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NOTA DE PESAR
O Governo da Paraíba lamenta profundamente a morte do arcebispo emérito da Paraíba, Dom José Maria Pires e, ao mesmo tempo, decreta luto oficial por três dias em todo território paraibano.
Dom José tinha 98 anos e era, hoje, o bispo mais idoso do país. Sua morte aconteceu no dia em que se comemorava, no Brasil, o Dia do Catequista. A igreja perdeu um grande pastor e a Paraíba um filho querido. Fonte: https://paraibaonline.com.br
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Partiu, aos 98 anos, D. José Maria Pires, arcebispo emérito de João Pessoa, dos grandes Padres da Igreja Latino-americana, na lista de Joseph Comblin. Foi um dos que mais trabalhou para trazer o Vaticano II para a Igreja brasileira, depois Medellin, Puebla e os encontros seguintes. O depoimento é de Luiz Alberto Gómez de Souza, sociólogo.
Esteve à frente do movimento negro, ele um negro assumido com orgulho. D. Helder Câmara o chamou de D. Pelé. Muitos depois preferiram dizer D. Zumbi. Foi presença constante nos intereclesiais das CEBs.
Trago um fato significativo. Ao final do encontro de Santa Maria (1992), foram convidados para subir ao palco bispos, sacerdotes e pastores. Do meio do povo veio o pedido: "que subam um pai e uma mãe de santo e um pajé". Foi negado pelo bispo local, talvez temendo represálias de mais acima. Imediatamente d. José Maria desceu, em protesto e solidariedade. Lembro também da indignação do irmão Marcelo Barros.
Voltou para sua Minas Gerais e, entre várias atividades pastorais, tinha uma que merecia especial atenção e carinho: o trabalho com padres casados e suas esposas.
Numa das conversas que tivemos em reuniões na CNBB, lembro de uma em particular. Começou recordando que o primeiro anuncio de Jesus Ressuscitado foi dado a mulheres. Assim, apesar de relatos com diferenças, os quatro evangelistas coincidiam em que Jesus Ressuscitado apareceu primeiro às mulheres, ou a uma em particular (Mt. 28, 5-10; Mc. 16, 1-11; Lc 24, 1-12, Jo 28, 11-18). Tome-se João, o testemunho talvez mais direto. Ali Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena: "vá encontrar os meus irmãos ... Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos "Eu vi o Senhor..." (Jo, 16-18). Só depois veio o amplo envio aos discípulos : "Assim como meu Pai me enviou, eu envio vocês" (Jo 20,21) [ já não estariam ali também discípulas, pergunto eu?]. E D. José Maria Piresterminou com um sorriso maroto, muito mineiro:"Se o presbiterato parte desse envio-anuncio, não teriam sido as mulheres as primeiras presbíteras?"
Nosso grande bispo certamente estará, na Casa do Pai, acompanhando a Igreja brasileira. Testemunho vivo e atuante dos tempos valentes da mesma, no mistério da comunhão dos santos, peçamos que a impulsione para seguir caminhos de profecia e de compromisso com os pobres, "em saída", como pede Francisco. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Faleceu na noite de ontem, 27-08-2017, D. José Maria Pires, arcebispo emérito de João Pessoa, aos 98 anos de idade. “Para dom José Maria Pires, o oitavo sacramento é a alegria. Sempre se diz que quando alguém alegre entra em uma casa é como se em um quarto escuro, a janela se abrisse para a luz entrar. Esse será a tarefa de dom José: com os pés descalços, abrir as janelas da Santa Igreja”, escreve Fernando Altemeyer Junior, mestre em Teologia e Ciências da Religião pela Universidade Católica de Louvain-la-Neuve, Bélgica, licenciado em Filosofia, doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP e professor PUC-SP, em artigo publicado no Facebook, 27-08-2017.
Segundo ele, “não terá sido esse o pedido de um outro José, o bergamasco Roncalli, quando convocou o Concílio? Ainda hoje precisamos de bispos que abram as janelas de nossas Igrejas para que a alegria do Cristo nos rejuvenesça. Gente como dom José, de pés descalços, camisa arregaçada na luta pelos pobres e uma alegria convicta no coração, verdadeiros filhos e herdeiros do Concílio”.
- José Maria Pires, faleceu no mesmo dia da morte, em 1999, de D. Helder Câmarae, em 2006, D. Luciano Mendes de Almeida. “27 de agosto, dia em que os profetas vão ao céu” é o título da nota sobre o falecimento de D. José Maria Pires no sítio Religión Digital, 28-08-2017.
Eis o artigo.
Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba-PB, nascido em 15/03/1919, na pequenina cidade de Córregos em Minas Gerais, nordeste do estado, participou das quatro sessões do Vaticano II. À época, sendo o único bispo negro brasileiro, e uma das vozes mais importantes do episcopado brasileiro irá assumir a nova imagem de Igreja proposta pelo Concílio. Despertará com sua pregação a vontade de tantos irmãos na ajuda eficaz aos que sofrem injustiças. Atenderá ao apelo de Deus na história e não permanecerá impassível diante do grito do sofredor. Ele perceberá que a Igreja estava mudando e alegremente avançará com coragem! É essa coisa simples feita por gente simples que é capaz de mudar o mundo, simplesmente.
Este filho de gente pobre teve por pais Eleutério Augusto Pires e Pedrelina Maria de Jesus, e aprenderá desde cedo que deve permanecer com os pés no chão. Em um depoimento emocionante nos funerais do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, em 29-08-1976, dirá: “Eu andei pelas mesmas ruas pelas quais Juscelino andou. Ele andava de pés descalços e eu também. Era comum as crianças pobres andarem descalças na rua”. Ao pisar o chão de sua terra natal aprenderá as lições permanentes de como ser padre, bispo e pastor. Jamais esquecerá de que é alguém de pés descalços. E é nesse contato com o chão que se torna um pastor fiel. Foi ordenado padre em Diamantina-MG, em 20/12/1941 (já completou 70 anos de sacerdócio!), atuando como pároco, diretor de colégio, e missionário diocesano.
É sagrado bispo em Diamantina, Minas Gerais, em 22/09/1957 (em 2012 comemora os 55 anos de episcopado), iniciando seu ministério na diocese de Araçuai-MG, como seu terceiro bispo, de 1957 a 1965. Seu lema episcopal será Scientiam Salutis (a ciência da salvação).
Nomeado pelo Papa Paulo VI, será o quarto arcebispo metropolitano da Paraíbade 02.12.1965 até 29.11.1995, quando renuncia por idade. Desde então, como bispo emérito peregrino, vive como pregador ambulante levando o Evangelho com vigor que causa uma santa inveja.
Desde muito cedo aprendeu a arte do bem falar: silêncio primeiro, palavra adequada depois. Em seguida assume com primor e delicadeza, a certeza de ser um bispo pastor: amigo, evangélico, simples e, sobretudo, servidor dos empobrecidos.
Sua ação em favor dos simples é um programa de vida. Vejamos seu discurso de posse como arcebispo metropolitano da Paraíba, secundado por Dom Helder Pessoa Câmara, em plena ditadura militar brasileira, com sua ideologia da segurança nacional, que nega a liberdade e a dignidade da pessoa humana. Dom Helder assim se expressa para falar de Dom José: “Dom José Maria vai às causas, vai às raízes... E fala claro, sem perder a serenidade, mas chamando as coisas pelos nomes. Quem quiser livrar-se de um Cristianismo desencarnado, quem quiser livrar-se de ensinamentos inodoros, incolores, pregados no vácuo, leia suas páginas (prefácio do livro Do Centro para a margem, Editora Acauã, Paraíba, 1978, p. 7)”.
São suas estas palavras coerentes, ao tomar posse como arcebispo: “Não quero trazer-vos uma mentalidade de Minas Gerais, costume ou uma civilização do estado em que nasci, naquilo em que esta civilização, esta mentalidade, estes costumes forem diferentes da civilização, da mentalidade e dos costumes da Paraíba. Assim como Cristo, fazendo-se homem, assumiu a natureza humana e, por assim dizer, ocultou, guardou o que ele era, como Deus, e apresentou-se a nós sem deixar de ser Deus, mas foi aprendendo conosco a ser homem, a viver como a humanidade, também o novo prelado vem aqui não para ensinar, mas antes de tudo para aprender a ser paraibano. Eu iniciarei o meu ministério aprendendo convosco. Só me integrando é que poderei cumprir minha missão de servir (É santa a terra em que piso, João Pessoa – PB, 26.03.1966, in Sampaio Geraldo Lopes Ribeiro, Dom José Maria Pires - Uma voz fiel à mudança social, Ed. Paulus, 2005, p. 17)”.
O diálogo, tal como foi preconizado na bela carta programática do Papa Paulo VI, Ecclesiam Suam, e ainda melhor expresso na Constituição Lumen Gentium se tornou para dom José Maria o critério da vida pastoral. Tornar-se-á exímio defensor do povo negro, sendo em sua vida alcunhado por dois apelidos carinhosos e densamente simbólicos: no começo de sua vida episcopal será chamado como dom Pelé (por Dom José Vicente Távora, bispo dos operários), ligando-o ao futebolista brasileiro de fama internacional. Depois de alguns anos, será “renomeado” por dom Pedro Casaldáliga(prelado emérito de São Felix) como dom Zumbi, para conectá-lo à causa do povo negro no Brasil, fazendo memória do líder dos quilombos brasileiros, Zumbi dos Palmares. Os apelidos não conseguiram retirar-lhe sua identidade mais profunda, que é a de alguém que sempre assumiu sua origem, sua etnia, e seu amor aos pobres como uma chave interpretativa do mundo e como forma efetiva da encarnação cristã no nordeste brasileiro, mergulhado em tantas injustiças e contradições que exigiam fidelidade radical ao Cristo. Dom José não é um homem de meias palavras nem de meias ações. Quem o ouve sempre percebe que ele está inteiro no que diz, naquilo que fala e no que sonha e compartilha com seus interlocutores. Ao ouvi-lo, sente-se que se está diante de um verdadeiro pastor: não há arrogância em suas palavras. Sentimo-nos encorajados e desafiados, jamais amedrontados. Dom José é o verdadeiro irmão e pastor, que não abdica do diálogo, pois crê e ama o interlocutor.
Poderemos seguir os passos deste bispo negro, em todos os recantos da terra brasileira sempre animando as pequenas comunidades de base, as causas dos empobrecidos e as lutas por justiça social, sem extremismos. Estará entre os operários da primeira hora, quando surgiu a Comissão Pastoral da Terra - CPT, e ainda entre os apoiadores e animadores do Conselho Indigenista Missionário, CIMI e ainda de cada uma das dezenas de pastorais sociais, gestadas pelo povo e acolhidas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, quando das presidências proféticas de Dom Aloísio Lorscheider, Dom Ivo Lorscheiter e dom Luciano Mendes de Almeida, naquilo que será chamado momento de ouro da Igreja brasileira, vivido entre as décadas de 1970 e 1980.
Verá nascer com as dores de parto, a poética Missa dos Quilombos, depois proibida e estará entre os animadores da Missa da Terra Sem Males, também proscrita e que pretendiam abrir novos caminhos litúrgicos na inculturação e diálogo inter-religioso. Enfrentara a ganância de fazendeiros e coronéis nordestinos, com a simplicidade das pombas. Não pedirá favores aos poderes políticos ou econômicos, confiando sempre na Palavra de Deus e na compaixão dos pobres. O caminho pode ser mais lento e singelo, mas as raízes serão sempre mais profundas e seguras. Ele clamará contra os latifundiários como Nabot contra o rei Acab. Dirá em 05 de março de 1976 na carta pastoral para todos os diocesanos: “quando se cansar a paciência do pobre que está sendo esmagado pelos poderosos, a de Deus também se cansará e Deus virá fazer a justiça que os homens se recusaram a fazer (Carta Pastoral de março de 1976)”.
Dom José vê, compreende e fala do sofrimento dos agricultores. Conhece os problemas do campo e assume um compromisso como igreja para ser a Igreja com os fracos e oprimidos, ou seja, uma Igreja que toma posição ao lado do pobre por fidelidade ao Evangelho e por amor ao povo. Denuncia o sistema capitalista por seus frutos e por sua segregação das grandes massas. Dirá em 1967: “Dar esmolas, todos acham que é razoável. Mas aceitar que é um roubo guardar o supérfluo quando a outros falta o necessário, isto lhes cheira a marxismo. Realmente, dentro da mentalidade dominante, não é fácil aceitar a receita da Populorum Progressio que é a mesma do Evangelho”.
Sua mensagem é de vida plena e, sobretudo de conversão. Dirá que é preciso ir do centro para a margem. Este será seu contínuo processo vital. Movimentar-se em direção dos pequenos. Ir para a margem da sociedade, da Igreja, do mundo.
Fará este gesto ético e religioso motivado por uma profunda vivência de Cristo, além de ser um aprendiz permanente na prática da não-violência ativa, como ação de firmeza permanente. Como discípulo de Cristo saberá mostrar ainda hoje as riquezas do Concílio Vaticano II, como um projeto de vida. Uma Igreja que se distancie dos “centros” e que se aproxime das “margens” do mundo.
Uma Igreja que não espere nem confie nos poderosos e nos senhores do mundo. Uma Igreja que deve continuar a cumprir a missão profética de proclamar os direitos dos oprimidos mesmo sabendo que sobre ela pesa a cólera dos governantes, pois só esta fé autêntica é que poderá salvar a pobres e ricos. Nesta Igreja não há lugar para acomodados e passivos. Dirá de forma incisiva: “O catolicismo brasileiro não criou no povo uma consciência de sua cultura, de seus valores, de sua idiossincrasia. A consciência dominante do povo é hierárquica, como aceitação passiva e talvez o maior obstáculo ao verdadeiro desenvolvimento, pois gera acomodação e conformismo”.
Para dom José Maria Pires, o oitavo sacramento é a alegria. Sempre se diz que quando alguém alegre entra em uma casa é como se em um quarto escuro, a janela se abrisse para a luz entrar. Esse será a tarefa de dom José: com os pés descalços, abrir as janelas da Santa Igreja. Não terá sido esse o pedido de um outro José, o bergamasco Roncalli, quando convocou o Concílio? Ainda hoje precisamos de bispos que abram as janelas de nossas Igrejas para que a alegria do Cristo nos rejuvenesça. Gente como dom José, de pés descalços, camisa arregaçada na luta pelos pobres e uma alegria convicta no coração, verdadeiros filhos e herdeiros do Concílio.
Falece em 27 de agosto de 2017 com 98,4 anos de muita profecia, mergulho na vida e pé na estrada ao lado de Jesus peregrino. Vai em paz, quilombola de Deus.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Nota Oficial
Morre Dom José Maria Pires
É com grande pesar que a Arquidiocese da Paraíba comunica que faleceu na noite deste domingo, dia 27 de agosto de 2017, o Arcebispo Emérito da Paraíba, Dom José Maria Pires. Dom José estava internado num hospital em Belo Horizonte, e morreu vítima de complicações de uma pneumonia.
“A igreja perde, neste domingo em que comemoramos o Dia do Catequista, um grande pastor. Dom José foi um dos catequistas mais ativos e humildes à frente do seu rebanho, e que soube impor a sua voz, sempre que necessário, em defesa dos menos favorecidos. O ‘Dom Pelé’, como ficou carinhosamente conhecido, faz a sua passagem deixando em nós o exemplo de como ser Igreja, de como estar à frente do Povo de Deus. Descanse em paz, Dom José! Temos a certeza de que, crentes na ressurreição, ao lado do Pai, o senhor agora vai abençoar do Céu todos os que fazem a Arquidiocese da Paraíba”, fala comovido o Arcebispo Metropolitano da Paraíba, Dom Manoel Delson.
Sobre Dom José:
Dom José Maria Pires nasceu no dia 15 de março de 1919, na cidade de Córregos (MG), filho de Eleutério Augusto Pires e Pedrelina Maria de Jesus. Foi ordenado presbítero no dia 20 de dezembro de 1941, em Diamantina (MG). No dia 25 de maio de 1957 recebeu a nomeação episcopal, e a sagração ocorreu no dia 22 de setembro de 1957, em Diamantina.
Foi formado em Teologia e Filosofia pelo Seminário de Diamantina (MG), cursos que realizou entre 1936 e 1941. Antes de ser Bispo, Dom José foi pároco de Açucena-MG (1943-1946); diretor do Colégio Ibituruna em Governador Valadares-MG (1946-1953); missionário diocesano (1953-1955); e pároco de Curvelo-MG (1956-1957). Atuou como Bispo em Araçuaí-MG (1957-1965), de onde veio para ser Arcebispo da Paraíba (1966-1995). Foi também membro da Comissão Central da CNBB e Presidente da Comissão Episcopal Regional-NE2.
Na biografia de Dom José destaca-se a sua atuação na época da Ditadura Militar, quando desenvolveu um trabalho pautado na conjunção da atividade religiosa com a defesa dos direitos humanos, com vistas à mudança social. Prestou apoio nos conflitos pela terra na Paraíba, defendendo camponeses de perseguições. E lutou contra a discriminação e o racismo, incentivando a organização e a luta dos afro-brasileiros.
Dom José tinha como lema episcopal: “Scientiam Salutis” (A ciência da Salvação). Foi o quarto Arcebispo da Paraíba. O seu antecessor foi Dom Mário de Miranda Vilas-Boas, que assumiu o cargo em 1959 e renunciou em 21/05/1965. O Mons. Pedro Anísio Bezerra Dantas foi Vigário Capitular da Arquidiocese da Paraíba de 21/05/1965 a 27/03/1966 (período compreendido entre a renúncia de Dom Mário e a posse de Dom José). Dom José Maria Pires ficou à frente da Arquidiocese de 1966 até 29/11/1995. Foi sucedido por Dom Marcelo Pinto Carvalheira.
Detalhes do velório e do sepultamento ainda estão sendo acertados.
Assessoria de Imprensa e Comunicação da Arquidiocese da Paraíba. Fonte: www.arquidiocesepb.org.br
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A informação foi confirmada pela Arquidiocese da Paraíba, que informou que o bispo estava internado em um hospital de Belo Horizonte, em Minas Gerais, para tratar uma pneumonia.
A reportagem é publicada por G1 Paraíba, 28-08-2017. Dom José foi hospitalizado depois de chegar doente de uma viagem a trabalho para celebrar em uma festa de Nossa Senhora do Rosário e os médicos já tinham adiantado que o quadro dele era delicado por conta da idade. Até as 23h30 deste domingo ainda não tinham sido definidos os detalhes do velório e do sepultamento.
Natural de Córregos, em Minas Gerais, dom José Maria Pires tinha 70 anos de ordenação como padre e 60 como bispo. Como bispo, foi presidente da Comissão Episcopal do Nordeste 2, que reúne os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Ele foi o quarto bispo da região metropolitana de João Pessoa e esteve à frente da Igreja Católica na Arquidiocese entre os anos de 1966 e 1995.
A última visita com agenda oficial do Dom José a Paraíba aconteceu em maio, quando ele participou da posse do atual Arcebispo, dom Manoel Delson. Alguns dias antes, ele tinha representado a Arquidiocese durante a assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, evento em que era o bispo mais velho. E no último dia 13 ele fez uma palestra sobre Concílio Vaticano II e Doutrina Social da Igreja em Belo Horizonte.
Em nota oficial, dom Delson destacou que a morte de dom José aconteceu no domingo em que a Igreja celebra a vocação do catequista e tratou o bispo como "um grande pastor". "Dom José foi um dos catequistas mais ativos e humildes à frente do seu rebanho, e que soube impor a sua voz, sempre que necessário, em defesa dos menos favorecidos", diz na nota. Dom Delson também lembrou que dom José era chamado carinhosamente de 'Dom Pelé' pelos paraibanos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Santo Agostinho.
Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova… Tarde Te amei! Trinta anos estive longe de Deus. Mas, durante esse tempo, algo se movia dentro do meu coração… Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava… Mas Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque Tu me deixaste conhecer-Te. Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui, porque Tu Te fizeste meu auxílio.
Tu estavas dentro de mim e eu fora… “Os homens saem para fazer passeios, a fim de admirar o alto dos montes, o ruído incessante dos mares, o belo e ininterrupto curso dos rios, os majestosos movimentos dos astros. E, no entanto, passam ao largo de si mesmos. Não se arriscam na aventura de um passeio interior”. Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores que só faziam me afastar cada vez mais d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava… Eis que estavas dentro e eu fora! Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo…
Mas Tu me chamaste, clamaste por mim e Teu grito rompeu a minha surdez… “Fizeste-me entrar em mim mesmo… Para não olhar para dentro de mim, eu tinha me escondido. Mas Tu me arrancaste do meu esconderijo e me puseste diante de mim mesmo, a fim de que eu enxergasse o indigno que era, o quão deformado, manchado e sujo eu estava”. Em meio à luta, recorri a meu grande amigo Alípio e lhe disse: “Os ignorantes nos arrebatam o céu e nós, com toda a nossa ciência, nos debatemos em nossa carne”. Assim me encontrava, chorando desconsolado, enquanto perguntava a mim mesmo quando deixaria de dizer “Amanhã, amanhã”… Foi então que escutei uma voz que vinha da casa vizinha… Uma voz que dizia: “Pega e lê. Pega e lê!”.
Brilhaste, resplandeceste sobre mim e afugentaste a minha cegueira. Então corri à Bíblia, abri-a e li o primeiro capítulo sobre o qual caiu o meu olhar. Pertencia à carta de São Paulo aos Romanos e dizia assim: “Não em orgias e bebedeiras, nem na devassidão e libertinagem, nem nas rixas e ciúmes. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,13s). Aquelas Palavras ressoaram dentro de mim. Pareciam escritas por uma pessoa que me conhecia, que sabia da minha vida.
Exalaste Teu Perfume e respirei. Agora suspiro por Ti, anseio por Ti! Deus… de Quem separar-se é morrer, de Quem aproximar-se é ressuscitar, com Quem habitar é viver. Deus… de Quem fugir é cair, a Quem voltar é levantar-se, em Quem apoiar-se é estar seguro. Deus… a Quem esquecer é perecer, a Quem buscar é renascer, a Quem conhecer é possuir. Foi assim que descobri a Deus e me dei conta de que, no fundo, era a Ele, mesmo sem saber, a Quem buscava ardentemente o meu coração.
Provei-Te, e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me, e agora ardo por Tua Paz. “Deus começa a habitar em ti quando tu começas a amá-Lo”. Vi dentro de mim a Luz Imutável, Forte e Brilhante! Quem conhece a Verdade conhece esta Luz. Ó Eterna Verdade! Verdadeira Caridade! Tu és o meu Deus! Por Ti suspiro dia e noite desde que Te conheci. E mostraste-me então Quem eras. E irradiaste sobre mim a Tua Força dando-me o Teu Amor!
E agora, Senhor, só amo a Ti! Só sigo a Ti! Só busco a Ti! Só ardo por Ti!…
Tarde te amei! Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu Te amei! Eis que estavas dentro, e eu, fora – e fora Te buscava, e me lançava, disforme e nada belo, perante a beleza de tudo e de todos que criaste. Estavas comigo, e eu não estava Contigo… Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Chamaste, clamaste por mim e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste, e a Tua Luz afugentou minha cegueira. Exalaste o Teu Perfume e, respirando-o, suspirei por Ti, Te desejei. Eu Te provei, Te saboreei e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me e agora ardo em desejos por Tua Paz!
*Confissões 10, 27-29
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*Pe. João damasceno Penna
Vamos conhecer um pouco mais a origem de cada um em si destes mesmos Evangelhos. Verificaremos inicialmente os seus destinatários.
Mateus – Escreve para os Judeus recém-convertidos – Por trás de cada palavra sua, existe um contexto catequético, em relação aos irmãos da cultura judaica, para uma certa abertura em vista de um possível diálogo missionário. O que está em jogo aqui é a conversão destes judeus simpatizantes ao cristianismo nascente. Ele inicia o seu Evangelho com uma “genealogia” (espécie de carteira de identidade daquele povo judeu), para mostrar que Jesus é o Messias esperado pelos Profetas vindo pela linhagem do Rei Davi, para ser vamos dizer assim, um outro Moisés.
Marcos – Escreve para os Cristãos/judeus convertidos pela pregação de Pedro (comunidade Petrina). Sua catequese é estritamente batismal, como aparece muitas vezes embutida em todo o texto. Sua pregação tem como objetivo levá-los da iniciação cristã até o Seguimento, através de uma fé adulta (madura), para que a partir da humanidade de Jesus, possam responder quem afinal é mesmo esse “Filho do Homem”. Começa o seu Evangelho dizendo: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”. O seu zelo pelo lado humano de Jesus, revela uma preocupação histórica de passar com certa segurança o seu conteúdo salvífico. Lembra-nos já os Atos dos Apóstolos, quando Pedro ao escolher Estevão e os outros diáconos para a pregação e serviço da mesa, deixando para ele, João e Tiago o encargo do Ministério da Palavra, como se dissessem: Vamos Escrever o Evangelho! Na verdade é claro que pouca coisa fora para o pergaminho nesta época, mas, é bom lembrar que o ministério da própria pregação oral, já era em si uma forma de confeccionar o conteúdo que mais tarde seria propriamente posto por escrito.
Lucas – (poderíamos dizer que ele escreveu vamos dizer assim o Evangelho de Paulo, movido pelo tema principal: O Espírito Santo) – Ele escreve a partir da pregação de Paulo, a pedido de um certo Teófilo, para cristãos convertidos do paganismo helênico espalhados por todo o Império Romano.
João – Escreve para os Cristãos (Cristãs) da Ásia Menor, convertidos por ele, num período de muita tribulação causada pelos imprevistos da grande perseguição romana. Aqui neste Evangelho, ele procura fazer uma Cristologia descendente, para explicar o mistério do Verbo Encarnado __ Jesus é o Cristo, Filho de Deus – Caminho, Verdade e Vida. Combate dúvidas sobre questões ligadas à Divindade de Jesus, semeadas por um certo Cerinto que defendia: “Jesus era um simples judeu, filho de Maria e José, que no Batismo recebeu o verbo (o Cristo) e na Paixão o perdeu, gritando então ‘Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes!’”. Combate também às seitas gnósticas. Enfim, combate todos os anticristos de sua época. Segundo a maioria de seus estudiosos, João é o Evangelho mais simbólico, detalhado, histórico e ao mesmo tempo teológico. João é quem mais nos dá pistas sobre o que escreveram a respeito de Jesus. Para confirmar isto tudo, leiam Jo, 20, 30.31; 21,24-25.
*Pe. João damasceno Penna nasceu em 27 de setembro de 1962, filho natural da princesa serrana Timbaúba/PE, é sacerdote diocesano na arquidiocese de São Sebastião no Rio de Janeiro.
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Comentário de Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ.
Eu não quero esse Jesus Cristo...
Eu não quero este Jesus Cristo que fala alto nos palanques e na TV, corre, condena, grita e transforma a sua mensagem em poluição audiovisual. Não, o meu Jesus não é o Jesus do marketing, dos grandes shows, da corrida pelo ibope. Ele não é fashion, não tem cor. Ele ultrapassa as religiões, os ritos, os dogmas, ama a todos sem pré-conceitos, fala pouco, perdoa, contempla e ora. Passa na brisa suave e mora nas favelas, nas florestas, nos morros, nas montanhas e no silêncio da madrugada triste das penitenciárias, dos abrigos e das casas de recuperação dos drogados.
Eu não quero este Jesus dos templos televisivos. Não, o meu Jesus Caminha com o mendigo no silêncio da noite, sorri com o ancião abandonado em um asilo, dorme com os menores nos viadutos das grandes metrópoles. Silencia na dor dos índios, na saudade dos migrantes, nas alegrias e tristezas do agricultor. Ele ressuscita na luta de cada comunidade, no grito dos homossexuais espancados, das prostitutas, travestis, das lésbicas e drogados. Sim, o meu Jesus é trindade e se faz presente em cada grupo social na marcha contra os políticos corruptos e desumanos.
Eu não quero este Jesus Cristo competitivo no mercado financeiro da marca Bombril, com mil e uma utilidades. Eu fujo do sagrado comercial e sexualmente sedutor, consumido e comido nas fartas mesas do sistema econômico. Não, o meu Jesus não tem preço ou marca, Ele não se queima, não se corrompe e não se vende. Ele é frágil, humilde, carinhoso, misericordioso, manso, pequenino e só os puros de coração poderão ver e contemplá-lo.
Eu não quero este Jesus Cristo pop estar estampado nas camisetas, disputando espaço com a Madonna, o Pelé, o Justin Bieber, o Neymar, a Lady Gaga e todos os artistas e personalidades mundiais. Não, o meu Jesus não gosta de ser reconhecido. Ele não é o super-homem, ao contrário, foi condenado e crucificado em uma cruz. O meu herói caminha com os presos políticos, com os mutilados, desesperados e sedentos de paz e igualdade social.
Eu não quero este Jesus Cristo do cinema 3D, HD e digital que enriquece empresários do sagrado e transforma os seguidores em fanáticos. Não, o meu Jesus não tem tablet, aiphone ou iPad. Ele vive escondido em um pequeno casebre castigado pelas enchentes, sofre com a seca, as chacinas, a prostituição infantil e as epidemias, chora com os aidéticos e vive a procura de um pedaço de terra e de um teto para morar. Ele é o mesmo de ontem, de hoje e de sempre, porém, muitos não o aceitam, não o procuram e fecham os olhos para não o ver.
Comentário do italiano Enzo Bianchi, fundador da Comunidade de Bose.
O relato é denso, fruto do testemunho sobre o evento, mas também da meditação da Igreja de Mateus, que aprofunda cada vez mais o mistério de Cristo. Jesus vai com os discípulos aos territórios de Cesareia, a cidade fundada 30 anos antes pelo tetrarca Filipe, filho de Herodes, o grande, aos pés do monte Hermon. E, exatamente lá onde César é venerado como divino, precisamente em uma cidade edificada em sua honra, eis a ocasião para a pergunta sobre Jesus: quem é verdadeiramente Jesus? É ele mesmo quem faz essa pergunta aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem”?
Os discípulos relatam que as pessoas pensam que Jesus é um profeta, um dos grandes profetas presentes na memória coletiva de Israel: talvez Elias, que era esperado, talvez Batista, morto por Herodes, mas que voltou à vida (Mt 14, 1-12), ou talvez Jeremias, visto que, como ele (cf. Jr 7), Jesus proferia palavras contra o templo de Jerusalém.
A pergunta de Jesus não tinha como propósito obter como resposta uma fórmula doutrinal, muito menos dogmática, mas pedia aos discípulos para manifestar a sua relação com ele, o seu envolvimento com a sua vida, a confiança que punham no seu rabi. Sim, quem é Jesus? É uma pergunta que devemos nos fazer e refazer ao longo dos dias.
Pedro teve por graça o dom do discernimento, viu bem quem era Jesus e, por isso, pode ser a primeira pedra, aquela que marca a solidez de toda a construção, um homem capaz de reforçar e confirmar os irmãos, também por ser, por sua vez, sustentado e confirmado pela oração de Jesus (Lc 22, 32).
Nessa passagem, aparece a palavra “Igreja”, que retornará apenas mais uma vez em todos os Evangelhos, também em Mateus (Mt 18, 17). Igreja, ekklesía, significa assembleia dos chamados-por este é o nome dado pelos heleno-cristãos às suas comunidades, também para se diferenciarem da sinagoga (assembleia) dos judeus não cristãos. Pois bem, a Igreja tem Jesus como construtor – “Eu construirei a minha Igreja” – e ela lhe pertence para sempre: nunca será nem de Pedro nem de outros, mas de propriedade do Senhor (Kýrios).
Comentário de Adroaldo Palaoro, sacerdote jesuíta.
A pergunta “quem é Jesus” não pode ser respondida simplesmente com os dogmas. A resposta deve ser prática, brotar do chão da vida. Nossa vida é a que tem que dizer quem é Jesus Cristo para nós. “Que diz tua vida de mim”?
Do esforço dos primeiros séculos da Igreja por compreender a Jesus, devemos fazer nossas, não as respostas que deram, mas as perguntas que foram feitas.
A verdadeira pergunta é: “que é, que significa Jesus Cristo em nossa vida”? Não basta dizer que cremos em Jesus. É preciso nos perguntar: em que Jesus cremos e quem é Jesus para nós?.
O Poder das chaves. Comentário do Pe. Johan Konings, Jesuíta.
Costumamos dizer que o papa detém o poder das chaves. Mas que significa isso? A liturgia de hoje nos ajuda a compreender melhor esse tema.
Pela primeira leitura, aprendemos que o poder das chaves significa a administração da casa ou da cidade. O administrador do palácio do rei, Sobna, será substituído por Eliacim, que receberá as chaves da casa de Davi.
No evangelho, Pedro, em nome dos doze apóstolos, proclama Jesus Messias e Filho de Deus. Jesus, em compensação, proclama Pedro fundamento da Igreja e confia-lhe as chaves do Reino dos Céus. Dá-lhe também o poder de ligar e desligar, o que significa obrigar e deixar livre, ou seja, o poder de decisão na comunidade (em Mt 18,18, esse poder é dado à Igreja como tal).
As chaves do Reino dos Céus significam o ministério ou serviço pastoral; portanto, uma realidade no nível da fé. Nessa expressão, Reino dos Céus não é o céu como vida do além, mas o Reino de Deus (os judeus chamavam a Deus de os Céus). Trata-se do Reino de Deus entendido como comunidade, contraposta às portas do inferno, a cidade de satanás, que não prevalecerá sobre a comunidade cujas chaves Pedro recebe.
Trata-se, pois, de duas cidades que se enfrentam aqui na terra. Pedro é o prefeito da cidade de Deus aqui na terra. Respondendo pelos Doze, administra as responsabilidades da fé e da evangelização. Na medida em que a Igreja realiza algo do Reino de Deus neste mundo, Jesus pode dizer que Pedro tem as chaves do Reino dos Céus, isto é, do domínio de Deus. Ele administra a comunidade de Deus no mundo.
Quem exerce esse serviço hoje é o papa, bispo de Roma e sucessor de Pedro. Mas já os antigos romanos diziam: o prefeito não deve se meter nas mínimas coisas. Pedro e seus sucessores não exercem sua responsabilidade sozinhos. A responsabilidade ordinária está com os bispos, como pastores das igrejas particulares (= dioceses). É o que se chama de colegialidade dos bispos. O bispo de Roma, irmão eleito entre seus pares, deve cuidar especificamente dos problemas que dizem respeito a todas as igrejas particulares. O papa é o Servo da Unidade.
Há quem não goste de que se fale em poder na Igreja, muito menos no poder papal. Mas quem já teve de coordenar algum serviço sabe que precisa de autoridade, pois senão nada acontece. No desprezo da administração pastoral da Igreja pode haver um quê de antiautoritarismo juvenil. Aliás, os jovens de hoje, pelo menos de modo confuso, já estão cansados do antiautoritarismo e percebem a falta de autoridade.
Sem cair no autoritarismo de épocas anteriores, convém ter uma compreensão adequada da autoridade como serviço na Igreja. O evangelho nos ensina que essa autoridade está intimamente ligada à fé. Pedro é responsável pelo governo porque respondeu pela fé dos Doze. Por outro lado, se é verdade que Pedro e seus sucessores têm a última palavra na responsabilidade pastoral, eles devem também escutar as penúltimas palavras de muita gente. Devemos chegar a uma obediência adulta na Igreja: colaborar com os responsáveis num espírito de unidade, sabendo que se trata de uma causa comum, não nossa, mas de Deus. Nem mistificação da autoridade, nem anarquia.
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"O Grito dos Excluídos/as é o Grito dos pobres e descartados/as da sociedade capitalista neoliberal: uma sociedade estruturalmente injusta e perversa! O Grito dos Excluídos/as é o Grito do Brasil, é o nosso Grito, é o Grito de Jesus de Nazaré" escreve Frei Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP) e professor aposentado de Filosofia (UFG).
Eis o artigo.
No dia 12 de julho passado, o Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da CNBB, Dom Guilherme Antônio Werlang (Bispo de Ipameri - GO), enviou uma Carta, dirigida aos “Cardeais, Arce/Bispos, Agentes de Pastoral e Lideranças”, solicitando “efetivo apoio” das Dioceses, Paróquias e Comunidades ao Grito dos Excluídos/as 2017.
A Carta começa fazendo uma breve memória do evento: “O Grito dos Excluídos/as chega ao seu 23º ano, fruto da Campanha da Fraternidade de 1995, cujo tema era ‘Fraternidade e os Excluídos/as’ e o lema: ‘Eras tu, Senhor?’. Ao contemplar as faces da exclusão na sociedade brasileira, setores ligados às Pastorais Sociais da Igreja optaram por estabelecer canais de diálogo permanente com a sociedade promovendo, a cada ano, na semana da Pátria, o Grito dos Excluídos/as”.
Continua a Carta: “O Grito dos Excluídos/as não quer se limitar ao sete de setembro. Vai muito além. Em preparação ao evento são promovidas rodas de conversa, seminários, fóruns temáticos e conferências, envolvendo entidades, instituições, movimentos e organizações da sociedade civil, fortalecendo as legítimas reivindicações sociais e reforçando a presença solidária da Igreja (reparem: a presença solidária da Igreja!) junto aos mais vulneráveis, sintonizando-a aos seus anseios e possibilitando a construção de uma sociedade mais justa e solidária”.
Fazendo uma breve análise do momento histórico que vivemos, a Carta - em tom profético - anuncia e denuncia: “Em 2017, o 23º Grito dos Excluídos/as tem como lema ‘Por direitos e democracia, a luta é todo dia’. Vivemos tempos difíceis. Os direitos e os avanços democráticos conquistados nas últimas décadas, frutos de mobilizações e lutas, estão ameaçados. O ajuste fiscal, as reformas - trabalhista e da previdência - estão retirando direitos dos trabalhadores para favorecer aos interesses do mercado. O próprio sistema democrático está em crise, distante da realidade vivida pela população”.
Enfim, a Carta faz um agradecimento e um novo apelo: “Agradecemos aos senhores pelo apoio recebido ao longo destes anos e nos comprometemos a continuar gritando pela ‘vida em primeiro lugar’. Agora, solicitamos-lhes, mais uma vez, o efetivo apoio (reparem novamente: o efetivo apoio!) ao Grito dos Excluídos/as 2017”.
Conclui reconhecendo que o Grito dos Excluídos/as “é uma iniciativa que desperta para a solidariedade, para a organização e que renova a esperança dos pobres e os torna sujeitos de uma nova sociedade, sinal do Reino de Deus”.
Sobre o envolvimento com os Movimentos Populares, os cristãos e cristãs ouçamos o convite do Papa Francisco e sigamos o seu testemunho.
O convite: “Soube que são muitos na Igreja aqueles que se sentem mais próximos dos Movimentos Populares. Muito me alegro por isso! Ver a Igreja com as portas abertas a todos vocês, que se envolve, acompanha e consegue sistematizar em cada Diocese, em cada Comissão ‘Justiça e Paz’, uma colaboração real, permanente e comprometida com os Movimentos Populares. Convido-vos a todos, bispos, sacerdotes e leigos, juntamente com as organizações sociais das periferias urbanas e rurais, a aprofundar este Encontro” (Discurso aos participantes do 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Santa Cruz de la Sierra - Bolívia, 09/07/15).
O testemunho: “Assistimos ao vídeo que vocês apresentaram como conclusão do 3º Encontro. Vimos os rostos de vocês nos debates sobre o modo de enfrentar ‘a desigualdade que gera violência’. Tantas propostas, muita criatividade e grande esperança na voz de vocês, que talvez tivesse mais motivos para se queixar, permanecer emudecida nos conflitos, cair na tentação do negativo. E, no entanto, vocês olham para a frente, pensam, debatem, propõem e agem. Congratulo-me com vocês, acompanho vocês (reparem mais uma vez: acompanho vocês!) e peço-lhes que continuem a abrir caminhos e a lutar. Isto me dá força, dá-nos força. Penso que este nosso diálogo, que se acrescenta aos esforços de muitos milhões de pessoas que trabalham diariamente pela justiça no mundo inteiro, começa a ganhar raízes” (Discurso aos participantes do 3º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Roma, 05/11/16). Quanta simplicidade, quanta abertura e quanta confiança encontramos nas palavras do nosso irmão Francisco! Meditemos!
O Grito dos Excluídos/as é o Grito dos pobres e descartados/as da sociedade capitalista neoliberal: uma sociedade estruturalmente injusta e perversa! O Grito dos Excluídos/as é o Grito do Brasil, é o nosso Grito, é o Grito de Jesus de Nazaré!
Militantes dos Sindicatos de Trabalhadores/as, dos Movimentos Populares, das Pastorais Sociais, das Comunidades e outras Organizações da sociedade civil, participemos do Grito dos Excluídos/as! A presença de cada um e cada uma de nós fará a diferença e fortalecerá a luta! Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Não basta reformar os livros litúrgicos para renovar a mentalidade (...), a educação litúrgica de Pastores e fiéis é um desafio a ser enfrentado sempre de novo”." Depois deste magistério e depois deste longo caminho, podemos afirmar com segurança e com autoridade magisterial que a reforma litúrgica é irreversível”, disse Papa Francisco ao encontrar na manhã desta quinta-feira na Sala Paulo VI os participantes da Semana Litúrgica Nacional italiana, o Papa Francisco falou sobre a irreversibilidade da reforma litúrgica, recordando - ao começar seu pronunciamento - os acontecimentos “substanciais e não superficiais” ocorridos no arco dos últimos 70 anos na história Igreja e em particular, “na história da liturgia”.
O Concílio Vaticano II e a reforma litúrgica – disse o Papa – são dois eventos diretamente ligados, “que não floresceram repentinamente, mas foram longamente preparados”, como testemunha o movimento litúrgico “e as respostas dadas pelos Sumos Pontífices às dificuldades percebidas na oração eclesial”. “Quando se percebe uma necessidade – observou – mesmo se não imediata a solução, existe a necessidade” de começar a fazer algo.
Francisco começa por citar, neste sentido, São Pio X, que dispôs uma reordenação da música sacra e a restauração celebrativa do domingo, além de instituir “uma comissão para a reforma geral da liturgia, consciente de que isto comportaria” um grande e longo trabalho, mas que daria “um novo esplendor” à dignidade e harmonia do “edifício litúrgico”.
Um projecto reformador que foi retomado mais tarde por Pio XII com a Encíclica Mediator Dei e a instituição de uma comissão de estudo, sem falar em decisões como “a atenuação do jejum eucarístico, o uso da língua viva no Ritual, a importante reforma da Vigília Pascal e da Semana Santa”.
O Concílio Vaticano II fez amadurecer mais tarde – recordou o Papa - “como bom fruto da árvore da Igreja, a Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium”, cujas linhas da reforma geral respondiam às necessidades reais e à concreta esperança de uma renovação, “para que os fiéis não assistam como estranhos e mudos espectadores a este mistério de fé, mas compreendendo-o por meio dos ritos e das orações, participem da acção sagrada conscientemente, piamente e ativamente (SC, 48)”.
O Papa recorda que “a direcção traçada pelo Concílio encontrou forma, segundo o princípio do respeito da sã tradição e do legítimo progresso nos livros litúrgicos promulgados pelo Beato Paulo VI”, já há quase 50 anos “universalmente em uso no Ritual Romano.
E a aplicação prática, guiada pelas Conferências Episcopais para os respectivos países, está ainda em andamento, pois não basta reformar os livros litúrgicos para renovar a mentalidade”:
“Os livros reformados por norma dos decretos do Vaticano II, introduziram um processo que requer tempo, recepção dos fiéis, obediência prática, sábia atuação celebrativa por parte, antes, dos ministros ordenados, mas também dos outros ministros, dos cantores e de todos aqueles que participam da liturgia. Na verdade, o sabemos, a educação litúrgica de Pastores e fiéis é um desafio a ser enfrentado sempre de novo”.
“O próprio Paulo VI, um ano antes de sua morte – recordou o Papa – dizia aos Cardeais reunidos em Consistório: “Chegou o momento, agora, de deixar cair definitivamente os fermentos desagregadores, igualmente perniciosos em um sentido e em outro, e de aplicar integralmente nos seus justos critérios inspiradores, a reforma por nós aprovada em aplicação aos votos do Concílio”. E completou:
“E hoje ainda há trabalho a ser feito nesta direção, em particular redescobrindo os motivos das discussões realizadas com a reforma litúrgica, superando leituras infundadas e superficiais, recepções parciais e práticas que a desfiguram. Não se trata de repensar a reforma revendo as suas escolhas, mas de conhecer melhor as razões subjacentes, também por meio da documentação histórica, como de interiorizar os princípios inspiradores e de observar a disciplina que a regula. Depois deste magistério e depois deste longo caminho, podemos afirmar com segurança e com autoridade magisterial que a reforma litúrgica é irreversível”.
Após “repassar com a memória este caminho”, o Papa falou sobre alguns aspectos do tema que guiou a reflexão nestes dias do encontro do Centro de Ação Litúrgica: “Uma liturgia viva para uma Igreja viva”:
“A liturgia é “viva”, afirmou Francisco, e “sem a presença real do mistério de Cristo, não existe nenhuma vitalidade litúrgica. Como sem o batimento cardíaco não existe vida humana, da mesma forma, sem o coração pulsante de Cristo não existe ação litúrgica”. “E entre os sinais visíveis do invisível Mistério está o altar, sinal de Cristo pedra viva, descartada pelos homens mas que se tornou a pedra angular do edifício espiritual em que é oferecido a Deus vivo o culto em espírito e verdade”.
A liturgia – disse depois o Papa – “é vida para todo o povo da igreja. Por sua natureza, a liturgia é de fato “popular” e não clerical, sendo – como ensina a etimologia – uma ação para o povo, mas também do povo”:
"A Igreja em oração acolhe todos aqueles que têm o coração na escuta do Evangelho, sem descartar ninguém: são convocados pequenos e grandes, ricos e pobres, crianças e idosos, saudáveis e doentes, justos e pecadores. À imagem da "multidão imensa" que celebra a liturgia no santuário do céu, a assembleia litúrgica supera, em Cristo, todo limite de idade, raça, língua e nação".
“A dimensão “popular” da liturgia nos recorda que ela é inclusiva e não exclusiva, criadora de comunhão com todos, sem todavia homologar, porque chama cada um com a sua vocação e originalidade, a contribuir no edificar o corpo de Cristo”. Não devemos esquecer – alertou o Papa – que a liturgia expressa a piedade de todo o povo de Deus e nela cada um contribui a edificar o corpo de Cristo.
A liturgia – disse o Papa analisando um terceiro ponto – é vida e não uma ideia a ser entendida. “Leva de fato a viver uma experiência iniciática. Ou seja, transformadora do modo de pensar e de comportar-se e não para enriquecer a própria bagagem de ideias sobre Deus”:
“A Igreja é realmente viva se, formando um só ser vivo com Cristo, é portadora de vida, é materna, é missionária, sai ao encontro do próximo, solícita de servir sem buscar poderes mundanos que a tornam estéril. Por isto, celebrando os santos mistérios, recorda Maria, a Virgem do Magnificat”.
Por fim, o Papa recorda que “não podemos esquecer que a riqueza da Igreja em oração enquanto “católica” vai além do Rito Romano que, mesmo sendo o mais difundido, não é o único’:
“A harmonia das tradições rituais, do Oriente e do Ocidente, pelo sopro do mesmo Espírito dá voz à única Igreja orante por Cristo, com Cristo e em Cristo, a glória do Pai e para a salvação do mundo”.
Ao agradecer a visita o Papa encoraja os responsáveis do Centro de Ação Litúrgica a prosseguir e a ajudar “os ministros ordenados, assim como os outros ministros, os cantores, os artistas, os músicos, a cooperarem para que a liturgia seja “fonte e ápice da vitalidade da Igreja””.
O pronunciamento do Papa Francisco pode ser encontrado por agora somente em italiano - no link: https://goo.gl/BqSQb9
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Dom Erwin Krautler, Bispo emérito da Prelazia do Xingu (PA). 24 de agosto de 2017.
Em memória às vítimas no rio Xingu no Pará na terça-feira (22).
O silêncio da morte paira sobre o Xingu.
Corpos inertes flutuam de braços erguidos
Nas águas verdes-esmeralda.
Uma mulher sem vida,
agarrada às suas crianças!
Xingu majestoso,
Xingu misterioso,
By-tire dos Índios!
Por que te revoltaste?
Por que ficaste tão furioso?
Por que agrediste o navio
Que singrava tuas águas?
Ou foram homens que te provocaram?
Ávidos de lucro, te desrespeitaram?
Ultrapassaram os limites de carga e passageiros?
Ó minha Porto de Moz querida,
Cidade de um povo
alegre e sorridente!
Agora o luto enche tuas casas,
A aflição e tristeza te abalam.
Gritos de dor ecoam pelas ruas,
Defuntos são levados à derradeira morada,
Insônia e pesadelos povoam a noite.
Ó minha Porto de Moz querida,
O silêncio sufocante da morte te invadiu!
Mas será da morte a última palavra?
Não! Jamais! A morte foi tragada pela Vida!
Mesmo com o rosto desfigurado pelas lágrimas
Adoramos a tua Cruz, Senhor.
Mesmo com o coração traspassado de dor
Professamos nossa fé na Ressurreição.
Mesmo com a alma atônita,
Confiamos a Ti nossos irmãos e irmãs.
Fonte: http://cnbb.net.br
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A Diocese de Guarabira, na pessoa do seu Administrador Diocesano, Monsenhor José Nicodemos, comunica, com profundo pesar, o falecimento do Pe. Pedro Gomes Bezerra. O mesmo foi encontrado morto em sua residência na manhã desta quinta-feira (24 de agosto de 2017).
O Pe. Pedro Gomes estava à frente da Área Pastoral Nossa Senhora do Carmo, em Borborema-PB, onde exercia o seu ministério sacerdotal. No próximo dia 30 de agosto ele completaria 50 anos de idade e em dezembro 24 anos de sacerdócio.
Embora enlutados, permaneçamos unidos em oração professando a nossa fé na ressurreição dos mortos. E que o Senhor conceda ao Pe. Pedro Gomes o descanso eterno.
Com pesar, em Cristo nossa Esperança de ressurreição.
Mons. José Nicodemos Rodrigues de Sousa
Administrador Diocesano de Guarabira
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Padre foi morto com pelo menos 29 facadas; polícia descarta latrocínio.
Polícia Civil descartou que a morte do padre Pedro Gomes Bezerra, de 49 anos, tenha sido um latrocínio, conforme informou o delegado Diógenes Fernandes, nesta quinta-feira (24). O delegado ouviu cerca de oito pessoas, entre vizinhos e pessoas próximas da vítima, para realizar a instrução do inquérito. O padre foi morto com pelo menos 29 facadas, em Borborema, Brejo paraibano.
“Pela cena do crime, verifica-se a luta corporal entre duas pessoas. O autor foi recepcionado, entrou voluntariamente, foi recebido, havia comida, e eles passaram cerca de uma hora entre conversas amigáveis. E aí houve alguma motivação para que houvesse a briga, que foi bastante violenta”, explicou o delegado.
Ainda de acordo com o delegado Diógenes, o dinheiro da paróquia não foi levado e nem outros objetos de valor. Apenas o carro foi roubado, para a fuga do agressor, mas foi encontrado abandonado na zona rual do município de Solânea, a cerca de 15km da cidade onde aconteceu o assassinato.
“Não há dúvidas de que era uma pessoa conhecida. Ele [o padre] não só recebeu [o agressor], mas recepcionou”, disse o delegado.
O crime aconteceu na noite desta quarta-feira (23), mas o corpo só foi encontrado na manhã desta quinta, pela secretária da casa paroquial. O padre estava caído na sala de jantar, muito machucado e sem roupas.
Velório do padre Pedro Gomes Bezerra
A assessoria de comunicação da Diocese de Guarabira, responsável pela região de Borborema, confirmou que está programada para acontecer uma missa na noite desta quinta-feira (24) na igreja de Borborema e o velório do padre Pedro Gomes começará logo em seguida. O enterro está previsto para acontecer em Guarabira, na sexta-feira (24).
Fonte: http://g1.globo.com
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Padre foi assassinado em Borborema hoje pela amanhã dentro de sua casa.
Chega à nossa redação a informação de que um padre da paróquia de Nossa Senhora do Carmo, de Borborema-PB, por nome de Pedro Gomes foi encontrado amarrado e morto dentro da casa paroquial, onde residia, na manhã desta quinta-feira (24). Ainda segundo detalhes ele teria sido esfaqueado. A informação foi confirmada por um secretário do padre.
De acordo com informações repassadas pelo Capitão J. Ferreira, da CIA da PM da cidade de Solânea, a secretária do Padre informou que ao chegar na residência, para trabalhar, por volta das 08:00h da manhã, encontrou a porta fechada, mas sem ser na chave. Ainda segundo ela, o corpo do Padre estava enrolado num lençol e a casa estava revirada. Ela de imediato ligou para a Polícia Militar que foi ao local e constatou o fato, porém ficou aguardando a chegada da perícia para que desenrolasse o corpo e confirmasse se realmente era o Padre Pedro Gomes.
De acordo com o Capitão J. Ferreira, a casa apresentava sinais de que teria acontecido uma luta corporal em seu interior e que não havia sinais de arrombamento. Como o carro do Padre, um Fiat Strada, foi levado e a porta estava fechada, a polícia acredita que o assassino poderia ter acesso livre à residência.
Uma das hipóteses é que o religioso tenha sido vítima de latrocínio (roubo seguido de morte), mas todo o dinheiro do ofertório e do dízimo estava no quarto do Padre. Mas alguns objetos pessoais que estavam no carro também foram levados.
A perícia já está no local e vários padres da diocese de Guarabira se deslocaram para Borborema para acompanhar o caso de perto. Outras informações ainda dão conta de que no interior da residência, foram encontradas latas de cerveja, copos e duas cadeiras, num ambiente o qual indica que houve uma comemoração. O corpo do Padre estava sem roupas, enrolado apenas pelos lenções.
Um rapaz que trabalha na secretaria da igreja, residente em Arara e que estava sendo procurado pela polícia já foi localizado e poderá ajudar no esclarecimento do crime. Perguntado sobre esses detalhes, o Padre Bosco, que teve acesso ao local do crime, preferiu deixar que a perícia se pronunciasse.
O Padre Pedro tinha 50 anos e era irmão do professor Luizinho da cidade de Guarabira. A informação de seu assassinato vem chocando a sociedade da região e chamando a atenção da imprensa de todo o Estado. Fonte: http://portalmidia.net
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Neste momento de imenso sofrimento por que passa a população baiana, pelo trágico acidente ocorrido na manhã de hoje na Baía de Todos os Santos, nós, da família da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, fazemos também nossa a dor de todas e de cada uma das famílias atingidas com a perda de um ente querido. Pedimos a Deus que as reconforte e as ajude a superarem tanta dor. Nós nos unimos às orações que fazem pelo descanso eterno daqueles que amavam, lembrados das palavras de Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, mesmo se houver morrido viverá” (Jo 11, 25).
Sabemos que, em situações como esta, não há palavra que conforte o suficiente. Mas sabemos também o quanto é importante estarmos ao lado de quem foi atingido pela dor. Pedimos, pois, que cada qual procure manifestar sua proximidade com todos aqueles que sofrem porque, direta ou indiretamente, todos fomos atingidos por essa tragédia.
Mais do que nunca, em horas assim, somos convidados a ouvir o convite de Jesus: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso” (Mt 11, 28).
A todos, com muita solidariedade, a minha bênção.
Salvador, 24 de agosto de 2017.
Dom Murilo S. R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Primaz do Brasil
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Em nome do Papa Francisco, a Nunciatura Apostólica no Brasil (órgão que representa a Santa Sé) também divulgou nota sobre as mortes ocorridas após o naufrágio na manhã de hoje. Leia o texto na íntegra:
Brasília, 24 de agosto de 2017
Excelência,
Acolhi, com profunda tristeza, a notícia da morte de inúmeras pessoas no naufrágio de uma embarcação, ocorrido hoje na Baía de Todos os Santos.
Pela presente, em nome do Santo Padre, o Papa Francisco, quero manifestar sinceras condolências às famílias das vítimas, como também orações ao Senhor da Vida para que acolha os defuntos em seu Reino de paz e de vida eterna.
Imagino o desespero de quantos foram atingidos por essa tragédia! Mas, ao mesmo tempo, estou certo de que a confiança em Deus ajudará a acreditar sempre mais que: “Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto viverá” (Jo 11, 25).
A solidariedade de quantos estão agora a lamentar este triste acontecimento contribuirá a suavizar o sofrimento e a dor daqueles que choram e sentem a perda dos seus entes queridos, a fim de poder aceitar, na certeza da ressurreição, a dolorosa separação humana.
Assegurando um especial sufrágio na Celebração Eucarística que hei de presidir amanhã de manhã, e unindo-me às orações de Vossa Excelência e de toda a Igreja que está em Salvador da Bahia, em nome do Santo Padre concedo a todos uma Bênção Apostólica.
Dom Giovanni d’Aniello
Núncio Apostólico no Brasil
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O heroísmo de um bispo espanhol na República Centro-Africana
A República Centro-Africana não existe. No mapa, tem fronteiras, florestas, uma capital e até conta com um aeroporto internacional, mas é tudo uma grande ficção. Na realidade, este quilômetro zero do continente é hoje um conjunto de ilhas rodeadas de bairros queimados, de mortos mal enterrados e de grupos armados sem pátria. Se existe, a República Centro-Africana só sobrevive no coração de alguns homens e mulheres que, em vez de contribuir para a sua dissolução definitiva, decidiram lutar contra a sua destruição com tudo contra. Uma dessas pessoas é o espanhol Juan José Aguirre. A reportagem é de Alberto Rojas, publicada por El Mundo, 21-08-2017. A tradução é de André Langer.
O padre Aguirre é o bispo de Bangassou, uma dessas ilhas de terra vermelha e florestas tropicais onde, nos últimos meses, o que resta do país é sangrado a tiros e golpes de machetes. Em sua missão católica, Aguirre e seu bispo auxiliar, o também espanhol Jesús Ruiz, mantêm 2 mil civis muçulmanos que as milícias cristãs Anti-Balaka (literalmente, os que não temem as balas de AK) teriam exterminado não fosse sua intervenção para protegê-los. Hoje, a paróquia onde se encontram é um autêntico barril de pólvora, e seus anfitriões, os religiosos católicos, são seus escudos humanos.
Os arredores de Bangassou são controlados pelo senhor da guerra nigeriano Ali Darassa, um criminoso saqueador que veio pegar os despojos desta antiga colônia francesa. Com sua milícia Seleka, de maioria muçulmana, foi conquistando povoado a povoado desde a sua base de Bria (onde são extraídos os maiores diamantes do mundo) até a fronteira com o Congo, delimitada pelo Rio Ubangui. Nos 12 povoados que conquistou foi destruindo as paróquias católicas. A maior parte dos sacerdotes está em paradeiro desconhecido.
A única cidade que ainda não pôde conquistar é Bangassou, controlada pelas milícias cristãs Anti-Balaka, a maioria deles crianças ou adolescentes armados, drogados e indisciplinados. Diante dos ataques de Ali Darassa, os Anti-Balaka a tomaram com os habitantes muçulmanos de Bangassou.
Dois mil muçulmanos refugiados
O ódio e a manipulação, em um país onde nunca houve problemas entre as comunidades cristãs e muçulmanas, produziram um ambiente explosivo que finalmente eclodiu em 12 de maio passado. Casa por casa, os Anti-Balaka foram matando homens, mulheres e crianças. Mais de 100. Quando chegou aos ouvidos do padre Aguirre, que estava na catedral, conseguiu refugiar o resto dos muçulmanos nos domínios da igreja. Ao todo, são duas mil pessoas que estão refugiadas ali desde então.
“Eles não podem sair. Se as mulheres tentam deixar o recinto da catedral para recolher lenha os franco-atiradores atiram contra elas. Caso não tivessem se refugiado ali, já teriam sido exterminados”, conta Jesús Ruiz.
“Todos os dias enchemos os tanques de água, mas não temos mais recursos para atendê-los. Eles queimaram os bancos de madeira da igreja para cozinhar, mas já acabaram”, assegura este religioso, que descreve uma situação complexa e tensa. “Os cascos azuis da Minusca (missão de paz da ONU no país) protegem o nosso perímetro para que os Anti-Balaka não entrem, mas há um problema grave: eles são marroquinos e egípcios e tomaram partido pelos muçulmanos”.
“Isso provocou uma rejeição por parte do resto da população, que os vê com desconfiança. Também não ajuda o fato de que cada vez que saem para fazer patrulhas por Bangassou atirem contra todos os que se mexem, quer sejam civis ou milicianos”, disse. Além disso, os marroquinos já perderam sete soldados em confrontos armados com os Anti-Balaka.
A neutralidade foi rompida há semanas. As forças muçulmanas Seleka tomaram Gambo, um povoado situado a 75 quilômetros de Bangassou. Diante da permissividade dos soldados das Nações Unidas presentes, acabaram decapitados 50 milicianos Anti-Balaka.
“Alguns sacerdotes compram alimentos para as famílias muçulmanas refugiadas aqui, mas precisam fazê-lo às escondidas. Se as milícias cristãs Anti-Balaka vissem que os religiosos estão alimentando os muçulmanos, sem dúvida nos matariam. Já ameaçaram a nossa enfermeira. Se lhes ocorrer que estamos dispensando cuidados médicos para algum deles, os outros virão até nós”.
Como é o dia a dia dos muçulmanos refugiados na catedral? “A grande maioria deles é muito agradecida. Eles sabem que salvamos as suas vidas. Uma mulher acaba de ter um menino e o chamou Aguirre, em homenagem a Juan José, mas há um pequeno grupo de jovens, uma minoria radicalizada de 14 ou 15 anos, que nos ameaça diariamente de morte e que está bem armado”.
Jesús Ruiz fala das travessias para o Congo para fugir: “Uma mulher nos pediu para que a ajudássemos a cruzar o rio junto com os nossos sacerdotes. Ela levava os seus quatro filhos consigo; o menor era um bebê. Os Anti-Balaka detectaram o bote e o interceptaram. Obrigaram os sacerdotes a entregar a mulher e os seus filhos a ponta de metralhadora. Atiraram contra todos, mas a mulher sobreviveu e puderam recolhê-la ferida e em estado de choque na beira do rio. Eles não respeitam nada”.
As armas fluem sem controle e há um paradoxo curioso: enquanto as milícias recebem pontualmente entregas de Kalashnikovs e munição, as forças armadas nacionais, treinadas pela França e pela Espanha sob o comando do general Fernando García Blázquez, sofrem um embargo de armas. Ou seja, os soldados que deveriam defender os civis não podem se armar, ao passo que as milícias, cada uma com lealdades diferentes, assassinam e campeiam ao seu redor armados até os dentes.
Bangassou é apenas uma amostra em pequena escala da sorte que está correndo o resto do país. Pequenas ilhas de deslocados internos, horrorizados com a possibilidade de um genocídio em câmara lenta e provocada pelos dois lados, sobrevivem desde 2013 em condições muito precárias escondidos em escolas, igrejas e hospitais.
O melhor exemplo disso é Batangafo, uma cidade situada no norte do país, também cercada de florestas, onde 15 mil pessoas se refugiaram no centro que Médicos Sem Fronteiras tem na localidade. Seu coordenador, o espanhol Carlos Francisco, descreve uma situação catastrófica: “Alguns perderam suas casas nos ataques, outros têm medo de sair... Tivemos que disponibilizar latrinas para todos, proporcionar o acesso a água potável, fazer vacinações em massa contra doenças como o sarampo, que aqui já virou surto... Infelizmente, nem mesmo nós podemos sair do hospital nas últimas três semanas. É uma situação desesperadora”.
Assim como acontece com os sacerdotes de Bangassou, no hospital de Batangafotambém sofrem ameaças de um e de outro lado no desempenho de suas funções: “Nós procuramos enviar uma mensagem de imparcialidade. Mostramos que não fazemos parte do conflito, mas temos dificuldades para nos fazer entender”, disse Carlos Francisco.
A população não é deslocada, mas realocada, isto é, foi se deslocando de um lugar para o outro diante do avanço da violência. A Minusca, por sua vez, está desde 2013 tentando pacificar a situação, mas cada vez está mais distante do objetivo. As cidades são esqueletos de bairros queimados, com os muçulmanos cercados nas populações cristãs e os cristãos vivendo em localidades de maioria muçulmana à espera do assalto final.
Um jornalista local, intérprete deste repórter anos atrás, conta de Bangui: “Não há um genocídio porque não há coordenação entre as milícias. Cada uma das milícias mata por sua conta, com alianças entre elas em uma cidade e declarações de guerra entre as mesmas em outra. A República Centro-Africana desapareceu. Nunca foi grande coisa, mas não resta nada”.
Uma guerra permanente
A República Centro-Africana é um dos países mais pobres e subdesenvolvidos do mundo, mesmo que possua enormes reservas de recursos naturais, como ouro e diamantes, em suas minas de Bria e Carnot. O idioma local é o sango, embora nas poucas zonas urbanas se fale também francês, a língua da antiga metrópole. Em sua história conheceu poucos momentos de estabilidade. A cada quatro ou cinco anos havia um golpe de Estado que trocava um ditador por outro, com o autodenominado “imperador Bocassa” como melhor exemplo. Em 2013, um grupo de milícias do norte do país se uniu na chamada coalizão Seleka e invadiu o país com a ajuda de mercenários do Chade e do Sudão. Desde então, eclodiu uma sangrenta guerra civil com as milícias cristãs Anti-Balaka, que virou um conflito religioso. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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