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A memória da apresentação da Virgem Maria é celebrada no dia 21 de novembro, quando se comemora um dos momentos sagrados da vida da Mãe de Deus, sua apresentação no Templo por seus pais Joaquim e Ana.
21 novembro 2019
Honramos no dia 21 de novembro a Apresentação de Nossa Senhora no Templo. Esta festa antiguíssima lembra que Nossa Senhora, com três anos de idade, foi levada por seus pais São Joaquim e Santa Ana ao Templo, onde com outras meninas e piedosas mulheres foi instruída cuidadosamente a respeito da fé de seus pais e sobre seus deveres para com Deus.
Historicamente, a origem desta festa foi a dedicação da Igreja de Santa Maria a Nova em Jerusalém, no ano de 543. Comemora-se no Oriente desde o século VI. Dela fala até o Imperador Miguel Comneno na Constituição de 1166. Fonte: https://www.comshalom.org
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Um grupo de católicos conservadores tentou impedir a realização de uma missa em homenagem ao Dia da Consciência Negra na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na Glória, Zona Sul do Rio. A cerimônia tem cantos afro e o toque de atabaques e foi divulgada nas redes sociais da igreja. De acordo com frequentadores da paróquia, o grupo, de cerca de 20 pessoas, tentou impedir o padre de iniciar a celebração. O sacerdote, entretanto, se negou, e a missa foi realizada. Ao final, houve discussão entre o grupo e integrantes da paróquia.
— Eles chegaram antes da missa começar. Vários homens de terno e mulheres de véu. Nunca tínhamos visto essas pessoas aqui. Essa missa afro é feita há 15 anos na igreja. Logo no início da missa o padre fez um discurso dizendo que não estávamos fazendo nada de errado. Eles permaneceram na igreja, filmando tudo. No final, aconteceu a confusão — contou uma frequentadora da paróquia.
Policiais do 2º BPM foram chamados ao local e três homens do grupo que tentou impedir a missa foram conduzidos à 9ª DP (Catete). Fonte: https://extra.globo.com
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Depois de pouco mais de onze horas de viagem, o Papa chegou ao aeroporto de Bangcoc, acolhido pelas autoridades políticas e religiosas. Imediatamente a transferência para a nunciatura para almoço e descanso. Os primeiros compromissos de amanhã, no Palácio do Governo e depois na casa histórica dos monges tailandeses e do seu Patriarca supremo.
Silvonei José - Cidade do Vaticano
Começou com a chegada a Bangkok às 12h02 locais a 32ª Viagem Apostólica o Papa Francisco. Uma viagem longa e exigente que toca primeiramente, até 23 de novembro a Tailândia e depois o Japão até 26. Confirmar na fé o pequeno rebanho de fiéis, apoiar o diálogo e o encontro inter-religioso e promover a paz e a tutela da vida e do ambiente, são as linhas guias do sucessor de Pedro que em ambos os países segue as pegadas do amado João Paulo II.
Programa da visita a Bangcoc
No aeroporto de Bangcoc, Francisco foi recebido oficialmente por um membro do Conselho da Coroa e seis autoridades do país do sudeste asiático, além de bispos e 11 crianças representando as dioceses presentes no território, onde há pouco mais de 300.000 católicos. Um pequeno grupo deles pôde imediatamente saudar o Papa na saída do aeroporto, de onde partiu de carro para a nunciatura, para o almoço e descanso.
Ao longo do trajeto, o ilustre visitante pode sentir a calorosa acolhida dos tailandeses. Ao chegar na Nunciatura, Francisco foi acolhido por alguns seminaristas, noviças e religiosas e por alguns jovens da paróquia que fica logo ao lado, que em vestes tradicionais dançaram para o Pontífice.
Os primeiros compromissos e discursos, 8 apenas na etapa tailandesa, terão início amanhã, 21 de novembro, quando no Brasil serão quase 11 da noite. O Papa será hóspede, na Casa do Governo para a Cerimônia de boas-vindas, do primo-ministro general Prayuth Chan-ocha onde falará perante as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático. Depois, o primeiro encontro inter-religioso desta viagem, com o Patriarca supremo dos budistas Somdej Phra Maha Muneewong, na residência histórica que é o templo Wat Ratchabophit Sathit Maha Simaram e, por volta de 00h50, hora de Brasília, a transferência para o Hospital St. Louis, fundado pelos católicos em 1898 e agora centro médico de excelência, para o encontro com a equipe e o abraço a um grupo de pacientes. O primeiro intenso dia de Francisco em Bangcoc será concluído na tarde tailandesa, com uma visita privada ao Rei e com a primeira missa, no Estádio Nacional da capital, que pode acomodar 65 mil pessoas.
Sexta-feira, 22 de novembro será um dia dedicado, antes de tudo, ao encontro com sacerdotes, religiosos, seminaristas e catequistas, e depois com os bispos tailandeses e asiáticos, que esperam o Papa na paróquia de São Pedro e na adjacente Igreja do Santuário, intitulado ao Beato Nicolas Bunkerd Kitbamrung. Os dois últimos compromissos serão o encontro com os líderes cristãos e de outras religiões, quando no Brasil serão 5h20 da manhã, e depois a Santa Missa com os jovens na catedral da Assunção de Bangcoc. No sábado, dia 23, a transferência para o Japão.
O logotipo da viagem: missão e anúncio
Pequena, mas muito ativa é a comunidade católica que acolhe Francisco na Tailândia, apreciada pela sociedade especialmente no campo da educação, comprometida em diversos níveis no diálogo inter-religioso desde sua chegada a esta terra e enraizada na missão e no anúncio do Evangelho, como é bem representada também no logotipo que acompanha a etapa de Francisco na Tailândia.
Há uma cruz com três velas que simboliza a Trindade como guia dos missionários, e um barco que representa o seu anúncio, na mão da Virgem a quem os religiosos se confiavam durante suas viagens. Dentro da imagem, há também o contexto no qual se realiza a 32ª viagem do Papa, ou seja, o 350º aniversário do vicariato apostólico do Sião (hoje Tailândia) erigido em 1669. Os primeiros missionários a se estabelecerem neste território foram os dominicanos portugueses em 1567, seguidos pelos franciscanos e pelos jesuítas com o objetivo comum de proclamar a Boa Nova. Fonte: https://www.vaticannews.va
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O dia da Consciência Negra, celebrado neste 20 de novembro, o bispo referencial da Pastoral Afro-Brasileira da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Zanoni Demettino Castro, fala do trabalho da pastoral e dos desafios para a questão racial no Brasil e para a Igreja. O arcebispo de Feira de Santana (BA) entende que a Pastoral Afro-Brasileira tem o papel de identificar e elencar as iniciativas dos vários grupos, em prol da população negra, da juventude negra, de resgate e de políticas afirmativas que existem na Igreja no Brasil.
Dom Zanoni defende que é missão de toda a Igreja o cuidado pastoral com a questão racial. “A Pastoral não pode ser ação de um grupo reservado, de uma elite pensante, mas ação da Igreja toda”, argumenta. Em sua avaliação a preocupação com a Pastoral Afro-Brasileira deveria ser transversal à ação de todas as pastorais, organismos e igrejas particulares uma vez que a maioria da população brasileira é constituída de negros segundo aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
“A maioria absoluta de nossa gente é afro-brasileira. Temos presente que a maioria dos pobres é de afrodescendente. Se vamos aos presídios o número de afrodescendente é bem maior. A realidade de extermínio da juventude negra cresce assustadoramente. Como dar uma notícia boa a essa gente? Como ser fiel ao mandato evangelizador do nosso Senhor Jesus? A Pastoral Afro-Brasileira é missão nossa, não só de um grupo, mas de toda a Igreja. Não só de uns bispos, mas de todos os pastores”, disse. Acompanhe, abaixo, a íntegra da entrevista com dom Zanoni.
Qual o panorama da Pastoral Afro-Brasileira?
O Panorama da Pastoral Afro-Brasileira é a missão da Igreja toda. É evangelizar e dar uma notícia boa ao povo brasileiro. A maioria absoluta de nossa gente é afro-brasileira. Uma riqueza de cultura, tradição, música. O modo de viver, compreender o mundo, ter a sua família. Esse povo que foi trazido escravizado da África e obrigado a trabalhar no plantio da cana de açúcar, no cuidado das fazendas e na plantação do café. Uma caminhada, uma história de dor e sofrimento. É essa gente que passou por 300 anos pelo processo de escravidão e até hoje esse crime não foi suficientemente reparado. Como anunciar, ser fiel ao mandato de Jesus, à essa gente.
Temos presente que a maioria dos pobres é afrodescendente. Se vamos aos presídios o número de afrodescendente é bem maior. A realidade de extermínio da juventude afro cresce assustadoramente. O assassinato da juventude negra. Como dar uma notícia boa a essa gente? Como ser fiel ao mandato evangelizador do nosso Senhor Jesus? A Pastoral não pode ser ação de um grupo reservado, de uma elite pensante, mas ação da Igreja toda. Uma pastoral transversal que envolve a Pastoral da Criança, a Pastoral do Menor, a Pastoral da Juventude, Família e Pastoral Vocacional. A Igreja toda, como tem proposto o Papa.
A Igreja toda é chamada a evangelizar, como nos tem proposto o Papa. É preciso escutar, ter presente a realidade concreta das pessoas. Se esse povo não é assumido, como dizia São Gregório Nazianzo, não será redimido. Então, essa é a realidade. Temos esse desafio grande para ser enfrentado.
Quais projetos e linhas de ação da Pastoral Afro-Brasileira?
A Pastoral Afro-Brasileira tem tentado ter presente em cada regional um bispo referencial. Em nosso trabalho com a Pastoral Afro-Brasileira procurarmos perceber aquilo que já existe. Há uma riqueza de trabalho, de iniciativas. Nossa missão é articular, organizar e incentivar.
Esse ano nós temos acompanhado os Congressos das Comunidades Negras e Católicas, pensando a pastoral, tendo presente o desafio que a Igreja enfrenta neste momento. Acompanhado também a irmandades que é a maneira mais tradicional e antiga da catolicidade do povo brasileiro. E perceber também como estar presente e mais próximo das comunidades quilombolas. Esta é uma insistência nossa, que o Sínodo tivesse presente esta realidade tão desafiadora. Esta é a missão nossa, não só de um grupo, mas de toda a Igreja. Não só de uns bispos, mas de todos os pastores. E aquilo que dom Helder no seu belíssimo poema “Mariama”, dizia que toda a Igreja e a CNBB assumisse de cheio a causa do povo negro.
É importante na nossa reflexão pastoral, como nos ensina a Conferência Episcopal de Aparecida, que o povo negro é chamado e já é protagonista da gestação de uma nova cultura e realidade. Tendo presente a riqueza de sua tradição, literatura e sua filosofia. O modo de viver, a culinária, a tradição oral e escrita, o modo de ensinar da agricultura, a música e a compreensão de mundo. Isto marca profundamente. Por isso, que o negro não é só sujeito, como ensina a Igreja, mas protagonista da gestação de um novo tempo, uma nova época, como nos pede a Igreja.
A Pastoral Afro-Brasileira tem uma missão de assessoramento e acompanhamento. Não de fazer no lugar dos pastores, bispos e padres e dos agentes de pastoral. Mas está respaldando as milhares de iniciativas que existem no Brasil. Através do Congresso Nacional das Comunidades Negras de reflexão, de aprofundamento; Por meio das romarias, como a Romaria Nacional de Aparecida (SP), do encontro das irmandades e das comunidades negras e da romaria das comunidades quilombolas. É nosso papel tentar identificar e elencar as iniciativas dos vários grupos, em prol da população negra, da juventude negra, de resgate e de políticas afirmativas. Toda a ação em benefício do povo negro é ação de libertação. Está integralmente na ação pastoral da Igreja.
Sobre a luta racial, quais os desafios brasileiros?
Vivemos um momento difícil no Brasil, de perdas de direito, de ameaças à vida de lideranças. A nossa Constituição Cidadã está sendo desprezada e jogada ao lixo. Cabe a nós, Pastores da Igreja, que assumimos a ação evangelizadora da Igreja nos empenhar seriamente para que a causa do negro, a defesa dos seus direitos, o resgate da sua dignidade esteja na pauta. Na luta constante em defesa de políticas públicas, como aconteceu com a Igreja assumindo a Campanha da Fraternidade. Então é fundamental. A realidade das pessoas não é algo indiferente à ação Evangelizadora. A libertação integral da pessoa humana como nos ensina o magistério da Igreja. O rosto concreto dos afrodescendentes, dos quilombolas, dos ribeirinhos é o rosto do próprio Cristo. Por isto que a missão da Igreja, a missão de Jesus, a missão de anunciar a boa nova aos pobres. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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O Papa Francisco deixou Roma com destino à Tailândia, primeira etapa da sua 32º Viagem Apostólica internacional que o levará ainda ao Japão.
Cidade do Vaticano
O Pontífice partiu do aeroporto de Roma/Fiumicino às 19h15 locais desta terça-feira (19/11) com destino a Bangkok, primeira etapa da sua 32º Viagem Apostólica internacional, onde sua chegada está prevista às 12h30 locais de amanhã quarta-feira (20/11).
Escoltado pela Polícia de Estado e por seguranças do Vaticano, o Ford Fiesta com o Papa Francisco ingressou na área da pista às 18h45, parando junto ao Airbus A-330 batizado "Giovanni Battista Tiepolo". Antes de subir a bordo, o Santo Padre saudou autoridades civis e militares e depois deu a mão aos dois carabineiros em uniforme de gala posicionados junto à escada, subindo então carregando sua maleta preta, como costuma fazer.
Já às 18 horas locais, antes de deixar a Casa Santa Marta no Vaticano para dirigir-se ao aeroporto, o Santo Padre encontrou dez idosos que são acolhidos pelas Pequenas Irmãs dos Pobres, nas adjacências do Vaticano. O grupo estava acompanhado pelo Esmoler, cardeal Konrad Krajewski.
Na manhã desta terça-feira, como de costume, o Papa Francisco foi até à Basílica de Santa Maria Maior, no centro de Roma, para rezar diante do ícone de Maria Salus Populi Romani. A basílica é muito amada pelo Santo Padre, que a visitou diversas vezes. A primeira, no dia seguinte à sua eleição como Papa, em 14 de março de 2013. Na prática, foi sua primeira saída do Vaticano como Pontífice. Como já é de praxe, Francisco vai a Santa Maria Maior antes e após suas viagens ao exterior.
Cada vez que o Papa visita a Basílica coloca um buquê de flores e fica em oração diante do ícone da Salus Popoli Romani (Salvação do povo romano), dentro da capela Borghese (também chamada Paulina) na basílica.
No ícone da Virgem com o Menino nos braços, o Papa vê a fé do povo de Deus que há séculos a ela recorre em tempos de necessidade (por exemplo, durante as pragas), para implorar um sinal de graça do céu, porque "o que é impossível para os homens não é impossível para Deus".
Primeiro dia oficial
O primeiro dia oficial de encontros será na quinta-feira (21/11), começando com a cerimônia de boas-vindas no pátio da Casa do Governo. Segue a visita de cortesia ao primeiro-ministro e o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático, sempre na sede do governo.
Ainda na quinta-feira estão previstos a visita ao patriarca supremo dos budistas e o encontro com os funcionários e doentes do Hospital São Luís. Na parte da tarde, o Papa visita em caráter privado o Rei Maha Vajiralongkorn “Rama X” no Palácio Real e preside à Santa Missa no Estádio Nacional.
Na sexta-feira (22/11) o Pontífice começa suas atividades reunindo-se com os sacerdotes, religiosos e religiosas, seminaristas e catequistas na paróquia São Pedro. Segue o encontro com os bispos da Tailândia e com os bispos asiáticos no Santuário do Beato Nicholas Boonkerd Kitbamrung.
Como faz normalmente, Francisco reserva um momento convivial com os jesuítas e, na parte da tarde, estão previstos o encontro com os líderes cristãos e de outras religiões e a Santa Missa com os jovens.
Mensagem ao povo da Tailândia
Reforçar a amizade com os irmãos budistas que dão testemunho eloquente dos valores da tolerância e da harmonia que caracterizam o povo tailandês”, disse o Papa Francisco na sua mensagem em vídeo divulgada na sexta-feira, 15 de novembro
Falando em espanhol, o Papa começa saudando cordialmente o povo tailandês e destaca a característica “multiétnica e diversificada com ricas tradições espirituais e culturais”. Francisco evidencia também o fato de a Tailândia ter trabalhado muito para “promover a harmonia e a coexistência pacífica, não só entre sua gente, mas também em toda região do Sudeste asiático.
O Papa falou que espera encorajar a comunidade católica local “na sua fé na contribuição que oferecem a toda a sociedade”. E recordou “são tailandeses e devem trabalhar para a própria pátria”.
Francisco afirmou que “espera reforçar as ligações de amizade que compartilhamos com os numerosos irmãos e irmãs budistas que dão testemunho eloquente dos valores da tolerância e da harmonia que caracterizam seu povo”. Fonte: https://www.vaticannews.va
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1) Oração
Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 19, 1-10)
Naquele tempo, 1Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade. 2Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. 3Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. 4Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali. 5Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa. 6Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente. 7Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele vai hospedar-se em casa de um pecador... 8Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo. 9Disse-lhe Jesus: Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão. 10Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No evangelho de hoje, estamos chegando ao fim da longa viagem que começou no capítulo 9 (Lc 9,51). Durante a viagem, não se sabia bem por onde Jesus andava. Só se sabia que ele ia em direção a Jerusalém. Agora, no fim, a geografia fica clara e definida. Jesus chegou em Jericó, a cidade das palmeiras, no vale do Jordão. Última parada dos peregrinos, antes de subir para Jerusalém! Foi em Jericó, que terminou a longa caminhada do êxodo de 40 anos pelo deserto. O êxodo de Jesus também está terminando. Na entrada de Jericó, Jesus encontrou um cego que queria vê-lo (Lc 18,35-43). Agora, na saída da cidade, ele encontra Zaqueu, um publicano, que também queria vê-lo. Um cego e um publicano. Os dois eram excluídos. Os dois incomodavam o povo: o cego com seus gritos, o publicano com seus impostos. Os dois são acolhidos por Jesus, cada um a seu modo.
Lucas 19,1-2: A situação
Jesus entrou em Jericó e atravessava a cidade. "Havia ali um homem, chamado Zaqueu, muito rico, chefe dos publicanos". Publicano era a pessoa que cobrava o imposto público sobre a circulação da mercadoria. Zaqueu era o chefe dos publicanos da cidade. Sujeito rico e muito ligado ao sistema de dominação dos romanos. Os judeus mais religiosos argumentavam assim: “O rei do nosso povo é Deus. Por isso, a dominação romana sobre nós é contra Deus. Quem colabora com os romanos peca contra Deus!” Assim, soldados que serviam no exército romano e cobradores de impostos, como Zaqueu, eram excluídos e evitados como pecadores e impuros.
Lucas 19,3-4: A atitude de Zaqueu
Zaqueu quer ver Jesus. Sendo pequeno, corre na frente, sobe numa árvore e aguarda Jesus passar. É muita vontade de ver Jesus! Anteriormente, na parábola do pobre Lázaro e do rico sem nome (Lc 16,19-31), Jesus mostrava como é difícil um rico se converter e abrir a porta de separação para acolher o pobre Lázaro. Aqui aparece o caso de um rico que não se fecha na sua riqueza. Zaqueu quer algo mais. Quando um adulto, pessoa de destaque na cidade, trepa numa árvore, é porque já nem liga para a opinião dos outros. Algo mais importante o move por dentro. Ele está querendo abrir a porta para o pobre Lázaro.
Lucas 19,5-7: Atitude de Jesus, reação do povo e de Zaqueu
Chegando perto e vendo Zaqueu na árvore, Jesus não pergunta nem exige nada. Apenas responde ao desejo do homem e diz: "Zaqueu, desça depressa! Hoje devo ficar em sua casa!" Zaqueu desceu e recebeu Jesus em sua casa, com muita alegria. Todos murmuravam: "Foi hospedar-se na casa de um pecador!" Lucas diz que todos murmuravam! Isto significa que Jesus estava ficando sozinho na sua atitude de dar acolhida aos excluídos, sobretudo aos colaboradores do sistema. Mas Jesus não se importa com as críticas. Ele vai na casa de Zaqueu e o defende contra as críticas. Em vez de pecador, o chama de “filho de Abraão” (Lc 19,9).
Lucas 19,8: Decisão de Zaqueu
"Dou a metade dos meus bens aos pobres e restituo quatro vezes o que roubei!" Esta é a conversão, produzida em Zaqueu pela acolhida que Jesus lhe deu. Restituir quatro vezes era o que a lei mandava em alguns casos (Ex 21,37; 22,3). Dar a metade dos bens aos pobres era a novidade que o contato com Jesus nele produziu. Era a partilha acontecendo de fato!
Lucas 19,9-10: Palavra final de Jesus
"Hoje, a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão!" A interpretação da Lei pela Tradição antiga excluía os publicanos da raça de Abraão. Jesus diz que veio procurar e salvar o que estava perdido. O Reino é para todos. Ninguém pode ser excluído. A opção de Jesus é clara, seu apelo também: não é possível ser amigo de Jesus e continuar apoiando um sistema que marginaliza e exclui tanta gente. Denunciando as divisões injustas, Jesus abre o espaço para uma nova convivência, regida pelos novos valores da verdade, da justiça e do amor.
Filho de Abraão.
"Hoje, a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão!" Através da descendência de Abraão, todas as nações da terra serão benditas (Gn 12,3; 22,18). Para as comunidades de Lucas, formadas por cristãos tanto de origem judaica como de origem pagã, a afirmação de Jesus chamando Zaqueu de “filho de Abraão”, era muito importante. Nela encontravam a confirmação de que, em Jesus, Deus estava cumprindo as promessas feitas a Abraão, dirigidas a todas as nações, tanto judeus como gentios. Estes são também filhos de Abraão e herdeiros das promessas. Jesus acolhe os que não eram acolhidos. Oferece lugar aos que não tinham lugar. Recebe como irmão e irmã as pessoas que a religião e o governo excluíam e rotulavam como:
* imorais: prostitutas e pecadores (Mt 21,31-32; Mc 2,15; Lc 7,37-50; Jo 8,2-11),
* hereges: pagãos e samaritanos (Lc 7,2-10; 17,16; Mc 7,24-30; Jo 4,7-42),
* impuras: leprosos e possessos (Mt 8,2-4; Lc 17,12-14; Mc 1,25-26),
* marginalizadas: mulheres, crianças e doentes (Mc 1,32; Mt 8,16;19,13-15; Lc 8,2-3),
* pelegos: publicanos e soldados (Lc 18,9-14;19,1-10);
* pobres: o povo da terra e os pobres sem poder (Mt 5,3; Lc 6,20; Mt 11,25-26).
4) Para um confronto pessoal
1-Como nossa comunidade acolhe as pessoas desprezadas e marginalizadas? Somos capazes, como Jesus, de perceber os problemas das pessoas e dar atenção a elas?
2-Como percebemos a salvação entrando hoje na nossa casa e na nossa comunidade? A ternura acolhedora de Jesus provocou uma mudança total na vida de Zaqueu. A ternura acolhedora da nossa comunidade está provocando alguma mudança no bairro? Qual?
5) Oração final
De todo coração te procuro: não me deixes desviar dos teus preceitos. Conservo no coração tuas promessas para não te ofender com o pecado. (Sl 118, 10-11)
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Neste final de semana na cidade de Passa Quatro-MG- Sábado, 16 de novembro-2019, o Frei Petrônio de Miranda, O. Carm/ RJ, celebrou o casamento de Guilherme e Bianca na Igreja de Santa Luzia, em Passa Quatro-MG. Câmera e fotos: Luizinho. Edição: Olhar Jornalístico.
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A liturgia deste domingo reflete sobre o sentido da história da salvação e diz-nos que a meta final para onde Deus nos conduz é o novo céu e a nova terra da felicidade plena, da vida definitiva. Este quadro (que deve ser o horizonte que os nossos olhos contemplam em cada dia da nossa caminhada neste mundo) faz nascer em nós a esperança; e da esperança brota a coragem para enfrentar a adversidade e para lutar pelo advento do Reino.
O Evangelho oferece-nos uma reflexão sobre o percurso que a Igreja é chamada a percorrer, até à segunda vinda de Jesus. A missão dos discípulos em caminhada na história é comprometer-se na transformação do mundo, de forma a que a velha realidade desapareça e nasça o Reino. Esse "caminho" será percorrido no meio de dificuldades e perseguições; mas os discípulos terão sempre a ajuda e a força de Deus.
A segunda leitura reforça a ideia de que, enquanto esperamos a vida definitiva, não temos o direito de nos instalarmos na preguiça e no comodismo, alheando-nos das grandes questões do mundo e evitando dar o nosso contributo na construção do Reino.
LEITURA II - 2Tes 3, 7-12
Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos:
Vós sabeis como deveis imitar-nos,
pois não vivemos entre vós desordenadamente,
nem comemos de graça o pão de ninguém.
Trabalhamos dia e noite, com esforço e fadiga,
para não sermos pesados a nenhum de vós.
Não é que não tivéssemos esse direito,
mas quisemos ser para vós exemplo a imitar.
Quando ainda estávamos convosco,
já vos dávamos esta ordem:
quem não quer trabalhar, também não deve comer.
Ouvimos dizer que alguns de vós vivem na ociosidade,
sem fazerem trabalho algum,
mas ocupados em futilidades.
A esses ordenamos e recomendamos,
em nome do Senhor Jesus Cristo,
que trabalhem tranquilamente,
para ganharem o pão que comem.
AMBIENTE
Continuamos a ler a Segunda Carta aos Tessalonicenses. O seu autor dirige-se - como já vimos nos domingos anteriores - a uma comunidade que vive com entusiasmo a sua fé e que dá um testemunho vigoroso e comprometido da sua adesão ao Evangelho de Jesus, mesmo no meio das dificuldades e das perseguições... No entanto, a partida precipitada de Paulo (que teve de deixar Tessalônica à pressa para fugir a uma cilada armada contra ele pelos judeus da cidade) não permitiu que a catequese ficasse completa e que certas questões de fé fossem suficientemente desenvolvidas e amadurecidas. Uma dessas questões - que inquietava grandemente os tessalonicenses - era a da segunda vinda do Senhor.
Nesta carta percebe-se, claramente, que alguns cristãos de Tessalônica, persuadidos de que a vinda do Senhor estava muito próxima, viviam "nas nuvens", negligenciando os seus deveres de todos os dias (2 Tes 2,1-2). Agora, a única coisa que faz sentido - dizem eles - é ter os braços, os olhos e o coração voltados para o céu, esperando a vinda gloriosa do Senhor. Esta atitude compreende-se ainda melhor à luz da antropologia grega, segundo a qual o homem deve viver voltado para o mundo ideal e espiritual, fugindo o mais possível do terreno e material; o trabalho manual - de acordo com esta perspectiva - é degradante, sem valor algum para a construção da pessoa e deve ser evitado a todo o custo... É este o enquadramento da nossa leitura.
MENSAGEM
O autor da Segunda Carta aos Tessalonicenses rejeita totalmente esta concepção e a atitude daqueles que - com a desculpa da iminência da vinda do Senhor - vivem ocupados com futilidades e não fazem nada de útil. Nas entrelinhas percebemos a perspectiva de inspiração semita, segundo a qual a condição corporal do homem não é um castigo; portanto, o trabalho manual não envelhece, mas dignifica.
De resto, o autor da carta dá como exemplo o próprio Paulo: ele nunca escolheu a ociosidade, nem viveu à custa de quem quer que fosse ("trabalhamos noite e dia com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós" - vers. 8); até mesmo durante as suas viagens missionárias, Paulo nunca aceitou qualquer pagamento - o que mostra que o seu amor pelos cristãos e pelas comunidades é sincero e nunca teve qualquer interesse material.
O tom desta passagem é exigente, solene, autoritário, pois está em jogo algo de fundamental - a harmonia da comunidade. É que, se numa comunidade houver parasitas que vivem à custa dos demais, rapidamente a comunidade chegará a uma situação insustentável: o equilíbrio romper-se-á, surgirão os conflitos, as acusações, as divisões e a fraternidade será uma miragem. Viver em comunidade exige a repartição equitativa dos recursos a que a comunidade tem acesso; mas exige, também, a responsabilização de todos os membros, a fim de que todos ponham ao serviço dos irmãos os próprios dons e contribuam para a construção, para o equilíbrio e para a harmonia comunitárias.
ATUALIZAÇÃO
Considerar os seguintes pontos:Ao contrário do que dizem alguns "iluminados", o cristianismo não fomenta a evasão deste mundo, nem pretende fazer alienados que vivam de olhos postos no céu e passem ao lado das lutas dos outros homens... Pelo contrário, o cristianismo vivido com verdade, seriedade e coerência potência um empenhamento sincero na construção de um mundo mais justo e mais fraterno, todos os dias, vinte e quatro horas por dia. O "Reino de Deus" é uma realidade que atingirá o ponto culminante na vida futura; mas começa a construir-se aqui e agora e exige o esforço e o empenho de todos. A minha atitude é a de quem se comprometeu com o "Reino" e procura construí-lo em cada instante da sua existência?
Nas comunidades cristãs encontramos, com frequência, pessoas que falam muito e mandam muito, mas fazem muito pouco e, muitas vezes, ainda se aproveitam dos trabalhos dos outros para se enfeitar de louros... Também encontramos aqueles que são apenas "consumidores passivos" daquilo que a comunidade constrói, mas não se esforçam minimamente por colaborar. Qual é a minha atitude face a isto? Dou o meu contributo na construção da comunidade? Ponho a render os meus dons?
A Palavra interpela também as comunidades religiosas... A vida religiosa pode ser apenas uma vida cômoda (com cama, mesa e roupa lavada garantidas) para pessoas que gostam de viver instaladas, arrumadas, sem ambições... É preciso cuidado para não nos tornarmos parasitas da sociedade (e, muitas vezes, de pessoas que vivem muito pior do que nós e que ainda partilham conosco o pouco que têm): a nossa missão é tornarmo-nos "sinais" que anunciam o mundo novo e trabalhar para que esse mundo novo seja uma realidade.
*LEIA A REFLEXÃO NA ÍNTEGRA. Clique no link- EVANGELHO DO DIA- AO LADO
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1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 26-37)
Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos: 26Como ocorreu nos dias de Noé, acontecerá do mesmo modo nos dias do Filho do Homem. 27Comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Veio o dilúvio e matou a todos. 28Também do mesmo modo como aconteceu nos dias de Lot. Os homens festejavam, compravam e vendiam, plantavam e edificavam. 29No dia em que Lot saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do céu, que exterminou todos eles. 30Assim será no dia em que se manifestar o Filho do Homem. 31Naquele dia, quem estiver no terraço e tiver os seus bens em casa não desça para os tirar; da mesma forma, quem estiver no campo não torne atrás. 32Lembrai-vos da mulher de Lot. 33Todo o que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á; mas todo o que a perder, encontrá-la-á. 34Digo-vos que naquela noite dois estarão numa cama: um será tomado e o outro será deixado; 35duas mulheres estarão moendo juntas: uma será tomada e a outra será deixada. 36Dois homens estarão no campo: um será tomado e o outro será deixado. 37Perguntaram-lhe os discípulos: Onde será isto, Senhor? Respondeu-lhes: Onde estiver o cadáver, ali se reunirão também as águias. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje continua a reflexão sobre a chegada do fim dos tempos e traz palavras de Jesus sobre como preparar-se para a chegada do Reino. Era um assunto quente que, naquele tempo, provocava muita discussão. Quem determina a hora da chegada do fim é Deus. Mas o tempo de Deus (kairós) não se mede pelo tempo do nosso relógio (chronos). Para Deus, um dia pode ser igual a mil anos, e mil anos igual a um dia (Sl 90,4; 2Pd 3,8). O tempo de Deus corre invisível dentro do nosso tempo, mas independente de nós e do nosso tempo. Nós não podemos interferir no tempo, mas devemos estar preparados para o momento em que a hora de Deus se fizer presente dentro do nosso tempo. Pode ser hoje, pode ser daqui a mil anos. O que dá segurança, não é saber a hora do fim do mundo, mas sim a certeza da presença da Palavra de Jesus presente na vida. O mundo passará, mas a palavra dele jamais passará (cf Is 40,7-8).
Lucas 17,26-29: Como nos dias de Noé e de Ló
A vida corre normalmente: comer, beber, casar, comprar, vender, plantar, colher. A rotina pode envolver-nos de tal modo que já não conseguimos pensar em outra coisa, em mais nada. E o consumismo do sistema neoliberal contribui para aumentar em muitos de nós esta total desatenção à dimensão mais profunda da vida. Deixamos o cupim entrar na viga da fé que sustenta o telhado da nossa vida. Quando tempestade derrubar a casa, muitos dão a culpa ao carpinteiro: “Mau serviço!” Na realidade, a causa da queda foi a nossa desatenção prolongada. A alusão à destruição de Sodoma como figura do que vai acontecer no fim dos tempos, é uma alusão à destruição de Jerusalém pelos romanos no ano 70 dC (cf Mc 13,14).
Lucas 17,30-32: Assim será nos dias do Filho do Homem
“O mesmo acontecerá no dia em que o Filho do Homem for revelado”. Difícil para nós imaginar o sofrimento e o trauma que a destruição de Jerusalém causou nas comunidades, tanto dos judeus como dos cristãos. Para ajudá-las a entender e a enfrentar o sofrimento, Jesus usa comparações tiradas da vida: “Nesse dia, quem estiver no terraço, não desça para apanhar os bens que estão em casa, e quem estiver nos campos não volte para trás”. A destruição virá com tal rapidez que não vale a pena descer para casa para buscar alguma coisa dentro da casa (Mc 13,15-16). “Lembrem-se da mulher de Ló” (cf. Gn 19,26), isto é, não olhem para trás, não percam tempo, tomem a decisão e vão em frente: é questão de vida ou de morte.
Lucas 17,33: Perder a vidas para ganhá-la
“Quem procura ganhar a sua vida, vai perdê-la; e quem a perde, vai conservá-la”. Só se sente realizada na vida a pessoa que for capaz de doar-se inteiramente pelos outros. Perde a vida quem quer conservá-la só para si. Este conselho de Jesus é a confirmação da mais profunda experiência humana: a fonte da vida está na doação da vida. É dando que se recebe. “Eu garanto a vocês: se o grão de trigo não cai na terra e não morre, fica sozinho. Mas se morre, produz muito fruto” (Jo 12,24). Importante é a motivação que o Evangelho de Marcos acrescenta: “Por causa de mim e por causa do Evangelho” (Mc 8,35). Dizendo que ninguém é capaz de conservar sua vida com seu próprio esforço, Jesus evoca o salmo onde se diz que ninguém é capaz de pagar o preço do resgate da vida: “O homem não pode comprar seu próprio resgate, nem pagar a Deus o preço de si mesmo. É tão caro o resgate da vida, que nunca bastará para ele viver perpetuamente, sem nunca ver a cova”. (Sl 49,8-10).
Lucas 17,34-36: Vigilância
“Eu digo a vocês: nessa noite, dois estarão numa cama. Um será tomado, e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo juntas. Uma será tomada, e a outra deixada. Dois homens estarão no campo. Um será levado, e o outro será deixado". Evoca a parábola das dez moças. Cinco eram prudentes e cinco eram bobas (Mt 25,1-11). O que importa é estar preparado. As palavras “Um será tomado, e o outro será deixado” evocam as palavras de Paulo aos Tessalonicenses (1Tes 4,13-17), quando diz que, na vinda do Filho do homem, seremos arrebatados ao céu junto com Jesus. Estas palavras “deixados para trás” forneceram o título para um terrível e perigoso romance da extrema direita fundamentalista dos Estados Unidos: “Lefted behind!” Este romance não nada tem a ver com o sentido real das palavras de Jesus:
Lucas 17,37: Onde e quando?
“Os discípulos perguntaram: "Senhor, onde acontecerá isso?" Jesus respondeu: "Onde estiver o corpo, aí se reunirão os urubus". Resposta enigmática. Alguns acham que Jesus evoca a profecia de Ezequiel, retomada no Apocalipse, na qual o profeta se refere à batalha vitoriosa final contra os poderes do mal. As aves de rapina ou os urubus serão convidadas para comer a carne dos cadáveres (Ez 39,4.17-20; Ap 19,17-18). Outros acham que se trata do vale de Josafá, onde será realizado o juízo final conforme a profecia de Joel (Joel 4,2.12). Outros ainda acham que se trata simplesmente de um provérbio popular que significava mais ou menos o mesmo que diz o nosso provérbio: “Onde tem fumaça, tem fogo!”
4) Para um confronto pessoal
1) Sou dos tempos de Noé e de Ló?
2) Romance da extrema direita. Como me situa diante desta manipulação política da fé em Jesus?
5) Oração final
Felizes os que procedem com retidão, os que caminham na lei do Senhor. Felizes os que guardam seus testemunhos e o procuram de todo o coração. (Sl 118, 1-2)
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Tecnologia permite identificar assiduidade e até emoção dos fiéis durante cultos sem consentimento expresso.
A reportagem é de Ethel Rudnitzki, publicada por Agência Pública, 13-11-2019. Entre os dias 17 e 20 de outubro de 2019, o Centro de Exposições Anhembi, na zona norte de São Paulo, sediou a 15ª ExpoCristã – maior evento voltado para o público cristão da América Latina. Entre shows de música gospel, simulações virtuais de episódios bíblicos e estandes de editoras evangélicas, duas empresas se destacaram com produtos na área de tecnologia.
Com o slogan “mude a maneira de operar sua igreja”, a Kuzzma, empresa estrangeira de inteligência artificial, lançou seu serviço de reconhecimento facial voltado para igrejas no Brasil. Em um estande luxuoso, revendedores associados apresentaram a tecnologia para pastores interessados. O CEO da empresa, Marcelo Scharan, ainda realizou uma palestra intitulada “Personalização, dados e igreja” no primeiro dia de evento.
O serviço de reconhecimento facial também estava sendo vendido pela brasileira Igreja Mobile durante o evento. “Hoje em dia quem não deseja ter o controle do seu ambiente? De quem entra e quem sai? Nas igrejas nós constatamos que eles queriam muito saber disso e por isso trouxemos essa tecnologia”, explica Luís Henrique Sabatine, diretor de desenvolvimento da empresa, que oferece ainda o serviço de transmissão ao vivo de cultos e eventos religiosos.
Vigilância em nome de Deus
Segundo o site da Kuzzma, o reconhecimento facial funciona a partir de uma câmera panorâmica de alta resolução instalada nas igrejas, identificando informações pessoais e assiduidade dos fiéis nos cultos. A partir disso, são gerados relatórios para cada pessoa, incluindo estatísticas sobre seu comportamento e até avisando em casos de atividade considerada anormal. “Dados como sexo, idade, frequência, horário de chegada, motivos prováveis de atraso e muitos outros são analisados e apresentados em relatórios. Conseguimos definir em nossas métricas até mesmo se alguém precisa de uma visita pastoral”, disse o CEO da empresa em entrevista à ExpoCristã.
Representantes da empresa, no entanto, não quiseram dar entrevista para a Agência Pública a fim de esclarecer as dúvidas no serviço. “A Kuzzma optou por não falar publicamente sobre o assunto, por se tratar de um tema delicado”, afirmou por e-mail o vendedor Rafael Melo.
A empresa começou a oferecer o reconhecimento facial no Brasil em outubro e não divulgou clientes ou parcerias. Segundo o site em inglês, o preço do serviço varia conforme o número de eventos em que será utilizado e o número de câmeras, começando com uma mensalidade de US$ 200 para um evento por semana com uma câmera instalada.
No Brasil, a empresa é representada por Marcelo Scharan Augusto, sócio das empresas Eletrica Stillo Ltda., de material elétrico, e Pier Cloud Consultoria Eireli, de serviços de hospedagem em internet e provedor de dados. Não é possível encontrar a representação estrangeira da Kuzzma, e seu site não está registrado no domínio de nenhum país. O endereço https://54.85.50.60 leva o usuário à página da empresa, sem informações para contato.
De maneira parecida, a concorrente oferece o serviço de reconhecimento facial voltado para eventos cristãos há cerca de um ano. A Igreja Mobile utiliza software da TecVoz, empresa de segurança eletrônica, mas com especificidades voltadas para as necessidades das igrejas.
Uma câmera comum captura as imagens e as envia para um computador capaz de reconhecer rostos e mais informações sobre essas pessoas. “Nós conseguimos definir para o cliente a assiduidade do usuário, contagem de pessoas, humor do usuário, se ele está feliz, se está triste, se está angustiado, com medo. Nós conseguimos definir isso tudo”, explica o diretor de desenvolvimento, Luís Henrique Sabatine.
A Igreja Mobile oferece relatórios de quantidade de pessoas presentes, gênero, idade média dos fiéis, assiduidade e análise de sentimento, conforme divulgado no próprio site. Os preços dos pacotes variam e não são divulgados pela empresa.
Segundo Sabatine, cerca de 40% dos clientes da Igreja Mobile – 160 igrejas – utilizam o serviço de reconhecimento facial. O resto utiliza apenas o serviço de transmissão ao vivo dos cultos oferecido pela empresa, que não quis dar nome aos clientes.
A Igreja Mobile pertence a Flávio Carrer Domingues e Rita Cardamone e foi fundada no final de 2018 com o serviço de transmissão ao vivo para igrejas. No início de 2019 começaram a oferecer o reconhecimento facial. Segundo o diretor de desenvolvimento da empresa, “o ponto diferencial é o nicho [cristão], realmente”.
Carrer e Cardamone são evangélicos. Rita é diretora regional da Jethro Internacional, faculdade americana de capelania e inteligência espiritual, no Recreio, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro e sócia de uma empresa de venda de cursos. Já ele é sócio da Carrer e Dom Segurança Eletrônica e Automação.
Igrejas vigilantes
A Igreja Evangélica Projeto Recomeçar, localizada no bairro de Xerém, na zona oeste do Rio de Janeiro, é uma das clientes da Igreja Mobile. O pastor responsável, Cláudio Duarte, fez vídeo promovendo a empresa nas redes sociais. “A Igreja Mobile é um produto que permitirá sua mensagem chegar em lugares que você nunca imaginaria”, diz.
Segundo Sabatine, foi o próprio pastor que trouxe a demanda pela tecnologia de reconhecimento facial. “Nas conversas e trocas de ideia, ele [pastor Cláudio Duarte] tocou nesse assunto e nós gostamos bastante e implementamos”, conta.
O Projeto Recomeçar utiliza a tecnologia desde o início de 2019, sendo um dos primeiros clientes, e avalia o serviço positivamente. “Nós utilizamos [o reconhecimento facial] para dar uma maior assistência aos membros que não estão vindo aos cultos”, conta Caio Duarte, responsável pela área de TI da igreja.
Em São Paulo, a Igreja da Restauração, na zona norte da cidade, começou recentemente a utilizar a tecnologia para controle de público. “A gente fica sabendo em média quantas pessoas vêm em cada culto semanal. Pra gente é bem importante ter esse retorno”, relata Sabrina Marciano, da comunicação da igreja.
Outros clientes da Igreja Mobile disseram não utilizar o reconhecimento facial, mas têm interesse em implementar em breve. É o caso da comunidade evangélica Estrela da Manhã, que por enquanto só realiza as transmissões ao vivo.
“O trabalho que eles nos apresentaram é um trabalho que ajuda bastante porque você tem como saber quantos membros estão [no culto], quantas vezes o membro veio pra igreja, quantas vezes o membro não veio. Isso, para a mensagem da igreja, ajuda muito. E também a possibilidade de conseguir fazer a pessoa ofertar, da pessoa dizimar”, conta Lilian Ietto, representante da Estrela da Manhã.
Coleta sem consentimento
Segundo o diretor de desenvolvimento da Igreja Mobile, a tecnologia de reconhecimento facial oferecida precisa ser alimentada com dados de fiéis, como nome e foto, para poder gerar os relatórios individuais para cada um. Nesse momento de registro, os fiéis assinam termo consentindo o uso dos dados pela igreja. “A gente leva os membros, eles registram a face no nosso software lá e assinam o termo dizendo que a igreja irá utilizar da imagem dele para o reconhecimento facial, porque o banco de dados não fica com a Igreja Mobile. Isso fica com o cliente”, esclarece.
No entanto, nem a Igreja da Restauração nem o Projeto Recomeçar firmaram termo de uso de dados com os fiéis. “A gente anunciava nos cultos, mas nada de assinatura”, admite Sabrina Marciano, justificando que a igreja se encontra em reforma e que posteriormente isso será implementado.
A reportagem pediu acesso ao contrato citado, mas a Igreja Mobile preferiu não compartilhar.
Para o técnico de TI do projeto Recomeçar, o consentimento dos fiéis fica expresso no momento em que eles fazem cadastro com foto no software da Igreja Mobile. “Creio que isso já seja um termo de que elas aceitam.”
Especialista em uso de dados pessoais, Joana Varon, diretora da organização Coding Rights (Direitos de Código, em tradução livre), explica que esse tipo de consentimento não é suficiente. Para ela, o fiel que já frequenta a igreja pode se sentir coagido a aceitar os termos caso deseje continuar frequentando os cultos. “As pessoas vão deixar de ir ao culto? Elas têm essa opção se elas já fazem parte da igreja? É preciso estar em uma posição em que seu consentimento ou não não limite o seu acesso”, defende.
Além disso, Joana lembra que informações biométricas, como o reconhecimento facial, são consideradas “sensíveis” pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPDP). Também merecem atenção especial pela legislação brasileira os dados relacionados à convicção religiosa ou filiação a organização de caráter religioso.
A LGPDP, ou Lei nº 13.709/2018, determina que dados pessoais sensíveis só poderão ser utilizados “quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma específica e destacada, para finalidades específicas”, ou em hipóteses extremas como o cumprimento de obrigações legais. Dessa forma, o consentimento não formal, como os citados pelas igrejas, não é suficiente. “A gente tem que saber muito claramente para que fins é a coleta de todos esses dados”, explica Joana.
Inspiração estrangeira
O reconhecimento facial de fiéis não é exclusividade brasileira. Ainda em 2015, uma empresa especializada nessa tecnologia chamada Face-Six, com sede em Israel e em Las Vegas, nos EUA, criou um software especializado para igrejas: o ChurchIX.
A empresa foi fundada por Moshe Greenshpan e a tecnologia já foi instalada em mais de 200 igrejas pelo mundo. No Brasil, o ChurchIX ainda não chegou, mas não por falta de interesse. “Nós temos grande interesse pelo Brasil, mas tivemos obstáculos com o preço do serviço. Agora, oferecemos uma solução com melhor custo-benefício que pode solucionar esse problema”, declarou em nota à Pública.
Em entrevista ao Washington Post, Greenshpan disse que a tecnologia pode ser útil para igrejas controlarem melhor seu público e impacto, além de conseguir retorno financeiro. “Se as igrejas virem que um membro vai frequentemente ao culto, elas vão se sentir mais confortáveis para ligar para ele e pedir doações.”
Segundo a empresa, o ChurchIX é um software bem parecido com o utilizado para fins de segurança, mas possui ferramentas especiais voltadas para monitorar a assiduidade dos fiéis. A tecnologia pode ser aplicada a qualquer câmera, mas funciona melhor com imagens de alta resolução.
Também não é necessária uma base de dados prévia para que o reconhecimento facial seja feito. O software reconhece faces repetidas e cria usuário mesmo sem saber o nome da pessoa, que pode ser incluído pela igreja depois.
A Face-Six ainda admite que na maioria dos casos o reconhecimento facial seja feito sem o consentimento dos fiéis. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 20-25)
Naquele tempo, 20Os fariseus perguntaram um dia a Jesus quando viria o Reino de Deus. Respondeu-lhes: O Reino de Deus não virá de um modo ostensivo. 21Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está no meio de vós. 22Mais tarde ele explicou aos discípulos: Virão dias em que desejareis ver um só dia o Filho do Homem, e não o vereis. 23Então vos dirão: Ei-lo aqui; e: Ei-lo ali. Não deveis sair nem os seguir. 24Pois como o relâmpago, reluzindo numa extremidade do céu, brilha até a outra, assim será com o Filho do Homem no seu dia. 25É necessário, porém, que primeiro ele sofra muito e seja rejeitado por esta geração. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma discussão entre Jesus e os fariseus sobre o momento da vinda do Reino. Os evangelhos de hoje e dos próximos dias tratam da chegada do fim dos tempos.
Lucas 17,20-21: O Reino no meio de nós
“Os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: "O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: Está aqui ou: está ali, porque o Reino de Deus está no meio de vocês". Os fariseus achavam que o Reino só poderia vir depois que povo tivesse chegado à perfeita observância da Lei de Deus. Para eles, a vinda do Reino seria a recompensa de Deus pelo bom comportamento do povo, e o messias viria de maneira bem solene como um rei, recebido pelo seu povo. Jesus diz o contrário. A chegada do Reino não pode ser observada como se observa a chegada dos reis da terra. Para Jesus, o Reino de Deus já chegou! Já está no meio de nós, independente do nosso esforço ou mérito. Jesus tem outro modo de ver as coisas. Tem outro olhar para ler a vida. Ele prefere o samaritano que vive na gratidão aos nove que acham que merecem o bem que recebem de Deus (Lc 17,17-19).
Lucas 17,22-24: Sinais para reconhecer a vinda do Filho do Homem
"Chegarão dias em que vocês desejarão ver um só dia do Filho do Homem, e não poderão ver. Dirão a vocês: 'Ele está ali' ou: 'Ele está aqui'. Não saiam para procurá-lo. Pois como o relâmpago brilha de um lado a outro do céu, assim também será o Filho do Homem”. Nesta afirmação de Jesus existem elementos que vem da visão apocalíptica da história, muito comum nos séculos antes e depois de Jesus. A visão apocalíptica da história tem a seguinte característica. Em épocas de grande perseguição e de opressão, os pobres têm a impressão de que Deus perdeu o controle da história. Eles se sentem perdidos, sem horizonte e sem esperança de libertação. Nestes momentos de aparente ausência de Deus, a profecia assume a forma de apocalipse. Os apocalípticos, procuram iluminar a situação desesperadora com a luz da fé para ajudar o povo a não perder a esperança e para continuar com coragem na caminhada. Para mostrar que Deus não perdeu o controle da história, eles descrevem as várias etapas da realização do projeto de Deus através da história. Iniciado num determinado momento significativo no passado, este projeto de Deus avança, etapa após etapa, através da situação presente vivida pelos pobres, até à vitória final no fim da história. Deste modo, os apocalípticos situam o momento presente como uma etapa já prevista dentro do conjunto mais amplo do projeto de Deus. Geralmente, a última etapa antes da chegada do fim costuma ser apresentada como um momento de sofrimento e de crise, do qual muitos tentam se aproveitar para iludir o povo dizendo: “Ele está ali' ou: 'Ele está aqui'. Não saiam para procurá-lo. Pois como o relâmpago brilha de um lado a outro do céu, assim também será o Filho do Homem” Tendo olhar de fé que Jesus comunica, os pobres vão poder perceber que o reino já está no meio deles (Lc 17,21), como relâmpago, sem sombra de dúvida. A vinda do Reino traz consigo sua própria evidência e não depende dos palpites e prognósticos dos outros.
Lucas 17,25: Pela Cruz até à Glória
“Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”. Sempre a mesma advertência: a Cruz, escândalo para judeus e loucura para os gregos, mas para nós expressão da sabedoria e do poder de Deus (1Cor 1,18.23). O caminho para a Glória passa pela cruz. A vida de Jesus é o nosso cânon, é a norma canônica para todos nós.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus diz: “O reino está no meio de vós!” Você já encontrou algum sinal da presença do Reino em sua vida, na vida do seu povo ou na vida da sua comunidade?
2) A cruz na vida. O sofrimento. Como você vê o sofrimento, o que faz com ele?
5) Oração final
O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos oprimidos, dá alimento a quem tem fome. O Senhor livra os prisioneiros. (Sl 145, 6b-7)
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O País não pode esperar! Bispos do Chile divulgam mensagem contra a violência.
O site oficial da Conferência Episcopal do Chile traz, em vídeo, uma mensagem dos bispos sobre a situação de violência no país que entra na sua quarta semana com protestos e barricadas, mortos e feridos, denúncias de torturas e abusos. A declaração leva o título de: “Chile não pode esperar!”. Nesta terça-feira (12), o país teve greve geral.
Andressa Collet - Cidade do Vaticano
Os bispos e administradores da Conferência Episcopal do Chile divulgaram nesta terça-feira (12), por ocasião da sua assembleia plenária e no dia em que o país teve greve geral com novos protestos e barricadas, uma mensagem em vídeo sobre a situação de violência que vive o país. A declaração leva o título de: “Chile não pode esperar!”.
A mensagem é dirigida a quem tem “responsabilidade política e social” e a todos “os homens e mulheres de boa vontade”. Neste momento complexo da história do Chile, em meio a uma crise que entra na sua quarta semana com mortos e feridos, denúncias de tortura e abusos, os bispos “humildemente” apelam “à generosidade de todos para dar prioridade” ao “bem comum da pátria”.
Por amor à pátria, basta violência
“Por amor à nossa pátria, terminemos com a violência!”, afirmam com ênfase os pastores do Chile, diante de “denúncias por violações aos direitos humanos, pessoas falecidas, feridas, vandalismo, saques, destruição de infraestrutura pública e privada”. A Conferência Episcopal pede “com força e insistência que cesse todo tipo de violência, venha de onde vier”.
A exortação pelo diálogo nacional
“O respeito e o diálogo são hoje uma urgência!”, recordam mais uma vez os bispos, sobretudo diante do atual cenário de reflexão sobre uma nova constituição, um processo para mudar àquela herdada da ditadura de Augusto Pinochet, chamada de “mãe das desigualdades” por parte de manifestantes e especialistas. A Câmara dos Deputados do país aprovou a convocação de uma votação em 90 dias para saber se a população concorda com a elaboração de uma nova Carta Magna.
O diálogo exortado deve ser, porém, “nacional e sem exclusões, amplo, participativo e diverso, que não integre somente os atores políticos, mas também todos os homens e mulheres de boa vontade”. Além disso, que também se escute quem faz parte dos movimentos e organizações sociais, já que a “amizade cívica, a justiça e o respeito à institucionalidade são a condição essencial da convivência e da reconstrução do tecido social”.
Dessa forma, concluem os bispos em mensagem, a exortação é para a paz porque o “Chile não pode esperar!”. A Conferência Episcopal acredita que todos precisam fazer os melhores esforços “para derrubar os muros que nos separam, e erguer as pontes” que permitam a construção de um pacto social que conduza a um futuro com mais justiça, paz e dignidade, “onde ninguém se sinta excluído do desenvolvimento humano integral”. Fonte: www.vaticannews.va
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1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 11-19)
11Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava pelos confins da Samaria e da Galiléia. 12Ao entrar numa aldeia, vieram-lhe ao encontro dez leprosos, que pararam ao longe e elevaram a voz, clamando: 13Jesus, Mestre, tem compaixão de nós! 14Jesus viu-os e disse-lhes: Ide, mostrai-vos ao sacerdote. E quando eles iam andando, ficaram curados. 15Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz. 16Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradecia. E era um samaritano. 17Jesus lhe disse: Não ficaram curados todos os dez? Onde estão os outros nove? 18Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus?! 19E acrescentou: Levanta-te e vai, tua fé te salvou. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 17,11-19
No Evangelho de hoje, Lucas conta como Jesus curou dez leprosos, mas um só veio agradecer. E este era um samaritano! A gratidão é um outro tema muito próprio de Lucas: viver em gratidão e louvar a Deus por tudo que dele recebemos. Por isso, Lucas fala tantas vezes que o povo ficava admirado e louvava a Deus pelas coisas que Jesus realizava (Lc 2,28.38; 5,25.26; 7,16; 13,13; 17,15.18; 18,43; 19,37; etc). O Evangelho de Lucas traz vários cânticos e hinos que expressam esta experiência de gratidão e de reconhecimento (Lc 1,46-55; 1,68-79; 2,29-32).
Lucas 17,11: Jesus em viagem para Jerusalém
Lucas lembra que Jesus estava de viagem para Jerusalém, passando da Samaria para a Galileia. Desde o começo da viagem (Lc 9,52) até agora (Lc 17,11), Jesus andou pela Samaria. Só agora está saindo da Samaria, passando pela Galiléia para poder chegar em Jerusalém. Isto significa que os importantes ensinamentos, dados nestes capítulos todos de 9 até 17, foram todos dados em território que não era judeu. Ouvir isto deve ter sido motivo de muita alegria para as comunidades de Lucas, vindas do paganismo. Jesus, o peregrino, continua a sua viagem até Jerusalém. Continua tirando as desigualdades que os homens criaram. Continua a longa e dolorosa caminhada da periferia para a capital, de uma religião fechada sobre si mesma para a religião aberta que sabe acolher os outros como irmãos e irmãs, filhos e filhas do mesmo Pai. Esta abertura vai aparecer no acolhimento dado aos dez leprosos.
Lucas 17,12-13: O grito dos leprosos
Dez leprosos aproximam-se de Jesus, param de longe e gritam: "Jesus, mestre, tem piedade de nós!" O leproso era uma pessoa excluída. Era marginalizado e desprezado, sem o direito de conviver com suas famílias. Segundo a lei da pureza, os leprosos deviam andar com roupa rasgada e cabelos desgrenhados, gritando: “Impuro! Impuro!” (Lv 13,45-46). Para os leprosos, a busca da cura significava o mesmo que buscar a pureza para poder ser reintegrados na comunidade. Não podiam aproximar-se dos outros (Lv 13,45-46). Qualquer toque num leproso causava impureza e criava um impedimento para a pessoa poder dirigir-se a Deus. Através do grito, eles expressam a fé de que Jesus pode curá-los e devolver-lhes a pureza. Obter a pureza significava sentir-se, novamente, acolhido por Deus, e poder dirigir-se a Ele para receber a bênção prometida a Abraão.
Lucas 17,14: A resposta de Jesus e a cura
Jesus reponde: "Vão mostrar-se aos sacerdotes!" (cf. Mc 1,44). Era o sacerdote que devia verificar a cura e dar o atestado de pureza (Lv 14,1-32). A resposta de Jesus exigia muita fé da parte dos leprosos. Devem ir ao sacerdote como se já estivessem curados, quando, na realidade, o corpo deles continuava coberto de lepra. Mas eles acreditaram na palavra de Jesus e foram em direção ao sacerdote. E aconteceu que, enquanto iam caminhando, manifestou-se a cura. Ficaram purificados. Esta cura evoca a história da purificação de Naaman da Síria (2Rs 5,9-10). O profeta Eliseu mandou o homem lavar-se no Jordão. Naaman tinha de crer na palavra do profeta. Jesus mandou os dez apresentar-se aos sacerdotes. Eles tinham de crer na palavra de Jesus.
Lucas 17,15-16: Reação do samaritano
Ao perceber que estava curado, um deles voltou atrás dando glória a Deus em alta voz. Jogou-se no chão, aos pés de Jesus, e lhe agradeceu. E este era um samaritano.” Por que os outros não voltaram? Por que só o samaritano? Na opinião dos judeus de Jerusalém, o samaritano não observava a lei como devia. Entre os judeus havia a tendência de observar a lei para poder merecer ou conquistar a justiça. Pela observância, eles iam acumulando méritos e créditos diante de Deus. Gratidão e gratuidade não fazem parte do vocabulário de pessoas que vivem assim o seu relacionamento com Deus. Talvez seja por isso que não agradeceram o benefício recebido. Na parábola do evangelho de ontem, Jesus tinha formulado a pergunta sobre a gratidão: “Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado?” (Lc 17,9) E a resposta era: “Não!” O samaritano representa as pessoas que têm consciência clara de que nós, seres humanos, não temos mérito, nem crédito diante de Deus. Tudo é graça, a começar pelo dom da própria vida!
Lucas 17,17-19: A observação final de Jesus
Jesus estranhou: “Os dez não ficaram purificados? Onde estão os outros nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro!” Para Jesus, agradecer os outros pelo benefício recebido é uma maneira de dar a Deus o louvor que lhe é devido. Neste ponto, os samaritanos davam lição aos judeus. Hoje são os pobres, que fazem o papel de samaritano e nos ajudam a redescobrir esta dimensão da gratuidade da vida. Tudo que recebemos deve ser visto como um dom de Deus que vem até nós através do irmão e da irmã.
A acolhida dada aos samaritanos no evangelho de Lucas. Para Lucas, o lugar que Jesus dava aos samaritanos é o mesmo que as comunidades deviam reservar aos pagãos. Jesus apresenta um samaritano como modelo de gratidão (Lc 17,17-19) e de amor ao próximo (Lc 10,30-33). Isto devia ser muito chocante, pois, para os judeus, samaritano ou pagão era a mesma coisa. Não podiam ter acesso aos átrios interiores do Templo de Jerusalém, nem participar do culto. Eram considerados portadores de impureza, impuros desde o berço. Para Lucas, porém, a Boa Nova de Jesus dirige-se, em primeiro lugar, às pessoas e grupos considerados indignos de recebê-la. A salvação de Deus que chega até nós em Jesus é puro dom. Não depende dos méritos de ninguém.
4) Para um confronto pessoal
- E você, costuma agradecer às pessoas? Agradece por convicção ou por mero costume? E na oração: agradece ou esquece?
- Viver na gratidão é um sinal da presença do Reino no meio de nós. Como transmitir para os outros a importância de viver na gratidão e na gratuidade?
5) Oração final
O Senhor é o meu pastor, nada me falta. Ele me faz descansar em verdes prados, a águas tranqüilas me conduz. (Sl 22)
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O encontro aconteceu na tarde desta segunda-feira (11) no Mosteiro Mater Ecclesiae, a residência do Papa emérito. Durante a visita, considerada “comovente” pelos bispos da República Tcheca, Bento XVI recordou detalhes da sua viagem ao país em 2009.
Andressa Collet - Cidade do Vaticano
O Papa emérito recebeu a visita dos bispos da República Tcheca na tarde desta segunda-feira (11) na sua residência no Mosteiro Mater Ecclesiae, situado dentro dos Jardins do Vaticano. Os representantes da Conferência Episcopal do país estão em Roma para participar da peregrinação nacional por ocasião dos 30 anos da Revolução de Veludo (17 de novembro a 29 de dezembro de 1989), que levou ao fim do comunismo na então Tchecoslováquia.
O secretário-geral, dom Stanislav Přibyl, através do site do episcopado, descreveu o encontro como “comovente” e declarou que o Papa emérito “recordou todos os detalhes da sua visita na República Tcheca, em 2009”, sobretudo, “todos os nomes e lugares”. O presidente da Conferência Episcopal, cardeal Dominik Duka, acrescentou que Bento XVI, “mesmo com a sua idade, está em boa saúde”.
A bênção do Papa emérito
Durante o encontro com o Papa emérito, os bispos presentearam Bento XVI com a cópia de um busto que o representa e que foi recentemente inaugurado na cidade de Stará Boleslav, região da Boêmia Central, em lembrança à viagem apostólica. Ao final da visita no Vaticano, depois de todos rezarem o Pai-Nosso, o Papa emérito concedeu a sua bênção.
30 anos da Revolução de Veludo
A peregrinação nacional por ocasião dos 30 anos da Revolução de Veludo termina nesta quarta-feira (13) e reúne de milhares de pessoas, além de uma delegação do Parlamento do país. Os três dias de atividades vão culminar com uma missa e também na Audiência Geral com o Papa Francisco.
Dom Jan Vokál, bispo de Hradec Králové, comentou que geralmente os jovens de hoje não dão o devido “valor à liberdade”. Assim, com essa peregrinação, os bispos querem recordar, sobretudo “às novas gerações, que a liberdade é um dom de Deus”. Fonte: www.vaticannews.va
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Padre Ibrahim Hanna Bidu foi assassinado por dois homens com tiros de arma de fogo quando se dirigia de automóvel à localidade de Deir ez-Zor, situada no distrito de Busayr, para verificar as condições de uma igreja armênia. A emboscada teria sido reivindicada pelo autoproclamado "Estado Islâmico" (EI)
Cidade do Vaticano
Oriente Médio. Um sacerdote armênio-católico foi morto numa emboscada no noroeste da Síria, região sob controle das forças curdo-sírias. É o que informa a agência oficial armênia Armenpress e outros meios de comunicação e fontes locais da agência Ansa.
Trata-se de Pe. Ibrahim Hanna Bidu, sacerdote da comunidade armênia-católica de Qamshili. Ele foi assassinado por dois homens com tiros de arma de fogo quando se dirigia de automóvel à localidade de Deir ez-Zor, situada no distrito de Busayr, para verificar as condições de uma igreja armênia. Segundo a agência Ansa, a emboscada teria sido reivindicada pelo autoproclamado “Estado Islâmico” (EI). Fonte: www.vaticannews.va
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1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 7-10)
Naquele tempo, disse Jesus: 7Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: Vem depressa sentar-te à mesa? 8E não lhe dirá ao contrário: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto como e bebo, e depois disto comerás e beberás tu? 9E se o servo tiver feito tudo o que lhe ordenara, porventura fica-lhe o senhor devendo alguma obrigação? 10Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parábola que só se encontra no evangelho de Lucas, sem paralelo nos outros evangelhos. A parábola quer ensinar que nossa vida deve caracterizar-se pela atitude de serviço. Ela começa com três perguntas e, no fim, Jesus mesmo dá a resposta.
Lucas 17,7-9: As três perguntas de Jesus
Trata-se de três perguntas tiradas da vida de cada dia, para as quais os ouvintes já adivinhavam a resposta. As perguntas são formuladas de tal maneira que elas reenviam cada ouvinte a consultar sua própria experiência e, a partir dela, dar a sua resposta. A primeira pergunta: “Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: Venha depressa para a mesa?” Todo mundo responderá: “Não!” Segunda pergunta: “Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber?” Todo mundo responderá: “Sim! Claro!” Terceira pergunta: “Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado?” Todo mundo responderá: “Não!” Pela maneira de Jesus fazer as perguntas, a gente já percebe em que direção ele quer orientar nosso pensamento. Ele quer que sejamos servidores uns dos outros.
Lucas 17,10: A resposta de Jesus
No fim, Jesus mesmo tira a conclusão que já estava implícita nas perguntas: “Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer". Jesus, ele mesmo, deu o exemplo quando disse: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45). O serviço é um tema do agrado de Lucas. O serviço representa a forma como os pobres do tempo de Jesus, os anawim, esperavam o Messias: não como Messias glorioso rei, sumo sacerdote ou juiz, mas como o Servo de Javé, anunciado por Isaías (Is 42,1-9). Maria, a mãe de Jesus, se apresentou ao anjo: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38). Em Nazaré, Jesus se apresenta como o Servo, descrito por Isaías (Lc 4,18-19 e Is 61,1-2). No batismo e no transfiguração, ele foi confirmado pelo Pai que cita as palavras dirigidas por Deus ao mesmo Servo (Lc 3,22; 9,35 e Is 42,1). Aos seus seguidores Jesus pede: “Quem quer ser o primeiro seja o servo de todos” (Mt 20,27). Servos inúteis! É a definição do cristão. Paulo fala disso aos membros da comunidade de Corinto quando escreve: “Eu plantei, Apolo regou, mas era Deus que fazia crescer. Assim, aquele que planta não é nada, e aquele que rega também não é nada: só Deus é que conta, pois é ele quem faz crescer” (1Cor 1,6-7). Paulo e Apolo nada são; são apenas instrumentos, “servidores”. O que vale é o próprio Deus, só Ele! (1Cor 3,7).
Servir e ser servido. Aqui, neste texto, o servo serve ao senhor, e não, o senhor ao servo. Mas em outro texto de Jesus se diz o contrário: “Felizes dos empregados que o senhor encontra acordados quando chega. Eu garanto a vocês: ele mesmo se cingirá, os fará sentar à mesa, e, passando, os servirá” (Lc 12,37). Neste texto, é o senhor que serve ao servo, e não o servo ao senhor. No primeiro texto, Jesus falava do presente. No segundo texto, Jesus estava falando do futuro. Este contraste é uma outra maneira para dizer: ganha a vida que está disposto a perdê-la por amor a Jesus e ao Evangelho (Mt 10,39; 16,25. Quem serve a Deus nesta vida presente, Deus servirá a ele na vida futura!
4) Para um confronto pessoal
1) Como defino minha vida?
2) Faça para você as mesmas três perguntas de Jesus? Será que vivo como um servo inútil?
5) Oração final
O Senhor conhece os dias dos inocentes, eterna será sua herança. O Senhor firma os passos do homem, sustenta aquele cujo caminho lhe agrada. (Sl 36, 18.23)
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1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 1-6)
Naquele tempo, 1Jesus disse também a seus discípulos: É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm! 2Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o mal a um só destes pequeninos. Tomai cuidado de vós mesmos. 3Se teu irmão pecar, repreende-o; se se arrepender, perdoa-lhe. 4Se pecar sete vezes no dia contra ti e sete vezes no dia vier procurar-te, dizendo: Estou arrependido, perdoar-lhe-ás. 5Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé! 6Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 17,1-6
O evangelho de hoje traz três palavras distintas de Jesus: uma sobre como evitar o escândalo dos pequenos, outra sobre a importância do perdão e uma terceira sobre o tamanho da fé em Deus que devemos ter.
Lucas 17,1-2: Primeira palavra: evitar o escândalo
“Jesus disse a seus discípulos: "É inevitável que aconteçam escândalos, mas, ai daquele que produz escândalos! Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos”. Escândalo é aquilo que faz a pessoa tropeçar e cair. No nível da fé significa aquilo que desvia a pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviem e percam a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: “Corda no pescoço amarrada numa pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!” Por que tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos, os pobres. (Mt 25,40.45). São os seus preferidos, os primeiros destinatários da Boa Nova (cf. Lc 4,18). Quem toca neles, toca em Jesus! Ao longo dos séculos, muitas vezes, nós cristãos pelo nosso modo de viver a fé fomos motivo pelo qual os pequenos se afastaram da igreja e procuraram outras religiões. Já não conseguiam crer, como dizia o apóstolo na carta aos romanos, citando o profeta Isaías: "Por causa de vocês, o nome de Deus é blasfemado entre os pagãos." (Rm 2,24; Is 52,5; Ez 36,22). Até onde nós temos culpa? Será que merecemos a corda no pescoço?
Lucas 17,3-4: Segunda palavra: Perdoar o irmão
“Prestem atenção! Se o seu irmão peca contra você, chame a atenção dele. Se ele se arrepender, perdoe. Se ele pecar contra você sete vezes num só dia, e sete vezes vier a você, dizendo: 'Estou arrependido', você deve perdoá-lo”. Sete vezes por dia! Não é pouco! Jesus pede muito! No evangelho de Mateus, ele diz que devemos perdoar até setenta vezes sete! (Mt 18,22). O perdão e a reconciliação são um dos assuntos em que Jesus mais insiste. A graça de poder perdoar as pessoas e reconcilia-las entre si e com Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e à comunidade (Mt 18,18). A parábola sobre a necessidade de perdoar o próximo não deixa dúvida: se não perdoarmos aos irmãos, não podemos receber o perdão de Deus (Mt 18,22-35; 6,12.15; Mc 11,26). Pois não há proporção entre o perdão que recebemos de Deus e o perdão que devemos oferecer ao próximo. O perdão com que Deus nos perdoa gratuitamente é como dez mil talentos comparados com cem denários (Mt 18,23-35). A Bíblia de Jerusalém fez o cálculo: dez mil talentos são 174 toneladas de ouro; cem denários não passam de 30 gramas de ouro.
Lucas 17,5-6: Terceira palavra: Aumentar em nós a fé
“Os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!" O Senhor respondeu: "Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: 'Arranque-se daí, e plante-se no mar'. E ela obedeceria a vocês”. Neste contexto de Lucas, a pergunta dos apóstolos aparece como motivada pela ordem de Jesus de perdoar até sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que pecar contra nós. Não é fácil perdoar. O coração fica magoado, e a razão arruma mil motivos para não perdoar. Só com muita fé em Deus é possível chegarmos ao ponto de ter um amor tão grande que ele nos torne capazes de perdoar até sete vezes por dia ao irmão que peca contra nós. Humanamente falando, aos olhos do mundo, perdoar assim é loucura e escândalo, mas para nós tal atitude é expressão da sabedoria divina que nos perdoa infinitamente mais. Dizia Paulo: “Nós anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. (1Cor 1,23) .
4) Para um confronto pessoal
1) Na minha vida, alguma vez, já fui motivo de escândalo par o meu próximo? Ou alguma vez, os outros foram motivo de escândalo para mim?
2) Será que sou capaz de perdoar sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que me ofende sete vezes por dia?
5) Oração final
Cantai em sua honra, tocai para ele, recordai todos os seus milagres. Gloriai-vos do seu santo nome, alegre-se o coração dos que buscam o Senhor. (Sl 104, 2-3)
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"Para a fé cristã, a pobreza e a marginalização não são apenas uma questão sócio-política e ética (justiça social), mas também e mais radicalmente uma questão espiritual que diz respeito à nossa relação com Deus (salvação)", escreve Francisco de Aquino Júnior, presbítero da Diocese de Limoeiro do Norte – CE, professor de teologia da Faculdade Católica de Fortaleza (FCF) e da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).
Eis o artigo.
No final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia (2015-2016), o papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres, a ser celebrado no penúltimo domingo do tempo litúrgico. Seu objetivo é recuperar e reavivar na Igreja “um elemento requintadamente evangélico, isto é, a predileção de Jesus pelos pobres” para que “as comunidades cristãs se tornem, em todo o mundo, cada vez mais e melhor sinal concreto da caridade de Cristo pelos últimos e os mais carentes” [1].
Se isso é um aspecto constitutivo e essencial da revelação e da fé cristãs, como se pode comprovar na Sagrada Escritura e em toda a Tradição da Igreja, torna-se ainda mais relevante, urgente e prioritário em nosso tempo, dados o crescimento da desigualdade social e a situação dramática e desesperadora em que vivem tantos filhos e filhas de Deus em nosso mundo.
Para ajudar as comunidades, pastorais, movimentos e organismos da Igreja do Brasil a celebrar o III Dia Mundial dos Pobres (17/11/2019), apresentaremos alguns dados que ajudam a compreender as dimensões e proporções da pobreza no Brasil e no mundo, destacaremos com Francisco o “vínculo indissolúvel entre nossa fé e os pobres” (EG 48) e indicaremos alguns aspectos do compromisso da Igreja com os pobres.
I – Dimensões e proporções da pobreza
A pobreza é a característica mais determinante, gritante e escandalosa de nossa sociedade. Antes de tudo pela dimensão e proporção que adquiriu: São milhões de pessoas que vivem em condições sub-humanas, carecendo das condições materiais básicas de sobrevivência. E, mais ainda, por ser algo produzido e lucrativo: não é um fenômeno natural, fruto do acaso ou do destino, mas fruto de opções políticas e econômicas, consequência natural da riqueza ou acumulação de bens.
Se isso caracteriza a maioria das sociedades que conhecemos, a ponto de ser naturalizado por muita gente (“sempre foi assim”), adquiriu em nossa sociedade dimensões e proporções incomparáveis e escandalosas:
Situação mundial: enquanto a América do Norte e a Europa têm apenas 18,6% da população e concentram 67,1% de toda riqueza global, a África e a América do Sul têm 20,3% da população e detém apenas 11,1% da riqueza [2]; apenas 147 companhias controlam 40% da riqueza total do mundo [3]; enquanto 8,6% da população detém 85,3% de toda a riqueza no mundo, 69,8% da população pobre detém apenas 2,9% da riqueza [4]; 0,7% da população mundial detém 46% da riqueza total do mundo, enquanto 73,2% da população detém apenas 2,4% da riqueza; 1% da população tem mais riqueza do que os 99% restante; 8 indivíduos detém a mesma riqueza que a metade mais pobre do mundo; entre 1998 e 2011, a renda dos 10% mais pobres aumenta cerca de 65 dólares, enquanto a renda de 1% mais rico aumentou cerca de 11.800 dólares (182 vezes mais) [5].
Situação brasileira: De 2016 para 2017 o número de pobres que vivem com até 406 reais por mês passou de 52,8 para 54,8 milhões (2 milhões a mais!) e o número de pessoas que vivem na extrema pobreza com até 140 reais por mês passou de 13,5 para 15,2 milhões de pessoas (quase 2 milhões a mais!); percentual de pobreza por regiões: nordeste (44,8%), sudeste (17,4%), sul (12,8%); quase metade da população das regiões norte e nordeste tem rendimento mensal de até meio salário mínimo; entre 2014 e 2017 o número de pessoas sem ocupação passou de 6,9% para 12,5% da população (6,2 milhões de pessoas a mais!); 40,88% da população vive de trabalho informal; os brancos ganham, em média, 72,5% mais que pretos e pardos e os homens 29,7% mais que as mulheres [6]; estudos parciais de 2015 estimavam mais de 100 mil pessoas vivendo em situação de rua no Brasil [7]...
Convém advertir com Francisco que “os pobres não são número” e não podem ser reduzidos a dados estatísticos [8]. Por trás desses dados, como tem recordado as conferências dos bispos da América Latina [9], estão pessoas com rostos concretos, vidas destroçadas: camponeses, indígenas, negros, mulheres, população em situação de rua, desempregados e subempregados, moradores de favelas e periferias, vítimas do tráfico, mães desesperadas, jovens pobres e negros, migrantes, população LGBT... São números escritos com lágrimas e sangue. Dados que ecoam como grito desesperado e silenciado de milhões de seres humanos que nos provocam, convocam e obrigam...
II – A igreja e os pobres
Se ninguém pode/deve ficar indiferente à situação de pobreza e miséria de que é vítima grande parte da população do Brasil e do mundo (senso de humanidade), muito menos podem ficar indiferentes os crentes em geral e os cristãos em particular (fé religiosa). Nem por humanidade nem por fé religiosa podemos aceitar o decreto de morte a tantos filhos/as de Deus e, consequentemente, “lavar as mãos” e nos desresponsabilizarmos de sua vida e de seu destino. É questão de “vida ou morte” para vítimas. E é questão de salvação ou de perdição para todos.
O papa Francisco, em fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, tem insistido, com toda a Tradição cristã, no “vínculo indissolúvel entre nossa fé e os pobres” (EG 48). Ficar “surdo” ao clamor dos pobres, “coloca-nos contra a vontade do Pai e de seu Projeto”. Não se deve esquecer jamais que “a falta de solidariedade nas suas necessidades, influi diretamente sobre nossa relação com Deus” (EG 187).
Na mensagem que escreveu para o III Dia Mundial dos Pobres, Francisco recorda que a “descrição da ação de Deus em favor dos pobres” constitui um “refrão permanente da Sagrada Escritura” e, referindo-se a Mt 25, 40, afirma que “esquivar-se dessa identificação [com o pobre] equivale a ludibriar o Evangelho e diluir a revelação”. No centro do Evangelho do Reino está a Bem-aventurança aos pobres: “Bem-aventurados vós, os pobres” (Lc 6, 20). Jesus “inaugurou, mas confiou-nos, a nós seus discípulos, a tarefa de lhe dar seguimento, com a responsabilidade de dar esperança aos pobres. Sobretudo num período como o nosso, é preciso reanimar a esperança e restabelecer a confiança. É um programa que a comunidade cristã não pode subestimar. Disso depende a credibilidade do nosso anúncio e do testemunho dos cristãos” [10]. Aqui está o “critério-chave de autenticidade eclesial” (EG 195) com base no qual “a Igreja mede a sua fidelidade de Esposa de Cristo” [11].
Para a fé cristã, a pobreza e a marginalização não são apenas uma questão sócio-política e ética (justiça social), mas também e mais radicalmente uma questão espiritual que diz respeito à nossa relação com Deus (salvação). “A situação em que vivem os pobres é critério para medir a bondade, a justiça, a moralidade, enfim, a efetivação da ordem democrática” [12]. E é critério escatológico para medir a adesão ou rejeição de um povo ou de uma sociedade ao Deus que se revela na história de Israel e na vida de Jesus Cristo (Cf. Lc 10, 25-7; Mt 25, 1-40). De modo que os pobres e marginalizados são tanto os “juízes da vida democrática de uma nação” [13], quanto o “protocolo com base no qual seremos julgados” [14] ou o “passaporte para o paraíso” [15].
III – Compromisso com os pobres
Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, Francisco afirma que “uma fé autêntica – que nunca é cômoda nem individualista – comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois de nossa passagem por ela” (EG 183). E em sua mensagem para o III Dia mundial dos Pobres insiste em não nos afastarmos do “Corpo do Senhor que sofre neles”, mas “tocar a sua carne para nos comprometermos em primeira pessoa num serviço que é autêntica evangelização”. E recorda que “a promoção, mesmo social, dos pobres não é um compromisso extrínseco ao anúncio do Evangelho; pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e a sua vitalidade histórica. O amor que dá vida à fé em Jesus não permite que seus discípulos se fechem num individualismo asfixiador, oculto nas pregas duma intimidade espiritual, sem qualquer influxo na vida social” [16].
Mas não há receita para o compromisso com os pobres. Nem existe uma única forma de compromisso com os pobres. Implica proximidade e escuta, acompanhamento e partilha espiritual, assistência em suas necessidades imediatas, luta por seus direitos e pela transformação da sociedade... E as referências em nossa tradição eclesial são muitas e diversas: de Francisco de Assis, Vicente de Paula, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce a Oscar Romero, Helder Câmara, Ezequiel Ramin, Pedro Casaldáliga etc.; dos serviços de visita e assistência imediata aos necessitados às pastorais e aos organismos sociais que acompanham os pobres em suas lutas e organizações populares; da solidariedade cotidiana à luta pela transformação da sociedade.
Didaticamente, podemos indicar com Francisco quatro aspectos fundamentais do compromisso com os pobres [17]: 1) proximidade física e esforço de socorrê-los em suas necessidades; 2) cuidado espiritual e assistência religiosa; 3) vivência e fortalecimento da cultura da solidariedade e 4) enfrentamento das causas estruturais da pobreza e da injustiça no mundo através das lutas e organizações populares.
Importa ter presente que o compromisso com os pobres “envolve tanto a cooperação para resolver as causas estruturais da pobreza e promover o desenvolvimento integral dos pobres, como os gestos mais simples e diários de solidariedade para com as misérias muito concretas que encontramos” (EG 188); passa tanto pelos gestos pessoais e comunitários de solidariedade, quanto pelas lutas por direitos e pela transformação da sociedade.
E importa recordar que o compromisso com os pobres é tarefa de todos na Igreja: “Ninguém deveria dizer que se mantém longe dos pobres porque suas opções de vida implicam prestar mais atenção a outras incumbências”; “ninguém pode sentir-se exonerado da preocupação pelos pobres e pela justiça social” (EG, 201). “Todos os cristãos, incluindo os pastores, são chamados a preocupar-se com a construção de um mundo melhor”, unindo-se, nesta tarefa, às “demais Igrejas e comunidades eclesiais” (EG, 183). “Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e da promoção dos pobres” (EG, 187). Uma comunidade que não se compromete criativamente com a causa dos pobres, “facilmente acabará submersa pelo mundanismo espiritual, dissimulado em práticas religiosas, reuniões infecundas ou discursos vazios” (EG, 207).
Notas:
[1] PAPA FRANCISCO. Mensagem para o I Dia Mundial dos Pobres (19/11/2017).
[2] Cf. POCHMANN, M. Desigualdade econômica no Brasil. São Paulo: Ideias & Letras, 2015, p. 50s.
[3] Cf. Ibidem, p. 57.
[4] Cf. Ibidem, p. 62s.
[5] Cf. DOWBOR, L. A era do capital improdutivo. São Paulo: Outras Palavras, 2017, p. 27ss.
[6] Cf. AGENCIA DE NOTICIAS IBGE. Síntese de Indicadores Sociais.
[7] Cf. IPEA. Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil.
[8] PAPA FRANCISCO. Mensagem para o III Dia Mundial dos Pobres.
[9] Cf. Puebla (31-39), Santo Domingo (178), Aparecida (402).
[10] PAPA FRANCISCO. Mensagem para o III Dia Mundial dos Pobres. Op. cit.
[11] PAPA JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte. São Paulo: Paulinas, 2002, n 49.
[12] CNBB. Exigências éticas da ordem democrática. São Paulo: Paulinas, 1989, n. 72.
[13] Ibidem.
[14] PAPA FRANCISCO. Via-sacra com os jovens na XXXI Jornada Mundial da Juventude na Polônia (29/07/2016).
[15] PAPA FRANCISCO. Homilia no I Dia Mundial dos Pobres (19/11/2017). Disponível em:
[16] PAPA FRANCISCO. Mensagem para o III Dia Mundial dos Pobres. Op. cit.
[17] Cf. AQUINO JÚNIOR, Francisco de. Pastoral Social: Dimensão socioestrutural da caridade cristã. Brasília: CNBB, 2016, p. 51-55. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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“Regra e Ressurreição”, um assunto intrigante que pode ser analisada de várias maneiras. Neste momento, porém, não vamos abordar o assunto do ponto de vista científica ou histórica mas vamos à procura de elementos que esclarecem se a espiritualidade da Regra tem que ver algo com a Ressurreição de Jesus e com a Liturgia ressurreccional da Ordem.
Aprofundando o primeiro motivo podemos dizer que na visão da Regra o oratório era destinado à celebração em comum da Eucaristia sendo ao mesmo tempo o lugar onde os irmãos se reuniam todos os dias de manhã cedo (14).
A respeito disto o Carmelita Kees Waaijman escreve no seu livro O Espaço Místico do Carmelo:
"Os antigos monges do deserto celebravam a Eucaristia uma vez por semana. No século XIII era diferente. A maioria das comunidades religiosas juntava-se todos os dias para a Eucaristia. A reunião diária dá uma estrutura rítmica à vida. O facto de se juntarem diariamente, de manhã cedo, ao crepúsculo, dá ao dia um ritmo básico. O nascer do sol que conquista a noite deve ter sido intuitivamente entendido como sinal do Ressuscitado”
O encontro dos irmãos tinha uma dimensão litúrgica. O facto de virem todos juntos para a Eucaristia lembra a Ressurreição. A Eucaristia, afinal de contas, começa lá onde o Senhor nos una num só redil. Ele convida-nos a escutar a sua palavra para que ela nos toque, forme o desejo no nosso coração e nos faça procurar a Sua presença. Ele convida-nos a tomar o seu corpo e sangue, para nos lembrarmos d'Ele e nos identificarmos com Ele, para que entremos na sua morte e sejamos encontrados pelo próprio Deus.
A Eucaristia radicaliza o acto de sair de nós próprios: não somos nós quem vimos: mas somos conduzidos, conduzidos para a vastidão do Mundo e para a profundeza da Morte para sermos encontrados, para sermos unidos.
Esta é a perspectiva mística do facto de se reunir para a celebração da Eucaristia. Este movimento místico está lindamente representado através das palavras ‘de manhã cedo’, palavras que evocam a marcha silenciosa de Maria Madalena até ao túmulo: ‘No primeiro dia da semana, ainda era escuro, Maria de Mágdala foi ao túmulo de manhã cedo...' (João 20:1). De manhã cedo os Carmelitas reúnem-se no oratório, no CENTRO (das celas) por ninguém ocupado. Como a noiva do Cântico dos Cânticos, também eles, enquanto ainda é noite, procuram Aquele a quem as suas almas amam.
À procura do amor através da escuridão da noite segue-se a experiência da Páscoa na escuta da voz suave: 'Maria' (João 20:16), o querido nome pronunciado por aquele que é amado pela alma. Segue-se a resposta não menos terna: 'Rabbuni' (João 20:16). Esta é a Páscoa do amor, a profundidade mística da Eucaristia. Aqui está o coração do Carmelo" (Kees Waaijman, De mystieke ruimte van de Karmel, 101).
É impressionante que Kees Waaijman dando um comentário sobre a Regra, acaba por chegar à Ressurreição que durante séculos era comemorada diariamente na liturgia dos Carmelitas. Quase se poderia dizer que a Ressurreição de Jesus é inerente à Regra e integrada nela e que a união com Christus Ressurgens, com Cristo Ressurgindo, se encontra explicitada na antiga liturgia.
Outras referências
- Aos Domingos (o dia da Ressurreição do Senhor) ou noutros dias quando necessário, reuni-vos para tratar da observância da vida comum e do bem espiritual das pessoas. (15)
Podemos perguntar porque no dia da Ressurreição os Carmelitas devem tratar da observância da vida comum, do bem espiritual das pessoas e porque devem corrigir nesse dia, caritate media, com a caridade no meio, eventuais erros dos seus irmãos.
Sobre este assunto, e nomeadamente sobre a similitude e reciprocidade que são necessárias para poder corrigir os outros com caridade diz Kees Waaijman:
"Convergência e reciprocidade soam mais profundamente quando colocadas no contexto do amor do Ressuscitado. A Eucaristia no dia da Ressurreição, a referência ao amor de Maria Madalena, a reunião dos apóstolos no primeiro dia da semana e o aparecimento, no meio deles, d'Aquele que ressuscitou – tudo isto centraliza o capítulo no contexto do amor d'Aquele que ressuscitou e se entregou na sua Palavra, no seu Corpo e Sangue…” (Kees Waaijman, De mystieke ruimte van de Karmel, 114).
O oratório deve ser construído no meio das celas.
Por dois motivos o oratório tem que ver algo com a Ressurreição. Em primeiro lugar porque nele deve ser celebrada a Eucaristia que é como é sabido o memorial da Ressurreição de Jesus.
O segundo motivo provém do facto de que o primeiro oratório era dedicado a Maria, uma das primeiras testemunhas da Ressurreição de Jesus que, no contexto das festas a Ela dedicadas, era vista pelos antigos carmelitas como penhor escatológico e promessa duma nova vida após a morte.
*INTERCAB 23 A 31 DE JULHO DE 2005- RIO DE JANEIRO: DIMENSÃO CELEBRATIVA DA VIDA NO CARMELO A REGRA E A RESSURREIÇÃO.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 16, 1-8)
Naquele tempo, 1Jesus disse também a seus discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens. 2Ele chamou o administrador e lhe disse: Que é que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens. 3O administrador refletiu então consigo: Que farei, visto que meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha. 4Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido do emprego. 5Chamou, pois, separadamente a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao primeiro: Quanto deves a meu patrão? 6Ele respondeu: Cem medidas de azeite. Disse-lhe: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: cinquenta. 7Depois perguntou ao outro: Tu, quanto deves? Respondeu: Cem medidas de trigo. Disse-lhe o administrador: Toma os teus papéis e escreve: oitenta. 8E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parábola que trata da administração dos bens e que só existe no evangelho de Lucas. Ela costuma ser chamada A parábola do administrador desonesto. Parábola desconcertante. Lucas diz: “O Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza”. O Senhor é o próprio Jesus e não o administrador. Como é que Jesus podia elogiar um empregado corrupto?
Lucas 16,1-2: O administrador é ameaçado de despejo
“Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por estar esbanjando os bens dele. Então o chamou, e lhe disse: 'O que é isso que ouço contar de você? Preste contas da sua administração, porque você não pode mais ser o meu administrador”. O exemplo, tirado do mundo do comércio e do trabalho, fala por si. Alude à corrupção que existia. O patrão descobriu a corrupção e decidiu demitir o administrador desonesta. Este, de repente, se vê numa situação de emergência obrigado pelas circunstâncias imprevistas a encontrar uma saída para poder sobreviver. Quando Deus se faz presente na vida de uma pessoa, aí, de repente, tudo muda e a pessoa entra numa situação de emergência. Ela terá que tomar uma decisão e encontrar uma saída.
Lucas 16,3-4: O que fazer? Qual a saída?
“Então o administrador começou a refletir: 'O senhor vai tirar de mim a administração. E o que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha”. Ele começa a refletir para descobrir uma saída. Analisa, uma por uma, as possíveis alternativas: cavar ou trabalhar na roça para sobreviver, ele acha que para isso não tem força. Para mendigar, sente vergonha. Ele analisa as coisas. Calcula bem as possíveis alternativas. “Ah! Já sei o que vou fazer para que, quando me afastarem da administração tenha quem me receba na própria casa”. Trata-se de garantir o seu futuro. O administrador desonesto é coerente dentro do seu modo de pensar e de viver.
Lucas 16,5-7: Execução da solução encontrada
“E começou a chamar um por um os que estavam devendo ao seu senhor. Perguntou ao primeiro: 'Quanto é que você deve ao patrão?' Ele respondeu: 'Cem barris de óleo!' O administrador disse: 'Pegue a sua conta, sente-se depressa, e escreva cinqüenta'. Depois perguntou a outro: 'E você, quanto está devendo?' Ele respondeu: 'Cem sacas de trigo'. O administrador disse: 'Pegue a sua conta, e escreva oitenta". Dentro da sua total falta de ética o administrador foi coerente. O critério da sua ação não é a honestidade e a justiça, nem o bem do patrão do qual ele depende para viver e sobreviver, mas é o próprio interesse. Ele quer a garantia de ter alguém que o receba em sua casa.
Lucas 16,8: O Senhor elogiou o administrador desonesto
E agora vem a conclusão desconcertante: “E o Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza. De fato, os que pertencem a este mundo são mais espertos, com a sua gente, do que aqueles que pertencem à luz”. A palavra Senhor indica Jesus, e não o patrão, o homem rico. Este jamais iria elogiar um empregado que foi desonesto com ele no serviço e que, agora, roubou mais 50 barris de óleo e 20 sacas de trigo! Na parábola, quem faz o elogio é Jesus. Elogiou não porque roubou, mas porque soube ter presença de espírito. Soube calcular bem as coisas e encontrar uma saída, quando de repente se viu desempregado. Assim como os filhos deste mundo sabem ser espertos nas suas coisas, assim os filhos de luz deveriam aprender deles a ser espertos na solução dos seus problemas, usando os critérios do Reino e não os critérios deste mundo. “Sejam espertos como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16).
4) Para um confronto pessoal
1) Sou coerente?
2) Qual o critério que uso na solução dos meus problemas?
5) Oração final
Uma só coisa pedi ao Senhor, só isto desejo: poder morar na casa do Senhor
todos os dias da minha vida; poder gozar da suavidade do Senhor e contemplar seu santuário. (Sl 26, 4)
Frei Fernando Bezerra, O. Carm, do Carmo de Angra dos Reis/RJ: Convite Vocacional
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