Tema do 5º Domingo do Tempo Comum

A Palavra de Deus deste 5º Domingo do Tempo Comum convida-nos a refletir sobre o compromisso cristão. Aqueles que foram interpelados pelo desafio do "Reino" não podem remeter-se a uma vida cômoda e instalada, nem refugiar-se numa religião ritual e feita de gestos vazios; mas têm de viver de tal forma comprometidos com a transformação do mundo que se tornem uma luz que brilha na noite do mundo e que aponta no sentido desse mundo de plenitude que Deus prometeu aos homens - o mundo do "Reino".
No Evangelho, Jesus exorta os seus discípulos a não se instalarem na mediocridade, no comodismo, no "deixa andar"; e pede-lhes que sejam o sal que dá sabor ao mundo e que testemunha a perenidade e a eternidade do projeto salvador de Deus; também os exorta a serem uma luz que aponta no sentido das realidades eternas, que vence a escuridão do sofrimento, do egoísmo, do medo e que conduz ao encontro de um "Reino" de liberdade e de esperança.

A primeira leitura apresenta as condições necessárias para "ser luz": é uma "luz" que ilumina o mundo, não quem cumpre ritos religiosos estéreis e vazios, mas quem se compromete verdadeiramente com a justiça, com a paz, com a partilha, com a fraternidade. A verdadeira religião não se fundamenta numa relação "platônica" com Deus, mas num compromisso concreto que leva o homem a ser um sinal vivo do amor de Deus no meio dos seus irmãos.

A segunda leitura avisa que ser "luz" não é colocar a sua esperança de salvação em esquemas humanos de sabedoria, mas é identificar-se com Cristo e interiorizar a "loucura da cruz" que é dom da vida. Pode-se esperar uma revelação da salvação no escândalo de um Deus que morre na cruz? Sim. É na fragilidade e na debilidade que Deus Se manifesta: o exemplo de Paulo - um homem frágil e pouco brilhante - demonstra-o.

 

ATUALIZAÇÃO (Mt 5, 13-16)

A questão essencial que este trecho do Evangelho nos apresenta é esta: Deus propôs-nos um projeto de libertação e de salvação que conduzirá à inauguração de um mundo novo, de felicidade e de paz sem fim; e aqueles que aderiram a essa proposta têm de testemunhá-la diante do mundo e dos homens com palavras e com gestos concretos, a fim de que o "Reino" se torne uma realidade. Como é que me situo face a isto? Para mim, ser cristão é um compromisso sério, profético, exigente, que me obriga a testemunhar o "Reino", mesmo em ambientes adversos, ou é um caminho "morno", instalado, cômodo, de quem se sente em regra com Deus porque vai à missa ao domingo e cumpre alguns ritos que a Igreja sugere?

Eu sou, dia a dia, o sal que dá o sabor, que traz uma mais valia de amor e de esperança à vida daqueles que caminham ao meu lado? Para aqueles com quem lido todos os dias, sou uma personagem insípida, incaracterística, instalada numa mediocridade cinzenta, ou sou uma nota de alegria, de entusiasmo, de optimismo, de esperança numa vida nova vivida ao jeito do Evangelho, ao jeito do "Reino"? No meio do egoísmo, do desespero, do sem sentido que caracteriza a vida de tantos dos meus irmãos, eu dou um testemunho de um mundo novo de amor e de esperança?

Ser cristão é também ser uma luz acesa na noite do mundo, apontando os caminhos da vida, da liberdade, do amor, da fraternidade... Eu sou essa luz que aponta no sentido das coisas importantes, impedindo que a vida dos meus irmãos se gaste em frivolidades e bagatelas? Para os que vivem no sofrimento, na dúvida, no erro, para os que vivem de olhos no chão, eu sou a luz que aponta para o mais além e para a realidade libertadora do "Reino"?

Atenção: eu não sou "a luz", mas apenas um reflexo da "luz"... Quer dizer: as coisas bonitas que possam acontecer à minha volta não são o resultado do exercício das minhas brilhantes qualidades, mas o resultado da ação de Deus em mim. É Deus que é "a luz" e que, através da minha fragilidade, apresenta a sua proposta de libertação e de vida nova ao mundo. O discípulo não deve, pois, preocupar-se em atrair sobre si o olhar dos homens; mas deve preocupar-se em conduzir o olhar e o coração dos homens para Deus e para o "Reino".

*Leia a reflexão na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.

 

1) Oração

Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 14-29)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 14O rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tornara célebre. Dizia-se: João Batista ressurgiu dos mortos e por isso o poder de fazer milagres opera nele. 15Uns afirmavam: É Elias! Diziam outros: É um profeta como qualquer outro. 16Ouvindo isto, Herodes repetia: É João, a quem mandei decapitar. Ele ressuscitou! 17Pois o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado. 18João tinha dito a Herodes: Não te é permitido ter a mulher de teu irmão. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém. 20Pois Herodes respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia. 21Chegou, porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu natalício, deu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus oficiais e aos principais da Galiléia. 22A filha de Herodíades apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande satisfação de Herodes e dos seus convivas. Disse o rei à moça: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. 23E jurou-lhe: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja a metade do meu reino. 24Ela saiu e perguntou à sua mãe: Que hei de pedir? E a mãe respondeu: A cabeça de João Batista. 25Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei, exprimiu-lhe seu desejo: Quero que sem demora me dês a cabeça de João Batista. 26O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua promessa e dos convivas, não quis recusar. 27Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou João no cárcere, 28trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e esta a entregou à sua mãe. 29Ouvindo isto, os seus discípulos foram tomar o seu corpo e o depositaram num sepulcro. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão   Marcos 6,14-29

O evangelho de hoje descreve como João Batista foi vítima da corrupção e da prepotência do Governo de Herodes. Foi morto sem processo, durante um banquete de Herodes com os grandes do reino. O texto traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época. Desde o começo do evangelho de Marcos ficou um suspense. Ele tinha dito: “Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galileia e começou a anunciar a Boa Nova de Deus!” (Mc 1,14). No evangelho de hoje, como que de repente, ficamos sabendo que Herodes já tinha matado João Batista. Assim, na cabeça do leitor e da leitora, vem logo a pergunta: ”E o que será que ele vai fazer com Jesus? Vai dar a ele o mesmo destino?” Além disso, ao fazer um balanço das opiniões do povo e de Herodes sobre Jesus, Marcos provoca uma outra pergunta: “Quem é Jesus?” Esta última pergunta vai crescendo ao longo do evangelho até receber a resposta definitiva pela boca do centurião ao pé da Cruz: "De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!" (Mc 15,39)

Marcos 6,14-16. Quem é Jesus?

O texto começa com um balanço das opiniões do povo e de Herodes sobre Jesus. Alguns associavam Jesus com João Batista e Elias. Outro o identificavam como um Profeta, isto é, como alguém que falava em nome de Deus, que tinha a coragem de denunciar as injustiças dos poderosos e que sabia animar a esperança dos pequenos. As pessoas procuravam compreender Jesus a partir das coisas que elas mesmas conheciam, acreditavam e esperavam. Tentavam enquadrá-lo dentro dos critérios familiares do Antigo Testamento com suas profecias e esperanças, e da Tradição dos Antigos com suas leis. Mas eram critérios insuficientes. Jesus não cabia lá dentro. Ele era maior!

Marcos 6,17-20. A causa do assassinato de João.

Galileia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galileia! Herodes Antipas era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo! Mas quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era o Império Romano. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império. A preocupação dele era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. Herodes gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). A denúncia de João contra ele (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.

Marcos 6,21-29: A trama do assassinato.

Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que se costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galileia”. É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.

 

4) Para um confronto pessoal

1-Você conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo?

2-Herodes, o poderoso que pensava ser o dono da vida e da morte do povo, era um grande supersticioso com medo diante de João Batista. Era um covarde diante dos grandes. Um bajulador corrupto diante da moça. Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis da sociedade e da Igreja.

 

5) Oração final

Os caminhos de Deus são perfeitos, a palavra do Senhor é pura. Ele é o escudo de todos os que nele se refugiam. (Sl 17, 31)

1) Oração

Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 1-6)

 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Jesus foi a Nazaré, sua terra, seguido de seus discípulos. 2Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o ouviam e, tomados de admiração, diziam: Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada, e como se operam por suas mãos tão grandes milagres? 3Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito. 4Mas Jesus disse-lhes: Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa. 5Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. 6Admirava-se ele da desconfiança deles. E ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão    Marcos 6,1-6

O evangelho de hoje fala da visita de Jesus a Nazaré e descreve como o povo de Nazaré se fechou e não quis aceita-lo (Mc 6,1-6). O evangelho de amanhã descreve como Jesus se abriu para o povo da Galiléia enviando seus discípulos em missão (Mc 6,7-13).

Marcos 6,1-2ªJesus volta para Nazaré

“Jesus foi para Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, Jesus começou a ensinar na sinagoga”. Sempre é bom voltar para a terra da gente e reencontrar as pessoas amigas. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de sábado, foi na sinagoga participar da reunião da comunidade. Jesus não era coordenador da comunidade, mesmo assim ele tomou a palavra e começou a ensinar. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião.

Marcos 6,2b-3Reação do povo de Nazaré frente a Jesus.

O povo de Cafarnaum tinha aceitado o ensinamento de Jesus (Mc 1,22), mas o povo de Nazaré não gostou das palavras de Jesus e ficou escandalizado. Motivo? Jesus, o moço que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente? Eles não aceitaram o mistério de Deus presente em Jesus, um ser humano comum como eles, conhecido de todos! Para poder falar de Deus ele teria que ser diferente deles! Como se vê, nem tudo foi bem sucedido para Jesus. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, estas eram as que mais se recusavam a aceitá-la. O conflito não era só com os de fora de casa, mas também e sobretudo com os próprios parentes e o povo de Nazaré. Eles se recusaram a crer em Jesus, porque não conseguiam entender o mistério de Deus que envolvia a pessoa de Jesus: “De onde lhe vem tudo isso? Onde foi que arranjou tanta sabedoria? Ele não é o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? E suas irmãs não moram aqui conosco?”  Não deram conta de crer em Jesus! 

Os irmãos e as irmãs de Jesus A expressão “irmãos de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso?  Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste”(Jo 17,21). “Quem não é contra nós é a favor”(Mc 10,39.40).

Marcos 6,4-6. Reação de Jesus diante da atitude do povo de Nazaré.

Jesus sabe muito bem que “santo de casa não faz milagre”. Ele diz: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e em sua família!” De fato, onde não existe aceitação nem fé, a gente não pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não pôde fazer nada e ele ficou admirado da falta de fé deles. Por isso, diante da porta fechada da sua própria comunidade, ele “começou a percorrer as redondezas, ensinando nos povoados”. A experiência de rejeição levou Jesus a mudar sua prática. Ele se dirige aos outros povoados e, como veremos no evangelho de amanhã, ele envolve os discípulos na missão dando instruções de como devem dar continuidade à missão.

 

4) Para um confronto pessoal

1-Jesus teve problemas com seus parentes e com a sua comunidade. Desde que você começou a viver melhor o evangelho, alguma coisa mudou no seu relacionamento com a sua família e seus parentes?

2-Jesus não pôde fazer muitos milagres em Nazaré porque faltou a fé. E hoje, será que ele encontraria fé em nós, em mim?

 

5) Oração final

Feliz aquele cuja iniquidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. 2 Feliz o homem a quem o Senhor não argúi de falta, e em cujo coração não há dolo. (Sl 31)

1) Oração

Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 5, 21-43)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 21Tendo Jesus navegado outra vez para a margem oposta, de novo afluiu a ele uma grande multidão. Ele se achava à beira do mar, quando 22um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, se apresentou e, à sua vista, lançou-se-lhe aos pés, 23rogando-lhe com insistência: Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe-lhe as mãos para que se salve e viva. 24Jesus foi com ele e grande multidão o seguia, comprimindo-o. 25Ora, havia ali uma mulher que já por doze anos padecia de um fluxo de sangue. 26Sofrera muito nas mãos de vários médicos, gastando tudo o que possuía, sem achar nenhum alívio; pelo contrário, piorava cada vez mais. 27Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe no manto. 28Dizia ela consigo: Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada. 29Ora, no mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue, e ela teve a sensação de estar curada. 30Jesus percebeu imediatamente que saíra dele uma força e, voltando-se para o povo, perguntou: Quem tocou minhas vestes? 31Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te comprime e perguntas: Quem me tocou? 32E ele olhava em derredor para ver quem o fizera. 33Ora, a mulher, atemorizada e trêmula, sabendo o que nela se tinha passado, veio lançar-se-lhe aos pés e contou-lhe toda a verdade. 34Mas ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal. 35Enquanto ainda falava, chegou alguém da casa do chefe da sinagoga, anunciando: Tua filha morreu. Para que ainda incomodas o Mestre? 36Ouvindo Jesus a notícia que era transmitida, dirigiu-se ao chefe da sinagoga: Não temas; crê somente. 37E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. 38Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, viu o alvoroço e os que estavam chorando e fazendo grandes lamentações. 39Ele entrou e disse-lhes: Por que todo esse barulho e esses choros? A menina não morreu. Ela está dormindo. 40Mas riam-se dele. Contudo, tendo mandado sair todos, tomou o pai e a mãe da menina e os que levava consigo, e entrou onde a menina estava deitada. 41Segurou a mão da menina e disse-lhe: Talita cumi, que quer dizer: Menina, ordeno-te, levanta-te! 42E imediatamente a menina se levantou e se pôs a caminhar (pois contava doze anos). Eles ficaram assombrados. 43Ordenou-lhes severamente que ninguém o soubesse, e mandou que lhe dessem de comer. - Palavra da salvação.

 

 

3) Reflexão

No evangelho de hoje, vamos meditar sobre dois milagres de Jesus em favor de duas mulheres. O primeiro, em favor de uma senhora, considerada impura por causa de uma hemorragia que já durava doze anos. O outro, em favor de uma menina de doze anos, que acabava de falecer. Conforme a mentalidade da época, qualquer pessoa que tocasse em sangue ou em cadáver era considerada impura. Sangue e morte eram fatores de exclusão! Por isso, aquelas duas mulheres eram pessoas marginalizadas, excluídas da participação na comunidade.

O ponto de partida. Jesus chega de barco. O povo se junta. Jairo, o chefe da sinagoga, pede pela filha que está morrendo. Jesus vai com ele e o povo todo o acompanha, apertando-o de todos os lados. Este é o ponto de partida para as duas curas, que seguem: a cura da mulher e a ressurreição da menina de doze anos.

A situação da mulher. Doze anos de hemorragia! Por isso, ela vivia excluída, pois, naquele tempo, o sangue tornava a pessoa impura, e quem tocasse nela também ficava impura. Marcos informa que a mulher tinha gastado toda a sua economia com os médicos. Em vez de ficar melhor, ficou pior. Situação sem solução!

A atitude da mulher. Ela ouviu falar de Jesus. Nasceu uma nova esperança. Ela disse consigo: “Se ao menos tocar na roupa dele, eu ficarei curada”. O catecismo da época mandava dizer: “Se eu tocar na roupa dele, ele ficará impuro”. A mulher pensa exatamente o contrário! Sinal de que as mulheres não concordavam com tudo o que as autoridades religiosas ensinavam. A mulher meteu-se no meio da multidão e, de maneira desapercebida, tocou em Jesus, pois todo mundo o apertava e tocava nele. No mesmo instante ela sentiu no corpo que estava curada.

A reação de Jesus e dos discípulos. Jesus também sentiu que uma força tinha saído dele e perguntou: “Quem foi que me tocou?” Os discípulos reagem: “O senhor está vendo essa multidão que o aperta de todos os lados e ainda pergunta ‘Quem foi que me tocou?’” Aqui aparece o desencontro entre Jesus e os discípulos. Jesus tinha uma sensibilidade que não era percebida pelos discípulos. Estes reagiram como todo mundo e não entenderam a reação diferente de Jesus. Mas Jesus nem liga, e continua indagando.

A cura pela fé. A mulher percebeu que tinha sido descoberta. Foi um momento difícil e perigoso. Pois, conforme a crença da época, uma pessoa impura que, como aquela senhora, se metia no meio de uma multidão, contaminava todo mundo através do toque. Fazia todos ficar impuro diante de Deus (Lv 15,19-30). Por isso, como castigo, ela poderia ser apedrejada. Mas a mulher teve a coragem de assumir o que fez. “Cheia de medo e tremendo” caiu aos pés de Jesus e contou toda a verdade. Jesus dá a palavra final: “Minha filha, sua fé curou você. Vai em paz e fique curada dessa doença!” (1) “Minha filha”, isto é, Jesus acolhe a mulher na nova família, na comunidade, que se formava ao seu redor. (2) Aquilo que ela acreditava aconteceu de fato. (3) Jesus reconhece que sem a fé daquela mulher ele não poderia ter feito o milagre.

A notícia da morte da menina. Neste momento o pessoal da casa de Jairo informa que a filha tinha morrido. Já não adiantava molestar Jesus. Para eles, a morte era a grande barreira. Jesus não conseguiria ir além da morte! Jesus escuta, olha para Jairo e aplica o que acabava de presenciar, a saber, que a fé é capaz de realizar o que a pessoa acredita. E ele diz: “Não tenha medo! Crê somente!”

Na casa de Jairo. Jesus só permite três discípulos com ele. Vendo o alvoroço dos que fazem luto pela morte da menina, ele diz: “A criança não morreu. Está dormindo!”. O pessoal deu risada. O povo sabe distinguir quando uma pessoa está dormindo ou quando está morta. É a risada de Abraão e de Sara, isto é, dos que não conseguem crer que para Deus nada é impossível (Gn 17,17; 18,12-14; Lc 1,37). Também para eles, a morte era uma barreira que ninguém poderia ultrapassar! As palavras de Jesus têm ainda um significado mais profundo. A situação das comunidades perseguidas do tempo de Marcos parecia uma situação de morte. Elas tinham que ouvir: “Não é morte! Vocês é que estão dormindo! Acordem!” Jesus não dá importância à risada e entra no quarto onde está a menina, só ele, os três discípulos e os pais da menina.

A ressurreição da menina. Jesus toma a criança pela mão e diz: “Talita kúmi!” Ela levantou-se. Grande alvoroço! Jesus conserva a calma e pede que lhe dêem de comer. Duas mulheres são curadas! Uma tem doze anos de vida, a outra tem doze anos de hemorragia, doze anos de exclusão! Aos doze anos começa a exclusão da menina, pois começa a menstruação, começa a morrer! Jesus tem poder maior e ressuscita: “Levante-se!”

 

4) Para um confronto pessoal

1) Qual o ponto deste texto de que você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?

2) Uma mulher foi curada e reintegrada na convivência da comunidade. Uma menina foi levantada do seu leito de morte. O que esta ação de Jesus nos ensina para nossa vida em família e na comunidade, hoje?

 

5) Oração final

De vós procede o meu louvor na grande assembleia, cumprirei meus votos na presença dos que vos temem. Os pobres comerão e serão saciados; louvarão o Senhor aqueles que o procuram: Vivam para sempre os nossos corações. (Sl 21, 26-27)

1) Oração

Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 5, 1-20)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Jesus e os discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2Logo que Jesus desceu do barco, um homem que tinha um espírito impuro saiu do meio dos túmulos e foi a seu encontro. 3Ele morava nos túmulos, e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas vezes tinha sido preso com grilhões e com correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava os grilhões, e ninguém conseguia dominá-lo. 5Dia e noite andava entre os túmulos e pelos morros, gritando e ferindo-se com pedras. 6Ao ver Jesus, de longe, o homem correu, caiu de joelhos diante dele 7e gritou bem alto: “Que queres de mim, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? Por Deus, não me atormentes!” 8Jesus, porém, disse-lhe: “Espírito impuro, sai deste homem!” 9E perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?” Ele respondeu: “Legião é meu nome, pois somos muitos”. 10E suplicava-lhe para que não o expulsasse daquela região. 11Entretanto estava pastando, no morro, uma grande manada de porcos. 12Os espíritos impuros suplicaram então: “Manda-nos entrar nos porcos”. 13Jesus permitiu. Eles saíram do homem e entraram nos porcos. E os porcos, uns dois mil, se precipitaram pelo despenhadeiro no mar e foram se afogando. 14Os que cuidavam deles fugiram e espalharam a notícia na cidade e no campo. As pessoas saíram para ver o que tinha acontecido. 15Chegaram onde estava Jesus e viram o possesso sentado, vestido e no seu perfeito juízo – aquele que tivera o Legião. E ficaram com medo. 16Os que tinham presenciado o fato explicavam-lhes o que havia acontecido com o possesso e com os porcos. 17Então, suplicaram Jesus para que fosse embora do território deles. 18Enquanto Jesus entrava no barco, o homem que tinha sido possesso pediu para que o deixasse ir com ele. 19Jesus, porém, não permitiu, mas disse-lhe: “Vai para casa, para junto dos teus, e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”. 20O homem foi embora e começou a anunciar, na Decápole, tudo quanto Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão

No Evangelho de hoje, vamos meditar um longo texto sobre a expulsão de um demônio que se chamava Legião e que oprimia e maltratava uma pessoa. Hoje há muita gente que usa os textos do evangelho sobre a expulsão dos demônios para meter medo nos outros. É pena! Marcos faz o contrário. Como veremos, ele associa a ação do poder do mal com quatro coisas: 1) Com o cemitério, o lugar dos mortos. A morte que mata a vida! 2) Com o porco, que era considerado um animal impuro. A impureza que separa de Deus!  3) Com o mar, que era visto como símbolo do caos de antes da criação. O caos que destrói a natureza. 4) Com a palavra Legião, nome dos exércitos do império romano. O império que oprime e explora os povos. Ora, Jesus vence o poder do mal nestes quatro pontos. A vitória de Jesus tinha um alcance enorme para as comunidades dos anos setenta, época em que Marcos escreve o seu evangelho. Elas viviam perseguidas pelas legiões romanas, cuja ideologia manipulava as crenças populares nos demônios para meter medo no povo e conseguir submissão!

O poder do mal oprime, maltrata e aliena as pessoas. Os versículos iniciais descrevem a situação do povo antes da chegada de Jesus. Na maneira de descrever o comportamento do endemoninhado, Marcos associa o poder do mal com cemitério e morte. É um poder sem rumo, ameaçador, descontrolado e destruidor, que mete medo em todos. Priva a pessoa da consciência, do autocontrole e da autonomia.

Diante da simples presença de Jesus o poder do mal desmorona e desintegra. Na maneira de descrever o primeiro contato entre Jesus e o homem possesso, Marcos acentua  a desproporção total! O poder, que antes parecia tão forte, se derrete e se desmancha diante de Jesus. O homem cai de joelhos, pede para não ser expulso da região e entrega até o seu nome Legião. Através deste nome, Marcos associa o poder do mal com o poder político e militar do império romano que dominava o mundo através das suas Legiões.

O poder do mal é impuro e não tem autonomia nem consistência. O demônio não tem poder sobre os seus próprios movimentos. Só consegue ir para dentro dos porcos com a permissão de Jesus! Uma vez dentro dos porcos, estes se precipitam no mar. Eram 2000 porcos! Na opinião do povo, o porco era símbolo da impureza que impedia o ser humano de relacionar-se com Deus e sentir-se acolhido por Ele. O mar era símbolo do caos que existia antes da criação e que, conforme a crença da época, ameaçava a vida. Este episódio dos porcos que se precipitam no mar é estranho e difícil de ser entendido. Mas a mensagem é muito clara: diante de Jesus, o poder do mal não tem autonomia nem consistência. Quem crê em Jesus já venceu o poder do mal e já não precisa ter medo!

A reação do povo do lugar. Alertado pelos empregados que tomavam conta dos porcos, o povo do lugar veio e viu o homem liberto do poder do mal “em perfeito juízo”. Mas eles ficaram sem os porcos! Por isso, pedem a Jesus para ir embora. Para eles, os porcos eram mais importantes que o ser humano que acabava de ser devolvido a si mesmo. Assim é hoje:  o sistema neoliberal pouco se importa com as pessoas. O que importa é o lucro!

Anunciar a Boa Nova é anunciar “o que o Senhor fez por você!”  O homem liberto quer “seguir Jesus”, mas Jesus diz: “Vá para casa, para junto dos seus, e anuncia a eles o que o Senhor fez por você!”. Esta frase de Jesus, Marcos a dirige às comunidades e a todos nós. Para a maioria de nós “seguir Jesus” significa: “Vá para sua casa e anuncia aos seus o que o Senhor te fez!”

 

4) Para um confronto pessoal

1) Qual o ponto deste texto de que você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?

2) O homem curado quer seguir Jesus. Mas ele deve ficar em casa e contar a todo mundo o que Jesus fez por ele. O que Jesus fez por você que pode ser contado para os outros?

 

5) Oração final

Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos. (Sl 30, 20)

"Olhar para trás, reler a própria história e ver nela o dom fiel de Deus, não apenas nos grandes momentos da vida mas também nas fragilidades, fraquezas e misérias", disse Francisco.

 

Cidade do Vaticano

O Papa Francisco presidiu, na tarde deste sábado (1°/02), na Basílica de São Pedro, a missa para o XXIV Dia Mundial da Vida Consagrada celebrado neste domingo (02/02).

No início da missa, as luzes da Basílica Vaticana foram apagadas e por alguns instantes o templo foi iluminado pelas velas acesas que os consagrados seguravam em suas mãos. Uma pequena chama semelhante à luz do chamado que um dia Jesus acendeu em seus corações. 

O pontífice iniciou sua homilia com a seguinte passagem bíblica: “«Meus olhos viram a Salvação»: são as palavras de Simeão, que o Evangelho apresenta como um homem simples, um homem «justo e piedoso». Mas, dentre todos os homens que estavam no templo naquele dia, só ele viu, em Jesus, o Salvador. Um menino; um pequenino, frágil e simples menino. Nele viu a Salvação, porque o Espírito Santo lhe fez reconhecer, naquele terno recém-nascido, «o Messias do Senhor»”.

 

Acolher de braços abertos o dom do Senhor

Também vós, queridos irmãos e irmãs consagrados, sois homens e mulheres simples que vistes o tesouro que vale mais do que todas as riquezas do mundo. Por ele, deixastes coisas preciosas, tais como bens, criar uma família própria. Por que o fizestes? Porque vos apaixonastes por Jesus, n’Ele vistes tudo e, fascinados pelo seu olhar, deixastes o resto. A vida consagrada é esta visão. É ver aquilo que conta na vida. É acolher de braços abertos o dom do Senhor, como fez Simeão. Isto é o que veem os olhos dos consagrados: a graça de Deus derramada em suas mãos. A pessoa consagrada é alguém que, ao olhar-se cada dia, diz: «Tudo é dom, tudo é graça». Queridos irmãos e irmãs, não é mérito nosso a vida religiosa, é um dom de amor que recebemos.

Segundo o Papa, “saber ver a graça é o ponto de partida. Olhar para trás, reler a própria história e ver nela o dom fiel de Deus, não apenas nos grandes momentos da vida mas também nas fragilidades, fraquezas e misérias. O tentador, o diabo insiste precisamente em nossas misérias, em nossas mãos vazias, e corremos o risco de perder a bússola, que é a gratuidade de Deus. Com efeito, Deus nos ama e sempre se oferece a nós, mesmo nas nossas misérias. Quando mantemos o olhar fixo n’Ele, abrimo-nos ao perdão que nos renova e somos confirmados pela sua fidelidade”.

"Com efeito, sobre a vida religiosa, paira esta tentação: ter um olhar mundano. É o olhar que já não vê a graça de Deus como protagonista da vida e vai à procura de qualquer substituto: um pouco de sucesso, uma consolação afetiva, fazer finalmente aquilo que quero", frisou o Papa.

“A vida consagrada, quando deixa de girar em torno da graça de Deus, retrai-se no próprio eu: perde impulso, acomoda-se, paralisa.”

E sabemos o que acontece depois! Reivindicam-se os espaços próprios e os direitos próprios, deixamo-nos cair em críticas e murmurações, indignamo-nos pela mais pequena coisa que não funcione e entoamos a ladainha da lamentação acerca dos irmãos, das irmãs, da comunidade, da Igreja e da sociedade. Já não se vê o Senhor em tudo, mas só o mundo com as suas dinâmicas; e o coração se restringe.

Castidade, caminho para amar sem se apoderar

A fim de ter um olhar justo sobre a vida, Francisco convidou os consagrados a pedirem para “saber ver, como Simeão, a graça de Deus que veio para nós. O Evangelho repete três vezes que Simeão tinha familiaridade com o Espírito Santo, que estava nele, o inspirava e impelia. Tinha familiaridade com o Espírito Santo, com o amor de Deus".

“A vida consagrada, se permanecer firme no amor do Senhor, vê a beleza. Vê que a pobreza não é um esforço titânico, mas uma liberdade superior, que nos presenteia como verdadeiras riquezas Deus e os outros. Vê que a castidade não é uma esterilidade austera, mas o caminho para amar sem se apoderar. Vê que a obediência não é disciplina, mas a vitória, no estilo de Jesus, sobre a nossa anarquia.”

A seguir, o Papa contou uma experiência vivida por algumas religiosas: "Numa das terras onde ocorreu o terremoto, falando de pobreza e vida comunitária, havia um mosteiro beneditino. Outro mosteiro convidou as religiosas para se mudar e viver nesse mosteiro. Elas ficaram ali pouco tempo mas não eram felizes, pensavam no lugar que tinham deixado, nas pessoas de lá. No final, decidiram voltar e fazer o mosteiro em dois trailers. Em vez de estarem num grande mosteiro, confortáveis, eram como pulgas, ali, todas juntas, mas felizes na pobreza. Isso aconteceu no ano passado. Uma coisa bonita!"

 

Olhar dos consagrados, olhar de esperança

"Quem mantém o olhar fixo em Jesus, aprende a viver para servir. Não espera que os outros comecem, mas vai à procura do próximo, como Simeão que procurava Jesus no templo", disse ainda Francisco. "E onde se encontra o próximo, na vida consagrada? Primeiramente, na própria comunidade. Devemos pedir a graça de saber procurar Jesus nos irmãos e irmãs que recebemos. É aqui que se começa a praticar a caridade: no lugar onde se vive, acolhendo os irmãos e irmãs com as suas pobrezas, como Simeão acolheu Jesus simples e pobre. Há muitos, hoje, que só veem nos outros obstáculos e complicações. Há necessidade de olhares que procurem o próximo, que aproximem de quem está distante. Como homens e mulheres que vivem para imitar Jesus, os religiosos e as religiosas são chamados a tornar presente no mundo o olhar d’Ele, o olhar da compaixão, o olhar que vai à procura dos distantes, que não condena, mas encoraja, liberta, consola."

“O olhar dos consagrados só pode ser um olhar de esperança”, disse ainda o Papa. “Saber esperar. Olhando ao redor, é fácil perder a esperança: as coisas que estão mal, a diminuição das vocações, etc. Paira ainda a tentação do olhar mundano, que aniquila a esperança”.

Francisco concluiu a sua homilia, dizendo que Simeão e Ana “eram idosos, viviam sozinhos e contudo não perderam a esperança, porque estavam em contato com o Senhor”. “Ana «não se afastava do templo, participando do culto noite e dia, com jejuns e orações». Aqui está o segredo: não se afastar do Senhor, fonte da esperança.” Fonte: https://www.vaticannews.va

+ João Justino de Medeiros Silva

Arcebispo Metropolitano de Montes Claros

 

Os meios de comunicação, nas últimas semanas, se empenharam em mostrar os sofrimentos de parte da população do sudeste do país. Impõem-se os seguintes questionamentos: de que sofrimento se trata? Qual a razão dele? Somos tentados a responder que a causa está ligada às torrenciais chuvas deste verão. No entanto, uma resposta assim transfere aos fenômenos da natureza a responsabilidade pelas mortes, desalojamentos, perdas e danos. Urge perguntar se a raiz desse sofrimento é realmente a chegada das chuvas.

O momento é propício para o aprendizado. Como está nossa relação com a natureza? A história registra a relação do ser humano com a natureza sob diversos prismas. No entanto, parece haver sempre um embate. De modo geral, em todas as culturas tenta-se dominar a natureza e dela extrair energia, produtos, bens que facilitem o viver, na busca do conforto e do bem-estar. Isso parece ter um custo, um alto custo, considerando o grau de intervenção do ser humano na natureza. Emerge o discurso ecológico, verdadeira ciência da contemporaneidade, para contribuir com o equilíbrio dessa relação.

A Igreja, atenta aos sinais dos tempos, dialoga com a sociedade. No Brasil, ela colaborou para introduzir o tema da ecologia com a Campanha da Fraternidade de 1977, que trazia o forte apelo: “Preserve o que é de todos”. Papa Francisco abraçou essa causa, entre outras, e, tomando das catequeses de São João Paulo II a expressão “conversão ecológica”, dedicou diversos parágrafos ao tema naquela que poderia ser chamada de “encíclica ecológica”, a Laudato sì. De fato, seis parágrafos da Laudato sì são dedicados ao tema da “conversão ecológica”, definida como um novo comportamento para “deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa” (LS 217).

A conversão ecológica nada mais é que o aprofundamento da conversão pessoal. É deixar que o evangelho ilumine todas as dimensões da existência e da história, pois “se «os desertos exteriores se multiplicam no mundo, [é] porque os desertos interiores se tornaram tão amplos», [assim] a crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior” (LS 217). Insiste o Papa que tal conversão tem o seu desdobramento social na dimensão comunitária: “A conversão ecológica, que se requer para criar um dinamismo de mudança duradoura, é também uma conversão comunitária” (LS 219).

As consequências de uma intervenção destruidora da “casa comum” são perceptíveis por toda a humanidade e em todos os cantos da terra. Escutemos o apelo ecumênico do Papa: “Convido todos os cristãos a explicitar esta dimensão da sua conversão, permitindo que a força e a luz da graça recebida se estendam também à relação com as outras criaturas e com o mundo que os rodeia, e suscite aquela sublime fraternidade com a criação inteira que viveu, de maneira tão elucidativa, São Francisco de Assis” (LS 221). E, queiramos ou não, a “casa comum” está gritando: conversão ecológica já! Fonte: https://arquimoc.com

Esta festa já era celebrada em Jerusalém, no século IV. Chamava-se festa do encontro,hypapántè , em grego. Em 534, a festa estendeu-se a Constantinopla e, no tempo do Papa Sérgio, chegou a Roma e ao Ocidente. Em Roma, a festa incluía uma procissão até à Basílica de S. Maria Maior. No século X, começaram a benzer-se as velas.

José e Maria levam o Menino Jesus ao templo, oferecendo-o ao Pai. Como toda a oferta implica renúncia, a Apresentação do Senhor é já o começo do mistério do sofrimento redentor de Jesus, que atingirá o seu ponto culminante no Calvário. Maria e José unem-se à oferta do seu divino Filho estando a seu lado e colaborando, cada um a seu modo, na obra da Redenção.

 

Evangelho de São Lucas 2, 22-40: Interpelações para nós, hoje.


A Festa da “Apresentação do Senhor” coincide com a celebração do Dia da Vida Consagrada. Ao olhar para o mistério da consagração aqui expresso, os consagrados são convidados a revisitar os fundamentos da sua consagração, vivida no seguimento de Jesus, por amor do Reino.

Poderíamos dizer que se celebra hoje em toda a Igreja um singular “ofertório”, no qual os homens e as mulheres consagradas renovam espiritualmente o dom de si. Agindo desta forma, ajudam as comunidades eclesiais a crescer na dimensão oblativa que as constitui intimamente, as edifica e as estimula a testemunhar Jesus pelos caminhos do mundo.

A “apresentação do Senhor” no Templo de Jerusalém revela que, desde o início da sua caminhada entre os homens, Jesus escolheu um caminho de total fidelidade aos mandamentos e aos projetos do Pai. Ao oferecer-Se a Deus em oblação, ao ser “consagrado” ao Pai, Jesus manifesta a sua disponibilidade para cumprir fiel e incondicionalmente o plano salvador do Pai até às últimas consequências, até ao dom total da própria vida em favor dos homens.

O “ecce venio” de Jesus é o modelo da doação e da entrega de todos os consagrados, chamados a seguir Jesus mais de perto, numa oblação total a Deus e ao Reino. A vocação de consagrados concretiza-se na entrega de toda a existência nas mãos do Pai, na fidelidade absoluta à sua vontade e aos seus planos.

Que valor e que importância tem na sua vida o projeto de Deus? Procuram identificar a vontade de Deus e com ela conformar a sua vida, em total doação e entrega, ou deixam que sejam os seus projetos e esquemas pessoais a ditar as suas opções e as coordenadas da sua vida?

Jesus é-nos apresentado, neste texto, como “a salvação colocada ao alcance de todos os povos”, a “luz para se revelar às nações e a glória de Israel”, o messias com uma proposta de libertação para todos os homens.

Que eco tem esta “apresentação” de Jesus no coração dos consagrados? Jesus é, de fato, a luz que ilumina as suas vidas e que os conduz pelos caminhos do mundo? Ele é o caminho certo e inquestionável para a salvação, para a vida verdadeira e plena? É n’Ele que colocam a sua ânsia de libertação e de vida nova? Este Jesus aqui apresentado tem real impacto na sua vida, nas suas opções, nos passos que dão no seu caminho de consagração, ou é apenas uma figura decorativa de um certo cristianismo de fachada?

Simeão e Ana são, na cena evangélica que nos é proposta, figuras do Israel fiel, que foi preparado desde sempre para reconhecer e para acolher o messias de Deus. Na verdade, quando Jesus aparece, eles estão suficientemente despertos para reconhecer naquele bebê o messias libertador que todos esperavam e apresentam-n’O formalmente ao mundo.
Hoje, os consagrados – discípulos que acolheram Jesus como a sua luz e que aceitaram segui-l’O – têm a responsabilidade de O apresentar ao mundo e de O tornar uma proposta questionadora, libertadora, iluminadora, salvadora, para os homens nossos irmãos.

É isso que acontece? Através do seu anúncio – feito com palavras, com gestos, com atitudes, com a fidelidade aos votos religiosos – Jesus é apresentado ao mundo e questiona os homens seus irmãos?

Se tantos homens ignoram a “luz” libertadora que Jesus veio acender ou não se sentem interpelados pelo projeto de Jesus, a culpa não será, um pouco, de um certo imobilismo e instalação, de algum “cinzentismo” na vivência da fé, da forma pouco entusiasta como é testemunhada na Vida Consagrada?

A Vida Consagrada é chamada a refletir de maneira particular a luz de Cristo. Olhando as pessoas consagradas, que procuram viver ao estilo das Bem-aventuranças, os homens e mulheres do nosso tempo têm de ver o “fermento” de esperança para a humanidade, o “sal” que dá sabor ao mundo, uma “luz” que se acende na escuridão do mundo e que indica caminhos de verdade e de liberdade, a “porta” entreaberta para o Reino de Deus e para os “novos céus e a nova terra” que Deus quer apresentar à humanidade.

É preciso que os consagrados sejam luz e conforto para cada pessoa, velas acesas que ardem com o próprio amor de Cristo, luz que ilumina as sombras do mundo e que profeticamente anuncia a aurora de uma nova realidade.

É isso que acontece? O seu testemunho interpela positivamente os homens e mulheres que todos os dias com eles se cruzam nos caminhos do mundo e aponta-lhes a realidade do Reino?

Os desafios de Deus, os seus planos, revelam-se, de forma privilegiada, na Palavra de Deus…
Que importância é que a Palavra de Deus assume na vida dos cristãos e dos consagrados e das nossas comunidades cristãs e religiosas? Procuram viver na escuta da Palavra, numa progressiva sensibilidade à Palavra de Deus, a fim de discernir os desafios de Deus? Encontram tempo, individualmente e a nível comunitário, para se reunirem à volta da Palavra de Deus, para partilhar a Palavra de Deus, para se deixarem questionar pela Palavra de Deus?

Pobreza, castidade e obediência são as características distintivas do homem redimido, interiormente resgatado da escravidão do egoísmo.

Livres para amar, livres para servir: assim são os homens e as mulheres que renunciam a si mesmos pelo Reino dos Céus. Seguindo Cristo, crucificado e ressuscitado, os consagrados vivem esta liberdade como solidariedade, assumindo os pesos espirituais e materiais dos seus irmãos.

Os votos são assumidos pelos consagrados como elemento desta entrega total nas mãos de Deus – a exemplo de Cristo – para o serviço do Reino e da humanidade, ou são vistos como uma carga insuportável que os limita e os torna infelizes?

*Leia a reflexão na integra. Clique no link- EVANGELHO DO DIA.

Encontro durou o dobro do tempo do de Macri com Pontífice, que respaldou pleito argentino no FMI

 

Janaína Figueiredo

RIO - Foi o terceiro encontro entre ambos nos últimos três anos, e o primeiro desde que o peronista Alberto Fernández assumiu a Presidência da Argentina, em 10 de dezembro passado. Ser recebido pelo Papa Francisco era uma de suas prioridades, e o pedido foi feito pouco após desembarcar na Casa Rosada, confirmaram fontes do governo argentino. O ex-arcebispo de Buenos Aires, que em março de 2013 foi escolhido para ser o sucessor de Bento XVI, respondeu rápido, e a audiência foi realizada nesta sexta-feira, na biblioteca de Francisco, no Vaticano.

Em momentos em que seu país está mergulhado numa complicada renegociação da dívida pública com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e credores privados, condição para a retomada do crescimento, Fernández obteve o que esperava: um claro gesto de respaldo do Papa e um comunicado do Vaticano explicitando que a questão econômica e financeira foi discutida entre ambos.

O risco de calote paira novamente sobre a Argentina, e o presidente precisa colher apoios que possam ajudar o país a alcançar um entendimento com seus credores. Após passar pela Itália, Fernández, seu chanceler, Felipe Solá, e seu secretário de Assuntos Estratégicos, Gustavo Béliz, serão recebidos pelas mais altas autoridades de Alemanha, Espanha e França.

Começar a segunda viagem internacional do chefe de Estado (a primeira foi na semana passada, a Israel) com uma reunião com o Papa foi uma estratégia traçada pelo próprio presidente argentino. Fernández já tinha um bom vínculo com Francisco e sabia que no Vaticano encontraria solidariedade e expressões de sensibilidade em relação à grave crise que assola a Argentina.

— [O Papa] foi muito generoso com seu trato e suas palavras — declarou Fernández.

Antes do tête-à-tête, o chefe de Estado e sua delegação participaram de uma missa na qual foi lembrada a visita do general Juan Domingo Perón ao Vaticano em 1972, pouco antes de seu retorno à Argentina depois de um longo exílio. Em seu país, Perón assumiu pela terceira vez a Presidência e faleceu, em 1974, deixando o poder em mãos de sua viúva e vice, Isabelita Perón. Na mesma missa, também foi citado o padre Carlos Mugica, assassinado na Argentina em 1974, segundo investigações judiciais, pela chamada Tríplice A, uma organização parapolicial vinculada ao peronismo de direita.

O Papa não presenciou a missa, mas sua simpatia pelo peronismo é conhecida, e a sintonia com Fernández foi evidente. A relação com os ex-presidentes Néstor e Cristina Kirchner (2003-2015) foi tensa pelas críticas que o então cardeal Jorge Mario Bergoglio fazia à situação social do país. Mas isso não impediu Francisco de receber Cristina no Vaticano e manter com a atual vice argentina uma relação mais cordial da que teve com seu sucessor, Mauricio Macri (2015-2019), com quem nunca se deu bem.

A conversa entre o Papa e Fernández durou 44 minutos (mais do dobro do tempo concedido a Macri) e nela, segundo informou a Santa Sé, falou-se sobre "as boas relações com a República Argentina. Foi examinada a situação do país, fazendo especial referência a alguns problemas como a crise econômica e financeira, a luta contra a pobreza, a corrupção, o narcotráfico, a política social e a proteção da vida desde sua concepção".

Assuntos espinhosos como a defesa pública da legalização do aborto feita pelo chefe de Estado em seu discurso de posse foram evitados na conversa com Francisco. O comunicado do Vaticano instalou uma polêmica na mídia local, mas posteriormente foi esclarecido que a questão "aborto" não fez parte da conversa entre Fernández e o Papa, mas sim foi mencionada no encontro do presidente argentino com o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.

— Foi apontada a contribuição da Igreja Católica a favor de toda a sociedade argentina, especialmente dos setores mais vulneráveis da população — afirmou o chefe de Estado, que também esteve acompanhado por sua mulher, a jornalista Fabiola Yañez.

A possibilidade de uma viagem de Francisco a sua terra natal teria sido parte da conversa, segundo informou o site "Infobae". Fernández, porém, não mencionou qualquer tipo de convite e insistiu, apenas, em que seja encerrada a discussão sobre "quem vai se apropriar do Papa".

— O Papa não pertence a ninguém, nem aos peronistas nem aos não peronistas. É uma figura moral, enorme no mundo, e os argentinos temos de nos acostumar a terminar com essa discussão sobre a apropriação do Papa — frisou o presidente.

Segundo ele, ambos têm a "obsessão de unir novamente os argentinos". Ao site Infobae, Fernández assegurou que "a Argentina deve terminar com o tempo das diferenças. Devemos nos respeitar. Quando isso acontecer, o Papa virá ao país". Na mesma entrevista, o chefe de Estado disse, ainda, que "o vi preocupado pelo povo argentino, pela dívida. O Papa fará o que puder para nos ajudar".

A Argentina deve renegociar cerca de US$ 100 bilhões em dívidas com o FMI e credores privados (o total da dívida alcança cerca de US$ 300 bilhões). As conversas já começaram e em Roma o ministro da Economia, Martin Guzmán, teve um encontro com a diretora gerente do FMI, Kristalina Georgieva.

De acordo com fontes argentinas, a Casa Rosada já tomou a decisão de suspender os pagamentos da dívida por, pelo menos, os próximos dois anos. Nas palavras de Guzmán, "ou a situação se ordena pelo bem, ou pelo mal". A segunda opção seria claramente um novo calote (o anterior foi em 2002). A província de Buenos Aires, a mais importante da Argentina, deixou de pagar um vencimento de 26 de janeiro passado, e se não chegar a um acordo com seus credores até o começo da semana que vem, será cenário do primeiro calote do ano no país. Fonte: https://oglobo.globo.com

PROVÍNCIA CARMELITANA DE SANTO ELIAS

CAPÍTULO PROVINCIAL

27 A 31 de janeiro de 2020

 

3º Dia: Quarta-feira, 29 de janeiro 2020

Iniciamos os trabalhos do dia às 07h30 com a celebração das Laudes e da Eucaristia, presidida pelo frei Gabriel, que celebrou assim mais um ano da sua vida. O moderador deste dia foi o frei Fernando.

 

6ª Sessão

Às 10h00, frei Adailson apresentou um relatório detalhado e completo da situação econômica da Província: os gastos que tivemos com a formação, os investimentos e as aquisições, a situação dos bens moveis e imóveis (Guarulhos e Saquarema), a filantropia, os planos de saúde da Unimed e do Amil, o departamento jurídico, as receitas e despesas e, finalmente, os desafios para o futuro. Frei Paulo Gollarte completou a informação sobre o terreno da Província em Guarulhos.

 

7ª Sessão

Às 11h45, frei Luis Maza, conselheiro geral da Ordem para as Américas, fez uma bonita reflexão para introduzir o breve retiro que iríamos ter na segunda parte da manhã. Ele falou sobre o estilo da vida em comunidade e sobre como construir a comunidade e como servir à Comunidade. Destacou estes quatro pontos básicos da vida em comunidade:  gratidão, bênção, serviço e gratuidade.

 

8ª Sessão

Às 14h30, nós nos reunimos na sala do Capítulo para a eleição do novo Conselho Provincial. Após a invocação do Espírito Santo, frei Fernando informou a respeito do procedimento da eleição. Éramos 47 votantes.

Iniciamos a votação, cujo resultado é o seguinte:

Provincial: frei Adailson

1º Conselheiro: frei Alberto

2º Conselheiro: frei Alan

3º Conselheiro: frei Fernando

4º Conselheiro: frei Rothmans

Após cada eleição, o Padre Geral perguntava ao eleito se ele aceitava a missão para a qual acabava de ser eleito. Após a resposta afirmativa do eleito, Padre Geral o confirmava na nova missão, e da parte de todos vinha uma boa salva de palmas.

 

9ª Sessão

Não houve interrupção entre a 8ª e 9ª sessão. Continuamos o processo das eleições e, em torno de 17h30, tudo foi encerrado com uma ação de graças. No dia de amanhã, quinta-feira, 4º dia do Capítulo, teremos a discussão e a aprovação das propostas enviadas para o Capítulo, e a elaboração do programa para o próximo triênio.

 

4º Dia: Quinta-feira, 30 de janeiro 2020

Iniciamos os trabalhos do dia às 07h30 com a celebração das Laudes e da Eucaristia, presidida pelo neo-sacerdote frei João Paulo, concelebrada com os jovens sacerdotes frei Tiago, frei Marcelo Aquino, frei Márcio e frei Marlon e assistida pelos diáconos frei Juliano e frei William.  O moderador deste dia foi o frei Alan.

 

10ª Sessão

Às 9h30, iniciamos os trabalhos do dia com a apresentação das atividades da Escola Maria Montessori de Brasília pelo frei Eduardo. Ele o fez de maneira bem viva por meio de slides.

Frei Marcelo Frezarini e o frei Garvin apresentaram o relatório sobre as missões na Bolívia. Após destacar as conquistas e os desafios, eles fizeram a seguinte proposta: “Que se efetive a transferência jurídica da missão carmelita da Bolívia para a Província Carmelitana de Santo Elias”. A votação da proposta foi suspensa para depois de terem sido apresentadas e discutidas todas as outras propostas.

Frei René Vilela apresentou a proposta para a criação de um delegado para as obras sociais da Província de Santo Elias. A proposta foi discutida, a votação também ficou para depois

Frei Vicente apresentou a proposta de se criar uma comunidade terapêutica nos moldes de Curitiba (Servo Sofredor) em São Joaquim de Bicas, onde a província tem um terreno. Após longa discussão. A votação ficou para depois de termos ouvido todas as propostas.

 

11ª Sessão

Às 11h00, iniciamos a 11ª sessão ouvindo a proposta de frei Geraldo: “Que se realize uma Assembleia Extraordinária até o mês de abril deste ano de 2020”. Motivação: ter mais tempo e criar um clima mais sereno para poder elaborar o programa para o triênio e para levar em conta as decisões do Capítulo Geral de 2019. E assim o Conselho terá o tempo suficiente para poder conversar com cada frade de votos solenes.

Em seguida, foram lidas e longamente discutidas cada uma das seis propostas de frei Paulo Gollarte e do frei Rothmans.

No fim, foi lida e brevemente discutida a proposta de frei Petrônio: “Que o retiro anual da Província seja realizado com a participação da Ordem Segunda e Terceira”.

A 11ª sessão terminou às 12h15. Neste quarto dia do Capítulo tivemos um almoço festivo num restaurante em Taubaté. Foi um bom descanso e uma experiência bonita de fraternidade. Às 14h45 estávamos de volta e casa. Foi feita a consulta de se trabalhar à noite para realizar a votação das propostas. A consulta foi aceita.

 

12ª Sessão

Às 17h30, reunimos para terminar a votação das propostas.

  1. Quanto à proposta a respeito das missões na Bolívia, o Capítulo delegou o Conselho da Província para encaminhar a transferência jurídica da missão carmelitana da Bolívia para a Província Carmelitana de Santo Elias.
  2. Foi aprovada a proposta de se criar um Delegado para as Obras Sociais da Província de Santo Elias.
  3. Não foi aprovada a proposta de se criar uma comunidade terapêutica em São Joaquim de Bicas.
  4. Foi aprovada a proposta de se realizar uma Assembleia Extraordinária até o mês de abril deste ano de 2020. Nesta aprovação foi incluída a proposta de se promover maior partilha entre os confrades a respeito das nossas atividades pastorais.
  5. Das seis propostas discutidas na 11ª sessão, foram aprovadas a 1ª, a 3ª e 4ª. Foram aprovadas, não como propostas, mas como recomendações a serem levadas em conta pelo Concelho a 2ª, a 5ª e a 6ª.
  6. Foi retirada a proposta de que o retiro anual da província tenha participação de membros da Ordem Segunda e da Ordem Terceira. Insistiu-se na importância dos encontros inter-carmelitanos de frades, monjas, religiosas e leigos e leigas.

Às 16h40, foi encerrada a 12ª sessão do Capítulo Provincial.

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 4, 21-25)

Naquele tempo, Jesus disse à multidão: 21"Quem é que traz uma lâmpada para colocá-la debaixo de um caixote, ou debaixo da cama? Ao contrário, não a põe num candeeiro? 22Assim, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto, e tudo o que está em segredo deverá ser descoberto. 23Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça". 24Jesus dizia ainda: "Prestai atenção no que ouvis: com a mesma medida com que medirdes, também vós sereis medidos; e vos será dado ainda mais. 25Ao que tem alguma coisa, será dado ainda mais; do que não tem, será tirado até mesmo o que ele tem". Palavra da Salvação.

 

3) Reflexão

A lâmpada que ilumina. Naquele tempo, não havia luz elétrica. Imagine o seguinte. A família está em casa. Começa a escurecer. O pai levanta, pega a lamparina, acende e coloca debaixo de um caixote ou debaixo de uma cama. O que os outros vão dizer? Vão gritar: “Pai! Coloca na mesa!” Esta é a história que Jesus conta. Ele não explica. Apenas diz: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! A Palavra de Deus é a lâmpada a ser acesa na escuridão da noite. Enquanto estiver dentro do livro fechado da Bíblia, ela é como a lamparina debaixo do caixote. Quando ligada à vida e vivida em comunidade, ela é colocada na mesa e ilumina!

Prestar atenção aos preconceitos. Jesus pede aos discípulos para tomar consciência dos preconceitos com que escutam o ensinamento que ele oferece. Devemos prestar atenção nas idéias com que olhamos para Jesus! Se a cor dos óculos é verde, tudo aparece verde. Se for azul, tudo será azul! Se a idéia com que eu olho para Jesus for errada, tudo o que penso sobre Jesus estará ameaçado de erro. Se eu acho que o messias deve ser um rei glorioso, não vou entender nada do que Jesus ensina e vou entender tudo errado.

Parábolas: um novo jeito de ensinar e de falar sobre Deus.  O jeito de Jesus ensinar era, sobretudo, através de parábolas. Ele tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o povo conhecia e experimentava na sua luta diária pela sobrevivência. Isto supõe duas coisas: estar por dentro das coisas da vida, e estar por dentro das coisas do Reino de Deus.

O ensino de Jesus era diferente do ensino dos escribas. Era uma Boa Nova para os pobres, porque Jesus revelava um novo rosto de Deus, no qual o povo se re-conhecia  e se alegrava. “Pai, eu te agradeço, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado! (Mt 11,25-28)”.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Palavra de Deus, lâmpada que ilumina. Qual o lugar que a Bíblia ocupa em minha vida? Qual a luz que dela recebo?

2) Qual a imagem de Jesus que está em mim? Quem é Jesus para mim, e quem sou eu para Jesus?

 

5) Oração final

Busquei o SENHOR e ele respondeu-me e de todo temor me livrou. Olhai para ele e ficareis radiantes, vossas faces não ficarão envergonhadas. (Sal 33, 5-6)

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 4,1-20)

Naquele tempo, 1Jesus começou a ensinar de novo às margens do mar da Galileia. Uma multidão muito grande se reuniu em volta dele, de modo que Jesus entrou numa barca e se sentou, enquanto a multidão permanecia junto às margens, na praia.

2Jesus ensinava-lhes muitas coisas em parábolas. E, em seu ensinamento, dizia-lhes: 3"Escutai! O semeador saiu a semear. 4Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; vieram os pássaros e a comeram. 5Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era profunda, 6mas, quando saiu o sol, ela foi queimada; e, como não tinha raiz, secou. 7Outra parte caiu no meio dos espinhos; os espinhos cresceram, a sufocaram, e ela não deu fruto.

8Outra parte caiu em terra boa e deu fruto, que foi crescendo e aumentando, chegando a render trinta, sessenta e até cem por um”. 9E Jesus dizia: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça". 10Quando ficou sozinho, os que estavam com ele, junto com os Doze, perguntaram sobre as parábolas. 11Jesus lhes disse: "A vós, foi dado o mistério do Reino de Deus; para os que estão fora, tudo acontece em parábolas, 12para que olhem mas não enxerguem, escutem mas não compreendam, para que não se convertam e não sejam perdoados".

13E lhes disse: "Vós não compreendeis esta parábola? Então, como compreendereis todas as outras parábolas? 14O semeador semeia a Palavra. 15Os que estão na beira do caminho são aqueles nos quais a Palavra foi semeada; logo que a escutam, chega Satanás e tira a Palavra que neles foi semeada. 16Do mesmo modo, os que receberam a semente em terreno pedregoso, são aqueles que ouvem a Palavra e logo a recebem com alegria, 17mas não têm raiz em si mesmos, são inconstantes; quando chega uma tribulação ou perseguição, por causa da Palavra, logo desistem.

18Outros recebem a semente entre os espinhos: são aqueles que ouvem a Palavra; 19mas quando surgem as preocupações do mundo, a ilusão da riqueza e todos os outros desejos, sufocam a Palavra, e ela não produz fruto. 20Por fim, aqueles que recebem a semente em terreno bom são os que ouvem a Palavra, a recebem e dão fruto; um dá trinta, outro sessenta e outro cem por um."   Palavra da Salvação.

 

3) Reflexão

Sentado num barco, Jesus ensina o povo. Nestes versos, Marcos descreve o jeito que Jesus tinha de ensinar o povo: na praia, sentado no barco, muita gente ao redor para escutar. Jesus não era uma pessoa estudada (Jo 7,15). Não tinha freqüentado a escola superior de Jerusalém. Vinha do interior, da roça, de Nazaré. Era um desconhecido, meio camponês, meio artesão. Sem pedir licença às autoridades, começou a ensinar o povo. Falava tudo diferente. O povo gostava de ouvi-lo.

Por meio das parábolas, Jesus ajudava o povo a perceber a presença misteriosa do Reino nas coisas da vida. Uma parábola é uma comparação. Ela usa as coisas conhecidas e visíveis da vida para explicar as coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de Deus. Por exemplo, o povo da Galileia entendia de semente, de terreno, chuva, sol, sal, flores, colheita, pescaria, etc. Ora, são exatamente estas coisas conhecidas do povo que Jesus usa nas parábolas para explicar o mistério do Reino.

A parábola da semente retrata a vida do camponês. Naquele tempo, não era fácil viver da agricultura. O terreno tinha muita pedra. Muito mato. Pouca chuva, muito sol. Além disso, muitas vezes, o povo encurtava estrada e, passando no meio do campo, pisava nas plantas (Mc 2,23). Mesmo assim, apesar de tudo isso, todo ano, o agricultor semeava e plantava, confiando na força da semente, na generosidade da natureza.

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Jesus começou a parábola dizendo: “Escutem!” (Mc 4,3). Agora, no fim, ele termina dizendo: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” O caminho para chegar ao entendimento da parábola é a busca: “Tratem de entender!” A parábola não entrega tudo pronto, mas leva a pensar e faz descobrir a partir da própria experiência que os ouvintes têm da semente. Provoca a criatividade e a participação. Não é uma doutrina que já vem pronta para ser ensinada e decorada. A Parábola não dá água engarrafada, mas entrega a fonte. O agricultor que escutou, diz: “Semente no terreno, eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso tem a ver com o Reino de Deus. O que seria?” E aí você pode imaginar as longas conversas do povo! A parábola mexe com o povo e leva a escutar a natureza e a pensar na vida.

Jesus explica a parábola aos discípulos. Em casa, a sós com Jesus, os discípulos querem saber o significado da parábola. Eles não entenderam. Jesus estranhou a ignorância deles (Mc 4,13) e respondeu por meio de uma frase difícil e misteriosa. Ele diz aos discípulos: “A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus. Aos de fora, porém, tudo acontece em parábolas, para que vendo não vejam, ouvindo não ouçam e para que não se convertam e não sejam salvos!”. Esta frase faz a gente se perguntar: Afinal, a parábola serve para que? Para esclarecer ou para esconder? Será que Jesus usa parábolas, para que o povo continue na ignorância e não chegue a se converter? Certamente que não! Pois em outro lugar Marcos diz que Jesus usava parábolas “conforme a capacidade dos ouvintes” (Mc 4,33)

Parábola revela e esconde ao mesmo tempo! Revela para “os de dentro”, que aceitam Jesus como Messias Servidor. Esconde para os que insistem em ver nele o Messias, Rei grandioso. Estes entendem as imagens da parábola, mas não chegam a entender o seu significado.

A explicação da parábola, parte por parte. Uma por uma, Jesus explica as partes da parábola, desde a semente e o terreno até a colheita. Alguns estudiosos acham que esta explicação foi acrescentada depois. Ela seria de alguma comunidade. É bem possível. Pois dentro do botão da parábola está a flor da explicação. Botão e flor, ambos têm a mesma origem que é Jesus. Por isso, nós também podemos continuar a reflexão e descobrir outras coisas bonitas dentro da parábola. Certa vez, alguém perguntou numa comunidade: “Jesus falou que devemos ser sal. Para que serve o sal?” Discutiram e, no fim, encontraram mais de dez finalidades diferentes para o sal! Aí foram aplicar tudo isto à vida da comunidade e descobriram que ser sal é difícil e exigente. A parábola funcionou! O mesmo vale para a semente. Todo mundo tem alguma experiência de semente.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Qual a experiência que você tem de semente? Como ela te ajuda a entender melhor a Boa Nova

2) Que terreno eu sou?

 

5) Oração final

Busquei o SENHOR e ele respondeu-me e de todo temor me livrou. Olhai para ele e ficareis radiantes, vossas faces não ficarão envergonhadas. (Sal 33, 5-6)

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 3,22-30)

Naquele tempo, 22os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Beelzebul, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. 23Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: "Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? 24Se um reino se divide contra si mesmo ele não poderá manter-se. 25Se uma família se divide contra si mesma, não poderá manter-se. 26Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa.

28Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto nos pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno". 30Jesus falou isso, porque diziam: 'Ele está possuído por um espírito mau".

- Palavra da Salvação

 

3) Reflexão

O conflito cresce. Existe uma sequência progressiva no evangelho de Marcos. Na medida em que a Boa Nova progride e é aceita pelo povo, nesta mesma medida cresce a resistência por parte das autoridades religiosas. O conflito começa a crescer e envolve vários grupos de pessoas. Por exemplo, os parentes de Jesus acham que ele ficou louco (Mc 3,20-21), e os escribas que tinham vindo de Jerusalém acham que ele é um possesso (Mc 3,22).

Conflito com as autoridades. Os escribas caluniam Jesus. Dizem que ele está possesso e que expulsa os demônios com a ajuda de Belzebu, o príncipe dos demônios. Eles tinham vindo de Jerusalém, a mais de 120 km de distância, para vigiar o comportamento de Jesus. Queriam defender a Tradição contra as novidades que Jesus ensinava ao povo (Mc 7,1). Achavam que o ensino dele era contra a boa doutrina. A resposta de Jesus tem três partes.

Primeira parte: a comparação da família dividida. Jesus usa a comparação da família dividida e do reino dividido para denunciar o absurdo da calúnia. Dizer que Jesus expulsa os demônios com a ajuda do príncipe dos demônios é negar a evidência. É o mesmo que dizer que a água é seca, e que o sol é escuridão. Os doutores de Jerusalém caluniavam, porque não sabiam explicar os benefícios que Jesus realizava para o povo. Estavam com medo de perder a liderança.

Segunda parte: a comparação do homem forte. Jesus compara o demônio com um homem forte. Ninguém, a não ser uma pessoa mais forte, poderá roubar a casa de um homem forte. Jesus é este mais forte que chegou. Por isso, ele consegue entrar na casa e amarrar o homem forte. Consegue expulsar os demônios. Jesus amarrou o homem forte e agora rouba a casa dele, isto é, liberta as pessoas que estavam no poder do mal. O profeta Isaías já tinha usado a mesma comparação para descrever a vinda do messias (Is 49,24-25). Lucas acrescenta que a expulsão do demônio é um sinal evidente de que chegou o Reino de Deus (Lc 11,20).

Terceira parte: o pecado contra o Espírito Santo. Todos os pecados têm perdão, menos o pecado contra o Espírito Santo. O que é o pecado contra o Espírito Santo? É dizer: “O espírito que leva Jesus a expulsar o demônio, vem do próprio demônio!” Quem fala assim torna-se incapaz de receber o perdão. Por quê? Quem tapa os olhos pode enxergar? Não pode! Quem mantém a boca fechada pode comer? Não pode! Quem não fecha o guarda-chuva da calúnia pode receber a chuva do perdão? Não pode! O perdão passaria de lado e não o atingiria! Não é que Deus não quer perdoar. Deus quer perdoar sempre! Mas é o pecador que se recusa a receber o perdão!

 

4) Para um confronto pessoal

1) As autoridades religiosas se fecham e negam a evidência. Já aconteceu comigo eu me fechar contra a evidência dos fatos?

2) Calúnia é a arma dos fracos. Você já teve experiência neste ponto?

 

5) Oração final

Todos os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai ao SENHOR, terra inteira gritai e exultai cantando hinos. (Sal 97, 3b-4)

A missão, o ensinamento e o legado da Irmã Maria del Monte Carmelo da Santíssima Trindade OCD são: adorar a Sagrada Face de Cristo e reparar os ultrajes cometidos contra ela, fortalecer no coração dos fiéis o sensus Ecclesiae e a imolação constante pelo Pontífice reinante, mediante a oração quotidiana da Via Crucis e de uma vida de entrega total a Deus, na simplicidade, humildade e caridade, para atingir o seu ápice na união dos fiéis, como ela amava dizer: Congregavit nos in unum Christi amor!

 

Cidade do Vaticano

Ao receber em audiência em 23 de janeiro de 2020 o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Becciu, o Santo Padre reconheceu o martírio e as virtudes heroicas da Serva de Deus  brasileira Maria del Monte Carmelo da Santíssima Trindade (também conhecida como Carmen Caterina Bueno), religiosa professa da Ordem dos Carmelitas Descalças, nascida em Itú em 25 de novembro de 1898 – e criada pela avó em Campinas -  falecida em 13 de julho de 1966 em Taubaté.

 

Biografia da Serva de Deus Madre Maria do Carmo da Santíssima Trindade, O.C.D.

A Serva de Deus Madre Maria do Carmo da Santíssima Trindade nasceu em Itu (SP), em 25 de novembro de 1898, Festa de Santa Catarina de Alexandria, sendo batizada com o nome de Carmem Catarina Bueno.

Filha de Teotônio Bueno e Maria do Carmo Bauer Bueno (que devido a pouca idade ao dar à luz a Carmem, 15 anos, ficou com a saúde abalada), foi criada pela avó paterna, Dona Maria Justina Camargo Bueno (conhecida como “Nhá Cota”), em Campinas, onde teve por amigo de infância o futuro bispo de Taubaté (SP), Dom Francisco Borja do Amaral.

Em 1916 moraram por algum tempo na Ilha de Paquetá, na Baía de Guanabara no Rio de Janeiro, transferindo-se no ano seguinte se para São Paulo, onde a Serva de Deus passou a estudar no Colégio Nossa Senhora de Sion.

Em 23 de setembro de 1917, ao se tornar Filha de Maria, sentiu o chamado do Senhor para consagrar-se inteiramente a Ele, dando então o seu “Sim”.

Tendo um grande amor por Jesus e pela Igreja desde a juventude, sua piedade se tornava cada vez mais profunda. O seu grande amor era a Cruz de Cristo, o seu lema era ser humilhada como ele.

Dedicava muito tempo à formação intelectual. Falava e escrevia em francês, escreveu pequenas obras literárias e aprendeu a arte da pintura.

Depois de ter lido o livro “História de uma Alma”, de Santa Teresinha de Lisieux, decidiu ser carmelita, escolhendo como diretor espiritual Dom Francisco de Campos Barreto, que a direcionou a viver cada vez mais uma vida de amor a Deus e cheia de virtudes.

Em 21 de abril de 1926, aos 27 anos, ingressou no Carmelo São José, no Rio de Janeiro e em 24 de outubro de 1926 recebeu o Santo Hábito e o nome religioso de Irmã Maria do Carmo da Santíssima Trindade.

Para buscar viver perfeitamente a humildade como meio de santificação, seguindo a orientação do seu diretor espiritual, fez o voto de mansidão.

Depois dos primeiros anos no mosteiro passou a exercer o Ofício de mestra de noviças, sub-priora e por fim priora. Como religiosa sempre demonstrou uma delicadeza e humildade especiais. Era a primeira a fazer os trabalhos mais humildes e a dar o exemplo de paciência e caridade para todas as monjas.

Em 1949 voltou a ser mestra de noviças, época em que começaram seus graves problemas de saúde.

Em 1952 voltou a dirigir o Carmelo, quando nasceu a ideia de fundar um novo mosteiro, o Carmelo da Santa Face e Pio XII, que foi erigido na Diocese de Taubaté, cujo Bispo era Dom Francisco Borja do Amaral.

Com sua permissão, em 24 de agosto de 1953 partiram entre lágrimas as seis primeiras irmãs, dirigidas por Madre Carminha e a cofundadora, Madre Antonieta Maria. A Serva de Deus era considerada por todos uma santa e muitas pessoas pediam para serem acompanhadas espiritualmente por ela.

Em 12 de setembro de 1961 Madre Maria do Carmo passou o governo da casa à Madre Antonieta Maria, ficando com a direção das obras e a formação do noviciado.

Seus problemas de saúde começavam a se agravar. Em 7 de julho de 1966 sofreu um derrame cerebral e entrou em coma profundo. Após uma semana de sofrimento, em 13 de julho, entregou santamente sua alma a Deus.

Já em vida a Serva de Deus gozava de uma grande fama de santidade, o que se tornou ainda maior após sua morte.

Muitíssimos fiéis visitavam continuamente o seu túmulo, pedindo sua intercessão junto a Deus. Em vista da supressão do Carmelo de Tremembé e de sua transferência para Mairinque, São Paulo, no sexto aniversário da morte da Serva de Deus, foi feita a exumação dos seus restos mortais e nessa ocasião o seu corpo foi encontrado intacto, inclusive suas vestes e as flores secas e, nem mesmo mau odor exalou de sua sepultura.

Sua missão, seu ensinamento e seu legado são: adorar a Sagrada Face de Cristo e reparar os ultrajes cometidos contra ela. Também fortalecer no coração dos fiéis o sensus Ecclesiae e a imolação constante pelo Pontífice reinante, mediante a oração quotidiana da Via Crucis e de uma vida de entrega total a Deus, na simplicidade, humildade e caridade, para atingir o seu ápice na união dos fiéis, como ela amava dizer: Congregavit nos in unum Christi amor!

Biografia extraída de postulazionecausasanti.it

Fonte: https://www.vaticannews.va

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 3,13-19)

Naquele tempo, 13Jesus subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram até ele. 14Então Jesus designou Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, 15com autoridade para expulsar os demônios. 16Designou, pois, os Doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; 17Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer "Filhos do trovão"; 18André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, 19e Judas Iscariotes, aquele que depois o traiu.  Palavra da Salvação.

 

3) Reflexão   (Marcos 3,13-19)

O evangelho de hoje descreve a escolha e a missão dos doze apóstolos. Jesus começou com dois discípulos e em seguida mais dois (Mc 1,16-20). Aos poucos, o número foi crescendo. Lucas informa que ele chamou mais 72 discípulos para ir com ele na missão (Lc 10,1).

Marcos 3,13-15: O chamado para uma dupla missão

Jesus chama os que ele quer e eles foram até ele. Em seguida, “Jesus constituiu o grupo dos Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, com autoridade para expulsar os demônios”. Jesus os chama para uma dupla finalidade, para uma dupla missão: 1) Estar com ele, isto é, formar comunidade na qual ele, Jesus, é o eixo. 2) Pregar e ter poder para expulsar os demônios, isto é, anunciar a Boa Nova e combater o poder do mal que estraga a vida do povo e aliena as pessoas. Marcos diz que Jesus subiu a uma montanha e, estando lá, chamou os discípulos. A chamada é uma subida! Na Bíblia, subir a montanha evoca a montanha onde Moisés subiu e teve um encontro com Deus (Ex 24,12). Lucas diz que Jesus tinha subido a montanha, rezou a noite toda e, no dia seguinte, chamou os discípulos. Rezou a Deus para saber a quem escolher (Lc 6,12-13). Depois de haver chamado, Jesus oficializa a escolha feita e cria um núcleo mais estável de doze pessoas para dar maior consistência à missão. É também para significar a continuidade do projeto de Deus. Os doze apóstolos do NT são os sucessores das doze tribos de Israel.

Nasce assim a primeira comunidade do Novo Testamento, comunidade modelo, que vai crescendo ao redor de Jesus ao longo dos três anos da sua atividade pública. No início, são apenas quatro (Mc 1,16-20), Aos poucos, a comunidade cresce de acordo com o aumento da missão nas aldeias e povoados da Galileia. Chegou ao ponto de eles não terem nem tempo para comer e descansar (Mc 3,2). Por isso, Jesus se preocupava em proporcionar um descanso para os discípulos (Mc 6,31) e em aumentar o número dos missionários e missionárias (Lc 10,1). Deste modo Jesus procura manter o duplo objetivo do chamado: estar com ele e ir em missão. A comunidade que assim se forma ao redor de Jesus tem três características básicas que pertencem à sua natureza: ela é formadora, missionária e inserida no meio dos pobres da Galileia. 

Marcos 3,16-19: A lista dos nomes dos doze apóstolos.

Em seguida, Marcos traz os nomes dos doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer "filhos do trovão";  André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão o cananeu, Judas Iscariotes, aquele que depois o traiu. Grande parte destes nomes vem do Antigo Testamento. Por exemplo, Simeão é o nome de um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que Jacó (Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Mateus também tinha o nome de Levi (Mc 2,14), que é outro filho de Jacó (Gn 35,23). Dos doze apóstolos sete têm nome que vem do tempo dos patriarcas. Dois se chamam Simão;  dois, Tiago;  dois, Judas;  um, Levi!  Só tem um com nome grego: Filipe. Seria como hoje numa família todos os filhos terem nomes do tempo dos índios Raoni, Ubiratan, Jussara, etc, e um só ter um nome americano Washington. Isto revela o desejo do povo de refazer a história desde o começo! Vale a pena pensar nos nomes que hoje damos para os filhos. Como eles, cada um de nós é chamado por Deus pelo nome.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Estar com Jesus e ir em missão é a dupla finalidade da comunidade cristã. Como você assume este seu compromisso na comunidade a que pertence?

2) Jesus chamou os discípulos pelo nome. Você, eu, todos nós existimos, porque Deus me chama pelo nome. Pensa nisso!

 

5) Oração final

Mostra-nos, SENHOR, a tua misericórdia e dá-nos a tua salvação. Ouvirei o que diz o SENHOR Deus: ele anuncia paz para seu povo, para seus fiéis, para quem volta para ele de todo coração. (Sal 84, 8-9)

Se a publicação, em 15 de janeiro, de um livro como Des profondeurs de nos coeurs (Do fundo dos nossos corações, em tradução livre, Fayard) provocou tanta comoção no mundo católico, analisa o ensaísta François Huguenin, é também porque a situação única de coexistência entre um papa e um papa emérito mantém um apego real de parte dos fiéis a Bento. XVI. A reportagem é de François Huguenin, publicada por La Vie, 15-01-2020. A tradução é de André Langer.

 

No dia 28 de fevereiro de 2013, quase sete anos atrás, os telefones celulares vibraram em reuniões para anunciar uma notícia quase inacreditável, mas que, como foi anunciada em latim pelo papa, muitos jornalistas no Vaticano e membros da cúria tinham que ter certeza para garantir que tinham compreendido corretamente: Bento XVI anunciava que renunciaria ao seu cargo e se retiraria. O sucessor de João Paulo II, prefeito de longa data da Congregação para a Doutrina da Fé, não teve o carisma de seu antecessor. E, no entanto, esse gesto – que alguns qualificaram como profético – atraiu-lhe uma simpatia renovada, apesar do obscurecimento do fim de seu pontificado, marcado por alguns assuntos retumbantes: WilliamsonRecifeabusos sexuais, “Vatileaks”...

Passado o estado de espanto e os instantes de júbilo que acompanharam a eleição de um papa vindo do Novo Mundo, muito menos familiar aos católicos da França do que a figura de Joseph Ratzinger na morte de João Paulo II, alguma coisa se estabeleceu gradualmente em uma parte dos católicos franceses, algo que se assemelha à nostalgia pela ausência de Bento XVI. Ausência que provoca uma forma de melancolia, por duas razões, cuja combinação é tão rara quanto emocionalmente forte.

Primeira razão: apesar do que os analistas especularam em 2005, Bento XVI rapidamente assumiu o hábito pontifício depois de João Paulo II, sem sofrer com a garbosidade e o carisma de seu antecessor. Ficou claro que ele estava menos à vontade com as reuniões de multidão e sofria em público. Mas ele rapidamente tomou as rédeas de seu cargo, instalando silenciosamente um novo estilo de pontificado: o de um papa intelectual, mas também profundamente espiritual e pudicamente sensível. É ainda mais importante notar que os papas intelectuais não são uma legião na história e que, desde Leão Magno, e Gregório, o Grande, os católicos referidos aos prazeres da inteligência não tinham estado nessa festa.

Nesse sentido, seu pontificado deixou, de fato, uma marca única, difícil de substituir, principalmente porque – e esta é a segunda razão do impacto dessa ausência – Bento XVI está de fato vivo e morando a dois passos do seu sucessor. Simplificando: não é a morte de um papa que os católicos tiveram que enfrentar, morte sempre sublimada pela eleição de um novo bispo de Roma, mas um luto branco, com o sentimento mais ou menos consciente e expresso de terem sido abandonados. Provavelmente, esse sentimento é reforçado pela vontade expressa de alguns – do outro lado do tabuleiro de xadrez – de fazer tabula rasa dessa herança com o advento de Francisco. Órfãos, portanto, mas de um pai ainda vivo, que se retirou para perto de Francisco, ainda vestido de branco, chamado papa emérito e não simplesmente “bispo emérito de Roma”, como teria sido mais sábio fazer.
Nessas circunstâncias, para grande parte dos fiéis apegados a Bento XVIa fortiori aqueles que se sentem menos confortáveis com o estilo de Francisco, o pesar é muito mais doloroso, porque o luto não podia ser feito. De fato, atualmente, um certo número de católicos sente falta de Bento XVI, em toda a boa fé. Mas do que exatamente?
A primeira coisa é, evidentemente, a imensa aura intelectual de Bento XVI. Um papa que dialoga com um dos grandes intelectuais da época, como o filósofo Jürgen Habermas, é algo inédito. Um papa que, quando toma a palavra – lembremo-nos dos discursos no Collège des Bernardins ou no Westminster Hall –, faz uma reflexão que abre perspectivas brilhantes, se são sempre inovadoras nos conteúdos, pelo menos com uma profundidade singular e uma clareza sem precedentes. Um papa cujas três encíclicas foram sucessos inesperados de livraria, porque queríamos ouvir e ler Bento XVI.

Tudo o que Bento XVI trouxe nutriu o povo de Deus, mas também tranquilizou aqueles que temiam que a Igreja Católica ficasse sem argumentos diante dos desafios antropológicos de nossa sociedade e satisfizesse a necessidade de reconhecimento daqueles que sofrem às vezes com as homilias muito pobres ouvidas em sua paróquia. Sem negar que houvesse oposições, muitos católicos estavam orgulhosos desse papa respeitado por todos, e a comunicação mais confusa e menos límpida de Francisco deixou algumas dúvidas.

A segunda perda é que esse papa alemão foi o produto puro da grande tradição teológica, filosófica, histórica e artística europeia. Certamente, para o católico francês, esse homem que também falava perfeitamente o seu idioma, era um marco, um ponto de partida de toda uma história intelectual e cultural. Foi ele quem lembrou por sua simples presença, um discurso menor, que viemos de uma herança deslumbrante e imemorial, cujos códigos e matizes ele tratava com naturalidade prodigiosa. Na verdade, esse papa era a ponte entre toda a herança do cristianismo ocidental e os desafios contemporâneos incertos. Trouxe a solidez de uma tradição, a base de um pensamento ao mesmo tempo global e erudito, de modo a tranquilizar os fiéis preocupados em ver essa herança se desfazer.

A terceira falta é o tom equilibrado e matizado de um discurso cuja forma suave poderia deter a sangria de setores mais intelectualizados. Dessa maneira, encontrou um certo conservadorismo, que, além disso, deveria ser matizado, representativo da sociologia burguesa de uma parte importante do catolicismo francês. Aquele que acolheu Bento XVI na Esplanada dos Inválidos (Paris) em 2008. A assembleia, que acorreu em grande quantidade, era predominantemente composta por famílias bastante tradicionais.

Esse público, que vibrara com João Paulo II, que restabelecera seu entusiasmo, estava apegado à figura tranquila e ao pensamento firme do papa alemão. Estávamos em terreno familiar, em uma continuidade tranquilizadora e, diante das crises que abalaram o final do pontificado, para muitos católicos franceses, a época de Bento XVI, pelo menos no início, era bastante feliz. Com o estilo de Francisco, mais áspero, mais mordaz, menos polido e mais provocador, uma forma de segurança, desse ponto de vista, desapareceu.
O último aspecto, mais marginal, porque afeta principalmente, mas não exclusivamente, o meio tradicionalista, é a liturgia. Com seu motu proprio sobre a liturgia, em 2007, tornando a antiga missa a forma extraordinária de um único rito romano, Bento XVI, desejando reconciliar as várias sensibilidades da Igreja em conflito desde a crise lefebvrista, conseguiu reunir as famílias divididas sobre o assunto, facilitar a união entre os jovens, mais frequentemente do que os idosos que desejam sair dos guetos e dos anátemas.
Esse reconhecimento da tradição litúrgica (sem questionar o progresso da reforma) acompanhou uma interpretação do Concílio segundo uma hermenêutica da reforma na continuidade. Tudo isso serviu perfeitamente a um público ligado ao Concílio, mas ansioso pela bela liturgia e o apaziguamento após as brigas dos anos 1970-80. Francisco não tem o mesmo interesse pela liturgia. Ele conhece mal o caso tradicionalista, que diz respeito principalmente à França. Aí também, alguns podem ter se sentido abandonados, especialmente porque puderam acreditar – erroneamente – que Bento XVI estava do seu lado, o que é entender mal sua própria história, seu papel no Concílio e sua teologia.

Esses órfãos de Bento XVI tiveram duas reações. Alguns aderiram ao novo estilo de Francisco, fizeram sua conversão ecológica e acolheram sem medo a Amoris Lætitia, sem esquecer a importância singular que Bento XVI representava para eles em sua inteligência da fé. Outros, nos círculos mais extremistas, que fabricaram para si um Bento XVI à sua imagem, rapidamente recusaram Francisco, não litúrgico o suficiente, ousado demais, para não dizer um pouco “esquerdista” aos seus olhos.

Em alguns dos casos mais extremos, eles até inventaram um pupilo na pessoa do cardeal Robert Sarah, sem dúvida parcialmente enganado por um certo número de manipulações franco-francesas. E para eles, isso representava uma volta à estaca zero da desconfiança, como na época de Paulo VI... O risco é que, com imbróglios como esse do lançamento e do estatuto do livro Do fundo de nossos corações, os primeiros se encontrem embarcados um pouco sem o seu conhecimento na “cruzada” dos últimos.

Aqueles que opõem o papa e o atual bispo emérito de Roma absolutizam uma diferença bastante radical de temperamento e de matizes sem dúvida significativa sobre certos assuntos, esquecendo que em pontos importantes como a justiça social, a ecologia, a acolhida dos migrantes ou uma espiritualidade muito interior, Bento XVI foi um precursor de Francisco. Sem dúvida, alguns se encontram, especialmente nas redes sociais (onde o pior está saindo sem limites), nesta forma estéril de oposição e divisão. Outros, ao contrário, pensam que alguém pode ser nostálgico por Bento amando Francisco. Eles não falam tão alto, fazem menos barulho, mas dizem algo essencial sobre a vida na Igreja, que se chama fidelidade. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Rob Mutsaerts afirmou que o Sínodo foi uma “fachada” para tratar do tema dos viri probati e das mulheres diáconas.

“A caixa de Pandora está aberta e terá implicações para toda a Igreja, começando pelos bispos alemães”, afirmou o bispo-auxiliar da diocese de s’Hertogenbosch.

A reportagem é publicada por Vida Nueva, 17-01-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

“Esperamos que o papa Francisco destrua o documento final do sínodo na Amazônia, porém há poucas probabilidades de que faça”. Assim afirmou Rob Mutsaerts, bispo auxiliar de s’Herogenbosch, Países Baixos, em uma entrevista a Il Giornale na qual criticou fortemente o Sínodo da Amazônia. Considera que esse não foi mais que uma “enganação aos fiéis” e que “representou uma piada com a fé”.

Precisamente suas palavras coincidem com o debate que se gerou nos últimos dias pela intervenção do papa emérito Bento XVI em um livro assinado pelo cardeal Robert Sarah sobre a necessidade de manter o celibato sacerdotal. O bispo holandês teme, do seu lado, que Francisco aceite as propostas dos padres sinodais sobre considerar, para a região amazônica, a ordenação sacerdotal de diáconos permanentes.

No entanto, Mutsaerts considera que isso não é necessário, já que, “80% da população amazônica vive em grandes cidades”. Por isso, “o problema da falta de padres não é diferente ao de muitas outras áreas do mundo”. Na verdade, para o bispo holandês, o problema reside em “uma falta de fé” que não se resolve aceitando padres casados.

Chegará à toda Igreja

Porém, ademais, o prelado crê que o Sínodo, celebrado em outubro de 2019, foi uma “fachada” para tratar esses temas. “As palavras-chave do documento final do Sínodo não foram Mãe-Terra e ecossistema, mas sim viri probatidiáconas e rito amazônico”, destaca, apontando o cardeal Cláudio Hummes como precursor para que documento tomasse essa direção.

“É claro, agora os resultados não se limitarão à região amazônica”, diz o bispo. “A caixa de Pandora está aberta e haverá implicações para toda a Igreja”, acrescenta, advertindo que “os bispos alemães” serão os primeiros que solicitarão a adoção dessa opção no seu país. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Por Ancelmo Gois

 

O Jesus da Mangueira

A Arquidiocese do Rio, por meio de sua diretora jurídica, Claudine Milione Dutra, tem conversado com a Liga das Escolas de Samba e com a própria Mangueira sobre esse polêmico enredo “A verdade vos fará livre”, uma espécie de releitura da biografia de Jesus, que, no desfile, assumirá várias faces. A conversa tem sido, até agora, positiva e respeitosa de ambos os lados. O cardeal Dom Orani Tempesta foi o primeiro chefe da Igreja no Rio a visitar vários barracões de escolas de samba.

Cala boca já morreu

A última vez em que a Arquidiocese tentou censurar uma escola foi um tiro no pé.
O cardeal Dom Eugenio Salles (1920-2012) conseguiu uma ordem judicial proibindo a Beija-Flor de mostrar o abre-alas do desfile “Ratos e Urubus”, em 1989, que traria uma reprodução do Cristo Redentor vestido como um mendigo. Joãosinho Trinta cobriu a alegoria com um plástico preto e acrescentou uma faixa com “Mesmo proibido, olhai por nós”. Foi um sucesso. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Marcos 3,7-12)

Naquele tempo, 7Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. 8E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Iduméia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9Então Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão, para que não o comprimisse.

10Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal jogavam-se sobre ele para tocá-lo. 11Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: "Tu és o Filho de Deus!" 12Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.

- Palavra da Salvação.

 

3) Reflexão

A conclusão a que se chega, no fim destes cinco conflitos (Mc 2,1 a 3,6), é que a Boa Nova de Deus tal como era anunciada por Jesus dizia exatamente o contrário do ensinamento das autoridades religiosas da época. Por isso, no fim do último conflito, se prevê que Jesus não vai ter vida fácil e será combatido. A morte aparece no horizonte. Decidiram matá-lo (Mc 3,6). Sem uma conversão sincera não é possível as pessoas chegarem a uma compreensão correta da Boa Nova.

Um resumo da ação evangelizadora de Jesus. Os versículos do evangelho de hoje (Mc 3,7-12) são um resumo da atividade de Jesus e acentuam um enorme contraste. Um pouco antes, em Mc 2,1 a 3,6, só se falou em conflitos, inclusive em conflito de vida e morte entre Jesus e as autoridades civis e religiosas da Galileia (Mc 3,1-6). E aqui no resumo, aparece o contrário: um movimento popular imenso, maior que o movimento de João Batista, pois veio gente não só da Galileia, mas também da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, da Transjordânia e até da região pagã de Tiro e Sidônia para encontrar-se com Jesus! (Mc 3,7-12). Todos querem vê-lo e tocar nele. É tanta gente, que o próprio Jesus fica preocupado. Ele corre o perigo de ser esmagado pelo povo. Por isso, pediu aos discípulos para manter um barco à disposição a fim de que o povo não o apertasse. E do barco falava à multidão. Eram sobretudo os excluídos e os marginalizados que vinham a ele com seus males: os doentes e os possessos. Estes, que não eram acolhidos na convivência social da sociedade da época, são acolhidos por Jesus. Eis o contraste: de um lado, a liderança religiosa e civil que decide matar Jesus (Mc 3,6); do outro lado, um movimento popular imenso que busca a salvação em Jesus. Quem vai ganhar?

Os espíritos impuros e Jesus. A insistência de Marcos na expulsão dos demônios é muito grande. O primeiro milagre de Jesus é a expulsão de um demônio (Mc 1,25). O primeiro impacto que Jesus causa no povo é por causa da expulsão dos demônios (Mc 1,27). Uma das principais causas da briga de Jesus com os escribas é a expulsão dos demônios (Mc 3,22). O primeiro poder que os apóstolos vão receber quando são enviados em missão é o poder de expulsar os demônios (Mc 6,7). O primeiro sinal que acompanha o anúncio da ressurreição é a expulsão dos demônios (Mc 16,17). O que significa expulsar os demônios no evangelho de Marcos?

No tempo de Marcos, o medo dos demônios estava aumentando. Algumas religiões, em vez de libertar o povo, alimentavam nele o medo e a angústia. Um dos objetivos da Boa Nova de Jesus era ajudar o povo a se libertar deste medo. A chegada do Reino de Deus significou a chegada de um poder mais forte. Jesus é “o homem mais forte” que chegou para amarrar o Satanás, o poder do mal, e roubar dele a humanidade prisioneira do medo (Mc 3,27). Por isso, Marcos insiste tanto, na vitória de Jesus sobre o poder do mal, sobre o demônio, sobre o Satanás, sobre o pecado e sobre a morte. Do começo ao fim, com palavras quase iguais, ele repete a mesma mensagem: “E Jesus expulsava os demônios!” (Mc 1,26.27.34.39; 3,11-12.15.22.30; 5,1-20; 6,7.13; 7,25-29; 9,25-27.38; 16,9.17). Parece até um refrão! Hoje, em vez de usar sempre as mesmas palavras preferimos usar palavras diferentes. Diríamos: “O poder do mal, o Satanás, que mete tanto medo no povo, Jesus o venceu, dominou, amarrou, destronou, derrotou, expulsou, eliminou, exterminou, aniquilou, abateu, destruiu e matou!” O que Marcos nos quer dizer é isto: “Ao cristão é proibido ter medo de Satanás!” Depois que Jesus ressuscitou, já é mania e falta de fé apelar, a toda hora, para Satanás, como se ele ainda tivesse algum poder sobre nós. Insistir no perigo dos demônios para chamar o povo de volta para as igrejas é desconhecer a Boa Nova do Reino. É falta de fé na ressurreição de Jesus!

 

4) Para um confronto pessoal

1) Como você vive a sua fé na ressurreição de Jesus? Contribui para vencer o medo?

2) Expulsão dos demônios. Como você faz para neutralizar esse poder em sua vida?

 

5) Oração final

Exultem e se alegrem em ti todos os que te buscam; digam sempre: “O SENHOR é grande” os que desejam a tua salvação. (Sal 39, 17)

Parar na vida... Apontamentos espirituais do Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Quarta-feira, 22 de janeiro-2020.  Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. www.instagram.com/freipetronio