Dom Leomar Brustolin

Bispo auxiliar de Porto Alegre

O avanço da tecnologia possibilitou um acesso ilimitado às redes sociais de tal forma que essa realidade reinventa a vida cotidiana. Há muitas opções e não poucas armadilhas nessa ambiência. É o caso do desafio Baleia Azul, jogo que atrai jovens e adolescentes de todo o mundo dispostos a realizar tarefas arriscadas que culminam em tirar a própria vida. 

Vive-se num tempo de forte acento individualista, quando as sociedades regidas por uma lógica narcísica multiplicam as iniciativas autodestrutivas. Diante da crise de afeto, da banalização do outro e do relativismo que colapsa valores comuns, o suicídio é hoje a expressão de uma crise de despersonificação. 

Muitos sujeitos altamente conectados estão perdidos no turbilhão de informações, vítimas da overdose de opções para se atingir a felicidade, porém, uma felicidade momentânea, hedonista e eminentemente individual. A pessoa acaba movendo-se num horizonte sem meta, flutuando numa atmosfera de várias opções de sentido, de comportamentos, de ética. Os condicionamentos de uma sociedade desumanizada impedem que o indivíduo se realize.

Não basta se escandalizar com o terrível jogo mortal Baleia Azul, é preciso avaliar o tipo de vida que estamos levando e obrigando as futuras gerações a viverem. Sem perspectiva de futuro e esquecendo o passado, muito se tem insistindo em viver somente o presente. O importante é se sentir bem. Será? 

O suicídio, como no jogo Baleia Azul, pode acontecer até mesmo sem desejo de morrer, como um ato de violência não planejado. O que importa é fazer a experiência, ter a sensação, sentir a emoção do momento.

A estrutura, o ambiente e a educação familiar são fundamentais para desenvolver níveis de felicidade que diminuam o instinto autodestrutivo. Aqui entram a ética e o cuidado para pensar preventivamente, atuando no sistema educacional, reconstruindo sentidos, resgatando valores, autorizando a expressão de sentimentos e pensamentos, fortalecendo os vínculos e a espiritualidade. Não é possível que o mercado, o poder e o descaso com os mais fracos dominem a vida das pessoas. Estamos cada vez mais carentes de sentido e valores que todos reclamam, mas poucos estão dispostos a mudar o atual estilo de vida. Esquecem que a falta de afeto, cuidado e transcendência também podem matar.

Para prevenir é preciso cuidar e libertar-se do mito atual da sociedade de consumo e do bem-estar de que só vale a pena viver se há prazer. Saber lidar com as perdas, os limites e as frustrações pode mostrar o que realmente tem valor na vida; de forma extremamente eficaz, ajuda a discernir o que é secundário e o que é essencial. 

O alerta do desafio da Baleia Azul é para todos, aponta para a necessidade de um novo olhar sobre a vida, conectado, mas não alienado; informado, mas não desafetado; livre, mas não narcísico. O desafio é para famílias, igrejas e sociedade. Não deixem as baleias roubar nossos jovens. Fonte: http://www.cnbb.org.br

A arquitetura religiosa tornou-se linha de frente das guerras litúrgicas à medida que igrejas católicas passavam por novas renovações. Michael DeSanctis, consultor de construção de igrejas e professor de teologia, não está contente.

A reportagem é de Peter Feuerherd, correspondente da série Field Hospital do NCR sobre a vida paroquial e é professor de jornalismo na St. John's University, em Nova York, publicada National Catholic Reporter, 13-04-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.

Pastores restauradores, bem mais jovens que o Vaticano II em idade, estão ordenando as mudanças. E já se foram o que eles às vezes depreciam como igrejas "Pizza Hut". O objetivo é restaurar a tradição. Eles querem balaústres no altar, querem colocar o Santíssimo Sacramento lá perto e usar mármore caro no chão para selar a área do santuário como uma arena polida e exclusiva para a ação litúrgica clerical. Às vezes, o coro fica relegado a um loft traseiro, trazendo um som sem corpo. Em outras paróquias, assentos circulares são trocados por longas filas de bancos.

DeSanctis, professor de Belas Artes e Estudos Pastorais na Universidade Gannon em Erie, Pensilvânia, escreveu na Emmanuel Magazine que essas mudanças na arquitetura da igreja são manifestações do que ele descreve como um novo clericalismo. O objetivo é destacar o sacerdote de sua congregação, em oposição a uma teologia do Vaticano II que se concentrava na participação leiga e no enfraquecimento das barreiras.

"A arquitetura é como expressamos nossa liturgia", disse DeSanctis ao NCR, recentemente, em entrevista por telefone, observando que a geração de sacerdotes pós-Vaticano II saía frequentemente do santuário para interagir com os paroquianos durante a liturgia. Eles construíam igrejas com foco em um design circular para aproximar a congregação e abaixavam o altar para aproximar o sacerdote dela.

Mas isso mudou com o surgimento de muitos clérigos mais jovens, formados em seminários com o pensamento do Papa Bento, que voltaram a enfatizar distinções clericais. Em todo o país, DeSanctis notou que vários pastores estão voltando o design das igrejas suburbanas construídas nos anos 60 e 70 ao foco na ação sacerdotal.

Este movimento vem à custa dos católicos que tornaram-se adultos no Vaticano II, muitos dos quais não estão impressionados com a reorganização da mobília da igreja para enfatizar o status clerical. DeSanctis, de 60 anos, disse que muitos católicos que ele conhece mudam para outra paróquia quando percebem está chegando à sua paróquia o entusiasmo por modernização de seu design. Eles não apreciam a nostalgia de uma igreja pré-moderna e frequentemente não estão de acordo com os custos que acarreta. "Nós não compramos as categorias mais. O respeito precisa ser conquistado", disse ele.

Em seu artigo, DeSanctis defende a tão difamada igreja suburbana modernista, com seu foco em nutrir a comunidade. Ele começa com a igreja de São Judas Apóstolo em Erie, produto do catolicismo do pós-guerra. É uma estrutura modernista com uma cruz imponente no topo, construída para ser "um lugar de culto completamente à vontade no mundo moderno."

DeSanctis escreve: "A modernidade era algo que o povo de São Judas Tadeu não considerava nem estranho nem tão ameaçador, mas uma condição de vida tão potente para a imaginação dos católicos prósperos e com formação universitária nos EUA pós-Segunda Guerra quanto os ritos antigos de sua igreja. Um ambiente distintamente moderno permeava cada centímetro da paisagem brilhante e suburbana que haviam escolhido para habitar com suas famílias jovens."

São Judas Tadeu, observa ele, se encaixou na paisagem suburbana moderna dos Estados Unidos e essa foi a sua força, nada pelo que se desculpar, mesmo que não se parecesse com as catedrais da velha Europa. No entanto, esse modelo mudou. A igreja de São Judas Tadeu passou por uma nova reforma nos últimos anos.

Velas trabalhadas agora demarcam o limite entre o santuário e os bancos. A área do altar foi transformada pelo mármore, separando-se visualmente. A nova arquitetura, destinada a recapturar elementos tradicionais, tem uma mentalidade clerical "chamativa", escreve DeSanctis.

Ele observa que tais mudanças são exemplos da "territorialidade agitada" expressa por meio de mudanças físicas feitas por "uma onda de sacerdotes com a intenção de desfazer as conquistas de seus antecessores imediatos, uma geração ou duas de homens animados pelas reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II."

DeSanctis expressou preocupação que sua língua possa ser muito decepcionante, mas disse que a crítica se justifica. Ele vê o Papa Francisco como um aliado, que censura a transformação de igrejas em partes de um museu e expressou desconfiança com o foco no externo do vestuário litúrgico em detrimento de acolher e proclamar o evangelho.

Ele reconheceu ao NCR que houve projetos modernistas ruins nas últimas décadas, muitos criticados por jovens religiosos restauradores. No entanto, ele disse: "A Igreja não pode persistir em fazer as pessoas sentirem que estamos vivendo na Idade Média".

O objetivo deste design é "criar um estilo litúrgico e arquitetônico que seja condizente com a nossa época". Como exemplos, ele cita a Igreja de São Miguel em Wheaton, Illinóis, um projeto para o qual prestou consultoria, e a Catedral de Cristo Luz em Oakland, na Califórnia. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Um pároco da cidade italiana de Montesilvano criticou o Papa Francisco durante a missa. O Pe. Edward Pushparaj, da Índia, disse que Francisco tem feito um mal à Igreja, referindo-se ao fato de o papa ter lavado lavar os pés de uma muçulmana na liturgia da Quinta-Feira Santa em 2013. Em Montesilvano, muitos paroquianos se retiraram na ocasião.

O comentário é de Pat Perriello, professor aposentado da rede pública de ensino de Baltimore, trabalhou como coordenador dos Serviços de Orientação e Aconselhamento e professor associado na Universidade Johns Hopkins, publicado por National Catholic Reporter, 18-04-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Parece que as críticas a Francisco estão aumentando e se tornando mais abertas e intensas. O que há com este papa que está transformando-o numa figura cada vez mais polêmica? Um motivo, evidentemente, é que ele vem criando um papado mais aberto, onde a dissensão é tolerada e até mesmo incentivada. A oportunidade de compartilhar as nossas ideias e pensamentos, no entanto, não deveria incluir faltar com o respeito.

É também justo dizer que há um sentimento crescente nos EUA e em partes da Europa que se coloca em oposição a muitas das prioridades papais. Francisco põe em destaque a misericórdia e a compaixão. Ele espera que exercitemos um sentido de carinho pelos milhares e milhares de refugiados, incluindo mulheres e crianças, pessoas desesperadas em encontrar um lugar onde suas famílias possam viver sem o medo da violência.

Sem dúvida, mensagem de Francisco parece quintessencialmente cristã. Como um cristão poderá discordar de uma mensagem de amor que estende a mão para ajudar o próximo? O cuidado dos pobres está no coração do evangelho de Francisco. As histórias bíblicas do bom samaritano, do filho pródigo e da mulher pega em adultério exemplificam o cristianismo adotado por Francisco. Pessoas são mais importantes do que regras. A salvação vem de como tratamos as outras pessoas, e não da adesão estreita a um conjunto codificado de prescrições.

No entanto, parece que um número elevado de pessoas se preocupa apenas com as suas próprias necessidades pessoais. Prestam pouco interesse às necessidades alheias. Leis são feitas para aumentar a riqueza dos que já são ricos e para negar benefícios aos necessitados. Ninguém quer ouvir o clamor dos pobres. Quem vai se colocar em defesa das necessidades dessas pessoas?

Um medo dos que têm uma aparência diferente, ou que professam crenças religiosas diferentes, é alimentado com pouca ou nenhuma atenção aos fatos relevantes. Imigrantes em procura de uma vida melhor para suas famílias estão sendo mandados de volta para os países de origem, independentemente dos perigos que possam aí enfrentar. O fato de terem vivido a maior parte de suas vidas em um dado país não significa nada. Negamos a entrada em nossos países a estrangeiros que achamos poderem representar algum perigo por causa da religião que professam. Deixamos que permaneçam em campos inóspitos, sem esperança alguma em vista, milhares de refugiados.

Francisco transforma-se na voz dos que clamam no deserto. Precisamos unir nossas vozes à dele, e às dos paroquianos que se retiraram da igrejinha italiana citada no início. Precisamos lembrar aqueles que se esqueceram que somos, todos nós, irmãos, e tudo o que fizermos ao menor dos nossos irmãos e irmãs estaremos fazendo para o Senhor.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

"Repetidas vezes enfatiza o Papa Francisco que o padre “deve ter cheiro de ovelha”, quer dizer, alguém que está no meio de seu “rebalho” e caminha com ele. Cito apenas dois textos emblemáticos, um proferido ao episcopado italiano no dia 16 de maio de 2016 onde diz:”O padre não pode ser burocrático mas alguém que é capaz de sair de si mesmo, caminhando com o coração e o ritmo dos pobres”. O outro aos bispos recém sagrados no dia 18 de setembro de 2016: 'o pastor deve ser capaz de escutar e de encantar e atrair as pessoas pelo amor e pela ternura'", escreve Leonardo Boff, teólogo, filósofo e escritor.

Eis o artigo. 

Nos dias 20-24 de março se realizou em Juazeiro do Norte, Ceará, o V­º Simpósio Internacional Padre Cícero com o tema “Reconciliação…e agora?” Fiquei admirado pelo alto nível das exposições e das discussões com a presença de pesquisadores nacionais e estrangeiros. Tratava-se da reconciliação da Igreja com o Pe. Cícero que sofreu pesadas penas canônicas, hoje questionáveis, sem jamais se queixar, num profundo respeito às autoridades ecclesiasticas e reconciliação com os milhares de romeiros que o consideram um santo.

Indiscutivelmente o Pe. Cícero Romão Batista (1844-1034), por suas múltiplas facetas, é uma figura polêmica. Mas mais e mais as críticas vão se diluindo para dar lugar àquilo que o Papa Francisco através do Secretário de Estado Card. Pietro Parolin, numa carta ao bispo local Dom Fernando Panico de 20 de outubro de 2015, expressamente diz que no contexto da nova evangelização e da opção pelas periferias existenciais a “atitude do Pe. Cícero em acolher a todos,especialmente aos pobres e sofredores, aconselhando-os e abençoando-os, constitui, sem dúvida, um sinal importante e atual”.

O Pe. Cicero corporifica o tipo de padre adequado à fé de nosso povo, especialmente nordestino. Existe o padre da instituição paróquia, classicamente centrada no padre, nos sacramentos e na transmissão da reta doutrina pela catequese. É um tipo de Igreja que se auto finaliza e com parca incidência social em termos de justiça e defesa dos direitos humanos especialmente dos pobres.

Entre nós surgiu um outro tipo de padre como o Pe. Ibiapina (1806-1883), que foi magistrado e deputado federal, tendo abandonado tudo para, como sacerdote, colocar-se a serviço dos pobres nordestinos, como o Pe. Cícero, o Frei Damião, Pe. José Comblin entre outros. Eles inauguraram um outro tipo ação religiosa junto ao povo. Não negam os sacramentos, porém, mais importante é acompanhar o povo, defender seus direitos, criar por toda parte escolas e centros de caridade (de atendimento), aconselhá-lo e reforçar sua piedade popular. Esse é o tipo de padre adequado à nossa realidade e que o povo aprecia e necessita.

Esse era também o método do Pe. Cícero que se desdobrava em três vertentes: primeiro conviver diretamente com o povo, cumprimentando e abraçando a todos; em seguida visitar todas as casas dos sítios, abençoando a todos, a criação dos animais e as plantações; por fim orientar e aconselhar o povo nas pregações e novenas; ao anoitecer reunia as pessoas diante de sua casa e distribuía bons conselhos e encaminhava para o aprendizado de todo tipo de ofícios para tornarem independentes.

Neste contexto o Pe. Cícero se antecipou ao nosso discurso ecológico com seus 10 mandamentos ambientais, válidos até os dias de hoje (“não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau” etc).

O Pe. Comblin, eminente teólogo, devoto do Pe. Cícero e que quis ser enterrado ao lado do Pe. Ibiapina escreveu com acerto:”O Padre Cícero adotou amorosamente os pobres e advogou a causa dos nordestinos oprimidos, dedicando-lhes incansavelmente 62 anos de vida. E o povo pobre o reconheceu, o defendeu e o consagrou, continuando a expressar-lhe o seu devotamento, porque viu e vê nele o Pai dos Pobres. Antecipou em muitos anos as opções da Igreja na América Latina.

É impossível negar a sincera opção pelos pobres, como foi dito por um deles:”Meu padrinho é padre santo/como ele outro não há/ pois tudo o que ele recebe/ tudo de esmola dá”(O Padre Cícero de Juazeiro, 2011, p.43-44).

Curiosamente, se recolhermos os muitos pronunciamentos do Papa Francisco sobre o tipo de padre que projeta e quer, veremos que o Pe. Cícero se enquadra. à maravilha, ao modelo papal. Não há espaço aqui para trazer a farte documentação que se encontra no meu blog que recolhe minha intervenção em Juazeiro: “O Padre Cícero à luz do Papa Francisco”.

Repetidas vezes enfatiza o Papa Francisco que o padre “deve ter cheiro de ovelha”, quer dizer, alguém que está no meio de seu “rebalho” e caminha com ele. Cito apenas dois textos emblemáticos, um proferido ao episcopado italiano no dia 16 de maio de 2016 onde diz:”O padre não pode ser burocrático mas alguém que é capaz de sair de si mesmo, caminhando com o coração e o ritmo dos pobres”. O outro aos bispos recém sagrados no dia 18 de setembro de 2016:”o pastor deve ser capaz de escutar e de encantar e atrair as pessoas pelo amor e pela ternura”.

Estas e outras qualidades foram vividas profundamente pelo Pe. Cícero, tido como o Grande Patriarca do Nordeste, o Padrinho Universal, o Intercessor junto a Deus em todos os problemas da vida, o Santo cuja intercessão nunca falha. Os romeiros e devotos sabem disso. E nós secundamos esta convicção. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Dom José Alberto Moura

Arcebispo de Montes Claros (MG) 

   
É próprio de cada criatura viva preservar-se e defender-se de tudo o que a tente levar para a sepultura. No entanto, os mecanismos de morte acontecem se cada um de nós não trabalhar para a preservação da vida de todos. O solo terrestre, com tudo o que ele tem em baixo ou em cima da superfície, está sendo ameaçado, arruinado ou destruído. Não vale o “só cada um por si”! Enquanto todos não estiverem dispostos a se ajudarem para a superação da destruição e não tiverem o cuidado com a vida de cada um (solo, minas d’água, biomas, vegetação, animais e seres humanos), todos são prejudicados.

Jesus deu-se totalmente pela causa abraçada de mudar o rumo da história do planeta e do ser humano. Não reservou sequer a última gota d’agua e do sangue jorrados do alto da cruz. Mostrou o que devemos fazer para preservar e desenvolver a vida na terra. Sua ressurreição nos garante a certeza de que não seguimos simplesmente um fundador de religião humano a mais. Entregou a vida na natureza humana, mas a ressuscitou porque tem também a natureza divina. Com Ele somos capazes de também dar de nós pelo bem da natureza e da vida humana. Mesmo que tenhamos infelizmente caído no “sepulcro” de nossos egoísmos, injustiças, degradação da terra e das relações com o semelhante, há esperança de ressurreição. Podemos e devemos mudar a mentalidade da ganância, da busca do ter a todo custo,  da concentração das riquezas nas mãos de poucos e consequentes injustiças sociais, da monocultura em diversas regiões, da destruição de grande parte das matas ciliares, das mineradoras que destroem e poluem, da falta de políticas públicas que não levam em conta a preservação do meio ambiente e a promoção de benefícios sociais principalmente às classes mais prejudicadas...

A solidariedade é uma das virtudes que marcam a vida de quem comunga com a Páscoa de Jesus. É possível corrigir a corrupção que domina negativamente boa parte da política. Esta deve ressuscitar para a vida nova de serviço ao povo e não de busca desenfreada de benefícios para si e poucos, através da prática do ilícito em prejuízo para o povo. Ele é o mandatário e não deve ser o escravo, sendo sepultado em sua dignidade.

Precisamos muito de testemunhas qualificadas, como os Apóstolos de Jesus, para anunciar e garantir a todos que Ele ressuscitou. Quem quer viver com Ele a própria ressurreição, deve aceitar a missão de dar de si para a ressurreição das inter-relações humanas promotoras de vida de sentido e dignidade a todos. Como é importante fazer a Páscoa de Jesus acontecer para todos! Nosso esforço de promover a vida nos deve defendê-la desde a concepção até sua morte natural.  O aborto e todos os mecanismos de morte devem ser abolidos de nossa sociedade. Leis que os favoreçam devem ser rechaçadas por todos!

Pedro e João, avisados por Maria Madalena que Jesus não estava mais no túmulo, foram correndo para ver a sepultura e constataram que, de fato, o corpo do Mestre lá não estava mais. Eles acreditaram na ressurreição do Senhor (Cf. João 20,1-9), que apareceu depois a eles e aos demais discípulos. Fonte: www.cnbb.org.br

Pe. João Batista Libânio, SJ


O mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo assemelha-se à encruzilhada em que se encontra a fé cristã. Dela nascem três trilhas. Conforme se toma uma ou outra, o significado varia.

A trilha da cruz. Desenvolveu-se na Igreja certa espiritualidade calcada na cruz de Cristo. Produziu efeitos ambivalentes. Uns souberam encontrar nela exemplo de vida mortificada. Interpretaram a afirmação de Jesus, sobretudo na versão de Lucas, “se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me” (Lc 9,23) no sentido de carregar a cruz todos os dias. Algo diário. Renúncia ao prazer, ao gozo por meio de mortificação contínua. Facilmente se insinuou certa interpretação negativa, quase maniqueia ou, ao menos, jansenista do corpo, das coisas materiais. Ser cristão traduzia na constante vigilância sobre si mesmo a fim de encontrar ocasiões de sacrifício.
Em grau moderado, a espiritualidade da cruz oferecia motivação para suportar com paciência, resignação e até mesmo com alegria as cruzes que a existência impõe a todo ser humano. Não se chegava ao grau de procurá-las, mas, pelo menos, de carregá-las serenamente.
A meditação da cruz de Cristo, reforçada na Semana Santa, alimentava tal espiritualidade de cunho dolorista. Sem dúvida, muita gente santificou-se, ao vivê-la. E a hagiografia enche-se de exemplos das penitências dos santos. Algumas soam-nos exorbitantes. No século passado, homens como o pe. Gignac, francês, e Pe. Doyle, irlandês, somente para citar dois exemplos, sobressaíram por extrema austeridade de vida. Jejuns, flagelos, cilícios, cadeinhas de ferro a castigar o corpo durante todo o dia em busca da liberdade espiritual. Alguns orientadores espirituais os propunham como exemplos para jovens iniciantes na vida religiosa.

A trilha da ressurreição. O acento sobre a ressurreição virou a página. Esquece-se que o Senhor glorificado antes sofrera na cruz. Valoriza-se o triunfo sobre a morte e focaliza-se a Cristo na glória celeste, reinando sobre o mundo. As autoridades, os poderosos alimentaram muito dessa espiritualidade. Sentiam-se representantes do Cristo triunfante aqui na terra. A figura do Cristo pantocrátor – todo poderoso – simboliza bem essa espiritualidade.
A cisão entre o Jesus palestinense, frágil, sujeito aos sofrimentos e à morte e o Cristo ressuscitado produziu o esquecimento do seguimento de Jesus. Preferiu-se falar de imitação de Cristo. Teólogos da libertação, como Jon Sobrino, criticaram tal corte e voltaram a insistir na figura humana de Jesus. L. Boff forjou a bela frase: “humano assim, só pode ser Deus mesmo”.

A trilha do mistério pascal: crucificado e ressuscitado. Evitando, portanto, essas duas trilhas exclusivas, que contêm verdades, mas não dão conta do núcleo duro do mistério pascal. A afirmação teológica central da cristologia atual soa: O Jesus histórico, palestinense é o mesmo que o Cristo glorificado e vice-versa. Não cabe nenhum corte entre os dois sem que se afete o mistério da pessoa de Jesus.
Ao assumir o mistério pascal na complexidade, aparece então a sua força. Precisamos manter o olhar voltado simultaneamente para a cruz e para a ressurreição. Ou melhor: para o Jesus crucificado, e não tanto para a cruz, e para o Cristo ressuscitado, e não tanto para a ressurreição: ambos mistérios da vida de Jesus Cristo iluminam-nos a existência cristã. 

Estamos na luta pela libertação na sociedade, no interior da Igreja, na família, na escola e em tantas outras situações. As forças de dominação reagem e dificultam-nos a ação. O olhar para o Jesus, que sobe o calvário em fidelidade absoluta à causa que assumiu, anima-nos. Oferece-nos coragem para perseverar. A resistência nasce do Crucificado que antes de nós conheceu as agruras de lutar para libertar o mundo do pecado, das injustiças, das estruturas de opressão.

Não nos basta tal força para resistir. Em dado momento, não aguentamos mais. A capacidade de suportar as dificuldades tem limites. E o Crucificado como crucificado nos deixa perplexos.

Cabe olhar para o Ressuscitado. Ele nos acena para o destino final de toda luta de libertação. Não termina na morte, mas na vida. Este impulso nos faz falta.
Celebrar a Semana Santa significa precisamente jogar com esses dois elementos. Resistência e esperança. O Crucificado nos fortalece. O Ressuscitado nos abre o horizonte para a vida plena. Com esse duplo olhar caminharemos fieis ao que Jesus mesmo viveu. Ele morreu, mas ressuscitou. Ressuscitou, sim, porque morreu, entregando-se ao Pai, à humanidade, à causa da libertação.

*Jornal Solário-RS. Março de 2011

Rádio Vaticano (RV) – «Hoje, fazemos a experiência do vazio. O Senhor cumpriu sua missão nos redimindo, através de sua paixão e cruz, através de sua entrega até a morte. Na noite passada contemplamos o sepultamento de seu corpo.

Agora, nesta manhã de sábado, a saudade está presente, mas uma saudade cheia de paz e de esperança. Como Maria, com o coração em luto, a Igreja aguarda esperançosa, que a promessa do Cristo se cumpra, que ele surja, que ele ressuscite.

A ausência não é experiência do vazio, mas aprofunda a presença desejada. Podemos recordar e refletir sobre os sábados santos de nossa vida, nossas experiências de vazio após sofrimentos e perdas.

Como vivenciamos esses mistérios dolorosos quando irromperam em nossa existência? Permitimos que luz da fé na certeza da vitória da Vida, iluminasse nossa mente e aquecesse nosso coração? Preenchemos esse vazio abrindo as portas de nosso coração a Jesus, Palavra de Vida, de Eternidade? Ou nos fragilizamos mais ainda, permitindo que a escuridão da morte nos envolvesse?

Jesus é Vida! Nossa Senhora, a verdadeira discípula, na manhã de sábado permaneceu, apesar da dor, do luto, esperançosa. Ela acreditou nas palavras de seu Filho e não permitiu que o sofrimento pela perda dissesse a última palavra, mas que a palavra definitiva seria a promessa de seu Filho, a própria Palavra, que disse que iria ressuscitar que ele era o Caminho, a Verdade, a Vida!

Hoje à noite iremos celebrar a Vitória da Vida, a ressurreição de Jesus, o encontro do Filho ressuscitado com a Mãe que deixará de ser a Senhora das Dores, para ser a Senhora da Glória. Contudo, para nós que perdemos entes queridos, esse encontro ainda não aconteceu e sabemos que nesta vida, não acontecerá. Como viver, então, a Páscoa da Ressurreição?

Nossa vida deverá ser um permanente Sábado Santo, não com vazio, mas pleno de fé, de esperança na certeza da vitória da Vida e que também teremos o reencontro que Maria teve, e será para sempre! Quanto mais nos deixarmos envolver pela Palavra de Vida, que é Jesus, mais nos aproximaremos da tarde da ressurreição; de modo mais intenso essa palavra irá nos iluminar e aquecer.

Que nossas perdas não nos tirem a alegria de viver, que nos é dada com a presença de Jesus, a Vida plena, Eterna».

Fonte: http://www.diocesedeblumenau.org.br

Fiéis católicos compareceram às celebrações que foram presididas pelo arcebispo

Por Fillipe Lima*

Crédito: Carlos Roberto / Pascom Arquidiocese

A Sexta-feira Santa é um dos pontos mais importantes da fé Cristã em todo o mundo. Nesta data é celebrada a morte de Jesus Cristo. Durante todo o dia, os fiéis católicos de Maceió participaram de orações e louvores na Catedral Metropolitana, no bairro do Centro.

Presidida pelo arcebispo Dom Antônio Muniz, a celebração teve início pontualmente ao meio-dia de hoje com o Ofício da Agonia, que significa a dor e o sofrimento que Jesus passou durante sua crucificação. Segundo a tradição católica, neste momento são lembradas as lamentações de Cristo - juntamente com Maria - e as sete últimas palavras de Jesus na Cruz e a dor de Sua mãe ao vê-lo no calvário.

Após o momento de meditação e reflexão, os fiéis permaneceram na Catedral para adoração ao Santíssimo até às 15 horas, onde saíram em procissão pelas ruas do Centro de Maceió.

Apesar do tempo nublado e chuvoso, os fiéis católicos não desanimaram e compareceram em um bom número às celebrações.

Procissão do Senhor Morto

A concentração para a Procissão do Senhor morto foi na Praça dos Martírios e partiram em destino à Praça Marechal Deodoro. O trajeto foi pelas ruas Melo Morais e Cincinato Pinto.

A Procissão de Senhor Morto nasceu em Portugal entre os anos de 1490 e 1510, na Arquidiocese de Braga. A tradição já dura seis séculos e simboliza o cortejo durante o sepultamento de Jesus após a sua crucificação.

As celebrações pascais da Igreja Católica seguem durante todo o fim de semana. Neste sábado (15), será celebrada a Vigília Pascal, que é o ponto máximo da fé Cristã com a festa da Ressureição do Senhor. Fonte: http://www.cadaminuto.com.br

O Papa Francisco presidiu nesta sexta-feira, em uma Roma blindada, sua quinta Via Crucis como pontífice, ao redor do Coliseu, ao fim da qual rezou pelo “sangue derramado pelos inocentes” por conta das guerras e injustiças.

Ao final do percurso com o qual se rememora o calvário de Cristo até sua crucificação, o papa pronunciou mais de sete vezes a palavra “vergonha” para enumerar os pecados, omissões, injustiças, escândalos e horrores que atingem o mundo e a Igreja.

“Vergonha pelo sangue de inocentes que cotidianamente é derramado de mulheres, crianças, imigrantes, pessoas perseguidas pela cor da pele ou por seu pertencimento étnico, social, ou por sua fé”, disse o papa com voz firme e, às vezes, comovida.

Dirigindo-se ao Cristo crucificado, o papa argentino reconheceu sua “vergonha por todas as imagens de devastação, destruição e naufrágio, que se tornaram comuns para nós”, acrescentou.

O papa Francisco reconheceu também sua “vergonha por todas as vezes que bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas feriram seu corpo, a Igreja”, em alusão aos abusos cometidos por padres pedófilos.

Em sua oração, o pontífice pediu por “irmãos atingidos pela violência, pela indiferença e pela guerra” e pediu que “rompam as cadeias que nos fazem prisioneiros de nosso egoísmo, de nossa cegueira involuntária, e da vaidade de nossos cálculos mundanos”.

O papa chegou às 21H00 locais (16H00 de Brasília) ao célebre monumento romano, onde cerca de 20.000 pessoas, entre elas turistas e religiosos, além da prefeita de Roma, Virgina Raggi, o esperavam, algumas com tochas.

O percurso noturno ao redor do Coliseu foi feito neste ano em um clima particular, marcado pelas fortes medidas de segurança adotadas desde os atentados de domingo passado no Egito contra duas igrejas de cristãos coptas, que deixaram 45 mortos.

– Roma blindada –

“Roma está blindada, vigiada. Espero que não aconteça nada”, comentou uma jovem à emissora italiana RAI, que transmitiu ao vivo o evento para inúmeros países.

Toda a área foi vigiada por patrulhas da polícia e pelo exército, além de corpos especiais de Inteligência.

Tanques do exército foram colocados na entrada da grande avenida que leva ao Coliseu para impedir ataques contra a multidão com automóveis, como ocorreu em Londres e Nice.

Francisco, de 80 anos, presidiu – como no ano passado – o rito do terraço do Palatino, em frente ao imponente anfiteatro romano, sem percorrer a pé as 14 estações.

Para esta ocasião, as meditações foram escritas pela biblista francesa Anne-Marie Pelletier, que decidiu não usar os nomes que habitualmente usa.

Entre os novos nomes das 14 estações destacam-se “Jesus é negado por Pedro”, “Jesus e Pilatos”, enquanto a última, a 14ª, se chamou “Jesus no sepulcro e as mulheres”, tema que desenvolveu a questão feminina, das mulheres que sofrem.

Em cada uma das estações, algumas colocadas dentro do monumento, uma cruz cinza feita especialmente para o rito foi carregada por jovens, imigrantes e religiosos.

Na 10ª estação, uma família colombiana formada por Claver Martínez Ariza, sua esposa Marlene e seus dois filhos, levou a cruz. Na 8ª, foi carregada por uma família egípcia.

As duas famílias representam os dois países que o papa argentino anunciou que visitará neste ano para pedir o diálogo e a reconciliação, em particular na Colômbia, onde espera promover em setembro o perdão após a histórica assinatura do acordo de paz com a guerrilha das Farc, que pôs fim a mais de 50 anos de conflito.

Antes da Via Crucis, o pontífice, vestido de vermelho, se deitou sobre uma tapete na basílica de São Pedro, sem a cruz em seu peito e o anel de pescador, como um sinal de que Jesus morreu.

No domingo, as celebrações atingirão o ápice da Semana Santa com a missa da Ressurreição e com a mensagem “Urbi et orbi”, que significa “à cidade e ao mundo”. Fonte: http://istoe.com.br

(13/04/2017) «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos» (Lc 4, 18). O Senhor, Ungido pelo Espírito, leva a Boa-Nova aos pobres. Tudo aquilo que Jesus anuncia é Boa-Nova; alegra com a alegria evangélica; e o mesmo se diga de nós, sacerdotes, de quem foi ungido em seus pecados com o óleo do perdão, e ungido no seu carisma com o óleo da missão, para ungir os outros. E, tal como Jesus, o sacerdote torna jubiloso o anúncio com toda a sua pessoa. Quando pronuncia a homilia – breve, se possível –, fá-lo com a alegria que toca o coração do seu povo, valendo-se da Palavra com que o Senhor o tocou na sua oração. Como qualquer discípulo missionário, o sacerdote torna jubiloso o anúncio com todo o seu ser. Aliás, como todos experimentamos, são precisamente os detalhes mais insignificantes que melhor contêm e comunicam a alegria: o detalhe de quem dá um pequeno passo a mais, fazendo com que a misericórdia transborde nas terras de ninguém; o detalhe de quem se decide a concretizar, fixando dia e hora para o encontro; o detalhe de quem deixa, com suave disponibilidade, que ocupem o seu tempo…

A Boa-Nova pode parecer simplesmente um modo diferente de dizer «Evangelho», como «feliz anúncio» ou «boa notícia». Todavia contém algo que compendia em si tudo o mais: a alegria do Evangelho. Compendia tudo, porque é jubilosa em si mesma.

A Boa-Nova é a pérola preciosa do Evangelho. Não é um objeto; mas uma missão. Bem o sabe quem experimenta «a suave e reconfortante alegria de evangelizar» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 10).

A Boa-Nova nasce da Unção. A primeira, a «grande unção sacerdotal» de Jesus, é a que fez o Espírito Santo no seio de Maria.

Naqueles dias, a boa-nova da Anunciação fez a Virgem Mãe cantar o Magnificat, encheu de um sacro silêncio o coração de José, seu esposo, e fez saltar de gozo João no seio de sua mãe Isabel.

Hoje, Jesus regressa a Nazaré e a alegria do Espírito renova a Unção na pequena sinagoga local: o Espírito pousa e espalha-Se sobre Ele, ungindo-O com o óleo da alegria (cf. Sal 45/44, 8).

A Boa-Nova. Uma única palavra – Evangelho – que, no ato de ser anunciada, se torna verdade jubilosa e misericordiosa.

Que ninguém procure separar estas três graças do Evangelho: a sua Verdade – não negociável –, a sua Misericórdia – incondicional com todos os pecadores – e a sua Alegria – íntima e inclusiva.

Nunca a verdade da Boa-Nova poderá ser apenas uma verdade abstrata, uma daquelas que não se encarnam plenamente na vida das pessoas, porque se sentem mais confortáveis na palavra escrita dos livros.

Nunca a misericórdia da Boa-Nova poderá ser uma falsa compaixão, que deixa o pecador na sua miséria, não lhe dando a mão para se levantar nem o acompanhando para dar um passo mais no seu compromisso.

Nunca a Boa-Nova poderá ser triste ou neutra, porque é expressão duma alegria inteiramente pessoal: «a alegria dum Pai que não quer que se perca nenhum dos seus pequeninos» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 237): a alegria de Jesus, ao ver que os pobres são evangelizados e que os pequeninos saem a evangelizar (cf. ibid., 5).

As alegrias do Evangelho – uso agora o plural, porque são muitas e variadas, segundo o modo como o Espírito as quer comunicar em cada época, a cada pessoa, em cada cultura particular – são alegrias especiais. Chegam-nos em odres novos, aqueles de que fala o Senhor para expressar a novidade da sua mensagem.

Partilho convosco, queridos sacerdotes, queridos irmãos, três ícones de odres novos em que a Boa-Nova se conserva bem, não se torna vinagrenta e se derrama em abundância.

Um ícone da Boa-Nova é o das talhas de pedra das bodas de Caná (cf. Jo 2, 6). Num detalhe, as talhas espelham bem aquele Odre perfeito que é – em Si mesma, toda inteira – Nossa Senhora, a Virgem Maria. Diz o Evangelho que «as encheram até acima» (Jo 2, 7). Imagino que algum dos serventes terá olhado para Maria para ver se já bastava assim, e terá havido um gesto com o qual Ela terá dito para acrescentar mais um balde. Maria é o odre novo da plenitude contagiosa. É «a serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 286), é a Nossa Senhora da prontidão, Aquela que acabara de conceber em seu seio imaculado o Verbo da vida e já parte para ir visitar e servir a sua prima Isabel. A sua plenitude contagiosa permite-nos superar a tentação do medo: não ter coragem de se deixar encher até acima, aquela pusilanimidade de não ir contagiar de alegria os outros. Não haja nada disto, porque «a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus» (ibid., 1).

O segundo ícone da Boa-Nova é aquele cântaro – com a sua concha de pau – que trazia à cabeça a Samaritana, sob o sol ardente do meio-dia (cf. Jo 4, 5-30). Expressa bem uma questão essencial: ser concreto. O Senhor, que é a Fonte de Água viva, não tinha um meio para tirar água e beber alguns goles. E a Samaritana tirou água do seu cântaro com a concha e saciou a sede do Senhor. E saciou-a ainda mais com a confissão dos seus pecados concretos. Agitando o odre daquela alma samaritana, transbordante de misericórdia, o Espírito Santo derramou-Se sobre todos os habitantes daquela pequena cidade, que convidaram o Senhor a demorar-Se no meio deles.

Um odre novo com esta concretização inclusiva, no-lo presenteou o Senhor na alma «samaritana» que foi Madre Teresa de Calcutá. Ele chamou-a e disse-lhe: «Tenho sede». «Vem, pequenina minha! Leva-Me aos tugúrios dos pobres. Vem! Sê a minha luz. Não posso ir sozinho. Não Me conhecem, por isso não Me querem. Leva-Me a eles». E ela, começando por um pobre concreto, com o seu sorriso e o seu modo de tocar as feridas com as mãos, levou a Boa-Nova a todos.

      O terceiro ícone da Boa-Nova é o Odre imenso do Coração trespassado do Senhor: integridade suave, humilde e pobre, que atrai todos a Si. D’Ele devemos aprender que, anunciar uma grande alegria àqueles que são muito pobres, só se pode fazer de forma respeitosa e humilde, até à humilhação. A evangelização não pode ser presunçosa. Não pode ser rígida a integridade da verdade. O Espírito anuncia e ensina «a verdade completa» (Jo 16, 13), e não tem medo de a dar a beber aos goles. O Espírito diz-nos, em cada momento, aquilo que devemos dizer aos nossos adversários (cf. Mt 10, 19) e ilumina-nos sobre o pequeno passo em frente que podemos dar naquele momento. Esta integridade suave dá alegria aos pobres, reanima os pecadores, faz respirar aqueles que estão oprimidos pelo demónio.

Queridos sacerdotes, contemplando e bebendo destes três odres novos, que a Boa-Nova tenha em nós a plenitude contagiosa que Nossa Senhora transmite com todo o seu ser, a concretização inclusiva do anúncio da Samaritana e a integridade suave com que o Espírito jorra e Se derrama incessantemente a partir do Coração trespassado de Jesus, Nosso Senhor. Fonte: http://pt.radiovaticana.va

A emissora vai exibir a novela duas vezes ao dia

Na próxima segunda (17), o público da TV Aparecida poderá conferir a reexibição da novela 'A Padroeira', da Globo. A trama que foi exibida orginalmente em 2001 marca a primeira vez que a Globo cede uma produção para outro canal do Brasil e ainda gratuitamente.

A emissora resolveu ceder a novela em homenagem aos 300 anos em que a imagem da Santa foi encontrada pelos pescadores. A transação foi acertada pela família Marinho e o arcebispo dom Raymundo Damasceno Assis.

Segundo o UOL, a emissora vai exibir a novela duas vezes ao dia. Às 19h sempre um capítulo inédito; às 22h30, a reprise. 'A Padroeira' é protagonizada por Deborah Secco, Maurício Mattar e Luigi Baricelli. A TV Aparecida apenas terá que pagar os direitos de imagem do elenco. Fonte: www.noticiasaominuto.com.br

 

 

Frei Petrônio de Miranda, Carmelita.

Nos últimos dias, aqui do Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro, entrei em contato com a administração de Lagoa da Canoa da Canoa-AL através do Vice-Prefeito, sr. Paulo Aguiar, e falei sobre o abandono que se encontrava a imagem de Nossa Senhora Aparecida na entrada da Comunidade Capim-minha terra natal- monumento este feito através de nosso pedido ao então prefeito na época, Sr. Jairzinho.

Estive no mês da Padroeira do Brasil e da Comunidade Capim em outubro do ano passado- como aliás faço todos os anos- e, mesmo  solicitando uma limpeza ao então gestor, sr. Álvaro Melo, não fomos atendidos e a nossa querida Padroeira ficou abandonada. Repito, abandonada!

Venho de público agradecer a atual administração na pessoa da Prefeita, sra. Tainá Veiga e do seu vice, sr. Paulo Aguiar, por atender não um pedido do Frei Petrônio de Miranda, mas das Comunidades; Capim, Pau- D`Arco e Mata Limpa, uma vez que nossa Senhora Aparecida acolhe e abençoa a todos que passa naquela estrada.  Além do mais, estamos em pleno Ano Mariano da celebração dos 300 Anos do encontro da Mãe de Deus com os pescadores em Aparecida do Norte/SP.

Aqui de Brasília, onde encontro-me em Missão nesses dias, aproveito para desejar uma ótima Semana Santa.

Que Deus abençoe a todos e boa caminhada até o Cruzeiro dos Olhos D`água. Ah! E ainda tem político que “não sabe” porque perdeu a última eleição... Pelo amor de Deus! (Fotos da reforma. Fonte: facebook)

Em algumas aldeias do sudeste de Portugal, a falta de padres católicos levou mulheres locais, simples fiéis, a celebrar elas próprias cerimônias para animar a vida religiosa destas comunidades, antigas, mas abertas à mudança.

Na minúscula igreja de Carrapatelo, aldeia de meia centena de casas construídas sobre uma colina com vista para os vinhedos da região de Reguengos de Monsaraz, Claudia Rocha, vestida de preto, se dirige a uma dezena de fiéis, mulheres idosas em sua maioria.

Enquanto sua bolsa de couro e seu smartphone a esperam apoiados no primeiro banco, a jovem de 31 anos conduz com facilidade esta “assembleia dominical na ausência de padre”. Após as orações e os cantos litúrgicos, ela mesma comenta as leituras bíblicas do dia, como faria qualquer outro prelado.

Ao fim da cerimônia, distribui a comunhão como ocorre na missa, com a única diferença de que as hóstias que reparte foram benzidas por um padre e que ela não bebe o vinho que representa o sangue de Cristo. “Se eu não estivesse aqui hoje, esta igreja estaria fechada. Pouco importa que seja mulher, diácono ou padre: o que conta é ter alguém que pertença à comunidade e mantenha o vínculo com o padre, inclusive quando ele não está”, explica à AFP.

– ‘Nada novo’ –

Esta assistente social, divorciada e sem filhos, faz parte do grupo de 16 laicos, oito mulheres e oito homens, escolhidos pelo padre Manuel José Marques para ajudá-lo a conservar uma presença regular da igreja nas sete paróquias sob sua responsabilidade.

“Pode parecer raro e novo, mas não inventamos nada. Trata-se de uma ferramenta prevista pela Igreja há muito tempo, para os casos em que seja absolutamente necessário”, destaca este padre de 57 anos. Efetivamente, outros países têm este tipo de celebrações sem ministro ordenado, como Alemanha, França, Suíça ou Estados Unidos, devido à falta de padres católicos. Sua aparição remonta aos anos 80, mas o Vaticano e muitos eclesiásticos se negam a encorajá-la por medo de uma banalização da missa.

O padre Manuel José, por sua vez, não encara isso com maus olhos. Em Reguengos de Monsaraz, localidade da região do Alentejo, perto da fronteira com a Espanha, assembleias dominicais como essas, realizadas há mais de uma década, são necessárias. Os fiéis que o ajudam de forma voluntária, de 24 a 65 anos, “são pessoas que têm a experiência da fé e do encontro com Jesus Cristo, e que sabem falar disso”, resume, ressaltando que não faz nenhuma distinção entre homens e mulheres.

O recurso às mulheres laicas existe em outras regiões rurais de Portugal, país de dez milhões de habitantes, dos quais 88% são católicos, segundo estimativas da Igreja, e que tem apenas 3.500 padres para 4.400 paróquias.

– ‘Assunto delicado’ –

Em agosto passado, o papa Francisco criou uma comissão de estudo sobre o papel das mulheres diaconisas nos trabalhos do cristianismo. E embora tenha desmentido ter “aberto o caminho para as diaconisas”, sua iniciativa é encarada como um gesto de abertura potencialmente histórico sobre o papel das mulheres no seio da Igreja.

“É um assunto muito delicado, mas nós o simplificamos. Nesta pequena aldeia, tomamos a dianteira do Vaticano”, considera Claudia Rocha ao sair da igreja. Exibindo um espírito progressista, o padre Manuel José considera que “as mulheres seriam padres e diaconistas muito boas”. No entanto, adverte, “não é a opinião de um padre nem de dez que fazem a teologia”.

Os paroquianos, por sua vez, aprovam a presença de uma mulher no púlpito. “No início achávamos estranho: ‘Uma mulher ministrando a missa?’ Mas depois nos acostumamos”, explica Angélica Vital, aposentada de 78 anos. “E, se faltam padres, acredito que deveriam poder se casar… são homens, assim como o resto”, afirma com um sorriso. Fonte: http://istoe.com.br