Olhar Jornalístico

Criança sobrevive por dias ao lado dos pais mortos em acidente em rodovia de Pernambuco

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Publicado em 01 outubro 2025
  • Criança sobrevive por dias ao lado dos pais mortos
  • Casal morreu após colidir com cavalo e sair da pista na BR-424,
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  • Acidentes fatais

Menino de 5 anos foi encontrado nesta segunda (29) por morador próximo ao carro capotado

Casal morreu após colidir com cavalo e sair da pista na BR-424, no agreste do estado

 

O carro foi encontrado nesta segunda-feira (29) às margens da BR-424, em Garanhuns, no agreste de Pernambuco - Divulgação/PRF

 

Rio de Janeiro

Um menino de 5 anos sobreviveu por dias ao lado dos pais mortos após um acidente no quilômetro 95 da BR-424, em Garanhuns, no agreste de Pernambuco.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, a suspeita inicial é de que o motorista tenha colidido contra um cavalo, perdido o controle da direção e saído da pista, capotando em seguida.

O carro permaneceu escondido da vista até ser localizado nesta segunda-feira (29), quando um morador da região encontrou a criança próxima ao veículo e acionou os socorristas. O pai, de 31 anos, e a mãe, de 33, morreram no local.

O menino, que estava em uma cadeirinha, resistiu ao impacto e foi encontrado consciente, sem ferimentos aparentes. Para a PRF, o uso do assento foi determinante para que a criança conseguisse sobreviver ao capotamento.

A criança foi encaminhada ao Hospital Dom Moura, em Garanhuns, para avaliação médica.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a corporação foi acionada por volta das 14h desta segunda. Os militares realizaram o desencarceramento dos corpos, que ficaram presos às ferragens, e constataram a morte no local. O menino, já fora do veículo, foi conduzido pela equipe até a unidade hospitalar.

Além dos bombeiros e da PRF, também atuaram na ocorrência o Instituto de Criminalística, a Polícia Militar e a Polícia Civil.

Em nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia da 134ª Circunscrição de Garanhuns instaurou inquérito para investigar as circunstâncias do acidente. A corporação destacou que as vítimas foram encontradas dentro do carro e que a criança foi socorrida e levada ao hospital. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Os muros que nos dividem

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Publicado em 27 setembro 2025
  • Os muros
  • fronteiras
  • ideologias
  • credos diferentes,
  • narrativas distintas,
  • A polarização
  • polarização

Fazer política é construir democracia, ou seja, é saber ultrapassar os muros e ir além da indignação

 

*Por Marco Aurélio Nogueira

Sociedades estão repletas de muros. Alguns são altos, ameaçadores e difíceis de escalar; outros são tão naturais que quase não os percebemos.

Muros separam, desde logo, classes e grupos. Os mais ricos não se misturam com os mais pobres. As classes médias flutuam entre um muro e outro. Migrantes e imigrantes distinguem-se dos locais, permanecendo, em regra, distantes deles, que não os acolhem. Muros segregam. Há inúmeros deles no mundo: Estados, fronteiras, potências, nações, territórios. A desigualdade de renda e de inclusão estampa o muro mais brutal da nossa época.

Muros variam conforme os tempos e as gerações. Em sociedades tradicionais, eles são baixos e compactos: deixam as pessoas com pouca liberdade. Os indivíduos demoram para se soltar de famílias, igrejas, hierarquias, costumes. Sociedades modernas têm muros mais fluidos, as pessoas escapam deles com facilidade, nem por isso deixam de senti-los.

Muros controlam. Os poderosos fazem uso deles para impedir que pessoas se encontrem, elaborem ideias comuns e ajam de acordo com elas. Muros protegem e disciplinam: dificultam que pessoas do interior se exponham aos “perigos” do exterior desconhecido e aprendam a se comportar de uma dada maneira. Geram obediência.

Muros são simbólicos. Separam igrejas e religiões, raças e etnias, opiniões e ideologias. São institucionais e territoriais: fronteiras federativas beneficiam os respectivos entes, distritos fixam direitos e deveres. A burocracia é feita de casinhas trancadas à chave. Os partidos convivem com pequenos muros dentro deles, as direções e as bases, as alas e correntes.

Sociedades complexas são diferenciadas. Hoje, foram abalroadas pela hipermodernidade: globalização, mercados insaciáveis, aceleração, revolução tecnológica. Comportamentos, ideias, ritos, linguagem e valores saíram do lugar. Perdeu-se coesão e solidariedade. Há muros por todos os lados, embora a aparência seja de uma pista sem obstáculos. A política decaiu em qualidade, senso de proporção e responsabilidade. Virou uma corporação e, com isso, se divorciou da sociedade.

As sociedades carecem de instituições que as organizem. A polarização se aprofundou. Na política, o centro ficou opaco, sem sedução. Populistas polarizadores se encarregam de inviabilizá-lo, porque o temem. O discurso de ódio, raiva, desconfiança e indignação tomou conta do cenário. O conflito é a regra, o consenso é a exceção. Há que haver muito empenho e boa cultura política para que os que pensam diferente se unam em torno de algo comum.

Quando a política chega ao extremo de ter dois polos inimigos entre si, a moderação e a conciliação perdem espaço. Pulverizada em redes, a população se intoxica com as narrativas e os vetos recíprocos entre os polos. Fecham-se as frestas para soluções alternativas e projetos de futuro. Tanto faz se a polarização é entre esquerda e extrema direita, democratas e autoritários, conservadores e progressistas. Ela sempre inviabilizará uma união que faça a força. Com a política sendo feita com os mais chegados, os outros sendo tratados como inimigos, não como adversários e eventuais companheiros de viagem.

Hoje, os democratas mais velhos não conseguem dialogar com os democratas mais jovens. O muro geracional atravanca os espaços democráticos.

Fazer de um novo jeito predomina entre os jovens, como sempre aconteceu na passagem das gerações. Ocorre, porém, que os jovens falam outra língua, esposam outros valores e comportamentos. Voltaram-se para dentro de si, colocam-se questões “públicas” condizentes com suas expectativas. Não aceitam e não entendem o que falam os mais velhos. Há uma discrepância no plano da linguagem. De um lado, sobra impaciência, de outro falta atualização.

As novas gerações, por exemplo, não compreendem a ideia da democracia como valor universal; querem uma democracia imediata, que esteja a seu serviço, que absorva suas pulsões particulares. Os mais velhos, ao contrário, pensam que a democracia tem tempos longos e deve ser universalista: direitos iguais para todos, eleições regulares, imprensa livre, negociações exaustivas, consensos mínimos e pactos sempre que possível.

Os democratas estão separados por narrativas distintas, credos diferentes, ideologias e fidelidades cristalizadas. Não entendem a política democrática do mesmo modo. Alguns se empenham para encontrar caminhos que atenuem a polarização, valorizem o equilíbrio fiscal e a boa gestão pública. Outros querem ser revolucionários e se vangloriam dos muros que construíram para si mesmos, atuam em nome de uma “verdade” histórica sustentada por teorias e ideologias envelhecidas, que não conversam com a realidade atual.

Mesmo assim, a sociedade se mexe, como ocorreu em 21 de setembro. Movidas pela indignação cívica, as pessoas não aceitam o que se passa no Congresso. As ruas deram um alerta e um recado. Acenderam uma chama de esperança em favor da ideia de que fazer política é construir democracia, ou seja, é saber ultrapassar os muros e ir além da indignação.

 

*Opinião por Marco Aurélio Nogueira

Professor titular de Teoria Política da Unesp

Fonte: https://www.estadao.com.br

Tiros em escola em Sobral: cinco alunos são baleados; dois morreram

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Publicado em 25 setembro 2025
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  • Dois alunos morreram e três ficaram feridos após serem atingidos por tiros na Escola Estadual Luiz Felipe,
  • Sobral,
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Os estudantes mortos estavam no pátio da escola quando foram baleados nesta quinta (25). Criminosos fizeram os disparos da calçada da escola.

 

Dois alunos morrem baleados e dois são feridos a tiros em escola em Sobral, no interior do Ceará — Foto: Mateus Ferreira/TV Verdes Mares

 

Por Mateus Ferreira, g1 CE

Dois alunos morreram e três ficaram feridos após serem atingidos por tiros na Escola Estadual Luiz Felipe, em Sobral, no interior do Ceará, na manhã desta quinta-feira (25).

As vítimas foram identificadas como Vitor Guilherme, conhecido como VG, e Cláudio.

Os estudantes mortos estavam no pátio da escola quando foram baleados.

A motivação do crime ainda não foi esclarecida. Vídeos mostram que os criminosos dispararam da calçada, pela grade da escola.

Os três alunos feridos foram levados para uma unidade de saúde por ambulâncias do Samu. Dois deles receberam alta horas depois; um continua internado.

 

Duas pessoas foram mortas e outras duas baleadas em escola em Sobral

Dois alunos foram mortos e três ficaram feridos após serem atingidos por tiros na Escola Estadual Luiz Felipe, em Sobral, no interior do Ceará, na manhã desta quinta-feira (25).

As vítimas tinham 16 e 17 anos e foram identificadas como Vitor Guilherme e Cláudio, conforme apurou a reportagem da TV Verdes Mares.

Câmeras de segurança filmaram o momento em que dois criminosos chegam de moto, estacionam em uma rua ao lado, correm até a escola e fazem os disparos da calçada, pela grade. O pátio da escola estava cheio porque os alunos estavam no intervalo entre as aulas.

Já em outras imagens, os dois homens armados aparecem correndo pela Rua Brasil Oiticica em direção à grade da escola. Em seguida, eles dispararam contra um grupo de alunos que estava próximo a uma árvore, enquanto parte dos adolescentes corre em direção ao prédio.

Os três alunos feridos foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levados para a Santa Casa de Misericórdia de Sobral. No início da tarde, o hospital informou que dois deles receberam alta. O terceiro adolescente permanecia internado até a última atualização desta reportagem.

A motivação do crime ainda não foi esclarecida. A TV Globo apurou que uma das linhas de investigação é que os crimes tenham elo com uma possível disputa de organizações criminosas.

Na ocorrência, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública, uma quantidade de droga, balança de precisão e embalagens foram apreendidas com uma das vítimas.

"A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará informa que todos os esforços das Forças de Segurança estão sendo empregados neste momento para localizar e capturar os envolvidos nas mortes de dois adolescentes", afirmou a pasta.

Na quarta-feira (24), houve uma tentativa de homicídio ao lado de outra escola pública em Sobral, no Bairro Sumaré. Não se sabe ainda se os dois crimes estão relacionados.

O governador do Ceará, Elmano de Freitas, disse que enviou a cúpula da Secretaria da Segurança para Sobral para reforçar a investigação do caso. "Externo minha solidariedade aos familiares e amigos das vítimas desse ato tão cruel", disse.

A Secretaria da Educação do Ceará, em nota, lamentou o caso. Não haverá aula na unidade na sexta-feira (26). "A comunidade escolar também contará com suporte dos profissionais de Psicologia da Coordenadoria Regional no retorno às aulas, a partir de análise da escola e da própria Crede", informou.

Já o prefeito de Sobral, Oscar Rodrigues, afirmou que utiliza a Guarda Municipal no entorno da escola para reforçar a segurança e vai fornecer "apoio integral" às famílias atingidas.

 

'Passaram atirando', diz aluno

Um aluno, que conhecia as vítimas, mas faltou à aula nesta quinta, disse que acordou surpreso com a notícia. "Hoje eu não vim, não sei se foi livramento, coincidência, não sei. Mas a gente sempre fica ali [no pátio]. E hoje, falaram que passaram atirando. E quando eu acordei, já foi com a notícia", afirmou.

Outro aluno relatou medo após os tiros. "Não dá nem mais ânimo, assim, de vir, porque a gente vai estar correndo risco, né?". Ele informou que os alunos foram liberados das atividades nesta quinta (25), mas que ele e alguns colegas têm receio de retornar às aulas.

 

Ministro da Educação lamenta caso

O ministro da Educação, Camilo Santana, que é cearense, usou as redes sociais para lamentar o caso. "Recebi com tristeza e indignação a notícia de violência à Escola Estadual Luiz Felipe, em Sobral, no Ceará, que resultou na morte de dois estudantes e deixou outros feridos", disse.

Camilo disse que telefonou para o governador do Ceará, Elmano de Freitas, e para o prefeito Oscar Rodrigues, colocando toda a estrutura do MEC à disposição.

"Nossas equipes especializadas em situações de crise e violência extrema já acompanham o caso de perto, por meio do Núcleo de Resposta e Reconstrução de Comunidades Escolares", explicou o ministro.

"A hora é de unir forças e trabalharmos, juntos, para preservar a escola como espaço sagrado, lugar de paz e de acolhimento. Meus sentimentos e minha solidariedade às famílias das vítimas, estudantes, professores e toda a comunidade escolar", complementou Camilo.

 

Ministério Público acompanha

Uma comitiva do Ministério Público do Estado do Ceará esteve presente em uma visita à escola no início da tarde desta quinta-feira (25).

Conforme o promotor de Justiça José Borges de Morais, uma das prioridades é promover o acolhimento das vítimas da violência cometida na escola.

O promotor também comentou que o órgão acompanha as investigações policiais para apurar as motivações do ataque.

“O Ministério Público está atuando nesse caso em duas frentes. A primeira delas é exatamente acompanhar as investigações policiais pra poder dar uma resposta estatal forte contra o crime, eventualmente contra o crime organizado. E o Ministério Público vai buscar a responsabilização de todos aqueles que estão envolvidos com esse caso”, afirmou o promotor de Justiça em entrevista à TV Verdes Mares.

 

Caso em Sobral em 2022

Essa não é a primeira vez que uma escola da cidade registra morte de aluno por tiro. Em 2022, um jovem atirou contra três colegas na sala de aula, em outra escola estadual da cidade. Na ocasião, um jovem de 15 anos não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

 

Perfil da escola

A escola é estadual e concentra turmas apenas do ensino médio. São 1.159 alunos e 54 professores, de acordo com o Censo Escolar 2024, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

No 3º ano do ensino médio, apenas 38% dos alunos tinham conhecimentos adequados de português em 2023, segundo o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

Por outro lado, há destaques acadêmicos positivos: no Enem 2024, 9 alunos da escola tiraram 900 pontos ou mais na redação (o máximo, alcançado por pouquíssimos candidatos no Brasil, é de mil pontos). Outros 23 alcançaram pelo menos nota 800.

A escola ofereceu, no 1º semestre de 2025, uma formação em cidadania, visando ao desenvolvimento de relações saudáveis dentro e fora da instituição de ensino. Fonte: https://g1.globo.com

146 defensores ambientais foram mortos ou desapareceram em 2023, aponta ONG

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Publicado em 17 setembro 2025
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  • ONG internacional Global Witness
  • Santos Dealdina Mbaye,
  • Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas
  • Comunidades Negras Rurais Quilombolas
  • assassinatos de defensores ambientais

Brasil teve 12 assassinatos registrados e ocupa 4º lugar em ranking mundial. No ano anterior, país tinha sido 2º colocado, com 25 mortes de ambientalistas

 

Agricultores, vaqueiros e fecheiros reconstroem um rancho, protegidos pela polícia militar, na Vereda da Felicidade, um território de fecho de pasto em disputa com grileiros, na zona rural de Correntina, no oeste da Bahia - Lalo de Almeida -

 

Jéssica Maes

São Paulo

Pelo menos 142 ativistas foram mortos e quatro desapareceram em todo o mundo no ano passado defendendo suas terras, comunidades ou o meio ambiente. Desde 2012, o número de defensores mortos ou desaparecidos chega a pelo menos 2.253.

Os dados são do relatório anual da ONG internacional Global Witness e foram divulgados nesta quarta-feira (17). Mais uma vez, os povos indígenas foram vítimas de cerca de um terço dos ataques letais, apesar de constituírem cerca de 6% da população global.

A América Latina segue sendo o lugar mais perigoso para defensores ambientais, com 117 assassinatos em 2024 —o que equivale a oito em cada dez mortes ao redor do globo.

A Colômbia liderou o ranking mundial pelo terceiro ano consecutivo, com 48 assassinatos. Em seguida vem a Guatemala, onde 20 defensores foram mortos no último ano, um aumento expressivo em relação às quatro mortes em 2023.

Ao menos 18 defensores foram mortos no México e 12 no Brasil. As Filipinas registraram sete assassinatos, enquanto Honduras e Indonésia tiveram cinco mortes cada.

Quatro defensores desapareceram em 2024 e não foram encontrados: um no Chile, um em Honduras, um no México e um nas Filipinas.

Os números do ano passado representam uma melhora significativa dos índices brasileiros: em 2023, tinham sido registrados 25 assassinatos de defensores ambientais e o país ocupava o segundo lugar no ranking mundial.

Metade dos mortos em 2024 no Brasil eram pequenos agricultores. Quatro indígenas foram assassinados, assim como um defensor afrodescendente.

A organização destaca, porém, que apesar da redução no número de homicídios, ataques não letais continuam generalizados em todo o país, chamando atenção para os números da Comissão Pastoral da Terra, que registrou 481 casos de tentativa de homicídio, 44% dos quais contra povos indígenas e 27% contra quilombolas.

"Com laços mais estreitos com as terras em que vivemos, nossas práticas tradicionais resultam em um mundo mais sustentável. Ao nos conceder direitos à terra, nosso planeta fica melhor", afirma em comunicado a ativista Selma dos Santos Dealdina Mbaye, coordenadora política na Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas).

"Mas precisamos de mais do que direitos à terra. Muitas vezes, somos vítimas de uma violência indizível. Pelo menos 413 defensores da terra e do meio ambiente foram mortos ou desapareceram no Brasil desde 2012 —36 dos quais eram afrodescendentes", ressalta ela.

Ainda que o relatório não detalhe a motivação das agressões, o documento aponta a constante impunidade como um dos motivadores para os crimes.

O documento também afirma que o setor da mineração é o mais letal, com 29 casos registrados em 2024, seguido de extração de madeira, com oito casos, e agronegócio, com quatro. Obras de infraestrutura, caça ilegal e o setor hidrelétrico também motivaram ataques letais.

Crime organizado, agentes governamentais, milícias, corporações, proprietários de terra e seguranças privados estão entre os atores apontados como perpetradores da violência.

"Defender-se contra a injustiça nunca deveria ser uma sentença de morte", afirma a autora principal do relatório, Laura Furones, em comunicado. "É fundamental que governos e empresas mudem o rumo para defender os direitos dos defensores e protegê-los em vez de persegui-los. Precisamos desesperadamente de defensores para manter nosso planeta seguro. Se virarmos as costas para eles, renunciamos ao nosso futuro." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Hermeto Pascoal, imparável: disco para a esposa, livro e exposição exploram as facetas do bruxo

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Publicado em 14 setembro 2025
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  • Alagoano Hermeto Pascoal,

Hermeto Pascoal, imparável: disco para a esposa, livro e exposição exploram as facetas do bruxo

Biografia e mostra em São Paulo revisitaram a carreira longeva do artista, que morreu aos 89 anos no último sábado

 

Hermeto Pascoal, o multi-instrumentista, morre aos 89 anos

 

Hermeto Pascoal pensava como música. O músico multi-instrumentista sabia estar aberto à inspiração que chega como o vento, como um fluxo contínuo, passava por ele e se transformava em partitura. Aos 87 anos, na última vez que falou com o Estadão, ele não se forçava a fazer música, ela fluía. Se for premeditado, não tem pureza.

O artista alagoano morreu neste sábado, 13 de setembro de 2025, no Rio de Janeiro.

“Nada é premeditado”, disse ele, ao telefone, para o Estadão, em maio do ano passado. “As coisas vêm até mim, eu não preciso chamar. Comparo o meu sentir com o vento, com a luz, com o sol, o céu, as estrelas. Tudo roda, não para. Pelo contrário, se transforma.”

Não por acaso, as pessoas ao redor do bruxo, como era carinhosamente chamado, já sabem que precisam estar atentas às todas as interações dele. Quando menos se espera, Hermeto podia entregar a um desconhecido uma música escrita em um guardanapo, ou folha de caderno, criada ali na hora. Seus produtores, sempre atentos, são sugeridos a fotografarem cada partitura, para catalogá-la e cadastrá-la.

Talvez um dos trabalhos mais hercúleos da música brasileira atual seja o de catalogação das músicas de Hermeto Pascoal. Durante a pandemia, foram registradas mais de mil músicas em nome dele. Tudo, absolutamente tudo que existe em papel, está acondicionado em um apartamento no bairro do Jabour, na zona oeste do Rio de Janeiro. A poucos metros de distância deste apartamento, Hermeto vive ao lado do filho e nora, Fábio Pascoal e Jeane.

Neste arquivo gigantesco vertical, de gavetas, em que tudo está catalogado, havia um livro de partituras de capa cinza e branca. Um caderno Rialto de 200 páginas, da Casa Manon, icônica loja de instrumentos musicais de uma época boêmia de São Paulo, então localizada na Rua 24 de abril. Ali, estavam 198 partituras de músicas - choros, em sua maioria - criadas por Hermeto Pascoal, entre 4 de setembro de 1999 até 20 de março de 2000.

 

Dona Ilza da Silva, esposa de Hermeto Pascoal por 46 anos, morreu alguns meses depois da última partitura ter sido escrita, em 1º de novembro de 2000.

Há, entre os fãs de Hermeto, aqueles mais ardosos, quase como historiadores do bruxo, quem conhecia o livro. Era chamado de “o livro da Ilza”. Hermeto caminhava para cima e para baixo com o livro e o entregava às pessoas do convívio para que deixassem recados para a esposa nas primeiras folhas. “Amiga eterna em nossos corações”, diz uma dedicatória. “Ilza, que saudade daquela feijoada”, dizia outro.

Se durante a pandemia, o trabalho era catalogar e digitalizar o que havia sido escrito, no mundo pós-Covid, a ideia é colocar esse material no mundo. O primeiro projeto é Pra Você, Ilza, um álbum lançado nesta terça-feira, 28, pela editora Rocinante, em vinil (R$ 165) e nas plataformas de música por streaming.

 

Um álbum de choro, mas não só

Em uma conversa entre o produtor Flavio de Abreu e Fábio Pascoal, filho e percussionista d’O Grupo, nome do conjunto a acompanhar musicalmente Hermeto, durante uma turnê no Japão, em novembro de 2023, o livro dedicado à Ilza foi lembrado.

Em fevereiro de 2024, Hermeto e o Grupo já estavam reunidos no Estúdio Rocinante, na região serrana do estado do Rio, para a gravação das 13 faixas.

Neste disco, Hermeto mostra a maestria. Da folha de partitura, ele tinha uma melodia e harmonia. A partir dali, ele, André Marques (piano), Jota P (saxofone), Itiberê Zwarg (baixo), Ajurinã Zwarg (bateria) e Fábio Pascoal (percussão) criaram cada uma das músicas, seus arranjos, viradas e solos. Como um maestro, Hermeto usa sua musicalidade quase sobrenatural para reger, criar e expandir o que havia criado naquela folha de papel, com fraseados, loopings, e improviso.

“Gravamos neste lugar maravilhoso”, lembra-se Hermeto. “O grupo é muito bom, são músicos intuitivos, com facilidade de escrever as coisas também. Tocamos sem decorar. Fazíamos um pouco, depois quando voltávamos, já era outra coisa. Como digo: a criatividade é como o vento, não para.”

Por limitações físicas, o álbum digital tem três músicas a mais do que a versão em vinil - são elas Voltando Para casa, Na Feira do Jabour e No Topo do Morro de Aracajú - além de algumas pequenas mudanças na ordem das músicas para facilitar a narrativa.

O que costura cada uma das músicas, sobretudo, não é uma linha de raciocínio, com uma história contrata cronologicamente - talvez até porque, com Hermeto Pascoal, nada é tratado de firma linear, com começo, meio e fim.

“O que existe é um olhar sobre o todo. Da imaginação que veio e passou também”, explica Hermeto. ‘É preciso deixar a mente aberta para que essas coisas venham para a gente.”

Pra Você, Ilza então, é um disco sobre sensações e sentimentos. De modo geral, o que emana de cada uma das músicas é leveza, é amor cotidiano, como se Hermeto Pascoal fotografasse momentos de rotina ao lado da esposa com quem teve seis filhos, e transformasse a memória em sentimento, o sentimento em harmonias, notas e melodias. Não por acaso, Voltando Para Casa é cheia da excitação e saudade, enquanto Recordações de Recife é energética e, ao mesmo tempo, saudosa, enquanto Seus Lindos Olhos tenha uma repetição mais demarcada, como se Hermeto quisesse capturar um mesmo olhar recebido de Dona Ilza, algumas vezes nestas cinco décadas de coexistência entre eles.

Na capa, uma foto de Hermeto Pascoal e Ilza, tirada em novembro de 1999. Ela sorri, abraçada por ele, no registro em preto e branco. “É uma foto tirada depois do almoço”, recorda-se ele.

Este álbum não é, de forma alguma, triste ou melancólico. Hermeto acredita que viemos a este planeta com algum propósito. Que o que existe dentro de cada um de nós, a alma, está pronta para voltar para o ludar de onde viemos. “A gente sai de lá, fica um pouco aqui e volta para lá”, ele diz

 

Livro e exposição no Sesc

Não foi premeditado que Hermeto esteja em tantos lugares ao mesmo tempo. Além do álbum de inéditas, o bruxo também é tema da biografia Quebra Tudo!, a Arte Livre de Hermeto Pascoal (Kuarup, 280 pág, R$ 60), de Vitor Nuzzi, e da exposição Ars Sonora – Hermeto Pascoal (Sesc Bom Retiro, Alameda Nothmann, 185 - Campos Elíseos), aberta a partir deste 28 de maio e visitação até 3 de novembro.

Nuzzi, indicado ao prêmio Jabuti pelo livro Geraldo Vandré - Uma Canção Interrompida, fez um trabalho minucioso, com 50 entrevistas, para tentar documentar a riqueza da história de Hermeto, do nascimento em Alagoas, passando pela mudança para o Rio de Janeiro e o início da vida como artista autodidata. De pesquisa intensa, o livro documenta de forma bastante segura a vida e os feitos de Hermeto Pascoal - para um artista que acumula tantas histórias e músicas, um material desse vem bem a calhar.

Já a exposição mostra Hermeto Pascoal na condição de artista plástico, com a curadoria de Adolfo Montejo Navas, com entrada gratuita. Nela, estarão expostos parte do material que passou pelas mãos e anotações de Hermeto, como panos de prato, toalhas de mesa, sacolas, brinquedos, chapéus. Tudo vira partitura ou poesia, sempre.

Nenhuma das duas produções tem a criação vinda da equipe de Hermeto Pascoal, mas isso faz sentido.

Hermeto é, como ele mesmo diz ao Estadão, alguém do agora, do momento, da existência do presente. Isso não significa que ele ignora o passado, claro, mas este esmiuçamento do que passou ele deixa para os outros. Segundo a produção de Hermeto, novos discos vem aí, inclusive novas prensagens de clássicos.

“As pessoas falam do passado como se ele não prestasse”, valia Hermeto. “O passado está segurando eternamente o presente.” Ele respeita o passado, mas deixa-o para trás. Por isso, não para de escrever novas músicas. “Vem fácil porque minha mente está sempre aberta. Deixo ela assim, pronta para receber estas coisas. São intuições”, encerra o músico, como se fosse realmente fácil. Bom, no caso dele, até é. Fonte: https://www.estadao.com.br

'Atiraram na direção da minha cabeça e falaram que não queriam um novo Tim Lopes', conta cinegrafista espancado por traficantes na Vila Aliança André Muzell, do Canal Factual RJ, foi atacado por 15 criminosos armados, teve dentes quebrados e perdeu R$ 40.

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Publicado em 05 setembro 2025
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André Muzell, do Canal Factual RJ, foi atacado por 15 criminosos armados, teve dentes quebrados e perdeu R$ 40 mil em equipamentos; ele recebeu alta e lançou vaquinha para reposição dos materiais

 

O cinegrafista André Muzell, espancado por criminosos durante cobertura da operação na Vila Aliança — Foto: reprodução

 

Por Anna Bustamante

 — Rio de Janeiro

O repórter cinematográfico André Muzell, que trabalha no Canal Factual RJ, foi agredido por traficantes da Vila Aliança, na Zona Oeste do Rio, durante a cobertura da operação policial que deixou seis mortos nesta quinta-feira na comunidade. Ao GLOBO, André contou ter sido surpreendido por 15 criminosos, que o agrediram, sobretudo, no rosto, fazendo com que ele perdesse dois dentes. Ele foi socorrido no Hospital municipal Albert Schweitzer, em Realengo, e já recebeu alta, segundo a unidade.

— Chegaram a atirar na minha cabeça, mas a arma falhou. Depois falaram que não queriam um novo Tim Lopes — disse André Muzell.

Segundo o repórter cinematográfico, além de espancá-lo, os criminosos levaram todos seus pertences.

— Eles quebraram meus dois dentes da frente e meu maxilar. Mal consigo falar direito por conta disso. Foram no mínimo 15 minutos me chutando e socando — disse Muzell, que agora busca um tratamento odontológico.

Entre os objetos furtados estavam uma câmera, um capacete, um tripé e um celular, totalizando cerca de R$ 40 mil em prejuízo. Sem condições de arcar com a reposição dos equipamentos de trabalho, o repórter lançou uma vaquinha online para arrecadar recursos e conseguir comprá-los novamente.

André detalhou que registrava imagens dos ônibus incendiados pelos criminosos usados como barricadas, em Senador Camará, na Estrada do Taquaral, quando foi surpreendido por pelo menos 15 homens armados com fuzis, que o ameaçaram.

— Eles chegaram dizendo 'vamos te matar'. Me chutaram e levaram minhas coisas — disse Muzell.

A PM contou que policiais militares do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) deram apoio ao homem ferido e o levaram para a unidade de saúde.

 

Relembre caso Tim Lopes

A morte do jornalista Tim Lopes, em 2002, chocou o Rio e o país. O gaúcho, então com 52 anos, desapareceu em 2 de junho enquanto fazia uma reportagem sobre abuso de menores e tráfico de drogas em um baile funk da Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte. Depoimentos indicaram que ele foi sequestrado, torturado, julgado e executado por traficantes comandados por Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco. Seu corpo foi carbonizado numa fogueira de pneus, e somente em 5 de julho exames de DNA confirmaram sua identidade; o enterro ocorreu em 7 de julho.

Entre os restos mortais encontrados, técnicos da UFRJ identificaram DNA de outras três vítimas do tribunal do tráfico. Sete acusados do crime foram presos e levados a julgamento em 2005, incluindo Elias Maluco, condenado a 28 anos e seis meses. Outros envolvidos receberam penas entre 15 e 23 anos e seis meses. A prisão de Elias Maluco ocorreu 109 dias após a morte de Tim Lopes, em 19 de setembro de 2002.

Tim decidiu investigar após denúncias de moradores da Vila Cruzeiro sobre menores sendo obrigadas a participar de bailes funks, usando drogas e se prostituindo. Com mais de 30 anos de carreira, ele já havia sido premiado por reportagens investigativas e frequentemente usava disfarces para revelar injustiças sociais. Formado pela Faculdades Hélio Alonso (Facha), trabalhou em diversos veículos de grande porte e deixou esposa e um filho.

 

Entenda a operação

A ofensiva policial na Vila Aliança transformou a manhã de ontem em cenas de terror para os moradores da região. A Polícia Civil e a Polícia Militar mataram seis suspeitos. No entanto, a ação tinha como principais alvos o traficante Bruno da Silva Loureiro, conhecido como Coronel, e José Rodrigo Gonçalves Silva, o Sabão da Vila Aliança, ligados ao Terceiro Comando Puro (TCP). Ambos seguem foragidos.

Coronel é apontado como mandante do assassinato brutal de Sther Barroso dos Santos, de 22 anos, espancada até a morte após recusar se relacionar com ele em um baile funk na comunidade da Coréia, também na Zona Oeste. Já Sabão é apontado como chefe do tráfico de drogas na Vila Aliança e na Coréia, em Senador Camará.

Segundo as forças de segurança, os seis mortos estavam em uma casa onde criminosos mantinham um pastor e uma criança como reféns. As vítimas foram libertadas em segurança. Além disso, a polícia prendeu duas pessoas e apreendeu quatro fuzis e diversas pistolas.

O intenso tiroteio, que contou com o sobrevoo de helicópteros e a presença de equipes do Bope e da Core, deixou famílias encurraladas em casa e escolas em desespero.

Em uma creche municipal da região, crianças foram registradas deitadas no chão ou encostadas nas paredes para se proteger dos disparos. Relatos em redes sociais também mostraram a dificuldade de pais para buscar os filhos, já que a Secretaria Municipal de Educação informou que a operação começou após o horário de entrada, impossibilitando a saída dos alunos.

Além das trocas de tiros, criminosos montaram barricadas e usaram ao menos seis ônibus para bloquear vias na região, obrigando o desvio de linhas e afetando a rotina de rodoviários e passageiros. A circulação de trens também foi parcialmente suspensa pela Supervia, interrompendo o trecho entre Senador Camará e Augusto Vasconcelos. Ruas importantes da comunidade ficaram interditadas, e o Centro de Operações da Prefeitura recomendou que motoristas evitassem os acessos à Rua Coronel Tamarindo e à Rua Doutor Augusto Figueiredo. Fonte: https://oglobo.globo.com

Pelo menos 21 mil crianças ficaram com deficiência desde o início da guerra em Gaza, alerta comitê da ONU

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Publicado em 04 setembro 2025
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  • guerra em Gaza,
  • 21 mil crianças em Gaza ficaram com algum tipo de deficiência
  • restrições à entrada de ajuda humanitária,
  • Fundação Humanitária de Gaza
  • Centro de Treinamento Comunitário para Gestão de Crises,
  • Fundo das Nações Unidas para a Infância

Mais de 40 mil menores sofreram ferimentos desde o início do conflito; bloqueio israelense dificulta acesso de pessoas com mobilidade reduzida à ajuda humanitária

 

Por O Globo e agências internacionais — Gaza

Pelo menos 21 mil crianças em Gaza ficaram com algum tipo de deficiência desde que a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas teve início, em 7 de outubro de 2023, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CRPD, na sigla em inglês). De acordo com o órgão, cerca de 40,5 mil crianças sofreram “novos ferimentos relacionados à guerra” nos quase dois anos de conflito, sendo que mais da metade desses casos resultou em alguma forma de deficiência.

Entre 7 de outubro de 2023 e 21 de agosto deste ano, pelo menos 157,1 mil pessoas ficaram feridas, e mais de 25% estão em risco de desenvolver limitações permanentes. O relatório também aponta que as ordens de evacuação emitidas por Israel durante a ofensiva do Exército em Gaza eram “frequentemente inacessíveis” para pessoas com deficiência auditiva ou visual, “tornando a evacuação impossível”.

Relatos recebidos pelo comitê indicam que pessoas com deficiência foram forçadas a fugir em condições inseguras e indignas, “rastejando na areia ou no barro sem qualquer assistência para mobilidade”. O CRPD destacou ainda que as restrições à entrada de ajuda humanitária, consequência do bloqueio israelense, têm impacto desproporcional sobre pessoas com deficiência.

“Muitos ficaram sem acesso a alimentos, água potável e saneamento, e dependentes de terceiros para sobreviver”, afirma o relatório.

Embora a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês), financiada pelos Estados Unidos e Israel, possua quatro pontos de distribuição no território, o sistema da ONU que ela substituiu tinha cerca de 400 locais. Obstáculos físicos, como escombros de guerra e a perda de dispositivos de mobilidade sob os destroços, dificultam ainda mais o acesso à ajuda.

 

Crianças em Gaza

O comitê apontou que 83% das pessoas com deficiência perderam seus equipamentos, como cadeiras de rodas, andadores, bengalas, talas e próteses, e a maioria não tem condições de adquirir alternativas. Muitos desses dispositivos são classificados pelas autoridades israelenses como “itens de uso duplo” e, por isso, não entram nas remessas de assistência humanitária.

O CRPD solicitou a entrega de “ajuda humanitária massiva para pessoas com deficiência” afetadas pelo conflito, ao mesmo tempo em que destacou a necessidade de que todos os lados adotem medidas de proteção para impedir “mais violência, danos, mortes e privação de direitos”.

O comitê recomendou que Israel implemente medidas específicas para proteger crianças com deficiência de ataques e protocolos de evacuação que levem em conta suas necessidades. Também deve assegurar que as pessoas com deficiência possam retornar com segurança às suas casas e recebam assistência adequada para isso.

 

Impacto psicológico

Um relatório divulgado no fim de 2024 pela War Child Alliance e pelo Centro de Treinamento Comunitário para Gestão de Crises, com sede em Gaza, destacou o impacto psicológico das ofensivas de Israel sobre as crianças palestinas no último ano. Baseado em uma pesquisa com mais de 500 cuidadores de crianças vulneráveis, 96% das crianças nessas condições sentiam que a morte era iminente, e quase metade (49%) expressou o “desejo de morrer” após ataques israelenses.

Em junho de 2024, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estimou que quase todas as 1,2 milhão de crianças de Gaza precisam de apoio psicológico, especialmente aquelas expostas repetidamente a eventos traumáticos. Uma semana após o anúncio do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em janeiro, o subsecretário-geral da ONU para assuntos humanitários, Tom Fletcher, disse ao Conselho de Segurança da organização que “uma geração foi traumatizada”.

— Crianças foram mortas, passaram fome e morreram de frio — disse ele. — Algumas morreram antes mesmo de dar seu primeiro suspiro, perecendo junto com suas mães durante o parto. Fonte: https://oglobo.globo.com

Motorista envolvido no acidente que matou dupla Samuel e Mateus é identificado

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Publicado em 03 setembro 2025
  • Motorista que matou dupla Samuel e Mateus é identificado
  • Samuel e Mateus morreram após acidente de motocicleta
  • tragédia na Bahia
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  • Josenilson Santana de Almeida,

Motorista envolvido no acidente que matou dupla Samuel e Mateus é identificado

Homem abandonou caminhonete e fugiu após a colisão a com a motocicleta que levava as vítimas, porém foi localizado pela polícia. Ele será interrogado nesta quarta-feira (3).

 

Samuel e Mateus morreram após acidente de motocicleta na Bahia — Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

Por g1 BA e TV Bahia

Motorista envolvido no acidente que matou dupla Samuel e Mateus é identificado

O motorista da caminhonete envolvida na batida que matou a dupla de arrocha Samuel e Mateus, em Presidente Tancredo Neves, no baixo sul da Bahia, foi identificado e será interrogado nesta quarta-feira (3), dois dias após o acidente. A informação foi divulgada ao g1 pela Polícia Civil (PC).

Os irmãos de 17 e 14 anos estavam com o pai em uma motocicleta, quando aconteceu a tragédia, em um trecho da BR-101. Samuel e Mateus morreram na hora, enquanto o pai deles, Josenilson Santana de Almeida, de 40 anos, ficou em estado grave. Após a batida, o condutor da caminhonete fugiu e abandonou o veículo, depois incendiado por pessoas que estavam no local, revoltadas com o acidente.

O motorista foi identificado na terça-feira (2), mas o delegado José Neri, titular da PC na região, informou que o nome dele e detalhes do ocorrido só serão divulgados quando o homem for ouvido.. A delegacia onde acontecerá o interrogatório, no entanto, não foi divulgada por questão de segurança.

"Vamos primeiro investigar, para saber as circunstâncias do acidente e saber se houve culpa ou dolo eventual, e aí, dependendo de uma coisa ou outra, ele será indiciado", pontuou o policial.

 

Quem eram as vítimas

Samuel Santos de Almeida, de 17 anos, e Mateus Santos de Almeida, 14, tinham apenas uma semana de carreira. Eles viralizaram na internet após publicarem vídeos cantando arrocha.

Dias antes da morte, os dois publicaram um vídeo da primeira gravação que fizeram no estúdio. Eles conseguiram mais de 200 mil seguidores só no Instagram. Também haviam criado um canal em uma plataforma digital para divulgar os trabalhos e fechado contrato com um empresário.

Os irmãos tinham o sonho de cantar com Pablo e com a banda Toque Dez. A vontade foi revelada pelo primo da dupla, Ronaldo Santos, durante o Bahia Meio Dia, telejornal da TV Bahia, na terça-feira.

"É um momento de muita dor, uma perda de dois jovens que estavam empolgados, felizes e todo mundo alegre pelo sucesso que eles vinham fazendo. A gente viu a morte ceifar a vida de dois jovens de uma maneira trágica e terrível", destacou Ronaldo.

Com a repercussão da tragédia, a banda Toque Dez também lamentou o fato nas redes sociais. "Luto por Samuel e Mateus", postou o grupo, usando emojis de lágrimas e coração partido.

Em entrevista à TV Bahia, a diretora da escola onde os meninos estudavam, Neide, relatou ainda que os jovens eram participativos e se destacavam nas atividades culturais.

"Eles cantavam na sala de aula enquanto faziam as atividades e tornavam o ambiente divertido. Eram a alegria da escola".

Os corpos dos cantores foram velados no povoado de Corte de Pedra, em Presidente Tancredo Neves. Uma multidão se reuniu para a despedida, sob aplausos.

Entre as homenagens, estavam camisas confeccionadas por amigos de escola dos irmãos, com fotos e mensagens de luto. A cerimônia seguiu até o final da tarde, quando os dois foram sepultados no cemitério da cidade. Já o pai dos meninos, identificado como Josenilson Santana de Almeida, de 40 anos, segue internado no Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus.

 

Luto na cidade

As mortes dos artistas foram lamentadas pela Prefeitura de Presidente Tancredo Neves, onde os adolescentes moravam com a família.

"Neste momento de dor irreparável, nos unimos em oração e sentimentos de conforto a todos os que sofrem com esta perda, pedindo a Deus que conceda força e amparo para enfrentar tamanha tristeza. Samuel e Mateus deixarão saudades e serão sempre lembrados pelo brilho, alegria e sonhos que carregavam", escreveu a gestão.

Por conta do acidente, a prefeitura suspendeu as aulas da rede municipal e as atividades das oficinas de cultura e esporte na terça. Fonte: https://g1.globo.com

Terremoto deixa ao menos 800 mortos e milhares de feridos no Afeganistão

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Publicado em 01 setembro 2025
  • Afeganistão,
  • Terremoto deixa ao menos 800 mortos
  • terremoto de magnitude 6 matou mais de 800 pessoas

 

Soldados e civis carregam vítimas do terremoto para uma ambulância em um aeroporto em Jalalabad, Afeganistão - Stringer/Reuters

 

Cabul | Reuters e AFP

Um terremoto de magnitude 6 matou mais de 800 pessoas e deixou ao menos 2.800 feridos em duas províncias montanhosas no leste do Afeganistão, informou o Ministério do Interior afegão, controlado pelo Talibã, nesta segunda-feira (1º).

Os tremores causaram deslizamento de terras e destruíram aldeias. As autoridades deram início às buscas de sobreviventes nos escombros e na lama, e o número de vítimas ainda pode aumentar.

O terremoto ocorreu próximo à superfície, a apenas oito quilômetros de profundidade —o que, segundo especialistas, pode ser mais devastador. Após o primeiro, outros cinco tremores foram sentidos a centenas de quilômetros.

O desastre, um dos piores do Afeganistão, irá sobrecarregar ainda mais os recursos do país, que enfrenta crises humanitárias. Ao menos quatro províncias do leste —Nangarhar, Nuristão, Laghman e Kunar— foram afetadas pelo tremor.

Em Kunar, uma das mais afetadas, o terremoto causou deslizamento de terras e inundações, e ao menos três aldeias foram arrasadas. A região é pobre e montanhosa.

Muitas áreas do Afeganistão são inacessíveis por estradas, e as aldeias dispersas muitas vezes são feitas de estruturas de barro que são suscetíveis a desmoronamentos.

Socorristas foram enviados da capital Cabul, segundo as autoridades de saúde, para essas regiões remotas. Imagens da agência de notícia Reuters mostram helicópteros transportando vítimas, enquanto moradores ajudavam soldados e médicos a carregar os feridos para ambulâncias.

O epicentro do terremoto foi registrado próximo da cidade de Jalalabad, capital da província de Nangarhar, perto da fronteira com o Paquistão e no limite com a província de Kunar, que foi a mais afetada.

"Todas as nossas equipes foram mobilizadas para acelerar a assistência, para que um apoio abrangente e completo possa ser fornecido", disse o porta-voz do ministério, Abdul Maten Qanee, à Reuters, citando esforços em áreas desde segurança até alimentação e saúde.

O terremoto foi um dos mais mortais do Afeganistão. Em outubro de 2023, ao menos 1.300 pessoas morreram após um terremoto atingir a província de Herat. Um pouco mais de um ano antes, em junho de 2022, tremores de magnitude 6,1 mataram mais de 1.000 pessoas.

Pelo menos 812 pessoas 610 pessoas foram mortas em Kunar e em Nangarhar, segundo as autoridades. Equipes de resgate militares se espalharam pelas duas províncias, disse o Ministério da Defesa em um comunicado, acrescentando que já havia transportado 420 pessoas, entre feridos e mortos, em 40 voos.

"Até agora, nenhum governo estrangeiro entrou em contato para fornecer apoio para trabalhos de resgate ou ajuda", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

No Paquistão, os tremores foram sentidos em vários distritos da província fronteiriça de Khyber Pakhtunkhwa, em partes da província de Punjab, na região da Caxemira administrada pelo país vizinho e até na capital, Islamabad. Até o momento, não foram relatados grandes danos ou vítimas, disseram as autoridades paquistanesas.

Em publicação na rede X, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, afirmou que a missão da organização no país está se preparando para ajudar as áreas devastadas pelo tremor.

O Afeganistão é propenso a terremotos, particularmente na cordilheira do Hindu Kush, onde as placas tectônicas indiana e eurasiática se encontram.

O país vive sob a administração do Talibã desde agosto de 2021. Desde então, o grupo tem empregado medidas que refletem sua visão extremista do islã, em especial contra mulheres. No mês passado, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão para líderes do Talibã por perseguição a mulheres.

O Afeganistão enfrenta uma das piores crises humanitárias do mundo. O país passa por uma crise econômica, acentuada após os Estados Unidos decidirem cortar, no início deste ano, o envio de assistência ao país. Países da União Europeia também cortaram ajuda após o retorno do Talibã ao poder. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

O tamanho da máfia brasileira

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Publicado em 30 agosto 2025
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  • A Operação Carbono
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Operação Carbono Oculto revelou que o PCC chegou à Faria Lima – e pode ir além. Parar a organização mafiosa exigirá do Estado coragem política, força institucional e legislação adequada

 

 

O País tomou conhecimento do descomunal alcance dos tentáculos do Primeiro Comando da Capital (PCC). A Operação Carbono Oculto revelou em minúcias como o PCC se beneficiou de um sofisticado esquema financeiro que não se limitava a operações clandestinas. A organização criminosa se infiltrou no centro nervoso do sistema financeiro nacional, a Avenida Faria Lima, valendo-se de fintechs, fundos de investimento e empresas legítimas do setor de combustíveis para ganhar, lavar, sonegar e valorizar bilhões de reais. Por si só, a complexidade dessa engrenagem ilustra bem a transfiguração do PCC nos últimos anos: de uma facção penitenciária voltada ao tráfico de drogas para uma organização mafiosa extremamente diversificada.

Segundo as investigações, o PCC dominou a cadeia de combustíveis, desde a produção de cana-de-açúcar e etanol até a revenda em postos de sua propriedade. Empresários honestos foram coagidos a vender seus negócios para os bandidos a preço de banana, sob risco de morte. Materiais químicos foram importados para adulterar combustíveis, ampliando margens de lucro e distorcendo o mercado legal. Essas práticas extrapolaram o limite de danos até então conhecido para a delinquência do PCC. Como se viu, trata-se, também, de concorrência desleal, de prejuízos diretos aos consumidores e de perdas bilionárias para o Estado, vítima da sonegação fiscal. Essa exploração de atividades lícitas com propósitos ilícitos mina as bases da liberdade econômica consagrada pela Constituição.

O mais perturbador de tudo o que veio a lume é constatar que o PCC se transformou num player, para usar um jargão do ramo, no mercado financeiro. Em entrevista ao Estadão, a superintendente da Receita Federal em São Paulo, Marcia Meng, sintetizou bem a mudança de paradigma. Segundo ela, os criminosos não precisam mais recorrer a paraísos fiscais para ocultar seus recursos ilícitos. Basta abrir conta em uma fintech e movimentar os valores que, depois, serão transferidos para fundos de investimento. Assim, o dinheiro criminoso não apenas é lavado, como valorizado. Uma dessas fintechs, o BK Bank, é apontada como o “banco do PCC”, enquanto fundos de investimentos e gestoras, como a Reag, teriam servido para a aquisição de empresas e usinas sucroalcooleiras, dando verniz legal aos ativos da máfia.

É de justiça reconhecer o mérito da cooperação institucional que deu azo à Operação Carbono Oculto. Polícia Federal (PF), Ministério Público, Polícia Militar de São Paulo e Receitas Federal e Estadual atuaram em conjunto para enfrentar uma agressão que, de fato, só há de ser repelida por meio da cooperação entre as forças a serviço da lei. A disputa entre o presidente Lula da Silva e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, pela “paternidade” da operação é irrelevante à luz da gravidade do caso e só interessa a seus objetivos políticos. Para a sociedade, o que importa é que o caminho está dado: a integração, o espírito público e o profissionalismo de servidores abnegados dão resultado.

Isso posto, é forçoso dizer que o caso também revelou fragilidades que têm de ser sanadas com urgência. Dos 14 mandados de prisão expedidos, só seis foram cumpridos. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, admitiu que pode ter havido vazamento de informações. É um perigo. O PCC, mas não só, já demonstrou capacidade de infiltração em diferentes esferas, do sistema financeiro ao sistema político, passando pelo sistema judicial. É nesse contexto que a chamada PEC da Blindagem tem de ser enterrada de uma vez por todas pelo Congresso. Nada pode ser mais nocivo ao combate ao crime organizado do que sua infiltração no coração da democracia representativa.

O PCC e outras organizações criminosas já não são bandos de traficantes. São máfias que exploram negócios lícitos, corrompem agentes públicos e contaminam setores econômicos inteiros. O de combustíveis é só “a ponta do iceberg”, como salientou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Parar inimigos dessa magnitude exigirá do Estado coragem política, força institucional e legislação adequada. A Carbono Oculto mostrou que é possível avançar, mas também deixou clara a dimensão do desafio. Fonte: https://www.estadao.com.br

Como explicar um casal gay?

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Publicado em 27 agosto 2025
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Devemos formar cidadãos mais empáticos, que entendam a diversidade como algo natural na sociedade

Snoop Dogg critica cena LGBTQ+ no filme 'Lightyear' - Reprodução

 

Rio de Janeiro

Enquanto se discute a adultização de crianças, que tal falar sobre infantilização dos adultos? Nem me refiro à imbecilidade de usar chupeta anos após a fase oral —bobagem que rendeu notícias sobre a prática tem se "popularizado" para reduzir ansiedade e compulsão. No máximo, é daquelas "tendências" empacotadas para viralizar no TikTok, que somem do mesmo jeito que aparecem.

O ponto aqui é gente que não assume as responsabilidades da vida adulta, aquelas que não podem ser negociadas. Criar habilidade e repertório para conversar com crianças é uma delas.

O rapper Snoop Dogg prefere ignorar a realidade porque ficou desconfortável diante do questionamento de seus netos sobre o casal lésbico retratado na animação "Lightyear".

Em entrevista ao podcast It’s Giving, Snoop fez críticas sobre a temática LGBTQIA+ ser incluída num filme com indicação infantil e disse que ficou com medo de ir ao cinema e ser confrontado com questões para as quais não tem resposta. Lamento informar, mas é para isso também que os adultos servem —tentar dar algum sentido às dúvidas que surgem na vida de uma criança, de acordo com sua faixa etária.

Por que morremos? De onde eu vim? Por que pessoas moram na rua? O que acontece se o sol se apagar? Aqui estão perguntas que parecem mais complexas de serem respondidas do que a relação amorosa de duas mulheres que geram um filho, como no filme da Pixar.

Longe de fazer juízo dos valores de Snoop Dogg, talvez seja apenas falta de traquejo no papel de avô —e de adulto. Mas sua atitude revela como a educação pode ser negligenciada em temas necessários para a formação de cidadãos mais empáticos, que entendem a diversidade como algo natural na sociedade.

Outro ponto: crianças sem informação são crianças vulneráveis; basta ver os índices de estupro que acontecem no ambiente familiar.

Como explicar um casal gay para uma criança de cinco anos? Até o ChatGPT sabe: "Um casal gay é formado por duas pessoas que se amam e querem ficar juntas, assim como qualquer outro casal".  Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

O desafio do marco digital para crianças

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Publicado em 26 agosto 2025
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  • Projeto de Lei de Proteção de Crianças e Adolescentes no Ambiente Digital (
  • As denúncias de Felca

Tramitação às pressas de um projeto meritório expõe o risco de uma dupla infâmia: negligenciar as reais causas da exploração infantil e usar essa exploração para controlar o debate público

 

O Projeto de Lei de Proteção de Crianças e Adolescentes no Ambiente Digital (2.628/22) foi aprovado pela Câmara sob um clima de comoção pública. O impacto do vídeo viral do influenciador Felca, que revelou redes de exploração sexual de crianças nas plataformas digitais, foi instantâneo: dezenas de projetos apresentados em questão de dias, regime de urgência aprovado na surdina e um texto votado às pressas, em menos de 24 horas, sob pressão de um presidente da Câmara que buscava desviar a atenção de sua fragilidade política e de um governo que buscava contrabandear instrumentos de controle do debate público. A boa intenção – proteger crianças e adolescentes – foi tomada de assalto pelo pânico moral e um oportunismo político que quase resultou em mecanismos draconianos de censura.

A redação final melhorou consideravelmente em relação à versão inicial, que permitia que qualquer usuário forçasse a remoção imediata de conteúdos, um convite à guerra de denúncias e à censura privada. O texto aprovado restringiu essa faculdade à vítima, seus representantes, ao Ministério Público e a entidades de defesa da infância. Da mesma forma, retirou do Executivo o poder de suspender redes por ato administrativo, remetendo tal competência ao Judiciário – como exige o devido processo legal.

Ainda assim, o projeto mantém riscos. O artigo que obriga a evitar “uso compulsivo” até aponta para uma regulação pertinente, mas recorre a um conceito vago, de aplicação incerta. A autoridade nacional responsável por regular, fiscalizar e aplicar sanções saiu da ingerência direta do Executivo e recebeu autonomia. Mas o risco de que essa estrutura, sob governos de diferentes matizes, seja capturada e instrumentalizada para perseguir adversários ou sufocar opiniões incômodas não foi completamente afastado.

O mérito do projeto reside em medidas de proteção efetiva: mais transparência, reforço ao controle parental, obrigação de configurações protetivas por padrão e restrição da coleta de dados de menores e à publicidade manipuladora ou a práticas viciantes em jogos. São avanços que dialogam com experiências internacionais. Mas faltou diligência para enfrentar com mais esmero arquiteturas algorítmicas que exploram vulnerabilidades psicológicas de adolescentes, estimulando adição, ansiedade e depressão.

As denúncias de Felca foram instrumentalizadas para demonizar indiscriminadamente as big techs, mas o seu real mérito foi demonstrar a omissão da polícia, do Ministério Público e do Judiciário, que falharam em aplicar leis já existentes contra pedófilos e exploradores. Os que focam na ideia de que as plataformas devem atuar como polícia punitiva premiam a ineficiência estatal e arriscam sacrificar a liberdade de expressão de milhões de brasileiros. Não se protege a integridade física e moral dos jovens apenas com sanções digitais, mas sobretudo com fiscalização, investigação criminal e o fortalecimento da família, sempre o primeiro guardião das crianças.

O açodamento com que a Câmara tramitou o projeto é sintoma de um vício recorrente: legislar ao sabor da comoção. Felizmente, os piores excessos foram mitigados, mas a essência ainda pode ser mais equilibrada. Agora, que o texto retornou ao Senado, é preciso preservar os avanços reais, eliminar dispositivos que abram caminho para a censura e preencher lacunas relativas ao desenho das plataformas. Do contrário, a boa intenção de proteger crianças corre o risco de se converter em mais um capítulo de populismo legislativo, insegurança jurídica, paternalismo inócuo e oportunidades desperdiçadas para uma regulação inteligente.

O equilíbrio entre liberdade de expressão e segurança nas redes é delicado. Quando se trata de adultos, a liberdade deve ser sempre a regra, e as restrições, absolutamente excepcionais, justificadas e detalhadas. Em relação a crianças e adolescentes, a relação, se não chega a ser inversa, é diversa. Melhor pecar por excesso. Mas ainda melhor é não pecar. A pressa é não só amiga da imperfeição, mas do arbítrio. Após a tramitação performática – e temerária – da Câmara, cabe ao Senado deliberar com prudência. Fonte: https://www.estadao.com.br

É possível pegar doenças ao usar assentos de privadas?

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Publicado em 25 agosto 2025
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Pesquisas indicam que o risco de contrair doenças no banheiro pode ser menor do que imaginamos. Mas, ainda assim, existem cuidados básicos para reduzir ainda mais esta possibilidade.

 

BBC Future

Quando entramos em um banheiro público, podemos não resistir à insuportável sensação de "eca".

A visão da urina respingada no assento e no chão e o odor pungente dos fluidos corporais de outra pessoa podem realmente atingir em cheio nossos sentidos.

Você pode abrir a porta do toalete com o ombro, dar descarga com o pé, revestir todo o assento com papel higiênico e ficar de cócoras, se o quadro for muito grave.

Mas será que podemos, na verdade, contrair doenças simplesmente sentando no vaso sanitário? Ou as técnicas elaboradas que algumas pessoas usam para evitar o contato são totalmente desnecessárias?

"Teoricamente, sim [você pode pegar doenças no assento da privada], mas o risco é infinitamente baixo", afirma a professora de Saúde Pública e Microbiologia Jill Roberts, da Universidade do Sul da Flórida, nos Estados Unidos.

As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são um exemplo. A maioria das bactérias e vírus que as causam, da gonorreia à clamídia, não consegue sobreviver por muito tempo fora do organismo, que dirá em uma superfície fria e dura como um assento de vaso sanitário.

Por isso é que se acredita que a maioria das DSTs só podem ser transmitidas por contato direto da genitália e pela troca de fluidos corporais.

Seria preciso uma infelicidade muito grande para transferir fluidos corporais frescos de outra pessoa, imediatamente do assento para a genitália, seja pelas mãos ou pelo papel higiênico, de forma a causar risco, segundo Roberts.

Por isso, é bom ter cautela e manter práticas higiênicas, como evitar privadas claramente contaminadas. Mas não é algo que deva tirar o nosso sono à noite.

"Se os assentos de vasos sanitários pudessem transferir DSTs [com facilidade], nós as veríamos frequentemente em todas as faixas etárias e em pessoas sem histórico de atividade sexual", explica Roberts.

Da mesma forma, a professora destaca que é improvável pegar uma doença transmitida pelo sangue em um assento de vaso sanitário.

Ela acredita que, para começar, você observaria (e evitaria) o sangue de outra pessoa no assento da privada. E, de qualquer forma, aquele sangue não transmitiria patógenos com facilidade, na ausência de atividade sexual ou injeção com agulhas contaminadas, segundo Roberts.

Também é improvável que você pegue uma infecção do trato unitário (ITU) de outra pessoa no assento da privada, segundo ela.

Você só pegaria uma ITU no caso de transmissão de fezes do assento para o trato unitário. Mas, para isso, seria necessária uma grande quantidade de fezes, explica a professora.

Ela destaca que é muito mais provável desenvolver uma ITU limpando seu próprio excremento para perto demais da sua genitália do que no assento do vaso sanitário.

 

O que você pode pegar

Mas existem algumas exceções a esta regra, como doenças sexualmente transmissíveis com vida mais longa.

O vírus do papiloma humano (HPV, na sigla em inglês) pode causar verrugas nos genitais. Ele pode sobreviver por até uma semana sobre as superfícies, dependendo de diversos fatores.

"Estes vírus são muito pequenos e possuem camadas de proteína muito estáveis, que oferecem 'vida útil' mais longa no meio ambiente", afirma a professora de Microbiologia e Imunologia Karen Duus, da Universidade Touro, em Nevada, nos Estados Unidos.

O HPV costuma ser resistente aos higienizadores de mãos e exige água sanitária em concentração de 10% para destruir aquela camada protetora de proteína, segundo Duus.

Ainda assim, esses vírus só conseguem chegar ao nosso corpo pelo assento do vaso sanitário, se a barreira da pele na região dos genitais estiver comprometida por feridas ou irritação, segundo a professora.

Por isso, o HPV tipicamente só é transmitido pelo contato com a pele durante o ato sexual, como o sexo oral, anal ou vaginal.

Da mesma forma, teoricamente falando, uma pessoa com uma irritação causada por herpes genital pode transmitir o vírus pelo vaso sanitário.

Os usuários seguintes àquela pessoa podem ficar em risco se tiverem alguma ruptura da pele ou se o seu sistema imunológico estiver enfraquecido, segundo Daniel Atkinson, chefe clínico da companhia de assistência médica online Treated.com, nos Estados Unidos.

 

O que fazer, então?

Forrar o assento com papel antes de se sentar ou usar uma cobertura de assento pode parecer a forma mais limpa de usar um vaso sanitário público.

Uma pesquisa do instituto YouGov, realizada em 2023, indica que cerca de 63% dos americanos se sentam na privada para usar o banheiro público. Mas apenas a metade deles forra o assento com papel higiênico.

A mesma pesquisa concluiu que cerca de 20% das pessoas se põem de cócoras para usar o vaso sanitário público.

Mas, provavelmente, nem o papel higiênico, nem a cobertura de assento irão proteger contra os patógenos. Eles são feitos de materiais porosos e não conseguem impedir que os germes os atravessem e cheguem aos genitais.

E se acocorar pode fazer mais mal do que bem, segundo a especialista clínica em saúde pélvica Stephanie Bobinger, do Centro Médico Wexner da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos.

Quando as mulheres urinam no vaso sanitário sem se sentar, elas contraem o assoalho pélvico e os músculos da cintura pélvica. Isso obstrui o fluxo de urina da bexiga, exigindo maior esforço e tensão desnecessária sobre a pélvis.

Com isso, as mulheres também podem não esvaziar totalmente a bexiga, o que, às vezes, pode gerar infecções do trato urinário.

 

Problema real

O fato é que o risco de contrair doenças no banheiro, de forma geral, não vem do contato entre os genitais e o assento sanitário.

Na verdade, segundo Roberts, o risco surge quando você toca no assento com as mãos, que ficam contaminadas com bactérias ou vírus presentes em pequenas partículas de substâncias corporais (suas ou de outras pessoas), e toca no seu rosto ou na boca com as mãos sujas.

"A ameaça não é à sua extremidade posterior, mas sim à sua boca, por meio das mãos", explica a professora.

Para começar, as fezes espalhadas pelo assento da privada podem conter patógenos como Escherichia coli, Salmonella, Shigella, Staphylococcus ou Streptococcus.

Quando ingeridos, eles podem causar sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos e diarreia.

As fezes também podem conter traços de norovírus. Este patógeno altamente contagioso é facilmente transmitido por superfícies contaminadas, alimentos ou bebidas, além do contato direto com pessoas doentes.

O norovírus é extremamente resistente. Em algumas superfícies, ele pode sobreviver por até dois meses.

Ele pode deixar as pessoas doentes até mesmo em pequenas quantidades. Acredita-se que 10 a 100 partículas do vírus já possam ser suficientes para causar infecções.

Um estudo calculou que é mais provável se infectar com norovírus tocando em superfícies contaminadas no banheiro, em comparação com adenovírus e Covid-19.

O adenovírus é um patógeno que gera sintomas similares à gripe ou resfriado na maioria das pessoas infectadas, ou doenças mais graves em idosos ou pessoas com comprometimento imunológico.

Mas o risco real de contrair doenças desta forma pode ser baixo.

"O banheiro não está contaminado com fezes desde a idade das trevas", destaca Roberts. "Ele é limpo regularmente."

Ela conta que, quando seus estudantes de microbiologia esfregam as superfícies de diferentes ambientes em busca de micróbios, a quantidade que eles encontram no laboratório de computação é inacreditável, em comparação com os toaletes.

"Nos Estados Unidos, os banheiros domésticos contêm muito mais germes do que os sanitários públicos que estudamos em uma universidade", afirma o professor de Virologia Charles Gerba, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.

"Na maioria dos casos, é [possivelmente] mais seguro usar um vaso sanitário no banheiro público do que em casa."

Na maior parte dos lugares, equipes de faxina limpam os banheiros públicos várias vezes por dia, enquanto a maioria das famílias só limpa seu banheiro uma vez por semana, segundo as pesquisas de Gerba.

O laboratório do professor indica que a frequência ideal de limpeza para os banheiros domésticos deveria ser a cada três dias.

 

Cuidado com o 'espirro da privada'

É claro que a maioria das pessoas não irá sair por aí acariciando assentos de privadas em banheiros públicos.

E todos nós esperamos que você não costume colocar as mãos na boca depois de usar o banheiro — embora também seja verdade que a maioria das pessoas lava as mãos com muito menos frequência do que imaginamos.

Mas existe ainda outra forma de contrair doenças no toalete. É a chamada pluma de banheiro.

Quando você dá descarga, os germes no interior da privada são impelidos para o ar e pousam em toda parte no banheiro. E também em você, se ainda estiver por ali.

Modelos matemáticos indicam que 40 a 60% das partículas presentes no vaso sanitário podem sair voando. "Algumas pessoas gostam de chamar de 'espirro da privada'", segundo Gerba.

A bactéria Clostridium difficile é um patógeno comum nas unidades de saúde e sua erradicação do ambiente pode ser notoriamente difícil.

Estudos concluíram que ela pode viajar por grandes distâncias no ar depois da descarga do vaso sanitário. E ela se movimenta em esporos que também podem ser inalados.

Por isso, o risco não vem apenas dos assentos das privadas, mas das suas tampas, maçanetas, descargas, torneiras e dispensadores de toalhas de papel. Tudo isso pode entrar em contato direto com as suas mãos, explica Gerba.

Mas a superfície com mais germes, segundo ele, na verdade, é o piso. Infelizmente, os banheiros, muitas vezes, também contêm traços de outros patógenos não necessariamente associados à urina ou às fezes, mas sim à tosse e aos espirros.

Um exemplo é o vírus da gripe, que, às vezes, pode ser encontrado nas superfícies dos banheiros.

 

Como evitar doenças no banheiro

Existem diversas atitudes de bom senso que podem ser tomadas para evitar contrair doenças no banheiro público ou em casa.

A engenheira de higiene da água Elizabeth Paddy, da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, recomenda tocar em tudo o mínimo possível.

Na verdade, uma solução que as indústrias poderiam adotar para criar banheiros mais seguros seria projetar equipamentos sem toque: mecanismos de descarga, dispensadores de sabonete, secadores de mãos e muito mais, segundo ela.

Para evitar as plumas de banheiro, fechar a tampa da privada pode parecer uma decisão responsável, mas "fechar a tampa e abri-la não faz muita diferença", segundo Gerba.

Seu estudo de 2024 indica que os vírus presentes nas plumas de banheiro podem escapar pelos lados, mesmo quando a tampa estiver abaixada.

Isso provavelmente ocorre porque as tampas não tendem a se encaixar perfeitamente com os assentos e os banheiros públicos costumam ter descarga com pressão mais alta, para reduzir o consumo de água.

Na verdade, Paddy acredita que os fabricantes deveriam eliminar as tampas das privadas, para evitar que as pessoas toquem nelas e, acidentalmente, também no assento.

"A tampa realmente não é a solução", segundo Paddy. Para ela, existem intervenções mais eficazes.

Uma delas é fabricar privadas com proteção entre o vaso e o assento. Atualmente, elas são largamente empregadas em unidades de saúde, para proteger os médicos e enfermeiros dos patógenos liberados pelos pacientes, segundo Paddy.

Existem também pulverizadores de ar com eficácia já demonstrada na higienização do ar e das superfícies em banheiros. Eles ajudam a combater a disseminação de patógenos nos "espirros" da privada.

Outra opção é simplesmente dar a descarga e sair do local imediatamente. "Normalmente, dou a descarga e corro", explica Gerba.

Ele também recomenda esperar 10 minutos antes de ir ao banheiro público depois de outra pessoa, embora possa ser difícil conseguir isso na prática.

Por fim, existem os telefones celulares. Não é recomendável usar o celular no banheiro, segundo Jill Roberts.

Seu telefone já é excepcionalmente sujo, destaca a professora. Você o leva por toda parte, coloca em qualquer canto e toca nele o tempo todo.

Se você o levar ao toalete, correrá o risco de que ele entre em contato com patógenos lançados pela privada. E você irá carregar esses germes, mesmo depois de lavar as mãos.

A forma mais simples de evitar tudo isso é sempre lavar as mãos imediatamente depois de usar a privada, segundo Charles Gerba.

Ele destaca que a pessoa média na cidade de Tucson, no Estado americano do Arizona, leva apenas 11 segundos para lavar suas mãos, enquanto os Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos recomendam lavar as mãos por 20 segundos.

"Apenas cerca de uma em cada cinco pessoas lava suas mãos corretamente", segundo Gerba.

Por isso, para evitar contrair doenças no banheiro público, lave suas mãos. E, melhor ainda, aplique também higienizador, pois a combinação de ambos protege significativamente mais do que apenas a lavagem.

E tente não deixar que o medo dos patógenos flutuando nos toaletes faça você perder o sono à noite. Afinal, o risco (provavelmente) é menor do que você pensa.

 

Importante: todo o conteúdo desta reportagem é fornecido apenas como informação geral e não deverá ser tratado como substituto ao aconselhamento de um médico ou outro profissional de saúde. A BBC não é responsável por nenhum diagnóstico feito por um usuário com base no conteúdo deste site. A BBC não é responsável pelo conteúdo de nenhum site externo da internet relacionado, nem endossa nenhum produto ou serviço comercial mencionado ou anunciado em nenhum desses sites. Consulte sempre seu médico sobre qualquer preocupação com a sua saúde. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Digitar antes de saber ler

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Publicado em 24 agosto 2025
  • Redes sociais,
  • O Poder das Redes Sociais,
  • discrição no uso das redes sociais
  • uso dos celulares
  • celulares
  • uso de celular

Se o celular pode ser uma droga nas mãos de uma criança, seu traficante são seus pais

 

 

Crianças de até 6 anos passam três horas por dia em frente a telas - Mirko Sajkov/Pixabay

 

Rio de Janeiro

Uma amiga falava ao celular com um pintor. Ele lhe contava empolgado como comprara pela Amazon um lote de pincéis especiais que lhe custara metade do preço das lojas. No dia seguinte, minha amiga, que não sabe desenhar nem casinha com chaminé, foi bombardeada pelo celular com ofertas de pinceis de todos os tipos e preços. Não era coincidência –coisa parecida já lhe acontecera antes. O celular escutara a conversa e vira nela uma cliente em potencial do produto.

Já me disseram que um celular desligado, deixado casualmente na mesa ao lado enquanto conversamos, ouve e registra o que falamos. Se for verdade, é como ter um espião dentro de casa. Quero crer que o interesse do bicho em nos xeretar não tenha a ver com nossa intimidade, mas com o objetivo de nos vender algo. Às vezes, somos nós mesmos que fornecemos a chave de casa —quando damos o CPF nas farmácias, estamos descrevendo a um arquivo longe dali nosso excesso de gases ou carência de glóbulos vermelhos e por que compramos este ou aquele remédio.

E finalmente começa a se atentar para o caso das crianças. Um celular na mão delas é mais perigoso que uma navalha, uma granada ou uma pistola com seis balas no pente —com o agravante de que essas armas só se voltam contra elas. A tragédia não se limita aos sites de exploração de menores por pedófilos de todos os tipos, hoje sendo flagrados e denunciados. O diabólico é que esses sites estão aprendendo a se defender —conseguindo detectar sinais de "perigo", como a presença de pais ou responsáveis na proximidade da criança.

Pesquisas recentes afirmam que o brasileiro passa o absurdo de três horas por dia nas redes sociais. Outras calculam em 140 bilhões nosso número de interações diárias com o ChatGPT. Somos o terceiro país que mais usa a "ferramenta", atrás só dos EUA e da Índia.

E já ouvi falar também de crianças que aprenderam a usar o teclado do celular muito antes de aprender a ler. Se o celular pode ter o efeito de uma droga, seus traficantes são seus pais. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

 

Jovem é morta após se recusar a sair com traficante em baile funk na Zona Oeste do Rio

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Publicado em 19 agosto 2025
  • Violência no Rio,
  • Zona Oeste do Rio
  • baile funk
  • comunidade da Coreia em Senador Camará,
  • Sther Barroso dos Santos
  • Jovem é morta após se recusar a sair com traficante
  • Bruno da Silva Loureiro,

Jovem é morta após se recusar a sair com traficante em baile funk na Zona Oeste do Rio

Segundo a família, Sther Barroso dos Santos, de 22 anos, não tinha ligação com o crime; ela foi brutalmente espancada e deixada, já sem vida, na porta de casa, na Vila Aliança

 

Sther dos Santos tinha 22 anos; ela chegou ao hospital já sem vida — Foto: Reprodução

 

Por Redação Extra

 — Rio de Janeiro

Uma jovem de 22 anos foi assassinada na madrugada deste domingo, após ser brutalmente agredida durante um baile funk na comunidade da Coreia, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio. Segundo familiares, Sther Barroso dos Santos foi espancada brutalmente depois de se recusar a ter relações com um traficante que estava no evento. Segundo a família, Sther foi torturada e deixada morta na porta da casa em que morava, na Vila Aliança, por dois homens a mando de Bruno da Silva Loureiro, conhecido como Coronel, apontado como chefe da comunidade. O crime teria sido motivado pela recusa de Sther em deixar o baile com o criminoso. Parentes relatam ainda que a jovem estava realizando sonhos pessoais, como tirar carteira de habilitação e se mudar para um novo apartamento.

De acordo com relatos, após as agressões, Sther foi deixada na porta de casa, na Vila Aliança. Ela chegou a ser levada ao Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, mas, segundo a direção da unidade, já deu entrada sem vida.

A Polícia Civil informou que investiga se Bruno da Silva Loureiro, o Coronel, teria sido o mandante do crime. De acordo com os investigadores, o traficante acumula uma série de anotações criminais por tráfico de drogas, roubo, homicídio cometido com arma de fogo, formação de quadrilha, porte ilegal de arma de uso restrito, receptação, roubo de veículo e lesão corporal.

Ainda segundo as apurações, Bruno integra o Terceiro Comando Puro (TCP) e costumava se esconder no Complexo da Maré. Nos últimos meses, porém, voltou a circular em outras áreas dominadas pela facção. De acordo com a polícia, ele tem o hábito de frequentar baile funk em comunidades como Vila Aliança e Coreia, na Zona Oeste, território sob o comando de Rafael Alves, o Peixe.

Momento de conquistas pessoais

A jovem, relatam os parentes, estava em um momento de conquistas pessoais: havia iniciado o processo para tirar a carteira de habilitação e se preparava para se mudar para um novo apartamento. Nas redes sociais, pessoas próximas lamentaram a brutalidade do assassinato.

"Entregaram minha irmã desfigurada e sem vida. Ele acabou com a vida da minha irmã no local em que estávamos refazendo a nossa vida. Tirou a vida da minha irmã. Só Deus tinha esse direito", escreveu a irmã de S

De acordo com os familiares, Sther e a família haviam deixado o Muquiço, comunidade onde moravam e chefiada por Coronel, para tentar um recomeço após terem sido roubados. A mudança, de acordo com parentes, simbolizava um novo capítulo de esperança para a jovem.

" Estávamos em paz e felizes. Você (traficante) acabou com a nossa família. Já entregou minha irmã sem vida. Não tivemos tempo de ajudar. Desgraçou a minha família. Inaceitável. Minha irmã tinha sonho de ser mãe de menino, tinha sonho de casar. E agora o que faço da minha vida sem você?" escreveu a irmã em outro desabafo.

Ela contou ainda que havia ajudado Sther a se arrumar para o baile no sábado, onde a jovem iria assistir ao show de um dos artistas que mais admirava.

"Ontem eu estava ajudando ela se arrumar para curtir o show de um dos ídolos dela. Agora tenho que ver a roupa que vou enterrar minha irmã. Inaceitável. Nunca imaginei que isso poderia acontecer ali, onde estávamos refazendo a vida e sendo felizes. Conquistando nossas coisas depois de termos sido roubados onde éramos cria. Conquistamos tudo. Eu não tenho forças para imaginar a dor que minha irmã sentiu, o que passou na mão desse cara. Estou desacreditada completamente. Ela era diferente, especial".

A família relatou também que, um dia antes do crime, Sther havia visitado o irmão preso. Naquela noite, contou à irmã que sonhou estar sendo perseguida e encurralada por homens.

"Ela disse que no sonho eles estavam encurralados. Tentavam fugir, mas não conseguiam sair da mão de uns homens. Estou sem acreditar que isso está realmente acontecendo — lembrou a irmã, mencionando ainda que o despertador do celular da jovem havia tocado no horário em que costumava fazer oração".

Em meio ao luto, os parentes cobram punição para os responsáveis.

"Não tenho sono, eu não tenho sede. Eu quero justiça. Vou lutar por justiça até o fim. Familiares que não tiverem coragem, eu entendo. A única coisa que eu tinha medo aconteceu: algum verme tentar algo contra a minha família", declarou a irmã.

 

Metas para 2025

Nos cadernos pessoais, Sther havia deixado escritos com as metas para 2025. Entre os planos estavam concluir a autoescola, fazer três cursos, adotar um cachorro, focar nos treinos de academia e agradecer a Deus todos os dias. Ela também registrou o desejo de ver o irmão em liberdade e de ser usada “para o bem”.

“Vai ser o melhor ano da minha vida, eu profetizo!”, escreveu a jovem, em anotações que ficaram como último testemunho de seus sonhos interrompidos.

A Polícia Militar informou que equipes do 14º BPM (Bangu) foram acionadas pela unidade hospitalar para verificar a ocorrência. O caso foi inicialmente registrado na 34ª DP (Bangu) e encaminhado para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que abriu investigação para identificar os responsáveis e esclarecer as circunstâncias do crime.

Nas redes sociais, conhecidos da vítima lamentaram o ocorrido. Parentes afirmaram à polícia que Sther não tinha qualquer envolvimento com o tráfico e descreveram a jovem como alguém tranquila e dedicada à família.

Sther Barroso dos Santos foi espancada até a morte após ser recusar a ficar com traficante em baile funk — Foto: Reprodução redes sociais

Até o momento, não há informações sobre a prisão de suspeitos. A polícia informou que o caso foi registrado inicialmente na 34ª DP (Bangu) e encaminhado para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que dará continuidade às investigações. Diligências estão em andamento para identificar a autoria e apurar as circunstâncias do crime. Fonte: https://extra.globo.com

Morador de rua é condenado à prisão por furtar duas escovas de dentes no interior de SP

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Publicado em 24 julho 2025
  • Morador de rua é condenado à prisão
  • Drogal Farmacêutica
  • morador de rua Daniel Carlos Lauria
  • Cosmópolis,
  • Morador de Rua é condenado em Cosmópolis
  • Os Miseráveis

Em promoção, objetos custavam R$ 14,99; país vive embate entre corrente 'tolerância zero' e a

 

Estátua 'A Justiça', localizada em frente ao prédio do STF (Supremo Tribunal Federal) - Evaristo Sá - 19.mai.25/AFP

 

Rogério Gentile

São Paulo

O morador de rua Daniel Carlos Lauria, de 36 anos, é um sujeito perigoso, segundo a Justiça paulista, que o condenou a uma pena de um ano e seis meses de prisão. O crime? Ele furtou duas escovas de dentes em uma drogaria.

O caso ocorreu em abril do ano passado em Cosmópolis, uma cidade de cerca de 60 mil habitantes na região de Campinas, no interior paulista.

De acordo com o relato feito à Justiça pelo representante da farmácia onde houve o furto, a Drogal Farmacêutica, Daniel estava no interior da loja e pediu que um cliente lhe comprasse uma escova.

Diante da negativa, pegou a embalagem na prateleira e saiu correndo. Minutos depois, foi detido por um guarda civil na praça do coreto e levado para a delegacia. Acabou sendo solto no dia seguinte, sem falar nada em seu interrogatório.

O julgamento de Daniel ocorreu à revelia. Uma intimação havia sido levada ao endereço que ele apresentara à polícia, mas uma prima disse ao oficial de Justiça que não sabia do seu paradeiro, pois ele era "morador de rua".

A defesa foi feita pela advogada Elen Bortoloti, indicada pela Defensoria Pública. À Folha ela afirmou que nunca falou com Daniel, assim como não teve contato com nenhum familiar.

Na defesa apresentada à Justiça, a advogada citou "o princípio da insignificância", ressaltando o valor irrisório da embalagem furtada: as escovas, uma azul e outra verde, custavam R$ 16,95, mas, em promoção, estavam sendo vendidas por R$ 14,99.

A advogada declarou na ação que "a intervenção do direito penal deve se reservar às lesões mais graves, a bens jurídicos relevantes, não sendo razoável a movimentação de todo o aparato judicial para apurar fatos de tamanha irrelevância".

A discussão sobre a necessidade de se encarcerar pessoas por pequenos crimes é antiga. No livro clássico "Os Miseráveis", de 1862, Victor Hugo conta que o protagonista Jean Valjean foi preso após roubar um pedaço de pão. Foi condenado a cinco anos de trabalhos forçados.

No Brasil, a corrente que defende uma política de "tolerância zero" contra qualquer infração entende que as punições severas, além de gerarem uma sensação maior de segurança e ordem na população, inibem a prática de crimes ao enviar sinais claros à sociedade de que a lei será aplicada de modo implacável, desencorajando o comportamento criminoso.

Já os defensores de um direito menos punitivista costumam citar, além da desproporcionalidade das medidas, o alto custo de um preso para o Estado, bem como o fato de que, em uma prisão, o responsável pelos chamados casos de bagatela acabam tendo contato com pessoas envolvidas em crimes graves ou mesmo de facções criminosas, o que pode torná-los efetivamente perigosos.

A jurisprudência brasileira prevê a aplicação do princípio da insignificância com base em critérios como a "mínima ofensividade da conduta", a "ausência de periculosidade social da ação" e o "reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento".

O professor Juarez Cirino dos Santos, da UFPR (Universidade Federal do Paraná), em um artigo publicado, em novembro de 2024, no boletim do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, diz que a subjetividade desses critérios torna as decisões "dependentes das emoções pessoais" e dos "componentes ideológicos do julgador".

Ele defende que se estabeleça critérios mais objetivos para a definição do que é um delito irrelevante, citando casos não violentos que envolvem o patrimônio. Para isso, sugere que se estabeleça como base um percentual do salário mínimo.

No artigo, argumenta que "juízes identificados com as classes hegemônicas são refratários ao princípio da insignificância na criminalidade de bagatela". Esses juízes, diz, sempre examinam os casos na "perspectiva de repressão".

A sentença que condenou Daniel a um ano e seis meses de prisão afirma que a aplicação do princípio da insignificância, no seu caso, seria "conceder salvo-conduto à reiteração de pequenos delitos".

A decisão cita que o morador de rua "é multi reincidente em crimes patrimoniais, o que denota que faz da prática de crimes seu meio de vida e revela acentuada reprovabilidade em seu comportamento e periculosidade social". Ele, de fato, já foi condenado no passado por furto de um notebook e furto e receptação de bicicletas.

A pena terá de ser cumprida em regime fechado.

Para efeito de comparação, o advogado Laércio Benko, que foi vereador em São Paulo e secretário de Turismo no governo paulista, foi condenado em maio, sob acusação de se apropriar de uma indenização de R$ 279 mil de um cliente. A Justiça disse, na sentença, que ele agiu de forma dolosa (com intenção).

Benko negou o crime e acusou uma sócia (disse à Justiça que, à época dos fatos, estava ausente do comando das atividades do escritório por exercer cargo público). Acabou recebendo a mesma punição que o morador de rua: um ano e seis meses de prisão, mas em regime aberto.

Houve ainda uma segunda diferença: a punição foi substituída pela prestação de serviços à comunidade e o pagamento de dois salários mínimos. Benko já recorreu da decisão. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

'Dor da fome é mais forte que medo dos bombardeios': relatos de palestinos expõem colapso humanitário em Gaza

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Publicado em 24 julho 2025
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Desnutrição já matou mais de 100 pessoas no enclave desde o início da guerra, sendo 80 delas crianças, e número não para de subir

 

Por O GLOBO, com agências internacionais — Cidade de Gaza

Com vozes fracas, corpos exaustos e estômagos vazios, palestinos relatam um colapso humanitário sem precedentes na Faixa de Gaza. A fome já matou mais de 100 pessoas desde o início da guerra, em outubro de 2023 — sendo 80 delas crianças —, e o número não para de subir. Nos últimos dois dias, ao menos 33 palestinos, incluindo 12 menores, morreram por desnutrição, segundo o Ministério da Saúde do território, controlado pelo grupo terrorista Hamas.

A escassez de alimentos, água potável e medicamentos afeta todos os setores da sociedade. Médicos, enfermeiros, jornalistas e trabalhadores humanitários enfrentam a mesma fome de quem tentam socorrer. Nesta terça-feira, o chefe da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, denunciou que membros da agência da ONU estão desmaiando em serviço devido à exaustão e à desnutrição.

— Não nos restam forças por causa da fome — resume o fotógrafo Omar al-Qattaa, de 35 anos, indicado ao Prêmio Pulitzer.

Entre os que ainda tentam manter a cobertura da guerra, há quem precise interromper o trabalho para buscar comida ou aliviar dores com analgésicos improvisados, já que os remédios sumiram das farmácias.

— Já não conseguimos chegar aos locais sobre os quais devemos reportar — confessa Qattaa, que trabalha para a agência de notícias AFP.

A jornalista da AFP Ahlam Afana, de 30 anos, destaca outra dificuldade: uma exaustiva "crise de dinheiro vivo", causada pelas exorbitantes comissões bancárias e pela inflação. Comissões bancárias que superam os 40% tornam quase impossível utilizar transferências de parentes no exterior.

— O que sobra não dá nem para comprar um quilo de farinha, que agora custa US$ 80 [cerca de R$ 445] — diz Mohammad Mahmoud, pai de quatro filhos. — Não comemos nada, exceto um pouco de lentilhas, há dois dias. Misturamos um pouco de sal de cozinha em um copo d'água e bebemos, só para obter alguns eletrólitos.

 

'Fome mata mais rápido que doença'

Saba Nahed Alnajjar, de 19 anos, sonhava estudar Medicina na Argélia, mas perdeu a bolsa quando a guerra estourou. Vivendo em uma tenda com a família na região costeira de al-Mawasi, ela agora teme morrer sem realizar seus sonhos.

— Estamos vivos, mas não há o que comer — disse ela, que pesa hoje apenas 35 quilos, à BBC. — Não há comida nem remédios. Nos tornamos esqueletos. Não há proteção. Gaza se tornou inabitável. Eu quero sair deste inferno. Não consigo suportar isso.

A dor dos profissionais de saúde é ainda mais aguda. Randa, enfermeira oncológica de 38 anos que trabalha no Hospital Nasser, em Khan Younis, resume o colapso:

“A fome está nos matando mais rápido que a doença”, disse ela por mensagem de texto à BBC.

Sem medicamentos nem alimentos, os pacientes recebem quimioterapia com corpos já debilitados pela desnutrição, relata Randa.

— O que mais ouço dos pacientes não é "estou com dor", mas "estou com fome" — afirma. — Tentamos tudo o que podemos, mas temos muito pouco a oferecer. Nós os vemos desaparecer... e carregamos esse desgosto conosco todos os dias.

Ela própria deixa seus quatro filhos chorando em uma tenda quando sai para trabalhar.

— Nós, as equipes médicas, estamos tendo colapsos de exaustão e fome. Ficamos de pé por horas intermináveis sem sequer uma refeição. Muitos de nós desmaiam, mas nosso dever não nos permite ir embora. Não podemos dar as costas aos pacientes, mesmo quando nosso próprio corpo está em colapso — diz Randa. — Esta é a minha vida cotidiana. Uma mãe com filhos famintos. Uma enfermeira cercada por mulheres que estão morrendo. Um ser humano preso em um lugar que o mundo parece ter esquecido.

No Hospital al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, Osama Tawfiq, um funcionário veterano do setor de suprimentos, diz nunca ter presenciado algo semelhante em 20 anos de serviço.

— Crianças estão morrendo de fome dentro do hospital. Não há comida para os pacientes. Eu vou trabalhar com fome e deixo meus seis filhos também com fome — afirmou.

A crise se estende às novas gerações. Na Cidade de Gaza, a jovem mãe Noura Hijazi viu sua filha de 20 meses, Aisha, perder dois quilos em apenas quatro dias.

— Ela parou de falar, de se mover. Pede comida, mas não tenho o que dar — relatou a um jornalista freelancer da BBC no local.

Hijazi perdeu o companheiro na guerra e vive em uma tenda com os dois filhos.

— Você espera o dia inteiro na esperança de conseguir algo para comer, mas não consegue nada. Você bebe um copo de água com sal para poder passar o dia — ela diz, e faz um apelo: — Pedimos a eles que parem a guerra, que considerem essas crianças que não fizeram nada de errado.

 

'Grito de sobrevivência'

O som de crianças chorando de fome ecoa pelas tendas.

— Ontem, não consegui dormir por causa do som de uma criança chorando na barraca vizinha. Chorava de fome. Seus pais não conseguiam encontrar nada para alimentá-lo ou acalmá-lo — disse à BBC a farmacêutica Suha Shaath, que perdeu 10 quilos desde o início da guerra. — A fome tortura os pais com a impotência e as crianças com o choque de ver que os adultos não podem salvá-las.

A distribuição de ajuda humanitária tem sido ineficaz, frequentemente interrompida ou alvo de ataques. Desde 27 de maio, após um bloqueio humanitário total de mais de dois meses imposto por Israel, a pouca ajuda que entra na Faixa de Gaza é distribuída pela controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), uma organização apoiada por Estados Unidos e Israel, mas criticada por organizações internacionais de ajuda e pelas Nações Unidas.

— As pessoas sabem que os pontos de distribuição são armadilhas mortais, mas vão mesmo assim, porque não têm nada para dar aos filhos — diz Ghada Al-Haddad, funcionária do escritório de comunicações da Oxfam, uma confederação de organizações humanitárias, em Deir al-Balah, à BBC.

Segundo a ONU, mais de mil palestinos foram mortos por tiros enquanto tentavam obter alimentos desde o fim de maio. Israel mantém o território sitiado e permite a entrada de ajuda apenas em quantidades limitadas, alegando que o Hamas desvia os suprimentos. Mas denúncias de civis e de agências internacionais apontam para bombardeios e ataques diretos a filas de distribuição. Em junho, a ONU declarou que o uso da fome como arma de guerra configura crime de guerra.

Há vários meses, a ONU também vem advertindo sobre os riscos de fome no território palestino, onde mais de 2 milhões de pessoas enfrentam condições humanitárias críticas. De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA), quase um terço da população de Gaza, está passando vários dias sem comida, e 470 mil pessoas devem enfrentar os níveis mais severos de fome até setembro deste ano.

Na segunda-feira, um grupo de 28 países — incluindo Reino Unido, Canadá, França e Japão — pediu em comunicado conjunto o fim da guerra e disse que “o sofrimento dos civis em Gaza atingiu novos níveis”. Nesta terça, o secretário do Exterior britânico, David Lammy, se disse “horrorizado e enojado” com as imagens de Gaza. Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que as imagens de palestinos morrendo enquanto tentam buscar comida são “insuportáveis”.

Para muitos, a fome superou o medo das bombas.

— Prefiro a morte a esta vida — diz Zuheir Abu Atileh, de 60 anos, ex-colaborador do escritório da AFP em Gaza. — Não nos restam forças, estamos esgotados, estamos desmoronando. Basta.

Em Deir al-Balah, no centro do território, onde o Exército israelense lançou nesta semana uma ofensiva terrestre, o fotojornalista Eyad Baba, de 47 anos, deixou um campo de refugiados superlotado e insalubre para alugar um abrigo a um preço exorbitante, a fim de proteger sua família.

— A dor da fome é mais forte que o medo dos bombardeios — explica Baba. — A fome impede de pensar. Fonte: https://oglobo.globo.com

Adolescente de 14 anos incendeia apartamento e mata a irmã de 11 meses em Guarujá, SP.

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Publicado em 15 julho 2025
  • Violência em Guarujá,
  • Adolescente de 14 anos mata a irmã de 11 meses
  • bairro Cantagalo

Garota foi apreendida pela Polícia Militar no bairro Cantagalo, nesta segunda-feira (14).

 

Adolescente de 14 anos incendeia apartamento e mata a irmã de 11 meses em Guarujá, SP — Foto: Netto santos

 

Por g1 Santos

Adolescente de 14 anos incendeia apartamento e mata a irmã de 11 meses

Uma adolescente de 14 anos foi apreendida após incendiar um apartamento com os dois irmãos dentro, em um conjunto habitacional de Guarujá, no litoral de São Paulo. A bebê de 11 meses morreu no local, enquanto o irmão, de 2 anos, foi socorrido e levado em estado grave ao Hospital Santo Amaro.

O caso ocorreu na tarde desta segunda-feira (14), por volta das 14h10, em um apartamento localizado na Rua 109, no bairro Cantagalo. A Polícia Militar (PM) informou que foi acionada, mas, ao chegar ao local, o fogo já havia sido controlado por moradores.

Ainda segundo a corporação, um homem entrou no apartamento em chamas pela janela e conseguiu retirar as duas crianças. Apesar do resgate, a bebê morreu por inalação de fumaça.

A criança de 2 anos deu entrada em estado grave no Hospital Santo Amaro, que informou, em nota, que ela está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica.

Conforme apurado pela TV Tribuna, afiliada da Globo, a adolescente ateou fogo no carpete do apartamento, acionou o registro de gás e trancou a porta em seguida.

A adolescente foi apreendida e encaminhada ao DP Sede de Guarujá. Ela responderá por ato infracional análogo à tentativa e ao homicídio consumado. O g1 solicitou mais informações à Secretaria de Segurança Pública (SSP), mas não obteve retorno até a publicação.

 

Prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Guarujá lamentou o ocorrido e se solidarizou com os familiares das vítimas.

"Por determinação do prefeito Farid Madi, as secretarias de Saúde (Sesau), Desenvolvimento e Assistência Social (Sedeas) e Fundo Social de Solidariedade estão monitorando o caso, colocando-se à disposição do que for necessário", acrescentou a administração municipal.

Por fim, a prefeitura disse que casos dessa natureza reforçam o compromisso da atual gestão na "expansão do programa de saúde mental para as famílias e para as crianças". Fonte: https://g1.globo.com

O Estado contra o cidadão

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Publicado em 09 julho 2025
  • Violência em São Paulo,
  • governador de São Paulo
  • Assassinato do marceneiro Guilherme Ferreira
  • Guilherme Ferreira
  • cabo Fabio de Almeida,
  • o policial militar que atirou contra Guilherme,
  • Fabio de Almeida,
  • Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa da Polícia Civil,
  • secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite,
  • Governo Tarcísio de Freitas,

O Estado contra o cidadão

Assassinato do marceneiro Guilherme Ferreira escancara não só o despreparo da PM paulista, como a falência de um modelo de segurança que adota a barbárie como padrão de atuação policial

  

Numa democracia liberal, como é a brasileira, presume-se que as leis e as instituições sirvam para proteger os cidadãos do arbítrio do Estado. No entanto, a julgar pelo ultrajante caso de um rapaz negro assassinado em São Paulo por um policial militar que o confundiu com um assaltante só porque a vítima corria para pegar um ônibus depois do trabalho, alguns cidadãos, a depender da cor da pele e da condição financeira, estão totalmente à mercê de um Estado que não os reconhece como titulares de direitos. Para o marceneiro Guilherme Dias Santos Ferreira, de 26 anos, a democracia liberal não existe.

Tudo nesse caso prova a seletividade do aparato estatal na aplicação das leis e dos princípios constitucionais. Primeiro, o policial militar que atirou contra Guilherme, o cabo Fabio de Almeida, que estava de folga, aparentemente contrariou todos os manuais de conduta policial numa sociedade que se presume civilizada. Conforme se vê nas abundantes e claras imagens disponíveis, o agente não pretendia prender ninguém, e sim executar aquele que julgava ter tentado roubar sua moto momentos antes. Mesmo que tivesse sido o caso, isto é, mesmo que o marceneiro tivesse realmente tentado roubar sua moto, o cabo da PM não poderia ter atirado num suspeito desarmado. Num Estado em que prevalece a presunção de inocência, o braço armado desse mesmo Estado deve prender o suspeito, e não o executar com um tiro na cabeça no meio da rua.

Mas a violência estatal contra o cidadão Guilherme Ferreira não parou aí. Conduzido a uma delegacia, o cabo Fabio de Almeida contou com a gentileza do delegado Kauê Danillo Granatta, do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa da Polícia Civil, que resolveu tipificar o crime, pasme o leitor, como “homicídio culposo”, cuja pena é de detenção de um a três anos. Por essa razão, o policial militar foi solto após pagar fiança no valor de R$ 6,5 mil. Não se pode condenar quem veja nessa esdrúxula tipificação – afinal, o erro sobre a pessoa não exclui o dolo – uma manobra de acobertamento. Um Estado em que criminosos que vestem farda são protegidos não é um Estado nem liberal nem democrático. É um Estado falido, em que prevalecem as relações pessoais e o poder do mais forte.

Embora tenha sido um caso de flagrante abuso policial, coroado por uma inaceitável tipificação do crime, nem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, nem seu secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, se pronunciaram, passados dias do acontecido – seja para confortar a família da vítima, seja para cobrar punição exemplar, seja para prometer alguma providência para que isso não se repita. Silêncio absoluto.

Essa talvez seja a pior forma de violência do Estado contra seus cidadãos: tratá-los como se fossem indignos até mesmo de algumas palavras de pesar quando morrem pelas mãos de seus agentes, enquanto estes gozam de impunidade escandalosa. Tal comportamento espelha uma visão absolutamente distorcida do que vem a ser segurança pública.

De uns anos para cá, aos olhos de alguns policiais de São Paulo, se um homem negro, como era Guilherme Ferreira, correr na rua, automaticamente passa a ser suspeito de algum crime, fazendo letra morta do princípio constitucional da presunção de inocência. O homicídio de mais um inocente praticado por um policial lança luz, é claro, sobre o despreparo técnico e emocional de alguns integrantes da PM paulista, outrora conhecida como a mais bem equipada e treinada do País. Longe de representar um lamentável erro episódico, a morte do trabalhador é o corolário trágico de uma construção institucional, e não só fruto do livre-arbítrio do guarda na esquina.

Se a PM de São Paulo passou a agir de modo truculento e fatalmente inconsequente, sob o signo de um espírito de valorização da violência e desprezo pela vida humana, é porque muitos policiais passaram a se sentir autorizados a agir assim por seus superiores – a começar pelo secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.

Do irremediável sr. Derrite não há mais o que dizer, e é incrível que ainda esteja no cargo. Já do sr. governador, que se apresenta como um democrata, esperava-se mais. Fonte: https://www.estadao.com.br

O PCC e suas ‘filiais’ em 28 países

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Publicado em 01 julho 2025
  • Ministério Público de São Paulo
  • O PCC
  • promotor de Justiça Lincoln Gakiya,
  • Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
  • O Primeiro Comando da Capital
  • tráfico internacional de drogas,

Com mais de 2 mil integrantes espalhados pelo exterior, facção criminosa expande atuação e presença em prisões mundo afora e evidencia necessidade de atuação internacional para enfrentá-la

 

Por Notas & Informações

O Primeiro Comando da Capital (PCC) já está presente em ao menos 28 países, segundo um recente mapeamento do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). São mais de 2 mil integrantes da maior facção criminosa brasileira espalhados pelo mundo. Esses bandidos atuam dentro e fora dos presídios em nações das Américas, da Europa e da Ásia. Quase metade deles está nas ruas, e o restante, detido no sistema carcerário.

A novidade, agora, é que o PCC tem realizado “batizados”, uma espécie de ritual de iniciação, também no exterior. Segundo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, esses processos de adesão já foram registrados em prisões de países como Argentina, Chile, Paraguai e Bolívia. E em países onde já tem forte atuação, como Portugal, Espanha, Holanda e Estados Unidos, a organização já estaria “batizando”, inclusive, cidadãos locais, e não só brasileiros residentes.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-SP, descobriu ainda que a presença internacional da organização repete o modelo brasileiro. Isso inclui a “sintonia”, composta por integrantes do alto escalão; o “progresso”, responsável pelo tráfico; e o “disciplina”, um árbitro de disputas do mundo do crime e fiscal do cumprimento das ordens dos líderes. Para o constrangimento do Brasil, é esse modelo criminoso que está em exportação.

É por meio de ordens emitidas de dentro das prisões a seus batizados que os líderes do PCC estabelecem uma rígida cadeia de comando, dominam territórios, diversificam seus negócios ilícitos e levam terror às ruas. Agora, a facção poderá reproduzir lá fora esse ciclo de violência. E, quanto mais forte o PCC estiver, seja lá onde for, pior para o Brasil.

Desvendado por meio do monitoramento de integrantes do PCC pelo Gaeco, o processo de expansão territorial mostra a ousadia da facção, que agora finca suas raízes mundo afora – e o Brasil sabe muito bem como elas crescem. Basta lembrar que esse bando nasceu nos anos 1990 num presídio de Taubaté, no interior de São Paulo, com meia dúzia de faccionados, e hoje reúne cerca de 40 mil bandidos em todas as regiões do País e agora também pelo mundo.

Para crescer dessa forma exponencial, o PCC contou com a ineficácia do Estado brasileiro em combatê-lo desde os primórdios, quando era um organismo insignificante. Diante da inépcia e não raro omissão do poder público, o bando encontrou condições ideais para se alastrar pelo sistema carcerário, de onde seus líderes impõem a fidelidade ao grupo como um elemento central da sua estruturação de poder, nas celas e nas ruas.

Não é de hoje que o tráfico internacional de drogas, sobretudo o de cocaína, impulsiona o PCC. O objetivo da facção sempre foi encontrar rotas e parceiros, como a máfia italiana ‘Ndrangheta, para enviar a cocaína produzida nos vizinhos Bolívia, Peru e Colômbia aos lucrativos mercados de países europeus e asiáticos. É por isso que há integrantes da organização também na França, na Irlanda, na Suíça, na Turquia e até no Japão.

O impressionante faturamento anual de US$ 1 bilhão, ou mais de R$ 5 bilhões, conforme estimado pelo MP-SP, ajuda a entender a ambição dos criminosos brasileiros na busca por mais territórios. Não só o tráfico, com a venda final da cocaína, interessa ao PCC, mas também a prática do crime de lavagem de dinheiro, pelo qual tenta, e consegue, movimentar quantias vultosas, driblando as autoridades.

Esse poderio geográfico e financeiro do PCC exige do poder público brasileiro, e agora também do estrangeiro, a capacidade de se antecipar aos movimentos da facção e o uso de inteligência para combater o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro. Torna-se cada vez mais necessária a cooperação internacional para a troca de informações e a atuação conjunta para asfixiar esse bando.

Os achados sobre o PCC já começaram a ser compartilhados pelo MP-SP com embaixadas e consulados. Que os países alertados não repitam os erros cometidos no passado pelo Brasil, e que o Brasil firme parcerias com esses países para lutar contra o crime transnacional e corrigir o equívoco de ter subestimado o PCC desde o início. Fonte: https://www.estadao.com.br

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