A morte é um fato, uma herança e uma memória: Francisco propôs estas três reflexões para nos salvar da ilusão de sermos donos do tempo.

Cidade do Vaticano

A certeza da morte guiou a reflexão do Papa Francisco na missa celebrada esta manhã (01/02/2018) na capela da Casa Santa.

A primeira leitura fala da morte do Rei Davi. Ele – o grande Rei – o homem que consolidou o próprio Reino também ele deve morrer, não é o dono do tempo.

“Nós não somos nem eternos nem efêmeros: somos homens e mulheres em caminho no tempo, tempo que começa e tempo que acaba”, disse o Papa. Diante desta constatação, Francisco propôs três ideias: a morte é um fato, uma herança e uma memória.  

Fato

A morte é um fato. Nós podemos pensar tantas coisas, inclusive imaginar que somos eternos, mas o fato acontece. Cedo ou tarde, chega. É um fato que toca todos nós. Nós estamos em caminho e não ao léu ou homens e mulheres num labitinto:

Mas existe a tentação do momento que toma conta da vida e o leva a girar no momento deste labirinto egoísta do momento sem futuro, sempre ida e volta, ida e volta, não? E o caminho acaba na morte, todos sabemos disso. E por isso a Igreja sempre buscou refletir sobre este nosso fim: a morte.

Herança

“Eu não sou o dono do tempo”, “repetir isso ajuda”, aconselhou o Papa, “porque nos salva daquela ilusão do momento, de tomar a vida como um cadeia de aneis de momenos, que não tem sentido”. “Estou em caminho e devo olhar avante.” Segundo: a herança. Eu vou embora e deixo uma herança. Não a do dinheiro, das propriedades, das posses, mas a herança do testemunho. Davi, por exemplo, deixou a herança da conversão, de adorar Deus antes de si mesmo depois de uma vida de pecados.

Quando pensamos num morto, disse ainda o Papa, sempre pensamos numa pessoa santa. “Existem duas maneiras de canonizar as pessoas: na Praça S. Pedro e nos funerais, porque se torna sempre um santo e porque não representa mais uma ameaça para nós. Mas, ao invés, devemos nos perguntar:

Que herança eu deixarei como testemunho de vida? É uma bela pregunta a nos fazer. E assim nos preparar porque todos nós, nenhum de nós permanecerá “de relíquia”. Não, todos percorreremos este caminho.

Memória

Terceiro: a memória. A morte é memória, uma memória antecipada para refletir:

Mas quando eu morrer, o que eu gostaria de ter feito hoje nesta decisão que eu tenho que tomar hoje, no modo de viver de hoje? É uma memória antecipada que ilumina o momento do hoje. Iluminar com o fato da morte as decisões que eu tenho que tomar todos os dias.

Francisco concluiu convidando os fiéis a lerem o capítulo II do Primeiro Livro dos Reis. Ler e pensar: “eu estou em caminho, o fato – eu morrerei -, qual será a herança que deixarei e como é importante para mim a luz, a memória antecipada da morte, sobre as decisões que devo tomar hoje. Nos fará bem a todos”. Fonte: http://www.vaticannews.va