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“Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo”. (Mt 2, 2).
Com estas palavras, os Magos, que vieram de terras distantes, explicam o motivo da sua longa caminhada: adorar o Rei recém-nascido. Ver e adorar são duas ações que sobressaem na narração evangélica: vimos uma estrela e queremos adorar.
Estes homens viram uma estrela, que os pôs em movimento. A descoberta de algo fora do comum, que aconteceu no céu, desencadeou uma série inumerável de acontecimentos. Não era uma estrela que brilhou exclusivamente para eles, nem possuíam um DNA especial para a descobrir.
Como justamente reconheceu um Pai da Igreja, os Magos não se puseram a caminho porque tinham visto a estrela, mas viram a estrela porque se tinham posto a caminho (cf. João Crisóstomo). Mantinham o coração fixo no horizonte, podendo assim ver aquilo que lhes mostrava o céu, porque havia neles um desejo que a tal os impelia: estavam abertos a uma novidade.
Os Magos nos dão, assim, o retrato da pessoa que acredita, da pessoa que tem nostalgia de Deus; o retrato de quem sente a falta da sua casa: a pátria celeste. Refletem a imagem de todos os seres humanos que não deixaram, na sua vida, anestesiar o próprio coração.
Esta nostalgia santa de Deus brota no coração que acredita, porque sabe que o Evangelho não é um acontecimento do passado, mas do presente. A nostalgia santa de Deus permite-nos manter os olhos abertos contra todas as tentativas de restringir e empobrecer a vida. A nostalgia santa de Deus é a memória fiel que se rebela contra tantos profetas de desgraça. É esta nostalgia que mantém viva a esperança da comunidade fiel que implora, semana após semana, com estas palavras: «Vinde, Senhor Jesus!»
Era precisamente esta nostalgia que impelia o velho Simeão a ir ao Templo todos os dias, tendo a certeza de que a sua vida não acabaria sem ter nos braços o Salvador. Foi esta nostalgia que impeliu o filho pródigo a sair de uma conduta autodestrutiva e procurar os braços de seu pai. Era esta nostalgia que sentia no seu coração o pastor, quando deixou as noventa e nove ovelhas para ir à procura da que se extraviara.
E foi também o que sentiu Maria Madalena na madrugada do Domingo de Páscoa, fazendo-a correr até ao sepulcro e encontrar o seu Mestre ressuscitado. A nostalgia de Deus tira-nos para fora dos nossos recintos deterministas, que nos induzem a pensar que nada pode mudar. A nostalgia de Deus é a disposição que rompe com inertes conformismos, impelindo a empenhar-nos na mudança que anelamos e precisamos.
A nostalgia de Deus tem as suas raízes no passado, mas não se detém lá: vai à procura do futuro. Impelido pela sua fé, o fiel «nostálgico» vai à procura de Deus, como os Magos, nos lugares mais recônditos da história, pois está seguro, em seu coração, de que lá o espera o seu Senhor. Vai à periferia, à fronteira, aos lugares não evangelizados, para poder encontrar-se com o seu Senhor; e não o faz, seguramente, com uma atitude de superioridade, mas como um mendigo que se dirige a alguém aos olhos de quem a Boa Nova é um terreno ainda a explorar.
Entretanto no palácio de Herodes que distava poucos quilômetros de Belém, animados de procedimento oposto, não se tinham apercebido do que estava a acontecer. Enquanto os Magos caminhavam, Jerusalém dormia; dormia em conluio com Herodes que, em vez de andar à procura, dormia também. Dormia sob a anestesia de uma consciência cauterizada.
E ficou perturbado; teve medo. É aquela perturbação que leva a pessoa, à vista da novidade que revoluciona a história, a fechar-se em si mesma, nos seus resultados, nos seus conhecimentos, nos seus sucessos. A perturbação de quem repousa na sua riqueza, incapaz de ver mais além. É a perturbação que nasce no coração de quem quer controlar tudo e todos; uma perturbação própria de quem vive imerso na cultura que impõe vencer a todo o custo, na cultura onde só há espaço para os “vencedores” e a qualquer preço.
Uma perturbação que nasce do medo e do temor face àquilo que nos interpela, pondo em risco as nossas seguranças e verdades, o nosso modo de nos apegarmos ao mundo e à vida. E Herodes teve medo, e aquele medo levou-o a procurar segurança no crime: «Necas parvulos corpore, quia te necat timor in corde – matas o corpo das crianças, porque o temor te matou o coração» (São Quodvultdeus, Sermo 2 de Symbolo: PL 40, 655).
Queremos adorar. Aqueles homens vieram do Oriente para adorar, decididos a fazê-lo no lugar próprio de um rei: no Palácio. Aqui chegaram eles com a sua busca; era o lugar idôneo, porque é próprio de um rei nascer em um palácio, ter a sua corte e os seus súditos. É sinal de poder, de êxito, de vida bem-sucedida.
E pode-se esperar que o rei seja reverenciado, temido e lisonjeado; mas não necessariamente amado. Estes são os esquemas mundanos, os pequenos ídolos a quem prestamos culto: o culto do poder, da aparência e da superioridade. Ídolos que prometem apenas tristeza e escravidão.
E foi lá precisamente onde começou o caminho mais longo que tiveram de fazer aqueles homens vindos de longe. Lá teve início a ousadia mais difícil e complicada: descobrir que não se encontrava no Palácio aquilo que procuravam, mas estava em outro lugar: e não só geográfico, mas também existencial.
Lá não veem a estrela que os levava a descobrir um Deus que quer ser amado, e isto só é possível sob o signo da liberdade e não da tirania; descobrir que o olhar deste Rei desconhecido – mas desejado – não humilha, não escraviza, não aprisiona.
Descobrir que o olhar de Deus levanta, perdoa, cura. Descobrir que Deus quis nascer onde não o esperávamos, onde talvez não o quiséssemos; ou onde muitas vezes o negamos. Descobrir que, no olhar de Deus, há lugar para os feridos, os cansados, os maltratados e os abandonados: que a sua força e o seu poder se chamam misericórdia.
Como é distante, para alguns, Jerusalém de Belém!
Herodes não pode adorar, porque não quis nem pôde mudar o seu olhar. Não quis deixar de prestar culto a si mesmo, pensando que tudo começava e terminava nele. Não pôde adorar, porque o seu objetivo era que o adorassem a ele. Nem sequer os sacerdotes puderam adorar, porque sabiam muito, conheciam as profecias, mas não estavam dispostos a caminhar nem a mudar.
Os Magos sentiram nostalgia, não queriam mais as coisas usuais. Estavam habituados, dominados e cansados dos Herodes do seu tempo. Mas lá, em Belém, havia uma promessa de novidade, uma promessa de gratuidade. Lá estava a acontecer algo de novo.
Os Magos puderam adorar, porque tiveram a coragem de caminhar e, prostrando-se diante do pequenino, prostrando-se diante do pobre, prostrando-se diante do inerme, prostrando-se diante do insólito e desconhecido Menino de Belém, descobriram a Glória de Deus. http://www.acidigital.com
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Escolha de Marcelo Figueroa para edição argentina do Osservatore Romano surpreendeu líderes protestantes e provocou reação contrária na Igreja Católica.
O papa Francisco nomeou, na segunda-feira, 1º, o pastor protestante Marcelo Figueroa, editor da edição semanal argentina do jornal Osservatore Romano, órgão oficioso da Santa Sé, que já tem uma versão em espanhol. Francisco, o então cardeal Jorge Mario Bergoglio, e Figueroa são amigos há mais de 15 anos e participaram de uma série de debates na TV sobre a Bíblia, em Buenos Aires, com o rabino Abraão Skorka, também amigo do papa.
A edição argentina do Osservatore será lançada em setembro, com o apoio da Conferência dos Bispos da Argentina e colaboração de teólogos católicos. A escolha de Figueroa para a função surpreendeu líderes protestantes e vem provocando reação contrária de movimentos conservadores da Igreja Católica, que criticam a aproximação do papa com os evangélicos à véspera das comemorações dos 500 anos da Reforma de Lutero, em outubro.
Figueroa foi presidente da Sociedade Bíblica da Argentina durante 35 anos e pastor de uma igreja presbiteriana em Buenos Aires. Além de dirigir a edição argentina do Osservatore, ele continuará como colaborador da edição diária do jornal da Santa Sé, publicado em italiano. A exemplo da edição brasileira, também semanal, que é preparada em Roma e rodada na gráfica da Editora Santuário, em Aparecida (SP), a versão argentina será impressa na Argentina, com material de redação enviado pela internet.
A tendência para futuro próximo, segundo fonte do Vaticano ouvida pelo Estado, é adotar a edição digital para as edições nacionais ou regionais, para economizar papel. Somente a edição diária, publicada em Roma, continuará sendo impressa. A Secretaria da Comunicação, que passa a englobar o jornal, a Rádio Vaticano, o Centro Televisivo Vaticano e sites na internet, está assumindo a administração de todos os meios de comunicação da Santa Sé.
Marcelo Figueroa adiantou que a edição argentina do Osservatore dará destaque à atuação e pronunciamentos de Francisco e dedicará atenção especial à presença da Igreja na América Latina, sem prejuízo dos temas e reportagens de interesse universal publicados pelo Osservatore diário. O movimento ecumênico merecerá cobertura ampla e constante.
"A ideia nasceu de um constante diálogo que tive com Francisco, como amigo. Nós queremos propagar o trabalho pastoral que Francisco vem fazendo, de modo que atinja toda a Argentina. Eu acredito que aqueles que quiserem ouvir a voz do papa, seguir seu trabalho pastoral, com alguns comentários adicionais, será enriquecido por nossa edição. Eu acredito que isso será bom para as almas de todos os argentinos, para seguir cuidadosamente aquele que hoje é o mais relevante líder espiritual", adiantou Figueroa em entrevista sobre sua nova função. Fonte: http://brasil.estadao.com.br
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O bispo auxiliar de El Salvador, Gregorio Rosa Chávez, assegurou hoje que a santificação do monsenhor Oscar Arnulfo Romero será anunciada em março deste ano, durante uma reunião dos bispos salvadorenhos com o Papa Francisco. A reportagem é publicado por portal Terra 02-01-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas
"Há diversos sinais positivos" de que Romero será declarado santo pela Igreja e "o mês de março será fundamental, pois no dia 24 de março eu e todos os bispos teremos uma reunião com o Papa em Roma, e nesse momento nos dirão como estão as coisas", disse Rosa Chávez para os repórteres.
Acrescentou que a "palavra definitiva será do Papa", que "está muito motivado pelo assunto, muito desejoso de que aconteça em breve" e "nesse encontro nos dirá claramente o que podemos esperar".
No dia 27 de março de 2016, o principal hierarca da Igreja Católica em El Salvador, José Luis Escobar Alas, assegurou que a canonização de Romero depende de que o Vaticano confirme "científica e teologicamente" um milagre atribuído a ele.
Monsenhor Romero foi assassinado em 24 de Março de 1980 por um franco-atirador desconhecido enquanto ministrava uma missa na capela do hospital do câncer La Divina Providência, em San Salvador.
Um relatório da Comissão da Verdade da ONU, que investigou as violações dos direitos humanos durante a guerra civil salvadorenha (1980-1992), determinou que o ex-major do Exército e fundador do partido de direita Aliança Republicana Nacionalista (ARENA), Roberto D'Aubuisson, deu a ordem para assassinar o Monsenhor Romero.
O arcebispo, beatificado em 23 de maio de 2015, em San Salvador, em uma missa com a presença massiva de seus fiéis, denunciava em suas homilias os ataques das forças de segurança contra a população civil, entre outras violações dos direitos humanos.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Na audiência geral desta quarta-feira, Francisco lembra de rebelião ocorrida em Manaus
Ao final da audiência geral desta quarta-feira, dia 04, o papa Francisco expressou dor e preocupação diante das notícias que chegaram até ele sobre a rebelião ocorrida no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM), no último domingo, dia 1º de janeiro, que causou ao menos 56 mortos. O pontífice fez um apelo para que as prisões sejam lugares de reeducação e reinserção social.
“Ontem, chegaram do Brasil notícias dramáticas sobre o massacre ocorrido no cárcere de Manaus, onde uma rebelião violenta entre facções rivais causou dezenas de mortos. Expresso minha dor e preocupação por esse acontecimento”, disse o papa.
Francisco convidou os participantes da audiência a rezarem pelos defuntos e seus familiares, por todos os detentos desse cárcere e por aqueles que trabalham ali. “Renovo o apelo para que as prisões sejam lugares de reeducação e reinserção social, e que as condições de vida dos reclusos sejam dignas de pessoas humanas”, pediu.
Ao final, convidou a todos a rezarem “pelos detentos mortos e vivos, e também por todos os encarcerados do mundo para que as prisões sejam para reinserir e não sejam superlotadas, para que sejam lugares de reinserção”. Logo após, iniciou uma Ave-Maria pelos detentos. Fonte: http://www.cnbb.org.br
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Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Na sua mensagem para a celebração do 50º Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco discorre e reflete sobre a não violência. Considera-a um estilo de política para a paz, isto é, a partir da paz e da caridade expressas nesta atitude de desarmamento espiritual e mansidão, se concretiza a não violência como proposta capaz de criar novos relacionamentos e espaços a nível internacional, nacional e local.
A seguir o Papa mostra o cenário de um mundo dilacerado, e a violência que se exerce aos pedaços, destruindo e ceifando vidas, favorecendo aos senhores da guerra. Na verdade a não violência se ancora e respalda na mensagem evangélica, apresentada por Jesus que coloca as raízes da violência no coração humano. É Jesus o mestre da não violência quando ensina o caminho das bem aventuranças que exige dos discípulos o amor incondicional aos inimigos e o perdão e a acolhida fraterna permanente (70 x 7). Ser cristão como afirma São Francisco, é viver reconciliado e ser agente de reconciliação e concórdia.
A não violência para os seguidores de Cristo não é apenas uma técnica ou comportamento tático, mas um modo de ser e de viver, fundamentado na firme convicção do poder do amor e da verdade que vem de Deus. A não violência longe de ser uma expressão de debilidade, rendição ou até de covardia, é sem duvida mais forte e poderosa que a violência porque vai direto a consciência dos violentos, que ao se sentir respeitados, e amados incondicionalmente se sentem atingidos como pessoas humanas e chamados a conversão.
Foi testemunhada e exercida por líderes espirituais de grande vulto, profundamente atuais: Madre Teresa de Calcutá, Mahatma Ghandi, Khan Abdul Ghaffar Khan na libertação da Índia; Martin Luther King contra a discriminação e desigualdade racial, e as várias lideranças femininas de hoje, como Leydmh Gbowee e milhares de mulheres liberianas que lutam pela paz em seu país. Esta educação para a não violência tem uma raiz forte na família. Ela constitui para o Papa Francisco o cadinho indispensável no qual os cônjuges, país e filhos, irmãos e irmãs aprendem a se comunicar e a cuidar uns dos outros com gratuidade, abrindo-se para o diálogo e o perdão.
Finalmente, o Pontífice faz um convite a assumir a construção da paz pela não violência, apresentando a mística das bem avemturanças como programa de vida, escolhendo sempre a solidariedade fraterna,n consolidando novos vínculos e a amizade social. O importante é caminhar fazendo acontecer processos que respeitem as diferenças e as incluam conservando as preciosas potencialidades das polaridades em contraste. Que Nossa Senhora, Rainha da paz, nos sirva de guia e nos torne a todos (as) em artesãos. Fonte: http://www.cnbb.org.br
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HOJE, DIA 31: Santa Missa na Comunidade Capim, às 19h- Lagoa da Canoa-AL, com Frei Petrônio de Miranda, Carmelita. Venha agradecer a Deus pelo Ano 2016 e rezar pelo Ano Novo. Acompanhe no olhar.
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Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Começamos um novo ano, certamente não diferente de 2016. As perspectivas estão muito nebulosas, confusas e com poucas esperanças. O terrorismo, a ganância e o individualismo se alastram de maneira muito assustadora. Perdemos a confiança nas pessoas, principalmente nas lideranças que deveriam sustentar a estabilidade dos cidadãos. Como disse alguém: “Só Deus, só Nele confiar!”.
Mesmo em meio a atos de injustiça, que têm raízes em todos os setores da vida brasileira, o ano deve começar com as bençãos de Deus. Nas palavras do papa Francisco, para quem faz o processo da reconciliação e da superação das fraquezas, a misericórdia divina supera as misérias humanas. Não há limites no amor de Deus, porque faz parte de seu plano, a salvação de todos.
Todo envolvimento com a maldade causada pela injustiça impede a pessoa de acolher o anúncio da Boa-nova do Evangelho. Ela deixa de participar da alegria e das maravilhas da presença de Deus, que transforma totalmente o ser humano. Tira as pessoas do jugo da escravidão e as faz proclamadoras dessa boa notícia. Em vez de destruir, constrói o bem e a sociedade com responsabilidade.
O modo de agir de Deus é surpreendente. Ele se abaixa e se torna humano para possibilitar que nos coloquemos de pé, superando as misérias que nos afligem. Nele temos que aprender a ser humildes, porque esse é o caminho que nos leva a acolher a divindade e nos tornar divinos. As trevas que nos encobrem precisam transformar-se em luz para dar claridade em nossas ações.
Passado o Natal, agora a vida vai tomando novos rumos e, entre eles, temos a posse dos novos dirigentes municipais. A transparência tem sido um desafio, porque o poder está muito enraizado na ânsia pelo dinheiro. Até parece que Deus virou dinheiro. Significa que a felicidade está longe. Repito as palavras de Tereza de Calcutá: “A pessoa é tão pobre, que só tem dinheiro”.
Pedimos a benção de Aarão para o ano de 2017. Que seja uma benção protetora: “O Senhor te abençoe e te guarde”; uma benção de perdão: “O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti”; e uma benção de paz: “O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz” (Nm 6,22-27). São Paulo diz que Jesus é a benção encarnada do Pai, e seu único mediador (cf. I Tm 2,5).
Fonte: http://www.cnbb.org.br
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O Pe. Luis Montes, missionário do Instituto do Verbo Encarnado (IVE) no Iraque, assegurou que seu trabalho nesse país do Oriente Médio é dedicado à formação de seminaristas e à assistência aos refugiados perseguidos pelo Estado Islâmico (ISIS), e esta “é uma missão pela qual vale a pena dar a vida”.
De acordo com o último relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) de fevereiro deste ano, a violência iniciada no Iraque pelo Estado Islâmico ocasionou mais de 3,3 milhões de deslocados internos no país desde janeiro de 2014.
Segundo um relatório de Nações Unidas publicado no início de 2016, entre janeiro de 2014 e outubro de 2015, mais de 18.800 civis foram assassinados e outros 36 mil ficaram feridos.
O relatório da ONU indicou que o Estado Islâmico “continua cometendo uma violência sistemática e estendida e abusos contra as leis internacionais humanitárias e de direitos humanos”. Em março, Estados Unidos reconheceu como “genocídio” os crimes do ISIS contra os cristãos e outras minorias religiosas no Oriente Médio e outras regiões que estão sob seu poder.
Em declarações ao Grupo ACI, o Pe. Montes explicou que Erbil, região semiautônoma do Curdistão iraquiano, “é uma cidade segura. Praticamente não houve atentados ali”, pois o governo local “mantém ordem, mantém segurança”. Por essa razão, muitos cristãos que fugiram de cidades vizinhas invadidas pelo Estado Islâmico, como Mossul, encontraram refúgio nessa região.
Precisamente o grande número de refugiados na região gera “diversas dificuldades”, disse o sacerdote, pois “estamos falando de dezenas ou centenas de milhares”. Esta circunstância, assinalou, “nos deixa profundamente comovidos” ao ver “essas almas que sofrem tanto, essas almas pelas quais Cristo entregou a sua vida”.
“Na verdade, para os seminaristas é mais simples, pois permanecem em um lugar, onde há perseguição, se mantêm fiéis a missão e unidos a Jesus Cristo, porque existem muitas dificuldades e o Senhor está como ‘obrigado’ a nos derramar mais graça”, indicou.
Nessas condições, pode-se afirmar que “a pessoa vive ali em paz interior”. Por que não migrar? O Pe. Montes assegurou: “Para nós é impensável isso, essa colocação. Nós seremos uma Igreja mártir”.
“Em outros lugares há um monte de coisas boas, vemos quando saímos de onde vivemos. Recentemente, estive no México, foi uma experiência maravilhosa, o povo mexicano transmite um calor humano realmente notável. Entretanto, estamos em um lugar onde há mártires, onde todos sofrem por ser cristãos”.
No Iraque, refletiu, quando se lê “o Evangelho, que diz ‘bem-aventurados quando os perseguirem’, isso é o que vivemos, não é somente uma palavra”. “Para nós, na verdade, é uma honra”, expressou.
O Pe. Luis Montes e os missionários do IVE no Oriente Médio criaram as páginas Amigos do Iraque e S.O.S. Cristãos na Síria para canalizar a ajuda solidária aos cristãos perseguidos. Fonte: http://www.acidigital.com
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Os sacerdotes devem ser mediadores do amor de Deus, não intermediários que pensam exclusivamente em seus próprios interesses. Esta é a advertência que o Papa Franciscofez durante a homilia da missa matutina de 09 de dezembro na capela da Casa Santa Marta, segundo indicou a Rádio Vaticano. A reportagem é de Domenico Agasso Jr e publicada por Vatican Insider, 09-12-2016. A tradução é de André Langer.
O Papa chamou a atenção para os “rígidos”, que sobrecarregam os fiéis com cargas que eles mesmos não carregam. Denunciou, além disso, a tentação do mundanismo, que transforma o sacerdote em funcionário e o torna “ridículo”. “Não é possível manter a rigidez por muito tempo, destacou o Bispo de Roma. É fundamentalmente esquizofrênica. Acabará parecendo rígido, mas por dentro será um desastre”. E também indicou que é preciso ter cuidado com o mundanismo: “Um sacerdote mundano, rígido, é um insatisfeito, porque tomou o caminho errado”. Um bom pastor sabe “brincar com as crianças”.
O Papa Bergoglio inspirou-se nas palavras com que Cristo, no Evangelho do dia, mostra a insatisfação constante do povo. As pessoas são como as crianças às quais se oferece uma coisa e elas não gostam, oferece-lhes o contrário e também não lhes agrada. Da mesma maneira, no terceiro milênio “há cristãos insatisfeitos (muitos) que não conseguem compreender o que o Senhor nos ensinou, não conseguem compreender a essência da revelação do Evangelho”.
Por isso, o Papa refletiu sobre os sacerdotes “insatisfeitos”, que “fazem tanto mal”. Passam o tempo sem estarem contentes, buscando constantemente novos projetos ou iniciativas “porque o seu coração está longe da lógica de Jesus” e por isso “se queixam ou vivem tristes”.
A lógica do Filho de Deus, ao contrário, deveria levar um sacerdote à “plena satisfação”. Trata-se da “lógica do mediador”, indicou o Papa. “Jesus – explicou – é o mediador entre Deus e nós. E nós devemos tomar este caminho de mediadores, não a outra figura que se parece muito com esta, mas que não é a mesma: intermediários”. Este último, “faz seu trabalho e recebe o seu pagamento, nunca perde”.
Pelo contrário, “o mediador perde a si mesmo para unir as partes, dá a vida, a si mesmo. Esse é o preço: a própria vida; paga com a própria vida, o próprio cansaço, o próprio trabalho, tantas coisas, mas (neste caso o pároco) para juntar o rebanho, para juntar as pessoas e levá-las para Jesus. A lógica de Jesus como mediador é a lógica de aniquilar-se a si mesmo”.
O sacerdote autêntico é “um mediador muito próximo do seu povo”, ao passo que o intermediário realiza o próprio trabalho, mas depois toma outro trabalho, “sempre como funcionário”, porque “não sabe o que significa sujar as mãos” nas chagas da realidade. Por isso, quando “o sacerdote muda de mediador a intermediário não é feliz, é triste”. E passa a vida buscando um pouco de felicidade na visibilidade, “fazendo sentir a autoridade”.
O Papa argumenta que Jesus dizia aos intermediários de sua época que “eles gostavam de passear pelas praças” para serem visto, chamar a atenção e atrair honras e elogios.
Além disso, “para tornarem-se importantes – advertiu Francisco –, os sacerdotes intermediários seguem pelo caminho da rigidez: tantas vezes, separados das pessoas, não sabem o que é a dor humana; perdem aquilo que aprenderam em suas casas, com o trabalho do pai, da mãe, do avô, da avó, dos irmãos... Eles perdem estas coisas”. São “rígidos – insistiu –, esses rígidos sobrecarregam os fiéis com muitas coisas que eles mesmos não carregam, como dizia Jesus aos intermediários de seu tempo. A rigidez. Chicote na mão com o povo de Deus: ‘Isto não se pode fazer, isto não se pode fazer...’”. E assim, “muitas pessoas que se aproximam buscando um pouco de consolação, um pouco de compreensão, acabam expulsas com esta rigidez”.
Mas, “não é possível manter a rigidez por muito tempo, destacou o Bispo de Roma. É fundamentalmente esquizofrênica. Acabará parecendo rígido, mas por dentro será um desastre”
E a mesma coisa acontece com o mundanismo: “um sacerdote mundano, rígido, é um insatisfeito, porque pegou o caminho errado”. O Papa contou: “há algum tempo, veio para me ver um monsenhor idoso da cúria, que trabalha, um homem normal, apaixonado por Jesus e me contou que tinha ido à Euroclero (loja que vende roupas e objetos litúrgicos, ndr.) para comprar algumas camisas e viu diante de um espelho um jovem... ele pensa que talvez tivesse uns 25 anos, o padre jovem ou (que estava) para tornar-se padre... diante do espelho, com uma capa grande, longa, com veludo, a corrente de prata e se olhava. E depois pegou o chapéu romano, o colocou e olhava. Um rígido mundano. E o sacerdote – é sábio o monsenhor, muito sábio – conseguiu superar a dor, com uma história de saudável humorismo e acrescentou: ‘E depois se diz que a Igreja não permite o sacerdócio às mulheres!’. De forma que o trabalho que faz o sacerdote quando se torna um funcionário cai no ridículo, sempre”.
Outra história do Pontífice: certa vez, uma pessoa lhe disse que “ela reconhecia os sacerdotes pelo comportamento com as crianças: se sabem ser carinhosos com uma criança, sorrir para uma criança, brincar com uma criança… Isto é interessante, porque significa que sabem abaixar-se, aproximar-se das pequenas coisas”.
Pelo contrário, o sacerdote intermediário “é triste, sempre com aquela cara triste ou muito séria, rosto sisudo. Tem o olhar sisudo, muito sisudo!”. Ao contrário, “o mediador é aberto: o sorriso, a acolhida, a compreensão, os carinhos”.
Francisco apresentou três figuras de “sacerdotes mediadores e não intermediários”, três ícones. Uma é o “grande” São Policarpo de Esmirna, que “não negocia a sua vocação e vai com coragem à pira, e quando o fogo o cerca, os fiéis que estavam ali sentiram cheiro de pão”; desta maneira “acaba um mediador: como um pedaço de pão para os seus fiéis”.
A segunda figura foi São Francisco Xavier, que acabou sua jovem vida na praia de Sancián, “olhando para a China”, para onde desejava, em vão, ir. E para concluir, São Paulo nas Três Fontes: “Nessa manhã, os soldados foram até ele, prenderam-no e ele caminhava sem se curvar”; estava consciente de que o estavam levando ao martírio, devido à traição de alguns membros da sua comunidade cristã, mas ele “lutou tanto, tanto, em sua vida, que se ofereceu ao Senhor como um sacrifício”.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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As Comunidades que querem continuar exercendo o trabalho, tendo vínculo com a Igreja Católica e sem qualquer influência do poder político em suas administrações, deverão se adaptar o quanto antes
Por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, o Arcebispo Metropolitano de Maceió, dom Antônio Muniz Fernandes, O. Carm., assina decreto que regulamenta a participação das Comunidades Terapêuticas, no território Arquidiocesano, em projetos políticos e de poder.
As Comunidades que querem continuar exercendo o trabalho, tendo vínculo com a Igreja Católica e sem qualquer influência do poder político em suas administrações, deverão se adaptar o quanto antes, para não serem atingidas pelas normas da Igreja de Jesus Cristo presente na Arquidiocese de Maceió.
Leia o Decreto:
Província Eclesiástica de Maceió
Arquidiocese de Maceió
DECRETO
Da participação das Comunidades Terapêuticas em projetos políticos e de poder
DOM ANTÔNIO MUNIZ FERNANDES, O.CARM.
Por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica,
Arcebispo Metropolitano de Maceió,
DECIDE:
CONSIDERANDO que a conotação essencial dos cristãos leigos e leigas, fiéis operários da vinha do Senhor (cf. Mt 20,1-16), é a índole secular de seu seguimento de Cristo, que se realiza propriamente no mundo: “É específico dos leigos, por sua própria vocação, procurar o Reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus” (CONCÍLIO VATICANO II, Const. Dogm. “Lumen gentium”, n. 31).
CONSIDERANDO que a presença do fiel leigo no campo social é caracterizada pelo serviço, sinal e expressão da caridade que se manifesta na vida familiar, cultural, profissional, econômica, política, segundo perfis específicos: obtemperando às diversas exigências de seu particular âmbito de atuação, os fiéis leigos exprimem a verdade de sua fé e, ao mesmo tempo, a verdade da doutrina social da Igreja, que encontra a sua plena realização quando é vivida em termos concretos para a solução dos problemas sociais. A própria credibilidade da doutrina social reside de fato no testemunho das obras, antes mesmo que na sua coerência e lógica interna (cf. JOÃO XXIII, Carta enc. “Mater et magistral”, n. 454; JOÃO PAULO II, Carta enc. “Centesimus annus”, n. 862-863).
CONSIDERANDO o Código de Direito Canônico, Cân. 300: “Nenhuma associação assuma o nome de “católica”, sem o consentimento da autoridade eclesiástica competente”.
DECRETAR que as Comunidades Terapêuticas, que fizeram uma opção político-partidária e de poder, tornando-se subsidiárias, estão proibidas de usar o nome “católica” e beneficiar-se dos ritos católicos; consequentemente, seja retirada a presença do Santíssimo Sacramento e não mais sejam celebradas Santas Missas nessas Comunidades Terapêuticas, em todo território da Arquidiocese de Maceió.
Maceió, 26 de dezembro de 2016.
DOM ANTÔNIO MUNIZ FERNANDES, O.CARM.
Arcebispo Metropolitano de Maceió.
Fonte: http://arquidiocesedemaceio.org.br
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No vídeo, o Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ, mostra a Imagem da Imaculada Conceição na entrada da cidade de Limoeiro de Anadia-Alagoas. NOTA: Com onze metros de altura e cerca de duas toneladas, a imagem de Nossa Senhora da Conceição veio de Sergipe transportada em uma carreta.
Aos pés da imagem, a Prefeitura de Limoeiro de Anadia está construindo uma praça com mirante, a fim de que os visitantes, viajantes e romeiros possam tirar fotos e apreciar as serras que cercam a cidade.
A imagem de Nossa Senhora da Conceição foi esculpida pelo artista sergipano Regivaldo da Silva Santana, mais conhecido como Giba. Natural de Porto da Folha, o escultor é especialista na construção de bustos, animais, artes sacras, entre outros. Leia a matéria na íntegra. Clique aqui:
Comunidade Capim, Lagoa da Canoa-AL. 26 de dezembro-2016. DIVULGAÇÃO: www.olharjornalistico.com.br
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Sábado, 24 de dezembro, Missa da Noite de Natal com o Papa Francisco na Basílica de S. Pedro. O Santo Padre afirmou que esta é uma noite de glória, alegria e luz e recordou as crianças que “jazem nas miseráveis manjedouras de dignidade”.
Na sua homilia Francisco declarou que no Menino que Deus nos dá “faz-se concreto o amor de Deus por nós”. Na simplicidade e fragilidade de um recém-nascido está Deus e não na “sala nobre de um palácio” – disse o Papa.
É um Menino que nos “interpela” e que “nos chama a deixar as ilusões do efémero para ir ao essencial, a renunciar às nossas insaciáveis pretensões” – afirmou o Santo Padre que se referiu à interpelação do Menino na manjedoura:
“Deixemo-nos interpelar pelo Menino na manjedoura, mas deixemo-nos interpelar também pelas crianças que, hoje, não são reclinadas num berço nem acariciadas pelo carinho de uma mãe e de um pai, mas jazem nas miseráveis ‘manjedouras de dignidade’: no refúgio subterrâneo para fugir aos bombardeamentos, no passeio de uma grande cidade, no fundo de uma barca sobrecarregada de migrantes. Deixemo-nos interpelar pelas crianças que não se deixam nascer, as que choram porque ninguém lhes sacia a fome, aquelas que na mão não têm brinquedos, mas armas.”
O “Mistério do Natal” interpela-nos – acrescentou Francisco – porque é ao mesmo tempo um mistério de esperança e de tristeza. O sabor da tristeza descobre-se quando José e Maria encontram portas fechadas e tiveram que pôr Jesus numa manjedoura – disse o Papa que sublinhou que o Natal é sobretudo o sabor da esperança: “Deus, enamorado de nós, atrai-nos com a sua ternura, nascendo pobre e frágil no meio de nós”.
O Papa salientou ainda que “Jesus nasce rejeitado por alguns e na indiferença da maioria. E a mesma indiferença pode reinar também hoje, quando o Natal se torna uma festa onde os protagonistas somos nós, em vez de ser Ele; quando as luzes do comércio põem na sombra a luz de Deus; quando nos afanamos com as prendas e ficamos insensíveis a quem está marginalizado” – observou.
No final da sua homilia na Missa da Noite de Natal neste ano de 2016 o Papa Francisco exortou os cristãos a entrarem “no verdadeiro Natal” com os pastores que estavam entre os marginalizados daquele tempo e sentirmo-nos “amados por Deus”.
Fonte: http://pt.radiovaticana.va
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O Papa Francisco teve audiência, nesta quinta-feira (22/12) na Sala Clementina, com os membros da Cúria Romana para os tradicionais votos natalícios e no seu discurso falou dos critérios de orientação para a reforma da Cúria. Já a seguir, o Texto integral:
DISCURSO DO SANTO PADRE
À CÚRIA ROMANA na apresentação de votos natalícios. (22 de dezembro de 2016)
Amados irmãos e irmãs!
Gostaria de começar este nosso encontro, apresentando os meus cordiais votos a todos vós – Superiores, Oficiais, Representantes Pontifícios e Colaboradores nas Nunciaturas espalhadas pelo mundo, todas as pessoas que prestam serviço na Cúria Romana – e aos vossos familiares. Votos de um santo e sereno Natal e um feliz ano novo de 2017.
Ao contemplar o rosto do Menino Jesus, Santo Agostinho exclamou: «Imenso na natureza divina, pequeno na natureza de servo».[1] Também São Macário, monge do século IV e discípulo do abade Santo Antão, para descrever o mistério da Encarnação, recorreu ao verbo grego smikruno, isto é, fazer-se pequeno reduzindo-se quase ao mínimo: «Ouvi com atenção! Por sua imensa e inefável bondade, o Deus infinito, inacessível e incriado tomou um corpo e – diria – diminuiu-se infinitamente a sua glória».[2]
Assim, o Natal é a festa da amante humildade de Deus, de Deus que inverte a ordem da lógica esperada, a ordem do devido, do dialético e do matemático. Nesta inversão, está toda a riqueza da lógica divina que transtorna a limitação da nossa lógica humana (cf. Is 55, 8-9). Disse Romano Guardini: «Que grande inversão de todos os valores familiares ao homem – não só humanos, mas também divinos! Verdadeiramente este Deus subverte tudo aquilo que o homem pretende edificar por si mesmo».[3] No Natal, somos chamados a dizer «sim, com a nossa fé, não ao Dominador do universo nem mesmo às mais nobres das ideias, mas precisamente a este Deus que é o humilde-amante.
O Beato Paulo VI, no Natal de 1971, afirmava: «Deus poderia ter vindo revestido de glória, esplendor, luz, poder, assustando-nos, deixando os nossos olhos arregalados pela maravilha. Mas não! Veio como o menor dos seres, o mais frágil, o mais fraco. E porquê? Para que ninguém tivesse vergonha de se aproximar d’Ele, para que ninguém tivesse medo, precisamente para que todos pudessem senti-Lo vizinho, aproximar-se d’Ele, já sem qualquer distância entre nós e Ele. Houve um esforço, por parte de Deus, de mergulhar, afundar-Se dentro de nós, para que cada um – digo cada um de vós – possa familiarizar com Ele, possa ter confidência, possa aproximar-se d’Ele, possa sentir-se pensado por Ele, por Ele amado... por Ele amado. Reparai que esta é uma grande afirmação! Se compreenderdes isto, se lembrardes isto que vos estou a dizer, tereis compreendido todo o cristianismo».[4]
Na realidade, Deus escolheu nascer pequenino,[5] porque quis ser amado.[6] E assim a lógica do Natal é a subversão da lógica do mundo, da lógica do poder, da lógica do controle, da lógica farisaica e da lógica causalística ou determinista.
Foi precisamente sob esta luz suave e imponente do rosto divino de Cristo menino que escolhi, como tema deste nosso encontro anual, a reforma da Cúria Romana. Pareceu-me justo e oportuno partilhar convosco o quadro da reforma, pondo em evidência os critérios orientadores, os passos feitos, mas sobretudo a lógica do porquê de cada passo realizado e daquilo que será feito.
Na verdade, aqui vem-me espontaneamente à memória o antigo ditado que ilustra a dinâmica dos Exercícios Espirituais no método inaciano, ou seja: deformata reformare, reformata conformare, conformata confirmare e confirmata transformare.
Não há dúvida que, na Cúria, o significado da re-forma pode ser duplo: antes de mais nada, torná-la con-forme à Boa Nova que deve ser proclamada jubilosa e corajosamente a todos, especialmente aos pobres, aos últimos e aos descartados; con-forme aos sinais do nosso tempo e a tudo o que de bom alcançou o homem, para melhor atender às exigências dos homens e das mulheres que somos chamados a servir;[7] ao mesmo tempo, trata-se de tornar a Cúria mais con-forme à sua finalidade que é colaborar no ministério próprio do Sucessor de Pedro[8] («cum Ipso consociatam operam prosequuntur», diz o Motu Proprio Humanam progressionem) e, por conseguinte, apoiar o Romano Pontífice no exercício do seu poder singular, ordinário, pleno, supremo, imediato e universal.[9]
Consequentemente, a reforma da Cúria Romana está orientada eclesiologicamente in bonum e in servitium, como o está o serviço do Bispo de Roma,[10] segundo uma significativa frase do Papa São Gregório Magno, retomada pelo capítulo III da constituição Pastor Aeternus do Concílio Vaticano I: «A minha honra é a da Igreja universal. A minha honra é a força firme dos meus irmãos. Sinto-me verdadeiramente honrado, quando não é negada a devida honra a cada um deles».[11]
Não sendo a Curia uma estrutura imóvel, a reforma é, antes de tudo, sinal da vivacidade da Igreja em caminho, em peregrinação, e da Igreja viva e, consequentemente, semper reformanda,[12] necessitada de ser reformada porque está viva. Torna-se necessário reiterar vigorosamente que a reforma não é fim em si mesma, mas constitui um processo de crescimento e sobretudo de conversão. Por isso, a reforma não tem uma finalidade estética, como se se quisesse tornar mais bela a Cúria; nem se pode entender como uma espécie de avivamento, maquilhagem ou truco para embelezar o velho corpo curial, e nem mesmo como uma operação de cirurgia plástica para tirar as rugas.[13] Amados irmãos, não são as rugas que se devem temer na Igreja, mas as manchas!
Nesta perspetiva, é preciso destacar que a reforma será eficaz única e exclusivamente se for implementada com homens «renovados» e não apenas com homens «novos».[14] Não basta contentar-se em mudar o pessoal, mas é preciso levar os membros da Cúria a renovar-se espiritual, humana e profissionalmente. A reforma da Cúria não se atua de forma alguma com a mudança das pessoas – que, sem dúvida, tem acontecido e acontecerá[15] – mas com a conversão nas pessoas. Na realidade, não basta uma formação permanente, é preciso também e sobretudo uma conversão e uma purificação permanente. Sem uma mudança de mentalidade, o esforço funcional não teria qualquer utilidade.[16]
Foi por esta razão que, nos nossos dois encontros natalícios anteriores, me detive no ano de 2014, tendo como modelo os Padres do deserto, sobre algumas «doenças» e em 2015, partindo da palavra «misericórdia», sobre uma espécie de catálogo das virtudes necessárias para quem presta serviço na Cúria e para quantos querem tornar fecunda a sua consagração ou o seu serviço à Igreja. A razão fundamental é que, como para toda a Igreja, também na Cúria o sempre reformanda deve transformar-se numa conversão pessoal e estrutural permanente.[17]
Era necessário falar de doenças e tratamentos, porque cada operação, para ter sucesso, deve ser antecedida por diagnósticos profundos, por análises cuidadosas e deve ser acompanhada e seguida por prescrições concretas.
Neste percurso, é normal, até mesmo salutar, encontrar dificuldades, que, no caso da reforma, poder-se-iam apresentar segundo diferentes tipologias de resistências: as resistências abertas, que nascem muitas vezes da boa vontade e do diálogo sincero; as resistências ocultas, que nascem dos corações assustados ou empedernidos que se alimentam das palavras vazias da hipocrisia espiritual; há também as resistências malévolas, que germinam em mentes doentes e aparecem quando o diabo inspira más intenções (muitas vezes disfarçadas sob pele de cordeiros). Este último tipo de resistência esconde-se por trás das palavras justificadoras e, em muitos casos, acusatórias, refugiando-se nas tradições, nas aparências, nas formalidades, no conhecido, ou então em querer reduzir tudo a um caso pessoal, sem distinguir entre o ato, o ator e a ação.[18]
A ausência de reação é sinal de morte! Por isso as resistências boas – e até as menos boas – são necessárias e merecem ser escutadas, acolhidas e encorajadas a expressar-se.
Tudo isto, para dizer que a reforma da Cúria é um processo delicado que deve ser vivido com fidelidade ao essencial, discernimento contínuo, coragem evangélica, sabedoria eclesial, escuta cuidadosa, ação tenaz, silêncio positivo, decisões firmes, muita oração, profunda humildade, clarividência, passos concretos em frente e – se necessário – passos também para trás, vontade decidida, vitalidade vibrante, poder responsável, obediência incondicional; mas, em primeiro lugar, com o abandono à orientação segura do Espírito Santo, confiando no seu apoio necessário.
ALGUNS CRITÉRIOS ORIENTADORES DA REFORMA
São principalmente doze: individualidade, pastoralidade, missionariedade, racionalidade, funcionalidade, modernidade, sobriedade, subsidiariedade, sinodalidade, catolicidade; profissionalismo, gradualidade.
1- Individualidade (conversão pessoal)
Volto a reiterar a importância da conversão individual, sem a qual serão inúteis todas as mudanças nas estruturas. A verdadeira alma da reforma são os seres humanos que estão envolvidos nela e a tornam possível. Com efeito, a conversão pessoal sustenta e reforça a comunitária.
Há uma forte relação de intercâmbio entre o comportamento pessoal e o comunitário. Uma única pessoa pode fazer muito bem a todo o corpo, como poderia danificá-lo e fazê-lo adoecer. E um corpo saudável é aquele que sabe recuperar, acolher, fortificar, cuidar e santificar os seus próprios membros.
2- Pastoralidade (conversão pastoral)
Fazendo apelo à imagem do pastor (cf. Ez 34, 16; Jo 10, 1-21) e sendo a Cúria uma comunidade de serviço, «far-nos-á bem, também a nós, chamados a ser Pastores na Igreja, deixar que a Face do Deus Bom Pastor nos ilumine, nos purifique, nos transforme e nos restitua plenamente renovados à nossa missão. Que também nos nossos ambientes de trabalho possamos sentir, cultivar e praticar um forte sentido pastoral, antes de tudo em relação às pessoas que encontramos todos os dias. Que ninguém se sinta ignorado ou maltratado, mas cada um possa experimentar, antes de tudo aqui, a atenção carinhosa do Bom Pastor».[19]
O compromisso de todo o pessoal da Cúria deve ser animado por uma pastoralidade e uma espiritualidade de serviço e comunhão, pois isto é o antídoto contra todos os venenos da vã ambição e da rivalidade ilusória. Neste sentido, o Beato Paulo VI advertiu: «Não seja, portanto, a Cúria Romana uma burocracia, como erradamente alguém a julga, pretensiosa e apática, apenas canonista e ritualista, um ringue de ocultas ambições e surdos antagonismos, como a acusam outros; mas seja uma verdadeira comunidade de fé e caridade, de oração e ação; de irmãos e filhos do Papa, que tudo fazem, cada um no respeito da competência alheia e com sentido de colaboração, para o servir no seu serviço aos irmãos e aos filhos da Igreja universal e de toda a terra».[20]
3- Missionariedade[21] (cristocentrismo)
É o fim principal de todo o serviço eclesial, ou seja, levar a boa nova a todos os confins da terra,[22] como nos lembra o magistério conciliar, porque «há estruturas eclesiais que podem chegar a condicionar um dinamismo evangelizador; de igual modo, as boas estruturas servem quando há uma vida que as anima, sustenta e avalia. Sem vida nova e espírito evangélico autêntico, sem “fidelidade da Igreja à própria vocação”, toda e qualquer nova estrutura se corrompe em pouco tempo».[23]
4- Racionalidade
Com base no princípio de que todos os Dicastérios são juridicamente iguais entre si, era necessária uma racionalização dos organismos da Cúria Romana,[24] para evidenciar que cada Dicastério tem competências próprias. Tais competências devem ser respeitadas, mas também distribuídas com racionalidade, eficácia e eficiência. Por isso nenhum Dicastério pode atribuir-se a competência doutro Dicastério, segundo o que está estabelecido pelo direito, e todos os Dicastérios fazem referência direta ao Papa.
5- Funcionalidade
A eventual incorporação num único Dicastério de dois ou mais Dicastérios competentes sobre matérias afins ou intimamente relacionadas serve, por um lado, para dar ao mesmo Dicastério uma maior relevância (mesmo exterior) e, por outro, a contiguidade e a interação das diferentes realidades no seio de um único Dicastério ajuda a ter maior funcionalidade (são exemplo disso mesmo os dois novos Dicastérios recentemente instituídos).[25]
A funcionalidade requer também a revisão contínua das funções e da atinência das competências e responsabilidades do pessoal e, consequentemente, a realização de deslocamentos, assunções, interrupções e também promoções.
6- Modernidade (atualização)
Ou seja, a capacidade de ler e auscultar os «sinais dos tempos». Neste sentido, «providenciemos solicitamente para que os Dicastérios da Cúria Romana se coadunem às situações do nosso tempo e adaptem às necessidades da Igreja universal».[26] Assim o solicitara o Concílio Vaticano II: os Dicastérios da Cúria Romana «sejam reorganizados, segundo as necessidades dos tempos, das regiões e dos ritos sobretudo quanto ao número, nome, competência e modo de proceder de cada um, bem como no que respeita à coordenação recíproca dos trabalhos».[27]
7- Sobriedade
Nesta perspectiva, são necessários uma simplificação e um aligeiramento da Cúria: incorporação ou fusão de Dicastérios segundo assuntos de competência e simplificação interna de cada um dos Dicastérios; eventuais supressões de Departamentos que se revelem desajustados das necessidades contingentes. Inserção nos Dicastérios ou redução das comissões, academias, comités, etc. Tendo sempre em vista a sobriedade indispensável para um testemunho digno e autêntico.
8- Subsidiariedade
Reordenamento de competências específicas dos vários Dicastérios, deslocando-as, se necessário, de um Dicastério para outro, a fim de alcançar a autonomia, a coordenação e a subsidiariedade nas competências e a interconexão no serviço.
Neste sentido, é necessário respeitar também os princípios da subsidiariedade e da racionalização na relação com a Secretaria de Estado e no seio dela mesma – entre as suas diferentes competências – para que, no cumprimento das próprias funções seja a ajuda direta e mais imediata do Papa.[28] E isto também para uma melhor coordenação dos vários setores dos Dicastérios e dos Departamentos da Cúria. A Secretaria de Estado poderá realizar esta sua importante função, precisamente na realização da unidade, interdependência e coordenação das suas Secções e dos seus vários setores.
9- Sinodalidade
O trabalho da Cúria deve ser sinodal: reuniões periódicas dos Chefes de Dicastério, presididas pelo Romano Pontífice;[29] audiências regulares previstas dos Chefes de Dicastério; reuniões habituais interdicasteriais. A redução do número de Dicastérios permitirá encontros mais frequentes e sistemáticos dos diferentes Prefeitos com o Papa e reuniões eficazes dos Chefes dos Dicastérios, não o podendo ser com um grupo demasiado grande.
A sinodalidade[30] deve ser vivida também dentro de cada Dicastério, dando particular realce ao Congresso e maior frequência pelo menos à Sessão ordinária. No seio de cada Dicastério, deve-se evitar a fragmentação que pode ser determinada por vários fatores, tais como a proliferação de setores especializados, que podem tender para serem autorreferenciais. A coordenação entre eles deveria ser tarefa do Secretário ou do Subsecretário.
10- Catolicidade
Entre os colaboradores, além dos sacerdotes e consagrados/as, a Cúria deve refletir a catolicidade da Igreja com a assunção de pessoal proveniente de todo o mundo, de diáconos permanentes e fiéis leigos, cuja escolha deve ser cuidadosamente feita com base na sua vida espiritual e moral exemplar e na sua competência profissional. É oportuno prever o acesso de um número maior de fiéis leigos, especialmente nos Dicastérios onde eles possam ser mais competentes que os clérigos ou os consagrados. Além disso é de grande importância a valorização do papel da mulher e dos leigos na vida da Igreja e a sua integração nas lideranças dos Dicastérios, com particular atenção à multiculturalidade.
11- Profissionalismo
É indispensável que cada Dicastério adote uma política de formação permanente do pessoal, para evitar o enferrujamento e a queda na rotina do funcionalismo.
Por outro lado, é indispensável a arquivação definitiva da prática do promoveatur ut amoveatur.
12- Gradualidade (discernimento)
A gradualidade é o fruto daquele indispensável discernimento que envolve processo histórico, estipulação de tempos e etapas, verificação, verificação, correções, experimentação, aprovações ad experimentum. Nestes casos, portanto, não se trata de indecisão, mas da flexibilidade necessária para se poder alcançar uma verdadeira reforma.
ALGUNS PASSOS FEITOS[31]
Menciono brevemente e limitando-me a alguns passos realizados na implementação dos critérios orientadores, das recomendações feitas pelos Cardeais, durante as Reuniões plenárias antes do Conclave, da COSEA, do Conselho de Cardeais, bem como dos Chefes de Dicastério e de outras pessoas e peritos.
- Em 13 de abril de 2013, foi anunciado o Conselho dos Cardeais (Consilium Cardinalium Summi Pontifici) – o chamado C8, que se tornou C9 a partir de 1 de julho de 2014 – primariamente para aconselhar o Papa no governo da Igreja universal e sobre outros temas relacionados,[32] e também com a tarefa específica de propor a revisão da Constituição apostólica Pastor Bonus.[33]
- Com o Quirógrafo de 24 de junho de 2013, foi ereta a Pontifícia Comissão Referente sobre o Instituto para as Obras de Religião, a fim de se conhecer de modo mais aprofundado a posição jurídica do IOR e permitir uma sua melhor «harmonização» com «a missão universal da Sé Apostólica. Tudo para «permitir que os princípios do Evangelho permeiem também as atividades de natureza económica e financeira» e para alcançar uma completa e reconhecida transparência no seu trabalho.
- Com o Motu Proprio de 11 de julho de 2013, proveu-se a delinear a jurisdição dos órgãos judiciários do Estado da Cidade do Vaticano em matéria penal.
- Com o Quirógrafo de 18 de julho de 2013, foi instituída a COSEA (Pontifícia Comissão referente de estudo e orientação sobre a organização da estrutura económico-administrativa),[34] com a tarefa de estudar, analisar e recolher informações, em colaboração com o Conselho dos Cardeais para o estudo dos problemas organizativos e económicos da Santa Sé.
- Com o Motu Proprio de 8 de agosto de 2013, foi instituído o Comité de Segurança Financeira da Santa Sé para prevenir e contrastar o branqueamento de capitais, o financiamento do terrorismo e a proliferação de armas de destruição de massa. Tudo isso, para levar o IOR e todo o sistema económico vaticano à regular adoção e cumprimento completo, com empenho e diligência, de todas as normas internacionais sobre a transparência financeira.[35]
- Com o Motu Proprio de 15 de novembro de 2013, foi consolidada a Autoridade de Informação Financeira (AIF),[36] instituída por Bento XVI, com Motu Proprio de 30 de dezembro de 2010, para prevenir e contrastar atividades ilegais em campo financeiro e monetário.[37]
- Com o Motu Proprio de 24 de fevereiro de 2014 (Fidelis dispensator et prudens), foram eretas a Secretaria para a Economia e o Conselho para a Economia,[38] substituindo o Conselho dos 15 Cardeais, tendo o dever de harmonizar as políticas de controle a respeito da gestão económica da Santa Sé e da Cidade do Vaticano.
- Com o mesmo Motu Proprio (Fidelis dispensator et prudens) de 24 de fevereiro de 2014, foi ereto o Departamento do Auditor Geral (DAG) como novo ente da Santa Sé encarregado de fazer a revisão (audit) dos Dicastérios da Cúria Romana, das instituições ligadas à Santa Sé – ou que fazem referência a ela – e das administrações do Governatorado do Estado da Cidade do Vaticano.[39]
- Com o Quirógrafo de 22 de março de 2014, foi instituída a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores para «promover a tutela da dignidade dos menores e dos adultos vulneráveis, através das formas e modalidades, cônsones à natureza da Igreja, que se considerem mais oportunas».
- Com o Motu Proprio de 8 de julho de 2014, foi transferida a Secção Ordinária da Administração do Património da Sé Apostólica para a Secretaria para a Economia.
- Em 22 de fevereiro de 2015, foram aprovados os Estatutos dos novos Organismos Económicos.
- Com o Motu Proprio de 27 de junho de 2015, foi ereta a Secretaria para a Comunicação com a tarefa de «dar resposta ao atual contexto comunicativo, caraterizado pela presença e o desenvolvimento dos mídias digitais, pelos fatores da convergência e da interatividade», e também reestruturar globalmente, através dum processo de reorganização e de incorporação de «todas as realidades que até hoje, de diferentes maneiras, se ocuparam da comunicação», a fim de «corresponder cada vez melhor às exigências da missão da Igreja».
- Em 6 de setembro de 2016, foi promulgado o Estatuto da Secretaria para a Comunicação, que entrou em vigor em outubro passado.[40]
- Com os dois Motu Proprio de 15 de agosto de 2015, proveu-se à reforma do processo canónico para as causas de declaração de nulidade do matrimónio: Mitis et misericors Iesus, no Código dos Cânones das Igrejas Orientais; Mitis Iudex Dominus Iesus, no Código de Direito Canónico.[41]
- Com o Motu Proprio de 4 de junho de 2016 (Come una madre amorevole), pretendeu-se obviar à negligência dos Bispos no exercício do seu cargo, particularmente em relação aos casos de abusos sexuais de menores e adultos vulneráveis.
- Com o Motu Proprio de 15 de agosto de 2016 (Sedula Mater), foi constituído o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, fazendo apelo antes de mais nada à finalidade pastoral geral do ministério petrino: «empenhamo-nos com prontidão por tudo dispor para que as riquezas de Cristo Jesus fluam apropriada e profusamente entre os fiéis».
- Com o Motu Proprio de 17 de agosto de 2016 (Humanam progressionem), foi constituído o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, a fim de que o desenvolvimento se implemente «mediante o cuidado pelos bens incomensuráveis da justiça, da paz e da salvaguarda da criação». Neste Dicastério confluirão, a partir de 1 janeiro de 2017, quatro Conselhos Pontifícios: Justiça e Paz, Cor Unum, Pastoral dos Migrantes e Agentes Sanitários. Ocupar-me-ei diretamente «ad tempus» da Secção para a pastoral dos migrantes deste novo Dicastério.[42]
- Em 18 de outubro de 2016, foi aprovado o Estatuto da Pontifícia Academia para a Vida.
O nosso encontro teve início falando do significado do Natal como subversão dos nossos critérios humanos para destacar que o coração e o centro da reforma é Cristo (cristocentrismo).
Gostaria de concluir simplesmente com uma palavra e uma oração. A palavra serve para reiterar que o Natal é a festa da amante humildade de Deus. A oração é a convocatória natalícia do Padre Matta el Meskin (monge contemporâneo) que, dirigindo-se ao Senhor Jesus nascido em Belém, assim se exprime: «Se para nós a experiência da infância é uma coisa difícil, não o é para Vós, Filho de Deus. Se tropeçamos no caminho que leva à comunhão convosco segundo esta pequena estatura, Vós sois capaz de remover todos os obstáculos que nos impedem de o fazer. Sabemos que não tereis paz enquanto não nos achardes de acordo com a vossa semelhança e com esta estatura. Permiti-nos hoje, ó Filho de Deus, que nos aproximemos do vosso coração. Concedei-nos a graça de não nos julgarmos grandes nas nossas experiências. Ao contrário, concedei que nos tornemos pequenos como Vós, para poder estar junto de Vós e receber de Vós humildade e mansidão em abundância. Não nos priveis da vossa revelação, a epifania da vossa infância nos nossos corações, para podermos curar, com ela, todo o orgulho e arrogância. Temos uma necessidade extrema (...) de que reveleis em nós a vossa simplicidade, fazendo-nos a nós, antes a Igreja e todo o mundo, semelhantes a Vós. O mundo está cansado e esgotado, porque encontra-se em competição para ver quem é o maior. Há uma concorrência desumana entre governos, entre Igrejas, entre povos, no seio das famílias, entre uma paróquia e outra: quem é o maior entre nós? O mundo é atormentado por dolorosas feridas, porque a sua grande epidemia é esta: quem é o maior? Mas hoje encontramos em Vós, Filho de Deus, o nosso único remédio. Nós e o mundo inteiro não acharemos salvação nem paz, se não voltarmos a encontrar-Vos de novo na manjedoura de Belém. Ámen».[43]
Obrigado! Desejo-vos um santo Natal e um feliz ano novo de 2017!
[1] Sermo 187, 1: PL 38, 1001: «Magnus dies angelorum, parvus in die hominum (…) magnus in forma Dei, brevis in forma servi».
[2] Hom. IV, 9: PG 34, 480.
[3] Il Signore, Milão 1977, 404.
[4] Homilia, 25 de dezembro de 1971.
[5] Cf. São Pedro Crisólogo, Sermo 118: PL 52, 617.
[6] Santa Teresa do Menino Jesus – enamorada pela pequenez de Jesus –, na sua última carta (25 de agosto de 1897, dirigida a um sacerdote que lhe fora confiado como «irmão espiritual») escreveu: «Não posso temer um Deus que, por mim, Se fez assim tão pequenino! Amo-O! De facto, Ele é apenas amor e misericórdia» (LT 266: Obras completas, Roma 1997, 606).
[7] Cf. Carta apostólica sob forma de Motu Proprio pela qual se institui o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, 16 de agosto de 2016.
[8] A Cúria Romana tem por função ajudar o Papa no seu governo quotidiano da Igreja, ou seja, nas tarefas que lhe são próprias: a) conservar todos os fiéis «no vínculo de uma só fé e da caridade» e também na «unidade de fé e comunhão»; b) «para que o episcopado fosse uno e indiviso» (Conc. Vat. I, Const. dogm. Pastor aeternus, prólogo). Isto mesmo retoma o Concílio Vaticano II, dizendo: «Este sagrado Concílio, seguindo os passos do Concílio Vaticano I, com ele ensina e declara que Jesus Cristo, pastor eterno, edificou a Santa Igreja tendo enviado os Apóstolos, como Ele fora enviado pelo Pai (cf. Jo 20, 21); e quis que os sucessores deles, os Bispos, fossem pastores na sua Igreja até ao fim dos tempos. Mas, para que o mesmo episcopado fosse uno e indiviso, colocou o bem-aventurado Pedro à frente dos outros Apóstolos e nele instituiu o princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 18).
[9] Efetivamente, a propósito da Cúria Romana, o Concílio Vaticano II explica que, «no exercício do poder supremo, pleno e imediato sobre a Igreja universal, o Romano Pontífice serve-se dos Dicastérios da Cúria Romana, que, por isso, trabalham em seu nome e com a sua autoridade, para bem das Igrejas e ao serviço dos sagrados pastores» (Decr. Christus Dominus, 9). Assim lembra-nos, antes de mais nada, que a Cúria é um organismo de ajuda ao Papa, especificando ao mesmo tempo que o serviço dos organismos da Cúria Romana é sempre realizado nomine et auctoritate do mesmo Romano Pontífice. É por isso que a atividade da Cúria é realizada in bonum Ecclesiarum et in servitium Sacrorum Pastorum, isto é, orientada quer para o bem das Igrejas particulares, quer para apoio dos seus Bispos. As Igrejas particulares são «formadas à imagem da Igreja universal, das quais e pelas quais existe a Igreja católica, una e única» (Lumen gentium, 23).
[10] Paulo VI, Discurso à Cúria Romana, 21 de setembro de 1963: «Aliás tal concordância entre o Papa e a sua Cúria é uma norma constante. E não é só nas grandes horas da história que tal concordância revela a sua existência e a sua força; mas vigora sempre, em cada dia, em cada ato do ministério pontifício, como convém ao órgão de imediata aderência e absoluta obediência, de que o Romano Pontífice se serve para exercer a sua missão universal. E é esta relação essencial da Cúria Romana com o exercício da atividade apostólica do Papa a justificação, mais ainda a glória da própria Curia, derivando desta mesma relação a sua necessidade, a sua utilidade, a sua dignidade e a sua autoridade; com efeito, a Cúria Romana é o instrumento de que o Papa precisa e do qual o Papa se serve para desempenhar o próprio mandato divino. Um instrumento digníssimo, ao qual – não deve surpreender ninguém – todos, e Nós mesmos em primeiro lugar, pedem tanto, exigem tanto! A sua função reclama competência e virtude sumas, porque sumo é precisamente o seu cargo. Função delicadíssima, que é a de ser guardiã ou eco das verdades divinas e de dirigir a palavra e dialogar com os espíritos humanos; função vastíssima, pois tem por confins o orbe inteiro; função nobilíssima, que é ouvir e interpretar a voz do Papa e, ao mesmo tempo, não lhe deixar faltar toda a informação útil e objetiva, todo o filial e ponderado conselho».
[11] Ep. ad Eulog. Alexandrin., epist. 30: PL 77, 933. Na verdade, a Cúria Romana «haure do Pastor da Igreja universal a própria existência e competência. Com efeito, ela vive e atua na medida em que estiver em relação com o ministério petrino e nele se basear» (João Paulo II, Const. ap. Pastor Bonus, Introd. n. 7; cf. art. 1).
[12] A história atesta que a Cúria Romana se encontra em estado de permanente «reforma», pelo menos nos últimos cem anos. «De facto, a reforma anunciada em 13 de abril de 2013 com o comunicado da Secretaria de Estado é já a quarta a começar da implementada por São Pio X com a constituição Sapienti Consilio, de 1908. Esta reforma tornava-se certamente urgente na perspetiva do novo ordenamento canónico, já em preparação; mas mostrava-se ainda mais necessária com o fim do poder temporal. Seguiu-se-lhe a reforma feita pelo Beato Paulo VI com a Regiminis Ecclesiae Universae (1967), depois da celebração do Concílio Vaticano II. O mesmo Papa previra um reexame do texto, à luz duma primeira experimentação. Em 1988, chega a constituição Pastor Bonus de São João Paulo II, que na estrutura geral seguia o esquema de Paulo VI, mas insere uma classificação diferente dos vários organismos e respetivas competências em sintonia com o CIC 1983. No meio destas etapas fundamentais, registam-se outras intervenções importantes. Bento XV, por exemplo, criou e inseriu entre as Congregações romanas a Congregação para os Seminários (até então uma Secção dentro da Congregação Consistorial) e as Universidades dos Estudos (1915) e outra para as Igrejas Orientais (1917: anteriormente, estava constituída como secção na S. Congregatio de Propaganda Fide). João Paulo II fez mudanças na organização da Cúria mesmo depois da Pastor Bonus e, em seguida, foram feitas intervenções significativas por Bento XVI: basta pensar na instituição do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização (2010), a transferência das competências sobre os Seminários da Congregação para a Educação Católica para a Congregação para o Clero e da competência sobre a Catequese desta última para o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização (2013). A isto vieram juntar-se as outras intervenções de simplificação realizadas ao longo dos anos restando algumas válidas até ao dia de hoje, com a unificação de vários Dicastérios sob uma única presidência» [Marcello Semeraro, «La riforma di Papa Francesco» in Il Regno (Ano LXI, n. 1240 – 15 de julho de 2016), 433-441].
[13] Neste sentido Paulo VI, quando falava à Cúria Romana em 21 de setembro de 1963, disse: «É explicável que tal ordenamento sinta o peso da sua idade venerável, que se faça sentir a disparidade dos seus órgãos e da sua atividade relativamente às necessidades e usos dos novos tempos, que ao mesmo tempo se sinta a necessidade de simplificar e descentralizar e de se ampliar e habilitar para novas funções».
[14] Em 22 de fevereiro de 1975, por ocasião do Jubileu da Cúria Romana, disse Paulo VI: «Nós somos a Cúria Romana (...). Ora a nossa consciência, que desejamos bem clara não apenas na sua definição canónica, mas também no seu conteúdo moral e espiritual, impõe a cada um de nós um ato penitencial conforme à disciplina própria do Jubileu, ato que podemos chamar de autocrítica para verificarmos, no segredo dos nossos corações, se o nosso comportamento corresponde ao múnus que nos foi confiado. A este confronto interior estimula-nos, antes de mais nada, a coerência da nossa vida eclesial, e, depois, a análise que, a Igreja e a sociedade, fazem a nosso respeito, com exigência muitas vezes não objetiva e tanto mais severa quanto mais representativa é esta nossa posição, da qual devia irradiar sempre uma exemplaridade ideal. (...) Dois sentimentos espirituais darão, por isso, sentido e valor à nossa celebração jubilar: um sentimento de sincera humildade, isto é, de verdade acerca de nós mesmos, declarando-nos os primeiros a ter necessidade da misericórdia de Deus» [Insegnamenti di Paolo VI, vol. XIII (1975), 172-176].
[15] Neste sentido, a sucessão das gerações faz parte da vida; ai de nós, se pensarmos ou vivermos esquecidos desta verdade. Por conseguinte, a alternância das pessoas é normal, necessária e desejável.
[16] Durante o seu discurso à Cúria em 20 de dezembro de 2010, Bento XVI lembrou, inspirando-se numa visão de Santa Hildegarda de Bingen, que o próprio rosto da Igreja pode, infelizmente, estar «salpicado de pó» e «o seu vestido rasgado». Por isso – recordava eu, em idêntica ocasião de 2014 – a cura «é fruto também da consciencialização da doença e da decisão pessoal e comunitária de se curar suportando com paciência e perseverança o tratamento» (Discurso à Cúria Romana, 22 de dezembro de 2014).
[17] Trata-se de entender a reforma como uma transformação, ou seja, uma mutação para diante, um melhoramento: mudar/modificar in melius.
[18] Cf. Francisco, Homilia, Domus Sanctae Marthae, 1 de dezembro de 2016.
[19] Francisco, Homilia por ocasião do Jubileu da Cúria Romana, 22 de fevereiro de 2016; cf. Idem, Discurso na inauguração dos trabalhos do Consistório, 12 de fevereiro de 2015.
[20] Paulo VI, Discurso à Cúria Romana, 21 de setembro de 1963.
[21] «A tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja; tarefa e missão, que as amplas e profundas mudanças da sociedade atual tornam ainda mais urgentes. Evangelizar constitui, de facto, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar (…). A comunidade dos cristãos, realmente, nunca é algo de fechado em si mesmo. Nela, a vida íntima – vida de oração, ouvir a Palavra e o ensino dos Apóstolos, caridade fraterna vivida e fração do pão – não adquire todo o seu sentido senão quando ela se torna testemunho, que provoca a admiração e a conversão e se desenvolve na pregação e no anúncio da Boa Nova. Assim, é a Igreja toda que recebe a missão de evangelizar e a atividade de cada um é importante para o todo» (Idem, Evangelii nuntiandi, 14-15). Como escrevi na Exortação apostólica Evangelii gaudium, «não podemos ficar tranquilos, em espera passiva, em nossos templos», sendo necessário «passar de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária» (n. 15).
[22] É preciso não perder a tensão para o anúncio àqueles que estão longe de Cristo, porque isto é o primeiro dever da Igreja (cf. João Paulo II, Carta enc. Redemptoris Missio, 34).
[23] Francisco, Evangelii gaudium, 26. «Sonho com uma opção missionária (= missão paradigmática) capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial (= missão programática) se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à Auto preservação» (ibid., 27). Neste sentido, «o que derruba as estruturas caducas, o que leva a mudar os corações dos cristãos é justamente a missionariedade», porque «a missão programática, como o nome indica, consiste na realização de atos de índole missionária. A missão paradigmática, por sua vez, implica colocar em chave missionária a atividade habitual das Igrejas particulares» (Idem, Discurso aos Bispos responsáveis do CELAM, na 28ª JMJ do Rio de Janeiro, 28 de julho de 2013).
[24] Cf. Paulo VI, Regimini Ecclesiae Universae, art. 1-§ 2; João Paulo II, Pastor Bonus, art. 2-§ 2.
[25] «Hoje é de Roma que parte o convite à “atualização” (…), isto é, ao aperfeiçoamento de todas as coisas, internas e externas, da Igreja. A Roma papal hoje é outra completamente diferente e, por graça de Deus, muito mais digna, mais sábia e mais santa; muito mais consciente da sua vocação evangélica, muito mais comprometida na sua missão cristã, muito mais desejosa e, por isso, capaz de perene renovação» (Paulo VI, Discurso à Cúria Romana, 21 de setembro de 1963).
[26] Francisco, Motu Proprio Sedula Mater, 15 de agosto de 2016.
[27] Decr. Christus Dominus, 9.
[28] Entre as funções do Secretário de Estado, enquanto primeiro colaborador do Sumo Pontífice no exercício da sua missão suprema e executor das decisões que o Papa toma com a ajuda dos órgãos consultivos, deveria aparecer como primordial a reunião periódica e frequente com os Chefes de Dicastério. Em todo o caso, é uma necessidade primária a coordenação e a cooperação dos Dicastérios entre si e com os outros Departamentos.
[29] Cf. João Paulo II, Const. ap. Pastor Bonus, 22.
[30] Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta (cf. Francisco, Discurso na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, 17 de outubro de 2015; Idem, Exort. ap. Evangelii gaudium, 171). Eis as etapas de auscultação para a Reforma da Cúria: 1) Recolha de pareceres no Verão de 2013: dos Chefes de Dicastério e outros; dos Cardeais do Conselho, de diferentes Bispos e Conferências Episcopais da área territorial de proveniência; 2) Reunião dos Chefes de Dicastério, em 10 de setembro de 2013 e 24 de novembro de 2014; 3) Consistório de 12-13 de fevereiro de 2015; 4) Carta do Conselho dos Cardeais aos Chefes de Dicastério, em 17 de setembro de 2014, para eventuais «descentralizações»; 5) Intervenções de diferentes Chefes de Dicastério nas reuniões do Conselho de Cardeais que lhes solicitara propostas e pareceres para a reforma do respetivo Dicastério (cf. Marcello Semeraro, «La riforma di Papa Francesco» in: Il Regno, pp. 433–441).
[31] Para aprofundar os passos dados, as razões e os objetivos do processo de reforma, recomenda-se como particular referência as três Cartas Apostólicas sob forma de Motu Proprio com que se interveio até hoje para a criação, a alteração e a supressão de alguns Dicastérios da Cúria Romana.
[32] Quanto ao ritmo do trabalho, este ocupa os membros do Conselho de manhã e de tarde, tendo-se realizado até hoje 93 reuniões.
[33] As sessões de trabalho do Conselho já ultrapassam as dezasseis (em média, uma de dois em dois meses), assim repartidas no tempo: I Sessão: 1-3 de outubro de 2013; II Sessão: 3-5 de dezembro de 2013; III Sessão: 17-19 fevereiro de 2014; IV Sessão: 28-30 de abril de 2014; V Sessão: 1-4 de julho de 2014; VI Sessão: 15-17 de setembro de 2014; VII Sessão: 9-11 de dezembro de 2014; VIII Sessão: 9-11 de fevereiro de 2015; IX Sessão 13-15 de março de 2015; X Sessão 8-10 de junho de 2015; XI Sessão 14-16 de setembro de 2015; XII Sessão: 10-12 de dezembro de 2015; XIII Sessão: 8-9 de fevereiro de 2016; XIV Sessão: 11-13 de abril de 2016; XV Sessão: 6-8 de junho de 2016; XVI Sessão: 12-14 de setembro de 2016; XVII Sessão: 12-14 de dezembro de 2016.
[34] Foi ereta em 18 de julho de 2013 (e suprimida em 22 de maio de 2014) para oferecer apoio técnico de consultoria especializada e elaborar soluções estratégicas de melhoramento, visando evitar gastos de recursos económicos, favorecer a transparência nos processo de aquisição de bens e serviços, aperfeiçoar a administração do património mobiliário e imobiliário, agir com prudência cada vez maior na área financeira, assegurar uma correta aplicação das normas contabilísticas e garantir assistência sanitária e previdência social a todos os que têm direito: «uma simplificação e racionalização dos Organismos existentes e uma programação mais cuidadosa das atividades económicas de todas as Administrações do Vaticano» (Quirógrafo de 18 de julho de 2013).
[35] Por exemplo, as Recomendações elaboradas pelo Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI). Hoje a atividade do IOR desenrola-se plenamente de acordo com a legislação vigente no Estado da Cidade do Vaticano em matéria de branqueamento de capitais e de combate ao financiamento do terrorismo.
[36] A AIF é o Departamento de prevenção e luta contra o branqueamento do produto de atividades criminosas e o financiamento do terrorismo (cf. Estatuto, cap I, art 1- § 1). Com a tarefa, entre outras coisas, de supervisionar o cumprimento das obrigações estabelecidas para prevenir e contrastar a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, emanar disposições de implementação e adotar instruções e provisões de caráter particular com os sujeitos subordinados às obrigações.
[37] A AIF foi instituída também para renovar o empenho da Santa Sé na adoção dos princípios e aplicação dos instrumentos jurídicos desenvolvidos pela Comunidade internacional, ajustando ainda mais o quadro institucional para efeitos de prevenção e combate da lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e proliferação de armas de destruição de massa.
[38] O Conselho tem o «dever de supervisionar a gestão económica e vigiar sobre as estruturas e as atividades administrativas e financeiras dos Dicastérios da Cúria Romana, das instituições relacionadas com a Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano» (Motu Proprio Fidelis dispensator et prudens, 1).
[39] O Departamento do Auditor Geral atua com plena autonomia e independência nos termos da legislação vigente e do seu próprio Estatuto, referindo diretamente ao Sumo Pontífice. Submete ao Conselho para a Economia um programa anual de auditoria bem como um relatório anual das suas atividades. Objetivo do programa de auditoria é individuar as mais importantes áreas gerenciais e organizacionais de potenciais riscos». O Departamento do Auditor Geral é a instituição que realiza a auditoria contabilística dos Dicastérios da Cúria Romana, das Instituições ligadas à Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano. A atividade do DAG visa fornecer pareceres profissionais e independentes a propósito da adequação dos procedimentos contabilísticos e administrativos (sistema de controlo interno) e a sua efetiva aplicação (compliance audit); bem como a credibilidade dos orçamentos dos diferentes Dicastérios e o Balanço consolidado (financial audit) e a regularidade da utilização dos recursos financeiros e materiais (value for money audit).
[40] «O contexto comunicativo atual, caraterizado pela presença e o desenvolvimento dos mídias digitais, pelos fatores da convergência e da interatividade, exige repensar o sistema informativo da Santa Sé e obriga a uma reorganização que, valorizando tudo o que se foi desenvolvendo ao longo da história no âmbito da estrutura da comunicação da Sé Apostólica, avance decididamente para uma integração e gestão unitária».
[41] Com o Motu Proprio de 31 de maio de 2016 (De concordia inter Codices), foram alteradas algumas normas do Código de Direito Canónico.
[42] «O Organismo será competente para as questões que dizem respeito a migrações, necessitados, doentes e excluídos, marginalizados, vítimas de conflitos armados e catástrofes naturais, reclusos, desempregados e pessoas cuja dignidade corre perigo».
[43] L’umanità di Dio, Qiqajon, Magnano 2015, 183-84.
Fonte: http://pt.radiovaticana.va
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