Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

“Consolai, consolai meu povo, diz vosso Deus. (Is 40, 1)

Os últimos dias têm sido de recolhimento e oração junto aos irmãos e irmãs diante da dor e do sofrimento de nosso povo. Os desastres que ceifaram vidas em nossa querida cidade do Rio de Janeiro, nesta semana, nos unem em uma corrente de fé e solidariedade por todos aqueles que sofrem enlutados por imensa perda.

Desde quarta-feira (6), sete pessoas perderam suas vidas devido a fortes chuvas e ventos que deixaram um rastro dramático de destruição no Rio de Janeiro, especialmente, na comunidade da Rocinha, na região de São Conrado e outros locais. Todos os anos, acompanhamos com profunda consternação as notícias desesperadoras sobre os estragos causados nesta época do ano. Já é passado da hora o investimento em uma cultura que se preocupe com o bem comum, a ecologia e a justiça entre as gerações, para que não tenhamos mais que assistir a tantas imagens de flagelo social, onde especialmente os mais pobres e vulneráveis pagam com suas vidas o preço da falta histórica de planejamento urbano.

São famílias que perderam tudo, menos a fé e a confiança em Deus para superar esses desafios. O Papa Francisco, em sua encíclica “Laudato si”, relaciona as questões ecológicas, o cuidado da criação, o esforço por unir a sociedade na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, a partir das consequências tão perversas da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo. Eles são os excluídos do planeta, são bilhões de vítimas da chamada cultura do lixo.

Na manhã desta sexta-feira (8), somos surpreendidos, desta vez, pela morte de dez (10) pessoas, entre jovens atletas e funcionários, após um incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio. O fogo destruiu parte dos alojamentos do “Ninho do Urubu” e os sonhos de tantas famílias que perderam seus entes queridos. Nosso coração está unido a elas, nesse momento, pedindo que Deus Pai acolha os seus filhos que perderam a vida e conforte os familiares e amigos.

De joelhos dobrados, peço ao povo de toda a nossa Arquidiocese que mantenham as orações constantes em suas Igrejas e Paróquias, pedindo que Nosso Senhor Jesus Cristo possa para confortar as famílias e iluminar as autoridades do Rio de Janeiro, para que possam prover recursos que sanem os problemas urbanos e cessem as tragédias sociais evitáveis. Lembrando o que disse o Papa emérito Bento XVI, na abertura da conferência em Aparecida (SP): “Os povos latino-americanos e caribenhos têm direito a uma vida plena, própria dos filhos de Deus, com condições mais humanas: livres das ameaças da fome e de todas as formas de violência. Para estes povos, os seus Pastores têm que fomentar uma cultura da vida que permita, como dizia o meu Predecessor Paulo VI, "passar da miséria à posse do necessário, à aquisição da cultura, à cooperação no bem comum... até chegar ao reconhecimento, por parte do homem, dos valores supremos e de Deus, que é a origem e o termo deles" (cf. Populorum progressio, 21).

Diante das calamidades ensinou o Papa Francisco: “Pode ser. Mas há um Pai que chora conosco; há um Pai que chora lágrimas de infinita piedade para com os seus filhos. Nós temos um Pai que sabe chorar, que chora conosco. Um Pai que espera por nós para nos consolar, porque conhece os nossos sofrimentos e nos preparou um futuro diferente. Esta é a grande visão da esperança cristã que se expande por todos os dias da nossa existência, e nos quer reanimar”.

A nossa atitude diante da tragédia e de tanto sofrimento é morte é a oração, como nos ensinou o Papa Bento XVI: “Caros irmãos e irmãs, o Salmo 3 nos apresentou uma súplica plena de confiança e de consolação. Rezando este salmo, podemos fazer nossos, os sentimentos do Salmista, figura do justo perseguido que encontra em Jesus a sua plenitude. Na dor, no perigo, na amargura e na incompreensão e nas ofensas, as palavras do Salmo abrem o nosso coração à certeza confortante da fé. Deus é sempre próximo – também nas dificuldades, nos problemas, nas obscuridades da vida – escuta, responde e salva ao seu modo. Mas necessitamos saber reconhecer a sua presença e aceitar as suas vias, como Davi na sua fuga humilhante do filho de Absalão, como o justo perseguido do livro da Sabedoria e, por último e completamente, como o Senhor Jesus no Gólgota. Que o Senhor nos dê a fé, nos ajude na nossa fraqueza e nos torne capazes de crer e de rezar em meio a todas as angústias, nas noites dolorosas da dúvida e nos longos dias de dor, abandonando-nos com confiança nEle que é nosso escudo e nossa Glória”. 

As paróquias das regiões afetadas nessas duas tristes ocorrências estão tomando as providências, seja de assistência, proximidade, orações e celebrações. É a Igreja do Rio de Janeiro próxima e presente junto as pessoas. Na questão da ajuda social a Caritas Arquidiocesana está coordenando as ajudas humanitárias. As paróquias da sede do Flamengo na região do Leblon e do Centro de Treinamento em Vargem Grande estão unidas e com a proximidade possível celebrando e rezando nas várias intenções. O mesmo ocorre com as Paróquias de São Conrado e Rocinha que estão muito presentes com os desabrigados e necessitados. Em todas as nossas paróquias e capelas, neste final de semana recomendo que façam orações e súplicas nessas intenções.

Com a confiança em Deus, Pai, Filho e Espírito Santo encomendamos as almas das pessoas falecidas de maneira trágica e confiamos o seu eterno descanso ao Pai. Unidos às famílias enlutadas as abraçamos e queremos estar próximos na confiança da esperança da vida. Junto aos necessitados a nossa Caritas Arquidiocesana procura cumprir sua missão de concretizar as ajudas em unidade com as paróquias locais.

Que nosso padroeiro São Sebastião interceda pelo Rio de Janeiro e por todos nós. Amém!

Fonte: www.vaticannews.va

A liturgia deste domingo leva-nos a refletir sobre a nossa vocação: somos todos chamados por Deus e d’Ele recebemos uma missão para o mundo. 

 

Na primeira leitura, encontramos a descrição plástica do chamamento de um profeta – Isaías. De uma forma simples e questionadora, apresenta-se o modelo de um homem que é sensível aos apelos de Deus e que tem a coragem de aceitar ser enviado.

No Evangelho, Lucas apresenta um grupo de discípulos que partilharam a barca com Jesus, que acolheram as propostas de Jesus, que souberam reconhecê-l’O como seu “Senhor”, que aceitaram o convite para ser “pescadores de homens” e que deixaram tudo para seguir Jesus… Neste quadro, reconhecemos o caminho que os cristãos são chamados a percorrer.

PRIMEIRA LEITURA I – Is 6,1-2a.3-8

AMBIENTE

Estamos em Jerusalém, por volta de 740/739 a. C.. Isaías tem, então, à volta de vinte anos. Enquanto está no Templo em oração, descobre que Deus o chama a ser profeta. O texto de hoje relata-nos essa descoberta e a resposta de Isaías. No entanto, este relato não deve ser visto como uma reportagem jornalística de acontecimentos, mas sim como uma apresentação teológica de uma experiência interior de vocação.

Os pormenores folclóricos – o trono alto e sublime em que o Senhor Se senta, o seu manto que enche o Templo, os “serafins” com seis asas que voam sem cessar à volta e que cobrem a face e os pés, o oscilar das portas nos seus gonzos, o fumo – são elementos simbólicos com que o profeta desenha a grandeza, a omnipotência e a magnificência de Deus. É essa a perspectiva que o profeta tem do Deus que o chamou.

MENSAGEM

Nesta catequese sobre a experiência de vocação, encontramos vários passos. Vamos resumi-los brevemente.

Em primeiro lugar (vers. 1-5), Isaías deixa claro que a sua vocação é obra de Jahwéh, o Deus majestoso e santo, infinitamente acima do mundo e distante da realidade pecadora em que os homens vivem mergulhados. Os elementos literários típicos das teofanias (o temor, a voz forte, o fumo) definem o quadro típico das manifestações de Deus no Antigo Testamento: foi esse Deus que se manifestou a Isaías e que o convocou para o seu serviço.
Em segundo lugar (vers. 6-7), temos a objecção e a purificação. A objecção do profeta é um elemento típico dos relatos de vocação (cf. Ex 3,11, no chamamento de Moisés). Manifesta o sentimento de um homem que, chamado por Deus a uma missão, tem consciência dos seus limites e da sua indignidade, ou prefere continuar no seu cantinho cômodo, sem se comprometer. A “purificação” sugere que a indignidade e a limitação não são impeditivos para a missão: a eleição divina dá ao profeta autoridade, apesar dos seus limites bem humanos.

Em terceiro lugar, temos a aceitação da missão pelo profeta. Convém, a propósito, notar o seguinte: Isaías oferece-se sem saber ainda qual a missão que lhe vai ser confiada; manifesta, dessa forma, a sua disponibilidade absoluta para o serviço de Deus.
Temos, aqui, descrito o caminho da verdadeira vocação.

ATUALIZAÇÃO

Cada um de nós tem a sua história de vocação: de muitas formas Deus entra na nossa vida, desafia-nos para a missão, pede uma resposta positiva à sua proposta. Temos consciência de que Deus nos chama – às vezes de formas bem banais? Estamos atentos aos sinais que Ele semeia na nossa vida e através dos quais Ele nos diz, dia a dia, o que quer de nós?

A missão que Deus propõe está, frequentemente, associada a dificuldades, a sofrimentos, a conflitos, a confrontos… Por isso, é um caminho de cruz que, às vezes, procuramos evitar. Será que eu consigo vencer o comodismo e a preguiça que me impedem de concretizar a missão?

É preciso ter consciência, também, que as minhas limitações e indignidades muito humanas não podem servir de desculpa para realizar a missão que Deus quer confiar-me: se Ele me pede um serviço, dar-me-á a força para superar os meus limites e para cumprir o que Ele me pede.

Isaías aceita o envio, ainda antes de saber, em concreto, qual é a missão. É o exemplo de quem arrisca tudo e se dispõe, de forma absoluta, para o serviço de Deus. No entanto, é difícil arriscar tudo, sem cálculos nem garantias: é o pôr em causa os nossos projetos e esquemas para confiar apenas em Deus, de forma que Ele possa fazer de nós o que quiser. Qual a minha atitude em relação a isto?

EVANGELHO- ATUALIZAÇÃO (Lc 5,1-11)

1- O nosso caminho é feito no barco de Jesus, ou, às vezes, embarcamos noutros projetos onde Jesus não está e fazemos deles o objetivo da nossa vida? Por outro lado, deixamos que Jesus viaje conosco ou, às vezes, obrigamo-l’O a desembarcar e continuamos viagem sem Ele?

2- Ao longo da viagem, somos sensíveis às palavras e propostas de Jesus? As suas indicações são para nós sinais obrigatórios a seguir, ou fazem mais sentido para nós os valores e a lógica do mundo?

3- Reconhecemos, de fato, que Jesus é o “Senhor” que preside à nossa história e à nossa vida? Ele é o centro à volta do qual constituímos a nossa existência, ou deixamos que outros “senhores” nos manipulem e dominem?

4-Chamados a ser “pescadores de homens”, temos por missão combater o mal, a injustiça, o egoísmo, a miséria, tudo o que impede os homens nossos irmãos de viver com dignidade e de ser felizes. É essa a nossa luta? Sentimos que continuamos, dessa forma, o projeto libertador de Jesus?

5-A nossa entrega é total, ou parcial e calculada? Deixamos tudo na praia para seguir Jesus, porque o seu projeto se tornou a prioridade da nossa vida?

*Leia a reflexão na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.

Determinação ocorre após Justiça condenar Igreja a pagar indenização de R$ 12 mi por exploração sexual

O arcebispo da Paraíba, dom Manoel Delson Pereira, baixou um decreto, nesta quarta-feira (6), com uma série de proibições aos padres católicos para evitar novos casos de abuso sexual na Arquidiocese paraibana. 

O documento proíbe que os religiosos frequentem a casa paroquial na companhia de adolescentes que não estejam acompanhados de pais ou responsáveis e também de adultos considerados vulneráveis. A mesma regra se estende ao carro paroquial e a outros ambientes reservados. No documento, dom Manoel Delson avisa que os clérigos precisam ter clareza de que abuso sexual de pessoas com menos de 18 anos e de adultos vulneráveis é crime.

Em outro ponto, a Arquidiocese veta o oferecimento, durante atividades paroquiais, de alojamento a menores sem que os pais ou responsáveis estejam junto. “O atendimento espiritual a menores e adultos vulneráveis, sobretudo no sacramento da confissão, deve ser feito nos confessionários ou em lugares adequados na igreja que garantam segurança e visibilidade”, diz o terceiro ponto do artigo 4 do decreto.

Dom Manoel Delson também faz um alerta sobre a aquisição ou divulgação de imagens pornográficas de menores com idade inferior a 14 anos. Ele determina que qualquer padre que receba acusações relacionadas a abuso sexual deve comunicar o caso imediatamente ao arcebispo. 

O decreto ordena o afastamento de maneira cautelar de religiosos acusados, mesmo que o caso não esteja concluído. “O acusado será informado das acusações específicas contra ele e será aconselhado a constituir um advogado aprovado pelo arcebispo. As despesas com a assistência legal serão assumidas pelo imputado”, diz o artigo 8.

As novas regras foram impostas após divulgação de reportagem no Fantástico, da TV Globo, informando que a Justiça do Trabalho condenou a Arquidiocese da Paraíba a pagar uma indenização de R$ 12 milhões por exploração sexual de adolescentes.

Na próxima terça-feira (12), o Tribunal de Justiça da Paraíba deve concluir o julgamento do caso em que o padre Adriano José da Silva, já falecido, é acusado de ter abusado sexualmente de pelo menos 20 jovens. 

Já existe maioria formada pela condenação. Os magistrados que votaram até agora determinam que a Arquidiocese da Paraíba deve ser multada em R$ 300 mil. Fonte: https://arapiraca.7segundos.com.br

Caso ocorreu na Mangueira, na tarde desta sexta-feira

RIO — Um homem foi preso depois manter um pastor de uma igreja refém, na Mangueira, Zona Norte do Rio, na tarde desta sexta-feira. Identificado como Igor Cavalcante Peixoto, ele utilizou um controle remoto, simulando ser uma arma, para render a vítima. A informação é da Polícia Militar. A igreja fica localizada na Avenida Visconde de Niterói

Policiais foram acionados após receberem uma denúncia de que haveria um assaltante no interior da igreja. Uma patrulha, então, foi até o local e encontraram Igor, após procurarem pelos cômodos do templo.

O controle remoto estava em sua cintura. Nos bolsos, ele, ainda conforme informou a Polícia Militar, escondia objetos roubados da igreja. Após ser encontrado pelos policiais, ele foi levado para a delegacia da Tijuca, a 19 DP. Apesar do susto, o pastor não ficou ferido.

Ainda conforme ressaltou a polícia, ele estaria envolvido em outros dois assaltos a igrejas. Além disso, Igor já havia sido preso, mas fugiu da prisão. Fonte: https://oglobo.globo.com

Caso envolvendo o padre Givaldo Rocha teria acontecido em 20 de janeiro de 2018

Após a divulgação de um vídeo polêmico, um padre que pertence a Diocese de Propriá, em Sergipe, mas que havia pedido transferência para Alagoas, foi expulso da Arquidiocese de Maceió. O motivo foi a publicação de imagens onde o sacerdote aparece fazendo declarações controversas, como a que “pobre é uma raça miserável de lidar”.

O caso envolvendo o padre Givaldo Rocha teria acontecido em 20 de janeiro de 2018 durante uma celebração eucarística em homenagem aos festejos da padroeira de Santana do Mundaú, Nossa Senhora Sant’Ana. O vídeo repercutiu nas redes sociais e causou a revolta de fiéis.

Nas imagens é possível ver o padre lançando uma série de acusações contra moradores da localidade que supostamente teriam prometido ajudar nas barracas de comidas nos dias da festa.

“Eu costumo dizer que a igreja fez a evangélica opção preferencial pelos pobres, mas pense numa raça miserável de lidar é pobre. Com todo respeito, pois eu digo a vocês: são vocês, os pobres, que mantêm a igreja. Mas quando eu digo pobre, é sobretudo aqueles que querem somente se beneficiar por causa de um metro de asfalto. É uma vergonha”, destacou o padre.

Com a medida, padre Givaldo deve retornar para a sua diocese de origem e será impedido de celebrar no território da arquidiocese, ficando a cargo do seu bispo tomar as medidas punitivas.

Arquidiocese de Maceió divulgou uma nota sobre o ocorrido.

NOTA DE ESCLARECIMENTO 

A Arquidiocese de Maceió comunica que o padre Givaldo Rocha de Santana, da Diocese de Propriá, em Sergipe, que exercia a função de administrador paroquial na Paróquia Senhora Sant’Ana, na cidade de Santana do Mundaú, não é *incardinado no Clero da Arquidiocese de Maceió. Portanto, o sacerdote estava no território arquidiocesano em experiência pastoral.

E, agora, por ordem do Arcebispo Metropolitano de Maceió, Dom Antônio Muniz Fernandes, no final do mês de fevereiro do corrente ano ele retorna a sua diocese de origem, em Propiá-SE.

*INCARDINAÇÃO: Termo jurídico canônico usado pela Igreja para exprimir o vínculo jurídico do sacerdote com a Arquidiocese. Fonte: http://www.aquiacontece.com.br

1) Oração

Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 5, 1-20)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Jesus e os discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2Logo que Jesus desceu do barco, um homem que tinha um espírito impuro saiu do meio dos túmulos e foi a seu encontro. 3Ele morava nos túmulos, e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas vezes tinha sido preso com grilhões e com correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava os grilhões, e ninguém conseguia dominá-lo. 5Dia e noite andava entre os túmulos e pelos morros, gritando e ferindo-se com pedras. 6Ao ver Jesus, de longe, o homem correu, caiu de joelhos diante dele 7e gritou bem alto: “Que queres de mim, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? Por Deus, não me atormentes!” 8Jesus, porém, disse-lhe: “Espírito impuro, sai deste homem!” 9E perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?” Ele respondeu: “Legião é meu nome, pois somos muitos”. 10E suplicava-lhe para que não o expulsasse daquela região. 11Entretanto estava pastando, no morro, uma grande manada de porcos. 12Os espíritos impuros suplicaram então: “Manda-nos entrar nos porcos”. 13Jesus permitiu. Eles saíram do homem e entraram nos porcos. E os porcos, uns dois mil, se precipitaram pelo despenhadeiro no mar e foram se afogando. 14Os que cuidavam deles fugiram e espalharam a notícia na cidade e no campo. As pessoas saíram para ver o que tinha acontecido. 15Chegaram onde estava Jesus e viram o possesso sentado, vestido e no seu perfeito juízo – aquele que tivera o Legião. E ficaram com medo. 16Os que tinham presenciado o fato explicavam-lhes o que havia acontecido com o possesso e com os porcos. 17Então, suplicaram Jesus para que fosse embora do território deles. 18Enquanto Jesus entrava no barco, o homem que tinha sido possesso pediu para que o deixasse ir com ele. 19Jesus, porém, não permitiu, mas disse-lhe: “Vai para casa, para junto dos teus, e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”. 20O homem foi embora e começou a anunciar, na Decápole, tudo quanto Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados. - Palavra da salvação.

3) Reflexão

*  No Evangelho de hoje, vamos meditar um longo texto sobre a expulsão de um demônio que se chamava Legião e que oprimia e maltratava uma pessoa. Hoje há muita gente que usa os textos do evangelho sobre a expulsão dos demônios para meter medo nos outros. É pena! Marcos faz o contrário. Como veremos, ele associa a ação do poder do mal com quatro coisas: 1) Com o cemitério, o lugar dos mortos. A morte que mata a vida! 2) Com o porco, que era considerado um animal impuro. A impureza que separa de Deus!  3) Com o mar, que era visto como símbolo do caos de antes da criação. O caos que destrói a natureza. 4) Com a palavra Legião, nome dos exércitos do império romano. O império que oprime e explora os povos. Ora, Jesus vence o poder do mal nestes quatro pontos. A vitória de Jesus tinha um alcance enorme para as comunidades dos anos setenta, época em que Marcos escreve o seu evangelho. Elas viviam perseguidas pelas legiões romanas, cuja ideologia manipulava as crenças populares nos demônios para meter medo no povo e conseguir submissão!

O poder do mal oprime, maltrata e aliena as pessoas. Os versículos iniciais descrevem a situação do povo antes da chegada de Jesus. Na maneira de descrever o comportamento do endemoninhado, Marcos associa o poder do mal com cemitério e morte. É um poder sem rumo, ameaçador, descontrolado e destruidor, que mete medo em todos. Priva a pessoa da consciência, do autocontrole e da autonomia.

Diante da simples presença de Jesus o poder do mal desmorona e desintegra. Na maneira de descrever o primeiro contato entre Jesus e o homem possesso, Marcos acentua  a desproporção total! O poder, que antes parecia tão forte, se derrete e se desmancha diante de Jesus. O homem cai de joelhos, pede para não ser expulso da região e entrega até o seu nome Legião. Através deste nome, Marcos associa o poder do mal com o poder político e militar do império romano que dominava o mundo através das suas Legiões.

O poder do mal é impuro e não tem autonomia nem consistência. O demônio não tem poder sobre os seus próprios movimentos. Só consegue ir para dentro dos porcos com a permissão de Jesus! Uma vez dentro dos porcos, estes se precipitam no mar. Eram 2000 porcos! Na opinião do povo, o porco era símbolo da impureza que impedia o ser humano de relacionar-se com Deus e sentir-se acolhido por Ele. O mar era símbolo do caos que existia antes da criação e que, conforme a crença da época, ameaçava a vida. Este episódio dos porcos que se precipitam no mar é estranho e difícil de ser entendido. Mas a mensagem é muito clara: diante de Jesus, o poder do mal não tem autonomia nem consistência. Quem crê em Jesus já venceu o poder do mal e já não precisa ter medo!

A reação do povo do lugar. Alertado pelos empregados que tomavam conta dos porcos, o povo do lugar veio e viu o homem liberto do poder do mal “em perfeito juízo”. Mas eles ficaram sem os porcos! Por isso, pedem a Jesus para ir embora. Para eles, os porcos eram mais importantes que o ser humano que acabava de ser devolvido a si mesmo. Assim é hoje:  o sistema neoliberal pouco se importa com as pessoas. O que importa é o lucro!

Anunciar a Boa Nova é anunciar “o que o Senhor fez por você!”  O homem liberto quer “seguir Jesus”, mas Jesus diz: “Vá para casa, para junto dos seus, e anuncia a eles o que o Senhor fez por você!”. Esta frase de Jesus, Marcos a dirige às comunidades e a todos nós. Para a maioria de nós “seguir Jesus” significa: “Vá para sua casa e anuncia aos seus o que o Senhor te fez!”

4) Para um confronto pessoal

1) Qual o ponto deste texto de que você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?

2) O homem curado quer seguir Jesus. Mas ele deve ficar em casa e contar a todo mundo o que Jesus fez por ele. O que Jesus fez por você que pode ser contado para os outros?

5) Oração final

Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos. (Sl 30, 20)

Após pouco mais de seis horas de viagem, o Papa Francisco chegou aos Emirados Árabes Unidos, onde permanecerá até a próxima terça-feira, dia 5. Trata-se da primeira visita de um Sucessor de Pedro à península arábica.

Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano

O Papa Francisco já se encontra nos Emirados Árabes Unidos. O avião papal da companhia Alitalia, um B777, aterrissou este domingo (03/02) às 21h48 locais (15h48 de Brasília) no Aeroporto Presidencial de Abu Dhabi após percorrer 4.298 Km, num voo de pouco mais de 6 horas de duração.

O Pontífice foi acolhido ainda a bordo pelo núncio apostólico nos Emirados, Dom Francisco Montecillo Padilla. Após deixar a aeronave, Francisco foi acolhido pelo Príncipe herdeiro Xeque Mohammed bin Zayed Al Nahyan e duas crianças em vestes tradicionais que lhe ofereceram flores. O acolhimento oficial, acompanhado de músicas tradicionais, não previa discursos.

O Santo Padre e o Príncipe herdeiro passaram pela Guarda de Honra e saudaram as respectivas delegações. Em seguida, o Papa saudou o Grão Imame de al-Azhar Ahmad al Tayyib, com o qual tomaram o veículo para transferir-se do aeroporto ao Al Mushrif Palace, residência oficial do Estado reservada aos hóspedes ilustres, onde o Pontífice estará hospedado estes dias, vez que falta uma  nunciatura nos Emirados Árabes Unidos. A visita prosseguirá até esta terça-feira.

A partir desta segunda, dia 4, os primeiros compromissos oficiais do Santo Padre nesta sua 27ª viagem apostólica internacional - a primeira de um Pontífice à península arábica:

A cerimônia de boas-vindas e a visita oficial ao Príncipe herdeiro, no Palácio Presidencial às 12h locais (6h de Brasília). Na parte da tarde, 11h de Brasília, terá lugar o encontro com os membros do Conselho Muçulmano de Anciãos. E às 18h10 (12h10 de Brasília), o encontro inter-religioso no Memorial do Fundador, onde o Papa Francisco fará seu discurso, evento que a Rádio Vaticano – Vatican Media transmitirá ao vivo, via satélite, para todo o Brasil e demais emissoras que nos retransmitem. Fonte: www.vaticannews.va

Antes de deixar o Vaticano, Pontífice cobrou respeito à trégua na guerra do Iêmen, na qual o anfitrião tem forte papel militar

ABU DHABI — O Papa Francisco se transformou no primeiro Pontífice a visitar a Península Arábica, o berço do Islã, neste domingo, poucas horas depois de seu pronunciamento mais duro contra a guerra no Iêmen, na qual o anfitrião de sua viagem, os Emirados Árabes Unidos, têm importante papel militar.

O avião do chefe da Igreja Católica aterrissou em Abu Dhabi pouco antes das 22h (16h de Brasília). Antes de sair de Roma, Francisco escreveu no Twitter que se dirigia aos Emirados "como um irmão para escrevermos juntos uma página de diálogo e percorrermos juntos os caminhos de paz".

Francisco foi recebido pelo príncipe herdeiro de Abu Dhabi, xeque Mohamed bin Zayed al-Nahyan, e pelo imã de Al-Azhar, a instituição mais importante do Islã sunita, sediada no Cairo, xeque Ahmed al-Tayerbiman, a quem o Pontífice abraçou.

Antes de partir para Abu Dhabi, o Papa destacou que acompanhava a crise humanitária no Iêmen com grande preocupação, durante seu discurso habitual de domingo na Cidade do Vaticano. Ele instou as partes do conflito a implementarem "com urgência" uma trégua acordada para a cidade portuária de Hodeida, crucial para o acesso da ajuda humanitária.

— O choro dessas crianças e seus pais se eleva a Deus — ressaltou ele às milhares de pessoas na Praça de São Pedro.

A guerra no Iêmen opõe as forças pró-governo, apoiadas no terreno desde 2015 pela Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, aos rebeldes houthis xiitas, respaldados pelo Irã e que controlam amplas zonas do país, incluindo a capital Sanaa. O conflito, de quase quatro anos, condenou o povo à fome.

As Nações Unidas tentam implementar uma trégua e a retirada de tropas no principal porto iemenita, em Hodeida, o que havia sido acordado em negociações de dezembro como um passo para a construção de confiança entre as partes, rumo a conversas políticas que objetivassem o fim do conflito.

— Vamos rezar com força porque são crianças que estão famintas, sedentes, não têm medicamentos e correm perigo de morte — alertou o Papa.

O Papa se reunirá com líderes muçulmanos e celebrará uma missa ao ar livre para cerca de 120 mil católicos. Francisco havia dito que a viagem, de duração até terça-feira, é uma oportunidade para escrever "uma nova página na História das relações entre as religiões".

Há cerca de um milhão de católicos nos Emirados, adeptos de um Islã moderado e cuja sociedade é bastante aberta ao mundo exterior. A maioria são trabalhadores asiáticos, que podem praticar a sua religião em oito igrejas.

Diferentemente do seu vizinho saudita, que proíbe a prática de outras religiões que não sejam o Islã, os Emirados Árabes Unidos querem projetar uma imagem de país tolerante.

No entanto, as autoridades controlam as práticas religiosas e reprimem a contestação política e a exploração da religião, inclusive pelos adeptos de um Islã político, encarnado pela Irmandade Muçulmana.

Anwar Gargash, ministro das Relações Exteriores, fez alusão a isso neste domingo em um tuíte no qual critica o Catar, boicotado por seu país e três de seus aliados, que o acusam de apoiar islamitas radicais, o que Doha desmente.

O ministro destacou a diferença entre o "mufti do terrorismo", em referência ao religioso Yusef al-Qardaui, considerado chefe espiritual da Irmandade Muçulmana, que é protegida pelo Catar, e o seu país, que acolhe um dos símbolos de "tolerância e amor", que são o papa e o imã de Al-Azhar.

A organização Anistia Internacional pediu ao papa que coloque sobre a mesa em Abu Dhabi a questão do respeito aos direitos humanos e criticou que muitos dissidentes permaneçam detidos no país.

A Human Rights Watch também pediu neste domingo ao papa que aproveite a sua visita para falar da situação dos direitos humanos no Iêmen, onde os Emirados intervêm militarmente junto com a Arábia Saudita

Desde o início do seu Pontificado, o Papa viajou a vários países cuja população é majoritariamente muçulmana, como Egito, Azerbaijão, Bangladesh e Turquia. Em março viajará ao Marrocos. Fonte: https://oglobo.globo.com

Em algumas aldeias, religiosos construíram igrejas dentro de unidades de conservação, o que é proibido por lei

Renato Grandelle

RIO — Começou nas décadas de 1930 e 40, quando pesquisadores estrangeiros, com apoio de instituições brasileiras, adentraram na Amazônia para resgatar idiomas quase extintos diante do desaparecimento de tribos. Mas além do interesse científico os missionários linguistas carregavam a Bíblia debaixo do braço. Quase um século depois, o avanço cristão deixou marcas floresta afora. Das 340 etnias indígenas presentes na região, 182, ou 53,5% do total, têm presença missionária evangélica. Em 132, representantes da população nativa participam d a pregação, segundo um relatório de 2010 da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB).

Órgãos oficiais, como a Fundação Nacional do Índio (Funai), não têm estimativas sobre a quantidade de grupos atuantes nas tribos. Em algumas, os religiosos construíram igrejas dentro dos territórios indígenas, o que é proibido por lei.

— É uma ocupação desordenada. Quando percebemos, os missionários já estão ali sem respeitar critérios como apresentar documentação e vacinação — relata Junio Esllei Martins de Oliveira, coordenador geral da ONG Instituto Kabu, que representa 12 aldeias caiapós no Pará. — Às vezes as missões condenam aspectos de nossa cultura, como o canto, a dança e a figura do pajé.

Esllei calcula que, entre os 1.700 caiapós que habitam as aldeias, 30% foram convertidos ao cristianismo evangélico. E ressalta que “não é contra nem a favor” do fenômeno, desde que as crenças indígenas sejam respeitadas:

— A Funai, que deveria controlar a entrada dessas pessoas, está muito fragilizada. Tem outras prioridades, como conter a ação de nosso território por grileiros. Estamos em uma área conhecida pelo intenso desmatamento.

O órgão indígena reconhece que algumas missões religiosas chegam à Amazônia sob o pretexto de realizar pesquisas científicas, incluindo o aprendizado de idiomas. Antropóloga e professora do Museu Nacional, Aparecida Vilaça, que estuda em Rondônia a tribo wari, critica o “descontrole e a conivência” do poder público.

— Um pesquisador precisa passar por uma série de requisitos para entrar em uma aldeia, como apresentar cronogramas do estudo e enviar seu projeto a colegas. Para os missionários, porém, não há controle, uma autorização formal para ingresso ou processo de expulsão. Alguns estão na mesma região há gerações — compara. — Eles entram no território com tecnologias e medicamentos. Associam a cura de doenças à oração, dizem que o fim do mundo está próximo e, por isso, aqueles que não rezam podem sofrer punições como ser engolidos por animais gigantes.

‘Ex-pajé’

O sermão catastrofista e o encanto com os artigos levados à aldeia põem em xeque a credibilidade dos líderes locais. É o caso de Perpera Suruí, pajé do Território Indígena Paiter Suruí, na fronteira de Rondônia com Mato Grosso. A cruzada promovida por pastores evangélicos contra rituais tradicionais, como a adoração de espíritos, jogou-o em uma espécie de limbo — deixou de receber remédios, bolsa de assistência social e carona para a cidade. 

— Entregar programas de educação e saúde indígena a fundamentalistas é complicado — adverte Luiz Bolognesi, diretor e roteirista de “Ex-pajé”, documentário sobre Perpera

Suruí. — Os missionários promovem uma série de práticas ilegais, como montar igrejas em territórios indígenas. Hoje, Perpera é zelador de um templo.

Em 2010, segundo o relatório da AMTB, o país contava com uma associação indígena de tradutores — voltados principalmente para a conversão da Bíblia aos idiomas locais — e um conselho de pastores e líderes evangélicos indígenas. 

— Os missionários estabelecem nas aldeias uma relação de cumplicidade, inclusive com os líderes indígenas, que muitas vezes estão em situação precária. Hoje, muitas têm pastores e diáconos indígenas — explica Artionka Capiberibe, antropóloga da Unicamp.

Da mesma forma como conseguem entrar em uma tribo, os missionários, de acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, não encontram dificuldades em retirar crianças daquele ambiente. Para isso, fazem exames em que atestam o que seriam más condições de saúde, e, já na cidade, cortam o contato entre os pequenos índios e sua família. Eles, então, passam por um processo “civilizacional” — aprendem o cristianismo, são alfabetizadas em português, ganham roupas e brinquedos e provam alimentos que não existem em sua aldeia. Fonte: https://oglobo.globo.com

No dia 2 de fevereiro, a Igreja celebra a Apresentação de Jesus no Templo e também o Dia Mundial da Vida Consagrada. O arcebispo de Porto Alegre e presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, dom Jaime Spengler concedeu entrevista exclusiva ao portal da CNBB sobre a data e deixou uma mensagem especial a todos os consagrados. Na ocasião, dom Jaime confessou que expressar reconhecimento pela obra de evangelização realizada pelos consagrados e consagradas ainda é pouco diante de tantas inciativas e frentes alçadas em distintas regiões do Brasil.

Confira a entrevista na íntegra:

Dom Jaime, no contexto sociocultural em que vivemos, qual é o papel dos membros da vida consagrada?

A missão dos consagrados e consagradas é ser testemunhas do Reino de Deus, anunciado por Jesus. Através da profissão dos conselhos evangélicos os consagrados e consagradas escolheram e abraçaram um caminho especial de seguimento de Cristo, para se dedicarem a Ele e à causa do Reino por Ele anunciado de coração indiviso.

As pessoas que abraçam a Vida Consagrada deixam tudo para estar com Cristo e colocar-se, como Ele, ao serviço de Deus e dos irmãos e irmãs. A história da Igreja do Brasil é marcada pelo testemunho de uma miríade de consagrados/as. Quanto bem se fez e se faz através do empenho e dedicação de mulheres e homens que assumiram e assumem o Evangelho como regra de vida! 

Expressar reconhecimento e gratidão por todo bem realizado em prol da obra da evangelização entre nós por esta parcela particular da comunidade de fé é pouco diante de tantas iniciativas, de tantas frentes de evangelização em distintas regiões de nosso imenso território.

A pastoral vocacional se tornou prioritária neste novo momento da história da evangelização? 

A pastoral vocacional tem a tarefa de apresentar à comunidade de fé a beleza e dignidade da consagração através da profissão dos conselhos evangélicos. Ela é desafiada a propor às novas gerações esse estilo de vida na sua radicalidade e simplicidade. 

No entanto, a melhor forma de promover a vida consagrada não consiste na criação de metodologias, organização, planejamento e estratégias. Isto é também necessário. Contudo, decisivo é o testemunho de vida de cada consagrado e de cada comunidade de vida consagrada. Há um ditado que diz o seguinte: “as palavras convencem, mas os exemplos arrastam”. O exemplo de vida comunitária, baseado no princípio da ‘mesa comum, caixa comum, capela comum’ e sustentado por uma vida autenticamente fraterna, onde cada membro da fraternidade cuida do outro e se deixa também cuidar pelo outro, onde as tarefas são assumidas em fraternidade, onde se faz sentir a alegria do Evangelho, na simplicidade e na generosidade, ali implicitamente se promove vocações. Onde o senso de pertença à família religiosa se faz sentir e a corresponsabilidade é visível se manifesta também o desejo de outros de participar da forma de vida.

São Paulo VI usou uma expressão muito bela e que, de algum modo, continua tendo valência em nossos dias: “O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas”. Não podemos esquecer que o primeiro mandamento do Senhor ao falar de operários para a vinha é rezar; “Pedi ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe”. Será que em nossas comunidades religiosas, em nossas Paróquias estamos rezando pelas vocações à Vida Consagrada? Como rezamos?

Um outro aspecto que merece destaque quando falamos de pastoral vocacional diz da necessidade de falar bem uns dos outros; falarmos bem de nossas fraternidades; ou seja, apresentar a comunidade ou a fraternidade com lugar de convívio sadio, engajado, alegre. É verdade que nossas casas não são, por vezes, um ‘paraíso’. No entanto, é ‘minha casa’, são’ meus irmãos, minhas irmãs’ – dons do Senhor! Não é raro encontrar fragilidades de todo o tipo, omissões, conformismo.  Este dado oferece a chance para um ainda maior engajamento pessoal, com o intuito de ali promover a forma de vida, o Evangelho.     

Qual mensagem deixaria aos consagrados neste dia dedicado a eles?

A Vida Consagrada, a partir dos seus múltiplos carismas, precisa avançar no tempo, tendo um olho no Evangelho e o outro na realidade histórico-social na qual se encontra inserida. Disto depende também o profetismo característico da forma de vida.

O Papa Francisco dizia recentemente que “parece ter-se instalado nas nossas comunidades uma espécie subtil de cansaço (…) Trata-se duma tentação que poderíamos chamar o cansaço da esperança (…) Um cansaço que nasce ao olhar o futuro quando a realidade me cai em cima pondo em questão as forças, os recursos e a viabilidade da missão neste mundo, que não cessa de mudar e interpelar”.

De fato, o mundo não cessa de mudar e nos interpelar. É justamente neste momento histórico que a Vida Consagrada não deve temer realizar uma auto crítica, avaliar as formas de atuação e, talvez, se refundar, delineando novas formas de atuação em, talvez, outros contextos. Refundar não no sentido de voltar atrás para um passado que não mais existe, mas de, com discernimento e determinação, colher os desafios que o mundo hoje apresenta à Vida Consagrada. Também não se trata de adaptar-se à mentalidade do mundo, mas de resgatar os princípios basilares da Vida Consagrada, compreender o que significa ser sinal de contradição e lançar-se corajosamente na tarefa de anunciar e testemunhar ao mundo que o Evangelho é vida e vida em plenitude; que a Vida Consagrada vale a pena, que é caminho de realização e felicidade.

Não podemos ter medo! O Senhor prometeu estar com os seus todos os dias até o final dos tempos. As contradições que encontramos e as fragilidades que se fazem sentir são condição para avançar com ainda maior determinação no caminho proposto e assumido. Vale a pena , talvez, aqui recordar o que dizia D. Helder Câmara: “Quando os problemas se tornam absurdos, os desafios se tornam apaixonantes”.

É preciso sempre e de novo voltar a Jesus e seu Evangelho. O Evangelho é apaixonante. Por isso, o consagrado/a não deve ter receio ou medo de dizer a quem encontra que ‘gosta do que é e ama o que faz’ Fonte: http://www.cnbb.org.br

O bispo de Juazeiro (BA), dom Carlos Alberto Breis Pereira, divulgou mensagem na última quarta-feira, 30, sobre os rompimentos de barragens de rejeitos de mineração de Mariana (MG) e Brumadinho (MG). No texto, dom Beto convocou a todos para que exijam das autoridades competentes a preservação de rios e córregos “ainda não envenenados pelo fel dos criminosos”.

Dom Beto é enfático ao tratar como crimes os acontecidos em Mariana e Brumadinho e denuncia a mineradora Vale, “para a qual o lucro e os sucessos nas cotações importam incomparavelmente mais que vidas humanas e de tantos outros elementos da Criação, nossa Casa Comum”.

Tendo a sua diocese localizada na “bacia hidrográfica do Rio da Integração Nacional”, o rio São Francisco, dom Carlos Alberto manifestou em seu texto apreensão com os “riscos reais de que o veneno que escorre com a enorme quantidade de lama, substâncias e sedimentos diversos em densidade e em grau de contaminação, chegue às águas do Rio São Francisco, nosso Velho Chico”.

 “Ele é nosso irmão e o pai das populações por onde suas generosas águas fluem até desaguarem na imensidade do Atlântico (após percorrerem 2.700 km de sua extensão). Estudos realizados comprovam que tal veneno nem sempre terá a visibilidade da lama que destrói e provoca mortes imediatas, comporta grau nocivo e letal. Podemos imaginar, apreensivos, o que pode ocorrer se medidas efetivas e imediatas não forem tomadas no sentido de que esse material contaminante não chegue à bacia hidrográfica do Rio da Integração Nacional”, afirmou dom Beto.

O chamado do bispo de Juazeiro é de convocação para exigir das autoridades que sejam tomadas medidas “cabíveis e urgentes no sentido de garantir a preservação de rios e córregos ainda não envenenados pelo fel dos criminosos movidos pelo afã do dinheiro ‘fácil’”.

De acordo com o Serviço Geológico Brasileiro, na quinta-feira, a lama de rejeitos já percorreu cerca de 100 quilômetros no curso do rio Paraopeba. O órgão reforça que os sedimentos não devem chegar à barragem de Três Marias e consequentemente no Rio São Francisco. Mesmo assim, há a preocupação dos metais pesados comprometerem a qualidade da água e a biodiversidade da bacia do Velho Chico, uma vez que estes materiais seguirão o fluxo da água.

No fim da mensagem, o bispo sugere um pedido a Deus para que “a lama que corre e escorre, represas de ganância e cobiça, abra nossos olhos das brumas que ofuscam a sensibilidade moral e a responsabilidade pelo cuidado com a Vida”. E continua: “Que não represemos, com olhos abertos pelo toque recriador daquEle que com uma porção de lama abriu os olhos do cego, nossa compaixão indignada e a capacidade de repensarmos este mundo e nossa convivência”.

O regional Nordeste 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no qual estão reunidas as dioceses da Bahia e do Sergipe, preparou a “Cartilha Ecológica do Rio São Francisco”, um subsídio pelo qual a Igreja convida a população a um esclarecimento e uma reflexão que possam surtir efeitos práticos pela restauração da bacia do Velho Chico.

A Cartilha Ecológica pretende: descrever o Rio São Francisco e seus afluentes de maneira simples e didática, com toda a sua riqueza para a vida da população ribeirinha; apresentar as principais causas que estão levando o Rio a morrer; propor ações concretas que devem ser adotadas urgentemente para reverter o processo de morte instaurado nos rios da bacia; exortar a todos os agentes responsáveis nos vários segmentos sociais, para que cada um assuma sua parcela de responsabilidade na defesa da vida do rio e de seu povo. Fonte: http://www.cnbb.org.br

Dom  Otacilio Ferreira de Lacerda, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, convida todos a refletirem sobre a preservação de nossa Casa Comum. A poesia e a dor dão o tom às palavras de dom Otacílio instigadas pelas tragédias de Brumadinho, de Bento Rodrigues e tantas outras que matam as pessoas e a natureza. Mas a esperança da conversão prevalece no convite a acolhermos a missão confiada por Deus: recriar o paraíso.

Ela está gritando

“Com efeito, sabemos que toda a criação, até o presente, está gemendo como que em dores de parto…” (Rm 8,22)

Posso ouvir seus gritos, porque sugada, pisoteada.
Impossível secar suas lágrimas, porque são como um mar.
Há que se ter um limite para ambição desmedida,
Sobretudo quando movida pelo interesse insano
Da produção, consumo, venda e lucro sem fim.

 

Posso ouvir seus gemidos, clamores subindo aos céus;
Ela não suporta nossa arrogância e falta de escrúpulos,
Com exploração abismal, graves consequências,
Muitas vezes, pagas por vidas de pobres e indefesos,
Que se sobrevivendo, sem direitos sagrados garantidos.

 

Posso ouvir seus suspiros profundos de esperança,
Como que dizendo: “convertam-se, enquanto é tempo!”
Retomemos o projeto do Criador no Paraíso:
“Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra” (Gn 1,18),
Desde que “dominar” não seja sinônimo de “destruição”!

 

Ela, nossa “casa comum”, Planeta Terra, apesar do que façamos,
Por desígnio divino, nos sacia, como um milagre, todos os dias,
Como rezamos ontem, hoje e sempre com o Salmista:
“Eu o sustentaria com a fina flor do trigo e
saciaria com o mel que escorre da rocha” (Sl 81,16).

 

Ela está gritando, agonizando…
Urge rever com ela nossa postura.
Amar e cuidar de nossa casa comum,
Recriar o Paraíso, sem adiamento,
Missão que Deus a nós confia. Amém.

*Referencial para a Região Episcopal Nossa Senhora Aparecida (Rensa) 
Responsável pelo Vicariato Episcopal para a Ação Social. Fonte: http://arquidiocesebh.org.br

A Igreja São Sebastião, Matriz de Brumadinho, foi pequena para receber tantos fiéis. Corações em luto, unidos na dor e na fé, rezaram pelos parentes e amigos que morreram na tragédia da barragem que se rompeu. A Missa de Sétimo Dia com preces dedicadas às vítimas foi marcada por muita emoção. Presidida pelo arcebispo dom Walmor, concelebrada por muitos padres e diáconos, a Celebração Eucarística foi além do ambiente da Igreja. Reuniu fiéis nas escadarias do templo, nas ruas da cidade, em muitas Igrejas da Capital e de sua Região Metropolitana, que também tiveram Missas dedicadas às vítimas.

Na procissão de entrada, dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, referencial para o Vale do Paraopeba, e padre Renê Lopes, pároco da Paróquia São Sebastião, de Brumadinho, não continham a emoção. Incansáveis na acolhida aos que sofrem as dores da perda, desde sexta-feira, dia e noite, choraram com os que sofrem.

Durante a homilia, o arcebispo dom Walmor transmitiu aos fiéis a bênção apostólica do Papa Francisco, enviada pelo Secretário de Estado do Vaticano, cardeal dom Pietro Parolin. Partilhou também mensagem de solidariedade do Núncio Apostólico no Brasil, dom Giovanni D’Aniello, que planeja visitar Brumadinho.

Dom Walmor sublinhou que a fé não deixa morrer a esperança. Por isso, com o objetivo de fortalecer ainda mais o anúncio do Evangelho e a acolhida aos que sofrem, no Vale do Paraopeba, fez importante anúncio: a criação do Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora do Rosário, em Brumadinho. “Juntos, com segmentos da sociedade, devemos caminhar no horizonte de Deus – bem, justiça e verdade. Minas Gerais não pode ser a mesma, o Brasil também precisa mudar. Em Minas Gerais, a legislação minerária não poderá ficar como está, ou teremos novas catástrofes”.

Após a homilia, o nome de cada pessoa que morreu na tragédia da mineração em Brumadinho foi relembrado por dom Vicente e padre Renê. No ofertório, um carrinho de mão, cheio de lama, simbolizou a devastação que pôs fim a vidas e feriu gravemente o meio ambiente.

Ao final da Missa, com a Igreja escura, fiéis acenderam velas. Cada ponto luminoso homenageou as pessoas que morreram na tragédia, deixando Brumadinho, Minas e o Brasil de luto. Fonte: http://arquidiocesebh.org.br

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 4, 26-34)

Naquele tempo, 26Jesus disse à multidão: "O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. 27Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece.

28A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga. 29Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou".

30E Jesus continuou: "Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? 31O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. 32Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra'.

33Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. 34E só lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.

- Palavra da Salvação.

3) Reflexão

*  É bonito ver como Jesus, cada vez de novo, buscava na vida e nos acontecimentos elementos e imagens que pudessem ajudar o povo a perceber e experimentar a presença do Reino. No evangelho de hoje ele, novamente, conta duas pequenas histórias que acontecem todos os dias na vida de todos nós: “A história da semente que cresce sozinha” e “A história da pequena semente de mostarda que cresce e se torna grande”.

A história da semente que cresce sozinha. O agricultor que planta conhece o processo: semente, fiozinho verde, folha, espiga, grão. Ele não mete a foice antes do tempo. Sabe esperar. Mas não sabe como a terra, a chuva, o sol e a semente têm esta força de fazer crescer uma planta do nada até a fruta. Assim é o Reino de Deus. Tem processo, tem etapas e prazos, tem crescimento. Vai acontecendo. Produz fruto no tempo marcado. Mas ninguém sabe explicar a sua força misteriosa. Ninguém é dono. Só Deus!

A história da pequena semente de mostarda que cresce e se torna grande. A semente de mostarda é pequena, mas ela cresce e, no fim, os passarinhos vêm para fazer seu ninho nos ramos. Assim é o Reino. Começa bem pequeno, cresce e estende seus ramos para os passarinhos fazerem seus ninhos. Começou com Jesus e uns poucos discípulos e discípulas. Foi perseguido e caluniado, preso e crucificado. Mas cresceu e foi estendendo seus ramos. A parábola deixa uma pergunta no ar que vai ter resposta mais adiante no evangelho: Quem são os passarinhos? O texto sugere que se trata dos pagãos que vão poder entrar na comunidade e ter parte no Reino.

O motivo que levava Jesus a ensinar por meio de parábolas. Jesus contava muitas parábolas. Tudo tirado da vida do povo! Assim ele ajudava as pessoas a descobrir as coisas de Deus no quotidiano. Tornava o quotidiano transparente. Pois o extraordinário de Deus se esconde nas coisas ordinárias e comuns da vida de cada dia. O povo entendia da vida. Nas parábolas recebia a chave para abri-la e encontrar dentro dela os sinais de Deus.

4) Para um confronto pessoal

1) Jesus não explica as parábolas. Ele conta as histórias e provoca em nós a imaginação e a reflexão da descoberta. O que você descobriu nestas duas parábolas?

2) Tornar a vida transparente é o objetivo das parábolas. Ao longo dos anos, sua vida ficou mais transparente ou aconteceu o contrário?

5) Oração final

Deus, tem piedade de mim, conforme a tua misericórdia; no teu grande amor cancela o meu pecado. Lava-me de toda a minha culpa, e purifica-me de meu pecado. (Sal 50, 3-4)

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 4, 21-25)

Naquele tempo, Jesus disse à multidão: 21"Quem é que traz uma lâmpada para colocá-la debaixo de um caixote, ou debaixo da cama? Ao contrário, não a põe num candeeiro? 22Assim, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto, e tudo o que está em segredo deverá ser descoberto. 23Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça". 24Jesus dizia ainda: "Prestai atenção no que ouvis: com a mesma medida com que medirdes, também vós sereis medidos; e vos será dado ainda mais. 25Ao que tem alguma coisa, será dado ainda mais; do que não tem, será tirado até mesmo o que ele tem".

- Palavra da Salvação.

3) Reflexão

A lâmpada que ilumina. Naquele tempo, não havia luz elétrica. Imagine o seguinte. A família está em casa. Começa a escurecer. O pai levanta, pega a lamparina, acende e coloca debaixo de um caixote ou debaixo de uma cama. O que os outros vão dizer? Vão gritar: “Pai! Coloca na mesa!” Esta é a história que Jesus conta. Ele não explica. Apenas diz: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! A Palavra de Deus é a lâmpada a ser acesa na escuridão da noite. Enquanto estiver dentro do livro fechado da Bíblia, ela é como a lamparina debaixo do caixote. Quando ligada à vida e vivida em comunidade, ela é colocada na mesa e ilumina!

Prestar atenção aos preconceitos. Jesus pede aos discípulos para tomar consciência dos preconceitos com que escutam o ensinamento que ele oferece. Devemos prestar atenção nas idéias com que olhamos para Jesus! Se a cor dos óculos é verde, tudo aparece verde. Se for azul, tudo será azul! Se a idéia com que eu olho para Jesus for errada, tudo o que penso sobre Jesus estará ameaçado de erro. Se eu acho que o messias deve ser um rei glorioso, não vou entender nada do que Jesus ensina e vou entender tudo errado.

Parábolas: um novo jeito de ensinar e de falar sobre Deus.  O jeito de Jesus ensinar era, sobretudo, através de parábolas. Ele tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o povo conhecia e experimentava na sua luta diária pela sobrevivência. Isto supõe duas coisas: estar por dentro das coisas da vida, e estar por dentro das coisas do Reino de Deus.

*  O ensino de Jesus era diferente do ensino dos escribas. Era uma Boa Nova para os pobres, porque Jesus revelava um novo rosto de Deus, no qual o povo se re-conhecia  e se alegrava. “Pai, eu te agradeço, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado! (Mt 11,25-28)”.

 4) Para um confronto pessoal

1) Palavra de Deus, lâmpada que ilumina. Qual o lugar que a Bíblia ocupa em minha vida? Qual a luz que dela recebo?

2) Qual a imagem de Jesus que está em mim? Quem é Jesus para mim, e quem sou eu para Jesus?

5) Oração final

Busquei o SENHOR e ele respondeu-me e de todo temor me livrou. Olhai para ele e ficareis radiantes, vossas faces não ficarão envergonhadas. (Sal 33, 5-6)

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 4,1-20)

Naquele tempo, 1Jesus começou a ensinar de novo às margens do mar da Galiléia. Uma multidão muito grande se reuniu em volta dele, de modo que Jesus entrou numa barca e se sentou, enquanto a multidão permanecia junto às margens, na praia.

2Jesus ensinava-lhes muitas coisas em parábolas. E, em seu ensinamento, dizia-lhes: 3"Escutai! O semeador saiu a semear. 4Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; vieram os pássaros e a comeram. 5Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era profunda, 6mas, quando saiu o sol, ela foi queimada; e, como não tinha raiz, secou. 7Outra parte caiu no meio dos espinhos; os espinhos cresceram, a sufocaram, e ela não deu fruto.

8Outra parte caiu em terra boa e deu fruto, que foi crescendo e aumentando, chegando a render trinta, sessenta e até cem por um”. 9E Jesus dizia: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça". 10Quando ficou sozinho, os que estavam com ele, junto com os Doze, perguntaram sobre as parábolas. 11Jesus lhes disse: "A vós, foi dado o mistério do Reino de Deus; para os que estão fora, tudo acontece em parábolas, 12para que olhem mas não enxerguem, escutem mas não compreendam, para que não se convertam e não sejam perdoados".

13E lhes disse: "Vós não compreendeis esta parábola? Então, como compreendereis todas as outras parábolas? 14O semeador semeia a Palavra. 15Os que estão na beira do caminho são aqueles nos quais a Palavra foi semeada; logo que a escutam, chega Satanás e tira a Palavra que neles foi semeada. 16Do mesmo modo, os que receberam a semente em terreno pedregoso, são aqueles que ouvem a Palavra e logo a recebem com alegria, 17mas não têm raiz em si mesmos, são inconstantes; quando chega uma tribulação ou perseguição, por causa da Palavra, logo desistem.

18Outros recebem a semente entre os espinhos: são aqueles que ouvem a Palavra; 19mas quando surgem as preocupações do mundo, a ilusão da riqueza e todos os outros desejos, sufocam a Palavra, e ela não produz fruto. 20Por fim, aqueles que recebem a semente em terreno bom são os que ouvem a Palavra, a recebem e dão fruto; um dá trinta, outro sessenta e outro cem por um."

- Palavra da Salvação.

3) Reflexão

Sentado num barco, Jesus ensina o povo. Nestes versos, Marcos descreve o jeito que Jesus tinha de ensinar o povo: na praia, sentado no barco, muita gente ao redor para escutar. Jesus não era uma pessoa estudada (Jo 7,15). Não tinha freqüentado a escola superior de Jerusalém. Vinha do interior, da roça, de Nazaré. Era um desconhecido, meio camponês, meio artesão. Sem pedir licença às autoridades, começou a ensinar o povo. Falava tudo diferente. O povo gostava de ouvi-lo.

*  Por meio das parábolas, Jesus ajudava o povo a perceber a presença misteriosa do Reino nas coisas da vida. Uma parábola é uma comparação. Ela usa as coisas conhecidas e visíveis da vida para explicar as coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de Deus. Por exemplo, o povo da Galiléia entendia de semente, de terreno, chuva, sol, sal, flores, colheita, pescaria, etc. Ora, são exatamente estas coisas conhecidas do povo que Jesus usa nas parábolas para explicar o mistério do Reino.

A parábola da semente retrata a vida do camponês. Naquele tempo, não era fácil viver da agricultura. O terreno tinha muita pedra. Muito mato. Pouca chuva, muito sol. Além disso, muitas vezes, o povo encurtava estrada e, passando no meio do campo, pisava nas plantas (Mc 2,23). Mesmo assim, apesar de tudo isso, todo ano, o agricultor semeava e plantava, confiando na força da semente, na generosidade da natureza.

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Jesus começou a parábola dizendo: “Escutem!” (Mc 4,3). Agora, no fim, ele termina dizendo: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” O caminho para chegar ao entendimento da parábola é a busca: “Tratem de entender!” A parábola não entrega tudo pronto, mas leva a pensar e faz descobrir a partir da própria experiência que os ouvintes têm da semente. Provoca a criatividade e a participação. Não é uma doutrina que já vem pronta para ser ensinada e decorada. A Parábola não dá água engarrafada, mas entrega a fonte. O agricultor que escutou, diz: “Semente no terreno, eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso tem a ver com o Reino de Deus. O que seria?” E aí você pode imaginar as longas conversas do povo! A parábola mexe com o povo e leva a escutar a natureza e a pensar na vida.

Jesus explica a parábola aos discípulos. Em casa, a sós com Jesus, os discípulos querem saber o significado da parábola. Eles não entenderam. Jesus estranhou a ignorância deles (Mc 4,13) e respondeu por meio de uma frase difícil e misteriosa. Ele diz aos discípulos: “A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus. Aos de fora, porém, tudo acontece em parábolas, para que vendo não vejam, ouvindo não ouçam e para que não se convertam e não sejam salvos!”. Esta frase faz a gente se perguntar: Afinal, a parábola serve para que? Para esclarecer ou para esconder? Será que Jesus usa parábolas, para que o povo continue na ignorância e não chegue a se converter? Certamente que não! Pois em outro lugar Marcos diz que Jesus usava parábolas “conforme a capacidade dos ouvintes” (Mc 4,33)

*  Parábola revela e esconde ao mesmo tempo! Revela para “os de dentro”, que aceitam Jesus como Messias Servidor. Esconde para os que insistem em ver nele o Messias, Rei grandioso. Estes entendem as imagens da parábola, mas não chegam a entender o seu significado.

A explicação da parábola, parte por parte. Uma por uma, Jesus explica as partes da parábola, desde a semente e o terreno até a colheita. Alguns estudiosos acham que esta explicação foi acrescentada depois. Ela seria de alguma comunidade. É bem possível. Pois dentro do botão da parábola está a flor da explicação. Botão e flor, ambos têm a mesma origem que é Jesus. Por isso, nós também podemos continuar a reflexão e descobrir outras coisas bonitas dentro da parábola. Certa vez, alguém perguntou numa comunidade: “Jesus falou que devemos ser sal. Para que serve o sal?” Discutiram e, no fim, encontraram mais de dez finalidades diferentes para o sal! Aí foram aplicar tudo isto à vida da comunidade e descobriram que ser sal é difícil e exigente. A parábola funcionou! O mesmo vale para a semente. Todo mundo tem alguma experiência de semente.

4) Para um confronto pessoal

1) Qual a experiência que você tem de semente? Como ela te ajuda a entender melhor a Boa Nova

2) Que terreno eu sou?

5) Oração final

Busquei o SENHOR e ele respondeu-me e de todo temor me livrou. Olhai para ele e ficareis radiantes, vossas faces não ficarão envergonhadas. (Sal 33, 5-6)

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 3,31-35)

Naquele tempo, 31chegaram a mãe de Jesus e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura".

33Ele respondeu: "Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?" 34E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe".

- Palavra da Salvação.

3) Reflexão

A família de Jesus. Os parentes chegam na casa onde Jesus estava. Provavelmente tinham vindo de Nazaré. De lá até Cafarnaum são uns 40 quilômetros. Sua mãe veio junto. Eles não entram, mas mandam recado: Tua mãe, teus irmãos e tuas irmãs estão lá fora e te procuram! A reação de Jesus é firme: Quem é minha mãe, quem são meus irmãos? E ele mesmo responde apontando para a multidão que estava ao redor: Eis aqui minha mãe e meus irmãos! Pois todo aquele que faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã, minha mãe! Para entender bem o significado desta resposta convém olhar a situação da família no tempo de Jesus.

*  No antigo Israel, o clã, isto é, a grande família (a comunidade), era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da posse da terra, o veículo principal da tradição, a defesa da identidade. Era a maneira concreta do povo daquela época encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender a Aliança.

*   Na Galiléia do tempo de Jesus, por causa do sistema implantado durante os longos governos de Herodes Magno (37 a.C. a 4 a.C.) e de seu filho Herodes Antipas (4 a.C. a 39 d.C.), o clã (a comunidade) estava enfraquecendo. Os impostos a serem pagos, tanto ao governo como ao templo, o endividamento crescente, a mentalidade individualista da ideologia helenista, as freqüentes ameaças de repressão violenta por parte dos romanos, a obrigação de acolher os soldados e dar-lhes hospedagem, os problemas cada vez maiores de sobrevivência, tudo isto levava as famílias a se fecharem dentro das suas próprias necessidades. Este fechamento era reforçado pela religião da época. Por exemplo, quem dedicava sua herança ao Templo podia deixar seus pais sem ajuda. Isto enfraquecia o quarto mandamento que era a espinha dorsal do clã (Mc 7,8-13). Além disso, a observância das normas de pureza era fator de marginalização de muita gente: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, possessos, publicanos, doentes, mutilados, paraplégicos.

*  Assim, a preocupação com os problemas da própria família impedia as pessoas de se unirem em comunidade. Ora, para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se na convivência comunitária do povo, as pessoas tinham de ultrapassar os limites estreitos da pequena família e abrir-se, novamente, para a grande família, para a Comunidade. Jesus deu o exemplo. Quando sua própria família tentou apoderar-se dele, reagiu e alargou a família: “Quem é minha mãe, quem são meus irmãos? E ele mesmo deu a resposta apontando para a multidão que estava ao redor: Eis aqui minha mãe e meus irmãos! Pois todo aquele que faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã, minha mãe!  (Mc 3,33-35). Criou comunidade.

*  Jesus pedia o mesmo de todos que queriam segui-lo. As famílias não podiam fechar-se. Os excluídos e os marginalizados deviam ser acolhidos dentro da convivência e, assim, sentir-se acolhidos por Deus (cf Lc 14,12-14). Este era o caminho para realizar o objetivo da Lei que dizia: “Entre vocês não pode haver pobres” (Dt 15,4). Como os grandes profetas do passado, Jesus procura reforçar a vida comunitária nas aldeias da Galiléia. Ele retoma o sentido profundo do clã, da família, da comunidade, como expressão da encarnação do amor de Deus no amor ao próximo.

4) Para um confronto pessoal

1) Viver a fé em comunidade. Qual o lugar e a influência da comunidade na minha maneira de viver a fé?

2) Hoje, na cidade grande, a massificação promove o individualismo que é o contrário da vida em comunidade. O que estou fazendo para combater este mal?

5) Oração final

Esperei firmemente no SENHOR e ele se inclinou para mim, atendendo a minha súplica. Fez-me cantar um canto novo, um louvor ao nosso Deus. (Sal 39, 2.4)

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 3,22-30)

Naquele tempo, 22os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Beelzebul, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. 23Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: "Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? 24Se um reino se divide contra si mesmo ele não poderá manter-se. 25Se uma família se divide contra si mesma, não poderá manter-se. 26Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa.

28Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto nos pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno". 30Jesus falou isso, porque diziam: 'Ele está possuído por um espírito mau".

- Palavra da Salvação

3) Reflexão

O conflito cresce. Existe uma sequência progressiva no evangelho de Marcos. Na medida em que a Boa Nova progride e é aceita pelo povo, nesta mesma medida cresce a resistência por parte das autoridades religiosas. O conflito começa a crescer e envolve vários grupos de pessoas. Por exemplo, os parentes de Jesus acham que ele ficou louco (Mc 3,20-21), e os escribas que tinham vindo de Jerusalém acham que ele é um possesso (Mc 3,22).

Conflito com as autoridades. Os escribas caluniam Jesus. Dizem que ele está possesso e que expulsa os demônios com a ajuda de Belzebu, o príncipe dos demônios. Eles tinham vindo de Jerusalém, a mais de 120 km de distância, para vigiar o comportamento de Jesus. Queriam defender a Tradição contra as novidades que Jesus ensinava ao povo (Mc 7,1). Achavam que o ensino dele era contra a boa doutrina. A resposta de Jesus tem três partes.

Primeira parte: a comparação da família dividida. Jesus usa a comparação da família dividida e do reino dividido para denunciar o absurdo da calúnia. Dizer que Jesus expulsa os demônios com a ajuda do príncipe dos demônios é negar a evidência. É o mesmo que dizer que a água é seca, e que o sol é escuridão. Os doutores de Jerusalém caluniavam, porque não sabiam explicar os benefícios que Jesus realizava para o povo. Estavam com medo de perder a liderança.

Segunda parte: a comparação do homem forte. Jesus compara o demônio com um homem forte. Ninguém, a não ser uma pessoa mais forte, poderá roubar a casa de um homem forte. Jesus é este mais forte que chegou. Por isso, ele consegue entrar na casa e amarrar o homem forte. Consegue expulsar os demônios. Jesus amarrou o homem forte e agora rouba a casa dele, isto é, liberta as pessoas que estavam no poder do mal. O profeta Isaías já tinha usado a mesma comparação para descrever a vinda do messias (Is 49,24-25). Lucas acrescenta que a expulsão do demônio é um sinal evidente de que chegou o Reino de Deus (Lc 11,20).

Terceira parte: o pecado contra o Espírito Santo. Todos os pecados têm perdão, menos o pecado contra o Espírito Santo. O que é o pecado contra o Espírito Santo? É dizer: “O espírito que leva Jesus a expulsar o demônio, vem do próprio demônio!” Quem fala assim torna-se incapaz de receber o perdão. Por quê? Quem tapa os olhos pode enxergar? Não pode! Quem mantém a boca fechada pode comer? Não pode! Quem não fecha o guarda-chuva da calúnia pode receber a chuva do perdão? Não pode! O perdão passaria de lado e não o atingiria! Não é que Deus não quer perdoar. Deus quer perdoar sempre! Mas é o pecador que se recusa a receber o perdão!

4) Para um confronto pessoal

1) As autoridades religiosas se fecham e negam a evidência. Já aconteceu comigo eu me fechar contra a evidência dos fatos?

2) Calúnia é a arma dos fracos. Você já teve experiência neste ponto?

5) Oração final

Todos os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai ao SENHOR, terra inteira gritai e exultai cantando hinos. (Sal 97, 3b-4)

O anúncio oficial foi feito ao final da missa conclusiva da Jornada Mundial da Juventude do Panamá, realizada neste domingo (27/01) no Campo São João Paulo II, no Metro Park, na Cidade do Panamá. Lisboa vai sediar a próxima edição da JMJ.

Andressa Collet, Cyprien Viet e Gabriella Ceraso – Cidade do Vaticano

O Presidente do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Cardeal Kevin Farrell, anunciou a próxima cidade que irá receber a Jornada Mundial da Juventude ao final da missa conclusiva do evento do Panamá neste domingo (27/01), no Campo São João Paulo II. A cidade de Lisboa, em Portugal, vai sediar a JMJ de 2022.

A preparação para a próxima festa mundial dos jovens começa já nesta semana, segundo afirma o Pe. José Manuel Pereira de Almeida, teólogo e vice-reitor da Universidade Católica de Portugal: “será uma ocasião extraordinária ter os jovens do mundo inteiro e o Papa aqui. Começamos a trabalhar já nesta semana!”.

Além da alegria de receber a JMJ em Lisboa, seja pela realidade da Igreja que pela situação da juventude local e também dos africanos de expressão portuguesa que podem chegar facilmente ao país, Pe. José acredita que "devem trabalhar para que o evento possa ser aquilo para o que é chamado ser: o encontro entre nós, com o Papa e com o Senhor Jesus, que nos chama para estar presentes com coragem, com fé e como serviço à vida e à esperança de todos".

O vice-reitor também disse que o Papa vai encontrar em Portugal uma Igreja "de um lado tradicional, ligada à fé simples das pessoas que, por exemplo, vê a mensagem de Fátima como um gancho de segurança; mas vai encontrar a possibilidade de renovar uma Igreja que gostaria de estar mais próxima do Evangelho, mais simples, mais em sintonia com os apelos que o Papa nos faz. É uma Igreja dos pobres, em saída, uma Igreja que espera ser, de fato, mais evangélica no dia a dia. Comunidades pequenas, mas cheias de vida e sentido missionário", finalizou o Pe. José. Fonte: https://www.vaticannews.va

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu Nota de Solidariedade na tarde deste sábado, 26 de janeiro, a respeito do fato ocorrido ontem, sexta-feira, quando houve o  rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho(MG).

Na nota, os bispos destacam que aquela tragédia recente e semelhante quando houve rompimento de outra barragem em Mariana (MG) ensinou muito pouco.

Em nome do episcopado brasileiro, os bispos da presidência se unem aos familiares das vítimas e às comunidades para pedir: “As famílias e as comunidades esperam da parte do Executivo rigor na fiscalização, do Legislativo, responsabilidade ética de rever o projeto do Código de Mineração, e do Judiciário, agilidade e justiça“.

A presidência manifesta estar unida também com toda a família arquidiocesana de Belo Horizonte e reforça o pedido do arcebispo, dom Walmor Oliveira: “É urgência minimizar a dor dos atingidos por mais esse desastre ambiental, sem se esquecer de acompanhar, de perto, a atuação das autoridades, na apuração dos responsáveis por mais um triste e lamentável episódio, chaga aberta no coração de Minas Gerais”.

No final da Nota de Solidariedade, a Presidência da CNBB “oferece orações ao Senhor da Vida em favor das famílias, das comunidades da Arquidiocese de Belo Horizonte, atingidas pelo rompimento da barragem da mineradora Vale. Convidamos cada pessoa cristã a se associar aos irmãos e irmãs que sofrem com a perda de seus entes queridos e de seus bens“.

Leia a Nota, na íntegra:

NOTA SOLIDARIEDADE

“Toda a criação, até o presente, está gemendo como que em dores de parto” (Rm 8,22)

A tragédia em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, vem confirmar a profecia de São Paulo VI: “Por motivo de uma exploração que não leva em consideração a natureza, o ser humano começa a correr o risco de a destruir e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação (Discurso à FAO, (16/11/1970).

Por ocasião do “Desastre de Mariana”, também em Minas Gerais, o Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB afirmava que “é preciso colocar um limite ao lucro a todo custo que, muitas vezes, faz negligenciar medidas de segurança e proteção à vida das pessoas e do planeta” (25/12/2015). “O princípio da maximização do lucro, que tende a isolar-se de todas as outras considerações, é uma distorção conceitual da economia” (Laudato Sì, 195). Esse princípio destrói a natureza e a pessoa humana.

É muito triste constatar que o “desastre de Mariana” tenha ensinado tão pouco. É urgente que a atividade mineradora no Brasil tenha um marco regulatório que retire do centro o lucro exorbitante das mineradoras ao preço do sacrifício humano e da depredação do meio ambiente, com a consequente destruição da biodiversidade. “O meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos” (Laudato Sì, 95).

As famílias e as comunidades esperam da parte do Executivo rigor na fiscalização, do Legislativo, responsabilidade ética de rever o projeto do Código de Mineração, e do Judiciário, agilidade e justiça.

Unidos à família arquidiocesana de Belo Horizonte, assumimos como nossas as palavras do seu Arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo: “É urgência minimizar a dor dos atingidos por mais esse desastre ambiental, sem se esquecer de acompanhar, de perto, a atuação das autoridades, na apuração dos responsáveis por mais um triste e lamentável episódio, chaga aberta no coração de Minas Gerais. A justiça seja feita, com lucidez e sem mediocridades que geram passivos, com sentido humanístico e priorizando o bem comum, com incondicional respeito e compromisso com os mais pobres” (25/01/2019).

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) expressa solidariedade e oferece orações ao Senhor da Vida em favor das famílias, das comunidades da Arquidiocese de Belo Horizonte, atingidas pelo rompimento da barragem da mineradora Vale. Convidamos cada pessoa cristã a se associar aos irmãos e irmãs que sofrem com a perda de seus entes queridos e de seus bens.

A esperança de viver na “Casa Comum” anime os nossos passos, e a fé na ressurreição ilumine a nossa dor!

 

Brasília-DF, 26 de janeiro de 2019

Cardeal Sérgio da Rocha
Arcebispo de Brasília

Presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de Salvador

Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília

Secretário-Geral da CNBB

Fonte: http://www.cnbb.org.br