Caso ‘Duarte Agostinho’ pode produzir um efeito cascata em que sejam exigidas dos Estados ações eficazes para a proteção dos direitos das futuras gerações

 

Por Lucas Carlos Lima

Na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), um coro de países reconheceu que as mudanças climáticas são “o maior desafio de nosso tempo”. Não faltam evidências científicas ou empíricas para provar que estão corretos. O problema real reside nas tentativas de resposta eficaz a esse desafio. Certamente, o tema será objeto de pauta no G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), cuja reunião ocorrerá no Brasil em 2024.

Nesse sentido, parece particularmente alvissareira a iniciativa de seis jovens portugueses que decidiram processar Portugal e 32 Estados na Corte Europeia de Direitos Humanos, com sede em Estrasburgo.

No dia 27 de setembro, em audiência perante a Corte, os jovens expuseram suas razões jurídicas para demonstrar que seus direitos como futuras gerações, protegidos pela Convenção Europeia de Direitos Humanos, estão sob ameaça em razão das mudanças climáticas. O propósito dos jovens é claro: alertar os Estados acusados sobre a insuficiência de suas medidas para reduzir as emissões de carbono e mitigar os efeitos da catástrofe climática. Segundo os peticionários, mais deve ser feito – e com razão.

Já em 1992 a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento anunciava em seu princípio 7 a noção jurídica de equidade intergeracional: o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de tal forma que responda equitativamente às necessidades de desenvolvimento e ambientais das gerações presente e futuras. O caso Duarte Agostinho e outros vs Portugal e 32 outros Estados parece buscar concretizar esse princípio na medida em que são as gerações futuras a encampar a causa jurídica em relação às ações atualmente conduzidas pelos governos e sua exiguidade diante da envergadura do desafio que buscam combater.

Intitulado pela professora Laurence Burgorgue-Larsen, da Faculdade de Direito da Sorbonne, como um potencial “big-bang climático”, o caso pode alterar as percepções da litigância climática por meio da proteção de direitos humanos, na medida em que pode reconhecer importantes obrigações internacionais. Existe uma chance real de reconhecer o dever de proteção de direitos fundamentais em razão da degradação do meio ambiente em virtude de alterações no sistema do clima.

Levar casos envolvendo as obrigações climáticas dos Estados perante tribunais não é uma tática inédita. Desde o célebre caso Urgenda vs Países Baixos, de 2019, no qual a Suprema Corte Neerlandesa reconheceu que o Estado não estava fazendo o suficiente para atingir suas metas de contenção das mudanças do clima, a assim chamada litigância climática expandiu-se pelo mundo e alcançou diferentes sistemas jurídicos. Inclusive, o Brasil teve sua contribuição com a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o Fundo Clima na ADPF 708, que reconheceu a omissão do Executivo na adequada distribuição dos valores voltados às ações climáticas.

Contudo, o caso Duarte Agostinho é particularmente promissor porque demonstra o potencial contencioso da Corte Europeia para decidir sobre questões climáticas. Em termos simples, pode-se afirmar que, em virtude das obrigações que Estados assumiram internacionalmente de proteger direitos humanos (como a vida, a privacidade e a saúde), existe um dever de realizar ações eficazes para diminuir as emissões de carbono e responder aos efeitos da crise climática que se alastram nos países. Em Portugal, em particular, são lugubremente célebres os incêndios que se propalam durante o verão no país ibérico.

O que pode surgir de uma eventual condenação, após naturalmente um amplo processo e contraditório, é um efeito cascata em que sejam exigidas dos Estados ações eficazes para a proteção dos direitos das futuras gerações. Dessa primeira condenação, uma pronúncia da Corte Europeia pode se irradiar e dialogar com as cortes supremas de todos os Estados europeus e influenciar até mesmo outros sistemas similares – como o Interamericano e o Africano. Além disso, as pronúncias mais amplas da Corte poderão oferecer sustentáculo a futuros casos similares em que indivíduos empregam a via judicial para obter dos governos uma maior ação na proteção do meio ambiente (como, por exemplo, na diminuição do desflorestamento) e, por consequência, do clima.

É verdade que o mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) descreve um cenário tragicamente desanimador sobre a possibilidade de diminuição da temperatura da Terra em relação às emissões de gases de efeito estufa. É, também, verdade que uma pronúncia de uma corte internacional levará algum tempo para gerar efeitos reais no interior dos Estados. Contudo, este caso – somado a outras iniciativas, como as opiniões consultivas perante a Corte Interamericana, a Corte Internacional de Justiça e o Tribunal Internacional do Direito do Mar sobre o mesmo tema – pode ser uma sedimentação real de um movimento maior, que liga a necessidade de proteger direitos fundamentais protegidos nas Constituições do mundo à crise do sistema climático global. A depender do resultado, ganham o meio ambiente, o sistema climático e as futuras gerações.

*PROFESSOR DE DIREITO INTERNACIONAL AMBIENTAL NA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, É ORGANIZADOR DO COMENTÁRIO BRASILEIRO À DECLARAÇÃO DO RIO SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

Familiares dizem que vítima foi um 'baita herói'. Caso aconteceu em Witmarsum, no Vale do Itajaí. A identidade foi confirmada pelo município no domingo.

 

Motorista que morreu ao ter carro arrastado por correnteza tinha 24 anos e era filho de funcionário de prefeitura em SC — Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

Por Sofia Mayer e Caroline Borges, g1 SC

O motorista que morreu ao tentar atravessar com o carro uma rua alagada pelas chuvas em Witmarsum, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, abriu a porta e empurrou a filha e a namoradora para que conseguissem se salvar, relatou a madrinha da criança, Carol Stinghen. A mulher ficou com a menina de 5 anos no hospital após o acidente.

Ela narrou, nesta segunda-feira (30), que as duas chegaram a ser levadas ao hospital no sábado (28), mas foram liberadas horas depois.

A vítima é Eliton Selinger Rodrigues, de 24 anos. A identidade foi confirmada pelo município, já que ele era filho de um servidor municipal.

"A filhinha do Eliton lembra de todos os detalhes do acidente. Ela está bem assustada. Os bombeiros falaram que, na hora do atendimento, quem passou os relatos de como aconteceu foi a própria filha, pois a namorada estava em choque", conta.

"Quando ele abriu a porta e empurrou o carro, encheu de água rapidamente e acabou afundando. Ele não conseguiu mais sair do veículo, porque ele sabe nadar, mas ficou preso dentro do carro", relata Stinghen.

Em seguida, enquanto a namorada erguia a criança, um popular ajudou as duas a saírem do rio.

O relato foi confirmado pelo tio da vítima, Deivid Luiz Ferrari, que conversou com a namorada de Eliton nesta segunda-feira, no enterrno do sobrinho.

Ferrari diz que o jovem foi "um baita herói".

 

Ocorrência

Segundo os bombeiros de Presidente Getúlio, na mesma região, a namorada conseguiu sair do veículo com bastante dificuldade pois a água estava até a cintura. Foi ela quem conseguiu tirar a criança.

Em nota, a prefeitura de Witmarsum se solidarizou com a família de Rodrigues: "Amante do futebol, Eliton Selinger Rodrigues, tinha 24 anos e sua morte deixou o Esporte em luto".

"Nesse momento de dor e saudade, unimo-nos aos demais servidores e colegas de trabalho do nosso amigo, aos amantes do futebol, para prestar nossa solidariedade a todos os familiares, rogando a Deus que conforte seus corações", escreveu o município.

O g1 procurou a Defesa Civil do Estado para confirmar se a morte iria ser incluída nos dados de vítimas das chuvas no estado em outubro. Até a última atualização, a vítima estava listada como desaparecida.

O velório do jovem ocorre na manhã desta segunda-feira (30) na casa Mortuária Municipal da cidade. O sepultamento ocorre no cemitério Católico do Centro. Fonte: https://g1.globo.com

Na maior ação de sua Força Aérea desde que declarou guerra ao Hamas na Faixa de Gaza, Israel afirmou ter atingido 600 alvos de domingo (29) para segunda (30) no território controlado pelo grupo terrorista que promoveu um mega-ataque contra o país no dia 7.

Segundo o porta-voz militar Daniel Hagari, as ações terrestres também seguem no norte de Gaza, "de acordo com o plano", e que o Exército está mobilizado para "qualquer situação" no norte do país.

No domingo, caças israelenses atingiram pontos de lançamento de foguetes no Líbano e na Síria, atribuídos tanto ao próprio Hamas quanto ao libanês Hezbollah, seu aliado, mantendo aceso o temor de uma conflagração regional com o Irã, fiador dos grupos. (Igor Gielow). Fonte: https://aovivo.folha.uol.com.br

O bom combate do jornalismo

A instantaneidade online exige redobrar o cuidado com as notícias. Quando elas podem ser armas de guerra, é preciso triplicá-lo, e quando podem ser armas de terroristas, quadruplicá-lo

 

No dia 17 passado, uma notícia atingiu a opinião pública global como uma bomba: “Ao menos 500 pessoas foram mortas por um bombardeio israelense em um hospital de Gaza, dizem os palestinos”. A atrocidade anunciada nesta manchete do New York Times foi reportada por diversos veículos de imprensa – como Reuters, Associated Press e MSNBC – e correu o mundo como fogo em mato seco, deixando um rastro de ódio.

Massas enfurecidas tomaram as ruas de países islâmicos. Nas 24 horas subsequentes, diplomatas árabes mobilizaram protestos na ONU; manifestantes anti-Israel cercaram o Capitólio nos EUA; uma sinagoga na Alemanha foi atingida por coquetéis molotov; uma turba tentou invadir a embaixada de Israel na Jordânia. O impacto geopolítico foi devastador: o rei da Jordânia e o presidente da Autoridade Palestina cancelaram uma reunião com os presidentes do Egito e dos EUA e o Oriente Médio esteve a um passo de uma guerra regional mais ampla.

Mas imediatamente após as primeiras notícias, as autoridades israelenses as contestaram. Um grão de hesitação entrou nas redações. A BBC explicou que os israelenses “disseram que estão investigando, mas, na verdade, é difícil ver como não poderia ser, dado o tamanho da explosão, um ataque israelense, ou vários”. Questionamentos começaram a pipocar nas redes sociais. Em um par de horas, a manchete do New York Times foi alterada duas vezes: primeiro, removendo a menção ao autor do “bombardeio”; depois, reduzindo-o a uma mais neutra “explosão”.

Hoje, ainda não há certeza sobre os fatos. Já antes da guerra, agências independentes não podiam operar livremente em Gaza como fazem em Israel e em outras democracias do mundo. O Hamas controla quem pode investigar e o que pode ser investigado. Mas as evidências apontam para um disparo malogrado de um foguete da Jihad Islâmica, outra organização terrorista de Gaza. Uma tragédia, ainda assim, mas, ao que tudo indica, não resultante da intenção de Israel de dizimar palestinos, e sim do descaso de terroristas com o povo que alegam defender e libertar.

No caso, a notícia foi reportada pelo “Ministério da Saúde de Gaza”, que todos deveriam saber que se trata de um dos pseudônimos do Hamas. Por óbvio, sua confiabilidade é tão grande quanto a do “Ministério da Verdade” do “Grande Irmão” de George Orwell. Mas, no afã das redações de reportar um furo espetacular – ou, plausivelmente, de alguns dos jornalistas de confirmar seu viés de Israel “opressor” – várias esqueceram essa obviedade.

Quando se lembraram ou foram lembradas, o estrago já estava feito. “Múltiplos estudos descobriram que a desinformação ainda pode influenciar nosso pensamento mesmo quando recebemos a correção e acreditamos ser verdadeira”, explicou o neurocientista Richard Sima no Washington Post, “um fenômeno conhecido como ‘efeito contínuo da influência’.” Tanto pior quando esse efeito tem origem não em algum blog obscuro, mas em mídias tradicionais.

Pesquisas indicam que há anos essas mídias vêm perdendo credibilidade – e reproduzir informações disparadas por terroristas só acelerou o processo –, mas a guerra ainda pode ser uma oportunidade de resgatá-la.

Em um mea culpa, o próprio editor do New York Times admitiu que o jornal “confiou demais em alegações do Hamas, e não esclareceu que elas não podiam ser imediatamente verificadas” e que “a reportagem deixou aos leitores uma impressão incorreta sobre o que era conhecido e o quão crível era o relato”.

As redes digitais estão infestadas de erros e mentiras, que, como se viu, podem ser disseminados até por grandes veículos, com consequências desastrosas. A instantaneidade da internet só amplifica o dever do jornalismo profissional de rever continuamente seus procedimentos para determinar “salvaguardas adicionais” à publicação de notícias de impacto, como disse o New York Times. Ainda assim, é impossível eliminar o risco de erros. Reconhecê-los e corrigi-los o mais rápida e honestamente possível é o caminho mais seguro para resgatar a confiança do público. Em uma palavra, a credibilidade do jornalismo será tanto maior quanto maior for a sua humildade. Fonte: https://www.estadao.com.br

Não foi da noite pra o dia que as milícias acumularam o poder de parar a cidade quando lhes dá na veneta. Isso é decorrência de anos de promiscuidade entre criminosos e agentes do Estado

 

A morte do miliciano Matheus da Silva Resende, vulgo “Teteus”, parou o Rio de Janeiro no fim da tarde de segunda-feira passada. Como isso foi possível, é dever do governador Cláudio Castro explicar. Em represália à operação da Polícia Civil que culminou na morte do criminoso, o segundo na hierarquia de uma das milícias mais poderosas do Estado, seus comparsas atearam fogo a ao menos 35 ônibus, deixando milhares de cariocas a pé e em pânico na volta do trabalho. Ademais, o bloqueio de vias públicas deu um nó no trânsito da capital fluminense, violando o direito de ir e vir inclusive de quem estava a quilômetros da zona oeste da cidade, epicentro dos atos que Castro classificou como “terroristas”.

Se essa desabrida afronta ao poder estatal e a violência praticada contra gente inocente a bordo dos ônibus ou não podem ser classificadas como terrorismo, o Ministério Público e o Poder Judiciário vão dizer. O fato é que, seja qual for a tipificação dos crimes, os cariocas vivem aterrorizados com essa guerra por domínio territorial que há décadas tem formado zonas de exclusão no Rio, como se fossem enclaves dos quais não se entra ou sai sem a anuência dos barões do crime organizado – sejam eles das milícias ou do tráfico de drogas, quando não das “narcomilícias”.

Não poderia haver evidência mais cabal de que o Rio está de joelhos diante do crime organizado do que o inferno em que se transformou a vida dos cariocas naquele dia, e simplesmente porque um bandido morreu em confronto com a polícia. A declaração de Cláudio Castro, à guisa de justificativa, de que o serviço de inteligência da polícia não anteviu os ataques dos milicianos porque “não foram ações coordenadas” só ilumina esse quadro lamentável de absoluta falência do Estado para exercer uma de suas atribuições fundamentais, detentor que é do monopólio da violência.

Um dos sinais mais fortes da falência do poder público é o fato de que menos de 2% do território da cidade do Rio está fora do domínio do tráfico ou das milícias, segundo o Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (UFF). Isso não apenas coloca em risco a vida dos cidadãos, mas também macula a imagem do Brasil no cenário internacional, minando a percepção de segurança e comprometendo investimentos.

A bem da verdade, em se tratando do Rio, é pertinente refletir: está-se diante de incompetência propriamente dita, isto é, de incapacidade do Estado para agir, ou, é forçoso dizer, de leniência, quando não cumplicidade entre setores do Estado e as organizações criminosas? Afinal, reação de bandidos a investidas da polícia contra seus negócios sempre houve. O que parece ser novo, no caso em tela, é a escala inaudita dessa resposta da milícia à operação da Polícia Civil que acabou por eliminar um dos seus.

Não é desarrazoado pensar que houve algum ruído nessa espécie de pacto de convivência entre alguns agentes do Estado e a milícia a que pertencia o tal de “Teteus”. Pois é disso que se trata, de um mutualismo pernicioso que faz dos cariocas reféns da promiscuidade entre criminosos e agentes públicos que, em tese, deveriam combatê-los. Não é por acaso que, na origem da formação das milícias, estão justamente servidores do Estado – policiais e bombeiros – que, exatamente como faz a Cosa Nostra siciliana, se organizaram para “proteger” a população contra traficantes e outros tipos de delinquentes – e cobrando caro pelo “serviço”.

Ora, um bando com o poder de parar uma das capitais mais importantes do País, cuja paisagem é a imagem mais representativa do Brasil no exterior, não nasce da noite para o dia nem tampouco prospera nos negócios ilegais sem contar com a cumplicidade de agentes públicos. Esse acúmulo de poder do crime organizado – seja o tráfico de drogas, sejam as milícias – decorre de um processo de degradação do poder estatal que vem de décadas. Esse problema não será superado até que, entre outras medidas, policiais voltem a ser policiais, e bandidos voltem a ser bandidos. Hoje, os cariocas são incapazes de fazer essa necessária distinção. Fonte: https://www.estadao.com.br 

A reportagem da CBN confirmou que, em abril, a mãe do adolescente o acompanhou até a delegacia de Sapopemba para registrar queixa de agressão. Eles informaram aos policiais que o menino tinha desentendimentos com um grupo de meninas.

 

 

Escola Estadual Sapopemba, localizada na Zona Leste de São Paulo (SP), foi alvo de ataque a tiros. (Foto: Peter Leone/Ofotográfico/Agência O Globo)

 

POR GABRIELA RANGEL (Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.)

A família do atirador que matou uma estudante e feriu outras duas já tinha feito um boletim de ocorrência neste ano por causa das constantes agressões e bullying que ele sofria na Escola Estadual de Sapopemba.

A reportagem da CBN confirmou que, em abril, a mãe do adolescente o acompanhou até a delegacia de Sapopemba para registrar queixa de agressão. Eles informaram aos policiais que o menino tinha desentendimentos com um grupo de meninas.

Estudantes, ainda em choque após o ataque, confirmaram que as redes sociais foram citadas além da homofobia como motivos da perseguição na escola e confirmaram os ataques.
'Ele era muito zoado por causa da sua conta no Instagram, mas as pessoas não davam ouvido e continuavam zoando. Como ele era homossexual, era zoado por isso também. Ele não gostava', disse a menor de idade.

De acordo com a defesa do adolescente, Ele já sofria bullying há mais de 2 anos. A polícia agora investiga se o adolescente agiu sozinho, se teve ajuda de alguém próximo ou incentivo em redes sociais. A arma utilizada no ataque pertence ao pai do atirador, que tem o posse há mais de 20 anos de forma regularizada. Fonte: https://cbn.globoradio.globo.com

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 35-38)

35Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas. 36Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram. 37Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á. 38Se vier na segunda ou se vier na terceira vigília e os achar vigilantes, felizes daqueles servos!

 

3) Reflexão

Por meio da parábola o evangelho de hoje traz uma exortação à vigilância.

Lucas 12,35: Exortação à vigilância

"Estejam com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas”. Cingir-se significava amarrar um pano ou uma corda ao redor da veste talar, para que ela não atrapalhasse os movimentos do corpo. Estar cingido significava estar preparado, pronto para ação imediata. Na véspera da saída do Egito, na hora de celebrar a páscoa, os israelitas deviam estar cingidos, isto é, preparados, prontos para poder partir imediatamente (Ex 12,11). Quando alguém ia trabalhar, lutar ou executar uma tarefa ele se cingia (Ct 3,8). Na carta aos Efésios, Paulo descreve a armadura de Deus e diz que os rins devem estar cingidos com o cíngulo da verdade (Ef 6,14). As lâmpadas deviam estar acesas, pois a vigilância é tarefa tanto para o dia como para a noite. Sem luz não se anda na escuridão da noite.

Lucas 12,36: A parábola

Para explicar o que significa de estar cingido, Jesus conta uma pequena parábola. “Sejam como homens que estão esperando o seu senhor voltar da festa de casamento: tão logo ele chega e bate, eles imediatamente vão abrir a porta”.  A tarefa de aguardar a chegada do patrão exige uma vigilância constante e permanente, sobretudo quando é de noite, pois, o patrão não tem hora marcada. Ele pode voltar a qualquer momento. O empregado deve estar atento, vigilante sempre!

Lucas 12,37: Promessa de felicidade

“Felizes dos empregados que o senhor encontra acordados quando chega. Eu garanto a vocês: ele mesmo se cingirá, os fará sentar à mesa, e, passando, os servirá”. Aqui, nesta promessa de felicidade, os papeis se invertem. O patrão se torna empregado e começa a servir ao empregado que virou patrão. Evoca Jesus na última ceia que, mesmo sendo senhor e mestre, se fez servidor e empregado de todos (Jo 13,4-17). A felicidade prometida tem a ver com o futuro, com a felicidade no fim dos tempos, e é o oposto daquilo que Jesus prometeu numa outra parábola que dizia: “Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: Venha depressa para a mesa?  Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: 'Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber'? Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer" (Lc 17,7-10).  .

Lucas 12,38: Repete a promessa de felicidade

“E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão se assim os encontra!”  Repete a promessa de felicidade que exige vigilância total. O patrão pode voltar meia noite, três da madrugada, ou qualquer outra hora. O empregado deve estar acordado, cingido, pronto para poder entrar em ação.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Somos empregados de Deus. Devemos estar cingidos, de prontidão, atentos e vigilantes, vinte e quatro horas por dia. Você está conseguindo? Como faz?

2) A promessa de felicidade futura é a inversão do presente. O que isto nos revela sobre a bondade de Deus para conosco, para comigo?

 

5) Oração final

Escutarei o que diz o Senhor Deus, porque ele diz palavras de paz ao seu povo,para seus fiéis, e àqueles cujos corações se voltam para ele. Sim, sua salvação está bem perto dos que o temem, de sorte que sua glória retornará à nossa terra. (Sl 84, 9-10)

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo terrorista Hamas, afirmou nesta segunda-feira (23) que mais de 400 pessoas morreram nas últimas 24 horas, elevando o número de mortos para 5.087, incluindo 2.055 crianças e 1.119 mulheres. Segundo o jornal The Times of Israel, os números provavelmente incluem as pessoas que morreram na explosão de um hospital em Gaza na semana passada.

Na ocasião, as autoridades palestinas acusaram Israel pelo ataque, enquanto as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) atribuíram o incidente ao disparo fracassado de um foguete da facção Jihad Islâmico e afirmaram que hospitais não são seus alvos.

Ainda segundo o Ministério da Saúde, 15 mil pessoas ficaram feridas desde que Israel passou a bombardear o território palestino, no dia 7 de outubro. Os bombardeios começaram depois que o Hamas atacou Israel, matando centenas de pessoas, inclusive brasileiros. Fonte: https://aovivo.folha.uol.com.br

 

Matheus Rezende, o Faustão, foi baleado na comunidade Três Pontes. Ele era apontado como o número 2 na hierarquia da milícia comandada pelo tio, e o terceiro da família morto pela Polícia Civil. Avenida Brasil chegou a ser fechada por bandidos.

 

Por Leslie Leitão, Henrique CoelhoRaoni Alves, TV Globo e g1 Rio

A morte de um chefe da milícia provocou um caos na Zona Oeste do Rio na tarde desta segunda-feira (23). Ao menos 27 ônibus foram queimados a mando de criminosos na região. Outros veículos e pneus também foram incendiados, fechando diversas vias.

Às 16h50, o município entrou em estágio de mobilização, o segundo nível em uma escala de cinco e significa que há riscos de ocorrências de alto impacto na cidade.

Os ataques são em represália à morte do sobrinho do chefe da milícia Zinho, na comunidade Três Pontes. Matheus da Silva Rezende, conhecido como Teteu e Faustão, era apontado como o número 2 na hierarquia da milícia comandada pelo tio, e foi morto durante uma troca de tiros com a Polícia Civil.

No mesmo tiroteio, um menino de 10 anos foi atingido de raspão, segundo familiares. Ele foi levado para a UPA de Paciência, e liberado após atendimento.

egundo a MobiRio, empresa pública que opera o sistema BRT, no corredor Transoeste estavam circulando, por volta das 16h, apenas as linhas 13 (Alvorada x Mato Alto - Expressso), 25 (Alvorada x Mato Alto - Parador) e 22 (Jd. Oceânico x Alvorada - Parador).

O Centro de Operações Rio (COR-Rio) informou que o primeiro ônibus que pegou fogo estava na Rua Felipe Cardoso, na altura do BRT Cajueiros, em Santa Cruz.

Até a última atualização desta reportagem, o COR confirmou incêndios nos seguintes endereços:

-Av. Dom João VI, na altura do BRT Magarça, em Guaratiba. (Via interditada em ambos os sentidos);

-Av. Cesário de Melo, na altura do BRT Santa Eugênia, em Paciência (Via interditada);

-Rua Guarujá, na altura do Viaduto de Cosmos;

-Rua Felipe Cardoso, na altura do BRT Cajueiros, em Santa Cruz;

-Estrada do Campinho, na altura da Rua Perico, em Inhoaíba

Segundo o órgão da Prefeitura do Rio, a atuação criminosa provoca reflexos nos bairros: Guaratiba, Inhoaíba, Paciência, Cosmos, Santa Cruz e Magarça.

No fim da tarde, um ônibus foi cruzado na Avenida Brasil, no sentido Santa Cruz, provocando um longo congestionamento.

As secretarias estadual e municipal de Educação deteminaram a suspensão das aulas nas regiões afetadas.

Um criminoso foi flagrado ateando fogo a um ônibus BRT na Magarça, em Guaratiba (veja acima).

Pelas imagens é possível ver o momento em que o homem dá início ao incêndio pela porta da frente do veículo.

 

 

Matheus Rezende, sobrinho de Zinho — Foto: Divulgação

 

Terceiro da família morto pela Polícia Civil

Faustão morreu após ser baleado em uma troca de tiros com agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Polinter.

O miliciano é o terceiro da família a morrer em confrontos com a Polícia Civil do Rio.

Em 2017, outro tio dele, Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, morreu em operação da Delegacia de Homicídios da Capital.

Em 2021, mais um tio, Wellington da Silva Braga, o Ecko, morreu depois de reagir à prisão em uma casa em Paciência, na Zona Oeste do Rio.

Depois disso, seu irmão, Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, assumiu a maior milícia do Rio. Fonte: https://g1.globo.com

Aluno de 15 anos entrou armado e disparou contra estudantes na Escola Estadual Sapopemba. Uma das vítimas sofreu ferimento na cabeça e não resistiu.

 

Por g1 SP e TV Globo

Uma aluna morreu e outros três ficaram feridos após um ataque a tiros dentro da Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (23). A informação foi confirmada pelo governo de São Paulo.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, um adolescente de 15 anos, também aluno, entrou armado no colégio e efetuou os disparos. Ele foi apreendido junto com a arma. Até a última atualização desta reportagem, a polícia não havia divulgado a motivação do ataque e nem a origem da arma.

Ao todo, três estudantes foram atingidos pelos tiros. A vítima que não resistiu aos ferimentos tinha sido baleada na cabeça. Outras duas foram feridas no tórax e na clavícula. Um quarto aluno se machucou ao tentar fugir durante o ataque, de acordo com nota divulgada pelo governo estadual.

Os feridos foram levados para o pronto-socorro do Hospital Geral de Sapopemba. Não foram divulgados detalhes sobre o estado de saúde deles.

Ainda por meio de nota, a gestão estadual lamentou o ocorrido e disse que a prioridade é prestar atendimento aos familiares das vítimas.

"O governo de SP lamenta profundamente e se solidariza com as famílias das vítimas do ataque ocorrido na manhã desta segunda-feira (23) na Escola Estadual Sapopemba. Nesse momento, a prioridade é o atendimento às vítimas e apoio psicológico aos alunos, profissionais da educação e familiares."

 

Tiros e desespero

A Polícia Militar foi chamada por volta das 7h30 para atender a ocorrência na Rua Senador Lino Coelho. O ataque teria ocorrido às 7h20. O helicóptero da corporação e 20 viaturas da PM foram enviados ao local.

Pais de alunos foram até a unidade após serem informados do ataque. Ao g1, moradores do bairro relataram o desespero ao ouvir os tiros.

"Eu moro na mesma rua da escola. Eu estava tomando café para ir trabalhar, e eu e meu irmão ouvimos em torno de três tiros. Meu irmão ouviu gritos, eu subi para o quarto e abri a janela. E vi o pessoal saindo correndo da escola. Fui em frente à escola para saber o que houve, aí soube da notícia. Foi muito rápido", contou uma testemunha.

 

Segundo ataque em 7 meses

O ataque desta segunda (23) é o segundo caso registrado na capital paulista somente neste ano.

No dia 27 de março deste ano, uma professora de 71 anos morreu e quatro pessoas ficaram feridas após serem atacadas com faca por um aluno do oitavo ano da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Zona Oeste de São Paulo. O agressor, de 13 anos, foi desarmado e levado para uma unidade da Fundação Casa.

Elisabete Tenreiro era professora desde 2015 e havia começado na escola Thomazia Montoro neste ano. A educadora tinha se aposentado como técnica do Instituto Adolfo Lutz em 2020, mas continuou dando aulas de ciências.

Em agosto, a reportagem do g1 esteve na escola estadual e constatou que, cinco meses depois do atentado, ainda não havia psicólogos disponíveis para o atendimento de professores e alunos na unidade escolar. A medida tinha sido uma promessa do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

À época, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) chegou a afirmar que quadruplicou o orçamento inicial destinado a políticas públicas de garantia da segurança e proteção de convivência no ambiente escolar, passando para R$ 100 milhões.

Contudo, duas das professoras que foram vítimas do ataque na Escola Estadual Thomazia Montoro, disseram ao g1 que a escola só recebeu visitas de um grupo de estudos em psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e que o corpo docente e discente foram orientados a procurar atendimento psicológico no Sistema Único de Saúde (SUS).

Ainda segundo as professoras, a comunidade escolar está "pagando" pelos dias de recesso pós-ataque com reposições de aulas em período de férias, e o programa Conviva, do governo, não funciona na unidade escolar. Fonte: https://g1.globo.com

 

DE QUEM É A IMAGEM? 

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

“Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Esta é a resposta que Jesus dá aos fariseus que enviaram seus discípulos e partidários de Herodes com a intenção de “apanhar Jesus em alguma palavra”. A sentença de Jesus é o centro dos ensinamentos da liturgia dominical (Isaías 45,1.4-6; Salmo95, 1 Tessalonicenses 1,1-5 e Mateus 22,15-21). No passar dos anos ela recebeu várias interpretações. O texto bíblico mostra que resposta de Jesus indica duas realidades distintas, mas não distantes. 

Os enviados dos fariseus, ao se dirigirem a Jesus reconhecem: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus”. É uma afirmação preciosa e verdadeira. Jesus é sincero e ensina o caminho de Deus segundo a verdade. Ele mesmo é o caminho que somos chamados a percorrer. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, assim Jesus se apresenta (João 14,6). Neste domingo celebramos o Dia Mundial das Missões e os evangelizadores são os primeiros a percorrerem este Caminho, que é Cristo. Também anunciam e convidam para percorrerem o caminho de Deus.  

Os enviados perguntam: “É lícito ou não pagar imposto a César?” Jesus responde com realismo e deixou bem claro que seus seguidores viveriam no mundo. Reconhece o poder de César e a sua autonomia. Nesta condição são cidadãos corresponsáveis pela construção da sociedade fundada no bem comum. São cidadãos de direitos e deveres, também naquilo que se refere ao pagamento de impostos. É legítima a organização das pessoas em países, como são legítimas as autoridades que as governam. O rosto do imperador na moeda indica o contexto, a localização temporal e o poder da autoridade civil. 

Na resposta, Jesus afirma que deve ser dado a “Deus o que é de Deus”. Um autor anônimo do começo do cristianismo escreve: “A imagem de Deus não está gravada no ouro, mas no gênero humano. A moeda de César é ouro, a de Deus é a humanidade … Portanto, concede a tua riqueza material a César, mas conserva para Deus a inocência singular da tua consciência, onde Deus é contemplado… Com efeito, César pediu que a sua imagem fosse gravada em cada moeda, mas Deus escolheu o homem, que Ele criou, para refletir a sua Glória”.  

A moeda apresentada a Jesus, com o rosto de César, indica que oficialmente ela pertence ao imperador. O homem, no qual está gravada a imagem de Deus, é devedor de Deus. O poder do Estado tem limites invioláveis, mas Jesus não apoio teocracias. Jesus afirma o senhorio de Deus explicitado nas parábolas sobre o Reino de Deus. O cristão vivendo no mundo deve alertar para todos os regimes ou pessoas ou estruturas que impeçam ao homem viverem dignamente, serem “imagem de Deus” na liberdade e na justiça. Portanto, “dar a Deus o que é Deus e a César o que é César” aponta duas realidades distintas, mas não distantes. 

Na esteira do mês missionário o exemplo de São Paulo precisa ser recordado. Depois de anunciar o Evangelho aos Tessalonicenses lhes escreve uma carta. Ele diz que não se evangeliza sozinho, de maneira isolada. Ele cita Silvano e Timóteo como colaboradores diretos, além de outros. Logo a seguir acrescenta que o anúncio deve ser precedido e acompanhado com muita oração. “Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações”. O apóstolo está ciente que os membros da comunidade não foram escolhidos por ele, mas por Deus: “sois do número dos escolhidos”. Paulo conclui com um ensinamento muito precioso: “O nosso evangelho não chegou até vós somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito Santo; e isso, com toda a abundância”. Fonte: https://www.cnbb.org.br

O ataque do Hamas a Israel, ainda que precedido por uma longa série de ‘avisos’, desde 1948, combinou os ingredientes essenciais de ambas

 

Bolívar Lamounier

Cientista político, sócio-diretor da Augurium Consultoria e membro das Academias Paulista de Letras e

O adjetivo político(a) pode ser aplicado com propriedade a uma infinidade de situações, ações e fatos.

Podemos caracterizar como político desde a eleição de um prefeito nos cafundós de algum país a um embate eleitoral e, até mesmo, com limites, a atos de guerra. Se perguntarmos o que é política a uma pessoa que não nutra interesse algum pela vida pública, as respostas mais prováveis serão “não sei” ou “as falcatruas daquela corriola de Brasília”.

A linha divisória entre determinado fato político e a antipolítica – e aqui me refiro ao terrorismo e ao genocídio – nem sempre é nítida. A desproporção entre o fato que possa ter sido a causa de uma resposta terrorista é uma aproximação, mas não é uma resposta satisfatória. Considere-se, por exemplo, o ataque japonês à base americana de Pearl Harbor, em 1941. A situação mundial era de guerra, o Japão já estava na guerra, e tratava-se de uma base militar. Mas os Estados Unidos não haviam ainda entrado na guerra. O que faz pensar em terrorismo, no caso, é seu caráter traiçoeiro, a surpresa, a calada da noite, mas não seu objetivo, que foi claramente bélico, ou seja, ligado à guerra. Um tiro no pé, pois forçou a entrada dos Estados Unidos na guerra, alterando o equilíbrio de forças e decretando a derrota, em 1945, tanto do Japão quanto da Alemanha.

A ação tipicamente terrorista é encetada de surpresa, é traiçoeira, é portadora de uma extrema crueldade, é desproporcional e, mais importante, não é motivada por um motivo racional. É praticamente desprovida de objetivos. Violência niilista. Pretende-se aniquilar o adversário não pelo que ele haja feito, mas pelo que ele é. Esta é a conexão com o genocídio: o que se pretende é dizimar um povo, uma etnia, os devotos de uma religião, só por serem uma dessas três coisas, ou coisa análoga. Isso posto, parece-me incontrovertível que as 2.200 bombas lançadas pelo Hamas sobre Israel na madrugada de 7 de outubro, fazendo milhares de mortos, militares e civis, e na plena consciência de que a retaliação seria da mesma ordem, foi claramente um ato de terrorismo com fortes implicações genocidas.

Até aqui, esforcei-me apenas por traçar a anatomia do terrorismo e do genocídio tal como se têm manifestado no século 21. Mas nem precisava ter ido tão longe. Em seu documento de fundação, o Hamas repete ad nauseam que seus objetivos são obliterar o Estado de Israel, fundar um império que se estenda do Mediterrâneo ao Iraque, e liquidar até o último judeu que exista na face da Terra. Nada fica a dever à “solução final” alvitrada pelo nacional-socialismo alemão, ponto de partida para o Holocausto. Coloca o Hamas (e seu coirmão libanês, o Hezbollah) na condição de alucinações que nada têm que ver com a política em qualquer acepção aceitável deste termo.

À abominável estirpe dos genocídios pertence, sem sombra de dúvida, a guerra da Vendeia, deflagrada em 1793, durante a Revolução Francesa, pelo Comitê de Salvação Pública, com o objetivo de acabar com toda a população daquela província. A Revolução, segundo Robespierre e os outros 11 integrantes do comitê entenderam, não podia conviver com uma população católica e monarquista, enfurecida pela decapitação do rei Luís 16. Um século depois, Stalin, a fim de confiscar todos os alimentos da Ucrânia, submeteu-a ao holodomor (literalmente, “deixar morrer de fome”). Em 1994, em Ruanda, leste da África, a maioria étnica hutu praticamente dizimou a minoria tútsi, na base do facão e da foice, deixando um legado de 1 milhão de mortos.

Fiz referência acima à dificuldade de estabelecer tais distinções com base tão somente na desproporção da violência empregada contra um presuntivo adversário. Um exemplo clássico de tal dificuldade foi a destruição de Cartago (cidade situada na atual Tunísia) pela República Romana, no ano de 146 a.C. Diga-se o que se disser da extensão da violência, tratava-se claramente de um enfrentamento bélico (o longo século das chamadas guerras “púnicas”) entre duas grandes potências, ambas empenhadas em assumir a hegemonia no Mediterrâneo. Décadas antes, o general cartaginês Aníbal havia conduzido um formidável exército sobre os Alpes até chegar às portas de Roma. Rechaçado, foi obrigado a fazer o caminho de volta, mas o destino estava traçado. O contra-ataque romano destruiu Cartago – ou, para ser mais exato – reduziu-a a cinzas.

Terrorismo é óbvio que não foi, pelas razões acima expostas. Os cartagineses não foram aniquilados por serem cartagineses, mas por integrarem uma potência rival. No entanto, podemos, sim, dizer que houve desproporção, mas isso não aproxima tal desfecho do perpetrado por Hitler em Auschwitz.

O ataque do Hamas a Israel, ainda que precedido por uma longa série de avisos, desde 1948, este sim combinou os ingredientes essenciais do terrorismo e do genocídio: a surpresa traiçoeira, a extrema crueldade, o completo despropósito e a intenção de destruir o adversário em razão de sua própria existência, não pelo que ele haja feito ou deixado de fazer.

*SÓCIO-DIRETOR DA AUGURIUM CONSULTORIA, É MEMBRO DAS ACADEMIAS PAULISTA DE LETRAS E BRASILEIRA DE CIÊNCIAS Fonte: https://www.estadao.com.br

 

Eugênio Bucci

Jornalista e professor da ECA-USP, Eugênio Bucci escreve quinzenalmente na seção Espaço

 

À medida que a tragédia se adensa no Oriente Médio, o destampatório performático triunfa e cega. A cada lance obscuro e trágico, mais se excitam os espectadores, em sua superficialidade chapada e esfuziante. As redes sociais entram em alvoroço, as plateias repetem palavras de ordem lacrimosas e a carnificina se converte em melodrama pungente e barulhento. Essa gritaria feita de platitudes altissonantes e insensíveis é a prova definitiva de que “não há limites para a insânia”, como dizia um velho jornalista. A opinião pública entra em demência.

Um ser racional – esse tipo em extinção – pode até vislumbrar, por teimosia, uma esperança tímida num acordo de paz para a Faixa de Gaza e suas redondezas, mas não terá nenhuma ilusão de que o bom senso terá vez sobre a face da Terra. A guerra avança como um estranho e mórbido entretenimento participativo. Essa é a nossa maior danação.

As sandices não se resumem às manifestações de rua que celebram chacinas; também aparecem nos grupos de WhatsApp e nas conversas fortuitas. Atravessam a rua na sua frente, estão no ponto de ônibus, na fila do supermercado – são campeãs de audiência. Ativistas de sofá consomem as mortes estampadas no noticiário como quem saboreia um gênero quente de realidades ampliadas. Sentem a imaginação salivar. Viciam-se nas sensações do terror e pedem bis.

Não, as plateias não se informam sobre os acontecimentos – elas se empanturram e se dopam, insaciáveis. Como se fosse um estimulante químico, a guerra lhes oferece doses potentes de emoção fácil. E lá vêm os memes e as lacrações. Os adictos acreditam que têm um lado e se envaidecem de sua bravura imaginária, em exibicionismos narcísicos. São guerreiros de fim de semana. Sua essência está na aparência. Mastigam imagens de assassinatos ou de bombardeios para anestesiar a carência de que mais se ressentem: carência de afeto, de sentido e de relevância.

O que existe no mercado para deliciar essas multidões de ninguéns? Poderia ser uma final de campeonato de futebol, talvez. Poderia ser uma briga de torcida embaixo de um semáforo. Poderia ser um reality show na TV. Agora, porém, o prato do dia é o morticínio. O sujeito se serve e se “engaja”, para usar a expressão em voga. Em suas fantasias íntimas, é o herói de uma causa sacrossanta. Ele consome. Ele brada. Ele e seus homólogos estão em pleno gozo.

Ainda no século 17, Espinosa advertiu: “Os homens são comovidos mais pela opinião do que pela verdadeira razão”. Pouco depois disso, as chamadas “massas urbanas” entraram em cena como um subproduto das cidades que respiravam a fuligem das chaminés industriais. Nascidas para ser a cara-metade (bastarda) do capital (selvagem), elas nunca formulam ideias, nem poderiam; apenas se arrastam, gelatinosamente pegajosas, em ondas pulsionais, ao sabor de “opiniões”, não da razão. O seu pão é o seu circo.

Hoje, o nosso problema é que as massas do século 21 são ainda mais rudimentares que seus pares de 200 ou 300 anos atrás. Sim, o que lhes acende a libido é a opinião, mas, agora, uma opinião numa forma rebaixada. Sem qualquer base nos fatos, na razão e no argumento, como preconizava Hannah Arendt, a opinião que comove os homens não passa de uma grife ideológica, um slogan prêt-à-porter, um bem de consumo não durável, como um refrão de música que ganha o Grammy.

Foi mais ou menos assim que chegamos a esta babel de frivolidades perversas e opacas, repleta de oradores que não entendem uma letra do que pronunciam. Nunca se viram tantos influencers pontificando sobre Israel e o Hamas. Nos tempos da pandemia, essas mesmas figuras atuavam como epidemiologistas, imunologistas ou infectologistas de ponta. Todas discorriam sobre RNA mensageiro, ivermectina e máscaras cirúrgicas. Em seguida, assumiram o papel de especialistas em Ucrânia, alfabeto cirílico. Davam aulas de 30 segundos sobre a Grande Rússia. Agora, tagarelam sobre as cosmogonias que se enfeixam em Jerusalém. Não compreendem o que falam.

Às vezes surgem notícias de crianças que, brincando de super-heróis, pulam da janela para sair voando e se esborracham no chão. São vítimas da incapacidade, tipicamente infantil, de dissociar o mundo real do universo dos desenhos animados. Pois os adultos de hoje, em sua maioria, padecem da mesma incapacidade. Não percebem a diferença entre o juízo de valor e o juízo de fato, não desconfiam da fronteira entre a verdade factual e a criação ficcional e não distinguem o princípio de prazer do princípio de realidade. Acreditam que toda disputa de poder se reduz a uma disputa de narrativas. Ato contínuo, embarcam numa narrativa pré-fabricada e, a bordo dela, saem voando nas telas para vencer a batalha contra os “do mal”.

Ao consumir a guerra como um espetáculo interativo, a cultura do entretenimento sepulta a razão, normaliza a selva e a ela se rende. Somos um mundo de crianças crescidas que se divertem com brinquedos letais. Alguém aí ainda vai se esborrachar de novo contra o chão da realidade.

* JORNALISTA, É PROFESSOR DA ECA-USP

Fonte: https://www.estadao.com.br 

Em 13 dias de guerra entre Israel e Hamas, OMS registra mais de 140 ataques a complexos hospitalares

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta quinta-feira que mais de 140 ataques ao sistema de saúde foram registrados desde o início da guerra entre Hamas e Israel, iniciada no dia 7 de outubro, após ataque do grupo terrorista ao território israelense.

A agência humanitária informou que, no lado palestino, foram 136 ataques a complexo hospitalares — 59 deles na Faixa de Gaza, incluindo a explosão do Hospital Árabe al-Ahli, e 77 na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental. Além disso, acredita-se que 16 profissionais tenham sido mortos durante serviço por bombardeios de Israel.

No lado israelense, a OMS documentou oito ataques contra complexos hospitalares, que resultaram em sete mortes.

(The New York Times). Fonte: https://oglobo.globo.com

Como parte neutra, deveríamos defender a paz, e não soprar a fogueira. Mas não. De onde deveria partir tolerância, só se vê sangue no olho

 

Por 

Leo Aversa 

— Rio de Janeiro

A mulher israelense que dançava feliz na festa. A criança palestina que tentava se proteger das bombas. Uma família na fronteira, que não teve tempo de encontrar um lugar seguro. Civis, muitos civis. São as vítimas, mais uma vez.

Os algozes? Os de sempre: o terrorista psicopata, o general facínora, o bando de criminosos adeptos do “olho por olho, dente por dente”, que observam com satisfação a legião de banguelas e caolhos que criaram. Vale a pena tanta violência? Qual a perspectiva que se oferece aos mais jovens? Atentados, bombardeios e um eterno velório de pequenos caixões?

Que israelenses e palestinos não consigam conviver em paz é triste, ainda que, de certa forma, compreensível: são décadas e décadas de ataques e atentados, mortos e feridos, raiva e ressentimento. É difícil deixar o passado para trás e o ódio de lado para tentar construir um futuro. Um dia, quem sabe, eles chegam lá.

 

E nós?

Era de se esperar que, a milhares de quilômetros de distância, conseguíssemos enxergar o problema com ponderação, ou ao menos de uma forma mais razoável do que os que estão diretamente envolvidos, ouvindo tiros e bombas pela janela. Deveríamos, como parte neutra, defender o entendimento, a paz, ser os que apartam a briga, nunca os que sopram a fogueira.

 

Mas não.

O ódio aqui se mostrou igual ao de lá. Vimos nas redes demonstrações não de espanto ou indignação, mas de fúria e rancor, como se o conflito estivesse ardendo na própria tela de quem escreve. De onde deveria partir um pouco de tolerância e compreensão, só se viu sangue no olho.

 

De onde vem tanto ódio?

Sim, leitor, concordo que é um dejeto da polarização política, mas não só. Vem também da lógica perversa das redes sociais, onde se incentiva uma disputa amoral e deletéria por engajamento. O ódio começa também no aluno que quer acabar com a carreira do professor por ensinar algo que não é do seu agrado, nas lacrações virulentas, nos cancelamentos irracionais. Inicia na moça ressentida que pede um linchamento por um encontro ruim, no rapaz frustrado que convoca um golpe de Estado por não conseguir encontro nenhum. Nas disputas mortais por assuntos irrelevantes, na exaltação compulsiva da própria virtude, na obsessão pelo erro alheio.

Se espalha na censura a qualquer atitude que não siga a cartilha da tribo, na interdição do debate entre ideias ou projetos, nas argumentações simples e idiotas em duas linhas. Na intolerância ao diferente. No cinismo e na desconfiança generalizada.

 

No culto à ignorância e à estupidez.

Uma questão complexa como a de israelenses e palestinos podia ser uma chance para nós, que estamos distantes, oferecermos ajuda e refletirmos sobre a importância de pedir desculpas, reconhecer erros e, principalmente, estender a mão.

 

Mas não.

Antenados com o que há de pior na atualidade, muitos aqui preferem se juntar — digitalmente — à barbárie, como a que vitimou a mulher que dançava feliz e o menino que tentava se proteger. Querem usar uma tragédia para alimentar com likes e compartilhamentos o seu insaciável discurso raivoso.

Enquanto o ódio for celebrado, ninguém terá paz. Fonte: https://oglobo.globo.com

 

Pessoas ao redor de corpos de palestinos mortos em ataques de Israel ao hospital Ahli Arab, em Gaza; os corpos foram levados a outro hospital, o de Al-Shifa (Foto: Dawood Nemer/ AFP)

 

Hospital atingido atendia centenas de pacientes e também servia de abrigo para civis, segundo governo palestino. Ordem israelense para retirada de civis do norte de Gaza pode configurar crime internacional, diz ONU.

 

Líder do Hamas diz que EUA têm responsabilidade pelo bombardeio a hospital em Gaza

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, condenou nesta terça-feira (17) o bombardeio a um hospital da Cidade de Gaza e disse que os Estados Unidos "têm responsabilidade pelo ataque por acobertar as agressões de Israel".

Haniyeh, que comanda o Hamas desde 2017, vive atualmente no Catar e é um dos principais alvos do Exército israelense.

 

Conselho de Segurança da ONU que discutirá proposta do Brasil para confronto Israel x Hamas é adiado, diz Itamaraty

O Conselho de Segurança da ONU que discutirá proposta do Brasil para confronto Israel x Hamas foi adiado, segundo o Itamaraty. O encontro aconteceria nesta terça-feira (17).

Ainda não se sabe se o adiamento está relacionado com o ataque de Israel em um hospital na Faixa de Gaza que deixou centenas de mortos.

Após o ataque, a Rússia e os Emirados Árabes Unidos pediram a realização de uma reunião de emergência na quarta-feira (18).

 

Forças Armadas de Israel acusam Jihad Islâmica por ataque a hospital

As Forças Armadas de Israel acusaram nesta terça-feira (17) a Jihad Islâmica de ser a responsável pelo bombardeio que atingiu um hospital na Cidade de Gaza e, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, 500 pessoas.

A Jihad Islâmica, outro grupo islâmico armado, também atua dentro de Gaza.

Israel afirmou ainda que, no momento do bombardeio, foguetes lançados em Gaza em direção ao território israelense "passaram perto" do hospital.

 

Manifestantes e policiais se enfrentam em fortes protestos na Cisjordânia

Uma manifestação em Ramallah, na Cisjordânia, em protesto contra o bombardeio de Israel a um hospital na Cidade de Gaza terminou em fortes enfrentamentos com policiais da Autoridade Nacional Palestina.

A Cisjordânia é governada pela Autoridade Nacional Palestina - grupo político rival ao Hamas, que governa a Faixa de Gaza -, mas a influência do Hamas no território tem crescido.

A rede Al-Jazeera, que transmitia ao vivo imagens da praça central da cidade, mostrou o momento em que tiros foram disparados.

 

Após ataque a hospital, Abbas cancela encontro com Biden

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, cancelou o encontro que teria na quarta-feira (18) com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de acordo com a agência de notícias Associated Press.

O cancelamento, ainda segundo a AP, foi decidido após Israel bombardear um hospital na Cidade de Gaza nesta terça-feira (17), deixando centenas de mortos.

Biden viajará ao Oriente Médio na quarta-feira (18) e também se reunirá com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Ele também se encontraria com Abbas na Jordânia.

Irã chama ataque a hospital de Gaza de 'um crime de guerra selvagem'; Egito e Catar também condenam

O Irã classificou o bombardeio de Israel a um hospital na Cidade de Gaza de "um crime de guerra selvagem", segundo a agência de notícias estatal iraniana. Os governos do Egito e do Catar também condenaram o ataque.

 

Governo palestino chama ataque a hospital de genocídio e declara luto de três dias

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, declarou nesta terça-feira (17) luto oficial de três dias nos territórios palestinos - a Faixa de Gaza e a Cisjordânia - por conta das mortes no hospital de Gaza bombardeado por Israel.

O porta-voz de Abbas chamou o ataque de um "genocídio" e uma "catástrofe humanitária".

 

Bombardeio de Israel atinge hospital em Gaza e mata ao menos 500, diz Ministério da Saúde Palestino

Um ataque aéreo de Israel atingiu nesta terça-feira (17) um hospital na Cidade de Gaza e deixou 500 mortos, segundo o Ministério da Saúde da Palestina.

O hospital, Ahly Arab, atendia centenas de pessoas, mas também vinha servindo de abrigo para civis - no início da semana, Israel pediu que moradores se retirassem de todo o norte da Faixa de Gaza, incluindo a Cidade de Gaza.

Inicialmente, houve divergências entre as autoridades locais sobre o número de mortos:

A Defesa Civil de Gaza afirmou que 300 pessoas morreram.

O Ministério da Saúde palestino falou inicialmente de 200 vítimas.

Já o jornal "The New York Times" diz que o porta-voz do ministério citou 500 mortes.

A agência de notícias Reuters, com base em fontes da mesma pasta, também cifra em 500 as vítimas. O bombardeio é um dos maiores já registrados em Gaza.

 

Braço armado do Hamas ataca cidade no norte de Israel

As Brigadas Qassam, o braço armado do Hamas, afirmou nesta terça-feira que atacou com foguetes a cidade de Haifa, que fica no norte de Israel.

A Agência para Refugiados Palestinos da ONU (UNRWA) disse que o ataque a uma escola em al-Maghazi matou seis pessoas

"Isto é chocante e demonstra, mais uma vez, uma total falta de respeito pela vida dos civis", diz a nota oficial.

"Nenhum lugar mais é seguro em Gaza, nem mesmo as instalações da UNRWA"

A agência diz que cerca de 4 mil pessoas usavam aquela escola para se abrigar do conflito e que, desde o início da guerra, mantém os governos de Israel e da Palestina informados sobre as posições usadas para receber civis.

A região atacada é um campo de refugiados da ONU que tem oito escolas, um centro de distribuição de alimentos e um centro de saúde. Fonte: https://g1.globo.com

A luta de um pastor pela humanização da relação entre cristãos e muçulmanos

 

Juliano Spyer

Antropólogo, autor de "Povo de Deus" (Geração 2020), criador do Observatório Evangélico e sócio da consultoria Nosotros

 

A guerra em Israel deu munição para aqueles que não gostam de religião e especialmente do cristianismo evangélico, justificarem seus preconceitos e afirmarem que todo evangélico é bolsonarista por defender Israel. Não é tão simples. Para compreender melhor a relação entre evangélicos, israelenses e palestinos, pedi ajuda para o pastor Marcos Amado, que atua há 23 anos com organizações cristãs presentes em países islâmicos e é autor do ebook "Israel, o Armagedom e os Árabes Palestinos" (Martureo, 2019).

Para evitar uma interpretação equivocada, Marcos e eu deixamos claro que condenamos veementemente os ataques terroristas do Hamas há uma semana e que somos a favor da existência de dois estados, o de Israel e o Palestino.

Marcos aprendeu árabe vivendo no norte da África por oito anos, como parte do treinamento para ser missionário em países onde é proibido pregar o Evangelho. "Fomos recebidos em casas de muçulmanos como se fôssemos parte da família", ele conta. "Por isso, comecei a me perguntar por que temos uma visão tão negativa sobre eles."

A partir dessa experiência inicial no mundo islâmico, Marcos chegou ao livro "De Quem é a Terra Santa?" (Ultimato, 2016) do autor cristão Colin Chapman, sobre a questão palestina. Depois ele se aprofundou no assunto a partir de estadias nessas áreas e também ao visitar campos de refugiados no Líbano e na cidade de Belém. "Eles vivem à mercê de Israel, têm restrição ao uso de eletricidade, água potável e serviços de saúde", ele relata. "Isso me levou a pensar sobre como nós, cristãos do Ocidente, aceitamos que palestinos vivam como cidadãos de segunda categoria."

Marcos lista vários motivos para explicar por que evangélicos, que deveriam ser contra as guerras e perdoar seus inimigos, apoiam Israel e condenam os palestinos.

O principal motivo para essa posição seria uma interpretação bíblica do século 19 conhecida como "dispensacionalismo". Ela propôs que, antes do fim do mundo, Deus levaria seu povo de volta à Palestina porque, segundo o Antigo Testamento, Israel tem a posse eterna dessa terra. E reergueria o Templo de Salomão, onde está hoje a mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, de onde Cristo governaria por mil anos.

"A partir dessa leitura das escrituras, a criação do Estado de Israel em 1948 foi interpretada, principalmente nos EUA, como um sinal do fim dos tempos", explica Marcos. "Muitos cristãos defendem o moderno Estado de Israel com unhas e dentes pela importância da profecia. E a ocupação das terras palestinas é vista como parte desse processo."
Essa interpretação, que se popularizou principalmente nos EUA, chegou ao Brasil e se tornou parte da cultura dos evangélicos aqui. "Como a maioria dos missionários e dos livros que circulam aqui vêm de lá, mesmo evangélicos que não ouviram falar em dispensacionalismo, tomam partido dos judeus."

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Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Ataque nos arredores de Chicago está sendo investigado como um crime de ódio ligado à guerra entre Israel e os terroristas do Hamas

 

THE NEW YORK TIMES - As autoridades de um subúrbio de Chicago acusaram um homem de esfaquear e matar um menino de 6 anos no sábado, 14, e de ferir gravemente a mãe do menino porque eles eram muçulmanos, num ataque que estaria relacionado à violência em Israel e em Gaza.

O assassinato em Illinois alarmou os líderes muçulmanos, que conclamaram os políticos e jornalistas americanos a refletirem mais plenamente a humanidade do povo palestino ao abordarem o conflito no exterior.

“Isso está diretamente ligado à desumanização dos palestinos”, disse Abdelnasser Rashid, um deputado estadual democrata de Illinois que é palestino-americano.

Os investigadores do condado de Will, Illinois, a sudoeste de Chicago, descreveram uma cena sangrenta. Eles disseram que um homem de 71 anos atacou o menino e sua mãe, que eram seus inquilinos, em sua casa em Plainfield Township, na manhã de sábado, esfaqueando-os repetidamente com uma faca serrilhada com uma lâmina de 17,8 centímetros.

O menino, identificado como Wadea Al-Fayoume por um membro da família e pelo Conselho de Relações Americano-Islâmicas, foi esfaqueado 26 vezes e declarado morto em um hospital. A mãe do menino, de 32 anos, estava em estado grave com mais de uma dúzia de facadas. As autoridades disseram que ela correu para um banheiro e continuou lutando contra o agressor enquanto discava para o 911. Os parentes disseram que a família é palestino-americana.

O Gabinete do Xerife do Condado de Will disse em um comunicado no domingo que “os detetives conseguiram determinar que ambas as vítimas desse ataque brutal foram alvos do suspeito por serem muçulmanas e pelo conflito em curso no Oriente Médio envolvendo o Hamas e os israelenses”. A declaração não especificou como os investigadores sabiam o motivo, mas disse que eles haviam conduzido entrevistas e analisado outras evidências.

O homem acusado do ataque, Joseph M. Czuba, de 71 anos, foi preso sob a acusação de homicídio, tentativa de homicídio, duas acusações de crime de ódio e agressão agravada com arma letal.

Czuba deve fazer uma primeira aparição no tribunal do Condado de Will na segunda-feira. Não estava claro se ele havia contratado um advogado.

O ataque no sábado ocorreu em meio à crescente violência entre Israel e o Hamas, o grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza. Em 7 de outubro, o Hamas lançou um ataque terrorista surpresa contra Israel que deixou mais de 1.300 israelenses mortos, provocando uma intensa retaliação que matou 2.670 pessoas em Gaza, de acordo com autoridades locais. Em todo o Oriente Médio, os temores de um conflito maior e de uma crise humanitária cada vez pior estão aumentando.

O subúrbio de Chicago tem uma grande comunidade palestino-americana, incluindo uma área com muitos restaurantes e lojas árabes que alguns chamam de Pequena Palestina. O ataque aconteceu em uma parte diferente dos subúrbios de Chicago, em uma casa ao longo de um trecho movimentado da rodovia, perto de uma concessionária Chevrolet e de uma churrascaria.

Essa propriedade, a cerca de 64 quilômetros a sudoeste do centro de Chicago, estava adornada com várias bandeiras americanas, um anúncio de mel orgânico e uma placa pedindo às pessoas que rezassem para acabar com o aborto. Mariola Jagodzinski, que mora a duas casas de distância, disse que nunca teve nenhuma interação negativa com o suspeito. Ela disse que havia dado brinquedos para a mãe de Wadea, o menino de 6 anos, e ficou sem palavras e angustiada quando soube do assassinato.

“Ele era uma criança brincalhona — realmente cheia de energia”, disse Jagodzinski. “As crianças são inocentes. Isso realmente destrói muitos corações.”

No domingo, o escritório de Chicago do Conselho de Relações Americano-Islâmicas, a organização muçulmana de defesa e direitos civis, denunciou o esfaqueamento e o chamou de “nosso pior pesadelo”. “Nossos corações estão pesados e nossas orações estão com o querido menino e sua mãe”, disse Ahmed Rehab, diretor executivo do conselho, em comunicado.

As autoridades não confirmaram os nomes de nenhuma das vítimas. A Polícia Estadual de Illinois disse em comunicado neste domingo que estava coordenando com outras agências “uma resposta ao elevado nível de ameaças de violência e crimes de ódio relacionados ao conflito atual”.

“Todos em Illinois — tanto os agentes da lei quanto os membros da comunidade — devem permanecer em alerta contra o terrorismo e os crimes de ódio durante esse período de volatilidade”, disse Brendan Kelly, diretor da Polícia Estadual.

O governador J.B. Pritzker, de Illinois, um democrata, disse em um comunicado que “tirar a vida de uma criança de seis anos em nome do fanatismo é nada menos que maldade”. ”Wadea deveria estar indo para a escola pela manhã”, disse o governador. ”Em vez disso, seus pais acordarão sem seu filho”.

As autoridades do conselho disseram que analisaram as mensagens de texto, escritas em árabe, que a mãe do menino enviou ao pai do hospital. Nessas mensagens, disseram, a mãe indicou que o proprietário estava irritado com o que estava vendo no noticiário. A organização não disponibilizou as mensagens de texto para serem analisadas.

Segundo o relato, o proprietário bateu na porta da família e, quando a mãe a abriu, ele tentou sufocá-la e a atacou com uma faca, gritando: “Vocês muçulmanos devem morrer!” Quando ela correu para o banheiro para ligar para o 911, dizem as mensagens de texto, ela saiu e descobriu que o homem havia esfaqueado seu filho. ”Tudo aconteceu em segundos”, ela escreveu. Fonte: https://www.estadao.com.br 

Que influência a produção dessas imagens dolorosas vem tendo na tomada de decisões dos últimos conflitos?

 

Ainda que tente, não consigo parar de ver fotos e vídeos de guerra. Não sei por que tenho feito isso, mesmo sentindo tanto desconforto. Talvez esteja tentando entender o que nunca poderá ser entendido. Talvez esteja tentando humanizar as notícias, dar a elas rostos e histórias, ainda que, paradoxalmente, veja esses mesmos rostos na velocidade constrangedora de um scroll. Ou talvez só esteja tentando aliviar a angústia dos impotentes com a movimentação débil de um dedo indicador.

Fui para a minha estante buscar ajuda. Lá estava Susan Sontag, com seu "Diante da dor dos outros". Nessa obra, a autora comenta que durante muito tempo as pessoas acreditaram que, se o horror dos conflitos fosse vívido e real o bastante aos olhos do grande público, as guerras cessariam.

Sontag cita como exemplo uma tentativa feita por Ernst Friedrich, em 1924, com a obra "Guerra contra a Guerra!". Este livro de fotos (à venda por um punhado de dólares na Amazon), lançado logo depois da Primeira Guerra, foi concebido para ser uma verdadeira terapia de choque, mostrando ao público fotos impactantes do campo de batalha e do seu entorno.

Focado em construir com imagens uma narrativa linear e persuasiva, o livro começa com fotos de soldadinhos de brinquedo (alguma dúvida de que o belicismo tem gênero? Até ontem dávamos aos meninos armas de plástico).

Segue com fotos de igrejas e casas destruídas, vilarejos arruinados, carros destroçados, enforcamentos, prostitutas seminuas em bordéis militares, soldados e civis mortos, corpos de crianças e, por fim, sepulturas. Tudo isso com legendas, por vezes cáusticas, em quatro idiomas.

A parte mais forte da edição fica no meio dessa narrativa, em uma seção nomeada "Faces da Guerra", com 24 closes de soldados com os rostos deformados por cicatrizes —hoje essas imagens estão a um Google de distância de qualquer pessoa e seguem sendo extremamente perturbadoras.

Após o lançamento, o libelo antibeliscista foi denunciado por veteranos de guerra e organizações patrióticas e recolhido de diversas livrarias. Ainda assim, foi celebrado em alguns países, com dez edições na Alemanha e traduções em diversas línguas, fazendo com que muitos pacifistas acreditassem que sua circulação teria uma influência decisiva na opinião pública no sentido de evitar futuros conflitos. Alguns anos depois, estourava a Segunda Guerra.

Estamos falando de uma publicação que foi distribuída apenas em uma parte do mundo. De qualquer forma, parece haver nessa tentativa frustrada de conscientização alguma universalidade.

Desde o ano em que "Guerra contra Guerra!" foi lançado, a produção de imagens deu um salto. Se antes as fotos eram poucas, reveladas em papel filme, impressas em edições de alcance limitado e atreladas a algum custo, agora vemos imagens produzidas em tempo real, a câmera muitas vezes na mão dos civis durante o ataque, o quadro tremido por fugas e explosões, o rosto dos narradores se comunicando de forma veemente ou desesperada a um palmo do nosso, com dezenas, centenas ou milhares de comentários e replicações. Que influência a produção dessas imagens dolorosas vem tendo na tomada de decisões dos últimos conflitos? Acredito que ainda não seja possível saber.

De qualquer forma, parece não haver horror e explicitude capazes de frear os infernos que desde sempre o homem inventa para si. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Informação foi confirmada à Folha por tia de Ranani Glazer na noite desta segunda-feira (9)

 

Ranani Nidejelski Glazer, 24, tinha desaparecido em Israel após festa atacada por grupo palestino terrorista Hamas - @reineinai/Reprodução Instagram

 

BOA VISTA

Um dos brasileiros que estava na rave atacada pelo grupo terrorista Hamas em Israel neste fim de semana, Ranani Glazer, está morto. A informação foi confirmada pela tia do jovem à Folha na noite desta segunda-feira (9).

Glazer estava com dois brasileiros —a namorada, Rafaela Treistman, e o amigo, Rafael Zimerman— em uma festa próxima à Faixa de Gaza na noite do sábado (7) quando ela foi invadida por militantes da facção terrorista palestina. Homens armados cercaram o local, lançaram granadas e dispararam contra eles.

Segundo relato de Zimerman, os três fugiram e se esconderam em um abrigo ao ouvir os primeiros disparos. Ao deixarem o lugar em que se esconderam, porém, ele e Rafaela já não sabiam o paradeiro de Glazer.

"Quando saí do abrigo, dei de cara com a polícia", afirmou Zimerman. "Estava com a Rafaela. Mas o Ranani infelizmente não saiu com a gente. Chorei demais. Agradeci. O que falei com Deus não está escrito. Quando vi a Rafaela, só pensava em cuidar dela. Sair sem o Ranani foi uma dor enorme para ela."

Mais de 260 morreram na rave. Não está claro se o brasileiro já está contabilizado nessa cifra, nem se ela faz parte do número total de vítimas do conflito iniciado no sábado. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br