- Detalhes
"Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, do mesmo modo é preciso que o Filho do Homem seja levantado. Assim, todo aquele que nele acreditar, nele terá a vida eterna”.
“Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele. Quem acredita nele, não está condenado; quem não acredita, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus.”
“O julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. Quem pratica o mal, tem ódio da luz, e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam desmascaradas. Mas, quem age conforme a verdade, se aproxima da luz, para que suas ações sejam vistas, porque são feitas como Deus quer.”
Evangelho de João capítulo 3,14-21 (Correspondente ao Quarto domingo de Quaresma, Ano Litúrgico, ciclo B). O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Um amor gratuito
Continuamos nos preparando neste tempo para a celebração da Páscoa do Senhor. No Evangelho de hoje aparecem dois simbolismos que Jesus usa em várias oportunidades. Neste momento apresenta uma atitude que favorece a vida, a luz, e outro comportamento que leva à morte e à obscuridade.
O capítulo três do Evangelho inicia-se com um diálogo estabelecido entre Jesus e Nicodemos. O evangelista sinala que Nicodemos foi visitar Jesus à noite. Será que Nicodemos deseja permanecer oculto aos olhos dos judeus e por isso vai vê-lo durante a noite? Ele era chefe dos judeus!
João destaca este detalhe e Jesus revela-se como luz que brilha nas trevas. Nicodemos tinha ficado impressionado com os sinais que Jesus realizava e, como tantos outros, reconhece o valor profético da pessoa de Jesus.
Ao longo do evangelho aparece uma progressiva aproximação de Nicodemos a Jesus. A primeira conversa de Jesus com Nicodemos é sobre a necessidade de “nascer de novo”. Frase que num momento é entendida literalmente e Jesus tenta explicar-lhe que está falando de outra coisa, a necessidade de nascer da água e do Espírito. Mas Nicodemosnão compreende. Logo depois se estabelece o trecho sobre o qual estamos meditando neste momento.
Disse Jesus: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto”. Moisés lembra um deus egípcio, representado por uma serpente, símbolo do bem e do mal: morte e vida. Os israelitas que tinham sido mordidos por serpentes venenosas e olhavam para a serpente levantada por Moisés no deserto, eram curados (Nm 21, 8-9).
Essa serpente erguida é um símbolo da morte de Jesus na cruz, que será elevado na cruz. Humilhado e exaltado ao mesmo tempo. Jesus é levantado no alto e recebe assim a Vida em plenitude, vida definitiva que comunica para toda a humanidade. Sua morte oferece Vida.
Por isso quem olha com olhos de fé e de amor para Jesus crucificado experimenta essa Vida definitiva que ele oferece. A cruz é a expressão suprema do amor de Deus pelos homens. A Misericórdia de Deus que nos liberta do egoísmo, da escravidão, de tudo aquilo que nos aliena e não humaniza e recebe a Vida Nova do Ressuscitado.
Assim “nasce de novo” como tinha dito anteriormente a Nicodemos. Nasce para uma vida que não morre mais e gera nele a capacidade de oferecer essa vida para outros e outras.
Assim é o amor de Deus: “Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna. Jesus não exclui ninguém da possibilidade de participar na misericórdia de Deus. Pelo contrário.
Que sentiria Jesus quando disse estas palavras a Nicodemos? Ele sabe que não é um caminho fácil que deve percorrer, mas é esta vida definitiva, que Deus entrega por meio dele a todas as pessoas, que o alenta. Desde o início Jesus tem discussões com os fariseus, os sacerdotes, e sofre na sua própria vida a autossuficiência dos
orgulhosos, os que se consideram poderosos e experimenta a fragilidade dos pobres, os que sofrem pelas leis que os escravizam, os marginalizados. Eles são os que creem nele. Por isso dirá: “Quem acredita nele não está condenado”!
O amor de Deus que se traduz em misericórdia, num amor gratuito, que não se mede segundo méritos ou erros. Papa Francisco afirma que Deus ama as pessoas “como uma mãe” e que “A ‘compaixão’ que Deus sente pela ‘miséria humana’ é comparável à reação de uma mãe ‘diante da dor dos filhos’”.
Mas, apesar disso, há alguns que preferem as trevas à luz e por isso rejeitam Jesus, porque permanecer perto dele exige uma mudança de atitude, de critérios, de religiosidade.
E o amor de Deus não se mede pelas nossas atitudes. Permanentemente se faz presente no nosso mundo, na nossa história através de pessoas que vivem como Jesus entregando-se aos mais desprotegidos e pobres.
Nesta semana somos convidados e convidadas a aproximar-nos da luz e mudar assim aquilo que na nossa vida ainda permanece na obscuridade. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
- Detalhes
Tema do 4º Domingo da Quaresma
A liturgia do 4º Domingo da Quaresma garante-nos que Deus nos oferece, de forma totalmente gratuita e incondicional, a vida eterna.
A primeira leitura diz-nos que, quando o homem prescinde de Deus e escolhe caminhos de egoísmo e de autossuficiência, está a construir um futuro marcado por horizontes de dor e de morte. No entanto, diz o autor do Livro das Crônicas, Deus dá sempre ao seu Povo outra possibilidade de recomeçar, de refazer o caminho da esperança e da vida nova.
A segunda leitura ensina que Deus ama o homem com um amor total, incondicional, desmedido; é esse amor que levanta o homem da sua condição de finitude e debilidade e que lhe oferece esse mundo novo de vida plena e de felicidade sem fim que está no horizonte final da nossa existência.
No Evangelho, João recorda-nos que Deus nos amou de tal forma que enviou o seu Filho único ao nosso encontro para nos oferecer a vida eterna. Somos convidados a olhar para Jesus, a aprender com Ele a lição do amor total, a percorrer com Ele o caminho da entrega e do dom da vida. É esse o caminho da salvação, da vida plena e definitiva.
EVANGELHO – JO 3, 14-21
O nosso texto pertence à seção introdutória do Quarto Evangelho (cf. Jo 1,19-3,36). Nessa secção, o autor apresenta Jesus e procura – através dos contributos dos diversos personagens que vão sucessivamente ocupando o centro do palco e declamando o seu texto – dizer quem é Jesus.
Mais concretamente, o trecho que nos é proposto faz parte da conversa entre Jesus e um “chefe dos judeus” chamado Nicodemos (cf. Jo 3,1). Nicodemos foi visitar Jesus “de noite” (cf. Jo 3,2), o que parece indicar que não se queria comprometer e arriscar a posição destacada de que gozava na estrutura religiosa judaica. Membro do Sinédrio, Nicodemos aparecerá, mais tarde, a defender Jesus, perante os chefes dos fariseus (cf. Jo 7,48-52). Também estará presente na altura em que Jesus foi descido da cruz e colocado no túmulo (cf. Jo 19,39).
A conversa entre Jesus e Nicodemos apresenta três etapas ou fases. Na primeira (cf. Jo 3,1-3), Nicodemos reconhece a autoridade de Jesus, graças às suas obras; mas Jesus acrescenta que isso não é suficiente: o essencial é reconhecer Jesus como o enviado do Pai. Na segunda (cf. Jo 3,4-8), Jesus anuncia a Nicodemos que, para entender a sua proposta, é preciso “nascer de Deus” e explica-lhe que esse novo nascimento é o nascimento “da água e do Espírito”. Na terceira (cf. Jo 3,9-21), Jesus descreve a Nicodemos o projecto de salvação de Deus: é uma iniciativa do Pai, tornada presente no mundo e na vida dos homens através do Filho e que se concretizará pela cruz/exaltação de Jesus. O nosso texto pertence a esta terceira parte.
MENSAGEM
No texto que nos é proposto, Jesus começa por explicar a Nicodemos que o Messias tem de “ser levantado ao alto”, como “Moisés levantou a serpente” no deserto (a referência evoca o episódio da caminhada pelo deserto quando os hebreus, mordidos pelas serpentes, olhavam uma serpente de bronze levantada num estandarte por Moisés e se curavam – cf. Nm 21,8-9). A imagem do “levantamento” de Jesus refere-se, naturalmente, à cruz – passo necessário para chegar à exaltação, à vida definitiva. É aí que Jesus manifesta o seu amor e que indica aos homens o caminho que eles devem percorrer para alcançar a salvação, a vida plena (vers. 14).
Aos homens é sugerido que acreditem no “Filho do Homem” levantado na cruz, para que não pereçam mas tenham a vida eterna. “Acreditar” no “Filho do Homem” significa aderir a Ele e à sua proposta de vida; significa aprender a lição do amor e fazer, como Jesus, dom total da própria vida a Deus e aos irmãos (vers. 15). É dessa forma que se chega à “vida eterna”.
Depois destas afirmações gerais, o autor do Quarto Evangelho vai entrar em afirmações mais detalhadas. O que é que significa, exatamente, a cruz de Jesus? Como é que a cruz gera vida definitiva para o homem?
Jesus, o “Filho único” enviado pelo Pai ao encontro dos homens para lhes trazer a vida definitiva, é o grande dom do amor de Deus à humanidade. A expressão “Filho único” evoca, provavelmente, o “sacrifício de Isaac” (cf. Gn 22,16): Deus comporta-se como Abraão, que foi capaz de desprender-se do próprio filho por amor (no caso de Abraão, amor a Deus; no caso de Deus, amor aos homens)… Jesus, o “Filho único” de Deus, veio ao mundo para cumprir os planos do Pai em favor dos homens. Para isso, incarnou na nossa história humana, correu o risco de assumir a nossa fragilidade, partilhou a nossa humanidade; e, como consequência de uma vida gasta a lutar contra as forças das trevas e da morte que escravizam os homens, foi preso, torturado e morto numa cruz. A cruz é o último acto de uma vida vivida no amor, na doação, na entrega. A cruz é, portanto, a expressão suprema do amor de Deus pelos homens. Ela dá-nos a dimensão do incomensurável amor de Deus por essa humanidade a quem Ele quer oferecer a salvação (vers. 16).
Qual é o objetivo de Deus ao enviar o seu Filho único ao encontro dos homens? É libertá-los do egoísmo, da escravidão, da alienação, da morte, e dar-lhes a vida eterna. Com Jesus – o “Filho único” que morreu na cruz – os homens aprendem que a vida definitiva está na obediência aos planos do Pai e no dom da vida aos irmãos, por amor.
Ao enviar ao mundo o seu “Filho único”, Deus não tinha uma intenção negativa, mas uma intenção positiva. O Messias não veio com uma missão judicial, nem veio excluir ninguém da salvação. Pelo contrário, Ele veio oferecer aos homens – a todos os homens – a vida definitiva, ensinando-os a amar sem medida e dando-lhes o Espírito que os transforma em Homens Novos (vers. 17).
Reparemos neste facto notável: Deus não enviou o seu Filho único ao encontro de homens perfeitos e santos; mas enviou o seu Filho único ao encontro de homens pecadores, egoístas, autossuficientes, a fim de lhes apresentar uma nova proposta de vida… E foi o amor de Jesus – bem como o Espírito que Jesus deixou – que transformou esses homens egoístas, orgulhosos, autossuficientes e os inseriu numa dinâmica de vida nova e plena.
Diante da oferta de salvação que Deus faz, o homem tem de fazer a sua escolha. Quando o homem aceita a proposta de Jesus e adere a Ele, escolhe a vida definitiva; mas quando o homem prefere continuar escravo de esquemas de egoísmo e de autossuficiência, rejeita a proposta de Deus e auto exclui-se da salvação. A salvação ou a condenação não são, nesta perspectiva, um prémio ou um castigo que Deus dá ao homem pelo seu bom ou mau comportamento; mas são o resultado da escolha livre do homem, face à oferta incondicional de salvação que Deus lhe faz. A responsabilidade pela vida definitiva ou pela morte eterna não recai, assim, sobre Deus, mas sobre o homem (vers. 18).
De acordo com a perspectiva de João, também não existe um julgamento futuro, no final dos tempos, no qual Deus pesa na sua balança os pecados dos homens, para ver se os há-se salvar ou condenar: o juízo realiza-se aqui e agora e depende da atitude que o homem assume diante da proposta de Jesus.
Na parte final do nosso texto (vers. 19-21), João repete o tema da opção pela vida (Jesus) ou pela morte. Ele constata que, por vezes, os homens rejeitam a proposta de Deus e preferem a escravidão e as trevas (o egoísmo, a injustiça, o orgulho, a auto-suficiência, tudo o que torna o homem infeliz e lhe impede o acesso à vida definitiva). Ao contrário, quem pratica as obras do amor (as obras de Jesus), escolhe a luz, identifica-se com Deus e dá testemunho de Deus no meio do mundo.
Em resumo: porque amava a humanidade, Deus enviou o seu Filho único ao mundo com uma proposta de salvação. Essa oferta nunca foi retirada; continua aberta e à espera de resposta. Diante da oferta de Deus, o homem pode escolher a vida eterna, ou pode excluir-se da salvação.
ATUALIZAÇÃO
Na reflexão, considerar os seguintes pontos:
- João é o evangelista abismado na contemplação do amor de um Deus que não hesitou em enviar ao mundo o seu Filho, o seu único Filho, para apresentar aos homens uma proposta de felicidade plena, de vida definitiva; e Jesus, o Filho, cumprindo o mandato do Pai, fez da sua vida um dom, até à morte na cruz, para mostrar aos homens o “caminho” da vida eterna… O Evangelho deste domingo convida-nos a contemplar, com João, esta incrível história de amor e a espantar-nos com o peso que nós – seres limitados e finitos, pequenos grãos de pó na imensidão das galáxias – adquirimos nos esquemas, nos projetos e no coração de Deus.
- O amor de Deus traduz-se na oferta ao homem de vida plena e definitiva. É uma oferta gratuita, incondicional, absoluta, válida para sempre e que não discrimina ninguém. Aos homens – dotados de liberdade e de capacidade de opção – compete decidir se aceitam ou se rejeitam o dom de Deus. Às vezes, os homens acusam Deus pelas guerras, pelas injustiças, pelas arbitrariedades que trazem sofrimento e morte que pintam as paredes do mundo com a cor do desespero… O nosso texto, contudo, é claro: Deus ama o homem e oferece-lhe a vida. O sofrimento e a morte não vêm de Deus, mas são o resultado das escolhas erradas feitas pelo homem que se obstina na autossuficiência e que prescinde dos dons de Deus.
- Neste texto, João define claramente o caminho que todo o homem deve seguir para chegar à vida eterna: trata-se de “acreditar” em Jesus. “Acreditar” em Jesus não é uma mera adesão intelectual ou teórica a certas verdades da fé; mas é escutar Jesus, acolher a sua mensagem e os seus valores, segui-lo nesse caminho do amor e da entrega ao Pai e aos irmãos. Passa pelo ser capaz de ultrapassar a indiferença, o comodismo, os projetos pessoais e pelo empenho em concretizar, no dia a dia da vida, os apelos e os desafios de Deus; passa por despir o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência, os preconceitos, para realizar gestos concretos de dom, de entrega, de serviço que tragam alegria, vida e esperança aos irmãos que caminham lado a lado conosco. Neste tempo de caminhada para a Páscoa, somos convidados a converter-nos a Jesus e a percorrer o mesmo caminho de amor total que Ele percorreu.
- Alguns cristãos vivem obcecados e assustados com esse momento final em que Deus vai julgar o homem, depois de pesar na balança as suas ações boas e as suas ações más… João garante-nos que Deus não é um contabilista, a somar os débitos e os créditos do homem para lhes pagar em conformidade… O cristão não vive no medo, pois ele sabe que Deus é esse Pai cheio de amor que oferece a todos os seus filhos a vida eterna. Não é Deus que nos condena; somos nós que escolhemos entre a vida eterna que Deus nos oferece ou a eterna infelicidade. Fonte: http://www.dehonianos.org
- Detalhes

Os Cartuxos, ao morrerem, deixariam a tumba já cavada por eles próprios dia após dia. Dia após dia ter-se-iam saudado “Morrer havemos” “Já o sabemos”... São algumas das lendas desses Monges desconhecidos por escondidos.
A verdade é que entram no seu Deserto para sempre, para serem enterrados no cemitério da sua Cartuxa, mas sem pressa. Com 80 e 90 anos. Anos esperando não a morte mas a Vida Eterna.
Desfrutando do cento por um de quanto deixaram: desfrutando “do gozo e da paz do Espírito Santo”. Morrem repetindo o latim medieval: “da cella ad cœlum”, da cela ao Céu…
Em símbolo dessa passagem, o corpo vai à terra ta qual estava na cela, com o hábito branco, sem caixão. E como recebe a “pedrinha branca” do Apocalipse com o seu nome, na tumba ele não terá nome.
Viveu numa família de solitários e estes acompanham-no ao seu descanso com um funeral sóbrio mas muito sentido, pois os cantos litúrgicos a compassam o cair dos terrões sobre um rosto protegido pelo capuz fechado, para que a sua face só veja a Face de Deus. Fonte: Facebook. https://www.facebook.com/monachorumm
- Detalhes

Há quem diga que a mulher não tem papéis importantes na Igreja. Entretanto, desde o início do cristianismo até a atualidade, Deus suscitou mulheres que orientaram o Povo de Deus, influenciando também no curso do Papado. Conheça 9 mulheres que foram exemplares para a Igreja.
1- A Virgem Maria
“Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou” (Jo 2,4), disse Jesus à sua Mãe nas Bodas de Caná, em um casamento ao qual ambos tinham sido convidados. Cristo escutou sua mãe, a primeira mulher que acolhe o Senhor e motiva o primeiro milagre conhecido da vida pública de Jesus.
Os primeiros séculos do cristianismo estão cheios de mulheres corajosas que não duvidaram em dar sua vida por Cristo, incentivando os demais cristãos a não fraquejar quando lhes chega o momento.
2- Santa Hildegarda de Bingen
Mais tarde, durante a Idade Média, a Igreja já não era perseguida, mas vivia-se uma cultura machista, própria da época. Isto não foi impedimento para Santa Hildegarda de Bingen (1098-1179), religiosa beneditina de origem alemã, que chegou a ter uma séria de visões místicas.
Escreveu obras teológicas e de moral com notável profundidade e foi declarada Doutora da Igreja por Bento XVI no ano 2012, junto com São João d’Ávila. Sua popularidade fez com que muitas pessoas, entre bispos e abades, lhe pedissem conselhos.
“Quando o imperador Federico Barbarroja provocou um cisma eclesial, opondo 3 antipapas ao Papa legítimo, Alexandre III, Hildegarda, inspirada em suas visões, não hesitou em recordar-lhe que também ele, o imperador, estava submetido ao juízo de Deus”, contou o Papa Bento XVI em sua audiência geral sobre esta santa em 2010.
3- Santa Catarina de Sena
Posteriormente, apareceria outra mística e Doutora da Igreja, Santa Catarina de Sena (1347-1380), que vestiu o hábito da ordem terceira de Santa Domingo. Nesta época, os Papas viviam em Avignon (França) e os romanos se queixavam de ter sido abandonados por seus bispos, ameaçando com o cisma.
Gregório XI fez um voto secreto a Deus de regressar a Roma e ao consultar Santa Catarina, ela lhe disse: “Cumpra com sua promessa feita a Deus”. O Pontífice ficou surpreso porque não tinha contado a ninguém sobre o voto e, mais tarde, o Santo Padre cumpriu sua promessa e voltou para a Cidade Eterna.
Mais tarde, no pontificado de Urbano VI, os cardeais se distanciaram do Papa por seu temperamento e declararam nula sua eleição, designando Clemente VII, que foi residir em Avignon. Santa Catarina enviou cartas aos cardeais pressionando-os a reconhecer o autêntico Pontífice.
A Santa também escreveu a Urbano VI, exortando-o a levar com temperança e alegria os problemas, controlando o temperamento. Santa Catarina foi a Roma, a pedido do Papa, que seguiu suas instruções. A Santa também escreveu aos reis da França e Hungria para que deixassem o cisma. Toma uma mostra de defesa do papado.
4- Santa Teresa de Jesus
Com a aparição do protestantismo, a Igreja se dividiu e foi realizado o Concílio de Trento. Estes são os anos de Santa Teresa de Jesus (1515-1582), religiosa contemplativa que marcou a Igreja com sua reforma carmelita.
Apesar de ter sido incompreendida, perseguida e até acusada na Inquisição, seu amor a Deus a impulsionou a fundar novos conventos e a optar por uma vida mais austera, sem vaidades, nem luxos. Submersa muitas vezes em êxtases, nunca deixou de ser realista.
Sendo Santa Teresa D’Ávila relativamente inculta, dialogava com membros da realeza, pessoas ilustres, membros eclesiásticos e santos de sua época para lhes dar conselhos, receber ajuda e levar adiante o que havia se proposto. Tornou-se escritora mística e é também Doutora da Igreja.
5- Santa Rosa de Lima
Do outro lado do mundo, na América, mais precisamente no Peru, Santa Rosa de Lima (1586-1617) tomou Santa Catarina de Sena como modelo e se omitiu àqueles que a pretendiam por sua grande beleza, para poder viver em virgindade, servindo aos pobres e doentes.
“Provavelmente, não houve na América um missionário que com suas pregações tenha conquistado mais conversões do que as que Rosa de Lima obteve com sua oração e suas mortificações”, disse o Papa Inocêncio IX ao se referir à primeira Santa da América.
São João Paulo II disse sobre a santa que sua vida simples e austera era “testemunho eloquente do papel decisivo que a mulher teve e segue tendo no anúncio do Evangelho”.
6- Santa Teresa de Lisieux
Do amor dos santos esposos franceses Louis Martin e Zélia Guérin, canonizados em outubro de 2015, nasceu Santa Teresa de Lisieux (1873-1897), Doutora da Igreja e padroeira universal das missões.
Santa Teresa viveu somente 24 anos. Um ano depois de sua morte, a partir de seus escritos, foi publicado o livro “História de uma alma”, que conquistou o mundo porque deu a conhecer o muito que esta religiosa tinha amado Jesus.
“Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face é a mais jovem dos ‘Doutores da Igreja’, mas seu ardente itinerário espiritual manifesta tal maturidade, e as intuições de fé expressas em seus escritos são tão vastas e profundas, que lhe merecem um lugar entre os grandes professores do espírito”, disse São João Paulo II sobre esta santa.
O Papa Francisco também comentou em diversas ocasiões a profunda devoção que o une a esta santa e compartilhou em uma de suas viagens que antes de cada viagem ou diante de uma preocupação, costuma pedir “uma rosa”.
Durante a perseguição nazista no século XX, surgiu na Europa outra grande mulher, convertida do judaísmo, religiosa carmelita descalça e mártir, Santa Edith Stein, também conhecida como Santa Teresa Benedita da Cruz (1891-1942).
Junto com outros judeus conversos, foi levada ao campo de concentração de Westerbork em vingança das autoridades pelo comunicado de protesto dos bispos católicos dos Países Baixos contra as deportações de judeus.
Santa Edith foi transferida para Auschwitz, onde morreu nas câmaras de gás, junto com sua irmã Rosa, também convertida ao catolicismo, e muitos outros de seu povo.
São João Paulo II diria sobre ela: “Uma filha de Israel, que durante a perseguição dos nazistas permaneceu, como católica, unida com fé e amor ao Senhor Crucificado, Jesus Cristo, e, como judia, ao seu povo”.
8- Santa Teresa de Calcutá
O testemunho de Santa Teresa de Calcutá (1910-1997) de servir a Cristo nos “mais pobres entre os pobres” ensinou que a maior pobreza não estava nos subúrbios de Calcutá, mas nos países “ricos” quando falta o amor ou nas sociedades que permitem o aborto.
“Para poder amar, é preciso ter um coração puro e é preciso rezar. O fruto da oração é o aprofundamento da fé. O fruto da fé é o amor. E o fruto do amor é o serviço ao próximo. Isso nos conduz à paz”, dizia a também ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1979.
Em sua canonização em outubro de 2016, o Papa Francisco disse que “Madre Teresa, ao longo de toda a sua existência, foi uma dispensadora generosa da misericórdia divina, fazendo-se disponível a todos, através do acolhimento e da defesa da vida humana, dos nascituros e daqueles abandonados e descartados. Comprometeu-se na defesa da vida, proclamando incessantemente que ‘quem ainda não nasceu é o mais fraco, o menor, o mais miserável’”.
9- Santa Gianna Beretta Molla
Para encerrar esta lista de grandes mulheres que mudaram o mundo e a história, recordamos Santa Gianna Beretta Molla (1922-1962). Esta santa italiana adoeceu de câncer e decidiu continuar com a gravidez de seu quarto filho, em vez submeter-se a um aborto, como lhe sugeriam os médicos para salvar sua vida.
Gianna estudou medicina e se especializou em pediatria. Seu trabalho com os doentes se resumia na seguinte frase: “Como o sacerdote toca Jesus, assim nós, os médicos, tocamos Jesus nos corpos de nossos pacientes”.
Casou-se com o Pietro Molla, com quem teve quatro filhos. Durante toda sua vida, conseguiu equilibrar seu trabalho com sua missão de mãe de família.
Gianna morreu em 28 de abril de 1962, aos 39 anos, uma semana depois de ter dado à luz. Foi canonizada em 16 de maio de 2004 pelo Papa João Paulo II, que a tornou padroeira da defesa da vida. Fonte: http://www.acidigital.com
- Detalhes
Fabrizio Valletti é o autor do artigo “A busca contínua por uma ‘forma’”, publicado pela revista italiana Presbyteri, no. 2, 2018, dos Padres Venturinos, ou seja, da Congregação de Jesus Sacerdote.
Fabrizio Valletti é jesuíta e autor do livro Un gesuíta a Scampia. Como puó rinascere una periferia degradata, depois de cumprir várias funções, foi enviado para a periferia de Nápoles. No artigo que aqui publicamos, ele explica sua ideia de "formação permanente" dos sacerdotes. O artigo é reproduzido por Settimana News, 23-02-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
Confrontados com o refrão "a culpa é dos padres se a Igreja está sendo abandonada", muitas vezes a vontade é desistir. Nem vale a lembrança de todas aquelas experiências que alguns, verdadeiros pastores, insistem em levar adiante no meio de imensas dificuldades e que mostram como o Evangelho ainda esteja vivo e praticado.
Devemos passar por cima e nos colocarmos novamente em "caminho”, tentando trazer alguma ordem às ideias. Isso é o que se propõe a revista com esta edição dedicada à "formação permanente" dos sacerdotes.
Caso tenhamos encontrado algumas boas sugestões na leitura o que foi apresentado na edição anterior sobre a formação nos seminários, vale a pena não desistir e, com coragem, acompanhar o sacerdote em sua ação pastoral, que sempre precisa ser atualizada e incentivada. De nossa parte, viver uma atenção "permanente".
Trata-se justamente de se colocar em "ação" no plano cultural e espiritual. É interessante notar que muitas expressões comuns na linguagem que dizem respeito à vida espiritual e pastoral sejam palavras compostas: "voc-ação", "medit-ação", "contempl-ação", "ador-ação", "evangeliz-ação" ...
Algo importante elas têm a dizer. Por exemplo, quando nos sentimos chamados para fazer uma escolha de serviço total como a "vocação" comporta, a "avali-ação" de sua verdade e de sua "realiz-ação" plena poderá ser reconhecida na própria ação que se desdobra na vida.
Muitas vezes penso que também a ''invoc-ação" que caracteriza a nossa oração tem a sua melhor realização se formos capazes de perceber o que somos chamados a cumprir a favor dos outros, confortados nas nossas capacidades, sim importantes, mas sustentadas pela presença do espírito.
A “invoc-ação” na oração do sacerdote pode ser de fato traduzida nas respostas que devem ser dadas a quem te chama, te procura, ou entra no teu pensamento justamente quando estás em silêncio. Já me aconteceu várias vezes de ter que confortar irmãs que se confessam lamentando a distração durante a oração, lembrando a elas: "Irmã... é um sinal de que alguém está te procurando..."
Não há verdadeira humanidade se não se dá corpo ao que consideramos útil e necessário. É como fazer com que ressoe o mistério da “incarn-ação" em nós mesmos que nos tornamos a mais bela expressão da Palavra que se fez carne. Paulo não teria justamente expressado a maravilhosa intuição que nos faz partícipes de "toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo. Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo..." (Ef 1,3-4). E é na caridade que se cumpre o ato de ser um só com Cristo.
Realizar, dar cumprimento, concretude e práticas ... são todas expressões de um único design que vê na pessoa a estreita unidade entre pensamento e ação, entre espírito e corpo, entre sentimento e amor.
Como relacionar essas reflexões com a vida do sacerdote? Parece-nos que respondam à necessidade de que a sua "form-ação permanente" nasça das experiências mais vividas de encontro com aqueles que desejam servir com amor e competência. Pode ser a percepção honesta que em cada experiência seja necessária uma permanente "busca pelo melhor." Novamente, pode ser usado um neologismo, "busc-ação", em relação a uma missão que está tão ligada ao tempo em mudança, aos lugares em que vivemos e às pessoas que pretendemos encontrar.
O "o que procuras" (Jo 1,38) que Jesus pronuncia para dar responsabilidade aos discípulos do Batista que o encontram, poderia ressoar nas consciências de cada sacerdote que enfrenta uma escolha, que precisa dar sempre novas respostas nas diferentes circunstâncias da vida.
Seguir Jesus significa ser capaz de sempre identificar a "Boa Notícia", saber como encontrar a novidade libertadora, a alegria plena de uma nova comunhão e uma superação de eventuais conflitos. É o mesmo espírito de busca que move o cientista, que ilumina a criatividade do artista, que estimula o melhor serviço de caridade e uma vontade de curar as piores contradições. Resultado de uma busca que é relevante para a vivência, para a questão do sentido, para a fecundidade espiritual; é sempre algo de novo, inclusive expressão arrebatadora de uma paixão que toma forma.
É bom pensar sobre as formas mais emocionantes de expressão que acompanham as nossas vidas - dos gestos mais simples, como um aperto de mão, um abraço ou ficar de mãos dadas, até a capacidade de tecer uma relação, com a escuta, a compreensão e a solidariedade.
Para um padre é considerado óbvio que devemos nos envolver em atividades contínuas, fruto de um discernimento que responde a reais situações da vida. É justamente na "avali-ação" da sua eficácia que pode ser medido o seu "valor". Como escolher sem sucumbir ao ritmo agitado que não deixa tempo para estudar, rezar, compartilhar ideias com colegas ou coirmãos? Como responder ao sentido de uma missão que ultrapassa o simples agir por interesse e por ganhos pessoais? O serviço ao qual é chamado o sacerdote tem a característica de resumir uma série de valores que variam das capacidades humanas até a transparência do dom da Graça que lhe foi confiado pelo Espírito através da Igreja.
Seu serviço toma "forma" de acordo com as situações que encontra ao responder, aplicando aqueles recursos que a tradição apostólica antes e a evolução da experiência eclesial ao longo da sua história, colocam à sua disposição.
Falamos deliberadamente de "forma" e não de papel, de expressão sempre em vir a ser e não de práticas eclesiásticas e costumes enraizados em culturas específicas. Falamos de forma e não de formalidade. É fácil colocar ao lado do papel do padre uma série de "formalidades" que são desejadas por ele mesmo, facilmente solicitadas ou atribuídas a ele por aqueles que convivem com ele, especialmente os mais devotos e devotas.
Sua maneira de vestir, de falar, de passar o tempo... de acordo com a mentalidade de muitas pessoas devem respeitar um conjunto de regras que o distingam dos leigos comuns. Em muitas circunstâncias, é também atribuída ao padre uma imagem que pode ter pouco a ver com o seu serviço pastoral, mas que as condições sociais e culturais elaboram e exigem na busca de uma proteção ou de uma tutela que não tem nada de espiritual e de evangélica. A primeira coisa que vem à mente é que, especialmente em pequenas cidades, costuma-se associar o padre com o médico, o farmacêutico, o professor ... pessoas que se distinguem por seu nível cultural e posição social.
Desagradável é a experiência que associa o sacerdote com o homem de poder que, por seu conhecimento e relações, é capaz de "recomendar", de favorecer uma posição, um emprego, um privilégio.
A formação permanente pode então significar a busca constante para a forma correta para dar ao próprio serviço e presença entre a comunidade, um sinal de gratuidade e de liberdade acima de tudo. Uma atenção continua para não cair na armadilha da sedução que muitas formas de vida podem induzir quando se convive com elas, para não ser diferente do estilo de vida comum daqueles que frequentamos. Especialmente o ambiente burguês é como um polvo que pode condicionar com suas aparências e com aqueles descontraídos hábitos ao luxo, ao quadro do supérfluo e da ambição.
Quanta fofoca e falsa respeitabilidade estão presentes quando se frequentam os salões e as mesas bem paramentadas, mesmo na correta intenção de levar a Palavra ou o bom conselho!
A atenção permanente para sermos sinceros e eficazes portadores do bem deve ser bem vivenciada também quando encontramos e frequentamos os pobres. Estas devem ser preferidos ao dedicar o tempo e a energia, mas quanta sabedoria também é necessária! Eles também são reais fontes do bem quando mostram sua tenacidade em suportar o sofrimento de tantas privações. Eles ensinam sem saber quando acolhem oferecendo o pouco que têm. Eles próprios se tornam testemunhos da Boa Nova ao revelar uma fé e uma esperança que não está vinculada a uma afirmação pessoal, mas muitas vezes a preocupações de que seus filhos possam crescer saudáveis, que possam estudar, que os idosos sejam atendidos e que aos doentes não faltem os tratamentos necessários. Assim se colhe o essencial! Mas quanta atenção deve ser exercida para impedir que suas necessidades possam se tornar pretexto, muitas vezes agressivo. É então que descobrimos o quanto em nós é sincero o desejo de ajudar e de não criar dependência. A obra da misericórdia que o Senhor convida-nos a experimentar nunca deverá ser um motivo para o auto comprazimento, na ilusão de que podemos conquistar "pontos para o paraíso"!
É uma autêntica formação permanente conectar a ação da caridade para uma efetiva promoção de justiça, envolvendo laicos e instituições que devem ser adequadamente preparados para superar a lógica da assistência, para elaborar projetos de desenvolvimento e libertação. A sociedade oferece muitas possibilidades quando se entra em contato com as forças presentes na área, e nós podemos escolher e envolver as mais sérias e estruturadas. As melhores experiências são aqueles que nos colocam em uma relação desinteressada e eficaz com aqueles que têm mais competência e capacidades organizacionais.
Muitas vezes podemos lastimar que as instituições públicas estejam ausentes ou que sua intervenção seja inadequada. Uma intervenção de suplência pode ter a urgência de sanar situações de grave dificuldade e pobreza. Nossa tomada de consciência nasce de uma sincera emoção quando nos encontramos com pessoas reais em sua dor ou na alegre experiência de afetos verdadeiros e sinceros.
Questionamo-nos se esse seria o terreno ideal para uma justa mensagem evangélica e para um serviço que capte o mistério do Espírito de Jesus que, pela fé, sabemos estar no coração de cada um. Voltando à questão sobre qual seria a melhor "forma" para se viver e expressar no serviço de amor, que é ser padre, a baixa voz poderíamos dizer que unir a fé ao desejo de desenvolver as pessoas na sua cultura e na sua dignidade pode ser a mais bela resultante de uma formação que nunca se interrompe. Não é tão importante, então, se preocupar com a própria formação permanente, quanto contribuir a dar forma contínua e sempre nova para a humanidade que encontramos, que muitas vezes é tão distante daquela forma que o Criador pensou, antes mesmo da própria criação para a humanidade.
A verdadeira forma torna-se um "sinal", torna-se uma oportunidade visível para compartilhar a esperança de que o mal pode ser eliminado. Mas, então, o discurso se amplia, porque envolve aquela necessidade que os sinais que a Igreja oferece, como os sacramentos, não podem estar distanciados de vida das pessoas. Não podem estar tão distanciados da vivência das pessoas e apenas simbolicamente representativos, de modo que não consigam comunicar a sua verdadeira razão de ser. O discurso continua e requer que a formação-atenção seja permanente! Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
- Detalhes
![]()
Paulo VI e Dom Romero serão santos. Papa autoriza os Decretos
O Papa Francisco recebeu em audiência sábado passado o prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Card. Angelo Amato, durante a qual autorizou os Decretos referentes a Paulo VI e Dom Romero.
Cidade do Vaticano -
Paulo VI e Dom Romero serão santos: o Papa Francisco autorizou a Congregação das Causas dos Santos a promulgar os Decretos que reconhecem os milagres atribuídos à intercessão dos Beatos Paulo VI e Oscar Arnolfo Romero Galdámez.
O próprio Papa já havia anunciado que Paulo VI seria canonizado até o final do ano, durante seu encontro com os párocos de Roma em 15 de fevereiro passado. Naquela ocasião, o Papa disse que Paulo VI foi corajoso em seu ‘humilde e profético testemunho de amor a Cristo e à sua Igreja’.
Humildade e coragem
Giovanni Battista Montini nasceu em Concesio, Bréscia, na região italiana da Lombardia, e foi ordenado aos 22 anos.
Doutor em filosofia, direito civil e direito canônico, serviu a diplomacia da Santa Sé e a pastoral universitária italiana. A partir de 1937, foi colaborador direto do Papa Pio XII. Durante II Guerra Mundial, no Vaticano, se ocupou da ajuda aos refugiados e aos judeus.
Em 1954, foi nomeado arcebispo de Milão. Criado cardeal pelo Papa João XXIII em 1958, participou nos trabalhos preparatórios do Concílio Vaticano II.
Em 21 de junho de 1963 foi eleito Papa. Paulo VI escreveu sete encíclicas, entre as quais a ‘Humanae vitae’ (1968) e a ‘Populorum progressio’ (1967).
Foi o primeiro Papa a fazer viagens internacionais, tendo visitado Terra Santa, EUA, Índia, Portugal, Turquia, Filipinas e Austrália, dentre outros.
Na homilia de beatificação de Paulo VI, em 19 de outubro de 2014, Francisco disse que “enquanto se perfilava uma sociedade secularizada e hostil, ele soube reger com clarividente sabedoria – e às vezes em solidão – o timão da barca de Pedro, sem nunca perder a alegria e a confiança no Senhor”.
“Verdadeiramente Paulo VI soube «dar a Deus o que é de Deus»”, disse Francisco.
Bispo dos pobres
O outro futuro grande santo é Beato Oscar Arnolfo Romero Galdámez, Arcebispo de San Salvador e mártir.
Dom Oscar Romero nasceu em Ciudad Barrios (El Salvador) em 15 de agosto de 1917 e foi assassinado na capital salvadorenha em 24 de março de 1980.
O Papa Francisco enviou uma carta ao Arcebispo de San Salvador por ocasião da beatificação de Dom Romero em 23 de maio de 2015. Assim o Pontífice recordou o legado do futuro santo:
“Em tempos de convivência difícil, D. Romero soube guiar, defender e proteger o seu rebanho, permanecendo fiel ao Evangelho e em comunhão com a Igreja inteira. O seu ministério distinguiu-se por uma atenção especial aos mais pobres e aos marginalizados. E no momento da sua morte, enquanto celebrava o Santo Sacrifício do amor e da reconciliação, recebeu a graça de se identificar plenamente com Aquele que entregou a vida pelas suas ovelhas. (...) D. Romero convida-nos ao bom senso e à reflexão, ao respeito pela vida e à concórdia. É necessário renunciar à «violência da espada, do ódio», e viver «a violência do amor, que nos deixou Cristo pregado numa cruz, aquela que cada um deve fazer a si mesmo para vencer os próprios egoísmos e a fim de que não haja desigualdades tão cruéis entre nós»." Fonte: http://www.vaticannews.va
- Detalhes
Cesar Kuzma
“Diante de algumas manifestações e expressões que estamos vendo atualmente, vale lançar outra pergunta: de que leigos exatamente se fala e se espera nesta hora? Se o futuro da Igreja passa pelo viés dos leigos, como se diz, há nesta afirmação uma intenção eclesiológica, mas é necessário ficar atento para não se desviar da atenção primeira e para fazer clarear a novidade que se percebe e se propõe”, escreve Cesar Kuzma, teólogo leigo, casado e pai de dois filhos, doutor em Teologia pela PUC-Rio, onde atua como professor-pesquisador do Departamento de Teologia, atual presidente da SOTER (2016-2019) e autor de livros e artigos sobre a teologia do laicato, como Leigos e Leigas, Ed. Paulus, 2009.
“Fico ofendido e chateado com algumas manifestações grosseiras e descomprometidas com uma causa verdadeira – afirma o teólogo. Onde há divisão não pode haver o Espírito. Onde há certezas não há espaço para a fé. Onde há ódio, não se pode viver o amor. Acho uma pena que em pleno Ano do Laicato tenhamos que presenciar tais atitudes e comportamentos, alimentados por uma estrutura clericalista farisaica que olha mais a lei que a pessoa”.
Eis o artigo.
A hora dos leigos? Sim, foi o que se pensou com o Concílio Vaticano II e, em 2016, o Papa Francisco resgatou esta ideia dos teólogos conciliares e disse praticamente a mesma coisa, em uma carta enviada ao Cardeal Marc Ouellet. Para o Papa, uma hora que está tardando a chegar.
No entanto, diante de algumas manifestações e expressões que estamos vendo atualmente, vale lançar outra pergunta: de que leigos exatamente se fala e se espera nesta hora? Se o futuro da Igreja passa pelo viés dos leigos, como se diz, há nesta afirmação uma intenção eclesiológica, mas é necessário ficar atento para não se desviar da atenção primeira e para fazer clarear a novidade que se percebe e se propõe. Por certo, não estamos à espera de leigos clericalistas, obsessivos e extremamente fundamentalistas, que caem num moralismo radical e inconsequente, e doutrinariamente incitam mais o ódio e a falta de comunhão eclesial, que carecem de um bom senso, desrespeitando expressões, participações e membros da mesma Igreja, recusando a intenção do Concílio que lançou esta espera, ao reafirmar, com toda a Tradição, que a Igreja é Mistério e é Povo de Deus (Lumen Gentium), e que deve estar atenta aos sinais dos tempos (Gaudium et Spes). O Concílio trouxe ao leigo autonomia e corresponsabilidade na missão, podendo este agir e atuar de um modo próprio, contudo no viver de uma koinonia e em busca de uma maturidade que se abre à ação do Espírito e se empenha em seguir os passos de Jesus, agindo no tempo e na história para fazer acontecer de modo antecipado, escatologicamente, a construção do Reino prometido e esperado.
Neste ano em que a Igreja do Brasil vive o Ano do Laicato, faz-se necessário se ater ao que se quis no Documento 105 da CNBB, que traz os leigos como sujeitos da Igreja e do Mundo. E diz isso sem cair numa separação de realidades (Igreja e Mundo), mas fundamentado pelo Vaticano II e demais documentos pós-Conciliares, entendendo o compromisso da Igreja no mundo, não como um confronto, mas como um diálogo, onde ela é mestre e pode ensinar, mas também se insere e se encarna nas realidades, e pode aprender. Isso não é um demérito da sacralidade da Igreja, mas é a percepção da nossa vulnerabilidade na história, nos fazendo lembrar que não se pode absolutizar nenhum modelo, pois somos, como Igreja, sinal e testemunhas de algo maior, que transcende a todos e cada tempo, e que nos aponta para o absoluto da nossa existência e de toda a história, onde o encontro e a experiência de fé se realizam e se consomem em Deus.
Ser sujeito eclesial, hoje, significa ser autêntico e coerente com a fé que professa (Doc. Aparecida), significa testemunhar com a própria vida em todas as realidades que se vive, buscando o encontro e o diálogo, a abertura e a mansidão, o desprendimento e a misericórdia, a alegria e o amor. Ser sujeito eclesial, hoje, não é ser conflitivo, muito menos combativo, mas é ser testemunha de uma verdade que não está nos manuais de doutrina, mas no encontro vivo com o Ressuscitado. Não é ser divisor, mas promotor de comunhão. Não é ser mestre das verdades, mas alguém atento ao mistério e disposto a sempre aprender. Não é quem acusa, mas é quem se coloca ao lado dos outros, principalmente dos pobres e daqueles que mais sofrem e são perseguidos, até mesmo pela própria fé.
A riqueza do Concílio Vaticano II e de toda a teologia do laicato que daí se decorreu é que a Igreja decide por sair das sacristias e das catedrais e parte (sai) para viver no mundo, aceitando a fraqueza da história e os limites da missão, mas entendendo que o Reino cresce pela força da ação do Espírito, jamais pela locução de um ministro ou de quem quer que seja, pois aqui, nesta terra, somos simplesmente peregrinos, servos inúteis que arriscam viver uma experiência nova e libertadora. Entende-se, também, que o Reino não é uma instituição de pedras ou de doutrinas, muito menos um boulevard de vestes e paramentos medievais que dizem muito pouco nos nossos dias, mas sim um espaço vasto de amor, justiça e paz, onde todos podem viver e se manifestar, e a harmonia prevalece, sem lágrimas e sem luto, mas numa vida que se faz nova para toda criatura. Juntamente com o Evangelho, o Concílio proclama a bem-aventurança dos pobres e dispõe uma igreja de serviço, disposta a resgatar a vida concreta e atenta aos dramas humanos. Isso não é socialismo ou comunismo, isso não é ideologia, mas é a utopia que se deve buscar a partir da experiência que fazemos na fé, alimentada na esperança e fortalecida no amor.
Esta intenção do Concílio foi recepcionada na América Latina e aqui se atualizou em uma nova linguagem, adaptada à realidade e garantindo a essência. Pensou-se uma Igreja protagonista, profética e sensível ao Continente, marcado por uma colonização massacrante, dominação estrangeira, ditaduras militares e exploração humana. Nesta Igreja os leigos foram chamados ao protagonismo e receberam de seus pastores o apoio para empreender um jeito novo, um novo canto, por vezes oprimido e por vezes festeiro, mas rico na fé que existe e insiste em se manter acesa, mesmo diante de tamanha pobreza e opressão. Este é um lado da Igreja da América Latina e é um lado da visão do laicato que se tem, sem qualquer pretensão de ser um único modelo. A Igreja torna-se una na diversidade e a variedade de rostos e carismas torna a sua identidade ainda mais bela.
Por esta razão, digo que fico ofendido e chateado com algumas manifestações grosseiras e descomprometidas com uma causa verdadeira. Onde há divisão não pode haver o Espírito. Onde há certezas não há espaço para a fé. Onde há ódio, não se pode viver o amor. Acho uma pena que em pleno Ano do Laicato tenhamos que presenciar tais atitudes e comportamentos, alimentados por uma estrutura clericalista farisaica que olha mais a lei que a pessoa. Que falta faz o frescor do Evangelho, que tem um fardo leve e um jugo suave! É impossível sustentar a fé só de doutrina e não se vive um novo ethos cristão em cima de um moralismo desatento ao íntimo humano e ao olhar social, naquilo que gritam homens e mulheres e naquilo que grita a terra. Deste modo, faz-se necessário voltar-se a Jesus, ao homem do Evangelho, ao filho de Maria e José, ao carpinteiro da vila, ao amigo de Pedro e Tiago, aquele que nos olha nos olhos e nos chama pelo nome, e cuja ação nos desconcerta e nos destrói na razão. Olhar fixamente a Jesus nos fará perceber que ele foi sujeito em seu tempo, estando mais atento às pessoas que a Lei, amando a Deus e fazendo reconhecer este amor no dom de si mesmo ao outro, de quem se fez próximo.
É a hora dos leigos? Sim, é a hora! É a hora de um povo que fala, que reza, que luta, trabalha e professa. É o povo de Deus, transformando esta terra!
Que o olhar atento a Jesus de Nazaré nos mostre o caminho e que a comunhão nos fortaleça, sempre! Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
- Detalhes
Frei Carlos Mesters, O. Carm
1 Por que as nações se revoltam,
e os povos conspiram em vão?
2 Os reis da terra se insurgem
e os poderosos fazem aliança
contra JHWH e contra seu Ungido:
3 “Vamos quebrar suas correntes
e libertar-nos das suas algemas!”
4 Aquele que está nos céus se ri,
o Senhor zomba deles.
5 Por isso, na sua ira, declara,
deixando-os apavorados com o seu furor:
6 “Fui eu que estabeleci o meu rei
sobre Sião, meu santo monte!”
7 Vou proclamar o decreto de JHWH:
Ele me disse: “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei!
8 Pede-me e te darei como herança as nações,
e como tua propriedade os confins da terra.
9 Tu as governarás com cetro de ferro,
e as quebrarás como a potes de barro”.
10 Agora, ó reis, sede prudentes;
aceitai este aviso, juízes da terra:
11 Servi a JHWH com temor
e prestai-lhe homenagem com tremor,
12 para que não se irrite e pereçais pelo caminho,
pois sua ira se inflama de repente.
Felizes os que nele se abrigam!
Título: Tu és meu filho, minha filha! Eu hoje te gerei (Sl 2,7)
Frase: "Sirvam a JHWH com temor. Felizes os que nele se abrigam" (Sl 2,11.12)
Chave: Salmo de espiritualidade régia. Trata-se de uma oração que celebra a entronização de um rei em Jerusalém. O salmo fala de uma luta sem trégua entre os reis da terra e o projeto de Deus. Esta luta pode ser interpretada em duas perspectivas: A luta dos reis da terra e a luta pessoal de cada um de nós. A luta dos reis da terra: As monarquias daquela época traziam dentro de si o germe da exploração e do acúmulo do poder e da riqueza (1Sam 8,11-18). No povo de Deus, porém, os reis deveriam governar a partir do decreto de Deus. Apresentado como filho de JHWH, o rei devia defender o povo, promover a justiça e difundir o direito. Devia conduzir o povo através de atitudes justas e igualitárias, enfrentando com coragem as adversidades causadas pelos inimigos do decreto de Deus, e nunca favorecer os que buscam o poder, a injustiça e a opressão. Devia ir na contramão da política dos reis da terra que se revoltavam contra o decreto de Deus. A luta pessoal de cada um de nós consiste em viver a espiritualidade régia assumida no nosso batismo. Cada um de nós, como filho e filha de Deus, deve lançar-se nesta mesma luta, sendo prudente, deixando-nos corrigir pelo decreto de Deus, pela sua Palavra.
Rumo da prece
- 1-3: O tumulto da rebeldia cá em baixo, na terra.
- 4-6: A reação divertida de Deus lá em cima, no céu.
- 7-9: A decisão tomada lá em cima, no céu.
- 10-12: As conclusões a serem tiradas cá em baixo, na terra.
Trazer o salmo para dentro da vida.
1- Qual a frase deste salmo que mais me tocou e com que mais me identifiquei? Por que?
2- O espírito de competição e o desejo de poder e de riqueza levava os reis a se rebelarem contra o decreto de Deus. Até hoje este mesmo espírito faz com que as pessoas enfrentem o mundo inteiro para poder realizar os seus desejos pessoais. O projeto pessoal se impõe com mais força do que o projeto comunitário. Em você, quem leva vantagem: seu projeto pessoal ou o projeto comunitário?
3- Deus decreta: "Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei". Jesus disse: quem luta pela paz será chamado Filho de Deus (Mt 5,9). Eu luto pela paz a ponto de poder ser chamado Filho ou Filha de Deus?
4- Quais os traços do rosto de Deus que transparecem neste salmo?
- Detalhes
![]()
Na missa matutina, o Papa Francisco advertiu para o rancor que se aninha em nosso coração e recordou que o primeiro passo para ser perdoado é se reconhecer pecador.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco celebrou na manhã de terça-feira (06/03/2018) a missa na capela da sua residência, a Casa Santa Marta. O Pontífice resumiu a mensagem proposta pela liturgia de hoje em duas expressões: “infelizmente” e “desde que”. O tema comum é o perdão, afirmou o Papa, o que é e de onde vem.
Eu pequei
A primeira Leitura é extraída do Livro do profeta Daniel. Trata-se do episódio de Azarias que, lançado ao fogo por não ter renegado o Senhor, não se lamenta com Deus pelo tratamento dispensado, não o repreende reivindicando a sua fidelidade. Continua a professar a grandeza de Deus, dizendo: “Tu sempre nos salvastes, mas infelizmente pecamos”. Acusa a si mesmo e o seu povo. E Francisco afirmou: “A acusação de nós mesmos é o primeiro passo rumo ao perdão”.
Acusar a si mesmos é parte da sabedoria cristã; não acusar os outros, não... A si mesmos. Eu pequei. E quando nós nos aproximamos do sacramento da penitência, ter isto em mente: Deus é grande e nos deu tantas coisas e infelizmente eu pequei, eu ofendi o Senhor e peço salvação. Mas se vou ao sacramento da confissão, da penitência e começo a falar dos pecados dos outros, não sei o que estou buscando: não busco o perdão. Tento me justificar. E ninguém pode justificar si mesmo, somente Deus nos justifica.
Confessar os próprios pecados
O Papa citou o caso de uma senhora que no confessionário contava os pecados da sogra, tentando se justificar, até que o sacerdote lhe disse: ‘Tudo bem, agora confesse os próprios pecados’. O Senhor quer isto, porque o Senhor recebe o coração contrito porque é como de Azarias: “Não se sentirá frustrado quem põe em ti sua confiança”, o coração contrito que diz a verdade ao Senhor: “Eu fiz isso, Senhor. Pequei contra Ti”. O Senhor lhe tapa a boca, como o pai ao filho pródigo; não o deixa falar. O seu amor o cobre. Perdoa tudo.
O Senhor nos perdoa se perdoarmos os outros
Francisco convidou a não ter vergonha de dizer os próprios pecados porque é o Senhor que nos justifica, perdoando-nos não uma vez, mas sempre: O perdão de Deus vem forte em nós desde que nós perdoemos os outros. E isso não é fácil, porque o rancor se aninha em nosso coração e sempre existe aquela amargura. Muitas vezes, carregamos conosco a lista das coisas que me fizeram: “Esta pessoa me fez isto, fez aquilo, fez aquilo outro...”.
O Papa advertiu para não se deixar escravizar pelo ódio a ponto de não conseguir perdoar e concluiu: “Essas são as duas coisas que nos ajudarão a entender o caminho do perdão: ‘O Senhor é grande, mas infelizmente eu pequei’ e ‘Sim, eu o perdoo 77 vezes desde que você perdoe os outros’. Fonte: http://www.vaticannews.va
- Detalhes
Na missa matutina, Francisco recordou que a Igreja nos pede uma conversão do pensamento, segundo os ensinamentos de Cristo.
Cidade do Vaticano (5/03/2018)
A religião e a fé não são “um espetáculo”. O Papa começou a semana celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta.
Na homilia, comentou as leituras do dia: a Primeira dedicada a Naamã o Sírio (2 Rs 5, 1-15ª) e o Evangelho de Lucas, (Lc 4, 24-30) em que Jesus explica que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. O Pontífice explicou que neste tempo da Quaresma a Igreja nos faz refletir hoje sobre a conversão do pensamento, das obras e dos sentimentos.
A conversão do pensamento
“A Igreja nos diz que as nossas obras devem se converter, e nos fala do jejum, da esmola, da penitência: é uma conversão das obras. Fazer obras novas, obras com estilo cristão, o estilo que vem das Bem-aventuranças, em Mateus 25: fazer isto. Também a Igreja nos fala da conversão dos sentimentos: também os sentimentos devem se converter. Pensemos por exemplo na Parábola do Bom Samaritano: converter-se à compaixão. Sentimentos cristãos. Conversão das obras; conversão dos sentimentos; mas, hoje, nos fala da ‘conversão do pensamento’: não daquilo que pensamos, mas também de como pensamos, do estilo do pensamento. Eu penso com um estilo cristão ou com um estilo pagão? Esta é a mensagem que hoje a Igreja nos dá”.
Deus não faz espetáculo
A propósito do episódio de Naamã o Sírio, doente de lepra, o Papa lembra que ele “vai até Eliseu para ser curado” e é aconselhado a se banhar sete vezes no Jordão. Ao contrário, ele pensa que os rios de Damasco são melhores do que as águas de Israel, “fica irritado e vai embora sem fazê-lo”, recorda Francisco, porque “este homem queria o espetáculo”.
“Pensava que Deus vinha somente no espetáculo. E, dentro do espetáculo, a cura. ‘Eu pensava que ele sairia para me receber e que, de pé, invocaria o nome do Senhor, seu Deus, e que tocaria com sua mão o lugar da lepra e me curaria’, esperava o espetáculo. E o estilo de Deus é outro: cura de outro modo. Ele deve aprender a pensar num estilo novo, deve converter o modo de pensar”.
O Pontífice notou que o mesmo acontece com Jesus que volta a Nazaré e vai até Sinagoga. Inicialmente “as pessoas o olhavam”, “estavam impressionadas”, “contentes”.
“Mas sempre tem um falador que começou a dizer: Mas este, este é o filho do carpinteiro. O que nos ensina? Em que universidade ele estudou? Sim! É o filho de José. Começam a cruzar opiniões, muda o comportamento das pessoas e querem matá-lo. Da admiração e surpresa ao desejo de matá-lo. Eles também queriam espetáculo. Dizem que fez milagres na Galileia e nós acreditamos. Jesus explica: “Eu garanto a vocês: nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”. Isso porque nós resistimos em dizer que alguns de nós podem nos corrigir. Deve vir alguém com o espetáculo a nos corrigir. A religião não é um espetáculo. A fé não é um espetáculo: é a Palavra de Deus e o Espírito Santo que age nos corações.”
A graça da conversão
“A Igreja”, sublinhou Francisco, “nos convida a mudar a maneira de pensar, o estilo de pensar. Podemos recitar o Credo e todos os dogmas da Igreja”, mas:
“A conversão do pensamento. Não é usual que pensemos desse modo. Não é usual. Também a maneira de pensar, a maneira de crer deve ser convertida. Podemos nos fazer uma pergunta: com que espírito eu penso? Com o espírito do Senhor ou com o próprio espírito, com o espírito da comunidade à qual pertenço ou do grupinho ou da classe social da qual faço parte, com o do partido político ao qual pertenço? Com que espírito eu penso? E procurar saber se penso realmente com o espírito de Deus. Pedir a graça de discernir quando penso com o espírito do mundo e quando penso com o espírito de Deus. Pedir a graça da conversão do pensamento.” Fonte: http://www.vaticannews.va
- Detalhes
Frei Marcelo Aquino, O. Carm. Convento do Carmo de Mogi das Cruzes, São Paulo.
De que adianta ir à Missa e voltar a pecar? Sejamos coerentes!
Se essa interrogação nos incomoda tanto, por que não nos fazemos outra?
Por que tomar café hoje, se amanhã terei que tomar novamente?
Por que almoçar hoje, se amanhã terei que almoçar novamente?
Por que jantar hoje, se vamos ter que jantar novamente amanhã?
E por que descansar hoje, se amanhã vamos cansar novamente?
Por que será que nas coisas de Deus, logo procuramos saídas e nas outras coisas nos acomodamos?
Quem acha que é inútil vir a Missa porque vai voltar a pecar novamente é porque não ama a Deus o suficiente. (Fonte: Facebook)
- Detalhes
OLHAR DO DIA: “São João Crisóstomo repreende aqueles que faziam tantas ofertas para decorar, para embelezar o templo, e não cuidavam daqueles que necessitavam. Repreendia-os e dizia: ‘Não, assim não. Primeiro o serviço, depois as decorações’”. Papa Francisco. (Evangelho do 3º Domingo da Quaresma. JO 2, 13-25).
- Detalhes
Após forjar o próprio sequestro, o pastor evangélico Alexandre Geraldo dos Anjos publicou um vídeo em uma rede social para agradecer a oração dos fiéis enquanto estava ‘desaparecido’. Na postagem desta quinta-feira (1º), o religioso aparece acompanhado pela família e agradece o apoio de quem ajudou a procurá-lo.
O pastor de 34 anos estava desaparecido desde a última segunda (26) quando teria saído de casa com sua moto para encontrar com outro pastor e não retornou para casa. A família procurou Polícia Civil, que investigava o caso.
Nesta quinta-feira (1º) ele se apresentou à polícia na delegacia de Igaratá e disse que tinha sido sequestrado, mas conseguiu fugir do cativeiro. Ao chegar a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São José dos Campos/ SP, onde o caso era investigado, ele confessou ter forjado o sequestro por causa de dívidas. Ele também contou, segundo o delegado Neimar Camargo, que pediu como resgate três bitcoins – cada um vale cerca de R$ 35 mil na cotação desta sexta (2).
No vídeo postado após a chegada de Alexandre em casa, a família agradece a oração dos fiéis que “clamaram” junto à família por informações do pastor. Ele não comentou a acusação da polícia sobre a fraude no sequestro – pelo qual ele deve responder em liberdade pelo crime de estelionato.
“Eu quero agradecer aos irmãos que estiverem conosco em oração nessa batalha, nessa luta. Quero agradecer aos meus amigos e meus inimigos também que estiveram intercedendo. Os irmãos que foram lá na praça colar cartaz. Vou agradecer cada um, vou pegar na sua mão e vou agradecer. E tenho certeza que a obra de Deus não pode parar. E se hoje estamos aqui na nossa base, eu quero agradecer a você, irmão”, disse no vídeo.
O irmão, Leandro Geraldo dos Anjos, conta que a família não sabia que o religioso passava por problemas financeiros e que o sequestro seria uma farsa. À polícia, o religioso justificou que estava endividado, por envolvimento em pirâmide financeira, por isso simulou o sequestro.
“Quando entramos na delegacia ele estava completamente transtornado, com o psicológico abalado. Não parecia a pessoa que conhecíamos. Não sabíamos o que ele estava fazendo e que passava por problemas, se não faríamos algo por ele. Somos pobres, mas somos limpos.”, disse. O pastor não quis dar entrevista. Inicialmente, em entrevista ao G1, a família disse que Alexandre seria pastor da igreja Assembleia de Deus Missão. A igreja foi procurada e negou que o homem faça parte da lista de líderes na região. “A Assembleia de Deus Missão em São José dos Campos esclarece que Alexandre Geraldo dos Anjos não é pastor ou membro do ministério desta igreja”, informou por nota.
Investigação
Segundo a Polícia Civil, eles desconfiaram da versão do suposto sequestro depois que receberam uma denúncia de que Alexandre teria sido visto em um restaurante em Jacareí na última quarta-feira (28). (veja vídeo acima)
Nos vídeos das câmeras de segurança do estabelecimento, o pastor aparece almoçando e caminhando tranquilamente pelo restaurante. Após ser contestado com as imagens, Alexandre confessou o crime. De acordo com a polícia, ele vai responder por estelionato – já que criou uma fraude para ganhar dinheiro. Após ser ouvido o homem foi liberado. Fonte: http://www.alagoas24horas.com.br
- Detalhes
Segundo o ACI Digital (24/11/2017), o Papa Francisco comentou, na Missa celebrada na Casa Santa Marta, um dos evangelhos mais conhecidos: o relato no qual Jesus expulsou os comerciantes do templo e lamentou que muitas vezes as igrejas parecem “supermercados” e não refletem a gratuidade de Deus.
“Quantas vezes, que tristeza, entramos em um templo… Por exemplo, em uma paróquia, em um episcopado, não sei… Entramos e não sabemos se estamos na casa de Deus ou num supermercado”.
“Uma loja, a lista de preços para os sacramentos… falta gratuidade. Deus nos salvou gratuitamente, não nos cobrou nada”, destacou.
Algumas pessoas podem dizer que “é necessário ter dinheiro para manter as estruturas, os sacerdotes, etc…”. “Dá a gratuidade e Deus fará o resto. Deus fará o que falta”.
O Bispo de Roma desejou que as igrejas sejam “igrejas de serviço, igrejas gratuitas”, e se perguntou como purificar o templo de Deus. Ele mesmo respondeu que é com a vigilância, o serviço e a gratuidade. “O mais importante templo de Deus é o nosso coração”, porque “dentro de nós habita o Espírito Santo”. Mas “o que acontece em meu coração?”.
“Aprendi a vigiar dentro de mim para que meu coração seja apenas para o Espírito Santo? Purificar o templo, o templo interior, e vigiar. Fique atento, fique atenta: o que acontece em seu coração?”.
“Quem vem, quem vai… Quais são os seus sentimentos, as suas ideias? Você fala com o Espírito Santo? Escuta o Espírito Santo? Vigiar; estar atentos para o que acontece em nosso templo, dentro de nós”.
O Papa recordou que Jesus “está presente nos doentes, no sofrimento, na fome, no encarcerado”. “E eu me pergunto: sei custodiar aquele templo? Cuido do templo com o meu serviço? Aproximo-me para ajudar, para vestir, para consolar aqueles que precisam?”.
“São João Crisóstomo repreende aqueles que faziam tantas ofertas para decorar, para embelezar o templo, e não cuidavam daqueles que necessitavam. Repreendia-os e dizia: ‘Não, assim não. Primeiro o serviço, depois as decorações’”. Fonte: www.deolhonews.com.
Pág. 147 de 350




