Do jeito que as coisas aconteceram, no momento em que vivemos, o futuro da Igreja dá o que pensar. Porque dá a impressão de que a Igreja, assim como está organizada e como funciona, tem cada dia menos presença na sociedade, menos influxo na vida das pessoas e, portanto, um futuro bastante problemático e muito incerto.

Cada dia há menos sacerdotes, cada semana ficamos sabendo de conventos que fecharam para se transformarem em hotéis, residências ou monumentos meio arruinados. A progressiva diminuição nas práticas sacramentais é alarmante. Mais da metade das paróquias católicas de todo o mundo não tem pároco ou o tem apenas nominalmente, mas não de fato.

Há poucos dias, o Papa Francisco dizia em uma entrevista: “O clericalismo é o pior mal que a Igreja pode ter, quando o pastor se torna um funcionário”. E é verdade que há padres que entraram no seminário ou foram a um convento, porque não queriam passar a vida como uns “Zé Ninguém” que não têm nenhuma importância na vida. Isto acontece mais do que imaginamos.

*Leia na íntegra. Clique aqui:

http://mensagensdofreipetroniodemiranda.blogspot.com.br/2017/02/muitos-se-tornam-padres-para-ter-um.html

Se com perseverança mantivermos o olhar fixo em Jesus, descobriremos com surpresa que é Ele que olha com amor para cada um de nós: disse o Papa durante a Missa na manhã desta terça-feira (31/01), na Casa Santa Marta.

Dirigindo-se aos participantes, o Pontífice iniciou a sua homilia recordando que a Carta aos Hebreus nos exorta a correr na fé com “perseverança, mantendo o olhar fixo em Jesus”. Já no 5º capítulo do Evangelho de Marcos, “é Jesus que nos olha e percebe que estamos ali. Ele nos está próximo, está sempre no meio da multidão”, explicou o Papa.

“Não está com os guardas que fazem escolta, para que ninguém o toque. Não, não! Ele fica ali, comprimido entre as pessoas. E sempre que Jesus saía, tinha mais gente. Especialistas de estatísticas poderiam até ter noticiado: “Cai a popularidade do Rabí Jesus”... Mas ele procurava outra coisa: procurava as pessoas. E as pessoas o procuravam. O povo tinha os olhos presos Nele e Ele tinha os olhos presos nas pessoas. “Sim, sim, no povo, na multidão”, “Não, não, em cada um!” É esta a peculiaridade do olhar de Jesus. Jesus não massifica as pessoas; Ele olha para cada um”.

Pequenas alegrias

O Evangelho de Marcos narra dois milagres: Jesus cura uma mulher que tem hemorragias há 12 anos e que, no meio da multidão, consegue tocar sua roupa. Ele percebe que foi tocado e depois, ressuscita a filha de 12 anos de Jairo, um dos chefes da Sinagoga. Ele observa que a menina está faminta e diz aos pais que lhe dêem de comer:

“O olhar de Jesus passa do grande ao pequeno. Assim olha Jesus: olha para nós, todos, mas vê cada um de nós. Olha os nossos grandes problemas, percebe as nossas grandes alegrias e vê também as nossas pequenas coisas... porque está perto. Jesus não se assusta com as grandes coisas e leva em conta também as pequenas. Assim olha Jesus”.

Se corrermos “com perseverança, mantendo fixo o olhar em Jesus” – afirma o Papa Francisco – acontecerá conosco o que aconteceu com as pessoas depois da ressurreição da filha de Jairo, que ficaram todas admiradas:

“Vou, vejo Jesus, caminho avante, fixo o olhar em Jesus e o que vejo? Que Ele tem o olhar sobre mim! E isto me faz sentir um grande estupor: é a surpresa do encontro com Jesus. Mas não tenhamos medo! Não tenhamos medo, assim como não o teve aquela senhora que foi tocar o manto de Jesus. Não tenhamos medo! Corramos neste caminho, com o olhar sempre fixo em Jesus. E teremos esta bela surpresa, que nos encherá de estupor. O próprio Jesus com os olhos fixos em mim”. (BS/CM).

Fonte: http://pt.radiovaticana.va

A proposta é motivar a formação permanente dos presbíteros da América Latina e Caribe

Começou ontem, 30, em Roma, o Curso para Responsáveis pela Formação Permanente do Clero da América Latina. Cerca de 50 presbíteros de todos os países da América Latina e Caribe participam da iniciativa. Do Brasil, participam o assessor da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Deusmar Jesus da Silva e os membros da Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP): padre José Adelson da Silva Rodrigues, padre Helcimar Sardinha, padre Iuri Ribeiro e padre Cleocir Bonetti.

Até o dia 24 de fevereiro, os presbíteros pensarão programas e iniciativas que contribuam para a formação permanente do clero nos vários países da América Latina. De acordo com o padre Deusmar Jesus da Silva, a expectativa é a de que o curso “ofereça pistas para motivar a formação permanente dos presbíteros, a curto, médio e longo prazo”.

A abertura oficial do curso contou com as presenças do Prefeito da Congregação para o Clero, cardeal Beniamino Stella e do Secretário da Congregação para o Clero, dom Jorge Carlos Patrón Wong. Na ocasião, dom Patrón deu as boas-vindas a todos os participantes, e após apresentação de cada um, passou a palavra para o primeiro assessor do curso, padre Juan Manuel Beltrán Urrea, que, durante toda a manhã do primeiro dia, desenvolveu o tema “Conceito de Formação Permanente”. 

Já no período da tarde, o cardeal Beniamino Stella falou sobre o trabalho da Congregação para o Clero, de sua preocupação com a formação permanente dos presbíteros e da importância da comunhão de todos os presbíteros com o papa Francisco. Em seguida, padre Emílio Lavaniegos desenvolveu o tema “Princípios e metodologia para programar a Formação Permanente do Clero na Igreja Particular”. O primeiro dia do encontro foi encerrado com uma celebração eucarística. Fonte: http://www.cnbb.org.br

Com uma carta aberta sobre o estado da Igreja e sobre a função sacerdotal na Alemanha, 11 padres ordenados em 1967 dirigiram-se ao clero e à opinião pública expressando propostas de reforma. A carta foi publicada no sítio Domradio.de, 10-01-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

No período rico de esperanças do Concílio Vaticano II, a partir de 1961 começamos os estudos de teologia. Desde que saímos do seminário em 1967, encontramo-nos normalmente uma vez por mês, fizemos Exercícios juntos, cursos de formação e viagens. No dia 27 de janeiro de 2017, exatamente 50 anos depois que a maioria de nós foi ordenado presbítero pelo cardeal Josef Frings na catedral de Colônia, queremos celebrar a nossa missa de ação de graças na Maxkirche de Düsseldorf, onde fomos ordenados diáconos.

- Quando decidimos estudar teologia, o Papa João XXIII, surpreendendo a todos, havia escancarado as janelas da Igreja. O mundo estava surpreso, e nós nos sentíamos parte de uma vanguarda de uma cristandade em renovação. Infelizmente, mais tarde, pouco a pouco, aumentaram os medos nos homens da Igreja, tanto em Roma quanto também na diocese de Colônia. Uma espécie de “mentalidade de bunker” deveria salvaguardar a fé. E quem, então, gritou: não tenham medo?

- Apesar disso, a nossa Igreja teve uma evolução. Através de uma “obediência preventiva” nas paróquias, hoje, tornou-se óbvio ou tolerado ou até mesmo reconhecido pela Igreja oficial aquilo que nós, na época, defendemos e promovemos com todas as nossas forças. Com o tempo, porém, ficou evidente que as reformas litúrgicas não prosseguiam no mesmo ritmo que uma análise nova e aprofundada da Bíblia. Tivemos que aprender a fazer o nosso caminho, mesmo com algumas decepções. Em tais situações, muitas vezes, foram as comunidades que nos deram a força para não perder a coragem.
- Deprime-nos o fato de que a questão-Deus não tem mais nenhuma importância para muitas pessoas no nosso país. Além disso, constatamos que os resultados dos estudos mais recentes sobre a Bíblia e sobre a historicidade da nossa Igreja não se tornaram um bem comum na fé dos cristãos. O novo entusiasmo pelo Evangelho que o Papa Francisco quer despertar novamente com a palavra-chave “misericórdia” parece ser atraente apenas para poucos até agora. Isso pode nos tornar resignados e cansados.
- O que particularmente nos deixa mal é que, fora do “período da primeira comunhão”, não há mais crianças ou famílias jovens participando da missa. E muitos adolescentes e adultos, se alguma vez participaram da vida das nossas comunidades, fazem-no apenas em momentos específicos, depois que nós, durante décadas, nos comprometemos justamente pelas famílias jovens.

- Na nossa sociedade, na cultura, na política e na economia, notamos muito pouco – e, como cristãos e como Igreja, deixamos transparecer muito pouco – a força que poderia vir de Jesus Cristo. Muitos cristãos se calam em vez de se pronunciar de modo forte e claro pela sua fé.

- Diante do crescente número de muçulmanos na Alemanha, devemos mostrar o nosso rosto cristão e nos fortalecer para o diálogo. Acima de tudo, é necessário o diálogo espiritual, para que o espírito da Bíblia encontre o espírito do Alcorão e encontre palavras e réplicas por esclarecimento e aproximação. Mas a atual crise na vida de fé também esconde também oportunidades! Sem nos deixar separar da esperança que o Evangelho nos dá (cf. Cl 1, 23), pensamos concretamente em sete orientações para o futuro.

1. Precisamos de uma linguagem que, hoje, no anúncio da mensagem bíblica, seja novamente compreensível. A linguagem da Bíblia deve ser relacionada de forma mais clara com as nossas experiências e as nossas imagens linguísticas. Trata-se de entrar em diálogo com ela e com as suas imagens de maneira nova e atual.

  1. Consideramos importante encorajar as hierarquias da Igreja a valorizar os dons do espírito dos homens e das mulheres, e não selá-los com leis canônicas. Os homens e as mulheres devem ser encorajados a frutificar os seus talentos.
  2. Precisamos urgentemente de tentativas corajosas na questão da admissão à ordenação. Em nossa opinião, não tem nenhum sentido continuar rezando ao Espírito Santo para que envie vocações presbiterais e, ao mesmo tempo, excluir todas as mulheres desses cargos.
  3. Precisamos de coragem e de confiança no fato de que o Senhor está muito acima das nossas controvérsias confessionais. A participação na Eucaristia e na Ceia do Senhor só pode ser confiada à responsabilidade dos cristãos batizados.
  4. Precisamos de uma mudança de orientação no planejamento pastoral. As hierarquias da Igreja deixaram o sistema existente entrar em colapso diante dos nossos olhos. As paróquias muito extensas, de todos os pontos de vista, são algo intolerável: os fenômenos de crescente anonimato e isolamento presentes na sociedade, desse modo, são ainda mais aumentados na Igreja, em vez de serem combatidos. É necessário que a Igreja esteja presente e fale localmente. A direção da paróquia não deve estar em uma central distante, mas “lá onde está o campanário, e onde os sinos tocam”. É útil que existam redes de relações que vão além da comunidade individual, como a Cáritas, comunidades jovens ou grupos de música sacra.
  5. São necessários lugares grandes e pequenos para as comunidades que fazem experiência de fé, isto é, a Igreja com o centro da paróquia. A morte da paróquia não está absolutamente pré-programada se os fiéis in loco existem e vivem ali. Podemos aprender com as reflexões e os projetos implementados, por exemplo, na Áustria e na França.
    7. Por fim, queremos falar da experiência da solidão. Envelhecendo como solteiros, a solidão, então imposta por motivos de “trabalho”, agora, depois de 50 anos de missão, é sentida por nós às vezes muito claramente. O celibato, em uma vida comunitária de convento, pode liberar grandes forças; em vez disso, o “modelo do homem sozinho” leva esse homem repetidamente a um isolamento estéril e/ou a um inútil excesso de trabalho. Raramente, libera uma fonte espiritual na pastoral. Não é por acaso que muitos de nós assumiram, mas não escolheram, essa forma de vida clerical apenas para poderem ser padres. Até mesmo na Bíblia não há palavras de apoio a uma lei da Igreja a esse respeito. O motivo de reflexão pode ser uma citação da Escritura, estímulo para uma revisão em favor da vida e da comunidade: “É preciso, porém, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma única mulher...” (1Tm 3, 2). Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

 

 

“Não se trata de um perigo para a fé.” Essa é a opinião do cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, expressada há alguns dias em uma entrevista concedida ao programa Stanze Vaticana, do canal italiano Mediaset, apresentado por Fabio Marchese Ragona. Um distanciamento das críticas feitas pelas páginas dos jornais e ainda mais de uma possível correção pública do papa, para um Santo Ofício que, ao longo dos séculos, fez do sigilo uma garantia e um ponto de força. Nenhuma reprimenda pública para Francisco, portanto. “Os cardeais têm o direito de escrever uma carta ao papa. Fiquei estupefato porque essa carta, porém, se tornou pública, quase obrigando o papa a dizer sim ou não. Eu não gosto disso. É um dano para a Igreja discutir essas coisas publicamente.” A nota é de Simone M. Varisco, publicado no blog Caffè Storia, 19-01-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A opinião do cardeal Müller já mudou os equilíbrios entre os críticos do atual pontífice, alguns dos quais estariam prontos para remover o prefeito, preferindo o cavalheiresco Burke ou o refinado Caffara. Mas a entrevista também será capaz de marcar um novo rumo nas relações entre Francisco e o cardeal Müller, que alguns sugeriram como nada idílica? 

Uma certa distância parece já ter se consumado durante o Sínodo extraordinário sobre a família, de outubro de 2014, tanto que Dom Bruno Forte, secretário especial do Sínodo, havia acenado a isso, durante uma coletiva de imprensa: apesar da sua imponência física, Müller não devia ser temido. Um assunto sobre o qual, em junho de 2016, o próprio Francisco se pronunciaria, com uma piada feita durante um bate-papo por ocasião abertura do Congresso Eclesial da diocese de Roma, em São João de Latrão, expurgada da transcrição oficial. Contando sobre um companheiro de estudos que havia contestado uma pergunta muito teórica em um exame sobre o sacramento da confissão, o papa concluíra: “Mas, por causa dessas coisas, por favor, não vão me acusar com o cardeal Müller”.

Um “medo” dos pontífices em relação ao chefe do ex-Santo Ofício, que não seria próprio só de Bergoglio. O que dizer, de fato, dos rumores que afirmavam que João Paulo II temia o julgamento de Ratzinger? “Não, mas ele levava muito a sério a minha posição.” Quem contou isso – e riu “de coração” – foi o próprio Bento XVI nas suas Ultime conversazioni [Últimas conversas] (Garzanti Libri, 2016). 

O tema da relação entre o Papa Wojtyla e o cardeal Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, já havia surgido por ocasião do primeiro livro-entrevista escrito com Peter Seewald, “O Sal da Terra” (Ed. Imago).  “Eminência – tinha perguntado então o jornalista alemão –, diz-se que o papa [João Paulo II] às vezes tem medo do senhor e que já tinha acontecido de ele se perguntar: ‘Por favor, o que o cardeal Ratzinger vai dizer?’.” Também naquele momento, “divertido”, o futuro Bento XVI especificou que “pode ter sido uma piada. Mas, certamente, ele não tem medo de mim!”.

Nas “Últimas conversas”, além disso, é o próprio Bento XVI que relata uma anedota sobre a relação entre o Santo Ofício e um antecessor, Pio XII. “Uma vez, um núncio perguntou a Pio XII se, em relação a um certo problema, ele podia fazer do seu jeito, mesmo que, desse modo, não agiria em plena conformidade com as regras. O papa pensou a respeito e depois lhe disse: ‘Você pode fazer. Mas, se o Santo Ofício ficar sabendo, eu não posso protegê-lo’ (risos).” 

Durante os anos do pontificado de Pio XII, sucederam-se à frente da Congregação para a Doutrina da Fé os cardeais Donato Raffaele Sbarretti Tazza (04 de julho de 1930 - 1º de abril de 1939), Francesco Marchetti Selvaggiani (30 de abril de 1939 - 13 de janeiro de 1951) e Giuseppe Pizzardo (16 de fevereiro de 1951 - 12 de outubro de 1959).
Em um 2017 de aniversários reformadas, ainda causarão escândalo cinco dubia afixados na porta do refeitório de Santa Marta? Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

A falta de vocações e a ausência de entradas precipitam os fechamentos; algumas comunidades religiosas pedem ajuda a bancos de alimentos. A reportagem é de Jesus Bastante, publicada por Vida Nueva, 26-01-2017. A tradução é de André Langer.

“A situação de muitos conventos femininos é muito alarmante e preocupante. Há falta de vocações e muitas comunidades estão fechando. Pelo menos mais de uma por mês na Espanha”, alerta o padre claretiano Eleutério López, diretor do Claune, instituto pontifício que se dedica a suprir as carências materiais e de formação dos conventos espanhóis.
Por ocasião do Dia da Vida Consagrada, que a Igreja celebra no próximo dia 02 de fevereiro, a revista Vida Nueva elaborou um relatório que revela que dois terços dos 800 mosteiros existentes no país – dos 3 mil que há em todo o mundo – estariam em situação de serem fechados sem demora.

O motivo? As doações diminuíram e os trabalhos que as irmãs tradicionalmente faziam – como a confeitaria – já não são suficientes para cobrir os custos, reabilitar os históricos mosteiros e cobrir as cotas da Seguridade Social. De fato, há conventos que não chegam nem aos 100 euros brutos ao mês de ingressos e se viram obrigados a recorrer aos bancos de alimentos para poder comer.

“Não se trata de um caso excepcional. Conheço muitas congregações”, explica o padre Eleutério, cuja organização destinou, em 2016, meio milhão de euros para auxiliar 50 comunidades em dificuldades.

Um exemplo deste inverno vocacional é o mosteiro das irmãs capuchinhas da localidade de San Fernando, de Cádiz. Ontem, as quatro últimas religiosas deixaram o convento – todas elas octogenárias – após 128 anos de presença na Ilha, para transferir-se para a sede que sua congregação mantém em El Puerto de Santa Maria.

Os planos da diocese de Cádiz passam por realojar em San Fernando um novo instituto religioso. Através da recente constituição apostólica Vultum Dei Quarere, o Papa Francisco buscou oferecer novas ferramentas aos conventos de clausura para tentar revitalizá-los ou, sendo isto inviável, colocar todos os meios ao seu dispor para dignificar o fechamento.

Concomitantemente, a Espanha também assiste a um florescimento de novas comunidades contemporâneas que viram encher os seus claustros dos conventos de seiva jovem. É o caso das mais de 200 religiosas que pertencem ao Instituto Iesu Communio – com conventos em Lerma e Alguilera (Burgos) – ou as Carmelitas Samaritanas do Sagrado Coração – presentes em Valladolid e Valdediós (Astúrias).
“As novas expressões de vida contemplativa são um presente para a Igreja, mas devemos esperar para que se aquilatem na humilde e discreta fidelidade que sempre granjeia a passagem do tempo”, aprecia Jesús Sanz, arcebispo de Oviedo e responsável pela vida contemplativa na Comissão Episcopal para a Vida Consagrada. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/

Dom Rodolfo Luís Weber

Arcebispo de Passo Fundo

Os valores podem ser definidos como horizontes de referência. O horizonte é como uma linha imaginária que nunca se toca e que se afasta na medida em que nos aproximamos dela. Tem momentos que a linha do horizonte é nítida e próxima; em outros momentos parece embaçada, fora de foco. O mesmo ocorre com os valores que em determinados momentos intuímos com clareza e em outros momentos não ficam tão nítidos. Não são uma ilusão por influenciarem diretamente no cotidiano.

Um exercício interessante a ser feito é tentar hierarquizar nossos valores. Tentar fazer a nossa pirâmide de valores dando a eles um ordenamento, do menos significativo ao mais importante. Talvez este exercício possa trazer surpresas. O ordenamento feito, através do exercício de discernimento, talvez revele uma realidade diferente daquela que achamos que era. Porém, torna-se um momento de tomada de consciência.

Os valores pessoais, muitas vezes, não correspondem e nem vão ao encontro dos valores sociais em se vive. O medo de sermos marginalizados ou excluídos faz com que frequentemente nossas prioridades não estejam tão claras. Outras vezes, não se vive de acordo com as convicções, gerando tensão e incoerência na vida pessoal. 

Os valores não são objetos a serem possuídos, mas fazem parte da natureza mais íntima da pessoa, fazem parte da essência. O nosso estilo de vida é uma manifestação externa das convicções interiores. É sinal de autodeterminação agir segundo os próprios valores e tê-los presente ao tomarmos decisões, principalmente num ambiente externo desfavorável.  

O indivíduo e seus valores formam uma unidade tão compacta que quando se vê obrigado a negá-los ou até mesmo a traí-los sente-se profundamente agredido, se sente mal, como se negasse a si mesmo. Os valores gritam, são como vozes que nos impelem a viver de determinada maneira, a sermos coerentes com uma filosofia de vida.

As necessidades vitais, como a fome, a sede, o agasalho, são motores de ação humana para a sobrevivência. Os valores, quando arraigados se transformam em necessidades, não de ordem física, mas de ordem espiritual e transcendente. Vão fazer parte da essência. São como que tatuados na alma. Não serão acessórios usados de acordo com a conveniência ou a necessidade. Vão impulsionar o agir humano, como a fome ou a sede. 

O valor da solidariedade nos permite ir além de uma necessidade física para dar resposta às necessidade primárias do outro. Quando um valor nos impele intensamente, as necessidades primárias ficam em segundo plano. Nesses momentos percebemos que o ser humano é capaz de superar sua natureza instintiva e transcendê-la.

O encontro com o outro é a ocasião para os valores tornarem-se visíveis. É a circunstância propícia que permite o pleno desvelamento dos valores e contrastá-los com os dos outros. É a oportunidade de apropriarmos de nossos valores. A riqueza imaterial de uma pessoa, de uma instituição ou de um país é o conjunto de seus valores, suas crenças e ideais. É o chamado capital espiritual. São eles que dão credibilidade, estabelecem laços e relações afetuosas e fraternas. Fonte: http://www.cnbb.org.br

Padre Paulo Sérgio Bezerra não cede um milímetro sequer no seguimento dos ensinamentos da Igreja à luz do Evangelho e da renovação do Concílio Vaticano II, como um dos protagonistas da Teologia da Libertação na periferia de São Paulo. Padre desde 1980, há 34 anos está na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Diocese de São Miguel Paulista, em Itaquera, bairro pobre da zona leste da cidade.

O sacerdote, de 63 anos, foi formado pela escola do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, falecido em dezembro de 2016 e dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo da região Leste II da cidade de São Paulo e hoje emérito da diocese de Blumenau (SC), aos 84 anos...

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Casa Emaús (Convento Maria Imaculada)

A Casa Emaús é parte do Convento Maria Imaculada, situado entre os municípios de Itapecerica da Serra e Embu das Artes, localizado a apenas 30 minutos da capital, São Paulo.

A Partir de hoje, até a próxima sexta- feira, você vai poder acompanhar aqui no olhar, facebook, twitter, youtube e na Rede Mundial de Computadores, os principais momentos desse nosso encontro.    

Contamos com as suas orações. Caso queira enviar uma mensagem para os Carmelitas, oração, prece, favor mandar via e-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. ou no face. Obrigado.

Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista.

Na ocasião foi lançado o concurso para logomarca e hino do evento

A Jornada Mundial da Juventude de 2019 acontecerá entre os dias 22 e 27 de janeiro. O anúncio foi feito no início da tarde de hoje pelo arcebispo do Panamá, dom José Domingo Ulloa Mendieta, durante uma coletiva de imprensa na Cidade do Panamá, sede do evento.

Dom Ulloa aproveitou a oportunidade para reiterar a gratidão da Igreja panamenha ao papa Francisco por escolher o Panamá como anfitrião da JMJ 2019. O bispo explicou que a escolha da data foi considerada especialmente “por razões relacionadas com ao clima”.

"Estamos bem cientes do fato de que em alguns países não é época de férias, mas estamos convencidos de que isso não será um obstáculo para muitos milhares de jovens de outros continentes para vir ao Panamá e encontrar Jesus Cristo, a mão de nossa Mãe a Virgem Maria, e sob a orientação do sucessor de Pedro", ponderou dom José Domingo Ulloa Mendieta.

Dirigindo-se aos jovens, o arcebispo acrescentou: "Vocês são as verdadeiras estrelas desta Jornada Mundial da Juventude, Panamá espera com braços abertos e coração para compartilhar sua fé, para sentir a Igreja!".

Logo e hino

Na ocasião, foi lançado o concurso para a escolha do hino e da logomarca da JMJ 2019. Inscrições serão recebidas até o dia 16 de fevereiro pelo site da arquidiocese do Panamá.

Cruz Peregrina

Durante a entrevista coletiva, o arcebispo do Panamá explicou que, no Domingo de Ramos, dia 9 de abril, acontecerá a entrega da Cruz Peregrina da JMJ aos jovens panamenhos pelos jovens poloneses. A cerimônia acontecerá no Vaticano. A peregrinação acontecerá após este evento, passando pelo Caribe, no México até chegar um mês antes ao Panamá. 

Temática

O tema escolhido para a JMJ 2019 faz parte de um itinerário mariano escolhido pelo papa. Para 32ª Jornada Mundial da Juventude, neste ano de 2017, o tema é “O Todo-poderoso realizou grandes coisas em meu favor”. Para a 33ª Jornada, a ser celebrada em 2018, o tema escolhido pelo pontífice é “Não temas, Maria, porque encontraste graça junto de Deus”. Estas jornadas de 2017 e 2018 serão vividas nas dioceses. Para a 34ª Jornada Mundial da Juventude, que se realizará no Panamá, em 2019, o tema será “Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”.

De acordo com Dicastério para os Leigos, Família e Vida, “os três temas anunciados têm como objetivo dar uma conotação mariana forte ao itinerário espiritual das próximas JMJ, recordando ao mesmo tempo a imagem de uma juventude a caminho entre passado (2017), presente (2018) e futuro (2019), animada pelas três virtudes teologais: fé, caridade e esperança”.

Com informações da Avvenire e da Rádio Vaticano. Fonte: http://www.cnbb.org.br

E.51.1 Exéquias cristãs

  • 1680 Todos os sacramentos, principalmente os da iniciação cristã, têm por finalidade a última Páscoa do Filho de Deus, aquela que, pela morte, o fez entrar na vida do Reino. Agora se realiza o que o cristão confessa na fé e na esperança: "Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir.
  • 1681 O sentido cristão da morte é revelado à luz do mistério pascal da Morte e Ressurreição de Cristo, em que repousa nossa única esperança. O cristão que morre em Cristo Jesus "deixa este corpo para ir morar junto do Senhor".
  • 1682 O dia da morte inaugura para o cristão, ao final de sua vida sacramental, a consumação de seu novo nascimento iniciado no Batismo, a "semelhança" definitiva à "imagem do Filho", conferida pela unção do Espirito Santo, e a participação na festa do Reino, antecipada na Eucaristia, mesmo necessitando de últimas purificações para vestir a roupa nupcial.
  • 1683 A Igreja que, como mãe, trouxe sacramentalmente em seu seio o cristão durante sua peregrinação terrena, acompanha-o, ao final de sua caminhada, para entregá-lo "ás mãos do Pai". Ela oferece ao Pai, em Cristo, o filho de sua graça e deposita na terra, na esperança, o germe do corpo que ressuscitar na glória. Esta oferenda é plenamente celebrada pelo Sacrifício Eucarístico. As bênçãos que a precedem e a seguem são sacramentais.
  • 1684 Os funerais cristãos são uma celebração litúrgica da Igreja. O ministério da Igreja tem em vista aqui tanto exprimir a comunhão eficaz com o defunto como fazer a comunidade reunida participar das exéquias e lhe anunciar a vida eterna.
  • 1685 Os diferentes ritos dos funerais exprimem O caráter pascal da morte cristã e respondem às situações e tradições de cada região, mesmo com relação à cor litúrgica.
  • 1686 O Ordo exsequiarum (rito das exéquias) (OEx) da liturgia romana propõe três tipos de celebração dos funerais, correspondendo aos três lugares onde acontece (a casa, a igreja, o cemitério) e segundo a importância que a ele atribuem a família, os costumes locais, a cultura e a piedade popular. Este esquema é, aliás, comum a todas as tradições litúrgicas e compreende quatro momentos principais:
  • 1687 O acolhimento da comunidade. Uma saudação de fé abre a celebração. Os familiares do defunto são acolhidos com uma palavra de consolação" (no sentido do Novo Testamento: a força do Espírito Santo na esperança). A comunidade orante que se reúne escuta também "as palavras de vida eterna". A morte de um membro da comunidade (ou o dia de aniversário, o sétimo ou o trigésimo dia) é um acontecimento que deve fazer ultrapassar as perspectivas "deste mundo" e levar os fiéis às verdadeiras perspectivas da fé em Cristo ressuscitado.
  • 1688 A Liturgia da Palavra, por ocasião dos funerais, exige um preparação bem atenciosa, pois a assembléia presente ao ato podem englobar fiéis pouco assíduos à liturgia e também amigos do falecido que não sejam cristãos. A homilia em especial deve "evitar gênero literário de elogio fúnebre" e iluminar o mistério da morte cristã com a luz de Cristo Ressuscitado.
  • 1689 O Sacrifício Eucarístico. Se a celebração se realizar na igreja, Eucaristia é o coração da realidade pascal da morte cristã. É então que a Igreja exprime sua comunhão eficaz com o defunto: oferecendo ao Pai, no Espírito Santo, o sacrifício da morte e ressurreição de Cristo, ela lhe pede que seu filho seja purificado de seus pecados e de suas c seqüências e que seja admitido à plenitude pascal da mesa do Reino. É pela Eucaristia assim celebrada que a comunidade dos fiéis, especialmente a família do defunto, aprende a viver em comunhão com aquele que dormiu no Senhor", comungando do Corpo de Cristo, do qual é membro vivo, e rezando a seguir por ele e com ele.
  • 1690 O adeus ("a Deus") ao defunto é sua "encomendação a Deus" pela Igreja. Este é o "último adeus pelo qual a comunidade cristã saúda um de seus membros antes que o corpo dele seja levado à sepultura"; tradição bizantina o exprime pelo beijo de adeus ao falecido:

Com esta saudação final "canta-se por causa de sua partida desta vida e por causa de sua separação, mas também porque há uma comunhão e uma reunião. Com efeito, ainda que mortos, não estamos separados uns dos outros, pois todos percorremos o mesmo caminho e nos reencontraremos no mesmo lugar. Jamais estaremos separados, pois vivemos por Cristo, e agora estamos unidos a Cristo, indo em sua direção... estaremos todos reunidos em Cristo".

E.51.2 Exéquias das crianças mortas sem o Batismo

  • 1261 Quanto às crianças mortas sem Batismo, a Igreja só pode confiá-las à misericórdia de Deus, como o faz no rito das exéquias por elas. Com efeito, a grande misericórdia de Deus, "que quer que todos os homens se salvem" (1Tm 2,4), e a ternura de Jesus para com as crianças, que o levou a dizer: "Deixai as crianças virem a mim, não as impeçais" (Mc 10,14), nos permitem esperar que haja um caminho de salvação para as crianças mortas sem Batismo. Eis por que é tão premente o apelo da Igreja de não impedir as crianças de virem a Cristo pelo dom do santo Batismo.

Em 27 anos foram assassinados 44 sacerdotes e o roteiro é sempre o mesmo: mentiras, confusões, calúnias, intimidações anticlericais e justiça em muito poucos casos. As “dúvidas” insidiosas e dolorosas. A reportagem é de Luis Badilla e Francesco Gagliano e publicada por Vatican Insider, 17-01-2017. A tradução é de André Langer.

Joaquín Hernández Sifuentes é o último sacerdote assassinado no México. Desapareceu no dia 03 de janeiro na cidade de Saltillo, Coahuila, e nove dias depois seu corpo foi encontrado com outros dois cadáveres em Parras.

De acordo com a polícia local, o sacerdote foi estrangulado, provavelmente pouco tempo depois do momento de seu desaparecimento. No ano passado, no México, outros três sacerdotes foram mortos quase com a mesma modalidade: sequestro, desaparecimento e assassinato. No total, nos últimos quatro anos, foram assassinados 16 sacerdotes, e desde 2006 até hoje, 37. Nos últimos 27 anos, de 1990 até hoje, 44 sacerdotes foram assassinados. O SIAME, Sistema de Informação da Arquidiocese da Cidade do México, e o CCM, Centro Católico Multimídia, em suas investigações, documentaram uma situação alarmante para o clero mexicano, em particular o diocesano: homicídios, sequestros, torturas, extorsões, profanações de lugares de culto, ameaças de morte e agressões ou intimidações de diversos tipos.

Mistérios, mentiras, medos e silêncios

Estes são os elementos básicos de um dado que foi confirmado indiscutivelmente por muitas investigações, inclusive por jornais: o México, há vários anos, é o país mais perigoso do mundo para os sacerdotes e, em geral, para os agentes de pastoral. Em torno deste tipo de “maldição” é possível identificar uma série de considerações que complicam a questão devido à rede de mentiras, silêncios, confusões, vinganças, medos, chantagens e intimidações anticlericais.

No assassinato de todos estes sacerdotes, inclusive do Pe. Hernández Sifuentes, a última vítima da longa lista, o roteiro se repetiu com precisão quase mecânica. Mudam os nomes das vítimas, mas o “modelo”, corrigido e aumentado, é cada vez mais eficiente.

Está claro que os autores intelectuais destes assassinatos de sacerdotes, quase nunca identificados, descobriram um método criminoso que lembra o do “atacar um para educar 100”.

Muitas vezes, as vítimas escolhidas eram sacerdotes com raízes significativas no território e com grande capacidade de comunicação, quase sempre comprometidos com a denúncia e a condenação da criminalidade, que é endêmica em muitas regiões do país. Pessoas, pois, muito comprometidas com a pastoral social, com grande capacidade de mobilização, capazes de colocar em marcha, com uma forte participação cidadã, projetos de promoção humana e, ao mesmo tempo, capazes de organizar e dar voz aos protestos contra as injustiças, os abusos e a contaminação das investigações que as organizações criminosas impõem às comunidades rurais e nas cidades (muitas vezes com a aprovação e com a corrupção desse mesmo poder que deveria proteger os cidadãos) pelos interesses desse monstro que está devorando o México: o narcotráfico.
Uma vez identificado o alvo, os criminosos mexicanos privilegiam o sequestro, antecâmara do homicídio, porque sabem que podem obter benefícios também com o desaparecimento da vítima e, nesta fase do plano criminoso, podem contar com curiosos apoios da imprensa. Como se sabe, poucas horas depois da notícia do sequestro de um sacerdote chegam quase certo os artigos que semeiam as dúvidas de sempre na opinião pública: as razões de tal desaparecimento talvez estejam relacionadas com questões sentimentais; a vítima era alvo de fofocas sobre alguns dos seus comportamentos sexuais; era um pederasta; gastava o dinheiro das oferendas no jogo; em sua vida passada há passagens pouco claras e um obscuro passado retornou para exigir o pagamento da fatura...

No ano passado, em um caso que teve grande repercussão na imprensa, os veículos de comunicação mais importantes divulgaram inclusive um vídeo em que, diziam, se “vê o sacerdote desaparecido sair de um hotel em companhia de um rapaz” com o qual teria passado a noite. Quando o senhor do vídeo, que obviamente não era o sacerdote sequestrado, se apresentou à polícia para declarar que o rapaz era o seu filho, nenhum dos meios de comunicação teve o mínimo de interesse para desmentir a notícia e a calúnia. E nunca aconteceu que, sobre estas vítimas – ainda desaparecidas ou mortas comprovadas, caluniadas na imprensa com todo tipo de infâmias, ou, na melhor das hipóteses, com conjecturas fantásticas e sensacionalistas – tenha havido um desmentido, uma correção ou uma precisão.

O que está acontecendo no México com o assassinato de sacerdotes é cada vez mais evidente. Sustentam-no todos os analistas dos centros de estudos mais sérios e importantes: neste país as diferentes formas e organizações do narcotráfico, cartéis e formas de micro-criminalidade, declararam guerra a essa parte da Igreja católica, sobretudo aos sacerdotes, que denuncia e se opõe aos seus interesses criminosos. Sustenta-o há anos e em diferentes relatórios o Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, além dos principais centros internacionais e regionais que monitoram a realidade mexicana.

Os comportamentos de conluio com os criminosos

Esta situação não é uma opinião ampla e convincentemente compartilhada, muito pelo contrário. Em geral, as autoridades governamentais federais e estaduais tratam de diminuir a gravidade destes fatos e, não poucas vezes, altos funcionários contribuem para criar maiores confusões, para despistar as investigações ou matar pela segunda vez a vítima com o terrorismo das fofocas.

Parece que a palavra de ordem é sempre e a todo custo “minimizar”, com qualquer meio e, sobretudo, criticando as estatísticas; assim, com técnicas midiáticas difamatórias ou o silêncio, estes crimes do narcotráfico transformam-se em “tristes e deploráveis” assuntos de página policial, fruto de brigas casuais, roubos com violência que acabaram mal ou assuntos estritamente privados. Enquanto isso, obviamente, o crime organizado fica calado: não reivindica nunca nada, faz finta de estar alheio aos fatos ou, pior, quando pode fazer circular rumores escandalosos contra os assassinados o faz com enorme entusiasmo e segurança, apoiando-se nessa parte do tecido social contaminado e que convive com o narcotráfico. Em diferentes casos, foram vistos, dias após os sequestros ou durante as investigações, muitas “testemunhas” que dão suas declarações sobre o desaparecido com o claro objetivo de denegrir sua imagem e seu trabalho, como se quisessem sentenciar: se foi sequestrado, foi porque seus autores tiveram alguma razão.

A análise da Igreja mexicana

No entanto, surpreendentemente, a própria Igreja católica no México, a este respeito, tem uma conduta singular e titubeante. As numerosas declarações que muitos bispos deram ao longo destes anos têm o denominador comum de uma preocupação geral: a de não passar a ideia de que após tantos crimes haja uma perseguição religiosa, opinião que seguramente não é verdadeira e correta. Na maravilhosa história da Igreja católica mexicana há um passado terrível e dilacerante de perseguição e esta memória dolorosa muitas vezes condiciona muitas das suas condutas. Nesta comunidade eclesial sempre esteve vivo o temor de voltar a viver situações semelhantes e, portanto, instintivamente, tende a afastar o fantasma de novas perseguições. É por isso que, diante deste tipo de hecatombe de sacerdotes, a hierarquia seja peremptória: não há nenhuma perseguição religiosa. Como foi dito anteriormente, sim, substancialmente trata-se de uma opinião verdadeira, mas...

Está claro que não se trata de ações criminosas “in odium fidei” e que, portanto, neste sentido, não seria correto falar de perseguição religiosa. Mas também está claro, e é indiscutível, que os sacerdotes mexicanos há anos se converteram em alvos específicos do narcotráfico, e por isso a Igreja não pode ser redutora em suas considerações e análises. Esta forma de raciocinar pode provocar confusão e não é educativa. Além do mais, ela pode ser inclusive injusta com aqueles que perderam a guerra nesta guerra subterrânea.
Pe. Alfonso Miranda Guardiola, da Conferência Episcopal do México, declarou em outubro do ano passado naquele que foi o seu primeiro encontro com a imprensa: “Não vemos nenhuma perseguição aberta contra os sacerdotes como se eles fossem um alvo. Para nós, são fatos que devem ser inseridos no clima social que o país vive”, e neste clima “os sacerdotes não estão imunes, são como qualquer cidadão. Como Igreja, devemos estar atentos e nos preparar para saber como tratar este clima, posto que os sacerdotes se encontram em todas as partes do país, inclusive nos lugares onde existe a maior violência e onde há uma presença do crime”.

Compreende-se bem o sentido último das palavras do padre Miranda, em particular quando, sem dizê-lo explicitamente, relaciona justamente a sorte dos sacerdotes mexicanos com a do povo que também está envolvido no martírio. Mas, há algo que convence um pouco menos: que os sacerdotes desta nação não são um alvo específico da violência que açoita o país. Os números das estatísticas indicam algo e não se pode evitar tirar conclusões, pelo menos em relação à pastoral da Igreja que, na defesa da dignidade humana de cada mexicano, se aproxima, com audácia profética e coragem evangélica, das fronteiras do crime. É verdade que as vítimas não foram executadas apenas porque eram sacerdotes, mas também é verdade que foram executadas porque eram fiéis ao seu ministério e à sua missão. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br