1) Oração

Ó Deus, alegrando-nos cada ano com a celebração da Quaresma, possamos participar com fervor dos sacramentos pascais e colher com alegria todos os seus frutos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Lucas 18, 9-14)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 9Jesus lhes disse ainda esta parábola a respeito de alguns que se vangloriavam como se fossem justos, e desprezavam os outros: 10Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano. 11O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. 12Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros. 13O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador! 14Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado. - Palavra da salvação.

3) Reflexão Lc 18,9-14

*  No Evangelho de hoje, Jesus conta a parábola do fariseu e do publicano para ensinar como rezar. Jesus tinha outra maneira de ver as coisas da vida. Ele via algo de positivo no publicano, de quem todo mundo dizia: “Ele nem sabe rezar!” Jesus vivia tão unido ao Pai pela oração, que tudo se tornava expressão de oração para ele.

*  A maneira de apresentar a parábola é muito didática. Lucas dá uma breve introdução que serve como chave de leitura. Em seguida, Jesus conta a parábola e, no fim, o próprio Jesus faz a aplicação da parábola na vida.

*  Lucas 18,9: A introdução. A parábola é apresentada com a seguinte frase: "Jesus contou ainda esta parábola para alguns que, convencidos de serem justos, desprezavam os outros!" A frase é de Lucas. Ela se refere, ao tempo de Jesus. Mas ela também se refere ao tempo do próprio Lucas e ao nosso tempo. Sempre há pessoas e grupos de pessoas que se consideram justos e fiéis e que desprezam os outros como ignorantes e infiéis.

*  Lucas 18,10-13: A parábola. Dois homens sobem ao templo para rezar: um fariseu e um publicano. Na opinião do povo daquela época, os publicanos não prestavam para nada e não podiam dirigir-se a Deus, pois eram pessoas impuras. Na parábola, o fariseu agradece a Deus por ser melhor do que os outros. A sua oração nada mais é do que um elogio de si mesmo, uma auto-exaltação das suas boas qualidades e um desprezo pelos outros e pelo próprio publicano. O publicano nem sequer levanta os olhos, bate no peito e apenas diz: "Meu Deus, tem dó de mim que sou um pecador!" Ele se coloca no seu lugar diante de Deus.

*  Lucas 18,14: A aplicação. Se Jesus tivesse deixado ao povo opinar para dizer quem dos dois voltou justificado para casa, todos teriam respondido: "É o fariseu!" Pois esta era a opinião comum naquela época. Jesus pensa diferente. Para ele, quem voltou justificado para casa, isto é, em boas relações com Deus, não é o fariseu, mas sim o publicano. Jesus virou tudo pelo avesso. As autoridades religiosas da época não devem ter gostado da aplicação que ele fez desta parábola.

*  Jesus Orante. É sobretudo Lucas que nos informa sobre a vida de oração de Jesus. Ele apresenta Jesus em constante oração. Eis uma lista de textos do evangelho de Lucas, nos quais Jesus aparece em oração: Lc 2,46-50; 3,21: 4,1-12; 4,16; 5,16; 6,12; 9,16.18.28; 10,21; 11,1; 22,32; 22,7-14; 22,40-46; 23,34; 23,46; 24,30. Lendo o evangelho de Lucas você poderá encontrar outros textos que falam da oração de Jesus. Jesus vivia em contato permanente com o Pai. A respiração da vida dele era fazer a vontade do Pai (Jo 5,19). Jesus rezava muito e insistia, para que o povo e seus discípulos fizessem o mesmo, pois é no contato com Deus que a verdade aparece e que a pessoa se encontra consigo mesma em toda a sua realidade e humildade. Em Jesus, a oração estava intimamente ligada aos fatos concretos da vida e às decisões que ele devia tomar. Para poder ser fiel ao projeto do Pai, ele buscava estar a sós com Ele para escutá-lo. Jesus rezava os Salmos. Como todo judeu piedoso, conhecia-os de memória. Jesus chegou a fazer o seu próprio salmo. É o Pai Nosso. Sua vida era uma oração permanente: "Eu a cada momento faço o que o Pai me mostra para fazer!" (Jo 5,19.30). A ele se aplica o que diz o Salmo: "Eu sou oração!" (Sl 109,4).

4) Para um confronto pessoal

  1. Olhando no espelho desta parábola, eu sou como o fariseu ou como o publicano?
  2. Tem pessoas que dizem que não sabem rezar, mas elas conversam com Deus o tempo todo. Você conhece pessoas assim?

5) Oração final

Ó Deus, tem piedade de mim, conforme a tua misericórdia; no teu grande amor cancela o meu pecado. Lava-me de toda a minha culpa, e purifica-me de meu pecado. (Sl 50, 3-4)

Em um artigo recente que atraiu muita atenção na Irlanda e nos Estados Unidos, a história de Niall McDonag um exfutbolista que recebeu o chamado ao sacerdócio após uma lesão esportiva que o obrigou a deixar sua carreira foi transmitido, e outros trágicos acontecimentos que marcaram a sua vida

No final de fevereiro, o programa nacional RTE conduziu o seminarista entrevista 34 anos, que além da grave lesão, perdeu em apenas alguns meses seu primo e o suicídio de seu irmão, e seu pai vítima de câncer.

"Minha prioridade número um na vida naquela época era esporte e de lá eu costumava ter toda a minha felicidade. Eu me lembro que depois que me machuquei jogando futebol, o cirurgião que entrou na sala disse: "Olhe Niall, na pior das hipóteses, teremos que amputar a perna", disse ele à rede de TV.

Niall disse que naquela época ele era uma pessoa "muito superficial" que vivia "preso em sua aparência".

"Basicamente, sendo muito superficial, esse tipo de notícia era como uma faca no coração", acrescentou. No entanto, confrontado com os momentos difíceis que teve de enfrentar, Niall admitiu que não tinha escolha senão olhar novamente para Deus em busca de misericórdia.

"Eu tive que lidar com a morte do meu irmão mais velho. Quando você passa por esses trágicos acontecimentos em sua vida, você deve tomar uma decisão. Eu não podia mudar minhas circunstâncias, então de muitas maneiras, fui forçado a me mudar ".

"Um dos pertences do meu falecido irmão era sua Bíblia e muito tarde da noite, por algum motivo, comecei a ler as escrituras e comecei a desenvolver um relacionamento com Deus", disse ele.

Mais tarde, Niall deixou seu emprego em Dublin e mudou-se para Nova York para entrar no seminário e se voluntariar para cuidar dos sem-teto e viciados em drogas.

 "Eu sei que meu tempo é limitado, tudo ao meu redor é temporário, então eu quero tentar usar este tempo da melhor maneira que puder, e não há melhor maneira do que servir a Deus", disse o seminarista.

Atualmente, Niall atende às populações vulneráveis ​​do Bronx (Nova York). "Embora as pessoas não tenham muito aqui e haja falta de oportunidades, a humanidade é linda", disse ele.

Nos próximos meses, após três anos de estudos e preparação nos Estados Unidos, Niall terá que retornar à Irlanda e discernir por mais um ano sua vocação sacerdotal. Após sua aparição no Nationwide, centenas de pessoas compartilharam e comentaram positivamente nas redes sociais a história de Niall. Fonte: https://www.aciprensa.com

1) Oração

Infundi, ó Deus, vossa graça em nossos corações, para que, fugindo aos excessos humanos, possamos, com vosso auxílio, abraçar os vossos preceitos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 12, 28b-34)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 28Achegou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? 29Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; 30amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças. 31Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe. 32Disse-lhe o escriba: Perfeitamente, Mestre, disseste bem que Deus é um só e que não há outro além dele. 33E amá-lo de todo o coração, de todo o pensamento, de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios. 34Vendo Jesus que ele falara sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava fazer-lhe perguntas. - Palavra da salvação.

3) Reflexão

*  No Evangelho de hoje (Mc 12,28b-34), os escribas ou doutores da Lei querem saber de Jesus qual o maior mandamento. Hoje também muita gente quer saber o que é o mais importante na religião. Uns dizem que é ser batizado. Outros, que é rezar. Outros dizem: ir à Missa ou participar do culto no domingo. Outros ainda: amar o próximo e lutar por um mundo mais justo! Outros estão preocupados só com as aparências ou com os cargos na igreja.

Marcos 12,28: A pergunta do doutor da Lei. Pouco antes da pergunta do escriba, a discussão tinha sido com os saduceus em torno da fé na ressurreição (Mc 12,23-27). O doutor, que tinha assistido ao debate, gostou da resposta de Jesus, percebeu a grande inteligência dele e quis aproveitar da ocasião para fazer uma pergunta de esclarecimento: “Qual é o maior de todos os mandamentos?” Naquele tempo, os judeus tinham uma grande quantidade de normas para regulamentar na prática a observância dos Dez Mandamentos da Lei de Deus. Alguns diziam: “Todas estas normas têm o mesmo valor, pois todas vêm de Deus. Não compete a nós introduzir distinções nas coisas de Deus”. Outros diziam: “Algumas leis são mais importantes que as outras e, por isso, obrigam mais!” O doutor quer saber qual a opinião de Jesus.

Marcos 12,29-31: A resposta de Jesus.  Jesus responde citando um trecho da Bíblia para dizer que o mandamento maior é “amar a Deus com todo o coração, com toda a alma, com todo o entendimento e com toda a força!” (Dt 6,4-5). No tempo de Jesus, os judeus piedosos recitavam esta frase três vezes ao dia: de manhã, ao meio dia e à noite. Era tão conhecida entre eles como entre nós, hoje, o Pai-Nosso. E Jesus acrescenta, citando novamente a Bíblia: “O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’ (Lv 19,18). Não existe outro mandamento maior do que estes dois”. Resposta breve e muito profunda! É o resumo de tudo que Jesus ensinou sobre Deus e sobre a vida (Mt 7,12).

Marcos 12,32-33: A resposta do doutor da lei. O doutor concordou com Jesus e concluiu: “Sim, amar a Deus e amar ao próximo é muito mais importante do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios”. Ou seja, o mandamento do amor é mais importante que os mandamentos relacionados com o culto e os sacrifícios do Templo. Esta afirmação já vinha desde os profetas do Antigo Testamento (Os 6,6; Sl 40,6-8; Sl 51,16-17). Hoje diríamos que a prática do amor é mais importante que novenas, promessas, missas, rezas e procissões.

Marcos 12,34: O resumo do Reino. Jesus confirma a conclusão do doutor e diz: “Você não está longe do Reino!” De fato, o Reino de Deus consiste em unir os dois amores: amor a Deus e amor ao próximo. Pois se Deus é Pai/Mãe, nós todos somos irmãos e irmãs, e temos que mostrar isto na prática, vivendo em comunidade. "Destes dois mandamento dependem toda a lei e os profetas!" (Mt 22,40) Os discípulos e as discípulas, que coloquem na memória, na inteligência, no coração, nas mãos e nos pés esta lei maior, pois não se chega a Deus a não ser através da doação total ao próximo!

*  Jesus tinha dito ao doutor da Lei: "Você não está longe do Reino!" (Mc 12,34). O doutor já estava perto, mas para poder entrar no Reino teria que dar mais um passo. No AT o critério do amor ao próximo era “Amar o próximo como a sim mesmo”. No NT, Jesus alargou o sentido do amor: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado! (Jo 15,12-13). Agora o critério será Amar o próximo como Jesus nos amou!”. É o caminho certo para se chegar a uma convivência mais justa e mais fraterna.

4) Para um confronto pessoal

  1. Para você, o que é o mais importante na religião?
  2. Nós, hoje, estamos mais perto ou mais longe do Reino de Deus do que o doutor que foi elogiado por Jesus? O que você acha?

5) Oração final

Entre os deuses nenhum é como tu, Senhor, e nada há que se iguale a tuas obras. Pois tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus. (Sl 85, 8.10)

Morre vigário-geral de Formosa acusado de desviar dinheiro da igreja

Epitácio Cardozo Pereira, 69 anos, teve complicações decorrentes de um quadro de pneumonia e morreu vítima de uma infecção generalizada

Morreu, nesta quinta-feira (28/3), aos 69 anos, o vigário-geral da cidade de Formosa, em Goiás, Epitácio Cardozo Pereira. O religioso era o número dois na hierarquia da Igreja no município e na região e não resistiu às complicações de um quadro de pneumonia. Ele estava internado desde o início do mês, antes de dar entrada no Hospital de Neurologia Santa Mônica, em Aparecida de Goiânia (GO), em estado grave. 

Epitácio era um dos investigados na Operação Caifás, do Ministério Público de Goiás (MPGO), que apura, desde o ano passado, o desvio de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica. De acordo com o atestado de óbito emitido por uma das médicas plantonistas do hospital, a morte ocorreu às 18h05 e foi provocada por uma infecção generalizada. Ainda não há detalhes sobre o velório ou o sepultamento de Epitácio. 

Os advogados do vigário lamentaram o fato e emitiram uma nota acerca do ocorrido. No texto, eles afirmam que a operação do MPGO se trata de uma "ação penal midiática sustentada tão-somente em condutas atípicas" e que têm a "firme convicção de que as injustiças e as misérias do processo penal também causam mortes diretas". O documento é assinado por 13 defensores dos envolvidos. 

Operação Caifás     

Deflagrada em 19 de março de 2018, a Operação Caifás resultou na acusação de 11 pessoas, devido a denúncias de envolvimento no esquema de desvio de bens. A suspeita é de que os investigados na operação tenham adquirido propriedades, veículos e joias com dinheiro pago pelos fiéis em casamentos, batizados e eventos promovidos pelas paróquias e cujos preços foram reajustados. Os envolvidos respondem por apropriação indébita, associação criminosa e alguns por lavagem de dinheiro. 

Além de Epitácio, foram investigados Thiago Wenseslau, juiz eclesiástico; Waldson José de Melo, pároco da Paróquia Sagrada Família, em Posse (GO); Guilherme Frederico Magallhães, secretário da Cúria de Formosa; Darcivan da Conceição Serracena, funcionário da Diocese de Formosa; Edmundo da Silva Borges Junior, advogado da Diocese de Formosa; Pedro Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira, empresários apontados como laranjas do esquema; Mario Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário, em Formosa; Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, também em Formosa; e José Ronaldo Ribeiro, bispo da mesma cidade.  

Assim que a ação foi deflagrada, nove dos acusados permaneceram presos por quase 30 dias. Mas, na terceira tentativa dos advogados na Justiça, a defesa conseguiu um habeas corpus no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). Os advogados dos réus afirmaram que a denúncia era "uma verdadeira peça de ficção produzida desde as investigações exclusivas realizadas pelo Ministério Público, como que buscando transformar atividades corriqueiras do exercício religioso e sua gestão interna em tipos penais alheios à atividade da Igreja Católica". 

Em 5 de setembro, os defensores de seis dos réus encaminharam um pedido à corte para cancelar a ação penal e impedir que o processo continuasse. A justificativa era de que a verba seria privada e os religiosos poderiam dar qualquer finalidade a ela. No entanto, em 11 de setembro, a desembargadora Carmecy Rosa Maria Alves de Oliveira indeferiu o pedido. Agora, uma liminar tramita na 2ª Vara Criminal do município goiano, onde o caso será julgado. Em 12 de setembro, o bispo dom José Ronaldo Ribeiro, acusado de ser o mentor do esquema, renunciou ao cargo. Fonte: www.correiobraziliense.com.br

1) Oração

À medida que se aproxima a festa da salvação, nós vos pedimos, ó Deus, que nos preparemos com maior empenho para celebrar o mistério da Páscoa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Lucas 11, 14-23)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 14Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas. 15Alguns, porém, disseram: “É pelo poder de Beelzebu, o chefe dos demônios, que ele expulsa os demônios”. 16Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu. 17Mas, conhecendo seus pensamentos, ele disse-lhes: “Todo reino dividido internamente será destruído; cairá uma casa sobre a outra. 18Ora, se até Satanás está dividido internamente, como poderá manter-se o seu reino? Pois dizeis que é pelo poder de Beelzebu que eu expulso os demônios. 19Se é pelo poder de Beelzebu que eu expulso os demônios, pelo poder de quem então vossos discípulos os expulsam? Por isso, eles mesmos serão vossos juízes. 20Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, é porque o Reino de Deus já chegou até vós. 21Quando um homem forte e bem armado guarda o próprio terreno, seus bens estão seguros. 22Mas, quando chega um mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura em que confiava e distribui os despojos. 23Quem não está comigo é contra mim; e quem não recolhe comigo, espalha. - Palavra da salvação.

3) Reflexão

*  O evangelho de hoje é de Lucas (Lc 11,14-23). O texto paralelo de Marcos (Mc 3,22-27) já foi meditado no dia 28 de janeiro deste ano.

Lucas 11,14-16: As diferentes reações diante da expulsão de um demônio. Jesus tinha expulsado um demônio que era mudo. A expulsão provocou duas reações diferentes. De um lado, a multidão do povo que ficou admirado e maravilhado. O povo aceita Jesus e acredita nele. Do outro lado, os que não aceitam Jesus e não acreditam nele. Destes últimos, alguns diziam que Jesus expulsava os demônios em nome de Beelzebu, o príncipe dos demônios, e outros queriam dele um sinal do céu. Marcos informa que se tratava de escribas vindos de Jerusalém (Mc 3,22), que não concordavam com a liberdade de Jesus. Queriam defender a Tradição contra as novidades de Jesus.

Lucas 11,17-22: A resposta de Jesus tem três partes:

1ª parte: comparação do reino dividido (vv. 17-18ª)  Jesus denuncia o absurdo da calúnia escribas. Dizer que ele expulsa os demônios com a ajuda do príncipe dos demônios é negar a evidência. É o mesmo que dizer que a água é seca, e que o sol é escuridão. Os doutores de Jerusalém o caluniavam, porque não sabiam explicar os benefícios que Jesus realizava para o povo. Estavam com medo de perder a liderança. Sentiam-se ameaçados na sua autoridade junto ao povo.

2ª parte: por quem expulsam vossos filhos? (vv.18b-20)  Jesus provoca os acusadores e pergunta: “Se eu expulso em nome de Belzebu, em nome de quem os discípulos de vocês expulsam os demônios? Que eles respondam e se expliquem! Se eu expulso o demônio pelo dedo de Deus, é porque chegou o Reino de Deus!”.

3ª parte: chegando o mais forte ele vence o forte (vv.21-22) Jesus compara o demônio com um homem forte. Ninguém, a não ser uma pessoa mais forte, poderá roubar a casa de um homem forte. Jesus é este mais forte que chegou. Por isso, ele consegue entrar na casa e amarrar o homem forte. Consegue expulsar os demônios. Jesus amarrou o homem forte e agora rouba a casa dele, isto é, liberta as pessoas que estavam no poder do mal. O profeta Isaías já tinha usado a mesma comparação para descrever a vinda do messias (Is 49,24-25). Por isso Lucas diz que a expulsão do demônio é um sinal evidente de que chegou o Reino de Deus.

Lucas 11,23: Quem não está comigo é contra mim.  Jesus termina sua resposta com esta frase: “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”. Em outra ocasião, também a propósito de uma expulsão de demônio, os discípulos impediram um homem de usar o nome de Jesus para expulsar um demônio, pois ele não era do grupo dele. Jesus respondeu: “Não impeçam! Quem não é contra vocês é a vosso favor!” (Lc 9,50). Parecem duas frases contraditórias, mas não são. A frase do evangelho de hoje é dita contra os inimigos que tem preconceito contra Jesus: “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”. Preconceito e não aceitação tornam o diálogo impossível e rompe a união. A outra frase é dita para os discípulos que pensavam ter o monopólio de Jesus: “Quem não é contra vocês é a vosso favor!” Muita gente que não é cristão pratica o amor, a bondade, a justiça, muitas vezes até melhor do que os cristãos. Não podemos excluí-los. São irmãos e parceiros na construção do Reino. Nós cristãos não ´somos donos de Jesus. É o contrário: Jesus é o nosso dono!

4) Para um confronto pessoal

1) “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa” Como isto acontece na minha vida?

2) “Não impeçam! Quem não é contra vocês é a vosso favor!” Como isto acontece na minha vida?

5) Oração final

Vinde, exultemos no SENHOR, aclamemos o Rochedo que nos salva, vamos a ele com ações de graças, vamos aclamá-lo com hinos de alegria. (Sl 94, 1-2)

  

Seguimos a jornada... entre as estações, verão e outono. “E o anjo retirou-se” (Lc 1,38), assim termina o evangelho depois do encontro entre o anjo Gabriel, enviado por Deus, e Maria de Nazaré. Para onde ele foi? Sou tomado pela voz de alguém... Quem está próximo de mim? Teria o anjo deixado Maria para me visitar? Onde ele está? Entre as esperas, chegadas, partidas e saudades, formam-se o fio elementar da tessitura da vida.

O comentário é de Carlos Rafael Pinto,  mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE-BH) e graduado em Filosofia e Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES-JF).

Imagino que Deus, depois de pensar, considerar, discernir entre os anjos, arcanjos, querubins e serafins, chamou o anjo Gabriel: “Gabriel, preciso de sua ajuda!”. Sem entender muito bem, ele se aproximou de Deus: “O Senhor me chamou?”, perguntou Gabriel, “Sim, Gabriel”, respondeu Deus, “Desejo lhe enviar à pequena cidade de Nazaré, para visitar uma jovem chamada Maria”.

Depois de pensar, por um instante de suspiro, Gabriel disse: “Estou precisando de férias mesmo... a vida está sobrecarregada! Nunca invocaram tanto meu nome: alguns me chamam de anjo Gabriel, outros de simplesmente Gabriel... Senhor, em que consiste essa visita? Quem é essa Maria?”. Deus respondeu: “Maria é uma jovem pobre e trabalhadora que escolhi entre todas. Se ela aceitar, vai gerar meu filho”. “Como assim, Senhor?”, interpelou Gabriel, “Ela não está prometida a José?”.

“Se ela aceitar, vai gerar meu filho”, disse novamente Deus, “E José? Espero que ele a acompanhe e cuide de meu filho, como se fosse dele! Gabriel, seguimos a jornada... experimentamos tantas estações: verão, outono, inverno, primavera. Desejo que a primavera seja mais intensa e leve”. Deus lhe pediu, com ternura: “Você vai proclamar a chegada do sinal primaveril, para interromper esse inverno rigoroso... Aceita?”.

Após dar uma volta no jardim, Gabriel voltou ao encontro de Deus e respondeu que faria essa viagem, desde que ela não substituísse suas férias. Então, partiu Gabriel para Galileia à procura de Maria. Passou por vários lugares. Encontrou com várias pessoas... Quando chegou a Galileia, foi direto para Nazaré em busca de Maria, conforme escutamos no evangelho de Lucas 1, 26-38.

Imagino que ele encontrou com várias jovens chamadas Maria, e, misteriosamente, uma Maria o afetou interiormente. Pensou consigo: “Que bela jovem, mas... Parece que ela vai atravessar um inverno breve e rigoroso. Seria ela mesma a que Deus escolheu?”. Gabrielsente no seu íntimo que essa era a jovem, para quem ele foi enviado: “Deus não convidaria outra jovem, a não ser aquela que poderia hospedar no seu ventre a primavera da esperança”.

O anjo Gabriel se aproximou de Maria: por um tempo, olhares se interpenetraram – de um estranhamento a uma familiaridade. De um silêncio a um murmúrio... Ele lhe fez saudação dizendo: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1, 28), a partir da qual se desenrolou e ainda se desenrola o fio elementar da tessitura da vida e da salvação.

O que aconteceu com Maria de Nazaré a partir do encontro com o anjo Gabriel? O que permaneceu nela? Seria apenas a lembrança de uma visita inesperada... O rosto do anjo? Ou seria o frescor de sua presença? Suas palavras afáveis? Ela hospedou palavra por palavra do anjo Gabriel... Certamente, Maria desejaria que esse encontro entre eles se estendesse, continuasse por horas e horas a fio. O que restou? A saudade desse encontro, a gratidão pela visita e a presença misteriosa de quem se retirou. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

 Cardeal Gianfranco Ravasi

“Um dos principais responsáveis, talvez o único responsável, pelo aviltamento das almas é o sacerdote medíocre.” Essa advertência surgia da pena de um escritor que compôs um dos mais afiados e dramáticos retratos sacerdotais. Foi Georges Bernanos que, em 1936, publicou aquela obra-prima que é o “Diário de um pároco de aldeia”, que também se tornou um extraordinário filme de Bresson (1950).

O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 17-03-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O protagonista, como se sabe, não é um atleta da fé e da virtude: tímido, desajeitado, doente de câncer, com uma tara hereditária. Porém, nele, o espírito de Deus é epifânico, até mesmo diáfano, porque é transmitido pela sua caridade, por uma interioridade humilde e sofrida, por uma oração transfiguradora, por uma proximidade absoluta com a humanidade sofredora e pecadora.

Ele morreria como o Cristo agonizante, despojado, sujo de sangue, sem o conforto de Deus, assistido apenas por um ex-padre e pela sua companheira, e será precisamente o ex-padre, que ainda tem em si e para sempre o caráter sacerdotal, que o absolveria na confissão, antes de pronunciar, expirando as suas últimas palavras: “O que importa? Tudo é graça”.

Mesmo a uma distância sideral dessa obra, sempre se registrou uma tentativa de escavar na intimidade profunda do padre católico, especialmente neste período em que foi levantado o manto hipócrita com o qual alguns deles se revestiam, tornando-se sepulcros caiados, debaixo de cujas lajes de mármore se ocultam vermes e podridão, de acordo com a bem conhecida imagem evangélica.

Na verdade, a vulgata midiática, a esse respeito, já cunhou um cânone acusatório global que ignora os percentuais (muito mais baixos do que supomos) e os direitos de tutela até a condenação certa. O fato é que o crime desses “sacerdotes celerados” (a expressão estava nas “Recordações” de [Giovanni] Guicciardini, mas dizia respeito a outro vício muitas vezes rotulado pelo Papa Francisco como a ânsia pelo poder clerical) é muito mais grave precisamente por causa da sua identidade. O exame severo, por isso, é mais do que justificado, como foi desejado pelos dois últimos pontífices.

Impiedosa e exagerada, mas com uma verdade parcial e terrível própria, é a afirmação de que um célebre contemporâneo de Guicciardini, Maquiavel, emitia nos seus “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio”: “Temos com a Igreja e com os padres, nós, italianos, esta primeira obrigação: de termos nos tornado sem religião e maus”. Era a antecipação do axioma de Bernanos sobre o padre medíocre ou, pior ainda, perverso, causa de escândalo e de colapso da fé na comunidade eclesial.

Dizíamos que outros tentaram imitar o escritor francês, mesmo em distâncias abissais. Talvez o mais fino e positivo foi o florentino Nicola Lisi, com o seu “Diário de um pároco do interior” (1942), cujas páginas têm as cores dos “Fioretti” franciscanos. Recentemente (2017), foi a vez de um jornalista esportivo, Gianni Clerici, com seu “Diário de um pároco do lago”, que lida com os contrabandistas da região e com um abandono final do ministério sacerdotal.

O fato é que se multiplicam, ao lado dos panfletos acusatórios mais ou menos escandalizadores, os livros que tentam escavar na vida padrão de um padre para encontrar as suas crises, suas sombras e suas luzes. Às vezes, com resultados um pouco banais e de fácil consumo: é o caso, por exemplo, do sucesso registrado pelo breve romance de um jornalista francês, Jean Mercier, com seu “Il signor parroco ha dato di matto” [O senhor pároco enlouqueceu] (Ed. San Paolo, 2017). O título diz tudo, porque esse padre, amargurado pela superficialidade dos seus fiéis, só conseguirá sacudi-los encastelando-se em uma cela no jardim da casa paroquial, com uma janelinha mínima para a rua, que se transforma em uma espécie de confessionário inédito.

Algo semelhante, mas com uma densidade temática diferente, até porque o relato é autobiográfico e motivado pastoralmente, está na base do testemunho de Thomas Frings, pároco em Münster, com um título desconsolado: “Non posso più fare il parroco” [Não posso mais ser pároco].

De fato, na sua página do Facebook. em fevereiro de 2016, ele anunciou que estava “corrigindo a rota”, abandonando “o esforço inútil” de um ministério eclesialesclerosado e sem sobressaltos espirituais nos fiéis: ele se retiraria para um período de licença e reflexão em um mosteiro beneditino. Nesse ponto, a sua longa sequência crítica em relação a uma missão pastoral cotidiana cinzenta e sem graça, narrada com vivacidade e até com ironia, torna-se paradoxalmente um toque de trombeta.

Outros sacerdotes e fiéis recolhem a provocação, porque se veem refletidos naquele retrato, e, assim, o Pe. Thomas retoma um ministério diferente entre mosteiro, comunidades externas e intervenções públicas. Muitos aspectos podem ser até discutidos, mas se trata de uma radiografia que revela a cárie de um esqueleto secular que precisa de sangue novo, especialmente nesta Europa tão secularizada, sobretudo se quisermos responder à interrogação inicial do título alemão “Aus, Amen, Ende?”(“Fora, amém, fim?”).

Nesse ponto, pode-se aproximar a voz de outro padre mais otimista, Giulio Dellavite, de Bérgamo, que opta por caminhar na delicada crista de dois gêneros, o narrativa e o ensaístico. O título só pode impressionar aqueles que não estão acostumados com a linguagem bíblica: “Se ne ride chi abita i cieli” [Aquele que habita os céus ri] é uma frase do versículo 4 do Salmo 2, que, com um antropomorfismo, representa um Deus bastante sarcástico em relação ao agir humano em relação a ele e ao seu Messias.

Por um lado, portanto, há o registro narrativo do empresário com o carro em pane, que, em uma noite sombria, pede socorro batendo na porta de um mosteiro isolado, com uma série de reviravoltas sucessivas.

Por outro, há o diálogo com os personagens desse pequeno mundo, do abade ao porteiro, do bibliotecário ao verdureiro, e assim por diante, em uma ramificação progressiva de temas que vagam sobre as planícies da existência, mas que também escalam os altos caminhos da reflexão moral e teológica.

Delineia-se, assim, um surpreendente contraponto, em que os papéis podem se inverter quando se inicia o caminho da busca de sentido. É claro que o monge parece ter mais a dizer e a oferecer, tanto que o empresário descobre vislumbres inéditos do ser e da existência e, acima de tudo, percebe que deve retificar precisamente aquele patrimônio de liderança que levantava como sua bandeira.

No entanto, o religioso também não sairá ileso desse longo diálogo, que é substancialmente um ensaio sobre o poder como serviço, tanto que, no fim, elencam-se as fontes do magistério do Papa Francisco adotadas como tecido das páginas desse debate vivo, espiritual, mas não clerical, intelectual.

Thomas Frings. Così non posso più fare il parroco. Prefácio de Tullio Citrini. Milão: Ancora, 164 páginas.

Giulio Dellavite. Se ne ride chi abita i cieli. L’abate e il manager: lezioni di leadership fra le mura di un monastero. Milão: Mondadori, 220 páginas.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

1) Oração

 Ó Deus de bondade, concedei que, formados pela observância da Quaresma e nutridos por vossa palavra, saibamos mortificar-nos para vos servir com fervor, sempre unânimes na oração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 17-19)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 17Disse Jesus aos seus discípulos não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. 18Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei. 19Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus. - Palavra da salvação.

3) Reflexão

*  O Evangelho de hoje (Mt 5,17-19) ensina como observar a lei de Deus de tal maneira que a sua prática mostre em que consiste o pleno cumprimento da lei (Mt 5,17-19). Mateus escreve para ajudar as comunidades de judeus convertidos a superar as críticas dos irmãos de raça que as acusavam dizendo: “Vocês são infiéis à Lei de Moisés”. O próprio Jesus tinha sido acusado de infidelidade à lei de Deus. Mateus traz a resposta esclarecedora de Jesus aos que o acusavam. Assim ele traz uma luz para ajudar as comunidades a resolver seu problema.

*  Usando imagens do quotidiano, com palavras simples e diretas, Jesus tinha dito que a missão da comunidade, a sua razão de ser, é ser sal e ser luz! A respeito de cada uma das duas imagens ele tinha dado alguns conselhos. Em seguida, vem os três breves versículos do Evangelho de hoje:

Mateus 5,17-18: Nenhuma vírgula da lei vai cair. Havia várias tendências nas comunidades dos primeiros cristãos. Uns achavam que já não era necessário observar as leis do Antigo Testamento, pois é pela fé em Jesus que somos salvos e não pela observância da Lei (Rm 3,21-26). Outros aceitavam Jesus como Messias, mas não aceitavam a liberdade de Espírito com que algumas comunidades viviam a presença de Jesus ressuscitado. Achavam que eles, sendo judeus, deviam continuar observando as leis do AT (At 15,1.5). Havia ainda cristãos que viviam tão plenamente na liberdade do Espírito, que já não olhavam mais nem para a vida de Jesus de Nazaré nem para o AT e chegavam a dizer: “Anátema Jesus!” (1Cor 12,3). Diante destas tensões, Mateus procura um equilíbrio para além dos extremos. A comunidade deve ser o espaço, onde este equilíbrio possa ser alcançado e vivido. A resposta dada por Jesus aos que o criticavam continuava bem atual para as comunidades: “Não vim abolir a lei, mas dar-lhe pleno cumprimento!”. As comunidades não podiam ser contra a Lei, nem podiam fechar-se dentro da observância da lei. Como Jesus, deviam dar um passo e mostrar, na prática, qual o objetivo que a lei quer alcançar na vida das pessoas, a saber, a prática perfeita do amor.

Mateus 5,17-18: Nenhuma vírgula da lei vai cair. E aos que queriam desfazer-se de toda a lei, Mateus lembra a outra palavra de Jesus: “Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu”. A grande preocupação do Evangelho de Mateus é mostrar que o AT, Jesus de Nazaré e a vida no Espírito não podem ser separados. Os três fazem parte do mesmo e único projeto de Deus e nos comunicam a certeza central da fé: o Deus de Abraão e Sara está presente no meio das comunidades pela fé em Jesus de Nazaré que nos manda o seu Espírito.

4) Para um confronto pessoal

  1. Como vejo e vivo a lei de Deus: como horizonte de liberdade crescente ou como imposição que delimita minha liberdade?
  2. E o que podemos fazer hoje para os irmãos e irmãs que consideram toda esta discussão como ultrapassada e sem atualidade? O que podemos aprender deles?

5) Oração final

Glorifica o SENHOR, Jerusalém, louva teu Deus, ó Sião! Porque reforçou as trancas das tuas portas, no teu meio abençoou teus filhos. (Sl 147, 12-14)

1) Oração

Ó Deus, que a vossa graça não nos abandone, mas nos faça dedicados ao vosso serviço e aumente sempre em nos os vossos dons. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Mateus 18, 21-35)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 21Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? 22Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos. 24Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida. 26Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo! 27Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida. 28Mas este servo, tendo saído, encontrou um dos seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando-lhe a mão, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves. 29O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: Dá-me um prazo e eu te pagarei! 30Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida. 31Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado. 32Então o senhor o chamou e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei toda sua dívida, porque me suplicaste; 33Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti? 34E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida. 35Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração. - Palavra da salvação.

3) Reflexão

*  O Evangelho de hoje fala da necessidade do perdão. Não é fácil perdoar. Pois certas mágoas continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem: "Eu perdôo, mas não esqueço!" Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a reconciliação. Vamos meditar as palavras de Jesus que falam da reconciliação (Mt 18,21-22) e que trazem a parábola do perdão sem limites (Mt 18,23-35).

Mateus 18,21-22: Perdoar setenta vezes sete!. Jesus tinha falado sobre a importância do perdão e sobre a necessidade de saber acolher os irmãos e as irmãs para ajudá-los a se reconciliar com a comunidade (Mt 18,15-20). Diante destas palavras de Jesus, Pedro pergunta: “Quantas vezes devo perdoar ao irmão que pecar contra mim? Até sete vezes?” O número sete indica uma perfeição. No caso, era sinônimo de sempre. Jesus vai mais longe do que a proposta de Pedro. Ele elimina todo e qualquer possível limite para o perdão: "Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete!” Ou seja, setenta vezes sempre!  Pois não há proporção entre o perdão que recebemos de Deus e o perdão que nós devemos oferecer ao irmão, como ensinará a parábola do perdão sem limites.

*  A expressão setenta vezes sete era uma alusão clara às palavras de Lamec que dizia: “Por uma ferida, eu matei um homem, e por uma cicatriz matei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta vezes sete" (Gn 4,23-24). Jesus quer reverter a espiral da violência que entrou no mundo pela desobediência de Adão e Eva, pelo assassinato de Abel por Caim e pela vingança de Lamec. Quando a violência desenfreada toma conta da vida, tudo desanda e a vida se desintegra. Surge o Dilúvio e aparece a Torre de Babel da dominação universal (Gn 2,1 a 11,32).

Mateus 18,23-35: A parábola do perdão sem limite.  A dívida de dez mil talentos valia em torno de 164 toneladas de ouro. A dívida de cem denários valia 30 gramas de ouro. Não existe meio de comparação entre os dois! Mesmo que o devedor junto com mulher e filhos fossem trabalhar a vida inteira, jamais seriam capazes de juntar 164 toneladas de ouro. Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente nossa dívida de 164 toneladas de ouro, é nada mais do que justo que também nós perdoemos ao irmão a insignificante dívida de 30 gramas de ouro, setenta vezes sempre! O único limite para a gratuidade do perdão de Deus é a nossa incapacidade de perdoar o irmão! (Mt 18,34; 6,15).

A comunidade como espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. A sociedade do Império Romano era dura e sem coração, sem espaço para os pequenos. Estes buscavam um abrigo para o coração e não o encontravam. As sinagogas também eram exigentes e não ofereciam um lugar para eles. E nas comunidades cristãs, o rigor de alguns na observância da Lei levava para dentro da convivência os mesmos critérios da sinagoga. Além disso, lá para o fim do primeiro século, nas comunidades cristãs começavam a aparecer as mesmas divisões que existiam na sociedade entre rico e pobre (Tg 2,1-9). Em vez da comunidade ser um espaço de acolhimento, ela corria o risco de tornar-se um lugar de condenação e de conflitos. Mateus quer iluminar as comunidades, para que sejam um espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. Devem ser uma Boa Notícia para os pobres.

4) Para um confronto pessoal

  1. Por que será que é tão difícil perdoar?
  2. Na nossa comunidade existe espaço para a reconciliação? De que maneira?

5) Oração final

Mostra-me, SENHOR, os teus caminhos, ensina-me tuas veredas. Faz-me caminhar na tua verdade e instrui-me, porque és o Deus que me salva, e em ti sempre esperei. (Sl 24, 4-5)

A festa da Anunciação celebra o momento em que o anjo Gabriel, no pequeno vilarejo de Nazaré, anuncia a Maria sua próxima maternidade, segundo a narração do Evangelho de Lucas

Cidade do Vaticano

A celebração da Anunciação, episódio narrado no Evangelho de Lucas (Lc 1, 26-38), tem origem nos primeiros séculos do cristianismo e se caracteriza por um elemento dogmático fundamental: a concepção virginal de Maria. De fato, desde os primeiros séculos, a Igreja professava a Encarnação de Deus através da concepção de uma Virgem. Com o Concílio de Niceia do ano 325 e o Concílio de Constantinopla foi estabelecido o Credo com o qual ainda hoje proclamamos que o Filho de Deus “por nós homens e para a nossa salvação desceu dos céus e se Encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria e se fez homem”. A celebração da solenidade litúrgica difundiu-se na época de Justiniano, no século VI e foi introduzida na Igreja romana pelo Papa Sérgio I no final do século VII com uma solene procissão na basílica de Santa Maria maior, na qual os mosaicos do arco do triunfal são dedicados à divina maternidade de Maria, proclamada Theotokos do Concílio de Éfeso (ano 431).

O anúncio: Maria e Jesus

Toda e qualquer referência à Virgem Maria está ligada diretamente ao filho Jesus. Por isso, originariamente, a festa de 25 de março, ao menos no Oriente do século V, era considerada uma festa mariana, embora a recordação da Encarnação de Cristo já fosse venerada no século IV na Palestina, na mesma data. Nos séculos seguintes a festa foi introduzida também no Ocidente, algumas vezes com referência ao Senhor, outras a Maria, até o Concílio Vaticano II esclarecer definitivamente. De fato, Paulo VI na Exortação apostólica Marialis cultus de 1974, ao fixar a denominação “Anunciação do Senhor” esclarece que se trata da festa conjunta de Cristo e da Virgem.

O encontro entre o Anjo e Maria

Estamos no centro da história da salvação, no início do desígnio divino, ou seja, a sua encarnação que tornará nova todas as coisas. Este é o significado de uma festa que de uma só vez supera e renova todo o Antigo Testamento, que já tinha sido antecipada no mesmo, em alguns pontos, por exemplo no Gênesis quando se fala da mulher que esmagará a cabeça da serpente ou no anúncio do Emanuel em Isaías.

Na narração evangélica, a saudação do anjo esclarece a Maria que Deus com a sua proteção está presente na sua vida, portanto anuncia-lhe a maternidade que tornará visível a invisibilidade de Deus; depois Maria pede esclarecimentos para que o seu sim seja mais pessoal e voluntário, que representa o total abandono da criatura ao seu Deus. Antes de se despedir, enfim, a revelação do anjo sobre a gravidez de Elizabeth não é nada mais que outro sinal de autenticidade do acontecido, pois “nada é impossível a Deus”.

A festa da Anunciação

A data para a festa, foi fixada em 25 de março, nove meses antes do Natal, todavia, quando cai na Semana Santa, na Semana de Páscoa, ou coincide com o Domingo de Páscoa ou com um domingo da Quaresma, é adiada. Este simples mecanismo, na realidade, foi obtido depois de uma discreta elaboração: o Concílio de Constantinopla do ano de 692 estabeleceu para as Igrejas Orientais que a celebração seria feita mesmo no Tempo da Quaresma; enquanto que para as Igrejas Ocidentais – decisão aceita também pela Igreja de Roma, o Concílio de Toledo de 656 mudou a recorrência para o dia 18 de dezembro, porém mais tarde, com a reforma do calendário voltou-se ao dia 25 de março. Dia este escolhido por ser o sexto dia do equinócio de primavera (no hemisfério norte) que cai dia 20, considerando que Deus criou o homem no sexto dia. Fonte: https://www.vaticannews.va

Tema do 3º Domingo da Quaresma

Nesta terceira etapa da caminhada para a Páscoa somos chamados, mais uma vez, a repensar a nossa existência. O tema fundamental da liturgia de hoje é a “conversão”. Com este tema enlaça-se o da “libertação”: o Deus libertador propõe-nos a transformação em homens novos, livres da escravidão do egoísmo e do pecado, para que em nós se manifeste a vida em plenitude, a vida de Deus.

O Evangelho contém um convite a uma transformação radical da existência, a uma mudança de mentalidade, a um recentrar a vida de forma que Deus e os seus valores passem a ser a nossa prioridade fundamental. Se isso não acontecer, diz Jesus, a nossa vida será cada vez mais controlada pelo egoísmo que leva à morte.

EVANGELHO- ATUALIZAÇÃO (Lc 13,1-9)

A proposta principal que Jesus apresenta neste episódio chama-se “conversão” (“metanoia”). Não se trata de penitência externa, ou de um simples arrependimento dos pecados; trata-se de um convite à mudança radical, à reformulação total da vida, da mentalidade, das atitudes, de forma que Deus e os seus valores passem a estar em primeiro lugar.

É este caminho a que somos chamados a percorrer neste tempo, a fim de renascermos, com Jesus, para a vida nova do Homem Novo. Concretamente, em que é que a minha mentalidade deve mudar? Quais são os valores a que eu dou prioridade e que me afastam de Deus e das suas propostas?

Essa transformação da nossa existência não pode ser adiada indefinidamente. Temos à nossa disposição um tempo relativamente curto: é necessário aproveitá-lo e deixar que em nós cresça, o mais cedo possível, o Homem Novo. Está em jogo a nossa felicidade, a vida em plenitude… Porquê adiar a sua concretização?

Uma outra proposta convida-nos a cortar definitivamente da nossa mentalidade a ligação direta entre pecado e castigo. Dizer que as coisas boas que nos acontecem são a recompensa de Deus para o nosso bom comportamento e que as coisas más são o castigo para o nosso pecado, equivale a acreditarmos num deus mercantilista e chantagista que, evidentemente, não tem nada a ver com o nosso Deus.

LEIA A REFLEXÃO NA ÍNTEGRA. CLIQUE NO LINK AO LADO- Evangelho do dia

1) Oração

Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, que, purificados pelo esforço da penitência, cheguemos de coração sincero às festas da Páscoa que se aproximam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Mateus 21, 33-43.45-46)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 33Ouvi outra parábola: havia um pai de família que plantou uma vinha. Cercou-a com uma sebe, cavou um lagar e edificou uma torre. E, tendo-a arrendado a lavradores, deixou o país. 34Vindo o tempo da colheita, enviou seus servos aos lavradores para recolher o produto de sua vinha. 35Mas os lavradores agarraram os servos, feriram um, mataram outro e apedrejaram o terceiro. 36Enviou outros servos em maior número que os primeiros, e fizeram-lhes o mesmo. 37Enfim, enviou seu próprio filho, dizendo: Hão de respeitar meu filho. 38Os lavradores, porém, vendo o filho, disseram uns aos outros: Eis o herdeiro! Matemo-lo e teremos a sua herança! 39Lançaram-lhe as mãos, conduziram-no para fora da vinha e o assassinaram. 40Pois bem: quando voltar o senhor da vinha, que fará ele àqueles lavradores? 41Responderam-lhe: Mandará matar sem piedade aqueles miseráveis e arrendará sua vinha a outros lavradores que lhe pagarão o produto em seu tempo. 42Jesus acrescentou: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que fôra rejeitada pelos que edificavam, tornou-se cabeça do ângulo? Pelo Senhor foi feito isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos. 43Por isso vos digo: ser-vos-á tirado o Reino de Deus, e será dado a um povo que produzirá os frutos dele. 45Ouvindo isto, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus compreenderam que era deles que Jesus falava. 46E procuravam prendê-lo; mas temeram o povo, que o tinha por um profeta. - Palavra da salvação.

3) Reflexão

*  O texto do evangelho de hoje faz parte de um conjunto mais amplo que engloba Mateus 21,23-46. Os chefes dos sacerdotes e os anciãos tinham perguntado a Jesus com que autoridade ele fazia as coisas (Mt 21,23). Eles se consideravam os donos de tudo e achavam que ninguém podia fazer nada sem a licença deles. A resposta de Jesus consta de três partes: 1) Ele faz uma contra-pergunta e quer saber deles se João Batista era do céu  ou da terra (Mt 21,24-27). 2) Conta a parábola dos dois filhos (Mt 21,28-32). 3) Conta a parábola da vinha (Mt 21,33-46) que é o evangelho de hoje.

Mateus 21,33-40: A parábola da vinha.

   Jesus começa assim: "Escutem essa outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, cercou-a, fez um tanque para pisar a uva, e construiu uma torre de guarda”. A parábola é um resumo bonito da história de Israel, tirado do profeta Isaías (Is 5,1-7). Jesus se dirige aos chefes dos sacerdotes, aos anciãos (Mt 21,23) e aos fariseus (Mt 21,45) e dá uma resposta à pergunta que eles tinham feito sobre a origem da sua autoridade (Mt 21,23). Por meio desta parábola, Jesus esclarece várias coisas:  (1) Revela qual a origem da sua autoridade: ele é o filho, o herdeiro.  (2) Denuncia o abuso da autoridade dos vinhateiros, isto é, dos sacerdotes e anciãos que não cuidavam do povo de Deus. (3) Defende a autoridade dos profetas, enviados por Deus, mas massacrados pelos sacerdotes e anciãos. (4) Desmascara as autoridades que manipulam a religião e matam o filho, porque não querem perder a fonte de renda que conseguiram acumular para si, ao longo dos séculos.

Mateus 21,41: A sentença dada por eles mesmos

   No fim da parábola, Jesus pergunta: “Pois bem: quando o dono da vinha voltar, o que irá fazer com esses agricultores?” Eles não se deram conta de que a parábola estava falando deles mesmos. Por isso, pela resposta dada eles decretaram sua própria condenação: “Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: É claro que mandará matar de modo violento esses perversos, e arrendará a vinha a outros agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo". Várias vezes Jesus usa esse mesmo método. Ele leva a pessoa a dizer a verdade sem ela se dar conta de que está se condenando-se a si mesma. Por exemplo, no caso do fariseu que condenou a moça como pecadora (Lucas 7,42-43) e no caso da parábola dos dois filhos Mt 21,28-32).

Mateus 21,42-46: A sentença dada por eles mesmos é confirmada pelo comportamento deles.

   Pelo esclarecimento de Jesus, os sacerdotes, os anciãos e os fariseus entenderam que a parábola falava deles mesmos, mas eles não se converteram. Pelo contrário! Mantiveram o seu projeto de matar Jesus. Rejeitaram “a pedra fundamental”. Mas não tiveram a coragem de fazê-lo abertamente porque tinham medo do povo.

Os vários grupos no poder no tempo de Jesus. No evangelho de hoje apareceram alguns dos grupos que, naquele tempo, exerciam o poder junto ao povo: sacerdotes, anciãos e fariseus. Segue aqui uma breve informação sobre o poder de cada um destes e de alguns outros grupos:

  1. Sacerdotes: Eram os encarregados do culto no Templo. Era para o Templo que o povo levava o dízimo e as outras taxas e ofertas para pagar suas promessas. O sumo sacerdote ocupava um lugar muito importante na vida da nação, sobretudo depois do exílio. Era escolhido ou nomeado entre as três ou quatro famílias aristocratas, que detinham mais poder e maior riqueza.
  2. Anciãos ou Chefes do povo: Eram os líderes locais nas várias aldeias e cidades. Sua origem vinha das chefias das tribos de antigamente.
  3. Saduceus: Eram a elite leiga aristocrata da sociedade. Muitos deles eram ricos comerciantes ou latifundiários. Do ponto de vista religioso eram conservadores. Não aceitavam as mudanças defendidas pelos fariseus, como por exemplo, a fé na ressurreição e a existência de anjos.
  4. Fariseus: Fariseu significa: separado. Eles lutavam para que, através da observância perfeita da lei da pureza, o povo chegasse a ser puro, separado e santo como o exigiam a Lei e a Tradição! Por causa do testemunho exemplar da sua vida dentro das normas da época, eles tinham uma liderança moral muito grande nas aldeias da Galiléia.
  5. Escribas ou doutores da lei: Eram os encarregados do ensino. Dedicavam sua vida ao estudo da Lei de Deus e ensinavam ao povo como fazer para observar em tudo a Lei de Deus. Nem todos os escribas eram da mesma linha. Uns estavam ligados aos fariseus, outros, aos saduceus.

 4) Para um confronto pessoal

  1. Alguma vez, você já se sentiu controlada, indevidamente, em casa, no trabalho, na igreja? Qual foi a sua reação? Como Jesus?
  2. Se Jesus voltasse hoje e contasse a mesma parábola, como eu iria reagir?

 5) Oração final

 Quanto é alto o céu sobre a terra tanto prevalece sua bondade para com os que o temem. Quando é distante o oriente do ocidente, tanto ele afasta de nós nossas culpas. (Sl 102, 11-12)

Estudo mostra que ideia da deidade moral aparece depois que os homens deixaram a tribo

Uma menina às portas do santuário de Chak Chak, no Irã, lugar de peregrinação para os zoroastristas.KAVEH KAZEMI GETTY IMAGES

A ideia de um deus todo-poderoso que vigia os humanos a partir de cima e pune os que se desviam da norma surgiu depois que estes trocaram a tribo pela sociedade. Essa é a principal conclusão de um amplo estudo que revê o surgimento das sociedades complexas e a ideia do deus moral. Dos antigos egípcios até o Império Romano, passando pelos hititas, os deuses morais só entram em cena quando as sociedades se tornam realmente grandes.

A crença no sobrenatural é tão antiga como os humanos. Mas a ideia de um ser onisciente vigilante da moral é mais recente. Antes das revoluções neolíticas, do surgimento da agricultura e das primeiras sociedades, os humanos viviam em grupos relativamente pequenos, baseados no parentesco. Na tribo, todos se conheciam e devia ser difícil ter uma conduta antissocial sem ser flagrado. O risco de ser apontado, castigado ou expulso do grupo bastava para controlar o indivíduo. Mas, à medida que as sociedades foram se tornando mais complexas, as relações com estranhos ao clã cresciam e, ao mesmo tempo, as possibilidades de escapar à sanção. Para muitos estudiosos das religiões, a aparição de um deus moral que tudo vê serviu como cola para a coesão social, facilitando a emergência de sociedades cada vez maiores.

“Mas o que vimos é que os deuses moralizantes não são nada necessários para que se estabeleçam sociedades em grande escala”, diz Harvey Whitehouse, diretor do Centro para o Estudo da Coesão Social da Universidade de Oxford (Reino Unido) e coautor do estudo. “De fato, só aparecem depois do forte aumento inicial da complexidade social, uma vez que as sociedades alcançam uma população de aproximadamente um milhão de pessoas”, acrescenta.

O estudo usa 55 variáveis para medir a complexidade social de 414 entidades políticas

Junto a um amplo grupo de cientistas, o antropólogo britânico analisou 414 entidades políticas surgidas do Neolítico. Na base de dados, reunida no projeto Seshat, há desde cidades-Estado como Ur até a confederação viking da Islândia e impérios como o inca e o aquemênida. Para medir sua complexidade, usaram até 55 variáveis diferentes, como a existência de uma estratificação e hierarquia social, se existiam a propriedade privada e a capacidade de transferi-la, e o desenvolvimento da agricultura e de exércitos.

Seus resultados, publicados na revista Nature, mostram que, quando os deuses morais apareceram, as sociedades já eram na sua maioria muito complexas. Na verdade, as entidades políticas estudadas apresentavam um aumento médio da sua complexidade social até cinco vezes maior antes da chegada desses deuses do que depois. Só então o deus moral cumpre uma função social: “Talvez se deva a que, chegados a este ponto, as sociedades fiquem tão grandes que se tornam vulneráveis às tensões internas e ao conflito. Os deuses moralizantes poderiam oferecer uma via para que as sociedades continuassem prosperando apesar de tais tensões, fazendo que todos cooperassem para evitar ofender um poder superior atento ao nosso comportamento com relação aos demais, e sobre o qual se pensava que castigava os transgressores”, diz Whitehouse como possível explicação.

As primeiras ideias de um deus moral surgem no antigo Egito, com a figura de Maat, a filha do deus Rá. Isso foi por volta de 2800 antes da era atual, vários séculos depois da unificação das primeiras cidades do vale do Nilo. Segue-a na lista cronológica Shamash, o deus-sol que tudo vê, do Império Acádio, meio milênio posterior ao surgimento das civilizações mesopotâmicas. O mesmo padrão se observa com a deidade chinesa Tian e os diversos deuses do Império Hitita, na Anatólia (atual Turquia). Já no primeiro milênio antes da era atual apareceram o masdaísmo (ou zoroastrismo), o judaísmo e, já na era atual, o cristianismo e o islamismo. Todas são religiões com deuses morais surgidas ou evoluídas em sociedades já consolidadas.

Os primeiros deuses morais aparecem no antigo Egito, na Mesopotâmia, na Anatólia e na China

O estudo mostra, entretanto, que pode haver sociedades altamente complexas sem um deus moral. Isso não significa que não castigassem os humanos, mas o faziam mais por faltar às obrigações com as divindades do que por ofender outros humanos. A maioria dessas sociedades é das Américas e Sudeste Asiático.

“Os sacrifícios e as normas de gênero dos astecas parecem centradas mais na manutenção [de uma ordem] universal e na melhora individual que no estabelecimento de costumes religiosamente controlados no qual alguns deuses moralizantes ameaçam punir as ações interpessoais impróprias”, comenta o arqueólogo Alan Covey, da Universidade do Texas, coautor do estudo. “Os textos maias parecem mostrar, ao menos no âmbito dos reis, que as razias e os sacrifícios humanos eram eventos memoráveis, e não atos pelos quais se pudesse temer uma desaprovação moral sobrenatural”, acrescenta esse arqueólogo especialista nos impérios pré-colombianos, em particular o inca. “Isto se encaixa com os traços gerais da visão do mundo andina e as práticas de sacrifícios locais e estatais do Império inca”, conclui.

O estudo vai inclusive além e julga encontrar uma conexão entre aparição da escrita e a emergência dos deuses morais. Em 9 das 12 regiões do planeta analisadas, os primeiros registros escritos aparecem em média 400 anos antes das primeiras referências aos deuses morais. Isto, junto com a ausência da ideia de um deus moral na maioria das culturas orais, “sugere que estas crenças não estavam muito difundidas antes da invenção da escrita”, opina Whitehouse.

Os deuses de astecas, maias ou incas não intervêm na moral das relações humanas

Mas nem todos opinam o mesmo. O diretor do Instituto para a Ciência da História Humana (em Jena, Alemanha), o biólogo evolutivo Russell Gray, argumenta que “as provas de deuses moralizantes são difíceis de encontrar antes da invenção da escrita, mas isso não significa que não haja nenhuma. Os primeiros escritos eram principalmente documentos sobre transações financeiras, não sobre crenças religiosas”, acrescenta. Gray, que não participou do estudo, é um dos maiores defensores de que o castigo divino entendido em um sentido amplo é um precursor da complexidade política e social. Entretanto, reconhece que “os deuses morais são uma criação relativamente recente”. Fonte: https://brasil.elpais.com

1) Oração

Ó Deus, que amais e restaurais a inocência, orientai para vós os corações dos vossos filhos, para que, renovados pelo vosso Espírito, sejamos firmes na fé e eficientes nas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Lucas 16, 19-31)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 19Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e que todos os dias se banqueteava e se regalava. 20Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico. 21Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico... Até os cães iam lamber-lhe as chagas. 22Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. 23E estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio. 24Gritou, então: - Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas. 25Abraão, porém, replicou: - Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento. 26Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que querem passar daqui para vós, não o podem, nem os de lá passar para cá. 27O rico disse: - Rogo-te então, pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, 28para lhes testemunhar, que não aconteça virem também eles parar neste lugar de tormentos. 29Abraão respondeu: - Eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos! 30O rico replicou: - Não, pai Abraão; mas se for a eles algum dos mortos, arrepender-se-ão. 31Abraão respondeu-lhe: - Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos. - Palavra da salvação.

3) Reflexão

*  Toda vez que Jesus tem uma coisa importante para comunicar, ele cria uma história e conta uma parábola. Assim, através da reflexão sobre a realidade visível, ele leva os ouvintes a descobrirem os apelos invisíveis de Deus, presentes na vida. Uma parábola é feita para fazer pensar e refletir. Por isso, é importante prestar atenção até nos seus mínimos detalhes. Na parábola do evangelho de hoje aparecem três pessoas: o pobre Lázaro, o rico sem nome e o pai Abraão. Dentro da parábola, Abraão representa o pensamento de Deus. O rico sem nome representa a ideologia dominante da época. Lázaro representa o grito calado dos pobres do tempo de Jesus e de todos os tempos.

Lucas 16,19-21: A situação do rico e do pobre.  Os dois extremos da sociedade. De um lado, a riqueza agressiva. Do outro, o pobre sem recurso, sem direitos, coberto de úlceras, impuro, sem ninguém que o acolhe, a não ser os cachorros que lambem suas feridas. O que separa os dois é a porta fechada da casa do rico. Da parte do rico não há acolhimento nem piedade pelo problema do pobre à sua porta. Mas o pobre tem nome e o rico não tem. Ou seja, o pobre tem o seu nome inscrito no livro da vida, o rico não. O pobre se chama Lázaro. Significa Deus ajuda. É através do pobre que Deus ajuda o rico e que o rico poderá ter o seu nome no livro da vida. Mas o rico não aceita ser ajudado pelo pobre, pois mantém a porta fechada. Este início da parábola que descreve a situação, é um espelho fiel do que estava acontecendo no tempo de Jesus e no tempo de Lucas. É espelho do que acontece até hoje no mundo!

Lucas 16,22: A mudança que revela a verdade escondida.  O pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na parábola, o pobre morre antes do rico. Isto é um aviso aos ricos. Enquanto o pobre está vivo à porta, ainda tem salvação para o rico. Mas depois que o pobre morre, morre também o único instrumento de salvação para o rico. Agora, o pobre está no seio de Abraão. O seio de Abraão é a fonte de vida, de onde nasceu o povo de Deus. Lázaro, o pobre, faz parte do povo de Abraão, do qual era excluído enquanto estava à porta do rico. O rico que pensa ser filho de Abraão não vai para o seio de Abraão! Aqui termina a introdução da parábola. Agora começa a revelação do seu sentido, através de três conversas entre o rico e o pai Abraão.

Lucas 16,23-26: A primeira conversa.  Na parábola, Jesus abre uma janela sobre o outro lado da vida, o lado de Deus. Não se trata do céu. Trata-se do lado verdadeiro da vida que só a fé enxerga e que o rico sem fé não percebia. É só à luz da morte que a ideologia do império se desintegra na cabeça do rico e que aparece para ele o que é valor real na vida. No lado de Deus, sem a propaganda enganadora a ideologia, os papéis são trocados. O rico vê Lázaro no seio de Abraão e pede para ele vir aliviá-lo no sofrimento. O rico descobre que Lázaro é o seu único benfeitor possível. Mas agora é tarde demais! O rico sem nome é piedoso, pois reconhece Abraão e o chama de Pai.  Abraão responde e o chama de filho. Esta palavra de Abraão, na realidade, está sendo dirigida a todos os ricos vivos. Enquanto vivos, eles ainda têm chance de se tornarem filhos e filhas de Abraão, se souberem abrir a porta para Lázaro, o pobre, o único que em nome de Deus pode ajudá-los. A salvação para o rico não é Lázaro trazer uma gota de água para refrescar-lhe a língua, mas é ele, o próprio rico, abrir a porta fechada para o pobre e, assim, transpor o grande abismo.

Lucas 16,27-29: A segunda conversa.  O rico insiste: "Pai, eu te suplico: manda Lázaro para a casa do meu pai. Tenho cinco irmãos!" O rico não quer que seus irmãos venham no mesmo lugar de tormento. Lázaro, o pobre, é o único verdadeiro intermediário entre Deus e os ricos. É o único, porque é só aos pobres que os ricos podem e devem devolver o que roubaram e, assim, restabelecer a justiça prejudicada! O rico está preocupado com os irmãos. Nunca esteve preocupado com os pobres! A resposta de Abraão é clara: "Eles têm Moisés e os Profetas: que os ouçam!" Têm a Bíblia! O rico tinha a Bíblia. Conhecia-a até de memória. Mas nunca se deu conta de que a Bíblia tivesse algo a ver com os pobres. A chave para o rico poder entender a Bíblia é o pobre sentado à sua porta!

Lucas 16,30-31: A terceira conversa.  "Não, pai, se alguém entre os mortos der um aviso, eles vão se arrepender!" O próprio rico reconhece que ele está errado, pois fala em arrependimento, coisa que durante a vida nunca sentiu. Ele quer um milagre, uma ressurreição! Mas este tipo de ressurreição não existe. A única ressurreição é a de Jesus. Jesus ressuscitado vem até nós na pessoa do pobre, dos sem-direito, dos sem-terra, dos sem-comida, do sem-casa, dos sem-saúde. Na sua resposta final, Abraão é curto e grosso: "Se não escutarem Moisés e os profetas, mesmo que alguém ressuscitar dos mortos, eles não se convencerão!" Está encerrada a conversa! Fim da parábola!

*  A chave para entender o sentido da Bíblia é o pobre Lázaro, sentado à porta! Deus vem até nós na pessoa do pobre, sentado à nossa porta, para nos ajudar a transpor o abismo intransponível que os ricos criaram. Lázaro é também Jesus, o Messias pobre e servidor, que não foi aceito, mas cuja morte mudou radicalmente todas as coisas. É à luz da morte do pobre que tudo se modifica. O lugar de tormento é a situação da pessoa sem Deus. Por mais que o rico pense ter religião e fé, não há jeito de ele estar com Deus, enquanto não abrir a porta para o pobre, como fez Zaqueu (Lc 19,1-10).

4) Para um confronto pessoal

  1. Qual o tratamento que nós damos aos pobres? Eles têm nome para nós? Nas atitudes que tomo na vida, sou parecido com Lázaro ou com o rico?
  2. Entrando em contato conosco, os pobres percebem algo diferente? Percebem uma Boa Notícia? E eu, para que lado tende o meu coração: para o milagre ou para a Palavra de Deus?

5) Oração final

Feliz quem não segue o conselho dos maus, não anda pelo caminho dos pecadores nem toma parte nas reuniões dos zombadores, mas na lei do SENHOR encontra sua alegria e nela medita dia e noite. (Sl 1, 1-2)

Papa rejeita demissão de cardeal francês condenado por encobrir abusos a menores

Francisco invoca a presunção de inocência para Philippe Barbarin, sentenciado a seis meses de prisão, mas o prelado decide se afastar temporariamente do seu cargo na arquidiocese de Lyon

DANIEL VERDÚ

SILVIA AYUSO

O Papa cumprimenta o cardeal Barbarin, na segunda-feira passada, quando este lhe apresentou seu pedido de demissão. VATICAN MEDIA

Uma decisão do Vaticano, em meio à tormenta que a Igreja atravessa por causa dos escândalos de abusos sexuais contra menores, volta a causar surpresa. Especialmente depois da espetacular demonstração feita na Santa Sé durante a cúpula de fevereiro passado. O papa Francisco, contrariando todos os prognósticos, recusou na segunda-feira a demissão do cardeal francês Philippe Barbarin, condenado a seis meses de prisão por acobertar abusos contra menores dos quais teve conhecimento em 2014 e 2015. Segundo o porta-voz do pontífice, Alessandro Gisotti, Francisco deixou ao cardeal a liberdade de tomar a decisão que considerasse ser mais oportuna, invocando sua presunção de inocência e pensando no bem da arquidiocese. O cardeal anunciou nesta terça-feira que deixará temporariamente o comando da arquidiocese de Lyon.

Barbarin, de 68 anos, disse em nota que decidiu se retirar “por certo tempo” da primeira linha da arquidiocese, embora mantenha formalmente o título de arcebispo de Lyon. “Por sua sugestão [do Papa] e porque a Igreja de Lyon sofre há três anos, decidi me retirar por certo tempo e deixar a condução da arquidiocese a cargo do vigário-geral Yves Baumgarten”, afirmou. Barbarin já havia deixado claro que recorrerá da decisão judicial.

A condenação do cardeal, um dos homens mais poderosos da Igreja Católica na França, representa uma surpresa em seu país e no próprio Vaticano. Ninguém, nem sequer o Papa, a julgar por sua reação, achava que seria condenado. De fato, quando o tribunal de Lyon que examinava o caso intimou como testemunha o cardeal Luis Ladaria, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Vaticano se permitiu invocar a imunidade diplomática do prelado para evitar seu depoimento. Um gesto que contraria completamente a linha de colaboração com a Justiça que o Papa vem propondo aos bispos em seus países e que causou indignação entre as vítimas —especialmente quando o conceito de "tolerância zero" se torna algo tão interpretável.

A reação de Francisco “deixa claro que o problema da pedofilia é a Igreja e é o Papa. Hoje a problemática não está nem nos padres, nem nos cardeais, nem na Igreja francesa, e sim no próprio Papa, que é o responsável pela situação”, disse François Devaux, presidente da associação Palavra Liberada, que agrupa vítimas de pedofilia em Lyon e que foi a responsável por levar o cardeal Barbarin a julgamento.

“Com uma decisão assim, [o Papa] demonstra a incoerência e a ausência de confiabilidade sobre o que possa dizer e fazer” a respeito desse assunto, acrescentou em conversa telefônica. Em relação ao recurso judicial de Barbarin, Devaux se disse confiante. “Não entenderam que isso não muda nada, que é uma questão moral, e não só de justiça”, afirmou.

A decisão do Papa, que segundo Barbarin apelou à "presunção de inocência", coincide com a atitude demonstrada em relação ao cardeal George Pell, ex-ministro de Finanças do Vaticano. Nunca – nem ao ser formalmente processado, nem após ser anunciada sua condenação – ele foi obrigado a se demitir do seu cargo. Na verdade, seu mandato expirou de forma natural, e atualmente, apesar de preso enquanto aguarda o julgamento do recurso em segunda instância, continua sendo cardeal. Uma maioria de pessoas considera no Vaticano que o cardeal australiano é inocente e será absolvido quando tiver "um julgamento justo", sem júri. Além disso, frequentemente se recorda intramuros o caso do ex-arcebispo de Adelaide (sul da Austrália) Philip Wilson, absolvido em segunda instância em dezembro passado. A sensação é semelhante à que predomina agora na Santa Sé com o prelado francês e seu recurso. Nesta segunda-feira, aliás, Francisco se fotografou sorridente com ele e apertando sua mão.

Barbarin anunciou sua intenção de apresentar sua demissão ao papa Francisco em 7 de março, horas depois de o tribunal correcional de Lyon o declarar “culpado por não ter denunciado maus tratos” contra um menor entre 2014 e 2015, anos em que as primeiras vítimas do padre Bernard Preynat o procuraram para relatar abusos sofridos 25 anos atrás e para exigir que o sacerdote não continuasse trabalhando com crianças. Os juízes o condenaram a seis meses de prisão pelo acobertamento, embora tenham permitido que cumpra a pena em liberdade. A sentença foi uma surpresa inclusive para os autores da ação, que foram pela via particular aos tribunais porque o Ministério Público de Lyon se recusou a formalizar queixas —uma postura que reafirmou durante o julgamento, em janeiro passado, por considerar que o crime estava prescrito. Fonte: https://brasil.elpais.com

1) Oração

Ó Deus, conservai constantemente vossa família na prática das boas obras, e, assim como nos confortais agora com vossos auxílios, conduzi-nos aos bens eternos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Mateus 20, 17-28)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 17Subindo para Jerusalém, durante o caminho, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes: 18Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. 19E o entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará. 20Nisso aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica. 21Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda. 22Jesus disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber? Sim, disseram-lhe. 23De fato, bebereis meu cálice. Quanto, porém, ao sentar-vos à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim vo-lo conceder. Esses lugares cabem àqueles aos quais meu Pai os reservou. 24Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos. 25Jesus, porém, os chamou e lhes disse: Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. 26Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. 27E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. 28Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão. - Palavra da salvação.

3) Reflexão

*  O evangelho de hoje traz três assuntos: o terceiro anúncio da paixão (Mt 20,17-19), o pedido da mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 20,20-23) e a discussão dos discípulos pelo primeiro lugar (Mt 20,24-28).

Mateus 20,17-19: O terceiro anúncio da paixão.  Eles estão a caminho de Jerusalém. Jesus vai na frente. Sabe que vão matá-lo. O profeta Isaías já o tinha anunciado (Is 50,4-6; 53,1-10). Porém, a sua morte não é fruto de um plano já preestabelecido, mas é conseqüência do compromisso assumido com a missão recebida do Pai junto aos excluídos do seu tempo. Por isso, Jesus alerta os discípulos sobre a tortura e a morte que ele vai enfrentar em Jerusalém. Pois o discípulo deve seguir o mestre, mesmo que for para sofrer com ele. Os discípulos estão assustados e o acompanham com medo. Não entendem o que está acontecendo (cf. Lc 18,34). O sofrimento não combinava com a idéia que eles tinham do messias (cf. Mt 16,21-23).

Mateus 20,20-21: O pedido da mãe pelo primeiro lugar para os filhos.  Os discípulos não só não entendem o alcance da mensagem de Jesus, mas continuam com suas ambições pessoais. Enquanto Jesus insistia no serviço e na doação, eles teimavam em pedir os primeiros lugares no Reino. A mãe de Tiago e João, levando consigo os dois filhos, chega perto de Jesus e pede um lugar na glória do Reino para os dois filhos, um à direita e outro à esquerda de Jesus. Os dois não entenderam a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com os próprios interesses. Sinal de que a ideologia dominante da época tinha penetrado profundamente na mentalidade dos discípulos. Apesar da convivência de vários anos com Jesus, eles não tinham renovado sua maneira de ver as coisas. Olhavam para Jesus com o olhar antigo. Queriam uma recompensa pelo fato de seguir a Jesus. As mesmas tensões existiam nas comunidades no tempo de Mateus e existem até hoje nas nossas comunidades.

Mateus 20,22-23: A resposta de Jesus.  Jesus reage com firmeza: “Vocês não sabem o que estão pedindo!” E pergunta se eles são capazes de beber o cálice que ele, Jesus, vai beber, e se estão dispostos a receber o batismo que ele vai receber. É o cálice do sofrimento, o batismo de sangue! Jesus quer saber se eles, em vez do lugar de honra, aceitam entregar a vida até à morte. Os dois respondem: “Podemos!” Parece uma resposta da boca para fora, pois, poucos dias depois, abandonaram Jesus e o deixaram sozinho na hora do sofrimento (Mc 14,50). Eles não têm muita consciência crítica, nem percebem sua realidade pessoal. Quanto ao lugar de honra no Reino ao lado de Jesus, quem o dá é o Pai. O que ele, Jesus, tem para oferecer é o cálice e o batismo, o sofrimento e a cruz.

Mateus 20,24-27: Entre vocês não seja assim.  Jesus fala, novamente, sobre o exercício do poder (cf. Mc 9,33-35). Naquele tempo, os que detinham o poder não prestavam conta ao povo. Agiam conforme bem entendiam (cf. Mc 6,27-28). O império romano controlava o mundo e o mantinha submisso pela força das armas e, assim, através de tributos, taxas e impostos, conseguia concentrar a riqueza dos povos na mão de poucos lá em Roma. A sociedade era caracterizada pelo exercício repressivo e abusivo do poder. Jesus tem outra proposta. Ele diz: “Entre vocês não deve ser assim! Quem quiser ser o maior, seja o servidor de todos!” Ele traz ensinamentos contra os privilégios e contra a rivalidade. Quer mudar o sistema e insiste no serviço como remédio contra a ambição pessoal.

Mateus 20,28: O resumo da vida de Jesus. Jesus define a sua missão e a sua vida: “Não vim para ser servido, mas para servir!” Veio dar sua vida em resgate para muitos. Ele é o messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu da mãe que disse: “Eis aqui a serva do Senhor!”(Lc 1,38). Proposta totalmente nova para a sociedade daquele tempo.

4) Para um confronto pessoal

1) Tiago e João pedem favores, Jesus promete sofrimento. E eu, o que peço a Jesus na oração? Como acolho o sofrimento e as dores que acontecem na minha vida?

2) Jesus diz: “Entre vocês não deve ser assim!” Meu jeito de viver em comunidade está de acordo com este conselho de Jesus?

5) Oração final

Livra-me do laço que me armaram, porque és minha força. Nas tuas mãos entrego meu espírito; tu me resgatas, SENHOR, Deus fiel. (Sl 30, 5-6)

O culto litúrgico a S. José celebra-se, pelo menos, desde o século IV, quando Santa Helena lhe dedicou uma igreja. No Oriente, celebrava-se, a partir do século IX, uma festa em sua honra. No Ocidente o culto é mais tardio. No século XII, é celebrado entre os Beneditinos. No século XII, é celebrado entre os Carmelitas, que o propagam na Europa.

No século XV, João Gerson e S. Bernardino de Sena são os seus fervorosos propagandistas. Santa Teresa de Jesus era uma devota fervorosa de S. José e muito promoveu o seu culto.José, descendente de David, era provavelmente de Belém. Por motivos familiares ou de trabalho, transferiu-se para Nazaré e tornou-se esposo de Maria. O anjo de Deus comunicou-lhe o mistério da encarnação do Messias no seio de Maria, e José, homem justo, aceitou-o apesar da dura crise por que passou. Indo a Belém para o recenseamento, lá nasceu o Menino Jesus. Pouco depois, teve de fugir com ele para o Egito, donde regressou a Nazaré. Quando Jesus tinha doze anos, vemos José e Maria em Jerusalém, onde perdem o filho e acabam por o reencontrar entre os doutores do templo. A partir deste episódio, os evangelhos nada mais dizem sobre José. É possível que tenha morrido antes de Jesus iniciar a sua vida pública.


Evangelho: Lucas 2, 41-51a

A lei judaica mandava que os primogênitos, sendo sagrados, deviam ser entregues a Deus ou sacrificados. Como o sacrifício humano era proibido, a lei obrigava a fazer uma espécie de troca, de maneira que em vez do menino, era oferecido um animal puro (cordeiros, pombas) (cf. Ex 13 e Lv 12). Lucas parece ter presente que Jesus, primogênito de Maria, era primogênito de Deus. Por isso, com a substituição do sacrifício - oferecem-s duas pombas - é evidenciado o fato de Jesus ser "apresentado ao Senhor", isto é, solenemente oferecido ao Pai. O sentido deste oferecimento só se compreende à luz da cena do calvário, onde Jesus já não pode ser substituído e morrerá como autêntico primogênito, que se entrega ao Pai pela salvação dos homens.

Como pai adotivo, José preocupa-se por tudo quanto diz respeito a Jesus. Embora não lhe seja dado penetrar completamente no mistério das relações de Jesus com o Pai, e também não compreendendo tudo quanto Jesus faz e diz, deixa-se no entanto, conduzir por Deus, com uma fé dócil e silenciosa. A sua máxima, à semelhança da de Jesus e da de Maria, poderia ser: "Ecce servus tuus", eis o teu servo.


Atualização

A Igreja convida-nos, hoje, a voltar-nos para S. José, a alegrar-nos e a bendizermos a Deus pelas graças com que o cumulou. S. José é o "homem justo" (Mt 1, 19). A sua justiça vem-lhe do acolhimento do dom da fé, da retidão interior e do respeito para com Deus e para com os homens, para com a lei e para com os acontecimentos. É o que nos sugere a segunda leitura. Não foi fácil para José aceitar uma paternidade que não era dele e, depois, a responsabilidade de ser o mestre e guia d´Aquele que, um dia, havia de ser o pastor de Israel. Respeito, obediência e humildade estão na base da "justiça" de José. Foi esta atitude interior, no desempenho da sua missão única, que guindaram José ao cume da santidade cristã, junto de Maria, a sua esposa.

As atitudes de José são características dos grandes homens, de que nos fala a Bíblia, escolhidos e chamados por Deus para missões importantes. Embora se considerassem pequenos, fracos e indignos, aceitavam e realizavam a missão, confiando n´Aquele que lhes dizia: "Eu estarei contigo".

José não procurou os seus interesses e satisfações, mas colocou-se inteiramente aos serviços dos que amava. O seu amor pela esposa, Maria, visava unicamente servir a vocação a ela que fora chamada. Deste modo, o casal chegou a uma união espiritual admirável, donde brotava uma enorme e puríssima alegria. Era a perfeição do amor. O amor de José por Jesus apenas visava servir a vocação de Jesus, a missão de Jesus. Para José, o filho não era uma espécie de propriedade a quem impunha uma autoridade e afeto tirânico, como, por vezes, acontece com alguns pais. José sabia que Jesus não era dele, e nada mais desejava do que prepará-lo, conforme as suas capacidades, para a missão de Salvador, como lhe fora dito pelo Anjo.

Por intercessão do nosso santo, peçamos a Deus a fé, a confiança, a docilidade, a generosidade e a pureza do amor para nós mesmos e para quantos têm responsabilidades na Igreja, para que as maravilhas de Deus se realizem também nos nossos dias.

*Leia a reflexão na íntegra acessando ao lado o link: EVANGELHO DO DIA.

Os textos bíblicos relativos a São José são escassos, mas neste silêncio se encontra a força do esposo de Maria e pai putativo de Jesus. Entrevista ao cardeal Gianfranco Ravasi.

Emanuela Campanile, Mariângela Jaguraba

São José, homem justo e dócil, capaz de ouvir a Deus, é recordado, nesta terça-feira (19/03), como Esposo de Maria e Padroeiro da Igreja. O seu silêncio que se opõe à palavra “gritada, brutal e agressiva, como estamos acostumados a ver”, explica na entrevista o biblista e presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi, “permanece um exemplo e uma advertência constante”.

São José trabalhador, carpinteiro e dormindo são algumas representações do pai putativo de Jesus. “Uma presença bastante limitada”, sublinhou o purpurado, mas em seu silêncio, extremamente eloquente:

Cardeal Ravasi: A figura de São José tem uma presença limitada. Ele está em primeiro plano somente em relação ao início da vida de Jesus. O Evangelho de Mateus dedica-lhe a Anunciação do Anjo, ao contrário de Lucas que dedica a Maria. Podemos dizer que é somente no início absoluto de sua existência, da existência de Cristo, que apare essa figura. Aparece por duas razões e aqui entramos também na questão da “desobediência”. Aparece, em primeiro lugar, porque é ele quem tem essa ascendência, que naturalmente no mundo oriental era bastante vago, com Davi, e portanto dá a linha davídica a Jesus, introduzindo-o no grande rio do messianismo. Por outro lado, é ele quem vive a experiência do vínculo com Maria e dessa surpresa que abala sua vida, e ele se sentiria pronto para romper o vínculo com Maria, como se desobedecesse a esse projeto que tinha construído: de estar junto com essa moça, com essa mulher. Não nos esqueçamos de que José provavelmente não era o idoso representado também no imaginário artístico, iconográfico. Está pronto para interromper esse projeto comum, mas é nessa escolha que irrompe a Anunciação, que muda radicalmente o seu projeto e o torna obediente por excelência: torna-se instrumento fundamental para o reconhecimento de Jesus no contexto social, como pai putativo.

Numa sociedade onde a palavra conta muito, aliás, quanto mais falamos, mais gritamos, o que São José pode nos dizer?

Cardeal Ravasi: Diz uma coisa fundamental porque, diferentemente de muitos outros personagens dos Evangelhos, é um personagem central no início, mas é mudo: não temos uma palavra sequer. Em relação a Maria temos seis frases, digamos cinco frases e um canto, o “Magnificat”. Na verdade, é pouco também para Maria, pois são frases breves as cinco palavras de Maria. Ao contrário, para José temos o silêncio absoluto. Eu diria que o “preferir” é uma lição constante dentro dos Evangelhos, como Jesus prefere os últimos. Como dizia o poeta francês, Paul Valéry, preferir sempre a palavra “moindre”, a menor, a mais delicada em relação à palavra gritada, brutal e agressiva que estamos acostumados a ver no âmbito político, na informática, onde domina não somente a agressividade mas também a vulgaridade. A palavra que é acesa até ficar quente. Sabemos bem que a palavra é uma “criatura viva”: dizia outro poeta francês, Victor Hugo, e como tal pode também ferir, se não às vezes até matar.

O Papa Francisco é muito devoto de São José e tem uma imagem pequena sempre consigo...

Cardeal Ravasi: Sim. É a imagem de São José dormindo. Sabemos que existe também na iconografia. Bassano, por exemplo, representou José dormindo que recebe a anunciação ou recebe os sonhos que, como sabemos, na linguagem bíblica são uma maneira de representar uma comunicação transcendente, espiritual: não é necessariamente tudo o que concebemos através da visão psicanalítica, a leitura onírica com uma interpretação “científica”. Enquanto que para a tradição bíblica, e para toda a antiga tradição oriental, é uma maneira de expressar a profunda experiência religiosa, portanto, uma experiência espiritual, ascética e mística. Essa figura já é significativa, porque José é por excelência o homem que recebe essas mensagens à noite, nos momentos dramáticos da existência de seu filho oficial, seu filho jurídico. É por esse motivo que podemos dizer que seja, mais uma vez, uma figura sugestiva, porque tem a capacidade de ir em profundidade, sem muita conversa. Os evangelhos apócrifos acrescentam muitos detalhes, mas há um evangelho apócrifo chamado “José, o carpinteiro” que representa sua morte, José deitado numa espécie de névoa do fim da vida, que tem Cristo ao seu lado. Ele diz as últimas palavras em relação a Maria: “Eu amei essa mulher com ternura”, e depois morre. Fonte: https://www.vaticannews.va

Uma ligação especial liga os Papas dos últimos cem anos com a imagem de São José. O “estilo” do esposo de Maria e guardião silencioso de Jesus inspirou de vários modos o ministério petrino dependendo da época e da experiência pessoal.

Cidade do Vaticano

A silhueta de São José estendida no sono, ao lado da mesa onde estuda e assegura as necessidades da Igreja universal, está ali para recordar que também em um sonho pode se esconder a voz de Deus. Papa Francisco tem ao seu lado, desde sempre, nos quartos onde morou e estudou a pequena estátua de São José dormindo.

O “solucionador”

Até hoje a estátua de São José está sobre a sua escrivaninha na Casa Santa Marta. Esta imagem, e a devoção de Francisco por aquilo que representa, teve uma imprevista popularidade mundial quando alguns anos atrás o próprio Papa falou durante o Encontro Mundial das Famílias em Manila.

Uma confidência que revelou uma confiança total na força mediadora do pai putativo de Jesus e uma admiração pelo papel e pelo estilo que José sempre encarnou:

Amo muito São José, porque é um homem forte e silencioso. Na minha escrivaninha, tenho uma imagem de São José que dorme e, quando tenho um problema, uma dificuldade, escrevo um bilhetinho e meto-o debaixo de São José, para que o sonhe. Este gesto significa: reza por este problema! (Encontro com as famílias em Manila – 16 de janeiro de 2015).

Um nome para muitos Papas

Depois de Pedro, muitos Joãos, Bentos, Paulos, Gregórios, mas nenhum José. Nunca teve um Papa com este nome. Porém, muitos deles, especialmente no último século, o tiveram como nome de Batismo, como se os homens chamados para custodiar Jesus fosse um viático para os homens chamados para custodiar a Igreja. No início do século XX José Melchiorre Sarto torna-se Pio X e mais tarde sobem ao trono de Pedro Angelo José Rocalli, Karol Józef Wojtyla e Joseph Ratzinger. Francisco não se chama José, mas celebra, agradecido, a sua Missa de início de ministério dia 19 de março. Invocações que recordam o discreto modelo que inspira.

Muitos Papas por um nome

As etapas que levaram a Igreja a estabelecer o culto de São José foram muito longas, desde Sisto V que no final do século XV fixou a data da festa para 19 de março até a última decisão de Papa Francisco que, confirmando a vontade Bento XVI, no dia 1º de maio de 2013 decreta o acréscimo do nome de São José, Esposo da Bem-Aventurada Virgem Maria, nas Orações eucarísticas II, III e IV (precedentemente João XXIII tinha estabelecido em 13 de novembro de 1962 a introdução no antigo Cânone romano da Missa, ao lado do nome de Maria e antes dos Apóstolos). Foi também João XXIII, que querendo confiar ao “pai” terreno de Jesus o Concílio Vaticano II, escreveu em 1961 a Carta Apostólica Le Voci, na qual faz um tipo de sumário da devoção a São José sustentada pelos seus predecessores. Não são opacas operações de “burocracia” litúrgica. Por trás de cada novo decreto colhe-se um sentimento e uma consciência eclesial cada vez mais enraizada como por exemplo, como aconteceu a Pio XII, podem chegar a marcar também na vida civil.

Um Santo que trabalha

No dia primeiro de maio de 1955, era um domingo e a Praça São Pedro estava repleta de fiéis. Pio XII faz um discurso enérgico aos presentes exortando todos a se orgulharem da sua identidade cristã frente às ideologias socialistas que pareciam dominar . No final surpreende a multidão com um “presente” que entusiasma todos:

Para que todos entendam este significado (…) queremos anunciar a Nossa determinação de instituir – como de fato instituímos – a festa litúrgica de São José operário, marcando-a no dia 1º de maio. Trabalhadores e trabalhadoras, agrada-vos o nosso dom? Temos certeza que sim, porque o humilde artesão de Nazaré não só personifica junto a Deus e a Santa Igreja a dignidade do trabalhador, mas é também sempre providente guardião vosso e de vossas famílias” (Festa de S. José Operário – 1º de maio de 1955).

“Papa José” não é possível

Quatro anos mais tarde a Igreja estava sendo guiada por um homem que queria se chamar “Papa José”. Renunciou, disse, porque “não é usado entre os Papas”, mas a explicação revela a nostalgia e a forte devoção que João XXIII tinha por São José:

“Faça com que também os teus protegidos compreendam que não estão sós no seu trabalho, mas saibam descobrir Jesus ao seu lado, acolhê-lo com a graça, custodiá-lo com a fé como tu o fazes. E faça com que em cada família, em cada fábrica, oficina, onde quer que trabalhe um cristão, tudo seja santificado na caridade, na paciência, na justiça, na busca do fazer bem, para que desçam abundantes dons da celeste predileção” (19 de março de 1959)

O homem dos riscos

Paulo VI também não se chama José, mas de 1963 a 1969 em particular, não deixa de celebrar uma Missa na solenidade de 19 de março. Cada homilia torna-se uma peça que forma um retrato pessoal com o qual Paulo VI mostra-se fascinado pela “completa e submissa dedicação” de José à sua missão, do homem “talvez tímido” mas dotado “de uma grandeza sobre-humana que encanta”.

São José, um homem ‘comprometido’ como se diz agora, por Maria, a eleita entre todas as mulheres da terra e da história, sempre sua virgem esposa, também fisicamente sua mulher, e por Jesus, em virtude da descendência legal, não natural, sua prole. A ele, os pesos, as responsabilidades, os riscos, as preocupações da pequena e singular sagrada família. A ele o serviço, a ele o trabalho, a ele o sacrifício, na penumbra do quadro evangélico, no qual nos agrada contemplá-lo, e certamente, sem dúvida, agora que tudo conhecemos, chamá-lo feliz, bem-aventurado. Isso é Evangelho. Nele os valores da existência humana assumem medidas diferentes daquela que somos acostumados a apreciar: aqui o que é pequeno torna-se grande” (Homilia de 19 de março de 1969).

O esposo sublime

Em 26 anos de pontificado João Paulo II falou de São José em infinitas ocasiões e, sempre disse que rezava intensamente pelo santo todos os dias. Essa devoção se resume no documento que lhe dedica em 15 de agosto de 1989, com a publicação da Exortação Apostólica Redemptoris Custos, escrita 100 anos depois da Quamquam Pluries de Leão XIII. No documento Papa Wojtyla aprofunda a vida de José em vários aspectos principalmente o do matrimônio cristão no qual oferece uma profunda leitura da relações entre os dois esposos de Nazaré.

A dificuldade de se aproximar ao mistério sublime da sua comunhão esponsal levou todos, desde o século II, a atribuir a José uma idade avançada e a considerá-lo guardião, mais do que esposo de Maria. É o caso de supor, ao invés, que na época ele não fosse um homem idoso, mas que a sua perfeição interior, fruto da graça, o levasse a viver com afeto virginal a relação esponsal com Maria” (Audiência Geral de 1996).

O pai silencioso

De São José não se conhecem as palavras, apenas os silêncios. Bento XVI aprofunda-se na aparente ausência de São José e extrai dela a riqueza de uma vida completa, de um homem fundamental que com seu exemplo sem proclamações marcou o crescimento de Jesus o homem-Deus:

Um silêncio graças ao qual José, em união com Maria, custodia a Palavra de Deus (…) um silêncio marcado pela oração constante, oração de bênção do Senhor, de adoração da sua santa vontade e de confiança sem reservas à sua providência. Não se exagera quando se pensa que do próprio “pai” José, Jesus tenha tomado – no plano humano – a robusta interioridade que é pressuposto da autêntica justiça, a “justiça superior”, que ele um dia ensinará aos seus discípulos”. (Angelus de 2005)

O Santo da ternura

Da pequena “paróquia” de Santa Marta, Papa Francisco refletiu muito sobre o Santo ao qual confia todas suas preocupações. “O homem que custodia, o homem que faz crescer, o homem que leva adiante toda paternidade, todo mistério, mas não pega nada para si”, disse um uma das Missas matutinas. Por fim, em 20 de março de 2017 sublinha que José é o homem que age também quando dorme porque sonha o que Deus quer.

Hoje gostaria de pedir que nos conceda a todos a capacidade de sonhar, porque quando sonhamos coisas grandes, bonitas, aproximamo-nos do sonho de Deus, daquilo que Deus sonha sobre nós. Que conceda aos jovens — porque ele era jovem — a capacidade de sonhar, de arriscar e de cumprir as tarefas difíceis que viram nos sonhos. E conceda a nós a fidelidade que em geral cresce numa atitude correta, cresce no silêncio e na ternura que é capaz de guardar as próprias debilidades e as dos outros”. Fonte: https://www.vaticannews.va

1) Oração

É Deus, que para remédio e salvação nossa nos ordenais a prática da mortificação, concedei que possamos evitar todo pecado e cumprir de coração os mandamentos do vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Lucas 6, 36-38)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 36Disse Jesus sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. 37Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; 38dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também. - Palavra da salvação.

3) Reflexão

*  Os três breves versículos do Evangelho de hoje(Lc 6,36-38) são a parte final de um pequeno discurso de Jesus (Lc 6,20-38). Na primeira parte deste discurso, ele se dirige aos discípulos (Lc 6,20) e aos ricos (Lc 6,24) proclamando para os discípulos quatro bem-aventuranças (Lc 6,20-23), e para os ricos quatro maldições (Lc 6,20-26). Na segunda parte, ele se dirige a todos que o escutam (Lc 6,27), a saber, aquela multidão imensa de pobres e doentes, vinda de todos os lados (Lc 6,17-19). As palavras que ele diz a este povo e a todos nós são exigentes e difíceis: amar os inimigos (Lc 6,27), não amaldiçoar (Lc 6,28), oferecer a outra face a quem bate no rosto e não reclamar quando alguém toma o que é nosso (Lc 6,29). Como entender estes conselhos tão exigentes? A explicação nos é dada nos três versículos do evangelho de hoje, nos quais atingimos o centro da Boa Nova que Jesus nos trouxe. 

*  Lucas 6,36: Ser misericordioso como vosso Pai é misericordioso. As bem-aventuranças para os discípulos (Lc 6,20-23) e as maldições contra os ricos (Lc 6,24-26) não podem ser interpretadas como uma ocasião para os pobres se vingarem dos ricos. Jesus manda ter a atitude contrária. Ele diz: "Amai os vossos inimigos!" (Lc 6,27). A mudança ou conversão que Jesus quer realizar em nós não consiste em virar a mesa apenas para inverter o sistema, pois aí nada mudaria. Ele quer é mudar o sistema. O Novo que Jesus quer construir vem da nova experiência que ele tem de Deus como Pai/Mãe cheio de ternura que acolhe a todos, bom e maus, que faz brilhar o sol para maus e bons e faz chover sobre injustos e justos (Mt 5,45). O amor verdadeiro não depende nem pode depender do que eu recebo do outro. O amor deve querer o bem do outro independentemente do que ele ou ela faz por mim. Pois assim é o amor de Deus por nós. Ele é misericordioso não só para com os bons, mas para com todos, até “para com os ingratos e com os maus” (Lc 6,35). Os discípulos e as discípulas de Jesus devem irradiar este amor misericordioso.

*  Lucas 6,37-38: Não julgar para não ser julgado. Estas palavras finais repetem de maneira mais clara o que ele tinha dito anteriormente: “Aquilo que vocês desejam que os outros façam a vocês, vocês devem fazer a eles” (Lc 6,31; cf. Mt 7,12). Se você não deseja ser julgado, não julgue! Se não deseja ser condenado, não condene! Se quiser ser perdoado, perdoe! Se quiser receber uma boa medida, dê uma boa medida aos outros! Não fique esperando até que o outro tome a iniciativa, mas tome você a iniciativa e comece já! E verá que dará certo!

4) Para um confronto pessoal

1) Quaresma é tempo de conversão. Qual a conversão que o evangelho de hoje pede de mim?

2) Você já tentou ser misericordioso como o Pai do céu é misericordioso?

5) Oração final

Ajuda-nos, ó Deus, nosso salvador, pela glória do teu nome, salva-nos e perdoa os nossos pecados por amor do teu nome. (Sl 78, 9)