No dia 06 de março de 2018, o Papa Francisco autorizou a promulgação dos decretos que reconhecem os milagres atribuídos, respectivamente, à intercessão do beato Paulo VI e do beato Óscar Arnulfo Romero, o arcebispo de El Salvador que foi assassinado enquanto celebrava a missa. Para o papa que conduziu os trabalhos do Concílio e para o pastor mártir que se tornou o símbolo da defesa dos últimos, as portas da canonização se abriram. A informação foi dada por Stefania Falasca no jornal Avvenire. E reforça-se a hipótese de uma proclamação durante a mesma cerimônia em outubro, no final do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens. A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 07-03-2018. A tradução é de André Langer.

No dia 6 de fevereiro passado, a reunião dos cardeais e bispos do dicastério expressou por unanimidade o seu parecer favorável, reconhecendo o milagre que é devido à intercessão do Papa da Bréscia, ou seja, o desenvolvimento completo de uma gravidez de alto risco, da qual nasceu uma menina completamente saudável. No mesmo dia, os cardeais e bispos também aprovaram o milagre atribuído a Romero, a cura de uma mulher que estava em perigo de morte devido ao parto.

Durante as primeiras semanas de maio, acontecerá o consistório durante o qual o Papa Francisco anunciará aos cardeais a data exata da canonização. É provável que seja num dos domingos de outubro, e que a cerimônia aconteça durante o Sínodo dos Bispos(instituído precisamente por Paulo VI como uma instituição que auxilia e assessora o pontífice), dedicado nesta ocasião aos jovens.

Mas a canonização de Romero também poderá ser acontecer na América Latina. E poderá ser celebrada pelo Pontífice em janeiro de 2019 no Panamá, durante a Jornada Mundial da Juventude. Este seria o desejo dos bispos salvadorenhos, devido à importância do arcebispo martirizado na América Latina. O bispo auxiliar de San Salvador, o cardeal Gregório, disse há um ano que a canonização no Panamá “nos daria o tempo necessário para trabalhar com afinco e obter o que eu chamo de ‘milagre da paz’”.

Além das decisões sobre a data e a proclamação conjunta na mesma cerimônia (ou deslocada com a proclamação de Romero em sua terra), a harmonia entre os dois novos santos é mais do que evidente. Paulo VI foi um papa muito atento à América Latina. Montini participou, em 1968, da Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano de Medellín, que decretou a opção preferencial pelos pobres, chamando a atenção para páginas importantes da doutrina social da Igreja. Não se pode esquecer a importante encíclica ‘montiniana’ Populorum Progressio.

Romero, por sua vez, agia na linha do magistério de Paulo VI e da exortação apostólica Evangelii Nuntiandi, documento ainda atual e fonte de inspiração para o próprio Papa Francisco. O arcebispo mártir conservava no coração a lembrança do último encontro com Montini: “Paulo VI apertou a mão direita e segurou-a longamente entre as suas mãos, e eu também apertei com as minhas duas mãos a mão do papa”. “Eu entendo sua difícil tarefa – disse o Papa Montini –, é um trabalho que pode ser mal interpretado e requer muita paciência e fortaleza. Mas siga em frente com coragem, paciência, força e esperança”. O Pontífice referia-se às dificuldades e às incompreensões que Romero viveu em El Salvador, onde sua proximidade evangélica com os pobres e sua defesa dos últimos foi vista como “marxista”.

Independentemente de se suas canonizações forem celebradas juntas em Roma durante o Sínodo dos Bispos em outubro, ou separadamente (Sínodo e Jornada Mundial da Juventude), os dois novos santos serão novos modelos para a Igreja, especialmente dedicados aos jovens. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br