Foto: Divulgação da Diocese de Sete Lagoas
A cidade de Baldim (MG) está de luto com a morte do padre Claudiano Quirino, da Diocese de Sete Lagoas, confirmada neste domingo (9) pela Prefeitura Municipal de Baldim. O sacerdote era pároco da Paróquia de São Bernardo e era amplamente reconhecido pelo trabalho pastoral e pela dedicação à comunidade local.
Em nota oficial, a administração municipal expressou condolências à família, aos amigos e aos fiéis. “Sua presença sempre acolhedora e dedicação ao próximo marcaram profundamente nossa comunidade. Seu legado permanece em cada gesto de carinho, orientação e serviço realizado ao longo de sua missão”, diz o comunicado assinado pelo prefeito Fabrício Andrade.
O padre Claudiano Quirino era conhecido pelo acolhimento e pela atuação próxima às famílias de Baldim, conduzindo celebrações e projetos sociais que fortaleceram os vínculos de fé e solidariedade entre os fiéis.
A Diocese de Sete Lagoas e a Paróquia de São Bernardo também devem divulgar nota oficial com informações sobre o velório e o sepultamento. Nas redes sociais, dezenas de fiéis manifestaram pesar e lembraram do sacerdote como “um pastor dedicado e exemplo de fé viva”. Fonte: https://teclemidia.com
A Diocese de Sete Lagoas informa os horários das celebrações exequiais do Reverendíssimo Padre Claudiano Quirino.
O velório será realizado, inicialmente, na Paróquia São Bernardo, em Baldim, com celebração exequial no local. Em seguida, o corpo será trasladado para a Paróquia do Divino Espírito Santo, em Sete Lagoas, onde ocorrerá nova celebração. O sepultamento será realizado no Cemitério Parque Boa Vista, em Sete Lagoas.
Roguemos a Deus que conceda ao Padre Claudiano o repouso eterno e conforte com sua graça todos os que sofrem sua partida. Fonte: Diocese de Sete Lagoas
O Manicômio Majestoso
Pe. Ronan Belo Júnior
Hoje mais um padre se suicidou. Mais um. A notícia chega como sempre: rápida, sussurrada e imediatamente engolida pelo silêncio institucional. A Igreja pede orações, mas não pede explicações. Reza, mas não encara. Consola, mas não questiona. A cada morte, nada muda. A cada tragédia, tudo continua igual. E a pergunta mais urgente, a que ninguém quer pronunciar, explode por dentro: quantos cadáveres serão necessários para admitir que a Igreja está adoecendo seus próprios ministros?
O cenário já não pode ser descrito com suavidade. A instituição se tornou um manicômio majestoso. Majestoso nos símbolos. Manicômio no funcionamento. Um lugar onde a aparência litúrgica convive com o colapso psicológico. Onde a disciplina pastoral esconde o desespero dos que servem. Onde homilias falam de esperança enquanto presbíteros penduram a própria vida no limite.
Foucault explicou que toda instituição que precisa preservar sua imagem antes de enfrentar sua verdade cria dispositivos de controle que sufocam o indivíduo. A Igreja, nesse ponto, tornou-se um laboratório perfeito do que ele chamou de “tecnologias de poder”: vigilância, normalização e silenciamento. Padres são treinados para parecer fortes, obedientes, impecáveis. São moldados para funcionar. Não para viver. O sofrimento é visto como falha. A fragilidade, como ameaça. O resultado é um corpo clerical disciplinado até a exaustão. E quando a estrutura aperta mais do que o humano suporta, o desfecho se repete: suicídio.
Enquanto padres morrem, lideranças adoecidas são empurradas para o centro das comunidades. Gente em surto espiritual vira coordenador. Pessoas em tratamento psiquiátrico são colocadas como referência de fé. Delírios são promovidos a carismas. Visões semanais ganham microfone. A emoção descontrolada ocupa funções que exigiriam discernimento e estabilidade. A Igreja confunde barulho com espiritualidade e entrega poder justamente a quem mais precisa ser protegido de si mesmo.
E onde estão os bispos? Muitos desaparecem atrás de discursos genéricos, reuniões protocolares e uma lentidão pastoral que chega a ser cruel. Foucault chamaria isso de “governamentalidade”: administrar corpos, não cuidar de vidas. Uma liderança que regula, mas não acompanha. Que organiza, mas não se envolve. Que mantém a ordem do manicômio, enquanto evita olhar para quem está desabando dentro dele.
Nesse vazio, surgem os padres midiáticos. Performam segurança, vendem certezas, disputam atenção e transformam o Evangelho em produto. São líderes que acumulam seguidores enquanto a base eclesial se fragmenta emocionalmente. Não formam consciência. Formam público. São figuras perfeitas para o manicômio majestoso: muito barulho, pouca verdade.
O quadro é claro demais para continuar sendo negado. Padres estão morrendo. Fiéis adoecidos estão liderando. Bispos estão calados. A liturgia tornou-se performance. E a estrutura continua produzindo o mesmo tipo de subjetividade dócil, culpada e silenciosa que Foucault descreveu como fruto de instituições que preferem ordem à verdade.
A questão, agora, é política no sentido foucaultiano: quem governa quem?
A Igreja governa seus ministros ou os destrói?
A fé cura ou adoece?
O Evangelho liberta ou disciplina até a morte?
O manicômio majestoso pode continuar funcionando por algum tempo, mas o preço será cada vez mais alto. E hoje, novamente, ele foi pago com a vida de um padre.
A Igreja precisa decidir se quer continuar administrando cadáveres ou finalmente começar a salvar pessoas.




