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Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa,
Celebramos hoje a festa da Santíssima Trindade, Essa festa não um convite para decifrar o "Mistério", que se esconde por detrás de "um Deus em três pessoas", mas uma oportunidade para contemplar nosso Deus, que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.
Não é fácil falar de Deus... pela sua grandeza, pela nossa pequenez e pela ideia que nos passaram na infância, de que esse "Mistério" é uma coisa difícil que não podemos entender. Esse Mistério é tão sublime que nunca poderemos compreender em plenitude,
mas podemos e devemos crescer no seu conhecimento... A própria Bíblia é uma contínua e progressiva revelação de Deus. E esse Mistério só foi revelado pelo próprio Cristo.
As leituras de hoje aprofundam o tema:
Na 1ª Leitura, Moisés "sobe ao Monte", fala com Deus e intercede pelo povo, que se afastara de Deus e da Aliança. "Deus misericordioso e clemente, paciente e rico em bondade e fiel... Perdoa os nossos pecados... Caminha conosco..." (Ex 34,4b-6;8-9)
Deus de Israel é muito diferente: é Misericórdia: entende seus erros e os ama em qualquer circunstância, também quando pecam. Por isso, renova a Aliança com Israel. Deus é sempre o mistério que a "nuvem" esconde e revela: notamos a sua presença, mas sem o ver os contornos do seu rosto.
Para entrar no mistério de Deus, é preciso "subir o monte" da Aliança e estabelecer comunhão com Deus através do diálogo com ele (Oração) e da escuta da sua Palavra.
Na 2a Leitura, São Paulo saúda os primeiros cristãos com uma fórmula trinitária, que repetimos ainda hoje no início das Missas: "A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco". (2Cor 13,11-13)
- O PAI é aquele que tomou a iniciativa de salvar os homens, destinando-os a uma felicidade eterna, na sua família;
- O FILHO é aquele que realizou essa obra de salvação, com a sua vinda ao mundo e a sua fidelidade até a morte;
- O ESPÍRITO, o Amor que une o Pai com o Filho, é aquele que foi infundido no coração de todos os cristãos no Batismo.
O Evangelho revela a verdadeira face de Deus. (Jo 3,16-18)
- "Deus amou de tal forma o mundo que lhe DEU O SEU FILHO unigênito..." O Amor de Deus enviou seu Filho aos homens, tornando-se um deles.
- "Deus não o enviou ao mundo para JULGAR, mas para SALVAR". Deus ama o homem, mesmo aquele que continua pecador...
- "Quem não crê, JÁ ESTÁ CONDENADO". Segundo João, o juízo será feito AGORA pelo próprio homem, toda vez que acolhe ou recusa a proposta de salvação que Deus lhe faz.
Por que Deus revelou esse Mistério?
Com certeza, não foi para criar um problema na sua compreensão. Porque nos ama, ele revela os segredos íntimos da vida divina e nos INTRODUZ NA SUA FAMÍLIA. Ele age como um jovem que ama uma moça e, antes de casar com ela e conduzi-la à sua casa,
sente-se na obrigação de apresentá-la aos seus familiares.
Que verdade consoladora!...
- Em nós está o PAI, que nos chamou do nada, nos insuflou o sopro da vida, nos deu um nome, nos confiou uma missão.
- Em nós está o FILHO, que entregou sua vida por nós.
- Em nós está o Espírito Santo que nos ilumina e fortalece nos caminhos de Deus. E toda essa maravilha veio até nós pelo Batismo.
Ter esse tesouro precioso dentro de nós é uma dignidade, que deve provocar em nós três atitudes:
- ADORAÇÃO: Como não dar glória, bendizer e agradecer o hóspede divino, que faz de nossa alma um verdadeiro Santuário?
- AMOR: Deus, apesar de sua grandeza, fica conosco como um pai amoroso. Como não corresponder a seu amor?
- IMITAÇÃO: O Amor nos levará à imitação da Santíssima Trindade, dentro do possível de nossa pequenez...
Por que essa Festa?
Não é tanto para desenvolver a doutrina do Mistério da Trindade, mas um momento para relembrar de onde viemos e a comunhão que devemos restaurar em nós, para sermos de fato a sua imagem e semelhança.
Somos chamados a ser reflexos da Santíssima Trindade, sinais de comunhão, de partilha e esperança, num mundo tão dividido, individualista e desesperançado.
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Caberá o mistério da Santíssima Trindade em nossa pobre pequenez?
Andando pela areia da praia, Santo Agostinho submergia certa vez em pensamentos profundos e altíssimos que se elevavam ao céu. Entre seus raciocínios, pensava ele no mistério da Santíssima Trindade.
“Como é que pode haver três Pessoas distintas – Pai, Filho e Espírito Santo – em um mesmo e único Deus?”
Ele avistou, de repente, um menino com um baldinho de madeira, que ia até a água do mar, enchia o seu pequeno balde e voltava, despejando a água em um buraco na areia.
Santo Agostinho, observando atentamente o menino, lhe perguntou:
– O que estás fazendo?
O menino, com grande simplicidade, olhou para Santo Agostinho e respondeu:
– Coloco neste buraco toda a água do mar!
Diante da inocência do menino, o santo lhe sorriu e disse:
– Isto é impossível, menino. Como podes querer colocar toda essa imensidão de água do mar neste pequeno buraco?
O anjo de Deus o olhou então profundamente e lhe disse com voz forte:
– Em verdade, te digo: é mais fácil colocar toda a água do oceano neste pequeno buraco na areia do que a inteligência humana compreender os mistérios de Deus!
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1) Oração
Ó Deus, cuja providência jamais falha, nós vos suplicamos humildemente: afastai de nós o que é nocivo, e concedei-nos tudo o que for útil. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 12,35-37)
35Continuava Jesus a ensinar no templo e propôs esta questão: Como dizem os escribas que Cristo é o filho de Davi? 36Pois o mesmo Davi diz, inspirado pelo Espírito Santo: Disse o Senhor a meu Senhor: senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos sob os teus pés (Sl 109,1). 37Ora, se o próprio Davi o chama Senhor, como então é ele seu filho? E a grande multidão ouvia-o com satisfação.
3) Reflexão - Mc 12,35-37
No evangelho de anteontem, Jesus criticou a doutrina dos saduceus (Mc 12,24-27). No evangelho de hoje, ele critica o ensinamento dos doutores da lei. E desta vez, sua crítica não visa a incoerência da vida deles, mas sim o ensinamento que eles transmitem ao povo. Numa outra ocasião, Jesus tinha criticado a incoerência deles e tinha dito ao povo: “Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam” (Mt 23,2-3). Agora, ele mostra uma reserva com relação ao que eles ensinam a respeito da esperança messiânica, e ele baseia a sua crítica em argumentos tirados da Bíblia.
Marcos 12,35-36: O ensinamento dos doutores da Lei sobre o Messias.
A propaganda oficial tanto do governo como dos doutores da Lei dizia que o Messias viria como Filho de Davi. Era a maneira de ensinar que o Messias seria um rei glorioso, forte e dominador. Assim foi o grito do povo no Domingo de Ramos: "Bendito o Reino que vem do nosso pai Davi!" (Mc 11,10). Assim também gritou o cego de Jericó: "Jesus, filho de Davi, tem dó de mim!" (Mc 10,47).
Marcos 12,37: Jesus questiona o ensinamento dos doutores sobre o Messias
Jesus questiona este ensinamento dos doutores. Ele cita um salmo de Davi: “O Senhor disse ao meu senhor: senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés!” (Sl 110,1) E Jesus acrescenta: “Se o próprio Davi o chama de meu Senhor, como é que o messias pode ser filho dele?” Isto significa que Jesus não concordava muito com esta ideia de um messias Senhor Glorioso, que viria como rei poderoso para dominar e se impor sobre todos os inimigos. Marcos acrescenta que o povo gostou da crítica de Jesus. De fato, a história informa que os “pobres de Javé “ (anawim) esperavam o messias não como dominador, mas sim como servidor de Deus para a humanidade.
As várias formas de esperança messiânica. Ao longo dos séculos, a esperança messiânica foi crescendo, tomando várias formas. Quase todos os grupos e movimentos da época de Jesus esperavam a chegada do Reino, mas cada um do seu jeito: fariseus, escribas, essênios, zelotes, herodianos, saduceus, os profetas populares, os discípulos de João Batista, os pobres de Javé. Pode-se distinguir três tendências na esperança messiânica do povo no tempo de Jesus.
- Messias como enviado pessoal de Deus: Para uns, o futuro Reino devia chegar através de um enviado de Deus, chamado Messias ou Cristo. Ele seria ungido para poder realizar esta missão (Is 61,1). Alguns esperavam que ele fosse um profeta; outros, que fosse um rei, um discípulo ou um sacerdote. Malaquias, por exemplo, espera o profeta Elias (Mal 3,23-24). O Salmo 72 espera um rei ideal, um Novo Davi. Isaías ora espera um discípulo (Is 50,4), ora um profeta (Is 61,1). O espírito impuro gritava: "Eu sei quem tu és o Santo de Deus! (Mc 1, 24). Sinal de que também havia gente que esperava um messias que fosse sacerdote (Santo ou Santificado). Os pobres de Javé (anawim) esperavam o Messias como o “Servo de Deus”, anunciado por Isaías.
- Messianismo sem messias. Para outros, o futuro chegaria de repente, sem mediação nem ajuda de ninguém. O próprio Deus viria em pessoa para realizar as profecias. Não haveria um messias propriamente dito. Seria um messianismo sem messias. Isto já se percebe no livro de Isaías, onde o próprio Deus vem chegando trazendo a vitória na mão (Is 40,9-10; 52,7-8).
- O Messias já chegou. Também havia grupos que já não esperavam o messias. Para eles a situação presente devia continuar como estava, pois achavam que o futuro já tinha chegado. Estes grupos não eram populares. Por exemplo, os saduceus não esperavam o messias. O herodianos achavam que Herodes fosse o rei messiânico.
- A luz da ressurreição. A Ressurreição de Jesus é a luz que, de repente, iluminou todo o passado. À luz da ressurreição, os cristãos começaram a reler o Antigo Testamento e descobriram nele sentidos novos que antes não podiam ser descobertos, porque faltava a luz (cf 2Cor 3,15-16). É no AT que eles buscavam as palavras para expressar a nova vida que estavam vivendo em Cristo. É lá que encontraram a maior parte dos títulos de Jesus: Messias (Sl 2,2), Filho do Homem (Dn 7,13; Ez 2,1), Filho de Deus (Sl 2,7; 2 Sm 7,13), Servo de Javé (Is 42,1; 41,8), Redentor (Is 41,14; Sl 19,15; Rt 4,15), Senhor (LXX) (quase 6000 vezes!). Todos os grandes temas do AT desembocam em Jesus e encontram nele a sua plena realização. Na ressurreição de Jesus desabrochou a semente e, no dizer dos Pais da Igreja, todo o Antigo Testamento se tornou Novo Testamento.
4) Para um confronto pessoal
1) Qual é a sua esperança para o futuro do mundo de hoje em que vivemos?
2) A fé na Ressurreição tem alguma influência na maneira de você viver sua vida?
5) Oração final
Espero, Senhor, o vosso auxílio, e cumpro os vossos mandamentos. Guardo os vossos preceitos e as vossas ordens, porque ante vossos olhos está minha vida inteira. (Sl 118, 166.168)
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Capelão jesuíta fala do significado de celebrar a Eucaristia na vida dos fiéis. A entrevista é de Arnaud Bevilacqua, publicada por La Croix International, 30-05-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Questões em torno da celebração da missa foram o foco de inúmeros debates e discussões durante o confinamento geral decorrente da crise do coronavírus. E é pouco provável que elas desapareçam tão cedo. O padre jesuíta Dominique Degoul é capelão universitário em Paris. Ele conversou com Arnaud Bevilacqua, do sítio La Croix, sobre o significado da missa na vida dos fiéis.
Eis a entrevista.
Enquanto os fiéis estão confinados fisicamente há várias semanas, como poderíamos definir o que está em jogo na relação deles com a missa?
Esta situação excepcional pode levar à pergunta sobre o significado da missa. Parece importante enfatizar que, mesmo como católico romano, o que nos salva e no que depositamos a nossa fé não é a missa, mas Cristo. A celebração da Eucaristia não é algo em si mesma; ela se orienta para Cristo: o meio usual de encontrar-se com ele e recebê-lo. A celebração é o local onde cada um de nós se comunica com a pessoa de Cristo e onde, ao mesmo tempo, a Igreja se constitui como um corpo, recebendo-o em assembleia.
Privados da missa, sentimos uma falta real. No entanto, dizer literalmente que a missa é de importância fundamental nos conduz a uma falsa sensação de entendimento; não morremos por causa dela e ninguém é condenado por Deus se não puder assistir à missa.
Se não posso receber um sacramento, Deus sempre deseja profundamente vir ao meu encontro. A missa responde a uma necessidade humana de encontro.
Os sacramentos têm um caráter encarnado, com a presença física dos irmãos e irmãs, cuja ausência sentimos particularmente quando estamos privados deles.
Na vivência da nossa fé, podemos prescindir da missa desde que Cristo se apresente como o “pão vivo”?
Para aqueles que creem, o corpo e o sangue de Cristo constituem o alimento que nutre e mantém viva a fé. Privar os fiéis, aqui, pode levá-los a uma espécie de asfixia.
Às vezes, posso ficar entediado na missa, mas se eu não for, fecho a possibilidade proporcionada pela repetição do ritual de experimentar algo inesperado.
Sem dúvida, algumas pessoas vão redescobrir uma sensação interior de conforto quando retornarem ao terreno habitual da presença de Cristo. Por outro lado, outros podem descobrir que creem um pouco mecanicamente e talvez se perguntem sobre o significado de uma prática ritual da qual, no final, não sentiram tanta falta.
Eles terão que responder livremente à pergunta que Cristo fez aos seus discípulos, depois que suas duas palavras nos discursos sobre o pão da vida (Jo 6) os escandalizaram: “Vocês também querem ir embora?”
É esta uma oportunidade de se perguntar sobre o lugar da missa na França, quando em alguns países ela pode estar disponível devido à falta de padres?
Fui interrogado por um cristão “maximalista”, para quem a comunhão frequente era uma necessidade absoluta. Apontei-lhe que, se esse fosse o caso no sentido literal, não permitiríamos que alguns cristãos na Amazônia recebessem comunhão apenas uma vez por ano.
Dito isso, somos seres encarnados, portadores de uma história. A nossa história na França, diferentemente de outros países, é aquela de uma prática religiosa muito regular há mais de dez séculos. Podemos pensar sobre isso, especialmente porque a situação é mais difícil no interior do país. Mas para os fiéis profundamente habituados – e aqui, o hábito é uma coisa boa – que frequentam a missa desde a criança, a falta dela é um fato óbvio que não pode ser apagado com o exemplo da Amazônia, onde as pessoas são forçadas a ficar sem ela.
É a compreensão do significado profundo da missa que está em jogo?
A Eucaristia permanece um mistério, uma espécie de repetição cega do que Jesus nos disse. Quando repito as palavras da consagração, me pergunto às vezes o que Cristo queria dizer. Obviamente elas são a base para a instituição de um sacramento, mas são palavras duras. “Tomai, todos, e comei: isto é o meu Corpo que será entregue por vós” e “Tomai, todos, e bebei: este é o cálice do meu Sangue” é incompreensível e inimaginável.
Só podemos abordar o significado dessas palavras nas circunstâncias em que são ditas: pouco antes de seu corpo e sangue serem entregues fisicamente, Jesus transmite a esperança fundamental de que sua morte e ressurreição se transforem em um alimento verdadeiro para todos.
Receber o corpo de Cristo é expressar o desejo de viver no movimento de doar-se para o fim que ele mesmo teve e, no mesmo movimento, de nos doarmos pelos outros.
Na vida dos fiéis, qual pode ser o lugar apropriado da missa?
A prática religiosa não basta se no restante do tempo o cristão não se importar com a caridade. Mas ela é necessária, porque a nossa fé pressupõe lugares encarnados. Para mim, a comunhão é o sinal concreto da doçura divina. Por meio da Eucaristia, lembramos que o que é vivo e frutífero em nós não provém principalmente de nós mesmos, e que somente a ação de Cristo em nossos corações pode nos purificar e nos permitir dar o melhor.
O nosso vínculo com Cristo, recebido e fortalecido na Eucaristia, é a única fonte verdadeira de amor que podemos demonstrar; em troca, nosso amor ao próximo manifesta um amor que vem de Deus.
Desse modo, o mandamento do amor ao próximo e o mandamento do amor a Deus vêm juntos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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1) Oração
Ó Deus, cuja providência jamais falha, nós vos suplicamos humildemente: afastai de nós o que é nocivo, e concedei-nos tudo o que for útil. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 12, 28b-34)
28Achegou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? 29Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; 30amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças. 31Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe. 32Disse-lhe o escriba: Perfeitamente, Mestre, disseste bem que Deus é um só e que não há outro além dele. 33E amá-lo de todo o coração, de todo o pensamento, de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios. 34Vendo Jesus que ele falara sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava fazer-lhe perguntas.
3) Reflexão - Mc 12,28b-34
O evangelho de hoje traz uma conversa bonita entre Jesus e um doutor da lei. O doutor quer saber de Jesus qual o maior mandamento. Hoje também muita gente quer saber o que é o mais importante na religião. Uns dizem que é ser batizado. Outros, que é rezar. Outros dizem: ir à Missa ou participar do culto no domingo. Outros dizem: amar o próximo! Outros estão preocupados só com as aparências ou com os cargos na igreja.
Marcos 12,28: A pergunta do doutor da Lei.
Um doutor da lei, que tinha assistido ao debate de Jesus com os saduceus (Mc 12,23-27), gostou da resposta de Jesus, percebeu a grande inteligência dele e quis aproveitar da ocasião para fazer uma pergunta: “Qual é o maior de todos os mandamentos?” Naquele tempo, os judeus tinham uma grande quantidade de normas para regulamentar na prática a observância dos Dez Mandamentos da Lei de Deus. Alguns diziam: “Todas estas normas têm o mesmo valor, pois todas vêm de Deus. Não compete a nós introduzir distinções nas coisas de Deus”. Outros diziam: “Algumas leis são mais importantes que as outras e, por isso, obrigam mais!” O doutor quer saber a opinião de Jesus.
Marcos 12,29-31: A resposta de Jesus.
Jesus responde citando um trecho da Bíblia para dizer que o mandamento maior é “amar a Deus com todo o coração, com toda a alma, com todo o entendimento e com toda a força!” (Dt 6,4-5). No tempo de Jesus, os judeus piedosos fizeram deste texto do Deuteronômio uma oração e a recitavam três vezes ao dia: de manhã, ao meio dia e à noite. Era tão conhecida entre eles como entre nós, hoje, o Pai-Nosso. E Jesus acrescenta, citando novamente a Bíblia: “O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’ (Lev 19,18). Não existe outro mandamento maior do que estes dois”. Resposta breve e profunda! É o resumo de tudo que Jesus ensinou sobre Deus e sobre a vida (Mt 7,12).
Marcos 12,32-33: A resposta do doutor da lei.
O doutor concordou com Jesus e tirou as conclusões: “Sim, amar a Deus e amar ao próximo é muito mais importante do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios”. Ou seja, o mandamento do amor é mais importante que os mandamentos relacionados com o culto e os sacrifícios no Templo. Esta afirmação já vinha desde os profetas do Antigo Testamento (Os 6,6; Sl 40,6-8; Sl 51,16-17). Hoje diríamos que a prática do amor é mais importante que novenas, promessas, missas, rezas e procissões.
Marcos 12,34: O resumo do Reino.
Jesus confirma a conclusão do doutor e diz: “Você não está longe do Reino!” De fato, o Reino de Deus consiste em reconhecer que o amor a Deus é igual ao amor ao próximo. Pois se Deus é Pai, nós todos somos irmãos e irmãs e temos que mostrar isto na prática, vivendo em comunidade. "Destes dois mandamento dependem toda a lei e os profetas!" (Mt 22,4) Os discípulos e as discípulas devem fixar na memória, na inteligência, no coração, nas mãos e nos pés esta lei maior do amor: não se chega a Deus a não ser através da doação total ao próximo!
O primeiro mandamento. O maior e o primeiro mandamento foi e sempre será: “amar a Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento e com toda a sua força” (Mc 12,30). Na medida em que o povo de Deus, ao longo dos séculos, foi aprofundando o significado e o alcance do amor a Deus, foi percebendo que o amor de Deus só será real e verdadeiro, se ele se concretizar no amor ao próximo. Por isso, o segundo mandamento que pede o amor ao próximo é semelhante ao primeiro mandamento do amor a Deus (Mt 22,39; Mc 12,31). “Se alguém disser “Amo a Deus!”, mas odeia o seu irmão, é um mentiroso” (1Jo 4,20). “Toda a lei e os profetas dependem desses dois mandamentos” (Mt 22,40).
4) Para um confronto pessoal
1) Para você, o que é o mais importante na religião e na vida? Quais as dificuldades concretas para você poder viver aquilo que considera o mais importante?
2) Jesus disse ao doutor: “Você não está longe do Reino”. Hoje, será que eu estou mais perto ou mais longe do Reino de Deus do que o doutor elogiado por Jesus?
5) Oração final
Senhor, mostrai-me os vossos caminhos, e ensinai-me as vossas veredas. Dirigi-me na vossa verdade e ensinai-me, porque sois o Deus de minha salvação. (Sl 24, 4-5)
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Dom Wilmar Santin, bispo da Prelazia de Itaituba, tem acompanhado de perto o impacto da pandemia nas comunidades indígenas da sua região. Nesta segunda-feira (01), ele recebeu a notícia do falecimento de mais um cacique da etnia Munduruku. O prelado se une ao Papa Francisco para pedir a intercessão da Mãe da Amazônia “pelos mais pobres e indefesos daquela querida região”, sobretudo os indígenas.
Andressa Collet – Vatican News
Covid-19: sudeste do Pará sofre com aumento rápido de casos entre povos indígenas
Os números atualizados sobre as vítimas e infectados por Covid-19 entre os povos indígenas da Pan-Amazônia, uma faixa territorial que abrange 9 países, serão divulgados nesta terça-feira (2), em boletim semanal produzido pela Repam e a organização internacional do Coica. Até o último dia 26 de maio, porém, o relatório indicava 2.278 pessoas contaminadas pelo coronavírus e 504 mortas.
O boletim, assim, confirma que o vírus já está circulando entre aldeias de mais de 70 comunidades indígenas diferentes, principalmente, no Peru e no Brasil, o que é um sinal de alerta para a propagação rápida da doença. O Papa Francisco, ao final da oração do Regina Coeli de domingo (31), fez um apelo especial para a Amazônia, “duramente provada pela pandemia”, e pelos indígenas que compõem aquele bioma e são “particularmente vulneráveis”.
A mortalidade no Pará
Apelo do Papa pela Amazônia: luz e força para enfrentar a pandemia
Na Amazônia Brasileira, o Amazonas é o Estado que mais tem número de pessoas contaminadas, mas é o Pará que registra mais vítimas da doença. Segundo o painel oficial desta segunda-feira (1) gerado pela Ministério da Saúde, produzido com os dados das secretarias estaduais, o Pará registra 38.046 pessoas testadas positivas e 2.925 mortas por Covid-19.
Dom Wilmar Santin, bispo da Prelazia de Itaituba, no Pará, se une ao Papa Francisco para pedir a intercessão da Mãe da Amazônia “pelos mais pobres e indefesos daquela querida região”:
“Especificamente em Itaituba, onde está a sede da prelazia, são 607 casos de contaminação e 20 mortos, mas há mais de 1 mil com suspeita de terem contraído coronavírus. Então, esses números vão subir bastante. E, com muita tristeza, hoje à tarde, nesta segunda-feira (1), eu recebi a notícia da morte de um cacique Munduruku lá em Jacareacanga. Já tinha morrido um... E, no sábado (30), um outro Munduruku, que é cacique numa das 4 aldeias da cidade, foi levado para capital, Belém, numa situação bastante complicada, vitimado pelo coronavírus."
“Tmos que rezar muito e pedir a Nossa Senhora da Amazônia, Mãe da Amazônia, que nos ajude a superar este momento que cada dia está pior.” Fonte: https://www.vaticannews.va
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Religioso espanhol reza missas pelo Instagram e conduz sepultamentos virtuais de vítimas de Covid-19: ‘Cada morte tem um valor infinito’
Maria Fortuna
RIO — Padre José Maria Ramirez, da Congregação Legionários de Cristo, é famoso entre seus fiéis pela modernidade. Superconectado, ele tem a Bíblia no celular, adora Skype e libera o uso de telefone nas missas que celebra, na igreja da Rua Embaixador Carlos Taylor, na Gávea, lotada em tempos pré-coronavírus.
Nesse isolamento forçado por causa pandemia, o espanhol de 65 anos tem recorrido, mais do que nunca, à tecnologia. Criou um perfil no Instagram (@catecismo_rc) para celebrar missas aos domingos, às 18h (“as pessoas estão precisando de acolhimento”), e tem conduzido de dois a três sepultamentos virtuais por semana por um aplicativo de reunião. Foi o jeito que encontrou para que famílias possam se despedir de seus entes queridos nessa morte solitária causada pela Covid-19.
— É duro não poder dar adeus a quem se ama, não abraçar pessoas queridas nessa hora. Lembra outros tempos, quando os leprosos eram isolados de suas famílias — lamenta. — Cada morte tem um valor infinito. Como falar em estatística se é um amigo que se vai? Como proibir um filho de ir ao funeral de seu pai? Tudo é muito triste.
Ele, no entanto, sugere que lutemos contra angústia que tem tomado conta diante de algo cuja solução não depende da gente.
—Esse sentimento só nos enfraquece. Precisamos nos concentrar em fazer a nossa parte: ficar em casa para proteger os outros, usar máscaras, amenizar a solidão das pessoas queridas fazendo pequenas surpresas, ligando quatro vezes ao dia. Tem que usar FaceTime, Zoom, Team Viewer, Skype, mandar música pelo celular... — enumera. — Temos a pretensão da eternidade e deixamos para tudo para depois. “Vejo minha mãe depois, ligo para o meu irmão depois...” A verdade é que nós vivemos só no presente.
À frente do Centro de Evangelização Nossa Senhora de Guadalupe, mais conhecido entre os frequentadores como Casa da Gávea, padre Zé Maria não enxerga um sentido em si na tragédia. Muito menos acredita que ela foi enviada pelo “todo poderoso” para nos ensinar algo.
— Deus não envia o mal ao mundo. O mal, fazemos nós mesmos. Mas há coisas boas para tirar desse momento, como um maior espírito de reflexão, autoconsciência dos nossos limites e a solidariedade.
O convívio familiar, para quem tem o privilégio de poder ficar em casa, também é uma oportunidade e não um castigo, segundo o religioso.
— Vamos sentir saudades da quarentena nesse aspecto— acredita. — Lembro de uma família na Itália cujo pai era piloto de avião. Ele ficou doente e não pôde trabalhar no Natal. O filho lhe disse: “papai, que bom que você ficou doente”. É o que as crianças estão sentindo agora. Vivemos a correria do trabalho, uma entrega que vai além do bom. As pessoas acabam deixando de brincar no chão, de rolar com seus filhos no tapete.
Às vezes, só diante do sofrimento o ser humano acorda para as pequenas coisas, acredita. A repetição da rotina é automática e apenas um momento extraordinário para nos fazer despertar para o que realmente importa. Agora, o que será do mundo depois que a doença passar...
— Vai depender da atitude de cada um, porque o ser humano é livre. As mesmas circunstância e dificuldades fazem o covarde e o herói — afirma. — Acredito que vamos sair dessa mais humildes, menos vaidosos e mais autênticos. As pessoas estão enviando fotos de pijama, isso significa menos preocupação com as aparências.
Para além dos aspectos superficiais, ele cita o caso de um amigo, que não conseguia mais pagar seus funcionários e teve que fechar as portas de sua empresa de eletrônicos por causa da pandemia
— Ele, então, decidiu convidar todos para, de modo voluntário, criarem juntos o primeiro respirador feito no Brasil. Aí ofereceu o know-how para quem quisesse fazer o mesmo. Tudo depende do que cada um faz diante das oportunidades.
Toda essa oratória simples e direta do padre Zé Maria fez com que ele se tornasse bastante popular nos arredores de seu centro de evangelização. Ao contrário da fala rebuscada de alguns religiosos, ele se comunica diretamente com os fiéis sem a aura intocável, que por vezes distancia.
Os problemas e as belezas do Rio são assuntos de suas missas. Não à toa, ele virou personagem do livro “A vista do Rio”, sobre a Vista Chinesa, que ele costumava visitar de bicicleta antes da pandemia. Escalar Pedra da Gávea é outra paixão.
— Dizem que não pareço padre. Será que tem que ser marciano? — brinca. — Cristo, por exemplo, é o mais humano dos humanos. Estudei em colégios religiosos e achava que os padres eram fora da realidade. Quando comecei a ler o evangelho, vi que Jesus falava nas praças para todos, que as pessoas eram atraídas por ele sem serem forçadas.
Para ele, a Igreja erra a mão quando não busca a empatia.
— Tem que enxergar o ser humano sem entrar na carolice, no moralismo. Rezar por obrigação é cair no vazio, se afastar da essência. Não adianta rezar mil Ave Marias na missa, sair de lá e ficar fofocando ou ter ódio. Falhamos sempre, isso significa que não temos que categorizar pessoas, é preciso amar a todos — diz ele, um fã do Papa Francisco. — Ele é o Papa que Deus quer para o momento atual. Desburocratiza, desmistifica a religião. Francisco tem compaixão, sofre com quem sofre, se alegra com quem se alegra. Isso é amor.
Foi isso que padre Zé Maria sentiu quando, ainda cursando a faculdade de Economia, em Madri, recebeu “o chamado” para se tornar padre.
— Percebi que o mundo precisava menos de economistas e mais de pessoas que levassem o amor de Cristo ao mundo — conta o religioso, que é mestre em Filosofia e Teologia, e mora no Brasil desde 1997. Fonte: https://oglobo.globo.com
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Reflexão sobre o Evangelho do Domingo de Pentecostes
“...soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo’” (Jo 20,22)
A festa de Pentecostes é a culminância de todo o tempo pascal. As primeiras comunidades cristãs tinham claro que tudo o que estava se passando nelas era obra do Espírito, e tudo o que o Espírito tinha realizado em Jesus, agora estava realizando em cada um deles(as).
Também para cada um de nós, celebrar a Páscoa significa descobrir a presença do Deus-Espírito em nosso interior e na realidade que nos envolve, ora como brisa mansa, ora como vento impetuoso.
Tanto a “ruah” hebraico como o “pneuma” grego significam ar, vento, sopro. É neutro em grego, masculino em latim (“spiritus”), feminina em hebraico, pois transcende, acolhe e abençoa todas as identidades de gênero. É alento vital profundo. Brisa suave no sufoco, vento forte na apatia. “O vento sopra onde quer”, vem de tudo e de sempre, nos leva onde não sabemos.
A raiz da palavra “ruah”, nas línguas semíticas, é “rwh”, que significa o espaço existente entre o céu e a terra, que pode estar em calma ou em movimento. Seria o ambiente no qual os seres vivos bebem a vida. A terra mesma era concebida como um ser vivo, o vento era sua respiração.
Nestas culturas, o sinal de vida era a respiração. “Ruah” veio a significar “sopro vital”. Quando Deus modela o homem de barro, sopra em seu nariz o hálito de vida.
No Evangelho deste domingo, prolongando o sexto dia da criação, Jesus sopra sobre os apóstolos para comunicar seu Espírito.
Pentecostes vem nos recordar que o Espírito faz parte de nós mesmos, constitui nossa verdadeira identidade e não tem que vir de nenhum lugar. Somos habitados por ele, está em nós, antes mesmo que nós começássemos a existir. É o fundamento de nosso ser e a causa de todas as nossas possibilidades de crescer em todas as dimensões da vida. Nada podemos fazer sem ele, como também não podemos estar privados de sua presença em nenhum momento. Todas as orações, encaminhadas a pedir a vinda do Espírito, só tem sentido quando nos levam a tomar consciência de sua presença e ação em nós; tais orações ativam em nós o impulso para nos deixar conduzir por essa presença inspiradora e criativa.
Assim é o Espírito que vibra na entranha do infinitamente grande e do infinitamente pequeno, nesta nossa Terra e no universo sem medida. O Espírito sopra onde quer, que é como dizer “em tudo”, pois ama tudo e anima tudo. É a “alma” de tudo quanto vive e respira. É a esperança invencível, a aspiração irresistível de todos os seres, sem exceção. É a energia que toma forma na matéria e a faz matriz inesgotável de novas expressões de vida, sem fim.
Nesse sentido, nós somos a terra propícia onde atua o Espírito. Onde há mais carência, vulnerabilidade, pobreza... há mais e maiores possibilidades criativas. Nenhuma situação pode afastar-nos de sua visita. Toda terra baldia é boa para o Espírito. Ele é o buscador incansável e com um “sim” ousado e forte recria de novo nossa história, estabelecendo o “cosmos” (harmonia e beleza”) em nosso “caos” existencial.
As “terras do Espírito” albergam milhares de nomes: chama-se esperança para aqueles que sonham um outro mundo possível; chama-se amada paz para aqueles que vivem em meio à barbárie dos conflitos; chama-se liberdade para aqueles que foram privados dos seus direitos fundamentais; chama-se justiça para aqueles que vivem continuamente sendo espoliados e explorados; chama-se beleza, porque tudo o que foi criado é bom e precioso; chama-se humanidade porque é neste “húmus-chão” onde a presença da “Ruah” transforma a existência.
No silencioso sussurro da voz do Espírito, toda nossa realidade interior fica abençoada: os sentimentos contraditórios, os dinamismos opostos, os pensamentos divergentes..., se harmonizam. Ele “desce” para nos encontrar e despertar nossa vida atrofiada. Com seu toque, uma identidade nova ressurge: não somos mais estrangeiros, nem inimigos de nós mesmos. Sua presença dá calor e sabor à nossa existência.
São tantas as pessoas que fazem experiência de vida no Espírito, que bebem dele, vivem dele, muitas vezes sem saber disso; elas têm uma visão aberta e são motivo de alegria e de cuidado para aqueles que delas se aproximam; homens e mulheres que levam alívio ao tecido da existência humana pois, com suas presenças, dão um toque de cor e calor à realidade; como brisa leve, situam-se junto àqueles que atravessam momentos de desânimo, de tristeza e de fracasso...
O Espírito é o artífice secreto de todas as cores e texturas da vida, da beleza, que conhecemos e daquela que ainda nos aguarda. Ele é a “alma do mundo” e disso só podemos fazer aproximações, vislumbres...
Reconhecemos o Espírito pelos efeitos que provoca: sem saber de onde vem nem para onde irá, nos golpeia e clama no sofrimento dos inocentes, grita em todos os ambientes que maltratam a vida, ali onde não se respeita a dignidade e o valor das criaturas. Ele nos alcança na expressão terna de um rosto, na tonalidade de uma voz, na carícia da natureza...
Ali onde nosso ego se esvazia, o Espírito toma o lugar que lhe pertence, desde o princípio e para sempre.
Esse lugar não é um espaço físico nem está situado no tempo, senão que esse lugar está dentro, vai conosco lá onde vamos. São “terras do Espírito”, e habitá-las é nossa promessa.
A humanidade sempre sonhou e buscou a “terra prometida”; no entanto, esta não se reduz a um lugar geográfico ou um espaço paradisíaco. São as “terras do Espírito”, terras prometidas a todos que vivem a partir de sua própria interioridade. É preciso descalçar-se para entrar nessas terras, fazer-se cada vez mais leves, mais humildes, peregrinos... Quem se deixa conduzir pelo Espírito, nenhuma terra lhe é estranha; ao contrário, tudo lhe é familiar.
Eis que nos encontramos agora no tempo do “distanciamento social”, para não nos contaminar. Imperceptíveis partículas nos ameaçam onde menos esperamos. E procuram minar e destruir nosso sistema vital.
Mas não devemos esquecer que há outro tipo de “bendito contágio”, que procura ter acesso à nossa interioridade mais profunda: é o contágio do Espírito, que nos envolve e nos pede que tiremos todas as máscaras com as quais nos defendemos dele. É o Espírito que alenta (suspira) na beleza, na arte, nas relações de amor incondicional, no cuidado compassivo, na presença solidária, nas pessoas que ajudam desinteressadamente, na hospitalidade da vida...
Jesus Ressuscitado, no encontro com os discípulos e com cada um(a) de nós, nos entregou definitivamente este Espírito, sua santa Ruah que o habitava e o levou a entregar sua vida em favor da vida.
É a “Ruah” que produz o contágio espiritual e que foi derramada sobre toda a humanidade.
A Santa Ruah é a memória permanente do “sim” do Abbá e de Jesus a todos nós. Não somos abandonados do Amor, nem da Misericórdia de nosso Deus. Onde menos pensamos, ali surgem sinais de um grande e apaixonado amor pela humanidade. Tanto amou Deus o mundo, tanto amou Jesus à humanidade, que nos entregaram o Espírito Santo, essa bendita contaminação que nos envolve por todos os lados, para que “tenhamos vida em abundância”.
Santa Ruah! Bendito contágio!
Texto bíblico: Jo 20,19-23
Na oração: Espirituais somos todos, quando deixamos que, dentro de nós, o Espírito de Deus encontre espaço livre para mover-se, sussurrar e suscitar inquietações. Ao habitar-nos, o Espírito não nos invade, nem se impõe.
Se abrirmos espaço à sua presença, brota uma sadia convivência que potencia o melhor de nós mesmos, sensibiliza nosso coração e abre os sentidos para que fiquem mais alertas e sintonizados com as surpresas que brotam da vida.
No ritmo da silenciosa respiração, sinta a “Santa Ruah” tendo acesso às profundezas de seu ser, pacificando, integrando..., despertando novas energias e impulsos criativos e rompendo o medo, a apatia, a falta de sentido...
Fonte: https://domtotal.com
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O “coronavírus” pode me ajudar a conhecer melhor as pessoas que amo, a conhecer melhor a mim mesmo e a descobrir qual seria o projeto que Deus traçou para mim ao me criar!
Dom João Bosco Óliver de Faria
Sou um arcebispo católico, com 80 anos de idade e completando 52 de vida sacerdotal, tempo que me permitiu conhecer um pouco da alma humana.
No início desta “quarentena”, enviei umas poucas reflexões a alguns amigos. Recentemente, um sacerdote com seus 17 anos de vida sacerdotal sugeriu-me que voltasse ao tema, tentando ajudar as pessoas a vivenciar a novidade dos esquemas de vida e de convivência familiar. Tentarei evitar, neste texto, os lugares comuns do que se tem falado ou escrito.
A modalidade de vida a que estávamos acostumados incidia, preferencialmente, no fazer e no acontecer: o exercício da própria profissão, dividindo o tempo com as atividades domésticas, reservando os sábados e domingos (Domingo não é “fim de semana”!) para a convivência social: atos religiosos, clubes, esportes, festas, aniversários e visitas. Lembro-me de um professor, em Roma, que, em 1974, já nos falava da “neurose do domingo”: própria das pessoas que não sabem ocupar o próprio tempo fora da rotina semanal.
A quarentena quebrou tudo isso. Nem todas as famílias têm um espaço suficiente na própria casa para diversificar a valorização do uso do tempo e do saboreá-lo. Nem todas as crianças são calmas e, mesmo quando o são, necessitam de espaço, de movimento e de atividade. As menores, quando assentadas nas cadeiras, balançam suas perninhas... Pode faltar o espaço necessário para o sossego, para a leitura de um livro ou mesmo para ter um tempo de reflexão e de meditação.
Recentemente, uma pessoa, que vejo como a personificação ambulante da calma, disse-me, ao final de um dia de trabalho, que estava se sentindo estressada, queixa que foi acolhida com risos pelos presentes.
Essa situação da quarentena pode gerar duas reações opostas nos indivíduos:
- sentir-se a vítima que carrega, quase sozinha, o peso da família, da convivência e dos problemas que surgem; o pensamento de que “sou esquecido(a) ” - “ninguém se importa comigo” – o “tudo eu”! Ou: “ se eu não fizer, ninguém faz!” Tal maneira de pensar pode levar a pessoa à depressão, com suas funestas consequências; ou
- adotar um comportamento agressivo, jogando nos outros a culpa não só de tudo que acontece de desagradável em casa, como também da limitação da própria capacidade de aceitar, de acolher, de administrar as limitações e os defeitos dos demais na convivência do dia a dia.
As duas atitudes têm uma mesma fonte: o individualismo existente no grupo familiar: cada um só pensa em si.
Como vivenciar esta quarentena que pode se prolongar? Quais valores ela pode trazer para nós?
Além do que já escrevi, anteriormente, e do que já foi falado ou escrito, trago algumas sugestões, sem a pretensão de ser exaustivo.
* Gail Sheehy, em seu livro “Passagens”, ensina-nos que não resolvemos nossos problemas mudando o mundo fora de nós, mas mudando a nós mesmo, conformando-nos ao mundo em que estamos.
* Cuidar da própria apresentação pessoal. Não devemos nos arrumar apenas quando saímos à rua, mas sempre. Vestir-se bem não significa roupas caras, mas saber combinar a própria roupa. Minha irmã dizia: “- Não existe mulher feia, existe mulher que não se cuida”. Um pouco de maquiagem dentro de casa faz bem a todos e sobretudo à própria pessoa que se maquia. Para nós homens, fazer a barba diariamente ou conforme nosso costume anterior e cuidar-nos, também! A vaidade no cuidado pessoal faz bem a todos!
* Há uma dimensão positiva nesta situação que vivemos: ter tempo para si próprio. Com muita frequência falamos em “correria” e não temos tempo para nós mesmos: colocar nossas coisas em ordem: papéis, roupas, gavetas...
* Nesta mesma linha: procurar descobrir e valorizar os dons que cada um recebeu de Deus e que, pelas circunstâncias da vida, ficaram esquecidos ou sem oportunidades de se fazerem presentes: aprender a tocar um instrumento musical, a pintar, a compor poesias, a escrever contos. Conheço uma professora, já de idade, humilde, no Sul de Minas, que publicou, recentemente, um pequeno livro com suas poesias. Uma amiga, em São Paulo, quando seu único filho se casou, dedicou-se à música e à pintura, coisas que nunca fizera antes. Seus quadros foram premiados em várias exposições em São Paulo, Bahia e outros Estados. Seu marido tinha condições e, com um pequeno teclado, ela dedicou-se também à música.
* Muitas vezes falta-nos a oportunidade para descobrir dons e qualidades que Deus nos deu! São Henry Newman escreveu: “tenho convicção de que Deus me criou para cumprir uma missão especial”. Aceite que você é uma pessoa sonhada por Deus e que Ele lhe deu uma missão especial! Descubra qual!
* Admiro um garoto pobre, de quinze anos, que vive na área rural. Nestes dias sem aulas, com seu celular, estuda como criar coisas. Já fez uma tesoura eletrônica que corta papel, um carrinho miniatura que se movimenta sozinho (as rodas são tampinhas de garrafa pet), um outro carrinho teleguiado, um aparelhinho de solda quente, etc.
* Li um livro, que muito me agradou, de outra psicóloga americana: Karol Jackowski, “Dez coisas divertidas a fazer antes de morrer”, (depois de lê-lo, comprei dez exemplares para presentear amigos). Claro que também eu, apesar dos 80 anos, espero viver mais uns aninhos e superar o vírus Covid 19. Vale, no entanto, a pergunta: “- Quais as coisas que gostaria de fazer antes de morrer?”
O “Corona vírus” pode me ajudar a conhecer melhor as pessoas que amo, a conhecer melhor a mim mesmo e a descobrir qual seria o projeto que Deus traçou para mim ao me criar! Mas, sobretudo, neste tempo em que nos resguardamos para nos proteger, é muito importante ser alegre, cultivar a alegria, ver as coisas e os fatos pelo lado bom e crescer na gentileza para com as pessoas com quem convivemos.
Um abraço:
Dom João Bosco Óliver de Faria, Arcebispo emérito de Diamantina, Presidente da Pró-Saude
Fonte: https://www.vaticannews.va
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André Spigariol Da CNN, em Brasília
O juiz Bruno Bodart, da 7ª Vara da Fazenda Pública do Rio de Janeiro, suspendeu os efeitos do decreto que libera o funcionamento de templos religiosos de qualquer natureza, para realização de cultos, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). A medida foi editada pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), na segunda-feira (25), mas foi questionada pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro e pelo Ministério Público do estado.
Na decisão, em caráter liminar, o magistrado diz que “causa certa perplexidade a edição do referido ato normativo pelo município do Rio de Janeiro, já que em outros processos judiciais recentes, em que se questionam as medidas de suspensão do funcionamento de estabelecimentos comerciais, o seu respeitável órgão de representação judicial defendeu vigorosamente a necessidade das medidas de isolamento social”, argumenta Bodart.
“Observa-se, dessa maneira, um verdadeiro comportamento contraditório dos poderes públicos municipais: ao passo que consideram imperiosas, para a tutela da saúde pública, medidas graves de restrição às liberdades de locomoção, iniciativa e trabalho, deixam de adotar limitações brandas ao exercício da liberdade religiosa”, acrescenta.
Além de suspender a eficácia do decreto, o magistrado determinou, ainda, que a prefeitura deve apresentar, dentro de dez dias, “análise de impacto regulatório, nos parâmetros estabelecidos nos manuais da Casa Civil da Presidência da República e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), sobre as medidas adotadas em âmbito municipal para enfrentamento da emergência de saúde pública”.
Bodart também ordenou que a prefeitura não edite novas normas relacionadas ao enfrentamento da pandemia de Covid-19 “em desacordo com a legislação federal e estadual de regência, notadamente quanto ao funcionamento de cultos religiosos presenciais”. O juiz pede ainda que a autoridade municipal fiscalize de forma efetiva o cumprimento das medidas de isolamento social, “notadamente quanto ao funcionamento de cultos religiosos presenciais”. Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br
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"Este livro é também um estímulo para que se dê continuidade no aprofundamento deste tema e coloque-se a vida em chave litúrgica e em sintonia/sinergia com o Espírito Santo, pois, 'sem sua presença ativa, a celebração não seria litúrgica, mas, antes, um conjunto de ritos sem significado'", escreve Eliseu Wisniewski, presbítero da Congregação da Missão Província do Sul (padres vicentinos), mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e professor na Faculdade Vicentina (FAVI), Curitiba, PR.
Eis o artigo.
Durante muitos séculos, na Igreja e na teologia ocidental, a figura do Espírito Santo foi ignorada e silenciada. Atualmente em diversos campos da teologia está se recuperando a dimensão pneumatológica. Admitiu-se a pneumatologia como um tratado dentro do conjunto da teologia dogmática, embora na maioria das faculdades católicas de teologia não exista um tratado específico de Pneumatologia.
Adolfo Lucas Maqueda (1971) mestre em Liturgia pelo Instituto Superior de Liturgia de Barcelona e doutor em Liturgia pelo Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo de Roma, professor e membro da Associação de Professores de Liturgia da Espanha – no livro: Espírito Santo e Liturgia – considerando que a liturgia é pneumatológica, destaca a presença e a ação do Espírito Santo na celebração litúrgica.
O autor toma como ponto de partida o Concílio Vaticano II (1962-1965): “no Concílio se deu uma mudança de mentalidade, de modo que falar do Espírito Santo na liturgia é fazê-lo situando-o a partir da história da salvação e em relação com as outras pessoas trinitária, o Pai e o Filho” (p. 13). O Concílio: “colocou sob as coordenadas pneumatológicas toda a história da salvação, ou seja, as intervenções e atuações operadas por Deus e transmitidas pela Bíblia para salvar a humanidade. Uma história que é sinal do Espírito que agiu no mundo antes que Cristo fosse glorificado (cf. AG 4). O Espírito é quem conduz o Povo de Deus (cf. GS 11), que dirige a Igreja (cf. LG 48), quem santifica e vivifica o povo de Deus por meio dos ministros, dos sacramentos e dos dons particulares (cf. AA 3), quem age para além dos confins visíveis da Igreja Católica (cf. LG 15). No entanto, faz notar que: “O Concílio Vaticano não esboçou uma pneumatologia nem orgânica nem sistematizada, mas abriu novos caminhos para os estudos posteriores. Foi o que Paulo VI expressou: “ À cristologia e, especialmente, à eclesiologia do Concílio deve suceder-se um estudo e um culto novo ao Espírito Santo, justamente como necessário complemento da doutrina conciliar”. Todavia, não disse nada sobre a função do Espírito Santo na liturgia, e talvez este tenha sido um dos grandes erros; erros que se remediaram durante as décadas seguintes com pesquisas e publicações novas, categorias e específicas” (p. 24).
Assim, no primeiro capítulo: O Concílio Vaticano II e o Espírito Santo, sem a pretensão de fazer um percurso histórico exaustivo sobre o Espírito Santo- apresenta-se a situação em que se encontrou o tema pneumatológico ao logo dos séculos (cf. p. 17-20) até a realização do Concílio Vaticano II – momento a partir do qual se deu uma recuperação na dimensão pneumato-trinitária, a atenção, a preferência e o florescimento do pneumatológico plasmado oficialmente na Igreja ocidental (cf. p. 20-24). Nos textos conciliares oficiais, de modo especial nas quatro constituições conciliares: Dei Verbum, Gaudium et spes, Lumen Gentium e Sacrosanctum Concilium - a expressão Espírito Santo é citada aproximadamente 258 vezes, significando um progresso doutrinal no que tange ao Espírito Santo. Desde a Constituição Litúrgica Sacrosanctum Concilium, primeira a ser aprovada, até a última, a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, cresceu a preocupação em torno da missão do Espírito Santo na Igreja. A publicação dos documentos conciliares supôs um progresso doutrinal no que tange ao Espírito Santo.
Por isso, nos primeiros anos do pós-concílio, devido aos documentos conciliares, nos estudos teológicos-litúrgicos tomou-se consciência da importância que o Espírito Santo merece na Igreja (cf. p. 24-26). Com a nova visão da teologia buscou-se a renovação dos livros litúrgicos, segundo a mentalidade do Concílio Vaticano II (p. 26-30). Os livros litúrgicos estruturados em três partes: praenotanda (introdução), a parte celebrativa (corpo central) e uma seleção de leituras (lecionário) são “um momento de fé e de sensibilidade atual, e asseguram que a celebração seja mais eclesial” (p. 26). São “uma escola educativa para toda a comunidade celebrante e pretendem explicar, a profundar e alimentar a vida do cristão” (p. 30), são por isso, “verdadeiras joias pneumatológicas, tanto na doutrina quanto nas orações” (p. 31). No entanto, Maqueda faz notar que “não existe um estudo geral sobre o Espírito Santo nos livros litúrgicos atuais” (p. 30), esclarecendo que “os grupos de trabalho, comissões e pessoas que confeccionaram estes livros alimentaram a liturgia em um tríplice núcleo inter-relacionado: o trinitário, o histórico-salvífico e o teológico, sendo o pneumatológico o farol que guia, orienta e forma a celebração” (p. 30).
O segundo capítulo vem intitulado: O Espírito Santo preenche a liturgia (p. 33-52). Nestas páginas, o autor, explica termos fundamentais que nos situam no centro da realidade Espírito Santo e Liturgia.
Sabedores de que o Espírito Santo é o verdadeiro artífice e protagonista da celebração litúrgica (p. 33), a liturgia apresenta uma dimensão ascendente e uma dimensão descendente, ou seja, “em sua dimensão descendente, a liturgia é comunicação do Espírito Santo; é o lugar onde se faz presente o Cristo glorificado, o qual por sua vez, confere o Espírito Santo à assembleia ali reunida. O Espírito Santo desce. O céu junta-se a terra, Deus manifesta-se. Em sua dimensão ascendente, a liturgia é a voz do Espírito Santo, em Cristo-Igreja, para a glória do Pai. Os fiéis invocam e oram, a terra se junta ao céu, rendemos culto a Deus” (p. 34). Por isso não se pode falar do Espírito Santo sem saber o que são as epicleses (p. 36-45). Sendo uma só: a do Espírito Santo (p. cf. 36) é a “invocação orante realizada durante uma celebração litúrgica, especialmente na Eucaristia, para que o poder divino desça e aja, consagrando e transformando seja os dons, seja a assembleia reunida” (p. 36). No entanto, a epiclese vai além da Eucaristia, alcançando os sacramentos, a Igreja e até a própria vida humana e, diante disso, há de se considerar as epicleses dentro da celebração em sentido estrito (p. 36-40) e as epicleses fora da celebração eucarística em sentido amplo (p. 41-45).
Concluindo este capítulo, o autor, chama atenção para os dinamismos pneumatológicos (p. 45-47) e para a linguagem litúrgica e sua dimensão pneumatológica (p. 47-52). Quanto aos dinamismos ou modalidades pneumatológicas esclarece que a epiclese estará sempre ligada a uma paraclese. Esta é o efeito, o fruto, a consequência da presença do Espírito Santo a ser invocado. A união entre a epiclese e a paraclese desemboca na anáclase (chamar para trás, voltar). Tem uma conotação teleológico-escatológica: cheios do Espírito Santo e de seus efeitos, voltamos para o Pai com suas mãos cheias de boas obras, santificadas alcançando, assim, o objetivo pelo qual o Espírito veio.
O terceiro capítulo - Na celebração litúrgica se manifesta o Espírito Santo – apresenta a celebração litúrgica como mistério de salvação, pois, é o lugar onde a ação do Espírito Santo se faz viva e existencial (p. 53-67). Graças ao Espírito Santo a celebração cristã converte-se em acontecimento da salvação. Sem a sua presença ativa, a celebração não seria litúrgica: o Espírito Santo mostra-se tal qual é quando age na celebração para revelar o mistério divino e para despertar as consciências dos fieis para a verdade (cf. p. 53). A celebração inteira está impregnada do Espírito Santo, o qual torna visível e presente o Cristo, uma vez que, na realidade a celebração nasce do próprio Cristo (cf. p. 57).
Assim sendo, Maqueda enumera alguns pontos/pistas que conformam a relação do Espírito Santo e a celebração:
1) sob o prisma litúrgico-celebrativo: a) a celebração não é somente um conjunto de sinais, gestos, ritos e cantos (p. 54-55); b) a celebração é eficaz graças aos frutos do Espírito Santo (p. 55); c) os ministérios, serviço da comunidade celebrante, são sinais pneumatológicos (p. 55); d) a celebração e suas partes pneumatológicas (p. 56-57);
2) sob o prisma litúrgico-teológico: a) o Espírito Santo, presença no tempo (p. 58); b) O Espírito Santo, presença em sintonia e sinergia com Cristo (p. 58-59); c) Espírito Santo, presença atual (p. 59);
3) sob o prisma litúrgico-vital: a) o Espírito Santo reúne a assembleia para celebrar (p. 60); b) O Espírito Santo torna o Cristo presente (p. 60-61); c) o Espírito vivifica, sustenta e renova a celebração (p. 61).
Estes prismas chamam nossa atenção para um fato: o Mistério Pascal realizou-se uma vez para sempre, mas quanto mais se atualiza na celebração, tanto mais vezes se realiza a salvação de todos. Por assim ser, a celebração é uma linguagem, um compêndio orante, teológico, profético, missionário e místico. Uma linguagem com a qual se fala a Deus e com Deus (oração); uma linguagem, que fala de Deus e sobre Deus (teologia); uma linguagem em lugar de Deus (profecia); uma linguagem que fala a favor de Deus (missionária) e uma linguagem, que fala em Deus (mística).
As páginas finais deste capítulo (p. 62-67) destacam alguns aspectos que mostram que o canto litúrgico é uma ação tipicamente pneumatológica. O Espírito Santo é o único diretor musical, uma vez que a celebração é eficaz, verdadeira e transformante graças ao Espírito Santo.
O canto e a música são: a) a voz do Espírito que sopra na celebração e unifica a assembleia; b) convidam a interioridade; c) dilatam-se no tempo e no espaço; d) dirigem-se à Trindade; e) fomentam a unidade da assembleia; f) são um ministério querido pelo Espírito Santo (cf. p. 63-65). Enfim, o canto e a música canalizam e veiculam a ação do Espírito (cf. p. 65-67).
A relação entre a Palavra de Deus e o Espírito Santo é o assunto do quarto capítulo intitulado: O Espírito Santo, chave da Palavra de Deus (p. 69-80). Destacado que o Espírito Santo desempenha um papel de capital importância na celebração, o autor expõe brevemente as características que subjazem à Palavra de Deus: a) a liturgia da palavra não tem um caráter casual (p. 70); b) a liturgia da palavra é parte do memorial do Senhor (p. 70-71); c) a Sagrada Escritura é o sacramento da Palavra de Deus (p. 71); d) a pregação coloca-nos em relação com Cristo (p. 71); e) O Espírito vivifica constantemente a Palavra do Senhor (p. 71-72).
O Espírito Santo está presente e age na proclamação da Palavra de Deus. Maqueda destaca que “a celebração litúrgica começa por uma parte fundamental: a proclamação das sagradas Escrituras. Esta parte está impregnada do Espírito Santo, alma e vitalidade da liturgia” (p. 72). Por isso, a “Palavra de Deus se faz sacramento sob a ação do Espírito Santo” (p. 73). Efetivamente “a veneração com que dever ser escutada a Palavra de Deus é comparável à veneração que se tributa ao Corpo de Cristo” (cf. p. 73-74). Na celebração litúrgica, a Palavra de Deus exige-se sempre uma atitude de docilidade por parte dos fiéis e no momento em que os fiéis se fazem dóceis ao Espírito; efetivamente, a mensagem da Sagrada Escritura não pode ser separada da vida.
Neste sentido, o pregador converte-se em mistagogo dos que o escutam. A liturgia é a depositária da Palavra de Deus, por isso, partir a Palavra é proclamar os textos bíblicos para alimentar os fiéis com que Deus nos diz daí a necessidade de bons leitores. Essa Palavra é também repartida pela homilia quando o ministro ordenado explica e interpreta os textos escutados e proclamados. A Palavra de
Deus é repartida na homilia para vivificar a comunidade orante. O pregador, sob a epiclese do Espírito está repleto do Espírito e os fieis que participam da homilia também precisam da ajuda constante do Espírito Santo. Ele torna compreensíveis as coisas espirituais e concede aos fiéis quatro dons que devem assumir como atitude e disposição para suas vidas: a docilidade, a docibilidade, a disponibilidade e a dilatabilidade (cf. p. 74-80).
No quinto capítulo o autor expõe a assembleia litúrgica sob o aspecto pneumatológico (p. 81-94). Neste capitulo, inicialmente o autor coloca-nos diante de alguns pressupostos. Se a liturgia é entendida como manifestação e presença do mistério de Cristo, a participação converte-se numa dimensão constitutiva da liturgia. Isso significa que a liturgia não se reduz somente às rubricas, à estética, ao cerimonial, nem sequer ao momento celebrativo, mas é algo muito mais profundo, que aponta para o próprio para o próprio coração do acontecimento litúrgico. Daí que participação, entendida como submergir-se no Mistério que se faz presente na ação sacramental e na vida, tampouco pode ser considerada a partir de seus aspectos funcionais, ou seja, embora uma pessoa não intervenha na celebração, nem leia diante da assembleia, também esta participando ativamente. Por isso, o motor dessa actuosa participatio não deve ser buscado nas modulações externas, mas na comunhão e na interiorização de vida entre Deus e o fiel (cf. p. 81-82). Por isso, o Concilio Vaticano II utiliza adjetivos para captar como deve ser essa participação: a) consciente; b) piedosa; c) ativa (p. 83-85).
Desta forma, a assembleia litúrgica é convocada pelo Espírito Santo, que abre as portas para a esperança, infunde a fé nos corações dos fiéis e provoca a união e a caridade entre todos eles (cf. p. 85-88). Definitivamente, o Espírito busca a participação do fiel no fato histórico do mistério realizado hoje (cf. p. 89). A assembleia litúrgica é ainda: a) a visibilização de Cristo pela força do Espírito (cf. 89-90); b) canalizadora da ação do Espírito Santo (p. 90-91); c) uma comunidade pneumatófora, ou seja, portadora do Espírito Santo (p. 91-92); d) Igreja doxológica para uma vida cultual (p. 92-93).
No capítulo sexto, o autor, adentra no marco pneumatológico dos setes sacramentos (p. 95-121). Faz notar que o Espírito Santo manifesta-se também nas celebrações sacramentais e quando são celebrados, a graça divina age sob os dinamismos epiclético-paraclético-anaclético. O Espírito Santo manifesta-se e age silenciosamente no antes e depois dos sacramentos. A vida do cristão está sob sua influencia, que opera sua santificação (dimensão descendente) pela plenitude do culto no espírito e na verdade (dimensão ascendente) (cf. p. 95). Olhando especificamente para cada um dos sete sacramentos, Maqueda expõe algumas pistas sobre a dinâmica sacramental e seu influxo pneumatológico:
Na celebração do batismo, o Espírito expira, manifesta-se para levar a Cristo, para submergir a pessoa em Cristo (cf. p. 96-100); na Confirmação, Cristo submerge o fiel no Espírito. É a manifestação estendida da força do dom. Também neste sacramento, o Espírito Santo é dado para que o fiel possa ser mais capaz do dom. Também neste sacramento, o Espírito Santo é dado para que o fiel possa ser mais capaz do dom, da acolhida do dom, da administração do dom (cf. p. 100-103); na Eucaristia, dá-se a maior das manifestações do Espírito Santo. Ele manifesta-se nas pessoas e nas coisas, na Igreja e no cosmos; ele transforma toda a realidade, concretamente, em pão e vinho (cf. p. 104-105).
No sacramento da Penitência, manifesta-se o Espírito renovador para o louvor da misericórdia do Pai em Cristo. O orvalho benéfico do Espírito é a remissão dos pecados. Cristo pela força do Espírito reabilita o fiel para que redescubra e renove sua própria dignidade como Filho de Deus (cf. p. 105-108). Na Unção dos Enfermos, manifesta-se o Espírito fazendo com que o fiel se assemelhe a Cristo sofredor e, assim, complete o que falta à paixão de Cristo (cf. p. 108-110).
No sacramento da Ordem, o Espírito oferece a um fiel a máxima diaconia de Cristo Sumo Sacerdote, para que, ministerialmente, sirva os outros in persona Christi (cf. p. 111-114); no Matrimônio manifesta-se o Espírito na aliança eclesial-nupcial, ou seja, ele iguala os cônjuges a Cristo-Igreja e instaura no sinal conjugal uma Igreja doméstica, isto é, uma família (cf. p.115-121).
Os sacramentais ocupam a reflexão das páginas do sétimo capítulo (cf. p. 123-147). O autor explica primeiramente o que entendemos por sacramentais: “são sinais sagrados com os quais se expressa efeitos espirituais obtidos pela intercessão da Igreja. Foram instituídos por ela para santificar os ministérios eclesiais, os estrados de vida e as circunstâncias várias da vida cristã” (p. 123). E seguida apresenta três sacramentais importantes: a Consagração das Virgens (cf. p. 124-130), o Exorcismo (cf. 130-139) e a Dedicação de uma Igreja (cf. p. 139-146) – evidenciado nestes o influxo do Espírito Santo.
Quanto a Consagração das Virgens trata-se de entender que a virgindade consagrada é fruto da epiclese do Espírito (cf. p 124-125). Além de ser dom do Espírito Santo, a virgindade consagrada é presença permanente do Espírito. Quem vê uma pessoa dignificada pela virgindade cristã, vê um sinal do Espírito; e quem se aproxima dela, descobre o mistério do Espírito Santo (p. 125-127). A vida religiosa torna-se assim ícone trinitário (p. 127-130).
Quanto aos Exorcismos, o Ritual apresenta alguns temas interessantes sobre a relação exorcismo e Espírito Santo. As ações da Igreja e, portanto, as próprias do exorcismo, realizam-se sempre em nome da força e da autoridade das Pessoas divinas: em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Esta é a fórmula mais genuína e original de todo o exorcismo, e da qual emanam todas as outras fórmulas do exorcismo que, sem sobra de dúvidas podem ser chamadas epicléticas (c f. p 130-139).
Quanto a Dedicação das Igrejas – a dedicação de uma Igreja é um dos momentos eclesiológicos e litúrgicos mais expressivos e vivos da celebração da Igreja. A Dedicação é da comunidade, da Ecclesia, de seus membros, que são pedras vivas de um edifício sustentado pelo Espírito Santo. A comunidade é o verdadeiro templo do Senhor, é o símbolo da igreja-edifício. No fundo, dedica-se e apresenta-se a comunidade a Deus, porque os que a compõe são as pedras vivas que sustentam a Igreja; é isto, como é lógico, graças ao Espírito Santo (p. 139-146).
As páginas finais apresentam uma série de hinos ao Espírito Santo, a título de estudo, contemplação e oração (cf. p. 149-158).
A tradição da Igreja sempre atribuiu relevância à presença do Espírito Santo na liturgia. Liturgia e Espírito Santo vinculam-se intimamente: a liturgia vem a ser a obra comum da Igreja e do Espírito Santo como bem nos mostram as páginas desta obra. Adolfo Lucas Maqueda contribui de modo significativo com a reflexão sobre a teologia do Espirito Santo olhando especificamente para a liturgia - tomando como ponto de partida a pneumatologia implícita e explícita dos principais documentos conciliares e analisa a presença do Espírito em uma perspectiva histórica, teológica e pastoral. Supre desta maneira uma lacuna diante do pouco espaço que o tema pneumatológico encontra em muitas reflexões teológicas. Diante desta carência, este livro é também um estímulo para que se dê continuidade no aprofundamento deste tema e coloque-se a vida em chave litúrgica e em sintonia/sinergia com o Espírito Santo, pois, “sem sua presença ativa, a celebração não seria litúrgica, mas, antes, um conjunto de ritos sem significado” (p. 53).
Leitura enriquecedora, que nos ministra um aprofundamento valiosos numa temática fundamental para a vida cristã. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Do aglomerado Pedreira Padro Lopes, em Belo Horizonte (MG), a favela mais antiga da capital mineira, com mais de 7 mil habitantes, ecoa a voz de uma brasileira. É da Laila Maciel, mãe de dois filhos pequenos. Ela mora com a mãe. Laila fez questão de destacar a diferença que faz receber, num momento de dificuldade em sua vida, uma sexta básica da Ação Solidária Emergencial da Igreja no Brasil “É Tempo de Cuidar”, coordenada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Cáritas Brasileira desde 12 de abril deste ano.
“No momento, estou desempregada, com muita dificuldade de arrumar dinheiro, tenho dois filhos pequenos e a cesta vem suprir muitas necessidades que a gente tem em nossa vida e cotidiano. Eu vim falar que é super importante a gente estar recebendo”, disse em depoimento gravado para a ação que você pode assistir no vídeo abaixo.
Ela é uma das mais de 135 mil pessoas beneficiadas no Brasil pelas ações da “É Tempo de Cuidar”, desenvolvida pela CNBB e pela Cáritas do Brasil. Até o momento foram arrecadadas cerca de 500 toneladas de alimentos, organizadas em cestas básicas; 63.619 mil refeições foram distribuídas sobretudo à população de rua, migrantes e refugiados. Até o momento foram registradas 174 ações de solidariedade, que envolveram o serviço direto de 59 dioceses espalhadas em centenas de cidades no Brasil.
Acompanhe aqui no mapa onde está presente a campanha É Tempo de Cuidar.
O bispo de Santo Ângelo, dom Liro Wendelino Meurer, explica no vídeo, gravado especialmente para a ação, que a CNBB e a Cáritas Brasileira lançaram, na Páscoa, a campanha “É tempo de Cuidar!”. Segundo ele, trata-se de uma ação solidária emergencial em função deste momento que estamos vivendo. “A campanha arrecada alimentos para cesta básicas, produtos de higiene, de proteção individual. Além do lado material, a campanha também busca atender o lado espiritual com antedimento de padres, religiosos e terapeutas”, disse.
De acordo com o secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, o novo coronavírus pôs às claras a triste realidade da fome em todo o mundo. Revelou quem já padece cronicamente da fome e inseriu muitos outros na mesma condição. Enquanto se busca desesperadamente um remédio contra o vírus, a solidariedade se manifesta como caminho para o enfrentamento da fome. Essa solidariedade passa pela união de pessoas e instituições”.
Qualquer pessoa pode apoiar a iniciativa postando informações sobre as ações que dioceses e paróquias estão realizando ou mensagens em vídeo. Não esqueça de colocar a hashtag #TempodeCuidar e de marcar a CNBB (@CNBBnacional) e a Cáritas (@CaritasBrasileira) nas publicações.
Se inscreva no Canal da CNBB no YouTube
Veja outros vídeos e depoimentos da campanha aqui no canal da CNBB no Youtube. Aproveite e se inscreva no canal e clique no sininho, assim toda vez que postarmos algum conteúdo relevante para você, o aplicativo lhe manterá informado: https://www.youtube.com Fonte: http://www.cnbb.org.br
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1) Oração
Ó Deus, pela glorificação do Cristo e pela iluminação do Espírito Santo, abristes para nós as portas da vida eterna. Fazei que, participando de tão grandes bens, nos tornemos mais dedicados a vosso serviço e cresçamos constantemente na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Jo 21,15-19)
15Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. 16Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. 17Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. 18Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. 19Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: Segue-me!
3) Reflexão - Jo 21,15-19
Estamos nos últimos dias antes de Pentecostes. Durante a quaresma, a seleção dos evangelhos diários segue a tradição antiga da Igreja. Entre Páscoa e Pentecostes, a preferência é para o evangelho de João. Assim, nestes últimos dois dias antes de Pentecostes, os evangelhos diários trazem os últimos versículos do Evangelho de João. Na próxima segunda feira, quando retomamos o Tempo Comum, retomamos o evangelho de Marcos. Nas semanas do Tempo Comum, a liturgia diária faz leitura contínua do evangelho de Marcos (da 1ª até à 9ª semana comum), de Mateus (da 10º até 21ª semana comum) e de Lucas (da 22ª até 34ª semana comum).
Os evangelhos de hoje e de amanhã trazem o último encontro de Jesus com os discípulos. Foi um reencontro celebrativo, marcado pela ternura e pelo carinho. No fim, Jesus chama Pedro e pergunta três vezes: "Você me ama?" Só depois de ter recebido, por três vezes, a mesma resposta afirmativa, é que Jesus dá a Pedro a missão de tomar conta das ovelhas. Para podermos trabalhar na comunidade Jesus não pergunta se sabemos muita coisa. O que ele pede é que tenhamos muito amor!
João 21,15-17: O amor no centro da missão
Depois de uma noite de pescaria no lago sem pegar nenhum peixe, chegando na praia, os discípulos descobrem que Jesus já tinha preparado uma refeição com pão e peixe assado nas brasas. Todos juntos fizeram uma ceia de confraternização, em cujo centro estava o próprio Senhor Jesus, preparando a Ceia. Terminada a refeição, Jesus chama Pedro e pergunta três vezes: "Você me ama?" Três vezes, porque foi por três vezes que Pedro negou Jesus (Jo 18,17.25-27). Depois de três respostas afirmativas, também Pedro se torna "Discípulo Amado" e recebe a ordem de tomar conta das ovelhas. Jesus não perguntou se Pedro tinha estudado exegese, teologia, moral ou direito canônico. Só perguntou: "Você me ama?" O amor em primeiro lugar. Para as comunidades do Discípulo Amado a força que as sustenta e mantém unidas não é a doutrina, mas sim o amor.
João 21,18-19: A previsão da morte
Jesus diz a Pedro: Eu garanto a você: quando você era mais moço, você colocava o cinto e ia para onde queria. Quando você ficar mais velho, estenderá as suas mãos, e outro colocará o cinto em você e o levará para onde você não quer ir. Ao longo da vida, Pedro e todos nós vamos amadurecendo. A prática do amor irá tomando conta da vida e a pessoa já não será mais dono da própria vida. O serviço de amor aos irmãos e às irmãs tomará conta de tudo e nos conduzirá. Um outro colocará o cinto em você e o levará para onde você não quer ir. Este é o sentido do seguimento. E o evangelista comenta: “Jesus falou isso aludindo ao tipo de morte com que Pedro iria glorificar a Deus”. E Jesus acrescentou: "Siga-me."
O amor em João – Pedro, você me ama? - O Discípulo Amado
A palavra amor é umas das palavras mais usadas por nós, hoje em dia. Por isso mesmo, é uma palavra muito desgastada. Mas era com esta palavra que as comunidades do Discípulo Amado manifestavam a sua identidade e o seu projeto. Amar é antes de tudo uma experiência profunda de relacionamento entre pessoas onde existe uma mistura de sentimentos e valores como alegria, tristeza, sofrimento, crescimento, renúncia, entrega, realização, doação, compromisso, vida, morte etc. Este conjunto todo na Bíblia é resumido por uma única palavra na língua hebraica. Esta palavra é hesed. É uma palavra de difícil tradução para a nossa língua. Nas nossas Bíblias geralmente é traduzida por caridade, misericórdia, fidelidade ou amor. As comunidades do Discípulo Amado procuravam viver esta prática do amor em toda a sua radicalidade. Jesus a revelou em seus encontros com as pessoas com sentimentos de amizade e de ternura, como, por exemplo, no seu relacionamento com a família de Marta em Betânia: “Jesus amava Marta e sua irmã e Lázaro”. Ele chora diante do túmulo de Lázaro (Jo 11,5.33-36). Jesus encarou sempre sua missão como uma manifestação de amor: “tendo amado os seus, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Neste amor Jesus manifesta sua profunda identidade com o Pai (Jo 15,9). Para as comunidades não havia outro mandamento a não ser este: “agir como Jesus agia” (1Jo 2,6). Isto implica em “amar os irmãos”(1Jo 2,7-11; 3,11-24; 2Jo 4-6). Sendo um mandamento tão central na vida da comunidade, os escritos joaninos definem assim o amor: “Nisto conhecemos o Amor: que ele deu a sua vida por nós. Nos também devemos dar as nossas vidas por nossos irmãos e irmãs”. Por isso não devemos “amar só por palavras, mas por ações e verdade”.(1Jo 3,16-17). Quem vive o amor e o manifesta em suas palavras e atitudes torna-se também Discípula Amada, Discípulo Amado.
4) Para confronto pessoal
1-Olhe para dentro de você e diga qual o motivo mais profundo que leva você a trabalhar na comunidade? É o amor ou é a preocupação com as idéias?
2-A partir das relações que temos entre nós, com Deus e com a natureza, que tipo de comunidade estamos construído?
5) Oração final
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que existe em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e jamais te esqueças de todos os seus benefícios (Sl 102, 1-2).
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1) Oração
Nós vos pedimos, ó Deus, que o vosso Espírito nos transforme com a força dos seus dons, dando-nos um coração capaz de agradar-vos e de aceitar a vossa vontade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Jo 17,20-26)
20Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. 21Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. 22Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um: 23eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim. 24Pai, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste, para que vejam a minha glória que me concedeste, porque me amaste antes da criação do mundo. 25Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que tu me enviaste. 26Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles.
3) Reflexão - Jo 17,20-26
O Evangelho de hoje traz a terceira e última parte da Oração Sacerdotal, na qual Jesus olha para o futuro e manifesta o seu grande desejo pela unidade entre nós, seus discípulos, e pela permanência de todos no amor que unifica, pois sem amor e sem unidade não merecemos credibilidade.
João 17,20-23: Para que o mundo creia que tu me enviaste
Jesus alarga o horizonte e reza ao Pai: Eu não te peço só por estes, mas também por aqueles que vão acreditar em mim por causa da palavra deles, para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste. Aqui transparece a grande preocupação de Jesus pela união que deve existir nas comunidades. Unidade não significa uniformidade, mas sim permanecer no amor, apesar de todas as tensões e conflitos. Amor que unifica a ponto de criar entre todos uma profunda unidade, como aquela que existe entre Jesus e o Pai. A unidade no amor revelada na Trindade é o modelo para as comunidades. Por isso, é através do amor entre as pessoas que as comunidades revelam ao mundo a mensagem mais profunda de Jesus. Como o povo dizia dos primeiros cristãos: “Veja como eles se amam!” É trágica a atual divisão entre as três religiões nascidas a partir de Abraão: judeus, cristãos e muçulmanos. Mais trágica ainda é a divisão entre nós cristãos que dizemos crer em Jesus. Divididos não merecemos credibilidade. O ecumenismo está no centro da última prece de Jesus ao Pai. É o seu Testamento. Ser cristão e não ser ecumênico é um contra-senso. Contradiz a última vontade de Jesus.
João 17,24-26: Que o amor com que me amaste esteja neles
Jesus não quer ficar só. Ele diz: Pai, aqueles que tu me deste, eu quero que eles estejam comigo onde eu estiver, para que eles contemplem a minha glória que tu me deste, pois me amaste antes da criação do mundo. A felicidade de Jesus é que todos nós estejamos com ele. Ele quer que os discípulos e as discípulas tenham a mesma experiência que ele mesmo teve do Pai. Quer que conheçam o Pai como ele o conheceu. Na Bíblia, a palavra conhecer não se reduz a um conhecimento teórico racional, mas implica experimentar a presença de Deus na convivência amorosa com as pessoas na comunidade.
Que sejam um como nós! (Unidade e Trindade no evangelho de João)
O evangelho de João nos ajuda muito na compreensão do mistério da Trindade, a comunhão entre as três pessoas divinas: o Pai, o Filho e o Espírito. Dos quatro evangelhos, João é o que mais acentua a profunda unidade entre o Pai e o Filho. Vemos pelo texto do evangelho (Jo 17,6-8) que a missão do Filho é a suprema manifestação do amor do Pai. É esta unidade entre Pai e Filho que faz Jesus proclamar: Eu e o Pai somos um (Jo 10,30). Entre ele e o Pai existe uma unidade tão intensa que quem vê o rosto de um vê também o do outro. É cumprindo esta missão de unidade recebida do Pai, que Jesus revela o Espírito. O Espírito da Verdade vem de junto do Pai (Jo 15,26). A pedido do Filho (Jo 14,16), o Pai o envia a cada um de nós para que permaneça conosco, nos animando e nos fortalecendo. O Espírito também nos vem do Filho (Jo 16,7-8). Assim, o Espírito da Verdade, que caminha conosco, é a comunicação da profunda unidade que existe entre o Pai e o Filho (Jo 15,26-27). O Espírito não pode comunicar outra verdade que não seja a Verdade do Filho. Tudo o que se relaciona com o mistério do Filho, o Espírito nos faz conhecer (Jo 16,13-14). Esta experiência da unidade em Deus foi muito forte nas comunidades do Discípulo Amado. O amor que une as pessoas divinas Pai e Filho e Espírito nos permite experimentar Deus através da união com as pessoas numa comunidade de amor. Assim também era a proposta da comunidade, onde o amor deveria ser o sinal da presença de Deus no meio da comunidade (Jo 13,34-35). E este amor constrói a unidade dentro da comunidade (Jo 17,21). Eles olhavam para a unidade em Deus para poder entender a unidade entre eles.
4) Para confronto pessoal
1) Dizia o bispo Dom Pedro Casaldáliga: “A Trindade ainda é a melhor comunidade”. Na comunidade da qual você faz parte, você percebe algum reflexo humano da Trindade Divina?
2) Ecumenismo. Sou ecumênico?
5) Oração final
Vós me ensinareis o caminho da vida, há abundância de alegria junto de vós, e delícias eternas à vossa direita (Sl 15, 11).
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AO-VIVO ANGRA DOS REIS: Novena e Missa do Divino Espírito Santo, com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm - Dom do Conselho- Igreja Conventual do Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. Quarta-feira, 27 de maio-2020. www.instagram.com/freipetronio
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Com a pandemia do corona, as teorias de conspiração estão se espalhando - e também representantes do alto escalão da Igreja concordam com isso. Forma-se uma aliança de irracionalidade. O comentário é de Tilmann Kleinjung, publicado por Taggesschau, 11-05-2020.
Na quinta-feira passada, 07.05, o Papa Francisco e Angela Merkel falaram ao telefone. Foi uma conversa sobre coesão e solidariedade no mundo, diante da pandemia do corona.
Simultaneamente, cardeais e bispos da Igreja Católica, juntamente com médicos, jornalistas e advogados, publicavam uma convocação, que contradiz, sob todas as formas imagináveis, a intenção dessa conversa ao telefone.
O simples fato de a Chanceler alemã estar consultando o papa, já deveria ser suficiente para que os signatários daquela convocação reconhecessem a crueza do seu mito de conspiração.
"Tirania tecnocrática"
Levianamente, reivindica-se um governo mundial, fora de qualquer controle, dizendo que a epidemia é apenas um pretexto para violar os direitos fundamentais dos cidadãos. Citação: "Não permitimos que séculos de civilização cristã ... sejam apagados, para ser criada uma odiosa tirania tecnocrática".
Nas manifestações contra as restrições ao corona, no fim de semana, tais afirmações foram citadas à vontade. Com isso se forma justamente uma aliança global de irracionalidade, de egoísmo e de uma estupidez aparentemente ilimitada.
Esse movimento pode se ufanar agora também do ex-prefeito da Congregação Romana para a Doutrina da Fé, o Cardeal alemão e professor de Teologia, Gerhard Ludwig Müller, como proeminente apoiador.
Müller como o Hans-Georg Maassen dos católicos
Müller é algo como o Hans-Georg Maassen da Igreja católica. Como aquele antigo defensor da Constituição, também este defensor da Fé foi bruscamente removido de seu alto cargo.
A ofensa penetrou fundo, e o ego ferido encontrou, junto a populistas de direita e tradicionalistas católicos, uma aprovação, que a maioria dos católicos na Alemanha, e o Papa também, lhe recusam. "O Cardeal Müller é o Donald Trump da Igreja católica", diz a princesa Gloria von Thurn und Taxis - e ela diz isso como um elogio.
Quando o papa faz da destruição da floresta amazônica o tema de um Sínodo, Müller adverte a Igreja contra a tendência de se tornar um "Lobby religioso-natural do Movimento Ecológico". E quando Francisco vai ao encontro de católicos que se divorciaram e se casaram novamente, Müller reage: "Nós não aceitamos nenhuma poligamia!"
E agora, o Corona
Juntamente com alguns outros purpurados, mais à margem, mas que estão unidos na oposição ao papa Francisco, Müller fala de um "alarmismo" que "de forma alguma se justifica". Müller também fala de uma histeria, de uma produção de pânico, - tudo sem o comprovar, mas no tom de uma convicção bem católica.
Mesmo que esses apelos de convocação sejam dirigidos "a católicos e a todas as pessoas de boa vontade", o Papa Francisco pode se sentir particularmente visado e desafiado. Ele prega, desde o início da crise do Coronavírus, o respeito e a solidariedade. Todos os eventos públicos no Vaticano estão cancelados, até novo aviso.
Oponentes dentro da Igreja
Francisco vê a Igreja como parte de uma comunidade global em luta contra o vírus, e não como uma alternativa. Para Francisco, a igreja é um "hospital de campanha", no qual os doentes e os fracos são acolhidos.
Essa imagem nunca foi tão adequada quanto nos tempos do Corona. E nunca se tornou mais óbvia a mesquinhez de seus oponentes dentro da Igreja. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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1) Oração
Ó Deus misericordioso, concedei que a vossa Igreja, reunida no Espírito Santo, se consagre ao vosso serviço num só coração e numa só alma. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Jo 17, 11b-19)
11Pai santo, guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer, a fim de que sejam um como nós. 12Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incumbiste de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. 13Mas, agora, vou para junto de ti. Dirijo-te esta oração enquanto estou no mundo para que eles tenham a plenitude da minha alegria. 14Dei-lhes a tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. 15Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal. 16Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. 17Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade. 18Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. 19Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade.
3) Reflexão - Jo 17,11b-19
Estamos na novena de Pentecostes, aguardando a vinda do Espírito Santo. Jesus diz que o dom do Espírito Santo só é dado a quem o pede na oração (Lc 11,13). No cenáculo, durante nove dias, desde a ascensão até pentecostes, os apóstolos perseveraram na oração junto com Maria a mãe de Jesus (At 1,14). Por isso conseguiram em abundância o dom do Espírito Santo (At 2,4). O evangelho de hoje continua colocando diante de nós a Oração Sacerdotal de Jesus. É um texto bem bem apropriado para nos preparar nestes dias para a vinda do Espírito Santo em nossas vidas.
João 17, 11b-12: Guarda-os em teu nome!
Jesus transforma a sua preocupação em prece: "Guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que sejam um como nós!" Tudo que Jesus fez em toda a sua vida, ele o fez em Nome de Deus. Jesus é a manifestação do Nome de Deus. O Nome de Deus é Javé, JHWH. No tempo de Jesus, este Nome era pronunciado como Adonai, Kyrios, Senhor. No sermão de Pentecostes, Pedro disse que Jesus, pela sua ressurreição, foi constituído Senhor : “Portanto, que todo o povo de Israel fique bem ciente que a esse mesmo Jesus, que vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Messias”.(At 2,36). E Paulo diz que isto foi feito “para que todos proclamem, para glória de Deus Pai: Jesus Cristo é o Senhor!” (Fl 2,11). É o “Nome que está acima de todo nome” (Fl 2,9), JHWH ou Javé, o Nome de Deus, recebeu um rosto concreto em Jesus de Nazaré! É em torno a este Nome que deve ser construída a unidade: Guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que sejam um como nós. Jesus quer a unidade das comunidades, para que possam resistir frente ao mundo que as odeia e persegue. Povo unido ao redor do Nome de Jesus jamais será vencido!
João 17,13-16: Que tenham a plenitude da minha alegria
Jesus está se despedindo. Vai partir em breve. Os discípulos e as discípulas continuam no mundo, vão ser perseguidos, terão aflições. Por isso estão tristes. Jesus quer que tenham alegria plena. Eles vão ter que continuar no mundo sem fazer parte do mundo. Isto significa, bem concretamente, viver no sistema do império, seja ele romano ou neo-liberal, sem se deixar contaminar por ele. Como Jesus e com Jesus devem viver na contra-mão do mundo.
João 17,17-19: Como tu me enviaste, eu os envio ao mundo
Jesus pede que sejam consagrados na verdade. Isto é, que sejam capazes de dedicar toda a sua vida para testemunhar suas convicções a respeito de Jesus e de Deus como Pai. Jesus se santificou na medida em que, durante a sua vida, revelava o Pai. Ele pede que os discípulos e as discípulas entrem no mesmo processo de santificação. A missão deles é a mesma de Jesus. Eles se santificam na mesma medida em que, vivendo o amor, revelam Jesus e o Pai. Santificar-se significa tornar-se humano como Jesus foi humano. Dizia o Papa Leão Magno: “Jesus foi tão humano, mas tão humano, como só Deus pode ser humano”. Por isso devem viver na contra-mão do mundo, pois o sistema do mundo desumaniza a vida humana e a torna contrária às intenções do Criador.
4) Para confronto pessoal
1) Jesus viveu no mundo, mas não era do mundo. Viveu na contra-mão do sistema e, por isso, foi perseguido e morto. E eu? Será que vivo na contra-mão do sistema de hoje, ou adapto minha fé ao sistema?
2) Preparação para Pentecostes. Invocar o dom do Espírito Santo, o Espírito que animou a Jesus. Nesta novena de preparação a Pentecostes convém tirar um tempo para pedir o dom do Espírito de Jesus.
5) Oração final
Bendigo o Senhor porque me deu conselho, porque mesmo de noite o coração me exorta. Ponho sempre o Senhor diante dos olhos, pois ele está à minha direita; não vacilarei (Sl 15,7-8).
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"Dado o momento atual de confinamento e, como Teilhard de Chardin, de isolamento dos templos religiosos e das nossas comunidades de fé, podemos rezar 'A missa sobre mundo'. Cada um de nós pode celebrar, estendendo as mãos aos elementos que estão ao nosso alcance, consagrando-os para incorporar e refletir a presença divina e para receber essa comunhão em nossos corações e mentes", escreve Peter Gilmour, professor emérito da Loyola University Chicago e do Instituto de Estudos Pastorais desta instituição, em artigo publicado por National Catholic Reporter, 25-05-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Eis o artigo.
Com as igrejas fechadas em todo o país, aumentou a “frequência” às missas transmitidas na TV e na internet. No meio da pandemia de Covid-19, muitos católicos passaram a sintonizar suas TVs ou ligarem seus computadores para assistir a celebrações eucarísticas aos domingos. Eles consideram essas missas experiências satisfatórias, gratificantes e de oração.
Sou um católico praticante que pertence àquela minoria dos que não compartilham do entusiasmo pelas liturgias transmitidas pela TV ou na internet. Para mim, esses programas são apenas uma sombra do que é a liturgia – fonte e o cume da nossa fé. Estas missas, sejam gravadas, sejam transmissões ao vivo, estão muito longe de formar aquela participação ativa e plena que a Constituição sobre a Liturgia descreve.
Muitas dioceses e grupos religiosos transmitem liturgias aos domingos. Alguns exibem a missa latina tridentina, com o padre vestido de renda e seda, voltado para a parede e de costas para comunidade. A maioria são liturgias vernaculares contemporâneas, com o celebrante de frente para a comunidade. As missas transmitidas pela TV ou na internet anunciam endereços físicos e eletrônicos onde podem receber as doações. Frequentemente aceitam cartões de crédito e PayPal. Essa antiga prática das igrejas – a coleta dominical – foi mantida fielmente!
Em vez de uma liturgia on-line ou televisionada, gosto de “A missa sobre o mundo”, do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin. Teilhard, padre francês, filósofo, geólogo e paleontólogo, viveu de 1881 a 1955 e ficou conhecido por um livro intitulado “O fenômeno do homem”.
Por mais de uma vez, Teilhard de Chardin se viu em áreas remotas do mundo sem ter por perto um templo religioso, um altar, patena e cálice, pão e vinho e sem estar na presença de uma congregação. Essas experiências o levaram a criar “A missa sobre o mundo”.
Em outro livro, “Hino do universo”, ele registra a sua liturgia eucarística para ocasiões desse tipo. A “terra inteira” se transforma em seu altar. As “as profundezas de uma alma largamente aberta a todas as forças que, num instante, vão se elevar de todos os pontos do Globo e convergir para o Espírito” tornam-se o seu cálice e a sua patena. Nesta patena, ele derramará “a seiva de todos os frutos que hoje serão esmagados”.
Teilhard agradece pelas pessoas em sua vida, a família, os amigos, os colegas das pesquisas científicas, aquelas pessoas que ele desconhece e “aqueles cuja tropa anônima forma a massa inumerável dos vivos (…) aqueles que vêm e aqueles que vão; sobretudo aqueles que, na Verdade ou através do Erro, no seu escritório, laboratório ou fábrica, creem no progresso das Coisas e, hoje, perseguirão apaixonadamente a luz”.
Na sequência de “A missa sobre o mundo”, o jesuíta consagra “toda a vida que vai germinar, crescer, florescer e amadurecer neste dia”, rezando:
“Repeti: ‘Isto é o meu Corpo’. – E, sobre toda a morte pronta a corroer, fanar e segar, ordenai (o mistério de fé por excelência!): ‘Isto é o meu Sangue’”.
Na comunhão de “A missa sobre o mundo”, de Teilhard, ele diz: “estenderei a [minha] mão” para acolher aquilo que poeticamente se refere como “pão ardente”. Ele reza para que a sua comunhão o ajude a “contemplar o semblante de Deus”. Percebe que “a consagração do mundo já permaneceria inacabada se não tivésseis animado com predileção, para aqueles que creem, as forças que matam, depois das que vivificam”.
O religioso encerra a missa com uma oração poética e profética. Um único parágrafo de “A missa sobre o mundo” basta para uma experiência meditativa profunda. O texto completo desta missa é uma reflexão avassaladora sobre o mistério, a majestade e o aspecto místico da Eucaristia, digno de repetição ritual.
Dado o momento atual de confinamento e, como Teilhard de Chardin, de isolamento dos templos religiosos e das nossas comunidades de fé, podemos rezar “A missa sobre mundo”. Cada um de nós pode celebrar, estendendo as mãos aos elementos que estão ao nosso alcance, consagrando-os para incorporar e refletir a presença divina e para receber essa comunhão em nossos corações e mentes.
Continuarei deixando de lado as missas transmitidas on-line e televisionadas, e continuarei rezando “A missa sobre o mundo”, que é uma meditação profunda sobre a vida, os seres vivos, a morte e a vida após a morte. Essa será a minha prática eucarística dominical até que for possível voltar à minha comunidade de fé, em pessoa. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Dom Murilo S.R. Krieger
Administrador Apostólico da Arquidiocese de Salvador
No dia 3 de abril de 2011, o jornal A TARDE publicou o meu primeiro artigo neste espaço, com o título: “Posso entrar?”. Comecei descrevendo a alegria e o desafio de continuar uma tradição que começara com meus antecessores, e o desejo de “entrar em contato com todas as pessoas que, por missão, deveria conhecer, amar e servir”.
Deixei claro que não pretendia que todos concordassem com minhas ideias. Queria, sim, ter a oportunidade de apresentá-las, na linha da orientação dada pelo apóstolo S. Pedro: “Estai sempre pronto a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que a pedir” (1Pd 3,15).
Tinha consciência de que, em Salvador, estava começando uma nova fase em minha vida. Mas antecipava que tinha facilidade de me adaptar a novos lugares e de enfrentar desafios desconhecidos, pois meu coração sempre esteve onde estavam meus pés.
Terminei minha apresentação afirmando que batia na porta de cada casa e de cada coração, esperando que todos a abrissem.
O povo baiano não só abriu essas portas, mas as escancarou! Assim, pude fazer uma experiência marcante que, em parte, foi sendo descrita nos textos aqui publicados. Aliás, nunca pensei escrever uma autobiografia, e nem quis que outros escrevessem um livro sobre mim. O que eu sou e o que interessa se encontram nos artigos e livros que escrevi.
Quem dirigiu meus passos ao longo desses nove anos em Salvador foi a fé em Jesus Cristo. Poderia tentar descrevê-la, mas não saberia fazê-lo de forma tão sintética e clara como o fez o Papa S. Paulo VI: “Jesus é o Cristo, Filho do Deus vivo. Ele é o revelador do Deus invisível; é o primogênito de toda criatura; é o fundamento de todas as coisas. Ele é o Mestre da humanidade; é o Redentor. Ele nasceu, morreu e ressuscitou por nós. Ele é o centro da história e do mundo. Ele é quem nos conhece e nos ama. Ele é o companheiro e amigo da nossa vida. Ele é o homem da dor e da esperança. É aquele que deve vir e que deve ser um dia nosso juiz; e, nós esperamos, a plenitude eterna da nossa existência, a nossa felicidade. Jesus Cristo é o princípio e o fim, o alfa e o ômega. Cristo é o nosso Salvador. Cristo é o nosso supremo benfeitor. Cristo é o nosso libertador” (Alocução em Manila, 29.11.1970).
Tenho consciência de meus limites e, por isso, de minhas falhas. Por isso, se a alguém feri ou ofendi, peço perdão. Que o Senhor corrija o que não fiz corretamente e complete o que eu não soube fazer.
Obrigado a todos! No dia 5 de junho p.v., entregarei a responsabilidade da Arquidiocese de São Salvador da Bahia para aquele que o Papa Francisco nomeou como o 28º Arcebispo Primaz: o Cardeal Dom Sérgio da Rocha, vindo de Brasília. Preparando minhas malas, pergunto-lhes: Posso partir?… Fonte: http://www.cnbb.org.br
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