Exílio para o cardeal Raymond Burke? O líder da oposição ao Papa Francisco chegou nesta quarta-feira à Ilha de Guam – a mais de 12 mil quilômetros de distância de Roma – para presidir o julgamento canônico de Anthony S. Apuron, o ex-arcebispo de Agana acusado de ter abusado de coroinhas na década de 1970.  A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 16-02-2017. A tradução é de André Langer.

Apuron, de 71 anos, deve responder às denúncias apresentadas por três homens que o acusam de tê-los abusado sexualmente na sua infância. A mãe de uma quarta vítima, que já está morta, também acusa o arcebispo de ter abusado do seu filho. Embora o prelado continue a insistir em sua inocência, e até o momento não foi acusado penalmente, foi suspenso do seu cargo em junho do ano passado.
A Sala de Imprensa da Santa Sé, até o momento, limitou-se a confirmar que um tribunal eclesiástico de primeira instância, constituído em outubro passado, será presidido pelo cardeal estadunidense. Não deu nenhuma indicação sobre quanto tempo o cardeal permanecerá em Guam, nem qual destino possa esperar após o seu retorno. Mais quatro bispos se juntarão a Burke nesse tribunal, confirmou a Sala de Imprensa.

De acordo com o Guam Daily Post, o cardeal Burke assinou um decreto no dia 03 de fevereiro passado no qual pedia o comparecimento, no dia 16 de fevereiro, na chancelaria diocesana de Agana, de um dos acusadores de Apuron, Roland Sondia, “com o propósito de dar seu testemunho” sobre os fatos. O equivalente, no Direito Canônico, a um promotor e a um advogado defensor também estarão presentes ao ato, de acordo com o cardeal. Um segundo documento, assinado no dia 06, estipula que, de acordo com as normas canônicas, o processo contra Apuron será “confidencial” e acontecerá “sob segredo pontifício”.

Neste primeiro decreto, o cardeal também faz menção de que chega à remota ilha do Pacífico Ocidental por indicação do cardeal Gerhard Müller, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e, como tal, encarregado de coordenar a resposta da Igreja às alegações de abusos contra seus clérigos.

Burke, no entanto – e embora tenha sido prefeito da Assinatura Apostólica, o Supremo Tribunal da Igreja –, não tem experiência especial no julgamento de sacerdotes abusadores, motivo pelo qual a sua nomeação para presidir o julgamento de Apuron é, no mínimo, fora do comum.

Correm rumores de que a nova missão do cardeal Burke é uma estratégia para afastá-lo de Roma e das críticas ao Papa Francisco. Uma tese que ganha força ao recordar que Burke foi destituído recentemente de todas as suas responsabilidades na cúria romana em consequência de sua descarada rebelião contra o Pontífice nas controvérsias das dubia e da Ordem de Malta.

Inclusive desta última congregação, com a chegada ali do delegado pontifício, Angelo Becciu. Outros, ao contrário, indicam que se trata de uma nova oportunidade para o cardeal praticar a penitência e a conversão à qual Francisco não cessa de chamar a Igreja. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Pe. Josafá Carlos de Siqueira

Reitor da PUC-Rio

Ao prepararmos para a Campanha da Fraternidade de 2017, cujo tema é Biomas Brasileiros e Defesa da Vida, temos que reconhecer que a Igreja no Brasil, através da CNBB, tem se destacado nos últimos anos pela coragem em abordar as questões socioambientais na perspectiva da fé.

Três questões devem ser destacadas e reconhecidas. A primeira consiste no pioneirismo da Igreja Católica em abordar a temática socioambiental antes que a mesma fosse amplamente conhecida na sociedade brasileira. Basta lembrar a Campanha da Fraternidade de 1979, cujo tema era Preserve o que é de todos. Naquele momento, as questões do meio ambiente eram pouco conhecidas e divulgadas na imprensa, mas o profetismo da Igreja já apontava para uma problemática que mais tarde seria candente na sociedade nacional e internacional. Com o passar dos anos outras questões socioambientais foram incorporadas em diversas campanhas como: Fraternidade e a Terra (1986), Fraternidade e a Água (2004), Fraternidade e Amazônia (2007), Fraternidade e a vida no planeta (2011), Casa comum, nossa responsabilidade (2016), e neste ano de 2017, Fraternidade: Biomas Brasileiros e defesa da vida.

A segunda questão diz respeito ao profetismo da Igreja em abordar uma temática fundamental para a vida do planeta e de nosso país, pois as questões do meio ambiente não podem ser colocadas em lugar secundário no desenvolvimento do Brasil, mas, ao contrário, em lugar de destaque numa nação que graças ao Deus Criador, nos legou uma natureza rica e diversa. Meio Ambiente não é uma abordagem acadêmica e elitista, mas uma questão fundamental para o presente e o futuro de nosso país, pois somos guardiões de um dos patrimônios ecológicos mais ricos do planeta Terra, onde as riquezas dos recursos hídricos e da biodiversidade nos colocam em destaque no cenário internacional. O profetismo da Igreja nos ajuda a olhar estes dons naturais abundantes que Deus colocou em nossas mãos, evitando que estes sejam destruídos e deteriorados, gerando problemas e doenças para o nosso povo, principalmente os mais pobres. À luz da fé, este profetismo nos leva a ver, julgar e agir, tomando consciência dos problemas e ajudando-nos a buscar soluções razoáveis e sustentáveis.

A terceira questão se refere à visão integradora da abordagem socioambiental, onde os problemas ambientais estão profundamente articulados com as temáticas sociais. A tradição hermenêutica nos salmos e livros sapienciais da Bíblia oferece-nos uma visão integradora entre Deus, ser humano e a criação, visão esta que a Igreja Católica no Brasil tem procurado priorizar nas Campanhas da Fraternidade com temáticas socioambientais. Esta dimensão integradora entre o social e o ambiental, iluminada à luz da fé, foi bastante destacada na Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco, sobretudo quando fala sobre a ecologia integral.

Preparando-nos para trabalhar e divulgar a Campanha da Fraternidade de 2017 em nossas paróquias, comunidades e instituições de ensino, não podemos esquecer o pioneirismo, o profetismo e a visão integradora da nossa Igreja Católica, que deseja contribuir para que o Brasil possa ser uma nação socialmente justa e ecologicamente consciente e sustentável, preservando a riqueza de nossos biomas e suas relações com as diferentes culturas de nosso país. Fonte: http://arqrio.org

Tema do 8º Domingo do Tempo Comum

A liturgia deste 8º Domingo do Tempo Comum propõe-nos uma reflexão sobre as nossas prioridades. Recomenda que dirijamos o nosso olhar para o que é verdadeiramente importante e que libertemos o nosso coração da tirania dos bens materiais. De resto, o cristão não vive obcecado com os bens mais primários, pois tem absoluta confiança nesse Deus que cuida dos seus filhos com a solicitude de um pai e o amor gratuito e incondicional de uma mãe.

O Evangelho convida-nos a buscar o essencial (o “Reino”) por entre a enorme bateria de coisas secundárias que, dia a dia, ocupam o nosso interesse. Garante-nos, igualmente, que escolher o essencial não é negligenciar o resto: o nosso Deus é um pai cheio de solicitude pelos seus filhos, que provê com amor às suas necessidades.

ATUALIZAÇÃO (Mt 6, 24-34).

A primeira grande questão que, neste texto, Jesus nos coloca é a questão das nossas prioridades. Dia a dia somos bombardeados com um conjunto de propostas mais ou menos aliciantes, que nos oferecem a chave da felicidade e da vida plena: o dinheiro, o êxito profissional, a progressão na carreira, a beleza física, os aplausos das multidões, o poder… E estes ou outros valores semelhantes – servidos por técnicas de publicidade enganosa – tornam-se o “objetivo final” na vida de tantos dos nossos contemporâneos. No entanto, Jesus garante-nos que a vida plena não está aqui e que, se estes valores se tornam a nossa prioridade fundamental, a nossa vida terá sido um tremendo equívoco. Para Jesus, é no “Reino” – isto é, na aposta incondicional em Deus e no acolhimento do seu projeto de salvação/libertação – que está o segredo da nossa realização plena. Quais são as minhas prioridades? Em que é que eu tenho apostado incondicionalmente a minha vida?

As propostas equívocas de felicidade criam, muitas vezes, desorientação e confusão. Ao encherem o coração do homem de ídolos com pés de barro, afastam o homem de Deus e deixam-no perdido e sem referências, só diante de um mundo hostil – como criança perdida, indefesa, impotente. Jesus lembra-nos, porém, que Deus é um Pai cheio de solicitude e de amor, permanentemente atento às necessidades dos filhos (Ele até veste os lírios do campo e alimenta as aves do céu…). Ele convida-nos a colocar a nossa confiança e a nossa esperança nesse Pai que nos ama e a enfrentar o dia a dia com essa serena confiança que nos vem da certeza de que Deus é nosso Pai, conhece as nossas dores e necessidades e nos pega ao colo nos momentos mais dramáticos da nossa caminhada.

A referência à incompatibilidade entre Deus e o dinheiro convida-nos a uma particular reflexão neste campo… O dinheiro é, hoje, o verdadeiro centro do poder no mundo. Ele compra consciências, poder, bem-estar, projeção social, reconhecimento e até compra amor. Por ele mata-se, calcam-se aos pés os valores mais fundamentais, renuncia-se à própria dignidade, envenena-se o ambiente (que interessa o buraco do ozono, a poluição dos rios, o desaparecimento das florestas, se isso fizer mais ricos os donos do mundo…), escravizam-se os irmãos. Fonte: http://www.dehonianos.org

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco encontrou na manhã deste sábado (25/02), no Vaticano, os participantes do curso de formação para Párocos, promovido pelo Tribunal da Rota Romana. O Curso tratou sobre o “novo Processo matrimonial”, discutido e proposto pelo Sínodo dos Bispos sobre o “Matrimônio e a Família”, realizado no Vaticano em outubro de 2015.

Eis a íntegra do discurso do Santo Padre aos sacerdotes  presentes na Sala Clementina:

“Queridos irmãos,

Tenho a alegria de encontrá-los ao final do curso de formação para os párocos, promovido pela Rota Romana, sobre o novo processo matrimonial. Agradeço ao Decano e ao Pro Decano pelo empenho em favor destes cursos formativos.

O que foi discutido e proposto no Sínodo dos Bispos sobre o tema “Matrimônio e família”, foi recebido e integrado na Exortação Apostólica Amoris laetitia e traduzido em oportunas normas jurídicas contidas em dois específicos documentos: o motu proprio Mitis Iudex e o motu proprio Misericors Jesus. É uma coisa boa que vocês párocos, por meio destas iniciativas de estudo, possam aprofundar tal matéria, pois são sobretudo vocês a aplicá-la concretamente no contato cotidiano com as famílias.

Na maior parte dos casos, vocês são interlocutores dos jovens que desejam formar uma nova família e casar-se no Sacramento do Matrimônio. E ainda, se dirigem a vocês aqueles cônjuges que, devido a sérios problemas em seu relacionamento, encontram-se em crise, têm necessidade de reavivar a fé e redescobrir a graça do Sacramento; e em certos casos, pedem indicações para iniciar um processo de nulidade.  

Ninguém melhor do que vocês conhece e está em contato com a realidade do tecido social no território, experimentando a sua complexidade variegada: uniões celebradas em Cristo, uniões de fato, uniões civis, uniões fracassadas, famílias e jovens felizes e infelizes. De cada pessoa e de cada situação, vocês são chamados a ser companheiros de viagem para testemunhar e apoiar.

Antes de tudo, seja vossa preocupação testemunhar a graça do Sacramento do Matrimônio e o bem primordial da família, célula vital da Igreja e da sociedade, mediante a proclamação de que o matrimônio entre um homem e uma mulher é sinal da união esponsal entre Cristo e a Igreja.

Tal testemunho vocês dão quando preparam os noivos ao matrimônio, tornando-os conscientes do significado profundo do passo que estão para realizar, e quando acompanham com solicitude os jovens casais, ajudando-os a viver nas luzes e nas sombras, nos momentos de alegria e naqueles de cansaço, a força divina e a beleza de seu matrimônio.

Não deixem de recordar sempre aos esposos cristãos, que no Sacramento do Matrimônio Deus, por assim dizer, se reflete neles, imprimindo a sua imagem e o caráter inapagável de seu amor.

O matrimônio, de fato, é ícone de Deus, criado para nós por Ele, que é comunhão perfeita das três Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Que o amor de Deus Uno e Trino e o amor entre Cristo e a Igreja, sua esposa, sejam o centro da catequese e da evangelização matrimonial: por meio de encontros pessoais ou comunitários, programados ou espontâneos, não vos cansai de mostrar a todos, especialmente aos esposos, este “grande mistério” (cfr Ef 5,32).

Enquanto oferecem este testemunho, seja vosso cuidado também sustentar aqueles que se deram conta do fato de que a sua união não é um verdadeiro matrimônio sacramental e querem sair desta situação. Nesta delicada e necessária obra, façam de modo que os vossos fiéis, vos reconheçam não tanto como especialistas de atos burocráticos ou de normas jurídicas, mas como irmãos que se colocam em atitude de escuta e de compreensão.

Ao mesmo tempo, fazei-vos próximos, com o estilo próprio do Evangelho, no encontro e na acolhida daqueles jovens que preferem conviver sem se casar. Eles, no plano espiritual e moral, estão entre os pobres e os pequenos, para os quais a Igreja, nas pegadas de seu Mestre e Senhor, quer ser mãe que não abandona, mas que se aproxima e cuida.

Também estas pessoas são amadas pelo coração de Cristo. Tenham por elas um olhar de ternura e de compaixão. Este cuidado pelos últimos, precisamente porque emana do Evangelho, é parte essencial da vossa obra de promoção e defesa do Sacramento do matrimônio.

A paróquia é de fato o lugar por antonomásia da salus animarum. Assim ensinava o Beato Paulo VI: “A paróquia (…) é a presença de Cristo na plenitude da sua função salvadora. (…) é a casa do Evangelho, a casa da verdade, a escola de Nosso Senhor”. (Discurso na Paróquia da Grande Mãe de Deus em Roma, 8 de março de 1964: Ensinamentos II (1964), 1077).

Queridos irmãos, falando recentemente à Rota Romana, recomendei para que desenvolvessem um verdadeiro catecumenato dos futuros casais, que incluísse todas as etapas do caminho sacramental: os tempos da preparação ao matrimônio, da sua celebração e dos anos imediatamente sucessivos. A vocês párocos, indispensáveis colaboradores dos Bispos, é principalmente confiado este catecumenato. Vos encorajo a concretizá-lo, não obstante as dificuldades que poderão encontrar.

Fonte: http://br.radiovaticana.va

Pastor da Associação Vitória em Cristo, ligada à Assembleia de Deus, é suspeito de lavagem de dinheiro.

O pastor Silas Malafaia, da Associação Vitória em Cristo, ligada à Assembleia de Deus, foi indiciado pela Polícia Federal na Operação Timóteo por lavagem de dinheiro. A informação foi dada nesta sexta-feira, 24, pela Polícia Federal. Em 16 de dezembro do ano passado, o pastor foi alvo de mandado de condução coercitiva – quando o investigado é levado a depor e liberado.

A Operação Timóteo investiga um esquema de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral (65% da chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais – CFEM – tem como destino os municípios).

Malafaia é suspeito de apoiar na lavagem do dinheiro do esquema, que recebeu valores do principal escritório de advocacia investigado. A suspeita a ser esclarecida pelos policiais é que este líder religioso pode ter “emprestado” contas correntes de uma instituição religiosa sob sua influência com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores.

O mandado de condução coercitiva na Operação Timóteo provocou a ira do pastor Silas Malafaia. No dia da condução coercitiva, em seu Twitter, colérico, o pastor publicou mensagens, áudio e vídeo negando as suspeitas da investigação que mira em um esquema de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral.

“Eu sei o poder das trevas”, afirmou em áudio.

O nome da operação é referência a uma passagem do livro Timóteo, integrante da Bíblia Cristã: 9 Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Associação Vitória em Cristo. O espaço está aberto para Silas Malafaia. Fonte: http://politica.estadao.com.br

Se um bom samba é uma forma de oração, como dizia Vinicius de Moraes, a Unidos de Vila Maria resolveu seguir o conselho do poeta.

A escola do Grupo Especial de São Paulo, que estará na primeira noite de desfiles no Sambódromo, ganhou a "bênção" da Igreja Católica para ir à avenida com um enredo sobre Nossa Senhora Aparecida, em homenagem aos 300 anos da descoberta da imagem da santa nas águas do rio Paraíba.

Em uma ação inédita, após o pedido da escola, a Arquidiocese de São Paulo acompanhou a criação do samba-enredo e dos figurinos, diante de três condições: proibiu nudez ou sensualidade, referências ao sincretismo religioso e a reprodução fiel da imagem da santa. "Vai ser lindo e respeitoso", diz o carnavalesco Sidnei França, responsável pelo enredo. "Isso é reflexo de uma sociedade mais lúcida, mais em contato com o diálogo inter-religioso. É o momento certo."

O padre e cantor Reginaldo Manzotti interpreta o trecho inicial do samba oficial –reprodução da música "Nossa Senhora", de Roberto Carlos. "O samba-enredo é uma oração. Não dá para tirar uma palavra. Eu chorei quando ouvi", disse ele à Folha. "Abracei o carnavalesco e perguntei: 'Você já pensou em virar padre?'"

A bem da verdade, a igreja fez uma pequena alteração na letra do samba: trocou a palavra "adorar" por "venerar". "Adorar é só para Deus", diz o secretário de comunicação da Arquidiocese de São Paulo, Rafael Alberto.

Também não passaram incólumes os figurinos das musas da escola. A maioria dos ajustes foi no comprimento. "É natural. Na referência de Carnaval delas, elas já estavam supercomportadas", afirma Alberto.

A maioria das musas entendeu e apoiou a mudança, segundo o carnavalesco da escola, que diz que a supervisão da igreja foi "tranquila e sem sobressaltos". Neste ano, a Vila Maria não vai ter rainha. "A única rainha é Nossa Senhora", diz o carnavalesco.

Antes ou depois de cada ensaio, os integrantes da escola rezam uma Ave Maria. O barracão ganhou uma réplica da imagem de Nossa Senhora, que virou ponto de peregrinação. "É menos oba-oba, aquela alegria explosiva, e mais uma alegria contemplativa", afirma França.

REAÇÃO

Grupos católicos reagiram ao apoio da igreja ao samba, e fizeram um abaixo-assinado pela internet para protestar contra "a depravação total" e a "ofensa à honra da mãe de Deus". Até o final da semana passada, cerca de 7.000 pessoas já haviam assinado a carta, que questiona como "a imagem sagrada de Nossa Mãe Santíssima será colocada lado a lado com todas as abominações morais próprias dos carnavais modernos".

"São reações isoladas", diz Manzotti. "A escola nos procurou. A igreja poderia ter lavado as mãos de Pilatos. Mas a atitude foi outra." Para o arcebispo de SP, dom Odilo Scherer, "a intenção é boa e a forma também". "Será que Maria não gostaria de chegar lá, onde mais se faz necessária a sua presença? Não foi para os pecadores que Jesus veio ao mundo?", escreveu o cardeal, no semanário oficial da arquidiocese. Os padres que acompanharam a elaboração do desfile dizem ter ficado "impressionados" com a profundidade da pesquisa que fundamenta o enredo.

O carnavalesco pretende fazer um paralelo da história da santa com a história do Brasil. "É um símbolo da identidade nacional", comenta. Tanto para a Vila Maria quanto para os padres, o desfile promete transformar a relação igreja e Carnaval –cujo símbolo mais emblemático é o Cristo Redentor da Beija-Flor de Joãosinho Trinta, em 1989, coberto por plásticos pretos e a inscrição "Mesmo proibido, olhai por nós".

"A imagem da Igreja Católica para muitas pessoas ainda é a de um inquisidor com uma fogueirinha do lado", comenta Alberto. "Mas estamos muito abertos." Nenhum padre deve desfilar no sambódromo, apesar dos convites: eles dizem não querer desviar as atenções da homenageada. Para Manzotti, a igreja foi ousada. "Eu vou assistir pela TV. Mas só esse desfile."

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br

Trataria deste assunto aqui antes, mas diante da chegada do fim de semana, não consegui. Por isto retorno ao tema após o Cada Minuto ter feito matéria sobre a posição da Arquidiocese de Maceió quanto ao uso político da Rede Cristã de Acolhimento. Não é a primeira vez que o arcebispo Dom Antônio Muniz toca no tema. Eis o que torna a denúncia ainda mais grave.

Não é citado nominalmente o padrinho político da pasta. Mas, por lógica, se a denúncia é troca de atendimento por voto, isto – caso seja verdade – só pode vir a beneficiar quem faz parte do governo. Sendo mais específico, quem apadrinha a pasta. No caso, é de bom tom que o deputado federal Givaldo Carimbão (PHS) fale sobre o assunto.

Não se trata de julgar o parlamentar. Mas dele dizer se sabe o que está acontecendo ou se o arcebispo está inventando. Então?

Mas, além disto: quem deve ouvir o arcebispo? Eu não tenho dúvidas: o Ministério Público do Estado de Alagoas. Que se investigue com urgência tudo o que o Arcebispado coloca. A denúncia é gravíssima. Dom Antônio Muniz fala de uma realidade em que “privilegia o voto em troca do tratamento de dependentes químicos”.

Em nota de repúdio, ele coloca que há uma escolha política na seleção das comunidades terapêuticas do Estado de Alagoas, comprometendo a Rede Cristã de Acolhimento. “Preocupa-nos os rumos eleitoreiros que o tratamento à dependência química vem tomando em Alagoas”, diz o arcebispo por meio de nota.

Não são citados nomes de pessoas na nota, mas há três agentes que precisam falar sobre o assunto: 1) o Governo do Estado de Alagoas, consequentemente o governador Renan Filho (PMDB), uma vez que o que arcebispo fala já havia sido dito; 2) a Secretaria de Prevenção à Violência (Seprev) e 3) o padrinho político da pasta: o deputado federal Givaldo Carimbão. É preciso esclarecer esta situação uma vez por todas.

De acordo com a Igreja, há um repúdio “veemente” ao uso da Secretaria de Estado de Prevenção à Violência “como sustentáculo que alimenta essa engrenagem”. O Arcebispado questiona a capacidade técnica da pasta para praticar encontros meramente político-partidários com as comunidades? Ora, quem é o padrinho político da pasta que poderia se beneficiar e que possui alguma influência em comunidades católicas? O Arcebispado não cita nomes, mas fica claro de quem se fala: o deputado federal Givaldo Carimbão. Por isto o citei no início do texto.

Que Carimbão fale sobre o assunto, pois não cabe apenas a Seprev responder. Ele se sentiu atingindo? É uma pena que a Arquidiocese não escreva isto com todas as letras diante dos fatos tão graves que levanta.

“Diante dos danos que decorrem dessa politicagem, a Política sobre Drogas deve ser prioridade e não um negócio pouco transparente de grupos restritos de interesse e/ou legendas políticas sem compromisso com um Estado plural”, diz ainda a nota de repúdio da Arquidiocese.

Em janeiro deste ano, Dom Antônio Muniz já havia dito que a Igreja Católica não é capacho do governo. Está correto! Mas ali não era a primeira fez que o arcebispo se manifestava. É preciso recordar que no final do ano passado foi estabelecido um decreto para regulamentar e punir comunidades terapêuticas com algum vínculo político-partidário. O que faz o arcebispo falar novamente no assunto, basta usar a lógica!, é o fato do problema ter permanecido o mesmo ou se agravado.

Eis o que o arcebispo disse na época: "O foco deixa de ser o dependente químico para ser a reeleição do político que 'ajuda' tal comunidade. Não se pode conceber um centro voltado a tratar de dependentes químicos sob o comando de vereadores, deputados, senadores. Aproveito para dizer que, apesar do decreto, a relação entre Igreja e Estado é de extrema cortesia e educação, inclusive, estive com o governador, por uma hora, antes de tomar a decisão". O decreto foi publicado em 26 de dezembro de 2016.

Este é um assunto para o Ministério Público Estadual. E diante das acusações que envolve a Seprev, não pode o padrinho político da pasta ficar calado. Como é uma reclamação constante, que resultou até em decreto da Arquidiocese, o governador Renan Filho precisa falar sobre o assunto. Pelo visto o que mais o arcebispo tem encontrado, para voltar mais uma vez ao assunto, são ouvidos de mercadores. Fonte: http://www.cadaminuto.com.br

 

O padre Salvatore Perrella leciona há mais de 30 anos em uma Faculdade Pontifícia e é considerado um dos maiores especialistas em teologia mariana, aquela que estuda e aprofunda a figura de Nossa Senhora. Por isso, ele fez parte da comissão internacional desejada por Bento XVI para avaliar a credibilidade das aparições de Medjugorje A reportagem é de Carlo Di Cicco, publicada no sítio Tiscali.it, 19-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O site Tiscali.it encontrou-se com ele na Faculdade Marianum de Roma, onde, há alguns anos, ele é decano da Faculdade de Teologia. Sobre Nossa Senhora, ele diz coisas interessantes que, normalmente, não se ouvem por aí, salienta que não é difícil falar de Nossa Senhora: está tudo no Evangelho, o seu sentido, a sua grandeza, a sua humanidade, a sua vida por Jesus e pelos outros.

Ora, no entanto, embora tenha havido o Concílio Vaticano II, que, sobre ela, disse coisas importantes, mais do que em todos os outros concílios da história cristã, segundo o Pe. Perrella, “Maria é vítima da boataria popularesca que absolutamente quer que ela seja uma figura popularesca da fé. Dói-me ver como Santa Maria é tratada, capturada nas banalidades da existência. Maria foi chamada por Deus para viver o extraordinário no ordinário, e isso pressupõe dela mais do que amor, inteligência, humildade e esforço”. 
Antes de entrar no mérito das aparições de Medjugorje, Perrella, como premissa geral, pede que “se abandone a tradição cristã popularesca de considerar Nossa Senhora como a Barbie da fé. E hoje realmente se exagera. Maria não é uma Barbie, nem mesmo uma empregada da fé”.

decisão do Papa Francisco de mandar para Medjugorje o arcebispo de Varsóvia, Dom Henryk Hoser, como enviado da Santa Sé, com o encargo de preparar, até meados do ano, um relatório sobre as condições pastorais do lugar, pegou de surpresa, de certo modo, muitas daqueles que já esperavam uma declaração do papa sobre a veracidade sobrenatural das aparições de Nossa Senhora. 

O Pe. Perrella considera importante a decisão de Francisco, que completa o trabalho desenvolvido pela comissão desejada por Bento XVI. Essa comissão, presidida pelo cardeal Camillo Ruini, tinha uma tarefa doutrinal. Há urgência na Igreja, segundo o Pe. Perrella, de redescobrir a Nossa Senhora do Evangelho, em continuidade com o Concílio Vaticano II e com o ensinamento dos papas, começando por Paulo VI. João Paulo II recordou a necessidade de colocar a piedade popular dentro da Tradição da Igreja.

Para Ratzinger, Maria é a mulher do Evangelho, simples, humilde, extraordinária ao colocá-lo em prática. Francisco oferece uma mariologia popular não popularesca. Ela nasce do afeto. Ratzinger reúne razão e coração, que nem sempre se encontram. Francisco indica um percurso formativo para uma educação integral na fé. E o caminho da educação à fé sempre reúne os dois aspectos: Evangelho e testemunho.

Mas não se pode deixar de perguntar ao especialista porque, para esse fim, é necessário definir se as aparições de Nossa Senhora são verdadeiras ou imaginárias, e por que as pessoas acorrem em massa aos lugares onde se presume que esses fenômenos extraordinários ocorram. “Perguntar-se por que isso ocorre – responde Perrella – é um ponto importante. Falta às pessoas uma presença afetuosa para confiar, falta uma mãe, há uma carência de afeto, de maternidade. Nas palavras de Garimberti, precisamos que o céu nos cubra de beijos. Isso falta muito também no nosso mundo atual, onde prevalecem sentimentos de agressão, indiferença, não escuta, não consideração, estranheza. Francisco nos recorda a dimensão do amor, da misericórdia, da acolhida, do dom. Todos nos lembramos do encorajamento dado por ele à mulher que amamentava na igreja. Ele volta para a imagem da limpeza profunda, em que o seio não é vergonha. Nós perdemos o sinal da piedade popular, enquanto as pessoas precisam saber que há uma presença amiga em um mundo de indiferença, de ódio. É assim que eu explico esse boom de aparições de Nossa Senhora, que recebem tanto interesse e apelo popular. É claro, é preciso dizer que a Igreja institucional não gosta das aparições, parece intimidada. O caso de Medjugorje é uma prova disso. É um grave problema da Igreja, mas também uma reserva de possibilidades.”

Por isso, é necessário um esclarecimento: o primeiro passo foi a comissão desejada por Bento XVI. A Igreja tem o dever de salvaguardar a verdadeira piedade mariana. E a comissão realizou um exame aprofundado que exigiu um longo esforço para captar o que Deus quer nos fazer conhecer. Discernir o que é verdadeiro, o que é falso, o que é mero negócio, que papel tem o dinheiro.

Francisco abriu um segundo ato. Ele quer investigar como o suposto evento é celebrado, recordado, manipulado e como apresentá-lo às pessoas, perguntando-se também o que as pessoas vão fazer em Medjugorje. Francisco decidiu um ato “inteligente, que nasce da sua experiência pastoral. E, ao escolher um bispo conservador comparado com ele, mostrou a plena liberdade do seu gesto, manifestando que o seu único interesse como pontífice é o de responder à pergunta se Maria mostra o rosto de Deus. O que virá depois não sabemos o que e como será. Sabemos que, somente depois de ter verificado como encontrar a reta fé, buscando o rosto de Cristo, Francisco poderá tomar uma decisão, guiado unicamente pela lógica do bem dos fiéis”.

A partir da visita do enviado papal, poderiam vir à tona também coisas negativas, que “não se devem ao fenômeno, mas ao usufruto que se faz dele”. Será preciso refletir, porque nos encontramos diante de uma tipologia diferente do fenômeno das aparições em comparação com as aparições tradicionais e confirmadas, como Lourdes e Fátima. 

Em última análise, pensa Perrella, “as iniciativas do Papa Bento e do Papa Francisco sobre Medjugorje são salutares para sair da boataria pagã sobre a fé. E, para esse fim, era necessário verificar a credibilidade sobrenatural do evento e a sua pastoralidade”. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Visita do Frei Evaldo Xavier, O. Carm, Provincial dos Carmelitas e dos Freis; Petrônio, Adailson e Tiago, à Comunidade do Carmo de Salvador- BA(Freis; Raimundo e Alberto)

Venda iria custear estudos de outra irmã no exterior, segundo investigação.  Suspeito tem histórico de ameaças ao pai; irmã também foi morta.

Parte do dinheiro da venda de uma casa teria motivado a morte do dentista Francisco Ferreira Barro, de 72 anos, e da filha, Glaucia Rayssa Antony Barros, 25, em Coari, a 363 km de Manaus. O suspeito de ser o mandante do crime é Glauco Luiz Antony Barros, 29, filho adotivo do dentista. Ele foi preso e transferido para Manaus, nesta terça-feira (21). A venda do imóvel - avaliado em R$ 100 mil - já estava programada, e a maior parte do valor seria destinada ao pagamento dos estudos de outra irmã que cursa medicina na Bolívia. Para conseguir ficar com mais dinheiro, o suspeito teria encomendado a morte, segundo a polícia.

De acordo com a Polícia Civil, pai e filha morreram após dois homens invadirem a casa onde moravam em 16 de fevereiro. O suposto mandante do crime é filho adotivo da vítima. Ele tem histórico de ameaças ao pai e tentativa de agressão a irmã.

"O Neto, que era filho do dentista, mais conhecido como Sr Assis, tinha contratado outra pessoa por R$ 5 mil  - cuja alcunha era neyzinho - este chamou o foragido de justiça para quebrar algum (matar a vítima), mas era simulado para ser um roubo", disse o delegado Juan Valério.

Ainda segundo a Polícia Civil, há indícios de que o suspeito tenha viajado para Manaus no dia do assassinato para simular um álibi. O suspeito nega ser o mandante do crime. Ele foi transferido para se evitar que fosse vítima de algum atentado no município de Coari, onde o pai era conhecido por atender a população. 

Segundo o delegado, o suspeito se sentia preterido em relação aos demais filhos da vítima. O pai dele estava vendendo uma casa e já tinha recebido parte do dinheiro. "Ele ia pegar a maior parte do dinheiro e ajudaria outra filha a custear os estudos. Uma pequena parte ia para o Neto [suspeito]", disse o delegado.

A investigação aponta que a irmã reagiu durante a ação dos criminosos e, por isso, acabou morta.

Os dois suspeitos de efetuarem os disparos também foram presos no município. Segundo relato de testemunhas à polícia, homens invadiram a residência e pediram celulares dos moradores. Ao entrar no quarto das vítimas, os suspeitos atiraram contra pai e filha, que morreram no local. A dupla fugiu em uma motocicleta. O crime ocorreu na casa onde as vítimas moravam, no bairro Tauá-Mirim. Fonte: http://g1.globo.com

 

 

 Dom Edney Gouvêa Mattoso

Bispo  de Nova Friburgo, RJ.

Caros amigos, segundo os recentes documentos da Igreja, estamos vivendo uma “mudança de época” (Cfr. Aparecida, 44; Evangelii Gaudium, 52) com ênfase em uma profunda transformação cultural que vem colocando em crise muitos valores fundamentais da atual sociedade. Segundo estudiosos da atualidade, a realidade traz consigo uma verdadeira crise de sentido. Não se trata certamente das múltiplas tarefas do cotidiano, desenvolvidas pelo indivíduo, mas do nexo profundo que dá o eixo do próprio viver que os cristãos chamam de senso religioso. (Cf. n.37).

Neste contexto, é natural a desorientação dos cristãos. Infelizmente, o ambiente também torna-se propício para o surgimento de oportunistas que, explorando a boa-fé de nosso povo, querem utilizar o Evangelho para o lucro pessoal e não para a pregar a Verdade.

Nos primórdios da Igreja, tal atitude já era denunciada por São Paulo: “Se alguém transmite uma doutrina diferente e não se atém às palavras salutares de Nosso Senhor Jesus Cristo e ao ensino segundo a piedade, é um orgulhoso, um ignorante, alguém doentiamente preocupado com questões fúteis e contendas de palavras. Daí se originam invejas, ultrajes, suspeitas malévolas, discussões sem fim entre pessoas de mente corrompida, que estão privadas da verdade e consideram a piedade como uma fonte de lucro”. (1Tm 6, 3-5)

É lastimável o espetáculo das vendas de milagres, promissórias de bênçãos e “campanhas” de graças do céu. Sempre envolvendo altas quantias de dinheiro e uma linguagem puramente comercial, tal situação é um escândalo que se opõe à mensagem do Evangelho.

Nossa responsabilidade ante este quadro é dupla: em primeiro lugar, devemos fazer sério exame de nossa conduta e avaliar se estamos nos rendendo a este nefasto espírito de mercado; e, em segundo lugar, a denúncia dos falsos profetas e suas doutrinas, sempre presentes na histórica caminhada do Povo de Deus.

Muitos fiéis deixam os ensinamentos de Nosso Senhor não especificamente pela profissão de fé cristã, mas pelo modo como os cristãos vivem (Aparecida, 225); outros, entretanto, adquirem falsas práticas religiosas porque não conhecem o que Jesus disse no Evangelho ou apenas o ouviram de modo fragmentado.

Uma religião do bem-estar temporal nunca será compatível com a pregação de Jesus Cristo. Que Deus livre nossa sociedade de cair nesta antiga tentação. Fonte: http://www.cnbb.org.br

À espera da próxima eleição do presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), que irá ocorrer em maio, Francisco já está modificando o rosto do episcopado italiano ao som de nomeações. Até hoje, a liderança de mais de um terço das dioceses do país foi mudada pelo papa, com solavancos fortes até. A última ocorreu na última quarta-feira, 15, em Ferrara, onde foi nomeado Giancarlo Perego, padre de Cremona, de 56 anos. A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 16-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Na diocese liderada por Luigi Negri, do movimento Comunhão e Libertação, onde, em outubro passado, parte da comunidade de Gorino tinha erguido barricadas contra a decisão da prefeitura de enviar 12 refugiados (incluindo um cartaz afixado do lado de fora de uma igreja: “Por que vocês não vão para o Califado de vocês?”), Francisco mandou aquele que, desde 2009, é diretor-geral da Fundação Migrantes, o órgão pastoral da CEI que se dedica justamente a eles, aos excluídos.

O sinal de que o papa enviou, em essência, sempre o mesmo desde que se tornou bispo de Roma, fala por si só. E diz mais coisas. Entre elas, que os bispos devem ter algumas características imprescindíveis: devem ser pastores que acolhem as pessoas, especialmente os últimos, que sabem escutar, que não rejeitam, que não escolhem o rebanho que lhes foi confiado.

Sim, o rebanho. Deste, os bispos bergoglianos devem ter, ou ao menos conhecer, o cheiro. Ou seja, o que importa é a proximidade a todos, porque “o episcopado – explicou o papa várias vezes – não é uma honraria, mas um serviço”. E, nesse sentido, um serviço que também pode ser prestado por aqueles que não têm os “graus” que até quatro anos atrás pareciam ser necessários: a maioria dos novos prelados são simples párocos e, salvo exceções, não tinham grandes cargos antes da nomeação, eram isentos de uma particular “carreira” curial.

Antes de Ferrara, muitos outros casos. Acima de tudo, três dioceses de primeiro plano. Pádua, onde Santo Antônio morreu e onde, governada pelo Vaticano, ergue-se a basílica com os seus restos mortais; Bolonha, marcada pelas grandes figuras da Giacomo Lercaro e do seu “oposto”, Giacomo Biffi, a diocese mais rica da Itália; Palermo, a sede siciliana mais importante, cardinalícia por tradição.

Em Pádua, desde 1932, não era designado um pastor que já não fosse bispo. Em 2015, Francisco escolheu o Pe. Claudio Cipolla, por muitos anos diretor da Cáritas da diocese e simples pároco.

Em Bolonha, depois de Carlo Caffarra, chegou Dom Matteo Zuppi, bispo auxiliar de Roma e membro da Comunidade de Santo Egídio, desde sempre comprometido com os sem-teto, os pobres e os refugiados. 

Já em Palermo, o papa quis levar o Pe. Corrado Lorefice, este também pároco, amigo do Pe. Ciotti, na linha de frente contra a rede de prostituição.

Francisco deu desde cedo os sinais de uma profunda mudança em curso. Até mesmo dentro da liderança da CEI. A escolha de nomear Nunzio Galantino, quando ele estava à frente da diocese de Cassano all’Ionio, como secretário-geral dos bispos vai nesse sentido. Assim também a decisão de dar a púrpura a bispos como Gualtiero Bassetti (Perugia), Edoardo Menichelli (Ancona) e Francesco Montenegro (Agrigento), pastores de dioceses não tradicionalmente cardinalícias. Mas há muitos outros exemplos, e haverá muitos outros no futuro.

Recentemente, os três novos bispos de Savona-Noli, de Messina-Lipari-Santa Lucia del Mela e de Lucera-Troia foram respectivamente os três párocos Calogero Marino, Giovanni Accolla e Giuseppe Giuliano. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Dezenas de cartazes com críticas ao Papa Francisco foram espalhados nas ruas de Roma

No início do mês, cartazes criticando o papa surgiram em Roma, e um jornal falso que zombava do pontífice foi enviado a cardeais da cidade. O repórter Christopher Lamb investiga o caso.

Fiquei chocado quando os vi.

Estava sentado algumas fileiras atrás de uma freira em um bonde quando paramos ao lado de cartazes em que o papa Francisco aparece com um olhar carregado.

Sob seu rosto aborrecido, quase ameaçador, havia uma lista de reclamações: ele havia destituído padres, ignorado preocupações de cardeais e "decapitado" um antigo grupo católico, a Ordem de Malta. Isso é o oposto do que me acostumei a esperar ver em Roma. O bonde passava por uma parte da cidade onde normalmente há imagens de um papa sorridente, com os braços estendidos ou fazendo um sinal positivo com a mão.

Aqui na Itália, o papado é o mais perto que há de uma monarquia, então, não é surpreendente que autoridades da capital tenham ordenado que os pôsteres fossem cobertos, só restando um aviso: "Cartaz colado ilegalmente". Ao mesmo tempo em que os cartazes surgiam nas paredes da cidade, cardeais de Roma abriram suas caixas de correio e encontraram uma versão falsa do jornal do Vaticano, o L'Osservatore Romano.

Na capa, havia uma lista de perguntas ao papa feitas por um grupo de cardeais conservadores em que a resposta sempre era sic et non (sim e não). Estavam pregando uma peça no pontífice em seu próprio território - e em latim.

O papa Francisco é popular entre muitos católicos, mas enfrenta bastante resistência às mudanças que promoveu e ainda promove no Vaticano, motivo de fúria entre fiéis das alas mais tradicionais da Igreja.

O principal motivo de tensão tem sido sexo - sim, sexo. Francisco quer que divorciados que se casaram novamente possam comungar. Seus críticos dizem que isso mina ensinamentos da Igreja sobre matrimônio, porque uniões secundárias seriam adultério. Todas as perguntas na capa falsa do jornal eram sobre isso.

Um cardeal americano, Raymond Burke, está na linha de frente da oposição a Francisco. Burke preza as regras atuais. Foi ele que disse certa vez ao então candidato presidencial John Kerry que ele não poderia comungar por já ter apoiado o aborto.

O cardeal Burke vem criticando abertamente as mudanças promovidas por Francisco

Burke dedicou-se durante a maior da vida ao estudo das leis da Igreja e quer garantir que sejam cumpridas. Ele acredita que o papa está fazendo ajustes perigosos na tradição de mais de 2 mil anos do Cristianismo. Ele ameaçou até mesmo decretar "um ato formal de correção de um erro grave" contra o papa. Seria um gesto ousado e raro - algo assim não ocorre há séculos.

O cardeal vive em um grande apartamento na rua construída por Mussolini que leva à Praça de São Pedro a partir do rio Tibre. É dali que ele comanda sua operação para prover o que chama de "clareza da doutrina". Costumes e tradições são muito valorizados por ele. Quando o visitei para entrevistá-lo, passei por um chapéu de cardeal mantido em uma redoma de vidro, como de fosse uma relíquia sagrada, no caminho para uma sala onde esperei por sua entrada.

Ao meu lado, estava seu assessor de imprensa, que cumprimentou o cardeal se ajoelhando e beijando seu anel de ouro, um sinal de respeito. Por outro lado, quando visitei o papa Francisco - como um membro da imprensa que cobre o Vaticano -, nós trocamos um aperto de mãos, e não pude deixar de notar um ligeiro desconforto nele quando as pessoas se ajoelhavam à sua frente.

Diz-se em Roma que os cartazes foram obra de um grupo de direita que não gosta dos apelos do papa para que a Europa receba melhor os imigrantes. Novamente, ele e Burke parecem estar em lados opostos da questão, mas não há evidências de que o cardeal esteja por trás dos pôsteres ou do jornal falso.

Há muitos católicos conservadores que ficam desconfortáveis com as mudanças promovidas pelo papa e sua decisão de viver em uma casa simples em vez de ocupar o apartamento papal, carregar sua própria maleta e andar por aí em seu carro, gestos que rompem com a pompa do cargo e são considerados inadequados por alguns.

Até agora, o papa não parece ter dado importância às críticas. "Não tomo tranquilizantes", disse em tom de brincadeira recentemente. Sua forma de lidar com o estresse, explicou, é anotar os problemas em um papel e colocá-lo sobre uma imagem de um São José adormecido.

São José é a figura à qual os católicos recorrem quando enfrentam dificuldades de ordem prática. "Agora, ele dorme sobre um colchão de papéis", acrescentou Francisco.

O problema é que a função do papa é ser a base da unidade da Igreja. Alertas soam quando um papado começa a gerar muitas divisões. Ao mesmo tempo em que Francisco tem sido muito bem-sucedido em falar com as ovelhas desgarradas, ele corre o risco de alienar quem ainda está por perto. O papa admitiu que fissuras estão surgindo entre bispos e padres - e, se forem ignoradas, elas podem se tornar problemas ainda maiores.

Christopher Lamb é correspondente do Vatico para o "The Tablet". Fonte: https://noticias.uol.com.br

Francisco sublinha que justiça proposta por Cristo exclui qualquer ato de «vingança»

Cidade do Vaticano, 19 fev 2017 (Ecclesia) – O Papa disse hoje no Vaticano que os católicos são chamados a responder com atos de “bem” aos que os caluniam, sublinhando que a justiça proposta por Cristo exclui qualquer ato de “vingança”.

Francisco referiu aos peregrinos reunidos para a recitação do ângelus, na Praça de São Pedro, que a “revolução” proposta por Jesus passa por “quebrar a cadeia do mal”, mesmo perante quem é considerado como “inimigo”.

“Inimigos são os que falam mal de nós, quem nos calunia e é injusto connosco. Não é fácil digerir isto”, admitiu o Papa, para quem os crentes devem “responder com o bem” e com estratégias “inspiradas pelo amor”.

A intervenção sublinhou que esta proposta de Jesus representa “uma realização superior da justiça”, com uma “nítida distinção” entre justiça e “vingança”.

Francisco alertou, em particular, para situações de conflito no seio das próprias famílias.

“Quantas inimizades nas famílias, quantas!”, lamentou. O Papa convidou os presentes a rezar pela intercessão da Virgem Maria para que todos possam seguir em frente neste “caminho exigente”.

“Que ela nos ajude a praticar a paciência, o diálogo, o perdão e a ser, assim, artesãos de comunhão, artesãos de fraternidade na nossa vida quotidiana, sobretudo na nossa família”, declarou Francisco.