O arcebispo de Porto Alegre (RS) e atual primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, foi eleito 14º presidente da CNBB nesta segunda-feira, 24 de abril. Ele estará à frente da Presidência da entidade de 2023 a 2027.

 

A eleição foi realizada na segunda sessão na manhã desta segunda-feira. Dom Jaime foi eleito em terceiro escrutínio, por maioria simples. O anúncio foi feito no início da sessão reservada, no auditório Noé Sotillo, no período da tarde.

Perguntado pelo atual presidente, dom Walmor Oliveira de Azevedo, se aceita a função a ele confiada pelo episcopado brasileiro, conforme prevê o Estatuto, dom Jaime respondeu:

“Com humildade, simplicidade, temor e tremor, mas sobretudo na fé, em espírito de comunhão e colaboração, sim!”,

 

 

Biografia e trajetória eclesial

Dom Jaime Spengler nasceu em 6 de setembro de 1960, em Gaspar (SC). Ingressou na Ordem dos Frades Menores, também conhecida por Ordem de São Francisco (Franciscanos) em 20 de janeiro de 1982, pela admissão no Noviciado na cidade de Rodeio (SC). Cursou Filosofia no Instituto Filosófico São Boaventura, de Campo Largo (PR), e Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), concluindo-o no Instituto Teológico de Jerusalém, em Israel.

Foi ordenado sacerdote em 17 de novembro de 1990, na sua cidade natal. Fez doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, e atuou dentro da Ordem dos Frades Menores em diversas missões e cidades do país até 2010, quando foi nomeado pelo Papa Bento XVI como bispo auxiliar da arquidiocese de Porto Alegre. A ordenação episcopal, presidida por dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil na ocasião, ocorreu dia 5 de fevereiro de 2011, na paróquia São Pedro Apóstolo, em Gaspar.

Dom Jaime Spengler é arcebispo metropolitano de Porto Alegre desde 18 de setembro de 2013, quando foi nomeado pelo Papa Francisco que, concomitantemente, recebeu o pedido de renúncia de dom Dadeus Grings. Escolheu como seu lema episcopal “Gloriar-se na Cruz” (Cl 6,14) – In Cruce Gloriari.

No quadriênio de 2011 a 2015, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenado e a Vida Consagrada da CNBB. Em 2015, foi eleito presidente desta comissão. Entre os destaques de sua atuação à frente do colegiado, consta a aprovação das novas Diretrizes para a Formação de Presbíteros da Igreja no Brasil, em 2018.

Em maio de 2019, foi eleito primeiro vice-presidente da CNBB. Também é o bispo referencial da CNBB para o Colégio Pio Brasileiro, em Roma. Exerce ainda as funções de vice-presidente da Comissão Especial para o Acordo Brasil-Santa Sé da CNBB e bispo referencial CNBB – Regional Sul 3 para Vida Consagrada e Ministérios Ordenados. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Cena foi filmada por Ito Melodia, intérprete da Unidos da Tijuca, que também cantou com o sacerdote. Além de Xande de Pilares, Carlinhos Madureira e Gilson Bernini também assinam a autoria de 'Tá Escrito'.

 

Por Cristina Boeckel, Eduardo Pierre e Enildo Viola, g1 Rio e TV Globo

O vídeo de um padre cantando o samba ‘Tá escrito’, hit na voz de Xande de Pilares, no meio da própria missa, está fazendo sucesso nas redes sociais. O pároco Ataniel Silva, da Igreja de São Jorge e Nossa Senhora da Glória, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, aparece puxando um animado coro em uma nave lotada.

Ataniel comanda o rebanho do Jardim Primavera há 31 anos. Ele conta que a escolha da música, que é sempre cantada na hora do abraço da paz nas missas do terceiro domingo do mês, é por tocar os corações dos fiéis.

“Essa música é a tradução da vida dos brasileiros. E tem uma frase que eu gosto e que é muito ligada aos devotos de São Jorge, conhecido como Santo Guerreiro. A parte que fala que: ‘Guerreiro não foge da luta e não pode correr, ninguém vai poder atrasar quem nasceu para vencer’ é uma frase muito feliz”, disse o padre Atanael.

A tradição de cantar a música não é nova. Padre Atanael conta que a igreja é muito querida entre os sambistas e recebe músicos ligados a todas as escolas de samba do Rio de Janeiro. E ele se prepara para o Dia de São Jorge, no próximo domingo (23).

“A gente canta essa música há uns anos. São Jorge é muito querido no mundo do samba. E muitos vão lá. Tem gente de todas as escolas. No domingo, muitos deles vão celebrar o Santo Guerreiro”, disse Atanael.

Uma curiosidade sobre o vídeo que circula nas redes sociais é o cinegrafista das imagens. Trata-se de Ito Melodia, atual voz da Unidos da Tijuca, mas que já passou por União da Ilha, Porto da Pedra e Império Serrano. Ito é filho de Aroldo Melodia, que também fez história como cantor das escolas de samba do Rio.

E Ito, além de filmar, solta a voz ao lado do sacerdote.

“Nós o gravamos cantando, fiz esse vídeo com ele. Ele sempre canta mais para o fim da missa, entre outras canções”, explicou Ito Melodia.

As imagens foram gravadas na missa do último domingo (16). Ito, inclusive, não descarta uma parceria com ele em uma de suas composições e elogia a capacidade do padre.

“O padre canta muito. Cantor mesmo, sambista”, completou Ito Melodia.

Xande de Pilares, que é o autor da música ao lado de Carlinhos Madureira e Gilson Bernini, conta que já cantou na missa do padre Atanael no ano passado e se emocionou.

“Eu já conheço o padre há um tempo. E teve uma mobilização para que eu assistisse à missa. Eu fui ano passado e foi emocionante para caramba”, contou Xande ao g1.

A capacidade da música em circular em diversos ambientes chama a atenção. Além de ser hit na igreja em Duque de Caxias, a canção já foi cantada por Caetano Veloso, foi eleita pelos jogadores da seleção brasileira como tema do time na Copa do Mundo de 2014 e foi tema de abertura da novela A Dona do Pedaço.

“A gente não tem noção do que é capaz. Essa música traz coisas boas para mim e para meus parceiros. Fiquei muito feliz”, finalizou Xande de Pilares. Fonte: https://g1.globo.com

 

Dom Edmar apresenta prazo para uso do Missal Romano | Foto: Victória Holzbach/CNBB Sul 3

 

Por Juliana Mastelini Moyses/Arquidiocese de Londrina (PR)

A Comissão Episcopal para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresentou, no início deste segundo dia de 60ª Assembleia Geral, 20 de abril, o processo de adaptação da Igreja do Brasil à tradução brasileira da terceira edição do Missal Romano. Como foi decidido na última reunião do Conselho Permanente da CNBB, realizada em março, as comunidades de todo país têm até o Advento para começar a utilizar os novos textos nas celebrações da missa.

“O uso dos textos da terceira edição serão facultativos até o primeiro domingo do Advento e depois será obrigatório”, explicou o bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão para a Liturgia, dom Edmar Peron.

Na missa de ontem, 19 de abril, primeiro dia de assembleia, os bispos já utilizaram os textos da tradução brasileira na Missa com Vésperas, na Basílica Nacional de Aparecida. A celebração marcou o início do uso da terceira edição do Missal Romano no Brasil, cujo processo de tradução e aprovação levou 19 anos.

Dom Edmar explicou que não se trata de um “novo missal” inaugurando uma nova forma de liturgia, como em 1965 pós Concílio Vaticano II, mas a tradução da terceira edição típica do Missal Romano, “o missal pós Concílio Vaticano II, também chamado Missal de Paulo VI”, ressaltou. A terceira edição foi promulgada em 2002 por São João Paulo II e revisada em 2008, com o objetivo de incorporar as disposições litúrgicas e canônicas desde a segunda edição típica, de 1975.

“A Igreja é dinâmica”, afirmou dom Edmar, e precisava incorporar essa dinâmica nos textos do missal. Mas o trabalho das conferências não foi apenas inserir coisas novas, ressaltou, mas principalmente revisar a tradução do missal.

 

Recepção nas comunidades

Dom Edmar apresentou três aspectos fundamentais para a recepção do missal nas comunidades. O primeiro é ter claro que o livro por si só não basta, é preciso “passar do livro à celebração”. E aí o papel fundamental do bispo em promover uma educação litúrgica. “Nós somos, pela Cristus Dominus, moderadores, promotores e guardiães de toda vida litúrgica da nossa Igreja”, reforçou dom Edmar. 

O segundo aspecto é rever o modo de bem celebrar a liturgia. Esta é, explica, um evento de salvação e não apenas rubricas a serem seguidas. “Não celebramos para observar rubricas, celebramos com elas o evento de salvação. Rito não é rubrica a ser observada, mas uma ação de Cristo e da Igreja a ser celebrada”, destaca dom Edmar.

Por fim, não haverá recepção autêntica do missal se este não se tornar fonte da vida espiritual. Segundo a Sacrossantun Conciliun, cita o bispo, a “plena e ativa participação de todo o povo” possibilita que a Liturgia seja, de fato a primeira fonte onde os fiéis vão beber o “espírito genuinamente cristão” (14).

“A meditação contínua (uma “leitura orante”) dos textos do missal o tornarão novos e fonte de nossa vida espiritual”, concluiu dom Edmar. 

 

Folhetos diocesanos

Os textos do missal serão disponibilizados integralmente pelas Edições CNBB às dioceses que têm folhetos próprios das missas, em tempo hábil para atender a obrigatoriedade do uso no primeiro domingo do Advento. As dioceses podem entrar em contato com a editora para solicitar o material. 

 

Relatório da Comissão para a Doutrina da Fé

Ainda na primeira parte da manhã, a Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé apresentou um relato, como última contribuição aos bispos antes da nova eleição. O bispo da diocese de Santo André (SP) e presidente da comissão, dom Pedro Carlos Cipollini, partiu de uma análise da fé num momento de mudança de época para falar de luzes e sombras na vida de fé da Igreja. Dom Pedro apontou questões desafiadoras que exigem “reflexão e vigilância constante”. 

“Muitos já separaram a vivência da fé, a prática da fé, da religião e da própria vida”, falou dom Pedro. “É preciso, portanto, retomar, recomeçar, a partir de Jesus Cristo (CELAM, Documento de Aparecida, 244-245). Voltar a Jesus Cristo, às origens é voltar ao essencial, retomar o ‘coração da fé’, ao Evangelho do Reino.” Por isso, é preciso transmitir “uma fé capaz de dar esperança para sustentar a vida do povo”.

“Confiemos na ação do Espírito, enviado sobre os apóstolos em Pentecostes”, concluiu dom Pedro Cipollini. Fonte: https://www.cnbb.org.br 

AMEAÇAS À COMUNHÃO ECLESIAL SÃO APONTADAS EM ANÁLISE DE CONJUNTURA ECLESIAL DURANTE A 60ª AG CNBB

 

 

Crédito: Jaison Alves/ regional Sul 4

Na última sessão da 60ª Assembleia Geral da CNBB, a terceira desta quarta-feira, 19 de abril, o episcopado brasileiro se reuniu no auditório Noé Sotillo, do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, para apreciar o trabalho do grupo de análise de conjuntura eclesial da CNBB, coordenado pelo arcebispo de Brasília, cardeal Paulo Cézar Costa, com o tema “as ameaças à comunhão eclesial no atual contexto sociopolítico e pastoral”.

A análise foi dividida em três partes – diagnóstico (cenário interno e externo); análise e prognóstico. Como um dos pontos do cenário externo, o estudo trouxe a polarização como chave de compreensão. “Contribuiu para isso um ecossistema comunicacional pós-redes sociais, pois reduziu a economia da informação à caça desesperada por cliques”.

Outros aspectos que contribuíram para o cenário externo, conforme o estudo, foram as guerras culturais e as manifestações. “No Brasil, a polarização foi aproveitada pela extrema direita para recuperar as insatisfações das manifestações de 2013”. Conforme a análise, as manifestações são expressões do antagonismo entre governantes e governados, classe política e população, instituições e os que a representam.

O texto apontou também as matrizes que estão na origem da polarização no Brasil, como o militarismo, o antiintelectualismo, o empreendedorismo, o libertarismo econômico, o anticomunismo e o combate à corrupção. “O encontro desse conservadorismo traz individualismo, punitivismo, valorização da ordem acima da lei; e as condições afetivas trazem humilhação diante de situações de desemprego, subemprego”. A análise eclesial salientou ainda que as redes sociais são determinantes e que a mídia digital facilita a comunicação rápida, mas que também cria bolhas.

Foram salientadas as oportunidades do cenário externo para a missão evangelizadora da Igreja, como o uso dos símbolos religiosos e o uso inteligente das tecnologias digitais. E como prognóstico foram apontadas as dinâmicas eclesiais e pastorais para enfrentar a polarização. O texto sugere, por exemplo, que cabe aos bispos “aproximar-se, expressar-se, ouvir-se, olhar-se, conhecer-se, esforçar-se por entender-se, procurar pontos de contato”.

Outro ponto destacado e que precisa ser corrigido pelos bispos, segundo o texto, é a questão da religiosidade popular, sobretudo mariana, que enfatiza a perspectiva da “manifestação”. “Ela necessita ser corrigida com a dimensão da proclamação; para isso: formação bíblica”.

Por último, foi também sugerido na análise que fosse criado um observatório de mídias digitais, pelas dioceses, para que se faça um acompanhamento do que é publicado nas mídias digitais. Além disso, houve a sugestão para que se priorize a formação nos seminários e a continuação do caminho sinodal iniciado em 2021, como um caminho de conversação espiritual. Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, que no Sacramento pascal restaurastes vossa aliança, reconciliando convosco a humanidade, concedei-nos realizar em nossa vida o mistério que celebramos na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (João 21, 1-14)

Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Gêmeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos dele. 3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Nós vamos contigo”. Saíram, entraram no barco, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já de manhã, Jesus estava aí na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Ele perguntou: “Filhinhos, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”. 6Ele lhes disse: “Lançai a rede à direita do barco e achareis”. Eles lançaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo que Jesus mais amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu e arregaçou a túnica (pois estava nu) e lançou-se ao mar. 8Os outros discípulos vieram com o barco, arrastando as redes com os peixes. Na realidade, não estavam longe da terra, mas somente uns cem metros. 9Quando chegaram à terra, viram umas brasas preparadas, com peixe em cima e pão. 10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. 11Então, Simão Pedro subiu e arrastou a rede para terra. Estava cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rasgou. 12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.

 

3) Reflexão

O Capítulo 21 do evangelho de São João parece um apêndice que foi acrescentado mais tarde depois que o evangelho já estava terminado. A conclusão do capítulo anterior (Jo 20,30-31) ainda deixa perceber que se trata de um acréscimo. De qualquer maneira, acréscimo ou não, é Palavra de Deus que traz uma bonita mensagem de ressurreição para esta sexta-feira da semana de Páscoa.

João 21,1-3: O pescador de homens volta a ser pescador de peixes.  Jesus morreu e ressuscitou. No fim daqueles três anos de convivência com Jesus, os discípulos voltaram para a Galiléia. Um grupo deles está de novo diante do lago. Pedro retoma o passado e diz: “Eu vou pescar!” Os outros disseram: “Nós vamos com você!” Assim, Tomé, Natanael, João e Tiago junto com Pedro saíram de barco e foram pescar. Retomaram a vida do passado como se nada tivesse acontecido. Mas algo aconteceu. Algo estava acontecendo! O passado não voltou! “Não pagaram nada!” Voltaram à praia cansados. Foi uma noite frustrante.

João 21,4-5: O contexto da nova aparição de Jesus.  Jesus estava na praia, mas eles não o reconheceram. Jesus pergunta: “Moços, por acaso vocês alguma coisa para comer?” Responderam: “Não!” Na resposta negativa reconheceram que a noite tinha sido frustrante e que não pescaram nada. Eles tinham sido chamados para serem pescadores de homens (Mc 1,17; Lc 5,10), e voltaram a ser pescadores de peixes. Mas algo mudou em suas vidas! A experiência de três anos com Jesus provocou neles uma mudança irreversível. Já não era possível voltar para atrás como se nada tivesse acontecido, como se nada tivesse mudado. 

João 21,6-8: Lancem a rede do lado direito do barco e vocês vão encontrar. Eles fizeram algo que, provavelmente, nunca tinham feito na vida. Cinco pescadores experimentados obedecem a um estranho que mandou fazer algo que contrastava com a experiência deles.  Jesus, aquela pessoa desconhecida que estava na praia, mandou que jogassem a rede do lado direito do barco. Eles obedeceram, jogaram a rede, e foi um resultado inesperado. A rede ficou cheia de peixes! Como era possível! Como explicar esta surpresa fora de qualquer previsão? O amor faz descobrir. O discípulo amado diz: “É o Senhor!” Esta intuição clareou tudo. Pedro se jogou na água para chegar mais depressa perto de Jesus. Os outros discípulos vieram mais devagar com o barco arrastando a rede cheia de peixes.

João 21,9-14: A delicadeza de Jesus.  Chegando em terra, viram que Jesus tinha aceso umas brasas e que estava assando peixe e pão. Ele pediu que trouxessem mais uns peixes. Imediatamente, Pedro subiu no barco, arrastou a rede com cento e cinquenta e três peixes. Muito peixe, e a rede não se rompeu. Jesus chamou a turma: “Venham comer!” Ele teve a delicadeza de preparar algo para comer depois de uma noite frustrada sem pescar nada. Gesto bem simples que revela algo do amor com que o Pai nos ama. “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. E evocando a eucaristia, o evangelista João completou: “Jesus se aproximou, tomou o pão e distribuiu para eles”. Sugere assim que a eucaristia é o lugar privilegiado para o encontro com Jesus ressuscitado.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Já aconteceu com você ter que te pediram jogar a rede do lado direito do barco da sua vida, contrariando toda a sua experiência? Você obedeceu? Jogou a rede?

2) A delicadeza de Jesus. Como é a sua delicadeza nas coisas pequenas da vida?

 

5) Oração final

 

Celebrai o SENHOR, porque ele é bom; pois eterno é seu amor. Que Israel diga: eterno é seu amor. Que a casa de Aarão diga: eterno é seu amor. Digam os que temem o SENHOR: eterno é seu amor. (Sl 117, 1-4)

 

Dom Carlos José
Bispo de Apucarana (PR)

 

“Amei-te com amor eterno; por isso atraio-te a mim, cheio de misericórdia…” (Jr 31, 3). Ef. 2,4  

O amor de Deus pela humanidade é visível, palpável e real. Da criação do mundo aos nossos dias, o Senhor não se cansa de nos atrair a Si mesmo e ao seu Divino Coração, oferecendo-nos a sua infinita Misericórdia. Deus é Amor, no sentido mais verdadeiro que se possa sentir e partilhar. Um Amor que ultrapassa nosso entendimento, mas que se expressa em sinais, gestos, palavras e graças abundantes. O dom da fé propicia a cada um de nós essa experiência e vivência de amar e sermos amados por Deus, mesmo quando menos merecemos.

Na Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus pudemos experenciar toda bondade e compaixão do Pai para conosco e, para que possamos interiorizar essa grande experiência de amor e encontro com Cristo, a Igreja estende esses dias de júbilo a toda essa semana: estamos vivendo a Semana Pascal, que culmina no Domingo da Divina Misericórdia. Instituído oficialmente pelo Papa São João Paulo II no ano 2000 e comemorada imediatamente no primeiro domingo que sucede ao da Ressurreição, a Festa da Divina Misericórdia deseja nos fazer imergir diretamente na Fonte Única e repleta de compaixão e bondade: o Coração Misericordioso de Cristo. Impossível para nós alcançarmos a profundidade do Amor que Deus dispõe gratuitamente para que permaneçamos Nele. O Senhor é compassivo, paciente e acolhedor, é um Deus que ama incondicionalmente cada um de nós,  a ponto de nos salvar pelo sacrifício de seu Filho na Cruz. Oferece-se a Si mesmo, em Cristo Jesus, para que retornemos a Ele, para que não nos percamos nos tantos caminhos que o mundo oferece nos direcionando para longe Dele.

A Festa da Divina Misericórdia relembra aos homens a presença amorosa de Cristo em nosso meio, Vivo e Ressuscitado, caminhando conosco em todos os momentos, desejoso de que sejamos cada vez mais unidos ao Pai, numa proximidade tal que supra nossas necessidades reais de encontramos o verdadeiro Amor. É desejo do Filho que nos aproximemos do Pai, que tomemos posse da Misericórdia Divina e da graça imensa derramada sobre aqueles que O buscam. 

Do Coração de Cristo traspassado pela lança, jorrou Água e Sangue. Água que purifica, restaura e nos faz comprometidos com as promessas do Batismo que renovamos na noite Santa da Vigília Pascal. Sangue que, penetrando o mais profundo da Terra, tornou-nos merecedores da Salvação Eterna. “Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de Misericórdia para nós, eu confio em Vós!”  Sabemos que fomos salvos por compaixão e bondade de Deus, conforme nos fala a Sagrada Escritura: “Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isso não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus” (Ef 2,8). Temos um Deus Misericordioso que se revela paciente, bondoso, compassivo e repleto de ternura, sempre pronto a proteger, buscar, perdoar e, como na parábola do Filho pródigo, Deus é o Pai que festeja a volta do filho que estava distante. Se soubéssemos o quanto somos dependentes e necessitados da Misericórdia do Pai, não tardaríamos a tomar posse de tão grande Graça. 

Jesus Ressuscitado é fonte de amor e de perdão, de acolhimento e de Misericórdia, Nele podemos ver a chama ardente do amor misericordioso que se consome pela nossa salvação. Voltemo-nos para a Fonte Cristalina, onde jorram amor e compaixão infinitos, deixemo-nos inundar pelos raios misericordiosos do Salvador. Que sejamos homens e mulheres corajosos e decididos, que não tenhamos receio de irmos até a Fonte que é Jesus e nos encharcarmos com a sua infinita Misericórdia! Que a Virgem Maria, Mãe de Misericórdia nos auxilie, tomando-nos pelas mãos e nos guiando até Cristo Ressuscitado e Misericordioso. Fonte: www.cnbb.org.br

 

1) Oração

Ó Deus, que nos alegrais todos os anos com a solenidade da ressurreição do Senhor, concedei-nos, pelas festas que celebramos nesta vida, chegar às eternas alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 24, 13-35)

13Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém. 14Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. 15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. 17Então Jesus perguntou: “O que andais conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, 18e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?” 19Ele perguntou: “Que foi?” Eles responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. 20Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo 23e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu”. 25Então ele lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?” 27E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele. 28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante. 29Eles, porém, insistiram: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele entrou para ficar com eles. 30Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu- o e deu a eles. 31Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles. 32Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” 33Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. 34E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.

 

3) Reflexão Luca 24,13-35

O evangelho de hoje traz o episódio tão conhecido da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Lucas escreve nos anos 80 para as comunidades da Grécia que na sua maioria eram de pagãos convertidos. Os anos 60 e 70 tinham sido muito difíceis. Houve a grande perseguição de Nero em 64. Seis anos depois em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Em 72, em Massada no deserto de Judá, foi o massacre dos últimos judeus revoltosos. Nesses anos todos, os apóstolos, testemunhas da ressurreição, foram desaparecendo. O cansaço ia tomando conta da caminhada. Onde encontrar força e coragem para não desanimar? Como descobrir a presença de Jesus nesta situação tão difícil? A narração da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús procura ser uma resposta para estas perguntas angustiantes. Lucas quer ensinar as comunidades como interpretar a Escritura para poder redescobrir a presença de Jesus na vida.

Lc 24,13-24: 1º Passo: partir da realidade.  Jesus encontra os dois amigos numa situação de medo e de descrença. As forças de morte, a cruz, tinham matado neles a esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a situação de muitos hoje em dia. Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a conversa e pergunta: "De que estão falando?" A ideologia dominante, isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, impedia-os de enxergar. "Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas...".  Qual é hoje a conversa do povo que sofre?

O primeiro passo é este: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade, sentir seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com um olhar mais crítico.

Lc 24,25-27: 2º Passo: usar a Bíblia para iluminar a vida.  Jesus usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia sofrer os dois amigos, e para esclarecer a situação que eles estavam vivendo. Usa-a também para situá-los dentro do conjunto do projeto de Deus que vinha desde Moisés e os profetas. Ele mostra assim que a história não tinha escapado da mão de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas como o companheiro que vem ajudar os amigos a lembrar o que estes tinham esquecido. Jesus não provoca complexo de ignorância nos discípulos, mas procura despertar neles a memória: “Como vocês demoram para entender o que os profetas anunciaram!”.

O segundo passo é este: com a ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro delas mesmas, e transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Aquilo que as impedia de caminhar, torna-se agora força e luz na caminhada. Como fazer isto hoje?

  1. Lc 24,28-32: 3º Passo: partilhar na comunidade. A Bíblia, ela por si, não abre os olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre os olhos e faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário da partilha, rezar juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus próprios pés.

    O terceiro passo é este: saber criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde possa atuar o Espírito Santo. É ele que nos faz descobrir e experimentar a Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,13).

  1. Lc 24,33-35: O resultado: Ressuscitar e voltar para Jerusalém. Os dois criam coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas as mesmas forças de morte que tinham matado Jesus e que tinham matado neles a esperança. Mas agora tudo mudou. Se Jesus está vivo, então nele e com ele está um poder mais forte do que o poder que o matou. Esta experiência os faz ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Retorno, em vez de fuga! Fé, em vez de descrença! Esperança, em vez de desespero! Consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão! Numa palavra: vida, em vez de morte! Em vez da má noticia da morte de Jesus, a Boa Notícia da sua Ressurreição! Os dois experimentam a vida, e vida em abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus atuando neles!

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Os dois disseram: “Nós esperávamos, mas….!” Você já viveu uma situação de desânimo que o levou a dizer: “Eu esperava, mas...!”?
  2. Como você lê, usa e interpreta a Bíblia? Já sentiu arder o coração ao ler e meditar a Palavra de Deus? Lê a Bíblia sozinho ou faz parte de algum grupo bíblico?

 

5) Oração final

Celebrai o SENHOR, invocai seu nome, manifestai entre as nações suas grandes obras. Cantai em sua honra, tocai para ele, recordai todos os seus milagres. Gloriai-vos do seu santo nome, alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR. (Sl 104, 1-3)

Ele escreveu cartas nas quais informou que se ausentaria da Paróquia São Tomé por tempo indeterminado

 

O padre Marciano Monteiro da Silva, pároco da Paróquia São Tomé, no município de São Tomé, continua desaparecido, conforme a Diocese de Umuarama. O religioso sumiu no dia 31 de março.

Ainda de acordo com a Diocese de Umuarama, antes de desaparecer o padre escreveu cartas nas quais informou que se ausentaria da Paróquia São Tomé por tempo indeterminado “a fim de rezar e silenciar”. Ele teria levado apenas uma muda de roupa, o celular e o notebook.

Em nota, a Diocese de Umuarama destaca que entrou em contato com a família do religioso, e ela também não possui informações sobre a localização do padre. Por isso, na manhã de sábado (08), a Diocese registrou um Boletim de Ocorrência na 21ª Subdivisão Policial de Cianorte.

A Diocese de Umuarama solicita que toda e quaisquer eventuais informações sobre o paradeiro do padre sejam repassadas, exclusivamente, aos serviços policiais ou à própria Diocese. A Polícia Civil já investiga o caso.

 

MÁS INTENÇÕES

Segundo o delegado-chefe da 21ª SDP de Cianorte, Jonas Amaral, informalmente chegou até a polícia a informação de que pessoas mal-intencionadas estão abordando familiares do padre Marciano e também conhecidos pedindo dinheiro para dizer onde o religioso está. “A orientação é que contatos assim sejam rechaçados, pois trata-se de aproveitadores”, salientou o delegado-chefe. Fonte: https://portalrondon.com.br

 

NOTA DA DIOCESE DE UMUARAMA – PADRE MARCIANO

Passados onze dias, continuamos a busca do paradeiro do Padre Marciano. Contamos com a colaboração da Promotoria Pública e da Polícia Civil. Mantemos contínuo contato com a família do referido Padre, que também não dispõe de novas informações. Quaisquer novidades publicaremos imediatamente nos nossos meios oficiais de comunicação.

Reiteramos o pedido de que só confiem nas nossas notificações. Desta forma, evitaremos desinformação e confusão. No mais, continuemos atentos e em oração. Deus esteja!

Assessoria de Imprensa Diocesana

Fonte: https://site.diocesedeumuarama.org.br

 

1) Oração

Ó Deus, que nos concedestes a salvação pascal, acompanhai o vosso povo com vossos dons celestes, para que, tendo conseguido a verdadeira liberdade, possa um dia alegra-se no céu, como exulta agora na terra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (João 20, 11-18)

Naquele tempo, 11Maria tinha ficado perto do túmulo, do lado de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para olhar dentro do túmulo. 12Ela enxergou dois anjos, vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras”. Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14Dizendo isto, Maria virou-se para trás e enxergou Jesus, de pé, mas ela não sabia que era Jesus. 15Jesus perguntou- lhe: “Mulher, por que choras? Quem procuras?” Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo”. 16Então, Jesus falou: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabûni!” (que quer dizer: Mestre). 17Jesus disse: “Não me segures, pois ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18Então, Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor”, e contou o que ele lhe tinha dito.

 

3) Reflexão

O evangelho de hoje descreve a aparição de Jesus a Maria Madalena. A morte do seu grande amigo levou Maria a uma perda do sentido da vida. Mas ela não desistiu da busca. Foi ao sepulcro para reencontrar aquele que a morte lhe tinha roubado. Há momentos na vida em que tudo desmorona. Parece que tudo acabou. Morte, desastre, doença, decepção, traição! Tantas coisas que podem tirar o chão debaixo dos pés e jogar-nos numa crise profunda. Mas também acontece o seguinte. Como que de repente, o reencontro com uma pessoa amiga pode refazer a vida e nos fazer redescobrir que o amor é mais forte do que a morte e a derrota.

O Capítulo 20 de João, além da aparição de Jesus a Madalena, traz vários outros episódios que revelam a riqueza da experiência da ressurreição: (1) do discípulo amado e de Pedro (Jo 20,1-10); (2) de Maria Madalena (Jo 20,11-18); (3) da comunidade dos discípulos (Jo 20,19-23) e (4) do apóstolo Tomé (Jo 20,24-29). O objetivo da redação do Evangelho é levar as pessoas a crer em Jesus e, acreditando nele, ter a vida (Jo 20,30-3).

Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho.

João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas busca.  Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa, o sepulcro estava vazio! Os anjos perguntam: "Por que você chora?" Resposta: "Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!" Maria Madalena buscava o Jesus, o mesmo Jesus, que ela tinha conhecido e com quem tinha convivido durante três anos.

João 20,14-15: Maria Madalena conversa com Jesus sem reconhecê-lo. Os discípulos de Emaús viram Jesus mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus pergunta: "Por que você chora?" E acrescenta: "A quem está procurando?" Resposta: "Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou buscá-lo!" Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás. É a imagem de Jesus do passado que a impede de reconhecer o Jesus vivo, presente na frente dela.

João 20,16: Maria Madalena reconhece Jesus. Jesus pronuncia o nome: "Maria!" Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde: "Mestre!" Jesus tinha voltado, o mesmo que tinha morrido na cruz. A primeira impressão é que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus que ela tinha conhecido e amado. Realiza-se o que dizia a parábola do Bom Pastor: "Ele as chama pelo nome e elas conhecem a sua voz". - "Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem" (Jo 10,3.4.14).

  1. João 20,17-18: Maria Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos. De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de ele estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: "Não me segure, porque anda não subi para o Pai!" Ele vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que ele, Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Você já passou por uma experiência que lhe deu um sentimento de perda e de morte? Como foi? O que foi que lhe trouxe vida nova e lhe devolveu a esperança e a alegria de viver?
  2. Qual a mudança que se operou em Maria Madalena ao longo do diálogo? Maria Madalena buscava Jesus de um jeito e o reencontrou de outro jeito. Como isto acontece hoje na nossa vida?

 

5) Oração final

Nossa alma espera pelo SENHOR, é ele o nosso auxílio e o nosso escudo. SENHOR, esteja sobre nós a tua graça, do modo como em ti esperamos.  (Sl 32, 20.22)

 

 

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG) 

A mão direita do Senhor fez maravilhas, a mão direita do Senhor me levantou. Não morrerei, mas ao contrário, viverei para cantar as grandes obras do Senhor! (Sl 117) 

Durante os primeiros oito dias do Tempo Pascal, também conhecido como Oitava de Páscoa, celebramos solenemente a Ressurreição de Jesus. É um período em que vivenciamos e festejamos este acontecimento tão importante para a nossa fé. A Oitava da Páscoa é um momento de relembrar a importância do sacrifício de Jesus e de renovar a nossa fé em Deus. 

A Oitava da Páscoa faz parte do Tempo Pascal, um período de 50 dias que se estende até a celebração de Pentecostes. Durante esse período, o Círio Pascal é aceso em todas as celebrações, simbolizando o Cristo Ressuscitado ou a Luz de Cristo. O Círio é consagrado e preparado na Vigília Pascal e permanece aceso até o domingo de Pentecostes. Essa imponente coluna de luz nos conduz para a libertação total da vida. 

A Páscoa de Jesus deve ser uma realidade diária em nossas vidas e na ação pastoral da Igreja, mas é durante esses oito dias que a celebração é ainda mais vigorosa. Durante a Oitava da Páscoa, o hino de louvor é entoado em todas as missas. 

Devido à grande relevância deste acontecimento em nossa história e em nossas vidas, na Oitava Pascal celebramos a cada dia como se fosse domingo, solenizando a Ressurreição de Jesus como se fosse um único dia. Isso nos convida a experimentar a Vida Nova em Cristo e a renovar constantemente a nossa fé nesta grande promessa divina. Convém, também, cantar nestes dias a Sequência Pascal. 

Com fé e confiança no Novo Tempo que se inicia, devemos ser corajosos e permanecer na luz daquele que foi crucificado e ressuscitou: Jesus Cristo. 

Nesse período, somos chamados a meditar sobre a mensagem de esperança e salvação que é transmitida pela ressurreição de Jesus. É um momento de reflexão sobre o amor de Deus por nós e sobre a necessidade de seguirmos os seus mandamentos e vivermos de acordo com a sua vontade. 

A Oitava da Páscoa é também um momento de união e confraternização entre os fiéis. É uma oportunidade para estreitar os laços de amizade e fraternidade, compartilhando a alegria da ressurreição de Jesus com os outros. 

Além disso, a Oitava da Páscoa nos lembra da importância da nossa própria ressurreição. Assim como Jesus ressuscitou dos mortos, nós também teremos a oportunidade de ressuscitar e viver eternamente junto a Deus, desde que vivamos de acordo com a sua vontade. 

Vivamos plenamente este tempo de graça que a Igreja nos oferece e possamos desfrutar de suas bênçãos. A Igreja nos presenteia com oito dias de Oitava Pascal, porque compreende que um mistério tão grandioso não pode ser celebrado em apenas um dia, necessitando-se de mais tempo para fazê-lo.  

Que seja um tempo de agradecimento e louvor a Deus por tudo o que Ele fez por nós. Um momento de reconhecimento da sua bondade e misericórdia, que nos permitiram ter acesso à vida eterna por meio da morte e ressurreição de Jesus Cristo. 

Que possamos renovar a nossa fé em Deus, compartilhar a nossa alegria com os outros e refletir sobre a mensagem de esperança e salvação que é transmitida pela ressurreição de Jesus. Que possamos viver de acordo com a vontade de Deus e estar prontos para a nossa própria ressurreição, para viver eternamente junto a ele. 

Saudações em Cristo Ressuscitado! Aleluia, Aleluia, Aleluia! Fonte: https://www.cnbb.org.br

 

O padre Marciano Monteiro da Silva, pároco da Paróquia São Tomé, no município de São Tomé, no interior do Paraná, está desaparecido desde o dia 31 de março. Segundo informações repassadas pela Diocese de Umuarama, antes de desaparecer o religioso escreveu cartas nas quais informou que se ausentaria da Diocese por tempo indeterminado “a fim de rezar e silenciar”. A Diocese de Umuarama entrou em contato com a família, que também não tem informações sobre a localização do padre.

“A Diocese de Umuarama comunica que no dia 31 de março de 2023, Pe. Marciano Monteiro da Silva, pároco da Paróquia São Tomé, município de São Tomé-PR, Diocese de Umuarama, redigiu cartas nas quais informou que se ausentaria da Diocese por tempo indeterminado. Segundo o que ele mesmo informa nos escritos deixados, o propósito para sua ausência é a necessidade de se retirar, a fim de rezar e silenciar. Desde então, o padre está ausente da paróquia e incomunicável. A Diocese de Umuarama entrou em contato com a família, que também não possui maiores informações sobre a localização do padre”, afirma a Diocese, em nota oficial. “Assim, decorridos os dias, não havendo o retorno do padre às atividades paroquiais, e sem a possibilidade de contatá-lo, a Diocese, na manhã deste sábado (8), registrou Boletim de Ocorrência, junto à 21ª Subdivisão Policial de Cianorte-Pr. Aguardamos o desenvolvimento dos trabalhos das autoridades competentes, cientes do caso, assim como contamos com a oração dos fiéis em favor do bem do Pe. Marciano. Futuras informações serão notificadas pelos meios de comunicação oficiais da Diocese de Umuarama”, diz comunicado publicado no site da Diocese de Umuarama.

A polícia já investiga o caso. Fonte: https://www.bemparana.com.br

 

NOTA DA DIOCESE DE UMUARAMA

A Diocese de Umuarama comunica que no dia 31 de março de 2023, Pe. Marciano Monteiro da Silva, pároco da Paróquia São Tomé, município de São Tomé-Pr, Diocese de Umuarama, redigiu cartas nas quais informou que se ausentaria da Diocese por tempo indeterminado.

Segundo o que ele mesmo informa nos escritos deixados, o propósito para sua ausência é a necessidade de se retirar, a fim de rezar e silenciar. Desde então, o padre está ausente da paróquia e incomunicável.

A Diocese de Umuarama entrou em contato com a família, que também não possui maiores informações sobre a localização do padre.

Assim, decorridos os dias, não havendo o retorno do padre às atividades paroquiais, e sem a possibilidade de contatá-lo, a Diocese, na manhã deste sábado (8), registrou Boletim de Ocorrência, junto à 21ª Subdivisão Policial de Cianorte-Pr.

Aguardamos o desenvolvimento dos trabalhos das autoridades competentes, cientes do caso, assim como contamos com a oração dos fiéis em favor do bem do Pe. Marciano. Futuras informações serão notificadas pelos meios de comunicação oficiais da Diocese de Umuarama.

Assessoria de Imprensa Diocesana

Fonte: https://www.bemparana.com.br

 

NOTA DA DIOCESE DE UMUARAMA

A Diocese de Umuarama agradece o apoio recebido e as orações pelo Pe. Marciano. Ressalta que continua no aguardo de informações sobre seu paradeiro.

Solicita, contudo, que toda e quaisquer eventuais informações sejam repassadas, exclusivamente, aos serviços policiais ou à Diocese de Umuarama.

Dessa forma, pretende-se evitar a ação de golpistas e pessoas mal-intencionadas que, infelizmente, costumam se aproveitar de situações como essa para aplicar golpes ou propagar notícias falsas.

Solicita ainda, a quem receber ligações desse teor, que anote o número e repasse imediatamente à polícia de Cianorte-PR, ou à Diocese de Umuarama.

Assessoria de Imprensa Diocesana

Fonte: https://site.diocesedeumuarama.org.br

Frei Carlos Mesters, O. Carm

 

Para que possamos segui-lo, devemos nós também carregar a cruz. Ele disse: “Tome a sua cruz, e siga-me!” Jesus não pede para a gente carregar a cruz dos outros, nem para carregar a cruz que ele carregou, mas pede que cada um carregue sua própria cruz, não de qualquer jeito, mas sim “atrás de Jesus e por amor a ele e ao evangelho” (Mc 8,35). Isto é, eu devo carregar-me a mim mesmo com as minhas limitações, defeitos e pecados; devo procurar ser eu mesmo sem pretensão nem arrogância, e colocar-me a serviço, atrás de Jesus, do jeito que Jesus carregou a sua cruz. Foi assim que ele realizou sua missão: “Eu não vim para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45).

Junto ao nosso povo não convém insistir demais nesta obrigação de que devemos sofrer, como se Deus quisesse aumentar o nosso sofrimento. Não! Deus não quer o nosso sofrimento. Ele quer é que tenhamos vida e vida em abundância (Jo 10,10). Não há necessidade de insistir sempre no sofrimento, pois o povo já vive cercado de sofrimento. O sofrimento já faz parte do quotidiano da sua vida. É algo normal que o povo já aceitou e vive, desde criança. Não se deve pedir um compromisso a mais neste ponto.

O compromisso que se pede consiste em não buscar saídas individuais para problemas coletivos. A Cruz de Jesus pede que coloquemos o bem comum acima do bem pessoal ou familiar (de sangue, classe, cultura e demais extensões do meu 'eu'). Este é o resumo de toda a Bíblia: "Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas." (Mt 7,12).

É importante aprofundar o significado da Cruz de Jesus com a ajuda de textos da Bíblia, sobretudo das cartas de Paulo. É importante também olhar e experimentar de perto o sofrimento que marca a vida humana, sobretudo a vida dos pobres, aqui no Brasil, no meio do qual vivemos nós Carmelitas. Completamos assim o que falta à paixão de Cristo (Col 1,24).

 

Refletindo sobre o símbolo da Cruz de Jesus

A cruz era o pior instrumento de tortura inventado pelo império romano para dissuadir e abafar qualquer rebeldia contra o poder central. Visava desumanizar as pessoas a ponto de destruir nelas qualquer auto-estima ou sentimento de humanidade, e as matava através de uma agonia cruel e prolongada. Para um crucificado não havia sepultura. Ele ficava pendurado na cruz até o corpo apodrecer ou ser comido pelos bichos.

Em Jesus, a consciência da sua dignidade humana foi mais forte que a desumanidade do poder romano. Em vez de odiar e vingar, Jesus perdoava e rezava: “Pai, perdoai, eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34). O amor ao Pai e aos irmãos levou-o a perdoar seus próprios torturadores e assassinos. Com este gesto incrível de perdão Jesus mostrou que um grande amor é capaz de vencer o ódio que mata.

Esta resistência humana e humanizadora de Jesus destruiu na raiz o instrumento do ódio. Em Jesus, a força desumanizadora da cruz, esse terrível instrumento de tortura do império, foi esvaziada. A cruz de Jesus tornou-se o símbolo da vitória do amor sobre o ódio, da vida sobre a morte. O amor levou Jesus ao dom total de si mesmo e, assim, tornou-se fonte de esperança para todo ser humano.

 

Perguntas reflexão pessoal

1-Criar em nós uma atitude de doação a Deus e aos irmãos;

2-Colocar o bem dos outros acima do próprio bem-estar individual;

3-Aprender a viver melhor a fé na ressurreição que acontece

4-Quando em nós o amor vence o ódio,

5- Quando nossa esperança derruba o desespero,

6- Quando em mim a atitude de serviço supera o egoísmo.

Segundo declaração do diretor da Sala de Imprensa vaticana, neste sábado o Papa depois do café da manhã, leu alguns jornais e retomou o trabalho.

 

Vatican News

O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, comunicou aos jornalistas na manhã desta sexta-feira sobre o estado de saúde do Papa Francisco. Eis o que disse:

"O dia de ontem transcorreu bem, com um normal decurso clínico. À noite, o Papa Francisco jantou, comendo pizza, na companhia das pessoas que o assistem nesses dias de internamento hospitalar. Com o Santo Padre, estavam presentes médicos, enfermeiros, assistentes e membros da Gendarmaria.

Hoje, depois do café da manhã, leu alguns jornais e retomou o trabalho. A volta para a Casa Santa Marta está prevista para amanhã, quando saírem os resultados dos últimos exames efetuados esta manhã."

Domingo de Ramos: presença confirmada

O porta-voz vaticano confirmou que está prevista a presença Pontífice na Praça São Pedro no dia 2 de abril, para a celebração eucarística do Domingo de Ramos. Fonte: www.vaticannews.va

Frei Carlos Mesters, O.Carm.

 

Este novo modo de conviver surge numa sociedade, que pensava exatamente o contrário. Por isso, a inicia­tiva de Jesus provoca reações fortes: pró e contra. Pró, por parte do povo que gostava de ouvir Jesus, pois ele lhe anunciava uma Boa Notícia. Contra, por parte das autoridades religiosas que perguntavam a Jesus: “Com que autoridade você faz estas coisas?” (Mc 11,28; Jo 2,18). Na pergunta transparece uma concepção de autoridade que pensava ser o dono da situação, ao qual os outros deveriam pedir licença. Pela sua maneira de exercer o poder, as autoridades religiosas da época controlavam a vida do povo e bloqueavam a entrada do Reino (Mt 23,13). Elas impunham uma infinidade de normas e leis (Mt 11,28), que impediam ao povo de perceber a chegada do Reino (Mc 1,15) e de saborear a sua presença no meio dele (Lc 17,20-21).

Jesus reconhece a autoridade dos escribas e fariseus, mas denuncia a falta de coerência: “Fa­zei o que dizem, mas não o que eles fazem” (Mt 23,2). Quando a autoridade perde de vista o obje­tivo para o qual foi dada e se torna finalidade em si mesma, ela se perde, torna-se opressora e desumaniza a vida. “Quando o senhor tiver a diocese bem disciplinada, o que vai fazer com ela?”, dizia o leigo ao bispo.

Jesus não teve medo de criticar o abuso da autoridade. Por isso, foi perseguido. Mas diante das ameaças tanto dos judeus como dos romanos, ele não se intimidava. Mantinha uma atitude de grande liberdade (Lc 13,32;23,9; Jo 19,11;18, 23). Eis algumas críticas de Jesus às autoridades:

* Desautorizou o ensino dos escribas sobre a vinda de Elias (Mc 9,11-13) e sobre a descendência davídica do messias (Mc 12,35-37). Tornou desnecessária a legislação existente sobre a pureza legal, defendida sobretudo pelos fariseus, e anunciava uma nova maneira de se conseguir a pureza (Mc 7,1-23). Alargou as fronteiras do povo de Deus, pois na sua comunidade acolhia publicanos, pecadores, leprosos, possessos, doentes e prostitutas.

* Criticou a inversão da observância do sábado, e colocou-o, novamente, a serviço da vida (Mc 2,27). Chegou a sugerir que proibir a cura de uma pessoa em dia de sábado era o mesmo que matar uma pessoa (Mc 3,4). Criticou e relativizou o Templo, expulsando os vendedores (Mc 11,15-19) e dizendo que Deus podia ser adorado em qualquer lugar (Jo 4,20-24).

* Não teve medo de denunciar a hipocrisia de alguns líderes religiosos: sacerdotes, escribas e fariseus (Mt 23,1-36; Lc 11,37-52; 12,1; Mc 11,15-18). Criticou a ganância deles e a vontade que tinham de aparecer em público e de ocupar os primeiros lugares (Mc 12,38-40). Condenou a pretensão dos ricos (Lc 6,24; 12,13-21; Mt 6,24; Mc 10,25). Não acreditava muito na sua conversão (Lc 16,29-31), embora admitisse que fosse possível pelo poder de Deus (Mt 19,26).

Jesus não só criticou com palavras a maneira como as autoridades exerciam o poder e promoviam a vida comunitária. A própria comunidade que nascia ao seu redor era uma uma denúncia viva, uma alternativa profética sob vários aspectos:

  1. As pessoas que compunham a comunidade eram de vários níveis: publicanos, pescadores, agricultores, artesãos, zelotes. A religião oficial, a cultura, a situação econômica e política causavam conflitos entre estes grupos sociais. Jesus os chama para formar uma comunidade. Este era o grande desafio! Era o mesmo que remar contra a corrente ou andar na contra-mão, tanto da sociedade como da religião! É até hoje o grande desafio dos cristãos! A comunidade deve ser um sinal do Reino, onde é possível unir os contrários em fraternidade sob condição de ambos fazerem a conversão em direção a Deus. É a autoridade de Jesus que consegue esta mudança, não como imposição, mas como compromisso livremente aceito.
  2. Os valores que orientavam a comunidade de Jesus eram o contrário dos valores que orientavam a religião oficial do Templo e a política tanto de Herodes como do Império romano. Na comunidade de Jesus, a posse dos bens era comunitária; eles viviam da partilha, exerciam o poder como serviço, e não se importavam com aquelas normas de pureza que eram contrárias à vida. O povo se reconhecia neles. Assim, dentro da prática de Jesus estava uma semente subversiva, capaz de, a longo prazo, desestabilizar e derrubar os valores ou contra-valores que sustentavam o sistema, mantido pela política do governo de Herodes, e, assim, provar que um outro mundo é possível. Geravam esperança.
  3. O comportamento era de revisão permanente. Não é pelo fato de uma pessoa andar com Jesus e de viver na comunidade que ela já é santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, a mentalidade antiga levantava a cabeça, pois o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15), isto é, a ideologia dominante, tinha raízes profundas na vida daquele povo. Jesus faz todo o possível, para que a pequena comunidade que nasce ao seu redor não se contamine com a concepção da autoridade que caracterizava tanto a religião da época como o Império romano. A conversão que ele pede vai longe e fundo. Ele quer atingir a raíz e erradicar o “fermento”. Eis alguns casos desta maneira fraterna de Jesus exercer a autoridade para corrigir os discípulos.

 

Mentalidade de grupo fechado. 

            Certo dia, alguém que não era da comunidade, usava o nome de Jesus para expulsar os demônios. João viu e proibiu: “Impedimos, porque ele não anda conosco” (Mc 9,38). Em nome da comunidade João impediu uma ação boa! Ele pensava ser dono de Jesus e usou a sua autoridade para proibir que outros usassem o nome dele para realizar o bem. Queria uma comunidade fechada sobre si mesma. Era a mentalidade antiga de "Povo eleito, Povo separado!". Jesus responde: "Não impeçam!... Quem não é contra é a favor!"(Lc 9,39-40). Para Jesus, o que importa não é se a pessoa faz ou não faz parte da comunidade, mas sim se ela faz ou não o bem que a comunidade deve realizar.

 

Mentalidade de grupo que se considera superior aos outros. 

            Certa vez, os samaritanos não queriam dar hospedagem a Jesus. Reação dos discípulos: “Que um fogo do céu acabe com esse povo!”(Lc 9,54). Achavam que, pelo fato de estarem com Jesus, todos deviam acolhê-los. Pensavam ter Deus do seu lado para defendê-los. Era a men­talidade antiga de “Povo eleito, Povo privile­giado!”. Jesus os repreende: "Vocês não sabem de que espírito estão sendo animados"(Lc 9,55)

 

Mentalidade de competição e de prestígio. 

            Os discípulos brigavam entre si pelo primeiro lu­gar(Mc 9,33-34). Era a mentalidade de classe e de competição, que caracterizava a sociedade do Império Romano. Ela já se infil­trava na pequena comunidade que estava apenas começando! Jesus reage e manda ter a menta­lidade contrária : "O primeiro seja o último"(Mc 9, 35). É o ponto em que ele mais insistiu e em que mais deu o próprio testemunho: “Não vim para ser servido, mas para servir”(Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16).

 

Mentalidade de quem marginaliza o pequeno. 

            Os discípulos afastavam as crianças. Era a mentalidade da cultura da época em que criança não contava e devia ser disciplinada pelos adultos. Jesus os repreende:”Deixem vir a mim as crianças!”(Mc 10,14). Ele coloca criança como professora de adulto: “Quem não re­ceber o Reino como uma criança, não pode entrar nele”(Lc 18,17).

 

Mentalidade de quem segue a opinião da ideologia dominante.  

            Certo dia, vendo um cego, os discípulos perguntaram: "Quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?"(Jo 9,2). Como hoje, o poder da opinião pública era muito forte. Fazia todo mundo pensar de acordo com a ideologia dominante. Enquanto se pensa assim não é possível perceber todo o alcance da Boa Nova do Reino. Jesus os ajuda a ter uma visão mais crítica: “Nem ele, nem os pais dele”(Jo 9,3). A resposta de Jesus supõe uma leitura dife­rente da realidade.

            Como no tempo de Jesus, também hoje, através de muitos canais, a mentalidade antiga renasce e reaparece na vida das nossas comunidades. Jesus ajudava os discípulos a mudar de vida e de visão e a continuar na conversão, na formação permanente. Como reagimos e usamos a autoridade para impedir que a mentalidade ateia e secularizada do atual sistema neo-liberal contamine a nossa maneira de conviver?

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

 

Todo silêncio contém um segredo oculto: indescritível e inafavel a partir da razão humana. Ao contrário do mutismo, que não passa de um pseudosilêncio (encerrado em si mesmo e fechado ao diálogo com o outro, desértico, árido e estéril, às vezes destilando veneno, um “gueto impenetrável” que representa a recusa de toda e qualquer comunicação) – o verdadeiro silêncio contém o mistério da Palavra. Calam-se todas as palavras (no plural, com minúscula), para que possa falar a Palavra (no singular, com maiúscula). Jesus Cristo, o “Verbo que se fez carne e armou sua tenda entre nós” é a Revelação de Deus, em seu infinito amor e misericórdia.

Disso resulta que sua mensagem – em gestos ou palavras que, de tão concretas, visíveis e palpáveis, mais parecem gestos – nasça, cresça, se desenvolva e ganhe autoridade no terreno fecundo do silêncio. Somente este silêncio de escuta e contemplação, sempre atento, reverente e respeitoso diante dos desígnios do Pai, poderá engendrar a Palavra viva, livre, libertadora e criativa. A Palavra que renova e anima, conforta e confere novo vigor ao exausto caminheiro. Na visão do teólogo italiano Bruno Forte, por exemplo, enquanto Jesus é a “Palavra Encarnada” e o Espírito Santo o “Encontro”, o Pai continua sendo o “Silêncio”, indefinível e insondável ao conhecimento científico.

E de fato, o silêncio na vida de Jesus nos impressiona e comove.  O profeta de Nazaré proclama a Boa Notícia do Evangelho somente em idade já relativamente adulta, após 30 anos de silenciosa meditação. Mas antes disso, retira-se por 40 dias e 40 noites ao silêncio ermo mas habitado do deserto, onde deverá ser tentado pelo demônio. Criação literária ou não, a simbologia dos 40 dias e 40 noites reflete o poder místico e espiritual do “estar a sós consigo mesmo e com Deus”.

Em seguida, durante seu ministério público itinerante, por diversas vezes Jesus dribla a multidão e os próprios discípulos para retirar-se à montanha, novamente ao deserto ou a um lugar à parte, numa prática permanente de escuta e oração. Impressiona igualmente o silêncio de toda a família de Nazaré, onde Maria, como sublinha o evangelista Lucas por duas vezes “conservava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2, 19.51). José, por sua vez, embora sempre pronto a ouvir os anjos de Deus e por-se em marcha para defender a família, jamais profere uma palavra.

Entre tantos momentos de silêncio, são emblemáticos o momento de oração no Horto das Oliveiras (ou Getsêmani), antes de ser preso e conduzido aos tribunais, como também a atitude de “escrever no chão com o dedo”, no episódio da mulher surpreendida em adultério (Jo 8, 1-11). Neste último caso, Jesus se interpõe entre os fariseus e doutores da lei (juízes) e a acusada (réu). O silêncio de Jesus, que se limita a “escreve no chão” revela-se um verdadeiro espelho para a consciência de todos os presentes. Espelho ainda mais evidente diante das palavras gestadas por esse silêncio:  “Quem de vocês não tiver pecado, atire nela a primeira pedra”. Enquanto Jesus “continua a escrever no chão”, os ouvintes “foram se retirando um a um, a começar pelos mais velhos”.

Silêncio que, além de interpelar a consciência dos próprios doutores da lei e fariseus, inverte os papéis desse, digamos, tribunal improvisado. Se, de um lado, os acusadores (juízes) se convertem em réus, de outro, a acusada (réu) torna-se uma espécie de juíza, mesmo sem proferir qualquer palavra. O silêncio possui este segredo: transmite sentimentos e emoções que as palavras são incapazes de expressar. Outras vezes converte-se em lágrimas, olhares, sorrisos, abraços, gestos, toques... Todos mais eloquentes que qualquer palavra! O final da história é expressivamente comovente: “Eu também não te condeno; podes ir, e nã peques mais”, conclui o Mestre. Palavras de carne e osso, diríamos! Jesus não legitima o pecado, não lhe é cúmplice... Mas acolhe e absolve a pecadora arependida.

De acordo com o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, quadro clínico do Papa Francisco é em progressivo melhoramento e prossegue o tratamento programado.

 

Vatican News

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, divulgou na manhã desta quinta-feira, 30 de março, um novo boletim a respeito da saúde do Pontífice, internado desde ontem no hospital Policlínico Gemelli de Roma:

"Papa Francisco repousou bem durante a noite. O quadro clínico é em progressivo melhoramento e prossegue o tratamento programado. Hoje, depois do café da manhã, leu alguns jornais e retomou o trabalho. Antes do almoço, foi à pequena capela do apartamento particular, onde se recolheu em oração e recebeu a eucaristia."

 

Comunicação precedente

O portavo-voz vaticano comunicou ontem que Francisco foi levado ao hospital depois de se queixar de dificuldades respiratórias. O resultado dos exames evidenciou uma infecção respiratória e se exclui a infecção por Covid 19. O quadro exige alguns dias de terapia médica hospitalar.

O Papa agradece as muitas mensagens recebidas e expressa sua gratidão pela proximidade e oração. Fonte: https://www.vaticannews.va

Na manhã desta quarta-feira o Papa presidiu normalmente a audiência geral com os fiéis reunidos na Praça São Pedro.

 

Vatican News

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, comunica que:

"O Santo Padre se encontra desde a tarde de hoje no Gemelli para alguns controles previamente programados".

Na manhã desta quarta-feira o Papa presidiu normalmente a audiência geral com os fiéis reunidos na Praça São Pedro.

No início da noite (horário de Roma),  Matteo Bruni acrescentou que "nos dias passados, o Papa Francisco se lamentou de algumas dificuldades respiratórias e esta tarde foi até ao Policlínico A. Gemelli para efetuar alguns controles médicos. O resultado evidenciou uma infecção respiratória (exclui-se a infecção de Covid 19), que exigirá alguns dias de adequada terapia médica hospitalar. O Papa Francisco ficou comovido com as muitas mensagens recebidas e expressa sua gratidão pela proximidade e a oração."

Atualizado às 20h50 (horário italiano) de 29 de março de 2023. Fonte: Vatican News

Ainda que permaneça certo desânimo com o que é visto como apatia do ex-presidente, o discurso antipetista alvoroça púlpitos

 

Anna Virginia Balloussier

SÃO PAULO

Após uma ruidosa participação na campanha eleitoral, em que até mentiu sobre uma intimação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que nunca existiu, o pastor André Valadão baixou o tom por um tempo. O entusiasmo por Jair Bolsonaro (PL) desbotou em suas redes sociais.

Valadão chegou a se dizer decepcionado com a letargia do aliado após a derrota para Lula (PT), semanas antes da viagem para os EUA que Bolsonaro fez no epílogo do seu mandato, e da qual ainda não retornou.

Em fevereiro, um seguidor quis saber no Instagram: "O senhor batizaria o Lula?". Líder na Igreja Batista da Lagoinha, baseado na mesma Flórida onde por ora reside o ex-presidente, ele respondeu que sim. "Mas deixa uns 30 segundos ali debaixo d’água para dar uma limpada com força, né?"

Ambígua o bastante para mesclar apologia de violência e proposta evangelizadora, a reação ressuscitou algo nas entranhas do bolsonarismo.

A quem se perguntava se o triunfo lulista marcaria a volta de uma velha disposição fisiológica no segmento, o chiste mostrou que não é bem assim. O persistente mau humor nas igrejas com a esquerda pode sinalizar um ponto de não retorno nessa relação.

Ainda que permaneça certo desânimo com o que é visto como apatia de Bolsonaro nesses primeiros meses fora do cargo, o discurso antipetista ainda alvoraça púlpitos.

Silas Malafaia foi um dos que foi a público criticar o amigo. Mas a mão que apedreja também afaga. "Sou aliado, não alienado. Não tenho Bolsonaro como ídolo. Sei que ele tem defeitos, que tem erros, mas põe na balança o que ele fez nos quatro anos de governo. Ele tem muito mais crédito."

E o ex-mandatário conseguiu uma façanha, diz o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. "É uma coisa rara: o cara é derrotado e continua com maioria absoluta no segmento."

Malafaia, assim como Valadão, costuma se posicionar com mais belicosidade do que outros colegas, é verdade. Como também é fato que alguns líderes ensaiaram uma trégua.

O bispo Edir Macedo, por exemplo, logo depois da eleição falou em perdoar Lula, eleito "por vontade de Deus". As pancadas que o jornal da sua igreja, o Folha Universal, vinha dando na esquerda também murcharam.

Mas "espaços viáveis de conciliação" estão fora do horizonte, afirma o sociólogo Ricardo Mariano, que pesquisa a ascensão evangélica. "A aliança com Bolsonaro robusteceu a radicalização política de grande parte das lideranças, e isso intensificou a oposição ao PT."

Para a cientista política Ana Carolina Evangelista, diretora-executiva do Instituto de Estudos da Religião, pastores bolsonaristas podem até estar "mais calados sobre o apoio a um ex-presidente que saiu do país e nunca mais voltou", mas não silenciaram suas desaprovações a Lula. "Esse elemento é novo. Nas gestões anteriores do PT, a vocalização dessas críticas arrefecia assim que os governos eram eleitos."

Bater em candidaturas tidas como progressistas não é nenhuma novidade. O próprio Lula apanhou um bocado no passado. A Universal de Edir Macedo o comparava ao diabo em 1989. Em 1994, colocou-o na capa de seu jornal e legendou: "Sem ordem e sem progresso".

Tão logo o petista chegou ao Palácio do Planalto, em 2003, vários líderes suspenderam a beligerância e abraçaram o PT, cortesia que se estendeu ao governo Dilma Rousseff. Entre os fatores que colaboraram para o desgaste dessa relação estavam a iminência da perda de poder, na medida em que o impeachment de Dilma se avizinhava, e também o avanço da agenda identitária.

É preciso considerar que o bolsonarismo se retroalimentou desse fenômeno relativamente novo, diz Mariano.

"As disputas morais ganharam relevo nas últimas duas décadas. Em resposta a movimentos feministas e LGBTQIA+, a reivindicações por igualdade de gênero e à aprovação, pelo STF, da união civil de pessoas de mesmo sexo e do aborto de anencéfalos, atores evangélicos radicalizaram seu ativismo político, sobretudo a partir do primeiro governo Dilma, em defesa da conformação do ordenamento jurídico a valores bíblicos."

Deram assim uma contribuição e tanto para a avalanche de manifestações de direita que jorrariam nos anos seguintes, segundo o sociólogo. Bolsonaro pegou carona nesse Zeitgeist em formação, como ao difundir a falsa tese do "kit gay".

Num primeiro momento, o retorno do lulismo pareceu desnortear a cúpula evangélica. Encontrar saídas honrosas para se aliar ao governante da vez costumava ser a praxe no meio. Bússolas para o batalhão de pequenos e médios pastores espalhados pelo país, líderes de envergadura nacional apostaram alto na reeleição de Bolsonaro. Ele perdeu, e eles se viram numa posição que lhes era pouco familiar: oposição.

Para Evangelista, o debate "é menos sobre como se mantém o bolsonarismo e mais sobre como, e se se mantém, o antiesquerdismo". Pastores, afinal, pautam a base, mas também são pautados por ela. Fica insustentável persistir no discurso do medo se lá na ponta os fiéis estão vendo melhoras reais no dia a dia.

"Que políticas deste governo também estão a serviço dessa população e melhoram concretamente suas condições de vida como trabalhadores, mães de família, jovens inseridos nas universidades e no mercado de trabalho? Independentemente de serem evangélicos."

Chegamos então a um impasse. Ainda não há qualquer sinal à vista de que o PT vai conseguir reaver a parceria com as igrejas. Já Bolsonaro ainda é um farol, mas sua moral no segmento caiu no último trimestre.

A Casa Galileia, que monitora redes sociais evangélicas, notou essa retração, diz seu assessor de campanhas, o antropólogo Flávio Conrado.

Os acampamentos em frente a quartéis, que por fim desembocaram nos ataques golpistas de 8 de janeiro, afugentaram parcela dos crentes.

"Alguns já disseram ali ‘perdemos’ e vamos então orar pelo Lula, botar a viola no saco e lidar com a perda. A candidatura de Bolsonaro foi trabalhada como a luta do bem contra o mal, e a derrota causou grande frustração entre os fiéis."

A partida para os EUA, contudo, deixou um vácuo no conservadorismo, afirma Conrado. "Me parece ter uma rearrumação desse campo, esse refluxo. Ele vai continuar sendo a liderança da extrema direita?"

O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), que chegou a posar com petistas e dizer que a omissão do ex-presidente nos últimos tempos "beira a covardia", é um bom exemplo desse pêndulo entre pragmatismo político e óbice ideológico.

"Sem dúvida alguma", diz o membro da bancada evangélica, Bolsonaro ainda é o grande nome para 2026 nos templos. "Ele tem a capacidade da Fênix. Quando todos apostam que agora já era, ele consegue ressurgir. As críticas que ele sofreu, e inclusive fiz parte de algumas delas, não são fator de ruptura."

Retomar uma acomodação com progressistas lhe parece algo improvável, diz. "Antes você não tinha muito bem a compreensão entre direita e esquerda. Com a voz dissonante do bolsonarismo, passou-a se ter a real clareza do que é uma e do que é outra. Por isso acho muito difícil que o lulismo consiga fazer dentro da igreja o que Bolsonaro fez. Era necessário que o PT morresse e ressuscitasse com nova roupagem ideológica."

"Em futuras eleições, continuaremos sendo guiados pelos mesmos princípios que nos trouxeram até aqui, ou seja, mais à direita", afirma o bispo Eduardo Bravo, à frente da Unigrejas, braço da Universal.

Esse nome pode ser Bolsonaro, mas não necessariamente. "Para mim, pessoalmente, mito somente o Senhor Jesus."

Enquanto isso, o efeito rebote vem a mil. Daí o fortalecimento de pautas como o preconceito visto no deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que usou uma peruca para zombar as trans no Dia da Mulher, e no reforço transfóbico do também evangélico senador Magno Malta (PL-ES). Em evento com Michelle Bolsonaro, ele disse que homens nunca terão útero, ataque patente à mulher trans.

Valadão, o pastor que sugeriu deixar Lula um tempinho sob a água para batizá-lo, embarcou na mesma onda. Postou uma montagem da "picanha trans", que "nasceu coxão duro, mas se sente picanha".

"Tá desse jeito", comentou. O futuro do bolsonarismo entre evangélicos está nas mãos de líderes como ele. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

RESSURREIÇÃO E VIDA

Dom Alberto Taveira Corrêa 
Arcebispo de Belém do Pará (PA)

 

“Dá-me de beber uma água viva!” “Eu sou a luz do mundo!” “Eu sou a ressurreição e a vida!” Todos nós, envolvidos na preparação da Páscoa, somos chamados ao novo encontro com Jesus Cristo, nossa Páscoa, nossa esperança. A partir de ângulos diferentes, todos caminhamos para ele, a fim de participarmos com ainda maior intensidade de seu mistério, na graça dos sacramentos da iniciação cristã que recebemos. E nossa Igreja de Belém celebra este tempo especial dando passos na realização de seu Plano de Pastoral, fruto do esforço conjunto, iluminados que fomos pelo Espírito Santo para ser uma Igreja missionária, de portas abertas, dando nossa contribuição para que nossas cidades e nosso tempo se encham da alegria genuína, fruto do mesmo Espírito. 

Hoje vamos apenas acompanhar Jesus e seus discípulos a Betânia (Jo 11,1-45), casa do pobre e da amizade, lugar que podemos imaginar como verdadeiro refúgio, onde se encontravam à vontade. Trata-se de Lázaro, um amigo, daqueles que uma expressão popular diz serem mais queridos do que um irmão! O Senhor fica sabendo de sua enfermidade. Onde se encontrava, permaneceu ainda dois dias, viajando apenas no terceiro dia, certamente um detalhe do autor do Quarto Evangelho para referir-se ao dia da Ressurreição de Jesus, cujo fato aqui descrito é prenúncio e sinal. Os laços de amizade levam Jesus a dirigir-se à Judéia, justamente quando o clima de perseguição se acirrava. De longe, sabe o Senhor que Lázaro morreu. Jesus não se mostra como um taumaturgo, mas como amigo e irmão! Para curar e restaurar, há que começar com um relacionamento humano verdadeiro, pelo que temos muito a aprender, para sanar as feridas físicas, emocionais, psicológicas e espirituais, missão de nossa Igreja! 

O Evangelho fala dos quilômetros de distância entre Jerusalém e Betânia, e Jesus certamente estava mais distante. Noutro texto evangélico (Lc 24, 13-35), distância percorrida com decepções por onze quilômetros se transforma num verdadeiro salto depois da experiência do Ressuscitado em Emaús! Nossa Grande Belém é bem maior do que Nínive, para critérios antigos, “uma cidade fabulosamente grande, do tamanho de uma caminhada de três dias” (Jn 3,3). Não há distâncias intransponíveis para o zelo da nova Evangelização missionária a que somos chamados, a fim de curar o mundo e as pessoas, reconduzindo-as à vida plena!  

É Marta que recebe Jesus, enquanto sua irmã Maria permanece em casa. Uma pequena família, diferenças entre as pessoas, mas ressoa o convite: “O Mestre está aí e te chama”. “Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi ao encontro de Jesus” (Jo 11,28-29). Em voz alta ou ao pé do ouvido, a boa notícia há de percorrer estradas, casas e corações. O problema é quando não levamos o chamado de Jesus, mas nossas pequenas e tão limitadas ideias. Quando a mensagem do Senhor chega, o salto acontece na vida das pessoas. Cuidemo-nos seriamente, para que não sejamos intermediários falsificados! 

Nossa meditação vai com Marta, Maria, Discípulos, uma Multidão de pessoas positivamente incomodadas (“Muitos dos judeus viram o que Jesus fizera e creram nele” – Jo 11,45) e outras curiosas, para chegar à entrada do sepulcro. Aqui, uma cena humana e surpreendente: “Jesus chorou” (Jo 11,35). Para nós e nossa Igreja, fica a lição de humanidade, pois não tratamos das dores humanas como exercício profissional, mas com a sensibilidade da caridade e da atenção! 

Algumas situações, como um morto quatro dias antes (Jo 11,39), podem levar ao desânimo daqueles que pensam não haver soluções. E com Jesus aprendemos que não é verdade o dito de que só com a morte não há jeito, pois nele e com ele sempre ressoará o “Lázaro, vem para fora” (Jo 11,43)! É hora de ampliar nosso horizonte e descobrir o que existe de mais difícil e desafiador em nossa sociedade, para chegar lá com a Evangelização e a Caridade. 

Algum tempo antes desses fatos, Jesus “chamou os doze discípulos e deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos impuros e curar toda sorte de males e enfermidades. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar” (Mt 10, 1.8). De lá para cá, a missão da Igreja (Cf. a proposta do Plano Arquidiocesano de Pastoral para “Curar”) é empenhar-se no “anúncio do Evangelho aos homens do nosso tempo, animados pela esperança, mas ao mesmo tempo torturados muitas vezes pelo medo e pela angústia, um serviço prestado à comunidade dos cristãos, bem como a toda a humanidade” (Cf. Evangelii Nuntiandi, 1). O sentido da vida cristã, seu rosto mais reluzente, encontra-se na caridade. “A caridade é a virtude pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas por ele mesmo, e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus” (Cf. Catecismo da Igreja Católica, 1822). Ao mesmo tempo, “quanto mais o homem fizer o bem, mais livre se torna. Não há verdadeira liberdade senão no serviço do bem e da justiça” (Catecismo da Igreja Católica, 1733).  

O testemunho profético através da caridade e serviço é a marca inseparável da missão da Igreja de “portas abertas”, em saída ao encontro do outro, e disposta a acolher quem chega, pois, considerando-se que, “quando amado, o pobre é estimado como de alto valor” (Evangelii Gaudium, 168), e isto diferencia a autêntica opção pelos pobres de qualquer ideologia, de qualquer tentativa de utilizar os pobres ao serviço de interesses pessoais ou políticos. Unicamente a partir desta proximidade real e cordial é que podemos acompanhá-los adequadamente no seu caminho de libertação. Só isto tornará possível que “os pobres se sintam, em cada comunidade cristã, como ‘em casa’” (Evangelii Gaudium, 199). Nossa Igreja de Belém quer fomentar o ministério da caridade, reorganizar todas as expressões caritativas presentes na Igreja, implantando pastorais sociais e organismos da missão sociotransformadora na Amazônia, sendo presença luminosa nas causas sociais, como “Igreja em saída”. Não há limites ou ambientes em que a Igreja não possa ou não deva estar presente. “Curar” há de ser uma palavra apaixonante, para que o cuidado com pessoas e situações se multiplique entre nós, pois todos nós, batizados, acreditamos que o Senhor Jesus é Ressurreição e Vida! Fonte: https://www.cnbb.org.br

Internautas repercutiram os temas listados e apontaram a intolerância presente em muitos dos tópicos

 

Postagem com 'lista de pecados' viralizou nas redes sociais nesta terça-feira Reprodução / Redes Sociais

 

Por O Globo — Rio de Janeiro

Uma "lista de pecados" entregue durante um retiro de fiéis de uma igreja de São Paulo viralizou nas redes, nesta quarta-feira (22), causando, além de risadas, também muita polêmica. São mais de 100 itens que o frequentador do culto deve preencher no papel, que objetiva medir a quantidade de blasfêmias praticadas por cada um. Entre as "transgressões" estão itens inusitados, como adesão a horóscopo, pirataria, jogos de RPG, intelectualismo e irreverência. O material também traz ataques diretos a outras religiões. Primeira comunhão, crisma, "benzimentos" e umbanda, por exemplo, são colocados como pecados na mesma relação que contém assassinato, estupro, pedofilia e crueldade.

Ainda há itens que apontam como blasfêmias o "homossexualismo" e o "lesbianismo", o que pode ser considerado crime. Além da intolerância religiosa, a homofobia também é infração prevista no Código Penal. A mesma folha traz itens conflitantes, já que a instituição trata a intolerância, o ódio, o racismo, a opressão e o autoritarismo como pecados.

Outros "pecados" listados pela igreja em questão, que não foi identificada pelo autor da postagem, citam questões subjetivas e pouco inteligíveis, como: "intelectualismo", "irreverência", "imprudência", "facção". Outros, adentram a intimidade dos fiéis. Segundo a lista, a religião não permite: pornografia (escrito como "pronografia"), sadomasoquismo, masturbação.

Os jogos de RPG, queridos entre o público jovem, jogados com folhas, tabuleiros e dados, simulando aventuras, são "jogos da morte", segundo a lista e estão no mesmo patamar do sexo com parentes, vício de álcool e drogas e sadismo. Pirataria, também não pode – como também prevê a lei.

À reportagem, a autora da postagem contou que a entrega da lista a um amigo seu ocorreu neste fim de semana em um retiro da igreja que a família dele frequenta. Procurado, o colega não quis dar detalhes sobre como o papel chegou às mãos do fiéis. "Era só pra ser um tweet inocente, não imaginávamos que ia tomar essas proporções", disse. Também publicou:

"Eu não quero que isso chegue nas pessoas da igreja da minha mãe, porque nem todos de lá tem culpa disso. Não quero estressar ninguém, nem trazer olhares tortos para as pessoas que me conhecem de lá. Por favor, tentem entender", disse o amigo.

Após a grande repercussão da lista, que foi parar nos trending topics do Twitter, ambos decidiram bloquear seus perfis e a publicação não está mais disponível.

 

'Quase gabaritamos'

Internautas repercutiram a postagem e brincaram com a situação. "Eu imprimi e pedi aos meus colegas de trabalho para preencher. Quase gabaritaram", escreveu um usuário. "Lesbianismo, ciúmes doentio, RPG, pirataria e horóscopo me quebrou demais", comentou outra conta.

Muitos usuários decidiram marcar a quantidade de "pecados cometidos" e comparar o número alcançado com o dos demais. Internautas também apontaram a intolerância religiosa presente em muitos dos pontos listados.

"O [tópico] sobre orixás foi intolerância religiosa", escreveu uma conta. "Calmaê, primeira comunhão e crisma é pecado? Da última vez que eu vi o código penal religioso, isso daí era pra ser feito por todos os fieis durante a adolescência" comentou outro usuário.  Fonte: https://oglobo.globo.com