Por trás do "escândalo Viganò" escondem-se problemas não resolvidos: a descontinuidade entre os dois pontificados, a inquietação dos tradicionalistas, o papel de "papa emérito" cada vez mais desconfortável. Francisco conseguirá suportar tudo isso? A reportagem é de Francesco Peloso, publicada por Lettera 43, 22-03-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

Caso Viganò ou caso Ratzinger? No evento, confuso e um tanto mirabolante, que levou à renúncia do prefeito da Secretaria da Comunicação, monsenhor Dario Edoardo Viganò, as duas coisas podem ser vistas juntas e os fatos ajudam um pouco a desvendar esse estranho e rumoroso caso político-midiático do Vaticano.

Somente um “tolo preconceito”?

Em janeiro de 2018, por ocasião da futura publicação - pela Libreria Editrice Vaticana – de uma coleção de 11 pequenos volumes de teólogos com comentários sobre a teologia de Francisco, monsenhor Viganò pediu ao Papa Emérito Bento XVI um prólogo para os livros em questão. Ratzinger educadamente recusou, afirmando, porém, que aqueles que veem uma ruptura entre o seu magistério e o de Bergoglio (um demasiado teórico, o outro muito pastoral) são vítimas de um "tolo preconceito". Tudo bem então, o prólogo não saiu, mas a sintonia não está faltando.

A retirada de duas linhas finais

No entanto, no texto divulgado pela Sala de Imprensa de Santa Sé faltavam as duas últimas linhas da carta em que Ratzinger explicava os motivos de sua recusa, afirmando que "mesmo que apenas por razões físicas, não estou em condições de ler os onze pequenos volumes no futuro próximo, especialmente porque preciso atender outros compromissos já assumidos"; o trecho "esquecido", mesmo assim, foi lido pelo próprio Viganò durante a conferência de imprensa de apresentação dos volumes em 12 de março, véspera do quinto aniversário da eleição do Papa Francisco à Cátedra de Pedro.

O texto - que naquele momento com o acréscimo das duas linhas parecia completo - foi publicado por Sandro Magister, especialista em Vaticano de longa data, em seu blog. Isso imediatamente causou embaraço e comentários: "Ratzinger é irônico, de fato não quis comentar a teologia de Francisco", logo afirmaram os críticos de Bergoglio.

Outro parágrafo omitido

Em seguida, porém, apareceu um parágrafo inteiro totalmente removido da divulgação da carta (com relativa foto da carta de Ratzinger retocada para que não aparecesse o texto “a mais”). Novamente, o parágrafo omitido facilmente encontrou a via da publicação. E o escândalo estourou.

Ataque a um dos teólogos

No texto em questão, de fato, o papa emérito mostrava seu descontentamento com um dos teólogos escolhidos para comentar os volumes do papa Francisco e explicava: "Só para registro, eu gostaria de manifestar a minha surpresa com o fato de que entre os autores também apareça o professor Peter Hünermann que durante o meu pontificado se destacou por ter liderado as iniciativas antipapais". Depois Ratzinger entrou em detalhes de algumas dessas controvérsias e explicou que inclusive a presença desse autor estava na origem da sua "recusa".

A carta do papa emérito Bento XVI

A ala tradicionalista anti-bergogliana exultou: finalmente aqui estava seu campeão, o papa "anterior", quando já parecia que uma oportunidade assim nunca iria acontecer; já não se tratava mais algum bispo periférico de ânimo exaltado a representar a "tradição", mas justamente o "predecessor".

O inteiro caso mal conduzido

O "tolo preconceito" da primeira parte da carta desapareceu na rocambolesca divulgação "em capítulos" da carta e o caso tornou-se político, isto é, de gestão das comunicações do Vaticano. O erro assumiu dimensão institucional e Viganò foi obrigado a renunciar. Por outro lado, é difícil imaginar que Francisco pudesse endossar a decisão de omitir deliberadamente parte do pensamento de seu predecessor, enquanto que todo o episodio parece ter sido gerido com pouca atenção até se tornar um caso internacional.

Viganó defende a sua obra

Viganò deixou o cargo afirmando, entre outras coisas: "Nos últimos dias apareceram muitas polêmicas sobre o meu trabalho que, para além das intenções, desestabiliza o complexo e grande trabalho de reforma que me foi confiado em junho 2015, e que está próximo, graças à contribuição de muitas pessoas da equipe, de chegar ao fim".

O papa lhe respondeu aceitando, mesmo que "com dificuldade", sua renúncia - por isso o deixou, no entanto, no dicastério da comunicação como "assessor" – renovando sua confiança no plano pessoal e profissional. Ele ressaltou, acima de tudo, que a reforma da comunicação chegou "agora em sua reta final com a iminente fusão do Osservatore Romano dentro do único sistema de comunicação da Santa Sé e a anexação da Gráfica vaticana". Em suma, se alguém imagina ou espera que todo o evento possa representar um obstáculo em termos concretos, está equivocado.

Ânsia de silenciar vozes críticas

No entanto, o caso se presta a algumas rápidas observações para além do clamor midiático. Primeiro, há a solicitação do monsenhor Viganò ao idoso papa emérito de um prólogo sobre a teologia do Papa no cargo. Esse talvez tenha sido o erro original, porque mostra uma ânsia por silenciar as vozes críticas contra Francisco - algumas vezes de forma virulenta - vindas do mundo ultraconservador.

Dupla autoridade teológica

A tentativa de Viganò (mas não o único a ir por esse caminho) foi tentar conter ou isolar essas vozes pedindo que Ratzinger desse "cobertura" a Francisco nessa frente. Desta forma, já se admitia, implicitamente, uma relação entre correntes conservadoras e Ratzinger; além disso, havia também o risco de montar uma espécie de dupla autoridade teológica e magisterial, uma do papa reinante e outra do ex-papa em nome dos contestadores (coisa diferente, como vimos nos últimos tempos, é expressar a não concordância em um sínodo geral dos bispos). Talvez essa seja uma das principais razões para a renúncia de Viganò? Não pode ser excluído.

A complexidade da resposta de Ratzinger parece excessiva, sintoma de uma condição, a de demissionário, com a qual não parece estar tão conformado.

Nessa perspectiva, a recusa de Ratzinger de escrever o prólogo tem um significado preciso: não alimentar o conflito em torno de autoridade do papado, e esse é certamente um ponto pacífico. No entanto - e, por outro motivo - o ex-braço direito de Karol Wojtyla não se eximiu, apresentado o que ele pensa com uma série de juízos articulados sobre a sua pessoa, sobre Francisco e sobre os teólogos.

Aquele silêncio incômodo

A sua é uma espécie de resenha não sobre os volumes, mas sobre o próprio pedido que lhe foi solicitado, sinal de um silêncio um tanto incômodo para ele (e, realmente, às vezes o quebra). Se, de fato, a solicitação de Viganò foi excessiva, também a complexidade de sua resposta parece excessiva, sintoma de uma condição, a de demissionário, com a qual não parece estar tão conformado.

Existem diferenças inegáveis

No pano de fundo há uma questão decisiva: a continuidade ou a descontinuidade entre os dois pontificados. Uma questão, em parte, capciosa: existem ambos os componentes, só uma leitura hagiográfica do papado como de outras instituições pode fingir não ver diferenças, pontos de encontro, rupturas e assim por diante.

Ratzinger e Bergoglio

Certamente, para a Igreja a admitir a existência dessas diferenças, inclusive com dois pontífices em vida é uma novidade significativa e provoca dúvidas, erros e imprevistos. Ratzinger na carta também fala de "continuidade interior", com Francisco, uma fórmula muito sofisticada, em parte certamente verdadeira, mas que - justamente - deixa espaço para uma realidade mais complexa.

Renúncia, um ato de reforma

Por outro lado, é inegável a marca conservadora deixada pelo cardeal Ratzinger antes e por Bento XVI depois, ao mesmo tempo em que a renúncia é um ato de reformapoderoso do papado, sem precedentes (e sobre esse ponto os tradicionalistas manifestam-se pouco, porque de fato a mudança veio daquele que era uma referência para aquele mundo).

Papa emérito, um papel de ser revisto

O que parece ficar cada vez mais evidente nesse episódio é que a figura do "papa emérito" mostra limites cada vez mais vistosos. Precisa ser dito que, praticamente não existindo precedentes, se não muito longe no tempo, quando Bento XVI pediu demissão foram construídas soluções específicas e em parte experimentais. É concebível, então, que no futuro um papa demissionário não mais viva no Vaticano, não se vista mais de branco, e se retire para a vida privada em um mosteiro ou em uma casa religiosa? Realmente difícil afirmar isso com certeza, mas o tema existe.

Em tempos de internet, o Vaticano ciclicamente cai nessa cilada: acha que pode esconder documentos embaraçosos como acontecia em outros períodos históricos.

Depois, há os erros cometidos na gestão do caso, no geral bastante evidentes: a publicação parcial do texto de Ratzinger, omissões, correções, gafes: uma bola de neve que se tornou uma avalanche e facilmente atraiu a curiosidade da mídia do mundo todo.

Palavras que não se podem ignorar

A conclusão foi inevitável, inclusive porque a ser relatada de forma incompleta foi a palavra do papa emérito, algo que Francisco não podia desconsiderar, independe de qual fosse a intenção daquela remoção. Em tempos de internet, o Vaticano ciclicamente cai nessa cilada: acha que pode esconder documentos e cartas que criariam constrangimentos como acontecia em outros períodos históricos. Não que seja impossível manter um segredo, mas é certamente muito mais difícil e desafiador, mesmo para os sagrados salões.

Mas a agenda de Francisco continua

Também deve ser dito, contudo, que nesses dias de confusão o Papa Francisco não alterou sua agenda: primeiro foi até a região de Padre Pio na Puglia, em seguida, reuniu-se com jovens em vista do Sínodo sobre a juventude em outubro de 2018 (denunciou os sofrimentos de mulheres obrigadas a se prostituirem e a responsabilidade dos clientes, especialmente no caso de batizados, só para mencionar algumas de suas prioridades), depois, o Vaticano anunciou que no final de agosto, o papa é esperado na Irlanda; agenda lotada e pouco alterada pelos recentes acontecimentos. O futuro mostrará como a reforma da Cúria Romana vai prosseguir, apesar de tudo. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

O juiz eclesiástico Thiago Wenceslau, um dos religiosos presos na operação do Ministério Público que apurou desvio de dinheiro da Igreja Católica, em Formosa, em Goiás, foi o responsável pelo processo que resultou na excomunhão de Roberto Francisco Daniel, o padre Beto, acusado de defender a relação entre gays, na Diocese de Bauru, no interior de São Paulo, em 2013. De acordo com o Ministério Público goiano, o padre Wenceslau foi convocado para apurar denúncias contra o clero de Formosa, mas agiu para encobrir os desvios. A reportagem é de José Maria Tomazela, publicada por O Estado de S.Paulo, 20-03-2018.

Ele foi preso nesta segunda-feira, 19, na ação que prendeu também o bispo d. José Ronaldo Ribeiro e outros cinco sacerdotes, além de leigos, acusados de comprar bens materiais, carros e fazenda de gado com o dinheiro dos fiéis. Todos tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça e continuavam presos nesta terça. Segundo o MP, Wenceslau chegou a ameaçar os padres que deixassem de defender o bispo das acusações de desvios.

O juiz eclesiástico exerce a função de julgador de questões reservadas envolvendo os dogmas da igreja. No processo realizado pela Diocese de Bauru, o padre Beto foi acusado de defender temas polêmicos, como a união entre homossexuais, a falta de fidelidade entre cônjuges e a necessidade de mudanças na estrutura da Igreja.

Wenceslau assinou a peça enviada ao Vaticano, considerando que "o padre feriu a Igreja com suas declarações consideradas graves contra os dogmas da Fé Católica" e defendeu sua excomunhão, deferida pelo papa. Beto recorreu à Justiça, e o caso será examinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Papa Francisco havia determinado investigação nas contas da diocese antes das prisões, informou Nunciatura Apostólica. 'Interventor' chegou à cidade nesta quinta.

Por Raquel Morais, G1 GO

O juiz Fernando Oliveira Samuel acolheu a denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e decidiu manter presos o bispo Dom José Ronaldo e outros cinco padres. Eles são acusados de desvio superior a R$ 2 milhões de dízimos e doações. Os dois empresários apontados como laranjas do esquema também são alvos da decisão. O prazo para prisão do grupo era temporário (válido por cinco dias) e venceria nesta sexta.

O grupo está no presídio de Formosa desde segunda-feira (19), após o Ministério Público deflagrar a Operação Caifás e apontar que os detidos teriam comprado uma fazenda e uma casa lotérica com os recursos.

O MP-GO não denunciou o secretário da Cúria, Guilherme Frederico Magalhães. O G1 tentou contato por telefone com o promotor responsável pelo caso, Douglas Chegury, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem. O juiz determinou que Guilherme seja liberado do presídio.

De acordo com a Nunciatura Apostólica (que atua como embaixada da Santa Sé), o Papa Francisco havia determinado que as contas da Diocese de Formosa fossem investigadas no início do mês, antes mesmo das prisões. O arcebispo de Uberaba (MG), Dom Paulo Mendes Peixoto, foi nomeado administrador apostólico, espécie de "interventor".

 “No dia que Dom Paulo estava indo até a Formosa fazer essa visita [ordenada pelo Papa], o Bispo, Dom José Ronaldo Ribeiro, foi preso. E preso também os demais religiosos. Logo não fazia sentido Dom Paulo ir até Formosa para esta visita, uma vez que a Diocese estava sem representante, ele não teria com quem conversar”, explicou a assessoria do “interventor”.

Em entrevista à TV Anhanguera, Dom Paulo afirmou que estará à disposição da comunidade e dos religiosos detidos. Ele volta para Uberaba (MG) no sábado, onde fica por tempo indeterminado, já que segue administrador lá também.

“A primeira atitude minha é conversar com os padres, dizer que a gente está com o coração aberto para ajudá-los e contar com a ajuda deles", afirmou.

"A questão que aconteceu, a Justiça é que tem que dar a sua palavra. A gente não [pode] ficar preocupado com isso não,[vamos ficar] preocupados com o povo que precisa de uma segurança, os padres, que também precisam de uma segurança. Vou estar ali com eles, [serei] mais um para somar”, afirmou.

Investigações

As investigações começaram no ano passado, após denúncias de fiéis. Eles afirmaram que as despesas da casa episcopal subiram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde a chegada do bispo Dom José Ronaldo. Na ocasião, o clérigo negou haver irregularidades nas contas da Diocese de Formosa.

Segundo a investigação, o grupo se apropriava de dinheiro oriundo de dízimos, doações, arrecadações de festas realizadas por fiéis e taxas de eventos como batismos e casamentos. O bispo Dom José Ronaldo sempre negou as acusações.

Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontam que o grupo comprou uma fazenda de criação de gado e uma casa lotérica com dinheiro desviado de dízimos e doações. Na decisão que determinou as prisões temporárias, o juiz disse haver indícios de que o dinheiro era usado para despesas pessoais e que carros da Diocese de Formosa eram usados com fins particulares.

Os presos estão em celas isoladas no presídio de Formosa, com direito a até duas horas por dia de banho de sol e chuveiro sem eletricidade. O G1 não localizou a defesa dos presos para comentarem o caso.

Depoimentos dos padres

Nesta quinta-feira (22), os promotores encerram a fase de oitivas. Eles colheram os depoimentos do bispo, do monsenhor e juiz eclesiástico. O órgão disse que, por enquanto, não vai divulgar o teor dos relatos por pedido da defesa dos detidos.

Anteriormente, outros padres tinham dito que eram coagidos pelo bispo a compactuar com as irregularidades. O promotor Douglas Chegury já havia dito que os depoimentos eram "contraditórios" e cheios de justificativas "absurdas".

‘Juramento de fidelidade’

Convocado após denúncias de desvios de dízimos e doações na Diocese de Formosa, o juiz eclesiástico Tiago Wenceslau forjou um relatório das contas questionadas anunciando que “auditoria rigorosa” apontou não haver nenhuma irregularidade, de acordo com o MP-GO.

“[O juiz eclesiástico] Veio [de São Paulo] com um objetivo: intimidar de forma definitiva os padres e fazer com que eles fizessem, como de fato muitos fizessem, um juramento de fidelidade ao bispo [Dom José Ronaldo, apontado como líder do esquema]”, explicou o promotor Douglas Chegury.

 “Chamados nominalmente, [os padres] deveriam responder se estavam com o bispo ou contra o bispo, não era com a igreja ou contra igreja. Isso aconteceu em uma reunião a portas fechadas”, completou.

De acordo com o MP-GO, havia “clima de terror e opressão” e ameaças de retaliação, transferências e até perda de ministério aos clérigos que não se calassem ou não demonstrassem apoio ao bispo.

'Mesada' por paróquias mais rentáveis

A investigação aponta ainda que padres de Formosa, Posse e Planaltina pagavam ao bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, para que fossem mantidos em paróquias mais lucrativas. O valor mensal da "mesada" variava entre R$ 7 mil e R$ 10 mil.

"As informações que nós obtivemos é que, para permanecer nas paróquias que davam mais dinheiro, os padres pagavam uma mesada, em dinheiro, ao bispo. Um pároco, que contribuiu com as investigações, inclusive, chegou a ver esse repasse", disse o promotor Douglas Chegyry ao G1.

Dinheiro escondido em guarda-roupa

Foram apreendidos cordões de ouro, relógios e caminhonetes da cúria em nomes de terceiros, além de uma grande quantia de dinheiro em espécie, com valor ainda não foi divulgado. Havia moedas estrangeiras, incluindo dólares americanos, dólares australianos, pesos argentinos, pesos chilenos e euros.

Na casa do vigário-geral, segundo na linha de sucesso da Diocese, foi apreendida grande quantidade de dinheiro no fundo falso de um guarda-roupa. Segundo a TV Anhanguera apurou, o montante contabilizou R$ 70 mil. A quantia estava em sacos plásticos.

Vídeo mostra quando os policias entram na casa e vão até um armário, guiados pelo vigário-geral. Eles abrem o móvel e encontram três caixas de celulares e um notebook. Um dos policiais civis começa a tirar os objetos das prateleiras enquanto o religioso diz: “Esse dinheiro é da Paróquia, não é meu não. Isso é para pagar as despesas da Paróquia”.

Prisões

O MP-GO fez à Justiça pedido de 13 mandados de prisão temporária e 10 de busca e apreensão em residências, igrejas e um mosteiro. O juiz Fernando Oliveira Samuel concluiu, no primeiro momento, haver necessidade de prisão em nove casos:

José Ronaldo Ribeiro, bispo de Formosa

Monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, vigário-geral da Diocese de Formosa

Padre Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora Imaculada Conceição,

Formosa

Padre Mário Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário, Formosa

Padre Tiago Wenceslau, juiz eclesiástico

Padre Waldoson José de Melo, pároco da Paróquia Sagrada Família, Posse (GO)

Guilherme Frederico Magalhães, secretário da Cúria de Formosa

Antônio Rubens Ferreira, empresário suspeito de ser laranja da quadrilha

Pedro Henrique Costa Augusto, empresário, suspeito de ser laranja da quadrilha

O nome da operação foi escolhido considerando que Caifás era o sumo sacerdote quando Jesus foi condenado a morrer na cruz, explicou o MP-GO. Fonte: https://g1.globo.com

Muito cedo sintetizou-se a doutrina cristã no Credo. Era apresentada aos batizandos como norma de obrigação e como regra.

O Credo, desde o início, evidentemente professava o monoteísmo, mas com a novidade da doutrina da Trindade já claramente afirmada na ordem de batizar (Mt 28, 19).

Pontos principais do Credo:

- Um só Deus, Pai e criador onipotente e regedor do mundo;

- unigênito Filho de Deus, que apareceu em Jesus Cristo de Nazaré;.

- Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, o Paráclito que permanecerá sempre com os discípulos de Jesus (Jo 14, 16)

- Santa Igreja, que Paulo descreve como o Corpo Místico de Cristo

- Penitência para a remissão dos pecados, que se atua no batismo como banho de regeneração

- Ressurreição da carne, que se realizará no momento do fim do mundo e da parusia do Senhor

- Vida eterna feliz, como prêmio para os justos.

Mas alguns daqueles a quem foi pregado o Evangelho julgaram poder escolher da pregação apostólica aquilo que lhes convinha e/ou misturar doutrinas estranhas. Nasceram assim as heresias.

As doutrinas que lhes servem de apoio são de origem hebraica ou pagã.

Entre os cristãos provenientes da religião hebraica, havia aqueles que tinham dificuldades de se acostumar à ideia do Antigo Testamento ser substituído pelo Novo; alguns continuavam a considerar sempre a lei de Moisés obrigatória para todos, se quisessem salvar-se. A supervalorização da lei de Moisés acabou levando alguns a não darem o devido valor ao Fundador do Novo Testamento, contestando totalmente ou em parte a sua natureza superior.

Havia pagãos que somente com dificuldade chegavam a aceitar a doutrina cristã da criação e do mal, ou não chegavam de modo algum; posto que lhes parecia impossível uma criação do nada, contrapunham uma concepção dualista (Deus e a matéria eterna) à concepção unitária do cristianismo.

A heresia desenvolve-se, por isso, em duas direções: uma derivada da compenetração do cristianismo e judaísmo, a outra, da mistura do cristianismo com o paganismo, isto é, com a filosofia grega e com os sistemas religiosos greco-orientais. Contudo, esta diversidade de direção nem sempre se evidencia. Alguns hereges aparecem influenciados pelo judaísmo e pelo paganismo ao mesmo tempo.

As heresias são de máxima importância para o desenvolvimento da doutrina cristã. Elas deram um impulso notável para um conhecimento sempre mais claro das verdades da fé nos seus vários aspectos, a uma sua motivação mais completa e a uma formulação mais precisa.

Se a heresia é desvio da doutrina cristã, o cisma consiste na separação da comunidade da Igreja, determinada pelas controvérsias concernentes à constituição eclesiástica. Convém lembrar que nem sempre um cisma acontece por causa de uma heresia.

Simão Mago é considerado como o “Patriarca de todos os hereges” pelos Padres da Igreja – inclusive  ouviu a pregação de Filipe, foi batizado (Atos 8,9-13) e ofereceu dinheiro para obter a faculdade de comunicar o Espírito Santo (At 8,18) — disto surgiu a palavra simonia. Com ele apareceram os primeiros indícios da especulação gnóstica. Segundo Ireneu, na obra Adversus Haereses, Simão quis ser a manifestação da divindade até então desconhecida: do sumo Deus (Simão) emanou-se a primeira ideia criadora, Ennóia, a mãe de tudo, e desta provieram as potestades angélicas, os demiurgos; estes criaram o mundo e, para que não surgissem rebentos de novos mundos, expulsaram Ennóia para a matéria; como ovelha desgarrada, Ennóia transmigrou por diversos corpos femininos até a etérea Helena de Tiro, companheira de Simão; para libertar Ennóia e reunir os homens, Simão desceu incógnito à terra sob a espécie de homem; na Judéia sofreu aparentemente como Filho, na Samaria como Pai, e nos outros povos como Espírito Santo; para salvar-se basta crer nele e em Helena.

Menandro sustentava uma teoria análoga da criação e fazia-se passar senão pelo próprio Deus ao menos pelo redentor.

Em entrevista exclusiva ao Correio Braziliense, o arcebispo de Uberaba pede "prudência" em relação ao inquérito contra os sacerdotes presos em Formosa

Arcebispo de Uberaba, dom Paulo Mendes Peixoto assumiu, ontem, a administração da diocese de Formosa(foto: Arquidiocese de Uberaba (MG))

Aos 67 anos, o Arcebispo de Uberaba, dom Paulo Mendes Peixoto, é um homem que demonstra experiência em pesar as palavras antes de emitir uma opinião. Não se trata do ato de convencer, mas de expressar os pensamentos na justa medida que os têm, evitando escorregões emocionais que possam torná-lo injusto. Ao comentar a difícil missão que enfrentará: botar o caixa da Diocese de Formosa (GO) nos eixos e trazer a credibilidade de volta para a comunidade diocesana; demonstra um otimismo racional.

O sacerdote foi nomeado pelo Papa Francisco como administrador apostólico da Diocese de Formosa (GO), e substituirá o bispo dom José Ronaldo, preso na Operação Caifás, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás, que apurou o desvio de verbas e lavagem de dinheiro em várias igrejas e na catedral da região. Ao falar do sacerdote investigado, e também dos outros clérigos apontados como participantes no esquema, expressa firmeza e compaixão na mesma medida, e deixa claro que não está indo para punir, mas para prestar assistência aos católicos e padres que restaram.

“Vim convidado. Aceitei por amor à igreja, pois quero servir, e estou indo para ajudar o povo e os outros padres”, destaca. O sacerdote chegou em Brasília por volta de 12h desta quinta-feira (22/3) e foi para o município goiano no fim da tarde de ontem. Conversou com a reportagem do Correio Braziliense no começo da tarde, pouco antes do almoço, e falou com franqueza sobre as expectativas do novo desafio e do desejo de, o quanto antes, voltar a ser “apenas” o arcebispo de Uberaba.

Dom Paulo Mendes Peixoto tem uma longa trajetória e um extenso currículo dentro da Igreja Católica. Foi ecônomo do Seminário Diocesano de Caratinga (MG), é especialista em direito canônico pelo Instituto Superior de Direito Canônico do Rio de Janeiro e já administrou pelo menos 11 paróquias. Ele permanecerá na função até que a Santa Sé denomine outro bispo ou administrador para Formosa. A diocese do município agrega 33 paróquias de 20 municípios.

“Eu estou muito sobrecarregado. Além de estar com uma arquidiocese, que é toda uma província, atualmente eu estou como presidente do Regional Leste II, que são 32 dioceses. E minha arquidiocese tem 70 paróquias. É muito trabalho. Mas houve uma insistência. É um momento difícil da igreja, eles precisavam de alguém, confiaram em mim. Eu agradeço pela confiança, e pedi que não seja um tempo, então, muito longo. Que fosse o mais breve o possível, e eu me colocaria à disposição para ajudar a diocese, para não ficar do jeito que está, vaga. Simplesmente coloquei minha vida à disposição para estar ajudando”, comenta.

O senhor terá que se inteirar de uma série de dificuldades e desafios. Pretende entrar em contato com o Ministério Público de Goiás, para saber se, de alguma forma, as investigações policiais podem ajudar o senhor a se orientar nos ditames técnicos da administração da Diocese de Formosa?

Eu diria que a primeira coisa não seria isso. Quem prendeu foi o Ministério Público. Se prendeu, tem a obrigação, agora, de dizer se está certo ou se está errado. Eles têm culpa, ou não? Se tem culpa, obviamente, vai ter que pagar. Mas, minha primeira providência será um contato com os padres, uma reunião para dizer que eu estou ali, que sou o bispo agora e que a Diocese não está a esmo. A Igreja está preocupada com a diocese e estou ali para isso, para criar ânimo, levantar o astral. A primeira coisa é esta. Dizer que quero caminhar junto, quero contar com os padres para somarmos juntos. Para que não haja divisão entre nós. E até dizer que minha forma de agir não é de tomar decisões precipitadas. Temos que ter calma, jeito. Por isso que sou mineiro.

Qual a maior dificuldade?

Já que entra uma questão econômica, logicamente, a gente vai ter que tentar entender como está a situação, eu não sei se seria o caso de fazer uma auditoria pública na cúria. Talvez fosse uma coisa assim, para checar o que realmente está certo e errado, o que tem de dívida e o que não tem. 

A nomeação do senhor como visitador mostra que a igreja já estava atenta ao problema e às denúncias?

Já. Costumam dizer que a igreja chega tarde. Eu acho que não. A Igreja é muito prudente. Quem tem responsabilidade maior sobre isso é o Papa. Tem a distância, que é uma dificuldade. Outra, é encontrar quem vai fazer a visita. É outro desafio. Deveria, talvez, ter sido um bispo da região, mas preferiram um de fora, que nem faça parte da regional centro-oeste. Eu sou do regional Leste. Estou isento de qualquer situação. Eu vejo que é um momento de prudência, de abertura de coração com eles, de me apresentar como pastor, para que eles criem confiança em mim.

Lá o senhor deverá nomear um novo vigário-geral e um novo ecônomo?

Algumas coisas teremos que ver. Primeiro, terei que confirmar os párocos. Chegando um novo bispo, ele tem que confirmar se suas provisões estão de pé. Três dos padres presos eram párocos. A paróquia está sem dirigente. Todas elas, as três, tem vigários paroquiais. Minha primeira providência, então, seria nomeá-los como administradores paroquiais, que tem a mesma função do padre. Pelo menos enquanto a situação está assim. Se você me perguntasse assim, e se os padres fossem liberados hoje, eles vão assumir de novo? Eu acho que não devem assumir, pelo menos, de imediato. Temos que ver, no ato canônico, o caminho a ser feito. 

"O Papa Francisco tem sido muito exigente quanto a isso. E está correto. Se ele quer uma igreja que vá ao encontro do povo, uma igreja que evangeliza, não pode concordar com maus testemunhos"


O direito canônico tem uma velocidade de ação menor que a do direito secular. Seria mais lento nesse caso? Isso é melhor, ou pior? E que punições, se culpados, os sacerdotes podem receber?

A lentidão está dentro da questão da prudência. A igreja tem que ouvir todos os lados para saber qual a punição correta. Se não, você tende a ser injusto. Nunca entendi que a Igreja chega tarde. Ela dá tempo. Espera. A Igreja acredita na ação do Espírito Santo. O Espírito Santo, primeiro, cria os caminhos. Eu acho que tudo é providencial. Espero que isso sirva de alerta. Há fraqueza para todo lado. Que alerte a gente para um cuidado maior no agir. Padres e bispos. A gente já vive em um país marcado por tantas irresponsabilidades. Eu até digo que o Papa Francisco tem sido muito exigente quanto a isso. E está correto. Se ele quer uma igreja que vá ao encontro do povo, uma igreja que evangeliza, não pode concordar com maus testemunhos. Hoje há uma exigência muito forte em cima dos bispos em relação a isso. Queremos pastores que sejam pastores mesmo. Modelos de Jesus Cristo. Não pessoas evasivas e sem compromisso. 

Eles automaticamente estão respondendo a um processo canônico nesse momento? E que punição poderiam ter caso fossem considerados culpados?

O dom José, por exemplo, já não volta mais como bispo da diocese de formosa. Não sei se a igreja iria colocá-lo em outra diocese também. Talvez não. Isso já é um processo canônico. 

Ele se mantém como bispo no título?

Sim. É o chamado bispo emérito. Algo assim. Mas não tem responsabilidade com ofício nenhum na igreja.


Quando o senhor tomou conhecimento dessa situação, o que o senhor pensou? Que sentimentos o senhor teve a respeito do acontecido?

Uma preocupação. Uma certa tristeza de nós, líderes de igreja, passarmos por um fato como este. Acho que isso desmonta a autenticidade da gente. Claro que isso não significa a Igreja em si. São casos isolados. Uma outra preocupação é que um fato desses, dentro da imprensa, fica generalizado. Aí, todo mundo sofre com isto. Os honestos e os desonestos. Atinge todo mundo. Ainda mais a figura do bispo. A figura do bispo na igreja católica é a de alguém que realmente deve dar testemunho. A imprensa colocou que o bispo está comandando uma quadrilha. Eu acho isso muito grave. Eu não acredito que o dom José tenha isso. Será que ele vai comandar uma quadrilha desse tipo? De roubar da igreja? Mas, é claro, tem que ser apurado.

O senhor tem um longo currículo. Já administrou 11 paróquias, assumiu o cargo de ecônomo e é especialista em direito canônico. O senhor diria que é o maior desafio que já aceitou na igreja? Ou um dos maiores desafios?

Não acho. Estou indo lá para ajudar a comunidade. As coisas da Justiça, é a Justiça que tem que resolver. As questões jurídicas, civis, a gente tem que ter advogado para ajudar a resolver. As questões de igreja, temos um jurista canônico que vai dar um certo apoio. E o grande desafio, não digo que seja o maior, é de convencer a comunidade de que a igreja está presente e caminha com ela. Queira ou não, todas as dioceses, todas as paróquias caíram em uma certa tristeza pelo que está acontecendo. O meu desafio lá é me apresentar como alguém que quer ajudar a comunidade. Eu quero caminhar com Formosa. Temos que olhar pra frente. O passado está no passado. Vamos construir uma nova realidade de igreja e deixar a ação de Deus acontecer.

Quanto tempo o senhor acha que todo esse procedimento deve durar?

Isso é difícil saber. Temos, no Brasil, várias dioceses sem bispo. A Nunciatura tem que fazer esse trabalho de tentar conseguir padres aqui e ali para serem nomeados para preencher essas dioceses. Passou a ter mais uma. Eu gostaria que fosse bem rápido. Não sei se vou aguentar. Não vou ficar fora de Uberaba. Vou atender as duas. Talvez uma semana aqui e uma semana lá. Por isso, precisa ser muito rápido. Tenho feito muitas viagens e essas viagens desgastam muito a gente. 

Como uma diocese funciona sem o bispo?

Tem o vigário-geral e tem o ecônomo. O vigário geral não pode ordenar um padre. Logicamente, tem que ser o bispo. Mas, se tem um problema imediato, ele pode resolver aquilo em nome do bispo. Tanto lá quanto cá, teremos um bispo. Qualquer coisa mais grave, por telefone a gente resolve.

Eu perguntei antes sobre possíveis punições ao sacerdotes, caso fique comprovado o crime. O senhor poderia discorrer mais sobre isso?

O caso de o bispo não poder voltar, creio que isso já é uma punição. O caso, também, dos padres não poderem voltar de imediato às paróquias, também já é uma punição. Isso já está acontecendo.

O senhor pretende visitar o bispo? Seria uma visita religiosa, a um irmão, ou uma visita administrativa?

Sim. Tendo oportunidade, havendo possibilidade, certamente. Seria mais uma visita no sentido de apoio a um irmão bispo. Afinal de contas, é um irmão na mesma missão, que chegou àquilo. Para dar uma palavra de apoio, de sentido, de dizer que está com ele nessa situação, que ele não está abandonado.

O bispo que saiu vai prestar contas à Justiça goiana e à Justiça Eclesiástica?

Não é com a Justiça Eclesiástica. A situação como ele caiu, ser preso, no fundo é uma situação muito degradante. Para ele mesmo, se tivesse que voltar para a diocese, acho que ele mesmo não aceitaria. Não estou indo para puni-lo. Nada disso. Inclusive, se eu puder ajudá-lo, ajudarei. Não para encobrir erros. Temos que ser transparentes. Se há o erro, é preciso pagar pelo erro. Agora, também tem que olhar o outro lado. Mas, meu objetivo é dar assistência. Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br

Dom Francisco Borja do Amaral, Bispo de Taubaté, ao decidir criar uma nova paróquia em São José dos Campos escolheu como padroeiro o Santo do Calvário – São Dimas.

Em 18 de janeiro de 1951, por decreto canônico, foi criada a Paróquia de São Dimas, sendo o primeiro templo dedicado ao santo no Brasil e na América do Sul.

Provisoriamente, a Matriz de São Dimas foi instalada na Capela do Menino Jesus de Praga, na Vila Ema e teve como primeiro vigário ecônomo Monsenhor Ascânio da Cunha Brandão, nomeado em 29 de janeiro de 1951 e, em 8 de abril, aconteceu a primeira festa do padroeiro, com procissão até o local do futuro templo, onde foi levantada uma cruz e celebrada uma missa campal por Dom Francisco Borja do Amaral.

Do final do ano de 1951 até 1952, os esforços foram voltados para a construção da matriz provisória, inaugurada em 25 de janeiro de 1953.

O projeto do santuário foi feito pelo arquiteto Dr. Benedito Calixto de Jesus Netto, também autor do projeto da Basílica de Aparecida, o qual passou a ser um sonho, não somente do Monsenhor Ascânio, mas de todos os fiéis.

Monsenhor Ascânio idealizou a Paróquia de São Dimas como um centro de romarias de todo o Brasil. Para tanto, construiu o primeiro templo da Matriz de São Dimas, fundou a gráfica São Dimas e o jornal “São Dimas – O Bom Ladrão”, instalou o sistema de alto-falantes da paróquia, criou a Obra Assistencial São Dimas e deixou pronto o projeto para o Santuário de São Dimas.

Em janeiro de 1956, a Matriz de São Dimas perdeu seu pároco, Monsenhor Ascânio Brandão e foi nomeado o novo vigário ecônomo da Paróquia de São Dimas, Padre Ernesto Cunha. Seu trabalho foi dar continuidade à grande obra de Monsenhor Ascânio Brandão e de permanecer com as atividades da igreja, realizando novas conquistas para a Paróquia.

Em 1969, foi constituída uma comissão, com o objetivo de iniciar as obras do novo Santuário de São Dimas e, a década de 70 foi marcada por muita dedicação e trabalho para a construção do Santuário. Três anos mais tarde, as obras estavam finalizadas e as missas de domingo já eram celebradas no novo templo.

Em janeiro de 1981, aconteceu a inauguração oficial do Santuário de São Dimas. Nesse mesmo ano, o Papa João Paulo II elevou a Igreja de São Dimas a catedral, nomeando o primeiro bispo pela Bula Papal “Veni in Beati Petri”, Dom Eusébio Oscar Scheid.

O ano de 1991 foi um ano de festa. Comemoraram-se 40 anos de criação da paróquia, 10 anos de criação da diocese e 10 anos da Catedral de São Dimas com a celebração da Santa Missa no dia 1º de maio, presidida por Monsenhor Antônio de Castro Silva, administrador diocesano e, em 20 de julho Dom Nelson Westrupp foi sagrado o novo bispo da diocese.

Com a transferência de Dom Nelson para a Diocese de Santo André, Padre Moacir Silva foi eleito administrador diocesano e, em 20 de outubro de 2004, Sua Santidade o Papa João Paulo II nomeou-o Bispo da Diocese de São José dos Campos, onde permanece exercendo suas atividades.

Em dezembro de 2004, tomou posse o novo cura da Catedral de São Dimas, Padre Rinaldo Roberto de Rezende, que alicerçado nos trabalhos desenvolvidos até então, investiu na continuidade da construção de uma “Igreja Viva e Participativa”.

Em 1º de maio de 2005, dois acontecimentos foram marcantes para a paróquia: a celebração do Ano Jubilar de Prata da Diocese e a Dedicação da Igreja Catedral. Foram depositadas sob o altar as relíquias de Santo Afonso Maria de Ligório, São Bartolomeu, São Bento, São Félix de Valois, São Francisco Caracciolo, São Francisco de Paula, São Francisco de Sales, São Francisco Xavier, São João da Cruz, São José Calazans, São Pedro Alcântara, São Roque Gonzáles, Santa Ana, Santa Ângela de Mérici, Santa Escolástica, Santa Rosa de Viterbo e Santa Teresa D’Avila.

Santificada pela Dedicação do Altar e do próprio edifício e enriquecida pelo tesouro espiritual das relíquias dos santos, a nossa igreja foi revestida de um caráter sagrado que impõe respeito.

A “Igreja Viva e Participativa” vai acontecendo em nossa comunidade, onde vivemos momentos intensos de sinais de fé. Fomos agraciados com um belo presente do Abade da Igreja da Santa Cruz, Dom Simone M. Fioraso, que, a pedido do Cardeal Dom Cláudio Hummes, doou uma relíquia do Patíbulo da Cruz do Bom Ladrão São Dimas, guardada na Basílica de Santa Cruz em Jerusalém, na cidade de Roma, que foi entronizada na catedral no dia 17 de abril de 2009.

No ano de 2011, a Catedral São Dimas completou 60 anos de existência. São 60 anos construindo o Reino de Deus, onde a comunidade vive momentos fortes de fé, vence desafios, sempre na certeza da intercessão de nosso patrono São Dimas, o Santo do Calvário. Fonte: http://www.catedralsaodimas.org.br

A gnose (conhecimento superior) é uma forma de teologia que promete salvação pela compreensão dos enigmas do céu e da terra. Tal compreensão é adquirida quando o ser humano, orientado por um mestre, dirige sua atenção para dentro de si mesmo.

O gnosticismo resultou do sincretismo das religiões orientais com o judaísmo e o cristianismo. Aflorou nos tempos apostólicos com Simão Mago e Menandro, e desenvolveu-se sobretudo entre os anos 130-180 com Saturnino[1], Basílides[2], Valentim[3] e Carpócrates[4], sob o influxo de tendências sincretistas típicas da Ásia Menor, da aversão pela simplicidade do evangelho e da tentativa de explicar a origem do mal.

Os gnósticos reportavam-se a uma tradição oculta que remontava aos profetas e apóstolos, e da qual se diziam continuadores. Interpretavam alegoricamente as Escrituras. Adotavam a forma social de comunidade religiosa e de escolas filosóficas, aninhando-se nas comunidades cristãs em forma de conventículos secretos.

Os centros principais do gnosticismo foram Alexandria, Antioquia e Roma. Suas ideias continuaram vivas no maniqueísmo, no mandeísmo e nas seitas medievais dos paulicianos, bogomilos e cátaros.

Elementos fundamentais comuns às várias formas de gnosticismo:

dualismo metafísica, ao reino da luz (pleroma), derivado de Deus, contrapõe-se o reino das trevas e do mal, derivado da matéria incriada, eterna e essencialmente má.

emanação de uma série de seres intermediários (eons) entre Deus e o criado; os eons emanam de Deus.

origem do mundo: mistura de elementos do reino da luz com a matéria, dando origem ao elemento material para a formação do mundo — partes do mundo da luz caíram ou foram desterradas para a matéria —; o elemento material foi reorganizado pelo último eon, o demiurgo, identificado com Javé.

redenção: libertação das centelhas de luz aprisionadas na matéria e sua restituição ao reino da luz por obra de um eon superior que ou assume um corpo aparente (docetismo), ou desce sobre o homem Jesus (do batismo ao tempo anterior à paixão).

divisão dos homens: ílicos: seres preponderantemente materiais que, como a matéria, serão eliminados; psíquicos: crentes ordinários, que gozarão de uma beatitude de segunda ordem; pneumáticos ou gnósticos: os perfeitos, que participarão plenamente da redenção.

divisão dos ensinamentos: exotéricos (públicos), suscetíveis de divulgação; esotéricos (ocultos), destinados só aos iniciados.

moral: tendências ascéticas (os valentinianos sabiam imitar a terminologia e o teor de vida dos cristãos), rigoristas (a seita de Saturnino rejeitava o matrimônio e muitos se abstinham de carne; Clemente de Alexandria — Strom. III, 64 ss — transcreve do Evangelho dos Egípcios esta sentença: "A Salomé, que pergunta até quando durará a morte, o Senhor responde: enquanto vocês, mulheres, gerarem. Daí os hereges partem para proibir o casamento e a geração de filhos, para não introduzir no mundo outros infelizes e assim alimentar a morte".) e licenciosas (Carpócrates ensinava a comunhão de bens e de mulheres; os nicolaítas afirmavam que para matar a concupiscência era necessário abusar dos prazeres carnais).

[1] Saturnino viveu em Antioquia. Dividia os homens em duas classes e tinha a Cristo como redentor revestido de um corpo aparente nesta terra. Sua seita rejeitava o matrimônio como instituição do demônio; muitos adeptos abstinham-se de comer carne.

[2] Basílides viveu em Alexandria entre os anos 120 a 145 aproximadamente; compôs uma exegese do "evangelho" (Exegética) em 24 livros. Sua doutrina evolvia um sistema de emanação (o Pléroma com 365 eões ou reinos dos espíritos, traz o nome místico de Abrasax ou Abraxás).

Para os basilidianos, apesar de requerida a profissão de fé em Jesus, era permitido e eventualmente obrigatório renegar o Crucificado e lícito o uso de carnes sacrificadas aos ídolos. Todas as ações externas eram indiferentes para eles; contudo, os chefes da escola, Basílides e seu filho Isidoro, professavam ainda princípios morais severos.

[3] Valentim era de Alexandria passou para Roma no tempo do Papa Higino no ano 136 aproximadamente), e aí desenvolveu suas atividades até o tempo do Papa Aniceto (ano 160), vindo a morrer em Chipre. Era uma bela inteligência e bom orador. De suas homilias, salmos e cartas possuímos apenas alguns fragmentos.

Valentim transformou de modo singular a doutrina de seus predecessores, tornando-se destarte o fundador de um novo sistema, que contém uma doutrina dos eões ricamente desenvolvida, na qual, todavia, sob o influxo da filosofia platônica apresenta um dualismo mais moderado. Ele divide a humanidade em três classes: pneumáticos, psíquicos e ílicos (cfr. § 29, 2).

Consta que seus discípulos introduziram práticas de prestidigitador na celebração da Missa. Os valentinianos sabiam imitar muito bem a terminologia e o teor de vida da Igreja e por isso eram considerados particularmente perigosos.

[4] Carpócrates de Alexandria, também platônico, afirmava que a criação do mundo era devida aos eões inferiores e ensinava a metempsicose. A redenção provinha da fé e do amor, todo o resto era indiferente para ele.

A seita dos carpocracianos distinguia-se por uma grande dissolução dos costumes. Tinha imagens de Cristo e as venerava com ritos pagãos juntamente com imagens de Pitágoras, Platão, Aristóteles e de outros filósofos. Uma discípula de Carpócrates de nome Marcelina foi a Roma no tempo do Papa Aniceto (154-166 aproximadamente) e seduziu muita gente. Epífanes, filho de Carpócrates, que depois de sua morte prematura, aos 17 anos na ilha de Cefalônia recebeu honras divinas, ensinava a comunhão de bens e de mulheres.

Julio Lancellotti, que trabalha há mais de 30 anos com a população marginalizada de SP, foi atacado com mensagens de ‘morte ao padreco’ e ‘mandem esse padre para o inferno’.

A reportagem é de Maria Teresa Cruz, publicada por Ponte, 21-03-2013.

Há cerca de três semanas, internautas começaram a propagar ofensas e ameaças, inclusive de morte, ao Padre Julio Lancellotti em comunidades, grupos e na página do Facebook do religioso. Em uma delas, o agressor, um advogado, segundo o padre, diz “morte ao padreco”. Um outro comentarista diz “Tem que começar mandando esse padre pro inferno, e depois seus seguidores…”, sendo saudado com aplausos virtuais.

Lancellotti tem 69 anos, dos quais quase 34 dedicados à causa dos moradores de rua e outros grupos marginalizados. Pároco da Igreja de São Miguel Arcanjo, na Mooca, região central e vigário episcopal para a população de rua da Arquidiocese de São Paulo, ele atribuiu as ameaças ao tipo de trabalho que desenvolve e à crescente onda de intolerância dos dias atuais. “O discurso de ódio sempre existiu. Mas esses intolerantes, antes, ficavam restritos, não se impunham. Nesse momento que estamos vivendo, sinto que essas pessoas se sentem livres, não tem mais o menor pudor e se sentem legitimadas para falar o que bem entenderem”, afirma o padre.

Para ele, o fato de trabalhar com população de rua é um dos grandes causadores desse ódio. “Os moradores de rua aumentaram, isso é fato. E são diversas causas, como o desemprego, a inadimplência, essas coisas. Tem muita gente na rua e em condições de rua e a intolerância, que sempre existiu, fica mais evidente por causa dessa convivência em todo lugar: parques, áreas públicas, ruas”, analisa.

Ameaças

Lancellotti, com a orientação das advogadas Valdênia Paulino Lanfranchi e Juliana Hashimoto Bertin, enviou um ofício nesta segunda-feira (19/3) ao procurador-geral do Ministério Público de São Paulo, Walter Paulo Sabella, e ao subprocurador de Políticas Criminais e Institucionais, Mário Luiz Sarrubbo, informando a respeito das ameaças e ofensas e solicitando providências. O documento traz uma explicação sobre quem é Padre Julio e detalha as atividades pastorais realizadas por ele, destacando o aumento expressivo da população de rua e a importância da luta dele para pressionar o poder público para que olhe e assista adequadamente esse grupo vulnerável. O último censo, de 2015, fala em 16 mil pessoas, mas entidades que lidam com a causa afirmam que já chega a 25 mil. Além disso, traz prints das ameaças que vêm sofrendo. Além dos ataques diretos, há outros que o acusam de uso de drogas e alguns que sugerem que o padre “pegue os pedintes e coloque para morar na igreja” ou na casa dele.

Assinam o ofício o arcebispo metropolitano de São Paulo, D. Odilo Scherer, o bispo auxiliar de São Paulo, D. Luiz Carlos Dias e mais de 200 outras entidades ligadas a direitos humanos e pessoas físicas que repudiam os ataques que Lancellotti vem sofrendo.

O pároco está acostumado com pressões, especialmente da administração municipal, que lida de maneira mais direta com a situação. Em maio de 2015, ainda na gestão de Fernando Haddad (PT), Lancellotti denunciou repressão e processo de “higienização social em decorrência da especulação imobiliária”. Em setembro do ano passado, já na gestão de João Doria (PSDB), Lancellotti voltou a denunciar a truculência com que a GCM (Guarda Civil Metropolitana) e PM estavam lidando com a população de rua na região da Sé, retirando pertences e promovendo agressões com spray de pimenta. No mês seguinte, Lancellotti voltou a criticar o prefeito tucano por causa da farinata, uma espécie de farinha com sobras de alimentos, anunciada às pressas e sem qualquer planejamento, como demonstrou a reportagem da Ponte.

Para Lancellotti, os ataques são motivados pelo ódio ao pobre e à população em situação de rua e conta com uma articulação que envolve a PM, GCM, os Conselhos Municipais de Segurança, associações de bairro e até subprefeituras. Questionado se tem medo das ameaças, que, por enquanto, estão apenas na esfera virtual, o padre diz que se sente triste. “Me causa muita tristeza o que fazem com os moradores de rua. Eles estão usando os moradores para me atingir. Eles falam cada coisa, eles xingam, eles têm muito ódio. Ainda ontem soube que moradores de uma região aqui do centro foram agredidos de madrugada por guardas e policiais que diziam ‘você é amigo do padre, então? cadê ele?’. Eu imagino que eles não vão vir até mim. No final das contas, quem sofre é quem está na rua. São forças neoconservadoras, forças raivosas que acabam surgindo como uma onda”, analisa. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Um gesto de proximidade, em meio à dor. O Papa ofereceu seu consolo à família de Marielle Franco, cujo assassinato violento gerou uma onda de indignação no Brasil e na América Latina. Francisco telefonou para Marinete, mãe da vereadora do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), famosa defensora dos direitos humanos e relatora da comissão responsável por investigar a intervenção militar nas favelas do Rio de Janeiro, para comunicar seu afeto e solidariedade. A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez, publicada por Vatican Insider, 21-03-2018. A tradução é de André Langer.

Tudo aconteceu na terça-feira, 20 de março. Quem tornou público o telefonema do Papa foi a filha de Marielle, Luyara Santos, de 19 anos. Ela contou o fato a algumas pessoas depois de uma missa dedicada à memória da ativista, assassinada a tiros há exatamente uma semana no centro do Rio, em seu carro depois de uma reunião de mulheres negras.

A comunicação com o Vaticano acontecera algumas horas antes. Com ela, Jorge Mario Bergoglio quis responder a uma carta que recebeu na segunda-feira 19 e que foi escrita pela própria Santos. Na carta, breve, mas emotiva, ela contava que sua mãe era uma pessoa muito crente, que sempre lhe falava sobre o Evangelho e insistia na coisa mais importante da vida: o amor.

O líder católico queria, na verdade, falar com Luyara, mas acabou conversando com sua avó. O telefonema foi confirmado por Andressa Caldas, diretora do departamento de relações institucionais do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul. Na noite da terça-feira, ela escreveu uma breve mensagem no Facebook: “Hoje, o Papa Francisco ligou para a família de Marielle. Obrigado a Flexa Correa Lopes, Lucas Schaerer e Gustavo Vera por fazerem essa ponte. É emocionante ver essa rede de amor e solidariedade em movimento. Marielle fez isso. Ele continuará fazendo isso. Política com carinho. #MarielleVive”.

Dessa maneira, Caldas agradeceu o vínculo estabelecido por Vera, presidente da fundação argentina La Alameda, ativista contra o tráfico de pessoas e homem de confiança do Papa. Depois de algumas manifestações da comunidade afro-americana e brasileira no centro de Buenos Aires, para protestar pelo assassinato de Franco, ele entrou em contato com organizações de direitos humanos desse país. Em seguida, serviu de ponte para que a carta de Luyara Santos chegasse à Casa Santa Marta do Vaticano. E Francisco respondeu algumas horas depois.

Marielle Franco já é um símbolo do ativismo social e feminista no Brasil. Afrodescendente, ela foi executada no caminho para casa. Também morreu seu motorista, e sua assessora salvou-se por um milagre. Apenas duas semanas antes, ela tinha sido indicada como relatora de uma comissão encarregada de investigar e supervisionar a intervenção militar ordenada pelo governo de Michel Temer no Estado do Rio de Janeiro.
“Nossa posição crítica com as operações policiais nas favelas não muda. O Exército nas ruas não é a solução para o problema da violência e, menos ainda, o caminho para resolver o homicídio de Marielle”, disse à imprensa Tarcísio Motta, também vereador do Rio de Janeiro pelo PSOL.
Segundo reportagens da imprensa brasileira, a investigação do crime mostra que a munição usada para matar Marielle fazia parte de alguns lotes comprados pela Polícia Federal em 2006 e que também foram utilizados no massacre de Osasco e Barueri, subúrbio de São Paulo, em que morreram 17 pessoas e pelo qual três policiais militares e um policial foram condenados. Os companheiros do partido de Franco apontam a hipótese de um crime político, ao passo que o governo de Temer afirmou, em nota, que irá acompanhar o caso. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

A fidelidade de Deus à aliança foi o tema da homilia de Francisco na Casa Santa Marta. "O Senhor jamais se esquece de nós e nos ama de um amor visceral", disse o Papa.

Cidade do Vaticano (22/03/2018)

O Senhor é fiel, jamais se esquece de nós: isso nos leva a exultar na esperança. A poucos dias da Semana Santa, a Igreja propõe a reflexão sobre o amor fiel de Deus e foi este o tema da missa celebrada pelo Papa Francisco na capela da Casa Santa Marta.

A homilia do Pontífice foi inspirada no Salmo responsorial e na Primeira Leitura, extraída do Livro do Gênesis, que narra o episódio da aliança de Deus com Abraão. Uma aliança que se prolongará na história do povo, não obstante os pecados e a idolatria.

 Amor de mãe 

O Senhor, de fato, tem um “amor visceral” que não faz esquecer. Para dar um exemplo, o Papa recorda que na Argentina, no Dia das Mães, se presenteia uma flor chamada “não se esqueça de mim”, que tem duas cores: azul claro para as mães vivas e roxa para as mães que já morreram:

Este é o amor de Deus, como o de uma mãe. Deus não se esquece de nós. Nunca. Não pode, é fiel à Sua aliança. Isso nos dá segurança. De nós podemos dizer: “Mas a minha vida é tão ruim... Tenho esta dificuldade, sou um pecador, uma pecadora...” Ele não se esquece de você, porque tem este amor visceral, e é pai e mãe.

 Abraço de amor

Trata-se, portanto, de uma fidelidade que leva à alegria, notou o Papa. Assim como para Abraão, a nossa alegria é exultar na esperança, porque “cada um de nós sabe que não é fiel”, mas Deus sim, reiterou o Papa. Basta pensar na experiência do Bom Ladrão:

O Deus fiel não pode renegar a si mesmo, não pode nos renegar, não pode renegar o seu amor, não pode renegar o seu povo, não pode renegar porque nos ama. Esta é a fidelidade de Deus. Quando nos aproximamos do sacramento da penitência, por favor: não pensar que vamos à lavanderia para tirar as sujeiras. Não. Vamos para receber um abraço de amor deste Deus fiel que nos espera sempre. Sempre.

Concluindo, o Papa retoma a exortação central desta homilia:

Ele é fiel, ele me conhece, me ama. jamais me deixará só. Ele me leva pela mão. Que mais posso querer? Que mais? Que devo fazer? Exulta na esperança, porque o Senhor ama você como pai e como mãe. Fonte: http://www.vaticannews.va

O Regional Centro-Oeste da CNBB e o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitem nota sobre os acontecimentos na Diocese de Formosa

O Regional Centro-Oeste da CNBB, formado pelas dioceses presentes no estado de Goiás e no Distrito Federal, está unido em oração, participando da dor da Igreja diocesana de Formosa. Em nome do Santo Padre, o papa Francisco, a pedido da Nunciatura Apostólica no Brasil, eu, Dom Messias dos Reis Silveira, bispo diocesano de Uruaçu (GO) e presidente do Regional Centro-Oeste, me encontro em Formosa para expressar a solidariedade e proximidade da Nunciatura com a Igreja de Formosa e também com o bispo diocesano, após a veiculação das denúncias do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), nesta segunda-feira, dia 19 de março, cuja investigação e elucidação dos fatos ainda estão em andamento.

Pedimos a Deus especialmente neste dia de São José, que ele seja providencial no caminho da verdade que buscamos seguir.

Dom Messias dos Reis Silveira

Bispo de Uruaçu e presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB

O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner divulgou nota sobre a operação Caifás, deflagrada ontem (19/03) pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) na diocese de Formosa (GO). No texto, o bispo manifesta solidariedade com o presbitério e os fiéis da diocese.

Confira, abaixo, a nota na íntegra:

Diante da prisão do bispo da Diocese de Formosa no estado de Goiás, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB manifesta a solidariedade com o presbitério e os fiéis da Diocese, recordando ao irmão bispo que a justiça é um abandonar-se confiante à vontade misericordiosa de Deus. A verdade dos fatos deve ser apurada com justiça e transparência, visando o bem da igreja particular e do bispo. Convido a todos os fiéis da Igreja a permanecermos unidos em oração, para sermos verdadeiras testemunhas do Evangelho.

Fontes: CNBB Centro Oeste e CNBB; http://diocesedemarilia.net.br

Documento do MPGO está no inquérito da Operação Caifás, que resultou na prisão do bispo de Formosa e de padres.

A autorização judicial para escutas telefônicas foi fundamental para que o Ministério Público de Goiás comprovasse a conduta do bispo de Formosa (GO), José Ronaldo Ribeiro, do vigário geral, de quatro padres, de dois empresários e de um funcionário da Cúria local. Eles são suspeitos de desviarem dinheiro da igreja.

As prisões ocorreram nesta segunda (19/3), durante a Operação Caifás, coordenada pelo MPGO juntamente com a Polícia Civil do estado. A suspeita é de que eles tenham desviado mais de R$ 2 milhões da Diocese desde 2015, verba proveniente de batismos, casamentos, crismas, festividades religiosas, doações e dízimos dos fiéis.

O documento com um resumo das escutas tem 51 páginas e diversas conversas de investigados, além de colaboradores do MP que ajudaram nas investigações com depoimentos. Alguns sacerdotes envolveram parentes no esquema, que atuavam como laranjas. Os comentários também mencionam quem foram os padres chamados para depor. Em outras, religiosos comentam estratégias para abafar o caso.

Em uma das conversas, o Padre Mário Vieira de Brito, da paróquia São José Operário, fala que recebeu a visita do bispo, que foi pedir R$ 1,5 mil para ir a um retiro. De acordo com o promotor Douglas Chegury, o bispo, de fato, pedia uma parcela do dinheiro dos envolvidos para mantê-los nas paróquias.

Em outra conversa, do Monsenhor Epitácio Cardozo, vigário-geral da diocese de Formosa, um funcionário avisa que um padre esteve na contabilidade para saber do dinheiro que o município de Flores (GO) passou para a Cúria, pois estavam faltando informações. A ordem de Dom José era não deixar o religioso levar ou copiar nada. Apenas ver e anotar. 

O funcionário pede que Epitácio assine um documento sobre a retirada de dinheiro do caixa. Segundo ele, o imediato de Dom José havia retirado parte do valor e assinado a transação. Porém, o ato teria se repetido e, na segunda vez, o sacerdote não teria feito o registro.

"Porque eu não me recordo de nós (sic) ter feito um, um eu sei que eu fiz, quando o saldo do caixa ficou alto, aí o senhor falou, não, lá só tem tanto, aí eu fiz um documento e o senhor assinou, e aí teve um ano eu num sei (sic) se o ano passado que nós fizemos a mesma coisa mas (sic) eu não vi o documento assinado, depois eu vou fazer pro senhor assinar pra mim", diz.

Epitácio tenta corrigi-lo, e diz que o caixa estava baixo. O funcionário pede para não falarem sobre isso por telefone. O vigário-geral volta a negar. Diz que “seu caixa não está alto”. A pessoa do outro lado da linha, então, afirma que “esse ano já consertou”. A conversa em questão aconteceu em 7 de março.

investigado sobre a convocação de outros clérigos para depor. A pessoa orienta o sacerdote a conversar com o colega de batina para que leve o máximo de documentos possível para o encontro com o promotor.

A testemunha conta que conversou com outros padres que sabiam do desvio e que informaram que tinham medo que o bispo tentasse fugir. "Conversando com o pessoal ontem, o pessoal tava falando o seguinte, nós tamo (sic) com medo do Bispo fugir, dele ir pra Roma pra num ser preso. O pessoal está de olho porque se ele falar em sair, o pessoal quer acionar a justiça para não deixá-lo sair”, conta.

Nessa mesma conversa, a testemunha diz que o bispo fez chacota com o oficial de justiça quando foi intimado a depor. Teria dito que “as velhinhas do asilo não o deixam quieto.” “Aí, o oficial falou, não isso aqui num é do asilo não, isso aqui é do Ministério Público de Goiás aqui de Formosa, diz que ele enfiou o rabo entre as perna (sic)”, completa.

Padres falam em intimidação e transferências

Outro trecho do documento que chama a atenção é a conversa entre o pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, Moacyr Santana, e o pároco da Paróquia São José Operário, ambos presos na operação. A gravação foi feita em 15 de março e eles comentam a ida do juiz eclesiástico Thiago Wenceslau para intimidar os padres que estão insatisfeitos com a falta de transparência nos dados.

“Meu deus… agora vem esse juiz eclesiástico… ôh”, afirma Moacyr. A conversa segue citando indiretamente padres e fiéis que podem ter atrapalhado o esquema. Nesse momento, Mário dispara: “"e esse juiz agora deve dar essas penas canônicas agora pra esses aí, né.”

Moacyr concorda, mas, em seguida, se demonstra descrente. Acredita que o juiz não pode ser “mole”. Mas Mário argumenta que Thiago Wenceslau fará mudanças. 
Moacyr se queixa de acusações a respeito do carro que dirige e, em seguida, se queixa do promotor. "Será que o promotor não vê que ele tá sendo um bonequinho na mão desse povo gente, é mais na hora que esse promotor descobrir, que esse povo tentou fazer ele de besta (...), falaram coisa que não devia (sic) eles vão ter que responder, o advogado falou ontem, cês num falaram que o carro era do Padre, agora cês (sic) tem que provar que é do Padre uai", reclama.

O bate-papo segue em frente. Eles mencionam um restaurante chamado Mediterrâneo, em que alguns padres vão comer com o dinheiro de fiéis. Em seguida, Moacyr menciona dois padres contrários ao bispo. “Eles vão dançar", afirma. Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br

 

 

 

Em novembro de 2014, dom José Ronaldo foi transferido pelo Papa Francisco para Formosa.

As suspeitas de corrupção na diocese goiana de Formosa, a 80 quilômetros de Brasília, vinham sendo investigadas desde 2015, mas a prisão do bispo dom Ronaldo Ribeiro, 61 anos, surpreendeu a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O setor jurídico da entidade está analisando o caso para verificar o que ocorreu e tomar posição, provavelmente com a divulgação de uma nota oficial.

Como os bispos têm autonomia no governo de suas dioceses, a CNBB nada poderá fazer contra d. Ronaldo e seus colaboradores, se forem considerados culpados. A questão depende diretamente do papa, dispensando também a intervenção da Nunciatura Apostólica representante diplomática da Santa Sé no Brasil.

Em outubro de 2013, sete meses após sua posse, Francisco demitiu o bispo Franz-Peter Tebartz, da diocese de Limburg, na Alemanha, por ter construído para sua residência uma mansão ao custo de 31 milhões de euros (quase R$ 150 milhões).

Quando um grupo de católicos de Formosa denunciou o escândalo, d. Ronaldo declarou, ano passado, que não havia irregularidade no emprego dos fundos arrecadados com a contribuição dos fiéis. Os paroquianos suspenderam a coleta do dízimo, em janeiro. Formosa tem 33 paróquias e 43 padres.

Em 2011, tinha 346.760 habitantes, sendo 82% católicos. Prelazia apostólica desde 1956, foi elevada a diocese em 1979. D. Ronaldo até então bispo de Janaúba, em Minas, foi transferido para Formosa em 2014.

Mineiro de Uberaba, onde nasceu em 1957, d. Ronaldo exerceu várias funções na arquidiocese de Brasília. Foi vigário geral e membro do Conselho do Conselho Arquidiocesano para Assuntos Econômicos.

Nomeado pelo papa Bento XVI em junho de 2007, foi ordenado bispo pelo então arcebispo de Brasília, d. João Braz de Aviz, atualmente prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Formosa faz parte da Província Eclesiástica de Brasília. Fonte: www.em.com.br

O papa Francisco manifestou sua solidariedade com a família da vereadora e defensora dos direitos humanos Marielle Franco. Seu assassinato em 14 de março gerou uma onda de indignação no Brasil e no mundo.

"Francisco ligou para Marinette, mãe da vereadora do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), defensora dos direitos humanos e relatora da comissão responsável por investigar a Intervenção Militar no Rio de Janeiro, para comunicar seu afeto e solidariedade", indico o Vatican Insider, o site do jornal italiano "La Stampa" especializado em notícias do Vaticano.

O papa argentino decidiu ligar para a família de Marielle, de 38 anos, após receber uma carta da filha da vereadora, assassinada a tiros no Estácio, região central do Rio.

Negra, nascida e criada na favela da Maré, Marielle lutava pelos direitos de negros, mulheres e da comunidade LGBT e não hesitava em denunciar abusos policiais e criticar a recente Intervenção Militar ordenada pelo presidente Michel Temer.

Até agora, a Polícia não deu informações precisas sobre suspeitos do crime, que causou comoção dentro e fora do Brasil.

* AFP. Fonte: http://anoticia.clicrbs.com.br

21/03/2018  Santa Sé. A Nunciatura Apostólica publicou na manhã desta quarta-feira, 21 de março, um comunicado sobre o processo de acompanhamento da situação atual de pastoral e de governo da Diocese de Formosa (GO).

Confira o Comunicado:

“O Santo Padre ordenou, no dia 3 de março do corrente ano, que se realize uma Visita Apostólica na Diocese de Formosa, com a finalidade de examinar a situação pastoral e de avaliar o governo do Bispo, Sua Excelência Dom José Ronaldo Ribeiro. Sucessivamente, no dia 10 de março, o Arcebispo de Uberaba, Sua Excelência Dom Paulo Mendes Peixoto, foi nomeado Visitador Apostólico.

À luz dos novos fatos que envolvem a Diocese de Formosa, o Santo Padre nomeou Sua Excelência Dom Paulo Mendes Peixoto Administrador Apostólico sede plena da Diocese de Formosa ad nutum Sanctae Sedis, conferindo-lhe todas as faculdades para governar a circunscrição eclesiástica e para realizar, contemporaneamente, a Visita Apostólica, precedentemente ordenada.

Sua Excelência Dom Paulo Mendes Peixoto convida a todos, o Clero e a comunidade diocesana de Formosa, a unirem-se em torno de Cristo, Pastor dos Pastores”.

Nunciatura Apostólica

Fonte: http://cnbb.net.br

Clérigos foram presos na Operação Caifás, suspeitos de desviar dinheiro do dízimo. Secretário-geral da CNBB manifestou solidariedade aos fiéis e mandou mensagem para bispo.

Por Raquel Morais, G1 GO

Presos suspeitos de desviar dinheiro do dízimo e de doações, o bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, e outros cinco padres ocupam celas em uma área separada no novo presídio da cidade. Segundo a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), o isolamento ocorre para garantir a integridade física dos clérigos. Eles têm direito a banho de sol de duas horas por dia e tomam banho em chuveiro sem eletricidade.

Todos têm ensino superior – exigência da formação como padre. A DGAP disse não poder informar o tamanho da cela e outros detalhes. Os padres devem começar a prestar depoimento ao Ministério Público DE Goiás (MP-GO) na tarde desta terça-feira (20).

Em nota, o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Leonardo Ulrich Steiner, disse ao G1 manifestar solidariedade aos fiéis da Diocese de Formosa, “, recordando ao irmão bispo que a justiça é um abandonar-se confiante à vontade misericordiosa de Deus”.

“A verdade dos fatos deve ser apurada com justiça e transparência, visando o bem da igreja particular e do bispo”, declarou.

O bispo de Formosa, Dom José Ronaldo; o vigário-geral e segundo na hierarquia de Formosa, monsenhor Epitácio Cardozo Pereira; o juiz eclesiástico Thiago Wenceslau; e mais três padres foram presos temporariamente nesta segunda-feira (19), suspeitos de integrar um esquema que pode ter desviado mais de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica.

Além deles, o secretário da Cúria de Formosa e dois empresários também foram detidos. A prisão temporária tem validade de cinco dias, podendo ser estendida para mais cinco. Denúncias do MP-GO apontam que o juiz eclesiástico fez vista grossa para denúncias de desvio de recursos e que padres pagavam “mesada” ao bispo para se manterem em igrejas mais “lucrativas”.

As apurações apontam que o grupo age desde 2015. As investigações começaram no ano passado, após denúncias de fiéis. Eles afirmaram que as despesas da casa episcopal subiram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde a chegada do bispo Dom José Ronaldo. Na ocasião, o clérigo negou haver irregularidades nas contas da Diocese de Formosa.

Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontaram que os suspeitos compraram uma fazenda de criação de gado e uma casa lotérica com o dinheiro desviado. As aquisições, conforme o MP, também eram uma forma de lavar o dinheiro.

À TV Anhanguera, Dom José Ronaldo disse que o advogado dele ainda não teve acesso ao processo e nega envolvimento dele no caso.

‘Juramento de fidelidade’

Convocado após denúncias de desvios de dízimos e doações na Diocese de Formosa, o juiz eclesiástico Thiago Wenceslau forjou um relatório das contas questionadas anunciando que “auditoria rigorosa” apontou não haver nenhuma irregularidade, de acordo com o MP-GO.

“[O juiz eclesiástico] Veio [de São Paulo] com um objetivo: intimidar de forma definitiva os padres e fazer com que eles fizessem, como de fato muitos fizessem, um juramento de fidelidade ao bispo [Dom José Ronaldo, apontado como líder do esquema]”, explicou o promotor Douglas Chegury.

 “Chamados nominalmente, [os padres] deveriam responder se estavam com o bispo ou contra o bispo, não era com a igreja ou contra igreja. Isso aconteceu em uma reunião a portas fechadas”, completou.

De acordo com o MP-GO, havia “clima de terror e opressão” e ameaças de retaliação, transferências e até perda de ministério aos clérigos que não se calassem ou não demonstrassem apoio ao bispo.

'Mesada' por paróquias mais rentáveis

A investigação aponta ainda que padres de Formosa, Posse e Planaltina pagavam ao bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, para que fossem mantidos em paróquias mais lucrativas. O valor mensal da "mesada" variava entre R$ 7 mil e R$ 10 mil.

"As informações que nós obtivemos é que, para permanecer nas paróquias que davam mais dinheiro, os padres pagavam uma mesada, em dinheiro, ao bispo. Um pároco, que contribuiu com as investigações, inclusive, chegou a ver esse repasse", disse o promotor Douglas Chegyry ao G1.

Dinheiro escondido em guarda-roupa

A Operação Caifás apreendidos cordões de ouro, relógios e caminhonetes da cúria em nomes de terceiros, além de uma grande quantia de dinheiro em espécie, com valor ainda não foi divulgado. Havia moedas estrangeiras, incluindo dólares americanos, dólares australianos, pesos argentinos, pesos chilenos e euros.

Na casa do vigário-geral, segundo na linha de sucesso da Diocese, foi apreendida grande quantidade de dinheiro no fundo falso de um guarda-roupa. Segundo a TV Anhanguera apurou, o montante contabilizou R$ 70 mil. A quantia estava em sacos plásticos.

Grupo suspeitava de apuração

O promotor afirmoui que os clérigos desconfiavam da operação antes mesmo dela ocorrer. Escutas telefônicas também corroboram a tese.

Em uma conversa com um interlocutor, datada de 8 de março último, Dom José Ronaldo questiona sobre um padre ter sido chamado para prestar esclarecimentos a respeito de uma festa da igreja, cujas contas não foram prestadas.

"Igreja não tem que prestar conta de festa, dessas coisas, para o Ministério Público."

Em outro trecho, quatro dias depois, o bispo volta a falar sobre possíveis denúncias sobre desvios de recursos. Entre outras falas, ele alega que uma investigação "tem fundamento zero", que "o negócio já morre no nascedouro" e que "investigação de tributos é da Justiça Federal".

Operação Caifás

O MP-GO fez à Justiça pedido de 13 mandados de prisão temporária e 10 de busca e apreensão em residências, igrejas e um mosteiro. O juiz Fernando Oliveira Samuel concluiu haver necessidade de prisão em nove casos:

  • José Ronaldo Ribeiro, bispo de Formosa
  • Monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, vigário-geral da Diocese de Formosa
  • Padre Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora Imaculada Conceição, Formosa
  • Padre Mário Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário, Formosa
  • Padre Thiago Wenceslau, juiz eclesiástico
  • Padre Waldoson José de Melo, pároco da Paróquia Sagrada Família, Posse (GO)
  • Guilherme Frederico Magalhães, secretário da Cúria de Formosa
  • Antônio Rubens Ferreira, empresário suspeito de ser laranja da quadrilha
  • Pedro Henrique Costa Augusto, empresário, suspeito de ser laranja da quadrilha

O nome da operação foi escolhido considerando que Caifás era o sumo sacerdote quando Jesus foi condenado a morrer na cruz, explicou o MP-GO.

Denúncia de fiéis

Em dezembro de 2017, fiéis denunciaram que as despesas da casa episcopal de Formosa, onde o bispo mora, passaram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde que Dom José Ronaldo assumiu o posto, havia três anos.

"O que nós temos certeza é que as contas da cúria não fecham. Então, nós queremos a abertura pública das contas da cúria [administração da diocese] e dos gastos da casa episcopal", disse uma fiel, que preferiu não se identificar.

O grupo que contesta as contas informou que não recolheria o dízimo até que as medidas fossem atendidas. A diocese disse, na época, que o custo das 33 paróquias é de cerca de R$ 12 milhões por ano. Já a arrecadação, no mesmo período, é de R$ 16 milhões. O restante é destinado ao fundo de cada unidade.

Dom José Ronaldo alegou na época que não tocava no dinheiro e que não houve o pedido, por parte do grupo, para a apresentação de contas.

"Não tem nada de impropriedade. Não toco nos repasses financeiros das paróquias que são destinados à manutenção das necessidades da Diocese, casa do clero, seminário, estrutura da cúria, funcionários etc.", declarou. Fonte: https://g1.globo.com

*Karl Rahner

Ao falar do Coração de Jesus recorre-se de um modo ou de outro ao termo "símbolo". O sagrado Coração é um símbolo do amor de Cristo. Não se trata, porém, de um símbolo indicativo que se baseia numa convenção: a bandeira é símbolo.  Há o que se chama o símbolo essencial ou real com uma base ontológica. Rahner procura ligar intimamente o ser ao conceito de sinal, fazendo do significado de si mesmo uma necessidade íntima do próprio ser. Em seguida aplica esta ontologia à economia da salvação em geral, e em particular à SSma Trindade, à cristologia, à eclesiologia e aos sacramentos.  Tendo presente o mistério da Trindade como já revelado e que, como fonte de toda a realidade, imprime nas criaturas um vestígio de si, Rahner propõe o conceito de símbolo essencial e autêntico, como um bem distinto do símbolo puramente indicativo.

O fundamento da simbologia, pela qual uma realidade torna presente a si mesma e aos outros uma realidade diversa e faz com que ela "esteja aqui", encontra-se na unidade e na complexidade do ser em geral. Por isso, o ser é por si mesmo necessariamente simbólico, porque se exprime de modo necessário, para encontrar a sua própria essência.

Mediante o símbolo verdadeiro e próprio, um ser realiza-se a si mesmo noutra realidade, que faz parte da sua constituição essencial. Isto verifica-se sobretudo no ser espiritual, que se compreende através da sua inteligência e se ama mediante a sua vontade, a tal ponto que é mais ou menos perfeito na medida em que é conhecível e conhecido. Desta maneira a ontologia do símbolo une-se à estrutura da entidade espiritual e alcança-se assim o modo supremo em que a entidade [e, em si mesma simbólica.

A ação salvífica de Deus sobre o homem, desde o início até à sua realização, acontece mediante o símbolo em que Deus se revela e se comunica de maneira histórica e compreensível. Exige-o a constituição unitária do homem, que é espírito encarnado. Por isso o corpo é símbolo da alma, dado que ela o informa, nele se realiza a si mesma, adquire consciência de si e se manifesta. Nesta unidade de símbolo e de realidade simbolizada, de corpo e de alma, os membros separadamente não são elementos que se unem uns aos outros apenas a nível material, mas são partes vitalmente unidas a todo o conjunto, embora naturalmente cada uma de maneira diferente.

Partindo da revelação, Rahner lança o fundamento supremo e radical do símbolo real e intrínseco na teologia do Verbo, no âmbito trinitário e do Verbo na sua encarnação para a nossa salvação.

Porém, o Verbo assume na sua Pessoa a nossa natureza humana e torna-se o símbolo absoluto de Deus no mundo, sempre repleto da realidade simbolizada. Além de ser a presença e a revelação daquilo que Deus é em si mesmo, exprime o que Deus é em si mesmo, exprime o que Deus quis ser para o mundo, de maneira irrevocável e indelével.

Convencido de que não pode haver uma teologia que não tenha como sujeito o símbolo, Rahner vê a Igreja como um sinal visível, autêntico e eficaz de Cristo morto e ressuscitado, sinal repleto da graça que o Redentor trouxer de maneira definitiva ao mundo. A Igreja é realmente distinta de Cristo, assim como nele a divindade é, na verdade, distinta da humanidade.

Porém distinguir não significa separar. Na Igreja existe uma profunda unidade entre estes dois aspectos diversos, mas na realidade inseparáveis. Cristo e a graça do Espírito Sano não devem ser procurados fora da Igreja. O Pai, mediante o Filho encarnado, morto e ressuscitado e operante, com o seu Espírito, comunica-nos a vida divina na Igreja, ou seja, simbólica.

No fim dos tempos, não subsistirão mais quaisquer símbolos, como as estruturas oficiais da Igreja, e também os seus verdadeiros e próprios sacramentos, através dos quais o Pai em Cristo se comunicou aos homens, enquanto eles O vêem "como que num espelho, de maneira confusa" (1 Cor 13,13). Rahner declara com vigor que a humanidade de Cristo conserva a sua função simbólica também pela visão imediata de Deus.  Por isso,no ensaio O significado perene da humanidade de Cristo na nossa relação com Deus, ele escreve com toda clareza: A fé dá testemunho de que a humanidade criada de Cristo é o centro indispensável e perene pelo qual toda a criatura deve passar para encontrar a coração da sua validade permanente diante de Deus. Ele é a entrada e a porta, O Alfa e o ômega, pois abarca tudo. Na humanidade de Cristo  a criação encontra a sua consistência. Quem o vê, vê o Pai; quem não o vê, a ele que é o Verbo encarnado, não vê sequer a Deus.

Rahner tira a conclusão da sua visão simbólica real do ser em geral, da única via da salvação em Cristo, cujo Coração significa o centro originário da sua existência humana. Deve existir um ato de culto fundamental, que só se pode dirigir a Deus através deste centro mediador. Neste ato, Cristo não pode e não deve ser apenas um nome simples nome ou um termo que traça na nossa vida religiosa consciente a realidade de Deus, inefável e sem nome. O vocábulo Coração designa verdadeiramente um coração humano, símbolo real, autêntico e verdadeiro de toda a pessoa de Jesus, que está de fato presente nele não só em si mesmo, mas também "por nós", no seu limite humano, na evidência descritível do seu amor que o caracteriza, sem porém o separar do amor de Deus.

Este amor divino que nos surpreende, porque pode esconder na sua origem abismal a graça e a justiça, a indignação e a piedade, só se tornou evidente para nós quando se encarnou objeto e termo, ou melhor, como centro de mediação, através do qual deve passar cada um dos nossos atos que quiserem verdadeiramente alcançar a Deus. Não se pode ser cristão sem atravessar incessantemente no movimento do nosso espírito , suscitado pelo Espírito Santo, a Humanidade de Cristo e o seu centro unificador, a que chamamos Coração. Nesta visão teológica simbólica do cristianismo, que ainda não foi devidamente desenvolvida, a devoção ao Sagrado Coração encontra a sua profunda legitimação para todos os tempos.

É uma devoção que não está a lento caminho do seu termo ou da perda da sua função no seio da Igreja.  A devoção ao Sagrado Coração tem uma longa história. Já a partir da reflexões dos Padres da Igreja e sobretudo dos místicos medievais sobre a ferida do Lado de Cristo, Mas no século XVII, no âmbito de uma sociedade, cuja mensagem cristã era acolhida como uma realidade óbvia e, além disso, não contestada publicamente. Numa sociedade deste gênero, homogeneamente cristã sob o ponto de vista externo, esta devoção foi uma admoestação a considerar com seriedade o cristianismo, a ser devoto de maneira pessoal e viva, partindo do centro mais intimo da existência.

O nosso tempo é caracterizado por um ateísmo não teórico mas prático.  Há um indiferentismo no que diz respeito a todos os valores transcendentes: Uma civilização técnica e informatizada parece ameaçar de tornar quase impossível uma experiência originariamente religiosa.  Rahner não excluía a hipótese de que a devoção ao Sagrado Coração cessasse de ser popular e se tornasse sobretudo própria de pessoas "espirituais e místicas" que nela encontrariam como que num ponto focal, a resposta do único Coração às instancias supremas do seu coração humano. Paulo VI em 1965: "O culto ao Sagrado Coração seja por todos considerado como uma forma extremamente nobre e digna daquela verdadeira piedade de que, na nossa época, de forma especial pelo Concílio  Vaticano II, é pedida com insistência em relação a Jesus Cristo, Rei e Centro de todos os corações, Cabeça do corpo que é a Igreja ... o Princípio, o Primogênito entre os vivos, a fim de que Eele tenha o primado em tudo (Investigabiles divitias Christi).  Em Redemptor hominis João Paulo II definiu o mistério do homem com referência ao Coração de Cristo.

Neste início do novo milênio parece já superada a incredulidade de cunho iluminista que predominou por tanto tempo. As pessoas sentem uma forte saudade de Deus, mas acabaram por perder o caminho do santuário interior, onde acolher a sua presença. Aquele santuário é precisamente o coração onde a liberdade e a inteligência se encontram com o amor do Pai que está nos céus. O Coração de Cristo é a verdadeira sede universal da comunhão com Deus Pai, é a sede do Espírito Santo. Para conhecer Jesus e viver em sintonia com o seu Coração, amando como Ele, a Deus e ao próximo.

*Pensamento de Karl Rahner: Símbolo, simbolismo- Teologia do símbolo. Osservatore Romano. 04/10/2013.

Na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta, o Papa Francisco convidou os fiéis a olharem para o crucifixo todas as vezes que sentirem cansados diante das dificuldades da vida.

Cidade do Vaticano

Olhar o Crucifixo nos momentos difíceis, quando o coração está deprimido: este é o convite que o Papa Francisco fez na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta (20/03/2018).

O Pontífice iniciou a sua reflexão a partir da Primeira Leitura (Nm 21,4-9), na qual se narra a desolação vivida pelo povo de Israel no deserto e o episódio das serpentes que mordem o povo. Tiveram fome e Deus respondeu com o maná e depois com as codornas, tiveram sede e Deus lhes deu água. Depois, com o aproximar-se da terra prometida, alguns deles manifestaram ceticismo porque os espiões enviados por Moisés tinham dito que era uma terra rica de frutas e de animais, mas habitada por um povo alto e forte, bem armado. E, portanto, expressavam as razões do perigo de ir ali.

“Olhavam para a própria força e tinham se esquecido da força do Senhor, que os havia libertado da escravidão de 400 anos”, notou o Papa.

Memória doentia

Em síntese, “o povo não suportou a viagem”, assim como as pessoas que “iniciam uma vida para seguir o Senhor”, mas a um certo ponto as provações as superam. É aquele momento da vida em que alguém diz: “Chega! Eu paro e volto para trás” e se pensa com remorso sobre o passado: “quanta carne, quantas cebolas, quantas coisas boas comiam ali”.

O Papa convidou, porém, a ver a parcialidade desta “memória doentia”, desta saudade distorcida porque aquela era a refeição da escravidão, quando eram escravos no Egito.

Essas são as ilusões que o diabo traz: mostra o lado bom de algo que você deixou, do qual você se converteu no momento da desolação do caminho, quando você ainda não chegou à promessa do Senhor. É um pouco como o caminho da Quaresma. Sim, podemos pensar assim; conceber a vida como uma Quaresma: sempre existem as provações e as consolações do Senhor, tem o maná, a água, existem os pássaros que nos dão de comer… mas aquela comida era melhor. Mas não se esqueça que comia à mesa da escravidão!

Criticar Deus é envenenar a alma

Esta experiência – destacou o Papa – acontece com todos nós quando queremos seguir o Senhor, mas nos cansamos. Mas o pior é que o povo criticou Deus e “criticar Deus é envenenar a alma”. Talvez alguém pensa que Deus não o ajude ou que tem que superar muitas provações. Sente o “coração deprimido, envenenado”. E as serpentes, que mordiam o povo como narra a Primeira Leitura, são exatamente “o símbolo do envenenamento”, da falta de constância em seguir o caminho do Senhor.

Moisés, então, intercede junto ao Senhor, o qual responde pedindo que façam uma serpente de bronze e a coloquem no alto de uma hasta. Esta serpente curava todos os que haviam sido atacados pelas serpentes por ter criticado Deus: “Esta serpente era profética: era a figura de Cristo sobre a cruz”.

Está aqui a chave da nossa salvação, a chave da nossa paciência no caminho da vida, a chave para superar os nossos desertos: olhar o crucifixo. Olhar Cristo crucificado. “E o que devo fazer, Padre?” – “Olhar. Olhar as Chagas. Entre nas Chagas”. Por aquelas Chagas fomos curados. Você se sente envenenado, triste, sente que a sua vida não tem sentido, está cheia de dificuldades e de doenças? Olhe para lá.

Olhar para o crucifixo

Nesses momentos, portanto Francisco convida a olhar “o crucifixo feio, isso é o real” porque “os artistas fizeram crucifixos bonitos, artísticos”, alguns de ouro e pedras preciosas. E isso - destaca – “nem sempre é mundanidade” porque quer significar “a glória da cruz, a glória da ressurreição”. “Mas quando você se sente desse jeito, veja isso: antes da glória”, ressalta o Papa.

Então Francisco recorda de quando era criança e ia com a sua avó na Sexta-feira Santa: fazia-se a procissão de velas na paróquia e vinha o Cristo deitado em mármore, em dimensões naturais. E quando chega o Cristo deitado, a avó nos fazia ajoelhar: “Olhe bem para ele” - dizia – “mas amanhã ele ressuscitará!”. De fato, naquela época, antes da reforma litúrgica de Pio XII, a ressurreição se celebrava na manhã de sábado, não no domingo. E então, a avó, na manhã de sábado, quando se ouviam os sinos da ressurreição, nos fazia lavar os olhos com água, para ver a glória de Cristo.

Ensinem seus filhos a olhar para o crucifixo e para a glória de Cristo. Mas nós, nos maus momentos, em momentos difíceis, envenenados um pouco por ter dito em nossos corações qualquer desilusão contra Deus, olhemos para as feridas. Cristo elevado como a serpente: porque ele se fez serpente, ele se aniquilou para vencer “a serpente do mal”. Que a Palavra de Deus hoje nos ensine este caminho: olhar para o crucifixo. Acima de tudo, no momento em que, como povo de Deus, nos cansamos da viagem da vida. Fonte: http://www.vaticannews.va