma oração ou um apelo, solicitando a Deus que olhe favoravelmente para uma pessoa ou pessoas sendo abençoadas.

 

O QUE VOCÊ PRECISA SABER

Em outubro, o Papa Francisco enviou uma carta a dois cardeais conservadores em que sugeriu que tais bênçãos poderiam ser oferecidas em algumas circunstâncias, desde que não fossem confundidas com o ritual do matrimônio, visto como um sacramento vitalício entre um homem e uma mulher. (Com AFP) Fonte: https://oglobo.globo.com 

Na conclusão do ciclo de catequeses sobre os vícios e as virtudes, Francisco dedicou sua reflexão à humildade. Aos fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro para a Audiência Geral desta quarta-feira (22/05), o Pontífice enfatizou: “onde não há humildade, há guerras, discórdias e divisões”.

 

Thulio Fonseca – Vatican News

O ciclo de catequeses "Os vícios e as virtudes"

A reflexão do Papa Francisco nesta quarta-feira, 22 de maio, foi dedicada à humildade. Esta foi a vigésima e última catequese do ciclo sobre os vícios e as virtudes, iniciado na Audiência Geral de 27 de dezembro de 2023. O Santo Padre disse que "a humildade não faz parte das sete virtudes cardeais e teologais, mas está na base da vida cristã”, e enfatizou: 

“Esta virtude é a grande antagonista do mais mortal dos vícios, a soberba. Enquanto o orgulho e a soberba incham o coração humano, fazendo-nos parecer mais do que somos, a humildade traz tudo de volta à dimensão certa: somos criaturas maravilhosas, mas limitadas, com pontos fortes e fracos.”

 

Bem-aventurados os humildes

Ao recordar das palavras de Jesus, presentes no sermão das bem-aventuranças, o Papa sublinhou: “bem-aventuradas as pessoas que guardam no coração esta percepção da própria pequenez, elas são preservadas de um vício muito feio, a arrogância”.

“Bem-aventurados os que têm um coração pobre, porque deles é o Reino dos céus! Esta é a primeira bem-aventurança apresentada por Jesus, porque é a base das seguintes: de fato, a mansidão, a misericórdia e a pureza de coração surgem daquele sentimento interno de pequenez. A humildade é a porta de entrada para todas as virtudes.”

 

Maria: exemplo de humildade

Francisco também faz menção às primeiras páginas dos Evangelhos, onde “a humildade e a pobreza de espírito são a fonte de tudo”. E ao recordar o anúncio do Anjo a Maria, o Santo Padre enfatiza que é precisamente de uma jovem pobre e desconhecida que o mundo renasce:

“Deus é atraído pela pequenez de Maria, a qual é antes de tudo uma pequenez interior, e Ele também é atraído pela nossa pequenez, quando a aceitamos.”

De agora em diante, Maria tomará cuidado para não subir ao palco, continua o Papa. “Sua primeira decisão depois do anúncio evangélico é ajudar sua prima. As pessoas humildes não querem sair jamais do seu escondimento.”

 

Uma virtude sólida 

Segundo o Santo Padre, podemos imaginar que também Maria tenha vivido momentos difíceis, dias em que a sua fé avançava na escuridão, "mas isso não fez vacilar a sua humildade, que era uma virtude granítica", e destacou:
"Quero sublinhar isso, a humildade é uma virtude resistente. A pequenez nos leva à humildade, e também pensamos em Maria, em sua força invencível: é ela quem permanece aos pés da cruz, enquanto se desfaz a ilusão de um Messias triunfante."

 

Fonte de paz no mundo e na Igreja

Na conclusão da catequese, o Papa reforçou: a humildade é tudo. É o que nos salva do Maligno e do perigo de nos tornarmos seus cúmplices. E a humildade é a fonte da paz no mundo e na Igreja.

"Onde não há humildade, há guerra, há discórdia, há divisão. Deus nos deu um exemplo disso em Jesus e Maria, porque eles são a nossa salvação e felicidade. E a humildade é exatamente a via, o caminho para a salvação." Fonte: https://www.vaticannews.va

Na Audiência Geral desta quarta-feira (15/05), Francisco refletiu sobre a virtude da caridade. “Há um amor maior, que vem de Deus e a Ele se dirige, que nos torna capazes de amá-Lo, de sermos Seus amigos, e que nos permite amar o próximo como Deus o ama”, sublinhou o Papa.

 

Thulio Fonseca – Vatican News

O Papa Francisco dedicou a reflexão da catequese desta quarta-feira (15/05), sobre a terceira virtude teologal, a caridade. Aos milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, o Pontífice recordou que esta virtude “é o culminar de todo o caminho que empreendemos com a catequese das virtudes”.

"Pensar na caridade expande imediatamente o coração, e a mente corre para as palavras inspiradas de São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios. Concluindo aquele estupendo hino, o Apóstolo cita a tríade das virtudes teologais e exclama: “Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade” (1Cor 13,13)."

 

O amor está na boca de muitos

Francisco recorda que o apóstolo Paulo dirige estas palavras a uma comunidade que estava longe de ser perfeita no amor fraterno: os cristãos de Corinto eram bastante briguentos, havia divisões internas, há aqueles que afirmam ter sempre razão e não ouvem os outros, considerando-os inferiores. Paulo lembra a essas pessoas que a ciência incha, enquanto a caridade constrói.

“Provavelmente todos estavam convencidos de que eram boas pessoas e, se questionados sobre o amor, teriam respondido que o amor era certamente um valor importante para eles, assim como a amizade e a família. Ainda hoje, o amor está na boca de muitos “influenciadores” e nos refrões de muitas músicas, mas de fato, o que é o verdadeiro amor?”

 

A caridade tem sua origem em Deus

Segundo o Papa, como em Corinto, também entre nós hoje, há confusão sobre o amor e por vezes não vemos nenhum vestígio da virtude teologal, aquela que vem até nós somente de Deus: “com palavras todos garantem que são boas pessoas, que amam a família e os amigos, mas na realidade sabem muito pouco do amor de Deus”, e completou:

“A caridade é o amor que desce, não aquele que sobe; é o amor que doa, não o que toma; é o amor que se esconde, e não o que busca aparecer. A caridade é, enfim, a maior forma de amor, que tem sua origem em Deus e a Ele se dirige, que nos torna capazes de amá-Lo, de sermos Seus amigos, e que nos permite amar o próximo como Deus o ama.”

 

Amar o que não é amável

Por fim, o Pontífice sublinhou que “este amor, ou seja, a caridade por causa de Cristo, leva-nos para onde humanamente não iríamos: ao amor pelo pobre, por aquilo que não é amável, por quem não nos quer bem e até mesmo pelo inimigo. Isso é "teologal", ou seja, vem de Deus, é obra do Espírito Santo em nós.

“É um amor tão ousado que parece quase impossível, e mesmo assim é a única coisa que restará de nós. É a 'porta estreita' pela qual passar para entrar no Reino de Deus.”

“Ao entardecer de nossa vida não seremos julgados sobre o amor de forma genérica, mas sobre a caridade que praticamos, ou seja, o amor que realizamos de modo concreto”, concluiu o Papa Francisco. Fonte: https://www.vaticannews.va