Frei Geraldo Bezerra, O. Carm.

Este ano, a Igreja na América Latina e Caribe, deveria estar celebrando o grande acontecimento eclesial- a V Conferência do Episcopado Latino americano e Caribenho, que teve lugar entre os dias 13 a 31 de maio de 2007.

O que chegou até nós de Aparecida?  Nossas Igrejas se tornaram mais discípulas missionárias, ou simplesmente estão buscando encontrar caminhos? (Fonte: Facebook)

Pe. Lucas Emanuel, C.Ss.R

Historicamente falando, o Anel de Tucum nasce no tempo do Império do Brasil. Enquanto a realeza usava joias de metais e ouro, os escravos e índios, sem acesso a esses materiais, criaram o Anel do Tucum.

Tucum é uma Palmeira comum na Amazônia. Fizeram, então, desse objeto rústico um símbolo de amizade entre si, pactos matrimoniais e, também, de resistência na luta por libertação. Desse modo, o anel de Tucum era um símbolo cuja linguagem, só eles conheciam. Um símbolo secreto da amizade deles e de suas lutas cotidianas. Mais tarde, os cristãos passam a ter no Anel de Tucum um símbolo de fé e compromisso.

Especialmente com a Teologia da Libertação, nos anos 60, quando o apelo às causas dos mais pobres e abandonados começa a crescer, não só no Brasil como também em nossa América Latina. Tivemos, portanto, nesse período um grupo grande de pessoas dedicadas à luta dos mais fracos, o que rendeu muitos testemunhos e martírios. Dom Pedro Casaldáliga é um exponente que nos retrata essas lutas. Esse ilustre Bispo Profeta, num Filme sobre o Anel de Tucum, nos apresenta o significado do anel com essas palavras: “Anel de Tucum é sinal da aliança com a causa indígena e com as causas populares. Quem carrega esse anel significa que assumiu essas causas. E, as suas consequências”. Dizendo isto, lança o convite: “Você toparia levar um anel? Topa?”. As causas de ontem se encontram com as causas de hoje.

Nossas lutas mudaram de cenários e nomes e os pobres ainda continuam excluídos e oprimidos. Por isso, o anel de Tucum quer simbolizar uma fé engajada, um compromisso com os pobres, com os sem voz e os sem vez, um compromisso com a VIDA! Jesus nos revela que Deus está ao lado dos pobres e quer promover sua dignidade, no rosto do pobre encontramos o rosto de Deus. “Na verdade vos digo: toda vez que fizestes isso a um desses mais pequenos dentre meus irmãos foi a mim que o fizestes!” (Mt 25, 40). (Fonte: Facebook)

Dom Gil Antônio Moreira

Arcebispo de Juiz de Fora

Foi nos meados de outubro de 1717 que três pescadores encontraram, entre suas redes, a pequena imagem negra da Beatíssima Virgem Maria, que se tornou principal ícone de devoção sempre crescente do povo brasileiro. Desde o princípio, os moradores da região costumaram referir-se a ela como Nossa Senhora da Conceição Aparecida ou simplesmente Nossa Senhora Aparecida.

Ao correr do tempo, orações, celebrações, escuta da Palavra de Deus, súplicas em situações de extrema dificuldade se repetiram, subindo a Deus como suave incenso, resultando em graças alcançadas e milagres verdadeiros. O aumento do movimento popular gerou sucessivas construções de espaços cada vez mais amplos para o povo local e peregrinos de várias partes. De uma simples sala na casa de Felipe Pedroso, da pequena capela no morro dos Coqueiros, edificações sucessivas foram surgindo até se chegar ao extraordinário Santuário Nacional, o maior do mundo construído em louvor da Virgem Maria, sagrado solenemente pelo inesquecível Papa São João Paulo II, no ano de 1980, em sua primeira viagem ao Brasil. 

Ocorrendo frequentes milagres de Deus por intercessão da Virgem Mãe de Cristo, a devoção foi se tornando cada vez mais centro de piedade popular, reconhecida repetidas vezes pelas autoridades eclesiais, configurando-se como autêntico e forte elemento evangelizador e santificador.

Para isso, contribuiu a iniciativa pioneira de Dom Silvério Gomes Pimenta, o primeiro bispo negro do Brasil, Bispo e posteriormente Arcebispo de Mariana, em Minas Gerais, que em 1893 trouxe para a cidade de Juiz de Fora, hoje sede de nossa Arquidiocese, a Congregação dos Padres Redentoristas. Tal iniciativa foi secundada pelo Bispo de São Paulo, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti que, no ano seguinte, conseguiu na Baviera, a vinda de Redentoristas para a sua diocese, colocando-os em Aparecida, ampliando assim o trabalho catequético, evangelizador e missionário, além da assistência cotidiana dos Sacramentos. Concretiza-se assim o ideal do fundador, Santo Afonso Maria de Ligorio, que era de evangelizar os abandonados.

Como já referido em outro artigo de nossa autoria, não há dúvidas que o maior de todos os milagres acontecidos em Aparecida tem sido a inexplicável força deste singelo símbolo. Uma imagenzinha de 36 centímetros, de terra-cota, já considerada desprezível, atirada em dois pedaços no fundo de um rio, apanhada por humildes pescadores, vem arrastando crescentes romarias, chegando hoje a multidões incalculáveis que buscam o Senhor, na casa de Maria. A IX Romaria do Terço dos Homens, a acontecer no próximo sábado, 18 de fevereiro, já conta com inscrição de mais de 70 mil pessoas. A devoção a Maria foi sempre cristológica, sabendo-se que quem busca Maria, a busca por ser mãe de Jesus, o Divino Salvador, tendo profundo sentido bíblico. 

Diz Moisés Alves dos Santos, comentarista das agendas da editora Ave Maria, falando das experiências de fé em Aparecida: A “aparição” de Maria em terras brasileiras é simples... O extraordinário é que se tornou essa experiência fundante: quantas conversões, quantas promessas, quantas curas! ... É próprio de Deus atuar a partir de uma experiência simples. Foi assim que Abraão foi chamado para ser pai de uma grande multidão, após uma simples experiência com o céu estrelado. Foi assim também que Jeremias aderiu à sua missão, após ter a visão de uma “panela fervendo”. (Agenda Ave Maria, 2017, 12 de outubro). 

Podemos acrescentar à reflexão as contínuas atitudes de Jesus, que empregava elementos muito simples para suas pregações, a fim de comunicar verdades de grande profundidade. Assim foi com a semente de mostarda, com um pouco de lama feita com a sua saliva e um pouco de terra para curar o cego de nascença, e o pão, o mais comum dos alimentos, para instituir o mais sublime dos Sacramentos que é a Sagrada Eucaristia.

Os elementos materiais, tão pequenos a aparentemente insignificantes, tornam-se pela forma simbólica, a causa de coisas imensamente maiores, sobrenaturais, transformadoras, edificadoras, força e intermediação da Salvação. Só Deus pode fazer isto! 

Maria, a humilde serva, jovenzinha de Nazaré, foi escolhida pela iniciativa divina para ser o canal intermediador da Salvação, sendo mãe do Filho de Deus encarnado. Sua singela súplica nas Bodas de Caná resultou no primeiro milagre de Cristo, o início de sua vida pública, segundo o evangelho de São João.

A ação de Maria, pelo divino desígnio dos mistérios de Deus, prossegue realizando a obra misericordiosa do Pai, que após 300 anos, vem atraindo e acolhendo o povo fiel do Brasil, na conta de seus filhos queridos. Fonte: http://www.cnbb.org.br

Dom Luigi Negri, da Arquidiocese de Cremona, líder de longa data da ala conservadora dos bispos italianos, teria manifestado, em novembro de 2015, juízos severos sobre o Papa Francisco e suas escolhas para o episcopado. Na quarta-feira, ele renunciou e foi substituído por um prelado claramente a favor dos imigrantes. A reportagem é publicada por Crux, 15-02-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Um prelado italiano, que esteve no centro de uma polêmica em novembro de 2015 por supostamente manifestar o desejo de ver o Papa Francisco morrer, renunciou na quarta-feira, 15-02-2017, e foi substituído por um padre conhecido por defender migrantes e refugiados.
Dom Luigi Negri, de Cremona, que completou 75 anos em novembro passado – alcançando a idade em que os bispos devem submeter o pedido de renúncia ao papa –, tinha sido nomeado para conduzir a arquidiocese italiana no norte do país, localizada na Lombardia, pelo Papa Bento XVI 2012.

Um dos mais experientes do influente movimento católico “Comunhão e Libertação”, Negri há tempos é visto como um dos líderes da ala conservadora do episcopado italiano.

Em novembro de 2015, irrompeu uma polêmica em âmbito nacional quando o jornal Il Fatto Quotidiano publicou uma matéria de capa que descreveu relatos oculares de um diálogo que Negri teria tido um mês antes a bordo de um trem em direção a Roma com o seu secretário pessoal, um padre arquidiocesano.

No diálogo, o prelado de 74 anos teria dito que esperava que a “Madonna” (Nossa Senhora) realizasse um milagre e causasse a morte do Papa Francisco, em referência ao exemplo do Papa João Paulo I, que faleceu depois de apenas 33 dias. Em tese, Negri também disse duras palavras sobre as nomeações episcopais feitas por Francisco para as dioceses de Bolonha e Palermo. (Em ambos os casos, o pontífice designou prelados considerados de centro-esquerda para substituir figuras percebidas como mais conservadoras.)

Nenhuma das supostas testemunhas ocupares foram identificadas na reportagem, e ninguém veio a público afirmar ter ouvido o diálogo. De início, Negri negou a matéria energicamente, dizendo que se baseava em “invenções” tão fantásticas que o autor precisa “se tratar dos seus delírios”, e ameaçou acionar juridicamente o jornal por difamação.
Mais tarde, Negri reconheceu ter tido a conversa, mas insistiu que o “milagre” a que se referia era em relação ao Papa João Paulo II e à crença de que a Nossa Senhora havia redirecionado a bala para salvar-lhe a vida durante a tentativa de assassinato de 1981. Sobre os dois bispos, ele disse que estava fazendo observações históricas e culturais, não condenando-os pessoalmente. Muitos italianos, no entanto, acharam os sentimentos expressos na reportagem plausíveis, no mínimo.

Tempos atrás Negri serviu como o braço direito de Dom Luigi Giussani, fundador do Comunhão e Libertação, grupo lançado em Milão no começo do século XX, prelado visto na época como uma espécie de representante rival da ala progressista liderada pelo falecido cardeal jesuíta Carlo Maria Martini. (Quando primeiramente surgiu a notícia dos supostos comentários de Negri, o movimento emitiu uma nota indicando que desde 2005 ele não ocupava nenhum cargo de responsabilidade na organização e reafirmando a lealdade do grupo “a todo gesto e a toda palavra” do Papa Francisco.)

Na política italiana, Negri é visto como um apoiador do ex-primeiro-ministro conservador Silvio Berlusconi. Ele também está entre os prelados pró-vida de maior destaque do país, declarando que não daria a Comunhão a políticos católicos italianos de centro-esquerda que apoiam uniões civis homoafetivas.

Quando foi lançado em 2006 o documento do papa Amoris Laetitia, Negri esteve entre os bispos que insistiam que o texto não abria as portas para a recepção da Comunhão a fiéis divorciados e recasados no civil, dizendo: “Se ele pessoalmente pensa isso e ainda não o disse, vamos aguardar para ver quando ele dirá, mas não podemos dizer que ele já disse que sim, quando ele não disse!” Pelo que tudo indica, o substituto de Negri em Cremona é um bispo mais aos moldes do Papa Francisco.

Giancarlo Perego, 56 anos, serviu anteriormente como diretor de uma fundação chamada “Migrantes”, agência oficial da Conferência dos Bispos da Itália destinada a atender os migrantes e refugiados. É também o editor de uma revista publicada pela fundação, e foi consultor para o Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes que acabou sendo absorvida pelo novo Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral.

Antes disso, por muito tempo Perego foi uma referência para as organizações caritativas católicas italianas, ocupando uma série de cargos na Caritas. Em Cremona, Perego herda uma região da Itália conhecida por nutrir um sentimento anti-imigrante. A arquidiocese inclui duas pequenas cidades, Goro e Gorino, que em 2016 foram motivos de manchetes por erguerem barricadas contra 12 refugiados que tentavam entrar no país, incluindo uma mulher grávida e oito crianças.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

 

 

16/02/2017- O primeiro compromisso do Papa nesta quinta-feira foi a celebração da Missa na capela da Casa Santa Marta. Na sua homilia, o Pontífice deu destaque ao sofrimento de tantos povos castigados pelas guerras promovidas pelos poderosos e pelos traficantes de armas. De modo especial, falou de três imagens presentes na Primeira Leitura, extraída do Livro do Gênesis: a pomba, o arco-íris e a aliança.

“A aliança que Deus faz é forte – comentou – mas como nós a recebemos e a aceitamos é com fraqueza. Deus faz a paz connosco, mas não é fácil preservá-la”. “É um trabalho de todos os dias, porque dentro de nós ainda existe aquela semente, aquele pecado original, o espírito de Caim que por inveja, ciúme, cobiça e desejo de dominação faz a guerra”. Francisco observou que, falando da aliança entre Deus e os homens, se faz referência ao “sangue”: “pedirei contas do vosso sangue, que é vida, a qualquer animal. E ao homem pedirei contas da vida do homem, seu irmão”. Nós, portanto, “somos custódios dos irmãos e quando há derramamento de sangue, há pecado e Deus nos pedirá contas”:

“Hoje no mundo há derramamento de sangue. Hoje o mundo está em guerra. Muitos irmãos e irmãs morrem, inclusive inocentes, porque os grandes e os poderosos querem um pedaço a mais de terra, querem um pouco mais de poder ou querem ter um pouco mais de lucro com o tráfico de armas. E a Palavra do Senhor é clara: ‘pedirei contas do vosso sangue, que é vida, a qualquer animal. E ao homem pedirei contas da vida do homem, seu irmão’. Também a nós, que parecemos estar em paz aqui, o Senhor pedirá contas do sangue dos nossos irmãos e irmãs que sofrem a guerra”.

Custodiar a paz, a declaração de guerra começa em cada um de nós

“Como proteger a pomba? Pergunta-se Francisco; “O que faço para que o arco-íris seja sempre um guia? O que faço para que não seja mais derramado sangue no mundo?”. Todos nós, reiterou, estamos envolvidos nisto. A oração pela paz não é uma formalidade, o trabalho pela paz não é uma formalidade. E relevou com amargura que a guerra começa no coração do homem, começa nas casas, nas famílias, entre amigos, e depois vai além, a todo o mundo. “O que faço, eu, quanto sinto no meu coração ‘algo que quer destruir a paz’?”

“A guerra começa aqui e termina lá. Vemos as notícias nos jornais e na TV... Hoje, muita gente morre e a semente de guerra que gera inveja, provoca ciúmes, a cobiça no meu coração é a mesma coisa do que a bomba que cai num hospital, numa escola, matando crianças - é o mesmo. A declaração de guerra começa aqui, em cada um de nós. Por isso, pergunto: “Como custodiar a paz em meu coração, em meu íntimo, na minha família?”. Custodiar a paz, mas não só: fazê-la com as mãos, todos os dias. E assim conseguiremos fazê-la no mundo inteiro”.

A recordação do fim da guerra na lembrança do menino

“O sangue de Cristo – evidenciou – é o que faz a paz, mas não o sangue que eu faço com o meu irmão” ou “o que fazem os traficantes de armas ou os poderosos da terra nas grandes guerras”. Francisco relatou um episódio pessoal, de quando era criança, sobre a paz:

“Recordo quando começou a tocar o alarme dos Bombeiros, depois nos jornais e na cidade... Isto se fazia para atrair a atenção para um fato ou uma tragédia, ou outra coisa. E logo ouvi a vizinha de casa chamar minha mãe: ‘Senhora Regina, venha, venha!’ E minha mãe saiu, assustada: ‘O que aconteceu?’ E a mulher, do outro lado do jardim, disse: ‘A guerra acabou!’, chorando.

Francisco recordou o abraço das duas mulheres, o pranto e a alegria porque a guerra havia terminado. “Que o Senhor – concluiu – nos dê a graça de poder dizer: ‘Terminou a guerra’ e chorando. ‘Acabou a guerra no meu coração, acabou a guerra na minha família, acabou a guerra no meu bairro, acabou a guerra no meu trabalho, acabou a guerra no mundo’. Assim serão mais fortes a pomba, o arco-íris e a aliança”. Fonte: http://pt.radiovaticana.va

Há uma frase de Hélder Câmara, arcebispo brasileiro, que explica bem o pensamento de outro arcebispo, Carlo Maria Martini: “Quando dou comida aos pobres chamam-me de santo. Quando pergunto por que eles são pobres chamam-me de comunista”. Frase que Ermanno Olmi, em colaboração com o jornalista Marco Garzonio (que, pelo jornal Corriere della Sera, acompanhou e contou Martini desde a sua chegada em Milão, em 1979, até a sua morte, em 2012), quis citar no seu intenso retrato do cardeal, vedete, sono uno di voi [vejam, sou um de vocês. Sim, a grafia é em minúsculo, pois Martini não apreciava as maiúsculas, segundo o diretor do filme. Nota da IHU On-Line], que será lançado em março. A reportagem é de Antonello Catacchio, publicada no jornal Il Manifesto, 11-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Olmi não é nem quer ser um biógrafo que enrola histórias e anedotas, mas cava profundamente, permite que o homem Martini levite, como o pão camponês, enquadra-o “como uma árvore que cresceu para fora do jardim, onde a ordem hierárquica não é avaliada em termos econômicos, mas de função”.

Reunindo entrevistas, clipes, fotografias, material de arquivo e imagens escolhidas com cuidado, Olmi acompanha o relato com a sua própria voz “para falar com honestidade” e oferece o percurso de um personagem singular, natural de Turim, de origens abastadas, que decidiu se tornar sacerdote desde pequeno, depois jesuíta, teólogo, estudioso da Bíblia, convicto defensor do diálogo entre as religiões. 

Um grande intelectual da Igreja, chamado, a despeito de si mesmo, por Wojtyla para se tornar arcebispo de Milão em 1979. Cidade difícil, atravessada por todas as contradições da época, e Martini, de algum modo se transformou, entendeu que “estar nos passos do homem é mais importante do que qualquer livro”.

Um episcopado sofrido e próximo dos sofredores. Com uma primeira e inquietante carta pastoral, “a dimensão contemplativa da vida”, a lectio divina na Catedral, as vigílias na praça com os trabalhadores, as frequentes visitas à prisão. As hierarquias, muitas vezes, não compartilharam as suas escolhas, como a de batizar os gêmeos de dois membros das Brigadas Vermelhas nascidos na prisão, assim como a rejeição à lógica do lucro como motor de civilização e progresso, mas também a constituição do “fundo de solidariedade em favor das famílias necessidades dos demitidos e dos desempregados” (1982). Ou, melhor, alguns levantaram a hipótese de um dualismo entre Wojtyla e Martini, que foi colocado em posição antagônica ao papa, obscurecendo uma possível sucessão.

Na Sexta-feira Santa de 1984, Martini celebrou uma procissão penitencial rezando para derrotar em Milão as três pragas do momento: “a violência, a solidão, a corrupção”. Passam-se apenas dois meses, e são entregues no arcebispado sacos cheios de armas das Brigadas Vermelhas. Ele chegou também a instituir uma “cátedra dos não crentes”, ou seja, uma série de encontros sobre “perguntas da fé”, um debate “estranho e imprudente” entre pensantes e não pensantes. 

Liberdade, justiça, democracia, temas caras também a Olmi (“Hoje, a democracia tornou-se uma grande máscara”), que também consegue citar a ilha de Chios, onde as pessoas modestas que ele gosta e estima desde sempre inventaram a democracia, mas que “não deve ser vivida passivamente”.

Agora, Martini já amadureceu as suas escolhas; segundo ele, a Igreja deve se renovar, chegou a afirmar que ela “está 200 anos atrás”. Ele não gostava de toda a ênfase e a prosopopeia da ostentação. Tinha sido um dos primeiros a intuir como a santificação do lucro trazia consigo os gérmens da corrupção e, curiosamente, foi justamente em Milão que explodiu ruidosamente a bolha da Tangentopoli [escândalo de corrupção na Itália nos anos 1990]. 

“Para perseguir a riqueza, tornamo-nos pobres”, recorda Olmi. Ele que acaricia com olhar respeitoso o seu protagonista, compartilha-o antes mesmo de narrá-lo, mostra-o quando, depois de ter renunciado ao cargo de arcebispo de Milão, foi a Jerusalém, cidade de contradições devastadoras, mas também de grande oração: “Na sexta-feira, os muçulmanos. No sábado, os judeus. No domingo, os cristãos”. E, sobre tudo, recorre uma constante, aquele quartinho do Alosianum de Gallarate, onde Martini expirou aos 85 anos e onde tinha feito o seu noviciado aos 17 anos.

No filme, ele não está nem podia estar, mas Garzonio e Olmi quiseram recordar como o Papa Francisco, na sua primeira aparição, saudou os romanos simplesmente com um “boa noite”. Um sinal de proximidade com a simplicidade de Martini, que, na sua chegada a Milão, não quis celebrações. Uma proximidade que encontrou outros pontos de contato, não por último a luz verde para a beatificação de Câmara. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Santuário de Medjugorje acabou debaixo da lupa do Papa Bergoglio. Será um bispo polonês, um dos mais conservadores, Henryk Hoser – com um passado como missionário na África e como membro da Propaganda Fide –, que jogará luz sobre as atividades pastorais e econômicas ligadas à realidade religiosa europeia mais misteriosa. “Eu aceitei uma missão nada fácil”, comenta o religioso. A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada no jornal Il Messaggero, 12-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Há décadas, nos arredores de Medjugorje, chocam-se visões opostas, bispos céticos sobre as aparições de Nossa Senhora, freis rebeldes e suspensos a divinis, videntes que se consideram enviados pela Providência, curas nunca verificadas, e até mesmo pessoas que arruinaram a visão olhando para o sol.

O mandato

Tecnicamente, Hoser é um visitador, mas, de fato, é um inspetor com um mandato bem específico: redigir um relatório abrangente sobre o funcionamento do santuário, sobre as suas atividades pastorais, sobre as suas receitas econômicas e tudo gira em torno delas, do negócio dos hostels – que brotaram como fungos nas últimas décadas – às agências de viagens religiosas, até chegar, naturalmente, a verificar como os sacerdotes acolhem as multidões que chegam abundantemente à cidadezinha bósnia perto de Mostar. 

Mas não caberá ao inspetor papal investigar as aparições. Para isso, já existe o longo relatório da comissão do cardeal Ruini, entregue ao Papa Ratzinger há cinco anos. Antes de poder dar a última palavra definitiva sobre a veracidade das aparições, o Papa Bergoglio (que herdou o relatório de Ruini, mas ainda não o divulgou) quer ver claramente e, justamente para isso, precisa de uma intervenção super partes e inflexível como a do bispo de Varsóvia, Hoser. 

O fluxo de peregrinações começou sob o comunismo, em 1981, quase às escondidas. Na época, em Medjugorje, não havia nada. Depois, ela progressivamente se expandiu, até assumir uma importância enorme para a Igreja. Para além do ceticismo, o santuário bósnio atesta uma realidade religiosa extensa demais para ser fechada ou redimensionada através de um parecer negativo. A religiosidade popular transformou aquela árida colina de entulhos em um lugar de conversões e curas.

Em 1991, os bispos da Iugoslávia assinaram em Zara uma prudente declaração para tomar distância: “Com base nas pesquisas realizadas até aqui, não é possível afirmar que se trata de aparições e fenômenos sobrenaturais”.

Os videntes

Os seis videntes principais (aos quais se somaram posteriormente outros dois) afirmam ver Nossa Senhora e falar com ela. Eles a descrevem sobre uma nuvem, com um rosto sorridente, as sobrancelhas bem cuidadas, um vestido de túnica cinza-azulado. 

Em 1981, eles eram todos adolescentes. Hoje, são casados, têm filhos, vivem perto do santuário, e diz-se que gerenciam indiretamente hotéis e outras atividades econômicas. 

Miriana vê Nossa Senhora no dia 18 de março de cada ano. Jakov, a cada Natal. Marija, Vicka e Ivan têm visões mais frequentes. Essas aparições marianas são recordes e vão entrar para a história como as mais longas e as mais frequentes jamais ocorridas. 
Para alguns dos videntes, a Nossa Senhora, por um certo período, aparecia todos os dias, independentemente do lugar onde se encontrassem. Até mesmo a bordo de aviões. 
Sobre esse tema, a Igreja se dividiu. Wojtyla tomou tempo, Ratzinger dispôs uma investigação, e agora o Papa Francisco deverá enfrentar a questão. Em algumas ocasiões, ele mesmo se mostrou cético: Nossa Senhora não é carteira. 

“A Nossa Senhora não é a chefe de uma agência dos correios que, a cada dia, manda uma carta diferente, dizendo: ‘Meus filhos, façam isto e, depois, no dia seguinte, façam aquilo’. Não, não essa. A Nossa Senhora verdadeira é aquela que gera Jesus no nosso coração. Essa moda da Nossa Senhora superstar, como uma protagonista que coloca a si mesma no centro, não é católica.”

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

 

Dom Rodolfo Luís Weber

Arcebispo de Passo Fundo

Alguns minutos de reflexão e observação são suficientes para perceber a importância e a necessidade de ser justo. O poder judiciário faz parte da organização da sociedade que envolve milhares de pessoas e imensas estruturas. O curso de Direito é um dos mais procurados e as vagas existentes são muitas. Cada dia são julgados processos e novos são iniciados com o objetivo de restabelecer a justiça. Tudo isto revela a importância do valor de ser justo, da justiça. Ao mesmo tempo, a quantidade de processos revela a ausência de justiça nas relações entre as pessoas, entre pessoas e instituições e vice-versa.

Ser justo é um valor. É uma virtude cardeal. Diz o Catecismo da Igreja Católica que “a virtude é uma disposição habitual e firme de fazer bem. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si”. São Paulo recomenda aos filipenses: “Quanto ao mais, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, digno de respeito ou justo, puro, amável ou honroso, com tudo o que é virtude ou louvável” (Filipenses 4,8).

Ser justo faz parte da identidade humana. Conforme a antropologia cristã, a justiça não é uma simples convenção humana, porque o que é “justo” não é originalmente determinado pela lei, mas pela identidade profunda do ser humano. Podemos dizer que as leis são um desdobramento da lei natural. 

O homem justo se distingue pela correção habitual de seus pensamentos e pela retidão de sua conduta para com o próximo. Age dentro da medida, em conformidade com a norma, na ordem justa. Realiza a justiça que consiste na vontade constante e firme de dar aos outros o que lhe é devido. Respeita os direitos de cada um e estabelece nas relações humanas a harmonia que promove a equidade em prol das pessoas e do bem comum. 

O homem justo não se preocupa apenas que os direitos entre as pessoas sejam respeitados, mas que a justiça chegue a todas as pessoas para satisfazerem as suas necessidades. Ajuda a criar uma ordem justa entre todos os membros da sociedade. A mentalidade contemporânea, em geral, é mais propensa a reivindicar direitos do que promover a ordem justa.

O homem justo deseja a justiça social para a realização do bem comum, onde cada membro da sociedade e as instituições possam realizar a sua missão conforme sua vocação. Se é verdade que as pessoas são diferentes e únicas, também é verdade que todas são iguais, pois tem a mesma dignidade e os mesmos direitos e deveres.

A sentença de Jesus é bem incisiva: “Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes, e quem é injusto nas pequenas será injusto também nas grandes” (Lc 16, 10). Diariamente, vêm à tona denúncias de grandes injustiças, de desvios, de propinas que a maioria da população não consegue dimensionar. Não podemos esquecer as pequenas injustiças e as pequenas falcatruas que vão adormecendo a consciência da pessoa justa. Tantas vezes, as pequenas injustiças são a porta de entrada para as grandes injustiças.  Fonte: http://www.cnbb.org.br

Hino da Campanha da Fraternidade de 2017

Tema: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2.15).

 01 – Louvado seja, ó Senhor, pela mãe terra,
que nos acolhe, nos alegra e dá o pão (cf. LS, n.1)
Queremos ser os teus parceiros na tarefa
de “cultivar e bem guardar a criação.”

 Da Amazônia até os Pampas,
do Cerrado aos Manguezais,

chegue a ti o nosso canto
pela vida e pela paz (2x)

 02 – Vendo a riqueza dos biomas que criaste,
feliz disseste: tudo é belo, tudo é bom!
E pra cuidar a tua obra nos chamaste
a preservar e cultivar tão grande dom (cf. Gn 1-2).

 03 – Por toda a costa do país espalhas vida;
São muitos rostos – da Caatinga ao Pantanal:
Negros e índios, camponeses: gente linda,
lutando juntos por um mundo mais igual.

 04 – Senhor, agora nos conduzes ao deserto
e, então nos falas, com carinho, ao coração (cf. Os 2.16),
pra nos mostrar que somos povos tão diversos,
mas um só Deus nos faz pulsar o coração.

 05 – Se contemplamos essa “mãe” com reverência,
não com olhares de ganância ou ambição,
o consumismo, o desperdício, a indiferença
se tornam luta, compromisso e proteção (cf LS, n.207).

06 – Que entre nós cresça uma nova ecologia (cf LS, cap.IV),
onde a pessoa, a natureza, a vida, enfim,
possam cantar na mais perfeita sinfonia
ao Criador que faz da terra o seu jardim.

CÂMERA: Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 14 de fevereiro-2017. DIVULGAÇÃO: www.olharjornalistico.com.br

Outra surpresa desagradável para o Papa Francisco. Em menos de uma semana dos cartazes anti-Bergoglio afixados ilegalmente em vários bairros romanos, as dores de cabeça das alas mais ortodoxas da Cúria e do mundo católico reapareceram. Sinal de que o mal-estar é mais persistente do que parece, e que, justamente por isso, talvez não deveria ser descartado como se não fosse nada, reduzido a uma piada de mau gosto e sem efeitos. A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada no jornal Il Messaggero, 10-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Desta vez, a rebelião sarcástica, subterrânea e, mais uma vez, anônima tomou a forma da sátira venenosa, feroz, mordaz. A Pasquinada 2.0 foi entregue nestes dias no endereço de e-mail de diversos monsenhores, cardeais, bispos e gentis-homens.

 Sim, sim, não, não

Um deboche sarcástico totalmente centrado no silêncio do Papa Francisco em relação aos quatro cardeais das dubia”, Burke, Meissner, Brandmüller, Caffarra – cujas dúvidas doutrinais sobre as aberturas à comunhão aos divorciados recasados abriram um intenso debate interno, sem exclusão de golpes baixos. 

Os purpurados das “dubia”, em setembro passado, tinham endereçado ao papa uma carta pública que continha cinco perguntas baseadas nas “contradições” contidas na Amoris laetitia, o documento pós-sinodal fruto dos dois sínodos sobre a família. 

As perguntas tinham sido formuladas de tal forma que exigiam duas respostas, um sim ou um não. Nunca antes um documento papal sobre o amor tinha produzido tantas fraturas, incompreensões e amarguras. 

O cardeal Burke, bastante irritado pelo fato de Francisco, em dezembro, ainda não ter respondido aos “irmãos cardeais”, tinha levantado a hipótese de uma espécie de ultimato, evidenciando que um pontífice em erro (sobre questões de fé) podia ser corrigido mediante um procedimento utilizado também nos séculos passados.

Tudo começou aí. O que está circulando via e-mail é uma cópia perfeita, em formato PDF, do L’Osservatore Romano, com a manchete em letras garrafais: “Ele respondeu!”. “Francisco quebrou o silêncio sobre as dubia dos quatro cardeais. Seja o vosso falar sim, sim, não, não. Dito e feito, eis os cinco sic et non com os quais o papa esclareceu cada dúvida. Explicadas, cada uma, com proposições retomadas do seu inequívoco magistério anterior.” Para cada uma das cinco perguntas, o papa, em vez de responder afirmativa ou negativamente, oferece uma versão ambígua. E replica: “Sim e não”. 

Quem redigiu os textos e a gráfica da versão falsa, além de conhecer perfeitamente a terminologia e a estrutura dos documentos, quis evidenciar a confusão levantada. Por exemplo, a terceira dúvida.

“Depois da Amoris laetitia, pode-se ainda considerar que uma pessoa que vive em estado de adultério se encontra em uma situação objetiva de pecado grave habitual?” No jornal vaticano falso, o papa responde com uma frase (verdadeira) pronunciada no dia 16 de junho do ano passado. “Com a adúltera, Jesus se faz um pouco de tolo, deixa passar o tempo, escreve no chão e depois: o primeiro de vocês que não tem pecado atire a primeira pedra. E a moral qual era? Era de apedrejá-la, mas Jesus contorna a moral. Isso nos leva a pensar que não se pode falar de rigidez.”

A primeira página do jornal é acompanhada por outros artigos satíricos. Por exemplo, o imediato posicionamento do cardeal Kasper e do jesuíta padre Spadaro, dois dos consultores mais ouvidos do Papa Bergoglio. Kasper, tendo ouvido as respostas do pontífice, cai de joelhos. “Confesso, estar de joelhos é um pouco incômodo, mas essa é a única posição correta em que devemos nos colocar enquanto lemos as tranquilizadoras respostas papais aos cardeais duvidosos.” 

Mais intrincada é a parte de Spadaro: “Depois dessas respostas, 2 mais 2 é igual a 5, como eu já tinha profetizado em um tuíte às vésperas da Epifania”.

O falso falecimento

Seguem-se outros artigos afiados, também de gosto duvidoso, como o falecimento do cardeal Pio Vito Pinto (que, na realidade, não é cardeal, mas apenas decano cessante da Rota), uma figura central a qual o Papa Bergoglio se confiou desde o início para concretizar a reforma sobre o matrimônio. Um processo complicado que, desde o primeiro momento, apresentou problemas, tanto que foram necessários dois motu próprio diferentes para garantir uma certa reorganização. 

A ironia do pasquim 2.0 só podia se abater também sobre Vito Pinto. “Desde o amanhecer desta manhã, perderam-se os rastros do cardeal Pinto, decano do tribunal da Rota Romana. No início da manhã, tinha chegado na Casa Santa Marta um envelope com as respostas às dubia dos quatro cardeais, que o Papa Francisco se preparava para tornar públicas no mesmo dia. O cardeal abriu o envelope, leu as respostas do papa e exclamou, com visível satisfação: ‘ Mais claro do que isso, só morrendo!’. Depois disso, ele desapareceu. Foi o que testemunhou a governanta do purpurado, interrogada por um funcionário da Gendarmeria papal.”

A pasquinada via web acabou no centro de fofocas e comentários. Talvez podem não ter voltado os corvos do passado, não mais identificáveis nos vazamentos, na divulgação de materiais candentes das salas sagradas por obra de mãos cúmplices. Desta vez, é apenas o dissenso que ultrapassou a Porta Sant’Anna.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

No dia 6 de junho de 2015, voltando da viagem a Sarajevo, o papa dizia aos jornalistas: “Estamos muito perto de tomar decisões. Depois, serão ditas. Por enquanto, dão-se apenas algumas orientações aos bispos, mas sobre as linhas que serão tomadas”. A reportagem é de Matteo Matzuzzi, publicada no jornal Il Foglio, 10-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O objeto do anúncio de Francisco, as aparições de Nossa Senhora em Medjugorje. O Pe. Federico Lombardi, então diretor da Sala de Imprensa vaticana, convidava à paciência: “Tudo adiado para depois do verão”, assegurava. Mas se passaram dois verões, e, das decisões que pareciam iminentes, nem a sombra.

O que é certo é o dossiê encorpado entregue há quase três anos ao pontífice, preparado pela comissão especial desejada por Bento XVI e presidida pelo cardeal Camillo Ruini. Já estava fixada, dizia-se em 2015, uma reunião da Congregação para a Doutrina da Fé para examinar as pastas, discutir e deliberar.

Silêncio total. Matéria incandescente, divisiva demais, sussurrava-se (e se sussurra ainda hoje) do outro lado do Rio Tibre: qualquer que seja a decisão, a divisão será inevitável. Duas linhas: a mais cética ou pelo menos prudente do cardeal prefeito, Gerhard Ludwig Müller, que proibiu, como de praxe, que os fiéis católicos participassem das reuniões com os videntes de Medjugorje, e a muito mais aberturista do cardeal Christoph Schönborn, que convida a olhar para os frutos que a devoção bósnia produz.

É difícil dizer o que o papa pensa, embora os sinais existam. O último chegou nessa quinta-feira, com a publicação, na revista La Civiltà Cattolica, das respostas que Francisco deu aos superiores gerais, recebidos no Vaticano em novembro passado.

A uma pergunta relativa à escolha dos temas marianos para as próximas três Jornadas Mundiais da Juventude, o pontífice disse, primeiro, que não tinha ele pessoalmente que os tinha escolhido e, depois, esclareceu que saudável é a devoção à “Nossa Senhora verdadeira” e não à “Nossa Senhora chefe de uma agência dos correios que, a cada dia, manda uma carta diferente, dizendo: ‘Meus filhos, façam isso e, depois, no dia seguinte, façam aquilo’. Não – acrescentou Bergoglio –, não essa. A Nossa Senhora verdadeira é aquela que gera Jesus no nosso coração, que é Mãe. Esta moda da Nossa Senhora superstar, como uma protagonista que coloca a si mesma no centro, não é católica”.

Nenhuma referência explícita a Medjugorje, embora os indícios sejam rastreáveis (os encontros marcados pelos videntes em diversas localidades do mundo, com eventos em estádios e palácios do esporte para assistir às aparições, parecem se encaixar na casuística da “Nossa Senhora superstar”).

Três dias depois da viagem à Bósnia, na homilia em Santa Marta, o papa disse: “Mas onde estão os videntes que nos dizem hoje a carta que Nossa Senhora vai mandar às quatro horas da tarde? Eles vivem disso. Mas essa não é a identidade cristã. A última palavra de Deus se chama Jesus, e nada mais”.

Não se tratava de uma novidade, já que, em novembro de 2013, novamente em Santa Marta, ele observava que “a curiosidade nos leva a querer ouvir que o Senhor está aqui ou está lá, ou nos faz dizer: ‘Mas eu conheço um vidente, uma vidente, que recebe cartas de Nossa Senhora, mensagens de Nossa Senhora’. Mas a Nossa Senhora é Mãe, não é um chefe de uma agência dos correios, para enviar mensagens todos os dias. Essas novidades afastam do Evangelho”.

O ponto que Francisco enfatiza não é tanto o fato de acreditar ou não nas aparições marianas (em Buenos Aires, como arcebispo, ele permitiu que Ivan Dragicevic, vidente de Medjugorje, realizasse um ciclo de conferências), mas sim a sua excessiva espetacularização, a transformação do Mistério em um show (muitas vezes com bilhete de entrada).

Daí a ladainha sobre a Nossa Senhora que não é chefe de uma agência dos correios que agenda as suas aparições em turnê pelo mundo, marcando até os horários. Afinal de contas, o exemplo de Lourdes e Fátima, casos em que o caráter sobrenatural das manifestações foi confirmada pela Igreja, ensina: nada de compromissos à la Super Bowl. Maria apareceu a jovens agricultores e pastores. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

A casa da família é feita de tijolo; o banheiro, que fica do lado de fora da moradia, é dividido com mais outras cinco famílias do povoado.

Madonna acaba de adotar as gêmeas Stella e Esther. Vindas do Malawi, as meninas tinham uma vida pobre no país, ao lado de três irmãos mais velhos: Alinefe, Tifa e Kennedy. A condição da família é bastante precária. Eles vivem em uma casa feita de tijolo, com pouco mais de R$ 1,50 por dia. Não há camas e nem água encanada. Também são poucos os móveis e objetos da moradia, que tem telhado preso por pedras. O banheiro improvisado fica do lado de fora, e é dividido com mais cinco famílias do mesmo povoado africano.

"Estou feliz que elas são parte de uma nova família e agora têm uma mãe que vai amá-las. Quero que elas cresçam amadas por pessoas que sejam capaz defendê-las (...) elas terão uma boa educação e poderão viver seus sonhos", disse Alinefe, em entrevista ao Daily Mail. "Nós descobrimos há uma semana que elas estavam indo para os Estados Unidos. Eu não sei onde fica, mas estou feliz por elas", contou Tifa.

A mãe das meninas, que se chamava Patricia, morreu após um parto de risco em  agosto de 2012. Ao lado de Madonna, Stella e Esther vão viver em uma casa de luxo em Nova York, estimada em R$ 125 milhões.

As gêmeas foram levados para os EUA em um jato particular depois que um juiz determinou que a estrela do pop poderia legalmente adotar as meninas e levá-las para fora do país. Fonte: http://vogue.globo.com

A liturgia de hoje garante-nos que Deus tem um projeto de salvação para que o homem possa chegar à vida plena e propõe-nos uma reflexão sobre a atitude que devemos assumir diante desse projeto.

Na segunda leitura, Paulo apresenta o projeto salvador de Deus (aquilo que ele chama “sabedoria de Deus” ou “o mistério”). É um projeto que Deus preparou desde sempre “para aqueles que o amam”.

A primeira leitura recorda, no entanto, que o homem é livre de escolher entre a proposta de Deus (que conduz à vida e à felicidade) e a auto-suficiência do próprio homem (que conduz, quase sempre, à morte e à desgraça). Para ajudar o homem que escolhe a vida, Deus propõe “mandamentos”: são os “sinais” com que Deus delimita o caminho que conduz à salvação.

O Evangelho completa a reflexão, propondo a atitude de base com que o homem deve abordar esse caminho balizado pelos “mandamentos”: não se trata apenas de cumprir regras externas, no respeito estrito pela letra da lei; mas trata-se de assumir uma verdadeira atitude interior de adesão a Deus e às suas propostas, que tenha, depois, correspondência em todos os passos da vida.

EVANGELHO (Mt 5,17-37): Atualização.

Os discípulos de Jesus são convidados a viver na dinâmica do “Reino”, isto é, a acolher com alegria e entusiasmo o projeto de salvação que Deus quis oferecer aos homens e a percorrer, sem desfalecer, num espírito de total adesão, o caminho que conduz à vida plena.

Cumprir um conjunto de regras externas não assegura, automaticamente, a salvação, nem garante o acesso à vida eterna; mas, o acesso à vida em plenitude passa por uma adesão total (com a mente, com o coração, com a vida) às propostas de Deus. Os nossos comportamentos externos têm de resultar, não do medo ou do calculismo, mas de uma verdadeira atitude interior de adesão a Deus e às suas propostas. É isso que se passa na minha vida? Os “mandamentos” são, para mim, princípios sagrados que eu tenho de cumprir, mecanicamente, sob pena de receber castigos (o maior dos quais será o “inferno”), ou são indicações que me ajudam a potenciar a minha relação com Deus e a não me desviar do caminho que conduz à vida? O cumprimento das leis (de Deus ou da Igreja) é, para mim, uma obrigação que resulta do medo, ou o resultado lógico da opção que eu fiz por Deus e pelo “Reino”?

“Não matar”, é, segundo Jesus, evitar tudo aquilo que cause dano ao meu irmão. Tenho consciência de que posso “matar” com certas atitudes de egoísmo, de prepotência, de autoritarismo, de injustiça, de indiferença, de intolerância, de calúnia e má língua que magoam o outro, que destroem a sua dignidade, o seu bem estar, as suas relações, a sua paz? Tenho consciência que brincar com a dignidade do meu irmão, ofendê-lo, inventar caminhos tortuosos para o desacreditar ou desmoralizar é um crime contra o irmão? Tenho consciência que ignorar o sofrimento de alguém, ficar indiferente a quem necessita de um gesto de bondade, de misericórdia, de reconciliação, é assassinar a vida?

Não podemos deixar, nunca, que as leis (mesmo que sejam leis muito “sagradas”) se transformem num absoluto ou que contribuam para escravizar o homem. As leis, os “mandamentos”, devem ser apenas “sinais” indicadores desse caminho que conduz à vida plena; mas o que é verdadeiramente importante, é o homem que caminha na história, com os seus defeitos e fracassos, em direção à felicidade e à vida definitiva.

*Leia a reflexão na íntegra. Aqui no olhar, clique no link: EVANGELHO DO DIA e procure a reflexão do 6º Domingo do Tempo Comum.

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa determinou neste sábado (11/02), que Dom Henryk Hoser, Arcebispo de Varsóvia-Praga, na Polônia, vá a Medjugorje na qualidade Enviado Especial da Santa Sé.

A missão tem o objetivo de obter informações mais aprofundadas da situação pastoral daquela realidade e, sobretudo, das exigências dos fiéis que chegam em peregrinação e, com base nisso, sugerir eventuais iniciativas pastorais para o futuro. Terá, portanto, um caráter exclusivamente pastoral.

Está previsto que Dom Hoser, que continuará a ser Arcebispo de Varsóvia-Praga, complete sua missão no segundo semestre de 2017. (Rádio Vaticano)