No vídeo, homilia do Frei Petrônio de Miranda, Carmelita, na Igreja de Nossa Senhora Aparecida-Comunidade Capim- Lagoa da Canoa-AL, Diocese de Penedo, na noite Santa de Belém, 24 de dezembro. Comunidade Capim, Lagoa da Canoa-AL. 24 de dezembro-2016. DIVULGAÇÃO: www.mensagensdofreipetroniodemiranda.blogspot.com

BOM DIA, BOA TARDE, BOA NOITE! Apesar das noites escuras de 2016 ainda é possível olhar para a Estrela de Belém. Feliz Natal! Abraço carinhoso.  

Segundo a tradição católica, desastres acontecem quando o sangue de São Januário não se liquefaz em relíquia.

RIO — Muitos consideram que 2016 foi um ano ruim, mas 2017 se anuncia como um ano pior. Ao menos para os católicos que acreditam no milagre de São Januário. Desde 1389, o sangue seco do santo armazenado numa relíquia se liquefaz em três datas anuais, sendo uma delas o dia 16 de dezembro. Porém, na cerimônia da última sexta-feira, o milagre não aconteceu.

De acordo com a tradição, o fato de a liquefação não acontecer prenuncia um grande desastre. Foram poucas as vezes que isso aconteceu ao longo dos últimos 627 anos. Numa delas, em 1527, dezenas de milhares de pessoas morreram pela praga; em anos mais recentes, em 1939, começou a Segunda Guerra Mundial.

— Nós não devemos pensar em desastres e calamidades — afirmou o monsenhor Vincenzo De Gregorio, abade da Capela Real do Tesouro de São Januário em Nápoles, na Itália, ao jornal italiano “La Stampa”. — Nós somos homens de fé e devemos continuar rezando.

Anualmente, o milagre da liquefação acontece no sábado anterior ao primeiro domingo de maio, em homenagem à Virgem Maria; no dia 19 de setembro, dia de São Januário; e no dia 16 de setembro, em referência à erupção do Monte Vesúvio de 1631, que teria sido contido após uma estátua do santo ser exposta para o vulcão.

Segundo a tradição católica, São Januário foi bispo da arquidiocese de Benevento que se opôs à perseguição romana e acabou condenado à morte em 305 por decapitação. Seu corpo e sua cabeça foram recolhidos por um senhor de idade, e levados para um local seguro, onde uma mulher encheu um frasco com seu sangue, que seria o que está guardado até hoje na relíquia.

Fonte: http://oglobo.globo.com

Dom Fernando Arêas Rifan

Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney 

“Transcorridos muitos séculos desde que Deus criou o mundo e fez o homem  à sua imagem; - séculos depois de haver cessado o dilúvio, quando o Altíssimo fez resplandecer o arco-íris, sinal de aliança e de paz; - vinte e um séculos depois do nascimento de Abraão, nosso pai; - treze séculos depois da saída de Israel do Egito, sob a guia de Moisés; - cerca de mil anos depois da unção de Davi, como rei de Israel; - na septuagésima quinta semana da profecia de Daniel; - na nonagésima quarta Olimpíada de Atenas; - no ano 752 da fundação de Roma; - no ano 538 do edito de Ciro, autorizando a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém; - no quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto, enquanto reinava a paz sobre a terra, na sexta idade do mundo: JESUS CRISTO DEUS ETERNO E FILHO DO ETERNO PAI, querendo santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por obra do Espírito Santo e se fez homem; transcorridos nove meses, nasceu da Virgem Maria, em Belém de Judá. Eis o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a natureza humana. Venham, adoremos o Salvador! Ele é Emanuel, Deus Conosco”. Este é o solene anúncio oficial do Natal, feito pela Igreja na primeira Missa da noite de Natal!

O Natal é a primeira festa litúrgica, o recomeçar do ano religioso, como a nos ensinar que tudo recomeçou ali. O nascimento de Jesus foi o princípio da revelação do grande mistério da Redenção que começava a se realizar e já tinha começado na concepção virginal de Jesus, o novo Adão. Deus queria que o seu projeto para a humanidade fosse reformulado num novo Adão, já que o primeiro Adão havia falhado por não querer se submeter ao seu Senhor, desejando ser o senhor de si mesmo e juiz do bem e do mal. Assim, Deus enviou ao mundo o seu próprio Filho, o Verbo eterno, por quem e com quem havia criado todas as coisas. Esse Verbo se fez carne, incarnou-se no puríssimo seio da Virgem, por obra do Espírito Santo, e começou a ser um de nós, nosso irmão, Jesus. Veio ensinar ao homem como ser servo de Deus. Por isso, sendo Deus, fez-se em tudo semelhante a nós, para que tivéssemos um modelo bem próximo de nós e ao nosso alcance. Jesus é Deus entre nós, o “Emanuel – Deus conosco”, a face da misericórdia do Pai. 

São Francisco de Assis inventou o presépio, a representação iconográfica do nascimento de Jesus, para que refletíssemos nas grandes lições desse maior acontecimento da história da humanidade, seu marco divisor, fonte de inspiração para pintores e místicos.

Que tal se fizéssemos um Natal contínuo, pensando mais no divino Salvador, na sua doutrina, no seu amor, nas virtudes que nos ensinou, unindo-nos mais a ele pela oração e encontro pessoal com ele, imitando o seu exemplo, praticando as obras de misericórdia, convivendo melhor com nossa família...

Desse modo a mensagem do Natal vai continuar durante todo o Ano Novo, que assim será abençoado e feliz. FELIZ NATAL E ABENÇOADO ANO NOVO!. Fonte: http://www.cnbb.org.br

O mal do clericalismo, presente nos tempos de Jesus e ainda hoje na Igreja, é uma “prepotência e tirania” para com o povo fiel de Deus por parte dos sumos sacerdotes que, esquecendo-se de Abraão e de Moisés, instrumentalizaram a lei criando uma lei “intelectualista, sofisticada e casuística”. Disse-o o Papa Francisco na homilia que fez no dia 13 de dezembro, durante a missa matutina na Capela da Residência Santa Marta. Francisco destacou também que “o pobre Judas traidor e arrependido não foi acolhido pelos pastores”. A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada por Vatican Insider, 13-12-2016. A tradução é de André Langer. O povo humilde e pobre que tem fé no Senhor é a vítima dos “intelectuais da religião”, “os seduzidos pelo clericalismo”, que no Reino dos céus serão precedidos pelos pecadores arrependidos, disse o Pontífice argentino, segundo indicou a Rádio Vaticano.

Refletindo sobre o Evangelho do dia, no qual Jesus recordou qual era o papel destes últimos: “Eles tinham a autoridade jurídica, moral e religiosa”, “decidiam tudo”. Anás e Caifás, por exemplo, “julgaram Jesus”, eram os sacerdotes e os chefes que “decidiram matar Lázaro”, e Judas foi vê-los para “negociar” e assim “vendeu Jesus”. Um estado de “prepotência e tiraria para com o povo” ao qual chegaram, disse o Papa, instrumentalizando a lei: “Mas uma lei que eles refizeram inúmeras vezes: tantas vezes até chegar a 500 mandamentos. Tudo estava regulado, tudo! Uma lei cientificamente construída, porque essa gente era sábia, conhecia bem. Faziam todos estes matizes, não? Mas era uma lei sem memória: tinham se esquecido do primeiro mandamento, que Deus deu ao nosso pai Abraão: ‘Caminha na minha presença e seja irrepreensível’. Eles não caminhavam: sempre permaneceram nas próprias convicções. E não eram irrepreensíveis!” Eles, continuou o Papa, “tinham se esquecido dos Dez Mandamentos de Moisés”: “Com a lei feita por eles”, “intelectualista, sofisticada e casuística”, “anularam a lei feita pelo Senhor”; falta-lhes a memória “que conecta o hoje com a Revelação”.

Sua vítima, assim como foi Jesus, é o “povo humilde e pobre que confia no Senhor”, “aqueles que são descartados”, destacou o Papa, que conhece o arrependimento, embora não cumpra a lei, mas sofre estas injustiças. Sentem-se “condenados e abusados”, destacou Francisco, por quem é “vaidoso, orgulhoso, soberbo”.

E um “descarte dessas pessoas”, observou o Papa, também foi Judas: “Judas foi um traidor, pecou muito gravemente, eh? Pecou forte. Mas depois o Evangelho diz: “Arrependido, foi até eles para devolver as moedas”. E eles, o que fizeram? Mas você era o nosso sócio. Fica tranquilo… Nós temos o poder de perdoar tudo!’ Não! ‘Se vira. É um problema seu’. E o deixaram sozinho: descartado! O pobre Judas traidor e arrependido não foi acolhido pelos pastores. Porque eles haviam esquecido o que é ser um pastor. Eram os intelectuais da religião, aqueles que tinham o poder, que levavam adiante as catequeses do povo com uma moral feita pela sua inteligência e não a partir da revelação de Deus”.

“Um povo humilde, descartado e machucado por essas pessoas”. Também hoje, observou Francisco, na Igreja essas coisas acontecem. “Existe este espírito de clericalismo”, disse o Papa: “Os clérigos se sentem superiores, afastam-se das pessoas”, “não têm tempo para escutar os pobres, os sofredores, os encarcerados, os doentes”. “O mal do clericalismo é uma coisa muito triste! É uma nova edição desta gente. E a vítima é a mesma: o povo pobre e humilde, que tem esperança no Senhor. O Pai sempre procurou se aproximar de nós: enviou o seu Filho. Estamos esperando, uma espera alegre e exultante. Mas o Filho não entrou no jogo desta gente: o Filho foi com os doentes, os pobres, os descartados, os publicanos, os pecadores (e é escandaloso isso…), as prostitutas. Também hoje Jesus diz a todos nós e também a quem está seduzido pelo clericalismo: ‘Os pecadores e as prostitutas precederão vocês no Reino dos Céus’”.

Na missa dessa manhã na capela da Residência Santa Marta participaram os nove cardeais que auxiliam o Papa na reforma da cúria e no governo da Igreja universal, o chamado C9. Eles estão reunidos na 17ª reunião, que começou na segunda-feira e termina hoje, quarta-feira, com o Pontífice. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

A decisão do Papa Francisco de retomar a opção preferencial pelos pobres e dar uma guinada na conduta da Igreja Católica transformou os cardeais ultraconservadores da instituição em combatentes aguerridos do argentino. Herdeiro dos papados de João Paulo II (1978-2005) e Bento XVI (2005-2013), o jesuíta Francisco enfrenta a fúria da Cúria conservadora, contrária às suas reformas. A reportagem é de Mauro Lopes e Sérgio Kraselis, publicada por Calle2, 17-12-2016.

Nos corredores do Vaticano, altos funcionários chamam Francisco à boca pequena de “esse argentinozinho”. Se, num primeiro momento, o novo Papa enfrentou uma oposição silenciosa, hoje ela está escancarada. A batalha explodiu em setembro de 2016 com a carta divulgada por quatro cardeais, definida como verdadeira “guerra civil” pelo jornalista italiano Marco Politi, do jornal Il Fatto e um dos mais respeitados vaticanistas.

Francisco quer reformas e as reformas tendem a mexer nas estruturas. É óbvio que quem é favorecido pela estrutura não quer mudança', analisa Cesar Kuzma, um dos mais expressivos teólogos católicos brasileiros da nova geração.

Para guerrear contra Francisco, os conservadores escolheram as questões de fundo moral, aproveitando-se da onda reacionária que varre o planeta. A escalada começou em 2014, tomou impulso no segundo semestre de 2015 e agora está em seu momento-auge.

Dois momentos deste combate foram um livro lançado por cinco cardeais afirmando que o segundo casamento equivaleria a adultério, para a doutrina cristã, e um abaixo-assinado endereçado ao Papa com quase 800 mil assinaturas de católicos, entre eles 100 bispos, em defesa da família.

Para termos uma ideia do que Francisco enfrenta é preciso retroceder na história. Ao ser apresentado ao mundo, o novo Papa surgiu no balcão do Vaticano vestido de branco, sem ouro algum. Num gesto inédito, curvou-se diante da multidão que ocupava a Praça São Pedro e pediu que as pessoas rezassem por ele. Com isso, rompeu uma tradição secular que se construiu em torno da figura do Papa desde a Idade Média, abalada com João XXIII no Concílio Vaticano II, há 50 anos, e que foi reconstruída por seus dois antecessores. Um Papa humilde, sem ornamentos e vestes pomposas.

Com a chegada de Francisco, voltaram à tona ideais concebidos no Concílio Vaticano II, cujo ápice foi a Teologia da Libertação na América Latina, combatida ferozmente pelos conservadores da Cúria. O confronto atual chega a ponto de cardeais e teólogos conservadores armarem oposição cerrada a todas as ideias de atualização dos conceitos da Igreja em relação à família propostas por Francisco, chamando-as de “heréticas”. Numa entrevista, o cardeal norte-americano Raymond L. Burke, que tem buscado se apresentar como líder da oposição, afirmou que seu grupo poderá decretar “um ato formal de correção de um erro grave” contra o Papa, se ele não ceder às exigências. Francisco respondeu dizendo que as críticas “não são honestas” e foram feitas “com espírito mau para fomentar a divisão”.

A pressão dos conservadores não tem paralisado Francisco. No encerramento do Jubileu da Misericórdia (um Ano Santo proclamado por ele entre outubro de 2015 e novembro último), o Papa operou uma significativa mudança na posição da Igreja quanto ao aborto, extinguindo a pena de excomunhão às mulheres que o realizam e permitindo que os padres concedam o perdão a este pecado.

O foco dos conservadores nas questões de fundo “moral” permanece, apesar da enorme fragilidade do discurso da Cúria e de dezenas de bispos e cardeais que nos últimos anos acobertaram os milhares de casos de abusos sexuais cometidos por religiosos contra crianças e jovens ao redor do planeta.

Um dos líderes do bloco conservador, o cardeal George Pell, prefeito da Secretaria de Economia do Vaticano, é alvo de um processo no qual é pesadamente acusado de encobrir casos de pedofilia na Austrália durante os anos 1970 e 1980 e, mais recentemente, de ele próprio estar envolvido em casos de abusos.

Há outros dois temas em disputa neste momento: a liturgia, especialmente o rito da missa, e a relação da Igreja com o planeta, a sociedade, os seres humanos e muito particularmente com os pobres.

Os conservadores defendem a restauração do rito tridentino da missa – onde havia um único celebrante que rezava de costas para as pessoas, em latim, pois a missa era “do padre”. Pode parecer incrível, mas os conservadores querem mesmo que este “modelo” de ritual seja restaurado. O Papa tem reduzido o espaço do arquiconservador cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino.

A questão da relação da Igreja com o mundo, a humanidade e especialmente os pobres é o terceiro polo da disputa. Os pobres são o centro da Igreja, tem anunciado Franciscodesde os primeiros dias de seu Papado. Ele promoveu três edições do Encontro Mundial dos Movimentos Populares (no Vaticano, em 2014 e em 2016, e na Bolívia, em 2015) e tem criticado de maneira cada vez intensa o capitalismo. No encerramento da terceira edição de encontro, em 5 de novembro, ele disse que o mundo está dividido entre “um projeto-ponte dos povos contra o projeto-muro do dinheiro” e defendeu “a destinação universal dos bens”, além de denunciar a “internacional do dinheiro”.

Em 27 de novembro, Francisco avançou no tema dos pobres para dentro da Igreja ao questionar 800 gestores financeiros participantes do Simpósio sobre Economia da Congregação, em Roma: “A hipocrisia dos consagrados que vivem como ricos fere a consciência dos fiéis e prejudica a Igreja”. Francisco alertou que a gestão destas organizações (e de toda a Igreja) deve “escutar o sussurro de Deus e o grito dos pobres, dos pobres de sempre e dos novos pobres”. Os conservadores têm urticária quando escutam ou leem essas palavras do Papa e acusam-no (por enquanto nos bastidores) de “ressuscitar a Teologia da Libertação”.

O equilíbrio de forças no interior da Igreja, fortemente impactado pela onda conservadora dos últimos 35 anos, parece manter Francisco em relativo isolamento na cúpula católica. Num discurso sem precedentes diante da Cúria romana em um tradicional encontro de Natal, em 22 de dezembro de 2014, ele investiu frontalmente contra o espírito da hierarquia diante de cardeais e bispos entre constrangidos e indignados. Nele, apontou o que chamou de “as 15 enfermidades” da Cúria, entre elas a de “perder a capacidade de chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram. É a enfermidade dos que perdem os ‘sentimentos de Jesus’, porque o seu coração, com o passar do tempo, endurece-se e torna-se incapaz de amar incondicionalmente o Pai e o próximo”.

De lá para cá, alguma água passou por debaixo da ponte e, segundo seus aliados e alguns vaticanistas, Francisco está, aos poucos, modificando o perfil da Igreja. É o que diz dom Cláudio Hummes, o cardeal brasileiro que se tornou conhecido mundialmente pelo fato de, estando ao lado do Papa no exato momento de sua eleição, cumprimentá-lo sussurrando em seu ouvido uma frase que inspirou Bergoglio a escolher o nome de Francisco: “Não se esqueça dos pobres”.

Hummes assegura que a imensa maioria dos cardeais está ao lado do Papa: “Sem querer relativizar este fato, são quatro cardeais. E na Igreja somos mais de 200. Sem querer relativizar demasiadamente, são quatro de um grupo enorme que está dando todo o seu apoio ao Papa”.

Francisco tem atacado com contundência o clericalismo (a doutrina que estrutura e organiza em boa medida o pensamento conservador na Igreja) e seguidamente compara os clérigos católicos (padres, bispos e cardeais) e leigos poderosos nas estruturas eclesiais aos chefes religiosos que perseguiram Jesus até sua morte.

O combate ao clericalismo está na origem do atual papado: foi o centro do discurso do então cardeal Bergoglio no colégio de cardeais reunidos para a sucessão de Bento XVI, em 7 de março de 2013, seis dias antes de ser escolhido, e é considerado decisivo para sua eleição. A contundência de Francisco é resultante de um mandato que recebeu de seus eleitores, o que tornam arriscadas quaisquer previsões sobre o equilíbrio de poder na Igreja.

Os movimentos no tabuleiro da Igreja estão sendo pensados de olho no próximo Papa, pois Francisco, aos 80 anos, não terá tempo para concluir suas reformas. Ele sabe disso e está redesenhando o colégio eleitoral do próximo Papa com frieza e tirocínio típicos dos jesuítas. Para o teólogo brasileiro César Kuzma, Francisco “não joga no escuro e nem mesmo faz apostas para ver onde vai dar, ao contrário, ele sabe o que quer e sabe o que deve buscar. Ele também sabe que não terá um Pontificado longo e que não terá como resolver e mudar tudo.”

Por isso, ao nomear 13 cardeais com direito a voto (menos de 80 anos de idade) em 19 de novembro, ele é responsável por 1/3 do total de indicações do colégio de cardeais com direito a voto neste momento (44 de um total de 121). Em três rodadas de nomeações desde 2013, o Papa já conseguiu um feito memorável na história da Igreja: acabou com a maioria europeia. São agora 54 cardeais do Velho Continente contra 67 do resto do mundo. Espera-se mais uma ou duas rodadas de nomeações à frente. Com isso, o cálculo e a esperança dos conservadores para o próximo Papa pode estar em risco, o que explica a radicalização da luta no interior da Igreja nas últimas semanas, com este caráter de “guerra civil”.

A batalha no Brasil

A nomeação em massa de bispos conservadores por João Paulo II e Bento XVImodificou profundamente o perfil da Igreja no país. Se, mesmo nos anos 1970-80, quando a Igreja era protagonista das causas populares no país, a hierarquia apresentava-se dividida, na virada do século os conservadores passaram à ofensiva.

Hoje, dois dos expoentes do conservadorismo são os arcebispos de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, exatamente o candidato que procurou contrapor-se a Bergoglio, e o do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta.

Ambos lideraram a visita de uma comitiva de bispos a Michel Temer em 10 de novembro a pretexto de uma audiência sobre a Rede Vida (emissora de TV católica) mas que se tornou um ato de apoio à PEC do teto dos gastos e de bênção ao governo, exatamente no dia da primeira votação da proposta que congelou os gastos sociais no país.

O Rio tornou-se uma espécie de quartel-general do segmento mais radicalizado da direita eclesial, que se expressou com virulência durante o segundo turno da eleição municipal na capital do Estado. Padres e membros da Cúria chegaram a ameaçar de “excomunhão” os católicos que faziam campanha por Marcelo Freixo, do PSOL.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que se manteve calada desde 2013, evitando confrontos com os conservadores, começou a se mover na direção de Francisco nos últimos meses: divulgou notas duras contra a PEC que corta os gastos sociais e a reforma do ensino médio. Seu presidente, dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília, foi nomeado cardeal pelo Papa em 19 de novembro.

Segundo o bispo belga dom André De Witte, vice-presidente da Comissão Pastoral da Terra, a hierarquia no Brasil está “silenciosa, mas não afastada” em relação ao Papa, que apoia as pastorais sociais e movimentos de base. O bispo belga, no Brasil há 40 anos, afirma que há de fato um novo modelo na administração da Igreja, uma mudança de paradigma que apenas a Teologia da Libertação tinha ousado antes de Francisco, porque implica que os líderes eclesiásticos (dos padres aos bispos, cardeais e até o Papa) abram mão de seus poderes e assumam uma relação direta com os católicos e católicas. Os cristãos católicos no Brasil e no mundo finalmente são convidados pela Igreja, no Papado de Francisco, a ingressarem na idade adulta.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Dom Adelar Baruffi

Bispo de Cruz Alta, RS

O anúncio do nascimento de Jesus, que os pastores recebem, revela a grandeza e, ao mesmo tempo, a simplicidade do maior acontecimento da história, que devem encontrar a partir de um “sinal” (cf. Lc 2,11): “Encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura.” (Lc 2,12). Todo o esplendor do Natal se resume no fato que Deus se fez pequeno e próximo. Naquele tempo, como hoje, passa quase despercebido aos olhos humanos e segundo a lógica das notícias relevantes. “E não havia lugar para eles na sala” (Lc2,7). Perdidos entre tantas ocupações e preocupações “veio para o que era seu e os seus não o receberam” (Jo 1,11). Haverá lugar para uma manjedoura, com uma pequena imagem do Menino Jesus, nos ambientes e vidas saturadas pelo Papai Noel? 

Fez-se pequeno. “A Palavra eterna fez-se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós” (Bento XVI). Este menino tão normal e frágil é o Emanuel, o Deus-conosco. O anúncio aos pastores diz: “nasceu-vos hoje o Salvador, que é o Messias, o Senhor.” (Lc 2,11). Ninguém o teria imaginado assim. Fugiu a todas as expectativas da chegada do Messias. Foi prometido por Deus, anunciado pelos profetas e esperado com ânsia por todos, sobretudo por Maria, sua Mãe. Tão pequeno, tão frágil, totalmente sujeito aos cuidados de Maria e José. Como haverá de apresentar-se ao mundo como Messias? Desde seu nascimento aprendemos que a onipotência  de Deus se manifesta na sua misericórdia. Deus assume um rosto humano. Ele pode ser visto, ser tocado. Comunica-se conosco com palavras humanas. Sem deixar de ser Deus, faz-se um de nós e vive como nós. Prova a alegria e o sofrimento. Isto tudo porque Deus é unicamente movido pelo amor, qual Bom Pastor que se inclina sobre a humanidade ferida.  Então, não cremos num Deus distante e indiferente, nem somente em belas teorias, mas no “Verbo que se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Sua vida e seu jeito de ser é o evangelho para a humanidade, que fixa o olhar nele para buscar sentido para viver.  São Paulo dirá que “Ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens.” (Fl 2, 6). O Natal nos ajude a nos esvaziarmos de nossas pretensões de grandeza e poder. Esvazie o orgulho que incha, fere e afasta. Esvazie nossa ânsia de “consumistas desenfreados” (Papa Francisco). Ao contemplar o nascimento de Jesus, dizia Santa Terezinha: “Não posso temer um Deus que se fez tão pequeno por mim. [...] Eu o amo!”

Trouxe alegria. O anúncio do Natal é uma “notícia de grande alegria” (Lc 2,10). E o motivo é único: “A luz verdadeira, aquela que ilumina todo o homem, estava chegando ao mundo” (Jo 1,9). A noite fica iluminada. “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam na região tenebrosa resplandeceu uma luz” (Is 9,1). Jesus Cristo será sempre a razão da alegria para todo o ser humano. Ele é o grande presente do Natal. Não é uma alegria que se confunde com bem-estar ou com a fruição de um banquete festivo. “Hoje, amados filhos de Deus, nasceu nosso Salvador. Alegremo-nos! Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade” (São Leão Magno).

Contemplemos, neste Natal, o mistério do Deus Menino, que se faz pequeno e nos traz alegria. Festejemos e alegremo-nos, pois “o sol nascente nos veio visitar” (Lc 1, 78). Feliz e abençoado Natal a todos diocesanos e vossas famílias.

Fonte: http://www.cnbb.org.br

 

"Exigências até mesmo excessivas se não encontrassem luminosa confirmação na vida concreta dos padres que marcaram e continuam marcando a vida cristã de muitos". O comentário é do padre italiano Lorenzo Prezzi, publicado por Settimana News, 14-12-2016. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

O dom da vocação presbiteral: é esse o título da Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis que a Congregação para o clero publicou em 8 de dezembro de 2016. É um texto de 92 páginas cujo conteúdo (o dom do sacerdócio) torna-se mais evidente quando vemos, por exemplo, a beatificação acontecida em 11 de dezembro em Vientiane (Laos) de um jovem missionário (Mario Borzaga) ou o reconhecimento das virtudes heroicas (2 de dezembro) do Padre Mario Ciceri, generoso sacerdote milanês (1900-1945). Fica mais fácil entender o teor do “dom” também quando lemos o comovente e dramático testemunho de um padre idoso na Irlanda atual (Padre Brendan Hoban).

Luzes e sombras do documento

A vivência fala mais do que os documentos, mas os textos não devem ser subestimados, pois direcionam ao longo do tempo a formação. A ratio anterior é de 1970, parcialmente modificada em 1985. É possível prever que a atual deva permanecer como referência por algumas décadas. A impressão geral é de um documento em parte atual, e em parte orientado ao passado. Está atualizado com algumas anotações importantes relativas à propedêutica, o primeiro momento de formação das vocações seminarísticas, como também à atenção aos meios de comunicação e ao seu contexto de desempenho, ou ao delicado tema da avaliação psicológica e à prevenção de abusos, ou ao recorrente e louvável chamamento à maturidade humana como atenção contínua no processo de formação, ou ainda à formação espiritual e intelectual.

Contudo, ainda é o seminário pós-tridentino que serve de referência; o deslocamento dos números a novas Igrejas não causa novidades relevantes; a relação entre seminaristas e o presbitério local é mais anunciado que desenvolvido; os protagonistas permanecem sendo os formadores, não os indivíduos nem a comunidade; cala-se a respeito do clero uxorado da tradição oriental (mesmo que o texto não seja direcionado a eles) e nada se fala sobre a longa questão dos “viri probati”. Mesmo num contexto mundial de crescimento do clero (406 mil em 2005, 415 mil em 2014) e dos seminaristas (114 mil em 2005 e 116 mil em 2014) existem áreas em grande recuo (Europa e América do Norte) e outras (Ásia e América Latina) praticamente estagnadas. Mesmo considerando o contexto de um crescimento global da população católica.

“A ideia básica é que os seminários podem formar discípulos missionários ‘apaixonados’ pelo Mestre, pastores ‘com o cheiro das ovelhas’ que vivam no meio delas para servi-las e levar-lhes a misericórdia de Deus. Para isso é necessário que cada sacerdote sinta-se sempre um discípulo seguindo um caminho, sempre necessitado de uma formação integral, entendida como contínua configuração com Cristo” (introdução).

As etapas da formação

A formação inicial comporta quatro etapas: propedêutica, discipular (estudos filosóficos), configuradora (estudos teológicos) e síntese vocacional (pastoral). Um percurso que se desenvolve ao longo de 7-8 anos, para cuja definição participam em menor escala as Conferências episcopais e os seminários individuais. Mesmo confirmando os seminários menores ou formas similares (comunidades de acolhimento, grupos vocacionais, etc.), presta-se atenção também às vocações adultas (direcionando uma atenção especial aos “convertidos”), aos indígenas e aos migrantes.

Entre os fundamentos da formação, a referência à identidade presbiteral em conexão com o batismo, como configuração com Cristo. “O progressivo crescimento interior no caminho de formação deve orientar principalmente a transformar o futuro presbítero num homem de discernimento’” (n.43), seja sobre si mesmo como sobre os outros. Acompanhados nisso tanto pelos formadores como pela comunidade.

A etapa propedêutica visa a uma maior consciência de si mesmo e da Igreja (Catequese da Igreja católica), mesmo em ralação ao ponto de partida (paróquia, associação, movimento ou outro); aquela discipular (estudos filosóficos) induz a um trabalho sistemático sobre a personalidade, sobre o caráter na relação profunda com Jesus.

Aqui é previsto um acompanhamento específico psicológico e espiritual. O momento dos estudos teológicos (etapa configuradora) persegue a formação espiritual própria do presbítero, a progressiva configuração com o Cristo e uma supervisionada integração entre maturidade humana e espiritual, entre oração e teologia. Após a ordenação diaconal abre-se a quarta e última fase, aquela pastoral, com percursos que podem se desenvolver mesmo fora do seminário.

Para a formação permanente insiste-se sobre a fraternidade presbiteral, sobre o acompanhamento dos jovens padres (que não devem ser expostos a situações perigosas e delicadas), sobre a verificação de sua própria atuação (fraquezas, confrontos culturais, rotinas, celibato, etc.). O encontro com amigos, a direção espiritual, os exercícios, o refeitório, as associações sacerdotais podem resultar importantes. A vida em comum no clero diocesano é estruturada ao redor da oração, da Palavra, da troca e do confronto.

“A vida comum objetiva também sustentar o equilíbrio afetivo e espiritual daqueles que nela participam e promover a comunhão com o bispo. Será necessário cuidar que tais formas permaneçam abertas para todo o presbitério e para as necessidades pastorais da diocese” (n. 88e).

Formação integral

Muito se insiste no conceito de formação integral, denunciando o perigo de “uma mera adesão, exterior e formal, às exigências educacionais” (n. 92). Volta a insistência “numa reta e harmônica espiritualidade (em uma) bem estruturada humanidade” (n. 93), incluindo aqui a relação com a família e as mulheres. A dimensão espiritual é posta sob o signo do Espírito e da Palavra. O sacramento (eucaristia e penitência) introduz à consideração dos “votos”. “Seria gravemente imprudente admitir ao sacramento da ordem um seminarista que não tenha amadurecido uma serena e livre afetividade, fiel à castidade celibatária” (n.110). Sem uma sólida competência filosófica e teológica e uma preparação cultural geral, não se enfrentam os desafios do ministério. O estilo pastoral é aquele caracterizado por um “sereno acolhimento e acompanhamento vigilante de todas as situações, mesmo as mais complexas, mostrando a beleza e as exigências da verdade evangélica, sem desviar para obsessões legalistas e intransigentes” (n.120).

Ao papel central do bispo e dos formadores alia-se um aceno ao presbitério, à família, aos consagrados, aos especialistas e aos próprios seminaristas. Dos muitos números dedicados à organização dos estudos, limito-se a sinalizar a relevância concedida à teologia pastoral, à doutrina social e ao ecumenismo.

A última parte do documento é dedicada aos critérios e às normas para a admissão e abandono do seminário. Com uma primeira ênfase sobre a verificação cuidadosa dos seminaristas provenientes de outros seminários e institutos e a confirmação da recusa de aceitar homossexuais com tendências profundamente radicadas ou adesão à “cultura gay” (nn. 198-199). “Máxima atenção deverá ser prestada ao tema da tutela dos menores e dos adultos vulneráveis” (n. 202).

A manutenção do modelo do seminário tridentino reflete sua extraordinária força espiritual e inteligência, mas também a dificuldade para superá-lo e adaptá-lo a tempos e culturas tão diversas. É difícil ver a continuidade entre a reiterada e sincera ênfase dada à comunidade do seminário com a substancial individualidade do exercício do ministério, assim como permanece ainda a ser escrita a novidade do “corpo presbiteral” ao redor do bispo (Vaticano II) sem deslocar o centro da formação inicial àquela permanente. Se o fruto do Concílio de Trento em relação ao ministério foi o seminário, hoje é o presbitério ao redor ao bispo local que passa a sinalizar a nova consciência eclesial. O temor de estruturas menores (n. 188) e de investimentos mais essenciais no pessoal educativo perpassam todo o documento. Assim como, de um ponto de vista do caminho de estudos, não se percebe em ato a reconhecida prioridade da Escritura. O sistema geral privilegia a dogmática e a filosofia sobre o restante.

Nenhum relevo especial é reconhecido aos movimentos eclesiásticos, inclusive os neocatecumenais que contam com 103 seminários (com 2000 padres e 220 seminaristas). Sugere-se aos seminaristas provenientes de suas fileiras “desenvolver ligações mais profundas com a realidade diocesana” (n.60) e aprecia-se o papel da alimentação espiritual desempenhado pelos padres na pastoral (n. 88f). Considerada arquivada a tensão diocesanos-movimentos, até mesmo a ambígua referência à liturgia não preocupa os redatores, que contudo ressaltam: “Os seminaristas precisam aprender o núcleo substancial e imutável da liturgia e também tudo que pertence a sedimentações específicas históricas e é portanto suscetível a atualizações, observando sempre diligentemente a legislação litúrgica e canônica em matéria” (n.167).

E onde há carência de padres?

Com regularidade a atenção é redirecionada à família, seja de origem, seja como instituto da vida cristã. Com uma ênfase à mulher. A familiaridade “com a realidade feminina, tão presente nas paróquias e em muitos contextos eclesiais, resulta conveniente e essencial à formação humana e espiritual do seminarista e deve ser sempre entendida em sentido positivo” (n. 95). Mesmo a vida consagrada tem o seu papel, mas é citada mais especificamente no tema dos carismas, e bem menos naquele dos “votos” e da vida comunitária.

celibato é amplamente evocado: “Como sinal desse comprometimento total com Deus e com o próximo, a Igreja latina considera a continência perfeita do celibato para o reino dos céus especialmente conveniente para o sacerdócio” (n. 110). Não sendo aplicável às Igrejas orientais católicas, a ratio pode ignorar o tema do clero uxorado, mesmo que os padres do rito oriental casados já tenham se difundido na diáspora. Da mesma forma pode silenciar-se sobre a tão debatida questão dos “viri probati”, ou seja, da ordenação para homens adultos e casados. A prática e a urgência pastoral de algumas Igrejas do Ocidente e não apenas, sugeririam ao menos a percepção do problema. Em um texto de A. Borras (Quand les prêtes viennent à manquer, Mediaspaul, Paris, 2016) percebe-se o estado de “precariedade absoluta” de clero em algumas Igrejas, não solucionável nem com a “imigração” de clero estrangeiro, nem com a utilização “imprópria” de diáconos permanentes. Nesse caso, “sem recolocar em causa a disciplina comum à Igreja latina, poder-se-ia, contudo, prever algumas dispensas a essa regra não em nome do bem dos indivíduos interessados, mas naquele das comunidades em aguardo de padres”. Em todo caso, isso teria certamente reflexo no tema dos seminários.

É ressaltada com bastante ênfase a pregação do papa Francisco, principalmente em alguns temas como o relativo às tentações e às virtudes do presbítero. Entre as primeiras pode-se mencionar o clericalismo, o exercício indevido de poder, a orientação de funcionários do sacro, a rotina e a mundanidade espiritual. Para as segundas, no n. 115, são citadas: a fidelidade, a coerência, a sabedoria, o acolhimento a todos, a bondade afável, a autorizada firmeza, o desprendimento, o empenho, a confiança na graça. Exigências até mesmo excessivas se não encontrassem luminosa confirmação na vida concreta dos padres que marcaram e continuam marcando a vida cristã de muitos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Quarta-feira, 14 de dezembro, na audiência geral o Papa Francisco propôs mais uma catequese sobre a esperança cristã.

O Santo Padre recordou o profeta Isaías que nos convida a abrirmo-nos à esperança, acolhendo a Boa-Nova da salvação que está a chegar. No fim do exílio na Babilônia, é a possibilidade de Israel reencontrar Deus. O Senhor aproxima-se – assinalou o Papa – e aquele «pequeno resto» que atravessou a crise e que continuou a crer e a esperar poderá ver as maravilhas do Senhor.

O pequeno resto a que se refere Francisco é o pequeno povo que ficou depois do exílio, aquele resto que “no exílio resistiu na fé, que atravessou a crise e continuou a crer e a esperar mesmo no meio da escuridão”.

O Papa na sua catequese sublinhou algumas das palavras do canto de Isaías no capítulo 52:

«O Senhor mostra a força do seu braço poderoso (…) e todos os confins da terra verão o triunfo do nosso Deus». «Diz a Sião: “O rei é o teu Deus!”». Estas palavras mostram a fé num Deus que Se inclina misericordiosamente sobre o homem, para o libertar de tudo o que desfigura nele a imagem de Deus – observou o Santo Padre.

E a plenitude de tanto amor é precisamente o Reino instaurado por Jesus, aquele Reino de perdão e paz que chega no Natal e se realiza definitivamente na Páscoa – declarou.

Os motivos da nossa esperança são estes – disse Francisco – “quando tudo parece perdido, quando, à vista de tantas realidades negativas, torna-se difícil acreditar e vem a tentação de dizer que já nada tem sentido, faz-se ouvir a Boa Nova: Deus está a chegar, para realizar algo de novo, instaurar um Reino de paz, vem trazer liberdade e consolação. O mal não triunfará para sempre, acabará a tribulação”.

Somos chamados a ser homens e mulheres de esperança, que proclamam a vinda deste Reino feito de luz e destinado a todos. “Esta mensagem é urgente!” – lembrou o Papa dizendo que devemos também correr, como o mensageiro sobre os montes de que fala o profeta, porque o mundo não pode esperar, a humanidade tem fome e sede de justiça e de paz.

E a promessa cumpre-se no Menino de Belém, uma criança que nasce “necessitada de tudo” colocada “numa manjedoura”: ali está todo poder do Deus que salva. “É preciso abrir o coração – o Natal é o dia para abrir o coração!” – declarou o Santo Padre.

O Papa afirmou que no Natal é preciso abrir o coração a toda a “pequenez” que está ali naquele Menino. Um Natal que devemos preparar “com esperança neste tempo de Advento”. “É a surpresa de um Deus Menino, de um Deus pobre, de um Deus débil, de um Deus que abandona a sua grandeza para se fazer próximo de cada um de nós” – disse Francisco no final da sua catequese.

Nas saudações destaque para aquela dedicada aos peregrinos de língua portuguesa na qual o Papa fez votos de um “Santo Natal de Jesus, vivido com a mesma fé humilde e obediente de Maria e José”. O Santo Padre pediu para vermos na força do Menino Jesus “a vitória final sobre os poderes arrogantes da terra”.

O Papa Francisco a todos deu a sua benção! http://pt.radiovaticana.va

Uma velhice fecunda e feliz: é a oração que pede Francisco no dia em que completa 80 anos (17/12). E o Papa comemorou com uma missa concelebrada com os cardeais na Capela Paulina, no Vaticano.

Na homilia, inspirando-se na liturgia do dia, o Papa Francisco pediu a graça da memória. No percurso do Advento, em que a vigilante espera se transforma mais intensa, a liturgia nos faz parar um pouco para ler a origem de Jesus. Fazer memória, olhar para trás para poder prosseguir melhor avante. “Este é o significado da liturgia de hoje: a graça da memória, pedir esta graça. Não esquecer. É próprio do amor não esquecer, ter sob os olhos o bem que recebemos. É próprio do amor olhar para a história: de onde viemos, os nossos pais, os nossos antepassados. O caminho da fé. E esta memória nos faz bem, porque torna mais intensa esta vigilante espera pelo Natal.”

Os pilares da memória cristã

Assim é o caminho para o cristão, explicou o Papa: “Nos fizeram uma promessa, uma promessa que será plena no final, mas se consolida com cada aliança que nós fazemos com o Senhor, aliança de fidelidade, e nos faz ver que não somos nós quem elegemos, nos faz entender que todos nós fomos eleitos. A eleição, a promessa e a aliança são como os pilares da memória cristã.”

Francisco prossegue dizendo que quando ouvimos este trecho do Evangelho, há uma história de grande graça, mas também de pecado. “No caminho, sempre encontramos graça e pecado. Na história de salvação, tem grandes pecadores na lista. E há santos. Nós na própria vida encontraremos o mesmo. Momentos de grande fidelidade ao Senhor, de alegria no serviço e alguns momentos ruins de infidelidade, de pecado, que nos faz sentir a necessidade de salvação. E esta é também a nossa segurança. Porque quando precisamos de salvação, confessamos a fé.”

O Senhor não desilude

Ao parar e olhar para trás, acrescentou o Papa, vemos que o caminho foi belo, que o Senhor não nos desiludiu, que o Senhor é fiel. Vemos também que seja na história, seja na nossa vida, houve momentos de fidelidade e momentos tristes de pecado. “Mas o Senhor, com a mão estendida para nos levantar, vai avante e esta é a vida cristã.”

“Que este caminho jamais nos tire a graça da memória, de olhar para trás e ver tudo aquilo que o Senhor fez por nós e pela Igreja”, pediu por fim o Pontífice. Assim entenderemos porque hoje a Igreja nos faz ler este trecho, que pode parecer “tedioso”, a história de um Deus que quis caminhar com o seu povo e fazer-se, no final, um de nós.

“Que o Senhor nos ajude a retomar esta graça da memória. ‘Mas é difícil, é tedioso, houve tantos problemas......’ Mas a história da Carta aos Hebreus tem uma frase belíssima para as nossas lamentações: fique tranquilo, você ainda não chegou a dar o sangue. Um pouco de humorismo também daquele autor inspirado para nos ajudar a ir avante. Que o Senhor nos dê esta graça.”

Velhice

No final, o Papa agradeceu a presença dos cardeais no dia de seu aniversário e fez uma reflexão sobre a velhice:

“Há alguns dias, me vem à cabeça uma palavra que parece feia: velhice. Assusta. Mas lembro do que disse a vocês em 15 de março, no nosso primeiro encontro. A velhice é sede de sabedoria, esperamos que também para mim seja assim. Também penso em como chegou tão depressa, e penso no poema de Plínio: passo silencioso, e a velhice chega de uma só vez. Mas se pensar como uma etapa da vida para ter alegria, sabedoria e esperança, alguém começa a viver. E penso em outro poema que disse a vocês naquele dia: a velhice é tranquila e religiosa. Rezem para que a minha seja assim: tranquila, religiosa e fecunda e também alegre. Obrigado.” Fonte: http://pt.radiovaticana.va

Um adolescente com aproximadamente 13 anos do município de Lagoa da Canoa foi executado a tiros, na manhã desta sexta-feira (16) em uma estrada da zona rural de Girau do Ponciano na estrada que dá acesso ao povoado Caldeirões.

Comentários de alguns moradores de Lagoa da canoa, o menor que foi executado por nome de Gabriel, praticava vários furtos e assaltos de mão armada na cidade. Segundo a Polícia Militar, em Girau do Ponciano, o adolescente foi abordado por homens armados A vítima foi atingida por vários disparos na cabeça e morreu no local.

Ainda não há informações sobre o autor do crime nem dos motivos do homicídio. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal de Arapiraca. Fonte: http://canoense.com

O pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, chegou à sede da superintendência da Polícia Federal, em São Paulo, para depor, por volta das 16h desta sexta-feira (16). Ele é um dos alvos da Operação Timóteo, deflagrada hoje pela PF, que investiga irregularidades em cobranças de royalties da exploração mineral.

Malafaia foi levado coercitivamente para depor. Antes de prestar o depoimento, conversou com jornalistas na porta da superintendência e disse que se apresentou espontaneamente.

O pastor diz ser inocente. Exaltado, confirmou ter recebido um cheque no valor de R$ 100 mil de um amigo, que também é pastor, depositado diretamente em sua conta bancária. Ele disse que o valor era uma "oferta" por ter orado por uma pessoa, em 2011, que agora, descobriu fazer parte do esquema criminoso. O valor, segundo ele, foi declarado no Imposto de Renda.

"Em 2013, eu recebi em meu escritório o pastor Michael Abud, meu amigo há mais de 20 anos, sobre um membro da igreja dele, que é empresário, para me dar uma oferta pessoal. Ele me deu uma oferta de R$ 100 mil depositado na minha conta, declarado no Imposto de Renda", disse. 

Ao ser indagado sobre o depósito ter sido em sua conta pessoal, e não na da Igreja, Malafaia respondeu que "é muito fácil" fazer essa diferenciação. "Recebo oferta, como vários pastores. Eu fui na igreja desse pastor Abud, que é meu amigo, em 2011. 'Ore aqui por um empresário que está envolvido em negócios'. Eu orei por ele. Em 2013, o Michael Abud me liga e diz: 'Silas, sabe aquele empresário por quem você orou? Ele quer fazer uma oferta pessoal. Eu não recebi oferta só de R$ 100 mil não. Recebo ofertas até maiores e declaro no Imposto de Renda. Não tem nada escondido, não tem nada oculto. A diferença é que as pessoas dão oferta ou para o pastor ou para a instituição. Muito mais na instituição do que para o pastor", disse.

O pastor disse que recebe cheques de altos valores para a igreja e, também, pessoalmente. Valores, de acordo com ele, muitas vezes superior a R$ 100 mil, chegando a R$ 5 milhões.

Malafaia reclamou de ter sido convocado para prestar esclarecimentos hoje. "Não sou bandido, não estou envolvido com corrupção, não sou ladrão. Estou indignado. Que Estado de Direito é esse? Sabe o porquê disso? Porque, há dez dias atrás, eu falei que sou a favor de uma justiça independente, forte, mas não absoluta. Retaliação, é isso? Querem aparecer em cima de mim?", falou em tom alto. "Essa é uma tentativa de denegrir, e tem interesses pessoais, porque eu me posiciono, porque eu me coloco. Isso é uma safadeza, uma molecagem. Estou desafiando a provar que estou envolvido com esses canalhas. Metam eles na cadeia", disse.

Segundo ele, é impossível saber se as pessoas que depositam dinheiro ou fazem doações são criminosos. "Amanhã, um vagabundo qualquer, um bandido qualquer, um traficante qualquer, um canalha qualquer deposita um cheque na minha ou qualquer igreja. E o cara é descoberto. Quer dizer que o pastor é bandido?."

Malafaia deixou a Superintendência da PF por volta das 18h e disse ter prestado todos os esclarecimentos necessários. "Foi tudo esclarecido. O delegado, muito competente, perguntou tudo o que tinha direito. Eu respondi tudo", relatou Malafaia. "Sou suspeito de usar contas da minha instituição? Lembrei-me de ter recebido a visita de um amigo meu, de 20 anos, que levou um membro dele [o empresário] para fazer uma oferta e eu vou desconfiar que o cara está envolvido? Nem ele, o pastor Michael Abud, sabe do envolvimento desse cara, tenho certeza".

Malafaia disse que vai esperar o final das investigações para analisar o que fará sobre o fato de ter sido alvo da operação. "Vou até o final, porque quem é amanhã que vai me dar toda essa mídia se encerrar [a investigação] e vocês falarem: 'olha, pastor, encerraram e não tem nada contra o senhor'? Eu vivo de conceito da opinião pública. Vivo disso. Recebo ofertas de milhares e centenas de milhares das pessoas. E quem é que vai recuperar isso? Quem é que vai recuperar o dano que está me causando e quem vai recuperar a minha honra?"

Indagado por jornalistas se não seria, então, o caso de devolver o dinheiro, de fonte ilegal, que foi depositado em sua conta, Malafaia respondeu:  "Se, de fato, é um dinheiro ilícito, é claro que eu devolveria. Não preciso de roubo". No entanto, ele acrescentou que não teria como devolver um dinheiro, fruto de doação, se ele não sabe a origem do dinheiro. "Vou devolver o que, se recebi uma oferta? Ninguém devolve oferta. Você recebe as ofertas e não sabe quem é o cara que dá. Se a Justiça mandar eu devolver um valor, eu vou devolver", disse.

Twitter

Sobre o fato de, há alguns meses, ter se posicionado no Twitter a favor das conduções coercitivas, principalmente no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o pastor Malafaia disse que agora é diferente. "Acho engraçado os esquerdopatas. Quando o Lula foi levado coercitivamente, eu botei no Twitter. Tem que levar. Agora, são quantas denúncias contra o Lula? Essa cambada de corrupto e de PT quer me comparar com isso? É uma afronta. Quem está me denunciando? Quem é que foi preso e disse que eu recebia dinheiro? Querem comparar? Tem que ter lógica, gente", afirmou.

Operação Timotéo

A Polícia Federal deflagrou hoje a Operação Timóteo, com ações em 11 estados e no Distrito Federal. Estão sendo realizadas buscas e apreensões em 52 endereços relacionados a uma organização criminosa investigada por esquema de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral.

"Entre uns dos investigados por esse apoio na lavagem do dinheiro está uma liderança religiosa, que recebeu valores do principal escritório de advocacia responsável pelo esquema. A suspeita a ser esclarecida pelos policiais é se esse líder religioso pode ter 'emprestado' contas correntes de uma instituição religiosa sob sua influência, com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores", informou a corporação. Fonte: http://noticias.uol.com.br

Com a Catedral da Sé lotada e sob aplausos, o corpo do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, foi sepultado nesta sexta-feira (16) sob o olhar de autoridades da política e do clero, além de centenas de fiéis. O religioso morreu na última quarta-feira (14), aos 95 anos.

O caixão foi fechado por volta das 14h30 e levado ao altar. Logo depois, foi realizada uma missa de duas horas de duração, encerrada com a condução do corpo à cripta da catedral. A imprensa e o público não puderam acompanhar o sepultamento. A cripta foi aberta ao público logo depois, e o acesso ficaria livre até as 20h desta sexta. Nos próximos dias, poderá ser visitada das 9h às 12h e das 13h30 às 16h30. 

O público da despedida a dom Paulo foi, de certa forma, um resumo de sua trajetória. Enquanto do lado de fora da Sé movimentos sociais davam seu adeus em forma de protesto na escadaria da catedral, passavam ao lado do corpo do arcebispo emérito políticos de diferentes campos, assim como alguns dos principais nomes da Igreja Católica no Brasil.

A missa foi aberta pelo cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, e conduzida por diversos integrantes do clero. O cônego Antônio Aparecido Pereira foi muito aplaudido ao lembrar a trajetória de dom Paulo, com destaque para a atenção aos pobres e a luta contra as atrocidades da ditadura militar. Ao encerrar sua fala com o bordão de dom Paulo, "coragem, esperança!", foi ovacionado.

Padres e fiéis se uniram para gritar o nome do arcebispo emérito. Uma cena que, a princípio, caberia mais a uma torcida de futebol. Mas dom Paulo era torcedor fanático do Corinthians, cuja bandeira estava postada logo abaixo do altar.

O ato contou com militantes de movimentos como a Frente Brasil Popular e a União Nacional da Moradia Popular, além de integrantes de pastorais.

Militante desde a década de 80, Evaniza Rodrigues, da União Nacional da Moradia Popular, relembrou o apoio de dom Paulo à causa em 1996, quando a ONU debatia se moradia era ou não um direito humano.

"No Corpus Christi, que é a festa mais importante da arquidiocese, ele colocou como tema o direito à moradia. Daquela torre da catedral desceu uma faixa imensa dizendo: 'Moradia é um direito humano'", conta.

Segundo Evaniza, a Igreja deixou de ser tão atuante na vida das pessoas nos últimos tempos. Ela disse esperar que a Igreja "continue sendo um lugar de acolhida do povo, para o povo se organizar e lutar" contra o desemprego, a reforma da Previdência e o "desmonte das políticas sociais". "Essas seriam lutas que, com certeza, dom Paulo estaria na frente com a gente."

Entre as autoridades, compareceram o governador paulista, Geraldo Alckmin, e o prefeito eleito de São Paulo, João Doria, ambos do PSDB; o prefeito Fernando Haddad (PT); e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Numa cena rara, o quarteto dividiu a primeira fila da ala destinada a autoridades.

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no velório na quinta-feira. O presidente Michel Temer (PMDB) não foi ao velório nem ao enterro, mas enviou uma coroa de flores.

Entre as autoridades do clero presentes, estava o arcebispo de Vitória, Dom Luiz Vilela; o arcebispo do Rio, cardeal dom Orani Tempesta; arcebispo emérito do Rio,  cardeal dom Eusébio Scheid; o arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, cardeal dom Sérgio da Rocha e o arcebispo emérito de Aparecida e ex-presidente da CNBB, dom Raymundo Damasceno Assis.

 "Paulo nos estimula, como conferência episcopal, a ser uma Igreja profética, isto é, que anuncia a esperança, a vida nova que vem de Jesus, mas que também denuncia as injustiças, a violência, para afirmar a dignidade e os direitos, sobretudo dos mais pobres e fragilizados", disse dom Sérgio.

A missa de exéquias – honras fúnebres – teve duas horas de duração. A catedral, que tem capacidade para 2.300 pessoas está lotada. Uma grande faixa da Pastoral do Povo de Rua foi estendida em meio aos populares que assistem a celebração. Em sua homilia, dom Odilo lembrou o lema de dom Paulo, "de esperança em esperança", e disse que a frase serviu como "fio condutor" de sua vida.

"Esta mesma esperança unida à fé inabalável deu-lhe a sabedoria dos humildes, capazes de reconhecer a dignidade e a beleza de cada criatura, especialmente de cada pessoa humana", disse o cardeal.

O caixão deixou o altar sob muitos aplausos e gritos de "viva dom Paulo".

A cripta onde dom Paulo foi sepultado foi aberta ao público pouco depois da missa. Centenas de fiéis fizeram fila para entrar no local. Nos bancos da catedral, muitos rezavam.

Para dom Odilo, dom Paulo deixa para o momento político de hoje uma mensagem a favor "do que é justo, do que é honesto", do respeito a todos e da defesa dos mais pobres.

Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, disse que a defesa dos direitos humanos feita por dom Paulo continua sendo muito importante. "Quando nós vemos os terrorismos, a Síria, aquelas coisas bárbaras, quanto falta uma voz profética que fale, que não tenha medo, não recue. Claro, nós temos o papa Francisco, que faz isso, mas ele precisa de outras pessoas que se juntem e gritem como ele. Dom Paulo fazia isso. Ninguém o calava, o segurava. Ele ia confiando em Deus e pronto."

Biografia

Paulo Evaristo nasceu em 14 de setembro de 1921 na pequena Forquilhinha, na região de Criciúma, antiga colônia de imigrantes alemães em Santa Catarina. Ele morreu aos 95 anos após sofrer de broncopneumonia.

A exemplo do irmão mais velho, frei Crisóstomo, Paulo Evaristo entrou em um seminário franciscano. Foi professor de Teologia no seminário franciscano de Petrópolis (RJ), onde trabalhou dez anos em favelas, período que descreveria como o mais feliz da vida. Em maio de 1966, foi nomeado bispo auxiliar do então cardeal de São Paulo, dom Agnelo Rossi, que o designou para a região de Santana, na zona norte.

Dedicava-se aos presos da Casa de Detenção do Carandiru e criava núcleos das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), experiência pioneira na arquidiocese, quando, em 1970, tornou-se o novo arcebispo de São Paulo.

Um ano antes, tivera os primeiros contatos com vítimas do regime militar, início da luta em defesa dos direitos humanos que marcaria sua carreira. Designado pelo cardeal para verificar as condições em que se encontravam os frades dominicanos e outros religiosos na prisão, constatou que eles estavam sendo torturados.

Os militares não gostaram da nomeação de dom Paulo. Quando foi elevado a cardeal, em março de 1973, uma das suas primeiras medidas foi criar a Comissão Justiça e Paz, formada por advogados e outros profissionais, para atender pessoas perseguidas pela ditadura. Funcionava na Cúria Metropolitana, sinônimo de refúgio e esperança para as famílias de mortos e de desaparecidos.

Dom Paulo tornou-se um símbolo de resistência contra a ditadura militar e, entre outras ações, denunciou torturas nos quartéis, visitou presos em suas celas e liderou protestos. Fonte: noticias.bol.uol.com.br