Pastor morre após ser picado por jararaca em área de mata perto de onde morava em SC
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Evandro José Matteussi foi surpreendido pelo animal antes da virada do ano. Morte cerebral foi confirmada pela família.
Pastor de SC fica em estado grave no hospital após ser picado por jararaca — Foto: Arquivo Pessoal
Por Caroline Borges, Ana Carolina Metzger, g1 SC e NSC
Um homem de 42 anos morreu nesta sexta-feira (5) após ser picado por uma cobra jararaca em Agrolândia, no Vale do Itajaí. Evandro José Matteussi era pastor de uma igreja na região e foi surpreendido pelo animal em uma área de mata perto de casa antes da virada do ano.
O homem estava internado em estado grave desde então. A confirmação sobre a morte cerebral foi informada por familiares ao g1. O velório será na Associação Desportiva Industrial Rex, em Braço do Trombudo, na mesma região, onde a vítima era pastor.
Após ser picado, o pastor foi até o Hospital de Agrolândia, recebeu soro, mas no dia seguinte sofreu uma convulsão e foi transferido ao Hospital Regional do Alto Vale, em Rio do Sul, na mesma região, para fazer uma tomografia.
Em um exame, os médicos constataram que o pastor tinha um coágulo no cérebro e, por isso, passou por cirurgia. Conforme Marilda Matteussi Pacher, irmã do pastor, depois do procedimento os médicos perceberam que o sangue não circulava na região.
"Parece que, depois da cirurgia, o veneno da cobra voltou com 'mais força' para o corpo dele", disse a irmã.
Em nota, a família mencionou os profissionais de saúde que tentaram salvar o pastor. "Agradecemos a equipe médica do Hospital Regional que, com muito amor, recebeu nosso irmão e fizeram o possível ao alcance deles. E os familiares agradecem também todas as pessoas que de todos os lugares que oraram por ele".
A jararaca é uma espécie de cobra peçonhenta que costuma estar envolvida em acidentes com humanos. Ela costuma dar o bote sempre que se sente ameaçada (veja abaixo o que fazer se for picado pelo animal).
Matteussi morava em Agrolândia, mas era pastor na Igreja Deus é Amor, em Braço do Trombudo, na mesma região. Não há informações atualizadas sobre o sepultamento.
Cobra em Florianópolis
Na quarta-feira (3), um filhote de jararaca foi resgatado em uma casa em Florianópolis. O réptil estava nos fundos de uma máquina de lavar na área de serviço do local, informou o Corpo de Bombeiros Militar.
O que fazer em caso de picada?
Caso seja picado por uma cobra, não se deve amarrar o local. O torniquete pode aumentar o risco de necrosar o local e resultar até em amputação;
não se deve cortar o local, fazer perfurações ou sucção;
o local da picada deve ser lavado com água e sabão;
a vítima deve ser levada o mais rápido possível ao hospital;
é importante tentar identificar a serpente (pode ser por foto, se possível) pois isso facilitará para escolha do soro antiofídico a ser aplicado. Fonte: https://g1.globo.com
Me recuso a perder a esperança
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Sentimento cigano, a esperança nunca vem para ficar; tudo o que podemos fazer é tentar segurá-la pelo maior tempo possível
Escritora, roteirista e uma das idealizadoras do movimento Um Grande Dia para as Escritoras.
Neste ano que vai embora, a esperança tentou ir embora junto. Ou será que fomos nós a afugentá-la? Já começou no 8 de janeiro, quando homens atacaram com paus e pedras a imberbe democracia. Lembro da hora em que minha esperança fugiu sem dizer se voltava: foi quando um deles mostrou a bunda enrolada em uma bandeira —como é feia a face glútea da ignorância.
Não sei bem quando a minha esperança reapareceu, mas me lembro de senti-la ao meu lado meses depois ao ver uma garota cruzar o Círculo Polar Ártico sozinha a bordo de uma embarcação de nome Sardinha. Se dois bíceps tão finos e um veleiro tão frágil podem enfrentar o mar revolto, quantas coisas uma população de 8 bilhões de pessoas não podem enfrentar juntas?
Pena que nem sempre 8 bilhões de pessoas estão juntas, como a guerra logo veio para lembrar. Um certo horror, que julgávamos enterrado, reapareceu na estrela de Davi pichada de forma antissemita numa porta, em bebês feitos de refém, em hospitais bombardeados, em 8.000 crianças palestinas mortas, em outras sendo amputadas sem anestesia, na fome sendo usada como arma de guerra, no mundo assistindo a isso calado. Sem falar nos outros conflitos.
Nem os donos das esperanças mais aguerridas foram capazes de mantê-las por esses meses. E a minha só deu as caras (para sumir logo depois) quando uma refém desta mesma guerra, recém liberta, virou para o seu algoz, apertou sua mão e disse: shalom.
"O punho uma vez foi uma mão aberta e dedos", escreveu o poeta Yehuda Amichai, conterrâneo desta mesma refém, uns anos antes.
"Para escrever um poema que não seja político / devo escutar os pássaros / mas para escutar os pássaros / é preciso que cesse o bombardeio", escreveu o palestino Marwan Marhoul.
A poesia não salva a humanidade, não salva o leitor, não salva sequer o poeta, mas às vezes a sua beleza pode salvar o minuto. E é na trégua dos minutos que a esperança reaparece.
Sentimento cigano, a esperança nunca vem para ficar. Tudo o que podemos fazer é tentar segurá-la pelo maior tempo possível. Como a respiração de um mergulhador, o peito se expandindo, se exercitando para tirar o máximo do pouco que se tem.
Agora em novembro, quase perdi de vez a esperança ao acompanhar uma mesa de negociações que decidia a temperatura da Terra e, portanto, se será viável a vida neste calejado planeta.
Por alguns dias pensei que estávamos fritos, totalmente vendidos para os produtores de petróleo que sediavam o encontro e já começavam a redigir um acordo drástico, mas então uma criança invadiu com um cartaz a mesa da ONU e o representante de um país insular que poderá ser engolido pela água levantou a voz "não desceremos silenciosamente aos nossos túmulos aquosos!", e as negociações foram interrompidas para serem retomadas em melhores termos (ainda que bem longe dos ideais).
Quando tudo parece perdido, há sempre uma pessoa que aparece com um discurso, um aperto de mão, um poema, um cartaz, um veleiro, uma perspectiva, um grito, uma proposta, um aceno, uma escola de dança em uma terra devastada. Não sei se acredito na humanidade, mas ainda acredito nas pessoas.
Pode parecer inocência tentar manter alguma esperança (e é mesmo), mas qual o sentido de viver sem ela? Que nesta virada de ano esse sentimento duro de agarrar esteja com você. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
A pressão estética do Natal no Instagram.
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A pressão estética do Natal no Instagram
No padrão em meio às diferenças não há solidão. Pelo contrário, há sempre gente reunida e feliz, ou pelo menos sorridente
Jill Wellington por Pixabay
Escrevo diretamente de um passado não muito distante, mais precisamente do dia 25 de dezembro. Deitada na cama às 8h35 da noite, abro o Instagram e me deparo com um feed inteiro de ensaios natalinos dos mais diversos. Gente de todas as cores e de tantos lugares do mundo, celebridades e anônimos, de Hollywood ao Pará, das Kardashians à Joelma.
São galerias inteiras de fotos. Afinal, apenas um registro não daria conta de mostrar todos os ângulos de cada Natal. Passeio por Natais alheios como Ebanezer Scrooge, o vilão herói de Dickens, que, acompanhado de seus próprios fantasmas, viaja por Natais passados, presentes e futuros, observando a uma certa distância, vendo sem ser visto. Ao contrário de Scrooge, cujo amargor da vida havia se transformado em desprezo pela data, meu olhar não vem carregado de nenhum sentimento em particular. Observo sem nenhuma predisposição ao que vejo, com o intuito apenas de preencher a monotonia desses minutos pré-sono, mas logo passo a me interessar pelo padrão que surge em meio às diferenças.
Nas fotos, não há solidão. Pelo contrário, há sempre gente reunida e feliz, ou pelo menos sorridente. Famílias de sangue ou de afinidade, apertadas no espaço da tela, vestidas de roupas bonitas, invariavelmente em tons de vermelho, verde ou dourado. Crianças arrumadas com laços de fita como presentes. Todos calçados, claro. As mulheres de salto alto para andar pela sala de casa. Uma árvore ao fundo, presentes no canto da foto, uma mesa posta com a louça especial, talvez até uns guardanapos de pano. Coisa fina.
Impossível não estabelecer uma comparação entre os ângulos natalinos alheios e os meus. Me transporto então para a minha própria ceia, horas antes, e que agora me parece tão diferente das que vejo no telefone. É verdade, foi um Natal improvisado. Estamos viajando e viagens não permitem rigidez de tradições (não que eu as tenha para início de conversa). A ceia foi pedida no restaurante da esquina e apresentada na mesa em travessas de alumínio, afinal, estamos num Airbnb e qualquer um sabe que Airbnb que se preze não tem nem meia travessa sobrando pra servir qualquer coisa. A comida em si foi servida em pratos brancos, finos não por serem chiques, mas por serem de espessura mínima, desses que uma batida de garfo mais vigorosa é capaz de partir ao meio. Por fim, amigos conversando na cozinha, cada um tomando vinho numa taça de forma e tamanho diferentes, e crianças vestidas sem qualquer coordenação de cores. Nenhum salto alto à vista.
Por um instante me perguntei se não estava fazendo errado essa coisa de Natal. Será que estou estragando as memórias dos meus filhos por não ter montado um Natal digno de sessão de fotos da revista Caras? Será que um dia terei um Natal digno da blogueira que nas horas vagas finjo ser?
As dúvidas só duram mesmo um instante. Lembro rapidamente que a vida em nada se assemelha aos recortes do Instagram. E que por trás dos retratos posados há de tudo. Da alegria bagunçada à perfeição triste e todo o espectro de tretas e delícias que possa existir entre um polo e outro. Penso que o Natal é apenas mais um catalisador da pressão estética desta rede social que, hora ou outra, descamba pra obsolescência, quando coletivamente percebermos que imagem não é tudo.
Por aqui, tiramos poucas fotos. Afinal, não havia nada extremamente instagramável e a atenção estava voltada para o momento, as pessoas, a comida. E apesar da falta de preocupação estética (ou talvez por causa dela) foi uma noite absolutamente feliz.
Agora me resta esperar as fotos de Ano Novo. Dos corpos perfeitos desfilando biquínis caros em praias paradisíacas. Mas desta vez já estou vacinada contra a pressão fotográfica das festas de fim de ano (e sabendo que jamais estarei à altura) deixarei o telefone fora do quarto antes de ir dormir. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Pai e filho morrem abraçados durante execução motivada por herança em ceia de Natal no Paraná, diz bombeiro
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Três pessoas da mesma família foram mortas e outras quatro ficaram feridas em Maringá. Suspeito de 56 anos se matou na sequência, segundo a polícia.
Em briga por herança, homem mata três pessoas da mesma família e deixa dois feridos, dizem Bombeiros — Foto: Corpo de Bombeiros
Por Gabriel Bukalowski, Solange Riuzim, Gesli Franco, g1 PR e RPC Maringá
Os corpos de pai e filho foram encontrados abraçados na casa onde três pessoas da mesma família morreram e outras quatro ficaram feridas após uma sequência de tiros durante a ceia de Natal, no domingo (24), em Maringá, no norte do Paraná, segundo o Corpo de Bombeiros.
Conforme a Polícia Militar (PM-PR), a motivação do crime está ligada à divisão da herança entre os familiares. Dario Jorge Kodama, de 56 anos, suspeito dos disparos, se matou na sequência. Entenda no final da reportagem.
Ao chegar ao local, equipes do Corpo de Bombeiros viram as vítimas caídas no fundo da casa, ao lado da churrasqueira. O filho, de 24 anos, estava abraçado ao pai, de 53 anos.
"Morreram um abraçado com o outro. Talvez o filho foi proteger o pai ou o pai proteger o filho, algo do tipo", disse o aspirante Eduardo Poleto, do Corpo de Bombeiros.
O corpo do enteado do homem de 53 anos estava caído a um metro de distância, conforme o aspirante. O rapaz tinha 18 anos.
A namorada dele foi baleada diversas vezes, foi socorrida em estado grave e levada para o hospital.
Dois jovens, de 16 e 26 anos, levaram tiros no pescoço e no tórax e conseguiram fugir pulando um muro. A outra vítima, dona da casa, foi atingida na perna sem gravidades.
Outra pessoa que estava no local conseguiu se trancar em um dos cômodos e não ficou ferida.
Câmera registrou o barulho dos tiros
Uma câmera de segurança registrou a sequência de tiros disparados, segundo a polícia, por Dario Jorge Kodama, logo após ele ter invadido a casa. Ouça abaixo.
No vídeo, é possível ouvir cerca de 15 tiros. No entanto, não dá para ver a movimentação do suspeito.
Câmera registra série de tiros que matou três da mesma família durante ceia de Natal
Familiares estavam confraternizando
Segundo o tenente Martmann, da Polícia Militar, cerca de 10 pessoas estavam reunidas na confraternização quando o homem cometeu o crime. Em seguida, ele atentou contra a própria vida.
De acordo com a PM, Dario era irmão da dona da casa.
Até a última atualização desta reportagem, não havia informações oficiais sobre a identidade dos mortos, nem do grau de parentesco ou envolvimento deles com o autor dos disparos.
"O indivíduo entrou e passou a efetuar os disparos no pessoal que estava confraternizando. Seria um desentendimento familiar sobre a herança", disse.
O caso será investigado pela Polícia Civil (PC-PR).
Crime
De acordo com a PM, o atirador entrou no terreno com a arma, duas luvas e uma máscara. Em seguida, trancou o portão e iniciou o ataque.
Durante a ação, o suspeito trocou o carregador da arma 9 milímetros e continuou a execução.
Imagens de câmera de monitoramento instalada em uma casa próxima registraram a movimentação policial minutos depois. Fonte: https://g1.globo.com
Natal: modo de usar
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Não se pode modificar décadas de convívio em uma noite, mas existe um fator que pode ser recalculado
Diretora do Instituto Gerar de Psicanálise, autora de “O Mal-estar na Maternidade” e "Criar Filhos no Século XXI". É doutora em psicologia pela USP.
Produtos e bonecos de Papai Noel expostos em loja para o Natal - Eduardo Knapp - 16.dez.23/Folhapress
Para as famílias felizes as datas comemorativas tendem a ser a invejável celebração do seu sucesso. Mas, como dizia Tolstói, as felizes são tão parecidas entre si que sobre elas temos pouco a refletir, afinal, em time bom não se mexe. Já nas infelizes, com suas variadas formas de cultivar o sofrimento, as mesmas datas se tornam a constatação do fracasso das relações com as pessoas que nos são mais significativas. Costumam ser o limão na ferida.
Entre os extremos restam as famílias nas quais as afinidades são poucas e a festa desce como uva passa no meio das comidas: era melhor não ter, mas, sendo inescapável, dá pra engolir rápido ou empurrar para o canto do prato.
E assim segue o Natal como raio-X das relações familiares, fotografia que revela a cada ano o estado desse núcleo que é vendido como feliz, mas vivenciado como corrida de obstáculos. Não se pode modificar décadas de convívio danoso em uma noite, o que torna a azia inevitável, mas existe um fator que pode ser recalculado.
O Natal passou de festa religiosa a um evento totalmente comercial perdendo qualquer alusão à sua origem. Alguma criança ainda lembra que se comemora o nascimento de Jesus? A coisa se resume à figura do Papai Noel, inventada e empurrada goela abaixo pela indústria da Coca-Cola. E desemboca numa troca de presentes que movimenta a economia enquanto endivida a classe média e exclui a proletária. Como já dizia Freud, dinheiro é libido e, portanto, os gastos revelam o grau de investimento no projeto, que pode ser tanto a resposta a um desejo genuíno, quanto ao mais alienado dos gestos.
Para empurrar um consumo irracional na pior época para se gastar —seguida de férias, IPVA, IPTU e a instabilidade de quem não é CLT—, haja propaganda. O apelo emocional nos induz a associar a magia do Natal com as comidas, roupas e presentes, fazendo a roda consumista girar. A aura que a propaganda imprime ao evento só aumenta o abismo entre a cena imaginária idealizada e a família real que se tem que encarar. Aquela que nos últimos 364 dias usou de todos os subterfúgios para não ter que se encontrar.
Pode-se falar do Natal como a festa mais pesada para a maioria das famílias sem ignorar as oriundas de outras religiões, uma vez que a data se desprende de tal forma de sua vocação original que fica quase impossível que judeus, muçulmanos, budistas e outros se livrem do ritual de trocas de mercadorias a que se associou. Mas quanto mais distante das falsas expectativas referidas à data, maior a chance de que seja apenas um jantar em família, mais ou menos agradável, e não uma aula de anatomia afetiva.
Desde a modernidade, a família é um misto de empresa e bunker capaz de tudo para defender os seus em detrimento dos demais, mas também de cortar na carne de quem ameaçá-la de dentro. As relações compulsórias que a família cria e seu fechamento para o mundo criam a lógica que leva a sua derrocada subjetiva. Daí que a chance de se sentir bem nesse empreendimento compulsório carregado de culpas e falsas expectativas é bem reduzida. Quanto mais aberta para o mundo, quanto mais arejada no respeito às singularidades, mais a família se aproxima das amizades eletivas sem laço de sangue. Guardaria o título de família, se ainda quisermos usar esse termo, o grupo que, compartilhando uma história comum —recente ou transgeracional–, se baseasse no reconhecimento e respeito às diferenças, no cuidado mútuo e na abertura para o coletivo.
Jesus, quando perguntado sobre sua família, teria respondido que sua mãe e irmãos são todos os que ouvem a palavra de Deus e a executam. Como a palavra de Deus é assunto de foro íntimo, e não monopólio da pregação das igrejas, prefiro acreditar, em meu benefício, que na família de Jesus até ateus de boa índole seriam bem-vindos.
Bom Natal.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Estratégica para o agro, Luís Eduardo Magalhães (BA) vive alta em mortes violentas
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Indicadores acenderam alerta de autoridades para o avanço da criminalidade em uma das regiões mais prósperas do estado e do agronegócio no país
Cidade de Luís Eduardo Magalhães fica a 954 km da capital Salvador - Prefeitura de Luís Eduardo Magalhães no facebook
SALVADOR
Principal polo agropecuário do oeste da Bahia, Luís Eduardo Magalhães (954 km de Salvador) registrou um pico de mortes violentas intencionais em 2022, com taxa de 56,5 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Foram 61 mortes violentas, sendo 19 delas resultado de ações policiais.
Esses dados fizeram da cidade baiana a 18ª com maior proporção de mortes violentas do país, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os indicadores acenderam o alerta das autoridades para o avanço da criminalidade em uma das regiões mais prósperas do estado e de papel primordial para o agronegócio brasileiro.
Com 107 mil habitantes, Luís Eduardo Magalhães é cortada por duas rodovias federais que ligam a Bahia com as regiões Centro-Oeste e Norte do país, localização considerada estratégica para a atuação de facções criminosas.
O agronegócio fez da cidade uma espécie de eldorado, com uma população que flutua no período de plantio e colheita das safras de soja, milho e algodão. A renda gerada pela produção agrícola se tornou um chamariz para criminosos, que viram na cidade um mercado em franco crescimento.
"É uma cidade rica, que vem se desenvolvendo, e por isso tem uma população flutuante. Mas não há uma sensação de insegurança. De certa forma, a criminalidade está controlada", afirmou o delegado Thiago Folgueira, coordenador da Polícia Civil no oeste baiano.
O comércio ilegal de drogas em Luís Eduardo é dominado da facção BDM (Bonde do Maluco), uma das maiores da Bahia. Nos últimos anos, a cidade foi uma das áreas de atuação do traficante Ednaldo Freire Ferreira, o Dadá, apontado como fundador e um dos principais líderes do BDM.
O traficante ganhou notoriedade em outubro, quando teve a prisão preventiva transformada em domiciliar pelo desembargador Luiz Fernando Lima, do TJ (Tribunal de Justiça) da Bahia. Dadá está foragido e o magistrado foi afastado por meio de uma decisão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
A prevalência de uma única facção faz com que a dinâmica das mortes violentas esteja mais ligada à compra e venda de entorpecentes. Não há uma disputa entre grupos criminosos pelos pontos de droga, diferentemente do que ocorre em Sorriso, município mais rico do agronegócio brasileiro.
Presidente do Conselho de Segurança de Luís Eduardo Magalhães, Heliton Bettes minimiza o número de mortes violentas e diz que os indicadores não se refletem no cotidiano da cidade.
"A maioria das mortes são acertos dos bandidos entre eles mesmos. São muito raros os casos de latrocínio e assaltos à mão armada contra pessoas de bem."
No ano passado, foi registrado apenas um latrocínio (quando há roubo e a vítima é morta) na cidade. Mas dados da Secretaria de Segurança Pública mostram crescimento dos crimes contra o patrimônio. O número de furtos de veículos, por exemplo, era 25 em 2021, subiu para 70 casos no ano seguinte e já chegou a 76 no período entre janeiro e agosto deste ano.
O policiamento ostensivo é feito pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal, que assumiu parte do trabalho de rondas. O secretário municipal de Segurança Pública, João Paulo Alves, diz que a parceria com a PM tem dado resultados, com a redução dos indicadores de violência ao longo do último ano.
Na zona rural, as maiores fazendas possuem videomonitoramento e segurança privada. Entidades também firmaram convênios com o governo para custear reparos em viaturas e combustível para a polícia.
"A maioria dos produtores se organizam em grupos e, quando dá algum problema em qualquer fazenda, um ajuda o outro. Mas é raro isso acontecer", afirmou Jaime Cappellesso, vice-presidente do sindicato rural da cidade. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Líder indígena pataxó é assassinado no sul da Bahia
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Lucas Kariri-Sapuyá, cacique de uma aldeia Pataxó Hã-Hã-Hãe, foi assassinado com tiros em Itaju do Colônia (BA); governador promete apuração rigorosa
Lucas Kariri-Sapuyá, cacique de uma aldeia Pataxó Hã-Hã-Hãe, foi assassinado com tiros em Itaju do Colônia (BA) - Reprodução Instagram
SALVADOR
O líder indígena Lucas Santos de Oliveira, o Lucas Kariri-Sapuyá, 31, foi assassinado com tiros nesta quinta-feira (21) em Itaju do Colônia, município do sul da Bahia a 406 km de Salvador.
Ele estava em uma motocicleta em uma localidade conhecida como estrada Pau Brasil, nas proximidades da Terra Indígena Caramuru-Paraguassu. De acordo com a Polícia Civil, ele foi atingido por tiros disparados por dois homens, que estavam em outra moto na mesma estrada.
A Polícia Militar informou que foi acionada na tarde de quinta-feira, mas Lucas já estava sem vida quando os soldados chegaram ao local. A área foi isolada para realização de perícia.
Lucas era cacique de uma aldeia Pataxó Hã-Hã-Hãe, um dos coordenadores do Mupoiba (Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia) e agente de saúde (no Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia.
Também fazia parte do conselho estadual dos Direitos dos Povos Indígenas da Bahia e filiado ao partido Rede Sustentabilidade. Ele deixa esposa e três filhos.
A Terra Indígena Caramuru-Paraguassu, que fica entre os municípios de Itaju do Colônia, Pau Brasil e Camacan, possui 54 mil hectares e abriga cerca de 2.800 pessoas. O território tem um longo histórico de conflitos fundiários envolvendo fazendeiros e indígenas.
Nos anos 1970, o governo da Bahia concedeu títulos de propriedade de terras para fazendeiros em áreas dentro da terra indígenas. Nas décadas seguintes, os indígenas se organizaram e iniciaram uma série de ações chamadas de "retomadas" e "autodemarcações", com a expulsão dos produtores rurais.
Em 2012, o Supremo Tribunal Federal julgou parcialmente procedente uma ação que discutia a anulação dos títulos de propriedade em terras localizadas na área da reserva indígena. A Funai (Fundação Nacional do Índio), autora da ação, alegou que a área já era ocupada pelos índios pataxó-hã-hã-hãe quando o governo titulou as terras.
Mesmo com a decisão em favor dos indígenas, o clima de tensão permaneceu na região nos últimos anos, incluindo casos de ameaças, mortes e a ação de milícias rurais.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (22), a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) manifestou "pesar e indignação" diante do assassinato do Cacique Lucas. Também informou que vai acompanhar as investigações para identificar e responsabilizar os autores desse crime.
"Que a memória de Cacique Lucas seja honrada na contínua luta pela preservação dos direitos e da dignidade dos povos indígenas."
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) também lamentou a morte do líder indígena, a quem classificou como um defensor dos povos indígenas, da natureza e dos direitos humanos: "Deixo meu abraço aos familiares e à comunidade, além do meu compromisso de que o caso está sendo investigado com rigor".
O secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, disse que o governador determinou que as forças de segurança priorizem a proteção a povos tradicionais e que reforçará sua atuação "com vistas a rápida elucidação deste caso trágico."
O Movimento Unido dos Povos e Organizações da Bahia lamentou o assassinato do Cacique Lucas. Em nota, destacou que que ele era membro essencial da comunidade, dedicou a vida ao movimento indígena e deixou um legado de liderança: "Exigimos, com veemência, que a justiça seja feita."
A Bahia enfrenta uma a escalada de conflitos fundiários se agravou nos últimos anos e segue provocando mortes e tensão em territórios conflagrados.
Dados da Comissão Pastoral da Terra apontam que a Bahia registrou no ano passado 99 conflitos agrários em áreas que chegam a 275 mil hectares, onde moram cerca de 9.500 famílias.
Ao todo, 27 pessoas foram ameaçadas de morte devido aos conflitos e três foram assassinadas. Neste ano, foram registradas mais quatro mortes violentas de indígenas e quilombolas.
No trecho do litoral sul baiano conhecido como Costa do Descobrimento, que reúne oito cidades –sendo Porto Seguro, Eunápolis e Santa Cruz Cabrália as mais populosas–, a média de mortes violentas intencionais em 2022 foi de 57,7 por 100 mil habitantes. O índice é mais que o dobro da taxa nacional (23,3) e está acima da média da Bahia (47,1). Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Batida com carreta destrói frente de ônibus e deixa morto e feridos na BR-116, em MG;
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Batida com carreta destrói frente de ônibus e deixa morto e feridos na BR-116, em MG;
Acidente aconteceu na madrugada desta quinta-feira (21), em Muriaé. Veículo seguia de São Paulo para Bahia com quase 60 passageiros.
Ônibus teve frente destruída após acidente com carreta na BR-116, em MG — Foto: Rádio Muriaé/Reprodução
Por g1 Zona da Mata e TV Integração — Muriaé
Veja como ficou ônibus e carreta que se envolveram em grave acidente na BR-116, em MG | Imagens: Paulo Vitor/Rádio Muriaé
Um grave acidente entre um ônibus de viagem e uma carreta deixou pelo menos 9 feridos e um morto na madrugada desta quinta-feira (21) na BR-116, em Muriaé, no interior de Minas Gerais. A vítima que morreu é o motorista do primeiro veículo, de 42 anos.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o ônibus seguia de São Paulo para Vitória da Conquista (BA) com 57 passageiros, além do motorista e o auxiliar. Já na carreta, havia o motorista e um ajudante, que também ficou ferido.
A rodovia foi interditada totalmente no trecho do km 716, ainda sem previsão de liberação. Equipes do Samu, EcoRioMinas, polícias Civil e Rodoviária Federal estão no local. As causas do acidente serão apuradas.
O g1 entrou em contato com a empresa Sereno Tur, responsável pelo ônibus, e aguarda retorno. Fonte: https://g1.globo.com
Cidade de SP teve 830 mortes no trânsito até novembro, maior número em 7 anos.
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Cidade de SP teve 830 mortes no trânsito até novembro, maior número em 7 anos
Quatro em cada dez mortos são motociclistas; capital está na direção contrária do estado, segundo dados do Infosiga
Trânsito na avenida Paulista, na região central de SP; mortes de pedestres e motoristas na capital aumentaram - Karime Xavier 16.fev.2021/ Folhapress
SÃO PAULO
A cidade de São Paulo teve um total de 830 mortes no trânsito de janeiro a novembro de 2023, o maior número para esse período em sete anos. Os dados são do Infosiga, sistema de monitoramento de acidentes do governo estadual.
Entre as vítimas, os motociclistas são o maior grupo: foram 354 mortos nas ruas e avenidas da capital em 11 meses, o que equivale a 42% do total. Porém, enquanto houve queda nas mortes de motoqueiros (foram 25 vítimas a menos em relação ao ano passado), ocorreu um aumento entre os pedestres e os motoristas de carro.
Isso significa que mais de duas pessoas morrem todos os dias nas ruas e avenidas da capital, em algum acidente envolvendo veículos.
O Infosiga também mostra que a cidade está na contramão da tendência estadual. Houve uma diminuição de 4,4% nas mortes no trânsito em todo o estado, em relação a 2022. Em 11 meses, um total de 4.852 pessoas morreram em acidentes de trânsito em São Paulo —o número considera tanto mortes em estradas quanto nas cidades.
Neste ano, a capital teve 299 pedestres mortos em acidentes até novembro, um aumento de quase 10% em relação ao mesmo período de 2022. As mortes de motoristas e passageiros de carro chegaram a 111, alta de 11% em um ano.
A última vez que a cidade teve um número tão alto de mortes no trânsito, num período de 11 meses, foi no ano de 2016.
Na capital, o aumento das mortes ocorre mesmo após o prefeito Ricardo Nunes (MDB) dizer que o tema é uma das prioridades da sua gestão. A prefeitura tem a meta de diminuir a taxa de mortalidade, de 6,5 para 4,5 mortes a cada 100 mil habitantes, até o fim do próximo ano.
A principal iniciativa nesta área é a implantação de faixas azuis que orientam a passagem de motos em algumas avenidas. O modelo é uma inovação local e não tem previsão no Código de Trânsito Brasileiro, mas tem sido testado com autorização do governo federal, tornando-se uma das principais vitrines da gestão Nunes.
A cidade hoje tem mais de 60 quilômetros de faixas azuis, e a meta é implantar um total de 200 quilômetros até o fim de 2024.
Horácio Augusto Figueira, especialista em trânsito e transporte público, critica duramente essa iniciativa, afirmando que a Prefeitura de São Paulo colocou a moto como veículo de emergência na cidade.
"Essa infeliz faixa azul só está incentivando o comportamento de que a moto, na visão da prefeitura, é um veículo de emergência. Mais emergência do que ambulância, bombeiro, resgate, Samu e polícia. Hoje a moto tem prioridade acima de todo mundo", dispara Figueira, citando várias infrações cometidas pelos motociclistas, como trafegarem em alta velocidade, passarem sinal vermelho e subirem na calçada.
"Era para andar devagar nessa faixa azul quando o trânsito estivesse lento, mas as motos passam voando, muito acima da velocidade da via. A prefeitura oficializou esse comportamento inseguro em cartório, com aprovação do Senatran, de que a moto não pode parar. O que criaram é uma aberração."
O especialista cita ainda que o maior número de óbitos em sinistros de trânsito na capital ocorre à noite e aos finais de semana, justamente quando não há fiscalização da CET nem da Polícia Militar.
"Só na cidade de Sâo Paulo, à noite e na madrugada foram 218 sinistros fatais só de moto. Se tem mais óbitos à noite e madrugada, tem de chegar com a polícia e mudar a escala. Tem de ir para a rua, porque aí vão inibir furto e roubo e diminuir o sinistro de trânsito", finalizou.
Questionada, a prefeitura informou que "vem implementando uma série de medidas com o intuito de reduzir o número de acidentes de trânsito, vítimas feridas e óbitos no município". A gestão municipal citou a criação de espaços para motociclistas à frente dos carros próximos a cruzamentos, o aumento no número de faixas de pedestres, a criação da faixa azul para motociclistas e a diminuição do limite de velocidade em 24 ruas e avenidas.
"Hoje, nenhuma rua do município, com exceção das Marginais, Av. do Estado e a Av. 23 de Maio, tem velocidade máxima permitida acima de 50 km/h", informou a prefeitura, por meio de nota. A administração municipal também mencionou que aumentou o tempo semafórico para travessia de pedestres, e aumentou a segurança viária em diversas áreas da cidade, inclusive as que concentram escolas e têm alunos que fazem o trajeto para casa a pé. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Jornalismo, dilemas e oportunidades
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O jornalismo está em crise. Trata-se de um fato global. É preciso ir às suas causas, enfrentar os dilemas e saber construir oportunidades
Por Carlos Alberto Di Franco
O cenário do consumo da informação preocupa. Exige reflexão, autocrítica e coragem. Todos, sem exceção, percebem que chegou para o jornalismo a hora da reinvenção. A transformação é uma questão de sobrevivência.
Editorial do jornal O Estado de S. Paulo comentou recente e alarmante pesquisa realizada pelo Pew Research Center que mostra queda no consumo de notícias e uma preocupante perda de credibilidade dos meios nos Estados Unidos.
Quando questionados sobre a frequência com que acompanhavam o noticiário, apenas 38% dos americanos adultos – a partir de uma base de 12.147 pessoas ouvidas pelo instituto em agosto do ano passado – responderam que se informavam “o tempo todo ou quase o tempo todo”. Em 2016, mais da metade dos americanos adultos (51%) dizia prestar atenção ao noticiário com essa mesma frequência.
Mas a pior corrosão atingiu a credibilidade. Em 2022, apenas 15% dos americanos adultos disseram acreditar “muito” que os veículos publicam notícias de forma justa e precisa. A confiança nos jornais locais é um pouco maior (17%), mas ainda sofrível. Em 2016, esses porcentuais de confiança absoluta eram de 18% e 22%, respectivamente. No ano passado, ainda de acordo com a pesquisa, 46% dos entrevistados disseram confiar “um pouco” nos veículos de alcance nacional, ante 54% que disseram o mesmo sobre a mídia local.
O jornalismo está em crise. Trata-se de um fato global. É preciso ir às suas causas, enfrentar os dilemas e saber construir oportunidades.
A sociedade está cansada do clima de militância que tomou conta da agenda pública. Sobra opinião e falta informação. Os leitores estão perdidos num cipoal de afirmações categóricas e pouco fundamentadas, declarações de “especialistas” e uma overdose de colunismo. Um denominador comum marca o achismo que invadiu o espaço outrora destinado à informação qualificada: radicalização e politização.
As notícias que realmente importam, isto é, as que são capazes de alterar os rumos de um país, são frutos não de boatos, contrabando opinativo na informação ou meias-verdades disseminadas de forma irresponsável ou ingênua, mas resultam de um trabalho investigativo feito dentro de padrões de qualidade, algo que deve estar na essência dos bons jornais. Aqui já temos um formidável horizonte de reinvenção.
Jornalismo independente reclama liberdade. Não temos dono. Nosso compromisso é com a verdade e com o leitor. O fenômeno da disrupção digital, da perda de domínio da narrativa e da desintermediação dos meios tradicionais teve precedentes que poderiam ter sido evitados, não fosse o distanciamento da imprensa dos seus consumidores, sua dificuldade de entender o alcance das novas formas de consumo digital da informação e, em alguns casos, sejamos claros, sua falta de isenção informativa e certa dose de intolerância. Aqui temos outro formidável horizonte de reinvenção: recuperar fortemente o jornalismo factual. Entregar, com empenho de isenção, a realidade nos fatos. Sem filtros ideológicos ou militância camuflada. As nossas preferências devem ser manifestadas no espaço opinativo.
Os consumidores, com razão, demonstram cansaço com o tom sombrio das nossas coberturas. É possível denunciar mazelas com um olhar propositivo. Pensemos, por exemplo, na ignominiosa situação da corrupção. É preciso reverter um quadro que agride a dignidade humana, envergonha o País e torna inviável o futuro de gerações inteiras. Não seria uma bela bandeira, uma excelente causa a ser abraçada pela imprensa?
Em vez de ficarmos reféns do diz-que-diz, do blá-blá-blá inconsistente, das intrigas e da espuma que brota nos corredores do poder, que não são rigorosamente notícia, mergulhemos de cabeça em pautas que, de fato, ajudem a construir um país que não pode continuar olhando pelo retrovisor. Sobra Brasília e falta Brasil real. Há excesso de declarações e falta apuração.
A violência, a corrupção, a incompetência e a mentira estão aí. E devem ser denunciadas. Não se trata, por óbvio, de esconder a realidade. Mas também é preciso dar o outro lado, o lado do bem. Não devemos ocultar as trevas. Mas temos o dever de mostra as luzes que teimam em brilhar no fim do túnel. A boa notícia também é informação. A análise objetiva e profunda, sem viés ideológico, é uma demanda forte dos consumidores.
Os desafios são imensos. As redes sociais tiraram dos meios tradicionais a antiga exclusividade da mediação do debate público. Cada vez mais pessoas têm procurado consumir apenas as notícias que vêm de fontes que confirmam suas crenças e percepções. Criam-se bolhas fechadas e impermeáveis à informação.
Precisamos olhar as nossas coberturas e nos questionarmos se há valor diferencial no que estamos entregando aos nossos consumidores. Precisamos desenvolver uma boa curadoria da informação.
O editorial do Estadão conclui com um diagnóstico certeiro: “O jornalismo profissional está passando por uma crise para a qual a solução há muito é conhecida: apego aos fatos e respeito ao público”. Simples assim. Trata-se de traduzir o conceito – claríssimo – em ações e processos.
Longa vida ao jornalismo de qualidade!
*JORNALISTA. E-MAIL: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
O jornalista Carlos Alberto Di Franco escreve quinzenalmente na seção Espaço Aberto Veja mais sobre quem faz
Onde é feriado em 8 de dezembro? Veja lista de cidades
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Onde é feriado em 8 de dezembro? Veja lista de cidades
Data marca comemorações em homenagem à Nossa Senhora Imaculada Conceição
Por Rariane Costa
O feriado em celebração ao dia de Nossa Senhora Imaculada Conceição, santa da Igreja Católica, acontece nesta sexta-feira, 8 de dezembro. Marcado por atos e comemorações religiosas, várias cidades brasileiras decretaram feriado.
A data não faz parte do calendário de feriados nacionais, o que permite que o parecer sobre a adesão fique a cargo de Estados e municípios. Em maioria, cidades das regiões Norte e Nordeste irão celebrar a data. Enquanto grande parte das regiões Sul e Sudeste irá manter a sexta-feira como dia útil.
13 capitais irão dedicar o dia às comemorações. São elas:
Cuiabá (MT)
Aracaju (SE)
João Pessoa (PB)
Maceió (AL)
Recife (PE)
Salvador (BA)
São Luís (MA)
Teresina (PI)
Belém (PA)
Manaus (AM)
Belo Horizonte (MG)
Boa Vista (RR)
Macapá (AP) / ponto facultativo
No Estado de São Paulo, várias cidades importantes também decretaram feriado.
Campinas
São José do Rio Preto
Piracicaba
Presidente Prudente
Bragança Paulista
Franca
Franco da Rocha
Itanhaém
Jacareí
Jandira
Mogi Guaçu
Em municípios paulistas como Diadema, Guarulhos, Mauá e Votorantim, o feriado se dá pelo aniversário das cidades.
Veja outras cidades que decretaram feriado em celebração ao dia de Nossa Senhora Imaculada Conceição.
Rio de Janeiro
Angra dos Reis
Belford Roxo
Campo dos Goytacazes
Resende
Nilópolis
Rio das Ostras
Rio Grande do Sul
Santa Maria
Viamão
São Leopoldo
Minas Gerais
Contagem
Divinópolis
Sete Lagoas
Teófilo Otoni
Santa Catarina
Itajaí
Paraíba
Campina Grande
Pará
Abaetetuba
Ceará
Sobral
Espírito Santo
Serra
As comemorações e homenagens à Nossa Senhora da Imaculada Conceição têm raízes em 1854. Na ocasião, o papa Pio IX proclamou o dogma, ou seja, reconheceu oficialmente como verdade absoluta a concepção imaculada de Maria.
A proclamação do dogma afirma que Maria, mãe de Jesus, foi concebida sem o pecado original, uma crença que já era profundamente enraizada na devoção popular. A declaração papal consolidou a posição de Nossa Senhora da Imaculada Conceição como uma figura central na fé católica. Fonte: https://www.estadao.com.br
Grupos se reúnem para atacar suspeitos de crimes em Copacabana; polícia do Rio investiga
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Grupos se reúnem para atacar suspeitos de crimes em Copacabana; polícia do Rio investiga
Suspeitos de crimes têm imagem e CPF divulgado em redes sociais. Vídeos mostram grupo andando em conjunto no bairro. Prática pode configurar crime e é alvo de apuração policial
Um grupo de moradores do bairro de Copacabana, na zona sul do Rio, tem se organizado para atacar pessoas suspeitas de cometerem crimes na região. Por redes sociais, circulam imagens de pessoas, incluindo adolescentes, apontadas como autoras de ocorrências na área acompanhadas de identificação por CPF e mensagens que sugerem espancamento e tortura. Vídeos chegam a mostrar a mobilização do grupo, andando em conjunto em ruas do bairro.
A ações denominadas de justiçamento se comprovadas podem caracterizar prática criminosa. A Polícia Civil do Rio informou que “tomou conhecimento da situação” envolvendo a mobilização de grupos de justiceiros. “Diligências estão em andamento para identificar os envolvidos e esclarecer os fatos.” A atuação desses grupos ocorre em um momento no qual o bairro se assusta com a reincidência de casos violentos, como assaltos.
Na noite de sábado, 2, um empresário foi agredido com socos e chutes na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais do bairro, após tentar ajudar uma mulher que estava sendo assaltada. Imagens de câmeras de monitoramento mostram mais de dez suspeitos envolvidos na ação. O empresário chegou a desmaiar com os golpes e precisou ser levado a uma UPA da região.
A ação dos criminosos provocou uma onda de revolta e levou algumas pessoas a sugerir mais violência para combater os furtos e assaltos. Um perfil no Instagram está postando imagens de suspeitos, inclusive com seus números de CPF. Algumas das fotos são de menores de idade que, segundo a página, já cumpriram medidas socioeducativas pela prática de delitos.
Vídeos de pessoas que estariam atrás de acusados de cometer crimes na zona sul também circulam pelas redes sociais. “Olha, metendo o pau no menor lá. Já ‘engravataram’, pegaram o moleque aqui e meteram o pau. Estão indo atrás dos outros”, diz um homem que narra o vídeo de uma perseguição no bairro de Botafogo, vizinho à Copacabana.
A Secretaria de Estado de Polícia Militar disse que “convocações para agressões ou perturbação de ordem pública não são maneiras adequadas de resolver ações criminosas que vêm ocorrendo em Copacabana”. “É importante que a sociedade apoie, confie e colabore com as ações realizadas pelos órgãos de segurança pública, bem como de outros atores envolvidos.”
A PM disse ser “suma importância a atuação ativa de outros atores sociais e de órgãos públicos – municipal, estadual e federal”. “Informamos ainda que a SEPM continua atuando com policiamento reforçado, diuturnamente em Copacabana, trabalhando de forma integrada com as demais forças de segurança.”
Crime em alta no bairro
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontam para crescimento nos índices de violência nos bairros de Copacabana e Leme, que ficam lado a lado. Entre janeiro e outubro deste ano, os roubos na região aumentaram 10,6%, passando de 1.113 casos para 1.231. O aumento nas ocorrências envolvendo celulares teve alta mais acentuada, de 33%, chegando a 433 registros no período.
Os furtos a pessoas na rua dispararam. Eles chegaram a 1.362, um crescimento de 36,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos dez primeiros meses deste ano, 2.062 aparelhos celulares foram furtados nos dois bairros (26,9% a mais que em 2022), e os furtos praticados nos veículos de transporte coletivo chegaram a 192, um aumento de 32,4% em comparação ao ano passado. Fonte: https://www.estadao.com.br
Os bastidores do processo de venda da Braskem em meio ao caos em Maceió
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Unidade da Braskem — Foto: Luke Sharrett/Bloomberg
Por
Lauro Jardim
A venda da parte da Odebrecht (Novonor) na Braskem está em compasso de espera. O motivo não é o caos no bairro de Mutange, em Maceió, que já afundou 1,69cm desde a semana passada.
Há uma série de razões para o negócio estar travado.
Antes de mais nada, o presidente da Adnoc, Sultan Al Jaber, vem a ser também o presidente da COP 28 (uma condição que causa óbvio constrangimento, mas isso é outra história).
Assim, Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, mesmo estando em Dubai não conseguiu ainda reunir-se com Al Jaber para conversar sobre a proposta não vinculante de R$ 10,5 bilhões que a Adnoc fez no mês passado pelo ativo. As negociações têm acontecido entre os dois há meses.
Nem a Odebrecht, nem os bancos credores e a própria Petrobras gostaram da oferta que, em resumo pode ser descrita assim: a Petrobras permaneceria como acionista, metade dos recursos seriam pagos à vista (e o restante em sete anos) e a Odebrecht permaneceria com uma fatia de 3% da empresa (hoje detém 38%).
A Petrobras avalia que esta oferta foi feita "antes da hora", segundo um diretor da estatal a par das negociações.
— Mas existem formas dela ser adaptada.
E a própria estatal tem trabalhado nesta modelagem. A Petrobras, aliás, está terminando somente agora o processo de due diligence feito em todas as unidades da Braskem mundo afora. A Adnoc vai ainda iniciar este processo.
Um outro integrante da direção da Petrobras afirma que as notícias, péssimas todas elas, que chegam de Maceió não são suficientes para gorar a transação com a Adnoc:
— Eles não estão assustados com essa situação. Estão acostumados a passivos ambientais em vários países em que atuam.
Paralelamente, a Petrobras trabalha ainda com alternativas à Adnoc, ainda que a estatal dos Emirados árabes seja a principal interessada. A saudita Aramco é uma dessas opções de negociação. Não é a única. Fonte: https://oglobo.globo.com
Inteligência artificial: decifra-me ou te devoro
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O que esperar das próximas eleições diante desta realidade? Com a IA permitindo manipular vídeos em nível sofisticadíssimo, o céu é o limite
Por Roberto Livianu
As antevisões do britânico Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo, no âmbito da tecnologia, em combinação com a manipulação psicológica, propunham-se a desenhar a Londres de 2540. Mais de 90 anos depois, o mundo encontra-se em encruzilhada diante dos inúmeros desafios éticos apresentados pela tecnologia.
Ficamos encantados diante de seu poder, mas grandes poderes trazem consigo grandes responsabilidades. Poder deve ter limites em todas as esferas – poder sem limites é tirania.
O mundo digital é esfera existencial tão paralela à real que, para muitas pessoas, para comer um bife com salada é necessário postar no Instagram, pois a validação completa pressupõe publicação. E há os treinadores de coisa nenhuma, que se autodenominam coaches, sem formação superior, que pelo simples fato de terem milhões de seguidores levam pessoas a expor a risco sua saúde, em busca da felicidade. Podemos ir ao infinito nos exemplos. Sem esquecer o tráfico de drogas virtual e os processos de linchamento virtual, os cancelamentos – objeto do Projeto de Lei (PL) 1.873/23. Mas leis impondo penas criminais, pressupondo que o projeto seja aprovado, não são obviamente suficientes.
O que preocupa é a sensação que ainda prepondera de que o mundo da internet é terra sem lei. Os delinquentes violam a lei à luz do dia. Creem na impunidade em geral, mas têm uma certeza ainda maior da impunidade deste tipo específico de transgressão pela certeza de que não há leis nem aparato para os enquadrar.
Proliferam nas redes perfis sem nome nem sobrenome do titular, mas apenas sopas de letras e números, usando imagens aleatórias, com zero postagens, zero seguidores, evidenciando tratar-se de perfil fraudulento que não foi barrado na origem.
Mantêm-se ativos sem fiscalização pelas plataformas gigantes da tecnologia (Big Techs), cujo único interesse são as receitas bilionárias com anúncios, sem eficiência em coibir estes perfis nem a difusão de conteúdo de ódio ou violência, que circula impunemente e com desenvoltura cínica nas redes sociais.
Fazendo comentários gerando dano à imagem de empresas e de pessoas, estes perfis são um pequeno exemplo de fraude tecnológica, pois são milhares os expedientes que partem da mentira e da má-fé e ficam impunes, diante da inércia indevidamente complacente das plataformas.
Durante a pandemia, a propósito, mais de 120 nações celebraram um pacto mundial contra a difusão de fake news para proteger a saúde pública em nível mundial. As principais forças democráticas do mundo o assinaram, mas infelizmente o Brasil se recusou a subscrever o documento, juntando-se a Cuba e à Coreia do Norte de Kim Jong-un.
A inteligência artificial é o mais novo capítulo deste processo histórico que começa a se descortinar e traz novas e graves preocupações para o mundo. Como decifrar, como lidar, como extrair os melhores benefícios de forma ética e humana? Como compatibilizar inteligência artificial com ESG? A inteligência artificial é sustentável?
Em relação à nossa difícil realidade tupiniquim, estamos a dez meses das eleições municipais, num país que ostenta hoje o maior fundo eleitoral do planeta (R$ 4,7 bilhões), mesmo diante de nossa gigante desigualdade social e tendo metade da população sem acesso a saneamento básico.
O que esperar destas eleições, diante desta nova realidade, em que está disponível a inteligência artificial, com alto potencial de engodo para o eleitor, na perspectiva de que nossa Justiça Eleitoral dispõe de um aparelhamento fiscalizatório extremamente modesto?
Recentemente, uma foto do papa Francisco usando uma jaqueta puffer branca varreu o mundo. Era falsa, fruto de montagem com inteligência artificial, mas muitas pessoas no mundo acreditaram que a cena tivesse ocorrido, tamanho o grau de realismo da imagem.
O que poderá acontecer nestas eleições municipais, num país com tamanhas disparidades, com tamanha desinformação e déficit de educação? Tendo em vista que a inteligência artificial permite a edição de vídeos em nível sofisticadíssimo – com manipulação de voz, fazendo crer que quem aparece nas imagens é A ou B –, o céu é o limite.
Estou me referindo aqui às eleições municipais de 2024, mas o que podemos pensar em relação às eleições de 2026 para a escolha de presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais? Como lidar com a realidade do crime organizado fazendo uso em escala industrial destas ferramentas de inteligência artificial para a prática de crimes?
Mas a mais recente novidade na arena política é uma movimentação no Congresso, na Comissão do Orçamento, no sentido de transferir recursos do desaparelhado sistema da Justiça Eleitoral para o Fundo Eleitoral – verdadeiro escândalo, aberração que nem pode ser definida em palavras.
A inteligência artificial é uma conquista da humanidade, mas precisa ser decifrada e muito bem regulada, sob pena de uso criminoso e altamente lesivo à sociedade. Além disso, o respeito irrestrito à vontade do eleitor é elemento nuclear da democracia, e é inadmissível qualquer forma de engodo, assim como o enfraquecimento astucioso do sistema de Justiça Eleitoral, sob pena de inviabilizarmos irreparavelmente o Estado Democrático de Direito no Brasil.
* PROCURADOR DE JUSTIÇA NO MPSP, DOUTOR EM DIREITO PELA USP, ESCRITOR, PROFESSOR, PALESTRANTE, É IDEALIZADOR E PRESIDENTE DO INSTITUTO ‘NÃO ACEITO CORRUPÇÃO’ Fonte: https://www.estadao.com.br
Influenciador Franklin Reis é sequestrado e obrigado a fazer transferências bancárias na Região Metropolitana de Salvador
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Humorista com mais de 2 milhões de seguidores estava com mulher na praia de Itacimirim quando foi abordado por dois homens armados. Polícia Civil investiga caso.
Influenciador Franklin Reis é obrigado a fazer transferências bancárias após ser sequestrado — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Por g1 BA
O influenciador Franklin Reis, que tem mais de 2 milhões de seguidores nas redes sociais, foi obrigado a fazer transferências bancárias para criminosos após ser sequestrado na praia de Itacimirim, na cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.
Segundo a Polícia Civil, Franklin Reis estava na praia com uma mulher na quarta-feira (29). Os dois foram abordados por dois homens armados quando entraram no carro.
As vítimas foram deixadas na Estrada das Cascalheira, em Camaçari, após receberem as ameaças. O caso foi registrado como extorsão mediante sequestro na 18ª Delegacia Territorial (DT), que fica no município.
A Polícia Civil informou que imagens de câmeras de segurança estão sendo recolhidas para ajudar na identificação dos suspeitos.
A produção da TV Bahia tenta contato com a assessoria do humorista para saber detalhes sobre o caso, mas não obteve resposta. O influenciador não falou sobre o sequestro nas redes sociais.
Nascido e criado na periferia de Salvador, Franklin Reis ficou famoso com conteúdos humorísticos. Com os personagens Neka e Abias, o influenciador conquistou milhões de seguidores em suas redes sociais. Fonte: https://g1.globo.com
Por que a mídia não fala nesta Guerra? Mais de 10 mil mortos!
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Sudão, violência em Darfur: a Igreja na linha de frente entre aqueles que sofrem
No Sudão devastado pela guerra, foram relatados massacres na região de Darfur, uma região onde o confronto entre o exército regular e as milícias rebeldes das Forças de Apoio Rápido (RSF) é particularmente sangrento. Entretanto, a Igreja permanece ao lado da população sofredora e dos mais de cinco milhões de pessoas deslocadas internamente que fugiram para cidades onde não há combates. Um missionário em Porto Sudão: somos uma referência espiritual e humanitária.
Marco Guerra – Vatican News
No Sudão, a guerra que dura desde 15 de abril último não dá sinais de diminuir. A enfrentarem-se são ainda, de um lado, o exército regular liderado pelo general Abdel Fattah Burhan, e do outro, as milícias das Forças de Apoio Rápido (RSF), comandadas pelo general Mohammed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti. As duas facções militares lutam agora pelo controle do país, mas em 2021 eram aliadas durante o golpe que levou à interrupção do processo de transição democrática. Os dois líderes não quiseram entregar o poder aos civis e não conseguiram criar um exército unificado.
Horrores em Darfur
Os combates são particularmente sangrentos na capital Cartum e na região ocidental de Darfur, onde as milícias de Apoio Rápido assumiram o controlo de diversas áreas. Até agora, a violência causou mais de 10 mil mortes, mais de cinco milhões de pessoas deslocadas internamente e cerca de 1,3 milhões de pessoas que fugiram para estados vizinhos como o Chade, Egito, Sudão do Sul, Etiópia e a República Centro-Africana. Testemunhas contaram à Amnistia Internacional sobre um dos últimos ataques em Darfur. As milícias árabes aliadas às FSF cometeram “horrores inimagináveis” na zona de Ardamata, no oeste de Darfur, onde existe um campo para refugiados internos. Ainda de acordo com testemunhos recolhidos pela Amnistia, homens, mulheres e crianças foram mortos nas suas casas ou na rua enquanto tentavam fugir e no dia 6 de novembro foram encontrados 95 corpos, incluindo o de um bebé recém-nascido.
Um missionário italiano: campos de batalha de Cartum e Darfur
Nestes oito meses de guerra, a Igreja local e as missões também sofreram danos e muitas restrições. Muitos religiosos e religiosas foram forçados a abandonar paróquias, mosteiros, escolas católicas e locais de culto de todos os tipos por razões de segurança. A maioria deles mudou-se para as cidades onde os refugiados se aglomeraram para proporcionar proximidade espiritual e apoio humanitário aos necessitados. Entre estes há também um missionário italiano contatado pela Rádio Vaticano – Vatican News, por telefone, em Porto Sudão, uma cidade portuária no Mar Vermelho. “Fugi de Cartum há 7 meses para me refugiar como milhares de outras pessoas. Escapamos de uma verdadeira situação de guerra, na capital houve bombardeios, tiros e aviões circulando acima de nossas cabeças. Uma situação insustentável." Segundo o sacerdote, que fala sob condição de anonimato por razões de segurança, a capital e Darfur transformaram-se em campos de batalha mas esta guerra passou a ser de segunda categoria apesar de ter causado o maior número de refugiados internos do mundo. “Outras guerras que estão sempre nos jornais – sublinha – não contam números tão elevados e uma crise alimentar tão grave, a vida humana no Sudão não vale menos, não esqueçamos este país”, disse.
Pessoas deslocadas acampadas em escolas
Porto Sudão é uma das principais cidades onde as pessoas encontraram refúgio, muitas, explica o missionário, são acolhidas por familiares, “todas as famílias da nossa paróquia acolhem familiares deslocados, as casas estão lotadas”. “Aqueles que não têm ninguém – continua – encontraram lugar nas escolas e isso criou ainda mais dificuldades, o fato é que o ano letivo foi encerrado em abril passado e nunca foi reaberto, milhões de crianças estão sem escola e a superlotação em muitas cidades tornou-se insustentável." A tudo isto soma-se um sistema de saúde em crise e casos de cólera nas zonas onde se concentram os refugiados. O religioso italiano focaliza-se então na condição da minoria cristã: “os cristãos acolhidos em muitos casos já eram refugiados, mesmo antes, porque a maioria deles são sul-sudaneses ou originários das montanhas Nuba (região do sul do Sudão, ed.), áreas onde as guerras ocorreram nos últimos anos, portanto, "eles estavam no Sudão como refugiados antes e estão ainda mais agora". Muitos estão em Porto Sudão para irem ao Egito, outros vão para sul para chegar ao Sudão do Sul. “Somos testemunhas de pessoas que vão de guerra em guerra e não têm onde ficar.”
A Igreja continua a ser um ponto de referência para muitas pessoas deslocadas
Apesar da guerra, a Igreja continua a realizar ações pastorais e humanitárias. Muitos membros do clero tiveram que abandonar as suas áreas de competência, “mas continuamos a operar como podemos”, afirma o missionário. “As celebrações e a catequese continuam – acrescenta – e as pessoas são ajudadas a se deslocar para áreas mais seguras e recebem alimentos e necessidades básicas”. “Observamos entre essas pessoas um grande apego à Igreja – destaca o religioso –, para eles a Igreja foi e continua sendo um ponto de referência, há uma grande necessidade do Evangelho e do acesso aos sacramentos”. “Essas pessoas precisam ouvir uma palavra de esperança que não encontrarão em outro lugar.”
Os fiéis lideram orações em zonas de guerra
Finalmente, o religioso italiano oferece outro testemunho do drama vivido em primeira mão: “A igreja onde eu estava em Cartum foi atingida, a sacristia foi destruída pelo fogo, foi a força motriz que nos fez mudar para outro lugar”. O missionário fala de muitas outras áreas do Sudão das quais os sacerdotes tiveram que fugir porque foram atacados. “As estruturas religiosas foram atingidas como muitas outras estruturas civis”, ninguém está seguro. Em Darfur a minoria cristã é ainda menor e o religioso está em contato com pessoas que relatam como é difícil sair dessas áreas. A Igreja tenta manter presença em todos os lugares “mas dizem-nos que onde não foi possível, os fiéis e os catequistas conduzem uma oração comum e uma liturgia da palavra”. O missionário conclui com a esperança de que os meios de comunicação coloquem mais uma vez a atenção no Sudão “porque estou convencido de que desta forma a comunidade internacional seria levada a agir” e pede as orações dos cristãos por esta terra atormentada. Fonte: https://www.vaticannews.va
A saúde mental dos jovens brasileiros e o mundo digital
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Cabe a todos nós, como sociedade, proteger os cérebros e mentes destes quase 50 milhões de brasileiros, a maior riqueza natural do País
Por Christian Kieling e Tabata Amaral
Hoje, o nosso país conta com o maior contingente de jovens de sua história, e é preocupante que justo neste momento vejamos uma crise crescente de saúde mental nesta população. Esse fenômeno multifacetado não pode ser dissociado de um contexto em que as mídias sociais vêm ganhando destaque como potenciais gatilhos para problemas de saúde mental. Recentemente, a maior autoridade de saúde pública dos EUA emitiu um alerta sobre o potencial impacto negativo de tais tecnologias, iniciativa antes reservada para questões como tabagismo e obesidade.
Nos últimos anos, as mídias sociais se tornaram uma presença constante na vida dos jovens, oferecendo tanto benefícios quanto desafios. Paralelamente a isso, pesquisas realizadas no Brasil e em todo o mundo convergem para apontar que estamos vivenciando um agravamento dos indicadores de saúde mental entre adolescentes – uma tendência observada mesmo antes da pandemia. Preocupações sobre o impacto da tecnologia na juventude não são novas: televisão e videogames foram frequentemente alvos de escrutínio nas últimas décadas.
Neste debate, é importante considerar que a velocidade da inovação tecnológica é maior do que a velocidade das pesquisas que avaliam seus impactos. Por exemplo, o que no início eram redes sociais, ferramentas que tinham como objetivo central permitir a conexão com outras pessoas do círculo social de cada um, nos últimos anos se transfigurou em mídias sociais, nas quais um fluxo contínuo de textos, imagens e vídeos é filtrado através de algoritmos buscando otimizar métricas preestabelecidas, em geral com objetivos predominantemente comerciais.
Uma boa parte dos estudos realizados até o momento ainda avalia o tempo de uso de telas em geral (e não apenas mídias sociais) e baseia-se apenas em quantidades relatadas pelo jovem ou por seus pais (sem qualquer tipo de medida objetiva). Além disso, uma correlação não necessariamente implica causalidade: há estudos, inclusive, sugerindo que adolescentes com transtornos mentais podem acabar usando mais frequentemente as mídias sociais.
No entanto, o volume de evidências de que as mídias sociais podem ter efeitos nocivos para alguns jovens vem crescendo. Além da coincidência temporal entre o aumento de sintomas como ansiedade e depressão na população e a disseminação em larga escala do uso de mídias sociais há pouco mais de uma década, dados mais recentes indicam que aqueles que passam mais de três horas por dia em mídias sociais podem ter seu risco de apresentar algum problema de saúde mental duplicado.
Simultaneamente, é preciso reconhecer que essas mesmas ferramentas também podem ter efeitos positivos na saúde mental de alguns jovens: estudos indicam, por exemplo, que adolescentes LGBTQIA+ podem se beneficiar da conexão com pares através de redes sociais. O grande desafio, aqui, é que não existe uma solução única que atenda todos: uma grande proporção de jovens não apresentará problemas, mas isso não significa que devemos ignorar aqueles que podem ser afetados.
Em razão da complexidade do problema, como podemos abordar a questão do uso de mídias sociais por jovens? Uma proibição simples e irrestrita do uso de mídias sociais não parece ser desejável e muito menos viável – ainda que uma discussão sobre a idade mínima para seu uso faça bastante sentido.
Este é um problema que deve ser abordado dos mais diferentes ângulos. Precisamos de iniciativas que promovam a alfabetização digital entre adolescentes nas escolas. Pais e outros responsáveis devem buscar ter conversas francas com seus filhos, reconhecendo os aspectos positivos e negativos das mídias sociais e oferecendo orientação.
Não parece, contudo, adequado deixar essa responsabilidade exclusivamente na mão das famílias, tornando-se necessário o envolvimento de toda a sociedade. Entre os diversos atores, destaca-se a indispensável participação das empresas de tecnologia, cujas ações no sentido de priorizar a saúde e a segurança dos jovens ainda são tímidas – elas poderiam começar, por exemplo, trazendo mais transparência aos dados de suas mídias por jovens, de modo a fomentar a pesquisa e um maior entendimento acerca do tema.
Nesta questão do impacto das mídias sociais sobre a saúde mental dos jovens, é fundamental evitar cair em narrativas simplistas. Certamente, precisamos compreender melhor este complexo fenômeno, mas as lacunas no conhecimento atual não devem servir de justificativa para a inação.
O Brasil hoje tem o maior contingente populacional de jovens de todos os tempos, o que por modificações do perfil demográfico provavelmente nunca mais se repetirá, de modo que estamos diante de uma janela de oportunidade histórica, com repercussões para as próximas gerações. Cabe a todos nós proteger os cérebros e mentes destes quase 50 milhões de brasileiros, a maior riqueza natural de nosso país.
*SÃO, RESPECTIVAMENTE, PSIQUIATRA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA, PROFESSOR DA UFRGS E MEMBRO DO COLETIVO DERRUBANDO MUROS; E DEPUTADA FEDERAL (PSB-SP), CIENTISTA POLÍTICA, ASTROFÍSICA, FUNDADORA DO ‘VAMOS JUNTAS’, COFUNDADORA DOS MOVIMENTOS ‘MAPA EDUCAÇÃO’ E ‘ACREDITO’, FAZ PARTE DO COLETIVO DERRUBANDO MUROS. Fonte: https://www.estadao.com.br
A paz imprevisível
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O pogrom de outubro e a tragédia de Gaza evidenciam que, no caso destes dois grandes povos, só fanáticos ainda creem haver terra a tomar e guerra a vencer
Por Luiz Sérgio Henriques
Nada pior para um conflito como o que ora transcorre em Israel e em Gaza, carregado de dimensões simbólicas milenares, do que ser capturado pela lógica pedestre das guerras de cultura, tão raivosas quanto superficiais. Israel nelas aparece, monoliticamente, como o representante do imperialismo ocidental, um apêndice estranho e indesejado na região, contra quem toda e qualquer revolta se justifica, mesmo quando, como em 7 de outubro, pisoteia valores mínimos da civilização e reacende temores ancestrais de perseguição e aniquilamento. Pela mesma lógica, inversamente, o Hamas identifica-se com todo um povo e surge como protagonista de um tardio combate anticolonial, em torno do qual devem se juntar automaticamente os condenados da Terra.
Postas assim as coisas, cada um de nós não tem muito mais a fazer senão se afundar nas respectivas câmaras de eco e repetir indefinidamente as próprias verdades até que um dia, quem sabe, sobrevenha o cansaço e reapareça a necessidade de buscar alguma outra “causa justa”. Perdem-se nuances, omitem-se elementos significativos de um complexo consenso em construção, inclusive nos círculos dirigentes do Ocidente.
Por aqui, aliás, há bons sinais. Certamente, tarda uma decidida ação de paz pelos Estados Unidos, a potência capaz de conter ou influenciar Israel e, ao mesmo tempo, dialogar com o mundo árabe, suas ruas expressivas e seus dirigentes mais sensatos. No entanto, neste momento de trevas, tem sido animador ver o amadurecimento definitivo da ideia dos dois Estados, alicerçada não só numa necessária visão pragmática, como também no reconhecimento formal do direito à terra tanto por judeus quanto por palestinos.
Tem mais de um grão de verdade a proposição do presidente Biden segundo a qual, neste “ponto de inflexão da História”, há um contraponto entre democracias e autocracias. Trata-se, porém, de uma verdade parcial, provisória, até pelo fato de que, como o próprio Biden sabe em primeiríssima mão, as democracias permanecem assediadas internamente por atores disruptivos com capacidade para produzir fissuras em consolidadas tradições constitucionais. E, por ironia, nem mesmo a democracia israelense está livre deste assédio. Um político como Benjamin Netanyahu, não por acaso, é fator interno de restrição das liberdades e fator externo de guerras e invasões, ainda que nesta última circunstância tenha os extremistas palestinos como sócios dedicados.
De fato, com algumas exceções, como perto de nós a Venezuela, têm vindo da extrema direita global as ameaças mais graves aos regimes democrático-constitucionais que costumávamos considerar quase um fato da natureza. O culto do homem forte e providencial ressurgiu como a novidade em reação à globalização dos mercados feita de modo veloz e anárquico em algumas poucas décadas. O rótulo “nacional-populismo” define bem a situação recentemente criada: nativismo ideológico, fechamento de fronteiras econômicas, proteção real ou meramente demagógica aos trabalhadores locais, em troca de concentração de poder e asfixia dos pesos e contrapesos de uma democracia cada vez mais difícil.
Netanyahu é a manifestação israelense deste movimento reacionário global. Antes de 7 de outubro, havia um número impressionante de cidadãos nas ruas e praças de Israel, em manifestações que perduraram por meses a fio em defesa do Poder Judiciário. Por certo, a esquerda em sentido estrito, minoritária desde que a perspectiva de paz se enfraquecera, não tinha o controle dos protestos, dominados por preocupações com o destino de uma instituição absolutamente decisiva. E neles não estavam os árabes israelenses. Não importa muito, brotava ali o germe da renovação e da esperança, o repúdio de massas contra o autocrata em formação. Este germe e este repúdio se viram paralisados com o conflito, que, neste preciso sentido, responde ao nacionalismo agressivo de Netanyahu e seus aliados de extrema direita, particularmente os que representam a ocupação ilegal na Cisjordânia.
Guerras cumprem a função clássica de unir momentaneamente a população em torno da salvação nacional e de abafar o normal dissenso democrático que, de outro modo, se desenvolveria e teria o potencial de dar bons frutos. Na espessa névoa que logo produzem, prevalecem profissões de fé e alinhamentos pavlovianos, como se Israel só tivesse amigos à direita, a Palestina à esquerda. E como se um país inteiro se reduzisse à guerra ao terror e o outro, em formação, limitasse suas formas de luta e resistência a explosões bárbaras.
O caminho da paz, surpreendente e imprevisível, é um daqueles que só se fazem ao caminhar – e a História está mais cheia deles do que parece. Como muitos autores têm lembrado, a Guerra do Yom Kippur, em 1973, levaria ao acordo entre Begin e Al Sadat; e à Intifada de 1987 se seguiriam os Acordos de Oslo entre Rabin e Arafat. O pogrom de outubro e a tragédia cotidiana de Gaza escancaram a evidência de que, no caso destes dois grandes povos, só fanáticos ainda acreditam haver terra a tomar e guerra a vencer.
*TRADUTOR E ENSAÍSTA, É UM DOS ORGANIZADORES DAS OBRAS DE GRAMSCI NO BRASIL
Lázaro Ramos comenta boicote a ‘Ó Paí, Ó 2′: ‘Minha função é continuar trabalhando e sendo ético’
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Páginas bolsonaristas pediram boicote ao filme devido ao apoio do ator à esquerda e ao governo Lula. Lázaro reflete sobre polarização, mas diz que filme é trabalho coletivo: ‘Nunca foi, não é e nunca será sobre mim’
'Ó Paí, Ó nunca foi, não é e nunca será sobre mim', diz Lázaro Ramos, que estreia sequência do filme Foto: H2O Films/Divulgação
Por Matheus Mans
Na primeira cena de Ó Paí, Ó 2, estreia desta quinta-feira, 23, Roque (Lázaro Ramos) quebra a quarta parede. O protagonista olha diretamente nos olhos do espectador e faz uma declaração: nos 15 anos que se passaram desde o primeiro filme, as coisas mudaram na Bahia. “O Pelourinho tá igual o Brasil: rachado no meio e o povo caído no buraco”, diz. A declaração não chega à toa, mas em um momento que o próprio Lázaro divide opiniões.
Afinal, nos últimos meses, páginas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) propuseram um boicote ao novo filme por causa das posições ideológicas à esquerda do ator. É a tal polarização que, claro, atinge o coração da Bahia. Isso afeta Lázaro? Ele mesmo responde.
“Tô gravando novela, com agenda cheia”, diz aos risos ao Estadão. “Eu reflito muito, mas minha função é continuar trabalhando, sendo ético e correto, oferecendo o meu melhor como contador de histórias e ativista, compreendendo que os processos não são sobre mim. Ó Paí, Ó nunca foi, não é e nunca será sobre mim. É um grupo de artistas que conta essa história”.
Um filme ligado com o Brasil atual
No primeiro filme, assim como na série que originou a produção para a tela grande, sempre foi possível perceber a conexão com o mundo do agora. Há 15 anos, por exemplo, Ó Pai, Ó estava discutindo os caminhos do dinheiro, a presença da religião na vida das pessoas e como o novo mundo globalizado estava chegando ao Pelourinho.
Agora, na nova história, as coisas são diferentes. Há a polarização citada, assim como a tecnologia e, na subtrama mais interessante, uma personagem que sofre com a violência. Ó Paí, Ó 2, assim, é tão conectado com o Brasil que está ali fora que não só comenta sobre os assuntos do momento, como também vira tema das conversas - e, é claro, dos boicotes.
O filme começa quando a população do Pelourinho descobre que Neusão (vivida genialmente por Tânia Tôko) perdeu seu bar em um golpe imobiliário. Agora, quem toca o negócio é um coreano dali. Assim, o grupo decide se mobilizar para salvar o bar de Neusão enquanto Roque, é claro, vive a sina de tentar ser um artista de axé em um País que parece não ter ouvidos e muito menos espaço para ele.
As dores e maravilhas do retorno
Lázaro, porém, conta que nem tudo foi tranquilo em seu retorno ao personagem de Roque. Ele diz que nem pensou duas vezes antes de aceitar o convite – segundo ele, faz qualquer coisa que o Bando [de Teatro Olodum] sugerir, inclusive um possível Ó Paí, Ó 3. No entanto, assim que começaram os preparativos pra viver novamente o aspirante a músico, veio a preocupação.
“São várias camadas. Primeiramente, vem o desafio físico de dançar e cantar daquele jeito. O joelho não é mais o mesmo”, diz Lázaro. “Tem o desafio emocional também de ficar perto dos artistas do Bando. É algo que ainda mexe comigo. Ainda hoje fico nervoso. Eles são meus primeiros ídolos. Eu queria ser eles. Era minha maior referência. Por isso, eu fico com medo de não dar conta, de não ter a mesma agilidade cênica, a mesma inteligência cênica. Mas, no fim, é uma oportunidade de fazer uma sequência de algo que já foi uma série, que já virou filme e também já foi pro teatro. O desafio virou oportunidade”.
Se Lázaro ficou nervoso, dá pra imaginar a diretora Viviane Ferreira. Este é apenas o segundo longa da cineasta, que já mostrou uma habilidade muito acima da média com seu longa de estreia, o belíssimo Um Dia com Jerusa. Ela teve uma tremedeira logo de cara.
“Ser chamada para o time titular para um grupo do qual você é fã e que contribuiu para a sua formação não é simples”, afirma Viviane, também em entrevista ao Estadão. Com isso, ela acabou fazendo uma direção afetiva, com trocas com o Bando para que todos fiquem à vontade com a “polifonia de histórias” que é Ó Paí, Ó 2.
“Não tive medo, mas tive respeito. É respeito que a gente sente para um trabalho que é realizado em sequência desde 1992. Ó Paí, Ó nasceu como narrativa de sucesso. As pessoas que vão se somando trazem muito respeito para a criação do Bando”, comenta a cineasta.
Um filme sobre todos
Com isso, pode-se dizer que 15 anos depois, muita coisa mudou e o filme acompanhou isso, mas sem perder a essência. Ó Paí, Ó 2 ainda é, em seu coração, um filme de coletivos – feito por um dos grupos mais importantes do País, o Bando de Teatro Olodum.
“O Brasil, depois de tudo que vivemos, também amadureceu. E, com isso, entendemos a importância das ferramentas do aquilombamento e a importância de vivermos em coletivo”, diz a diretora. “Nos afastamos durante a pandemia da experiência de vivermos juntos. Agora, a gente chega a 2023 compreendendo a ferramenta da coletividade como algo importante à nossa sobrevivência”.
Lázaro, por fim, ainda acrescenta uma observação essencial: é um filme sobre todos, mas também sobre cada um. “Neste segundo filme, há algo importante: é sobre coletividade, mas respeitando as individualidades”, explica. “As pessoas superam diferenças de religião e se agrupam em um objetivo comum. As pessoas se agrupam para entender que a nova geração tem linguagem e estratégias diferentes da geração mais antiga e se completam. Eu sei que é uma comédia musical, mas isso é uma camada importante e poderosa do projeto”.
*Esta matéria foi feita com a colaboração do Bando de Teatro Olodum, que defende a expressão negra coletiva nas artes cênicas há mais de 30 anos.
Fonte: https://www.estadao.com.br
Morre Elaine Santos, jornalista da Canção Nova, que estava grávida, aos 38
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Morre Elaine Santos, jornalista da Canção Nova, que estava grávida, aos 38
Apresentadora, que trabalhava na emissora há 15 anos, estava na 23ª semana de gestação; bebê também morreu
SÃO PAULO
A jornalista Elaine Cristina da Silva Santos morreu nesta terça-feira (21), aos 38 anos. De acordo com o programa Canção Nova Notícias, que Elaine apresentava, ela foi internada um dia antes com insuficiência respiratória, e seu quadro piorou.
A jornalista estava grávida de 23 semanas do seu segundo filho, que também morreu. Não há informações sobre o velório.
Canção Nova é uma emissora de televisão relacionada à comunidade católica de mesmo nome. A nota do programa diz que a apresentadora começou a trabalhar lá em 2008, há 15 anos, como estagiária. "Sua simpatia e seu sorriso (hábito primordial do carisma Canção Nova) contagiaram a todos e, em pouco tempo, se tornou uma profissional de respeito e responsabilidades no desejo de salvar almas.", também diz a nota.
"Por isso precisamos sempre tornar o percurso mais suave e leve, repletos de sorrisos e longe daquilo que não nos constroem como irmãos e como pessoas que buscam a santidade." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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