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Dom Armando Bucciol, bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA)
O bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Armando Bucciol, preparou um texto que faz uma reflexão sobre o sentido genuíno da celebração da festa que torna mais coerente a vida, a celebração da Páscoa.
leia o artigo na íntegra:
O sentido da Quarta-feira de Cinzas
O mistério pascal de Cristo, isto é, o evento de sua paixão, morte e ressurreição, é fundamento e cume da fé que professamos. Nesse acontecimento, encontra-se, também, a identidade e a razão do culto que elevamos ao Senhor. Por isso, a Igreja celebra o evento pascal com grande solenidade.
Ponto de partida daquele que chamamos de Ano litúrgico é o Domingo, o Dia do Senhor, do qual testemunham várias passagens do Novo Testamento, sobretudo as que falam das aparições do Ressuscitado no primeiro dia da semana (cf. João 20, 1.19,26 etc.). Enriquecido ao longo dos séculos, este dia será importante não só pela Igreja, mas também pela vida social. Pelo meado do II século, os cristãos escolhem um domingo – a data é motivo de animada discussão – para celebrar a solenidade da Páscoa. Desde o século IV, já existe um tempo de preparação, ao qual é dado o nome de Quaresma, para indicar sua duração de quarenta dias. Este número tem muitas recordações bíblicas, desde a caminhada do povo de Deus, rumo à terra prometida, até o jejum de Jesus, no deserto. No tempo do papa Leão Magno (+ 461), em Roma, a Quaresma começava no sexto domingo antes da Páscoa e, na conta, compreendiam-se os domingos, dias, porém, em que não se jejuava. No século seguinte, para manter o jejum de quarenta dias, antecipou-se o início da Quaresma na quarta-feira anterior. Eis a origem da Quarta-feira de cinzas que marca o início do tempo de preparação e intensa espiritualidade, para dar sentido não somente à celebração da festa, mas para tornar mais coerente com a vida, a celebração da Páscoa.
O sentido deste dia pode ser encontrado nos textos bíblicos e nas orações da liturgia do dia. Na tradição cultural dos povos antigos, também do povo hebraico, colocar cinzas na cabeça, é gesto de penitência (cf. Jó 2,12; 2Sm 13,19; Lm 3,16), como destacam as palavras que introduzem o rito de bênção das cinzas: “Roguemos instantemente a Deus Pai que abençoe com a riqueza de suas graças estas cinzas, que vamos colocar sobre as nossas cabeças em sinal de penitência”. Na oração de Coleta, pede-se que “a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal” e a oração sobre as cinzas que “os fiéis que vão receber estas cinzas… possam celebrar de coração purificado o mistério pascal do vosso Filho”. Numa segunda oração, reza-se: “Reconhecendo que somos pó e que ao pó voltaremos, consigamos… obter o perdão dos pecados e viver uma vida nova à semelhança do Cristo ressuscitado”.
Caracterizam esta celebração as palavras: penitência, perdão dos pecados, conversão, coração purificado, domínio dos nossos maus desejos, vida nova, celebrar com fervor a paixão do Filho, mistério pascal. O exemplo que Jesus nos deixou e seus ensinamentos, tornam-se referencial para os seus seguidores. O tempo de Quaresma, experiência da divina misericórdia e do perdão do Senhor, aponta para uma vida marcada pelas obras que mostram o batizado qual testemunha de um novo projeto de vida.
O Evangelho do dia (Mateus 6) recorda as três ‘obras’ que distinguem um fiel hebreu: a esmola, a oração e o jejum. Uma insistente recomendação – sempre atual – por parte de Jesus: “Não façam isso só para serem vistos”; neste caso, vocês perderiam “sua recompensa”. Tem um jeito próprio dos discípulos de Jesus: agir sem exibicionismo ou vanglória, ligados só no olhar amoroso do Pai.
Iluminados pela Palavra e a Liturgia, possamos iniciar e viver este ‘tempo favorável’ como precioso dom do Senhor para uma vida renovada e coerente. Por isso, cada um entre em si mesmo, e na sinceridade do seu coração, “converta-se, e acredite no Evangelho”, como pede o ministro enquanto coloca as cinzas em nossas cabeças. Fonte: http://www.cnbb.org.br
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10, 13-16)
Naquele tempo, 13Apresentaram-lhe então crianças para que as tocasse; mas os discípulos repreendiam os que as apresentavam. 14Vendo-o, Jesus indignou-se e disse-lhes: "Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham. 15Em verdade vos digo: todo o que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma criança, nele não entrará." 16Em seguida, ele as abraçou e as abençoou, impondo-lhes as mãos.
3) Reflexão Mc 10,13-16
* O evangelho de anteontem trazia conselhos de Jesus sobre o relacionamento dos adultos com os pequenos e excluídos (Mc 9,41-50). O evangelho de ontem trazia conselhos sobre o relacionamento entre homem e mulher, marido e esposa (Mc 10,1-12). O evangelho de hoje traz conselhos sobre o relacionamento com as mães e as crianças. Com os pequenos e excluídos Jesus pedia o máximo de acolhimento. No relacionamento homem-mulher, pedia o máximo de igualdade. Agora, com as crianças e suas mães, ele pede o máximo de ternura.
* Marcos 10,13-16: Receber o Reino como uma criança.
Trouxeram crianças para que Jesus as tocasse. Os discípulos tentam impedir. Por que impedem? O texto não diz. Talvez seja pelo fato de, conforme as normas rituais da época, crianças pequenas com suas mães, viverem quase constantemente na impureza legal. Tocar nelas significaria contrair impureza! Elas tocando em Jesus, ele também ficaria impuro! Mas Jesus não se incomoda com estas normas rituais da pureza legal. Ele corrige os discípulos e acolhe as mães com as crianças. Toca nelas, lhes dá um abraço dizendo: "Deixem as crianças vir a mim. Não lhes proíbam, porque o Reino de Deus pertence a elas”. E ele comenta: “Eu garanto a vocês: quem não receber como criança o Reino de Deus, nunca entrará nele." Então Jesus abraçou as crianças e abençoou-as, pondo a mão sobre elas. O que significa esta frase? 1) A criança recebe tudo dos pais. Ela não consegue merecer o que recebe, mas vive do amor gratuito. 2) Os pais recebem a criança como um dom de Deus e cuidam dela com todo carinho. A preocupação dos pais não é dominar a criança, mas sim amá-la e educá-la, para que cresça e se realize!
* Um sinal do Reino: Acolher os pequenos e os excluídos
Há muitos sinais da presença atuante do Reino na vida e na atividade de Jesus. Um deles é a sua maneira de acolher as crianças e os pequenos. Além do episódio do evangelho de hoje, eis uma lista de alguns outros momentos de acolhida aos pequenos e crianças:
- Acolher e não escandalizar. Uma das palavras mais duras de Jesus é contra aqueles que causam escândalo nos pequenos, isto é, que são o motivo pelo qual os pequenos deixam de crer em Deus. Para estes, melhor seria ter uma pedra de moinho amarrada no pescoço e ser jogado nas profundezas do mar (Mc 9,42; Lc 17,2; Mt 18,6).
- Identificar-se com os pequenos. Jesus abraça as crianças e identifica-se com elas. Quem recebe uma criança, é a "mim que recebe" (Mc 9,37). “E tudo que vocês fizerem a um destes mais pequenos foi a mim que o fizeram” (Mt 25,40).
- Tornar-se como criança. Jesus pede que os discípulos se tornem como criança e aceitem o Reino como criança. Sem isso não é possível entrar no Reino (Mc 10,15; Mt 18,3; Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como professor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o contrário.
- Defender o direito da criança de gritar. Quando Jesus, entrando no Templo, derruba as mesas dos cambistas, são as crianças as que mais gritam. “Hosana ao filho de Davi!” (Mt 21,15). Criticadas pelos chefes dos sacerdotes e escribas, Jesus as defende e, em sua defesa, invoca até as Escrituras (Mt 21,16).
- Agradecer pelo Reino presente nos pequenos. A alegria de Jesus é grande, quando percebe que as crianças, os pequenos, entendem as coisas do Reino que ele anunciava ao povo. “Pai, eu te agradeço!” (Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos entendem melhor as coisas do Reino do que os doutores!
- Acolher e curar. São muitas as crianças e jovens que ele acolhe, cura ou ressuscita: a filha do Jairo de 12 anos (Mc 5,41-42), a filha da mulher cananéia (Mc 7,29-30), o filho da viúva de Naim (Lc 7, 14-15), o menino epilético (Mc 9,25-26), o filho do Centurião (Lc 7,9-10), o filho do funcionário público (Jo 4,50), o menino dos cinco pães e dois peixes (Jo 6,9).
4) Para um confronto pessoal
1) Na nossa sociedade e na nossa comunidade, quem são os pequenos e os excluídos? Como está sendo o acolhimento que nós damos a eles?
2) Na minha vida, o que já aprendi das crianças sobre o Reino de Deus?
5) Oração final
Senhor, eu vos chamo, vinde logo em meu socorro; escutai a minha voz quando vos invoco.Que minha oração suba até vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para vós sejam como a oferenda da tarde. (Sl 140, 1-2)
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10, 1-12)
Naquele tempo, 1Jesus foi para a região da Judéia, além do Jordão. As multidões voltaram a segui-lo pelo caminho e de novo ele pôs-se a ensiná-las, como era seu costume.2Chegaram os fariseus e perguntaram-lhe, para o pôr à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher.3Ele respondeu-lhes: "Que vos ordenou Moisés?"4Eles responderam: "Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher."5Continuou Jesus: "Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa lei;6mas, no princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.7Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher;8e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne.9Não separe, pois, o homem o que Deus uniu." 10Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto.11E ele disse-lhes: "Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira.12E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério."
3) Reflexão Mc 10,1-12
* O evangelho de ontem trazia conselhos de Jesus sobre o relacionamento entre adultos e crianças, entre os grandes e os pequenos da sociedade. O evangelho de hoje traz conselhos sobre como deve ser o relacionamento entre homem e mulher, entre marido e mulher.
* Marcos 10,1-2: A pergunta dos fariseus: “o marido pode mandar a mulher embora?”
A pergunta é maliciosa. Ela pretende colocar Jesus à prova: “É lícito a um marido repudiar sua mulher?” Sinal de que Jesus tinha uma opinião diferente, pois do contrário os fariseus não iriam interrogá-lo sobre este assunto. Não perguntam se é lícito a esposa repudiar o marido. Isto nem passava pela cabeça deles. Sinal claro da forte dominação machista e da marginalização da mulher na sociedade daquele tempo.
* Marcos 10,3-9: A resposta de Jesus: o homem não pode repudiar a mulher.
Em vez de responder, Jesus pergunta: “O que diz a lei de Moisés?” A lei permitia o homem escrever uma carta de divórcio e repudiar sua mulher. Esta permissão revela o machismo. O homem podia repudiar a mulher, mas a mulher não tinha este mesmo direito. Jesus explica que Moisés agiu assim por causa da dureza de coração do povo, mas a intenção de Deus era outra quando criou o ser humano. Jesus volta ao projeto do Criador e nega ao homem o direito de repudiar sua mulher. Ele tira o privilégio do homem frente à mulher e pede o máximo de igualdade entre os dois.
* Marcos 10,10-12: Igualdade homem e mulher.
Em casa, os discípulos fazem perguntas sobre este assunto. Jesus tira as conclusões e reafirma a igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher. Ele propõe um novo tipo de relacionamento entre os dois. Não permite o casamento em que o homem pode mandar a mulher embora, nem vice-versa. O evangelho de Mateus acrescenta um comentário dos discípulos sobre este assunto. Eles dizem: “Se a situação do homem com a mulher é assim, então é melhor não se casar” (Mt 19,10). Preferem não casar, do que casar sem o privilégio de poder continuar mandando na mulher e sem o direito de poder pedir divórcio caso ela não lhe agradar mais. Jesus vai até o fundo da questão e diz que há somente três casos em que se permite uma pessoa não casar: "Nem todos entendem isso, a não ser aqueles a quem é concedido. De fato, há homens castrados, porque nasceram assim; outros, porque os homens os fizeram assim; outros, ainda, se castraram por causa do Reino do Céu. Quem puder entender, entenda" (Mt 19,11-12). Os três casos são: “(1) impotência, (2) castração e (3) por causa do Reino. Não casar só porque o homem se recusa a perder o domínio sobre a mulher, isto, a Nova Lei do Amor já não o permite! Tanto o casamento como o celibato, ambos devem estar a serviço do Reino e não a serviço de interesses egoístas. Nenhum dos dois pode ser motivo para manter o domínio machista do homem sobre a mulher. Jesus modificou o relacionamento homem-mulher, marido-esposa.
4) Para um confronto pessoal
1) Na minha vida pessoal, como vivo o relacionamento homem-mulher?
2) Na vida da minha família e da minha comunidade, como está sendo o relacionamento homem-mulher?
5) Oração final
O Senhor é bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência. Ele não está sempre a repreender, nem eterno é o seu ressentimento. (Sl 102, 8-9)
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O ex-padre Wagner Augusto Portugal firmou acordo de colaboração e depôs no âmbito da Operação SOS, um dos braços da Lava-jato no Rio, confessando ao Ministério Público Federal que atuou em atividades ilícitas da organização social católica Pró-Saúde.
A irmã dele, Wanessa Portugal, também se tornou colaboradora da investigação. A informação foi revelada em reportagem da Revista Época nessa quinta-feira. A delação do ex-padre corrobora com o que foi dito pelo ex-governador Sérgio Cabral em depoimento à 7ª Vara Federal Criminal anteontem. Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 9, 41-50)
Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: 42“E quem provocar a queda um só destes pequenos que crêem em mim, melhor seria que lhe amarrassem uma grande pedra de moinho ao pescoço e o lançassem no mar. 43Se tua mão te leva à queda, corta-a! É melhor entrares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. [44] 45Se teu pé te leva à queda, corta-o! É melhor entrar na vida tendo só um dos pés do que, tendo os dois, ser lançado ao inferno. [46] 47Se teu olho te leva à queda, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus tendo um olho só do que, tendo os dois, ir para o inferno, 48onde o verme deles não morre e o fogo nunca se apaga. 49Todos serão salgados pelo fogo. 50O sal é uma coisa boa; mas se o sal perder o sabor, como devolver-lhe o sabor? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros”.
3) Reflexão Marco 9,41-50
* O Evangelho de hoje traz alguns conselhos de Jesus sobre o relacionamento dos adultos com os pequenos e excluídos. Naquele tempo, muita gente pequena era excluída e marginalizada. Não podia participar. Muitos deles perdiam a fé. O texto que vamos meditar tem algumas afirmações estranhas que, se tomadas ao pé da letra, causam perplexidade na gente.
* Marcos 9,41: Um copo de água tem recompensa.
Uma frase solta de Jesus foi inserida aqui: Eu garanto a vocês: quem der para vocês um copo de água porque vocês são de Cristo, não ficará sem receber sua recompensa. Dois pensamentos: 1) “Quem der para vocês um copo de água”: Jesus está indo para Jerusalém para entregar sua vida. Gesto de grande doação! Mas ele não esquece os gestos pequenos de doação no dia a dia da vida: um copo de água, um acolhimento, uma esmola, tantos gestos. Quem despreza o tijolo, nunca faz casa! 2) “Porque vocês são de Cristo”: Jesus se identifica conosco que queremos pertencer a Ele. Isto significa que, para Ele, temos muito valor.
* Marcos 9,42: Escândalo para os pequenos.
Escândalo, literalmente, é pedra no caminho, pedra no sapato; é aquilo que desvia uma pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviam do caminho e percam a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: “Corda no pescoço com pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!” Por que tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos (Mt 25,40.45). Quem toca neles, toca em Jesus! Hoje, no mundo inteiro, os pequenos, os pobres, muitos deles estão saindo das igrejas tradicionais. Cada ano, só na América Latina, são em torno de três milhões de pessoas que migram para outras igrejas. Já não conseguem crer no que professamos na nossa igreja! Por que será? Até onde nós temos culpa? Merecemos a corda no pescoço?
* Marcos 9,43-48: Cortar mão e pé, arrancar o olho.
Jesus manda a pessoa arrancar mão, pé e olho, caso estes forem motivo de escândalo. Ele diz: “É melhor entrar na vida ou no Reino com um pé (mão, olho), do que entrar no inferno ou na geena com dois pés (mãos, olhos)”. Estas frases não podem ser tomadas ao pé da letra. Elas significam que a pessoa deve ser radical na opção por Deus e pelo Evangelho. A expressão ”geena (inferno) onde tem verme que não morre e o fogo que não se apaga”, é uma imagem para indicar a situação da pessoa que fica sem Deus. A geena era o nome de um vale perto de Jerusalém, onde se jogava o lixo da cidade e onde sempre havia um fogo de monturo queimando o lixo. Este lugar fedorento era usado pelo povo para simbolizar a situação da pessoa que ficava sem participar do Reino de Deus.
* Marcos 9,49-50: Sal e Paz
Estes dois versículos ajudam a entender as palavras severas sobre o escândalo. Jesus diz: “Tenham sal em vocês, e estejam em paz uns com os outros!” A comunidade, na qual se convive em paz, uns com os outros, é como o pouco de sal que tempera a comida toda. A convivência pacífica e fraterna na comunidade é o sal que tempera a vida do povo no bairro. É um sinal do Reino, uma revelação da Boa Notícia de Deus. Estamos sendo sal? Sal que não tempera não serve para mas nada!
* Jesus acolhe e defende a vida dos pequenos
Várias vezes, Jesus insiste no acolhimento a ser dado aos pequenos. “Quem acolhe a um destes pequenos em meu nome é a mim que acolhe” (Mc 9,37). Quem dá um copo de água a um destes pequenos não perderá a sua recompensa (Mt 10,42). Ele pede para não desprezar os pequenos (Mt 18,10). E no julgamento final os justos vão ser recebidos porque deram de comer a “um destes mais pequeninos” (Mt 25,40). Se Jesus insiste tanto no acolhimento a ser dado aos pequenos, é porque devia haver muita gente pequena sem acolhimento! De fato, mulheres e crianças não contavam (Mt 14,21; 15,38), eram desprezadas (Mt 18,10) e silenciadas (Mt 21,15-16). Até os apóstolos impediam que elas chegassem perto de Jesus (Mt 19,13; Mc 10,13-14). Em nome da lei de Deus, mal interpretada pelas autoridades religiosas da época, muita gente boa era excluída. Em vez de acolher os excluídos, a lei era usada para legitimar a exclusão. Nos evangelhos, a expressão “pequenos” (em grego se diz elachistoi, mikroi ou nepioi), às vezes, indica “criança”, outras vezes, indica os setores excluídos da sociedade. Não é fácil discernir. Às vezes, o que é “pequeno” num evangelho, é “criança” no outro. É porque criança pertencia à categoria dos “pequenos”, dos excluídos. Além disso, nem sempre é fácil discernir entre o que vem do tempo de Jesus e o que é do tempo das comunidades para as quais foram escritos os evangelhos. Mesmo assim, o que resulta claro é o contexto de exclusão que vigorava na época e a imagem que as primeiras comunidades conservaram de Jesus: Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos, e assume a sua defesa.
4) Para um confronto pessoal
1) Na nossa sociedade e na nossa comunidade, quem são hoje os pequenos e os excluídos? Como está sendo o acolhimento que nós damos a eles?
2) “Corda no pescoço”. Será que o meu comportamento merece a corda ou uma cordinha no pescoço? E o comportamento da nossa comunidade: merece?
5) Oração final
É ele quem perdoa todas as tuas culpas, que cura todas as tuas doenças; é ele, que salva tua vida do fosso, e te coroa com sua bondade e sua misericórdia (Sl 102, 3-4).
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 38-40)
Naquele tempo, 38João disse a Jesus: Mestre, vimos alguém, que não nos segue, expulsar demônios em teu nome, e lho proibimos. 39Jesus, porém, disse-lhe: Não lho proibais, porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de mim.40Pois quem não é contra nós, é a nosso favor.
3) Reflexão Marco 9,38-40
* O evangelho de hoje traz um exemplo muito bonito e atual da pedagogia de Jesus. Mostra como ele ajudava seus discípulos a perceber e a superar o “fermento dos fariseus e de Herodes”.
* Marcos 9,38-40: A mentalidade do fechamento: “ele não anda conosco”.
Alguém que não era da comunidade usava o nome de Jesus para expulsar os demônios. João, o discípulo, vê e proíbe: Impedimos, porque ele não anda conosco. Em nome da comunidade ele impede que o outro possa fazer uma ação boa! Por ser discípulo, ele pensa ter o monopólio sobre Jesus e, por isso, quer proibir que outros usem o nome de Jesus para realizar o bem. Era a mentalidade fechada e antiga de “Povo eleito, Povo separado!”. Jesus responde: "Não lhe proíbam, pois ninguém faz um milagre em meu nome e depois pode falar mal de mim. Quem não está contra nós, está a nosso favor”. (Mc 9,40). Dificilmente você pode encontrar uma afirmação mais ecumênica do que esta afirmação de Jesus. Para Jesus, o que importa não é se a pessoa faz ou não faz parte da comunidade, mas sim se ela faz ou não o bem que a comunidade deve realizar.
* Um retrato de Jesus como formador dos seus discípulos
Jesus, o Mestre, é o eixo, o centro e o modelo da formação dada aos discípulos. Pelas suas atitudes, ele é uma amostra do Reino, encarna o amor de Deus e o revela (Mc 6,31; Mt 10,30; Lc 15,11-32). Muitos pequenos gestos refletem este testemunho de vida com que Jesus marcava presença na vida dos discípulos e das discípulas, preparando-os para a vida e a missão. Era a sua maneira de dar forma humana à experiência que ele mesmo tinha de Deus como Pai. Eis um retrato de Jesus como formador dos seus discípulos:
* ele os envolve na missão (Mc 6,7; Lc 9,1-2;10,1),
* na volta, faz revisão com eles (Lc 10,17-20),
* corrige-os quando erram e querem ser os primeiros (Mc 9,33-35; 10,14-15)
* aguarda o momento oportuno para corrigir (Lc 9,46-48; Mc 10,14-15).
* ajuda-os a discernir (Mc 9,28-29),
* interpela-os quando são lentos (Mc 4,13; 8,14-21),
* prepara-os para o conflito (Jo 16,33; Mt 10,17-25),
* manda observar a realidade (Mc 8,27-29; Jo 4,35; Mt 16,1-3),
* reflete com eles as questões do momento (Lc 13,1-5),
* confronta-os com as necessidades do povo (Jo 6,5),
* ensina que as necessidades do povo estão acima das prescrições rituais (Mt 12,7.12),
* tem momentos a sós para poder instruí-los (Mc 4,34; 7,17; 9,30-31; 10,10; 13,3),
* sabe escutar, mesmo quando o diálogo é difícil, (Jo 4,7-42).
* ajuda-os a se aceitar a si mesmos (Lc 22,32).
* é exigente e pede para deixar tudo por amor a ele (Mc 10,17-31).
* é severo com a hipocrisia (Lc 11,37-53).
* faz mais perguntas que respostas (Mc 8,17-21).
* é firme e não se deixa desviar do caminho (Mc 8,33; Lc 9,54).
* prepara-os para o conflito e a perseguição (Mt 10,16-25).
* A formação não era, em primeiro lugar, a transmissão de verdades a serem decoradas, mas sim a comunicação da nova experiência de Deus e da vida que irradiava de Jesus para os discípulos e as discípulas. A própria comunidade que se formava ao redor de Jesus era a expressão desta nova experiência. A formação levava as pessoas a terem outros olhos, outras atitudes. Fazia nascer nelas uma nova consciência a respeito da missão e a respeito de si mesmas. Fazia com que fossem colocando os pés do lado dos excluídos. Produzia, aos poucos, a "conversão" como conseqüência da aceitação da Boa Nova (Mc 1,15).
4) Para um confronto pessoal
1) O que significa hoje, século XXI, para mim, para nós, a afirmação de Jesus que diz: Quem não está contra nós, está a nosso favor?”
2) Como acontece a formação de Jesus na minha vida?
5) Oração final
Minha alma, bendize o Senhor e tudo o que há em mim, o seu santo nome! Minha alma, bendize o Senhor, e não esqueças nenhum de seus benefícios. (Sl 102, 1-2)
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 30-37)
Naquele tempo, 30Tendo partido dali, atravessaram a Galileia. Não queria, porém, que ninguém o soubesse.31E ensinava os seus discípulos: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e ressuscitará três dias depois de sua morte.32Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho perguntar.33Em seguida, voltaram para Cafarnaum. Quando já estava em casa, Jesus perguntou-lhes: De que faláveis pelo caminho?34Mas eles calaram-se, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles seria o maior.35Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos.36E tomando um menino, colocou-o no meio deles; abraçou-o e disse-lhes:37Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas aquele que me enviou.
3) Reflexão Mc 9,30-37
* O evangelho de hoje traz o segundo anúncio da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Como no primeiro anúncio (Mc 8,27-38), os discípulos ficam espantados e com medo. Não entendem a palavra sobre a cruz, porque não são capazes de entender nem de aceitar um Messias que se faz empregado e servidor dos irmãos. Eles continuam sonhando com um messias glorioso e mostram, além disso, uma grande incoerência. Enquanto Jesus anuncia a sua Paixão e Morte, eles discutem entre si quem deles é o maior. Jesus quer servir, eles só pensam em mandar! A ambição os leva a se auto-promover às custas de Jesus. Até hoje, aqui e acolá, o mesmo desejo de auto-promoção aparece nas nossas comunidades.
* Tanto na época de Jesus como na época de Marcos, havia o “fermento” da ideologia dominante. Também hoje, a ideologia das propagandas do comércio, do consumismo, das novelas influi profundamente no modo de pensar e de agir do povo. Na época de Marcos, nem sempre as comunidades eram capazes de manter uma atitude crítica frente à invasão da ideologia do império romano. E hoje?
* Marcos 9,30-32: O anúncio da Cruz.
Jesus caminha através da Galiléia, mas não quer que o povo o saiba, pois está ocupado com a formação dos discípulos e discípulas, e conversa com eles sobre a Cruz. Ele diz que, conforme a profecia de Isaías (Is 53,1-10), o Filho do Homem deve ser entregue e morto. Isto mostra como Jesus se orientava pela Bíblia, tanto na realização da sua própria missão, como na formação dada aos discípulos. Ele tirava o seu ensinamento das profecias. Como no primeiro anúncio (Mc 8,32), os discípulos o escutam, mas não entendem a palavra sobre a cruz. Mesmo assim, não pedem esclarecimento. Eles têm medo de deixar transparecer sua ignorância!
* Marcos 9,33-34: A mentalidade de competição.
Chegando em casa, Jesus pergunta: “Sobre que vocês estavam discutindo no caminho?” Eles não respondem. É o silêncio de quem se sente culpado, “pois pelo caminho discutiam sobre quem deles era o maior”. Jesus é bom pedagogo. Não intervém logo. Ele sabe aguardar o momento oportuno para combater a influência da ideologia nos seus formandos. A mentalidade de competição e de prestígio, que caracterizava a sociedade do Império Romano, já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando! Aqui aparece o contraste, a incoerência: enquanto Jesus se preocupa em ser o Messias Servidor, eles só pensam em ser o maior. Jesus procura descer. Eles querem subir!
* Marcos 9,35-37: Servir, em vez de mandar.
A resposta de Jesus é um resumo do testemunho de vida que ele mesmo vinha dando desde o começo: Quem quer ser o primeiro seja o último de todos, o servidor de todos! Pois o último não ganha prêmio nem recompensa. É um servo inútil (cf. Lc 17,10). O poder deve ser usado não para subir e dominar, mas para descer e servir. Este é o ponto em que Jesus mais insistia e em que mais deu o seu próprio testemunho (cf. Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16). Em seguida, Jesus coloca uma criança no meio deles. Uma pessoa que só pensa em subir e dominar, não daria tão grande atenção aos pequenos e às crianças. Mas Jesus inverte tudo! Ele diz: Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe. Quem recebe a mim recebe aquele que me enviou! Ele se identifica com as crianças. Quem acolhe os pequenos em nome de Jesus, acolhe o próprio Deus!
* Não é pelo fato de uma pessoa “seguir Jesus” que ela já é santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15) levantava a cabeça. No episódio do evangelho de hoje, Jesus aparece como o mestre que forma os seus seguidores. "Seguir" era um termo que fazia parte do sistema educativo da época. Era usado para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. O relacionamento mestre-discípulo é diferente do relacionamento professor-aluno. Os alunos assistem às aulas do professor sobre uma determinada matéria. Os discípulos "seguem" o mestre e convivem com ele, vinte e quatro horas por dia. Foi nesta "convivência" de três anos com Jesus, que os discípulos e as discípulas receberam a sua formação. O Evangelho de amanhã nos dará um outro exemplo muito concreto de como Jesus formava seus discípulos.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus quer descer e servir. Os discípulos querem subir e dominar. E eu? Qual a motivação mais profundo do meu “eu” desconhecido?
2) Seguir Jesus e estar com ele, vinte e quatro horas por dia, e deixar que o seu modo de viver se torne o meu modo de viver e de conviver. Isto está acontecendo em mim?
5) Oração final
Prestai ouvidos, ó Deus, à minha oração, não vos furteis à minha súplica; Escutai-me e atendei-me. (Sl 54, 2-3a)
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Por trás da fachada, a Igreja católica não é bonita de se ver. Em 630 páginas, Sodoma. Poder e escândalo no Vaticano relata quatro anos de investigação (encomendada) no Vaticano e em trinta países. Jornalista da France Culture, já distinguido por ensaios ambiciosos como Soft Power, o autor encontrou-se com muitos sacerdotes, bispos e cardeais. No final desta viagem às obscuras entranhas e palácios do escândalo, Frédéric Martel afirma que a instituição católica é “uma das maiores comunidades homossexuais do mundo”. Ele mesmo gay, apresentando-se como separado da fé, pretende expor a hipocrisia que reina desde os seminários até o topo da instituição. “A homofobia” muitas vezes demonstrada seria o escudo de uma “homofilia” reprimida ou praticada.
"Nós lemos o tijolaço de Frédéric Martel. Veredito: criticável, mas salutar", afirma o editor da revista francesa La Vie. O comentário é de Jean-Pierre Denis, publicado por La Vie, 19-02-2019. A tradução é de André Langer.
"Nós lemos o tijolaço de Frédéric Martel. Veredito: criticável, mas salutar", afirma o editor da revista francesa La Vie
Quanto mais um prelado fala com virulência contra a homossexualidade, tanto mais tem a chance para que o interessado seja atraído pelo que combate. Esse segredo familiar fomentaria a corrupção e promoveria a impunidade pelos abusos sexuais. A existência de redes, ou melhor, como diz Martel, de um “rizoma”, seria um fator determinante para entender por que a instituição encontra tantas dificuldades para combater a corrupção e os abusos sexuais. Basicamente, todo mundo protege o triste segredo do outro para preservar suas prebendas ou seus pequenos hábitos. O raciocínio é perturbador, mas o pacote de elementos relatados é poderoso.
Muitas vezes feroz ou sarcástico, brilhantemente conduzido, o relato nos faz entrar nos círculos do poder eclesial. Fica-se, deve-se dizer, muitas vezes “impressionado”. É raro que tal nível de investigação seja conduzido de maneira tão sistemática. A obra não é um simples tecido de histórias. É um livro sério, que deve ser lido com seriedade. O autor parece ter aberto mesa e hospedagem no Vaticano, uma instituição ainda considerada hermética. Certamente, Martel não é o primeiro a denunciar com força a mentira e a corrupção na Igreja.
Certamente, muitos dos seus desenvolvimentos não são, estritamente falando, revelações, por exemplo, sobre o apoio à ditadura de Pinochet. E outros, especialmente sobre a França, se voltam para clichês, ideologias ou insinuações. O quadro que ele pinta não corre o risco de desestabilizar os católicos sinceros que têm outra imagem ou experiência da Igreja. Martel evoca também um “círculo de corrupção” em torno de João Paulo II. Por ter escrito que não se deveria canonizar este (por outro lado) grande Papa sem ter limpado os arquivos negros de seu Pontificado, eu não fiquei surpreso, mas acabrunhado.
Mas o fato de que esta investigação foi necessariamente feita com recursos financeiros significativos, pode questionar. O fato de que o autor ou os editores acharam apropriado inserir no final do texto uma impressionante lista de advogados, pode intimidar. Isso pode não encorajar o exame crítico... Mais problemático, as afirmações do autor são difíceis de refutar porque não são verificáveis. Algumas, porque são teses pessoais – opiniões, mesmo marteladas e mesmo na moda, não são demonstradas. Outras, porque são impressões baseadas em uma conivência, um olhar, um gesto que escapa. Ou deduções de deduções, do tipo: “dom Dupond era amigo de dom Durand, e o bispo Durand estava lendo o escritor católico Dubois, que era secretamente gay, mas não o assumia, portanto dom Dupond era gay”.
A falta de referências é problemática, dada a importância das questões, a força das teses e a maquinaria de comunicação que o livro tem. Entendemos essa escolha quando uma fonte está em jogo ou quando se trata de uma pessoa viva, mas menos quando o autor se refere a um livro ou a um documento sem dar indicações precisas e sem aspas. Às vezes, estamos mais no tom do Código Da Vinci do que da reportagem.
O fato de o autor fazer da questão gay a explicação quase única dos problemas da Igreja é discutível. “Se a única ferramenta que você tem é um martelo, todos os problemas começam a se parecer com um prego”, diz o provérbio
O fato de o autor fazer da questão gay a explicação quase única dos problemas da Igreja é discutível. “Se a única ferramenta que você tem é um martelo, todos os problemas começam a se parecer com um prego”, diz o provérbio. Certamente, em todas as civilizações (Grécia, Japão, Tibete, ordens religiosas, exércitos, internatos...), as sociedades humanas baseadas na obediência eram propícias ao desenvolvimento de relações homossexuais ou à “iniciação” de efebos. Mas reduzir o comportamento dos seres humanos ao seu desejo sexual – manifesto, satisfeito, reprimido ou sublimado – é reducionista.
Ver a homossexualidade em todos os lugares pode se transformar em obsessão. Martelafirma, assim, que a denúncia do cristianismo “autorreferencial” seria, para Francisco, uma “palavra código” para “insinuar a homossexualidade”, o mesmo valeria para o “narcisismo teológico”, o que é risível. Se nos esquecermos por um instante de quem é o autor, poderíamos taxá-lo de homofobia, pois suas fórmulas são severas, sistemáticas e monocausais. Elas também se juntam, paradoxalmente, àqueles dos adversários mais reacionários do atual Papa.
Às vezes, estamos no campo do prêt-à-penser: “Milhões de fiéis se afastam da Igreja por causa do seu desajuste com o espírito do tempo”. Às vezes, as afirmações do autor se destroem mutuamente. Joseph Ratzinger? Martel perde sua estatura intelectual, o vê como “efeminado” e denuncia sua “perversão” sádica de “grande inquisidor”, mas reconhece também que este Papa foi vítima de uma “verdadeira crucificação midiática e militante”. Bertone, o braço direito deste mesmo Papa Bento XVI? “Ele vê conspirações em todas as partes, maquinações e cabalas”, exclama o autor, cujo livro inteiro quer ver conspirações em toda parte, maquinações e cabalas. Essas críticas, importantes, não diminuem em nada o fato de que Sodoma vai fazer história e será salutar.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 9, 14-29)
Naquele tempo, 14descendo Jesus do monte com Pedro, Tiago e João e chegando perto dos outros discípulos, viram que estavam rodeados por uma grande multidão, e os escribas a discutir com eles. 15Todo aquele povo, vendo de surpresa Jesus, acorreu a ele para saudá-lo. 16Ele lhes perguntou: Que estais discutindo com eles? 17Respondeu um homem dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo. 18Este, onde quer que o apanhe, lança-o por terra e ele espuma, range os dentes e fica endurecido. Roguei a teus discípulos que o expelissem, mas não o puderam. 19Respondeu-lhes Jesus: Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos hei de aturar? Trazei-mo cá! 20Eles lho trouxeram. Assim que o menino avistou Jesus, o espírito o agitou fortemente. Caiu por terra e revolvia-se espumando. 21Jesus perguntou ao pai: Há quanto tempo lhe acontece isto? Desde a infância, respondeu-lhe. 22E o tem lançado muitas vezes ao fogo e à água, para o matar. Se tu, porém, podes alguma coisa, ajuda-nos, compadece-te de nós! 23Disse-lhe Jesus: Se podes alguma coisa!... Tudo é possível ao que crê. 24Imediatamente exclamou o pai do menino: Creio! Vem em socorro à minha falta de fé! 25Vendo Jesus que o povo afluía, intimou o espírito imundo e disse-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: sai deste menino e não tornes a entrar nele. 26E, gritando e maltratando-o extremamente, saiu. O menino ficou como morto, de modo que muitos diziam: Morreu. 27Jesus, porém, tomando-o pela mão, ergueu-o e ele levantou-se. 28Depois de entrar em casa, os seus discípulos perguntaram-lhe em particular: Por que não pudemos nós expeli-lo? 29. Ele disse-lhes: Esta espécie de demônios não se pode expulsar senão pela oração.
3) Reflexão Mc 9,14-29
* O evangelho de hoje informa que os discípulos de Jesus não foram capazes de expulsar o demônio do corpo de um menino. O poder do mal foi maior do que a capacidade deles. Hoje também, há muitos males que são maiores do que a nossa capacidade de enfrentá-los: violência, drogas, guerra, doenças, desemprego, terrorismo, etc. Fazemos um grande esforço, mas ao que parece, em vez de melhorar, parece que o mundo fica até pior. Adianta lutar? Com esta pergunta na cabeça vamos ler e meditar o evangelho de hoje.
* Marcos 9,14-22: A situação do povo: desespero sem solução.
Na descida da montanha da Transfiguração, Jesus encontrou muita gente ao redor dos discípulos. Um pai estava desesperado, pois um espírito mudo tinha tomado conta do filho. Com muitos detalhes Marcos descreve a situação do menino possesso, a angústia do pai, a incapacidade dos discípulos e a reação de Jesus. O que mais chama atenção são duas coisas: de um lado, a confusão e a impotência do povo e dos discípulos diante do fenômeno da possessão e, do outro lado, o poder de Jesus e o poder da fé em Jesus diante do qual o demônio perde toda a sua influência. O pai tinha pedido aos discípulos para expulsar o demônio do menino, mas eles não foram capazes. Jesus ficou impaciente e disse: “Até quando vou agüentar esta geração sem fé! Tragam o menino aqui!”. Jesus pergunta a respeito da doença do menino. Pela resposta do pai, Jesus fica sabendo que o menino, “desde pequeno”, tinha uma doença grave que o colocava em perigo de vida. O pai pede: “Se o senhor puder fazer alguma coisa, tenha pena de nós!” A frase do pai expressa a situação bem real do povo: (1) tem a fé abalada, (2) está sem condições de resolver os problemas, mas (3) tem muito boa vontade de acertar.
* Marcos 9,23-27: A resposta de Jesus: o caminho da fé.
O pai tinha dito: “Se o senhor puder fazer alguma coisa,....!” Jesus não gostou da afirmação: “Se o senhor puder...”. Tal condição não podia ser colocada, pois “tudo é possível a quem tem fé!” O pai responde: Eu creio, Senhor! Mas ajude a minha falta de fé! A resposta do pai ocupa um lugar central neste episódio. Ela mostra como deve ser a atitude do discípulo, da discípula, que, apesar de seus limites e dúvidas, quer ser fiel. Vendo que vinha muita gente, Jesus agiu rápido. Ordenou ao espírito que saísse do menino e não voltasse “nunca mais!” Sinal do poder de Jesus sobre o mal. Sinal também de que Jesus não queria propaganda populista.
* Marcos 9,28-29. Aprofundamento com os discípulos.
Em casa, os discípulos querem saber porque não foram capazes de expulsar o demônio. Jesus responde: Esta espécie de demônios só sai com muita oração! Fé e oração andam juntas. Uma sem a outra não existe. Os discípulos tinham piorado. Antes, eles tinham sido capazes de expulsar os demônios (cf. Mc 6,7.13). Agora, já não conseguem mais. Faltou o que? Fé ou oração? Por que faltou? São perguntas que saem do texto e entram na nossa cabeça para que façamos, também nós, uma séria revisão da nossa vida.
* A expulsão dos demônios no evangelho de Marcos
No tempo de Jesus, muita gente falava em Satanás e em expulsão de demônios. Havia muito medo, e havia pessoas que exploravam o medo do povo. O poder do mal tinha muitos nomes: Demônio, Diabo, Belzebu, Príncipe dos demônios, Satanás, Dragão, Dominações, Poderes, Potestades, Soberanias, Besta-fera, Lúcifer, etc. (cf. Mc 3,22.23; Mt 4,1; Ap 12,9; Rm 8,38; Ef 1,21). Hoje, entre nós, o poder do mal também tem muitos nomes. Basta consultar o dicionário no verbete Diabo ou Demônio. Também hoje, muita gente desonesta se enriquece, explorando o medo que o povo tem do demônio. Ora, um dos objetivos da Boa Nova de Jesus é, precisamente, ajudar o povo a se libertar deste medo. A chegada do Reino de Deus significa a chegada de um poder mais forte. O homem forte era uma imagem para designar o poder do mal que mantinha o povo dentro da prisão do medo (Mc 3,27). O poder do mal oprime as pessoas e as aliena de si. Faz com que vivam no medo e na morte (cf. Mc 5,2). É um poder tão forte que ninguém consegue amarrá-lo (cf. Mc 5,4). O império romano com suas “Legiões” (cf. Mc 5,9), isto é, com seus exércitos, era o instrumento usado para manter esta situação de opressão. Mas Jesus é o homem mais forte que vence, amarra e expulsa o poder do mal! Na carta aos Romanos, o apóstolo Paulo faz a enumeração de todos os possíveis poderes ou demônios que poderiam ameaçar-nos, e resume tudo da seguinte maneira: “Nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem os poderes, nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer! Nada nos pode separar do amor de Deus que se manifestou em Cristo Jesus, nosso Senhor!” (Rm 8,38-39) Nada mesmo! E as primeiras palavras de Jesus depois da ressurreição são estas: “Não fiquem assustadas! Alegrem-se! Não tenham medo! A paz esteja com vocês!” (Mc 16,6; Mt 28,9.10; Lc 24,36; Jo 20,21).
4) Para um confronto pessoal
1) Você já viveu alguma vez uma experiência de impotência diante do mal e da violência? Foi experiência só sua ou também da comunidade? Como venceu e se reencontrou?
2) Qual a espécie de poder do mal que, hoje, só sai com muita oração?
5) Oração final
A lei do Senhor é perfeita, conforto para a alma; o testemunho do Senhor é verdadeiro, torna sábios os pequenos. As ordens do Senhor são justas, alegram o coração; os mandamentos do Senhor são retos, iluminam os olhos. (Sl 18, 8-9)
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Sacerdote Leandro Ricardo, da Diocese de Limeira, é investigado por representante enviado pelo Papa Francisco
Gustavo Schmitt e Henrique Gomes Batista
SÃO PAULO - Não são apenas denúncias de abuso sexual que recaem sobre o padre Pedro Leandro Ricardo, do interior de São Paulo, hoje investigado pelo Vaticano. Afastado da Diocese de Limeira desde o final de janeiro — quando surgiram as primeiras acusações de abuso —, ele passou nos últimos dias por um escrutínio do bispo dom João Inácio Müller, representante do Papa Francisco enviado para apurar o caso.
O resultado é um compilado de várias polêmicas. O sacerdote já chegou a responder na Justiça por acusação de racismo, em um processo arquivado. Em 2013, o religioso proibiu taxistas que ficam na frente da igreja de usarem o banheiro da paróquia. Em 2015, foi alvo do Ministério Público sob acusação de fazer uma reforma na igreja sem respeitar o patrimônio histórico. No ano passado, não quis dar hóstia a uma fiel porque ela chegou seis minutos atrasada na missa.
O bispo deixou a Diocese de Limeira nesta sexta-feira, dia 22, após colher detalhes das acusações de suposta perseguição promovida contra fiéis críticos do padre Leandro. Dom João Inácio Müller ouviu — ao longo de quatro dias, desde que foi encarregado de investigar o caso — fiéis que se envolveram em disputas judiciais com a Igreja. O bispo investigador também demonstrou interesse até mesmo por casos arquivados, como a acusação de racismo.
O enviado do Papa ouviu, ainda, claro, a defesa de quatro ex-coroinhas que acusam de assédio o padre Pedro Leandro Ricardo.
O padre é investigado junto com o bispo dom Vilson Dias de Oliveira,acusado de acobertar as denúncias de abuso sexual contra Leandro e de extorquir outros padres que atuam nas paróquias sob seu comando. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Irmã Adriana Papa, clarissa e teóloga: na luta contra os abusos é preciso da participação de mais mulheres na formação humana dos seminaristas. O caminho para ajudar as vítimas passa pela restituição da confiança em si mesmos
Cidade do Vaticano
O encontro sobre a proteção dos menores visto com o olhar de uma mulher. Irmã Adriana Papa é abadessa do mosteiro das Clarissas em Otranto (Itália), teóloga, escritora e jornalista. Suas palavras: “Nós mulheres dentro da Igreja podemos ajudar a encontrar uma solução para a chaga dos abusos. A figura feminina é a solução”. Tem certeza que neste encontro este assunto será discutido.
O papel das mulheres é fundamental na formação
Aos bispos e aos responsáveis pelas ordens religiosas de todo o mundo reunidos no Vaticano, irmã Adriana lança um apelo: no período de formação, a partir dos seminários, a mulher poderia ter uma maior participação. “Não é difícil de entender o porquê: um jovem seminarista ou um padre abusador poderia projetar o seu lado emocional sobre uma mulher e se confrontar com a diversidade e acolhê-la. Não nos esqueçamos que Deus nos criou homem e mulher. Deste modo se poderia abrir o caminho para o melhoramento da capacidade relacional e talvez evitar que se criem situações irrecuperáveis. Os seminaristas precisam ser orientados também por religiosas”.
Ajudar as vítimas restituindo-lhes a confiança
O caminho para ajudar as vítimas, muitas vezes esquecido pela Igreja, passa pela restituição da confiança em si mesmos; irmã Adriana tem as ideias claras. “é muito importante que isso aconteça. É preciso reconstruir relacionamentos sinceros com eles. E também, com os especialistas, fazer com que recuperem a sua corporeidade, grande dom de Deus, que por causa da violência foi desnaturada e corrompida.
No discernimento vocacional: seguir Cristo ou simplesmente um status de vida
Na fase do discernimento vocacional é preciso encontrar o método para entender se o candidato ao sacerdócio escolheu seguir Cristo verdadeiramente ou simplesmente um status de vida. E entender se alguns deles escondem fragilidades ou tendências negativas. “Pode-se por escolha seguir um status de vida, por exemplo o de clausura, mas não ter nada a ver com Cristo – entra nos detalhes irmã Adriana. Quando se escolhe seguir um status de vida sem Cristo, durante a formação aparecem todos os pontos negativos. Entretanto, se ao invés, o seminarista escolhe a opção de seguir Cristo verdadeiramente, durante a sua formação ele poderá enfrentar todos os pontos psicologicamente não resolvidos”. Fonte: www.vaticannews.va
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Durante três dias, 190 líderes religiosos se reúnem no Vaticano para tratar de pedofilia na Igreja
O Papa Francisco iniciou nesta quinta-feira a cúpula sobre os abusos sexuais, que se realiza no Vaticano até o próximo domingo, 24. Diante de uma plateia de 190 líderes religiosos (entre presidentes de conferências episcopais, representantes de igrejas orientais, chefes de dicastérios e bispos sem dioceses), Francisco recordou o objetivo do encontro histórico. "Eu os convoquei para que juntos possamos ouvir o grito dos pequenos que pedem justiça".
Em uma apresentação curta e austera, o próprio Papa enfatizou a necessidade de mudar o rumo e estancar a hemorragia que dessangra a Igreja Católica, com ações precisas. "Nossos corações estão cobertos pelo peso da responsabilidade pastoral e eclesial que nos obriga a discutir em conjunto, de modo sinodal, sincero e profundo, como lidar com este mal que aflige a Igreja e a humanidade. O povo santo de Deus olha para nós e não espera só condenações simples e óbvias, mas todas as medidas concretas e eficazes que são necessárias. É preciso ser específico.”
Além disso, Francisco anunciou aos participantes que lhes preparou por escrito algumas linhas básicas fundamentadas em reflexões anteriores enviadas por conferências episcopais e sobre as quais agora devem trabalhar. Uma espécie de lista de medidas urgentes que cada diocese tem de gravar a fogo em sua maneira de proceder. "Um ponto de partida que vem de vocês e em vossa direção. Mas isso não diminui a necessidade da criatividade, que deve vir de vocês nesta reunião. [...] Que a Virgem Maria nos ilumine para tentar curar as graves feridas que escândalos de pedofilia têm causado nos pequenos e nos crentes.”
Desse modo, com uma oração e um vídeo com depoimentos de vítimas, começou nesta quinta-feira no Vaticano a histórica cúpula contra os abusos sexuais na Igreja. Com uma organização semelhante à de um sínodo de três dias, os 190 participantes se reúnem na Sala Paulo VI do Vaticano sob o mesmo esquema e três temas centrais: a responsabilidade dos bispos, a prestação de contas e a transparência.
A cada dia haverá várias apresentações, 10 grupos de trabalho divididos por idiomas e uma sessão de conclusões. Na manhã desta quinta-feira foi a vez do cardeal filipino, Luis Antonio Tagle, e do arcebispo de Malta, Charles Scicluna. O segundo, secretário da Congregação para a Doutrina da Fé e principal especialista nas investigações de casos de abuso, deu uma aula magistral de direito e procedimentos básicos a serem seguidos pelos bispos quando detectam um caso. A intervenção, rica em dados e citações da documentação existente, mostra a carência de conhecimento das normas em algumas dioceses. Mas o arcebispo destacou que o papel da vítima nos processos é muito limitado e tem que ser expandido.
No domingo de manhã, o Papa dará uma declaração de encerramento em que poderá haver um anúncio que atenda à demanda das vítimas de algumas medidas concretas após a cúpula. A convocação representa um ponto de virada para a hierarquia católica, que por décadas encobriu os casos de pedofilia. As vítimas pressionam para que o discurso do Papa de "tolerância zero" seja posto em prática. Fonte: https://brasil.elpais.com
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Jean Rogers Rodrigo de Sousa, o padre Rodrigo Maria, perdeu status clerical nesta quarta (20)
Anna Virginia Balloussier
Suspeito de abuso sexual contra ex-freiras e ex-noviças, o goiano Jean Rogers Rodrigo de Sousa, 45, perdeu o estado clerical nesta quarta (20) por ordem do papa Francisco. Isso significa que ele, ordenado sacerdote há 19 anos, deixa de ser padre —a punição mais grave que a Igreja Católica pode impor a um clérigo.
É o desfecho de uma investigação canônica (coordenada pela Igreja) contra ele, que, após pular de diocese em diocese, deixando um rastro de suspeitas no caminho, atualmente respondia aos bispos da paraguaia Ciudad del Este.
"O sacerdote Jean Rogers Rodrigo de Sousa, desta diocese, recebeu do Santo Padre o decreto de perda do estado clerical e a dispensa das obrigações correspondentes", diz documento assinado pelo monsenhor Guillermo Steckling.
Citado como molestador por pelo menos 11 mulheres, ele já havia sido afastado temporariamente por Steckling. Agora, a decisão é definitiva.
A Folha revelou em setembro as acusações que pairavam desde 2006 contra Jean, conhecido como padre Rodrigo Maria. Na época, ele liderava uma comunidade católica em Anápolis (GO), a Arca de Maria, e foi acusado de fazer lavagem cerebral em moças jovens que recrutava para a missão religiosa.
Uma ex-noviça na Arca narrou à reportagem que ela e colegas raspavam a cabeça e passavam a rejeitar as famílias e, se cometessem alguma "rebeldia", eram castigadas pelo padre --que, segundo ela, as submetia a dieta a pão e água.
Depois vieram denúncias de conduta sexual criminosa, de estupro a masturbação no meio de um papo virtual.
Uma ex-freira disse à Folha, pedindo para ter seu nome preservado, que o episódio aconteceu há cerca de cinco anos, quando os dois se falavam pela internet. "Aí ele baixou [a roupa] e se masturbou, e nisso eu imediatamente desliguei o Skype." Antes, ela tirou um print da conversa —a imagem foi anexada aos autos do processo canônico.
Há processos contra o ex-padre correndo em sigilo na Justiça comum, todos ainda sem veredicto. No ano passado, Jean disse à reportagem que era alvo "de calúnia há algum tempo, razão pela qual estou processando criminalmente 11 [mulheres que o acusam]".
A Folha não conseguiu novo contato com ele ou seu advogado nesta quarta. Em setembro, ele havia dito que "quem tem feito as falsas acusações tem atrás de si interesses de organizações mais poderosas", que "instrumentalizam essas pessoas, que possuem problemas de ordem psicológica".
Citou, então, "casos de homossexualidade" de duas mulheres que o denunciaram.
Seu conservadorismo teria motivado os atos revanchistas, disse. Em redes sociais, já elogiou Jair Bolsonaro e pediu "uma Ave Maria para livrar o Brasil do comunismo". Jean continuou a usar o hábito clerical e a pregar como padre, desobedecendo a suspensão imposta em 2018 pela Diocese de Ciudad del Este.
Seu canal de YouTube, em que costumava postar sermões e opiniões políticas, não deixou de ser atualizado. Mas agora os vídeos são genéricos, sem mostrar seu rosto --podendo ter sido gravados, portanto, em qualquer data e postados por outra pessoa. Há um discurso dele, publicado já depois das denúncias emergirem, condenando o Halloween ("a festa do inferno").
A remoção de seu status eclesiástico chega na véspera de um encontro no Vaticano que reunirá o papa e os 114 presidentes de Conferências Episcopais (instituições como a brasileira CNBB) para discutir abusos sexuais praticados contra menores de idade por clérigos e acobertados por seus superiores, a crise mais aguda que a Igreja Católica enfrenta hoje.
As mulheres que acusaram Jean tinham mais de 18 anos. Fonte: www1.folha.uol.com.br
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1) Oração
Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós.Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 8, 27-33)
Naquele tempo, 27Jesus saiu com os seus discípulos para as aldeias de Cesareia de Filipe, e pelo caminho perguntou-lhes: Quem dizem os homens que eu sou? 28Responderam-lhe os discípulos: João Batista; outros, Elias; outros, um dos profetas. 29Então perguntou-lhes Jesus: E vós, quem dizeis que eu sou? Respondeu Pedro: Tu és o Cristo. 30E ordenou-lhes severamente que a ninguém dissessem nada a respeito dele. 31E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muito, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse depois de três dias. 32E falava-lhes abertamente dessas coisas. Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo. 33Mas, voltando-se ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro: Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens.
3) Reflexão Mc 8,27-33
* O Evangelho de hoje fala da cegueira de Pedro que não entende a proposta de Jesus quando este fala do sofrimento e da cruz. Pedro aceita Jesus como messias, mas não como messias sofredor. Ele está influenciado pelo “fermento de Herodes e dos fariseus”, isto é, pela propaganda do governo da época que só falava do messias como rei glorioso. Pedro parecia cego. Não enxergava nada e ainda queria que Jesus fosse como ele, Pedro, o queria. Para entender bem todo o alcance desta cegueira de Pedro é importante coloca-la no seu contexto literário.
* Contexto literário: O evangelho de Marcos traz três anúncios da paixão e morte de Jesus: o primeiro em Marcos 8,27-38; o segundo em Mc 9,30-37 e o terceiro em Mc 10,32-45. Este conjunto, que vai de Mc 8,27 até Mc 10,45, é uma longa instrução de Jesus aos discípulos para ajuda-los a superar a crise provocada pela Cruz. A instrução é introduzida pela cura de um cego (Mc 8,22-26) e, no fim, é encerrada pela cura de outro cego (Mc 10,46-52). Os dois cegos representam a cegueira dos discípulos. A cura do primeiro cego foi difícil. Jesus teve que realizá-la em duas etapas. Igualmente difícil era a cura da cegueira dos discípulos. Jesus teve que fazer uma longa explicação a respeito do significado da Cruz para ajudá-los a enxergar, pois era a cruz que estava provocando neles a cegueira. Vejamos de perto a primeira cura do cego:
* Marcos 8,22-26: A primeira cura do cego.
* Trouxeram um cego, pedindo que Jesus o curasse. Jesus o curou, mas de um jeito diferente. Primeiro, ele o levou para fora do povoado. Em seguida, cuspiu nos olhos dele, impôs as mãos e perguntou: Você está vendo alguma coisa? O homem responde: Vejo pessoas; parecem árvores que andam! Enxergava só uma parte. Trocava árvore por gente, ou gente por árvore! Foi só na segunda tentativa que Jesus o curou. Esta descrição da cura do cego introduz a instrução aos discípulos. Na realidade, o cego era Pedro. Ele aceitava Jesus como messias, mas só como messias glorioso. Enxergava só uma parte! Não queria o compromisso da Cruz! Será também em várias tentativas que Jesus vai curar a cegueira dos discípulos.
* Marcos 8,27-30. Levantamento da realidade: Quem diz o povo que eu sou?.
* Jesus perguntou: “Quem diz o povo que eu sou?”. Eles responderam relatando as várias opiniões: -“João Batista”. -“Elias ou um dos profetas”. Depois de ouvir as opiniões dos outros, Jesus perguntou: “E vocês, quem dizem que eu sou?”. Pedro respondeu: “O senhor é o Cristo, o Messias!” Isto é, o Senhor é aquele que o povo está esperando! Jesus concordou com Pedro, mas proibiu de falar sobre isto ao povo. Por que Jesus proibiu? É que naquele tempo, todos esperavam a vinda do messias, mas cada um do seu jeito: uns como rei, outros como sacerdote, doutor, guerreiro, juiz, profeta! Ninguém parecia estar esperando o messias servidor e sofredor, anunciado por Isaías (Is 42,1-9).
* Marcos 8,31-33. Primeiro anúncio da paixão.
* Em seguida, Jesus começa a ensinar que ele é o Messias Servidor e afirma que, como o Messias Servidor anunciado por Isaías, será preso e morto no exercício da sua missão de justiça (Is 49,4-9; 53,1-12). Pedro leva susto, chama Jesus de lado para desaconselhá-lo. E Jesus responde a Pedro: “Vá embora Satanás! Você não pensa as coisas de Deus, mas as dos homens!” Pedro pensava ter dado a resposta certa. De fato, ele disse a palavra certa: “Tu és o Cristo!” Mas não lhe deu o sentido certo. Pedro não entendeu Jesus. Era como o cego. Trocava gente por árvore! A resposta de Jesus foi duríssima: “Vá embora, Satanás!” Satanás é uma palavra hebraica que significa acusador, aquele que afasta os outros do caminho de Deus. Jesus não permite que alguém o afaste da sua missão. Literalmente, o texto diz: “Atrás de mim, Satanás!” Pedro deve seguir Jesus. Não deve inverter os papeis e pretender que Jesus siga a Pedro.
4) Para um confronto pessoal
1) Acreditamos todos em Jesus. Mas um entende Jesus de um jeito, outro o entende de outro jeito. Qual é, hoje, a imagem mais comum que o povo tem de Jesus? Qual a resposta que o povo daria hoje à pergunta de Jesus? E eu que resposta dou?
2) O que nos impede hoje de reconhecer Jesus como o Messias?
5) Oração final
Bendirei continuamente ao Senhor, seu louvor não deixará meus lábios. Glorie-se a minha alma no Senhor; ouçam-me os humildes, e se alegrem. (Sl 33, 2-3)
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Conhecida como historiadora, professora, católica e feminista, alguns diriam que a italiana Lucetta Scaraffia também é uma encrenca no Vaticano. Ela é editora-chefe de uma revista mensal do jornal do Vaticano dedicada às mulheres, que, em suas palavras, a estrutura de poder "permitiu que acontecesse" principalmente por não impedir. A reportagem é de Inés San Martín, publicada por Crux, 16-02-2019. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Foi um artigo escrito por ela para a revista, que complementa o L'Osservatore Romano mensalmente, que levou o Papa a "quebrar o silêncio" do abuso sexualsofrido pelas freiras por parte de padres e bispos.
Lucetta Scaraffia publicou um artigo na edição de fevereiro do caderno denunciando casos em que as freiras são estupradas ou abusadas por clérigos e depois excluídas de sua ordem religiosa ou forçadas a praticar um aborto caso a relação indesejada resulte numa gravidez - e, às vezes, os dois.
Voltando dos Emirados Árabes para Roma, o Papa Francisco reconheceu que essa dinâmica existe. Segundo o relato de Lucetta a repórteres na quinta-feira, foi a primeira vez que a questão foi abordada abertamente no Vaticano e que, apesar
de nada ter acontecido do reconhecimento do Papa, ela espera que não pare por aí, pois o abuso de irmãs "é uma situação muito grave". O Papa "Francisco está tomando medidas contundentes, como reconhecer que esses crimes existem, [o que] foi muito corajoso”, afirmou. "Até então, a instituição sempre havia negado.”
Lidar com essa situação, para ela, é algo "complexo", por várias razões, como o fato de a maioria desses abusos terem acontecido no passado e de ser quase impossível provar que aconteceram.
Apesar da opinião positiva a respeito de Francisco, quando perguntaram se ela é "feminista", sua resposta foi simplesmente: "Não... Sem exageros”. "Acredito que o Papa é um homem muito político, que entende que as mulheres hoje são uma força que não pode ser ignorada.
Ele já disse isso - serviço não é servidão. Ele é claro nas palavras porque sabe que não podemos continuar como estamos", disse.
Nos últimos meses, foram publicados vários artigos sobre o abuso das irmãs por membros do clero católico, particularmente na França, mas o assunto surgiu em 1993, quando duas freiras francesas falaram dos abusos a que as irmãs missionárias estavam sendo submetidas na África.
O relato mais antigo em língua inglesa foi divulgado pelo National Catholic Reporternos anos 90, citando relatórios internos elaborados por ordens religiosas femininas.
Segundo Lucetta, atualmente, a maioria das acusações no Vaticano é antiga e está engavetada há muitos anos em vários departamentos. "A Igreja nunca aceitou a responsabilidade, porque pensava que conseguiriam esconder se não falassem sobre o assunto”, observa.
Ela destaca, ainda, que não é a favor da ordenação feminina.
O que precisa mudar, para ela, é a mentalidade que equipara sacerdócio e poder. Se as mulheres fossem ordenadas, elas também seriam "corrompidas pelo poder do clericalismo", argumenta. "Para mim, é muito mais importante que as mulheres continuem sendo as que se opõem ao poder", afirmou.
Ela diz que a prioridade continua sendo a questão do abuso. "Nos últimos sete anos, estive em contato com muitas religiosas: recebemos mensagens, conversamos e visitamos essas mulheres. E percebemos que é um problema gigantesco”, revela. "Percebemos que não adianta pedir para as mulheres ocuparem mais lugares na Igreja se no dia a dia muitas delas são vítimas de abuso sexual."
Em relação à investigação das acusações ou à penalização dos abusadores, ela diz que não conhece nenhum caso. Muitas vezes, as freiras é que pagam o preço da situação e são acusadas de "seduzir” os padres e bispos.
Segundo Lucetta, a lei da Igreja dispõe sobre abuso, principalmente se ocorre durante o sacramento da confissão, mas na verdade é mais difícil provar quando as mulheressofrem abuso do que as crianças.
Ela observa que acusar bispos e sacerdotes de crimes que aconteceram no passado pode ser "vergonhoso", porque a lei não é retroativa e é difícil provar. No entanto, "é um problema terrível, e não é uma instituição qualquer - é a Igreja Católica".
"É uma instituição que foi criada a partir de uma vítima, Jesus Cristo", disse. "Há uma grande contradição no seio da Igreja."
Ela desafiou as mulheres a se considerarem protagonistas dentro da Igreja. "Nós, mulheres, jornalistas, especialistas do Vaticano, não achamos que é uma novidade pedir a opinião de uma mulher".
"Vamos tentar não pensar que a Igreja é apenas composta por homens. Por que aceitamos que o conselho consultivo do Papa é formado apenas por homens? Nós somos mais da metade da Igreja, damos apoio e não há nenhuma mulher no 'senado'?"
"Como é possível pensar no futuro da Igreja excluindo as mulheres da discussão?", questionou. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Para os sacerdotes pais, o Vaticano tem regras secretas internas. "Posso confirmar que essas diretrizes existem", disse o porta-voz do Vaticano Alessandro Gisotti ao New York Times. "É um documento interno", acrescentou Gisotti, explicando que aos padres pais é pedido para deixar o sacerdócio "para assumir a responsabilidade como pai, dedicando-se exclusivamente ao filho". O Nyt tomou conhecimento dessas diretrizes por Vincent Doyle, filho de um padre que criou um grupo de apoio chamado "Coping International". A reportagem é publicada por La Repubblica, 19-02-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Doyle relata que a sua organização tem 50.000 usuários em 175 países diferentes. Doyle disse ao Nyt que tomou conhecimento dessas diretrizes em outubro de 2017, quando foram mostradas a ele pelo arcebispo Ivan Jurkovic, o enviado do Vaticano à ONU em Genebra. "Somos realmente chamados 'filhos dos ordenados’ - disse Doyle - fiquei chocado por eles terem uma expressão para isso".
A confirmação chega na véspera da cúpula do Vaticano sobre a proteção dos menores na Igreja, marcada para os dias 21 a 24 de fevereiro. Uma cúpula de quatro dias que prevê apresentações, discussões, vídeos e testemunhos com os presidentes de todas as conferências episcopais de cada parte do mundo. A iniciativa do encontro no Vaticano absolutamente inédita, desejada com força pelo Papa Francisco, terá sobre a mesa o tema extremamente delicado da pedofilia, dos abusos sexuais contra menores. O workshop será inaugurado pelo próprio Bergoglio, que fará uma breve introdução no primeiro dia das discussões.
O encontro, intitulado "A proteção dos menores na igreja", foi apresentado na Sala de Imprensa do Vaticano, enquanto justamente em frente, na Via della Conciliazione, alguns representantes de associações de vítimas dos abusos lançavam um apelo ao papa. "Pedimos que seja posta em prática a tolerância zero – foram suas palavras - cada padre culpado deve ser demitido do estado clerical e também os bispos que acobertaram devem ser expulsos da Igreja." A partir de quinta-feira, portanto, um "novo amanhecer" surgirá, como foi enfatizado várias vezes nesta terça-feira durante a apresentação.
Todas as apresentações, nove ao todo, também serão transmitidas ao vivo por streamingno site do Vaticano, no signo da transparência, um dos pontos-chave em que a reunião está centrada. "Os bispos devem assumir suas responsabilidades - explicou na conferência de imprensa o arcebispo de Chicago, cardeal Blase Cupich. Este é um ponto de virada. Não posso prometer que de hoje em diante não haverá mais abusos, mas as pessoas terão que responder pelo que fazem".
"Devemos romper esse código de silêncio", as palavras do Arcebispo de Malta, Mons. Charles Scicluna, há anos na linha de frente contra a pedofilia na Igreja, que, quando perguntado se o encontro possa se transformar em um buraco na água respondeu: "Nós nunca deixaremos de ter esperança que desta vez dê certo. Jamais devemos desistir de proteger a inocência dos nossos filhos, dos nossos jovens".
Durante os quatro dias de trabalho, também serão organizados encontros privados com as vítimas dos abusos. Os vídeos de seus depoimentos serão transmitidos inclusive antes dos relatos. Alguns deles, além disso, serão publicados on-line no site que vai acompanhar passo a passo a evolução do encontro e onde já estão disponíveis numerosos documentos que acompanham aquele que o próprio Papa Francisco chamou de um "ato de forte responsabilidade pastoral" para enfrentar a chaga da pedofilia, "um desafio urgente do nosso tempo".
Os problemas da Igreja são complexos, como evidencia inclusive o episódio do núncio em Paris, D. Luigi Ventura, que recebeu uma denúncia de assédio sexual e que nesta terça-feira viu chegar uma segunda acusação de igual teor: a segunda vítima, também nesse caso um funcionário da prefeitura de Paris, definiu o que fez Ventura como o "gesto habitual de um predador". Outra vítima fez um apelo ao Vaticano para revogar a imunidade diplomática que protege o núncio". Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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1) Oração
Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 8, 22-26)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 22Chegando Jesus e seus discípulos a Betsaida, trouxeram-lhe um cego e suplicaram-lhe que o tocasse. 23Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para fora da aldeia. Pôs-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa? 24O cego levantou os olhos e respondeu: Vejo os homens como árvores que andam. 25Em seguida, Jesus lhe impôs as mãos nos olhos e ele começou a ver e ficou curado, de modo que via distintamente de longe. 26E mandou-o para casa, dizendo-lhe: Não entres nem mesmo na aldeia. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Jo 15,9-17
* O Evangelho de hoje conta a cura de um cego. Este episódio da cura forma o início de uma longa instrução de Jesus aos discípulos (Mc 8,27 a 10,45) que, por sua vez, termina com a cura de um outro cego (Mc 10,46-52). No meio deste contexto mais amplo Marcos sugere aos leitores que os cegos de verdade são Pedro e os outros discípulos. Somos todos nós! Eles não entendiam a proposta de Jesus quando este falava do sofrimento e da cruz. Pedro aceitava Jesus como messias, mas não como messias sofredor (Mc 8,27-33). Ele estava influenciado pela propaganda do governo da época que só falava do messias como rei glorioso. Pedro parecia cego. Não enxergava nada e ainda queria que Jesus fosse como ele, Pedro, o queria.
* O evangelho de hoje mostra como foi difícil a cura do primeiro cego. Jesus teve que realizá-la em duas etapas. Igualmente difícil foi a cura da cegueira dos discípulos. Jesus teve que fazer uma longa explicação a respeito do significado da Cruz para ajudá-los a enxergar, pois era a cruz que estava provocando neles a cegueira.
* No ano 70, quando Marcos escreve, a situação das comunidades não era fácil. Havia muito sofrimento, muitas cruzes. Seis anos antes, em 64, o imperador Nero tinha decretado a primeira grande perseguição, matando muitos cristãos. Em 70, na Palestina, Jerusalém estava sendo destruída pelos romanos. Nos outros países, estava começando uma tensão forte entre judeus convertidos e judeus não convertidos. A dificuldade maior era a Cruz de Jesus. Os judeus achavam que um crucificado não podia ser o messias tão esperado pelo povo, pois a lei afirmava que todo crucificado devia ser considerado como um maldito de Deus (Dt 21,22-23).
* Marcos 8,22-26: Cura de um cego.
Trouxeram um cego, pedindo que Jesus o curasse. Jesus o curou, mas de um jeito diferente. Primeiro, ele o levou para fora do povoado. Em seguida, cuspiu nos olhos dele, impôs as mãos e perguntou: Você está vendo alguma coisa? O homem respondeu: Vejo pessoas; parecem árvores que andam! Enxergava só uma parte. Trocava árvore por gente, ou gente por árvore! Foi só na segunda tentativa que Jesus curou o cego e o proibiu de entrar no povoado. Jesus não queria propaganda fácil.
* Como dissemos, esta descrição da cura do cego forma a introdução à longa instrução de Jesus para curar a cegueira dos discípulos, que, no fim, termina com a cura de outro cego, o Bartimeu. Na realidade o cego era Pedro. Somos todos nós. Pedro não queria o compromisso da Cruz! E nós será que entendemos o significado do sofrimento na vida?
* Entre as duas curas de cego (Mc 8,22-26 e Mc 10,46-52), está a longa instrução sobre a Cruz (Mc 8,27 a 10,45). Parece um catecismo, feita com frases do próprio Jesus. Ela fala sobre a cruz na vida do discípulo e da discípula. A longa instrução consta de três anúncios da paixão. O primeiro é de Marcos 8,27-38. O segundo, de Marcos 9,30-37. O terceiro, de Marcos 10,32-45. Entre o primeiro e o segundo, há uma série de instruções para ajudar a entender que Jesus é o Messias Servo (Mc 9,1-29). Entre o segundo e o terceiro, uma série de instruções que esclarecem que tipo de conversão deve ocorrer na vida dos que aceitam Jesus como Messias Servo (Mc 9,38 a 10,31).
Mc 8,22-26: a cura de um cego
Mc 8,27-38: primeiro anúncio da Cruz
Mc 9,1-29: instruções aos discípulos sobre o Messias Servo
Mc 9,30-37: Segundo anúncio da Cruz
Mc 9,38 a 10,31: instruções aos discípulos sobre a conversão
Mc 10,32-45: terceiro anúncio da Cruz
Mc 10,46-52: a cura do cego Bartimeu
O conjunto desta instrução tem como pano de fundo a caminhada da Galiléia até Jerusalém. Desde o começo até o fim desta longa instrução, Marcos informa que Jesus está a caminho de Jerusalém, onde será preso e morto (Mc 8,27; 9,30.33; 10,1.17.32). A compreensão plena do seguimento de Jesus não se obtém pela instrução teórica, mas sim pelo compromisso prático, caminhando com ele no caminho do serviço, desde a Galiléia até Jerusalém. Quem insiste em manter a idéia de Pedro, isto é, do Messias glorioso sem a cruz, nada vai entender e nunca chegará a tomar a atitude do verdadeiro discípulo. Continuará cego, trocando gente por árvore (Mc 8,24). Pois sem a cruz é impossível entender quem é Jesus e o que significa seguir Jesus.
O Caminho do seguimento é o caminho da entrega, do abandono, do serviço, da disponibilidade, da aceitação do conflito, sabendo que haverá ressurreição. A cruz não é um acidente de percurso, mas faz parte deste caminho. Pois num mundo, organizado a partir do egoísmo, o amor e o serviço só podem existir crucificados! Quem faz da sua vida um serviço aos outros, incomoda os que vivem agarrados aos privilégios, e sofre.
4) Para um confronto pessoal
- Todos acreditamos em Jesus. Mas um entende Jesus de um jeito, outro o entende de outro jeito. Qual é, hoje, o Jesus mais comum no modo de pensar do povo? Como a propaganda interfere no meu modo de ver Jesus? O que faço para não cair engano da propaganda?
- O que Jesus pede às pessoas que querem seguI-lo? O que, hoje, nos impede de reconhecer e de assumir o projeto de Jesus?
5) Oração final
SENHOR, quem pode habitar na tua tenda? E morar no teu santo monte Aquele que vive sem culpa, age com justiça e fala a verdade no seu coração. (Sl 14, 1-2)
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1) Oração
Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 8, 14-21)
Naquele tempo, 14Aconteceu que eles haviam esquecido de levar pães consigo. Na barca havia um único pão. 15Jesus advertiu-os: Abri os olhos e acautelai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes! 16E eles comentavam entre si que era por não terem pão. 17Jesus percebeu-o e disse-lhes: Por que discutis por não terdes pão? Ainda não tendes refletido nem compreendido? Tendes, pois, o coração insensível? 18Tendo olhos, não vedes? E tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais mais? 19Ao partir eu os cinco pães entre os cinco mil, quantos cestos recolhestes cheios de pedaços? Responderam-lhe: Doze. 20E quando eu parti os sete pães entre os quatro mil homens, quantos cestos de pedaços levantastes? Sete, responderam-lhe. 21Jesus disse-lhes: Como é que ainda não entendeis?
3) Reflexão Mc 8,14-21
* O Evangelho de ontem falava do mal-entendido entre Jesus e os fariseus. O evangelho de hoje fala do mal-entendido entre Jesus e os discípulos e mostra como o “fermento dos fariseus e de Herodes” (religião e governo), tinha tomado conta da cabeça dos discípulos a ponto de eles não entenderem mais nada da Boa Nova.
* Marcos 8,14-16: Cuidado com o fermento dos fariseus e de Herodes
Jesus adverte os discípulos: “Cuidado com o fermento dos fariseus e de Herodes”. Mas eles não entendem as palavras de Jesus. Acham que ele falou assim por eles terem esquecido de comprar pão. Jesus fala uma coisa e eles entendem outra. Este desencontro era resultado da influência insidiosa do “fermento dos fariseus” na cabeça e na vida dos discípulos.
* Marcos 8,17-18ª: As perguntas de Jesus
Diante desta falta quase total de percepção nos discípulos, Jesus faz uma série de perguntas rápidas, sem esperar uma resposta. Perguntas duras que evocam coisas muito sérias e revelam uma total incompreensão por parte dos discípulos. Por incrível que pareça, os discípulos chegaram num ponto em que já não se diferenciavam dos inimigos de Jesus. Anteriormente, Jesus tinha ficado triste com a “dureza de coração” dos fariseus e dos herodianos (Mc 3,5). Agora, os próprios discípulos têm o “coração endurecido” (Mc 8,17). Anteriormente, “os de fora” (Mc 4,11) não entendiam as parábolas, porque “tinham olhos e não enxergavam, ouvidos e não escutavam” (Mc 4,12). Agora, os próprios discípulos já não entendem mais nada, porque “tem olhos e não enxergam, ouvidos e não escutam” (Mc 8,18). Além disso, a imagem do “coração endurecido” evocava a dureza de coração do povo do AT que sempre se desviava do caminho. Evocava ainda o coração endurecido do faraó que oprimia e perseguia o povo (Ex 4,21; 7,13; 8,11.15.28; 9,7...). A expressão “tem olhos e não vêem, ouvidos e não ouvem” evocava não só o povo sem fé, criticado por Isaías (Is 6,9-10), mas também os adoradores dos falsos deuses, dos quais o salmo dizia: “eles têm olhos e não vêem, têm ouvidos e não ouvem” (Sl 115,5-6).
* Marcos 18b-21: As duas perguntas sobre o pão
* As duas perguntas finais tratam da multiplicação dos pães: Quantos cestos recolheram na primeira vez? Doze! E na segunda vez? Sete! Como os fariseus, os discípulos, apesar de terem colaborado ativamente na multiplicação dos pães, não chegaram a compreender o seus significado. Jesus termina: "E vocês ainda não compreendem?" A maneira de Jesus lançar todas estas perguntas, uma depois da outra, quase sem esperar pela resposta, parece uma ruptura. Revela um desencontro muito grande. Qual a causa deste desencontro?
* A causa do desencontro entre Jesus e os discípulos
* A causa do desencontro entre Jesus e os discípulos não foi a má vontade deles. Os discípulos não eram como os fariseus. Estes também não entendiam, mas neles havia malícia. Eles usavam a religião para criticar e condenar Jesus (Mc 2,7.16.18.24; 3,5.22-30). Os discípulos, porém, eram gente boa. Não tinham má vontade. Pois, mesmo sendo vítimas do “fermento dos fariseus e dos herodianos”, eles não estavam interessados em defender o sistema dos fariseus e dos herodianos contra Jesus. Então, qual era a causa? A causa do desencontro entre Jesus e os discípulos tinha a ver com a esperança messiânica. Havia entre os judeus uma grande variedade de expectativas messiânicas. De acordo com as diferentes interpretações das profecias, havia gente que esperava um Messias Rei (cf. Mc 15,9.32). Outros, um Messias Santo ou Sacerdote (cf. Mc 1,24). Outros, um Messias Guerrilheiro subversivo (cf. Lc 23,5; Mc 15,6; 13,6-8). Outros, um Messias Doutor (cf. Jo 4,25; Mc 1,22.27). Outros, um Messias Juiz (cf. Lc 3,5-9; Mc 1,8). Outros, um Messias Profeta (6,4; 14,65). Ao que parece, ninguém esperava pelo Messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (Is 42,1; 49,3; 52,13). Eles não se lembravam de valorizar a esperança messiânica como serviço do povo de Deus à humanidade. Cada um, conforme os seus próprios interesses e conforme a sua classe social, aguardava o Messias, querendo encaixá-lo na sua própria esperança. Por isso, o título Messias, dependendo da pessoa ou da posição social, podia significar coisas bem diferentes. Havia muita confusão de idéias! E é nesta atitude de Servidor que está a chave que vai acender uma luz na escuridão dos discípulos e que vai ajudá-los a se converter. Só mesmo aceitando o Messias como sendo o Servo Sofredor de Isaías, eles seriam capazes de abrir os olhos e de entender o Mistério de Deus em Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Qual é hoje o fermento dos fariseus e de Herodes para nós? O que significa hoje, para mim, ter o “coração endurecido”?
2) O fermento de Herodes e dos fariseus impedia os discípulos de entender a Boa Nova. Será que hoje a propaganda da televisão nos impede de entender a Boa Nova de Jesus?
5) Oração final
Quando penso: Vacilam-me os pés, sustenta-me, Senhor, a vossa graça. Quando em meu coração se multiplicam as angústias, vossas consolações alegram a minha alma. (Sl 93, 18-19)
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1) Oração
Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós.Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 8,11-13)
Naquele tempo, 11Os fariseus vieram e puseram-se a disputar com ele e pediram-lhe um sinal do céu, para pô-lo à prova. 12Jesus, porém, suspirando no seu coração, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo: jamais lhe será dado um sinal. 13Deixou-os e seguiu de barca para a outra margem.
3) Reflexão Mc 8,11-13
* A partir de hoje, o evangelho diário retoma a leitura contínua do Evangelho de Marcos, interrompida no dia 5 de março, véspera da quaresma.
* Marcos 8,11-13: Os fariseus pedem um sinal do céu.
O Evangelho de hoje traz uma discussão dos fariseus com Jesus. Como Moisés no Antigo Testamento, Jesus tinha alimentado o povo faminto no deserto, realizando a multiplicação dos pães (Mc 8,1-10). Sinal de que ele se apresentava ao povo como um novo Moisés. Mas os fariseus não foram capazes de perceber o significado da multiplicação dos pães. Eles começam a discutir com Jesus e pedem um sinal, “vindo do céu”. Não tinham entendido nada de tudo que Jesus tinha feito. “Jesus suspira profundamente”, provavelmente de desgosto e de tristeza diante de tão grande cegueira. E ele conclui: “Nenhum sinal será dado a esta geração!” Deixou-os de lado e foi para o outro banda do lago. Não adianta mostrar uma pintura bonita a quem não quer abrir os olhos. Quem fecha os olhos não pode ver!
* O perigo da ideologia dominante.
Aqui se percebe claramente como o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15), a ideologia dominante da época, fazia as pessoas perder a capacidade de analisar com objetividade os acontecimentos. Esse fermento já vinha de longe e tinha raízes profundas na vida do povo. Chegou a contaminar a mentalidade dos próprios discípulos e neles se manifestava de muitas maneiras. A formação que Jesus lhes dava procurava combater e erradicar esse “fermento”. Eis alguns exemplos desta ajuda fraterna de Jesus aos discípulos.
* 1. Mentalidade de grupo fechado. Certo dia, alguém que não era da comunidade, usava o nome de Jesus para expulsar os demônios. João viu e proibiu: “Impedimos, porque ele não anda conosco” (Mc 9,38). João pensava ser o monopólio sobre Jesus e queria proibir que outros usassem o nome dele para realizar o bem. Queria uma comunidade fechada sobre si mesma. Era o fermento de "Povo eleito, Povo separado!". Jesus responde: "Não impeçam!... Quem não é contra é a favor!" (Mc 9,39-40).
* 2. Mentalidade de grupo que se considera superior aos outros. Certa vez, os samaritanos não queriam dar hospedagem a Jesus. A reação de alguns discípulos foi imediata: “Que um fogo do céu acabe com esse povo!” (Lc 9,54). Achavam que, pelo fato de estarem com Jesus, todos deveriam acolhê-los. Pensavam ter Deus do seu lado para defendê-los. Era o fermento de “Povo eleito, Povo privilegiado!”. Jesus os repreende: "Vocês não sabem de que espírito estão sendo animados" (Lc 9,55)
* 3. Mentalidade de competição e de prestígio. Os discípulos brigavam entre si pelo primeiro lugar (Mc 9,33-34). Era o fermento de classe e de competição, que caracterizava a religião oficial e a sociedade do Império Romano. Ela já se infiltrava na pequena comunidade ao redor de Jesus. Jesus reage e manda ter a mentalidade contrária : "O primeiro seja o último" (Mc 9, 35).
* 4. Mentalidade de quem marginaliza o pequeno. Os discípulos afastavam as crianças. Era o fermento da mentalidade da época, segundo a qual criança não contava e devia ser disciplinada pelos adultos. Jesus os repreende: ”Deixem vir a mim as crianças!” (Mc 10,14). Ele coloca criança como professora de adulto: “Quem não receber o Reino como uma criança, não pode entrar nele” (Lc 18,17).
* Como no tempo de Jesus, também hoje, a mentalidade neoliberal da ideologia dominante renasce e reaparece até na vida das comunidades e das famílias. A leitura orante do Evangelho, feita em comunidade, pode ajudar-nos a mudar em nós a visão das coisas e a aprofundar em nós a conversão e a fidelidade que Jesus pede de nós.
4) Para um confronto pessoal
1) Diante da alternativa: ter fé em Jesus ou pedir um sinal do céu, os fariseus queriam um sinal do céu. Não foram capazes de crer em Jesus. Será que já aconteceu algo assim comigo? Que escolha eu fiz?
2) O fermento dos fariseus impedia os discípulos e as discípulas de perceber a presença do Reino em Jesus. Será que existe algum resto do fermento dos fariseus em mim?
5) Oração final
Vós que sois bom e benfazejo, ensinai-me as vossas leis. (Sl 118, 68)
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Bispo Dom Vilson Dias, da diocese de Limeira, é investigado por extorsão. Solicitação do dinheiro seria para compra de armários para sua própria casa em Guaíra. Ele nega
Gustavo Schmitt e Henrique Gomes Batista
AMERICANA e LIMEIRA - A diocese de Limeira, em São Paulo, já abalada pelo afastamento recente de um padre acusado de assédio sexual, incluindo menores de idade, agora se vê às voltas com outro escândalo, de denúncias de corrupção envolvendo o bispo dom Vilson Dias de Oliveira. Em depoimento na delegacia seccional de Americana, cidade daquela região, o padre emérito Ângelo Francisco Rossi disse anteontem que, em 2012, o bispo dom Vilson lhe pediu R$ 50 mil para pagar a compra de armários para a casa própria do religioso em Guaíra, cidade natal do bispo no norte de São Paulo.
Em depoimento a que O GLOBO teve acesso, o padre Ângelo disse que se recusou a atender ao pedido do superior. Poucos meses depois foi substituído na paróquia da basílica de Americana, onde atuava na ocasião, pelo padre Pedro Leandro Ricardo, alvo das acusações de assédio sexual e também suposto desvio de verbas. Por conta das denúncias, no final de janeiro o padre Leandro foi suspenso de suas funções eclesiásticas por tempo indeterminado. As acusações foram feitas de forma anônima e embasaram a abertura de uma investigação, que corre em sigilo.
O bispo é investigado por casos de extorsão e coação, além de supostamente acobertar denúncias de abuso sexual de menores contra o padre Leandro. Ele nega as acusações. Dom Vilson tem sob seu comando 102 paróquias em 16 municípios paulistas que estão na área de abrangência da diocese de Limeira.
Em nota, a diocese de Limeira e o bispo Dom Vilson informaram que não irão se manifestar, até que o inquérito seja concluído e todas as testemunhas, inclusive as de defesa, sejam ouvidas.
O GLOBO confirmou as informações com fontes que acompanham as investigações, também em segredo de Justiça.
O padre Ângelo narrou que o encontro com dom Vilson ocorreu na casa episcopal de Limeira. Segundo ele, na ocasião, o bispo solicitou que o dinheiro fosse retirado da igreja Santo Antônio de Pádua, em Americana, na época sob o comando de Ângelo.
De acordo com o depoimento, o padre disse ter sido surpreendido pelo pedido, e então levado o assunto à pauta do Conselho Administrativo Financeiro da igreja — órgão composto por representantes da sociedade civil que são fiéis da comunidade.
Na reunião, os conselheiros negaram o pedido de R$ 50 mil ao bispo. Além do depoimento, o padre Ângelo apresentou à polícia uma ata da igreja com o registro desta reunião em 24 de julho de 2012. O padre disse ainda à polícia que o bispo não gostou da notícia de que não receberia o repasse, e que então teria passado a exigir uma contribuição ainda maior, de R$ 150 mil, segundo ele, para obras na diocese de Limeira.
O padre diz ter levado o assunto novamente ao Conselho da igreja, que informou que poderia fazer o repasse se a documentação para a realização das obras estivesse correta. O repasse, porém, não foi à frente. Essa reunião foi registrada em outra ata, de 21 de agosto de 2012, também entregue à polícia.
A polícia ainda questionou o padre sobre uma outra denúncia que envolve o possível sumiço de mais de R$ 1 milhão dos cofres da paróquia Santo Antonio de Pádua. Essa acusação de desvio é atribuída ao seu sucessor, o padre Leandro.
O padre Ângelo confirmou que quando transferiu a administração da igreja Santo Antônio de Pádua ao então padre Leandro, em janeiro de 2013, a instituição tinha R$ 1 milhão em conta bancária. O religioso disse que depois de deixar a paróquia, não acompanhou mais a prestação de contas. Também afirmou que não tem conhecimento de irregularidades que envolvem o padre Leandro. Fonte: https://oglobo.globo.com
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