1) Oração

Ó Deus, que preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 20,1-16a)

1Com efeito, o Reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar operários para sua vinha. 2Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para sua vinha. 3Cerca da terceira hora, saiu ainda e viu alguns que estavam na praça sem fazer nada. 4Disse-lhes ele: - Ide também vós para minha vinha e vos darei o justo salário. 5Eles foram. À sexta hora saiu de novo e igualmente pela nona hora, e fez o mesmo. 6Finalmente, pela undécima hora, encontrou ainda outros na praça e perguntou-lhes: - Por que estais todo o dia sem fazer nada?7Eles responderam: - É porque ninguém nos contratou. Disse-lhes ele, então: - Ide vós também para minha vinha. 8Ao cair da tarde, o senhor da vinha disse a seu feitor: - Chama os operários e paga-lhes, começando pelos últimos até os primeiros. 9Vieram aqueles da undécima hora e receberam cada qual um denário. 10Chegando por sua vez os primeiros, julgavam que haviam de receber mais. Mas só receberam cada qual um denário. 11Ao receberem, murmuravam contra o pai de família, dizendo: 12Os últimos só trabalharam uma hora... e deste-lhes tanto como a nós, que suportamos o peso do dia e do calor. 13O senhor, porém, observou a um deles: - Meu amigo, não te faço injustiça. Não contrataste comigo um denário? 14Toma o que é teu e vai-te. Eu quero dar a este último tanto quanto a ti. 15Ou não me é permitido fazer dos meus bens o que me apraz? Porventura vês com maus olhos que eu seja bom? 16Assim, pois, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.

 

3) Reflexão  Mateus 20,1-16 

O evangelho de hoje traz uma parábola que só é relatada por Mateus. Ela não existe nos outros três evangelhos. Como em todas as parábolas, Jesus conta uma história feita de elementos do dia-a-dia da vida do povo. Ele retrata a situação social do seu tempo, na qual os ouvintes se reconhecem. Mas ao mesmo tempo, na história desta parábola, acontecem coisas que nunca acontecem na realidade da vida do povo. É que, ao falar do patrão, Jesus pensa em Deus, seu Pai. Por isso, na história da parábola, o patrão faz coisas surpreendentes que não acontecem no dia-a-dia da vida dos ouvintes. É nesta atitude estranha do patrão, que deve ser procurada a chave para a compreensão do mensagem da parábola.

Mateus 20,1-7: As cinco vezes que o patrão sai em busca de operários

"O Reino do Céu é como um patrão, que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha” Assim começa a história que fala por si e nem precisaria de muito comentário. No que segue, o patrão sai mais quatro vezes chamando operários para trabalhar na sua vinha. Jesus alude ao terrível desemprego daquela época. Alguns detalhes da história: (1) O próprio patrão sai pessoalmente cinco vezes para contratar operários. (2) Na hora de contratar os operários, é só com o primeiro grupo que ele acerta o salário: um denário por dia. Com os da nona hora ele diz: Eu lhes pagarei o que for justo. Com os outros ele não acertou nada. Apenas os contratou para trabalhar na vinha. (3) No fim do dia, na hora de acertar as contas com os operários, o patrão manda que o administrador faça o serviço.

Mateus 20,8-10: A estranha maneira de acertar as contas no fim do dia

Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: Chame os trabalhadores, e pague uma diária a todos. Comece pelos últimos, e termine pelos primeiros. Aqui, na hora de acertar as contas, acontece algo estranho que não acontece na vida comum. Parece a inversão das coisas. O pagamento começa com os que foram contratados por último e que trabalharam apenas uma única hora. O pagamento é o mesmo para todos: um denário, como tinha sido combinado com os que foram contratados no começo do dia. No fim, chegaram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais. No entanto, cada um deles recebeu também uma moeda de prata.  Por que o patrão faz isso? Você faria assim? É aqui neste gesto surpreendente do patrão que está escondida a chave da mensagem desta parábola.

Mateus 20,11-12: A reação normal dos operários diante da estranha atitude do patrão

Os últimos a receber o salário eram os que foram contratados por primeiro. Estes, assim diz a história, ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão e disseram: “Esses últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor do dia inteiro!”  É a reação normal do bom senso. Creio que todos nós teríamos a mesma reação e diríamos a mesma coisa ao patrão. Ou não?

Mateus 20,13-16: A explicação surpreendente do Patrão que fornece a chave da parábola

A resposta do patrão é esta: “Amigo, eu não fui injusto com você. Não combinamos uma moeda de prata? Tome o que é seu, e volte para casa. Eu quero dar também a esse, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que eu quero com aquilo que me pertence? Ou você está com ciúme porque estou sendo generoso?”  Estas palavras trazem a chave que explica a atitude do patrão e aponta a mensagem que Jesus quer comunicar: (1) O patrão não foi injusto, pois ele agiu de acordo com o que tinha sido combinado com o primeiro grupo de operários: um denário por dia. (2) É decisão soberano do patrão de dar aos últimos o mesmo que tinha sido combinado com os da primeira hora. Estes não têm direito de reclamar. (3) Atuando dentro da justiça, o patrão tem o direito de fazer o bem que ele quer com as coisas que lhe pertencem. O operário da parte dele tem este mesmo direito. (4) A pergunta final toca no ponto central: Ou você está com ciúme porque estou sendo generoso?' Deus é diferente mesmo! Ele não cabe nos nossos pensamentos (Is 55,8-9).

O pano de fundo da parábola é a conjuntura daquela época, tanto de Jesus como de Mateus. Os operários da primeira hora são o povo judeu, chamado por Deus para trabalhar em sua vinha. Eles sustentaram o peso do dia, desde Abraão e Moisés, bem mais de mil anos. Agora, na undécima hora, Jesus chama os pagãos para ir trabalhar na sua vinha e eles chegam a ter a preferência do coração de Deus. “Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. 

 

4) Para um confronto pessoal

1) Os da undécima hora chegam, levam vantagem e recebem prioridade na fila diante da entrada do Reino de Deus. Quando você espera duas horas numa fila e chega alguém que, sem mais, se coloca na frente de você, você aceitaria? Dá para comparar as duas situações?

2) A ação de Deus ultrapassa nossos cálculos e nosso jeito humano de atuar. Ele surpreende e às vezes incomoda. Isto já aconteceu alguma vez na sua vida? Qual a lição que tirou?

 

5) Oração final

A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias. (Sl 22, 6)

1) Oração

Ó Deus, que preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 19,23-30)

Naquele tempo, 23Jesus disse então aos seus discípulos: Em verdade vos declaro: é difícil para um rico entrar no Reino dos céus!24Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.25A estas palavras seus discípulos, pasmados, perguntaram: Quem poderá então salvar-se?26Jesus olhou para eles e disse: Aos homens isto é impossível, mas a Deus tudo é possível.27Pedro então, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que deixamos tudo para te seguir. Que haverá então para nós?28Respondeu Jesus: Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.29E todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna.30Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão os primeiros.

 

3) Reflexão  Mateus 19,23-30

O evangelho de hoje é a continuação imediata do evangelho de ontem. Traz o comentário de Jesus a respeito da reação negativa do jovem rico.

Mateus 19,23-24: O camelo e o fundo da agulha.

Depois que o jovem foi embora, Jesus comentou a decisão dele e disse: "Eu garanto a vocês: um rico dificilmente entrará no Reino do Céu. E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus". Duas observações a respeito desta afirmação de Jesus: 1) O provérbio do camelo e do buraco da agulha se usava para dizer que uma coisa era impossível e inviável, humanamente falando. 2) A expressão “um rico entrar no Reino” trata, não em primeiro lugar da entrada no céu depois da morte, mas sim da entrada na comunidade ao redor de Jesus. E até hoje é assim. Os ricos dificilmente entram e se sentem em casa nas comunidades que tentam viver o evangelho de acordo com as exigências de Jesus e que procuram abrir-se para os pobres, os migrantes e os excluídos da sociedade.

Mateus 19,25-26: O espanto dos discípulos

O jovem tinha observado os mandamentos, mas sem entender o porquê da observância. Algo semelhante estava acontecendo com os discípulos. Quando Jesus os chamou, fizeram exatamente o que Jesus tinha pedido ao jovem: largaram tudo e foram atrás de Jesus (Mt 4,20.22). Mesmo assim, ficaram espantados com a afirmação de Jesus sobre a quase impossibilidade de um rico entrar no Reino de Deus. Sinal de que não tinham entendido bem a resposta de Jesus ao moço rico: “Vai vende tudo, dá para os pobres e vem e segue-me!” Pois, se o tivessem entendido, não teriam ficado tão chocados com a exigência de Jesus. Quando a riqueza ou o desejo da riqueza ocupa o coração e o olhar, a pessoa já não consegue perceber o sentido da vida e do evangelho. Só Deus mesmo para ajudar! "Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível."

Mateus 19,27: A pergunta de Pedro.

O pano de fundo da incompreensão dos discípulos transparece na pergunta de Pedro: “Olhe, nós deixamos tudo e te seguimos. O que é que vamos receber?” Apesar da generosidade tão bonita do abandono de tudo, eles mantinham a mentalidade anterior. Abandonaram tudo para receber algo em troca. Ainda não entendiam bem o sentido do serviço e da gratuidade.

Mateus 19,28-30: A resposta de Jesus

"Eu garanto a vocês: no mundo novo, quando o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, vocês, que me seguiram, também se sentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais, e terá como herança a vida eterna. Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos; e muitos que agora são os últimos, serão os primeiros".  Nesta resposta, Jesus descreve o mundo novo, cujos fundamentos estavam sendo lançados pelo trabalho dele e dos discípulos. Jesus acentua três pontos importantes: (1) Os discípulos vão sentar nos doze tronos junto com Jesus para julgar as doze tribos de Israel (cf. Apc 4,4). (2) Vão receber em troca muitas vezes aquilo que tinham abandonado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, e terão a herança da vida eterna garantida. (3) O mundo futuro será a inversão do mundo atual. Nele os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. A comunidade ao redor de Jesus é semente e amostra deste mundo novo. Até hoje as pequenas comunidades dos pobres continuam sendo semente e amostra do Reino.

Cada vez que, na história do povo da Bíblia, surge um movimento para renovar a Aliança, ele começa restabelecendo os direitos dos pobres, dos excluídos. Sem isto, a Aliança não se refaz! Assim faziam os profetas, assim faz Jesus. Ele denuncia o sistema antigo que, em nome de Deus, excluía os pobres. Jesus anuncia um novo começo que, em nome de Deus, acolhe os excluídos. Este é o sentido e o motivo da inserção e da missão da comunidade de Jesus no meio dos pobres. Ela atinge a raiz e inaugura a Nova Aliança.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Abandonar casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do nome de Jesus.  Como isto acontece na sua vida? O que já recebeu de volta?

2) Hoje, a maioria dos países pobres não é da religião cristã, enquanto a maioria dos países ricos é da religião cristã. Como se aplica hoje o provérbio do camelo que não passa pelo fundo de uma agulha?

 

5) Oração final

Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso cajado são o meu amparo. (Sl 22, 4)

Uma vez no Brasil os dispositivos serão entregues e doados aos hospitais que a Nunciatura Apostólica indicou no território nacional para que este gesto de solidariedade e caridade cristã possa realmente ajudar as pessoas mais pobres e necessitadas.

 

Vatican News

Mais uma doação do Papa em tempo de pandemia. Desta vez, o coração de Francisco bate pelo Brasil, o segundo país mais afetado do mundo pelo novo coronavírus. "Nesses dias – lê-se num comunicado divulgado nesta segunda-feira pela Esmolaria Apostólica, assinado pelo cardeal Konrad Krajewski –, serão enviados ao Brasil 18 ventiladores Draeger para terapia intensiva e 6 ecógrafos portáteis Fuji". Uma ajuda concreta, tornada possível "graças ao generoso compromisso – destaca o comunicado - da Associação Hope Onlus que, altamente especializada em projetos humanitários sobre saúde e educação, tem trabalhado para encontrar os equipamentos médicos de alta tecnologia que salvam vidas através de vários doadores; tem trabalho também no procedimento de transporte e instalação nos diversos hospitais".

 

Atenção aos mais necessitados

A Esmolaria Apostólica, portanto, continua com um compromisso incessante e universal de apoiar aqueles que, em todos os cantos do mundo, são os mais atingidos pela Covid-19. Ele o faz realizando a vontade do Papa: chegar àquelas realidades onde a emergência ligada ao novo coronavírus colocou em crise os sistemas de saúde já fortemente provados por outras emergências e dificuldades anteriores à pandemia. Na primavera passada, os ventiladores doados por Francisco chegaram ao continente americano - da Venezuela ao Haiti, mas também ao próprio Brasil e a outros países - e ao continente asiático, com aqueles enviados a Bangladesh, por exemplo. Também a Europa - pensemos na Itália, Espanha e Ucrânia - e depois no continente africano, onde entre os países que receberam os ventiladores estão Camarões e Zimbábue. As doações continuaram também durante o período do verão, a última das quais para o Brasil.

 

O papel da Nunciatura Apostólica

A ajuda da Esmolaria Apostólica é concreta e eficaz. Por isso, é máxima a atenção aos detalhes, de modo a não comprometer o sucesso real das doações. "Uma vez no Brasil, estes dispositivos - se especifica no comunicado de hoje - serão entregues e doados aos hospitais que a Nunciatura Apostólica indicou no território nacional para que este gesto de solidariedade e caridade cristã possa realmente ajudar as pessoas mais pobres e necessitadas". No Brasil, recordamos, há mais de 3 milhões e 300 mil casos da Covid-19 e pelo menos 107 mil vítimas. Fonte: https://www.vaticannews.va

 

NOTA DO ARCEBISPO DOM FERNANDO SABURIDO A RESPEITO DO ABORTO PRATICADO NO RECIFE

“…Apresentei diante de vós a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida… ( Dt 30, 19)

 Nesta segunda-feira, 17 de agosto, o evangelho de Mateus, capítulo 19, nos apresenta Jesus sendo questionado sobre o que se deve fazer de bom para possuir a vida eterna. Sua resposta é clara: “Observa os mandamentos”, e destaca entre eles: “Não matarás”.

O lamentável caso da criança de São Mateus, município situado a 215 km de Vitória do Espírito Santo, encaminhada pela justiça capixaba para o Centro Integrado de Saúde Amauri de Medeiros – CISAM, no Recife, terminou com a morte da menina de 5 meses. Tudo realizado às pressas, em dia de domingo com dificuldade de articulação, além das informações desencontradas. Conclusão: o mandamento destacado por Jesus, no texto acima, foi mais uma vez desrespeitado.

Como Arcebispo de Olinda e Recife, não posso calar diante desse fato. Se grave foi a violência do tio que vinha abusando de uma criança indefesa, culminando com violento estupro, gravíssimo foi o aborto realizado em Recife, quando todo o esforço deveria ser voltado para a defesa das duas crianças, mãe e filha. Infelizmente, Recife está criando fama de “capital do aborto” e precisamos “combater o bom combate” para mudar essa triste fama.

Solidarizo-me com as tantas vozes que se levantaram contra esse vergonhoso e lamentável acontecimento. Neste tempo de pandemia, tantos profissionais da saúde têm encantado o mundo e recebido homenagens, por conta de sua luta na defesa da vida das vítimas da Covid-19, chegando alguns deles a falecerem. Por outro lado, decepciona-nos perceber que ainda existam profissionais da saúde que se prestam à prática do aborto. Este ato, mesmo com autorização judicial, não deve ser feito por uma pessoa de fé ou até incrédula consciente, por uma questão de respeito à Lei de Deus ou simplesmente por princípio ético, baseado no valor inviolável da vida.

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos dê força para defender a vida, dom de Deus que somente Ele poderá tirar.

Recife, 17 de agosto de 2020.

 

Dom Fernando Saurido, OSB

Arcebispo de Olinda e Recife

Fonte: https://www.arquidioceseolindarecife.org

1) Oração

Ó Deus, que preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 19,16-22)

16Um jovem aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna? Disse-lhe Jesus: 17Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos. 18Quais?, perguntou ele. Jesus respondeu: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, 19honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo. 20Disse-lhe o jovem: Tenho observado tudo isto desde a minha infância. Que me falta ainda? 21Respondeu Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me! 22Quando ouviu esta palavra, o jovem foi embora cheio de tristeza, pois possuía muitos bens.

 

3) Reflexão  Mateus 19,16-22

O evangelho de hoje traz a história do jovem que perguntou pelo caminho da vida eterna. Jesus indicou para ele o caminho da pobreza. O jovem não aceitou a proposta de Jesus, pois era muito rico. Uma pessoa rica é protegida pela segurança que a riqueza lhe dá. Ela tem dificuldade em abrir mão da sua segurança. Agarrada às vantagens dos seus bens, vive preocupada em defender seus próprios interesses. Uma pessoa pobre não tem esta preocupação. Mas há pobres com cabeça de rico. Muitas vezes, o desejo de riqueza cria neles uma grande dependência e faz o pobre ser escravo do consumismo, pois ele fica devendo prestações em todo canto. Já não tem mais tempo para dedicar-se ao serviço do próximo.

Mateus 19,16-19: Os mandamentos e a vida eterna.  

Alguém chega perto de Jesus e pergunta: "Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?" Alguns manuscritos informam que se tratava de um jovem. Jesus responde bruscamente: "Por que você me pergunta sobre o que é bom? Um só é o bom!” Em seguida, ele responde à pergunta e diz: Se você quer entrar para a vida, guarde os mandamentos". O jovem reage e pergunta: “Quais mandamentos?”  Jesus tem a bondade de enumerar os mandamentos que o rapaz já devia conhecer: "Não mate; não cometa adultério; não roube; não levante falso testemunho; honre seu pai e sua mãe; e ame seu próximo como a si mesmo".  É muito significativa a resposta de Jesus. O jovem tinha perguntado pela vida eterna. Queria a vida junto de Deus! Mas Jesus só lembrou os mandamentos que dizem respeito à vida junto do próximo! Não mencionou os três primeiros mandamentos que definem nosso relacionamento com Deus! Para Jesus, só conseguiremos estar bem com Deus, se soubermos estar bem com o próximo. Não adianta se enganar. A porta para chegar até Deus é o próximo.

Em Marcos a pergunta do jovem é diferente: "Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?"  Jesus respondeu: "Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e ninguém mais!” (Mc 10,17-18). Jesus desvia a atenção de si mesmo para Deus, pois o que importa é fazer a vontade do Deus, revelar o Projeto do Pai.

Mateus 19,20: Observar os mandamentos, para que serve?  

O jovem respondeu: "Tenho observado todas essas coisas. O que é que ainda me falta fazer?" O curioso é o seguinte. O jovem queria conhecer o caminho que o levasse à vida eterna. Ora, o caminho da vida eterna era e continua sendo: fazer a vontade de Deus, expressa nos mandamentos. Com outras palavras, o jovem observava os mandamentos sem saber para que serviam! Se o soubesse, não teria feito a pergunta. É como muitos católicos que não sabem por que motivo são católicos. ”Nasci católico, por isso sou católico!” Coisa de costume!

Mateus 19,21-22: A proposta de Jesus e a resposta do jovem

Jesus respondeu: "Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha, e siga-me". Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma escada que vai mais longe e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos mandamentos prepara a pessoa para ela poder chegar à doação total de si em favor do próximo. Marcos diz que Jesus olhou para o jovem com amor (Mc 10,21). Jesus pede muito, mas ele o pede com muito amor. O moço não aceitou a proposta de Jesus e foi embora, “pois era muito rico”.

Jesus e a opção pelos pobres.

Um duplo cativeiro marcava a situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disso, o clã, a família, a comunidade, estava sendo desintegrada e uma grande parte do povo vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade. Por isso, havia vários movimentos que, como Jesus, procuravam refazer a vida em comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade de Jesus, porém, havia algo novo que a diferenciava dos outros grupos. Era a atitude frente aos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam separadas. A palavra “fariseu” quer dizer “separado”. Viviam separadas do povo impuro. Alguns fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), cheio de pecado (Jo 9,34). Não aprendiam nada do povo (Jo 9,34). Jesus e a sua comunidade, ao contrário, viviam misturados com as pessoas excluídas, consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16; 1,41; Lc 7,37). Jesus re­conhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt 11,25-26; Lc 21,1-4). Proclama-os felizes, porque o Reino é deles, dos pobres (Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4, 18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Lc 9,58). E a quem quer segui-lo para conviver com ele, manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). Manda fazer opção pelos pobres como propôs ao jovem rico! (Mc 10,21) Esta maneira diferente de acolher os pobres e de conviver com eles era uma amostra do Reino de Deus.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Uma pessoa que vive preocupada com a sua riqueza ou com a aquisição dos bens que a propaganda do consumismo lhe oferece, será que ela pode libertar-se de tudo isto para seguir Jesus e viver em paz numa comunidade cristã? É possível? O que você acha?
  2. O que significa para nós hoje: “Vai vende tudo, dá aos pobres”? É possível tomar isto ao pé da letra? Conhece alguém que conseguiu largar tudo por causa do Reino?

 

5) Oração final

Ele me faz descansar em verdes prados, a águas tranquilas me conduz. Restaura minhas forças, guia-me pelo caminho certo, por amor do seu nome. (Sl 22, 2-3)

O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista- Direto da Praia da Ribeira em Angra dos Reis/RJ- fala sobre vocação e silêncio. Convento do Carmo de Angra dos Reis, Rio de Janeiro. 15 de agosto-2020. 

São Maximiliano Kolbe: "Ave Maria" é a síntese de sua vida

Amedeo Lomonaco, Silvonei José – Vatican News

"Ave Maria": são estas as últimas palavras que São Maximiliano Kolbe, nascido na Polônia em 1894, pronunciou em Auschwitz em 14 de agosto de 1941, antes de morrer. A última parte de sua vida foi uma provação compartilhada com outros prisioneiros no campo de extermínio. Após a deportação, ele foi despojado de seu hábito franciscano e destinado ao trabalho mais humilhante, como o transporte dos cadáveres para o crematório. Ele recebeu o número de série 16670. Após a fuga de um prisioneiro, dez prisioneiros são enviados para o chamado bunker da fome no Bloco 13 e são condenados a morrer de fome. Padre Kolbe ofereceu sua vida em troca de um pai de família, Franciszek Gajowniczek, que muitos anos depois recordou aquele momento dramático com estas palavras: "Kolbe saiu da fila, arriscando ser morto naquele momento, para pedir ao Lagerfhurer para me substituir. Era inconcebível que a proposta fosse aceita, de fato muito mais provável que o padre fosse adicionado aos dez selecionados para morrer juntos de fome e de sede. Mas não! Contra o regulamento, Kolbe salvou a minha vida”.

 

Ave Maria

O mês de agosto de 1941 tinha apenas começado. Padre Kolbe foi trancado no "bunker da fome", em Auschwitz, junto com outros nove prisioneiros. Neste lugar trágico, o desespero tornou-se uma oração comum. Os dias se passaram e o "coro" de vozes orantes, guiado pelo padre franciscano, perde seu vigor e torna-se um sussurro tênue. Após duas semanas de sofrimento indescritível, apenas quatro prisioneiros ainda estão vivos. Entre eles, estava também o padre Kolbe. Os guardas do campo de extermínio decidiram então acelerar o fim de suas vidas com uma injeção de ácido fênico. É o dia 14 de agosto de 1941. Padre Kolbe estendeu seu braço e suas palavras antes de morrer foram o último selo de uma vida colocada nas mãos da Imaculada Conceição. No dia seguinte, solenidade da Assunção da Santíssima Virgem Maria, seu corpo foi queimado no crematório e suas cinzas foram misturadas com as de muitos outros condenados à morte. Padre Kolbe foi proclamado santo em 10 de outubro de 1982 pelo Pontífice polonês São João Paulo II. Em sua homilia, o Papa Wojtyła lembra que a inspiração de toda a vida do Padre Kolbe "foi a Imaculada, a quem ele confiou seu amor por Cristo e seu desejo de martírio". No mistério da Imaculada Conceição, se revela diante dos olhos de sua alma aquele mundo maravilhoso e sobrenatural da Graça de Deus oferecido ao homem".  Como seus predecessores, o Papa Francisco, durante sua visita a Auschwitz em 29 de julho de 2016, durante sua viagem apostólica à Polônia, se deteve em oração silenciosa na cela do martírio do Santo polonês.

 

Uma vida nas mãos da Imaculada

É, portanto, Maria a inspirar a vida do padre Kolbe. Em 1917 ele fundou a "Milícia de Maria Imaculada". O objetivo é "renovar tudo em Cristo através da Imaculada". Em 1922, ele iniciou a publicação da revista "O Cavaleiro da Imaculada", para nutrir o espírito e a difusão da Milícia. Cinco anos depois, perto de Varsóvia, nasce Niepokalanów, a "Cidade da Imaculada". Em 1930, padre Kolbe partiu para o Japão, onde fundou "Mugenzai no Sono" ou "Jardim da Imaculada" na periferia de Nagasaki. Aqui os órfãos desta cidade se refugiaram após a explosão da bomba atômica. Depois do início da Segunda Guerra Mundial, a cidade de Niepokalanów foi transformada em um lugar de acolhimento para os feridos, doentes e refugiados. Após recusar a cidadania alemã, padre Kolbe foi detido na prisão de Pawiak, em Varsóvia, em 17 de fevereiro de 1941. Alguns meses depois, ele foi deportado para o campo de extermínio de Auschwitz.

 

Padre Kolbe e a medalha milagrosa

Padre Maximiliano Maria Kolbe, em 1918, depois de ser ordenado sacerdote, celebrou sua primeira missa em Roma, em “Sant'Andrea delle Fratte”. Foi o lugar onde, em 20 de janeiro de 1842, a Imaculada Conceição da medalha milagrosa apareceu ao judeu Alfonso Ratisbonne. O jovem judeu, que usava a medalha no pescoço como uma brincadeira, converteu-se instantaneamente. A medalha milagrosa foi cunhada pela vontade de Nossa Senhora expressa a Santa Catarina Labouré na aparição de 27 de novembro de 1830. Padre Alfonso Longobardi, vice-pároco de “Sant'Andrea delle Fratte”, recorda a ligação entre padre Kolbe, a igreja romana, não muito distante da Praça de Espanha e a medalha milagrosa.

O padre Maximiliano Kolbe teve uma veneração especial pela Virgem Maria, a Imaculada. Aqui em “Sant'Andrea delle Fratte”, em 20 de janeiro de 1842, a Virgem Imaculada apareceu a Alfonso Ratisbonne, um ateu pertencente a uma família judaica e também maçon. Para Maximiliano Kolbe, esta história é fascinante: Maria com sua beleza e sua luz converte este homem.

 

Qual é a ligação do padre Maximilian Kolbe com a medalha milagrosa?

R.- Existe este vínculo porque Alfonso Ratisbonne usava a medalha como brincadeira. Um amigo, que havia se convertido, pediu-lhe que a usasse. E ele lhe disse que também ele seria convertido. Alfonso pegou-a para zombar dele. Essa medalha será depois fundamental. Afonso dirá ter visto a Nossa Senhora como ela é representada na medalha, cunhada após a aparição a Santa Catarina Labouré. E é muito simples. De um lado está a Virgem Maria, com uma oração a Maria. Do outro lado está a letra Maria, M, incrustada na cruz e em dois corações: o Sagrado Coração de Jesus e o coração doloroso da Virgem Maria. Esta medalha torna-se para o padre Kolbe o brasão, o sinal exterior que cada membro da Milícia da Imaculada deve levar consigo.

 

Padre Kolbe levava consigo e tinha no peito este sinal também em 14 de agosto de 1941, dia de sua morte em Auschwitz...

Também ali, em Auschwitz, a vida do padre Kolbe foi uma vida de apóstolo. Uma coisa particular me impressiona muito além de como ele morreu: o fato de que com sua presença naquelas celas ele se torna uma presença de esperança. Conta-se que nas celas não há mais gritos e choros, mas canções e orações. E, não por acaso, as últimas palavras do padre Maximiliano Maria Kolbe antes de sua morte serão: "Ave Maria". Poderíamos dizer que estas palavras são a síntese de uma vida que se doa e se coloca nas mãos da Imaculada e se torna um instrumento de santidade. Fonte: https://www.vaticannews.va

Religioso pediu para ser enterrado em cemitério de vítimas da grilagem de terras no MT

 

O sepultamento de Dom Pedro Casaldáliga ocorrerá na manhã desta quarta-feira (12), às 10h, no Cemitério Iny (Karajá) à beira do Rio Araguaia, em São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, onde seu corpo está sendo velado desde às 18h, desta terça-feira (11).

Foi Casaldáliga quem pediu para ser enterrado no “Cemitério Karajá”, como é chamada na região a área onde eram sepultados indígenas e trabalhadores sem terra que foram explorados e, muitas vezes, assassinados pelos grileiros de terras da região.

A situação dos trabalhadores e indígenas da região, oriundos de diversas partes do país, sempre mobilizou Casaldáliga, pela extrema pobreza e a violência a que eram submetidos pelos grandes fazendeiros, durante a ditadura militar. Essa cadeia de eventos foi amplamente denunciada pelo religioso.

 

Saúde

Casaldáliga morreu no último sábado (8), em Batatais, interior de São Paulo, onde estava internado desde o dia 4 de agosto para cuidar de um derrame pulmonar. O religioso convivia com o mal de Parkinson, que contribuiu para o agravamento de seu estado de saúde.

Durante sua internação, foram feitos quatro exames para detectar a contaminação por covid-19, mas todos deram negativo. Com a saúde fragilizada, o religioso respirava por aparelhos e recebia alimentação por uma sonda.

Sua morte gerou profunda comoção e manifestação de diversas personalidades, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se manifestou nas redes sociais. “Nossa terra, nosso povo perde hoje um grande defensor e exemplo de vida generosa na luta por um mundo melhor, que nos fará muita falta.”

 

História

Nascido em uma aldeia nas imediações de Barcelona, na Espanha, em 1928, Dom Pedro Casaldáliga Plá é de família camponesa. Desembarcou no Brasil em 1968, em plena ditadura militar, e foi consagrado bispo em 1971, quando lançou a Carta Pastoral por Uma Igreja da Amazônia, em conflito com o latifúndio e a marginalização social. O texto ficou conhecido nacional e internacionalmente e marcou o perfil do missionário como porta-voz de índios e agricultores.

O bispo também foi um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que até hoje atua na defesa de indígenas, comunidades tradicionais e trabalhadores do campo.

Além de sua atuação junto aos pobres e em defesa da democracia, Casaldáliga também se destacou por suas poesias que abordam a urgência da reforma agrária e da luta contra o agronegócio. Fonte: https://www.brasildefato.com.br

A Santa Dulce Lopes Pontes, no século Maria Rita, nasceu no dia 26 de Maio de 1914, na Cidade de Salvador, Bahia de uma família cristã praticante, de profunda piedade e dedicada caridade. Desde criança cultivou grande bondade para os pobres e desvalidos. Ingressou na vida religiosa na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, onde exerceu a função de professora e de auxiliar dos enfermos. Fundou a Obra Social Irmã Dulce e o hospital “Santo Antônio”, para cuidar dos aflitos e miseráveis. No dia 13 de Março de 1992, em Salvador, piedosamente descansou no Senhor após uma grave enfermidade e em grande fama de Santidade. Em 22 de maio de 2011, foi beatificada. Em 13 de outubro de 2019, em solenidade presidida pelo Papa Francisco, foi canonizada.

 

Antífona de entrada (Mt 25, 34.36.40)

Vinde, benditos de meu Pai, diz o Senhor: eu estava doente e me visitastes. Em verdade vos digo: tudo o que fizestes ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes.

 

Oração do dia

Ó Deus, que maravilhosamente concedeste a caridade à Santa Dulce, virgem, a fim de ajudar humilde e benignamente os pobres na suas enfermidades, daí-nos, vo-lo, pedimos, por seu exemplo, o espírito de pobreza, para vos servir com toda solicitude nos pobres. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo.

 

Primeira Leitura (Tb 12, 6-13)

É valiosa a oração com jejum, e a esmola com a justiça.

 

Leitura do livro de Tobias

Naqueles dias, o anjo falou a Tobias e seu filho: 

“Bendizei a Deus e dai-­lhe graças,

diante de todos os viventes, 

pelos benefícios que vos concedeu.

Bendizei e cantai o seu nome.

Manifestai a todos os homens as obras de Deus, como é justo,

e não hesiteis em expressar-lhe o vosso reconhecimento.

Se é bom guardar o segredo do rei,

é justo revelar e publicar as obras de Deus. Fazei o bem, e o mal não vos atingirá.

É valiosa a oração com jejum, e a esmola com a justiça. Melhor é pouco com justiça, do que muito com iniquidade. Melhor é dar esmolas,

do que acumular tesouros.

A esmola livra da morte e purifica de todo pecado. Os que dão esmola serão saciados de vida.

Aqueles, porém, que cometem o pecado e a injustiça, são inimigos de si mesmos.

E agora vos manifestarei toda a verdade, sem vos ocultar coisa alguma.

Já vos declarei e disse:

'É bom guardar o segrego do rei, mas as obras de Deus devem ser reveladas, com a glória devida'.

Pois bem, quando tu e Sara fazíeis oração, eu apresentava o memorial da vossa prece diante da glória do Senhor.

E fazia o mesmo quando tu, Tobias, enterravas os mortos.

Quando não hesitaste em levantar-te da mesa, deixando a refeição e saindo para sepultar um morto, fui enviado a ti para te pôr à prova”.

Palavra do Senhor.

 

Salmo Responsorial (Sl 14(15)

O justo habitará no monte santo do Senhor.

 

1-Aquele que caminha sem pecado

e pratica a justiça fielmente;

que pensa a verdade no seu íntimo *

e não solta em calúnias sua língua.

 

2-Que em nada prejudica o seu irmão, *

nem cobre de insultos seu vizinho;

que não dá valor algum ao homem ímpio, *

mas honra os que respeitam o Senhor.

 

3- Não empresta o seu dinheiro com usura,

nem se deixa subornar contra o inocente.

Jamais vacilará quem vive assim!

 

Segunda Leitura (1Jo  4, 7-16)

Foi Deus que nos amou primeiro

 

Leitura da Primeira Carta de São João

Caríssimos, amemo•nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus

e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus.

Quem não ama, não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor.

Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo,

para que tenhamos vida por meio dele.

Nisto consiste o amor:

não fomos nós que amamos a Deus,

mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados.

Caríssimos, se Deus nos amou assim,

nós também devemos amar•nos uns aos outros.

Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros,

Deus permanece conosco

e seu amor é plenamente realizado entre nós.

A prova de que permanecemos com ele, e ele conosco,

é que ele nos deu o seu Espírito.

E nós vimos, e damos testemunho, que o Pai enviou o seu Filho como o Salvador do mundo.

Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece com ele,

e ele com Deus.

E nós conhecemos o amor que Deus tem para conosco, e acreditamos nele.

Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus,

e Deus permanece com ele. Palavra do Senhor.

 

Aclamação ao Evangelho (Mt 25, 31-40)

 R. Aleluia, aleluia, aleluia

Quem me ama realmente guardará minha palavra, e meu Pai o amará, e a ele nós viremos.

 

Evangelho

Todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos foi a mim que o fizestes. (Mt 25, 31-40)

 

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Quando o Filho do homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos,

então se assentará em seu trono glorioso.

Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros,

assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.

E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.

Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: 'Vinde benditos de meu Pai!

Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!

Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber;

eu era estrangeiro e me recebestes em casa;

eu estava nu e me vestistes;

eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar'.

Então os justos lhe perguntarão:

'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te damos de comer?

Com sede e te damos de beber?

Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa,

e sem roupa e te vestimos?

Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?'

Então o Rei lhes responderá: 'Em verdade eu vos digo,

que todas as vezes que fizestes isso

a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!'”

Palavra da Salvação.

 

Oração sobre as oferendas

Recebei, ó Pai, os dons do vosso povo, Para que, recordando a imensa misericórdia do vosso Filho, sejamos confirmados no amor a Deus e ao próximo, A exemplo dos vossos Santos. Por Cristo, nosso Senhor.

 

Antífona da comunhão

Não há maior prova de amor que dar a vida pelos amigos. (Jo 15,13)

 

Oração depois da comunhão

Renovados por estes sagrados mistérios, Concedei-nos, ó Deus, seguir o exemplo da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, Que vos serviu com filial constância e se dedicou ao vosso povo com imensa caridade. Por Cristo, nosso Senhor.

Paróquia Nossa Senhora da Assunção- São Félix do Araguaia- MT. Quarta-feira, 12 de agosto-2020.

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,15-20)

Naquele tempo, disse Jesus: 15Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão. 16Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. 17Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano. 18Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu. 19Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus. 20Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.

 

3) Reflexão   Mateus 18,15-20

No evangelho de hoje e de amanhã vamos ler e meditar a segunda parte do Sermão da Comunidade. O evangelho de hoje fala da correção fraterna (Mt 18,15-18) e da oração em comum (Mt 18,19-20). O de amanhã fala do perdão (Mt 18,21-22) e traz a parábola do perdão sem limites (Mt 18,23-35). A palavra chave desta segunda parte é “perdoar”. O acento cai na reconciliação. Para que possa haver reconciliação que permita o retorno dos pequenos, é importante saber dialogar e perdoar. pois o fundamento da fraternidade é o amor gratuito de Deus. Só assim a comunidade será um sinal do Reino. Não é fácil perdoar. Certas mágoas continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem: "Eu perdôo, mas não esqueço!" Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a reconciliação.

A organização das palavras de Jesus nos cinco grandes Sermões do evangelho de Mateus mostra que, já no fim do primeiro século, as comunidades tinham formas bem concretas de catequese. O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35), por exemplo, traz instruções atualizadas de como proceder em caso de algum conflito entre os membros da comunidade e como encontrar critérios para solucionar os conflitos. Mateus reuniu aquelas frases de Jesus que pudessem ajudar as comunidades do fim do primeiro século a superar os dois problemas agudos que elas enfrentavam naquele momento, a saber, a saída dos pequenos por causa do escândalo de alguns e a necessidade de diálogo para superar o rigorismo de outros e acolher os pequenos, os pobres, na comunidade. 

Mateus 18,15-18: A correção fraterna e o poder de perdoar.

Estes versículos trazem normas simples de como proceder no caso de algum conflito na comunidade. Se um irmão ou uma irmã pecar, isto é, se tiver um comportamento não de acordo com a vida da comunidade, não se deve logo denunciá-los. Primeiro, procure conversar a sós. Procure saber os motivos do outro. Se não der resultado, leve mais duas ou três pessoas da comunidade para ver se consegue algum resultado. Só em caso extremo, deve levar o problema para a comunidade toda. E se a pessoa não quiser escutar a comunidade, que ela seja para você “como um publicano ou pagão”, isto é, como alguém que já não faz parte da comunidade. Não é você que está excluindo, mas é a pessoa, ela mesma, que se exclui a si mesma. A comunidade reunida apenas constata e ratifica a exclusão. A graça de poder perdoar e reconciliar em nome de Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e, aqui no Sermão da Comunidade, à própria comunidade (Mt 18,18). Isto revela a importância das decisões que a comunidade toma com relação a seus membros.

Mateus 18,19: A oração em comum 

A exclusão não significa que a pessoa seja abandonada à sua própria sorte. Não! Ela pode estar separada da comunidade, mas nunca estará separada de Deus. Caso a conversa na comunidade não der resultado e a pessoa não quiser integrar-se na vida da comunidade, resta o último recurso de rezar juntos ao Pai para conseguir a reconciliação. E Jesus garante que o Pai vai atender: “Se dois de vocês na terra estiverem de acordo sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está no céu”.

Mateus 18,20: A presença de Jesus na comunidade.

O motivo da certeza de ser ouvido pelo Pai é a promessa de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, estarei no meio deles!” Jesus é o centro, o eixo, da comunidade e, como tal, junto com a Comunidade ele estará rezando conosco ao Pai, para que conceda o dom do retorno ao irmão ou à irmã que se excluiu.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Por que será que é tão difícil perdoar? Na nossa comunidade existe espaço para a reconciliação? De que maneira?
  2. Jesus disse: "Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, estarei no meio deles". O que significa isto para nós hoje?

5) Oração final

Louvai, ó servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre. (Sl 112, 1-2)

O corpo de Casaldáliga está sendo levado para sua cidade de São Félix do Araguaia, onde será sepultado amanhã (12/08) a partir das 8h.

Em São Félix Casaldáliga será velado em uma canoa indígena. À direita, um remo do Povo Iny que ele trocou pelo báculo e um chapéu de palha sertanejo, que adotou em vez da mitra.

À esquerda, o Cirio Pascal anuncia que para Casaldáliga só temos 2 opções: ou vivos ou ressuscitados.

O acompanharão as imagens da Irmã Irene Fransceschini, que foi responsável do Arquivo da Prelazia por mais de 40 anos. Formadora e companheira de centenas de camponesas. E a irmã Veva, que morou 50 anos com o Povo Apyãwa, no Araguaia e que evitou sua desaparição. Fonte: Facebook

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 18,1-5.10.12-14)

1Neste momento os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: Quem é o maior no Reino dos céus? 2Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: 3Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus. 4Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos céus. 5E o que recebe em meu nome a um menino como este, é a mim que recebe. 10Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus. 12Que vos parece? Um homem possui cem ovelhas: uma delas se desgarra. Não deixa ele as noventa e nove na montanha, para ir buscar aquela que se desgarrou? 13E se a encontra, sente mais júbilo do que pelas noventa e nove que não se desgarraram. 14Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequenos.

 

3) Reflexão   Mateus 18,1-5.10.12-14

Aqui no capítulo 18 do evangelho de Mateus começa o quarto grande discurso da Nova Lei, o Sermão da Comunidade. Como já foi informado anteriormente (dia 9 de junho de 2008), o Evangelho de Mateus, escrito para as comunidades dos judeus cristãos da Galiléia e Síria, apresenta Jesus como o novo Moisés. No AT, a Lei de Moisés foi codificada nos cinco livros do Pentateuco. Imitando o modelo antigo, Mateus apresenta a Nova Lei em cinco grandes Sermões:  1) O Sermão da Montanha (Mt 5,1 a 7,29);  2) O Sermão da Missão (Mt 10,1-42);  3) O Sermão das Parábolas (Mt 13,1-52);  4) O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35);  5) O Sermão do Futuro do Reino (Mt 24,1 a 25,46). As partes narrativas, intercaladas entre os cinco Sermões, descrevem a prática de Jesus e mostram como ele praticava e encarnava a nova Lei em sua vida.

O evangelho de hoje traz a primeira parte do Sermão da Comunidade (Mt 18,1-14) que tem como palavra chave os “pequenos”. Os pequenos não são só as crianças, mas também as pessoas pobres e sem importância na sociedade e na comunidade, inclusive as crianças. Jesus pede que estes pequenos estejam no centro das preocupações da comunidade, pois "o Pai não quer que um só destes pequenos se perca" (Mt 18,14).

Mateus 18,1: A pergunta dos discípulos que provocou o ensinamento de Jesus 

Os discípulos querem saber quem é o maior no Reino. Só o fato de eles fazerem esta pergunta revela que pouco ou nada tinham entendido da mensagem de Jesus. O Sermão da Comunidade, todo inteiro, é para fazer entender que entre os seguidores e as seguidoras de Jesus deve vigorar o espírito de serviço, doação, perdão, reconciliação e amor gratuito, sem buscar o próprio interesse e a autopromoção.

Mateus 18,2-5: O critério básico: o menor é o maior.

Os discípulos querem um critério para poder medir a importância das pessoas na comunidade: "Quem é o maior no Reino do Céu?". Jesus responde que o critério é a criança! Criança não tem importância social, não pertence ao mundo dos grandes. Os discípulos devem tornar-se como crianças. Em vez de querer crescer para cima, devem crescer para baixo e para a periferia, onde vivem os pobres, os pequenos. Assim serão os maiores no Reino! E o motivo é este: “Quem recebe a um destes pequenos, recebe a mim!” Jesus se identifica com eles. O amor de Jesus pelos pequenos não tem explicação. Criança não tem mérito. É a pura gratuidade do amor de Deus que aqui se manifesta e pede para ser imitada na comunidade dos que se dizem discípulos e discípulas de Jesus.

Mateus 18,6-9: Não escandalizar os pequenos.

Estes quatro versículos sobre os escândalo dos pequenos foram omitidos no texto do evangelho de hoje. Damos um breve comentário. Escandalizar os pequenos significa: ser motivo para que os pequenos percam a fé em Deus e abandonem a comunidade. Mateus conservou uma frase muito dura de Jesus: “Quem escandalizar um desses pequeninos que acreditam em mim, melhor seria para ele pendurar uma pedra de moinho no pescoço, e ser jogado no fundo do mar”. Sinal de que naquele tempo muitos pequenos já não se identificavam mais com a comunidade e procuravam outros abrigos. E hoje? Na América Latina, por exemplo, cada ano, são em torno de 3 milhões de pessoas que abandonam as igrejas históricas e mudam para as igrejas evangélicas. Sinal de que já não se sentem em casa entre nós. E muitas vezes são os mais pobres que nos abandonam. O que falta em nós? Qual a causa deste escândalo dos pequenos? Para evitar o escândalo, Jesus manda cortar mão ou pé e arrancar o olho. Esta frase não pode ser tomada ao pé da letra. Ela significa que se deve ser muito exigente no combate ao escândalo que afasta os pequenos. Não podemos permitir, de forma nenhuma, que os pequenos se sintam marginalizados na nossa comunidade. Pois neste caso a comunidade já não seria um sinal do Reino de Deus.

Mateus 18,10-11: Os anjos dos pequenos estão na presença do Pai

Jesus evoca o salmo 91. Os pequenos fazem de Javé o seu refúgio e tomam o Altíssimo como defensor (Sl 91,9) e, por isso : “A desgraça jamais o atingirá, e praga nenhuma vai chegar à sua tenda, pois ele ordenou aos seus anjos que guardem você em seus caminhos. Eles o levarão nas mãos, para que seu pé não tropece numa pedra”. (Sl 91,10-12).

Mateus 18,12-14: A parábola das cem ovelhas

Para Lucas, esta parábola revela a alegria de Deus pela conversão de um pecador (Lc 15,3-7). Para Mateus, ela revela que o Pai não quer que um destes pequeninos se perca. Com outras palavras, os pequenos devem ser a prioridade pastoral da Comunidade, da Igreja. Eles devem estar no centro da preocupação de todos. O amor aos pequenos e excluídos deve ser o eixo da comunidade dos que querem seguir Jesus. Pois é deste modo que a comunidade se torna amostra do amor gratuito de Deus que acolhe a todos.

 

4) Para um confronto pessoal

  1. As pessoas mais pobres do bairro participam da nossa comunidade? Elas se sentem bem ou encontram em nós motivo para se afastar?
  2. Deus Pai não quer que se perca nenhum dos pequenos. O que significa isto para a nossa comunidade?

 

5) Oração final

Minha herança eterna são as vossas prescrições, porque fazem a alegria de meu coração. Abro a boca para aspirar, num intenso amor de vossa lei. (Sl 118, 111.131)

São Lourenço, o santo espanhol, também conhecido como Lourenço de Huesta ou Valência. Nasceu em 225 e morreu martirizado em 258, no dia 10 de agosto, em Roma. Está entre os diáconos do início da Igreja de Roma. Eles eram considerados os guardiões dos bens da Igreja e dispensadores de ajuda aos pobres. O nome Lourenço é o mesmo que Laureamtenens, que significa Coroa feita de Louro, como os vencedores recebiam após suas vitórias. Lourenço obteve a vitória em sua paixão. São Lourenço foi ajudante do Papa Sisto II e responsável por um centro dedicado aos pobres.

 

Diácono São Lourenço

No livro dos Atos dos Apóstolos, no capítulo 6, vemos a preocupação dos mesmos quanto ao crescimento do número dos discípulos. Eles convocaram uma reunião e expuseram suas angústias, dizendo: Não é razoável que abandonemos a palavra de Deus para administrar (Servir as mesas), pois muitos dos discípulos gregos queixavam-se que suas viúvas estavam sendo esquecidas e negligenciadas pelos hebreus.

Foram escolhidos entre os irmãos, homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para administrar o cuidado com os pobres, órfãos e viúvas, ou seja, o tesouro precioso do Senhor. Estes homens foram chamados de Diáconos. São Lourenço era um deles.

 

Martírio: testemunho de fé

Em 257, os cristãos começaram a ser perseguidos e mortos por ordem do imperador Valeriano I. Em 258, o Papa Sisto II foi decapitado. Conta a história que, ao caminhar para o lugar da execução, São Lourenço caminhava junto ao papa e dizia: Aonde vai sem seu diácono, meu pai? Jamais oferecestes o sacrifício da missa, sem que eu vos acolitasse (ajudasse)! O papa, comovido com essas palavras de dedicação filial, respondeu: Não estou te abandonando, meu filho! Deus reservou-te provação maior e vitória mais brilhante, pois és jovem e forte. Velhice e fraqueza faz com que tenham pena de mim. Em três dias você me seguirá.

Depois da morte do Papa, o imperador exigiu que a Igreja lhe entregasse todos os seus bens, dentro de 3 dias. Vencido o prazo, São Lourenço apresentou os pobres que eram acudidos pela Igreja e disse ao imperador: Estes são os bens da Igreja. Valeriano, então, com muita raiva, ordenou que Lourenço fosse queimado vivo. O santo manteve a alegria no momento da execução, mostrando sua profunda fé na vida eterna, no encontro com Jesus Cristo. Por isso, no momento mais angustiante de sua vida – aos olhos do mundo – Lourenço, feliz, dizia aos soldados: agora podem me virar, este lado já está assado. Uma multidão acompanhava o martírio de São Lourenço. E, no meio do povo, grande foi o número dos que se converteram a jesus cristo ao verem o testemunho do jovem São Lourenço.

São Prudentius, contemporâneo de Lourenço, confirmou este fato quando escreveu que o exemplo de São Lourenço levou vários romanos à conversão. Ele foi sepultado no cemitério de Siriaca, em Agro Verão, na Via Tiburtina, em Roma, onde mais tarde foi erigida uma basílica em sua honra. A basílica, por graça de Deus, que honra seus santos, foi construída por um outro imperador romano: Constantino.

 

Devoção a São Lourenço

Por causa de seu martírio e maravilhoso testemunho de fé, São Lourenço é mencionado na Oração Eucarística número um e na ladainha de todos os santos. São Lourenço é o padroeiro da cidade de Huesca, na Espanha. Ele é também o padroeiro dos diáconos.

 

Representação de São Lourenço

Na arte litúrgica da Igreja São Lourenço é representado como um diácono em uma grelha, com a Bíblia na mão. Sua paixão foi escrita um século após sua morte, mas desde o início a história de seu testemunho foi sendo passada oralmente nas igrejas e nas famílias cristãs. A igreja que o imperador Constantino construiu em sua homenagem, fica onde está hoje a igreja de São Lourenço Extramuros. É a quinta Basílica Patriarcal romana. A festa de São Lourenço é celebrada em 10 de agosto. Fonte: www.cruzterrasanta.com.br

Dom Pedro Casaldáliga, Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia e Missionário Claretiano, morre aos 92 anos de idade



Às 9h20, deste dia 08 de agosto, Dom Pedro finalizava sua missão na terra sendo um defensor ativo dos Direitos Humanos

Depois de um longo período de internação na cidade de Batatais, estado de São Paulo (Brasil), faleceu hoje, 08 de agosto de 2020, às 09h20 (horário de Brasília), Dom Pedro Casaldáliga Pla, CMF, Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, Mato Grosso (Brasil), Missionário Claretiano e cuidado pela Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos) após ter sido jubilado. Com problemas de saúde ocasionados pelo Mal de Parkinson, por Pneumonia e Derrame Pulmonar, no dia 04 de agosto, Dom Pedro Casaldáliga, CMF, teve seu estado agravado e foi transferido por UTI aérea do Hospital de São Félix do Araguaia a Ribeirão Preto onde seguiu para Batatais em uma UTI Móvel direto para a Santa Casa permanecendo internado até sua morte devido a uma embolia pulmonar decorrente dos problemas de saúde já apresentados.

O corpo de Dom Pedro Casaldáliga, CMF, será velado em três locais. No dia 08, sábado, a partir das 15h, será na capela do Claretiano - Centro Universitário de Batatais, unidade educativa dirigida pelos Missionários Claretianos, localizada a rua Dom Bosco, 466, Castelo, em Batatais, São Paulo. No dia 09, domingo, às 15h, neste local, acontecerá a missa de corpo presente, presidida por Dom Moacir, Arcebispo de Ribeirão Preto, que será aberta ao público em geral e transmitida ao vivo pelo Claretiano - TV, no Youtube, pelo link https://youtu.be/spto8rbKye0

No dia 10, segunda-feira, o corpo de Dom Pedro Casaldáliga, CMF, seguirá para Ribeirão Cascalheira, Mato Grosso, onde será velado no Santuário dos Mártires. Em seguida o corpo será levado para São Félix do Araguaia, MT, onde será velado no Centro Comunitário Tia Irene. O sepultamento será em São Félix do Araguaia, conforme desejo manifestado em sua vida.

 

Trajetória
Dom Pedro Casaldáliga nasceu no dia 16 de fevereiro de 1928, em Balsareny, na província de Barcelona, na Catalunha. É o segundo filho de Montserrat Pla Rosell e Luis Casaldaliga Ribera, que tiveram quatro filhos. Em 1943 ingressou na Congregação Claretiana, Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria e em 1952 foi ordenado sacerdote em Montjuïc, Barcelona. Até a sua vinda para o Brasil, que se deu em 1968, trabalhou na formação de futuros missionários claretianos, com a Pastoral da Juventude e com a Pastoral do Cursilho de Cristandade.

Ao chegar no Brasil, junto com Pe. Manoel Luzón, CMF, ajudou a fundar a Missão Claretiana no Estado do Mato Grosso, que na época era uma região com um alto grau de analfabetismo, marginalização social, violência e concentração fundiária. No estado fixou residência e foi defensor ativo dos Direitos Humanos e das grandes causas ainda não totalmente resolvidas, como as causas indígenas, racismo a defesa da Amazônia. Logo após sua chegada, em 1969, o Vaticano criou a Prelazia de São Félix do Araguaia, MT, e em 1970 foi nomeado administrador apostólico da Prelazia.

Já em 1971 foi nomeado Bispo Prelado de São Félix do Araguaia pelo Papa Paulo VI. Neste mesmo ano publicou a Carta Pastoral Uma Igreja na Amazônia em Conflito com o Latifúndio e a Marginalização Social denunciando a situação de miséria e violência na região Amazônica. Com uma vida totalmente dedicada ao próximo e ajudando os mais necessitados fundou o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) com Dom Tomás Balduino e juntos criaram a Comissão de Pastoral da Terra (CPT).

Dom Pedro teve seu nome ligado à Reforma Agrária, à denúncia da escravidão moderna e a defesa dos povos indígenas.

Além do exercício como sacerdote, Dom Pedro reservava parte do seu tempo à escrita. Deixou uma obra riquíssima composta por livros, poemas, cartas, cantigas e orações. Inclusive seu livro 'Descalço sobre a Terra Vermelha', virou filme com a direção de Oriol Ferrer, em 2012. Além disso, ele participou do filme 'Anel de Tucun', em 1994; da Missa dos Quilombos, produzida pelo cantor Milton Nascimento, no ano de 1982.

Dom Pedro Casaldáliga passou sua vida na simplicidade, em São Félix do Araguaia, e no dia 04 de agosto de 2020 chegou a Batatais, SP, para tratamento médico, onde passou seus últimos dias, falecendo em 08 de agosto de 2020.

Mais informações para a imprensa:

Pe. Ronaldo Mazula, CMF, celular/WhatsApp (11) 9.7173-7755.
Pe. Brás Lorenzetti, CMF, celular/whatsApp (16) 99257-6513.

Fonte: https://claretiano.edu.br

Bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT) nasceu na Espanha em 1928 e se mudou para o Brasil aos 40 anos. Ele ficou conhecido por suas posições políticas e pelo trabalho pastoral ligado a causas como a defesa de direitos dos povos indígenas e o combate à violência dos conflitos agrários.

 

Por Denise Soares, Kessilen Lopes e Flávia Borges, G1 MT

 

Bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT), Dom Pedro Casaldáliga morreu neste sábado (8) aos 92 anos. Ele estava internado em Batatais (SP). O religioso ficou conhecido por suas posições políticas e pelo trabalho pastoral ligado a causas como a defesa de direitos dos povos indígenas e o combate à violência dos conflitos agrários.

A morte de Casaldáliga foi confirmada pela Prelazia de São Félix do Araguaia, Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos) e a Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos).

Com problemas respiratórios agravados pelo Mal de Parkinson, Casaldáliga foi levado de Mato Grosso para o interior de São Paulo na noite de terça-feira (4) em uma unidade de terapia intensiva (UTI) montada dentro de um avião.

Um terceiro exame - complementar a outros dois realizados em Mato Grosso - descartou que o paciente tenha contraído Covid-19.

História do missionário

Nascido em 16 de fevereiro de 1928 em Balsareny, na província de Barcelona, mudou-se da Espanha para o Brasil aos 40 anos. Veio como missionário, para trabalhar em São Félix do Araguaia. Pertencente à congregação dos missionários claretianos, foi o primeiro bispo da Prelazia do município – a nomeação, em 1971, partiu do Papal Paulo VI. Dom Pedro Casaldáliga ocupou o ofício até 2005, quando renunciou.

Já nos primeiros anos no Brasil, Casaldáliga envolveu-se, ao lado de outros padres espanhóis, na defesa de povos indígenas, ameaçados pela violência dos conflitos agrários e pela expansão dos latifúndios na região.

Casaldáliga foi um dos responsáveis pela fundação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ainda na década de 1970. Em 2000, o bispo foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Seu trabalho junto aos índios xavantes, após anos de embate judicial contra latifundiários e produtores rurais, fez com que recebesse ameaças de morte em 2012.

Além da atuação pastoral, Casaldáliga ficou conhecido pela produção literária, tanto de poesias quanto de manifestos, artigos, cartas circulares e obras com cunho político ou de temas ligados a espiritualidade, publicadas no Brasil e no exterior. Em 2013, recusou-se a dar seu nome a um prêmio de jornalismo por se opor à nomeação da então secretária estadual de Cultura, Janete Riva.

Em 2014, o bispo foi tema do filme biográfico "Descalço sobre a Terra Vermelha", feito por duas produtoras espanholas em parceria com a TV Brasil.

Em 2016, a história de dom Pedro Casaldáliga foi contada em um livro escrito por Luiz Carlos Ribeiro e Flávio Ferreira. A obra é uma adaptação da montagem teatral "Fica Pedro", de 2013. Fonte: https://g1.globo.com

1) Oração

Ó Deus, que na gloriosa Transfiguração de vosso Filho confirmastes os mistérios da pelo testemunho de Moisés e Elias, e manifestastes de modo admirável a nossa glória de filhos adotivos, concedei aos vossos servos e servas ouvir a voz do vosso Filho amado, e compartilhar da sua herança. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 17, 1-9)

1Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. 2Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. 3E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele. 4Pedro tomou então a palavra e disse-lhe: Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias. 5Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição; ouvi-o. 6Ouvindo esta voz, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram medo. 7Mas Jesus aproximou-se deles e tocou-os, dizendo: Levantai-vos e não temais. 8Eles levantaram os olhos e não viram mais ninguém, senão unicamente Jesus. 9E, quando desciam, Jesus lhes fez esta proibição: Não conteis a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.

 

3) Reflexão  Mateus 17, 1-9

Hoje é a festa da Transfiguração de Jesus. A Transfiguração acontece depois do primeiro anúncio da Morte de Jesus (Mt 16,21). Este anúncio transtornou a cabeça dos discípulos, sobretudo de Pedro (Mt 16,22-23). Eles tinham os pés no meio dos pobres, mas a cabeça estava perdida na ideologia dominante da época. Eles esperavam um messias glorioso. A cruz era um impedimento para crer em Jesus. A Transfiguração, onde Jesus aparece glorioso no alto da montanha, era uma ajuda para eles poderem superar o trauma da Cruz e descobrir em Jesus o verdadeiro Messias. Mesmo assim, muitos anos depois, quando a Boa Nova já estava espalhada pela Ásia Menor e pela Grécia, a Cruz continuava sendo um grande impedimento para os judeus e para os pagãos aceitarem Jesus como Messias. “A cruz é uma loucura e um escândalo!”, assim diziam (1Cor 1,23). Um dos maiores esforços dos primeiros cristãos consistia em ajudar as pessoas a perceber que a cruz não era escândalo nem loucura, mas sim a expressão mais bonita e mais forte do poder e da sabedoria de Deus (1Cor 1,22-31). O evangelho de hoje dá a sua contribuição neste esforço. Ele mostra que Jesus veio realizar as profecias e que a Cruz era o caminho para a Glória. Não há outro caminho.

Mateus 17,1-3: Jesus muda de aspecto.

Jesus sobe a uma montanha alta. Lucas acrescenta que ele subiu para rezar (Lc 9,28). Lá em cima, Jesus aparece na glória diante de Pedro, Tiago e João. Junto com Jesus aparecem Moisés e Elias. A Montanha alta evoca o Monte Sinai, onde, no passado, Deus tinha manifestado sua vontade ao povo, entregando as tábuas da lei. As vestes brancas lembram Moisés que ficava fulgurante quando conversava com Deus na Montanha e dele recebia a lei (cf. Ex 34,29-35). Elias e Moisés, as duas maiores autoridades do Antigo Testamento, conversam com Jesus. Moisés representa a Lei, Elias, a profecia. Lucas informa que a conversa foi sobre o “êxodo” (a morte) de Jesus em Jerusalém (Lc 9,31). Assim fica claro que, o Antigo Testamento, tanto a Lei como os Profetas, já ensinava que, para o Messias, o caminho da glória tinha de passar pela cruz.

Mateus 17,4: Pedro gostou, mas não entendeu.

Pedro gostou e quis segurar o momento agradável na Montanha. Ele se oferece para construir três tendas. Marcos diz que Pedro estava com medo, sem saber o que estava dizendo (Mc 9,6), e Lucas acrescenta que os discípulos estavam com sono (Lc 9,32). Eles são como nós: têm dificuldade para entender a Cruz!

Mateus 17,5-8:  A voz do céu esclarece os fatos.  

Enquanto Jesus é envolvido pela glória, uma voz do céu diz: "Este é o meu Filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz". A expressão “Filho amado” evoca a figura do Messias Servo, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is 42,1). A expressão “Escutem o que ele diz” evoca a profecia que prometia a chegada de um novo Moisés (cf. Dt 18,15). Em Jesus, as profecias do AT estão se realizando. Os discípulos já não podem duvidar. Jesus é realmente o Messias glorioso e o caminho para a glória passa pela cruz, conforme tinha sido anunciado na profecia do Messias Servo (Is 53,3-9). A glória da Transfiguração o comprova. Moisés e Elias o confirmam. O Pai o garante. Jesus o aceita. Diante de tudo que estava acontecendo os discípulos ficam com muito medo e caíram com o rosto por terra. Jesus se aproxima, toca neles e diz: "Levantem-se, e não tenham medo." Os discípulos levantam os olhos e vêem só Jesus e ninguém mais. Daqui para a frente, Jesus é a única revelação de Deus para nós! Jesus, e só ele, é a chave para podermos entender a Escritura e a Vida.

Mateus 17,9: Saber guardar o silêncio.

Jesus pedia aos discípulos para não dizer nada a ninguém até que ele tivesse ressuscitado dos mortos. Marcos diz que eles não sabiam o que significava ressurreição dos mortos (Mc 9,10). De fato, não entende o significado da Cruz quem não liga o sofrimento com a ressurreição. A Cruz de Jesus é a prova de que a vida é mais forte que a morte. A compreensão plena do seguimento de Jesus não se obtém pela instrução teórica, mas sim pelo compromisso prático, caminhando com ele no caminho do serviço, desde a Galileia até Jerusalém.

 

4) Para um confronto pessoal

1-A sua fé em Jesus já proporcionou a você algum momento de transfiguração e de alegria intensa? Como estes momentos de alegria lhe dão força na hora das dificuldades?

2- Como transfigurar, hoje, tanto a vida pessoal e familiar, como a vida comunitária no nosso bairro?

 

5) Oração final

Na presença do Senhor, fundem-se as montanhas como a cera, em presença do Senhor de toda a terra. Os céus anunciam a sua justiça e todos os povos contemplam a sua glória. (Sl 96, 5-6)

Santa Missa celebrada por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, direto da Igreja Conventual dos Carmelitas de Angra dos Reis/RJ. Angra, 5 de agosto-2020. Divulgação:  www.instagram.com/freipetronio

Santa Missa celebrada por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, direto da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Angra dos Reis/RJ. Angra, 4 de agosto-2020. Divulgação:  www.instagram.com/freipetronio

Tema

A liturgia do 18º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos o convite que Deus nos faz para nos sentarmos à mesa que Ele próprio preparou, e onde nos oferece gratuitamente o alimento que sacia a nossa fome de vida, de felicidade, de eternidade.

Na primeira leitura, Deus convida o seu Povo a deixar a terra da escravidão e a dirigir-se ao encontro da terra da liberdade - a Jerusalém nova da justiça, do amor e da paz. Aí, Deus saciará definitivamente a fome do seu Povo e oferecer-lhe-á gratuitamente a vida em abundância, a felicidade sem fim.

O Evangelho apresenta-nos Jesus, o novo Moisés, cuja missão é realizar a libertação do seu Povo. No contexto de uma refeição, Jesus mostra aos seus discípulos que é preciso acolher o pão que Deus oferece e reparti-lo com todos os homens. É dessa forma que os membros da comunidade do Reino fugirão da escravidão do egoísmo e alcançarão a liberdade do amor.

A segunda leitura é um hino ao amor de Deus pelos homens. É esse amor - do qual nenhum poder hostil nos pode afastar - que explica por que é que Deus enviou ao mundo o seu próprio Filho, a fim de nos convidar para o banquete da vida eterna.

 

LEITURA II - Rom 8,35.37-39

 

Irmãos:
Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?
A tribulação, a angústia, a perseguição,
a fome, a nudez, o perigo ou a espada?
Mas em tudo isto somos vencedores,
graças Àquele que nos amou.
Na verdade, eu estou certo de que nem a morte nem a vida,
nem os Anjos nem os Principados,
nem o presente nem o futuro,
nem as Potestades nem a altura nem a profundidade
nem qualquer outra criatura
poderá separar-nos do amor de Deus,
que se manifestou em Cristo Jesus, Nosso Senhor.

 

AMBIENTE

O texto que nos é hoje proposto como segunda leitura conclui a reflexão de Paulo sobre a questão da salvação.

Há já alguns domingos que temos vindo a acompanhar o desenvolvimento das ideias de Paulo sobre esta questão: toda a humanidade vive mergulhada numa realidade de pecado (cf. Rom 1,18-3,20); mas a bondade de Deus oferece a todos os homens, de forma gratuita e incondicional, a salvação (cf. 3,21-4,25). Essa salvação chega ao homem através de Jesus Cristo (cf. Rom 5,1-7,25). O Espírito Santo é que dá ao homem a força para acolher esse dom (cf. Rom 8,1-39), para renunciar à vida do egoísmo e do pecado (a vida "segundo a carne") e para ascender a uma nova situação - a situação de "filho de Deus" (vida "segundo o Espírito").

Acolher a salvação que Deus oferece, identificar-se com Jesus e percorrer com Ele o caminho do amor a Deus e da entrega aos irmãos (vida "segundo o Espírito") não é, no entanto, um caminho fácil, de triunfos e de êxitos humanos; mas é um caminho que é preciso percorrer, tantas vezes na dor, no sofrimento e na renúncia, enfrentando as forças da morte, da opressão, do egoísmo e da injustiça.

Apesar das barreiras que é necessário vencer, das nuvens ameaçadoras e dos mil desafios que, dia a dia, se põem ao crente que segue o caminho de Jesus, o cristão pode e deve confiar no êxito final. Por quê?

É a esta questão que Paulo procura responder nestes versículos que nos são hoje propostos.

 

MENSAGEM

"Se Deus é por nós, quem será contra nós"? - pergunta Paulo no início da perícopa (Rom 8,31). A verdade é que nada pode derrotar aquele que é objeto do amor imenso e imortal de Deus - amor manifestado nesse movimento que levou Cristo até à entrega total da vida para nos colocar na rota da salvação e da vida plena.

O crente tem de estar certo de que Deus o ama e que lhe reserva a vida em plenitude, a felicidade total, a comunhão plena com Ele. Dessa forma, pode escolher, com tranquilidade e serenidade o caminho de Jesus - caminho de dom, de entrega da vida, de amor até às últimas consequências... Pode, como Jesus, lutar objetivamente contra o egoísmo, a injustiça, a opressão, o pecado; pode gastar a vida nessa luta, sem temer o aniquilamento ou o fracasso; pode enfrentar a perseguição, a angústia, os perigos, as armadilhas montadas pelos homens, com a certeza de que nada o pode vencer ou destruir... E, no final do caminho, espera-o essa vida plena de felicidade sem fim, que Deus oferece àqueles que aceitam a sua proposta de amor e caminham nela.

Nos dois últimos versículos do texto que nos é proposto (vers. 38-39), Paulo enumera uma série de forças que, na época, se julgavam mais ou menos hostis ao homem. Não devemos, contudo, tomar essas expressões como uma descrição detalhada daquilo que, para Paulo, era o mundo sobrenatural. Devemos ver nessa lista, apenas uma forma retórica de sugerir que nada - nem sequer esses poderes que os antigos acreditavam que hostilizavam o homem - será capaz de separar o cristão do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo.

Atualização

Para Paulo, há uma constatação incrível, que não cessa de o espantar (e que temos repetidamente encontrado nos textos da Carta aos Romanos lidos nos últimos domingos): Deus ama-nos com um amor profundo, total, radical, que nada nem ninguém consegue apagar ou eliminar. Esse amor veio ao nosso encontro em Jesus Cristo, atingiu a nossa existência e transformou-a, capacitando-nos para caminharmos ao encontro da vida eterna. Ora, antes de mais, é esta descoberta que Paulo nos convida a fazer... Nos momentos de crise, de desilusão, de perseguição, de orfandade, quando parece que o mundo está todo contra nós e que não entende a nossa luta e o nosso compromisso, a Palavra de Deus grita: "não tenhais medo; Deus ama-vos".

Descobrir esse amor dá-nos a coragem necessária para enfrentar a vida com serenidade, com tranquilidade e com o coração cheio de paz. O crente é aquele homem ou mulher que não tem medo de nada porque está consciente de que Deus o ama e que lhe oferece, aconteça o que acontecer, a vida em plenitude. Pode, portanto, entregar a sua vida como dom, correr riscos na luta pela paz e pela justiça, enfrentar os poderes da opressão e da morte, porque confia no Deus que o ama e que o salva.

 

Evangelho (Mt 14,13-21): Atualização

Antes de mais, o texto convida-nos a refletir sobre a preocupação de Deus em oferecer a todos os homens a vida em abundância. Ele convida todos os homens para o "banquete" do Reino... Aos desclassificados e proscritos que vivem à margem da vida e da história, aos que têm fome de amor e de justiça, aos que vivem atolados no desespero, aos que têm permanentemente os olhos toldados por lágrimas de tristeza, aos que o mundo condena e marginaliza, aos que não têm pão na mesa nem paz no coração, Deus diz: "quero oferecer-te essa plenitude de vida que os homens teus irmãos te negam. Tu também estás convidado para a mesa do Reino".

A nossa responsabilidade de seguidores de Jesus compromete-nos com a "fome" do mundo. Nenhum cristão pode dizer que não tem culpa pelo facto de 80 por cento da humanidade ser obrigada a viver com 20 por cento dos recursos disponíveis... Nenhum cristão pode "lavar as mãos" quando se gastam em armas e extravagâncias recursos que deviam estar ao serviço da saúde, da educação, da habitação, da construção de redes de saneamento básico... Nenhum cristão pode dormir tranquilo quando tantos homens e mulheres, depois de uma vida de trabalho, recebem pensões miseráveis que mal dão para pagar os medicamentos, enquanto se gastam quantias exorbitantes em obras de fachada que só servem para satisfazer o ego dos donos do mundo... Nós temos responsabilidades na forma como o mundo se constrói... Que podemos fazer para que o nosso mundo seja alicerçado sobre outros valores?

É preciso criarmos a consciência de que os bens criados por Deus pertencem a todos os homens e não a um grupo restrito de privilegiados. O Vaticano II afirma: "Deus destinou a terra com tudo o que ela contém para uso de todos os povos; de modo que os bens criados devem chegar equitativamente às mãos de todos (...). Sejam quais forem as formas de propriedade, conforme as legítimas instituições dos povos e segundo as diferentes e mutáveis circunstâncias, deve-se sempre atender a este destino universal dos bens. Por esta razão, quem usa desses bens temporais, não deve considerar as coisas exteriores que legitimamente possui só como próprias, mas também como comuns, no sentido de que possam beneficiar não só a si, mas também os outros. De resto, todos têm o direito de ter uma parte de bens suficientes para si e suas famílias" (Gaudium et Spes, 69). Como me situo face aos bens? Vejo os bens que Deus me concedeu como "meus, muito meus e só meus", ou como dons que Deus depositou nas minhas mãos para eu administrar e partilhar, mas que pertencem a todos os homens?

O problema da fome no mundo não se resolve recorrendo a programas de assistência social, de "rendimento mínimo garantido" ou de outros esquemas de "caridadezinha"; mas resolve-se recorrendo a uma verdadeira revolução das mentalidades, que leve os homens a interiorizar a lógica de partilha. Os bens que Deus colocou à disposição dos seus filhos não podem ser açambarcados por alguns; pertencem a todos os homens e devem ser postos ao serviço de todos. É preciso quebrar a lógica do capitalismo, a lógica egoísta do lucro (mesmo quando ela reparte alguns trocos pelos miseráveis para aliviar a consciência dos exploradores), e substitui-la pela lógica do dom, da partilha, do amor. Sem isto, nenhuma mudança social criará, de verdade, um mundo mais justo e mais fraterno.

A narração que hoje nos é proposta tem um inegável contexto eucarístico (as palavras "ergueu os olhos ao céu e recitou a bênção, partiu os pães e deu-os aos discípulos" levam-nos à fórmula que usamos sempre que celebramos a Eucaristia). Na verdade, sentar-se à mesa com Jesus e receber o pão que Ele oferece (Eucaristia) é comprometer-se com a dinâmica do Reino e é assumir a lógica da partilha, do amor, do serviço. Celebrar a Eucaristia obriga-nos a lutar contra as desigualdades, os sistemas de exploração, os esquemas de açambarcamento dos bens, os esbanjamentos, a procura de bens supérfluos... Quando celebramos a Eucaristia e nos comprometemos com uma lógica de partilha e de dom, estamos a tornar Jesus presente no mundo e a fazer com que o Reino seja uma realidade viva na história dos homens.

*Leia a reflexão na íntegra. Clique ao lado- EVANGELHO DO DIA