1) Oração

Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós.Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 8,11-13)

Naquele tempo, 11Os fariseus vieram e puseram-se a disputar com ele e pediram-lhe um sinal do céu, para pô-lo à prova. 12Jesus, porém, suspirando no seu coração, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo: jamais lhe será dado um sinal. 13Deixou-os e seguiu de barca para a outra margem.

3) Reflexão Mc 8,11-13

*  A partir de hoje, o evangelho diário retoma a leitura contínua do Evangelho de Marcos, interrompida no dia 5 de março, véspera da quaresma.

Marcos 8,11-13Os fariseus pedem um sinal do céu.

O Evangelho de hoje traz uma discussão dos fariseus com Jesus. Como Moisés no Antigo Testamento, Jesus tinha alimentado o povo faminto no deserto, realizando a multiplicação dos pães (Mc 8,1-10). Sinal de que ele se apresentava ao povo como um novo Moisés. Mas os fariseus não foram capazes de perceber o significado da multiplicação dos pães. Eles começam a discutir com Jesus e pedem um sinal, “vindo do céu”. Não tinham entendido nada de tudo que Jesus tinha feito. “Jesus suspira profundamente”, provavelmente de desgosto e de tristeza diante de tão grande cegueira. E ele conclui: “Nenhum sinal será dado a esta geração!”  Deixou-os de lado e foi para o outro banda do lago. Não adianta mostrar uma pintura bonita a quem não quer abrir os olhos. Quem fecha os olhos não pode ver!

O perigo da ideologia dominante. 

Aqui se percebe claramente como o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15), a ideologia dominante da época, fazia as pessoas perder a capacidade de analisar com objetividade os acontecimentos. Esse fermento já vinha de longe e tinha raízes profundas na vida do povo. Chegou a contaminar a mentalidade dos próprios discípulos e neles se manifestava de muitas maneiras. A formação que Jesus lhes dava procurava combater e erradicar esse “fermento”. Eis alguns exemplos desta ajuda fraterna de Jesus aos discípulos. 

*  1. Mentalidade de grupo fechado. Certo dia, alguém que não era da comunidade, usava o nome de Jesus para expulsar os demônios. João viu e proibiu: “Impedimos, porque ele não anda conosco” (Mc 9,38). João pensava ser o monopólio sobre Jesus e queria proibir que outros usassem o nome dele para realizar o bem. Queria uma comunidade fechada sobre si mesma. Era o fermento de "Povo eleito, Povo separado!". Jesus responde: "Não impeçam!... Quem não é contra é a favor!" (Mc 9,39-40).

*  2. Mentalidade de grupo que se considera superior aos outros. Certa vez, os samaritanos não queriam dar hospedagem a Jesus. A reação de alguns discípulos foi imediata: “Que um fogo do céu acabe com esse povo!” (Lc 9,54). Achavam que, pelo fato de estarem com Jesus, todos deveriam acolhê-los. Pensavam ter Deus do seu lado para defendê-los. Era o fermento de “Povo eleito, Povo privilegiado!”. Jesus os repreende: "Vocês não sabem de que espírito estão sendo animados" (Lc 9,55)

*  3. Mentalidade de competição e de prestígio. Os discípulos brigavam entre si pelo primeiro lugar (Mc 9,33-34). Era o fermento de classe e de competição, que caracterizava a religião oficial e a sociedade do Império Romano. Ela já se infiltrava na pequena comunidade ao redor de Jesus. Jesus reage e manda ter a mentalidade contrária : "O primeiro seja o último" (Mc 9, 35).

*  4. Mentalidade de quem marginaliza o pequeno.  Os discípulos afastavam as crianças. Era o fermento da mentalidade da época, segundo a qual criança não contava e devia ser disciplinada pelos adultos. Jesus os repreende: ”Deixem vir a mim as crianças!” (Mc 10,14). Ele coloca criança como professora de adulto: “Quem não receber o Reino como uma criança, não pode entrar nele” (Lc 18,17).

*  Como no tempo de Jesus, também hoje, a mentalidade neoliberal da ideologia dominante renasce e reaparece até na vida das comunidades e das famílias. A leitura orante do Evangelho, feita em comunidade, pode ajudar-nos a mudar em nós a visão das coisas e a aprofundar em nós a conversão e a fidelidade que Jesus pede de nós.

4) Para um confronto pessoal

1) Diante da alternativa: ter fé em Jesus ou pedir um sinal do céu, os fariseus queriam um sinal do céu. Não foram capazes de crer em Jesus. Será que já aconteceu algo assim comigo? Que escolha eu fiz?

2) O fermento dos fariseus impedia os discípulos e as discípulas de perceber a presença do Reino em Jesus. Será que existe algum resto do fermento dos fariseus em mim?

5) Oração final

Vós que sois bom e benfazejo, ensinai-me as vossas leis. (Sl 118, 68)