- Detalhes

Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo;dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 1, 40-45)
Naquele tempo, 40um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: "Se queres tens o poder de curar-me". 41Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: "Eu quero: fica curado!" 42No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado. 43Então Jesus o mandou logo embora, 44falando com firmeza: "Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!" 45Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
* Acolhendo e curando o leproso Jesus revela um novo rosto de Deus. Um leproso chegou perto de Jesus. Era um excluído, impuro. Devia viver afastado. Quem tocasse nele ficava impuro também! Mas aquele leproso teve muita coragem. Transgrediu as normas da religião para poder chegar perto de Jesus. Ele grita: Se queres, podes curar-me! Ou seja: “Não precisa tocar-me! Basta você querer para eu ficar curado!” A frase revela duas doenças: 1) a doença da lepra que o tornava impuro; 2) a doença da solidão a que era condenado pela sociedade e pela religião. Revela também a grande fé do homem no poder de Jesus. Profundamente compadecido, Jesus cura as duas doenças. Primeiro, para curar a solidão, toca no leproso. É como se dissesse: “Para mim, você não é um excluído. Eu te acolho como irmão!” Em seguida, cura a lepra dizendo: Quero! Seja curado! O leproso, para poder entrar em contato com Jesus, tinha transgredido as normas da lei. Da mesma forma, Jesus, para poder ajudar aquele excluído e, assim, revelar um rosto novo de Deus, transgride as normas da sua religião e toca no leproso. Naquele tempo, quem tocasse num leproso tornava-se um impuro perante as autoridades religiosas e perante a lei da época.
* Reintegrar os excluídos na convivência fraterna. Jesus não só cura, mas também quer que a pessoa curada possa conviver novamente. Reintegra a pessoa na convivência. Naquele tempo, para um leproso ser novamente acolhido na comunidade, ele precisava ter um atestado de cura assinado por um sacerdote. É como hoje. O doente só sai do hospital com o documento assinado pelo médico. Jesus obrigou o leproso a buscar o documento, para que ele pudesse conviver normalmente. Obrigou as autoridades a reconhecer que o homem tinha sido curado.
* O leproso anuncia o bem que Jesus fez a ele, e Jesus se torna um excluído. Jesus tinha proibido o leproso de falar sobre a cura. Mas não adiantou. O leproso, assim que partiu, começou a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar publicamente numa cidade. Permanecia fora, em lugares desertos. Por que? É que Jesus tinha tocado no leproso. Por isso, na opinião pública daquele tempo, Jesus, ele mesmo, era agora um impuro e devia viver afastado de todos. Já não podia entrar nas cidades. Mas Marcos mostra que o povo pouco se importava com estas normas oficiais, pois de toda a parte vinham a ele! Subversão total!
* Resumindo. Tanto nos anos 70, época em que Marcos escreve, como hoje, época em que nós vivemos, era e continua sendo importante ter diante de nós modelos de como viver e anunciar a Boa Nova de Deus e de como avaliar a nossa missão. Nos versículos 16 a 45 do primeiro capítulo do seu evangelho, Marcos descreve a missão da comunidade e apresenta oito critérios para as comunidades do seu tempo poderem avaliar a sua missão. Eis o esquema:
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TEXTO |
ATIVIDADE DE JESUS |
OBJETIVO DA MISSÃO |
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1. Marcos 1,16-20 |
Jesus chama os primeiros discípulos |
formar comunidade |
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2. Marcos 1,21-22 |
o povo fica admirado com o ensino |
criar consciência crítica |
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3. Marcos 1,23-28 |
Jesus expulsa um demônio |
combater o poder do mal |
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4. Marcos 1,29-31 |
a cura da sogra de Pedro |
restaurar a vida para o serviço |
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5. Marcos 1,32-34 |
a cura de doentes e endemoninhados |
acolher os marginalizados |
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6. Marcos 1,35 |
Jesus levanta cedo para rezar |
ficar unido ao Pai |
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7. Marcos 1,36-39 |
Jesus segue em frente no anúncio |
não se fechar nos resultados |
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8. Marcos 1,40-45 |
a cura um leproso |
reintegrar os excluídos |
4) Para um confronto pessoal
1) Anunciar a Boa Nova é dar testemunho da experiência concreta que se tem de Jesus. O leproso, o que ele anuncia? Ele conta aos outros o bem que Jesus lhe fez. Só isso! Tudo isso! E é este testemunho que leva os outros a aceitar a Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe. Qual o testemunho que você dá?
2) Para levar a Boa Nova de Deus ao povo, não se deve ter medo de transgredir normas religiosas que são contrárias ao projeto de Deus e que dificultam a comunicação, o diálogo e a vivência do amor. Mesmo que isto traga dificuldades para a gente, como trouxe para Jesus. Já tive esta coragem?
5) Oração final
Vinde, prostrados adoremos, de joelhos diante do Senhor que nos criou. Ele é o nosso Deus, e nós o povo sob seu governo, o rebanho que ele conduz. (Sl 94, 6-7)
- Detalhes

Ao pisar em solo panamenho, no próximo dia 23/01, o papa Francisco encontrará uma “Igreja jovem e alegre, autêntica, multiétnica e pluricultural, com uma fé viva, com o compromisso de anunciar o Evangelho”. Desta forma o arcebispo do Panamá, dom José Domingo Ulloa Mendieta, definiu a Igreja que receberá o Sumo Pontífice e os cerca de 200 mil jovens provenientes de 155 países que participarão da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 22 a 27 de janeiro.
O tema desta edição da JMJ é: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 38)”. A última edição do evento foi realizada em Cracóvia, na Polônia, de 26 a 31 de julho de 2016. No último dia, na Missa de envio, o Papa Francisco anunciou que a sede da próxima edição seria o Panamá, país localizado na América Central.
O Papa Francisco partirá de Roma no dia 23 de janeiro, desembarcando no Panamá na mesma data. Na quinta-feira, dia 24, receberá as saudações do presidente do Panamá, Juan Carlos Varela Rodríguez e de autoridades do país, além de reunir-se com bispos da América Central. Na parte da tarde, participará da cerimônia de abertura da Jornada Mundial da Juventude de 2019, no Campo Santa María la Antigua – Cinta Costera.
Durante a estadia no Panamá, o Santo Padre terá várias ocasiões para encontrar milhares de jovens. A visita será concluída com a celebração da Santa Missa, no domingo, 27 de janeiro, no grande “Campo San Juan Paul II” – Metro Park, onde são esperados cerca de 250.000 fiéis.
O hino oficial da Jornada Mundial da Juventude do Panamá 2019, intitulado: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim a tua palavra” (Lc 1, 38), foi composto por Abdiel Jiménez, com produção e arranjos de Aníbal Muñoz, e colaboração de Carlos Samaniego e Ricky Ramírez, profissionais com uma grande carreira musical.
“Este evento uniu mais de 4 milhões de panamenhos no amor para seus irmãos, sem distinção de religião ou crenças políticas”, explicou Yithzak Gonzalez, Secretário da Pastoral Juvenil da Conferência Episcopal do Panamá, em uma entrevista concedida ao “Vatican News “.
Um grupo de cerca de mil jovens indígenas provenientes de vários países do mundo se reunirão de 17 a 21 de janeiro de 2019, no território do povo Ngobe de Soloy, na diocese de David, na Jornada Mundial da Juventude Indígenas para compartilhar a mesma fé católica na diversidade de suas culturas ancestrais, suas expectativas e suas lutas.
Segundo a subsecretária de Atenção ao Peregrino da JMJ, Eydin Solanilla são esperados cerca de 500 bispos e quatro mil jornalistas de todo o mundo. Solanilla destacou que o peregrino não só “terá momentos de catequese”, mas também outras opções como “o festival da juventude que terá palcos para que os jovens convivam com a cultura, a música e a arte”. Ela afirmou que quando os jovens peregrinos receberem o guia preparado pela organização, estes terão todas as informações necessárias para organizar o seu itinerário.
O programa da JMJ
A Pré-Jornada ou Dias nas Dioceses será de 17 a 20 de janeiro de 2019. Esta é uma iniciativa opcional que permitirá que os jovens possam compartilhar momentos de oração e celebração com as comunidades eclesiais da igreja local. Na terça-feira, 22 de janeiro, o Arcebispo do Panamá, Dom Domingo Ulloa, presidirá a
Missa de abertura.
Na quarta-feira, 23, haverá catequeses; e será realizado o “Festival da Juventude” um programa religioso, artístico-cultural; o “Festival do Perdão”, local onde haverá confissões à tarde e, à noite, oração em frente à Cruz da JMJ e adoração Eucarística; e, finalmente, uma feira vocacional.
Na quinta-feira, 24, realizarão as mesmas atividades do dia anterior e também haverá uma cerimônia de acolhida ao Papa Francisco.
Na sexta-feira, 25, serão realizadas as mesmas atividades da quarta e da quinta-feira; e a Via Sacra, onde será levada a Cruz da JMJ que foi entregue pelo Papa à delegação do
Panamá.
No sábado, 26, haverá uma vigília de adoração. Finalmente, no domingo, 27, o Papa Francisco presidirá a Missa de encerramento, para a qual são esperadas cerca de 800 mil pessoas. Fonte: http://www.cnbb.org.br
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Frei Carlos Mesters, O. Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 1, 29-39)
Naquele tempo, 29Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los.
32À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.
35De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37Quando o encontraram, disseram: "Todos estão te procurando". 38Jesus respondeu: "Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim". 39E andava por toda a Galiléia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
* Jesus restaura a vida para o serviço. Depois de participar da celebração do sábado na sinagoga, Jesus entrou na casa de Pedro e curou a sogra dele. A cura fez com ela se colocasse de pé e, com a saúde e a dignidade recuperadas, começasse a servir as pessoas. Jesus não só cura a pessoa, mas cura para que a pessoa se coloque a serviço da vida.
* Jesus acolhe os marginalizados. Ao cair da tarde, terminado o sábado na hora do aparecimento da primeira estrela no céu, Jesus acolhe e cura os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Os doentes e possessos eram as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer. Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava impuras. Elas não podiam participar na comunidade. Era como se Deus as rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe. Assim, aparece em que consiste a Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os marginalizados e os excluídos, e reintegrá-los na convivência da comunidade.
* Permanecer unido ao Pai pela oração. Jesus aparece rezando. Ele faz um esforço muito grande para ter o tempo e o ambiente apropriado para rezar. Levantou mais cedo que os outros e foi para um lugar deserto, para poder estar a sós com Deus. Muitas vezes, os evangelhos nos falam da oração de Jesus no silêncio (Mt 14,22-23; Mc 1,35; Lc 5,15-16; 3,21-22). É através da oração que ele mantém viva em si a consciência da sua missão.
* Manter viva a consciência da missão e não se fechar no resultado já obtido. Jesus se tornou conhecido. Todos iam atrás dele. Esta publicidade agradou aos discípulos. Eles vão em busca de Jesus para levá-lo de volta junto do povo que o procurava, e lhe dizem: Todos te procuram. Pensavam que Jesus fosse atender ao convite. Engano deles! Jesus não atendeu e disse: Vamos para outros lugares. Foi para isto que eu vim! Eles devem ter estranhado! Jesus não era como eles o imaginavam. Jesus tem uma consciência muito clara da sua missão e quer transmiti-la aos discípulos. Não quer que eles se fechem no resultado já obtido. Não devem olhar para trás. Como Jesus, devem manter bem viva a consciência da sua missão. É a missão recebida do Pai que deve orientá-los na tomada das decisões.
* Foi para isto que eu vim! Este foi o primeiro mal-entendido entre Jesus e os discípulos. Por ora, é apenas uma pequena divergência. Mais adiante no evangelho de Marcos, este mal-entendido, apesar das muitas advertências de Jesus, vai crescer e chegar a uma quase ruptura entre Jesus e os discípulos (cf. Mc 8,14-21.32-33; 9,32;14,27). Hoje também existem mal-entendidos sobre o rumo do anúncio da Boa Nova. Marcos ajuda a prestar atenção nas divergências, para não permitir que elas cresçam até à ruptura.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus não veio para ser servido mas para servir. A sogra de Pedro começou a servir. E eu, faço da minha vida um serviço a Deus e aos irmãos e às irmãs?
2) Jesus mantinha a consciência da sua missão através da oração. E a minha oração?
5) Oração final
Povos todos, louvai o SENHOR, nações todas, dai-lhe glória; porque forte é seu amor para conosco e a fidelidade do SENHOR dura para sempre. (Sl 116)
- Detalhes
O perigo de hoje é que Jesus pareça à vontade nos corredores onde se cozinha a política.

Estátua retrata Jesus Cristo como morador de Rua, no Rio de Janeiro, em novembro de 2018. 'Jesus sem teto', de autoria do canadense Timothy P. Schmalz, foi instalada no jardim da Catedral Metropolitna do Rio FERNANDO FRAZÃO AGÊNCIA BRASIL
Gosto de andar de ônibus dentro da cidade. Como jornalista, acho importante ver e ouvir as pessoas comuns. Quem usa o transporte público, por exemplo aqui na pequena e bela cidade de Saquarema, na região dos Lagos fluminense, costuma pertencer às classes menos favorecidas. São os sem-carro e os sem possibilidade de pagar um táxi. São também os que passam despercebidos.
Nesta manhã, junto a um ponto de ônibus do bairro comercial de Bacaxá, uma mulher com pelo menos 70 anos, que por seu modo de olhar devia sofrer de catarata avançada, estava sentada num engradado de madeira, desses que os mercados põem fora, ao lado de onde se forma a fila para subir ao ônibus. Oferecia para vender, apoiados em seu regaço, três modestos e banais pacotes de quiabo.
Fui resolver uns assuntos e, ao voltar, duas horas depois, a mulher ainda estava lá, sob o sol, esperando que alguém comprasse sua pequena mercadoria. Olhava cada passante como o joalheiro perscruta possíveis compradores de uma pedra preciosa. Já no ônibus, veio-me à memória um comentário que Henrique Rocha Melo deixou dias atrás na página deste jornal no Facebook. Perguntava-se: “Se Jesus viesse hoje, seria chamado de comunista ou seria recebido à bala pelos cidadãos de bem?”. A pergunta era sintomática do clima político e religioso que se vive no Brasil, onde o tema Deus foi colocado no centro do poder.
Refletindo sobre a pergunta do leitor, e com a imagem da mulher dos três pacotes de quiabo ainda na minha retina, pensei que, se Jesus estivesse voltando, como se anuncia às vezes até na traseira dos caminhões de carga, teríamos uma surpresa. Não se trata de saber se seria visto como comunista ou liberal. Sem dúvida, estaria do lado da idosa tão pobre que precisa sair à rua para vender três punhados de hortaliças.
Mas poderíamos nos fazer outra pergunta ainda mais inquietante: se Cristo voltasse, ao lado de quem não estaria? A resposta tampouco é difícil. Não andaria, sem dúvida, de braços dados com quem permite que continuem existindo pessoas abaixo do nível de pobreza. Não estaria ao lado dos que, como acaba de dizer o papa Francisco, “melhor seria se fossem ateus em vez de irem à igreja e continuarem odiando”. Odiando e também se esquecendo da caravana dos excluídos, vítimas do novo capitalismo excludente que vai deixando um rio de “inúteis” à sua passagem. É assim que o autor de Sapiens: Uma Breve História da Humanidade, Yuval Noah Harari, se refere em seu último livro, 21 Lições Para o Século 21, aos novos proletários da era da inteligência artificial, os que já não servem nem para consumir.
Alguém me perguntará com que direito escrevo que Jesus, se voltasse, estaria do lado da mulher pobre dos quiabos e não dos que se gabam de serem os donos de Deus. Digo isso à luz de evangelhos hoje tão citados em templos e congressos neste país. Escrevo-o recordando como Jesus se comportava com o poder, seja o político ou o religioso, quando tramavam sua morte. Vou recordar apenas dois episódios emblemáticos narrados pelos evangelhos canônicos, autorizados pela Igreja, que os evangélicos e católicos devem conhecer muito bem.
Em Lucas 13, 31 e ss., os amigos de Jesus o aconselham a ir embora da pobre e rural Galileia onde pregava, já que o rei Herodes queria matá-lo. Não explicam o motivo do ódio do tetrarca contra ele, mas fica claro na resposta de Jesus: “Ide, e dizei àquela raposa que continuarei expulsando demônios e curando doentes”. Herodes temia uma insurreição dos pobres e marginalizados que seguiam e aclamavam o profeta.
Na outra passagem, narrada nos quatro evangelhos, é o poder religioso que enfrenta Jesus. Quando viajou à rica e intelectual Jerusalém e entrou no Templo, notou que o local, que devia ser “casa de oração para todas as gentes”, tinha se tornado um “covil de ladrões”. Referia-se aos vendedores de animais para os sacrifícios dos fiéis pobres, e também aos cambistas que traficavam com moedas. Foi a primeira vez que o profeta da paz perdeu a paciência e “derrubou as mesas dos cambiadores”. A reação foi imediata: “Os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam” (Marcos 11, 15 e ss.). Por que esse medo do poder frente ao desarmado profeta dos últimos?
Hoje, mais de 2.000 anos depois, mais do que querer matar Jesus, o que o poder no Brasil está fazendo é mais sutil e perigoso. É apropriar-se dele, domesticá-lo, usá-lo para seus interesses. O perigo de hoje é que Jesus, em vez de aparecer ao lado de quem precisa vender algo na rua para sobreviver, pareça à vontade nos corredores onde se cozinha a política. Ou nos templos onde se ensina aos humildes e aos pouco escolarizados que Jesus está ao lado dos que triunfam, e não dos perdedores.
Não sei se o profeta galileu, que acabou cravado em uma madeira como um criminoso comum, era ou não anticapitalista. Certamente era anticonsumista. Nem casa tinha. Não deveriam se esquecer disso os religiosos que o profanam ao oferecê-lo como talismã aos governantes. Mais do que nunca, o poder religioso deveria recordar aqui, no Brasil do “Deus acima de todos”, que Jesus tinha pedido a seus seguidores que separassem o trono do altar: “Deem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Lucas 20, 25). Misturar os dois poderes, colocar Deus como fiador da impunidade, significa montar novas cruzes para poder continuar sacrificando inocentes. A idosa que vendia três pacotes de quiabo na rua, e o que ela simboliza, julga a todos, esquerda e direita, cristãos e ateus. Fonte: https://brasil.elpais.com
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 1, 21-28)
21Estando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.
23Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24"Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus". 25Jesus o intimou: "Cala-te e sai dele"!26Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: "Que é isso? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!" 28E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galiléia.
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
* A sequência dos evangelhos dos dias desta semana. O evangelho de ontem informava sobre a primeira atividade de Jesus: chamou quatro pessoas para formar comunidade com ele (Mc 1,16-20). O evangelho hoje descreve a admiração do povo diante do ensinamento de Jesus (Mt 1,21-22) e o primeiro milagre expulsando um demônio (Mt 1,23-28). O evangelho de amanhã narra a cura da sogra de Pedro (Mc 1,29-31), a cura de muitos doentes (Mc 1,32-34) e a oração de Jesus num lugar isolado (Mc 1.35-39). Marcos recolheu estes episódios, que eram transmitidos oralmente nas comunidades, e os uniu entre si como tijolos numa parede. Nos anos 70, ano em que ele escreve, as Comunidades necessitavam de orientação. Descrevendo como foi o início da atividade de Jesus, Marcos indicava como elas deviam fazer para anunciar a Boa Nova. Marcos faz catequese contando para as comunidades os acontecimentos da vida de Jesus.
* Jesus ensina com autoridade, diferente dos escribas. A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. Por este seu jeito diferente, Jesus cria consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebe, compara e diz: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas. Os escribas da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida. Sua palavra tem raiz no coração.
* Vieste para nos destruir! Em Marcos, o primeiro milagre é a expulsão de um demônio. Jesus combate e expulsa o poder do mal que tomava conta das pessoas e as alienava de si mesmas. O possesso gritava: “Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” O homem repetia o ensinamento oficial que apresentava o messias como “Santo de Deus”, isto é, como um Sumo Sacerdote, ou como rei, juiz, doutor ou general. Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma, enganada pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do comércio. Repete o que ouve dizer. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações em dinheiro, ameaçada pelos cobradores. Muitos acham que sua vida ainda não é como deveria ser se eles não puderem comprar aquilo que a propaganda anuncia e recomenda.
* Jesus ameaçou o espírito mau: “Cale-se, e saia dele!” O espírito sacudiu o homem, deu um grande grito e saiu dele. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade. Faz a pessoa recuperar o seu perfeito juízo (cf. Mc 5,15). Não é nem era fácil, nem ontem, nem hoje, fazer com que a pessoa comece a pensar e atuar diferentemente da ideologia oficial.
* Ensinamento novo! Ele manda até nos espíritos impuros. Os dois primeiros sinais da Boa Nova que o povo percebe em Jesus, são estes: o seu jeito diferente de ensinar as coisas de Deus, e o seu poder sobre os espíritos impuros. Jesus abre um novo caminho para o povo conseguir a pureza. Naquele tempo, uma pessoa declarada impura já não podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida por Deus a Abraão. Ela teria que purificar-se primeiro. Esta e muitas outras leis e normas dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura, longe de Deus. Agora, purificadas pelo contato com Jesus, as pessoas impuras podiam comparecer novamente na presença de Deus. Era uma grande Boa Notícia para eles!
4) Para um confronto pessoal
1) Será que posso dizer: “Eu sou plenamente livre, senhor de mim mesmo”? Se não o posso dizer de mim mesmo, então algo em mim é possesso por outros poderes. Como faço para expulsar este poder estranho?
2) Hoje muita gente não vive, mas é vivido. Não pensa, mas é pensado pelos meios de comunicação. Já não tem pensamento crítico. Já não é dono de si mesmo. Como expulsar este “demônio”?
5) Oração final
Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso teu nome em toda a terra! Sobre os céus se eleva a tua majestade! Que coisa é o homem, para dele te lembrares, que é o ser humano, para o visitares? (Sl 8, 2.5)
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CACÁ DIEGUES
Francisco, ao contrário da intolerância política hoje na moda, dizia que a misericórdia de Deus não tem limites
Em meados de 2013, o Papa Francisco esteve no Brasil para participar da Jornada Mundial da Juventude, encontro de jovens católicos realizado no Rio de Janeiro. O 266º Papa da Igreja Católica, o simpático Jorge Mario Bergoglio, havia sucedido ao misterioso Bento XVI, em fevereiro daquele mesmo ano. Tive a intuição de que, daquela visita, podia sair um filme oportuno e belo. Renata me incentivou a concretizar a ideia. Segundo ela, só nós podíamos realizar um documentário sobre Francisco, pois “o Papa era argentino, mas Deus é brasileiro”. Nosso “Rio de fé”, o título do projeto, foi uma das mais belas experiências cinematográficas de minha vida, infelizmente pouco difundida devido à distribuição precária dos DVDs, plataforma escolhida desde o início do projeto.
Havia algo de original e revolucionário naquele chefe daquela igreja, a mais tradicional da história do cristianismo. Mas não era apenas no que dizia em seus discursos, sermões e conversas com a população. Era sobretudo em seus gestos e iniciativas, que só viravam escândalo depois de praticados, quando finalmente compreendíamos o que havia acontecido. Foi assim o tempo todo, no encontro inaugural com políticos convencionais, depois com fiéis do candomblé, com favelados de uma comunidade considerada perigosa, com meninos, meninas e outros gêneros juvenis, com a multidão que lotou a Praia de Copacabana em sua despedida. Compreendemos que o bem não era monopólio de nenhuma igreja, mas um valor indispensável à sobrevivência da humanidade.
Curiosamente, naquele mesmo ano, o Brasil se mobilizava com as manifestações de rua em defesa dos que não podiam pagar nem mais um centavo pelo transporte que eram obrigados a usar. Um movimento espontâneo que quebrou a ilusão de que um governo “popular” estava provendo tudo de que a nação precisava, que estávamos a caminho da Parusia levados pelas mãos de políticos iluminados. Hoje, parece claro que 2013 marcava a fundação de um novo momento na história social do país. Poucos brasileiros interessados pelo Brasil perceberam isso.
Francisco, ao contrário da intolerância política hoje na moda, dizia que a misericórdia de Deus não tem limites, incluindo aí até quem não crê nele. Esses deviam seguir sua própria consciência para distinguir o bem do mal, o que é imprescindível. O jornalista italiano Eugenio Scalfari, 94 anos, fundador do jornal “La Repubblica” e amigo do Papa argentino, publicou, em 2018, entrevista com Francisco, em que este diz que “não existe um inferno, o que existe é o desaparecimento das almas pecadoras”. Sabemos, por experiência tanto teológica, quanto científica, que Deus criou um universo dinâmico, em constante evolução. Sua preocupação não é apenas com o que é, mas sobretudo com o que virá a ser. A principal linguagem descoberta pelos humanos é a da esperança.
Além da esperança, a humanidade desenvolveu também sua memória histórica, para não se esquecer de como as coisas eram, não se esquecer do que foi bom e do que foi ruim. A memória talvez seja a matéria mais importante da civilização. O corpo do pintor Salvador Dalí, um dos gênios do século XX, foi recentemente exumado para um exame de comprovação de paternidade. A primeira observação do secretário-geral da Fundação Gala-Dalí, assim que havia terminado a exumação, foi a de que o bigode característico do grande artista, morto em 1989, estava “na posição clássica, marcando dez horas e dez minutos”.
Enquanto nossos líderes, como o deputado Rodrigo Amorim, desprezam, subestimam e ofendem os indígenas, desejando que eles deixem o Brasil exclusivo aos herdeiros dos europeus que invadiram com violência e rapinagem o território de todos, o Papa Francisco anuncia seu apoio ao Pacto Global de Migração, proclamado pela ONU, denunciando as restrições a ele como uma volta ao que a humanidade ocidental já foi há mais de cem anos. Esse ataque aos índios é da mesma família de outras discriminações de toda natureza, de raça a ideias. É como se no mundo só coubessem os que são como somos, nosso maior inimigo sendo portanto a diferença. Justamente aquilo que mais enriquece nossa presença no mundo.
Os primeiros homens não sabiam o que era o Sol, para que ele servia. Aí começaram a pensar sobre isso, curiosos a propósito da natureza daquela bola de fogo e o que podiam fazer com ela. A cada descoberta dessa, foi sempre possível melhorar nossa vida material e nos renovar espiritualmente. Aceitar e, eventualmente, vencer o mistério constante levou o homem a se civilizar. É isso que está sempre presente em todas as ideias “chocantes” do Papa Francisco. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 1, 14-20)
14Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galiléia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15"O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos, e crede no Evangelho!" 16E, passando à beira do mar da Galiléia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17Jesus lhes disse: "Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens". 18E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. 19Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; 20e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus.
3) Reflexão
* Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galiléia proclamando a Boa Nova de Deus. João foi preso pelo rei Herodes por ter denunciado o comportamento imoral do rei (Lc 3,18-20). A prisão de João Batista não assustou a Jesus! Pelo contrário! Ele viu nela um sinal da chegada do Reino. E hoje, será que sabemos ler os fatos da política e da violência urbana para anunciar a Boa Nova de Deus?
* Jesus proclamava a Boa Nova de Deus. A Boa Nova é de Deus não só porque ela vem de Deus, mas também e sobretudo porque Deus é o seu conteúdo. Deus, Ele mesmo, é a maior Boa Notícia para a vida humana. Ele responde à aspiração mais profunda do nosso coração. Em Jesus aparece o que acontece quando um ser humano deixar Deus entrar e reinar. Esta Boa Notícia do Reino de Deus anunciada por Jesus tem quatro aspectos:
- Esgotou-se o prazo! Para os outros judeus o prazo ainda não tinha se esgotado. Faltava muito para o Reino poder chegar. Para os fariseus, por exemplo, o Reino só poderia chegar quando a observância da Lei fosse perfeita. Jesus tem outra maneira de ler os fatos. Ele diz que o prazo já se esgotou.
- O Reino de Deus chegou! Para os fariseus a chegada do Reino dependia do esforço deles. Só chegaria, depois que eles tivessem observado toda a lei. Jesus diz o contrário: “O Reino chegou!” Já estava aí! Independente do esforço feito! Quando Jesus diz “O Reino chegou!”, ele não quer dizer que o Reino estava chegando só naquele momento, mas sim que já estava aí. Aquilo que todos esperavam, já estava presente na vida deles, e eles não o sabiam, nem o percebiam (cf. Lc 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele lia a realidade com um olhar diferente. E é esta presença escondida do Reino no meio do povo, que Jesus vai revelar aos pobres da sua terra. É esta a semente do Reino que vai receber a chuva da sua palavra e o calor do seu amor.
- Convertei-vos! O sentido exato é mudar o modo de pensar e de viver. Para poder perceber a presença do Reino na vida, a pessoa terá que começar a pensar e viver de maneira diferente. Terá que mudar de vida e encontrar outra forma de convivência! Terá que deixar de lado o legalismo do ensino dos fariseus e permitir que a nova experiência de Deus invada sua vida e lhe dê olhos novos para ler e entender os fatos.
- Acreditem nesta Boa Notícia! Não era fácil aceitar esta mensagem. Não é fácil você começar a pensar diferentemente de tudo que aprendeu, desde pequeno. Isto só é possível através de um ato de fé. Quando alguém vem trazer uma notícia diferente, difícil de ser aceita, você só a aceitará se a pessoa que traz a notícia for de confiança. Aí, você dirá aos outros: “Pode aceitar! Eu conheço a pessoa! Ela não engana. É de confiança!”. Jesus é de confiança!
* O primeiro objetivo do anúncio da Boa Nova é formar comunidade. Jesus passa, olha e chama. Os primeiros quatro chamados, Simão, André, João e Tiago, escutam, largam tudo e seguem a Jesus para formar comunidade com ele. Parece amor à primeira vista! Conforme a narração de Marcos, tudo aconteceu logo no primeiro encontro com Jesus. Comparando com os outros evangelhos, a gente percebe que os quatro já conheciam a Jesus (Jo 1,39; Lc 5,1-11). Já tiveram a oportunidade de conviver com ele, de vê-lo ajudar o povo e de escutá-lo na sinagoga. Sabiam como ele vivia e o que pensava. O chamado não foi coisa de um só momento, mas sim de repetidos chamados e convites, de avanços e recuos. O chamado começa e recomeça sempre de novo! Na prática, coincide com a convivência dos três anos com Jesus, desde o batismo até o momento em que Jesus foi levado ao céu (At 1,21-22). Então, por que Marcos o apresenta como um fato repentino de amor à primeira vista? Marcos pensa no ideal: o encontro com Jesus deve provocar uma mudança radical na nossa vida!
4) Para um confronto pessoal
1) Um fato político, a prisão de João, levou Jesus a iniciar o anúncio da Boa Nova de Deus. Hoje, os fatos da política e da polícia influem no anúncio que fazemos da Boa Nova ao povo?
2) “Convertei-vos! Acreditem nesta Boa Notícia!” Como isto está acontecendo na minha vida?
5) Oração final
Tu, Senhor, és o Altíssimo sobre toda a terra, tu és excelso acima de todos os deuses. (Sl 96, 9).
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A associação desportiva poderá participar das competições europeias. A estreia da chamada Athletica Vaticano será no dia 20, numa corrida de rua em Roma
Sacerdotes, freiras, guardas suíços e outros funcionários laicos do Vaticano literalmente correndo juntos para alcançar o céu. Esse é o espírito da primeira associação desportiva da Santa Sé, chamada Athletica Vaticano, uma equipe de atletismo formado por toda a variedade de trabalhadores da cúria romana, que deseja demonstrar que o esporte pode ser um instrumento de solidariedade.
Não é o único grupo esportivo do Vaticano, que já conta com um time de futebol e outro de críquete, mas é o primeiro com projeção fora dos muros do Estado pontifício. Nasceu em setembro de 2017 pela união espontânea de um conjunto de funcionários, e nesta quinta-feira deu um salto e passou a ser uma associação oficial, filiada à Federação Italiana de Atletismo (FIDAL), onde além disso é o primeiro grupo estrangeiro a ser inscrito. A associação, que conta com 60 sócios, atletas de elite com hábito, batina e passaporte vaticano, assinou também um acordo de colaboração com o Comitê Olímpico Italiano (CONI).
O objetivo, explicou em entrevista coletiva o espanhol Melchor Sánchez de Toca y Alameda, subsecretário do Conselho Pontifício para a Cultura e presidente da Athletica Vaticano, é "se divertir e correr". E também participar de eventos de todo tipo, inclusive internacionais. Graças ao convênio com o CONI, a associação poderá participar das competições da Itália e do resto da Europa. Sua estreia será em 20 de janeiro, numa corrida pelas ruas de Roma — uma prova que tem um significado simbólico: é conhecida como A Corrida do Miguel, e acontece há quase 20 anos na capital italiana em homenagem a Miguel Benancio Sánchez, um dos 30.000 desaparecidos da ditadura militar argentina. Esse corredor, jogador de futebol e poeta foi sequestrado em 9 de janeiro de 1978 por um comando paramilitar, provavelmente por sua militância nas Juventudes peronistas, e nunca mais se soube dele. Seu caso foi especialmente acompanhado na Itália.
Correrão juntos sacerdotes, guardas suíços, freiras e diversos empregados da administração da Santa Sé, de carpinteiros a agricultores, passando por bombeiros, jornalistas, farmacêuticos e funcionários dos Museus Vaticanos, aos quais se somam dois atletas “honorários”: Buba Jallow, um jovem de 21 anos procedente da Gâmbia, e Amsou Cissé, um senegalês de 19. São solicitantes de asilo e vivem num centro de acolhida na periferia de Roma. Além disso, a associação assinou um memorando de entendimento com a Federação Italiana de Esportes Paralímpicos e Experimentais. Com esses gestos pretendem demonstrar que o esporte é capaz de promover a inclusão.
Se esses primeiros passos funcionarem, a meta no horizonte, como confirmou o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, é ambiciosa: levar a bandeira branca e amarela do Vaticano aos Jogos Olímpicos. “O desejo é o de começar de forma gradual e passar de um estado de simples presença a um autêntico estado de competição”, disse Ravasi, que salientou a relação entre o esporte, a solidariedade e a fé. E acrescentou que isso poderia ocorrer num primeiro momento com a participação em eventos específicos como os Jogos do Mediterrâneo e os Jogos dos Pequenos Estados da Europa, para ir subindo progressivamente de nível.
O presidente do CONI, Giovanni Malagò, já lhes deu asas: “Será preciso se filiar a outras federações, mas tenho certeza de que isto acontecerá, hoje [quinta-feira] lançamos uma start-up corajosa e vencedora”, disse na apresentação da associação.
O flerte da Santa Sé com os Jogos Olímpicos já dura um bom tempo. A primeira grande aproximação ocorreu em fevereiro passado, quando uma delegação do Vaticano participou da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang e também, na semana anterior, de reuniões em qualidade de observadora, convidada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) num gesto inédito, em nome da diplomacia do esporte.
É comum escutar o papa Francisco defender os valores do esporte como antídoto para o individualismo e como ajuda para estender pontes e fomentar uma cultura do encontro. Fonte: https://brasil.elpais.com
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O projeto visa despertar a busca pelo perdão e a reconciliação das pessoas com elas mesmas
A Catedral Metropolitana São Sebastião de Ribeirão Preto iniciou o projeto “Pastoral da Escuta” para ajudar pessoas que estejam tristes e angustiadas. O anúncio foi realizado por meio do Facebook do padre Francisco Jaber Zanardo Moussa, conhecido como Chico.
O trabalho visa despertar a busca pelo perdão e a reconciliação das pessoas com elas mesmas. A primeira reunião foi realizada nessa última terça-feira, 8, mas deve ocorrer de maneira periódica na igreja. Os dias serão informados durante as missas.
“O grupo é formado por pessoas de boa vontade, com formações diversas, mas com a mesma proposta de estar sempre de braços, ouvidos e corações abertos, para acolher como Jesus acolheu”, comentou Chico.
Segundo o padre, grandes multidões se dirigem às igrejas em busca de conforto espiritual, para lidar com dificuldades de relacionamento, autocrítica exagerada, além de outros problemas, todos eles derivados da pressão contínua imposta pelo mundo atual.
“Todos os que já passaram por uma grande dor, por uma frustração, por problemas diversos com familiares têm reações diversas em relação a essa dor e conhecem bem o valor de um amigo que, mesmo sem ter a solução para tudo, limita-se a escutar. Com a prática, a Pastoral da Escuta da Catedral pretende despertar a busca pelo perdão e a reconciliação da pessoa com ela mesma e com Deus”, finaliza o padre.
Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto
Onde: Rua Florêncio de Abreu, s/nº, Centro.
Mais informações: (16) 3625-0007.
Fonte: https://www.revide.com.br
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A Igreja no Brasil conta, atualmente, com 480 bispos. Eles podem ser divididos a partir de suas diversas formas de vinculação às Igrejas Particulares ou condições definidas no Código de Direito Canônico. A partir desta classificação, chega-se ao número de membros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): 307.
O levantamento cruza os dados disponíveis na Secretaria Técnica da CNBB com a pesquisa contínua do chefe do Departamento de Ciência da Religião da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP), professor Fernando Altemeyer Junior.
Bispos do Brasil
São 78 arcebispos metropolitanos no Brasil, que podem ser divididos em quatro grupos: os cardeais arcebispos na ativa (3), os cardeais arcebispos eméritos (6), os arcebispos metropolitanos (42) e os arcebispos eméritos (27).
Os bispos diocesanos são 399 (261 na ativa e 138 bispos eméritos). Estão assim divididos de acordo com suas funções: 203 bispos diocesanos de rito latino, 2 bispos das eparquias orientais (ritos maronita e ucraniano), 1 exarca apostólico de toda América Latina do rito armênio presente em Buenos Aires e São Paulo, 45 bispos auxiliares, 1 coadjutor e 9 prelados, que são os bispos das prelazias.
Entra na contagem o bispo responsável pela administração apostólica pessoal São João Maria Vianney, dom Fernando Arêas Rifan, cuja circunscrição eclesiástica não tem caráter territorial, como as dioceses. Será ainda contabilizado o recém-nomeado para a diocese de União da Vitória (PR), monsenhor Walter Jorge Pinto, quando receber a ordenação episcopal.
Já são 139 bispos eméritos no Brasil, além dos arcebispos eméritos citados acima. Estão assim distribuídos: 119 bispos diocesanos eméritos, nove bispos auxiliares eméritos, um eparca e dez prelados eméritos.
CNBB
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil está estruturada de acordo com as normas do Código de Direito Canônico. Assim, fazem parte da CNBB todos os bispos diocesanos do território e os equiparados em direito, como coadjutores, os auxiliares e os outros bispos titulares “que no mesmo território exercem um múnus peculiar que lhes foi confiado pela Sé Apostólica ou pela Conferência episcopal”, lê-se no cânon 450 do CDC. De acordo com as normas da Igreja, podem ser convidados ainda para a Conferência Episcopal os Ordinários de outro rito, como é o caso dos eparcas, exarcas dos ritos armênio, maronita, ucraniano e oriental.
No caso dos bispos eméritos, são considerados “membros convidados ou honorários”, uma vez que participam de atividades da conferência, como a Assembleia Geral, com direito a voz, mas não a voto.
Desta forma, são os 307 membros efetivos da CNBB: os 3 cardeais arcebispos (dom Odilo Pedro Scherer, dom Orani Tempesta e dom Sergio da Rocha), os 42 arcebispos metropolitanos, os 261 bispos diocesanos e o bispo da administração apostólica pessoal São João Maria Vianney.
Religiosos e diocesanos
Professor Altemeyer ainda contabiliza a origem dos bispos, se diocesanos ou religiosos: “os bispos oriundos do clero diocesano são 282 pessoas, ou seja, 59% do episcopado. E os que pertenceram a uma ordem ou congregação de vida consagrada são 197 pessoas, ou seja, 41% do episcopado brasileiro”. Fonte: http://www.cnbb.org.br
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LA PAZ, 08 Jan. 19. Um sacerdote de 78 anos ficou gravemente ferido após ser apunhalado por um grupo de marginais que tentou roubar a oferta de domingo recolhida em sua paróquia na cidade de Trinidad (Bolívia).
O crime ocorreu por volta das 23h35 de domingo, 6 de janeiro, na paróquia da Santa Cruz, Vicariato Apostólico de Beni.
A vítima é Pe. Adan Bravo, mais conhecido como Padre Tory. Ele é sacerdote há 50 anos e é o primeiro presbítero diocesano do Vicariato de Beni. Além de ser responsável pela paróquia da Santa Cruz, é responsável pelo Santuário de Loreto, do mesmo departamento.
"Eles queriam pegar a oferta recolhida no domingo. Entraram três pessoas e uma apunhalou o sacerdote com uma faca de serra na barriga", relatou Reynaldo Leigue Ortiz, sacristão da paróquia, ao jornal nacional El Deber
Acredita-se que os marginais tenham entrado na igreja depois de quebrar o vidro da porta principal, conseguindo assim abrir a maçaneta por dentro.
De acordo com o relatório policial, a primeira pessoa a entrar na igreja foi Luis Javier Cuéllar Coimbra, de 21 anos, e após 10 minutos de sua entrada na igreja começou a se escutar gritos de socorro.
Como indicado, o sacerdote foi apunhalado porque resistiu ao roubo e os impediu de levar o dinheiro.
"Os vizinhos se aproximaram das janelas da paróquia e ouviram barulho de movimento nas cadeiras. Pe. Adan Bravo Mendoza conseguiu acender a luz e o viram sangrando na região do abdômen. E também conseguiram ver o sujeito que cometeu o delito, Javier Cuéllar, que saiu tranquilamente da igreja pela porta principal", diz o relatório, de acordo com informações fornecidas ao Grupo ACI por Romyta Suáarez, jornalista do Vicariato Apostólico de Beni.
Acrescenta que os vizinhos pediram ajuda e o sujeito fugiu, mas "a dois quarteirões de distância, na altura da avenida Bolívar, foi detido por populares".
Pe. Bravo foi levado imediatamente ao Hospital Obrero, onde foi operado para evitar que se desenvolvesse uma infecção interna por causa da perfuração que atingiu o intestino grosso.
A intervenção teve sucesso e informaram que a sacerdote permanece no hospital em boas condições e em repouso, acompanhado por familiares e amigos.
Fonte: https://www.acidigital.com
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POR STÉFANO SALLES
Uma antiga disputa pela posse de Nueva, Picton e Lennox, três pequenas ilhas do Estreito de Beagle, além dos limites do Canal de Drake, por pouco não fizeram Argentina e Chile entrarem em guerra às vésperas do Natal de 1978. No dia 22, quando tropas argentinas já estavam prontas para invadir o país vizinho, chegou de Buenos Aires a ordem para suspender a ação. A trégua aconteceu em atenção a um pedido do então Papa João Paulo II, que assumira o cargo havia apenas dois meses. O Pontífice enviou um de seus homens de confiança, o cardeal italiano Antonio Samore, chefe dos arquivos e da Biblioteca do Vaticano, para auxiliar na mediação e, no dia 8 de janeiro, há 40 anos, os dois países assinaram o Acordo de Montevidéu. Era o primeiro passo para a resolução da controvérsia.
Àquela altura, os dois países eram governados por regimes ditatoriais e populistas: Augusto Pinochet presidia o Chile e Fernando Videla, a Argentina. A disputa pela soberania da área era antiga: em 1881, os dois países assinaram o acordo "Paz de los estrechos", que deixava uma série de lacunas, agravadas pela reação argentina ao laudo da mediação britânica, anos antes da Guerra das Malvinas. O documento concluiu que a ilhas pertenciam ao Chile, mas que a Argentina tinha direito a uma fração do canal. O fato não foi bem recebido em Buenos Aires por duas razões: as ilhas eram percebidas como estratégicas para o acesso à Antártida. Além disto, acreditava-se que eram detentoras de grandes reservas de petróleo.
Cônsul-geral do Brasil em Milão, na Itália, o embaixador Eduardo dos Santos se dedicou ao tema no Curso de Altos Estudos do Itamaraty. Sua dissertação "Entre o Beagle e as Malvinas" foi publicada em 2016 pela Funag. Em entrevista ao Blog do Acervo, ele lembra que a recusa da Argentina em aceitar o laudo arbitral foi mal recebida pela comunidade internacional.
- Nos termos do tratado anterior, as ilhas realmente pertenciam ao Chile, mas havia muitas ambiguidades, não havia mapas e nem mesmo o traçado do canal. A controvérsia durou boa parte do século XX. Em vez de decidir, a coroa britânica convocou, em concordância com as partes, um painel de cinco juízes da corte internacional de justiça, de Haia, que demorou quase seis anos para decidir. Foi uma reação muito negativa, só evitada pela interferência do Vaticano. Os argentinos estavam prontos para bombardear Santiago e os chilenos já tinham levantado tropas. Foi uma crise pré-bélica - lembra.
No dia 23 de dezembro de 1978, O GLOBO trazia a matéria "Papa envia emissário a Beagle para obter paz". O texto dizia: "Na audiência que concedeu ontem, no Colégio de Cardeais, o Papa comunicou que tanto o governo Jorge Videla quanto o de Augusto Pinochet haviam concordado em receber o 'emissário da paz'. Lembrou que os dois governos haviam solicitado há algum tempo a mediação da Santa Sé, mas 'esse propósito comum não pôde concretizar-se por logo terem surgido dificuldades'.
Ao longo do tempo, as principais justificativas geopolíticas para o confronto perderam força. O Tratado da Antártida, atualmente, assinado por 24 países, suspendeu as pretensões de soberania sobre territórios do continente. E não há notícias sobre a existência de jazidas relevantes de petróleo ou gás natural no Estreito de Beagle, diferentemente do que acontece nas Ilhas Malvinas, onde o Reino Unido já iniciou perfurações.
- Naquela região do Estreito de Beagle há uma cidade argentina: Ushuaia. Por muito tempo o Chile defendia a tese que a Argentina tinha direito apenas à fronteira seca, as águas não seriam dela. E os argentinos defendiam ter direito à navegabilidade. Acabaram vencendo nisto: o laudo mostrou que o canal pertence, metade à Argentina, metade ao Chile. A fronteira é a linha média - explica dos Santos.
A edição do GLOBO de nove de janeiro de 1979 registrava o tratado e o fim das tensões, com a matéria "Crise de Beagle: Argentina e Chile chegam a acordo". O texto dizia: "Os ministros do Exterior da Argentina, Carlos Pastor, e do Chile, Hernán Cubillos, reuniram-se ontem na capital uruguaia com o emissário do Vaticano, cardeal Antonio Samore, para assinar um documento em que seus países se comprometem a não recorrer 'à força' em suas relações e a promover um retorno gradual à situação militar existente no início de 1977, abstendo-se de adotar medidas que possam alterar a harmonia em qualquer setor. Simultaneamente, os dois chanceleres solicitaram formalmente a mediação do Papa João Paulo II para seus litígios de limites na região do Canal de Beagle".
Antes do pacto, também foram realizadas missões por parte da ONU e dos EUA para evitar o conflito. O Brasil permaneceu neutro e só se posicionou com notas, nas quais fez apelos por uma solução pacífica. Após o Acordo de Montevidéu, os dois países ainda demoraram mais cinco anos para chegarem a um tratado definitivo.
Eduardo dos Santos nega que a disputa pelo Canal de Beagle tenha sido o principal combustível da rivalidade estabelecida entre chilenos e argentinos:
- As relações entre os países sul-americanos sempre se deram muito à base da desconfiança. Essa rivalidade existe desde o século XIX, mas melhorou muito. Com o retorno da democracia, essas questões foram sendo resolvidas. O clima de rivalidade eu diria que está superado, e o Mercosul ajudou muito nisto, com as iniciativas de integração. O que há hoje é um vestígio dela, uma competição nos âmbitos cultural e comercial, o que é até sadio - conclui o embaixador. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
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As férias de um sacerdote são como as férias de uma mãe: entenda por quê
Sabemos que os padres são padres durante a vida inteira, o ano inteiro, o tempo todo, nas 24 horas do dia, pois nunca se esquecem de que a prioridade da vida sacerdotal é a dedicação plena a Deus e ao seu reino; portanto, é uma dedicação permanente. Neste sentido, o sacerdote não tem férias ou descanso.
No entanto, o Código de Direito Canônico diz que os padres devem ter anualmente um devido e suficiente tempo de férias (cânon 283, 2). Isso responde às determinações do Concílio Vaticano II (“Presbyterorum Ordinis”, 20).
Cabe recordar eu grande parte dos serviços ministeriais não podem ser interrompidos pelas férias dos padres, e o Código de Direito Canônico prevê a devida e necessária suplência. É uma necessidade e um dever de justiça que o Papa, os bispos, os sacerdotes e diáconos, como qualquer outra pessoa, tenham direito a um devido e suficiente tempo de férias, um tempo para respirar outros ares, para depois voltar às suas ocupações e atender, entre outras obrigações, o escritório paroquial cheio de gente necessitada em qualquer aspecto da vida.
Este direito é inviolável, indiferentemente da crise de vocações que a Igreja mais ou menos vive em uma ou outra realidade do mundo. Os sacerdotes têm direito a esse tempo, pois eles trabalham ou estão disponíveis para o serviço pastoral praticamente todos os dias do ano.
Quanto tempo devem durar as férias?
O Direito Canônico (cânon 533, 2) dá ao sacerdote o direito de ausentar-se da paróquia pelo período de um mês, em regime de férias, salvo que obste uma causa grave. Ainda que os padres possam tirar 30 dias de férias, é muito difícil que o façam de maneira completa ou ininterrupta; alguns não têm esse tempo e outros não querem fazê-lo. Então, cada um decidirá o tempo que mais lhe convém, dependendo das circunstâncias e necessidades de cada um.
Muitos padres moram em outros países e chegam a ficar anos longe de suas famílias. Alguns utilizam o tempo de férias para realizar algum tratamento médico, outros para solucionar assuntos pessoais, outros para formação, para fazer alguma peregrinação especial etc.
Este tempo de férias é curto quando comparado aos dias de folga dos leigos, que têm, além de suas férias, dois dias livres por semana, sem contar os dias festivos de caráter religioso – quando os padres mais trabalham.
Férias de mãe
No entanto, quando um padre está de férias, ele não deixa de exercer seu ministério no lugar onde se encontrar; suas férias são apenas uma ausência temporal da sua respectiva paróquia.
Um sacerdote pode tirar férias de sua função de pároco, mas jamais tira férias da sua vocação de padre. Ser pároco é uma função específica, mas ser padre é uma vocação; não se pode deixar de ser sacerdote.
É óbvio que isso não exclui que o sacerdote possa ter momento de relax, de exercício físico, passeios etc. Mas suas férias são como “férias de mãe”: uma mãe pode ir a qualquer lugar, mas continua igualmente sendo mãe e velando sempre pelos seus filhos, em todo sentido da palavra.
Mais ainda: há padres que dedicam suas férias a substituir outros padres, em espírito de caridade fraterna.
Outra coisa a ser levada em consideração é que o sacerdote, durante este período de férias, não se desentende totalmente da sua realidade pastoral, pois, além de deixar tudo organizado e previsto, continua em contato com os que o substituem em com os demais agentes pastorais da paróquia.
Os paroquianos precisam ser compreensivos se a intensidade da vida paroquial diminuir devido à ausência temporal do pároco. O tempo de férias precisa ser vivido com coerência. Não é um período para secularizar-se, nem um tempo para deixar de estar vigilantes, porque o demônio não descansa nunca.
O que o sacerdote – como qualquer outra pessoa – precisa fazer para ter autênticas férias, é apoiar-se em Jesus Cristo. Fonte: https://pt.aleteia.org
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, cujo Filho Unigênito se manifestou na realidade da nossa carne, concedei que, reconhecendo sua humanidade semelhante à nossa, sejamos interiormente transformados por ele. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6,34-44)
34Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas. 35A hora já estava bem avançada quando se achegaram a ele os seus discípulos e disseram: Este lugar é deserto, e já é tarde. 36Despede-os, para irem aos sítios e aldeias vizinhas a comprar algum alimento. 37Mas ele respondeu-lhes: Dai-lhes vós mesmos de comer. Replicaram-lhe: Iremos comprar duzentos denários de pão para dar-lhes de comer? 38Ele perguntou-lhes: Quantos pães tendes? Ide ver. Depois de se terem informado, disseram: Cinco, e dois peixes. 39Ordenou-lhes que mandassem todos sentar-se, em grupos, na relva verde. 40E assentaram-se em grupos de cem e de cinqüenta. 41Então tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e os deu a seus discípulos, para que lhos distribuíssem, e repartiu entre todos os dois peixes. 42Todos comeram e ficaram fartos. 43Recolheram do que sobrou doze cestos cheios de pedaços, e os restos dos peixes. 44Foram cinco mil os homens que haviam comido daqueles pães.
3) Reflexão - Mc 6,34-44
* Sempre é bom olhar o contexto em que se encontra o texto do evangelho, pois ele traz luz para descobrir melhor o sentido. Pouco antes, em Mc 6,17-29, Marcos narrou o banquete de morte, promovido por Herodes com os grandes da Galiléia, no palácio da Capital, durante o qual foi morto João Batista. Aqui, em Mc 6,30-44, descreve o banquete de vida, promovido por Jesus com o povo faminto da Galiléia lá no deserto. O contraste deste contexto é grande e ilumina o texto.
* No evangelho de Marcos a multiplicação dos pães é muito importante. Ela aparece duas vezes: aqui em Mc 6,35-44 e em Mc 8,1-9. E o próprio Jesus faz questão de interrogar o discípulos a respeito da multiplicação dos pães (Mc 8,14-21). Por isso, vale a pena você pesquisar e refletir até descobrir em que consiste exatamente esta importância da multiplicação dos pães.
* Jesus tinha convidado os discípulos para descansar um pouco num lugar deserto (Mc 6,31). O povo percebeu que Jesus tinha ido para o outro lado do lago, foi atrás dele e chegou antes (Mc 6,33). Quando Jesus, ao descer do barco, viu aquela multidão esperando por ele, ficou com dó, “pois eles estavam como ovelhas sem pastor”. Esta frase evoca o salmo do bom pastor (Sl 23). Diante do povo sem pastor, Jesus esquece o descanso e começa a ensinar, começa a ser pastor. Com suas palavras ele orienta e guia o povo no deserto da vida, e o povo podia cantar: “O Senhor é meu pastor! Nada me falta!” (Sl 23,1).
* O tempo foi passando e começava a escurecer. Os discípulos estavam preocupados e pedem a Jesus para despedir o povo. Acham que lá no deserto não é possível conseguir comida para tanta gente. Jesus diz: “Dêem vocês de comer ao povo!” Eles levam susto: “Então quer que vamos comprar pão por 200 denários?” (i.é, salário de 200 dias!) Os discípulos procuram a solução fora do povo e para o povo. Jesus não busca solução fora, mas dentro do povo e a partir do povo, pois pergunta: “Quantos pães vocês têm? Vão verificar!” A resposta é: “Cinco pães e dois peixes!” É pouco para tanta gente! Jesus manda o povo se acomodar em grupos e pede aos discípulos para distribuir os pães e os peixes. Todos comeram à vontade!
* É importante notar como Marcos descreve o fato. Ele diz: “Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu, abençoou os pães e os partiu e deu aos seus discípulos, para que os distribuíssem”. Esta maneira de falar faz as comunidades pensar em que? Sem dúvida nenhuma, fazia pensar na eucaristia. Pois estas mesmas palavras eram usadas (até hoje) na celebração da Ceia do Senhor. Assim, Marcos sugere que a eucaristia deve levar à partilha. Ela é o pão da vida que dá coragem e leva a enfrentar os problemas do povo de maneira diferente, não a partir de fora, mas a partir de dentro do povo.
* Na maneira de descrever os fatos, Marcos evoca a Bíblia para iluminar o sentido dos fatos. Dar de comer ao povo faminto no deserto, foi Moisés quem o fez por primeiro (cf. Ex 16,1-36). E pedir para o povo se organizar em grupos de 50 e 100 lembra o recenseamento do povo no deserto depois da saída do Egito (cf. Nm, cap. 1 a 4). Marcos sugere assim que Jesus é o novo Moisés. O povo das comunidades conhecia o Antigo Testamento, e para o bom entendedor meia palavra já bastava. Assim, eles iam descobrindo, aos poucos, o mistério que envolvia a pessoa de Jesus.
4) Para confronto pessoal
1) Jesus esqueceu o descanso para poder servir ao povo. Que mensagem eu encontro aqui para mim?
2) Se houvesse partilha hoje, não haveria fome no mundo. Que posso fazer eu?
5) Oração final
Florescerá em seus dias a justiça, e a abundância da paz até que cesse a lua de brilhar. Ele dominará de um ao outro mar, desde o grande rio até os confins da terra. (Sal 71, 7-8)
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Pai nosso, que estavas no céu e agora moras nos discursos dos que te pedem a salvação da pátria, este não é mais um apelo para que desças de teus afazeres divinos
Pai nosso, que estavas no céu e agora moras nos discursos dos que te pedem a salvação da pátria, este não é mais um apelo para que desças de teus afazeres divinos e, acima do Brasil, acima de todos, dê um jeito na esculhambação geral. Pelo contrário.
Este é um manifesto para te liberar dessas mixarias terrenas, dessas convocações para que tu te sentes à mesa dos economistas e resolvas os problemas tributários. Em seguida, assim como quem não quer nada, pedem que atravesses a esplanada dos ministérios e, ao lado dos generais, reveles o esquema para prender os caras do tráfico de drogas.
“Teje” solto, pai nosso. Volta a tratar dos problemas que te são inerentes, e não devem ser poucos, no plano celestial da Criação. Perdoa os que assumem esses cargos chinfrins do meridiano terrestre e, no meio do palavrório do gabinete, te convocam ao trabalho com cartão de ponto. Sem essa de continência ao chefe.
Que seja santificado novamente o vosso adorado nome porque a busca do Google informa estar ele relacionado 38 milhões de vulgares vezes ao do novo ocupante do palácio — e isso, te citar em vão, como sabe qualquer criança no catecismo, é dos pecados mais veniais da corrupção religiosa.
Zombam da fé, esses insensatos. Eles fazem crer aos inocentes que Deus arregaçou as mangas da santa bata, deixou de lado a sagrada escritura e desceu ao planalto central do Brasil, munido de tabelas Excel, para ajudar a equipe de burocratas no cálculo da dívida pública
Pai nosso, perdoa essas ofensas. Que o teu cenho, sempre preocupado, fique franzido apenas pela necessidade de pensar um jeito definitivo de manter o demônio nas labaredas do inferno. Enfrentar o capeta é trabalho suficiente para a glória da tua eterna existência. Persevera nesta tua divina faina. Foca no diabo.
Daqui deste fim do mundo, teus fiéis da religião sem partido pedem que te exoneres do cargo jamais solicitado e saltes de banda. Erro de santo. Não aceites as provocações para provar tua existência resolvendo os problemas da saúde, das alíquotas do Imposto de Renda e do Enem. Delega. Aqueles que professam a fé sem ideologia sabem da complexidade da tua agenda suprema e entenderão o recado óbvio aos que te chamam para governar. Deus não está nem aí para a Reforma da Previdência.
Pai nosso, este é um país deitado em berço esplêndido. Alguns ainda estão à espera de que cumpras o milagre prometido no sexto verso da tua prece, aquele do “pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Querem tudo de graça, sem o suor da labuta ultrajante. Nos discursos federativos, “Deus” é a vírgula e a água benta que disfarça o caos. Convocaram uns Chicago Boys, apóstolos modernos da padaria liberal, mas nem os colegas do ministério ao lado parecem acreditar neles — e a todo momento recomeça a gritaria por Tuas graças.
Se houvesse humor neste plenário de 2019, seria fácil te demitires de tamanhas aporrinhações, te livrares do mal com um passem bem e amém. Bastava tocar na Praça dos Três Poderes o samba do Almir Guineto, aquele do “Tudo que se faz na Terra, se coloca Deus no meio/ Deus já deve estar de saco cheio”. Mas eles estão surdos, pai nosso, histéricos para que à frente do Ministério do Supremo resolvas sozinho os problemas do país.
Seja curto-e-grosso, pai nosso, e solta tua mais apavorante voz de trovão nos ouvidos dessa gente: “Me deixem fora dessa!”. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Livro de seus anos em Barcelona e uma nova biografia trazem ao presente Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão executado por tentar assassinar o Führer
Hegel dizia que os grandes homens são aqueles que em sua época tiveram consciência do que era necessário. Dietrich Bonhoeffer (Breslau, 1906), além de um dos teólogos mais importante do século XX, foi um homem que teve essa consciência, que ele chamou de “teologia do concreto” e que levou às últimas consequências: morrer por tentar salvar o restante. Rompeu a distância entre o pensamento e ação, e isso o destinou a ser um professor que em classe ensinava que Cristo significava liberdade, a ser pastor para criar comunidade e, por fim, acabar enforcado no campo de concentraçãode Flossenbürg, cusado de estar por trás da conspiração que tentou assassinar Hitler.
Apesar de sua morte prematura, deixou uma obra que marcou o pensamento teológico contemporâneo, e que hoje continua suscitando um profundo interesse. Boa prova disso é a publicação recente da biografia Extraña gloria. Vida de Dietrich Bonhoeffer, (Estranha gloria. A vida de Dietrich Bonhoeffer), escrita pelo professor Charles Marsh e publicada pela Trotta, editora espanhola que em 2018 também editou as cartas e textos escritos durante a temporada que o pensador alemão passou em Barcelona, na Comunidade Evangélica da capital catalã, reunidos sob o título Comunidad e promesa (Comunidade e promessa).
Em 1939, Hitler anunciou seu objetivo de destruição da raça judaica. E o teólogo decidiu passar à ação
Filho de uma família numerosa, culta, comprometida e rica —sua mãe era condessa e seu pai foi um dos psiquiatras mais importantes da Alemanha—, espiritual sem chegar a ser estritamente religiosa, o jovem Dietrich sentiu bem cedo o chamado da fé: ainda criança, brincava de batizar no jardim de sua casa, e com 13 anos sentenciou em uma refeição familiar que ele sozinho se encarregaria de reformar a Igreja. Pouco depois da morte de seu irmão mais velho, atingido por um projétil na Primeira Guerra Mundial, Dietrich anunciou a sua família que havia decidido se tornar teólogo. Suas primeiras viagens, a Roma, onde viveu apaixonado a Semana Santa, e depois a Trípoli e à Espanha, foram moldando sua fé. Em Barcelona viveu meses alegres e teve tempo para percorrer o país, do Rastro de Madri (mercado popular famoso da capital espanhola), onde comprou um óleo “que para mim é muito bom e interessante, assinado por Picasso”, até Sevilha, onde ficou embevecido com “a quantidade de jovens bem-vestidas e de notável beleza que se vê pela cidade”. Já durante esses anos de juventude comprovou como sua vocação espiritual se tornava cada vez mais humanista, mais consciente do que acabaria chamando de “cristianismo arreligioso”, que se centrava na linguagem do amor, e não nas outras perversões das quais se aproximava o religioso.
Como diz Charles Marsh nessa talvez definitiva biografia, já na primeira frase de sua tese de doutorado alertava: “Nesse estudo, a filosofia social e a sociologia serão utilizadas a serviço da teologia”. Mas na verdade era ele que se colocava a serviço dos outros, à atenção dos demais. E esse sentimento se solidificou durante sua primeira viagem aos Estados Unidos, em setembro de 1930, onde conheceu o professor Reinhold Niebuhr, um teólogo que defendia que “a pergunta sobre como analisar a situação social para responder às necessidades era mais relevante à teologia do que toda a análise morfossintática a que as sagradas escrituras eram submetidas”. A coragem e a honradez do professor acabaram contagiando o jovem alemão, cuja visão da teologia mudou definitivamente quando rezou com os negros do Harlem na Igreja Abissínia. A partir desse momento sua teologia passou a ser mais acessível, para não dizer evidente, e, como diz Marsh, começou a procurar nas religiões cristã e judaica a inspiração à paz e aos valores da cidadania.
Mas enquanto Dietrich crescia como pessoa nos Estados Unidos, seu país afundava no fascismo. Em uma carta recebida, seu irmão Klaus lhe avisou do crescimento da extrema direita, e alertava que se esses sentimentos conseguissem captar também as classes cultas, logo seria “o fim dessa nação de poetas e pensadores”. Não se enganou. Pouco tempo depois, em 30 de janeiro de 1933, Hitler foi nomeado novo chanceler do Reich. O nazismo chegou ao poder, às faculdades e aos grupos eclesiásticos que acabaram formando os Cristãos Alemães (CA), que afirmavam que “Deus escolheu um novo Israel, o volk alemão. Chegaram até mesmo a se convencer de que Jesus não havia sido judeu”. A barbárie se consolidou em 7 de abril, quando o Reichstag aprovou o parágrafo ariano. Bonhoeffer, já quase na qualidade de dissidente teológico, dizia aos seus alunos que “a única esperança estava no bebê nascido de pais judeus, não casados, no afastado povoado de Belém”. Expulso pouco a pouco da Universidade, continuou dando seu curso no seminário da Igreja Confessional em Finkenwalde, um espaço livre do nazismo a noroeste de Berlim. Entre seus discípulos conheceu Eberhard Bethge, que acabou sendo seu fiel companheiro até o final, e talvez o grande amor —não consumado— de sua vida.
No começo de 1939, Hitler anunciou seu objetivo de destruição total da raça judaica. E o teólogo decidiu que havia chegado a hora de passar à ação. Entrou na resistência clandestina com um único objetivo: matar Hitler. Enquanto isso não parava de escrever. Em seu livro Ética dizia que “a Igreja ficou em silêncio quando deveria ter gritado, porque o sangue dos inocentes clamava aos céus”. Durou na resistência até 13 de março de 1943. Nesse dia um colega colocou uma bomba-relógio em um avião em que Hitler deviria subir. Mas o detonador falhou.
Quando bateram na porta de sua casa, na noite de 4 de abril de 1943, Bonhoeffer estava sentado no escritório de carvalho onde tantas horas havia passado desde sua infância. Antes de o levarem, teve tempo de esconder o manuscrito de Ética entre uma viga. Durante seu duro cativeiro, apesar da quantidade limitada de papel, continuou escrevendo cartas e textos que Bethge depois reuniu no famoso livro Resistência e Submissão: Cartas e Anotações Escritas na Prisão, transformado hoje em um clássico da literatura teológica.
Em Barcelona viveu meses alegres e pôde percorrer a Espanha, do Rastro de Madri até Sevilha
Na noite de 8 de abril foi declarado culpado e condenado à morte. Na manhã seguinte, ele e outros colegas foram conduzidos nus à forca. O médico do campo que o acompanhou em suas últimas horas afirmou que viu o pastor “ajoelhado e rezando fervorosamente a Deus”. Acrescentou que, novamente, no local da execução, pronunciou uma breve plegária, antes de subir os últimos degraus “corajoso e sereno”. Talvez fossem os versículos 19-20 do salmo 119, o mais longo de todos os salmos, que tanto o acompanhou: “Minha alma se consome desejando teus julgamentos o tempo todo”. Mas suas possíveis últimas palavras que passaram à História foram: “Isso não é o fim para mim; é o começo da vida”. Tinha 39 anos. Fonte: https://brasil.elpais.com
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