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"O aborto jamais pode ser considerado um direito da mulher ou do homem, sobre a vida do nascituro", afirmam os bispos.
Na tarde desta terça-feira, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu Nota Oficial "Pela vida, contra o aborto". Os bispos reafirmam posição firme e clara da Igreja "em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural" e, desse modo lembra condenam "todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil".
"O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu", sublinham os bispos.
Os bispos ainda lembram que "o respeito à vida e à dignidade das mulheres deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas. A Igreja quer acolher com misericórdia e prestar assistência pastoral às mulheres que sofreram a triste experiência do aborto". E afirmam: "A sociedade é devedora da mulher, particularmente quando ela exerce a maternidade".
Atitudes antidemocráticas
Na Nota, os bispos afirmam: "Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar".
A CNBB pede: "O Projeto de Lei 478/2007 - “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado". E conclama: as "comunidades a unirem-se em oração e a se mobilizarem, promovendo atividades pelo respeito da dignidade integral da vida humana".
Leia a Nota:
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL- Presidência
NOTA DA CNBB
PELA VIDA, CONTRA O ABORTO
“Não matarás, mediante o aborto, o fruto do seu seio”(Didaquê, século I)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através da sua Presidência, reitera sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural . Condena, assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil.
O direito à vida é incondicional. Deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu. Na realidade, desde quando o óvulo é fecundado, encontra-se inaugurada uma nova vida, que não é nem a do pai, nem a da mãe, mas a de um novo ser humano. Contém em si a singularidade e o dinamismo da pessoa humana: um ser que recebe a tarefa de vir-a-ser. Ele não viria jamais a tornar-se humano, se não o fosse desde início . Esta verdade é de caráter antropológico, ético e científico. Não se restringe à argumentação de cunho teológico ou religioso.
A defesa incondicional da vida, fundamentada na razão e na natureza da pessoa humana, encontra o seu sentido mais profundo e a sua comprovação à luz da fé. A tradição judaico-cristã defende incondicionalmente a vida humana. A sapiência e o arcabouço moral do Povo Eleito, com relação à vida, encontram sua plenitude em Jesus Cristo . As primeiras comunidades cristãs e a Tradição da Igreja consolidaram esses valores . O Concílio Vaticano II assim sintetiza a postura cristã, transmitida pela Igreja, ao longo dos séculos, e proclamada ao nosso tempo: “A vida deve ser defendida com extremos cuidados, desde a concepção: o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis” .
O respeito à vida e à dignidade das mulheres deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas. A Igreja quer acolher com misericórdia e prestar assistência pastoral às mulheres que sofreram a triste experiência do aborto. O aborto jamais pode ser considerado um direito da mulher ou do homem, sobre a vida do nascituro. A ninguém pode ser dado o direito de eliminar outra pessoa. A sociedade é devedora da mulher, particularmente quando ela exerce a maternidade. O Papa Francisco afirma que “as mães são o antídoto mais forte para a propagação do individualismo egoísta. ‘Indivíduo’ quer dizer ‘que não se pode dividir’. As mães, em vez disso, se ‘dividem’ a partir de quando hospedam um filho para dá-lo ao mundo e fazê-lo crescer”.
Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar.
O direito à vida é o mais fundamental dos direitos e, por isso, mais do que qualquer outro, deve ser protegido. Ele é um direito intrínseco à condição humana e não uma concessão do Estado. Os Poderes da República têm obrigação de garanti-lo e defendê-lo. O Projeto de Lei 478/2007 - “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado.
Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; “causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto” . São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto.
É um grave equívoco pretender resolver problemas, como o das precárias condições sanitárias, através da descriminalização do aborto. Urge combater as causas do aborto, através da implementação e do aprimoramento de políticas públicas que atendam eficazmente as mulheres, nos campos da saúde, segurança, educação sexual, entre outros, especialmente nas localidades mais pobres do Brasil. Espera-se do Estado maior investimento e atuação eficaz no cuidado das gestantes e das crianças. É preciso assegurar às mulheres pobres o direito de ter seus filhos. Ao invés de aborto seguro, o Sistema Público de Saúde deve garantir o direito ao parto seguro e à saúde das mães e de seus filhos.
Conclamamos nossas comunidades a unirem-se em oração e a se mobilizarem, promovendo atividades pelo respeito da dignidade integral da vida humana.
Neste Ano Mariano Nacional, confiamos a Maria, Mãe de Jesus, o povo brasileiro, pedindo as bênçãos de Deus para as nossas famílias, especialmente para as mães e os nascituros.
Brasília-DF, 11 de abril de 2017.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo U. Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Fonte:http: www.cnbb.org.br
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Zé Vicente, cantor.
Agora é nossa vez, de orarmos, nesta Santa Semana, por você.
Eu, o jovem Juazeiro, que você plantou conosco, no terreiro da cozinha da Casa Mãe, lá no Sertão, que tanto amamos; as crianças, com seus pais e mães, aquelas, que numa linda manhã, luas atrás, abençoastes e brincastes, decifrando os nomes.
Sua família Carmelitana, da redondeza de Caririaçu, Cajazeiras e a vasta família de tantos recantos está em comunhão orante.
..................
Mas, se bem o conheço, você não aceitaria uma só gota de oração, para você, individual, por isso, seja nossa prece, para todos os que buscam saúde integral, holística, corpo e espírito e, para todas as vítimas das guerras e das exclusões, para quem está sedento de Justiça plena e, vida vitoriosa, para o nosso canto pascal, domingo que vem! Amém.
Fonte: Facebook
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AO VIVO DIRETO DE BRASÍLIA/DF: Santa Missa de Ramos com Frei João Carlos, Carmelita, Pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Carmo de Brasília. Daqui a pouco veja transmissão aqui no olhar. Para interagir ao vivo vc deve ser seguidor do Frei Petrônio adicionando: www.facebook.com/freipetros.
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Para cometer o crime, ele convenceu garota de que estava enfeitiçada e, para quebrar o feitiço, deveria ter relações sexuais com 'um homem de Deus'.
Pastor é preso suspeito de crime sexuais contra adolescentes em Campos Novos
Um pastor foi preso em Campos Novos, no Oeste catarinense, na quinta-feira (6) suspeito de estuprar uma menina de 12 anos que frequentava a igreja dele e enviar mensagens para tentar abusar de outras duas. De acordo com a Polícia Civil, ele convenceu a garota de que estava enfeitiçada e, para resolver o problema, deveria ter relações sexuais com ele.
Conforme o delegado Luis Eduardo Machado Córdova, em 2016, o pastor falou para menina de 12 anos que Deus iria lhe dar uma missão e, dias depois, enviou uma mensagem para o celular dela dizendo que havia um feitiço e a única maneira de quebrá-lo seria ter relações sexuais ao menos sete vezes com um homem de muita fé e que fosse casado. Quando a menina procurou o pastor para pedir orientações, os abusos começaram, conforme a polícia. Segundo delegado, o pastor estuprou a garota e fez tentativa de violação sexual mediante fraude contra as outras duas.
Tentativas
Durante as investigações, os policiais apuraram também que em março deste ano, o suspeito habilitou um celular em nome de uma mulher que frequentava a igreja dele e encaminhou uma mensagem para as garotas de 15 e de 16 anos, se passando por um rapaz que teria estudado com elas, cujo pai era feiticeiro e havia feito um feitiço contra elas.
No texto, o pastor dizia que as meninas deviam ter relações sexuais por ao menos sete vezes com “um grande homem de Deus, abençoado e casado, mas que ninguém poderia saber disso, caso contrário, elas poderiam até morrer”, informou a polícia.
Horas depois, as adolescentes procuraram o pastor para pedir ajuda e mostraram a mensagem. Segundo os policiais, ele se aproveitou da condição de autoridade religiosa para começar uma série de conversas com as meninas.
“Ele atuava há quatro anos em Campos Novos. Em 2016, a família da menina de 15 anos registrou um boletim de ocorrência porque o pastor cometeu delito contra honra depois de uma declaração que colocou em dúvida a virgindade da garota”, disse o delegado.
Sonhos
Nas mensagens, ele dizia às adolescentes que “obedecer a orientação seria a única maneira de ‘vencer o mal’ e que ele estava à disposição para o que fosse preciso”.
Em algumas conversas, ele disse às garotas que havia sonhado que isso aconteceria, em outras, afirmou que aquilo era ordem de Deus e não havia escolha, senão cumpri-la, conforme os policiais.
De acordo com a Polícia Civil, o inquérito foi concluído e entregue ao Ministério Público que ofereceu a denúncia contra o suspeito. O pastor foi conduzido ao presídio de Campos Novos, segundo a polícia. O G1 não conseguiu contato com o MP até a publicação desta notícia. Fonte: http://g1.globo.com
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Pelo terceiro ano consecutivo, a Arquidiocese de Mumbai está pedindo aos fiéis para levar a tradição da Quaresma de abrir mão de algo um pouco mais longe, pedindo por um jejum de carbono, na tentativa de conscientizar sobre a necessidade de cuidar do planeta. A reportagem é de Nirmala Carvalho, publicada por Crux, 28 -02-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
A Quaresma está aí mais uma vez e a hierarquia está cada vez mais criativa para usar este período para estimular os paroquianos a serem pessoas e cidadãos melhores. Muitos estadunidenses aproveitam a oportunidade de combinar a observância religiosa e a tentativa de largar vícios pouco saudáveis, como o cigarro, o álcool ou o açúcar.
A Arquidiocese de Mumbai [anteriormente conhecida como Bombaim] está indo bem adiante, em uma tentativa de fazer as pessoas pensarem não só no futuro de sua própria saúde, mas também na saúde do planeta. Com isto em mente, eles emitiram um convite ao jejum de carbono durante a Quaresma de 2017.
O site da arquidiocese afirma: "o jejum de carbono desafia as pessoas a refletirem sobre suas ações diárias e sobre seu impacto sobre o meio ambiente."
As campanhas pelo jejum de carbono, segundo eles, "são projetadas para que, durante a Quaresma, as pessoas tomem pequenas atitudes para reduzir a produção de dióxido de carbono com a esperança de ajudar o ambiente e tornar o mundo um passo mais próximo de uma existência sustentável. Os passos praticados durante a Quaresma devem ter continuidade, de modo que a mudança seja duradoura".
Por muito tempo considerada uma dos megacidades mais poluídas do mundo, um estudo recente do Instituto Indiano de Tecnologia de Bombaim mostrou que em 2015 a poluição do ar contribuiu para 80.665 mortes prematuras de adultos acima de 30 anos em Mumbai e Deli.
O comunicado da Arquidiocese de Mumbai também aponta que, enquanto muitas pessoas optam por se abster de algo tão pequeno quanto chocolate, "este ano o nosso desafio é mais profundo, é o jejum de carbono - para reduzir as ações que prejudicam a Criação de Deus; para reduzir nosso uso de gasolina, eletricidade, plástico, papel, água e toxinas".
O bispo auxiliar de Mumbai Allwyn D'Silva explicou que nos "últimos 2 anos, a Arquidiocese de Bombaim adotou o jejum de carbono durante a Quaresma e este ano também queremos continuar com a iniciativa que as pessoas passaram a manter mesmo após a época da Quaresma."
Fazer com que as pessoas pensem para além da época da Quaresma e façam mudanças permanentes em seu comportamento é um objetivo difícil, mas que D'Silva e muitos outros consideram necessário.
Nas últimas duas décadas, D'Silva vem tentando reduzir o impacto do aquecimento global através de várias iniciativas de conscientização, educação ambiental nas escolas e publicação de trabalhos acadêmicos para que as paróquias sejam mais ecológicas.
D'Silva envolveu-se com as questões ambientais quando a consciência do público em geral era mínima. Ele se envolveu ativamente com questões de danos ecológicos - participando de workshops, organizando seminários e realizando atividades de auxílio às comunidades marginalizadas afetadas pelas mudanças climáticas.
O lema episcopal de D'Silva é "Cuidado com a Criação" e, atualmente, ele é Secretário do gabinete para a Mudança Climática da Federação das Conferências Episcopais da Ásia (FABC). Ele é um grande apoiador da encíclica do Papa Francisco, Laudato Si'.
"No livro da criação, lemos que Deus criou um mundo belo e viu que o mundo era bom, mas, infelizmente, nós destruímos o mundo com nossas ações", disse D'Silva à Crux.
"[A luta contra a] mudança climática está enraizada na fé, pois cuidar da criação é manifestar o seu amor pelo Criador. Quanto mais cuidamos da criação, mais nos espiritualizamos", disse ele. "A incerteza paira sobre o clima, as enchentes e a elevação das temperaturas e já causou uma série de prejuízos. Muitas medidas precisam ser tomadas para que se faça algo sobre isso, não só na Índia, mas em todo o mundo."
As paróquias da Arquidiocese vão planejar um jejum de carbono no dia atribuído a cada uma delas. O jejum de carbono da arquidiocese acontecerá a partir da quarta-feira de cinza, 1º de março, até o sábado do dia 08 de abril de 2017.
*Bombaim ou, oficialmente, Mumbai é a maior e mais importante cidade da Índia. Conta com uma população estimada em 12. 478. 447 habitantes residindo apenas em seu núcleo urbano,
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“Saberemos dar espaço para aquele Deus de Jesus que vem, como um ladrão, para nos roubar as nossas certezas religiosas amadurecidas? Porque, na cruz, é transpassada aquela ideologia tranquilizadora que faz de Deus o poderoso fiador das nossas posições adquiridas.” A opinião é dos pastores batistas italianos Lidia Maggi e Angelo Reginato, em artigo publicado na revista Riforma, publicação das Igrejas evangélicas batista, metodista e valdense italianas, de abril de 2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
O tempo que precede a Páscoa pretende promover a sabedoria de diminuir o ritmo, de podar as vidas de todos aqueles elementos não essenciais que as engolem, de modo que possa emergir o coração do Evangelho, o Cristo morto e ressuscitado.
Quarenta dias, um tempo litúrgico que remete aos 40 anos no deserto, nos quais Israel aprendeu a se deixar alimentar diretamente por Deus. Para nós, um tempo de verificação para nos interrogarmos sobre a nossa bulimia de paixões tristes, que impedem que a alegria pascal flua.
Um tempo para revisitar a nossa dieta espiritual e nos interrogarmos sobre as carências alimentares: que papel tem a oração, aquele diálogo precioso com Deus? Que papel desempenha a comunidade de fé, na qual Deus me fala através da voz de irmãs e irmãos? Que peso tem a Palavra que, como bom pão, sacia e fortifica? O êxodo de Jesus, da morte à vida, é como um parto.
A Quaresma, um tempo de gestação para conservar e fazer crescer em nós a esperança da nova vida. Quando o trabalho de parto tem início, não pode ser suspenso. Assim também nós, no tempo que precede a Páscoa, esperamos captar aquelas contrações vitais da alma, que nos fazem perceber os sinais do renascimento. Dor, fadiga, mas também alegria. Movimentos da alma contraditórios, para manter juntos o anúncio da vida na agonia da última hora.
Todos os anos, voltamos à cena-mãe da fé cristã, a Páscoa de Jesus para reconhecer que algo daquela cena que escapa. Quanto mais tentamos compreendê-la, mais sentimos que ela resiste a nós. Como manter juntos o plano de Deus (“é preciso que o filho do homem sofra...”) e as escolhas humanas (“fizeram um plano para matá-lo...”)? Uma questão que emerge já na primeira Páscoa, a do Egito: é Deus que endurece o coração do faraó, ou é este último que o endurece por livre escolha? E, depois, o problema dos problemas: como interpretar o “por nós” daquela morte cruenta? Expiação, dom, resultado de uma vida?
É claro, no conflito das interpretações fornecidas em dois mil anos de cristianismo, algumas evidências permanecem. É impossível não ver naquela cena a inversão do imaginário religioso que, desde sempre, pensou um Deus que pede que a humanidade se sacrifique por Ele, enquanto no Gólgota é Deus que se sacrifica por nós.
Na cruz, entrevemos um rosto de Deus diferente daquele percebido pelo sentimento comum; lá, revela-se o Deus da graça. Partamos daí, da revelação que está no coração da cena da cruz, onde o véu do templo se rasga, e nós entretemos o rosto de Deus. Rosto inédito. Quando só O podíamos ver de costas, O pensávamos exatamente ao contrário. Como o Senhor que está no alto e impõe que os Seus subalternos O sirvam. E, assim, a religião educou a reconhecer e a temer a potência de Deus. E, no nome desse Deus, reproduziu o consenso aos poderosos da terra, tenentes do trono celestial. E pregou a manutenção da ordem: “Que um homem só morra pelo povo e não pereça toda a nação!”.
Também nós, que reconhecemos na cruz a sua ação salvífica, continuamos imaginando Deus de acordo com aquela narrativa religiosa. Narrativa que pode apresentar entre os seus méritos a manutenção da ordem e de um certo tipo de paz. E não é, talvez, essa a tarefa da religião, especialmente hoje, em tempos de enfurecimento do terrorismo?
Não que haja algo de errado em desejar um deus que possa garantir uma vida tranquila. Ao contrário. Mas, na cena da cruz, os imaginários humanos são postos de cabeça para baixo. Aquele Filho, que nos deu a conhecer a Deus, apresenta-se inerme, à baila dos poderes, por uma vez muito concordes em eliminá-lo, fazendo dele um maldito a ser crucificado. Ele que, por muito tempo, tinha preparado os seus discípulos para tomar a cruz, para perder a própria vida por causa dele, ei-lo que, tendo chegado a hora fatal, preocupa-se em salvá-los. João focaliza essa preocupação do Mestre até reinterpretar a vil fuga dos seus na despedida desejada pelo próprio Jesus: “‘Quem é que vocês estão procurando?’ Eles responderam: ‘Jesus de Nazaré.’ Jesus falou: ‘Já lhes disse que sou eu. Se vocês estão me procurando, deixem os outros irem embora’” (18, 7-8).
O que significa crer em um Deus assim? Tentemos, por uma vez, abrir mão da pergunta sobre “o que fazer”. Não que não seja preciso: todos percebemos a urgência de agir. A Igreja, no rastro desse seu Senhor, é chamada a viver uma fé que opera por meio do amor. Mas, pelo menos na Páscoa, suspendamos o costumeiro operar e tornemo-nos uma comunidade inoperante, na escuta pura dessa chocante revelação do Deus crucificado.
Escutemos aquela voz que o coração reconhece como proveniente de Deus e que diz: “Busquem o meu rosto!” (Salmo 27, 8). Seremos capazes disso? Saberemos dar espaço para aquele Deus de Jesus que vem, como um ladrão, para nos roubar as nossas certezas religiosas amadurecidas? Porque, na cruz, é transpassada aquela ideologia tranquilizadora que faz de Deus o poderoso fiador das nossas posições adquiridas.
O desafio, portanto, é o de ficar na cena da cruz, silenciando explicações e expectativas demasiado humanas, para retornar principiantes, capazes de nos admirarmos com um Deus inimaginável, que irrompe na história fazendo gestos inesperados.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, nesta quinta-feira, dia 23 de março, uma nota sobre a Reforma da Previdência. No texto, aprovado pelo Conselho Permanente da entidade, os bispos elencam alguns pontos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, considerando que a mesma “escolhe o caminho da exclusão social” e convocam os cristãos e pessoas de boa vontade “a se mobilizarem para buscar o melhor para o povo brasileiro, principalmente os mais fragilizados”. A informação é publicada por CNBB, 23-03-2017.
Em entrevista coletiva à imprensa, também foram apresentadas outras duas notas. Uma sobre o foro privilegiado e outra em defesa da isenção das instituições filantrópicas. Na ocasião, a Presidência da CNBB falou das atividades e temas de discussão durante a reunião do Conselho Permanente, que teve início na terça-feira, dia 21 e terminou no fim da manhã desta quinta, 23.
Apreensão
Na nota sobre a PEC 287, a CNBB manifesta apreensão com relação ao projeto do Poder Executivo em tramitação no Congresso Nacional. “A previdência não é uma concessão governamental ou um privilégio. Os direitos Sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio”, salientam os bispos.
O Governo Federal argumenta que há um déficit previdenciário, justificativa questionada por entidades, parlamentares e até contestadas levando em consideração informações divulgadas por outros governamentais. Neste sentido, os bispos afirmam não ser possível “encaminhar solução de assunto tão complexo com informações inseguras, desencontradas e contraditórias”.
A entidade valorizou iniciativas que visam conhecer a real situação do sistema previdenciário brasileiro com envolvimento da sociedade.
Eis a nota.
“Ai dos que fazem do direito uma amargura e a justiça jogam no chão”. (Amós 5,7)
O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, dos dias 21 a 23 de março de 2017, em comunhão e solidariedade pastoral com o povo brasileiro, manifesta apreensão com relação à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, de iniciativa do Poder Executivo, que tramita no Congresso Nacional.
O Art. 6º. da Constituição Federal de 1988 estabeleceu que a Previdência seja um Direito Social dos brasileiros e brasileiras. Não é uma concessão governamental ou um privilégio. Os Direitos Sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio.
Abrangendo atualmente mais de 2/3 da população economicamente ativa, diante de um aumento da sua faixa etária e da diminuição do ingresso no mercado de trabalho, pode-se dizer que o sistema da Previdência precisa ser avaliado e, se necessário, posteriormente adequado à Seguridade Social.
Os números do Governo Federal que apresentam um déficit previdenciário são diversos dos números apresentados por outras instituições, inclusive ligadas ao próprio governo. Não é possível encaminhar solução de assunto tão complexo com informações inseguras, desencontradas e contraditórias. É preciso conhecer a real situação da Previdência Social no Brasil. Iniciativas que visem ao conhecimento dessa realidade devem ser valorizadas e adotadas, particularmente pelo Congresso Nacional, com o total envolvimento da sociedade.
O sistema da Previdência Social possui uma intrínseca matriz ética. Ele é criado para a proteção social de pessoas que, por vários motivos, ficam expostas à vulnerabilidade social (idade, enfermidades, acidentes, maternidade...), particularmente as mais pobres. Nenhuma solução para equilibrar um possível déficit pode prescindir de valores éticos-sociais e solidários. Na justificativa da PEC 287/2016 não existe nenhuma referência a esses valores, reduzindo a Previdência a uma questão econômica.
Buscando diminuir gastos previdenciários, a PEC 287/2016 “soluciona o problema”, excluindo da proteção social os que têm direito a benefícios. Ao propor uma idade única de 65 anos para homens e mulheres, do campo ou da cidade; ao acabar com a aposentadoria especial para trabalhadores rurais; ao comprometer a assistência aos segurados especiais (indígenas, quilombolas, pescadores...); ao reduzir o valor da pensão para viúvas ou viúvos; ao desvincular o salário mínimo como referência para o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), a PEC 287/2016 escolhe o caminho da exclusão social.
A opção inclusiva que preserva direitos não é considerada na PEC. Faz-se necessário auditar a dívida pública, taxar rendimentos das instituições financeiras, rever a desoneração de exportação de commodities, identificar e cobrar os devedores da Previdência. Essas opções ajudariam a tornar realidade o Fundo de Reserva do Regime da Previdência Social – Emenda Constitucional 20/1998, que poderia provisionar recursos exclusivos para a Previdência.
O debate sobre a Previdência não pode ficar restrito a uma disputa ideológico-partidária, sujeito a influências de grupos dos mais diversos interesses. Quando isso acontece, quem perde sempre é a verdade. O diálogo sincero e fundamentado entre governo e sociedade deve ser buscado até à exaustão.
Às senhoras e aos senhores parlamentares, fazemos nossas as palavras do Papa Francisco: “A vossa difícil tarefa é contribuir a fim de que não faltem as subvenções indispensáveis para a subsistência dos trabalhadores desempregados e das suas famílias. Não falte entre as vossas prioridades uma atenção privilegiada para com o trabalho feminino, assim como a assistência à maternidade que sempre deve tutelar a vida que nasce e quem a serve quotidianamente. Tutelai as mulheres, o trabalho das mulheres! Nunca falte a garantia para a velhice, a enfermidade, os acidentes relacionados com o trabalho. Não falte o direito à aposentadoria, e sublinho: o direito — a aposentadoria é um direito! — porque disto é que se trata.”
Convocamos os cristãos e pessoas de boa vontade, particularmente nossas comunidades, a se mobilizarem ao redor da atual Reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados.
Na celebração do Ano Mariano Nacional, confiamos o povo brasileiro à intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Deus nos abençoe!
Brasília, 23 de março de 2017.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
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Os líderes do movimento católico conservador de oposição ao Papa Francisco subiram mais um degrau em sua escalada: o cardeal Robert Sarah, nada menos que o prefeito da Congregação do Culto Divino, responsável pela liturgia na Igreja, atacou abertamente o Concílio Vaticano II. Para ele, o rito da missa estabelecido pelo Vaticano II, que retomou os aspectos centrais das celebrações do primeiro século do cristianismo, seria responsável por “desastres, devastações e guerras”.
O concílio, realizado entre 1962 e 1965, renovou a Igreja Católica, que estava estagnado no século XIX (e anteriores) quando o século XX já ia para além da metade. Mais de 2 mil padres conciliares convocados por João XXIII reuniram-se em Roma e buscaram romper com os paradigmas de fechamento, apego à riqueza, insensibilidade ao sofrimento e organização monárquica que marcavam a Igreja desde então. Ainda durante os trabalhos do Concílio, os hierarcas encastelados na Cúria romana, iniciaram o trabalho de demolição de suas decisões, e tiveram enorme espaço durante os papados de João Paulo II e Bento XVI.
O cardeal ganense Sarah é um dos principais líderes da campanha contra Francisco, ao lado do estadunidense Raymond Burke. Em a carta uma conferência litúrgica que advoga a restauração da missa tridentina (rezada em latim e com o padre de costas para as pessoas), o prefeito do Culto Divino com que “rasgou a fantasia” e investiu contra o rito da missa: “não podemos fechar os olhos aos desastres, devastações e guerras que os promotores modernos de uma liturgia viva causaram ao remodelar a liturgia da Igreja de acordo com suas ideias”.
A atacar os 2 mil padres conciliares, o cardeal restauracionista mantém a perspectiva de seus aliados, que consideram “tradição” na Igreja tudo o que foi feito no segundo milênio do cristianismo, especialmente as decisões do Concílio de Trento (1545/1563), ignorando a tradição oriunda das primeiras comunidades cristãs, deturpadas ao longo dos séculos e cuja originalidade do Vaticano II buscou resgatar.
O alvo de Sarah na verdade é o Papa Francisco e um trecho de sua carta é revelador: “muitos creem e declaram em alto e bom som que o Concílio Vaticano II ocasionou uma verdadeira primavera na Igreja (…). Com efeito, um número cada vez maior de líderes eclesiais consideram esta ‘primavera’ como um rechaço, uma renúncia à sua herança milenar”. Para ele, há uma “tendência sacrílega” na Igreja depois do Vaticano II. O uso da expressão “primavera” não foi casual, pois é a palavra corrente para definir o clima na Igreja com a eleição de Francisco.
Os “contras”, que buscam encontrar uma forma de derrubar um Papa querido em todo o mundo –exceto por eles e seus aliados- dão agora um salto no escuro, pois traçam um sinal de igualdade entre Francisco e o Vaticano II: será uma estratégia eficiente investir contra um homem identificando-o ao evento que marcou o ingresso da Igreja na modernidade?
O confronto está cada dia mais agudo.
Fontes: http://outraspalavras.net (Adital)
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A Conferência dos Frades Menores do Brasil, da Ordem fundada por São Francisco em 1209, lançou uma nota dura contra as reformas do governo Temer no Dia Nacional de Mobilização (31 de março). Os franciscanos compararam a pressa do governo Temer em aprovar as reformas com a pressa de Judas para entregar Jesus aos poderosos de então: “O ritmo célere da tramitação de propostas polêmicas em torno de temas delicados faz-nos recordar a pressa de Judas Iscariotes para entregar Jesus aos poderosos. Neste caso, entregue de bandeja ao interesse dos detentores do poder e do dinheiro está o povo brasileiro, especialmente os mais simples: trabalhadores e assalariados.” A nota tem o título de Carta Aberta ao Povo Brasileiro contra a Subtração de Direitos Fundamentais. A carta foi publicada no Blog Caminho para Casa, 31-03-2017.
Os nove líderes regionais da Ordem dos Frades Menores (OFM), além do Definidor Geral da Ordem, sediado em Roma, Frei Valmir Ramos, OFM, que reuniram-se em Olinda (PE), de 27 a 31 de março. Os Franciscanos Menores são o maior dos três ramos tradicionais daquela que é conhecida como família franciscana, composta também pelos Capuchinhos e Conventuais. Os Frades Menores são em mais de 14 mil no mundo e cerca de mil no Brasil.
Na nota, os franciscanos afirmam que as reformas, sobretudo a da Previdência e a terceirização das relações trabalhistas soam como uma corrida das elites para “à força de um momento de instabilidade e insegurança, ver aprovadas leis que, à custa da subtração dos poucos recursos de muitos, concentrar ainda mais a riqueza nas mãos de uma seleta minoria.”
Os líderes franciscanos terminam sua carta lançando uma convocação à mobilização contra as reformas: “Pautados pelos princípios do respeito, da justiça e da paz, valores irrenunciáveis de nossa tradição franciscana, convocamos todas as pessoas de boa vontade, especialmente nas comunidades de fé onde nos fazemos presentes, a se mobilizarem ao redor destes temas, a fim de buscarmos o melhor para o nosso povo.”
A seguir, a íntegra da nota:
Carta Aberta ao Povo Brasileiro contra a Subtração de Direitos Fundamentais.
“Depois do pedaço de pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: ‘O que tens a fazer, executa-o depressa’” (Jo 13,27).
Reunidos no Convento São Francisco, em Olinda (PE), o primeiro Convento da Ordem dos Frades Menores no Brasil (1585), entre os dias 27 e 31 de março, nós, os Ministros e Custódios da Conferência da Ordem dos Frades Menores do Brasil (CFMB), desejamos manifestar nossa máxima preocupação diante do momento político e social que vivemos em nosso país. O ritmo célere da tramitação de propostas polêmicas em torno de temas delicados faz-nos recordar a pressa de Judas Iscariotes para entregar Jesus aos poderosos. Neste caso, entregue de bandeja ao interesse dos detentores do poder e do dinheiro está o povo brasileiro, especialmente os mais simples: trabalhadores e assalariados.
Propostas aos moldes da PEC 287/16, que versa sobre a reforma da Previdência, e o “desengavetamento” repentino e acelerado do Projeto de Lei 4.302/98, que aprova a terceirização irrestrita de todas as atividades profissionais, soam como uma “corrida” contra o tempo de quem deseja, à força de um momento de instabilidade e insegurança, ver aprovadas leis que, à custa da subtração dos poucos recursos de muitos, concentrar ainda mais a riqueza nas mãos de uma seleta minoria.
Cientes de que teto, terra e trabalho são direitos inalienáveis de todo e qualquer ser humano (Cf. discurso do Papa Francisco aos Movimentos Populares em outubro de 2014), e em comunhão com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), a Conferência da Família Franciscana no Brasil (CFFB), os Presidentes e Representantes das Igrejas Evangélicas Históricas do Brasil e outras entidades e instituições que manifestam as mesmas preocupações, queremos também apresentar nossa disposição em trabalhar com firmeza para que nenhum direito dos mais pobres seja subtraído injustamente. Pautados pelos princípios do respeito, da justiça e da paz, valores irrenunciáveis de nossa tradição franciscana, convocamos todas as pessoas de boa vontade, especialmente nas comunidades de fé onde nos fazemos presentes, a se mobilizarem ao redor destes temas, a fim de buscarmos o melhor para o nosso povo.
Olinda, 31 de março de 2017.”
Frei João Amilton dos Santos, OFM, Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil (PE, CE, BA, AL, SE, RN, PB)
Frei Inácio Dellazari, OFM, Província São Francisco (RS)
Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM, Província Imaculada Conceição do Brasil (SP, RJ, PR, SC e ES)
Frei Hilton Farias de Souza, OFM, Província Santa Cruz (MG)
Frei Marco Aurélio da Cruz, OFM, Província Santíssimo Nome de Jesus (GO, TO, DF)
Frei Bernardo Brandão, OFM, Província Nossa Senhora da Assunção (MA, PI)
Frei Francisco de Assis Paixão, OFM, Custódia São Benedito da Amazônia (PA, AM, RR)
Frei Flaerdi Silvestre Valvassori, OFM, Custodia do Sagrado Coração de Jesus (SP, MG)
Frei Roberto Miguel do Nascimento, OFM, Custódia das Sete Alegrias de Nossa Senhora (MS e MT)
Frei Valmir Ramos, OFM, Definidor Geral da Ordem dos Frades Menores (Roma, Itália)
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O Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha; o bispo de Caicó, Dom Antônio Carlos Cruz, e o bispo de Mossoró, Dom Mariano Manzana, se encontraram com deputadores federais e senadores do Rio Grande do Norte, em Brasília, no final da manhã desta quarta-feira, 5.
Na ocasião, foi entregue à bancada potiguar uma nota, em nome dos bispos, contando, também com a assinatura dos padres das três dioceses potiguares. A mesma nota, que incentiva os cristãos a se mobilizarem contra à proposta da Reforma da Previdência, será lida nas missas do Domingo de Ramos, dia 9 de abril, em todas as paróquias do Estado.
Abaixo, a nota dos bispos, na íntegra:
NOTA DOS BISPOS DA PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE NATAL SOBRE A PEC 287/2016 – REFORMA DA PREVIDÊNCIA
“Eu vi, eu vi a aflição de meu povo (…), e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos.”
Êxodo 3,7
Nós, Bispos da Província Eclesiástica de Natal, em comunhão com o clero da Arquidiocese de Natal e das Dioceses de Mossoró e Caicó, fiéis ao Evangelho e à missão da Igreja, e em solidariedade para com o povo potiguar e todos os brasileiros e brasileiras, neste momento de tantas incertezas ante as propostas de reformas que tramitam no Congresso Nacional, recordamos à classe política potiguar que
UM PARLAMENTAR ELEITO PELO POVO NÃO VOTA CONTRA SEUS INTERESSES!
Desde a antiga Grécia, o conceito de democracia sempre esteve associado à participação popular. Das reuniões nas praças – Ágora, onde o povo debatia sobre o que era melhor para a cidade – pólis, evoluímos para um modelo de democracia representativa, no qual a sociedade delega a um representante o direito de falar em seu nome. O povo do Rio Grande do Norte, em 2014, elegeu oito Deputados Federais e um Senador para falarem dignamente em seu nome.
Estando às vésperas da votação, no Congresso Nacional, de uma ampla e inusitada Reforma da Previdência, instrumentalizada por uma alteração à nossa soberana Constituição Brasileira (PEC nº 287/2016), sentimo-nos obrigados, na condição de sacerdotes e membros de uma Igreja que tem por missão defender a vida e o bem-estar do povo em plenitude, a cobrar dos nossos parlamentares a posição que deles se espera: a de reprovar essa proposta que atenta contra os interesses do povo, repudiando toda e qualquer tentativa de retrocesso social.
Ultimamente, sob o falso fundamento de déficit, crise econômica e outros episódios cíclicos, o Governo tem investido fortemente na alteração de direitos sociais, previdenciários e trabalhistas que foram incorporados à sociedade por dura luta popular. Sabemos conscientemente que a Reforma da Previdência atingirá de forma desigual e mais ostensiva os mais humildes, os descamisados, especialmente os trabalhadores rurais e as mulheres, numa inequívoca violação aos direitos humanos.
Vemos, com apreensão e repúdio, o silêncio perturbador de boa parcela da classe política brasileira, que aderna a essa mudança de forma passiva e adesista. Esperamos, com redobrada atenção, que os nossos mandatários, legatários principais da confiança do nosso povo, não traiam os interesses daqueles eleitores que no 1º domingo do mês de outubro de 2014, saíram de suas casas, em sua maioria habitações simples e desguarnecidas de tudo, para votarem em candidatos em quem depositaram a esperança num porvir venturoso e de maior justiça social. Afinal, Cristo deixou como lembrança: “A quem muito foi dado, muito será cobrado (pedido)”. (Lc 12,48)
Convocamos, pois, os cristãos e cristãs, bem como todas as pessoas de boa vontade, particularmente de nossas comunidades, a se mobilizarem contrárias à proposta de Reforma da Previdência, ora em tramitação, para defender os direitos básicos conquistados a duras penas pelo povo brasileiro, visando preservar, principalmente, aqueles direitos assegurados para os mais pobres e socialmente vulneráveis.
Permanecemos atentos e de olhos abertos no acompanhamento do voto dos nossos representantes, Senadores e Deputados Federais do Rio Grande do Norte!
Natal, 05 de abril de 2017.
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Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal |
Dom Mariano Manzana Bispo de Mossoró |
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Dom Antônio Carlos Cruz Santos, MSC Bispo de Caicó |
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Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta
As palavras de Jesus que convida os discípulos a segui-lo ressoam de maneira especial nestes dias que nos aproximamos da celebração da sua Paixão, Morte e Ressurreição: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me” (Lc 9,23). A vida cristã é via crucis, iluminada pela luz da Ressurreição. Já compreendeu assim Paulo, quando expressou seu desejo de uma vida totalmente identificada com Cristo e, chegando ao extremo de “tornar-me semelhante a ele em sua morte” (Fl 3,10). A cruz não foi somente um “fim trágico” da vida de Jesus, mas a acompanhou durante toda a sua vida, como ele próprio anunciou aos seus discípulos, por três vezes: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar depois de três dias” (Mc 8,31). Pelos evangelhos podemos ver claramente a crescente oposição que Jesus encontrou da parte dos que tramaram sua morte. A cruz do Nazareno revela, ao mesmo tempo, a violência que foi descarregada sobre ele e o amor intenso que nele estava sempre presente.
Na cruz, o pecado do mundo se evidencia, se escancara. Ela é, claramente, a consequência do mal pensado, orquestrado, com interesses. Cada vez que contemplamos o Crucificado nos é recordada a injustiça humana, que mata o inocente. O pecado que se revelou na morte de Jesus, continua presente e se tornou um poder que governa as estruturas da sociedade humana. Por isso, a paixão de Cristo revela a paixão do mundo, que continua na história: migrações forçadas, refugiados de guerras, sistema político-econômico que exclui e mata, projetos que desejam tirar os direitos dos menos favorecidos, indiferença diante do sofrimento do outro, crescente ódio ao invés do diálogo, violência familiar, violência no trânsito, projetos para descriminalizar a morte de indefesos no ventre materno, situação caótica das penitenciárias, depredação do meio ambiente, sem contar os pecados e violências pessoais.
Porém, o que torna a morte de Jesus na cruz uma boa notícia é o modo como Ele a viveu. O que Jesus realizou na cruz é o resumo de sua vida. Em primeiro lugar, a resiliência, a persistência de Jesus diante da provação, do sofrimento, permanecendo fiel até o fim. Nossa geração precisa aprender o valor da perseverança e que o sofrimento, quando é consequência de uma opção de vida e de valores, tem sua razão de ser e faz parte da vida. Não esmorecer diante das dificuldades da vida. Em segundo lugar, a morte de Jesus na cruz estabelece um fato marcante para toda a história da humanidade: o ódio e a violência foram superados pelo amor; o círculo vicioso do mal foi vencido pelo bem. É possível amar e fazer o bem mesmo diante do mal. A cruz revela o que Jesus fez durante toda sua vida: perdoar. Conservou até o fim seu amor perdoador. Ao contemplar o Crucificado vemos que, em Jesus, Deus nos perdoa. Sua morte é redentora. Solidariamente, carregou o peso de nosso mal, nosso pecado e, assim, “pelas suas chagas fomos curados” (Is 53,5). Também, o Crucificado soube transformar a morte violenta que lhe foi imposta num ato de entrega. Fez de sua vida uma entrega ao Pai. Entrega-se totalmente ao Pai e a nós, atingindo sua perfeição na cruz. O modo como viveu e morreu mostra-nos que a chave da vida está na entrega de si.
Enfim, é preciso deixar que o amor curador do Crucificado alcance nossa vida e nos transforme em construtores do bem, da vida, como “fonte de água que jorra para a vida eterna” (Jo 4,14). Somos abraçados e envolvidos pelos braços abertos de Cristo na cruz. Fonte: http://www.cnbb.org.br
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A serpente de bronze torna-se um sinal que encontra continuidade e realização no Evangelho (cf. Jo 3, 14). A serpente, no deserto, foi sinal da misericórdia de Deus que dá remédio ao castigo. No Evangelho, Cristo elevado na cruz, mostra o castigo e a misericórdia juntos: é o castigo de Deus pelo nosso pecado e, ao mesmo tempo, a maior manifestação do poder divino que cura do pecado.
Ao adorarmos a cruz, na Sexta-feira Santa, poderemos recordar algumas expressões das leituras de hoje: «Quando alguém olhava para a serpente de bronze, vivis» (Nm 21, 9); «Então ficareis a saber que Eu SOU (JO 8, 28). Contemplada demorada mente, a cruz revela-nos quem é Jesus: é o caminho, a verdade, a vida.
(Missa com Frei Petrônio de Miranda, Carmelita, às 12h na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro- Com transmissão ao vivo).
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O seu canal no Facebook – Radio Domina Nostra – declara que está em defesa da “sã doutrina católica”. O seu anúncio mais recente concluiu-se com o anúncio de um “cisma” contra a Igreja bergogliana aberta e progressista. Um cisma que, no próximo dia 22 de abril, em Verona, deverá se concretizar em uma reunião dos “verdadeiros” guardiães da fé espalhados pelas paróquias da Itália, aqueles contra “a amnésia culpada sobre questões sensíveis como o aborto, o divórcio, a eutanásia, o gênero”. A reportagem é de Laura Anello, publicada no jornal La Stampa, 01-04-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Palavra do Pe. Alessandro Minutella, 43 anos, ao qual, na última sexta-feira, o arcebispo da cidade, Corrado Lorefice, deu 15 dias de prazo para desalojar a sua paróquia de Romagnolo, periferia da cidade, o púlpito a partir do qual incita os fiéis a se rebelarem contra uma Igreja que ele define como herética.
Uma Igreja que, na sua opinião, tinha encontrado em Bento XVI um baluarte de resistência “católica, sã, clara na doutrina, firme na moral” ao “relativismo moral, doutrinal, pastoral vigente”.
Uma pena que a marca bergogliana, em Palermo, está perfeitamente impressa no arcebispo, ex-pároco dos pobres e dos últimos que, no discurso de posse, citou a Constituição italiana. Um arcebispo muito pouco curial, que dirige um carro velho, dialoga com as periferias, deu esperança aos padres de fronteira.
O Pe. Minutella, em resposta, reuniu os seus fiéis na paróquia para dizer que não vai embora e que, mesmo que, no fim, expulsarem-no “reduzindo-o ao estado laical”, vai continuar pregando “nos porões”.
“Nós inclinamos a cabeça diante dos falsos profetas, da falsa Igreja, prostituta indigna”, advertiu. “Saiamos dessa impostura. Este é a quartel general da resistência católica.” E relançou o encontro nacional da “Igreja que resiste” em Verona. Um grãozinho que reproduz, em molho siciliano, a resistência feroz que Bergoglio vive no Vaticano.
Mais uma vez, Palermo se torna um laboratório. Esta é a terra das longas conivências entre Igreja e máfia, esta é a terra na qual o Papa Wojtyla lançou o anátema contra a Cosa Nostra, esta é a terra em que o cardeal Pappalardo lançou o anátema no funeral do prefeito Carlo Alberto Dalla Chiesa.
Mas Palermo também é a cidade do Pe. Puglisi, morto pela máfia. Aqui, experiências de abertura às outras religiões, aos homossexuais, aos casais de fato convivem com uma devoção feita de milagres e de imagens santas.
O padre já estivera no centro das polêmicas há um ano e meio, por causa das suas supostas “locuções” interiores, os contatos diretos com Nossa Senhora e com os santos, com uma consequente ordem do então arcebispo, Paolo Romeo, de se abster “de convocar reuniões” e divulgar mensagens sobrenaturais.
Há 15 dias, foi Lorefice que emitiu um decreto com o qual advertia os párocos a não confiarem em “falsos videntes”. Em Palermo, havia o “profeta” brasileiro Pedro Regis. Hóspede do Pe. Minutella. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Santos Colón, de 17 anos, queria detonar explosivos e tentou contratar atirador, mas homem era um agente do FBI disfarçado. Ele será acusado por tentativa de proporcionar apoio material ao terrorismo.
Um adolescente de Nova Jersey se declarou culpado na segunda-feira (3) de um suposto complô, inspirado no grupo extremista Estado Islâmico para matar o papa Francisco durante sua visita aos Estados Unidos em 2015.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos disse que Santos Colón, de 17 anos, tentou recrutar um franco-atirador para atirar no pontífice, assim como detonar explosivos enquanto era celebrada uma missa na Filadélfia, em 27 de setembro de 2015, ao final do Encontro Mundial das Famílias.
Mas Colón involuntariamente contratou para o trabalho um agente encoberto do FBI, e foi detido discretamente 12 dias antes do evento.
Colón se declarou culpado como adulto na acusação de tentativa de proporcionar apoio material ao terrorismo, cuja condenação leva a um máximo de 15 anos de prisão.
Documentos da Corte destacam que Colón tentou realizar o atentado em apoio a um grupo extremista e que também tinha adotado o nome de Ahmad Shakoor.
Mas não foram revelados outros detalhes sobre como ele tinha se interessado pelo grupo e como se comunicava com eles.
Fonte: http://g1.globo.com
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Os advogados que representam o padre Marcelo vão acionar a empresa que comercializa os comprimidos SlimCaps, um suposto suplemento para perda do peso. A propaganda com padre Marcelo é grosseira, e está disfarçada de reportagem em um suposto site de “ciência”, que por sua vez imita graficamente outras revistas da área.
Na introdução a “reportagem” afirma que padre Marcelo começou a perder peso “após aderir a um método polêmico, que reduz a ingestão de de nutrientes e pode fazer mal à saúde”.
A pseudomatéria faz uso de fotos do padre em períodos distantes de anos, e em momentos que ele atravessou problemas de saúde ou estava sendo medicado.
Dois parágrafos depois entra a a propaganda, com direito a link: “(...) Recentemente, chegou ao Brasil uma fórmula inovadora que reúne o poder dos superalimentos com termogênicos naturais. Sucesso absoluto nos Estados Unidos, as cápsulas de SlimCaps”.
Procurada nesta segunda, a assessoria do padre Marcelo confirmou que os advogados já foram acionados para tomar medidas necessárias. Até o momento da publicação deste texto, ninguém da SlimCaps foi localizado para comentar o caso.
Fonte: Fonte: UOL
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Dom Vincenzo Paglia, presidente da Pontifícia Academia para a Vida e postulador da causa do Beato Óscar Romero, vivenciou em primeira mão reações negativas contra a canonização do famoso arcebispo. O atraso era político e foi “como uma punhalada em meu coração”, disse ele em conversa com o padre jesuíta James Martin, editor da revista America. A reportagem é de José Dueño, publicada por America, 23-03-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
“A sua beatificação foi o resultado de um grande esforço”, disse Paglia, que usou a cruz peitoral de Dom Romero durante a entrevista. “Havia muitos em Roma, inclusive alguns cardeais, que não queriam vê-lo beatificado. Diziam que ele havia sido morto por motivos políticos, não religiosos. Eu estudei essa questão a fundo. Por exemplo, examinei os seus arquivos pessoais, que compreendem aproximadamente 70 mil documentos. O que emergiu foi um homem apaixonado pelo seu povo. Ele queria libertá-los da opressão. Queria levar-lhes a compaixão de Jesus”.
Esta resistência à beatificação de Romero teve implicações pessoais para Dom Vincenzo Paglia.
“Eu inclusive recebi ameaças quando assumi esta tarefa. Mas acreditava que o exemplo de Romero era demais extraordinário, demais evidente. Nele, a mensagem evangélica resume-se um jeito extraordinário. Romero não viveu para si mesmo, mas para o povo, como Jesus. Este testemunho é tão claro que, num mundo globalizado, ele consegue tocar os corações de milhões e milhões de pessoas. E se queremos transformar o mundo, temos de transformar os corações das pessoas, da mesma forma como fez Romero”.
Paglia também falou com o Pe. Martin sobre a maneira como Romero acabou se envolvendo nas lutas do povo de El Salvador após o assassinato de Rutilio Grande.
“[Rutilio Grande] era um jesuíta que lecionava no nível universitário, mas que escolheu viver num pequeno vilarejo de forma que a teologia pudesse se difundir entre as pessoas em seu redor. Esta presença na comunidade o levou a ser assassinado; ele e dois campesinos juntos. Romero foi feito arcebispo apenas 17 dias antes; ele ficou a noite toda ao lado do cadáver de Rutilio Grande, o seu bom amigo. Naquela noite, escreveu Romero, ele percebeu que era seu dever tomar o lugar de Rutilio Grande. E, nesse sentido, o martírio sofrido pelo seu amigo o levou a concluir que a vida evangélica, a vida de um pastor, é digna somente se é vivida no serviço aos outros”.
De acordo com Paglia, o Papa Francisco foi fundamental para fazer avançar a canonização de Romero. Embora nunca tenha conhecido Romero, o papa conheceu Rutilio Grande e quer também levar adiante a sua canonização.
“[O Papa Francisco] quer que a causa de beatificação de Rutilio Grande seja introduzida também. Assim como os dois camponeses, um jovem e um idoso, que morreram com ele”, disse Paglia.
Além de falar sobre Romero, Dom Vincenzo Paglia trouxe algumas ideias sobre Amoris Laetitia, documento de Francisco sobre a família.
“A verdadeira indissolubilidade, o modelo para toda a indissolubilidade, é aquele que deve existir com respeito à Igreja e aos seus filhos. Os casamentos podem se romper, mas a relação da Igreja com os seus filhos jamais deve se romper porque aquela indissolubilidade é o sinal claro do amor de Deus pelos seus filhos, o Deus que é capaz de deixar as 99 e ir atrás da que se perdeu”.
Amoris Laetitia nos ensina sobre o discernimento como um processo dentro da família, disse o arcebispo italiano.
“Quando o Papa Francisco convocou o Sínodo, quis fazê-lo não sobre a doutrina, mas sim sobre o discernimento e, na verdade, o segundo capítulo de Amoris Laetitia é um discernimento sobre a atual situação das famílias, é uma reflexão espiritual sensata. Nesse capítulo, o Papa Francisco fala sobre o ideal que as famílias devem alcançar. Na realidade, ele torna as coisas mais difíceis para que se atinja este ideal, e não o contrário. Porém, salienta que, para alcançar o ideal, temos de discernir, isto é, precisamos ver as famílias nas situações concretas, e para isso devemos acompanhá-las ao longo do tempo”.
Paglia igualmente falou sobre a situação mundial de hoje como uma “espécie de ditadura do materialismo e do dinheiro”.
“Por este motivo, precisamos de uma revolução cultural. Dignidade humana significa fazer de cada pessoa – desde os mais jovens até os mais velhos, desde o mais santo ao mais pecador – o centro de preocupação da Igreja, da política, da economia, da cultura, das artes e dos comércios. A sociedade inteira fundamenta-se na dignidade humana”.
Vidas exemplares, como a de Romero, nos lembram sobre como a dignidade humana está no centro da missão da Igreja, disse Vincenzo Paglia. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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O Pe. Chenu (relator do dia) é um velho dominicano de alma jovem, sobretudo quando toca no seu assunto predileto: teologia do trabalho.
Começou perguntando: se o Grupo é de Pobreza, por que falar sobre teologia do trabalho? Que relação existe entre pobreza e trabalho?
Respondeu:
- Quer se considerem as massas infra-humanas do 3º mundo, - quer se considerem os trabalhadores do mundo industrial, o trabalho continua sendo um lugar de dessumanização. Mesmo quando assegura um nível econômico razoável, os trabalhadores continuam privados da dignidade humana. O trabalho que deve ser uma riqueza humana vem importando em tríplice frustração. Valores do trabalho, de que são frustrados os trabalhadores: a) no plano industrial.
O trabalho dá plena posse sobre as forças da natureza: o homem se sente mais homem humanizando a natureza.
A distinção entre homo faber (operário) e homo sapiens (intelectual), resultando em desprezo do primeiro e em superioridade do segundo, é linguagem de uma civilização de escravos.
O homem participa da obra da criação e a completa. O Pe. Chenu salienta as riquezas contidas nos Padres Gregos sobre riqueza da Criação: não as temos aproveitado devidamente.
Entre parênteses: aproximei-me dos Observadores ortodoxos russos e perguntei-lhes, em inglês, pela impressão da votação dos 5 pontos: manifestaram-se muito contentes. Mas comentaram: “apenas acontece que isto para nós é catecismo elementar”.
Outro parênteses: viram o discurso em que Paulo VI fala na necessidade de um novo S. Francisco de Assis para cantar o novo [fl. 2] cântico das criaturas, já incluindo o que é criação de Deus através da criação do homem?
Terceiro parênteses: o Pe. Chenu disse que vai adotar o expressivo neologismo lançado por Mons. Camara: conscientisation. Os franceses falam sempre em “éveil de conscience” ou “prise de conscience”.
- b) no plano cristão
Foi o comentário da passagem célebre da Epístola aos Romanos, tão cara a Teillhard de Chardin... e ao nosso Luiz Alberto: a natureza que espera que o homem se torne livre para que ela se torne livre também...
Se os Padres da Igreja puderam dizer que a civilização greco-romana preparou a vinda de Cristo, por que não podemos dizer que a civilização coletivista do trabalho prepara o reino de Deus? Já estamos em trabalho de ressurreição. c) no plano do trabalho socializado
Baseando-se na “Mater et Magistra”, insistiu em dizer que os homens acham no trabalho uma fraternidade, uma comunidade.
Chegou a duas conclusões:
Se o trabalho que deve ser riqueza humana, está sendo lugar de empobrecimento humano, por ser lugar de deshumanização.
aproximemo-nos fraternalmente dos pobres
Só servimos realmente à pobreza, quando os pobres nos recebem tão à vontade que não fazem cerimônia nenhuma conosco. Recebem-nos como estão. Comentou a alegria que ele sente quando entra na casa de um operário e ele estando com as mãos sujas, sem poder dar a mão, dá o cotovelo...
mas cheguemos à caridade positiva de que fala Pio XII
A Igreja será pobre na medida em que trocar a mentalidade de prestígio, de poder e de mando pela mentalidade de servir.
Lembrou, de passagem, que o neo-capitalismo traz melhorias materiais... Pode até trazer melhorias culturais. É incapaz de respeitar a dignidade humana e de livrar-se do paternalismo. [fl. 3]
Aludiu a uma publicação, de grande valor por vir de quem vem e pelo barulho que está causando no meio dos empresários: Reforme de l’entreprise, de Bloch-Laine, um grande industrial judeu, convertido ao catolicismo.
Disse isto quando o interpelei perguntando se ele acredita na possibilidade de empresários cristãos reformarem suas próprias empresas, quando parece da essência da moderna industrialização a formação da grande engrenagem, da qual não apenas os homens (inclusive os diretores) mas empresas inteiras não passam de rodas.
Perguntei ao Pe. Chenu se os teólogos não caem no lirismo quando falam na teologia do trabalho. Acho um encanto: mas fico pensando em Carlitos. Que estará mais próximo do que sente na vida real o trabalhador mesmo: a poesia do novo hino da Criação (que entendemos tão bem, nós de fora, nós estudiosos...) ou a caricatura de Charles Chaplin?...
Chenu chega ao cúmulo de dizer que não acredita que o operário se tome de ódio. O trabalho moderno desarma, instila alegria de viver, orgulho do criador...
Bombardeado pelo Pe. Paulo Gauthier que lembrou o pequeno grupo que explora as grandes massas, Chenu reconheceu que o mundo do pecado (amor do poder, mais ainda que diretamente o amor da riqueza) se insere na estrutura mesma do mundo do trabalho.
Mons. Mercier lembrou as massas não-cristãs em que o homem vive do homem, o forte vive do fraco, o rico vive do pobre.
Na família patriarcal, o homem vive da mulher... Chenu respondeu que onde se chega a uma comunidade de trabalhadores já está o Cristo.
O teólogo africano que mora em Domus Mariae, informando que não há praticamente ricos na África, ele fica meio tonto quando ouve falar em “pobreza, pobreza”, quando quase sente necessidade de gritar o inverso, pensando nos seres: riqueza, riqueza!
Para combater os colonizadores, [fl. 4] os políticos deram a impressão de que, conquistada a independência, não haveria mais trabalho...
Agora se tem de levar o africano ao trabalho livre. Falta mística.
Campo livre.
Embora reconheça a quase impossibilidade momentânea de atuação européia, sente que os europeus podem e devem ensinar a África a chegar a comunidades livres de trabalho livre...
*Obras Completas de Dom Helder Câmara. Volume I- Tomo 1. Vaticano II: Correspondência Conciliar. (Aguarde a próxima publicação no olhar
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"Foi com alegria que li a nota da CNBB contra o projeto de reforma da previdência, precedida por uma carta pastoral da Diocese de Volta Redonda e uma nota da Província eclesiástica de Belo Horizonte", escreve Pedro A. Ribeiro de Oliveira, doutor em Sociologia, professor aposentado dos PPGs em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF e da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas.
Eis o artigo.
Foi com alegria que li a nota da CNBB contra o projeto de reforma da previdência, precedida por uma carta pastoral da Diocese de Volta Redonda e uma nota da Província eclesiástica de Belo Horizonte. Ao final do ano passado a Igreja Luterana (IECLB) já havia tomado a mesma posição, mas até agora a CNBB parecia vacilar ante o golpe parlamentar desferido contra a Constituição cidadã de 1988 – e não somente contra a presidente Dilma.
O texto da CNBB lembra que “os Direitos Sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio”, e afirma “a intrínseca matriz ética” do sistema de Previdência “criado para a proteção social de pessoas expostas à vulnerabilidade social (idade, enfermidades, acidentes, maternidade...), particularmente as mais pobres”.
Vai ao âmago do problema ao afirmar que “os números do Governo Federal que apresentam um déficit previdenciário são diversos dos números apresentados por outras instituições, inclusive ligadas ao próprio governo”. Após essa insinuação de que o Governo esconde a verdade dos números, afirma a necessidade de “auditar a dívida pública, taxar rendimentos das instituições financeiras, rever a desoneração de exportação de commodities, identificar e cobrar os devedores da Previdência.”
Após essa análise da realidade, a CNBB convoca “os cristãos e pessoas de boa vontade, particularmente nossas comunidades, a se mobilizarem ao redor da atual Reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados”. Aqui reside o ponto fraco. Não do texto, mas da própria CNBB: para o povo se mobilizar em defesa dos seus direitos, não basta uma convocação. Veja-se o exemplo recente da Reforma Política.
Há três anos a CNBB e dezenas de organizações da sociedade civil fizeram um projeto de lei de iniciativa popular a ser encaminhada ao Congresso. O total de assinaturas, porém, não chegou a 600 mil – pouco mais de 1/3 do necessário. Ficou patente, então a perda da capilaridade social da Igreja católica, tão eficaz nas lutas em defesa dos Direitos Humanos durante a ditadura, e na elaboração da Constituição cidadã de 1988.
A enorme rede de Comunidades Eclesiais de Base – CEBs – articuladas pelas Pastorais Sociais e sintonizadas com as Comissões de Justiça e Paz, em sintonia com a CNBB, eram uma força social capaz de causar temor até mesmo nos militares – que não conseguiam silenciá-las. A retirada do apoio às Pastorais Sociais e às equipes de CEBs, porém, resultou em sua gradual desarticulação. Nas dioceses onde elas ainda têm agentes de pastoral liberados/as para dinamizá-las, continuam capazes de mobilizar as bases populares; mas onde os bispos cancelaram o desembolso financeiro para manter as equipes de articulação, elas definharam. Diante desta realidade, convocar uma mobilização popular é apenas um desejo piedoso.
Trata-se então de completar o auspicioso pronunciamento da CNBB com um plano de apoio às CEBs, Pastorais Sociais, Comissões de Justiça e Paz e organismos equivalentes. Elas perderam o vigor do passado, mas não morreram. Podem rejuvenescer se voltarem a receber o apoio e os recursos financeiros que possibilitem liberar pessoas para sua articulação, promover formação sócio-política para suas lideranças, e favorecer sua participação em encontros.
Se nossos bispos tiverem coragem de investir nas CEBs e nas Pastorais Sociais pelo menos a metade do que se investe na formação de seminaristas, a Igreja católica reconquistará seu papel de protagonista na defesa dos Direitos Humanos, da Cidadania e da Terra. É uma questão de opção pastoral, como exige o contundente apelo do Papa Francisco, em favor de uma Igreja em saída. Aliás, a conversão pastoral de que fala o Documento de Aparecida significa tirar a Igreja da sacristia e levá-la às periferias, mesmo porque é lá que a Igreja encontrará apoio efetivo para garantir os Direitos dos Pobres. Fonte: www.ihu.unisinos.br
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