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RIO - em São Paulo, e encaminhado dentro de uma viatura da Guarda Civil Municipal (GCM) para prestar esclarecimentos na delagacia por desacato à autoridade.
André Luiz Pereira, o frei Agostino como é conhecido, foi encaminhado para a 77ª DP (Santa Cecília). Em um vídeo gravado pelo advogado José Beraldo, o frei relatou que os guardas municipais agiram com truculência ao abordarem moradores de rua na Cracolândia.
- Teve essa abordagem truculenta por parte dos GCMs e eu achei por bem defender a dignidade humana dos irmãos de rua, onde aconteceu toda essa questão. Disseram que eu iria para a delegacia por desacato de autoridade, abuso de autoridade, e estar impedindo o serviço e o trabalho do GCM - diz Agostino.
Segundo a secretaria municipal de Segurança Urbana, a GCM apoiava equipes de limpeza de rotina na Alameda Dino Bueno, nesta tarde, quando flagrou duas pessoas com drogas no local. Segundo a secretaria, os detidos foram levados para o 77ºDP, juntamente com uma testemunha que tentou impedir a ação. De acordo com Beraldo, os GCMs foram "brutos" com Agostino e excederam a autoridade. Fonte: https://extra.globo.com
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Pontífice comparou religiosas com o Sendero Luminoso durante encontro descontraído
LIMA — O Papa Francisco comparou freiras que espalham fofocas a "terroristas" neste domingo, assegurando que a prática é "pior que a de Ayacucho anos atrás", em referência aos anos de atividade do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso no Peru.
No último de seus quatros dias de visita ao país andino, o pontífice se reuniu com quinhentas freiras contemplativas no Santuário das Nazarenas, no centro de Lima, antes de partir para a Catedral para rezar perante as relíquias dos santos peruanos e encerrar a viagem com uma missa para uma multidão.
Em um encontro descontraído, no qual o religioso argentino não teve dúvidas ao intercalar piadas em meio a seu discurso sobre a unidade da igreja e a vocação das freiras para a oração, o papa afirmou que as fofocas devem ser evitadas no convento, pois são inspiradas pelo demônio.
"Sabem o que é uma freira fofoqueira? Terrorista. Pior que Ayacucho anos atrás. Porque a fofoca é como uma bomba (...), como o demônio. Atira a bomba, destrói tudo e vai embora tranquila. Freiras terroristas, não. Sem fofocas", afirmou.
"Já sabem que o melhor remédio para não fofocar é morder a língua. A enfermeira vai ter trabalho, porque a língua de vocês vai inflamar, porém não vão atirar a bomba. E lembrem-se dos terroristas de Ayacucho quando quiserem fazer uma fofoca", disse, em meio ao riso das pessoas presentes.
Ayacucho foi o berço da luta do grupo maoísta do Sendero Luminoso contra as forças de segurança do Peru, que deixou ao menos 69 mil mortos e desaparecidos durante uma guerra que durou duas décadas no fim do século passado, segundo dados oficiais.
Fonte: https://oglobo.globo.com
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"No silêncio do claustro, caminhais sempre ao meu lado".
Silvonei José - Cidade do Vaticano
Neste último dia do Papa Francisco em terras peruanas o primeiro compromisso foi a Oração da Hora Média com as Religiosas de vida contemplativa no Santuário do Senhor dos Milagres.
O Santuário do Senhor dos Milagres e o Mosteiro das Nazarenas é um complexo religioso, localizado no centro histórico de Lima, dedicado ao culto do Padroeiro do Peru, o Senhor dos Milagres, administrado pelas Irmãs Nazarenas Carmelitas Descalças.
“Sede faróis com a vossa vida fiel"
Presentes no interior do Santuário cerca de 500 religiosas peruanas de vida contemplativa. O Papa foi acolhido pelo capelão da Fraternidade do Senhor dos Milagres. A saudação em nome dos presentes foi feito pela Madre Superiora das Carmelitas Descalças do Santuário, Madre Soledad.
Após a Oração da Hora Média com as irmãs contemplativas, o Papa Francisco fez uma homilia iniciando com um tom alegre: “Ao ver-vos aqui, tenho a impressão que aproveitastes a minha visita para dar um passeio!" Obrigado a todas vós que, "no silêncio do claustro, caminhais sempre ao meu lado". O Papa também saudou os 4 Carmelos de Buenos Aires.
Recordando as palavras de São Paulo que recebemos o espírito filial, que nos torna filhos de Deus, disse o Papa, nelas se condensa a riqueza de cada vocação cristã: a alegria de nos sabermos filhos.
“ Um caminho privilegiado que tendes para renovar esta certeza é a vida de oração, comunitária e pessoal. A oração é o núcleo da vossa vida contemplativa e é o modo de cultivar a experiência de amor que sustenta a nossa fé. ”
Francisco citou em seguida Santa Teresinha do Menino Jesus: "Compreendi que só o amor fazia atuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo e que abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o amor é eterno (…): no coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor".
“ Ser o amor! É saber assistir o sofrimento de tantos irmãos, dizendo com o Salmista: «Na minha angústia, clamei ao Senhor. O Senhor escutou-me e pôs-me a salvo». ”
Assim, - continuou o Papa - a vossa vida na clausura consegue ter um alcance missionário e universal e «um papel fundamental na vida da Igreja. E Francisco fez um pedido: “Rezai e intercedei por tantos irmãos e irmãs presos, migrantes, refugiados e perseguidos, por tantas famílias feridas, pelas pessoas sem trabalho, pelos pobres, os doentes, as vítimas das várias dependências… limitando-me a citar algumas situações que se tornam, de dia para dia, mais urgentes”.
Através da oração, dia e noite, aproximais do Senhor a vida de tantos irmãos e irmãs que, por variadas situações, não O podem alcançar para experimentar a sua misericórdia sanadora, enquanto Ele os espera para lhes conceder a graça. Com a vossa oração, podeis curar as chagas de tantos irmãos».
Por isso – disse ainda o Papa - podemos afirmar que a vida de clausura não fecha nem estreita o coração; antes, alarga-o graças à relação com o Senhor e torna-o capaz de sentir, de forma nova, a dor, o sofrimento, a frustração, o infortúnio de tantos irmãos que são vítimas desta «cultura do descarte» do nosso tempo.
O Santo Padre pediu ainda às contemplativas: “Empenhai-vos na vida fraterna, tornando cada mosteiro um farol que possa iluminar no meio da desunião e da divisão. Ajudai a profetizar que isto é possível. Que todas as pessoas que se aproximarem de vós possam pregustar a bem-aventurança da caridade fraterna, tão caraterística da vida consagrada e tão necessária no mundo de hoje e nas nossas comunidades".
“Quando a vocação é vivida na fidelidade, a vida torna-se anúncio do amor de Deus. Peço-vos que não cesseis de dar este testemunho. ”
E Francisco concluiu suas palavras dizendo que Igreja precisa delas. “Sede faróis com a vossa vida fiel, e mostrai Aquele que é caminho, verdade e vida, o único Senhor que oferece plenitude à nossa existência e dá a vida em abundância. Rezai pela Igreja, pelos pastores, pelos consagrados, pelas famílias, pelos que sofrem, pelos que praticam o mal, pelos que exploram seus irmãos. E não vos esqueçais, por favor, de rezar por mim”. Fonte: http://www.vaticannews.va
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Leonardo Boff, teólogo, filósofo e escritor.
"Jesus deixa o seguinte mandato: 'Quando fordes revestidos de minha força e receberdes o Espírito Paráclito e fordes enviados a pregar o evangelho, pregai também a respeito de meu querido pai José'", escreve Leonardo Boff, teólogo, filósofo e escritor.
Eis o artigo.
Ao lado dos quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) que representam a inteligência da fé, pois são verdadeiras teologias acerca da figura de Jesus, existe uma vasta literatura apócrifa (textos não reconhecidos oficialmente) que levam também entre outros, o nome de evangelho, como o Evangelho de Pedro, o Evangelho de Maria Madalena e a História de José, o Carpinteiro que iremos comentar. Não foram acolhidos oficialmente por não se enquadraram na ortodoxia então dominante no século II e III quando a maioria surgiu. Eles obedecem à lógica do imaginário e preenchem o vazio de informações dos evangelhos, especialmente acerca da vida oculta de Jesus. Mas tiveram grande importância para a arte, especialmente na Renascença e, em geral, na cultura popular. A própria teologia hoje, com novas hermenêuticas os valoriza.
Este apócrifo, A história de José, o carpinteiro (edição da Vozes 1990), é rico de informações sobre Jesus e José. Na verdade, se trata de uma longa narrativa de Jesus sobre seu pai José feita aos apóstolos. Jesus inicia assim: “Agora escutai: vou narrar-vos a vida de meu pai José, o bendito ancião carpinteiro”.
Então Jesus conta que José era um carpinteiro, viúvo, com 6 filhos, quatro homens (Tiago, José, Simão e Judas) e duas mulheres (Lísia e Lídia). “Esse José é meu pai segundo a carne, com quem se uniu, como consorte, com minha mãe Maria.”
Narra a perturbação de José ao encontrar Maria grávida, sem a participação dele. Narra outrossim o nascimento de Jesus em Belém, a fuga para o Egito e a volta à Galileia. Termina dizendo: ”Meu pai José, o ancião bendito, continuou exercendo a profissão de carpinteiro e assim com o trabalho de suas mãos pudemos manter-nos. Jamais se poderá dizer que comeu seu pão sem trabalhar”.
Referindo-se a si mesmo, Jesus diz: “Eu de minha parte, chamava a Maria de ‘minha mãe’ e a José de ‘meu pai’. Obedecia-lhes em tudo o que me ordenavam sem me permitir jamais replicar-lhes uma palavra. Pelo contrário, dedicava-lhes sempre grande carinho”.
Continuando, Jesus conta que José casou pela primeira vez quando tinha 40 anos. Permaneceu casado por 49 anos até a morte da esposa. Tinha portanto 89 anos. Ficou viúvo um ano. Depois dos esponsais com Maria até o nascimento de Jesus ter-se-iam passado 3 anos. José teria, pois, 93 anos. Ficou com Maria por 18 anos. Somando tudo, teria morrido com 111 anos.
Depois, com detalhes, narra que seu pai “perdeu a vontade de comer e de beber; sentiu perder a habilidade no desempenho de seu ofício” Ao acercar-se a morte, José se lamenta proferindo onze ais. É o momento em que Jesus entra no aposento e se revela grande consolador. Diz: “Salve, José, meu querido pai, ancião bondoso e bendito”. Ao que José responde: “Salve, mil vezes, querido filho. Ao ouvir tua voz, minha alma recobrou a sua tranquilidade”. Em seguida, José recorda momentos de sua vida com Maria e com Jesus até recorda o fato de “ter-lhe puxado a orelha e o admoestado: ‘sê prudente, meu filho’ porque na escola fazia artes e provocava o rabino.
Jesus então confidencia: “Quando meu pai pronunciou estas palavras, não pude conter as lágrimas e comecei a chorar, vendo que a morte ia se apoderando dele. “Eu, meus queridos apóstolos, fiquei à sua cabeceira e minha mãe a seus pés…por muito tempo segurei suas mãos e seus pés. Ele me olhava, suplicando que não o abandonássemos. Pus minha mão sobre seu peito e senti sua alma que já subira à sua garganta, para deixar o corpo.”
Vendo que a morte demorava por vir, Jesus fez uma oração forte ao Pai: “Meu Pai misericordioso, Pai da verdade, olho que vê e ouvido que escuta, escuta-me: Sou teu filho querido; peço-te por meu pai José, obra de tuas mãos… Sê misericordioso para com a alma de meu pai José, quando for repousar em tuas mãos, pois esse é o momento em que mais necessita de tua misericórdia”. “Depois ele exalou o espírito e eu o beijei; eu me atirei sobre o corpo de meu pai José…fechei seus olhos e cerrei sua boca e levantei-me para contemplá-lo”. José acabara de falecer.
No sepultamento Jesus confidencia aos apóstolos: “não me contive e lancei-me sobre seu corpo e chorei longamente”, Termina fazendo um balanço da vida de seu pai José:
“Sua vida foi de 111 anos. Ao fim de tanto tempo, não tivera um só dente cariado e sua vista não se enfraquecera. Toda sua aparência era semelhante à de uma criança. Nunca sofreu qualquer indisposição física. Trabalhou continuamente em seu ofício de carpinteiro até o dia em que lhe sobreveio a enfermidade que o levaria à sepultura”.
Ao encerrar seu relato, Jesus deixa o seguinte mandato:“Quando fordes revestidos de minha força e receberdes o Espírito Paráclito e fordes enviados a pregar o evangelho, pregai também a respeito de meu querido pai José”. O livro que escrevi sobre São Joséquis responder a este mandato de Jesus.
A bem da verdade, ele ficou quase esquecido pela Igreja oficial. Mas o povo guardou-lhe a memória, pondo o nome de José a seus filhos, a cidades e a ruas e a escolas. Ele é o símbolo dos sem-nome, dos sem-poder, dos operários e da Igreja dos anônimos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Uma policial a cavalo foi derrubada exatamente no momento da passagem do papamóvel, que rapidamente desviou para tentar evitá-la, e Francisco fez com que o carro parasse. Ele decidiu ir ao encontro da mulher que ficou caída no chão e, junto com os socorristas, quis verificar a sua condição. A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 18-01-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
No fim da missa no Campus Lobito de Iquique, o pontífice subiu no papamóvel para se dirigir à casa de retiros Señora de Lourdes dos padres oblatos, em Iquique, a cerca de 20 quilômetros de distância. Pouco antes de chegar, na entrada da cidade, o cortejo papal percorreu uma estrada com uma rede metálica nos lados e muitos fiéis. Para garantir a segurança do pontífice, havia policiais a cavalo ao longo do trajeto.
Exatamente no momento em que o carro papal estava passando, o cavalo de uma policial, no lado esquerdo da estrada, de repente empinou, e a agente foi jogada ao chão. O papamóvel desviou e não a atingiu.
Francisco fez com que o carro parasse e, a pé, voltou para averiguar a situação e as condições da ferida, à espera da chegada dos socorristas. Ele se inclinou e a abraçou. A mulher estava consciente e, ao esperar a chegada da ambulância, o pontífice lhe dirigiu palavras de consolo e lhe agradeceu pelo seu serviço. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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No discurso às autoridades peruanas, Francisco falou da corrupção como forma sutil de degradação do meio ambiente que contamina progressivamente todo o tecido vital.
Cidade do Vaticano.
O lema da viagem ao “Unidos pela esperança” foi o tema do discurso que o Papa Francisco fez às autoridades no Palácio do Governo de Lima, em seu primeiro dia de atividades em solo peruano.
“Olhar esta terra é, por si só, um motivo de esperança. Vocês possuem uma pluralidade cultural muito rica e cada vez mais interativa, que constitui a alma deste povo”, disse o Papa.
Os motivos de esperança são os jovens, presente mais vital que a sociedade possui, e o rosto de santidade do país. Francisco mencionou os Santos peruanos que abriram caminhos de fé para todo o continente americano, como S. Martinho de Porres.
Ameaças
Todavia, sobre esta esperança estende-se uma ameaça: o despojamento da terra dos recursos naturais, sem os quais nenhuma forma de vida é possível.
“Neste contexto, ‘unidos para defender a esperança’ significa fomentar e desenvolver uma ecologia integral. E isto exige escutar, reconhecer e respeitar as pessoas e os povos locais como válidos interlocutores.”
Para Francisco, a degradação do meio ambiente está intimamente ligada à degradação moral das comunidades. “Não podemos concebê-las como duas questões separadas.”
O Papa citou como exemplo as extrações minerárias irregulares e a devastação de florestas e rios com toda a sua riqueza. Como consequência, há o tráfico de seres humanos – nova forma de escravatura –, trabalho irregular e delinquência.
Vírus social
Porém, Francisco incluiu outra forma mais sutil de degradação ambiental que contamina progressivamente todo o tecido vital: a corrupção.
“Quanto mal faz, aos nossos povos latino-americanos e às democracias deste abençoado continente, este 'vírus' social! É um fenômeno que tudo infeta, sendo os pobres e a mãe-terra os mais prejudicados. Tudo o que se puder fazer para lutar contra este flagelo social merece a maior das considerações e cooperações; e esta luta pertence-nos a todos. ”
Portanto, ‘unidos para defender a esperança’ implica maior cultura da transparência entre entidades públicas, setor privado e sociedade civil. “Ninguém pode ficar alheio a este processo; a corrupção é evitável e exige o compromisso de todos.”
O Papa concluiu seu discurso exortando os que ocupam cargos de responsabilidade a trabalharem para que o Peru seja um espaço de esperança e oportunidades não só para poucos, mas para todos.
Neste esforço, Francisco renovou o compromisso da Igreja Católica, que acompanhou e acompanha a nação peruana para que continue a ser uma terra de esperança.
“Santa Rosa de Lima interceda por cada um de vocês e por esta abençoada nação. De novo, obrigado!”.
Fonte: http://www.vaticannews.va
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No último encontro do primeiro e muito intenso dia no Chile (cinco compromissos e cinco discursos), o Papa Francisco encontrou-se brevemente, na Catedral de Santiago do Chile, com os bispos do país. Uma breve saudação, um encontro quase fugaz, que se transforma na ocasião para chamar as hierarquias a não cair no clericalismo e a se considerar parte do Povo de Deus, sem tratar os leigos como "servos" que devem "repetir como papagaios" o que dizem os bispos e os sacerdotes. A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 17-01-2018. A tradução é de André Langer.
No início do encontro, o Papa saudou o bispo mais idoso do mundo, Bernardino Piñera Carvallo, de 102 anos, que participou como padre conciliar das quatro sessões do Concílio Vaticano II.
Francisco enfatizou a importância da paternidade do bispo com o seu presbitério: "Uma paternidade que não é nem paternalismo nem abuso de autoridade. É um presente. Fiquem perto dos seus padres ao estilo de São José".
Depois convidou para recuperar a consciência de ser parte do povo: "Um dos problemas que as nossas sociedades enfrentam todos os dias é o sentimento de ser órfãos, ou melhor, sentir que não pertencemos a ninguém. Esse sentimento "pós-moderno" pode penetrar em nós e no nosso clero; então, começamos a pensar que não pertencemos a ninguém, esquecemos que somos parte do santo povo fiel de Deus e que a Igreja não é e nunca será uma elite de consagrados, sacerdotes ou bispos. Não poderemos sustentar nossa vida, nossa vocação ou ministério sem esta consciência de ser povo".
A ausência desta consciência "de pertencer ao povo de Deus como servos e não como patrões" – acrescentou o Pontífice – "pode nos levar a uma das tentações que mais prejudicam o dinamismo missionário que somos chamados a promover: o clericalismo, que é uma caricatura da vocação recebida".
"A falta de consciência do fato de que a missão é de toda a Igreja, e não do sacerdote ou do bispo" – disse Bergoglio –, "limita o horizonte e, o que é pior, limita todas as iniciativas que o Espírito pode suscitar no meio de nós. Digamos claramente: os leigos não são nossos servos nem nossos funcionários. Eles não devem repetir como 'papagaios' o que dizemos".
"Vigiemos, por favor, contra esta tentação, especialmente nos seminários e em todo o processo de formação – exortou Francisco. Os seminários devem colocar o acento no fato de que os futuros sacerdotes sejam capazes de servir o santo povo fiel de Deus, reconhecendo a diversidade de culturas e renunciando à tentação de qualquer forma de clericalismo. O sacerdote é ministro de Cristo, que é o protagonista que se faz presente em todo o povo de Deus".
"Os sacerdotes do futuro – concluiu – devem formar-se olhando para o futuro: seu ministério se desenvolverá de um modo secularizado e, portanto, cabe a nós pensar como prepará-los para desenvolver sua missão nesse cenário concreto, e não em nossos "mundos ou estados ideais". Uma missão que se dá em união fraterna com todo o povo de Deus. Ombro a ombro, dando impulso e estimulando o laicato em um clima de discernimento e sinodalidade, duas características fundamentais do sacerdote de amanhã. Não ao clericalismo e a mundos ideais que entram apenas em nossos esquemas, mas que não tocam a vida de ninguém". Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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A informação foi confirmada pelo Hospital Mater Dei, por meio de uma nota, onde ele estava internado desde o dia 11 de janeiro
Morreu na manhã desta quinta-feira (18) músico e compositor Flávio Henrique Alves de Oliveira, de 49 anos, que também era presidente da Rede Minas e da Rádio Inconfidência. A informação foi confirmada pelo Hospital Mater Dei, por meio de uma nota, onde ele estava internado com febre amarela desde o dia 11 de janeiro.
"Comunicamos que o paciente Flávio Henrique Alves de Oliveira, internado na Rede Mater Dei de Saúde no dia 11 de janeiro de 2018, faleceu hoje dia 18 de janeiro de 2018, às 7h30, em decorrência de complicações de Febre Amarela", dizia o texto divulgado pela unidade de saúde.
Nos últimos dias, pelo Facebook, vários amigos do músico já vinham alertando para a possibilidade dele estar com a doença, no entanto a confirmação só saiu na quarta-feira (17), um dia antes de sua morte. Fonte: http://www.otempo.com.br
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Um encontro de festa, com a alegria e o entusiasmo que os caracterizam, no qual o Sucessor de Pedro sentiu o calor e o afeto dos jovens chilenos.
Cidade do Vaticano
“Arriscar, correr riscos. Queridos amigos, sede corajosos, ide prontamente ao encontro dos vossos amigos, daqueles que não conheceis ou que atravessam um momento difícil.” Foi a exortação do Papa Francisco no encontro com os jovens esta quarta-feira (17/01) no “Santuário de Maipú”, em Santiago, um dos eventos memoráveis desta visita do Santo Padre ao Chile, no âmbito de sua 22ª viagem apostólica internacional, que depois o levará ao Peru.
Ser protagonistas é fazer o que Jesus fez
Um encontro de festa, com a alegria e o entusiasmo que os caracterizam, no qual o Sucessor de Pedro sentiu o calor e o afeto dos jovens chilenos. Após a saudação do jovem Ariel ao Santo Padre teve lugar um momento particularmente simbólico. Foi feita a apresentação do Símbolo dos jovens para o Sínodo: os jovens carregaram a Cruz do Chile. Tendo entregue ao Papa uma fita – sinal do sangue derramado por Cristo –, Francisco a colocou na Cruz.
Segundo centenário do Santuário dedicado à Virgem do Carmo
Já no início de seu discurso o Papa disse considerar muito importante poder estar com eles e “caminhar juntos por um pouco, ajudando-nos a olhar em frente!”, ressaltou, acrescentando a satisfação de encontrar-se no “Santuário de Maipú” dedicado à Virgem do Carmo, cujo templo comemora este ano seu segundo centenário.
“ A Virgem do Carmo acompanha-vos para poderdes ser os protagonistas do Chile que sonham os vossos corações. E sei que o coração dos jovens chilenos sonha, e sonha em grande. ”
“Vós gostais de aventuras e desafios. Antes, aborreceis-vos quando não tendes desafios que vos estimulem”, disse o Papa afirmando que em seu ministério episcopal teve a oportunidade de descobrir que há muitas e boas ideias no coração e na cabeça dos jovens.
“O problema somos nós, os grandes, que muitas vezes, com cara de sabichões, dizemos: ‘Pensa assim porque é jovem, depressa amadurecerá’. Até parece que amadurecer seja aceitar a injustiça, pensar que nada se pode fazer, resignar-se porque tudo sempre foi assim.”
Foi tendo em conta toda esta realidade dos jovens que o Papa disse querer realizar este ano o Sínodo e, antes do Sínodo, o Encontro de jovens, “para que se sintam e sejam protagonistas no coração da Igreja; para nos ajudar a fazer com que a Igreja tenha um rosto jovem”.
“ Quanta necessidade tem a Igreja chilena de vós, para nos ‘sacudirdes’ e ajudardes a estar mais perto de Jesus! ”
Tendo contado o caso do jovem que ao encontrar-se com seu celular com a bateria descarregada ou sem sinal da internet, disse-lhe que ficava aborrecido porque não podia acompanhar o que estava acontecendo, por ficar fora do mundo, Francisco afirmou que o mesmo pode nos acontecer com a fé.
“Sem conexão, sem a conexão com Jesus, acabamos por afogar as nossas ideias, os nossos sonhos, a nossa fé e enchemo-nos de mau humor. E de protagonistas que somos e queremos ser, podemos chegar a pensar que tanto vale fazer algo como não o fazer. Ficamos desconectados do que está acontecendo no ‘mundo’. Começamos a sentir que ficamos ‘fora do mundo’, como me dizia aquele jovem.”
Francisco apontou aos jovens a regra de ouro de Santo Alberto Hurtado, jesuíta chileno: “Que faria Cristo no meu lugar?”, qual palavra-chave, “a carga da bateria para acender o nosso coração, acender a nossa fé e a centelha nos nossos olhos. Isto é ser protagonistas da história”, afirmou.
Jesus é fonte de vida e de alegria
Olhos cintilantes porque descobrimos que Jesus é fonte de vida e alegria. Ser protagonistas é fazer o que Jesus fez. Onde quer que estejas, com quem quer que te encontres e seja a hora que for: “Que faria Jesus no meu lugar?”
“Ide com a única promessa que temos: no meio do deserto, do caminho, da aventura, sempre haverá a ‘conexão’, sempre existirá um ‘carregador de baterias’. Não estaremos sozinhos.” Sempre gozaremos da companhia de Jesus, de sua Mãe e duma comunidade. Uma comunidade que certamente não é perfeita, mas isso não significa que não tenha muito para amar e oferecer aos outros, acrescentou.
Premente exortação aos jovens chilenos
“Sede vós os jovens samaritanos que nunca abandonam um homem caído no caminho. Sede vós os jovens cireneus que ajudam Cristo a levar a sua Cruz e compartilham o sofrimento dos irmãos. Sede como Zaqueu, que transforma o seu coração materialista num coração solidário. Sede como a jovem Madalena, buscando apaixonadamente o amor, que só em Jesus encontra as respostas de que necessita. Tende o coração de Pedro, para deixar as redes nas margens do lago. Tende o carinho de João, para repor n’Ele todos os vossos afetos. Tende a disponibilidade de Maria para cantar com alegria (ao Senhor) e fazer a sua vontade”, exortou, por fim, Francisco. Fonte: http://www.vaticannews.va
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Após o encontro com os sacerdotes e consagrados, nesta terça-feira (16/01), o Papa Francisco encontrou-se com os bispos do Chile na Sacristia da Catedral, em Santiago.
O Pontífice agradeceu as palavras a ele dirigidas pelo Presidente da Conferência Episcopal Chilena, Dom Santiago Silva Retamales, e a seguir, saudou Dom Benardino Piñera Carvallo, que celebra, este ano, sessenta anos de episcopado. “É o bispo mais idoso do mundo, tanto na idade como nos anos de episcopado e viveu quatro sessões do Concílio Vaticano II. Maravilhosa memória vivente”, disse Francisco. A informação é publicada por Vatican News, 16-01-2018.
O Papa recordou em seu discurso que, em breve, irá completar um ano da visita ad limina dos bispos chilenos ao Vaticano.
“Agora coube a mim visitá-los e fico feliz por este encontro acontecer logo depois do encontro com o «mundo consagrado», pois uma de nossas tarefas principais consiste precisamente em estar perto de nossas pessoas consagradas, dos nossos sacerdotes.”
“Se o pastor se dispersa, também as ovelhas se dispersarão e ficarão à mercê de qualquer lobo. Irmãos, a paternidade do bispo com os seus sacerdotes, com o seu presbitério! ”
"Uma paternidade que não é paternalismo nem abuso de autoridade. Eis um dom que vocês devem pedir: estar perto de seus padres, com o estilo de São José. Uma paternidade que ajuda a crescer e a desenvolver os carismas que o Espírito quis derramar em seus respectivos presbitérios.”
O Papa retomou alguns pontos do encontro realizado em Roma, resumindo-os na frase: “a consciência de ser povo”.
“Um dos problemas, que enfrentam atualmente as nossas sociedades, é o sentimento de orfandade, ou seja, sentir que não pertencem a ninguém. Este sentir «pós-moderno» pode penetrar em nós e no nosso clero; então começamos a pensar que não pertencemos a ninguém, esquecemo-nos de que somos parte do santo povo fiel de Deus e que a Igreja não é, e nunca será, uma elite de pessoas consagradas, sacerdotes ou bispos.
“Não poderemos sustentar a nossa vida, a nossa vocação ou ministério, sem esta consciência de ser povo.” Esquecermo-nos disso – como afirmei à Comissão para a América Latina – «comporta vários riscos e deformações na nossa experiência, quer pessoal quer comunitária, do ministério que a Igreja nos confiou».
A falta de consciência de pertencer ao Povo de Deus como servidores, e não como patrões, pode-nos levar a uma das tentações que mais danifica o dinamismo missionário, que somos chamados a promover: o clericalismo, que é uma caricatura da vocação recebida.”
Segundo o Papa, “a falta de consciência do fato que a missão é de toda a Igreja, e não do padre ou do bispo, limita o horizonte e – o que é pior – reduz todas as iniciativas que o Espírito pode suscitar no meio de nós. Digamos claramente: os leigos não são os nossos servos, nem os nossos empregados. Não precisam repetir, como «papagaios», o que dizemos.
"Os seminários devem pôr o acento no fato de que os futuros sacerdotes sejam capazes de servir o santo povo fiel de Deus, reconhecendo a diversidade de culturas e renunciando à tentação de toda forma de clericalismo"
«O clericalismo longe de dar impulso às diferentes contribuições e propostas, apaga pouco a pouco o fogo profético do qual a Igreja inteira é chamada a dar testemunho no coração de seus povos. O clericalismo esquece que a visibilidade e a sacramentalidade da Igreja pertencem a todo o povo de Deus e não só a poucos eleitos e iluminados»”.
Francisco convidou a vigiar “contra esta tentação, especialmente nos seminários e em todo o processo de formação. Os seminários devem pôr o acento no fato de que os futuros sacerdotes sejam capazes de servir o santo povo fiel de Deus, reconhecendo a diversidade de culturas e renunciando à tentação de toda forma de clericalismo”.
“O sacerdote é ministro de Jesus Cristo, o protagonista que se torna presente em todo o povo de Deus. Os sacerdotes de amanhã devem formar-se olhando para o amanhã: o seu ministério se realizará num mundo secularizado, e isso exige, de nós pastores, discernir como prepará-los para realizar a sua missão nesse cenário concreto e não em nossos «mundos ou situações ideais».”
“Não ao clericalismo e a mundos ideais, que só entram nos nossos esquemas, mas que não tocam a vida de ninguém.” “Uma missão que se realiza em união fraterna com todo o povo de Deus. Lado a lado, impelindo e incentivando o laicato num clima de discernimento e sinodalidade, duas caraterísticas essenciais do sacerdote de amanhã”.
“Não ao clericalismo e a mundos ideais, que só entram nos nossos esquemas, mas que não tocam a vida de ninguém.”
O Papa convidou a “rezar, pedir ao Espírito Santo o dom de sonhar e trabalhar por uma opção missionária e profética que seja capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um instrumento mais adequado para a evangelização do Chile do que para uma autopreservação eclesiástica”.
“Não tenhamos medo de nos despojar daquilo que nos afasta do mandato missionário”, concluiu o Pontífice. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Depois do pequeno acidente na Colômbia, que lhe custou uma ferida no olho e na bochecha esquerda, e do de Dhaka, Bangladesh, onde um poste de luz quase caiu sobre ele, mais uma desventura ocorreu com o Papa Francisco no papamóvel, desta vez no Chile. A reportagem é do sítio Vatican Insider, 16-01-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Enquanto passava a bordo do carro descoberto entre as dezenas de milhares de fiéis pelas ruas do Parque O’Higgins, em Santiago do Chile, onde celebrou a sua primeira missa em terras chilenas, o pontífice foi atingido na cabeça por um jornal jogado por alguém presente na grande multidão.
Francisco, que nunca parou de sorrir, simplesmente se virou, olhando para seus pés para ver do que se tratava.
Nada de grave, mas os homens de segurança logo levantaram o nível de guarda, considerando-se também os protestos que acompanharam esse primeiro dia da viagem do papa ao país sul-americano.
Um grupo de manifestantes queria se aproximar justamente do Parque O’Higgins e foi disperso pelas unidades antimotim da polícia chilena, com alguns confrontos isolados.
O vídeo do jornal jogado contra o papa, enquanto isso, viralizou na web. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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A vida sacerdotal e consagrada, no Chile, atravessou e atravessa horas difíceis de turbulência e desafios sérios.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco encontrou-se, nesta terça-feira (16/01), com os sacerdotes e consagrados chilenos, na Catedral de Santiago, no âmbito de sua 22ª viagem apostólica internacional ao Chile e Peru. “Neste encontro, queremos dizer ao Senhor: «Aqui estamos» para renovar o nosso «sim». Queremos renovar, juntos, a resposta à vocação que um dia alvoroçou o nosso coração”, disse o Santo Padre aos consagrados e consagradas, presbíteros, diáconos permanentes e seminaristas ali presentes.
Francisco deteve-se no último capítulo do Evangelho de São João, lido no encontro, sublinhando três momentos de Pedro e da primeira comunidade: Pedro/comunidade abatidos, Pedro/comunidade tratados com misericórdia e Pedro/comunidade transfigurados.
Papa encontra religiosos chilenos
“Jogo com o binômio Pedro-comunidade, porque a experiência dos apóstolos tem sempre estes dois aspectos: pessoal e comunitário. Andam de mãos dadas, e não os podemos separar. É verdade que somos chamados individualmente, mas sempre para ser parte dum grupo maior. Não existe «selfie vocacional». A vocação exige que a sua foto seja tirada por outra pessoa”, disse o Papa.
Pedro abatido
“Sempre gostei do estilo dos Evangelhos que não adornam, não mitigam os acontecimentos, nem os pintam fazendo-os mais belos. Apresentam-nos a vida como é e não como deveria ser. O Evangelho não tem medo de nos mostrar os momentos difíceis, e até conflituosos, por que passaram os discípulos.” Jesus estava morto e algumas mulheres diziam que estava vivo. “Os discípulos voltam para a sua terra. Vão fazer o que sabiam: pescar. Porém, têm as redes vazias.”
“Os discípulos, mesmo tendo visto Jesus ressuscitado, tão grande é o acontecimento que precisarão de tempo para compreender o sucedido.” A morte de Jesus evidenciou uma espiral de conflitos no coração de seus amigos. Pedro o renegou, Judas o traiu, o restante fugiu e se escondeu.
"Ficou apenas um punhado de mulheres e o discípulo amado. O resto, foi-se. Questão de dias, e tudo ruiu. São as horas da perplexidade e do turvamento na vida do discípulo. Nos momentos «em que se levanta a poeira das perseguições, tribulações, dúvidas, etc. por causa de fatos culturais e históricos, não é fácil enxergar o caminho a seguir.
Há várias tentações que caracterizam estes momentos: discutir ideias, não prestar a devida atenção ao caso, fixar-se demasiado nos perseguidores... e – creio que a pior de todas as tentações é ficar a ruminar a desolação». Sim, ficar a ruminar a desolação”, enfatizou o Papa.
“A vida sacerdotal e consagrada, no Chile, atravessou e atravessa horas difíceis de turbulência e desafios sérios. Juntamente com a fidelidade da imensa maioria, cresceu também a cizânia do mal com as suas consequências de escândalo e deserção”, disse Francisco, recordando as palavras do Arcebispo de Santiago, Cardeal Ricardo Ezzati Andrello, proferidas no início do encontro.
“ Momento de turbulência. Sei da dor causada pelos casos de abuso contra menores e sigo com atenção o que vocês estão fazendo para superar este grave e doloroso malefício. Dor pelo dano e sofrimento das vítimas e suas famílias, que viram traída a confiança que depunham nos ministros da Igreja. ”
"Dor pelo sofrimento das comunidades eclesiais, e dor também por vocês, irmãos, que, além do desgaste pela entrega, experimentam o dano que provoca suspeita e contestação, que pode ter insinuado – em alguns ou muitos – a dúvida, o medo e a desconfiança.
Sei que, às vezes, vocês sofreram insultos no metrô ou caminhando pela rua; que, em muitos lugares, «paga-se caro» andar vestido de padre. Por isso, convido-os a pedir a Deus que nos dê a lucidez de chamar a realidade pelo seu nome, a coragem de pedir perdão e a capacidade de aprender a ouvir o que Ele está nos dizendo."
O Papa acrescentou outro aspecto importante: “as nossas sociedades estão mudando. O Chile de hoje é muito diferente do que conheci no tempo da minha juventude, quando estava me formando. Estão nascendo novas e variadas formas culturais, que não se enquadram nos contornos habituais. Temos de reconhecer que, muitas vezes, não sabemos como nos inserir nestas novas situações.
Frequentemente sonhamos com as «cebolas do Egito» e esquecemo-nos de que a terra prometida está à frente. Que a promessa é de ontem, mas diz respeito ao amanhã. Podemos cair na tentação de nos fecharmos e isolarmos para defender as nossas posições que acabam por ser apenas bons monólogos.
Podemos ser tentados a pensar que tudo está mal e, em vez de professar uma «boa nova», tudo o que professamos é apatia e decepção. Assim, fechamos os olhos perante os desafios pastorais, pensando que o Espírito não tenha nada a dizer. Deste modo esquecemo-nos de que o Evangelho é um caminho de conversão, mas não só «dos outros», também nossa”.
“Gostemos ou não, somos convidados a enfrentar a realidade como nos é apresentada: a realidade pessoal, comunitária e social. As redes – dizem os discípulos – estão vazias, e podemos compreender os sentimentos que isso gera. Regressam a casa sem grandes aventuras para contar; regressam a casa de mãos vazias; regressam a casa, abatidos.”
“O que resta daqueles discípulos fortes, corajosos, vivazes, que se sentiam escolhidos tendo deixado tudo para seguir Jesus? O que resta daqueles discípulos seguros de si, prontos a ir para a prisão e até dariam a vida pelo seu Mestre, que, para O defender, queriam mandar vir fogo sobre a terra; que, por Ele, desembainhariam a espada e combateriam? O que resta do Pedro que repreendia o seu Mestre dizendo-Lhe como é que deveria orientar a sua vida?”
Pedro tratado com misericórdia
“É a hora da verdade, na vida da primeira comunidade. É a hora em que Pedro se confrontou com parte de si mesmo: a parte da sua verdade que muitas vezes não queria ver. Experimentou a sua limitação, a sua fragilidade, o seu ser pecador.
Pedro, o instintivo, o chefe impulsivo e salvador, com uma boa dose de autossuficiência e um excesso de confiança em si mesmo e nas suas possibilidades, teve que se curvar à sua fraqueza e pecado. Era pecador como os outros, era carente como os outros, era frágil como os outros. Pedro decepcionou Aquele a quem jurara proteção. Hora crucial na vida de Pedro.”
“ Como discípulos, como Igreja, pode acontecer-nos o mesmo: há momentos em que somos confrontados, não com as nossas glórias, mas com a nossa fraqueza. Horas cruciais na vida dos discípulos, mas é também nessas horas que nasce o apóstolo. Deixemos o texto levar-nos pela mão.”
«Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”»
Depois de comer, Jesus convida Pedro a passear um pouco e a única palavra é uma pergunta, uma pergunta de amor: Tu me amas? Jesus não censura nem condena. Tudo o que Ele quer fazer é salvar Pedro. Quer salvá-lo do perigo de ficar fechado no seu pecado, de ficar «a mastigar» a desolação, fruto da sua limitação; do perigo de desistir, por causa das suas limitações, de todas as coisas boas que vivera com Jesus. Quer salvá-lo do fechamento e do isolamento.
Quer salvá-lo daquela atitude destrutiva que é o vitimar-se ou, ao contrário, cair num «vale tudo o mesmo», acabando por fazer malograr qualquer compromisso no mais danoso relativismo. Quer libertá-lo de considerar quem se opõe a Ele como se fosse um inimigo, ou de não aceitar com serenidade as contradições e as críticas. Quer libertá-lo da tristeza e sobretudo do mau humor.
Com esta pergunta, Jesus convida Pedro a escutar o seu coração e aprender a discernir. Uma vez que «não era de Deus defender a verdade à custa da caridade, nem a caridade à custa da verdade, nem o equilíbrio à custa de ambas, Jesus quer evitar que Pedro se torne um veraz destruidor ou um caritativo mentiroso ou um perplexo paralisado», como pode acontecer conosco em tais situações.”
Jesus interpelou Pedro sobre o seu amor e insistiu nisso até ele Lhe poder dar uma resposta realista: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que eu sou deveras teu amigo». E, deste modo, Jesus confirma-o na missão. Assim o faz tornar-se definitivamente seu apóstolo.
“O que é que fortalece Pedro como apóstolo? O que é que nos mantém a nós como apóstolos? Uma coisa só: fomos tratados com misericórdia. «Não obstante os nossos pecados, os nossos limites, as nossas faltas; não obstante as nossas numerosas quedas, Jesus Cristo viu-nos, aproximou-Se, deu-nos a mão e teve misericórdia de nós. (…).
Cada um de nós poderá recordar, pensando em todas as vezes que o Senhor o viu, que olhou para ele, que se aproximou dele e o tratou com misericórdia». Não estamos aqui por ser melhores do que os outros. Não somos super-heróis que, do alto, descem para se encontrar com os «mortais».
“ Antes, somos enviados com a consciência de ser homens e mulheres perdoados. E esta é a fonte da nossa alegria. Somos consagrados, pastores segundo o estilo de Jesus ferido, morto e ressuscitado. ”
A pessoa consagrada é alguém que encontra, nas suas feridas, os sinais da Ressurreição. É alguém que consegue ver, nas feridas do mundo, a força da Ressurreição. É alguém que, segundo o estilo de Jesus, não vai ao encontro dos seus irmãos com a censura e a condenação.”
“Jesus Cristo não Se apresenta, aos seus, sem chagas; foi precisamente a partir das suas chagas que Tomé pôde confessar a fé. Somos convidados a não dissimular nem esconder as nossas chagas. Uma Igreja com as chagas é capaz de compreender as chagas do mundo atual e de assumi-las, sofrê-las, acompanhá-las e procurar saná-las. Uma Igreja com as chagas não se coloca no centro, não se considera perfeita, mas coloca no centro o único que pode sanar as feridas e que se chama Jesus Cristo.
A consciência de ter chagas, nos liberta. É verdade; liberta-nos de nos tornarmos autor referenciais, de nos considerarmos superiores. Liberta-nos da tendência «prometeica de quem, no fundo, só confia nas suas próprias forças e se sente superior aos outros por cumprir determinadas normas ou por ser irredutivelmente fiel a um certo estilo católico próprio do passado».”
O Papa frisou que “em Jesus, as nossas chagas ficam ressuscitadas. Tornam-nos solidários; ajudam-nos a derrubar os muros que nos encerram numa atitude elitista, incitando-nos a construir pontes e ir ao encontro de tantos sedentos do mesmo amor misericordioso que só Cristo nos pode dar.
«Quantas vezes sonhamos planos apostólicos expansionistas, meticulosos e bem traçados, típicos de generais derrotados! Assim negamos a nossa história de Igreja, que é gloriosa por ser história de sacrifícios, de esperança, de luta diária, de vida gasta no serviço, de constância no trabalho fadigoso, porque todo o trabalho é “suor do nosso rosto”».
Vejo, com certa preocupação, que há comunidades que vivem acometidas pela ânsia de constar no cartaz, ocupar espaços, aparecer e se mostrar, mais do que pela vontade de arregaçar as mangas e sair para tocar a dolorosa realidade do nosso povo fiel.”
“Como nos interpela a reflexão deste Santo chileno, que advertia: «Por isso, serão métodos falsos todos os que são impostos pela uniformidade; todos os que pretendem encaminhar-nos para Deus, fazendo-nos esquecer os nossos irmãos; todos os que nos levam a fechar os olhos ao universo, em vez de nos ensinar a abri-los para elevar tudo ao Criador de todas as coisas; todos os que nos fazem egoístas e nos dobram sobre nós mesmos».
O povo de Deus não espera nem precisa de super-heróis, espera pastores, pessoas consagradas, que conheçam a compaixão, que saibam estender uma mão, que saibam parar junto de quem está caído e, como Jesus, ajudem a sair desse círculo vicioso de «mastigar» a desolação que envenena a alma.”
Pedro transfigurado
“Jesus convida Pedro a discernir e, assim, começam a ganhar força muitos acontecimentos da vida de Pedro, como o gesto profético do lava-pés. Pedro, que resistira a deixar-se lavar os pés, começava a compreender que a verdadeira grandeza passa por se fazer pequenino e servidor.”
“Como é grande a pedagogia de nosso Senhor! Do gesto profético de Jesus à Igreja profética que, lavada do seu pecado, não tem medo de sair para servir uma humanidade ferida”, frisou ainda o Santo Padre.
“Pedro experimentou, na sua carne, a ferida não só do pecado, mas também das suas próprias limitações e fraquezas. Mas descobriu em Jesus que as suas feridas podem ser caminho de Ressurreição. Conhecer Pedro abatido para conhecer Pedro transfigurado é o convite a deixar de ser uma Igreja de abatidos desolados para passar a uma Igreja servidora de tantos abatidos que convivem ao nosso lado.
Uma Igreja capaz de se colocar a serviço do seu Senhor no faminto, no preso, no sedento, no desalojado, no nu e no doente. “ Um serviço que não se identifica com o assistencialismo nem o paternalismo, mas com a conversão do coração. ”
"O problema não está em dar de comer ao pobre, vestir o nu, assistir o doente, mas em considerar que o pobre, o nu, o doente, o preso e o desalojado tenham a dignidade de se sentar às nossas mesas, sentirem-se «em casa» entre nós, sentirem-se família. Este é o sinal de que o Reino de Deus está no meio de nós. É o sinal duma Igreja que foi ferida pelo seu pecado, foi cumulada de misericórdia pelo seu Senhor, e tornou-se profética por vocação.”
Segundo o Pontífice, “renovar a profecia é renovar o nosso compromisso de não esperar por um mundo ideal, uma comunidade ideal, um discípulo ideal para viver ou para evangelizar, mas criar as condições para que cada pessoa abatida possa encontrar-se com Jesus. Não se amam as situações nem as comunidades ideais, amam-se as pessoas.”
“O reconhecimento sincero, contrito e orante das nossas limitações, longe de nos separar de nosso Senhor, permite-nos retornar a Jesus, sabendo que, «com a sua novidade, Ele pode sempre renovar a nossa vida e a nossa comunidade, e a proposta cristã, ainda que atravesse períodos obscuros e fraquezas eclesiais, nunca envelhece. (…)
Sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual». Como nos faz bem a todos deixar que Jesus nos renove o coração!
“Ao início deste encontro, disse-lhes que vínhamos renovar o nosso «sim», com garra, com paixão. Queremos renovar o nosso «sim», mas um sim realista, porque apoiado no olhar de Jesus. Convido-lhes, quando voltar para casa, preparar em seu coração um testamento espiritual, no estilo do cardeal Raúl Silva Henríquez expresso nesta linda oração que começa dizendo:
«A Igreja que eu amo é a Santa Igreja de todos os dias... a sua, a minha, a Santa Igreja de todos os dias...
… Jesus, o Evangelho, o pão, a Eucaristia, o Corpo de Cristo humilde em cada dia. Com os rostos dos pobres e os rostos de homens e mulheres que cantavam, que lutavam, que sofriam. A Santa Igreja de todos os dias».
Como é a Igreja que você ama? Ama esta Igreja ferida, que encontra vida nas chagas de Jesus? Obrigado por este encontro. Obrigado pela oportunidade de renovar o «sim» com vocês. A Virgem do Carmo os cubra com o seu manto.” Fonte: http://www.vaticannews.va
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OLHAR DO DIA: Fé e emoção: assim foi o momento da coroação do Menino Jesus e de Nossa Senhora do Carmo na primeira missa celebrada pelo Papa Francisco no Chile. Fonte: Vatican News
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Francisco pronunciou seu primeiro discurso no Chile, falando às autoridades. O Papa tocou temas como democracia, povos nativos e meio ambiente. E pediu perdão pelas falhas da Igreja.
Cidade do Vaticano –
O primeiro discurso do Papa Francisco em terras chilenas foi às autoridades, à sociedade civil e ao corpo diplomático, reunidos no Palácio Presidencial “La Moneda”.
Depois de ouvir as boas-vindas da presidente Michelle Bachelet, o Pontífice tomou a palavra para manifestar sua satisfação de voltar à América Latina, começando sua visita nesta “amada terra chilena”, onde fez parte de sua formação juvenil.
Francisco iniciou seu discurso destacando o desenvolvimento da democracia chilena, que permitiu ao país alcançar nas últimas décadas um “notável progresso”. O Papa cita a celebração este ano do bicentenário da declaração de independência, ressaltando que cada geração deve fazer suas as lutas e as conquistas das gerações anteriores e levá-las a metas ainda mais altas.
Democracia e inclusão
Diante das situações de injustiça que ainda persistem, Francisco apontou para os chilenos um “desafio grande e apaixonante”: “continuar a trabalhar para que a democracia, o sonho de seus pais, não se limite aos aspetos formais mas seja verdadeiramente um lugar de encontro para todos. Seja um lugar onde todos, sem exceção, se sintam chamados a construir casa, família e nação. Um lugar, uma casa, uma família chamada Chile”.
A Igreja pede perdão
O Papa enalteceu a pluralidade étnica, cultural e histórica da nação, que exige ser protegida de qualquer tentativa feita de parcialidade ou supremacia. Para Francisco, é indispensável escutar: os desempregados, os povos nativos, os migrantes, os jovens, os idosos, as crianças.
“E aqui não posso deixar de expressar o pesar e a vergonha que sinto perante o dano irreparável causado às crianças por ministros da Igreja. Desejo unir-me aos meus irmãos no episcopado, porque é justo pedir perdão e apoiar, com todas as forças, as vítimas, ao mesmo tempo que nos devemos empenhar para que isso não volte a repetir-se.”
Casa Comum e povos nativos
Com esta capacidade de escuta, o Papa convidou as autoridades a a prestar uma atenção preferencial à nossa Casa Comum: “promover uma cultura que saiba cuidar da terra, não nos contentando com oferecer respostas pontuais aos graves problemas ecológicos e ambientais que se apresentem”. Francisco pediu a ousadia de um novo estilo de vida, aprendendo com a sabedoria dos povos nativos.
“Deles, podemos aprender que não existe verdadeiro desenvolvimento num povo que volta as costas à terra com tudo e todos os que nela se movem. O Chile possui, nas suas raízes, uma sabedoria capaz de ajudar a transcender a concepção meramente consumista da existência para adquirir uma atitude sapiencial em relação ao futuro.”
O Pontífice concluiu seu discurso convidando os chilenos a uma “opção radical pela vida”: “Agradeço mais uma vez o convite que me possibilitou vir encontrar-me com vocês, com a alma deste povo; e rezo para que a Nossa Senhora do Carmo, Mãe e Rainha do Chile, continue a acompanhar e fazer crescer os sonhos desta abençoada nação”. Fonte: http://www.vaticannews.va
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