- Detalhes

A preocupação da Igreja, com as novas diretrizes, não é com a quantidade mas com a qualidade de cristãos que, tendo feito a experiência do encontro com cristo, sejam testemunhas da alegria no mundo carente de sentido. Esta afirmação é de dom Leomar Brustolin, bispo auxiliar de Porto Alegre (RS) e membro da Comissão de redação do tema central da 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil
O bispo fez esta afirmação na reta final da aprovação das novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o quadriênio 2019-2023, processo que deve se concluir na manhã do sábado, 4 de maio.
O eixo fundamental das novas diretrizes, segundo ele, é a recuperação do sentido da casa. “A imagem da casa tem um sentido pedagógico e é entendida como lar e espaço de vida”, disse. A casa, no texto das diretrizes, é entendida como comunidade eclesial missionária sustentada por quatro pilares:
A Palavra – que aprofunda a iniciação à vida cristão e a iniciação bíblica e a ideia de ter comunidades fundadas em torno da palavra;
O Pão – que aprofunda a liturgia e a busca por viver a espiritualidade rumo à santidade tal como defende o papa Francisco em sua exortação Gaudete et Exsultate que personaliza a fé mas leva ao encontro do outro;
A Caridade – Baseado no que disse Paulo VI na ONU: “Que a Igreja é especialista em humanidade”, o texto das diretrizes aponta a necessidade das comunidades se preocuparem com os que mais sofrem e a defesa da vida em todos os sentidos.
A Missão – A exemplo do que pede o papa, o sentido da comunidade se realiza quando ela sai em missão e vai ao encontro das periferias existenciais.
O bispo falou da importância de pensar diretrizes para assegurar a comunhão e a colegialidade na Igreja no Brasil. “Como pensar a Igreja no Brasil, um país continental? Por isto é necessário ter um parâmetro”.
Dom Brustolin explicou todo o processo de produção dos textos da diretrizes. Segundo ele, o texto que os bispos estão aprimorando na 57ª Assembleia Geral já passou por duas rodadas de revisões e acréscimos por todos os bispos do Brasil antes do evento. Ele explicou que cada parágrafo está sendo votado e a previsão é que a votação das novas diretrizes termine na manhã do sábado.
A proposta das novas diretrizes tem um endereçamento que indica quais caminhos a Igreja no Brasil vai trilhar. O primeiro deles, é a questão urbana. “Onde chega a energia e a internet hoje chegam os valores do mundo urbano”, disse. Ele apontou que são fortes hoje os valores do individualismo e a solidão. O religioso falou que hoje o número de suicídios é um grande apelo à atuação da Igreja.
O central na avaliação do bispo é a proposta de uma experiência de Igreja que seja comunitária em oposição à uma fé que é vivida de forma “privatizada”. A ideia do humanismo integral e solidário, presente na Doutrina Social da Igreja, é expressa nas diretrizes nos desafios que falam de uma sociedade mais justa e fraterna.
Por CNBB.
Fonte: http://cnbbsul4.org.br
- Detalhes

Em duas sessões de trabalho, durante a 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Aparecida (SP), os bispos presentes acompanharam a exposição de estudos sobre a conjuntura eclesial e social. A doutora em economia Tânia Bacelar de Araújo, professora aposentada da Universidade Federal de Pernambuco, fez exposição sobre a situação econômica do Brasil. Em uma outra sessão de estudos, os bispos ouviram o arcebispo emérito de Aparecida (SP) e ex-presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis, e dom Francisco Biasin, administrador apostólico da diocese de Barra do Pirai-Volta Redonda (RJ) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso.
Brasil: mudanças recentes e momento presente
A professora Tânia Bacelar fez sua apresentação com o título: “Brasil: mudanças recentes e momento presente”. Inicialmente, ela lembrou que avança a financeirização na economia mundial, isto é, a esfera da produção – que inclui a indústria, a agricultura e o comércio – perde em relação ao movimento de dinheiro que ocorre no mercado de títulos, bolsa de valores e outros. Consolidam-se, disse a professora, “novos paradigmas técnicos impactando na produção, no emprego, no consumo e na organização da sociedade“. Ela diz também que faz uma diferença ao mundo atual a crise ambiental, o avanço de novo modelo energético e o debate sobre o desenvolvimento em ambiente de ampliação de consciência ecológica.
Tânia também citou o “aumento da concentração da renda e desorganização da vida social em vários países (gerando emigração em massa), em paralelo ao avanço das propostas de redução do papel do Estado (força do liberalismo econômico), em meio à crise da democracia representativa e perda de espaço dos valores do humanismo“.
Após falar do processo econômico pelo qual o Brasil passa nas últimas décadas, a doutora encerrou sua conferência lembrando da economia impactada pela crise financeira, a retração da China e a queda mundial dos preços das commodities; limitações ao crescimento pelo consumo das famílias e rápido avanço da recessão, além do problema fiscal agravado pela desaceleração da receita e das medidas que ampliaram renúncias, despesas e divida pública.
Para além da conjuntura, a professora considerou: “Como não existe só crise, o Brasil precisa se reposicionar no ambiente mundial, marcado por mudanças econômicas e sociais importantes e redefinições geopolíticas“. E ainda constatou: “O debate sobre novas alternativas arrefeceu e as visões conservadoras avançam mundialmente“. E finalizou: “O momento brasileiro atual é desafiador: país perde peso econômico no mundo e população está empobrecendo“.
Conjuntura eclesial
O arcebispo emérito de Aparecida (SP) intitulou sua intervenção como análise de conjuntura eclesial de “Um breve olhar”: “Um olhar atento percebe muitas iniciativas na Igreja no Brasil, graças à participação do povo fiel, à atuação ministerial e aos serviços desempenhados pelos leigos e leigas nas nossas comunidades, pelo testemunho dos consagrados e consagradas, pela dedicação dos pastores, particularmente visibilizado pela solidariedade aos mais pobres, inclusive até o martírio“.
“Na atual cultura urbana”, disse dom Damasceno, “a conexão fornecida pela rede mundial, a internet, oferece muitas oportunidades para a comunicação e também para a presença da Igreja. Mas aí se encontra um dos grandes desafios no que se refere à presença da Igreja no mundo de hoje, à forma como ela passa a ser percebida principalmente pelo grande número de pessoas que não participam de sua vida no dia-a-dia. A tecnologia popularizada causa uma certa abolição do tempo e uma relativização do espaço. Na rede, o mundo transformou-se como numa cidade sem contornos nem confins. Há uma diluição das identidades em afirmações ideológicas nas quais predomina não a ‘razão comunicativa’, mas uma comunicação emocional”.
A Igreja, em sua atuação pastoral, sobretudo no novo espaço urbano “precisa levar em conta os efeitos dessa forma de comunicação para o conjunto de sua ação pastoral. Uma pequena amostra das dimensões desse desafio se encontra no debate das redes que atribui à Igreja, ao Papa, ou à CNBB o que nem sequer foi afirmado. Muitas vezes, ao debater o que foi efetivamente afirmado se interpreta de modo equivocado. A título de exemplo podemos citar as notícias controversas nas redes sociais sobre a nova tradução da Bíblia pela CNBB e a tradução do Novo Missal Romano, que foram motivos de críticas. São comuns expressões de agressão e violência gratuitas. A chave de interpretação tende a ser dualista e, em certa medida, maniqueísta“.
Dom Damasceno confessou: “Infelizmente, podemos afirmar que as manifestações mais exacerbadas contra a Igreja na rede são promovidas por grupos ou pessoas que fazem parte da Igreja. As vítimas prediletas entre nós são quase sempre a Conferência Episcopal, o Papa Francisco e, mais recentemente, uma pretensa oposição entre o Papa Francisco e o Papa Emérito Bento XVI. Como afirma o Santo Padre na sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano, ‘é necessário reconhecer que se, por um lado, as redes sociais servem para nos conectarmos melhor, fazendo-nos encontrar e ajudar uns aos outros, por outro, prestam-se também a um uso manipulador dos dados pessoais, visando obter vantagens no plano político ou econômico, [eu acrescentaria a busca de prestígio], sem o devido respeito pela pessoa e seus direitos’”.
O ex-presidente da CNBB fez ainda a seguinte consideração: “chamo a atenção de que as mídias de inspiração católicas, particularmente nossas emissoras de rádio e nossas TV´s, têm um papel fundamental e deveriam contribuir mais para a correta informação e divulgação sobre os ensinamentos, pronunciamentos e as atividades da Igreja. É de se perguntar porque as manifestações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil não encontram o devido espaço nos nossos próprios meios de comunicação?“.
E finalizou: “procurei nessas poucas palavras expressar com franqueza o que trago em meu coração de emérito, que ama a Igreja, que ama a CNBB e quer viver até o fim amando e servindo aquela por quem o próprio Cristo se entregou na sua cruz e Páscoa”.
Ecumenismo
Na mesma sessão de estudos de conjuntura eclesial, falou dom Francisco Biasin. Ele fez sua análise na perspectiva do ecumenismo. “Falar em análise de conjuntura implica falar em ecumenismo, não apenas para tratar das relações ad extra da Igreja, mas para analisar algo que lhe constitutivo, uma nota própria: a unidade“. Dom Biasin fez, no início de sua exposição, uma retomada histórica do movimento ecumênico no Brasil, afirmando que “foi possível realizar um diálogo multilateral pelas organizações ecumênicas; e bilateral pelas comissões específicas. Cada um desses organismos ecumênicos tem sua dinâmica própria, sua pauta específica para o diálogo e um modo de agir, conforme a configuração que lhe é dada pelos seus contextos e sua membresia. Isso significa que o diálogo ecumênico acontece de modo situado, procurando responder às demandas da fé cristã em realidades bem concretas e ao mesmo tempo diversificadas“.
Sobre o presente, dom Biasin propôs questionamentos: “que frutos podem ser colhidos do cultivo da planta ecumênica?” Onde foi possível chegar no caminho percorrido? E respondeu: “Destacamos uma maior fraternidade entre as Igrejas pelo reconhecimento mútuo do batismo e pela afirmação dos valores do diálogo e do respeito mútuo, a prática da cooperação, o aumento da procura pela formação ecumênica, a intensificação da espiritualidade do diálogo“.
Dom Biasin, depois de analisar horizontes sociais, teológicos e espirituais, falou das perspectivas futuras: “não obstante os frutos colhidos, os obstáculos também são perceptíveis. O movimento ecumênico sente uma espécie de cansaço pelo atraso da comunhão tão esperada. Posturas de lideranças eclesiásticas por vezes fragilizam a convicção alicerçada nessa longa caminhada e em muitos ambientes, o espírito do diálogo, respeito mútuo e cooperação cede lugar a atitudes fundamentalistas e exclusivistas, atrasando a recepção dos frutos obtidos pelo exercício do diálogo na estruturas das Igrejas”.
Depois de aprofundar outros desafios, dom Biasin concluiu: “O princípio da caridade é que nos une e nos motiva no trabalho ecumênico: ‘se vos amardes uns aos outros, todos reconhecerão que sois meus discípulos‘(Jo 13,35)”. E afirmou: “para isto trabalhamos. Que o Espírito da Unidade nos oriente e nos sustente na nossa caminhada rumo à unidade do único Corpo de Cristo“.
Por CNBB.
Fonte: http://cnbbsul4.org.br
- Detalhes

1) Oração
Ó Deus, por quem fomos remidos e adotados como filhos, velai sobre nós em vosso amor de Pai e concedei aos que creem no Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6, 16-21)
16Ao anoitecer, os discípulos desceram para a beira-mar. 17Entraram no barco e foram na direção de Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha vindo a eles. 18Soprava um vento forte, e o mar estava agitado. 19Os discípulos tinham remado uns cinco quilômetros, quando avistaram Jesus andando sobre as águas e aproximando- se do barco. E ficaram com medo. 20Jesus, porém, lhes disse: “Sou eu. Não tenhais medo!” 21Eles queriam receber Jesus no barco, mas logo o barco atingiu a terra para onde estavam indo.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz o episódio do barco no mar agitado. Jesus se encontra na montanha, os discípulos no mar e o povo em terra. Na maneira de descrever os fatos, João procura ajudar as comunidades a descobrir o mistério que envolvia a pessoa de Jesus. Ele faz isso evocando textos do Antigo Testamento que aludem ao êxodo.
Na época em que João escreve, o barquinho das comunidades enfrentava o vento contrário tanto da parte de alguns judeus convertidos que queriam reduzir o mistério de Jesus ao tamanho das profecias e figuras do Antigo Testamento, como da parte de alguns pagãos convertidos que pensavam ser possível uma aliança entre Jesus e o império.
João 6,15: Jesus na Montanha. Diante da multiplicação dos pães, o povo concluiu que Jesus devia ser o messias esperado. Pois, de acordo com a esperança do povo da época, o Messias iria repetir o gesto de Moisés de alimentar o povo no deserto. Por isso, de acordo com a ideologia oficial, o povo achava que Jesus fosse o messias e, por isso, quis fazer dele um rei (cf. Jo 6,14-15). Este apelo do povo era uma tentação tanto para Jesus como para os discípulos. No evangelho de Marcos, Jesus obrigou os discípulos a embarcar imediatamente e a ir para o outro lado do lago (Mc 6,45). Queria evitar que eles se contaminassem com a ideologia dominante. Sinal de que o “fermento de Herodes e dos fariseus”, era muito forte (cf. Mc 8,15). Jesus, ele mesmo, enfrenta a tentação por meio da oração na Montanha.
João 6,16-18. A situação dos discípulos. Já era tarde. Os discípulos desceram ao mar, subiram no barco e se dirigem a Cafarnaum, do outro lado do mar. João diz que já estava escuro e que Jesus ainda não tinha chegado. Além disso, soprava um vento forte e o mar ia ficando muito agitado. De um lado ele evoca o êxodo: atravessar o mar no meio das dificuldades. De outro lado evoca a situação das comunidades no império romano: como os discípulos, viviam no meio da noite, com vento contrário e mar agitado e Jesus parecia ausente!
João 6,19-20. A mudança da situação. Jesus chega andando sobre as águas do mar da vida. Os discípulos ficam com medo. Como na história dos discípulos de Emaús, eles não o reconhecem (Lc 24,28). Jesus se aproxima e diz: “Sou eu! Não tenham medo!” Aqui, de novo, quem conhece a história do Antigo Testamento, lembra alguns fatos muito importantes: (1) Lembra como o povo, protegido por Deus, atravessou sem medo o Mar Vermelho. (2) Lembra como Deus, ao chamar Moisés, declarou o seu nome dizendo: “Sou eu!” (cf. Ex 3,15). (3) Lembra ainda o livro de Isaías que apresenta o retorno do exílio como um novo êxodo, onde Deus aparece repetindo inúmeras vezes: “Sou eu!” (cf. Is 42,8; 43,5.11-13; 44,6.25; 45,5-7).
Para o povo da Bíblia, o mar era o símbolo do abismo, do caos, do mal (Ap 13,1). No Êxodo, o povo faz a travessia para a liberdade enfrentando e vencendo o mar. Deus divide o mar através de seu sopro e o povo atravessa com pé enxuto (Ex 14,22). Em outras passagens a Bíblia mostra Deus vencendo o mar (Gn 1,6-10; Sl 104,6-9; Pr 8,27). Vencer o mar significa impor-lhe os seus limites e impedir que ele engula toda a terra com suas ondas. Nesta passagem Jesus revela sua divindade dominando e vencendo o mar, impedindo que a barca de seus discípulos seja tragada pelas ondas. Esta maneira de evocar o Antigo Testamento, de usar a Bíblia, ajudava as comunidades a perceber melhor a presença de Deus em Jesus e nos fatos da vida. Não tenham medo!
João 6,22. Chegaram no porto desejado. Eles querem recolher Jesus no barco, mas não precisou, pois chegaram na terra para onde iam. Chegaram no porto desejado. Diz o Salmo: “Ele transformou a tempestade em leve brisa e as ondas emudeceram. Ficaram alegres com a bonança, e ele os guiou ao porto desejado”. (Sl 107,29-30)
4) Para um confronto pessoal
1-Na montanha: Por que Jesus busca um jeito de ficar sozinho para rezar depois da multiplicação dos pães? Qual o resultado da sua reza?
2-É possível caminhar hoje sobre as águas do mar da vida? Como?
5) Oração final
Exultai, justos, no SENHOR, que merece o louvor dos que são bons. Louvai o SENHOR com a cítara, com a harpa de dez cordas cantai-lhe. Cantai-lhe um cântico novo, tocai a cítara com arte, bradai. (Sl 32, 1-3)
- Detalhes

Diocese de Abaetetuba, Diocese de Bragança, Diocese de Cametá, Diocese de Castanhal, Diocese de Macapá, Diocese de Marabá, Diocese de Óbidos, Diocese de Ponta de Pedras, Diocese de Santarém,
Começou na última quarta-feira, 1º, em Aparecida-SP, a 57ª edição da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil. A reunião segue até o próximo dia 10 de maio e conta com a participação de mais de 300 bispos que governam a Igreja no Brasil em suas respectivas dioceses, prelazias e administrações apostólicas.
O Regional Norte 2 que comporta 13 dioceses está com todos os seus bispos presentes na AGBB. Além disso, estão presentes também os bispos prelados eméritos: dom Erwin Kräutler, do Xingu; e dom José Luís Azcona Hermoso, do Marajó.
CETEL – O arcebispo metropolitano de Belém e vice-presidente da CNBB Norte 2, dom Alberto Taveira Corrêa, logo no segundo dia se fez presente na mesa principal do Centro de Eventos Pe. Vitor Coelho (local onde são realizadas as plenárias).
O metropolita integra a Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (CETEL) que é responsável pela tradução do Missal Romano. O trabalho perdurou mais de uma década e, agora finalizado, será enviado para aprovação do Vaticano.
Juventude –O bispo auxiliar de Belém, Dom Antônio de Assis Ribeiro, na tarde de ontem, 02, explanou sobre os trabalhos da Comissão Episcopal para a Juventude e a assimilação dos horizontes da nova Exortação Apostólica.
O bispo que é salesiano, integra a comissão e apresentou os seguintes desafios para a prática do que foi pensado pela Igreja no Sínodo para a Juventude.
Segundo ele, podem ser destacados sete desafios:
1 – A compreensão da nova organização da pastoral juvenil no Brasil. “Em muitos lugares, o Setor Juventude ainda não foi bem aceito e nem compreendido, sobretudo, por parte de um certo número de sacerdotes que continuam com a linguagem, estilo e visão do passado quando só havia a PJ (e seus grupos de jovens), e por isso, não considera a diversidade de expressões juvenis e nem outras formas de promoção da pastoral juvenil”, afirmou.
2 – Formação dos sacerdotes na área da pastoral juvenil através da promoção de Simpósios e Seminários sobre a Juventude.
3 – Organização sistemática do Setor Juventude nas Dioceses e Regionais através da elaboração de um Projeto Educativo-Pastoral do Setor Juventude.
4 – Configuração da Pastoral Juvenil como processo de crescimento, de amadurecimento humano e robustecimento da fé como discípulo de Jesus Cristo, superando a ideia da pastoral como promotora de eventos ‘soltos e fragmentados’, sem metas.
5 – Experiências que valorizem e envolvam a juventude em outras áreas eclesiais. “Constatamos, por todos os lugares, que o maior envolvimento dos jovens em nível Paroquial, acontece na liturgia ou na catequese… Isso é bom, mas faz-se necessário explorarmos outras dimensões, por exemplo, o esporte, o lazer, as artes (música, dança, teatro), experiências evangelizadoras… A experiência do Oratório sintetiza essa proposta de pastoral juvenil pluridimensional. A pastoral juvenil não deve deixar de lado a dimensão lúdica, festiva e artística”, pontuou dom Antônio.
6 – Rejuvenescimento das Pastorais através do compromisso dos líderes para acolherem a juventude.
7 – Atenção na qualidade do processo catequético do Crisma. “Infelizmente, ainda há um significativo número de jovens que abandonam a comunidade católica após a recepção do Sacramento;Por que isso acontece? Certamente é porque não foram bem preparados, não fizeram a experiência de engajamento, não conheceram profundamente a Jesus Cristo e nem a beleza da Igreja… Muitos, não só deixam de estar engajados na Igreja Católica, mas saem dela e se tornam neopentecostais. Por isso, a pastoral juvenil deve caminhar em sintonia com a pastoral catequética”, lamentou dom Antônio.
O bispo de Marabá, dom Vital Corbellini e o bispo prelado emérito do Marajó, dom Azcona, fizeram intervenções em seguida e trouxeram outras reflexões para o grupo.
Ministérios – O bispo prelado de Itaituba, dom Wilmar Santin, esteve na manhã desta sexta-feira, 03, na Sala de Imprensa da AGBB. O prelado participou do meeting point (oportunidade de contato com os bispos por meio de abordagens temáticas adicionais à programação oficial da Assembleia da CNBB). O tema tratado por ele, foi: “Novos ministérios na realidade amazônica – rumo ao Sínodo 2019”.
Dom Wilmar inicialmente ponderou os quatro tipos de Ministérios elencados no documento 62 da CNBB cujo título, é: “Missão e Ministérios dos Cristãos Leigos e Leigas”. No documento, são citados os Ministérios: reconhecidos, confiados, instituídos e ordenados.
“Após o Concílio Vaticano II é que se colocou ênfase no ministério dos leigos, uma igreja toda ministerial. A origem de todo ministério é sempre o Espírito Santo, que suscita carismas e pessoas para algum serviço, não sendo, no entanto, algo para proveito próprio mas sim para o bem da comunidade, como afirma São Paulo no capitulo 12 de sua carta aos Coríntios”, destacou dom Wilmar.
O prelado elencou e explicou os quatro ministérios de acordo com o documento 62, aprovado na AGBB de 1999:
1 – Ministérios simplesmente “reconhecidos”. “São normalmente aqueles ligados a um serviço significativo para a comunidade, mas considerado não tão permanente, podendo vir a desaparecer, quando variarem as circunstâncias. Recebem este nome porque muitas das funções que os leigos e as leigas exercem em vários níveis da Igreja são assumidos sem nenhuma formalidade canônica e, mesmo, sem um gesto litúrgico; mas são formas verdadeiramente ministeriais de se assumir corresponsavelmente a vida e a missão da Igreja, dentro do processo comunitário e do planejamento eclesial e recebem o reconhecimento em modalidades que variam muito da comunidade e de outras instâncias eclesiais”, explicou.
2 – Ministérios “confiados”, quando conferidos ao seu portador por algum gesto litúrgico simples ou alguma forma canônica; “É o caso dos Ministros da Eucaristia, eles recebem um mandato dentro de uma celebração. É bom destacar que continuam leigos, não se tornam ‘quase-padre’ ao receberem este ministério que a Igreja os confia”, disse.
3 – Ministérios “instituídos”, quando a função é conferida pela Igreja através de um rito litúrgico chamado “instituição”; Segundo dom Wilmar, estes ministérios são mais formais e canônicos haja vista que constitui acólitos e leitores.
4 – Ministérios “ordenados” = diaconato, sacerdócio e episcopado.
Experiência na Prelazia de Itaituba – Ainda no meeting point, dom Wilmar destacou uma experiência.
“Numa reunião do Clero nós nos questionamos acerca da assistência às nossas comunidades. Muitas são distantes umas das outras, as estradas não ajudam os ministros ordenados a chegarem e saírem com rapidez. Então chegamos à conclusão de que precisávamos investir na formação dos Ministros da Palavra. Foi o que nós fizemos! Em quatro anos formamos uma turma de 24 em uma região de Jacareacanga – PA, quase fronteira com o Mato Grosso, numa área dos índios munduruku, onde vivem aproximadamente 14 mil índigenas em diversas aldeias. Dois anos depois, formamos outra turma de 24 novos ministros da Palavra. Hoje são 48 Ministros da Palavra que evangelizam na sua língua”, destacou, de modo emocionado, dom Wilmar.
Fonte: http://cnbbn2.com.br
- Detalhes
Ao todo, são 138 os profissionais da imprensa que se inscreveram para acompanhar de perto o trabalho da Assembleia.
Silvonei José - Aparecida
Terceiro dia de trabalhos da 57ª Assembleia Geral dos Bispos da CNBB em Aparecida. O dia começou com a celebração da Santa Missa no Santuário Nacional presidida por Dom Paulo Mascarenhas Roxo, bispo emérito de Mogi das Cruzes – SP. Tema da celebração, bispos eméritos.
Já no dia de ontem, (02/05) a celebração foi na intenção dos novos bispos, aqueles que foram nomeados e ordenados pelo Papa Francisco desde a última assembleia – período de abril de 2018 a abril de 2019. A Missa foi presidida pelo núncio apostólico no Brasil, dom Giovanni D´Aniello.
Durante a homilia, o núncio meditou sobre o Evangelho de João 3,31-36, que diz que “Aquele que vem do alto está acima de todos”. Dom Giovanni ressaltou que a Igreja ainda celebra o tempo pascal.
“Celebrar a páscoa de Cristo é ter a certeza que Ele ressuscitou, que está vivo e este é o fundamento da nossa fé. Por isso, a fé na ressurreição de Jesus e o Próprio a marca distintiva da fé cristã. Porque Cristão é aquele que crê que Jesus não é um personagem do passado, mas está vivo nas nossas vidas e na Sua Igreja. Não estamos só porque Jesus vivo e ressuscitado está sempre conosco”, destacou.
Entre os vários temas dessa Assembleia Geral um deles é o da Reforma da Previdência. Por ocasião do Dia do Trabalhador, (01/05) a Assembleia divulgou uma nota e, sobre ela, o bispo de Lajes (SC), Dom Guilherme Werlang, enfatizou alguns pontos na primeira coletiva, realizada na trade de quarta-feira.
Dom Guilherme, termina neste ano seu segundo mandato à frente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz. Ele, que mantém uma posição firme junto às minorias e aos pobres, explicou que a Igreja sempre lutará pela dignidade da pessoa e isso resulta, atualmente, numa preocupação com os mais de 12 milhões de desempregados no país.
“Manifestamos nossa preocupação com o grave problema do desemprego”, disse o bispo. “Todas as pessoas deveriam podem viver e dar dignidade de vida à sua família a partir do próprio trabalho”, completou.
Dom Werlang assinalou também que não é justo que, após anos de trabalhos exaustivos, as pessoas caiam na insegurança e dependência de outras pessoas. “Temos que lutar para que o direito a uma aposentadoria digna seja assegurado”, enfatizou.
Outros dois bispos também tomaram a palavra. Dom José Belisário, que apresentou a organização dos trabalhos dos bispos para a aprovação das novas diretrizes gerais e Dom Murilo Krieger, vice-presidente da CNBB, que deu um panorama geral da assembleia e suas discussões.
Dom Murilo citou alguns temas que vão tomar corpo na assembleia, como a aprovação da tradução da terceira edição do Missal Romano, a Campanha da Fraternidade de 2021, a 6ª Semana Social Brasileira, o Mês Extraordinário Missionário, o Sínodo da Amazônia, e ainda uma carta aos bispos de Moçambique, a mensagem do Papa Francisco, entre outros temas.
Dom Belisário reforçou que a assembleia tem, a cada quatro anos, a missão de aprovar as diretrizes gerais e, coincidentemente, as eleições da presidência e das comissões da CNBB. Sobre as diretrizes, ele apontou que o documento traz uma inspiração para o trabalho evangelizador das dioceses e dos diversos segmentos da Igreja no Brasil, mas não são planos pastorais. Ele disse ainda que o texto tem como base quatro pilares: Palavra de Deus, Liturgia, Caridade e Missão.
Imprensa
Ao todo, são 138 os profissionais da imprensa que se inscreveram para acompanhar de perto o trabalho do episcopado brasileiro.
Uma modalidade a mais de relação dos bispos com os jornalistas e mídias que cobrem a Assembleia Geral foi proposta pela assessoria de imprensa da CNBB com o objetivo de aprofundar assuntos referentes à ação da Igreja no Brasil. É o famoso “Meeting Point”.
A ideia é que eles se realizem em seis dias da 57ª Assembleia Geral da CNBB. O primeiro ocorreu na quinta-feira, dia 02 de maio, às 9h, com o tema Exortação Sinodal “Christus vivit” e desafios da recepção no Brasil do sínodo sobre a Juventude. Fonte: www.vaticannews.va
- Detalhes

1) Oração
Concedei, ó Deus, que vejamos frutificar em toda a nossa vida as graças do mistério pascal, que instituístes na vossa misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 3, 31-36)
Naquele tempo, João Batista disse aos seus discípulos: 31Aquele que vem do alto está acima de todos. Quem é da terra, pertence à terra e fala coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. 32Ele dá testemunho do que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. 33Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. 34De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois ele dá o espírito sem medida. 35O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos. 36Aquele que crê no Filho tem a vida eterna. Aquele, porém, que se recusa a crer no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele.
3) Reflexão
No dia 12 de janeiro deste ano meditamos João 3,22-30, que traz o último testemunho de João Batista a respeito de Jesus. Era a resposta dada por ele aos seus discípulos, e na qual reafirmou que ele, João, não é o Messias mas apenas o precursor (Jo 3,28). Naquela ocasião, João disse aquela frase tão bonita que resume o seu testemunho: "É necessário que ele cresça e eu diminua!" Esta frase é o programa de todos e de todas que querem seguir Jesus.
Os versículos do evangelho de hoje são, novamente, um comentário do evangelista para ajudar as comunidades a entender melhor todo o alcance das coisas que Jesus fez e ensinou. Temos aqui uma outra amostra daqueles três fios de que falamos ontem.
João 3,31-33: Um refrão que sempre volta. Ao longo do evangelho de João, muitas vezes aparece o conflito entre Jesus e os judeus que contestam as palavras de Jesus. Jesus fala a partir do que ele ouve do Pai. Ele é total transparência. Os seus adversários, por não se abrirem para Deus e por se agarrarem nas suas próprias idéias aqui da terra, não são capazes de entender o significado profundo das coisas que Jesus vive, diz e faz. No fim, é este mal-entendido que vai levar os judeus a prender e condenar Jesus.
João 3,34: Jesus nos dá o Espírito sem medida. O evangelho de João usa muitas imagens e símbolos para significar a ação do Espírito. Como na criação (Gn 1,1), assim o Espírito desceu sobre Jesus "como uma pomba, vinda do céu" (Jo 1,32). É o começo da nova criação! Jesus fala as palavras de Deus e nos comunica o Espírito sem medida (Jo 3,34). Suas palavras são Espírito e vida (Jo 6,63). Quando Jesus se despediu, ele disse que ia enviar um outro consolador, um outro defensor, para ficar conosco. É o Espírito Santo (Jo 14,16-17). Através da sua paixão, morte e ressurreição, Jesus conquistou o dom do Espírito para nós. Através do batismo todos nós recebemos este mesmo Espírito de Jesus (Jo 1,33). Quando apareceu aos apóstolos, soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo!" (Jo 20,22). O Espírito é como água que jorra de dentro das pessoas que crêem em Jesus (Jo 7,37-39; 4,14). O primeiro efeito da ação do Espírito em nós é a reconciliação: "Aqueles a quem vocês perdoarem os pecados serão perdoados; aqueles aos quais retiverem, serão retidos" (Jo 20,23). O Espírito nos é dado para que possamos lembrar e entender o significado pleno das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,12-13). Animados pelo Espírito de Jesus podemos adorar a Deus em qualquer lugar (Jo 4,23-24). Aqui se realiza a liberdade do Espírito de que fala São Paulo: "Onde há o Espírito do Senhor, aí está a liberdade" (2Cor 3,17).
João 3,35-36: O Pai ama o filho. Reafirma a identidade entre o Pai e Jesus. O Pai ama o filho e entregou tudo em sua mão. São Paulo dirá que em Jesus habita a plenitude da divindade (Col 1,19; 2,9). Por isso, quem aceita Jesus e crê em Jesus ele já tem a vida eterna, pois Deus é vida. Quem recusa crer em Jesus se coloca a si mesmo do lado de fora.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus nos comunica o Espírito sem medida. Você teve ou tem alguma experiência desta ação do Espírito em sua vida?
2) Quem crê em Jesus tem a vida eterna. Como isto acontece hoje na vida das famílias e das comunidades?
5) Oração final
O SENHOR está perto de quem tem o coração ferido, salva os ânimos abatidos. Muitas são as desventuras do justo, mas de todas o SENHOR o livra. (Sl 33, 19-20)
- Detalhes

“As Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil não são um plano, mas sim uma inspiração para o trabalho evangelizador da Igreja” – Com essas palavras, o arcebispo de São Luís (MA) e coordenador da comissão de redação do texto das novas diretrizes, dom José Belisário, apresentou aos jornalistas presentes na primeira coletiva de imprensa da 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na tarde de ontem, 01 de maio, o tema central do encontro.
Durante a coletiva, dom Belisário apresentou o processo de construção do texto que será aprovado até o próximo sábado, 4 de maio pelo episcopado brasileiro. De acordo com o bispo, o texto, que começou a ser construído em agosto de 2018, teve sua primeira redação enviada para todos os bispos do Brasil em janeiro de 2019. “Os bispos devolveram as impressões, alguns com sugestões pontuais de mudanças, emendas e supressões. A partir das sugestões recebidas, o texto foi adaptado, contemplando quase todas as observações”, declarou o bispo.
Dom Belisário ressaltou, que, “as eleições para a presidência da CNBB acontecem após a aprovação do texto das Novas Diretrizes, pois é a partir dela que se pensa os novos rumos para a Conferência”.
Os quatro pilares
Dom Belisário disse aos jornalistas que o texto apresentado aos bispos procura traduzir as preocupações da Igreja no Brasil. “Há uma predominância da cultura urbana em todo o Brasil e ousamos apresentar este plano de fundo na construção do material. Nós vivemos em uma realidade diferenciada com situações de mudanças muito profundas. Desta forma tentamos, com o texto que que a comissão de redação produziu, dar continuidade na construção da Casa de Deus, colocando em evidencia os pilares sob os quais esta casa é construída, disse.
O primeiro pilar apresentado no texto das novas diretrizes é o da ‘Palavra de Deus’ que é o fundamento do processo de evangelização; seguido pela ‘Liturgia’, que apresenta a espiritualidade da Igreja; o terceiro pilar é a ‘Caridade’, que ajuda o povo de Deus a construir um mundo melhor e o quarto é a ‘Missão’, pois a Igreja, segundo o bispo, não vive para ela mesma.
De quatro em quatro anos, o tema central da Assembleia Geral da CNBB sempre é a atualização das Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. Da tarde de ontem (01) até o próximo sábado (04), a programação da 57ª Assembleia Geral da CNBB será especialmente voltada ao estudo e aprimoramento do texto apresentado para os bispos.
Por Franklin Machado
Fonte: http://www.cnbb.org.br
- Detalhes
“Quem morre pela fé entra por direito próprio nas fileiras dos justos?”
A reflexão é do historiador italiano Alberto Melloni, professor da Universidade de Modena-Reggio Emilia e diretor da Fundação de Ciências Religiosas João XXIII, de Bolonha, em artigo publicado por La Repubblica, 28-04-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o artigo.
Depois do massacre de cristãos nos dias da Páscoa no Sri Lanka, retorna uma pergunta que atravessa a história (e a política) da Igreja desde as origens: quem morre pela fé entra por direito próprio na fileira dos justos?
A fila de coptas e evangélicos, siríacos e protestantes, ortodoxos e católicos mortos enquanto rezavam aumentou com os massacres da Páscoa no Sri Lanka: para todos era evidente e imediato falar de “mártires”. Palavra de origem grega que indica as testemunhas da fé marcadas pela mansidão de Cristo, independentemente de quem as mata, e que reagrupa uma “nuvem” de indivíduos: na tradição bíblica, os nomes de pessoas realmente têm expressividade, porque todos têm a ver com o nome impronunciável de Deus.
Um dos livros do profeta Isaías começa com a visão da redenção (Is 56, 5), em que, a todos os justos, será dado “um posto e um nome” (“Yad Vashem”, como diz a epígrafe do museu da Shoá de Jerusalém): porque quem não tem nome está realmente perdido. Jesus faz parte dessa tradição: os seus discípulos mais próximos rezam: “santificado seja o vosso Nome”, e a tradição evangélica conserva uma memória nítida dos seus nomes.
A comunidade cristã – mesmo depois do distanciamento do judaísmo – associa aos nomes daqueles “apóstolos” mortos pela fé ou na fé também os nomes dos outros mártires, dos quais escritos são conhecidos (por exemplo, Inácio ou Policarpo) ou dos quais se transmite o relato da morte. Uma narrativa que se torna gênero literário específico para documentar a repetição nos mártires da mansidão de Jesus (e que tem um paralelo judaico no Midrash Eleh Ezkerah sobre o martírio dos 10 rabinos nos tempos de Adriano).
Os nomes dos mártires cristãos entram na liturgia (o cânone romano os repete em uma primeira série que começa com “Lino, Cleto, Clemente, Sisto, Cornélio, Cipriano etc.” e uma segunda que termina com “Ágata, Lúcia, Inês, Cecília, Anastácia”). Esses nomes, depois, entram em um calendário que fixa a memória do seu “natal no céu” e, posteriormente, em uma sequência que se tornou mais densa pelo fato de que, ao lado dos mártires, são acrescentados os santos identificados pelo culto das Igrejas ou dos concílios, antes que o papado advogasse para si o ato de canonização.
Nasceu assim o "martirológio": isto é, um calendário de mártires e santos. Conhecemos um siríaco desde o século III-IV, do qual derivam os gregos de Nicomédia e os que dariam origem ao Synaxarion da Igreja grega e ao Menologion da Rússia.
A tradição ítalo-gaulesa produziria outros martirológios: a do século V atribuído a Jerônimo e depois as suas refeituras, cada vez mais atentas em recordar um pedaço de vida para cada nome. Quanto a muitos outros aspectos, a reforma tridentina marcará uma virada decisiva: apagará esses patrimônios para impor um martirológio “romano” uniforme, promulgado por Gregório XIII em 1584 com base no trabalho histórico de Cesare Baronio – e depois remodelado pelos sucessores com a exigência de suprimir as figuras lendárias e integrar cada data com os novos nomes e as suas vidas. Exigência que percorreu a Igreja Católica até o Concílio Vaticano II, que dispôs uma reforma: o novo martirológio seria promulgado em 2001 com 6.538 nomes empilhados em 365 dias, para acolher as milhares de canonizações e beatificações de João Paulo II.
Uma abundância que, no fim, evidencia apenas as canonizações adiadas mesmo na presença de um martírio flagrante: como o de Dom Romero, morto ao altar, em San Salvador, em 1980; ou o dos trapistas de Tibhirine, decapitados na Argélia da guerra civil em 1996.
Porém, já então ficava evidente que o martirológio não podia mais ser o que fora: grande demais e, ao mesmo tempo, pequeno demais para acolher aquela nuvem de assassinados do século XX que o próprio Wojtyla, em uma liturgia tocante e constrangedora do ano 2000, em frente ao Coliseu, indicou como “testemunhas”. Um constrangimento que mostrava que havia três fatos contra os quais non valet argumentum.
O primeiro é que, diante do martírio, o povo de Deus – ao qual até o direito vigente da Igreja Católica reconhece um papel – se move em virtude do sensus fidei. Tanto no catolicismo, onde o Papa Francisco sanou as omissões e estabeleceu uma “quarta via” da santidade; quanto entre as Igrejas que já consideram Elizaveta Fedrovna ou Dietrich Bonhöffer ou Martin Luther King ou Oscar A. Romero como parte da própria tradição.
Pois – e este é o segundo fato – os assassinos dos cristãos (sejam ateus ou de outra ideologia religiosa) não distinguem com base na Igreja ou na distância teológica entre Igrejas. Eles matam com base em uma equivalência ideológica – cristianismo igual a Ocidente – que só é vista por eles e por aquele mundo ultraconservador pronto para recorrer à violência para fins políticos ou de ódio político.
Mas aqueles mártires que são de todos, crentes e não crentes, não pedem apenas que as Igrejas tenham um martirológio ecumênico, como o do Conselho Mundial de Igrejas, no qual os monges de Bose também trabalham. Eles pedem que se esclareça o quanto a divisão cristã (que criou muitos mártires recíprocos, começando em Ulsterou na Ucrânia) faz parte do ódio que intoxica o mundo e o que mais é preciso para uma comunhão plena que reconheça o Cristo no mesmo cálice, na mesma palavra e na carne do pobre.
Por fim, o terceiro fato: há um martírio que vê cristãos mortos não por ódio “à fé”, mas a um senso de justiça nutrido pelo Evangelho, como se entende pensando na história de Vittorio Bachelet, de Rosario Livatino, de Piersanti Mattarella e de tantos outros. E se prolonga nos milhares de fiéis, cristãos e não cristãos, que sofrem a violência com aquela mansidão consciente que é o traço “crístico”, antes ainda que cristão, do martírio.
O martirológio da humanidade em busca da justiça compõe uma espécie de livro dos livros que é de todos e de ninguém: e que mede toda pessoa com a mansa severidade do sangue inocente derramado por nada, como sempre. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
- Detalhes

Frei Carlos Mesters, O. Carm.
1) Oração
Ó Deus, criador do universo, que destes aos seres humanos a lei do trabalho, concedei-nos, pelo exemplo e proteção de são José, cumprir as nossas tarefas e alcançar os prêmios prometidos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo Mateus (Mt 13,54-58)
54Foi para a sua cidade e ensinava na sinagoga, de modo que todos diziam admirados: Donde lhe vem esta sabedoria e esta força miraculosa? 55Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? 56E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso? 57E não sabiam o que dizer dele. Disse-lhes, porém, Jesus: É só em sua pátria e em sua família que um profeta é menosprezado. 58E, por causa da falta de confiança deles, operou ali poucos milagres.
3) Reflexão - Mt 13,54-58
Hoje, na festa de São José operário, o evangelho descreve como foi a visita de Jesus em Nazaré, sua cidade, onde conviveu durante 30 anos e aprendeu de José, seu pai, a profissão de carpinteiro. A passagem por Nazaré foi dolorosa para Jesus. O que antes era a sua comunidade, agora já não é mais. Alguma coisa mudou. No evangelho de Marcos, esta experiência de rejeição por parte do povo de Nazaré (Mc 6,1-6ª) levou Jesus a mudar sua prática pastoral. Ele envia seus discípulos em missão e dá-lhes instruções de como relacionar-se com as pessoas (Mc 6,6b-13).
Mateus 13,54-57ª: Reação do povo de Nazaré frente a Jesus.
Jesus se criou em Nazaré. Quando iniciou sua pregação ambulante, saiu de lá e fixou domicílio em Cafarnaum (Mt 4,12-14). Após longa ausência, voltou para sua terra e, como de costume, no dia de sábado, foi para a reunião da comunidade. Jesus não era coordenador, mesmo assim tomou a palavra e começou a ensinar o povo que estava na sinagoga. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião. Mas o povo não gostou das palavras dele. O Jesus, que eles tinham conhecido desde criança, já não parecia ser o mesmo. Como é que ele ficou tão diferente? Lá em Cafarnaum o povo aceitava o ensinamento de Jesus (Mc 1,22), mas aqui em Nazaré o povo se escandalizou. Eles diziam: "De onde vêm essa sabedoria e esses milagres? Esse homem não é o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não moram aqui conosco? Então, de onde vem tudo isso?" Eles não aceitaram o mistério de Deus presente num homem comum como eles! Para poder falar de Deus Jesus teria de ser diferente deles! Não deram conta de crer nele. Nem tudo foi bem sucedido para Jesus. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, de Deus estas eram as que mais se recusavam a aceitá-la. O conflito não era só com os de fora de casa, mas também e sobretudo com os próprios parentes e com o povo de Nazaré.
Mateus 13,57b-58: Reação de Jesus diante da atitude do povo de Nazaré.
Jesus sabe muito bem que “santo de casa não faz milagre”. Ele diz: "Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família". De fato, onde não existe abertura nem fé, ninguém pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não podia fazer nada. O evangelho de Marcos diz expressamente: “Jesus não pôde fazer milagres em Nazaré. Apenas curou alguns doentes, pondo as mãos sobre eles. E ele admirou-se da incredulidade deles” (Mc 6,5-6).
Os irmãs e as irmãs de Jesus.
A expressão “irmãos e irmãs de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve outros filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso? Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos bem mais para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé, pelo desrespeito à natureza. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste”(Jo 17,21). “Não o impeçam! Quem não é contra nós é a favor”(Mc 10,39.40).
4) Para confronto pessoal
1-Jesus teve problemas com a sua família. Desde que você começou a participar na comunidade, alguma coisa mudou no relacionamento com sua família?
2-Jesus não pôde fazer muitos milagres em Nazaré. Por que a fé é tão importante? Será que Jesus não podia mesmo fazer milagre sem a fé das pessoas? O que significa isto hoje para mim?
5) Oração final
Antes que se formassem as montanhas, e a terra e o universo fossem gerados, desde toda a eternidade vós sois Deus (Sl 89).
- Detalhes

Por ocasião do 1º de maio – data em que se celebra o Dia do Trabalhador (a), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulga mensagem aos trabalhadores e às trabalhadoras brasileiros e se une eles manifestando-lhes estima, solidariedade e gratidão.
A mensagem afirma a urgência de assegurar o direito ao trabalho e reafirma “a dignidade dos trabalhadores e trabalhadoras, de modo a garantir seu justo sustento e de suas famílias, combatendo o desemprego, o trabalho escravo, a precarização das relações de trabalho e a perda de direitos trabalhistas, dentre outros problemas que têm causado tanto sofrimento ao povo brasileiro”.
Ainda segundo o documento, a presidência da CNBB manifesta, de modo especial, a preocupação com o grave problema do desemprego. “A flexibilização de direitos dos trabalhadores, institucionalizada pela lei 13.467 de 2017, como solução para superar a crise, mostrou-se ineficiente. Além de suscitar questionamentos éticos, o desemprego aumentou e já são mais de treze milhões de desempregados. O Estado não pode abrir mão do seu papel de mediador das relações trabalhistas, numa sociedade democrática”.
Eis a íntegra da Mensagem:
Mensagem por ocasião do 1º de maio: Dia do Trabalhador e da Trabalhadora
"Do trabalho de tuas mãos comerás, serás feliz, tudo irá bem” (Sl 128,2)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, através de sua Presidência, iluminada pela Palavra de Deus e a Doutrina Social da Igreja, se une aos trabalhadores e às trabalhadoras, da cidade e do campo, por ocasião do dia 1º de maio, manifestando-lhes estima, solidariedade e gratidão.
O trabalho digno, para além de cumprir a necessária tarefa de prover as necessidades materiais, “constitui uma dimensão fundamental da existência do ser humano sobre a terra” (Laborem Exercens, 4) e de sua participação na obra do Criador. Urge assegurar o direito ao trabalho e reafirmar a dignidade dos trabalhadores e trabalhadoras, de modo a garantir seu justo sustento e de suas famílias, combatendo o desemprego, o trabalho escravo, a precarização das relações de trabalho e a perda de direitos trabalhistas, dentre outros problemas que têm causado tanto sofrimento ao povo brasileiro. Para tanto, é indispensável a atuação dos Poderes Públicos, bem como a participação da sociedade civil: empresários, sindicatos, igrejas, trabalhadores e trabalhadoras. Neste esforço, como ensina o Papa Francisco, “é preciso reconhecer um grande mérito àqueles empresários que, apesar de tudo, não deixaram de se comprometer, de investir e arriscar para garantir o emprego” (Papa Francisco, 22 de setembro de 2013). Ao mesmo tempo, devemos reconhecer o valor dos sindicatos, expressão do perfil profético da sociedade (Papa Francisco, 28 de junho de 2017).
Reafirmamos o princípio orientador da Doutrina Social da Igreja sobre a primazia do trabalho e do bem comum sobre o lucro e o capital. Nos nossos dias, difunde-se o paradigma da utilidade econômica como princípio das relações sociais e, por isso, de trabalho, almejando a maior quantidade possível de lucro, imediatamente e a todo o custo, em detrimento da dignidade e dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Manifestamos, de modo especial, a nossa preocupação com o grave problema do desemprego. A flexibilização de direitos dos trabalhadores, institucionalizada pela lei 13.467 de 2017, como solução para superar a crise, mostrou-se ineficiente. Além de suscitar questionamentos éticos, o desemprego aumentou e já são mais de treze milhões de desempregados. O Estado não pode abrir mão do seu papel de mediador das relações trabalhistas, numa sociedade democrática.
A participação dos trabalhadores e dos sindicatos, na discussão da Previdência social, é fundamental para a preservação da dignidade dos trabalhadores e de sua justa e digna aposentadoria, especialmente dos que se encontram mais fragilizados na sociedade. Reconhecer a necessidade de avaliar o sistema não permite desistir da lógica da solidariedade e da proteção social através da capitalização, como propõe a PEC 06/2019. Também não é ético desconstitucionalizar regras da Previdência, inseridas na Constituição de 1988.
Nosso olhar volta-se também para os jovens. Segundo o Papa Francisco, o desemprego juvenil é a “primeira e mais grave” forma de exclusão e de marginalização dos jovens (Christus Vivit, 270). A impossibilidade de trabalho gera a perda do sentido da vida e, consequentemente, leva à pobreza e à marginalização.
Incentivamos os trabalhadores e trabalhadoras e as suas organizações a colaborarem ativamente na construção de uma economia justa e de uma sociedade democrática.
Trabalhadores e trabalhadoras, sobre cada um de vocês e de suas famílias, suplicamos as bênçãos de Deus, pela intercessão de São José Operário e Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S.R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo U. Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Brasília-DF, 1º de maio de 2019
Fonte: http://www.cnbb.org.br
- Detalhes

Wagner Martins Pereira, de 44 anos, teria acariciado as partes íntimas de uma das vítimas para “expulsar demônios”
Um pastor evangélico de 44 anos foi preso em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, sob a acusação de abusar de fiéis durante trabalho “espiritual”. Pelo menos quatro mulheres teriam sido vítimas do suspeito, Wagner Martins Pereira, que, entre outras coisas, teria acariciado as partes íntimas de uma das vítimas para “expulsar demônios”.
A prisão foi anunciada em entrevista na tarde desta segunda-feira (29/04/2019) pela delegada Ana Cristina Marques Bernardes. O pastor foi para a cadeia na última sexta (26/04/2019) após ter a prisão decretada pela Justiça.
A delegada contou que ele falava em cura espiritual e quebra de maldição para tentar convencer as mulheres. “Ele aproveitava o momento de fragilidade das vítimas, que enfrentavam problemas pessoais”, explicou.
O caso que o levou à prisão ocorreu em dezembro do ano passado e envolveu uma frequentadora da Igreja Ministério Comunidade da Família, fundada por ele em espaço anexo à sua casa, no Bairro Lídice.
A mulher de 32 anos diz que o homem a convenceu certa vez a se despir para ser ungida com um óleo, ocasião em que tocou suas partes íntimas. Depois disso ele teria voltado a procurá-la outras vezes, mas ela foi aconselhada por amigas a registrar a queixa. E antes disso gravou algumas conversas que foram entregues à polícia.
Irregular
O pastor responderá pelo crime de violação sexual, que pode render até 6 anos de reclusão. Apesar de ele contar com ajudantes e até realizar casamentos e batismos no local, a igreja estaria funcionando ilegalmente.
O processo do abuso corre em segredo de Justiça e a defesa do acusado informou que não se manifestará agora porque ainda está se inteirando sobre os autos. Fonte: https://www.metropoles.com
- Detalhes

1) Oração
Fazei-nos, ó Deus todo-poderoso, proclamar o poder do Cristo ressuscitado, e, tendo recebido as primícias dos seus dons, consigamos possuí-los em plenitude. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 3, 7b-17)
Naquele tempo Jesus disse a Nicodemos: 7bÉ necessário para vós nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é também todo aquele que nasceu do Espírito”. 9Nicodemos, então, perguntou: “Como pode isso acontecer?” 10Jesus respondeu: “Tu és o mestre de Israel e não conheces estas coisas? 11Em verdade, em verdade, te digo: nós falamos do que conhecemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não aceitais o nosso testemunho. 12Se não acreditais quando vos falo das coisas da terra, como ireis crer quando eu vos falar das coisas do céu? 13Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu: o Filho do Homem. 14Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, 15a fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna”.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parte da conversa de Jesus com Nicodemos. Nicodemos tinha ouvido falar das coisas que Jesus realizava, ficou impressionado e queria conversar com Jesus para poder entender melhor. Ele pensava conhecer as coisas de Deus. Vivia com o livrinho do passado na mão para ver se o novo que Jesus anunciava estava de acordo. Na conversa, Jesus disse que a única maneira para ele, Nicodemos, poder entender as coisas de Deus era nascer de novo! Às vezes, nós somos como Nicodemos: só aceitamos como novo aquilo que está de acordo com as nossas antigas idéias. Outras vezes, deixamos nos surpreender pelos fatos e não temos medo de dizer: "Nasci de novo!"
Quando os evangelistas recolhem as palavras de Jesus, eles têm presente os problemas das comunidades para as quais escrevem. As perguntas de Nicodemos a Jesus eram um espelho das perguntas das comunidades da Ásia Menor do fim do primeiro século. Por isso, as respostas de Jesus a Nicodemos eram, ao mesmo tempo, uma resposta para os problemas daquelas comunidades. Era assim que os cristãos faziam a catequese naquele tempo. Muito provavelmente, o relato da conversa entre Jesus e Nicodemos fazia parte da catequese batismal, pois diz que as pessoas devem renascer da água e do espírito (Jo 3,6).
João 3,7b-8: Nascer do alto, nascer de novo, nascer do Espírito. Em grego, a mesma palavra significa de novo e do alto. Jesus tinha dito “Quem não nasce da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5). E acrescentou: "O que nasceu da carne é carne. O que nasceu do Espírito é Espírito" (Jo 3,6). Aqui, carne significa aquilo que nasce só das nossas idéias. O que nasce de nós tem o nosso tamanho. Nascer do Espírito é outra coisa! E Jesus reafirmou novamente o que tinha dito antes: “Vocês devem nascer do alto (de novo)”. Ou seja, devem renascer do Espírito que vem do alto. E ele explica que o Espírito é como o vento. Tanto no hebraico como no grego, usa-se a mesma palavra para dizer espírito e vento. Jesus diz: "O vento sopra onde quer e você ouve o seu ruído, mas você não sabe de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do espírito". O vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção. Nós percebemos a direção do vento, por exemplo, o vento Norte ou o vento Sul, mas não conhecemos nem controlamos a causa a partir da qual o vento se movimenta nesta ou naquela direção. Assim é o Espírito. "Ninguém é senhor do Espírito" (Ecl 8,8). O que mais caracteriza o vento, o Espírito, é a liberdade. O vento, o Espírito, é livre, não pode ser controlado. Ele age sobre os outros e ninguém consegue agir sobre ele. Sua origem é mistério, seu destino é mistério. O barqueiro deve, primeiro, descobrir o rumo do vento. Depois, deve colocar as velas de acordo com este rumo. É o que Nicodemos e todos nós temos de fazer.
João 3,9: Pergunta de Nicodemos: Como é que isto pode acontecer? Jesus não disse nada mais do que resumir o que o Antigo Testamento já ensinava sobre a ação do Espírito, do vento santo, na vida do povo de Deus e que Nicodemos, como mestre e doutor, devia saber. Mesmo assim, Nicodemos se espantou com a resposta de Jesus e se faz de ignorante: "Como é que isto pode acontecer?".
João 3,10-15: Resposta de Jesus: a fé nasce do testemunho e não do milagre. Jesus dá o troco: "Você é mestre em Israel e não sabe disso?" Pois para Jesus, se uma pessoa crê só quando as coisas estão de acordo com os seus próprios argumentos e idéias, ainda não é perfeita a sua fé. Perfeita, sim, é a fé da pessoa que acredita por causa do testemunho. Ela deixa de lado seus próprios argumentos e se entrega, porque crê naquele que testemunhou.
4) Para um confronto pessoal
1-Você já passou por alguma experiência que lhe deu a sensação de nascer de novo? Como foi?
2-Jesus compara a ação do Espírito Santo com o vento. O que esta comparação nos revela sobre a ação do Espírito de Deus em nossa vida? Você já colocou as velas do barco da sua vida de acordo com o rumo do vento, do Espírito?
5) Oração final
O SENHOR reina, de esplendor se veste, o SENHOR se reveste e se cinge de poder; está firme o mundo, jamais será abalado. Dignos de fé são teus testemunhos; a santidade convém à tua casa por dias sem fim, ó SENHOR! (Sl 92, 1.5)
- Detalhes
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos a herança prometida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 3, 1-8)
Naquele tempo, 1Havia alguém dentre os fariseus, chamado Nicodemos, um dos chefes dos judeus. 2À noite, ele foi se encontrar com Jesus e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus, pois ninguém é capaz de fazer os sinais que tu fazes, se Deus não está com ele”. 3Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: se alguém não nascer do alto, não poderá ver o Reino de Deus!” 4Nicodemos perguntou: “Como pode alguém nascer, se já é velho? Ele poderá entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe para nascer?” 5Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus. 6O que nasceu da carne é carne; o que nasceu do Espírito é espírito. 7Não te admires do que eu te disse: É necessário para vós nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é também todo aquele que nasceu do Espírito”.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parte da conversa de Jesus com Nicodemos. Nicodemos aparece várias vezes no evangelho de João (Jo 3,1-13; 7,50-52; 19,39). Ele era uma pessoa de certa posição social. Tinha liderança entre os judeus e fazia parte do supremo tribunal chamado Sinédrio. No evangelho de João, ele representa o grupo de judeus que eram piedosos e sinceros, mas que não chegavam a entender tudo que Jesus fazia e falava. Nicodemos tinha ouvido falar dos sinais, das coisas maravilhosas que Jesus realizava, e ficou impressionado. Ele quer conversar com Jesus para poder entender melhor. Ele era uma pessoa estudada que pensava entender as coisas de Deus. Ele esperava o Messias com o livrinho da lei na mão para verificar se o novo anunciado por Jesus estava de acordo. Jesus faz perceber a Nicodemos que a única maneira para alguém poder entender as coisas de Deus é nascer de novo! Hoje acontece a mesma coisa. Alguns são como Nicodemos: só aceitam como novo aquilo que está de acordo com as suas próprias idéias. O que não estiver de acordo é recusado como sendo contrário à tradição. Outros se deixam surpreender pelos fatos e não têm medo de dizer: "Nasci de novo!"
João 3,1: Um homem, chamado Nicodemos
Pouco antes do encontro de Jesus com Nicodemos, o evangelista falava da fé imperfeita de certas pessoas que só se interessavam pelos milagres de Jesus (Jo 2,23-25). Nicodemos era uma destas pessoas. Tinha boa vontade mas a sua fé ainda era imperfeita. A conversa com Jesus vai ajudá-lo a perceber que deve dar um passo a mais para poder aprofundar sua fé em Jesus e em Deus.
João 3,2: 1ª pergunta de Nicodemos: tensão entre o velho e o novo
Nicodemos era um fariseu, pessoa de destaque entre os judeus e com um bom raciocínio. Ele foi encontrar Jesus de noite e lhe diz: "Você vem da parte de Deus como um mestre, pois ninguém é capaz de fazer os sinais que você faz!" Nicodemos opina sobre Jesus a partir dos argumentos que ele, Nicodemos, tem dentro de si. Isto já é um passo importante, mas não basta para conhecer Jesus. Os sinais que Jesus faz podem despertar a pessoa e produzir nela um interesse. Podem gerar curiosidade, mas não geram entrega nem fé. Não fazem ver o Reino de Deus presente em Jesus. Para isto é necessário dar mais um passo. Qual é este passo?
João 3,3: Resposta de Jesus: "Tem que nascer de novo!"
Para que Nicodemos possa perceber o Reino presente em Jesus, ele terá que nascer de novo, do alto. Quem tenta compreender Jesus só a partir dos seus próprios argumentos, não consegue entendê-lo. Jesus é maior. Enquanto Nicodemos fica só com o catecismo do passado na mão, não vai poder entender Jesus. Ele terá que abrir mão de tudo. Terá que deixar de lado suas próprias certezas e seguranças e entregar-se totalmente. Terá que fazer uma escolha entre, de um lado, manter a segurança que lhe vem da religião organizada com suas leis e tradições e, do outro lado, lançar-se na aventura do Espírito que Jesus lhe propõe.
João 3,4: 2ª pergunta de Nicodemos: Como é possível nascer de novo?
Nicodemos não dá o braço a torcer e torna a perguntar com certa ironia: "Como uma pessoa pode nascer sendo já velha? Poderá entrar uma segunda vez no seio de sua mãe e nascer?" Nicodemos tomou as palavras de Jesus ao pé da letra e, por isso, não entendeu nada. Ele deveria ter percebido que as palavras de Jesus tinham um sentido simbólico.
João 3,5-8: Resposta de Jesus: Nascer do alto, nascer do espírito
Jesus explica o que quer dizer: nascer do alto ou nascer de novo. É "nascer da água e do Espírito". Aqui temos uma alusão muito clara ao batismo. Através da conversa de Jesus com Nicodemos, o evangelista nos convida a fazer uma revisão do nosso batismo. Ele relata as seguintes palavras de Jesus: "O que nasceu da carne é carne. O que nasceu do Espírito é Espírito". Carne significa aquilo que nasce só das idéias nossas. O que nasce de nós tem o nosso tamanho. Nascer do Espírito é outra coisa! O Espírito é como o vento. "O vento sopra onde quer e você ouve o seu ruído, mas você não sabe de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do espírito" O vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção. Nós percebemos a direção do vento, por exemplo, no vento Norte ou vento Sul, mas não conhecemos nem controlamos a causa a partir da qual o vento se movimenta nesta ou naquela direção. Assim é o Espírito. "Ninguém é senhor do Espírito" (Ecl 8,8). O que mais caracteriza o vento, o Espírito, é a liberdade. O vento, o espírito, é livre, não pode ser controlado. Ele age sobre os outros e ninguém consegue agir sobre ele. Sua origem é mistério, seu destino é mistério. O barqueiro deve, primeiro, descobrir o rumo do vento. Depois, deve colocar as velas de acordo com este rumo. É o que Nicodemos e todos nós temos de fazer.
Uma chave para entender melhor as palavras de Jesus sobre o Espírito Santo
A língua hebraica usa a mesma palavra para dizer vento e espírito. Como dissemos, o vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção: vento Norte, vento Sul. O Espírito de Deus tem um rumo, um projeto, que já se manifestava na criação. O Espírito estava presente na criação sob a forma de uma ave pairando sobre as águas do caos (Gn 1,2). Ano após ano, ele renova a face da terra e coloca a natureza em movimento através da seqüência das estações (Sl 104,30; 147,18). Este mesmo Espírito está presente também na história. Fez recuar o Mar Vermelho (Ex 14,21) e trouxe as codornizes para o povo comer (Nm 11,31). Esteve com Moisés e, a partir dele, se distribuiu nas lideranças do povo (Nm 11,24-25). Tomava posse dos líderes e os levava a realizar ações libertadoras: Otoniel (Jz 3,10), Gedeão (Jz 6,34), Jefté (Jz 11,29), Sansão (Jz 13,25; 14,6.19; 15,14), Saul (1Sm 11,6), e Débora, a profetisa (Jz 4,4). Esteve presente no grupo dos profetas e agia neles com força contagiosa (1Sm 10,5-6.10). Sua ação nos profetas produziu inveja nos outros, mas Moisés reagiu: "Oxalá todo o povo fosse profeta e recebesse o Espírito de Javé!" (Nm 11,29).
Ao longo dos séculos cresceu a esperança de que o Espírito de Deus orientasse o Messias na realização do projeto de Deus (Is 11,1-9) e descesse sobre todo o povo de Deus (Ez 36,27; 39,29; Is 32,15; 44,3). A grande promessa do Espírito transparece de várias maneiras nos profetas do exílio: a visão dos ossos secos, ressuscitados pela força do Espírito de Deus (Ez 37,1-14); a efusão do Espírito de Deus sobre todo o povo (Jl 3,1-5); a visão do Messias-Servo que será ungido pelo Espírito para estabelecer o direito na terra e anunciar a Boa Nova aos pobres (Is 42,1; 44,1-3; 61,1-3). Eles vislumbram um futuro, em que o povo, cada vez de novo, renasce pela efusão do Espírito (Ez 36,26-27; Sl 51,12; cf. Is 32,15-20).
O evangelho de João usa muitas imagens e símbolos para significar a ação do Espírito. Como na criação (Gn 1,1), assim o Espírito desceu sobre Jesus "como uma pomba, vinda do céu" (Jo 1,32). É o começo da nova criação! Jesus fala as palavras de Deus e nos comunica o Espírito sem medida (Jo 3,34). Suas palavras são Espírito e vida (Jo 6,63). Quando Jesus se despediu, ele disse que ia enviar um outro consolador, um outro defensor, para ficar conosco. É o Espírito Santo (Jo 14,16-17). Através da sua paixão, morte e ressurreição, Jesus conquistou o dom do Espírito para nós. Através do batismo todos nós recebemos este mesmo Espírito de Jesus (Jo 1,33). Quando apareceu aos apóstolos, soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo!" (Jo 20,22). O Espírito é como água que jorra de dentro das pessoas que crêem em Jesus (Jo 7,37-39; 4,14). O primeiro efeito da ação do Espírito em nós é a reconciliação: "Aqueles a quem vocês perdoarem os pecados serão perdoados; aqueles aos quais retiverem, serão retidos" (Jo 20,23). O Espírito nos é dado para que possamos lembrar e entender o significado pleno das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,12-13). Animados pelo Espírito de Jesus podemos adorar a Deus em qualquer lugar (Jo 4,23-24). Aqui se realiza a liberdade do Espírito de que fala São Paulo: "Onde há o Espírito do Senhor, aí está a liberdade" (2Cor 3,17).
4) Para um confronto pessoal
1-Como você costuma reagir diante das novidades que se apresentam? É como Nicodemos ou aceita a surpresa de Deus?
2-Jesus compara a ação do Espírito Santo com o vento (Jo 3,8). O que esta comparação nos revela sobre a ação do Espírito de Deus na minha vida?Você já passou por alguma experiência que lhe deu a sensação de nascer de novo?
5) Oração final
Vou proclamar o decreto do SENHOR: Ele me disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei! Servi ao SENHOR com reverência e prestai-lhe homenagem com tremor. (Sl 2, 7.11)
- Detalhes

Cerimônia realizada neste sábado (27/04/2019) é a primeira em Brasília desde que a religião aprovou a união entre pessoas do mesmo sexo
Dois homens percorreram o caminho entre a porta da igreja do altar e disseram “sim” um ao outro para o compromisso do matrimônio. É a primeira vez que duas pessoas do mesmo sexo se casam num templo da Igreja Anglicana do Distrito Federal, desde que a religião aprovou a união homoafetiva, em setembro de 2018. A cerimônia de Caio e Philipe Silva Costa ocorreu na noite desse sábado (27/04/2019), na Catedral da Ressurreição, localizada na 309/310 Sul – seguida de festa no Hotel Nacional.
A cerimônia lembra muito um casamento católico. Há momentos de leituras bíblicas, sermões, votos matrimoniais e a reafirmação do compromisso de amor, fidelidade e respeito.
Egressos da Igreja Católica, os dois se sentiram acolhidos na Anglicana, onde participam de discussões e cerimônias. Há, entre os membros do grupo, outros LGBTs – incluindo uma pessoa transsexual – e nenhum deles sofreu qualquer tipo de discriminação durante reuniões ou celebrações, conforme relata o casal.
No começo do namoro, os dois frequentaram um grupo católico de estudo e oração, mas decidiram sair após reclamações de outros participantes ao padre da paróquia. A partir de então, sentindo a necessidade de prosseguir com as próprias profissões de fé, decidiram migrar para onde seriam aceitos. Fonte: https://www.metropoles.com
- Detalhes
“Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor” (Jo 20,20).
Pe. Adroaldo Palaoro sj
As Aparições são a maneira mais convincente de transmitir a vivência daquilo que Jesus Cristo significou para os(as) primeiros(as) seguidores(as), depois da desoladora experiência de Sua paixão e morte. O que a primitiva comunidade quis transmitir foi a experiência de que Jesus Vive e, além disso, continua comunicando-lhes aquela mesma Vida da qual tantas vezes Ele lhes havia falado. E, ao tomarem consciência de que possuíam a verdadeira Vida, o medo da morte não lhes preocupava mais. A Vida que o Cristo Ressuscitado lhes comunicou, permanece. Esta é a mensagem de Páscoa.
Com o conceito de Ressurreição quer-se expressar, então, a mensagem de que a morte de Jesus não foi o final. Sua morte não foi a meta, senão que sua meta foi a Vida, uma Vida em Deus, a mesma Vida de Deus, como nos diz João: “O Pai que vive me enviou e eu vivo pelo Pai”.
Jesus não volta à vida. Está já na vida. Por isso os relatos pascais insistem em que Jesus não é uma recordação do passado, mas que está vivo e ativo entre os seus.
João usa o verbo “soprar sobre eles” para expressar a comunicação do dom da Vida, através do Espírito do Ressuscitado. É o mesmo verbo que aparece em Gen. 2,7: com aquele sopro o ser humano de barro se transformou em ser vivente. Agora Jesus lhes transmite o Espírito que dá verdadeira Vida. Trata-se de uma nova criação do ser humano. Sem essa Vida que vai mais além da vida, nada daquilo que diz o Evangelho teria sentido.
O Espírito recebido é o critério para discernir as atitudes e as ações que derivam dessa Vida. Essa nova Vida é capacidade de amar como Jesus amou; é “passar pela vida fazendo o bem” (At. 10,38); é força que arranca de tudo aquilo que desumaniza e oprime; é impulso para “estar entre os seus como aquele que serve” (Lc. 22,27).
Dando seu Espírito, Jesus quer que seu Projeto seja também realizado por todos os seus(suas) seguido-res(as). Ele desvela no ser humano todas as suas possibilidades: transcender-se a si mesmo e ativar todas as potencialidades de vida ainda latentes.
“Viver como ressuscitados” implica esvaziar-nos do “ego”, para deixar transparecer o que há de mais divino em nosso interior. É preciso destravar portas e janelas de nossos estreitos lugares para que o novo Sopro do Ressuscitado areje nossa interioridade, ainda envolvida na sombra e no medo. Todos nós temos de passar e superar o mesmo processo vivido pelos discípulos e discípulas, se quisermos entrar na dinâmica da experiência Pascal. A fé no Ressuscitado não significa nada se nós mesmos continuamos vivendo uma vida atrofiada e sem horizontes.
Quem se experimenta a si mesmo como “Vida” é já uma pessoa “ressuscitada”. Nós vivemos já ressuscitados porque o Ressuscitado está em nosso meio, através do seu Espírito que dá a Vida. A Vida definitiva já está alentando nossa vida.
A Ressurreição de Jesus nos convida e nos convoca a um sentido maior de nossa existência e uma maior qualidade de vida em nossas relações. Há “sinais” de Ressurreição perpassando todas as experiências humanas. Da mesma forma como há sinais de morte, também há inúmeros sinais de vida saltando por todos os lados. Cabe a nós, portanto, prestar atenção a esses “sinais” para deixar-nos impactar por eles.
Os sinais da Ressurreição não são diferentes daqueles da Paixão, mas os mesmos: os cravos e a lança. Não nos enganemos, trata-se do Crucificado; Ele é o Ressuscitado. Não há outro modo de encontrá-lo e verificá-lo a não ser tocando a marca dos cravos e o seu lado traspassado. Só que agora quem o vê e o toca, sente a força que o Crucificado/Ressuscitado tem para libertar e curar, para sanar e levantar, para dar vida e vencer a morte. Suas cicatrizes são curativas e sanam aqueles que O contemplam e O descobrem no cotidiano da história. “Tocar” no Ressuscitado é “tocar” a carne dos feridos e excluídos de nosso meio.
Jesus Ressuscitado continua carregando em suas mãos, pés e lado, a ferida da história; não só as chagas dos cravos e o corte da lança em seu próprio corpo, mas a chaga dos enfermos e expulsos, dos famintos e oprimidos... e de todos aqueles que continuam sofrendo ao nosso lado.
Experimentamos a Ressurreição quando somos capazes de acreditar que a boa semente precisa morrer para dar frutos, isto é, que a vida bem vivida é aquela que está a serviço e que deve ser bem cuidada. A Ressurreição acontece quando alimentamos a pequena chama que ainda fumega nos corações desanimados, mas esperançosos; quando acreditamos no ser humano e em suas possibilidades de mudança; quando transformamos escuridão em luz, choro em dança, sofrimento em crescimento.
Vivemos a Ressurreição quando ajudamos os outros a encontrar razões para viver e alimentamos os sonhos por dias melhores, com pão na mesa de todos e com dignidade garantida. A Ressurreição acontece nos pequenos e simples gestos de partilha, de perdão sincero e de confiança alegre. Ela está presente nos corações que mantêm viva a novidade da vida. E se revela na capacidade de ver o mundo e as pessoas com olhar de misericórdia, que reconstrói a existência fragmentada.
Eis por que é fundamental o exercício do olhar transparente, da escuta atenta, da sensibilidade antenada... Importa contemplar o amor entre as pessoas, o cuidado do planeta, o sorriso das crianças, o sofrimento e as limitações humanas, a festa e a alegria, os rostos marcados pelo desgaste do caminho, bem como as lutas e as conquistas cotidianas. Tudo é mensagem, tudo se reveste de sentido.
A Ressurreição de Jesus toca nossa existência e nos possibilita experimentar o céu enquanto caminhamos pela terra, viver o divino misturado com o humano. Assim, o bem, a bondade e a solidariedade nos colocam na perspectiva do paraíso. A Ressurreição nos eleva e nos orienta para o Transcendente e para os valores mais altos, sem perder a simplicidade e complexidade de cada dia.
Ao entrarmos no mistério das coisas, pessoas e acontecimentos, somos banhados pela onda vital que emana de Deus. Dessa maneira, a vida nova resplandece e ilumina a escuridão da humanidade. A perspectiva da Ressurreição nos permite, portanto, dar um salto em direção à vida plena, ainda que marcada pela dor, pela cruz e pelos sinais de derrota. Para os semeadores do bem, a vida é recompensa e fruto. E tem a última palavra...
Texto bíblico: Jo 20,19-31
Na oração: * Preste atenção aos sinais de vida ao seu redor: gestos simples, iniciativas de pessoas e comunidades, posturas éticas e coerentes na política e na Igreja, solidariedade, perdão, acolhimento, voluntariado, cuidado de pessoas e do meio ambiente, etc...
* Faça, diariamente, uma “leitura orante” dos acontecimentos pessoais, sociais, ecle-siais...
* Quê mensagem de Ressurreição você encontra neles? Quê apelos você reconhece nessas experiências?
Fonte: centroloyola.org.br
- Detalhes
Em livro “O silêncio do Rio Comprido”, o jornalista Lélio Fabiano dos Santos, ex-seminarista, conta como foram seus dez anos no Seminário Arquidiocesano de São José, o mais antigo do Rio e do Brasil
Ascânio Seleme
Não são poucos os casos de pedofilia envolvendo padres e bispos relatados em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa. A situação é tão grave e constrangedora que abriu um novo capítulo na História da igreja no pontificado de Francisco. Religiosos que assediam, seduzem e violentam menores estão sendo denunciados e punidos pela Justiça e pela igreja. No Brasil, inúmeros episódios foram descobertos nos últimos anos. Quase todos originados em denúncias encorajadas pela onda de casos tornados públicos ao redor do mundo. Histórias mesmo, como as contadas em Boston, onde 300 padres abusaram de mais de mil vítimas durante 70 anos, apenas agora começam a ser contadas.
O pioneiro é o jornalista Lélio Fabiano dos Santos, ex-seminarista, que lançou no sábado em Belo Horizonte o livro “O silêncio do Rio Comprido”. Em pouco mais de cem páginas, Lélio Fabiano conta como foram seus dez anos no Seminário Arquidiocesano de São José, o mais antigo do Rio e do Brasil. Os casos de assédio e sedução começaram já nos primeiros anos de internato. O jovem seminarista entrou no São José em março de 1952, com dez anos de idade. Ele queria ser padre. Ao sair, com 20 anos, queria distância da igreja, de padres e de bispos.
Dos 27 capítulos do livro, três são dedicados exclusivamente aos casos de assédio sexual e moral que o menino sofreu ao longo dos anos que passou no seminário da Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido. Num dos episódios relatados por Lélio Fabiano, um padre o chama para uma sala de estudos, afrouxa o cinto da calça, abre a braguilha e pede para o menino coçar a sua barriga. Depois manda ele descer as mãos até o seu pênis. O garoto foge em desespero.
Em outro ponto, o ex-seminarista conta como o padre prefeito, o disciplinador do Seminário, cuidava dos meninos que tinham resfriado. Ele levava o enfermo para o seu quarto para que pudesse tomar banho quente, já que apenas nos aposentos dos padres havia água aquecida a gás. O padre então mandava que os garotos, antes de começarem o banho, fossem retirando as roupas enquanto ele ajustava a temperatura da água. E ele repetia uma ordem que o menino seminarista nunca esqueceu: “Vai descendo (as roupas), que eu vou regulando”.
O assédio desse padre era tão disseminado no Seminário que a frase “vai descendo…” era objeto de brincadeiras dos jovens e inocentes seminaristas, alvos da volúpia do padre prefeito. Tanto que os meninos repetiam em coro a ordem do padre no plural, quando se reuniam em intervalos fora das salas de aula: “Vão descendo, que eu vou regulando”, e riam sem entender direito o que era mesmo aquilo.
Foi quase ao final do seu período no internato que o seminarista se deparou com dom Jaime de Barros Câmara, o cardeal arcebispo do Rio e capelão-mor das Forças Armadas. Foi na passagem do Seminário Menor para o Maior onde cumpriria seus últimos três anos antes da ordenação. Dom Jaime recebia cada um dos seminaristas que faziam essa passagem num dos quartos do Seminário. Com o autor, o que ocorreu foi decisivo para que ele desistisse enfim da vida eclesiástica.
Dom Jaime não o molestou sexualmente, mas o assédio moral que Lélio Fabiano sofreu e conta em seu livro ocorreu em torno do ambiente sexista que o perseguiu durante todos os anos que passou internado. Mal iniciado o diálogo com o seminarista, o cardeal o questionou sobre sua castidade. Diante do espanto do aluno, dom Jaime acrescentou: “O senhor me confirma, ou não, que está mantendo uma amizade particular com um colega, o G, meu caro? O senhor teve atitudes libidinosas com ele, é ou não é verdade, meu caro? Até que ponto foram esses atos lascivos, meu caro?”
O seminarista não respondeu, mas queria ter dito ao cardeal que os únicos atos libidinosos e lascivos vividos no Seminário foram com padres e contra a sua vontade. Mas ele não teve coragem. Saiu do quarto e pouco depois abandonou o Seminário. Somente agora, 60 anos depois, conseguiu quebrar o silêncio que rondou o Seminário do Rio Comprido. O livro, editado pela Mazza Edições, é denso e forte. O texto é impecável, e o percurso de suas 111 páginas pode ser feito em pouco mais de uma hora de boa leitura. Fonte: https://oglobo.globo.com
- Detalhes
Tema
A liturgia deste domingo põe em relevo o papel da comunidade cristã como espaço privilegiado de encontro com Jesus ressuscitado.
O Evangelho sublinha a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d’Ele que a comunidade se estrutura e é d’Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.
EVANGELHO (JO 20, 19-31): ATUALIZAÇÃO
A comunidade cristã gira em torno de Jesus, constrói-se à volta de Jesus e é d’Ele que recebe vida, amor e paz. Sem Jesus, estaremos secos e estéreis, incapazes de encontrar a vida em plenitude; sem Ele, seremos um rebanho de gente assustada, incapaz de enfrentar o mundo e de ter uma atitude construtiva e transformadora; sem Ele, estaremos divididos, em conflito e não seremos uma comunidade de irmãos… Na nossa comunidade, Cristo é verdadeiramente o centro? É para Ele que tudo tende e é d’Ele que tudo parte?
A comunidade tem de ser o lugar onde fazemos, verdadeiramente, a experiência de Jesus ressuscitado. É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade, que encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo. É isso que a nossa comunidade testemunha? Quem procura Cristo encontra-O em nós?
Não é em experiências pessoais, íntimas, fechadas, egoístas que encontramos Jesus ressuscitado; mas encontramo-lo no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no pão repartido, no amor que une os irmãos em comunidade de vida. O que é que significa, para mim, a Eucaristia?
*LEIA A REFLEXÃO NA ÍNTEGRA. CLIQUE AO LADO NO LINK- Evangelho do dia.
- Detalhes

Frei Jorge Van Kampen, Carmelita. In Memoriam. (*17/04/1932 + 08/08/2013)
Cada pessoa humana, de vez em quando, é confrontado com perguntas acerca da vida e da morte: perguntas em torno da morte depois da vida, e a vida após a morte. São perguntas difíceis de responder, porque a nossa inteligência não consegue a entender, e a nossa fantasia só chega a fazer exageros.
A Bíblia e a Igreja fazem um apelo a nós para crer na vida depois da morte, mas como será ninguém nos conta, e - como diz o povo – ninguém voltou para cá para nos contar como será isto. Não há mistério, que exige tanta fé, que o mistério da Ressurreição, mesmo assim Paulo, coloca a Ressurreição como ponto da nossa fé. “Porque se os mortos não ressuscitam,” escreve ele, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a fé não vale nada, e continuamos perdidos nos nossos pecados “(1 Cor. 15, 16 e 55). Para saborear o artigo da Fé”: Creio na Ressurreição da carne e na vida eterna: Precisamos meditar sobre isto.
Reflexão.
Quem deixa tocar seu coração, já está comprometido. Diante do desafio arregaça as mangas, diante da alegria e dança, diante da dor que comove. É o sentimento, que abre o coração, cativa à vontade e envolve a pessoa. O que toca o sentimento? Pode ser um olhar, um gesto, uma palavra..., desde que haja um clima, que os faça caminhar seguro aos sentimentos. Mas vejamos como tudo começou; À tardinha, já estava escuro, numa sala, de portas fechadas, estavam os apóstolos com muito medo no coração. Jesus não se escandaliza com a fraqueza humana e se coloca no meio deles. Sentiu a covardia deles, na hora do aperto, mas conhecia o carinho, que lhe devotaram. Jesus não recrimina os discípulos. Oferece a Paz. Eles esperavam tudo menos a saudação da Paz. Parecia um sonho.
Tomé foi o único, que não foi tocado por Jesus. Por isso resiste. Mas basta a presença amiga de Jesus e Tomé se rende. Ninguém resiste a um gesto de amor. Quem se deixa tocar por esta Paz, só pode perguntar: “Senhor, que queres, que eu faço?” E Jesus responde: “Como o Pai me enviou, assim Eu te envio também!”
Resposta à Palavra de Deus.
Assim como na criação do homem Deus, por um supro infundiu vida ao homem. È a vida Cristã. Esta vida é um compromisso com Cristo, de imitá-lo e difundir a Sua Palavra.
- Detalhes
O Senhor morreu e ressurgiu para a nossa alegria, para a nossa felicidade ainda neste mundo, por isso o dom da paz, o dom do perdão dos pecados, o dom do Espírito.
Padre César Augusto dos Santos - Cidade do Vaticano
No início do Evangelho de hoje, que nos relata o cair da tarde no domingo da ressurreição, os discípulos estão amedrontados e se encontram reunidos a portas fechadas. Nada adiantou os relatos daqueles que tiveram a experiência do Cristo Ressuscitado, mas o receio, o medo da morte falava mais alto.
Nesse ambiente o Senhor lhes aparece e lhes dá a paz. Em seguida, para confirmar sua ressurreição, lhes mostra as marcas da paixão em seu corpo. Como sempre, nas aparições após a ressurreição, o Senhor lhes dá a missão de anunciar sua vitória sobre a morte e, agora, lhes dá uma missão até então não conferida: com a efusão do Espírito Santo lhes dá o poder de perdoar os pecados!
O Senhor morreu e ressurgiu para a nossa alegria, para a nossa felicidade ainda neste mundo, por isso o dom da paz, o dom do perdão dos pecados, o dom do Espírito.
Contudo, na comunidade reunida, falta alguém – Tomé. Por que será que o autor do quarto evangelho relata essa ausência de Tomé. Para criticá-lo? Certamente não! Não havia motivo para isso. João aproveita esse episódio para fortalecer nossa fé na ressurreição de Jesus.
Como vimos nos relatos anteriores, apesar de Jesus ter prevenido seus discípulos sobre a sua ressurreição, eles não creram, nem mesmo após o testemunho da Maria Madalena e dos dois de Emaús. Assim também aconteceu com a primeira Comunidade cristã e para muitos de nós.
Por isso, João escreve no final do Evangelho: “Isto foi escrito para que vocês acreditem que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham a vida em seu nome”.
Muitos desejam ver para crer. Contudo, Jesus ressuscitado não pode ser visto com nossos olhos, tocado com nossas mãos, mas apenas é visto e tocado com nossa fé! Se eu vejo, se toco, não preciso ter fé, pois vi e toquei! É aceitar o evidente! Mas o que não vi e nem toquei e, mesmo assim, acredito que exista, isso é fé. À exclamação de Tomé “Meu Senhor e meu Deus!”, Jesus reage: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Isso supõe uma fé genuína, pura. Acreditar somente na palavra de Jesus, por crer em Jesus!
Hoje o Senhor também solicita nossa resposta de amor ao seu Amor. Ele nos ama e está sempre ao nosso lado. Tenhamos para com nosso Senhor um relacionamento afetivo, ele é o nosso maior amigo, é o nosso Senhor e nosso Deus! Fonte: www.vaticannews.va
Pág. 112 de 350




