Uma jovem negra no Brasil corre risco 2,2 vezes maior de ser morta do que uma jovem branca, segundo o relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, que será divulgado nesta segunda-feira, 11. Em 26 unidades da Federação - apenas o Paraná fica de fora -, a taxa de homicídios entre mulheres de 15 a 29 anos é maior entre as negras. Elas são ainda mais vulneráveis à violência em Estados como o Rio Grande do Norte, onde morrem 8,11 vezes mais do que as jovens brancas.

O estudo foi feito pela Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). O índice foi calculado com base na análise de dados de 304 municípios do País com mais de 100 mil habitantes. As informações utilizadas estão divididas em quatro dimensões: violência entre jovens, frequência à escola e situação de emprego, pobreza no município e desigualdade. Essa é a segunda edição do índice, que já havia sido calculado em 2015.

"A novidade é esse olhar para a questão de gênero. Mais uma vez os dados comprovam o genocídio dos jovens negros", diz Marlova Noleto, representante interina da Unesco no Brasil.

Aumento

O índice também mostra que a violência contra o jovem negro, considerando ambos os sexos, se agravou nos últimos dois anos. A primeira vez em que foi feito o estudo, em 2015, os negros - à época a faixa etária considerada era dos 12 aos 29 anos - tinham 2,5 vezes mais chance de serem assassinados do que os brancos. Nesta edição, o risco médio no País subiu para 2,7. "Houve um aumento, estatisticamente pequeno, mas muito significativo do ponto de vista social. Mostra que o Brasil não conseguiu trabalhar para reverter ou pelo menos diminuir essa situação. A violência se agravou contra esses jovens", afirma Marlova.

A situação mais preocupante é a de Alagoas, onde os jovens negros correm 12,7 vezes mais risco de serem mortos, seguida da Paraíba, onde a diferença é de 8,9 vezes. Em 24 unidades da federação, eles correm mais riscos. Apenas no Paraná a taxa de mortalidade entre brancos é superior. No Tocantins, o risco é estatisticamente semelhante e, em Roraima, não foi registrado nenhuma morte de jovem branco no período analisado, o que inviabilizou o cálculo.

Os jovens de 15 a 29 anos representam um quarto da população brasileira e estão entre as maiores vítimas de homicídios. Dados do Atlas da Violência de 2017 mostram que mais da metade das 59.080 pessoas mortas por homicídios em 2015 era jovem (54,1%). Entre as vítimas, 71% eram negras (pretas e pardas) e 92% do sexo masculino.

No relatório, Francisco de Assis Costa Filho, secretário nacional de Juventude, observa ainda que o índice é um importante instrumento de análise das condições de vida dos jovens para a formulação de políticas públicas para esse grupo. "Os resultados apresentados permitirão desenvolver ações mais direcionadas e focadas sobretudo nos jovens homens e mulheres negros, contribuindo para a redução das assimetrias de gênero e para o combate ao racismo no Brasil."

Marlova diz que os dados estão ligados a outras informações que comprovam a desigualdade. "O IBGE mostra que negros ganham 59% a menos e são 70% da população que vive em extrema pobreza. Embora a sociedade em geral diga que não há racismo no Brasil, os números mostram o contrário." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

(09/122017) Na tarde desta sexta-feira (08/12), Solenidade da Imaculada Conceição, o Papa Francisco foi à Praça de Espanha, localizada no centro de Roma, para rezar aos pés do monumento à Imaculada, renovando o tradicional ato de homenagem à Virgem Maria.

“Maria Imaculada, pela quinta vez venho aos vossos pés como Bispo de Roma, para fazer-vos uma homenagem em nome de todos os habitantes desta cidade. Quero agradecer-vos pelo cuidado constante com que acompanhais o nosso caminho, o caminho das famílias, das paróquias, das comunidades religiosas; o caminho daqueles que todos os dias, e com muito esforço, atravessam a cidade de Roma para trabalhar, o caminho dos doentes, idosos e todos os pobres, o caminho dos imigrantes aqui, provenientes de terras de guerra e fome. Obrigado, porque assim que vos dirigimos um pensamento, um olhar ou uma Ave Maria fugaz, sentimos sempre a vossa presença materna, carinhosa e forte.”

“Ó Mãe, ajudai esta cidade a desenvolver os anticorpos contra alguns vírus dos nossos tempos: a indiferença, que diz: “Não me interessa”; a má educação cívica que despreza o bem comum; o medo do diferente e do estrangeiro; o conformismo disfarçado de transgressão; a hipocrisia de acusar os outros, enquanto se fazem as mesmas coisas; a resignação à degradação ambiental e ética, a exploração de muitos homens e mulheres. Ajudai-nos a rejeitar estes e outros vírus com os anticorpos que vêm do Evangelho. Fazei com que tenhamos o bom costume de ler todos os dias uma passagem do Evangelho e sob o vosso exemplo, proteger no coração a Palavra, para que, como uma boa semente, dê fruto em nossa vida.”

“Virgem Imaculada, cento e setenta e cinco anos atrás, pouco distante daqui, na igreja de Sant’Andrea delle Fratte, vós tocastes o coração de Afonso de Ratisbonne, que naquele momento de ateu e inimigo da Igreja se tornou cristão.

Vós vos mostrastes a ele como Mãe da graça e da misericórdia. Concedei também a nós, especialmente na provação e na tentação, manter o olhar fixo em vossas mãos abertas, que deixam cair sobre a terra as graças do Senhor, e nos despojar da arrogância orgulhosa para nos reconhecermos como realmente somos: pequenos e pobres pecadores, mas sempre vossos filhos. E assim, pegando em vossas mãos, nos deixar reconduzir a Jesus, nosso irmão e salvador, e ao Pai celeste, que nunca se cansa de nos esperar e nos perdoar quando retornamos a Ele.”

“Obrigado, ó Mãe, por nos ouvir sempre! Abençoai a Igreja aqui em Roma, e abençoai também esta cidade e o mundo inteiro”.

A Imaculada e os Papas

Em 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX declarou o dogma da Imaculada Conceição, com a Bula “Ineffabilis Deus”.

Três anos mais tarde, em 8 de dezembro de 1857, o Papa abençoou e inaugurou o monumento da Imaculada na Praça de Espanha.

O Papa Pio XII foi o primeiro a enviar flores à Praça de Espanha na Solenidade da Imaculada.

São João XXIII, em 1958, dirigiu-se à Praça de Espanha e depositou aos pés do monumento um cesto contendo rosas brancas. Sucessivamente, visitou a Basílica de Santa Maria Maior.

Tal gesto foi repetido também pelos Papas Paulo VI, São João Paulo II e Bento XVI. Fonte: Fonte: http://pt.radiovaticana.va

Pregação de João Batista: Como iniciar o anúncio da Boa Nova (Marco 1,1-8) 

Frei Carlos Mesters, O. Carm.

Oração inicial

Senhor Jesus, envie seu Espírito, para que Ele nos ajude a ler as Escrituras com o mesmo olhar, com o qual você os lê para os discípulos na rua de Emaús. Com a luz da Palavra, escrita na Bíblia, você o ajudou a descobrir a presença de Deus nos acontecimentos perturbadores de sua condenação e morte. Assim, a cruz que parecia ser o fim de toda a esperança, apareceu como fonte de vida e ressurreição.

Crie em nós o silêncio para ouvir sua voz na Criação e na Escritura, nos eventos e nas pessoas, especialmente nos pobres e no sofrimento. Sua palavra nos falará sempre que nós, como os dois discípulos de Emaús, possamos experimentar a força de sua ressurreição e testemunhar aos outros que você está vivo entre nós como fonte de fraternidade, justiça e paz. Isto pedimos a você, Jesus, filho de Maria, que nos revelou o Pai e enviou seu Espírito. Amem.

Chave de leitura ( Marcos 1,1-8)

A unidade literária Marcos 1,1-13, da qual ele pegou o texto do osso (Mk 1,1-8), é uma breve introdução ao anúncio da Boa Nova de Deus. São Paulo: (1) Como a Boa Nova foi preparada por atividade de João Batista (Mc 1: 1-8). (2) Como ela foi proclamada por pessoas do batismo de Jesus (Mk 1: 9-11). (3) Como foi testada na hora da tentação de Jesus sem deserto (Mk 1: 12-13). Nos anos 70, época em que Marcos escreve o seu evangelho, como comunidades viviam uma situação difícil. De fóruns, são persidas pelo império romano. De dentro, de dúvidas e tensões. Algumas comunidades achavam que João Batista era igual a Jesus (Atos 18,26; 19,3). Outras queriam saber como deviam iniciar ou anúncio da Boa Nova de Deus. Nestes poucos versos, Marcos começa a responder, contando como começou a Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe e o que lorar que João Batista ocupa no projeto de Deus. Durante uma leitura, vamos prestar atenção ou Boa Nova penetrar na vida das pessoas.

Uma divisão do texto para ajudar na leitura:

  1. Marcos 1,1: Abertura e título do Evangelho de Marcos
  2. Marcos 1,2-3: Citação dos profetas Malaquias e Isaias
  3. Marcos 1,4-5: Conteúdo e repercussão da pregação de João Batista
  4. Marcos 1,6-8: Significado da pregação de João Batista

O texto: Marcos 1,1-8. Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus;

2-  Como está escrito nos profetas: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti.

 3-  Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas.

 4- Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados.

 5-  E toda a província da Judéia e os de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.

 6-  E João andava vestido de pêlos de camelo, e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.

 7-  E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das suas alparcas.

 8 - Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo.

Momento de silêncio orante: Porque a Palavra de Deus pode entrar em nós e iluminar nossas vidas.

Algumas perguntas para nos ajudar na meditação e na oração:

1- Qual o ponto deste texto de que você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção?

2- O que o texto informa sobre a missão de João Batista?

3- Com que finalidade o Evangelho cita os dois profetas do Antigo Testamento?

4- O que o texto nos informa sobre a pessoa de Jesus e a sua missão?

5- O que tudo isso ensina para nós hoje?

5- Para os que quiserem aprofundar mais o assunto

Contexto de ontem e de hoje

O Evangelho de Marcos começa assim: Início da Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus! (Mc 1,1). Tudo tem um começo, também a Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe. O texto que vamos meditar mostra onde Marcos foi buscar este começo. Ele cita os profetas Isaías e Malaquias e menciona João Batista, aquele que preparou a chegada de Jesus. Marcos mostra assim que a Boa Nova de Deus, revelada por Jesus, não caiu do céu, mas veio de longe, pelo chão da vida, através da história. Ela teve um precursor, alguém que preparou a chegada de Jesus.

Também para nós, a Boa Nova vem através de pessoas e de acontecimentos bem concretos que nos indicam o caminho que leva até Jesus. Por isso, ao meditar o texto de Marcos convém ter presente esta pergunta: “Ao longo da história da minha vida, quem me indicou o caminho até Jesus?” E esta outra pergunta: “Será que eu já ajudei alguém a descobrir a Boa Nova de Deus em sua vida? Já fui precursor ou precursora para alguém?”

Comentário do texto

Marcos 1,1: Início da Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus

Na primeira frase do seu Evangelho Marcos diz: Início da Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus! (Mc 1,1). No fim do evangelho, na hora da morte de Jesus, um soldado romano exclama: Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus (Mc 15,39). No começo e no fim, está o título Filho de Deus. Entre o começo e o fim, ao longo das páginas do seu evangelho, Marcos vai esclarecer como deve ser entendida e anunciada esta verdade central da nossa fé: Jesus é o Filho de Deus.

Marcos 1,2-3: A semente da Boa Nova está escondida na esperança do povo

Para indicar o começo da Boa Nova, Marcos cita os profetas Malaquias e Isaías. Nos textos destes dois profetas, transparece a esperança que animava o povo no tempo de Jesus. O povo esperava que o mensageiro, anunciado por Malaquias, viesse preparar o caminho do Senhor (Ml 3,1), conforme tinha sido proclamado pelo profeta Isaías que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas (Is 40,3). Para Marcos, a semente da Boa Nova é a esperança suscitada no povo pelas grandes promessas que Deus tinha feito no passado através dos profetas. Até hoje, a esperança do povo é o gancho onde se pendura a Boa Nova de Deus. Para saber como iniciar o anúncio da Boa Nova, é importante descobrir qual a esperança que hoje anima o povo. A esperança é a última que morre!

Marcos 1,4-5: O movimento popular suscitado por João Batista faz crescer a esperança do povo

Marcos faz como nós fazemos até hoje. Ele usa a Bíblia para iluminar os fatos da vida. João Batista tinha provocado um enorme movimento popular. Toda a região da Judéia e todos os moradores de Jerusalém iam ao encontro de João! Marcos usa os textos de Malaquias e de Isaías para iluminar este movimento popular, suscitado por João Batista. Ele mostra que com a vinda de João Batista a esperança do povo começou a encontrar uma resposta, começou a realizar-se. A semente da Boa Nova começou a desabrochar e crescer.

Marcos 1,6-8: João Batista é o profeta Elias que o povo esperava

Do profeta Elias se dizia que ele viria preparar o caminho do Messias “reconduzindo o coração dos pais para os filhos, e o coração dos filhos para os pais” (Mal 3,24; cf Lc 1,17), ou seja, esperavam que Elias viesse reconstruir a vida comunitária. Elias era conhecido como “o homem vestido de pelos que trazia um cinto de couro ao redor dos rins” (2 Rs 1,8). Marcos diz que João se vestia de pelos de camelo. Assim ele deixa claro que João Batista veio realizar a missão do Profeta Elias (Mc 9,11-13).

Nos anos 70, época em que Marcos escreve, muita gente achava que João Batista era o messias. (cf. At 19,1-3). Para ajudá-los a discernir Marcos traz as palavras do próprio João: Depois de mim vem o mais forte do que eu, de quem não sou digno de desatar o sapato. Eu batizo com água. Ele vai batizar vocês com o Espírito Santo. Marcos mostra que João aponta o caminho para Jesus. Assim, faz saber às Comunidades que João não era o Messias, mas sim o seu precursor.

Ampliando as informações

O contexto mais ampla do início do Evangelho de Marcos (Mc 1,1-13)

A solene proclamação da Boa Nova (Mc 1,9-11)

O povo acreditava que o batismo de João era coisa de Deus! (Mc 11,32). Como o povo, também Jesus percebia Deus se manifestando na mensagem de João. Por isso, ele saiu de Nazaré, foi até o Jordão e entrou na fila do batismo. No momento de ser batizado, Jesus teve uma profunda experiência de Deus. Ele viu o céu se abrir e o Espírito Santo descer sobre si, e a voz do Pai lhe dizia: Tu és o meu Filho amado. Em Ti ponho a minha confiança. Nestas poucas palavras, aparecem três pontos muito importantes.

1-Jesus experimentou a Deus como Pai e a si mesmo como Filho. Esta é a grande novidade que ele nos trouxe: Deus é Pai. O Deus que estava longe como Senhor Altíssimo, chegou perto como Pai, bem perto como Abba, Papai. Este é o centro da Boa Notícia que Jesus nos trouxe.

2-A frase que Jesus escutou do Pai era do profeta Isaías, onde este tinha anunciado o Messias como o Servidor de Deus e do povo (Is 42,1). O Pai estava indicando a Jesus a missão do Messias como Servidor, e não como Rei glorioso. Jesus assumiu esta missão de serviço e foi fiel a ela até à morte, e morte de cruz! (cf. Fil 2,7-8) Ele disse: “Não vim para ser servido, mas para servir! (Mc 10,45)”.

3-Jesus viu o céu se abrir e o Espírito, como uma pomba, descer sobre ele. No mesmo momento em que Jesus descobre a sua missão como Messias Servidor, ele recebe o dom do Espírito Santo para poder realizar a missão. O dom do Espírito tinha sido prometido pelos profetas (Is 11,1-9; 61,1-3; Joel 3,1). A promessa começa a realizar-se, solenemente, quando o Pai proclama Jesus como seu Filho amado.

A Boa Nova é testada e provada no deserto (Mc 1,12-13)

Depois do batismo, o Espírito de Deus toma conta de Jesus e o empurra para o deserto, onde ele se prepara para a missão (Mc 1,12s). Marcos diz que Jesus esteve no deserto 40 dias, e que foi tentado por Satanás. Em Mateus 4,1-11, se explicita a tentação: tentação do pão, tentação do prestígio, tentação do poder. Foram as três tentações que derrubaram o povo no deserto, depois da saída do Egito (Dt 8,3; 6,16; Dt 6.13). Tentação é tudo aquilo que afasta alguém do caminho de Deus. Orientando-se pela Palavra de Deus, Jesus enfrentava as tentações e não se deixou desviar (Mt 4,4.7.10). Ele é igual a nós em tudo, até nas tentações, menos no pecado (Hb 4,15). Inserido no meio dos pobres e unido ao Pai pela oração, fiel a ambos, ele resistia, e seguia pelo caminho do Messias-Servidor, o caminho do serviço a Deus e ao povo (Mt 20,28).

A semente da Boa Nova, o início do anúncio do evangelho na América Latina

Marcos começa o seu evangelho descrevendo como foi o começo do anúncio da Boa Nova de Deus. Você esperaria dele uma data bem precisa. Em vez disso, recebe uma resposta aparentemente confusa. Para descrever este começo, Marcos cita Isaías e Malaquias (Mc 1,2-3), fala de João Batista (Mc 1,4-5), alude ao profeta Elias (Mc 1,4), evoca a profecia do Servo de Javé (Mc 1,11) e faz pensar nas tentações do povo no deserto depois da saída do Egito (Mc 1,13). Você pergunta: “Mas afinal, o começo foi quando: na saída do Egito, no deserto, em Moisés, em Elias, em Isaías, em Malaquias, em João Batista? Quando?” O começo, a semente, pode ser tudo isso ao mesmo tempo. O que Marcos quer sugerir é que devemos aprender a ler nossa história com outros olhos. O começo, a semente da Boa Nova de Deus, está escondida dentro da nossa

Vida, dentro do nosso passado, dentro da história que vivemos.

O povo da Bíblia tinha esta convicção: Deus está presente na nossa vida e na nossa história. Por isso, eles se preocupavam em lembrar os fatos e as pessoas do passado. Pessoa que perde a memória perde a identidade. Ela já não sabe de onde vem nem para onde vai. Eles liam a história do passado para aprender a ler a história deles no presente e descobrir dentro dela os sinais da presença de Deus. É o que Marcos fez aqui no início do seu evangelho. Ele tira o véu dos fatos e aponta um fio de esperança que vinha desde o êxodo, desde Moisés, passando pelos profetas Elias, Isaías e Malaquias, até chegar em João Batista que aponta Jesus como aquele que realizou a esperança do povo.

Quais os fios de esperança, por pequenos que sejam, que hoje existem na nossa historia e que apontam para um futuro melhor e mais justo? Conhece alguns? Eis algumas sugestões: a resistência e o despertar das etnias indígena e negra, que buscam vida, dignidade e liberdade para todos; as mulheres despertam como sujeito de um novo tempo, desconstruindo velhos padrões de comportamento e gerando uma nova consciência; em toda parte surge uma nova sensibilidade ecológica e cresce em a consciência de cidadania; a discussão e o debate dos problemas sociais vem provocando um desejo crescente de participação transformadora até mesmo daquelas pessoas que em meio ao trabalho e estudo ainda encontram tempo para entregar-se gratuitamente ao serviço dos outros; cresce a busca de novas relações de ternura, de respeito mútuo e intercâmbio; cresce a indignação do povo frente à corrupção e à violência. Há algo que vai nascendo dentro de cada pessoa, algo novo, que não permite mais a indiferença diante dos abusos políticos, sociais, culturais, de classe e de gênero. Há uma nova esperança, um novo sonho, um desejo de mudança. Resgata-se a utopia de construir uma sociedade nova, onde haja espaço de vida e de participação para todas as pessoas. O Anúncio da Boa Nova de Deus será realmente Boa Notícia se apontar para esta novidade que está acontecendo no meio do povo. Ajudar a abrir os olhos para ver esta novidade, comprometer as comunidades de fé na busca desta utopia, é reconhecer a presença libertadora e transformadora de Deus agindo no dia-a-dia da nossa vida.

Oração de um Salmo:  Salmo 72(71): A esperança do messias que animava o povo

 1- Concede ao rei, ó Deus, os teus juízos e a tua justiça, ao filho do rei.

 2- Julgue ele com justiça o teu povo e os teus aflitos, com eqüidade.

 3- Os montes trarão paz ao povo, também as colinas a trarão, com justiça.

 4- Julgue ele os aflitos do povo, salve os filhos dos necessitados e esmague ao opressor.

 5 -Ele permanecerá enquanto existir o sol e enquanto durar a lua, através das gerações.

 6- Seja ele como chuva que desce sobre a campina ceifada, como aguaceiros que regam a terra.

 7- Floresça em seus dias o justo, e haja abundância de paz até que cesse de haver lua.

 8 -Domine ele de mar a mar e desde o rio até aos confins da terra.

 9 -Curvem-se diante dele os habitantes do deserto, e os seus inimigos lambam o pó.

 10- Paguem-lhe tributos os reis de Társis e das ilhas; os reis de Sabá e de Sebá lhe ofereçam presentes.

 11 -E todos os reis se prostrem perante ele; todas as nações o sirvam.

 12- Porque ele acode ao necessitado que clama e também ao aflito e ao desvalido.

 13- Ele tem piedade do fraco e do necessitado e salva a alma aos indigentes.

 14 -Redime a sua alma da opressão e da violência, e precioso lhe é o sangue deles.

 15- Viverá, e se lhe dará do ouro de Sabá; e continuamente se fará por ele oração, e o bendirão todos os dias.

 16- Haja na terra abundância de cereais, que ondulem até aos cimos dos montes; seja a sua messe como o Líbano, e das cidades floresçam os habitantes como a erva da terra.

 17 -Subsista para sempre o seu nome e prospere enquanto resplandecer o sol; nele sejam abençoados todos os homens, e as nações lhe chamem bem-aventurado.

 18 -Bendito seja o SENHOR Deus, o Deus de Israel, que só ele opera prodígios.

 19 -Bendito para sempre o seu glorioso nome, e da sua glória se encha toda a terra. Amém e amém!

Oração final

Senhor Jesus, agradecemos a sua palavra que nos fez ver melhor a vontade do Pai. Deixe seu Espírito iluminar nossas ações e nos dizer a força para fazer isso, que Sua Palavra nos mostrou. Que nós, como Maria, sua Mãe, não possamos apenas escutar, mas também praticar a Palavra, você que vive e reina com o Pai na unidade do Espírito Santo para todo o sempre. Amém.

Cidade do Vaticano (08/12/2017) – Hoje, sexta-feira, dia 8 de dezembro, solenidade de Imaculada Conceição, o Papa Francisco presidiu, às 12 horas locais de Roma, a celebração mariana do Ângelus. Milhares de fiéis e peregrinos provenientes de diversas partes da Itália e do mundo, congregaram-se, desde muito cedo, na Praça de S. Pedro para assistir à esta cerimônia.

Na sua alocução, o Papa iniciou por sublinhar que hoje, disse, contemplamos a beleza da Maria Imaculada. O Evangelho que narra o episódio da Anunciação, acrescentou o Santo Padre, ajuda-nos a compreender o que estamos a festejar hoje, sobretudo através da saudação do Anjo que dirigindo-se à Maria lhe diz: “Ave cheia de graça”.

Ora, esta palavra, “ Ave, cheia de graça”, que Francisco sublinha não ser de fácil tradução, na verdade revela o novo nome que Deus deu a Maria e cujo significado é superior ao nome que os seus pais lhe tinham dado desde o seu nascimento. Por isso, mesmo antes de chamá-la com o seu nome, Maria, o Anjo chamou-a “ cheia de graça”, um nome que também nós hoje usamos todas as vezes que nos dirigimos à Maria.

“O que significa cheia de graça? Que Maria é cheia da presença de Deus. E se está inteiramente habita por Deus, não há lugar portanto nela para o pecado. É uma coisa extraordinária, porque tudo, no mundo, infelizmente, está contaminado pelo mal. Cada um de nós, olhando para dentro de si, vê os lados obscuros. Mesmo os grandes santos eram pecadores e todas as realidades, mesmo as mais belas, são contaminadas pelo mal: todas, exceto Maria. Ela é a única “oásis sempre verde” da humanidade, a única incontaminada, criada imaculada para acolher plenamente mediante o seu sim, Deus que vinha no mundo e iniciar assim uma nova história”.

Todas as vezes portanto, que reconhecemos Maria como a cheia de graça, sublinha o Pontífice, nós a enaltecemos mediante um elogio superior, o mesmo que fez Deus com ela. Ora, para o Papa, o maior elogio que se pode fazer à uma senhora, é dizê-la, com garbo, que ela demonstra ter uma idade muito jovem. Por conseguinte, quando dizemos a Maria, cheia de graça, num certo sentido, dirigimo-la também o mesmo elogio superior à todos os outros elogios. Neste sentido nós reconhecemos Maria sempre jovem, porque jamais envelhecida pelo pecado.

Existe uma única verdadeira coisa que faz envelhecer: não a idade, mas o pecado. O pecado envelhece, porque esclerotiza o coração, fecha-o, o torna inerte, o faz desflorecer. Mas a cheia de graça é vazia de pecado. Por isso é sempre jovem, é mais jovem do que o pecado, é a mais jovem da geração humana.

Hoje, recordou o Santo Padre, a Igreja se enaltece com Maria, chamando-a “toda bela, tota pulchra”. Tal como a sua juventude não reside na idade, assim também a sua idade não consiste na exterioridade.

De facto, sublinha ainda o Papa, Maria, como demonstra o Evangelho de hoje, não excele em aparência: de simples família, vivia humildemente em Nazaré, uma pequena aldeia quase desconhecida. E também não era famosa: mesmo quando o Anjo a visitou, ninguém soube do evento, naquele mesmo dia não estava presente nenhum repórter, nenhum jornalista. Mas sobretudo, recorda ainda Francisco, Maria não teve nem tão pouco uma vida fácil, mas sim repleta de preocupações e temores: perturbou-se com as palavras que lhe foram dirigidas pelo Anjo e pôs-se a pensar no que significaria a semelhante saudação, aumentando, por conseguinte, a sua preocupação.

“Todavia, a cheia de graça viveu uma vida bela. Qual era o seu segredo? (…) Maria escutava Deus e falava com Ele na oração. A palavra de Deus era o seu segredo: próxima do seu coração, fez-se carne depois no seu ventre. Permanecendo com Deus, dialogando com Ele em todas as circunstâncias, Maria tornou  bela a sua vida. Não a aparência, não aquilo que passa, mas o coração voltado para Deus, torna bela a vida. Olhemos hoje com alegria à cheia de graça. Pedimos que nos ajude a permanecer jovens dizendo “não ao pecado e a viver uma vida bela, dizendo sim a Deus”.   

Após a recitação da oração mariana do Ângelus, Francisco agradeceu, de todo o coração, aos milhares de fiéis e peregrinos presentes na Praça de S. Pedro, especialmente as famílias e grupos paroquiais provenientes de diversas partes da Itália.

Esta tarde, disse o Papa, irei à Praça Espanha (em Roma), para renovar o tradicional acto de homenagem e de oração aos pés do monumento da Imaculada. Francisco pediu por isso à todas e todos, de se unirem espiritualmente com ele neste gesto que exprime a devoção filial à nossa Mãe celeste.

Finalmente, a todas e todos, Francisco augurou a continuação de uma boa festa da Imaculada e um bom caminho do Advento, recordando mais uma vez, que não se esqueçam de rezar por ele. Bom Almoço e até próxima, concluiu dizendo o Santo Padre. Fonte: http://pt.radiovaticana.va

Virgem Santíssima, que fostes concebidas sem o pecado original e por isto merecestes o título de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. E por terdes evitado todos os outros pecados, o Anjo Gabriel vos saudou com as belas palavras: Ave Maria, cheia de graça.

Nós vos pedimos que nos alcanceis do vosso divino Filho o auxílio necessário para vencermos as tentações e evitarmos os pecados e, já que vós chamamos de Mãe, atendei-nos com carinho maternal e ajudai-nos a viver como dignos filhos vossos.

Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós. Amém.

(Ave Maria, Glória ao Pai)

Oração de pedido a Nossa Senhora da Conceição

Imaculada Conceição, puríssima filha de São Joaquim e de Sant’Ana, vós fostes educada em um lar santificado pelas bençãos de Deus Todo Poderoso, que vos limpou da mancha original, a fim de que em vosso ventre se fizesse carne Seu Filho muito amado, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Maria Virgem Santíssima, Mãe de Deus e dos homens, ouvi a prece (Fazer o pedido) e arrependido(a) de meus pecados, eu vos dirijo humildemente, confiante em vosso amor, em vossa bondade.

Senhora da Conceição, refúgio dos pecadores, lançai vosso olhar misericordioso sobre o meu lar, cobrindo com vosso puríssimo manto esta casa, defendendo-a dos ataques dos inimigos, visíveis e invisíveis, amparando meu marido (ou minha mulher), meus filhos, infundindo paz, contentamento, alegria nos corações de todos os meus entes queridos.

Guiai os meus filhos pela senda do bem, da virtude, da honestidade, mantendo-os fiéis aos ensinamentos de Vosso Divino Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, preservando-os do pecado, dos vícios, da má conduta, inspirando-lhes o amor ao trabalho.

Senhora da Conceição, nunca se ouviu dizer que fosse desamparado quem houvesse implorado vosso auxílio. Tenho fé que também não serei desamparado(a), que ouvires a minha prece e que lançareis sobre meu lar às bênçãos que vos suplico.

Imaculada Conceição, ouvi o meu apelo. Santíssima Virgem Maria, atendei-me. Mãe de Deus, amparai-me a mim e a todos os de minha família. Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a vós. (Ave Maria, Glória ao Pai)

No fim da Audiência Geral desta quarta-feira (06/12), na Sala Paulo VI, o Papa fez um apelo pela Cidade de Jerusalém:

“Não posso silenciar a minha profunda preocupação pela situação que se criou nos últimos dias e, ao mesmo tempo, dirigir um forte apelo para que seja compromisso de todos respeitar o status quo da cidade, em conformidade com as pertinentes Resoluções das Nações Unidas. Jerusalém é uma cidade única, sagrada para os judeus, os cristãos e os muçulmanos, que nela veneram os Locais Santos das respectivas religiões, e tem uma vocação especial à paz. Peço ao Senhor que esta identidade seja preservada e reforçada em benefício da Terra Santa, do Médio Oriente e do mundo inteiro e que prevaleçam sabedoria e prudência, para evitar acrescentar novos elementos de tensão num panorama mundial já turbulento e marcado por inúmeros e cruéis conflitos .”

O apelo do Pontífice foi motivado pela decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de anunciar esta quarta-feira a mudança da embaixada estadunidense de Tel Aviv para Jerusalém. A Cidade Santa é disputada como capital também pelos palestinianos.

O Presidente palestiniano Mahmoud Abbas manifestou a Trump a preocupação de que esta mudança da política dos EUA possa ter consequências perigosas para o processo de paz em todo o Médio Oriente. Abbas fez um apelo ao Papa Francisco e aos presidentes da Rússia, França e Jordânia para que tentem dissuadir Trump. Fonte: http://pt.radiovaticana.va

*Por Pe. Luciano Guedes

No texto sagrado do Novo Testamento, Maria é narrada como a serva, a eleita do Senhor, obediente, ouvinte e fiel. Quando de sua descida a Jerusalém para a festa da Páscoa junto com José e o Menino ou na sua pressa de subir às montanhas da Judeia para socorrer sua prima Isabel grávida, contemplamos a Virgem inteiramente relacionada ao espaço da família. Nas bodas de Caná, ela surge como figura representante das angústias e necessidades humanas, no contexto de um casamento que era, naturalmente, no mundo judaico, expressão dos profundos vínculos tecidos entre os convidados para aquela celebração, festa da família.

Em Maria, a família está sempre aberta para Deus, na recepção e escuta amorosa de sua Palavra, no serviço livre e imediato oferecido aos irmãos. Nela, a família é o lugar no qual Deus é o centro e por causa desta convicção não se evidencia simplesmente o ego das pessoas, mas cada indivíduo abre-se ao mistério de Deus que se esconde no rosto do semelhante, na alegria ou na aflição do outro, pedindo para ser reverenciado.

A família atual tem imensas possibilidades. Estamos na era da comunicação e assim podemos estar mais próximos se soubermos colocar tantas tecnologias as quais dispomos a serviço do fortalecimento de nossos vínculos. Por outro lado, o forte narcisismo, sintoma de nossos tempos, desponta como risco que adoece os relacionamentos. Ouvi certo dia que a redescoberta da oração do Terço em família, uma vez por semana – com dia e hora marcada -, foi capaz de fazer milagre, reunir pessoas de um mesmo núcleo que em razão de seus tantos deveres e tarefas, quase não se encontravam mais para conversar e partilhar a vida. Ali, naquele espaço, sagrado por desejo de Deus, mas negligenciado pelas preocupações humanas, pais, filhos, netos, sobrinhos, cunhados, avós e amigos encontraram sentido para condividir as suas vidas e superarem juntos o isolamento da vida urbana e do estresse do trabalho.

Na sua Encíclica Amoris Laetitia, o Papa Francisco nos ensina que na família não pode existir o desejo da vanglória nem a vontade de se mostrar superior para impressionar os outros com atitude pedante e agressiva. O Santo Padre nos exorta: “Quem ama não só evita falar muito de si mesmo, mas, porque está centrado nos outros, sabe manter-se no seu lugar sem pretender estar no centro. A atitude de humildade aparece aqui como algo que faz parte do amor, porque, para poder compreender, desculpar ou servir os outros de coração, é indispensável curar o orgulho”. (Papa Francisco, Amoris Laetitia, 2016, p.65-66)

Quem sabe neste santo tempo do Advento, olhando para a Imaculada – a toda bela, sem a mancha do pecado – que nos ensina a preservar a sacralidade da família, seja tempo oportuno para interrogarmos o próprio coração: Estou permitindo que Deus seja o Senhor da minha casa, da minha família?  Ou será que estou no centro, exigindo e cobrando dos outros mais que oferecendo o meu amor e generosidade?

O cultivo da espiritualidade mariana pode auxiliar-nos neste caminho, na saída de nós mesmos em direção a Deus e aos outros. Quando rezamos a Ave-Maria, repetindo as palavras do anjo do Senhor, pedimos que a Virgem rogue por nós, os pecadores, até a hora de nossa morte. Estamos assim a dizer que sem Deus, ficamos mais pobres, encerrados no nosso vazio, fechados na soberba que mata e destrói. A Imaculada de Deus, a Virgem bela que nos conduz ao Céu, seja nossa inspiração e guia neste itinerário de prepararmos a “manjedoura” de nossas famílias, onde o Cristo Deus virá nascer!

(*) Pároco da Catedral Diocesana de Campina Grande-PB.

Fonte: https://paraibaonline.com.br

Com o objetivo de estudar e discutir a realidade do Rio São Francisco e encaminhar o posicionamento pastoral dos bispos em vista de sua revitalização, em comunhão com o ensinamento do Papa Francisco em sua Carta Encíclica, Laudato Sí, realizou-se nos dias 21 e 22 de novembro, no Centro de Treinamento de Lideres (CTL), em Bom Jesus da Lapa, o primeiro Encontro dos Bispos da Bacia do São Francisco. Uma iniciativa assumida na Assembleia do Regional Nordeste III.

Onze bispos da Bahia, Pernambuco, Sergipe e de Minas Gerais juntamente com representações da Igreja Católica reuniram-se para se inteirar de forma mais profunda sobre a realidade hídrica da região da Bacia do São Francisco.

O encontro contou ainda com a presença de peritos, estudiosos e agentes de pastorais sociais que apresentaram um diagnóstico sobre a conjuntura hídrica da Bacia do São Francisco, com diversos dados da realidade da região, especialmente do Cerrado, principal fonte de abastecimento do velho Chico. Entre os assessores estavam Roberto Malvezzi (“Gogó”) da Diocese de Juazeiro/BA e especialista no tema, o Prof. José Alves Siqueira da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) em Petrolina e membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Segundo os participantes, é urgente a criação da Moratória do Cerrado, onde as liberações de supressão vegetal e de outorga precisariam ser suspensas por um período, dando tempo para a recuperação do lençol freático.

A teologia e orientação pastoral da Laudato Si repercutiram no encontro com sua chamada à “conversão ecológica”, ao cuidado com a casa comum e à ética da responsabilidade ambiental. Na conclusão do encontro, alguns encaminhamentos foram apresentados, como: (1) Lançamento da Carta do Bom Jesus da Lapa no Primeiro Domingo do Advento; (2) Ações de sensibilização e educação junto às comunidades e ao povo para o cuidado, defesa e revitalização do São Francisco; (3) Ações junto às autoridades e aos governos para responder ao SOS do São Francisco.

Representando as 16 dioceses banhadas pelo rio São Francisco, nos estados de Pernambuco, Minas Gerais, Bahia e Ceará, os dez bispos de sua bacia lançaram a “Carta da Lapa”, resultado do I Encontro dos bispos da Bacia do Rio São Francisco, realizado em Bom Jesus da Lapa.

Segue o documento na íntegra:

 

CARTA DA LAPA

“À luz do Evangelho, em comunhão com o Papa Francisco e inspirados pela carta encíclica “Laudato Sí”, nós, bispos da bacia do Rio São Francisco, representando onze das dezesseis dioceses, diante do processo de morte em que este Rio se encontra e das consequências que isto representa para a população que dele depende, assumimos de forma colegiada a defesa do Velho Chico, de seus afluentes e do povo que habita sua bacia. Como pastores a serviço do rebanho que nos foi confiado, constatamos, com profunda dor:

(a) o sumiço de inúmeras nascentes de pequenos subafluentes e, em consequência, o enfraquecimento dos afluentes que alimentam o São Francisco;

(b) o aumento da demanda da água para a irrigação, indústria, consumo humano e outros usos econômicos, sem levar em conta a capacidade real dos rios de ceder água;

(c) a destruição gradativa das matas ciliares expondo os rios ao assoreamento cada vez maior;

(d) a decadência visual dos rios e da biodiversidade;

(e) o aumento visível dos conflitos na disputa pela água em toda a região;

(f) empresas sempre fazem prevalecer seus interesses e o Estado acaba por ser legitimador de um modelo predatório de desenvolvimento.

Tudo isso vem gerando a destruição lenta e cruel da biodiversidade do Velho Chico e, consequentemente, sua morte gradativa. Diante dessa triste realidade, enquanto bispos da bacia do Rio São Francisco e pastores do rebanho que nos foi confiado, propomos:

 

1- Sermos uma “Igreja em Saída”: Ir ao encontro do povo e, como pastores, convocar os cristãos e as pessoas sensíveis à causa, para juntos assumirmos o grande desafio de salvar o rio da morte e garantir a vida humana, da fauna e da flora que dele dependem;

2- Sermos uma “Igreja Missionária”: Realizar visitas às nossas comunidades, missões, peregrinações, romarias e estabelecer um diálogo aberto com as pessoas para que entendam e assumam, à luz da fé, o cuidado com a “Casa Comum”, particularmente, a defesa do nosso Rio;

3-Sermos uma “Igreja Profética”: Elaborar subsídios educativos sobre meio-ambiente e o modo de preservá-lo. Utilizar os meios de comunicação, rádios, periódicos diocesanos para levar ao maior número de pessoas a boa nova da preservação da vida;

4-Sermos uma “Igreja Solidária”: Reforçar as iniciativas populares de recomposição florestal, recuperação de nascentes, revitalização de afluentes; incentivar a ética da responsabilidade socioambiental capaz de gerar um modo de vida sustentável de convivência com a caatinga, o cerrado e a mata atlântica; defender políticas públicas para implementação do saneamento básico, apoio à agricultura familiar, manutenção de áreas preservadas, a exemplo dos territórios das comunidades tradicionais de fundo e fecho de pasto, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores, etc.

5-Finalmente, declaramos nossa posição em defesa do “Repouso Sabático” para os nossos biomas a fim de que possam se reconstituir. Particularmente, uma moratória para o Cerrado, por um período de dez anos. Durante esse período não seria permitido nenhum projeto que desmate mais ainda o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica, biomas que alimentam o Rio São Francisco e dele também se alimentam.

6-Nesse sentido chamamos as autoridades federais, os governadores, prefeitos, deputados, senadores, o Ministério Público, para que assumam sua responsabilidade constitucional na defesa do Velho Chico e do seu povo.

Que São Francisco, padroeiro da Ecologia e do Rio que traz o seu nome, nos inspire a cuidar da Criação. Que o Bom Jesus da Lapa, de cujo Santuário provém a água da torrente, abençoe e dê vida ao nosso Velho Chico e ao povo do qual ele é pai e mãe. Bom Jesus da Lapa, 1º Domingo do Advento de 2017.

Bispos participantes:

Dom José Moreira da Silva – Bispo de Januária (MG)
Dom José Roberto Silva Carvalho – Bispo de Caetité (BA)
Dom João Santos Cardoso – Bispo de Bom Jesus da Lapa (BA)
Dom Josafá Menezes da Silva – Bispo de Barreiras (BA)
Dom Luiz Flávio Cappio, OFM – Bispo de Barra (BA)
Dom Tommaso Cascianelli, CP – Bispo de Irecê (BA)
Dom Carlos Alberto Breis Pereira, OFM – Bispo de Juazeiro (BA)
Monsenhor Malan Carvalho – Administrador Diocesano de Petrolina (PE)
Dom Gabriele Marchesi – Bispo de Floresta (PE)
Dom Guido Zendron – Bispo de Paulo Afonso (BA)

Fonte: http://cnbb.net.br

“Esse problema, que (em seu âmbito) afeta o mundo inteiro, não pode depender do que pensam ou é conveniente a alguns homens em Roma e suas ‘redondezas’”. A reflexão é de José María Castillo, teólogo espanhol, em artigo publicado por Religión Digital, 02-12-2017. A tradução é de André Langer.

Eis o artigo.

É evidente que o Papa Francisco está mudando, em coisas muito sérias, o exercício do papado. Todos estão vendo isso. E certamente por isso, este Papa está encontrando tanta resistência e não poucos conflitos em determinados ambientes, com personalidades importantes e em algumas esferas de grande renome e poder no clero.

Não vou entrar em mais detalhes sobre este assunto, que é bastante delicado e merece um respeito cuidadoso. De qualquer forma, e aconteça o que for nos próximos anos, tenho a impressão bem fundada de que a partir do Papa Bergoglio o papado não mais será exercido como foi até o dia em que Bento XVI renunciou ao seu cargo. Será melhor? Será pior? Será diferente. Penso que isso é certo.

Mas a forma de viver e governar do Papa não é o de toda a Igreja. Pelo contrário. Há questões urgentes e inevitáveis que não podem esperar. No momento, limito-me a indicar algumas, que, por outro lado, estão à vista de todos. É importante e urgente atualizar a liturgia, o direito canônico, a vida religiosa, a teologia, a participação dos leigos na gestão das paróquias, nas dioceses, na cúria romana e muitas outras questões que estão aí e que todos veem. Por mais que haja aqueles que estão relutantes em ver o que é impossível esconder. Não exagero. Nem invento nada.

Em todo caso, a mudança mais urgente – parece-me – refere-se à renovação do clero. Cada dia que passa, há menos sacerdotes. E os poucos que vamos ficando (eu não me secularizei) estamos ficando, logicamente, todos os dias mais velhos. Os seminários, os noviciados, estão quase vazios ou foram fechados. Já existem muitas paróquias que não têm pároco. Ou o pároco que elas têm deve atender várias outras paróquias, que podem estar distantes uma da outra.

E isso deve encontrar – e em breve – alguma solução. Essa mudança está sendo preparada? Em que vai consistir? Não seria conveniente informar a Igreja sobre o que se está fazendo para resolver esse problema? É uma questão que diz respeito a todos os crentes no Senhor Jesus. E todos deveriam ter a oportunidade de contribuir com o seu ponto de vista. Por que não se dá esse passo? O trabalho está sendo feito “por baixo dos panos”? Por que está sendo escondido de nós o que seria bom dar a conhecer e oferecer a oportunidade de saber o que pensa, quer, precisa e espera quem tem necessidade da solução?
Muitos de nós se fazem essas perguntam. Ou, talvez, outras semelhantes, mas relacionadas com o mesmo problema de fundo. Esse problema, que (em seu âmbito) afeta o mundo inteiro, não pode depender do que pensam ou é conveniente a alguns homens em Roma e suas “redondezas”. Teremos logo uma resposta? E se parece indiscreto inclusive perguntar isso e contá-lo aos outros, então será preciso pensar em soluções que me parecem muito mais sérias.

Não quero dizer que devemos começar a buscar “Novos Paradigmas”. Não sei aonde isso leva. Refiro-me ao “projeto de vida” que Jesus nos deixou, ele que “renunciou à sua posição” e fez-se “escravo de todos”, “como um de nós”, de acordo com o que nos ensina o Novo Testamento. Se não estamos dispostos a fazer isso, por que continuamos a ponderar sobre o que não sabemos onde nos leva? Sempre acreditei que Jesus é a “encarnação de Deus”, a “revelação de Deus”, a “humanização de Deus”. Mas acreditar nisso é viver de acordo com o que isso representa e exige. Este é o caminho que eu vejo mais claramente. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Em conformidade com as prioridades da CRB, o encontro procurou intensificar a cultura do encontro

Com o objetivo de ser o espaço de união, reflexão e desejo de busca pelos caminhos de luta, principalmente, em defesa da vida indígena e negra, o II Encontro Nacional do GRENI, aconteceu nesta sexta-feira (01) no Instituto São Boaventura, em Brasília. Cerca de 30 religiosos participaram da reunião.

A segunda prioridade do Triênio 2016-2019 da CRB Nacional busca fomentar relações humanizadoras e solidárias, vivendo os valores da comunhão. Nesse contexto, os religiosos presentes debateram e partilharam suas experiências de resistência e luta pelos direitos dos menos favorecidos e a importância da participação dos religiosos no atual momento do país.

Vítima de várias ameaças, uma delas, por denunciar agressões de policiais contra adolescentes, Ir. Telma Coelho, Franciscana de Ingolstadt, chegou a ser agredida fisicamente e verbalmente, com insultos raciais, foi inclusive, atingida por um carro enquanto andava de bicicleta no município em que atuava. Ela destaca que é preciso persistir em meio a tantas dificuldades e empoderar-se para assim ajudar aos jovens.

A religiosa também entende como importante, a participação de toda a VRC no objetivo de ser um suporte que fortaleça ainda mais essa luta: “Que todos os religiosos negros ou indígenas possam assumir sua identidade, não só assumir mais ter coragem de se identificar e ajudar o nosso povo… e que os jovens sintam que aquele religioso e religiosa se compromete, fala, apoia e está disposto a fazer uma caminhada conjunta”, diz.

Um dos participantes do encontro, Pe. Gaudêncio Gomes Campos, fala que o encontro do GRENI faz retornar as origens e ajuda dentro do processo de conscientização: “Essa volta e aprofundamento, faz você caminhar de maneira mais segura e serena como ser indígena e negro”, conclui. Fonte: http://www.crbnacional.org.br

 

Com a celebração da Santa Missa com os jovens, terminou oficialmente a visita apostólica do Papa Francisco em Myanmar. Eis na íntegra, o homilia do Santo Padre:

Quando já se aproxima do fim a minha visita à vossa linda terra, uno-me convosco para agradecer a Deus pelas muitas graças que recebemos nestes dias. Contemplando-vos a vós, jovens do Myanmar, e a todos aqueles que nos acompanham fora desta catedral, quero partilhar uma frase da primeira Leitura de hoje que ressoa dentro de mim. Tirada do profeta Isaías, é retomada por São Paulo na sua carta à jovem comunidade cristã de Roma. Escutemos uma vez mais estas palavras: «Que bem-vindos são os pés dos que anunciam as boas-novas!» (Rm 10, 15; cf. Is 52, 7)

Queridos jovens do Myanmar, veio-me a vontade de aplicar a vós estas palavras depois de ter ouvido as vossas vozes hoje enquanto cantáveis. Sim, bem-vindos são os vossos pés, e é bom e encorajador ver-vos, porque nos anunciais «uma boa-nova», a boa-nova da vossa juventude, da vossa fé e do vosso entusiasmo. Claro, vós sois uma boa-nova, porque sois sinais concretos da fé da Igreja em Jesus Cristo, que nos traz uma alegria e uma esperança que jamais terão fim.

Alguns se interrogam como é possível falar de boas-novas quando tantos sofrem ao nosso redor. Onde estão as boas-novas, quando tanta injustiça, pobreza e miséria estende a sua sombra sobre nós e o nosso mundo? Contudo gostaria que deste lugar partisse uma mensagem muito clara. Gostaria que as pessoas soubessem que vós, homens e mulheres jovens do Myanmar, não tendes medo de acreditar na boa-nova da misericórdia de Deus, porque essa boa-nova tem um nome e um rosto: Jesus Cristo. Como mensageiros desta boa-nova, estais prontos a anunciar uma palavra de esperança à Igreja, ao vosso país, ao mundo inteiro. Estais prontos a anunciar a boa-nova aos irmãos e irmãs que sofrem e precisam das vossas orações e da vossa solidariedade, mas também da vossa paixão pelos direitos humanos, pela justiça e pelo crescimento daquilo que Jesus dá: amor e paz.

Mas gostaria também de vos propor um desafio. Ouvistes com atenção a primeira Leitura? Nela, São Paulo repete três vezes a palavra «sem». É uma palavra pequena, mas que nos faz pensar sobre o nosso lugar no projeto de Deus. De facto, Paulo formula três perguntas que eu gostaria de colocar, pessoalmente, a cada um de vós. A primeira: «Como hão de acreditar sem terem ouvido falar d’Ele?» A segunda: «Como hão de ouvir falar, sem um mensageiro que O anuncie?» A terceira: «Como há de um mensageiro anunciar, sem ser enviado?» (cf. Rm 10, 14-15).

Gostaria que todos vós pensásseis profundamente nestas três questões. Mas não tenhais medo! Como pai (talvez fosse melhor dizer avô!) benévolo, não quero deixar-vos sozinhos perante tais perguntas. Permiti oferecer-vos alguns pensamentos que vos possam guiar no caminho da fé e ajudar-vos a discernir aquilo que o Senhor está a pedir-vos.

A primeira pergunta de São Paulo é: «Como hão de acreditar sem terem ouvido falar d’Ele?». O nosso mundo está cheio de tantos ruídos e distrações que podem sufocar a voz de Deus. Para que outros sejam chamados a ouvir falar d’Ele e a crer n’Ele, precisam de O encontrar em pessoas que sejam autênticas, pessoas que sabem como ouvir. Certamente é o que vós quereis ser. Mas só o Senhor pode ajudar-vos a ser genuínos. Por isso falai com Ele na oração. Aprendei a ouvir a sua voz, falando serenamente com Ele no íntimo do vosso coração.

Mas falai também com os Santos, com os nossos amigos no Céu que vos podem inspirar. Como Santo André, que hoje festejamos. Era um simples pescador e tornou-se um grande mártir, uma testemunha do amor de Jesus. Mas, antes de se tornar um mártir, cometeu os seus erros e precisou de ser paciente, aprendendo gradualmente como ser um verdadeiro discípulo de Cristo. Também vós não tenhais medo de aprender com os vossos erros! Possam os Santos guiar-vos até Jesus, ensinando-vos a colocar as vossas vidas nas mãos d’Ele. Sabeis que Jesus é cheio de misericórdia. Então partilhai com Ele tudo o que tendes no coração: os medos e as preocupações, os sonhos e as esperanças. Cultivai a vida interior, como faríeis com um jardim ou um campo. Isso requer tempo, requer paciência. Mas como um agricultor sabe esperar o crescimento da seara, assim também a vós, se tiverdes paciência, o Senhor concederá a graça de produzir muito fruto, um fruto que depois podereis partilhar com os outros.

A segunda pergunta de Paulo é: «Como hão de ouvir falar, sem um mensageiro que O anuncie?». Eis aqui uma grande tarefa, confiada especialmente aos jovens: ser «discípulos missionários», mensageiros da boa-nova de Jesus, sobretudo para os vossos coetâneos e amigos. Não tenhais medo de gerar confusão, de colocar perguntas que façam as pessoas a pensar! Nem tenhais medo, se às vezes notardes que sois poucos e dispersos por aqui e por ali. O Evangelho cresce sempre a partir de pequenas raízes. Por isso, fazei-vos ouvir! Gostaria de vos pedir para gritar, mas não com a voz; gostaria que gritásseis com a vida, com o coração, de modo a ser sinais de esperança para quem está desanimado, uma mão estendida para quem está doente, um sorriso acolhedor para quem é estrangeiro, um apoio carinhoso para quem está sozinho.

A última pergunta de Paulo é: «Como há de um mensageiro anunciar, sem ser enviado?». No final da Missa, seremos todos enviados a partilhar com os outros os dons que recebemos. Isto poderia ser um pouco desanimador, já que nem sempre sabemos aonde nos pode enviar Jesus. Mas Ele nunca nos envia, sem ao mesmo tempo caminhar ao nosso lado e sempre um pouco à nossa frente, para nos introduzir em novas e magníficas partes do seu Reino.

No Evangelho de hoje, como é que o Senhor envia André e seu irmão Simão Pedro? Dizendo-lhes: «Segui-Me» (Mt 4, 19). Eis aqui o que significa o envio: não atirar-se para a frente com as próprias forças, mas seguir Cristo! O Senhor convidará alguns de vós a segui-Lo como sacerdotes, tornando-se assim «pescadores de homens». Outros, chamá-los-á para se tornarem pessoas consagradas. E outros ainda, chamá-los-á à vida matrimonial, para serem pais e mães amorosos. Seja qual for a vossa vocação, exorto-vos: sede corajosos, sede generosos e, sobretudo, sede alegres!

Aqui, nesta linda catedral dedicada à Imaculada Conceição, encorajo-vos a olhar para Maria. Quando disse sim à mensagem do anjo, Ela era jovem como vós. Mas teve a coragem de confiar na boa-nova que ouvira e de a traduzir numa vida de fiel dedicação à sua vocação, de total doação de Si mesma e de completo abandono à solicitude amorosa de Deus. Como Maria, possais ser todos dóceis mas corajosos em levar Jesus e o seu amor aos outros!

Queridos jovens, com grande afeto, confio todos vós e vossas famílias à sua intercessão materna. E peço, por favor, que vos lembreis de rezar por mim. Myanmar pyi ko Payarthakin Kaung gi pei pa sei [Deus abençoe o Myanmar]! Fonte: http://pt.radiovaticana.va

(03/12/2017) Antes da oração mariana do Ângelus e dirigindo-se aos milhares de fiéis e peregrinos reunidos da Praça de S. Pedro, o Papa Francisco, na sua reflexão, falou do caminho do Advento que hoje iniciamos e que culminará no Natal. O advento, disse o Papa, é o tempo que nos é dado para acolhermos o Senhor que vem ao nosso encontro, para verificar o nosso desejo de Deus, para olhar para frente e preparar-nos para o regresso de Cristo:

“Ele retornará a nós na festa do Natal, quando faremos memória da sua vinda histórica na humildade da condição humana; mas vem dentro de nós toda as vezes que estamos dispostos a recebê-lo, e virá no fim dos tempos para "julgar os vivos e os mortos".

Por isso, devemos estar sempre vigilantes e aguardar o Senhor com a esperança de encontrá-lo, prosseguiu o Papa, observando que no Evangelho Jesus nos exorta a acautelar-nos e vigiar porque não sabemos quando será o momento, e que devemos vigiar e fazer que, vindo ele inesperadamente, não nos encontre a dormir.

Quem é, então, a pessoa que se acautela? É aquela – ressaltou Francisco - que, no barulho do mundo, não se deixa dominar pela distração ou superficialidade, mas vive de maneira plena e consciente, com uma preocupação dirigida antes de tudo aos outros. Com esta atitude, nos apercebemos das lágrimas e das necessidades do próximo e também podemos compreender as suas capacidades e qualidades humanas e espirituais. Igualmente, a pessoa atenta dirige-se ao mundo, procurando combater a indiferença e a crueldade que nele estão presentes, e alegrando-se com os tesouros de beleza que também existem e que devem ser conservados, ressaltou o Pontífice:

“Trata-se de ter um olhar de compreensão para reconhecer tanto as misérias e as pobrezas dos indivíduos e da sociedade, como a riqueza escondida nas pequenas coisas de cada dia, precisamente lá onde o Senhor nos colocou”.

Por outro lado, o vigilante é aquele que acolhe o convite para vigiar, isto é, não se deixa vencer pelo sono do desânimo, a falta de esperança, a desilusão; e, ao mesmo tempo, rejeita a solicitação das muitas vaidades de que o mundo está cheio. Tal e qual o povo de Israel, enfatizou o Santo Padre, que parecia que Deus o tinha deixado vaguear longe das suas vias, mas isso era o efeito da sua própria infidelidade.

“Também nós nos encontramos muitas vezes nesta situação de infidelidade ao chamamento do Senhor, enfatizou o Papa, pois Ele nos mostra o bom caminho, o caminho da fé e do amor, mas nós buscamos do outro lado a nossa felicidade”.

Prestar atenção e vigiar são, portanto, os pressupostos para não continuar a "vaguear longe das vias do Senhor", perdidos nos nossos pecados e nas nossas infidelidades – concluiu o Papa, invocando a Maria Santíssima, modelo na espera de Deus e ícone da vigilância, para que nos guie ao encontro do seu filho Jesus, reavivando o nosso amor por Ele.

Fonte: http://pt.radiovaticana.va