O Sínodo da Pan-Amazônico foi tema ontem na Assembleia Geral em Aparecida. O Cardeal Dom Cláudio Hummes afirmou que "o Papa Francisco insiste que busquemos alternativas”.

Silvonei José - Aparecida

Penúltimo dia de atividades da 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no Santuário Nacional de Aparecida (SP). A Santa Missa nesta manhã foi presidida por Dom João Francisco Salm, bispo de Tubarão (SC). A celebração foi dedicada ao Regional Sul 4.

No dia de ontem a Santa Missa foi presidida pelo bispo de Miracema do Tocantins (TO), dom Philip Dickmans. A celebração foi em ação de graças pelos regionais da CNBB, em especial, os Regionais Norte 2 e Norte 3, que compreendem os estados de Amapá e Pará, Tocantins e parte do Mato Grosso.

Dom Philip Dickmans iniciou a homilia refletindo as palavras do Senhor: “A paz esteja com vocês, não tenhais medo, coragem, sou Eu”, seguindo com uma reflexão sobre a identidade dos católicos de discípulos e missionários.

Dom Philip lembrou ainda dos 25 anos do Genocídio de Ruanda, que matou ao menos 800 mil pessoas, segundo a ONU, por perseguições, e destacou que na semana passada o estado Islâmico informou nas redes sociais que vão continuar os ataques contra cristãos. Antes de finalizar a homilia, dom Philip citou São Oscar Romero.

Na primeira sessão de ontem, quarta-feira, 8 de maio, os bispos reelegeram dom José Antonio Peruzzo como presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética.

Foi reeleito ainda ontem, como presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB, dom Pedro Carlos Cipollini, bispo de Santo André (SP). Já para a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia foi eleito Dom Edmar Peron, bispo de Paranaguá, PR.

‘Meeting Point’

A atuação da Igreja no Brasil em relação à situação dos imigrantes venezuelanos, que buscam refúgio no País, foi pauta do ‘Meeting Point’ de ontem, durante a Assembleia em Aparecida. O trabalho da Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) também esteve entre os temas.

O bispo da Diocese de Pesqueira (PE) e referencial do Setor de Combate ao Tráfico Humano da CNBB, Dom José Luiz Ferreira, e o bispo de Roraima e coordenador do Projeto Caminhos de Solidariedade: Brasil & Venezuela, Dom Mário Antônio da Silva participaram do debate.

Situação dos imigrantes venezuelanos

Segundo Dom Mário Antônio, dados de organismos da Organização das Nações Unidas (ONU) estimam que 96 mil venezuelanos já tenham entrado no Brasil. Só o estado de Roraima recebeu 50 mil imigrantes, representando mais de 10% da população total de imigrantes.

O bispo falou sobre os esforços da diocese, da Cáritas, do Serviço Pastoral do Migrante, do Estado de Roraima e do Governo Federal, através do Ministério da Defesa, para o acolhimento desses migrantes.

Caminhos de Solidariedade

Dom Mario explicou que a capital roraimense (Boa Vista) é o ponto de partida do plano, que pretende alcançar cidades do país inteiro, sobretudo aquelas onde o fluxo de pessoas que vêm para o Brasil é maior.

O bispo fez um apelo às pessoas e dioceses para que se cadastrem no site do projeto e preencherem o formulário de acolhimento, para receber uma família migrante ou pessoas venezuelanas. “Que possamos abrir o nosso coração, pois a solidariedade gera vida nova, dá esperança e nos faz crescer na fraternidade”, finalizou.

Enfrentamento ao Tráfico Humano

Dom José Luiz Ferreira falou sobre o cenário das migrações venezuelanas, particularmente dos atos de violência que atingiram os imigrantes que fogem da fome e da falta de condições de vida em seu país.

O bispo de Pesqueira fez referência ao projeto, que nasceu a partir de uma visita da Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB à Diocese de Roraima, e se concretizou após uma oficina de planejamento, organizada pela Cáritas Brasileira em julho de 2018, com a participação das entidades envolvidas no Plano, em Brasília (DF).

“A Comissão quer atuar tanto na prevenção como também atuar para que as situações deixem de ser invisíveis”, afirmou.

Sínodo da Pan-Amazônico

O Sínodo da Pan-Amazônico foi tema ontem na Assembleia Geral aqui em Aparecida. O Cardeal Dom Cláudio Hummes nomeado, pelo Papa Francisco como relator geral do Sínodo Pan-Amazônico afirmou que "o Papa Francisco insiste que busquemos alternativas. Não devemos traçar os mesmos caminhos do que não deu certo. O Sínodo deve enfrentar as surpresas da caminhada. A Igreja está a serviço da humanidade, por isso, a importância de debater esse tema", destacou. Fonte: www.vaticannews.va