- Detalhes
- Detalhes
A liturgia do 5º Domingo da Páscoa convida-nos a refletir sobre a nossa união a Cristo; e diz-nos que só unidos a Cristo temos acesso à vida verdadeira.
O Evangelho apresenta Jesus como “a verdadeira videira” que dá os frutos bons que Deus espera. Convida os discípulos a permanecerem unidos a Cristo, pois é d’Ele que eles recebem a vida plena. Se permanecerem em Cristo, os discípulos serão verdadeiras testemunhas no meio dos homens da vida e do amor de Deus.
ATUALIZAÇÃO (EVANGELHO - Jo 15,1-8)
Jesus é “a verdadeira videira”, de onde brotam os frutos da justiça, do amor, da verdade e da paz; é n’Ele e nas suas propostas que os homens podem encontrar a vida verdadeira. Muitas vezes os homens, seguindo lógicas humanas, buscam a verdadeira vida noutras “árvores”; mas, com frequência, essas “árvores” só produzem insatisfação, frustração, egoísmo e morte… João garante-nos: na nossa busca de uma vida com sentido, é para Cristo que devemos olhar. Temos consciência de que é em Cristo que podemos encontrar uma proposta de vida autêntica? Ele é, para nós, a verdadeira “árvore da vida”, ou preferimos trilhar caminhos de auto-suficiência e colocamos a nossa confiança e a nossa esperança noutras “árvores”?
Hoje, Jesus, “a verdadeira videira”, continua a oferecer ao mundo e aos homens os seus frutos; e fá-lo através dos seus discípulos. A missão da comunidade de Jesus, que hoje caminha pela história, é produzir esses mesmos frutos de justiça, de amor, de verdade e de paz que Jesus produziu. Trata-se de uma tremenda responsabilidade que nos é confiada, a nós, os seguidores de Jesus. Jesus não criou um gueto fechado onde os seus discípulos podem viver tranquilamente sem “incomodarem” os outros homens; mas criou uma comunidade viva e dinâmica, que tem como missão testemunhar em gestos concretos o amor e a salvação de Deus. Se os nossos gestos não derramam amor sobre os irmãos que caminham ao nosso lado, se não lutamos pela justiça, pelos direitos e pela dignidade dos outros homens e mulheres, se não construímos a paz e não somos arautos da reconciliação, se não defendemos a verdade, estamos a trair Jesus e a missão que Ele nos confiou. A vida de Jesus tem de transparecer nos nossos gestos e, a partir de nós, atingir o mundo e os homens.
No entanto, o discípulo só pode produzir bons frutos se permanecer unido a Jesus. No dia do nosso Batismo, optamos por Jesus e assumimos o compromisso de O seguir no caminho do amor e da entrega; quando celebramos a Eucaristia, acolhemos e assimilamos a vida de Jesus – vida partilhada com os homens, feita entrega e doação total por amor, até à morte. O cristão tem em Jesus a sua referência, identifica-se com Ele, vive em comunhão com Ele, segue-O a cada instante no amor a Deus e na entrega aos irmãos. O cristão vive de Cristo, vive com Cristo e vive para Cristo.
O que é que pode interromper a nossa união com Cristo e tornar-nos ramos secos e estéreis? Tudo aquilo que nos impede de responder positivamente ao desafio de Jesus no sentido do O seguir provoca em nós esterilidade e privação de vida… Quando conduzimos a nossa vida por caminhos de egoísmo, de ódio, de injustiça, estamos a dizer não a Jesus e a renunciar a essa vida verdadeira que Ele nos oferece; quando nos fechamos em esquemas de auto-suficiência, de comodismo e de instalação, estamos a recusar o convite de Jesus e a cortar a nossa relação com a vida plena que Jesus oferece; quando para nós o dinheiro, o êxito, a moda, o poder, os aplausos, o orgulho, o amor próprio, são mais importantes do que os valores de Jesus, estamos a secar essa corrente de vida eterna que deveria correr entre Jesus e nós… Para que não nos tornemos “ramos” secos, é preciso renovarmos cada dia o nosso “sim” a Jesus e às suas propostas.
A comunidade cristã é o lugar privilegiado para o encontro com Cristo, “a verdadeira videira” da qual somos os “ramos”. É no âmbito da comunidade que celebramos e experimentamos – no Batismo, na Eucaristia, na Reconciliação – a vida nova que brota de Cristo. A comunidade cristã é o Corpo de Cristo; e um membro amputado do Corpo é um membro condenado à morte… Por vezes, a comunidade cristã, com as suas misérias, fragilidades e incompreensões, decepciona-nos e magoa-nos; por vezes sentimos que a comunidade segue caminhos onde não nos revemos… Sentimos, então, a tentação de nos afastarmos e de vivermos a nossa relação com Cristo à margem da comunidade. Contudo, não é possível continuar unido a Cristo e a receber vida de Cristo, em ruptura com os nossos irmãos na fé.
O que são os “ramos secos”? São, evidentemente, aqueles discípulos que um dia se comprometeram com Cristo, mas depois desistiram de O seguir… Mas os “ramos secos” podem também ser aquelas pequenas misérias e fragilidades que existem na vida de cada um de nós. Atenção: é preciso “limpar” esses pequenos obstáculos que impedem que a vida de Cristo circule abundantemente em nós. Chama-se a isso “conversão”.
Como podemos “limpar” os “ramos secos”? Fundamentalmente, confrontando a nossa vida com Jesus e com a sua Palavra. Precisamos de escutar a Palavra de Jesus, de a meditar, de confrontar a nossa vida com ela… Então, por contraste, vão tornar-se nítidas as nossas opções erradas, os valores falsos e essas mil e uma pequenas infidelidades que nos impedem de ter acesso pleno à vida que Jesus oferece.
*LEIA A REFLEXÃO DO 5º DOMINGO DA PÁSCOA NA ÍNTEGRA. CLIQUE AO LADO NO LINK- EVANGELHO DO DIA- E TENHA TODA A REFLEXÃO DOMINICAL
- Detalhes
- Detalhes
Oração
Ó Deus, que restaurais a natureza humana
dando-lhe uma dignidade ainda maior,
considerai o mistério do vosso amor,
conservando para sempre os dons da vossa graça
naqueles que renovastes.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura do Evangelho (João 13, 16-20)
Naquele tempo, depois de haver lavado os pés dos discípulos, Jesus disse-lhes: 16Em verdade, em verdade, vos digo: o servo não é maior do que seu senhor, e o enviado não é maior do que aquele que o enviou. 17Já que sabeis disso, sereis felizes se o puserdes em prática. 18Eu não falo de todos vós. Eu conheço aqueles que escolhi. Mas é preciso que se cumpra o que está na Escritura: ‘Aquele que come do meu pão levantou contra mim o calcanhar’. 19Desde já, antes que aconteça, eu vo-lo digo, para que, quando acontecer, acrediteis que eu sou. 20Em verdade, em verdade, vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou”.
Reflexão
Nos próximos dias, com exceção das festas, o evangelho diário é tirado da longa conversa de Jesus com os discípulos durante a Última Ceia (Jo 13 a 17). Nestes cinco capítulos que descrevem a despedida de Jesus, percebe-se a presença daqueles três fios de que falamos anteriormente e que tecem e compõem o evangelho de João: a palavra de Jesus, a palavra das comunidades e a palavra do evangelista que fez a última redação do Quarto Evangelho. Nestes cinco capítulos, os três fios estão de tal maneira entrelaçados que o todo se apresenta como uma peça única de rara beleza e inspiração, onde é difícil distinguir o que é de um e o que é do outro, mas onde tudo é Palavra de Deus para nós.
Estes cinco capítulos trazem a conversa que Jesus teve com os seus amigos, na véspera de ser preso e morto. Era uma conversa amiga, que ficou na memória do Discípulo Amado. Jesus, assim parece, queria prolongar ao máximo esse último encontro, momento de muita intimidade. O mesmo acontece hoje. Há conversa e conversa. Há conversa superficial que gasta palavras à toa e revela o vazio das pessoas. E há conversa que vai fundo no coração e fica na memória. Todos nós, de vez em quando, temos esses momentos de convivência amiga, que dilatam o coração e vão ser força na hora das dificuldades. Ajudam a ter confiança e a vencer o medo.
Os cinco versículos do Evangelho de hoje tiram duas conclusões do lava-pés (Jo 13,1-15). Falam (1) do serviço como característica principal dos seguidores e seguidoras de Jesus, e (2) da identidade de Jesus como revelação do Pai.
João 13,16-17: O servo não é maior que o seu senhor. Jesus acabou de lavar os pés dos discípulos. Pedro levou susto e não quis que Jesus lhe lavasse os pés. “Se eu não te lavar os pés, não terás parte comigo” (Jo 13,8). E basta lavar os pés; o resto não precisa (Jo 13,10). O valor simbólico do gesto do lava-pés consistia em aceitar Jesus como o Messias Servidor que se entrega a si mesmo pelos outros, e recusar um messias rei glorioso. Esta entrega de si mesmo como servo de todos é a chave para entender o gesto do lava-pés. Entender isto é a raiz da felicidade de uma pessoa: “Se vocês compreenderam isso, serão felizes se o puserem em prática". Mas havia pessoas, mesmo entre os discípulos, que não aceitavam Jesus como Messias Servo. Não queriam ser servidores dos outros. Provavelmente, queriam um messias glorioso como Rei e Juiz, de acordo com a ideologia oficial. Jesus diz: "Eu não falo de todos vocês. Eu conheço aqueles que escolhi, mas é preciso que se cumpra o que está na Escritura: Aquele que come pão comigo, é o primeiro a me trair!” João se refere a Judas, cuja traição vai ser anunciada logo em seguida (Jo 13,21-30).
João 13,18-20: Digo isto agora, para que creiais que EU SOU. Foi por ocasião da libertação do Egito ao pé do Monte Sinai, que Deus revelou o seu nome a Moisés: “Estou com você!” (Ex 3,12), “Estou que Estou” (Ex 3,14), “Estou” ou “Eu sou” me mandou até vocês!” (Ex 3,14), O nome Javé (Ex 3,15) expressa a certeza absoluta da presença libertadora de Deus junto do seu povo. De muitas maneiras e em muitas ocasiões esta mesma expressão Eu Sou ou Sou Eu é usada por Jesus (Jo 8,24; 8,28; 8,58; Jo 6,20; 18,5.8; Mc 14,62; Lc 22,70). Jesus é a presença do rosto libertador de Deus no meio de nós.
Para um confronto pessoal
1) O servo não é maior que o seu senhor. Como faço da minha vida um serviço permanente aos outros?
2) Jesus soube conviver com pessoas que não o aceitavam. E eu consigo?
Oração final
Vou cantar para sempre a bondade do SENHOR;
anunciarei com minha boca sua
fidelidade de geração em geração.
Pois disseste: “Minha bondade está de pé para sempre”.
- Detalhes
Na surpreendente Exortação Apostólica “Gaudete et Exsultate” (Alegrai-vos e exultai), Francisco muda a norma tradicional católica sobre santidade. A Exortação teve sua redação concluída numa assembleia com o pequeno Emanuele de 10 anos de idade e com os pobres da periferia de Roma. Ela indica que o caminho para a santidade é a decidida opção pelos pobres e a busca pela justiça. Mais ainda: que este caminho não é exclusivo dos católicos e nem mesmo dos cristãos; está aberto a todos, inclusive aos ateus e ateias. Dom Oscar Romero é santo; igualmente santas são Edith Stein, Olga Benário Prestes e Marielle Franco. O comentário é de Mauro Lopes, jornalista, em artigo publicado por Caminho pra Casa, 24-04-2018.
Eis o artigo.
O Papa imaginou haver concluído no dia dedicado à memória de São José (19 de março) o mais franciscano documento de seu papado, a Exortação Apostólica sobre o caminho de santidade. Mas não. O texto foi finalizado por Francisco somente um mês depois, no 3º Domingo da Páscoa, em 15 de abril, no encontro com um menino de dez anos com o significativo nome de Emanuele, numa assembleia com pobres da periferia de Roma.
Naquele domingo, o Papa, que é antes de tudo o bispo de Roma, foi à paróquia de São Paulo da Cruz, na periferia mais pobre de sua diocese. O primeiro momento da agenda foi um encontro com crianças que frequentam a catequese. Quando chegou a vez de Emanuele, de apenas 10 anos, o menino aproximou-se do microfone e começou a chorar copiosamente.
Francisco chamou-o, “Vem, vem aqui comigo, Emanuele, e me diz ao ouvido, diz-me ao ouvido”. O menino foi, aos prantos, abraçado pelo pároco, padre Roberto Cassano. Francisco e o menino conversaram por poucos minutos, longe dos microfones, cabeça a cabeça. Quando Emanuele voltou ao seu lugar, o Papa, autorizado pela criança, relatou o diálogo.
Emanuele perdeu o pai recentemente e estava com o coração apertado com a dúvida se seu pai, que era ateu, estaria no céu no inferno – mesmo ateu, o pai de Emanuele fez batizar o menino e seus dois irmãos e uma irmã. Esta era a razão do choro angustiado.
O que disse o Papa?
Primeiro, sobre o pai de Emanuele:
“Que bonito quando um filho diz que o seu papai era bom! Um bonito testemunho sobre aquele homem, quando os seus filhos podem dizer que ele era um homem bom! Se esse homem foi capaz de ter filhos assim, é verdade que era um grande homem!”
Depois, sobre a angústia do menino:
“Quem diz quem vai para o céu é Deus! Mas como será o coração de Deus diante de um pai assim? (…) Será que Deus abandona os seus filhos quando eles são bons?”
Nesta hora, a comunidade reunida respondeu – e foi um dos momentos culminantes do papado de Francisco, pois ali, na periferia, entre os pobres de Roma, sua Exortação Apostólica teve seu ponto final, em redação comunitária do o bispo com o povo pobre. Em uníssono, todos responderam à indagação do Papa se Deus abandona seus filhos:
“Não!”
“Bom, Emanuele, esta é a resposta” – atalhou o Papa, dirigindo-se ao menino e, na verdade, a todos os católicos e à humanidade.
Pois assim completou-se o espírito que animou a Exortação do Papa. O céu, tempo/lugar de realização máxima do ser, da Partilha e da Amizade, e a santidade são caminhos abertos a todas as pessoas que têm sede de justiça e fazem a opção de estar ao lado, vive e conviver com os pobres, marginalizados e excluídos pelo sistema.
Uma revolução na história do cristianismo. Nunca antes um Papa concluiu um texto seu numa assembleia com os pobres e sob inspiração de um menino de 10 anos de idade.
Como escrevi, Emanuele, o nome do menino, talvez não tenha sido tão acidental assim. Pois esse era o nome do menino esperado em Israel quando do nascimento de Jesus, conforme a profecia de Isaías (Is 7,14), o sinal de que Deus estava com seu povo pobre de Israel – Emanuel quer dizer exatamente Deus conosco. A passagem foi retomada no Evangelho de Mateus (Mt 1, 23) para anunciar que o Esperado havia chegado. Não teve o nome de Emanuel, mas de Jesus (o Senhor salva), mas era o pequeno Emanuel tão aguardado por seu povo.
Pois o pequeno Emanuel tomou para si a condução da assembleia de Francisco com aquele grupo de pobres em Roma e imprimiu uma virada história no catolicismo.
Sim, porque a resposta da comunidade da paróquia de São Paulo da Cruz não foi nada óbvia. Fosse um encontro com paroquianos ricos ou integristas, a resposta seria provavelmente oposta. Ou seja: que a santidade e o céu eram “propriedades” reservadas exclusivamente aos batizados e (aqueles que a hierarquia denomina de fiéis). Este era até agora o estabelecido, a regra, a lei, e ela foi reafirmada por João Paulo II em 1983 na Constituição Apostólica Divinus Perfectionis Magister e no Catecismo da Igreja Católica (nº 1023)
Com a Exortação de Francisco em coautoria com Emanuele e os pobres da paróquia de São Paulo da Cruz não é mais assim.
O coração da Exortação de Francisco diz: santidade é um caminho aberto a todas as pessoas e não exclusivamente aos fiéis católicos e um caminho que se faz à luz da grande convocação de Jesus no texto central dos Evangelhos, o Discurso das Bem-Aventuranças, complementado por um trecho do capítulo 25 do Evangelho de Mateus.
Sobre este trecho, escreveu frei Leonardo Boff no último sábado, 21 (Estive preso e me impediram de visitar-te):
“Há uma cena de grande dramaticidade no evangelho se São Mateus quando se trata do Juízo Final, quer dizer, quando se revela o destino último de cada ser humano. O Juiz Supremo não perguntará a que Igreja ou religião alguém pertenceu, se aceitou os seus dogmas, quantas vezes frequentou os ritos sagrados.
Esse Juiz se voltará aos bons e dirá: ‘Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino preparado para vós desde a criação do mundo; porque tive fome e de me destes de comer, tive sede e me destes de beber, fui peregrino e me acolhestes, estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, estava preso e viestes me ver… todas as vezes que fizestes a um destes meus irmãos e irmãs menores, foi a mim que o fizestes… e quando deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes’ (Evangelho de S.Mateus25, 35-45).
Neste momento supremo, são as práticas e não as prédicas para com os sofredores deste mundo que contarão. Se os tivermos atendido, ouviremos aquelas palavras benditas.”
Segundo o texto de Gaudete et Exsultate, a caminhada para a santidade tem uma única “grande regra de comportamento”, estabelecido por este trecho de Mateus, à luz das Bem-Aventuranças: “No capítulo 25 do Evangelho de Mateus (vv. 31-46), Jesus volta a deter-se numa destas bem-aventuranças: a que declara felizes os misericordiosos. Se andamos à procura da santidade que agrada a Deus, neste texto encontramos precisamente uma regra de comportamento com base na qual seremos julgados: ‘Tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber, era peregrino e recolhestes-Me, estava nu e destes-Me que vestir, adoeci e visitastes-Me, estive na prisão e fostes ter comigo’ (25, 35-36)” [95].
As bem-aventuranças são a grande convocação de Jesus para um jeito de levar a vida, rumo a um novo tempo e lugar chamado Reino de Deus. No seu discurso, Jesus convocou: “em marcha!”. Em marcha (ashréi, em aramaico/hebraico, línguas de uso corrente na Israel de Jesus). Em marcha os pobres em espírito (ou os pobres, simplesmente, na versão de Lucas), os aflitos, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os que são perseguidos. Santos e santas são, dentre estes, os que se colocarem em marcha a caminho do tempo/lugar chamado por Jesus de Reino de Deus e se dispuserem a, de alguma maneira, por suas vidas, presentificarem tal Reino.
Não, escreve o Papa, rezar o terço e ir à missa aos domingos por si só não faz ninguém santo ou santa. Obedecer às prescrições formais da religião, mas alimentar o ódio, incensar os ricos e a riqueza, desejar o mal não é caminho de santidade: “Não é saudável amar o silêncio e esquivar o encontro com o outro, desejar o repouso e rejeitar a atividade, buscar a oração e menosprezar o serviço. Tudo pode ser recebido e integrado como parte da própria vida neste mundo, entrando a fazer parte do caminho de santificação. Somos chamados a viver a contemplação mesmo no meio da ação, e santificamo-nos no exercício responsável e generoso da nossa missão.” (26)
“Poder-se-ia pensar que damos glória a Deus só com o culto e a oração, ou apenas observando algumas normas éticas (é verdade que o primado pertence à relação com Deus), mas esquecemos que o critério de avaliação da nossa vida é, antes de mais nada, o que fizemos pelos outros. A oração é preciosa, se alimenta uma doação diária de amor. O nosso culto agrada a Deus, quando levamos lá os propósitos de viver com generosidade e quando deixamos que o dom lá recebido se manifeste na dedicação aos irmãos.” (104)
É cara aos jesuítas como o Papa a expressão “contemplar na ação”. Em outras palavras, caminhar no cotidiano com os olhos e o coração bem apertos para testemunhar a Presença daquele que se fez Amor entre nós. É viver contagiado pelo Mistério. É este o espírito original da oração que pode desenhar um traço de união entre toda a gente de todo mundo, os que creem e os que não creem, mas estão comprometidos com este desejo.
Um homem que está para ser declarado formalmente santo pela Igreja, dom Oscar Romero, arcebispo de El Salvador assassinado pelos militares sob a indiferença do Vaticano em março de 1980, deixou claro em uma homilia em dezembro de 1977 o caminho de santidade e como ele pode ser corrompido no interior mesmo da Igreja Católica:
“Uma religião de missa dominical, mas de semanas injustas não agrada ao Deus da Vida. Uma religião de muita reza, mas de hipocrisias no coração não é cristã. Uma Igreja que instala só para estar bem, para ter muito dinheiro, muita comodidade, porém que não ouve os clamores das injustiças não é a verdadeira igreja de nosso Divino Redentor.”
O caso de Oscar Romero é exemplar. Fez-se santo no exato espírito da Exortação de Francisco ainda em vida. Portanto, era santo – e assim foi considerado por milhares de católicos de todo o mundo por décadas- muito antes de seu reconhecimento pela hierarquia católica. Era santo enquanto era condenado por João Paulo II, que lhe ordenou abandonar os pobres de seu país e aliar-se à genocida elite política salvadorenha e à reacionária cúpula da Igreja local. Era santo quando, depois de morto, sua memória sofreu intensa campanha de difamação orquestrada pela Cúria romana, que bloqueou o processo de canonização por mais de 30 anos.
Santa foi também Edith Stein, sequestrada pelos nazistas no mosteiro carmelita de Echt, na Holanda, em 2 de agosto de 1942 para ser morta na câmara de gás em Auschwitzuma semana depois. Ela oficialmente canonizada em 1999. Mas sua santidade continha uma contradição que só agora, com a Exortação de Francisco, está resolvida: Edith Stein não foi sequestrada e morta pelos nazistas por ser católica ou por ser monja, mas por ser judia. Tornou-se santa por pertencer a um povo e fazer a escolha de levantar-se contra a injustiça e o ódio e não por seu caminho particular de fé.
A história de Edith Stein guarda enorme semelhança com a de outra judia, Olga Benário Prestes, ambas alemãs. Enquanto Edith foi sequestrada na Holanda, a comunista Olga, casada com Luís Carlos Prestes foi sequestrada no Brasil e enviada para uma prisão de mulheres da Gestapo. Grávida, deu à luz Anita Leocádia Prestes(hoje com 81 anos). Depois não de sete dias, como Edith, mas de sete anos de intenso sofrimento na prisão, onde sofreu diversas torturas psicológicas, agressões e humilhações morreu na câmara de gás quatro meses antes da monja carmelita, em 23 de abril de 1942, no campo de extermínio de Bernburg. É santa, por sua vida pobre ao lado dos pobres, igualmente pelo Reino, como Stein.
Santa igualmente fez-se Marielle Franco, mártir do tempo da Justiça-Paz como Edith Stein e Olga Benário Prestes. Executada, como as duas, com uma diferença de quase 80 anos. Não num campo de concentração nazista, mas numa rua do Rio, cidade cercada por um sem-número de campos de concentração conhecidos, no Brasil, como favelas.
Francisco, o pequeno Emanuele e a comunidade da periferia mais pobre de Romamudaram a história da Igreja e proclamam em alto e bom som: Oscar Romero, Edith Stein, Olga Benário Prestes, Marielle Franco e milhares de homens e mulheres ao redor do planeta e ao longo da história, fizeram-se santas e santos. Cada um do seu jeito escutou a convocação de Jesus e pôs-se em marcha. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
- Detalhes
- Detalhes
A Arquidiocese de Mariana (MG) e a diocese paranaense de Paranavaí têm novos bispos.
Cidade do Vaticano
Novo bispo para o Brasil: o Papa Francisco nomeou Bispo da diocese de Paranavaí (PR) o Pe. Mário Spaki, do clero da diocese de Ponta Grossa (PR), até então Secretário-executivo do Conselho Episcopal Regional Sul 2 da CNBB, com sede em Curitiba.
O Reverendo Mário Spaki nasceu em 14 de dezembro de 1971 em Irati, na diocese de Ponta Grossa. Na cidade paranaense estudou Filosofia e Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (1998). Também estudou Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Paraná em Curitiba.
Em 3 de agosto de 2003 foi ordenado sacerdote e incardinado na diocese de Ponta Grossa, na qual foi Vigário Paroquial e Reitor do Seminário de Filosofia São José (2004-2012).
Desde 2013 é Secretário-executivo do Conselho Episcopal Regional Sul 2 da CNBB, com sede em Curitiba.

O Papa Francisco nomeou nesta quarta-feira (25), o novo bispo da arquidiocese de Mariana (MG). Aceitando a renúncia de dom Geraldo Lyrio Rocha, o Papa nomeou como novo arcebispo dom Airton José dos Santos, até então arcebispo de Campinas (SP). A decisão de Francisco foi comunicada pela Nunciatura Apostólica no Brasil.
Dom Airton é bispo desde dezembro de 2001, quando o então papa João Paulo II, o nomeou bispo auxiliar para a diocese de Santo André (SP). Em agosto de 2004, foi nomeado também por João Paulo II bispo da diocese de Mogi das Cruzes (SP), onde ficou até fevereiro de 2012, quando o então papa Bento XVI o nomeou arcebispo metropolitano de Campinas (SP).
Fontes: www.vaticannews.va; www.cnbb.org.br
- Detalhes
“Uma rede de relações autoritária e controladora deste tipo gera medo, timidez e um desengajamento que pode ser racionalizado como virtude”, escreve Andrew Hamilton, SJ, editor-consultor de Eureka Street, revista eletrônica dos jesuítas da Austrália, em artigo publicado por La Croix Internacional, 14-04-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
Eis o artigo.
Em um recente artigo no Eureka Street eu comentei que na Igreja Católica clericalismoé um termo pejorativo. Também tentei identificar algumas das atitudes e comportamentos associados com as pessoas consideradas clericalistas. O artigo provocou uma conversa animada.
Alguns dos colaboradores me criticaram por focalizar em indivíduos e não na capciosa cultura do clericalismo. As críticas foram justificadas, e neste artigo eu refletirei sobre essa cultura e seus subprodutos.
Como uma cultural, o clericalismo mostra uma visão em que a Igreja Católica é um mundo autossuficiente. Sua segurança, reputação e relações internas são o centro das atenções.
Dentro da Igreja as relações são hierárquicas. A diferença entre as classes é, na prática, vista como mais importante do que aquilo que católicos têm em comum
As relações também são frequentemente autoritárias: bispos e padres têm medo de Roma; são formais uns com os outros; e, as relações com os leigos são prescritivas. Os clérigos não sentem necessidade de consultar os leigos em questões de liturgia, finanças e política.
As fronteiras entre a Igreja e o mundo exterior são fortemente marcadas, assim como as fronteiras entre católicos fiéis e infiéis. Em todos esses aspectos, o clericalismo é uma cultura de controle que privilegia o sigilo.
Como qualquer cultura, o clericalismo encontra expressão em uma rede de relações. Elas são relações de pessoas com o mundo material: através de distintos trajes cotidianos e litúrgicos, por exemplo, distintos arranjos de igreja e distintos artefatos litúrgicos.
A rede de relações também se manifesta entre as pessoas: entre indivíduos e, especialmente, aquelas mediados através de instituições. Estes últimos incluem formas de tratamento, de remuneração, de formação de crianças e adultos, da disposição do espaço, de processos de envolvimento de pessoas na tomada de decisões e governança, de costumes, de imaginar a história da paróquia, da diocese e da igreja nacional.
As relações institucionais são particularmente importantes porque muitas vezes são simplesmente tomadas como necessárias e inevitáveis. Elas moldam o que os participantes veem e como o veem.
Elas também criam padrões de expectativa de como clérigos e leigos vão falar e se comportar entre si, expressar ou ocultar discordância, responder à injustiça, aceitar a direção e ver o mundo exterior.
Em uma cultura clerical sólida todos os bispos seguirão automaticamente as instruções romanas e todos os padres serão formados para obedecer aos seus bispos sem questionar.
Eles também serão um canal confiável para comunicar aos leigos instruções do Papa e de oficiais romanos sobre liturgia, vestimenta e questões éticas. Padres e bispos vão progredir sendo confiáveis, não questionando, e defendendo resolutamente a Igreja e seus interesses.
Os leigos serão formados para obedecer aos seus párocos autoritários e para se calarem diante de preocupações que possam ter com seus comportamentos. Se confrontarem o clero, serão vistos como inconfiáveis; e, se deixarem a Igreja, sua desistência será a justificativa da cultura clerical.
Uma rede autoritária e controladora de relações deste tipo gera medo, timidez e um desengajamento que pode ser racionalizado como virtude. Para os bispos, padres e leigos agir de forma conflitante com as normas de sua cultura exige coragem e perseverança.
Na prática, muitos católicos, tanto clérigos como leigos, não aceitam essas expectativas. Eles questionam, confrontam, discordam. Qualquer rede de relações é cheia de buracos e de desconexões. Mesmo uma forte cultura clerical não controla o comportamento de todos.
Por essa razão, é difícil avaliar o papel desempenhado pelo clericalismo em comportamentos criminosos, incluindo o abuso sexual e seu encobrimento na Igreja Católica.
Muitos elementos estão envolvidos nessa rede. Não estou convencido de que haja uma forte correlação causal entre a cultura e a ofensa. Alguns abusadores parecem ter sido modelos desta cultura. Outros parecem ter rejeitado fortemente.
O que pode ser levado em consideração é que o clericalismo permite que crimes como o abuso sexual e o roubo sejam encobertos e que as ações criminosas sejam repetidas. A complacência e a timidez perante a autoridade tornam mais provável que os leigos ignorem sinais de comportamento criminoso por parte de padres ou de pessoas empregadas pela Igreja.
O desejo de proteger a imagem da Igreja também torna mais provável que um bispo coloque a reputação acima do bem-estar das pessoas afetadas pelo crime, e assim permita que os infratores se desloquem de uma paróquia para outra, onde eles podem reincidir.
Mesmo que o clericalismo não puder ser ligado causalmente ao crime clerical, tal cultura molda certamente uma rede de relações atrofiadas que são deficientes se julgadas por valores humanos ou cristãos. Inevitavelmente vai produzir frutas podres. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
- Detalhes
Após deixar prisão, d. Ronaldo espera desfecho do caso na residência episcopal; bispo e outras 6 pessoas respondem por desvio de R$ 2 milhões
FORMOSA (GO) - Foram 30 dias de prisão, a tristeza de não celebrar a missa, a rotina sem noção de tempo, a mágoa de sofrer acusações para ele injustas e, acima de tudo, humilhações que considera impensáveis, como as duas vezes em que foi obrigado a ficar quase nu, só de cueca, para a revista aos presos.
Acusado de desvio de R$ 2 milhões de recursos das 33 paróquias da diocese de Formosa (GO), d. José Ronaldo Ribeiro, de 61 anos, foi solto na terça-feira e reuniu parentes e colaboradores na capela improvisada da residência episcopal, de 15 m², para agradecer a Deus estar de volta para junto do rebanho – cerca de 400 mil pessoas, em 23 municípios. “Fomos massacrados, acusados sem provas, com um método absurdo de condenar, prender e apurar”, disse d. Ronaldo em entrevista ao Estado, a primeira desde a prisão.
Ao seu lado estava outro acusado, o padre Thiago Wenceslau, juiz eclesiástico com doutorado na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, que chegou a Formosa em um domingo e foi preso na manhã seguinte, acusado de agir com o bispo. Padre Thiago chorou o tempo todo na missa na capelinha particular. Fez cinco dias de jejum, em sinal de protesto contra a prisão, e foi o último a ser libertado, 24 horas após a soltura de d. Ronaldo, um monsenhor, três padres e dois empresários presos na Operação Caifás, sob acusação de falsidade ideológica e desvio de dinheiro das paróquias.
Ronaldo saiu direto do presídio para a residência episcopal, em vez de se hospedar na Casa do Clero, para padres doentes e idosos, conforme lhe aconselharam. “Vim para cá, porque esta é minha morada. Eu ainda sou o bispo de Formosa, embora afastado”, afirma.
Mas quem decidirá onde ele deve ficar é o administrador apostólico, d. Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba (MG), designado pelo papa Francisco para dirigir a diocese na ausência do titular. Ele deixou a Assembleia-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em Aparecida (SP), para passar o fim de semana em Formosa. Viajou a conselho do núncio apostólico, d. Giovanni D’Aniello, para confortar d. Ronaldo.
O bispo de Formosa permanecerá fora do cargo até a definição de sua situação na Justiça. Se for absolvido e o papa permitir, pretende retomar suas funções, embora admita reavaliar a intenção. Depende da aceitação dos fiéis, até agora aparentemente sem fissuras. Mesmo com as prisões, as missas de domingo continuaram cheias. “É evidente que, se muitas pessoas me apoiam com sua solidariedade, há também um pequeno grupo que pretende me afastar, por discordar de meu estilo e de minha orientação pastoral.”
Ele se refere aos padres que, na sua avaliação, armaram as denúncias para se livrar dele. “É um grupo articulado que armou esse esquema há anos, desde minha passagem pela Diocese de Janaúba (MG), de onde fui transferido para Formosa em 2014.” Segundo o bispo, a armação começou quando ele levou para Janaúba ex-dependentes de drogas de quem cuidava no trabalho pastoral. Disse que, para ajudá-los, sua conta ficou negativa.
Fazenda e lotérica. Na acusação do Ministério Público de Goiás, d. Ronaldo é citado como chefe de um grupo que teria desviado mais de R$ 2 milhões do dízimo ofertado às paróquias, segundo denúncia assinada por 30 de seus diocesanos. O dinheiro teria comprado uma fazenda de criação de gado e uma lotérica. “Sou inocente, tenho certeza de que nada fiz de errado”, afirma. Segundo ele, quem fez a compra foi padre Moacyr Santana, com recursos próprios, o que não caracterizaria crime.
O administrador apostólico, d. Paulo Peixoto, que está investigando as denúncias, diz que, até o momento, parece não ter havido irregularidades. Os bispos do Regional Centro-Oeste, que compreende as dioceses de Goiás e Distrito Federal, viajarão a Formosa, nas próximas semanas, para levar conforto e solidariedade a d. Ronaldo e aos demais acusados.
Como a Justiça impôs medidas cautelares, d. Ronaldo está proibido de sair de Formosa e foi obrigado a entregar o passaporte. "Disseram que eu pretendia fugir do País porque preparava uma viagem a Roma para participar de uma reunião do Movimento Neocatecumenal", diz. Acolhido ao sair da prisão pela mãe, dona Nilda, de 90 anos, e por alguns de seus irmãos, ele tem tido a assistência de parentes e amigos, que lhe fazem companhia e se oferecem para cozinhar.
Denúncia. O promotor Douglas Chegury afirma que a investigação toma por base denúncia de um grupo de 30 fiéis. "Mandaram informações por escrito, em um documento assinado, apontando supostas irregularidades que haviam identificado."
Ele destacou que as provas coletadas no processo, desde 2017, eram suficientes para pedir a prisão preventiva. "Houve ocultação de provas e a intimidação de testemunhas."
- Detalhes
- Detalhes
Marcião, que era filho do bispo de Sinope (Ponto) e fora excomungado pelo próprio pai, chegou a Roma em 139 como proprietário de navios; uniu-se à comunidade cristã e rompeu com ela em 144. As comunidades marcionitas chegaram até a Pérsia e a Armênia.
Elementos principais do marcionismo:
— afinidades com o dualismo gnóstico: existência de um Deus justo e cheio de ira, Javé, identificado com o demiurgo, e de um Deus de amor e de toda consolação, o Deus do evangelho; o Deus bom assumiu um corpo aparente em Cristo; desprezo da matéria.
— rígido antijudaismo: separação do cristianismo de qualquer ligação com o judaísmo.
— repúdio integral do AT. AT e NT estão em plena contradição; rejeição da explicação alegórica do AT; Paulo foi o único que compreendeu bem a Jesus Cristo. Cânon especial: Lc (sem os relatos da infância) e dez cartas paulinas, e ambos sem as citações do AT.
— rigorismo ético: abstenção de todas as obras do Deus criador, especialmente o matrimônio, a carne e o vinho.
Maniqueísmo
Mani ou Manes, da Babilônia (III século), foi educado no mandeísmo e conheceu o cristianismo por intermédio de Marcião e Bardesanes; reconhecia sua dependência dos pais da justiça — Zoroastro[1], Buda[2] e Jesus Cristo —, mas entendia superar tais religiões ou seitas por meio da ação missionária; pregou na Índia e na Pérsia, onde foi crucificado por instigação da casta sacerdotal, em 277. O maniqueísmo difundiu-se pela China, África setentrional, Itália e Espanha.
Elementos principais do maniqueísmo:
— dualismo: dois seres primordiais: um bom, o pai da grandeza, e outro mau.
— emanação de dois reinos de eons — luz e treva —, dentre os quais surgem o homem e o demônio primordiais; o mundo atual, que é mau, origina-se da mistura dos dois reinos.
— redenção: libertação dos fragmentos de luz confinados na matéria; Jesus Cristo como um eon celeste que assumiu um corpo aparente.
— a doutrina de Jesus Cristo foi mal compreendida e falsificada. Mani é o próprio Paráclito, que revelou os três segredos:
- l) signaculum oris (segredo da boca): abstinência das palavras e prazeres impuros;
2) signaculum manuum (segredo das mãos): abstinência dos trabalhos ordinários;
3) signaculum sinus (segredo do coração): abstinência do matrimônio. Os segredos vinculavam apenas os eleitos ou puros; para os catecúmenos ou ouvintes prescrevia-se os dez mandamentos.
— ao completar-se a separação dos reinos, o mundo visível seria transformado em ruínas (um incêndio deveria durar por 1.468 anos).
— hierarquia: o sucessor de Mani, doutores, bispos, presbíteros e diáconos.
— festa da cátedra: execução de Mani e sua ascensão ao céu.
Santo Agostinho foi maniqueu durante 9 anos.
Contra a gnose, a Igreja defendeu a identidade entre criador e redentor, a bondade do mundo como criatura, a responsabilidade pessoal da infelicidade humana por causa do pecado, a vocação universal e gratuita de todos os homens, a encarnação de Cristo, a unidade de AT e N T, e a exposição controlada da Bíblia (Ireneu enfatizou a unanimidade dos bispos, que são os depositários das Escrituras, pelas quais os apóstolos transmitiram a tradição). Clemente apresenta o cristão perfeito como o verdadeiro gnóstico, e procura mostrar como o cristianismo acolhe e desenvolve os elementos positivos implicados na gnose.
[1] Zoroastro (Zaratustra, ou Zoroastres) nasceu na Pérsia em meados do século VII a.C.
[2] Buda, cujo nome real é Sidarta Gautama, nasceu no Nepal nasceu no século VI a.C. A palavra "Buda" significa "o despertado" ou "o iluminado".
- Detalhes
Religioso denuncia grupo de católicos que fomentam aberta e publicamente o ódio, a intolerância, o desrespeito e a guerra nas redes sociais e pregações.
Por Pe. Geraldo Natalino (Gegê)
Há um fenômeno novo na Igreja Católica: padres, leigos e leigas intregristas que se movem em violentas campanhas contra tudo o que represente um risco para a idealização de uma igreja branca, “pura”, “imaculada”, misógina. Olham os pobres com repulsa e aqueles que se levantam para Ignoram o Evangelho, hostilizam a teologia latino-americana e guiam-se por documentos de recorte medieval/europeu. Católicos e católicas assim sempre existiram, mas com as redes sociais e o aprofundamento da luta de classes no Brasil e no mundo, saíram a público e empunham a bandeira do catolicismo como uma religião em plena Cruzada contra os “infiéis”.
Perseguiram dom Oscar Romero, dom Paulo Evaristo Arns, dom Hélder Câmara, dom Luciano Mendes de Almeida no passado, com base em intrigas e maledicências pronunciadas a meia voz. Entre outros, são perseguidos hoje, xingados e ameaçados de agressões e morte: frei Leonardo Boff, Frei Betto, a freira Ivone Gebara, padre Júlio Lancellotti, padre Paulo Sérgio Bezerra , leigos, leigas, padres, freiras e bispos que defendem os indígenas, os sem terram os sem teto, os favelados país adentro, além dos franciscanos e da própria CNBB. Dom Pedro Casaldáliga foi perseguido no “velho estilo” e hoje, aos 90 anos, sofre também com a onda de ódio estridente.
Padre França e o então bispo Bergoglio Foto: Blog Caminho Pra CasaEm 17/03, o padre e teólogo Mário de França Miranda foi xingado em altos brados por dois homens durante missa na Paróquia da Ressurreição, em Ipanema (Rio), ao comparar o martírio de Marielle Franco aos de Martin Luther King e dom Oscar Romero. Aos 81 anos, é um teólogo de referência no mundo. Graduado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, mestre em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade de Innsbruck, Áustria, e doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, Itália. Amigo do Papa Francisco, ambos jesuítas, atuou no grupo de trabalho como o que elaborou o Documento da Conferência de Aparecida, em 2007, sob a coordenação do então Cardeal Jorge Mário Bergoglio. Foi membro da Comissão Teológica Internacional durante 11 anos, de 1992 a 2002.
Tive o sagrado privilégio te ter como professor e orientador de mestrado na PUC-RJ a figura reconhecida internacionalmente do padre, pastor e intelectual França Miranda. Seguramente, uma das personalidades teologicamente mais importantes da igreja do Brasil e da América Latina. Com lamentável tristeza li a notícia de que foi durante a missa chamado de “padre filho da p…” por dois homens depois de se referir a Marielle (também a Mather Luther King e dom Oscar Romero) como defensora dos socialmente banidos. Lamentável, estimado França!
Porém, em meu escrito de solidariedade e repúdio, não posso, em estado de PROTESTO, deixar de dizer que essa ação insana sofrida pelo ilustre e respeitadíssimo sacerdote, não constitui uma atitude isolada no contexto atual da IGREJA. Há um grupo crescente de padres e leigos(as) no interior da Igreja fomentando aberta e publicamente o ódio, a intolerância, o desrespeito e a guerra nas redes sociais, pregações etc. Repito: há um tipo EMERGENTE de clero e laicato, intolerantes e beligerantes in extremis. Assim: in extremis, a despeito do caminho inversamente oposto trilhado e exigido pelo Papa Francisco. Esse segmento eclesial aguerrido faz da Igreja, sobretudo no mundo virtual (mas não só), um “PEIXE BETA”, peixe belíssimo e encantador, mas pouquíssimo capaz de convivialidade.
Com quase 25 anos de padre desconhecia esse fenômeno preocupante e assustador. Tudo isso em nome da fé e da doutrina. Creio, pois, que o ocorrido na paróquia em Ipanema no domingo (17) representa o SINAL MÁXIMO DE ALERTA. Não podemos, pois, minimizar a gravidade do fato, não refletir sobre o que ele representa, tampouco fingir que nada aconteceu. Afinal de contas, se um padre do quilate do França foi tratado assim, em plena missa, o que não serão capazes de fazer com os outros (dentre os quais eu) no vasto território diocesano?
Por fim, da minha parte, creio profundamente que já passamos da hora de darmos um BASTA. Mas, urge perguntar:
De onde está nascendo tanto fogo intolerante no interior da igreja?
Quem está pondo brasas na fogueira do desrespeito e do ódio?
Quais e quantas bocas, inclusive clericais, estão por detrás das bocas que te xingaram?
Diletíssimo professor, quem amansará “cavalos xucros” que vicejam?
Não falta ao cristianismo um número infinitamente grande de testemunhos maravilhoso de cristãos (clérigos e leigos). São homens e mulheres (conhecidos e anônimos) que traduzem na vida o amor extraordinário de Deus. Por que não seguirmos esse caminho? Ademais, a sociedade espera de nós cristãos, pelo menos, um pouco mais de equilíbrio e sensatez. Bom, acho que isso é o mínimo, se tratando de ser humano.
Santa Páscoa, Mário França Miranda, homem bom e necessário para a minha cabeça e para o meu coração.
Vossa bênção, meu Velho!!!
Obrigada por existir no coração do Mundo!!!
Instituto Humanista Unisinos - IHU
Padre Gegê é pároco da Paróquia Santa Bernadete, que abrange parte das comunidades de Higienópolis e Manguinhos, dois dos focos da ocupação militar em curso nas favelas do Rio de Janeiro. Membro do grupo Fé e Politica pe. João Cribbin, doutorando em Ciência da Religião pela PUC/SP. Negro, vive numa região comunidades de descendentes dos escravos que serviram aos donos do Rio de Janeiro de 1550 até 1888 (mais de 300 anos) e, depois, como escravos libertos sem direitos -situação que se prolonga até hoje. Celebrou as exéquias de Marielle Franco em 15 de março de 2018. Fonte: http://domtotal.com
- Detalhes
REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA (LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho
reerguestes o mundo decaído,
enchei de santa alegria os vossos filhos
que libertastes da escravidão do pecado
e concedei-lhes a felicidade eterna.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 10, 11-18)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos, 11“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. 12O mercenário, que não é pastor e a quem as ovelhas não pertencem, vê o lobo chegar e foge; e o lobo as ataca e as dispersa. 13Por ser apenas mercenário, ele não se importa com as ovelhas. 14Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, 15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. 16(Tenho ainda outras ovelhas, que não são deste redil; também a essas devo conduzir, e elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.) 17É por isso que o Pai me ama: porque dou a minha vida. E assim, eu a recebo de novo. 18Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade. Eu tenho poder de dá-la, como tenho poder de recebê-la de novo. Tal é o encargo que recebi do meu Pai”.
3) Reflexão
* O evangelho de hoje traz a parábola do Bom Pastor. Em alguns países o texto é de João 10,1-10 e em outros é de João 10,11-18. É difícil escolher entre um e outro. Por isso, preferimos comentar brevemente os dois (Jo 10,1-18). O discurso sobre o Bom Pastor traz três comparações ligadas entre si:
1ª comparação: Jesus fala do pastor e dos assaltantes (Jo 10,1-5)
2ª comparação: Jesus é a porteira das ovelhas (Jo 10,6-10)
3ª comparação: Jesus é o Bom Pastor (Jo 10,11-18)
* João 10,1-5: 1ª comparação: entrar pela porteira e não por outro lugar. Jesus inicia o discurso com a comparação da porteira: "Quem não entra pela porteira mas sobe por outro lugar é ladrão e assaltante! Quem entra pela porteira é o pastor das ovelhas!" Naquele tempo, os pastores cuidavam do rebanho durante o dia. Quando chegava a noite, levavam as ovelhas para um grande redil ou curral comunitário, bem protegido contra ladrões e lobos. Todos os pastores de uma mesma região levavam para lá o seu rebanho. Um porteiro tomava conta de tudo durante a noite. No dia seguinte, de manhã cedo, o pastor chegava, batia palmas na porteira e o porteiro abria. O pastor entrava e chamava as ovelhas pelo nome. As ovelhas reconheciam a voz do seu pastor, levantavam e saiam atrás dele para a pastagem. As ovelhas dos outros pastores ouviam a voz, mas elas não se mexiam, pois era uma voz estranha para elas. De vez em quando, aparecia o perigo de assalto. Ladrões entravam por um atalho ou derrubavam a cerca do redil, feita de pedras amontoadas, para roubar as ovelhas. Eles não entravam pela porteira, pois lá havia o guarda que tomava conta.
* João 10,6-10: 2ª comparação: Jesus é a porteira. Os ouvintes, os fariseus (Jo 9,40-41), não entenderam o que significava "entrar pela porteira". Jesus então explicou: "Eu sou a porteira das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e assaltantes". De quem Jesus está falando nesta frase tão dura? Provavelmente, se referia a líderes religiosos que arrastavam o povo atrás de si, mas que não respondiam às esperanças do povo. Não estavam interessados no bem do povo, mas sim no próprio bolso e nos próprios interesses. Enganavam o povo e o deixavam na pior. Entrar pela porteira é o mesmo que agir como Jesus agia. O critério básico para discernir quem é pastor e quem é assaltante, é a defesa da vida das ovelhas. Jesus pede para o povo não seguir as pessoas que se apresentam como pastor, mas não buscam a vida do povo. É aqui que ele disse aquela frase que até hoje cantamos: "Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância!" Este é o critério!
* João 10,11-15: 3ª comparação: Jesus é o bom pastor. Jesus muda a comparação. Antes, ele era a porteira das ovelhas. Agora, é o pastor das ovelhas. Todo mundo sabia o que era um pastor e como ele vivia e trabalhava. Mas Jesus não é um pastor qualquer, mas sim o bom pastor! A imagem do bom pastor vem do AT. Dizendo que é o Bom Pastor, Jesus se apresenta como aquele que vem realizar as promessas dos profetas e as esperanças do povo. Veja por exemplo a belíssima profecia de Ezequiel (Ez 34,11-16). Há dois pontos em que Jesus insiste: (1) Na defesa da vida das ovelhas: o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. (2) No mútuo reconhecimento entre pastor e ovelhas: o Pastor conhece as suas ovelhas e elas conhecem o pastor. Jesus diz que no povo há uma percepção para saber quem é o bom pastor. Era isto que os fariseus não aceitavam. Eles desprezavam as ovelhas e as chamavam de povo maldito e ignorante (Jo 7,49; 9,34). Eles pensavam ter o olhar certo para discernir as coisas de Deus. Na realidade eram cegos. O discurso sobre o Bom Pastor ensina duas regras como curar este tipo bastante freqüente de cegueira: 1) Prestar muita atenção na reação das ovelhas, pois elas reconhecem a voz do pastor. 2) Prestar muita atenção na atitude daquele que se diz pastor para ver se o interesse dele é a vida das ovelhas, sim ou não, e se ele é capaz de dar a vida pelas ovelhas. Certa vez, na festa da tomada de posse de um novo bispo, as “ovelhas” colocaram uma faixa na porta da igreja que dizia: “As ovelhas não conhecem o pastor!” As “ovelhas” não foram consultadas. Advertência séria para quem nomeia os bispos.
* João 10,16-18: A meta onde Jesus quer chegar: um só rebanho e um só pastor. Jesus abre o horizonte e diz que tem outras ovelhas que não são deste redil. Elas ainda não ouviram a voz de Jesus, mas quando a ouvirem, vão perceber que ele é o pastor e vão segui-lo. É a dimensão ecumênica universal.
4) Para um confronto pessoal
1) Pastor-Pastoral. Será que a pastoral na minha paróquia imita a missão de Jesus - Pastor? E eu na minha ação pastoral, qual a minha atitude? Sou pastor como Jesus?
2) Você já teve a experiência de ter sido enganado por um falso pastor? Como conseguiu superar?
5) Oração final
Como a corça deseja as águas correntes,
assim a minha alma anseia por ti, ó Deus.
A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo:
quando hei de ir ver a face de Deus? (Sl 41, 2-3)
- Detalhes
Tema
O 4º Domingo da Páscoa é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.
O Evangelho apresenta Cristo como “o Pastor modelo”, que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, até ser capaz de dar a vida por elas. As ovelhas sabem que podem confiar n’Ele de forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho. O que é decisivo para pertencer ao rebanho de Jesus é a disponibilidade para “escutar” as propostas que Ele faz e segui-lo no caminho do amor e da entrega.
ATUALIZAÇÃO
Todos nós temos as nossas figuras de referência, os nossos heróis, os nossos mestres, os nossos modelos. É a uma figura desse tipo que, utilizando a imagem do Evangelho do 4º Domingo da Páscoa, poderíamos chamar o nosso “pastor”… É Ele que nos aponta caminhos, que nos dá segurança, que está ao nosso lado nos momentos de fragilidade, que condiciona as nossas opções, que é para nós uma espécie de modelo de vida. O Evangelho deste domingo diz-nos que, para o cristão, o “Pastor” por excelência é Cristo. É n’Ele que devemos confiar, é à volta d’Ele que nos devemos juntar, são as suas indicações e propostas que devemos seguir. O nosso “Pastor” é, de facto, Cristo, ou temos outros “pastores” que nos arrastam e que são as referências fundamentais à volta das quais construímos a nossa existência? O que é que nos conduz e condiciona as nossas opções: Jesus Cristo? As diretrizes do chefe do departamento? A conta bancária? A voz da opinião pública? A perspectiva do presidente do partido? O comodismo e a instalação? O êxito e o triunfo profissional a qualquer custo? O herói mais giro da telenovela? O programa de maior audiência da estação televisiva de maior audiência?
Reparemos na forma como Cristo desempenha a sua missão de “Pastor”: Ele não atua por interesse (como acontece com outros pastores, que apenas procuram explorar o rebanho e usá-lo em benefício próprio), mas por amor; Ele não foge quando as ovelhas estão em perigo, mas defende-as, preocupa-Se com elas e até é capaz de dar a vida por elas; Ele mantém com cada uma das ovelhas uma relação única, especial, pessoal, conhece os seus sofrimentos, dramas, sonhos e esperanças. As “qualidades” de Cristo, o Bom Pastor, aqui enumeradas, devem fazer-nos perceber que podemos confiar integral e incondicionalmente n’Ele e entregar, sem receio, a nossa vida nas suas mãos. Por outro lado, este “jeito” de atuar de Cristo deve ser uma referência para aqueles que têm responsabilidades na condução e animação do Povo de Deus: aqueles que receberam de Deus a missão de presidir a um grupo, de animar uma comunidade, exercem a sua missão no dom total, no amor incondicional, no serviço desinteressado, a exemplo de Cristo?
No “rebanho” de Jesus, não se entra por convite especial, nem há um número restrito de vagas a partir do qual mais ninguém pode entrar… A proposta de salvação que Jesus faz destina-se a todos os homens e mulheres, sem excepção. O que é decisivo para entrar a fazer parte do rebanho de Deus é “escutar a voz” de Cristo, aceitar as suas indicações, tornar-se seu discípulo… Isso significa, concretamente, seguir Jesus, aderir ao projeto de salvação que Ele veio apresentar, percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu, na entrega total aos projetos de Deus e na doação total aos irmãos. Atrevemo-nos a seguir o nosso “Pastor” (Cristo) no caminho exigente do dom da vida, ou estamos convencidos que esse caminho é apenas um caminho de derrota e de fracasso, que não leva aonde nós pretendemos ir?
O nosso texto acentua a identificação total de Jesus com a vontade do Pai e a sua disponibilidade para colocar toda a sua vida ao serviço do projeto de Deus. Garante-nos também que é dessa entrega livre, consciente, assumida, que resulta vida eterna, verdadeira e definitiva. O exemplo de Cristo convida-nos a aderir, com a mesma liberdade mas também com a mesma disponibilidade, às propostas de Deus e ao cumprimento do projeto de Deus para nós e para o mundo. Esse caminho é, garantidamente, um caminho de vida eterna e de realização plena do homem.
Nas nossas comunidades cristãs, temos pessoas que presidem e que animam. Podemos aceitar, sem problemas, que elas receberam essa missão de Cristo e da Igreja, apesar dos seus limites e imperfeições; mas convém igualmente ter presente que o nosso único “Pastor”, aquele que somos convidados a escutar e a seguir sem condições, é Cristo. Os outros “pastores” têm uma missão válida, se a receberam de Cristo; e a sua atuação nunca pode ser diferente do jeito de atuar de Cristo.
Para que distingamos a “voz” de Jesus de outros apelos, de propostas enganadoras, de “cantos de sereia” que não conduzem à vida plena, é preciso um permanente diálogo íntimo com “o Pastor”, um confronto permanente com a sua Palavra e a participação ativa nos sacramentos onde se nos comunica essa vida que “o Pastor” nos oferece. Fonte: http://www.dehonianos.org
- Detalhes

A Conferência episcopal expressou consternação e tristeza. “Lançamos um apelo urgente a construir uma cultura de paz e de reconciliação”, lê-se no documento. Trata-se do segundo sacerdote assassinado em dois dias.
Cidade do Vaticano
Mais um luto para a Igreja no México. Pe. Juan Miguel Contreras García, 33 anos, foi assassinado esta sexta-feira (20/04) ao término da celebração da Eucaristia na Paróquia São Pio de Pietrelcina, na localidade de Tlajomulco, no Estado de Jalisco. Fontes locais dão conta de que um comando invadiu a Igreja. Alguns paroquianos disseram que o sacerdote estava substituindo outro padre na celebração da missa, o qual havia recebido ameaças de morte.
Comovente testemunho
Num comovente testemunho, dado durante o período no qual era diácono e frequentava o Seminário de Guadalajara, Pe. Juan Miguel fala da própria vocação: “O Senhor olhou para mim com misericórdia e me escolheu”, afirmava. “Para mim o sacerdócio significa encher o mundo de luz”, acrescentava.
No Estado de Jalisco, dilacerado por um narcotráfico que atinge também outras áreas do país, os cartéis da droga de Sinaloa e de Jalisco Nueva Generación disputam o território. “No México os sacerdotes, jornalistas e ativistas dos direitos humanos são cada vez mais vítimas de emboscadas realizadas por grupos criminosos.”
Quarta-feira passada (18/04), não distante de Cidade do México, foi assassinado outro sacerdote: Pe. Rubén Alcántara Díaz, da Diocese de Izcalli. O Centro Católico de Imprensa informa que 23 sacerdotes foram mortos no México durante os seis anos de presidência de Enrique Peña Nieto.
Consternação e tristeza
A Conferência Episcopal do México expressou, num comunicado, consternação e tristeza. “Lançamos um apelo urgente a construir uma cultura de paz e de reconciliação”, lê-se no documento. “Estes eventos deploráveis nos chamam todos à conversão muito mais profunda e sincera.” “Pedimos às autoridades competentes que esclareçam” esse dramático episódio e que ajam segundo justiça.
Depor as armas, o ódio e o rancor
Por fim, os bispos pedem a quem alimenta essa violência não somente que deponham as armas, mas também “o ódio, o rancor, a vingança e todos os sentimentos destrutivos”.
Fonte: www.vaticannews.va
- Detalhes
Na sociedade Jesus liberta enquanto indistintamente faz o bem. Ele é o pastor universal! Sejamos como Jesus, bons pastores a ponto de nos despojarmos de tudo em favor da felicidade, da salvação eterna de nossos próximos!
Pe. Cesar Augusto dos Santos - Cidade do Vaticano
No Evangelho deste domingo, Jesus diz que ele é o bom pastor, aquele que dá a vida, se despoja dela em favor do rebanho. Isso ele o fez de fato na cruz. Mas Jesus chegou à cruz porque sua vida foi um constante despojar-se de si mesmo em favor do outro, daqueles que havia recebido do Pai, com a missão de levá-los até Ele.
Jesus realiza essa sua missão onde estão os filhos de Deus: no Templo e na sociedade.
No Templo, Jesus os liberta do jugo dos sacerdotes, que se preocupam mais com a legalidade dos fatos, do que com o bem estar das pessoas. Aqueles que encontram Jesus, encontram a porta para se libertar de uma religião sufocante e essa mesma porta os conduz para o convívio amoroso e, por isso, libertador com o Pai. Nesse gesto de libertar, Jesus contraria os interesses dos opressores e é condenado à morte. Ele se despoja da vida para que a tenhamos. Por isso, Jesus é o Bom Pastor!
Na sociedade Jesus liberta enquanto indistintamente faz o bem. Ele é o pastor universal!
Podemos refletir e ver como vivemos esse carisma de Jesus que, pelo batismo, também se tornou nosso. Como pastoreamos nossa família, nossos amigos, nossos colegas e nós mesmos? Somos portas libertadoras, que se abrem para que o outro passe para o encontro com a felicidade? Ou somos porta de uma armadilha, que prende quem se aproxima da gente?
Fonte: www.vaticannews.va
Pág. 140 de 350




