(Carmelitas na Audiência Geral com o Papa Francisco nesta quarta-feira, 17)

Como na semana passada, Francisco aprofundou a quinta palavra do Decálogo: ‘não matarás’, recordando que aos olhos de Deus a vida humana é preciosa, sagrada e inviolável.

Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano

Cerca de 20 mil fiéis participaram esta quarta-feira (17/10/2018) da Audiência Geral na Praça São Pedro.

Sob um céu nublado, o Papa fez a alegria dos peregrinos passando de papamóvel entre a multidão antes de pronunciar a sua catequese, dando prosseguimento ao ciclo sobre os 10 mandamentos.

Como na semana passada, Francisco aprofundou a quinta palavra do Decálogo: ‘não matarás’, recordando que aos olhos de Deus a vida humana é preciosa, sagrada e inviolável.

Desprezar é matar

Jesus no Evangelho revela um sentido ainda mais profundo para este Mandamento: a ira, o insulto e o desprezo contra um irmão é uma forma de assassinato. “Nós estamos acostumados a insultar. Isso faz mal, é uma forma de matar a dignidade de uma pessoa. Seria belo se este ensinamento de Jesus entrasse na mente e no coração. Não insultar mais ninguém: seria um bom propósito. Para Jesus, se você despreza, insulta e odeia, isso é homicídio.”

Quando vamos à missa, prosseguiu o Papa, deveríamos ter esta atitude de reconciliação com as pessoas com as quais tivemos problemas. “Mas às vezes falamos mal das pessoas enquanto esperamos o sacerdote. Isso não é possível. Vamos pensar na importância do insulto, do desprezo, do ódio. Jesus os insere na linha do assassinato.”

Para aniquilar uma pessoa, portanto, basta ignorá-la.

“ A indiferença mata. É como dizer ao outro: você é um morto para mim, porque você o matou em seu coração Não amar é o primeiro passo para matar; e não matar é o primeiro passo para amar. ”

De fato, desprezar o irmão é fazer como Caim que, quando Deus lhe perguntou onde estava seu irmão Abel, respondeu: “Por acaso sou guardião do meu irmão?” “Somos sim os guardiões dos nossos irmãos, somos guardiões uns dos outros!”, respondeu o Pontífice.

Precisamos de perdão

A vida humana necessita de amor, disse ainda o Papa, reiterando que o amor autêntico é o que Cristo nos mostrou, isto é, a misericórdia. Não matar é incluir, valorizar, perdoar.

Não podemos viver sem o amor que perdoa, que acolhe quem nos fez mal. Nenhum de nós sobrevive sem misericórdia, todos necessitamos do perdão. Não basta “não fazer nada de mal”, do homem se exige mais, ele deve fazer o bem, significa viver segundo o Senhor Jesus, que deu a vida por nós e por nós ressuscitou.

“Uma vez, repetimos todos juntos uma frase de um santo sobre isto: não fazer mal é coisa boa, mas não fazer o bem não é bom. Precisamos sempre fazer o bem, ir além”, disse ainda Francisco.

Eis então que a Palavra “não matarás” se torna um apelo essencial: é um apelo ao amor. Fonte: www.vaticannews.va

Homilia da Missa de canonização de Paulo VI, Dom Óscar Romero e outros cinco Beatos

"Jesus não Se contenta com uma «percentagem de amor»: não podemos amá-Lo a vinte, cinquenta ou sessenta por cento. Ou tudo ou nada", disse o Papa em sua homilia, recordando que Paulo VI continua hoje a exortar-nos, "juntamente com o Concílio de que foi sábio timoneiro, a que vivamos a nossa vocação comum: a vocação universal à santidade; não às meias medidas, mas à santidade".

Cidade do Vaticano

Neste domingo, 14 de outubro, o Papa Francisco presidiu na Praça São Pedro a cerimônia de canonização dos Beatos Paulo VI, Dom Oscar Romero, Francisco Spinelli, Vicente Romano, Maria Catarina Kasper, Nazária Inácia e Núncio Sulprizio. Eis sua homilia na íntegra:

"A segunda Leitura disse-nos que «a palavra de Deus é viva, eficaz e cortante» (cf. Heb 4, 12). É mesmo assim: a Palavra de Deus não é apenas um conjunto de verdades ou uma história espiritual edificante. Não! É Palavra viva que toca a vida, que a transforma. Nela, Jesus pessoalmente – Ele que é a Palavra viva de Deus – fala aos nossos corações.

Particularmente o Evangelho convida-nos a ir ao encontro do Senhor, a exemplo daquele «alguém» que «correu para Ele» (cf. Mc 10, 17). Podemo-nos identificar com aquele homem, de quem o texto não diz o nome parecendo sugerir-nos que pode representar cada um de nós. Ele pergunta a Jesus como deve fazer para «ter em herança a vida eterna» (10, 17). Pede vida para sempre, vida em plenitude; e qual de nós não a quereria?

Mas pede-a – notemos bem – como uma herança a possuir, como um bem a alcançar, a conquistar com as suas forças. De facto, para possuir este bem, observou os mandamentos desde a infância e, para alcançar tal objetivo, está disposto a observar ainda outros; por isso, pergunta: «Que devo fazer para ter…?»

A resposta de Jesus mexe com ele. O Senhor fixa nele o olhar e ama-o (cf. 10, 21). Jesus muda-lhe a perspetiva: passar dos preceitos observados para obter recompensas ao amor gratuito e total. Aquele homem falava em termos de procura e oferta; Jesus propõe-lhe uma história de amor. Pede-lhe para passar da observância das leis ao dom de si mesmo, do trabalhar para si ao estar com Ele. E faz-lhe uma proposta «cortante» de vida: «Vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres (…), vem e segue-Me» (10, 21).

E Jesus diz também a ti: «Vem e segue-Me». Vem: não fiques parado, porque não basta não fazer nada de mal para ser de Jesus. Segue-Me: não vás atrás de Jesus só quando te apetece, mas procura-O todos os dias; não te contentes com observar preceitos, dar esmolas e recitar algumas orações: encontra n’Ele o Deus que sempre te ama, o sentido da tua vida, a força para te entregares.

E Jesus diz mais: «Vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres». O Senhor não faz teorias sobre pobreza e riqueza, mas vai direto à vida. Pede-te para deixar aquilo que torna pesado o coração, esvaziar-te de bens para dar lugar a Ele, único bem. Não se pode seguir verdadeiramente a Jesus, quando se está estivado de coisas. Pois, se o coração estiver repleto de bens, não haverá espaço para o Senhor, que Se tornará uma coisa mais entre as outras. Por isso, a riqueza é perigosa e – di-lo Jesus – torna difícil até mesmo salvar-se.

Não, porque Deus seja severo; não! O problema está do nosso lado: o muito que temos e o muito que ambicionamos sufocam-nos, sufocam-nos o coração e tornam-nos incapazes de amar. Neste sentido, São Paulo recorda-nos que «a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro» (1 Tim 6, 10). Quando se coloca no centro o dinheiro, vemos que não há lugar para Deus; e não há lugar sequer para o homem.

Jesus é radical. Dá tudo e pede tudo: dá um amor total e pede um coração indiviso. Também hoje Se nos dá como Pão vivo; poderemos nós, em troca, dar-Lhe as migalhas? A Ele, que Se fez nosso servo até ao ponto de Se deixar crucificar por nós, não Lhe podemos responder apenas com a observância de alguns preceitos. A Ele, que nos oferece a vida eterna, não podemos dar qualquer bocado de tempo. Jesus não Se contenta com uma «percentagem de amor»: não podemos amá-Lo a vinte, cinquenta ou sessenta por cento. Ou tudo ou nada.

Queridos irmãos e irmãs, o nosso coração é como um íman: deixa-se atrair pelo amor, mas só se pode apegar a um lado e tem de escolher: amar a Deus ou as riquezas do mundo (cf. Mt 6, 24); viver para amar ou viver para si mesmo (cf. Mc 8, 35). Perguntemo-nos de que lado estamos nós... Perguntemo-nos a que ponto nos encontramos na nossa história de amor com Deus... Contentamo-nos com alguns preceitos ou seguimos Jesus como enamorados, prontos verdadeiramente a deixar tudo por Ele?

Jesus pergunta a cada um e a todos nós como Igreja em caminho: somos uma Igreja que se limita a pregar bons preceitos ou uma Igreja-esposa, que pelo seu Senhor se lança no amor? Seguimo-Lo verdadeiramente ou voltamos aos passos do mundo, como aquele homem? Em suma, basta-nos Jesus ou procuramos as seguranças do mundo? Peçamos a graça de saber deixar por amor do Senhor: deixar riquezas, deixar sonhos de cargos e poderes, deixar estruturas já inadequadas para o anúncio do Evangelho, os pesos que travam a missão, os laços que nos ligam ao mundo.

Sem um salto em frente no amor, a nossa vida e a nossa Igreja adoecem de «autocomplacência egocêntrica» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 95): procura-se a alegria em qualquer prazer passageiro, fechamo-nos numa tagarelice estéril, acomodamo-nos na monotonia duma vida cristã sem ardor, onde um pouco de narcisismo cobre a tristeza de permanecermos inacabados.

Aconteceu assim com aquele homem que – diz o Evangelho – «retirou-se pesaroso» (10, 22). Ancorara-se aos preceitos e aos seus muitos bens, não oferecera o coração. E, embora tivesse encontrado Jesus e recebido o seu olhar amoroso, foi-se embora triste. A tristeza é a prova do amor inacabado. É o sinal dum coração tíbio. Pelo contrário, um coração aliviado dos bens, que ama livremente o Senhor, espalha sempre a alegria, aquela alegria de que hoje temos tanta necessidade.

O Santo Papa Paulo VI escreveu: «É no meio das suas desgraças que os nossos contemporâneos precisam de conhecer a alegria e de ouvir o seu canto» (Exort. ap. Gaudete in Domino, I). Hoje, Jesus convida-nos a voltar às fontes da alegria, que são o encontro com Ele, a opção corajosa de arriscar para O seguir, o gosto de deixar tudo para abraçar o seu caminho. Os Santos percorreram este caminho.

Fê-lo Paulo VI, seguindo o exemplo do Apóstolo cujo nome assumira. Como ele, consumiu a vida pelo Evangelho de Cristo, cruzando novas fronteiras e fazendo-se testemunha d’Ele no anúncio e no diálogo, profeta duma Igreja extroversa que olha para os distantes e cuida dos pobres. Mesmo nas fadigas e no meio das incompreensões, Paulo VI testemunhou de forma apaixonada a beleza e a alegria de seguir totalmente Jesus. Hoje continua a exortar-nos, juntamente com o Concílio de que foi sábio timoneiro, a que vivamos a nossa vocação comum: a vocação universal à santidade; não às meias medidas, mas à santidade.

É significativo que, juntamente com ele e demais Santos e Santos hodiernos, tenhamos D. Óscar Romero, que deixou as seguranças do mundo, incluindo a própria incolumidade, para consumir a vida – como pede o Evangelho – junto dos pobres e do seu povo, com o coração fascinado por Jesus e pelos irmãos. E o mesmo podemos dizer de Francisco Spinelli, Vincente Romano, Maria Catarina Kasper, Nazária Inácia de Santa Teresa de Jesus e também do nosso jovem napolitano (ndr - do Abruzzo) Núncio Sulprizio: o santo jovem, corajoso, humilde, que soube encontrar Jesus no sofrimento, no silêncio e na oferta de si mesmo. Todos estes Santos, em diferentes contextos, traduziram na vida a Palavra de hoje: sem tibieza, nem cálculos, com o ardor de arriscar e deixar tudo. Irmãos e irmãs, que o Senhor nos ajude a imitar os seus exemplos!". Fonte: https://www.vaticannews.va

Na missa matutina na Casa Santa Marta, Francisco exortou os leigos e os pastores a refletirem sobre o sentido de serem cristãos, exortando a estarem “abertos” às surpresas de Deus.

Giada Aquilino – Cidade do Vaticano

Um convite a ser “cristãos de verdade”, cristãos que “não têm medo de sujar as mãos, as vestes, quando se fazem próximos do outro. Foi o que disse Francisco na homilia da Missa celebrada na manhã de segunda-feira (08/10) na capela da Casa Santa Marta.

Inspirando-se no Evangelho de Lucas, o Pontífice refletiu sobre os “seis personagens” da parábola narrada por Jesus ao doutor da Lei que, para colocá-lo “à prova”, lhe pergunta: “Quem é meu próximo?”. E cita os assaltantes, o ferido, o sacerdote, o levita, o Samaritano e o dono da pensão.

Não ir além, mas parar e ter compaixão

Os assaltantes que espancaram o homem, deixando-o quase morto; o sacerdote que, quando viu o ferido, “seguiu adiante”, sem levar em consideração a própria missão, pensando somente na iminente “hora da Missa”. Assim fez também o levita, “homem de cultura da Lei”.

Francisco exortou a refletir precisamente sobre o “seguir adiante”, um conceito que – afirma - “deve entrar hoje no nosso coração”. O Papa observou que se trata de dois “funcionários” que “coerentes” com suas funções, disseram: “não cabe a mim” socorrer o ferido. Ao invés, quem “não segue adiante” é o Samaritano, “que era um pecador, um excomungado do povo de Israel”: o “mais pecador – destacou o Papa – sentiu compaixão”. Talvez, era “um comerciante que estava em viagem para negócios”, e mesmo assim:

Não olhou o relógio, não pensou no sangue. “Chegou perto dele, desceu do burro, fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas”. Sujou as mãos, sujou as vestes. “Depois colocou o homem em seu próprio animal, e o levou a uma pensão”, todo sujo… de sangue… E assim tinha que chegar. “E cuidou dele”. Não disse: “Mas eu o deixo aqui, chamem os médicos que venham. Eu vou embora, fiz minha parte”. Não. “Cuidou dele”, como dizendo: “Agora você é meu, não por posse, mas para servir”. Ele não era um funcionário, era um homem com coração, um homem com o coração aberto.

Abertos às surpresas de Deus

O Pontífice falou sobre o dono da pensão que “ficou estupefato” ao ver um “estrangeiro”, um “pagão, porque não era do povo de Israel”, que parou para socorrer o homem, pagando “duas moedas de prata” e prometendo que quando voltasse pagaria o que tivesse sido gasto a mais. A dúvida de não receber o devido insinuou-se no dono da pensão, acrescentou o Papa, “a dúvida em relação a uma pessoa que vive um testemunho, uma pessoa aberta às surpresas de Deus”, como o Samaritano.

Os dois não eram funcionários. “Você é cristão? Você é cristã? Sim, vou à missa aos domingos e procuro fazer o que é justo, menos fofocar, porque eu gosto de fofocar, mas o resto eu faço bem”. Você é aberto? Você é aberto às surpresas de Deus ou é um cristão funcionário, fechado? “Eu faço isso, vou à missa ao domingo, comungo, me confesso uma vez por ano, faço isso, faço aquilo. Cumpro as obrigações”. Estes são cristãos funcionários, que não são abertos às surpresas de Deus, que sabem muito de Deus, mas não encontram Deus. Aqueles que nunca se surpreendem diante de um testemunho. Pelo contrário: são incapazes de testemunhar.

Jesus e sua Igreja

O Papa exortou a todos, “leigos e pastores”, a se perguntar se somos cristãos abertos ao que o Senhor nos dá “todos os dias”, “às surpresas de Deus que muitas vezes, como o Samaritano, nos colocam em dificuldade”, ou se somos cristãos funcionários, fazendo o que devemos, sentindo-nos “em ordem” e sendo forçados às mesmas regras. Alguns teólogos antigos, recordou Francisco, diziam que nesta passagem está contido “todo o Evangelho”.

Cada um de nós é o homem ali ferido, e o Samaritano é Jesus. Ele curou nossas feridas. Fez-se próximo. Cuidou de nós. Pagou por nós. Ele disse à sua Igreja: “Se precisar de mais, você paga, pois eu voltarei e pagarei”. Pensem bem: nesta passagem há todo o Evangelho. Fonte: https://www.vaticannews.va

O Papa Francisco recorda que "o amor de doação recíproca apoiada por Cristo" mantém os cônjuges unidos, enquanto a busca da própria satisfação" os divide. A Igreja não condena, mas é chamada a "levar de volta a Deus os corações feridos ou perdidos" daqueles que vivem "a experiência de relacionamentos rompidos".

Silvonei José - Cidade do Vaticano (07/10/2018)

 "No projeto original do Criador, não há homem que se case com uma mulher e, se as coisas não bem, ele a repudia. Não. Em vez disso, há o homem e a mulher chamados a reconhecerem-se, completarem-se, a ajudarem-se mutuamente no matrimônio": essa a advertência  feita pelo Papa Francisco que, no Angelus deste domingo na Praça São Pedro, comentou o Evangelho que "oferece a palavra de Jesus sobre o matrimônio".

"Este ensinamento de Jesus é muito claro e defende a dignidade do matrimônio, - disse o Papa - como união de amor que implica a fidelidade. O que permite que casais se mantenham unidos no matrimônio – explicou Francisco - é um amor de doação recíproca apoiado pela graça de Cristo. Se, ao invés, prevalece nos cônjuges, o interesse individual, a própria satisfação, então a união deles não será capaz de resistir".

Mas, o Papa esclareceu: "é a mesma página do Evangelho a nos lembrar, com grande realismo, que o homem e a mulher, chamados a viver a experiência do relacionamento e do amor, podem dolorosamente fazer gestos que a colocam em crise. Jesus não admite o repúdio e tudo o que pode levar ao naufrágio do relacionamento. O faz para confirmar o desígnio de Deus, no qual se destacam a força e a beleza do relacionamento humano.

“A Igreja, mãe e mestra – disse o Papa – que compartilha as alegrias e as fadigas das pessoas, por um lado, não se cansa de confirmar a beleza da família como nos foi entregue pela Escritura e pela Tradição; ao mesmo tempo - assegurou Francisco - se esforça para fazer sentir concretamente a sua proximidade materna àqueles que vivem a experiência de relacionamentos rompidos ou levados avante de maneira dolorosa e fadigosa".

"O modo de agir do próprio Deus com o seu povo infiel, isto é conosco, nos ensina que o amor ferido pode ser curado por Deus através da misericórdia e do perdão. Portanto, à Igreja, nestas situações, não é solicitado imediatamente e somente a condenação. Pelo contrário - concluiu o Papa -, em face de tantos dolorosos fracassos conjugais, a Igreja se sente chamada a viver a sua presença de caridade e de misericórdia, para levar de volta a Deus os corações feridos e perdidos".

Fonte: https://www.vaticannews.va

Na Praça S. Pedro, o Papa Francisco presidiu à missa de abertura da XV Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos e pediu aos 266 Padres sinodais que reavivem a própria paixão por Jesus.

Manoel Tavares- Cidade do Vaticano

O Santo Padre presidiu esta manhã (03/10), na Praça São Pedro, à solene celebração da Santa Missa por ocasião da inauguração do Sínodo dos Bispos, que se realiza no Vaticano de 3 a 28 do corrente, sobre o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

O Papa iniciou sua homilia com o trecho do Evangelho de São João, que diz: “O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará tudo e recordará tudo o que Eu lhes disse”.

Desta maneira tão simples, - disse o Papa - Jesus oferece aos seus discípulos a garantia de que o Espírito Santo os acompanhará em toda a sua obra missionária. O Espírito do Senhor é o primeiro a guardar e manter sempre viva e atual a memória do Mestre no coração dos discípulos e faz com que a riqueza e beleza do Evangelho sejam fonte de constante alegria e novidade. E Francisco exortou os presentes:

“No início deste momento de graça para toda a Igreja, em sintonia com a Palavra de Deus, peçamos insistentemente ao Paráclito que nos ajude a trazer à memória e reavivar as palavras do Senhor, que faziam arder o nosso coração. Memória para que possa despertar e renovar em nós a capacidade de sonhar e esperar. Os jovens serão capazes de profecia e visão, na medida em que nós, adultos ou idosos, formos capazes de sonhar, contagiar e partilhar os nossos sonhos e esperanças”.

Sonhos e esperanças

O Santo Padre expressou seu desejo de que “o Espírito do Senhor nos dê a graça de sermos Padres sinodais, ungidos com o dom dos “sonhos e da esperança”, para podermos ungir os jovens com o dom da profecia e da visão; possa dar-nos a graça de sermos memória atuante, viva e eficaz, que não se deixa sufocar e esmagar pelos falsos profetas, mas levar a inflamar o coração e discernir os caminhos do Espírito. E acrescentou:

“É com esta disposição de dócil escuta da voz do Espírito que viemos aqui, de todas as partes do mundo. Hoje, pela primeira vez, estão conosco também dois irmãos Bispos da China continental, a quem damos as nossas calorosas boas vindas. Com a sua presença, a comunhão de todo o Episcopado, com o Sucessor de Pedro, torna-se ainda mais visível”.

Dilatar os corações

Ungidos com a esperança, - disse Francisco - começamos um novo encontro eclesial, capaz de ampliar os horizontes, dilatar os corações e transformar as estruturas, que hoje nos paralisam, dividem e afastam dos jovens, deixando-os expostos às intempéries e órfãos de uma comunidade de fé que os apoie, de um horizonte de sentido e de vida. A esperança interpela-nos, destronca o conformismo e nos convida a trabalhar contra a precariedade, exclusão e violência, às quais está exposta a nossa juventude. E falando dos jovens, o Papa disse:

“Os jovens, fruto de muitas das decisões tomadas no passado, exortam-nos a cuidar do presente, com maior esforço e com eles, a lutar contra tudo aquilo que impede a sua vida de crescer com dignidade. Pedem-nos e exigem-nos uma dedicação criativa, uma dinâmica inteligente, entusiasta e cheia de esperança, e que não os deixemos sozinhos nas mãos de tantos traficantes de morte que oprimem a sua vida e obscurecem a sua visão”.

Sob a proteção de Maria

O dom da escuta sincera deve ser livre de preconceitos para entrarmos em comunhão com as diferentes situações do Povo de Deus, sem cairmos na tentação de certos moralismos, elitismos e de ideologias abstratas. E o Papa convidou os Padres Sinodais, dizendo:

“Irmãos, coloquemos este tempo sob a proteção materna da Virgem Maria, mulher da escuta e da memória, para que nos guie no reconhecimento dos vestígios do Espírito, a fim de que, entre sonhos e esperanças, possamos acompanhar e encorajar nossos jovens para que não cessem de profetizar”.

Neste sentido, Francisco recordou que, ao término do Concílio Vaticano II, os Padres Conciliares dedicaram a sua última mensagem aos jovens: «A Igreja, durante quatro anos, trabalhou para um rejuvenescimento do seu rosto, para melhor responder à intenção do seu fundador, Cristo, o eterno jovem... É especialmente para os jovens que a Igreja acende, neste Concílio Ecumênico, uma luz, que iluminará o futuro da juventude. A Igreja espera que a sociedade respeite a dignidade, a liberdade, o direito sobretudo dos jovens».

Francisco concluiu sua homilia exortando os Padres Sinodais e representantes da Igreja no mundo, a alargar seus corações, a escutar o apelo do Povo de Deus e a colocar suas energias a serviço da juventude:

“Lutem contra todo o egoísmo. Rejeitem dar livre arbítrio aos instintos da violência e do ódio, que geram guerras e suas consequentes misérias. Sejam generosos, puros, respeitadores, sinceros. Construam, com entusiasmo, um mundo melhor, que o dos seus antepassados. Padres sinodais, a Igreja olha para vocês com confiança e amor.” Fonte: https://www.vaticannews.va

O Papa Francisco dedicou sua homilia da Missa deste dia 2 de outubro aos Santos Anjos da Guarda, que a liturgia celebra hoje.

Gabriella Ceraso - Cidade do Vaticano

"Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei". São essas palavras da Primeira Leitura, extraída do capítulo 23 do Livro do Êxodo, que guiaram a reflexão do Papa na homilia da Missa celebrada na Casa Santa Marta, no dia em que a Igreja festeja os Santos Anjos da Guarda. São precisamente eles – disse Francisco - "a ajuda muito especial" que o "Senhor promete ao seu povo e a nós que caminhamos na estrada da vida".

O Anjo, bússola que nos ajuda a caminhar

A vida, disse ainda o Papa, é o caminho no qual devemos ser auxiliados por "companheiros", por "protetores", por uma "bússola humana ou uma bússola que se parece com um humano" e nos ajuda a olhar para a direção que devemos ir. Francisco cita três possíveis perigos que podem encontrar no decorrer da vida:

Existe o perigo de não caminhar. E quantas pessoas se estabelecem e não caminham, e toda a vida ficam paradas, sem se mover, sem fazer nada... É um perigo. Como aquele homem do Evangelho que tinha medo de investir o talento. O enterrou e pensou: “Eu estou em paz, estou tranquilo. Não poderei cometer um erro. Assim não arrisco”. E muitas pessoas não sabem como caminhar ou têm medo de arriscar e param. Mas nós sabemos que a regra é que quem fica parado na vida, acaba por se corromper. Como a água: quando a água está ali parada, chegam os mosquitos, depositam ovos e tudo se corrompe. Tudo. O Anjo nos ajuda, nos leva a caminhar.

O perigo de errar o caminho ou girar num labirinto

Mas há outras duas insídias no caminho da nossa vida, prosseguiu o Papa: o "perigo de errar o caminho", que somente "no início é fácil de corrigir"; e o perigo de deixar o caminho para se perder numa praça, indo "de um lado e do outro como num labirinto" que aprisiona e "jamais o leva até o fim". Eis que o "Anjo", reiterou Francisco, "existe para nos ajudar a não errar o caminho e a caminhar nele", mas é necessária a nossa oração, o nosso pedido de ajuda:

E o Senhor diz: “Tenha respeito por sua presença”. O Anjo é crível, tem autoridade para nos guiar. Ouça a sua voz e não se revolte contra ele.” Ouça as inspirações que são sempre do Espírito Santo, mas é o Anjo a inspirá-las. Eu gostaria de fazer a todos uma pergunta: vocês conversam com o seu Anjo? Vocês conhecem o nome dele? Vocês ouvem o seu Anjo? Vocês se deixam levar pela mão na estrada ou impulsionar para se mover?

O Anjo nos mostra o caminho para chegar ao Pai

“A presença e o papel dos Anjos em nossa vida é ainda mais importante, porque eles não somente nos ajudam a caminhar bem, mas nos mostram também onde devemos chegar”, ressaltou ainda Francisco. Hoje, o Evangelho de Mateus nos diz: “Não desprezeis nenhum desses pequeninos”, diz o Senhor, “pois os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus”. No “mistério da custódia do Anjo” existe também a “contemplação de Deus Pai”, que o Senhor deve nos dar a graça de compreender. E o Papa concluiu:

“O nosso Anjo não somente está conosco, mas vê Deus Pai. Está em relação com Ele. É a ponte cotidiana, desde a hora em que nos levantamos até o hora em que vamos dormir. Ele nos acompanha. É uma ligação entre nós e Deus Pai. O Anjo é a porta cotidiana para a transcendência, para o encontro com o Pai: ou seja, o Anjo nos ajuda a caminhar porque olha o Pai e conhece a estrada. Não nos esqueçamos desses companheiros de caminhada”. Fonte: https://www.vaticannews.va

“O horizonte da pastoral familiar diocesana seja sempre mais amplo, assumindo o estilo próprio do Evangelho, encontrando e acolhendo também aqueles jovens que escolhem conviver sem se casar. É preciso testemunhar a eles a beleza do matrimônio!”, exorta o Papa Francisco a participantes do Curso sobre matrimônio e família promovido pelo Tribunal da Rota Romana.

Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano

“O matrimônio não é somente um evento ‘social’, mas um verdadeiro Sacramento que comporta uma preparação adequada e uma celebração consciente. O vínculo matrimonial requer da parte dos noivos uma escolha consciente, que pondere a vontade de construir juntos algo que jamais deverá ser traído ou abandonado.”

Foi o que disse o Papa na tarde desta quinta-feira (27/09), na Basílica de São João de Latrão aos cerca de 850 participantes do Curso de formação sobre matrimônio e família promovido nos dias 24 a 26 de setembro pela Diocese de Roma e pelo Tribunal da Rota Romana. Realizado na Basílica sede da diocese, o curso teve a participação de párocos, diáconos permanentes, casais e agentes da pastoral da família.

Família, Igreja doméstica e santuário da vida

Dirigindo-se aos presentes ao término do referido curso, o Santo Padre ressaltou que o mesmo lhes permitiu examinar os desafios e projetos pastorais concernentes à família, considerada “Igreja doméstica e santuário da vida”.

Francisco disse tratar-se de um campo apostólico amplo, complexo e delicado, ao qual “é necessário dedicar energia e entusiasmo, no intento de promover o Evangelho da família e da vida”.

Tendo evocado a visão ampla e perspicaz de seus predecessores, disse ter desenvolvido nesta esteira o tema em questão, especialmente na Exortação apostólica Amoris laetitia (sobre o amor na família, ndr), “colocando no centro a urgência de um caminho sério de preparação para o matrimônio cristão, que não se reduza a poucos encontros.

Referindo-se à experiência pastoral em várias dioceses do mundo concernente ao acompanhamento dos noivos em vista do matrimônio, enfatizou que é importante oferecer-lhes “a possibilidade de participar de seminários e retiros de oração, que envolvam como animadores, além de sacerdotes, também casais de esposos de consolidada experiência familiar e especialistas nas disciplinas psicológicas.

Falta de acompanhamento eclesial após as núpcias 

“Muitas vezes a raiz última dos problemas, que se apresentam após a celebração do sacramento nupcial, deve se procurar não somente numa imaturidade escondida e remota manifesta inesperadamente, mas sobretudo na fraqueza da fé cristã e na falta de acompanhamento eclesial, na solidão em que muitas vezes os recém-casados são deixados após a celebração das núpcias”, observou o Pontífice.

Por isso, “reitero a necessidade de um catecumenato permanente para o Sacramento do matrimônio que diz respeito à sua preparação, celebração e aos primeiros tempos sucessivos”, enfatizou Francisco dizendo tratar-se de “um caminho partilhado entre sacerdotes, agentes pastorais e esposos cristãos”.

Quanto mais o caminho de preparação for aprofundado e prolongado no tempo, mais os jovens casais aprenderão a corresponder à graça e à força de Deus e desenvolverão também os “anticorpos” para aprofundar “os inevitáveis momentos de dificuldades e fadiga da vida conjugal e familiar”.

Preparação para o matrimônio, tempo de graça

A experiência ensina que o tempo da preparação para o matrimônio “é um tempo de graça, em que o casal encontra-se particularmente disponível a ouvir o Evangelho, a acolher Jesus como mestre de vida”, acrescentou o Papa.

A maior eficácia do cuidado pastoral se realiza onde o acompanhamento não cessa com a celebração das núpcias, mas, observou ainda, prossegue “ao menos nos primeiros anos de vida conjugal”.

Francisco dedicou a última parte de seu discurso aos cônjuges que vivem sérios problemas em sua relação e se encontram em crise.

“É necessário ajudá-los a reavivar a fé e a redescobrir a graça do Sacramento; e, em certos casos – a ser avaliado com retidão e liberdade interior –, oferecer indicações apropriadas para iniciar um processo de nulidade.”

Aqueles que se deram conta do fato “que a união deles não é um verdadeiro matrimônio sacramental e querem sair desta situação, possam encontrar nos bispos, nos sacerdotes e nos agentes pastorais o auxílio necessário, que se expressa não somente na comunicação de normas jurídicas, mas, em primeiro lugar, numa atitude de escuta e de compreensão”.

Novo processo matrimonial, instrumento válido

A esse propósito, o Papa acrescentou que a normativa sobre o novo processo matrimonial constitui um instrumento válido, que requer ser aplicado concretamente e indistintamente por todos, em todos os níveis eclesiais, porque sua razão última, precisou Francisco, “é a salus animarum!” (a salvação das almas, ndr).

Com satisfação, o Santo Padre disse ter tomado conhecimento que “muitos Bispos e Vigários judiciais acolheram prontamente e aplicaram o novo processo matrimonial, para o conforto da paz das consciências, sobretudo dos mais pobres e distantes das nossas comunidades eclesiais”.

Testemunhar a beleza do matrimônio

O Pontífice concluiu fazendo votos de que “o horizonte da pastoral familiar diocesana seja sempre mais amplo, assumindo o estilo próprio do Evangelho, encontrando e acolhendo também aqueles jovens que escolhem conviver sem se casar. É preciso testemunhar a eles a beleza do matrimônio!” – exortou-os por fim. Fonte: https://www.vaticannews.va

25ª Viagem Apostólica de Francisco: Um Olhar. NOTA: Fatos da 25ª Viagem Apostólica de Francisco aos países Bálticos: Lituânia, Letônia e Estônia. A viagem se concluirá na próxima terça-feira, dia 25. O Papa Francisco é o segundo Pontífice a visitar a Lituânia, após João Paulo II, há 25 anos. Fotos: vaticannews.va Divulgação: Olhar Jornalístico.

O papa Francisco fez um alerta neste domingo (23/09) contra o revisionismo histórico e um possível avanço de ideologias totalitárias. Em viagem à Lituânia, ele lembrou o extermínio dos judeus pelos nazistas no país báltico, advertindo contra o ressurgimento de sentimentos antissemitas. A visita do pontífice coincide com os 75 anos da destruição do gueto de Vilnius, estabelecido pela Alemanha nazista na capital da Lituânia. Milhares de pessoas morreram de fome, doenças e maus-tratos no local ou foram deportadas dali para campos de concentração. Fonte: www.terra.com.br

25ª Viagem Apostólica do Papa Francisco: Lituânia: a oração do Papa em memória das vítimas da ocupação soviética

A oração no Museu das Ocupações e Lutas pela Liberdade, em Vilnius, conclui visita de dois dias do Papa Francisco à Lituânia, primeira etapa de sua viagem aos países bálticos.

Cidade do Vaticano

A oração no Museu das Ocupações e Lutas pela Liberdade, em Vilnius, conclui a visita de dois dias do Papa Francisco à Lituânia, primeira etapa de sua viagem aos países bálticos.

Vítimas do Gueto

Após deixar a Catedral de Kaunas, onde se encontrou com os religiosos, o Pontífice voltou a Vilnius e, a caminho do Museu, fez uma visita ao Monumento pelas Vítimas do Gueto, onde se deteve em oração silenciosa.

Dos cerca de 95 mil residentes judeus (quase a metade da população) e as 110 sinagogas ativas antes da ocupação nazista, hoje existem quatro mil judeus e somente duas sinagogas. O dia 23 de Setembro de 1943, quando foi fechado o Gueto de Vilnius, foi declarado o Dia do genocídio hebraico na Lituânia.

Escritório da KGB

Do Monumento, o Pontífice prosseguiu até o Museu das Ocupações. O local é o símbolo da dominação soviética, e na época foi sede dos escritórios da KGB e, sobretudo, no sótão, das prisões em que eram torturados e detidos os opositores do regime.

Precedentemente, foi a Gestapo a ocupar o edifício entre 1941 e 1944 com finalidades análogas.

Segundo estimativas, mais de mil pessoas perderam a vida no prédio entre 1944 e os anos 60.

Para recordar esta parte da história, em 1992 o edifício foi reformado para se tornar um Museu em memória das vítimas. Ali dentro, é possível visitar cerca de 20 celas, das quais as duas de isolamento são as mais impressionantes, com 60 cm quadrados cada uma.

Oração

O Papa visitou as celas 9 e 11, onde acendeu uma vela, e a sala das execuções. Além das autoridades, o Pontífice foi acolhido por um bispo católico da Companhia de Jesus, sobrevivente da perseguição e por um descendente de deportados. No pátio externo, Francisco depositou flores e pronunciou a seguinte oração: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?» (Mt 27, 46).

O vosso grito, Senhor, não pára de ressoar, ecoando dentro destas paredes que recordam os sofrimentos vividos por tantos filhos deste povo. Lituanos e originários de diferentes nações sofreram na sua carne o delírio de omnipotência daqueles que tudo pretendiam controlar.

No vosso grito, Senhor, ecoa o grito do inocente que se une à vossa voz e se eleva para o céu. É a Sexta-feira Santa do sofrimento e da amargura, da desolação e da impotência, da crueldade e do absurdo que viveu este povo lituano face à ambição desenfreada que endurece e cega o coração.

Neste lugar da memória, nós Vos imploramos, Senhor, que o vosso grito nos mantenha despertos. Que o vosso grito, Senhor, nos liberte da doença espiritual que sempre nos tenta como povo: esquecer-nos dos nossos pais, de quanto viveram e sofreram.

Que, no vosso grito e na vida dos nossos pais que tanto sofreram, possamos encontrar a coragem de nos comprometermos, com determinação, no presente e no futuro; que aquele grito seja estímulo para não nos adequarmos às modas do momento, aos slogans simplificadores e a toda a tentativa de reduzir e tirar a qualquer pessoa a dignidade de que Vós a revestistes.

Senhor, que a Lituânia seja farol de esperança; seja terra da memória operosa, que renova os compromissos contra toda a injustiça. Que promova esforços criativos na defesa dos direitos de todas as pessoas, especialmente das mais indefesas e vulneráveis. E que seja mestra na reconciliação e harmonização das diferenças. Fonte: http://press.vatican.va

O Papa recebeu os sacerdotes e membros da Cúria da Arquidiocese de Valência que este ano celebra o jubileu de São Vicente Ferrer. O religioso trabalhou e lutou com todas as suas forças pela unidade na comunidade eclesial.

Cidade do Vaticano

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (21/09), na Sala do Consistório, no Vaticano, os sacerdotes e membros da Cúria da Arquidiocese de Valência, na Espanha.

“Valência, terra de santos, este ano celebra o jubileu de um deles, São Vicente Ferrer, que trabalhou e lutou com todas as suas forças pela unidade na comunidade eclesial”, frisou o Pontífice.

Segundo o Papa, este santo propõe aos sacerdotes três meios fundamentais para conservar a amizade e a união com Jesus Cristo: o primeiro é a oração como alimento de todo sacerdote.

Rezar é a primeira tarefa do bispo e do sacerdote

“O sacerdote é homem de oração. Um sacerdote sem vida de oração não vai muito longe. O povo fiel tem bom olfato e percebe se seu pastor reza e se relaciona com Deus. Rezar é a primeira tarefa do bispo e do sacerdote. Dessa relação de amizade com Deus se recebe a força e a luz necessária para enfrentar todo apostolado e missão, pois aquele que foi chamado vai se identificando cada vez mais com os sentimentos do Senhor e suas palavras e ações adquirem o sabor puro do amor de Deus”, sublinhou Francisco.

Para o Santo Padre, “a vida interior do sacerdote repercute em toda a Igreja, começando por seus fiéis. Precisamos da graça para seguir no caminho e percorrê-lo com aqueles que nos foram confiados. O sacerdote, assim como o bispo, vai adiante de seu povo, mas também no meio e atrás, onde for necessário, sempre com a oração.”

Testemunhas no mundo

O segundo aspecto fundamental para conservar a amizade e a união com Jesus Cristo é a obediência à vocação da pregação do Evangelho a toda criatura.

“O Senhor nos chama ao sacerdócio para ser suas testemunhas no mundo, para transmitir a alegria do Evangelho a todas as pessoas. Esta é a razão do nosso existir. Não somos proprietários da Boa Nova, nem empresários do divino, somos custódios e dispensadores do que Deus nos confia através de sua Igreja. Isto supõe uma grande responsabilidade, pois comporta preparação e atualização do que foi aprendido e assumido. São necessários o estudo e o confronto com outros sacerdotes para enfrentar os momentos que estamos vivendo e as realidades que nos questionam.”

Para Francisco, “a formação permanente é uma realidade que deve ser aprofundada e tomar corpo no presbitério. Sempre digo aos bispos para ouvir e serem acessíveis aos seus sacerdotes, pois eles são seus colaboradores imediatos, e junto com eles os demais membros da Igreja, pois a barca da Igreja não é de um, nem de uns poucos, mas de todos os batizados e precisa também do entusiasmo dos jovens e da sabedoria dos idosos para ir mar afora”.

 O sacerdote é livre enquanto está unido a Cristo

O terceiro aspecto é a liberdade em Cristo a fim de beber o cálice do Senhor em qualquer circunstância. “O sacerdote é livre enquanto está unido a Cristo, e dele obtém a força para ir ao encontro dos demais. “Somos chamados a sair e testemunhar a todos a ternura de Deus, também nas atividades e tarefas da cúria, com atitude de saída, ir ao encontro do irmão.”

Acolhimento dos migrantes

O Papa agradeceu aos sacerdotes pelo que fazem na Arquidiocese de Valência em favor dos necessitados, e “pela generosidade e grandeza de coração no acolhimento dos migrantes. Eles encontram em vocês uma mão amiga e também proximidade e amor.”

O Papa agradeceu aos sacerdotes pelo exemplo e testemunho que dão, “muitas vezes com escassez de meios e ajuda, mas sempre com o preço mais alto, que não é o reconhecimento dos poderosos nem da opinião pública, mas o sorriso de gratidão no rosto de tantas pessoas às quais” eles “devolveram a esperança”.

“Continuem levando a presença de Deus às pessoas que dela precisam. Este é um dos desafios do sacerdote hoje”, concluiu. Fonte: http://press.vatican.va

"Nunca, nunca, nunca insultar os outros, os pais. Nunca insultar o pai, a mãe. Nunca. Tomem esta decisão interior. A partir de hoje nunca insultarei o pai ou a mãe de quem quer que seja. Nos deram a vida. Nunca insultá-los”, foi o pedido do Papa Francisco na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

Nunca insultar os pais! “Poderemos começar a honrar nossos pais com a liberdade de filhos adultos e com misericordiosa acolhida de seus limites”, “quando descobrirmos que o verdadeiro enigma não é mais “por que?”, mas “por quem?”” aconteceu isto ou aquilo que forjou a minha vida.

“Honrar pai e mãe”. O quarto mandamento foi o tema da catequese do Papa na Audiência Geral desta quarta-feira, 19, ao dar continuidade a sua série de reflexões sobre o Decálogo. Francisco pediu para nunca insultarmos os pais. Do Brasil estava presente um grupo do Colégio Santo Inácio, de Fortaleza.

O sentido de "honrar"

Francisco começou explicando aos 13 mil presentes na Praça São Pedro, numa quarta-feira com tempo instável na Cidade Eterna, o sentido desta “honra”, que em hebraico indica a glória, o valor, a consistência de uma realidade. Portanto, “honrar” significa reconhecer este valor.

Se “honrar a Deus nas Escrituras quer dizer reconhecer a sua realidade, considerar a sua presença”, dando a Ele “seu justo lugar na existência”, honrar pai e mãe quer dizer então “reconhecer a sua importância também com atos concretos, que exprimem dedicação, afeto, cuidado”, mas não só.

“Honra o teu pai e a tua mãe, como te ordenou o Senhor, para que se prolonguem os teus dias e prosperes na terra que te deu o Senhor teu Deus”. O quarto mandamento – explica o Papa - “contém um êxito”, ou seja, “honrar os pais leva a uma vida longa e feliz”.

Feridas da infância

De fato, “a palavra “felicidade” no Decálogo aparece somente ligada à relação com os pais”. E essa sabedoria milenar declara o que as ciências humanas conseguiram elaborar somente há pouco mais de um século, isto é,  que as marcas da infância marcam toda a vida:

“Muitas vezes pode ser fácil entender se alguém cresceu em um ambiente saudável e equilibrado. Mas da mesma forma perceber se uma pessoa vem de experiências de abandono ou de violência. A nossa infância é um pouco como uma tinta indelével, se expressa nos gostos, nos modos de ser, mesmo que alguns tentem esconder as feridas de próprias origens”.

Reconhecimento por quem nos colocou no mundo

Francisco chama a atenção, que o quarto mandamento não fala da bondade dos pais, nem pede a eles que sejam perfeitos, mas, “fala de um ato dos filhos, independente dos méritos dos genitores, e diz uma coisa extraordinária e libertadora”:

“Mesmo que nem todos os pais sejam bons e nem todas as infâncias sejam serenas, todos os filhos podem ser felizes, porque a realização de uma vida plena e feliz depende do justo reconhecimento para com aqueles que nos colocaram no mundo”.

“ A realização de uma vida plena e feliz depende do justo reconhecimento para com aqueles que nos colocaram no mundo ”

Exemplo do Santos

O Papa ressalta o quanto este quarto mandamento “pode ser construtivo para tantos jovens que vem de histórias de dor e para todos aqueles que sofreram em sua juventude. Muitos santos - e muitos cristãos - depois de uma infância dolorosa viveram uma vida luminosa, porque, graças a Jesus Cristo, se reconciliaram com a vida:

"Pensemos ao hoje Beato, mas no próximo mês Santo Sulprizio, aquele jovem napolitano que há 19 anos acabou sua vida reconciliado com tantas dores, com tantas coisas, porque seu coração era sereno e jamais havia renegado seus pais. Pensemos em São Camilo de Lellis, que de uma infância desordenada construiu uma vida de amor e serviço; mas pensemos Santa Josefina Bakhita, crescida em uma escravidão horrível; ou ao abençoado Carlo Gnocchi, órfão e pobre; e ao próprio São João Paulo II, marcado pela perda da mãe em tenra idade”.

O homem, qualquer que seja a sua história, “recebe deste mandamento a orientação que conduz a Cristo”, em quem se manifesta de fato “o Pai verdadeiro, que nos oferece renascer do alto”.

“Os enigmas de nossas vidas se iluminam quando se descobre que Deus desde sempre nos preparou a vida como seus filhos, onde cada ato é uma missão dele recebida.”

Feridas como potencialidades

As nossas feridas – observou o Santo Padre – iniciam a ser “potencialidades” quando, por graça, descobrimos que o verdadeiro enigma não é mais “por que?”, mas “por quem?”” me aconteceu isto, explicando:

Em vista de qual obra Deus me forjou através da minha história? Aqui tudo se inverte, tudo se torna precioso, tudo se torna construtivo. Então podemos começar a honrar nossos pais com a liberdade de filhos adultos e com misericordiosa acolhida de seus limites”.

“ Em vista de qual obra Deus me forjou através da minha história? ”

 Jamais insultar pai e mãe

 “Honrar os pais – exortou o Papa.  Nos deram a vida”. E fez um pedido:

“Se você se afastou dos seus pais, mah, faça um esforço e volte, volte para eles. Talvez sejam idosos. Deram a vida a você. E depois, entre nós existe este costume de dizer coisas feias, mesmo palavrões. Por favor. Nunca, nunca, nunca insultar os outros, os pais dos outros. Nunca! Nunca se insulta a mãe, nunca insultar o pai. Nunca! Nunca! Tomem esta decisão interior. A partir de hoje nunca insultarei a mãe ou o pai de quem quer que seja. Nos deram a vida. Nunca devem ser insultados”.

Mas essa vida maravilhosa, disse o Papa Francisco ao concluir, nos é oferta, não imposta. Renascer em Cristo é uma graça a ser acolhida livremente e é o tesouro de nosso Batismo, no qual, por obra do Espírito Santo, um só é o Pai nosso, aquele de céu”. Fonte: https://www.vaticannews.va

Consultar o Povo de Deus e ter uma Igreja sinodal: essas são as características da Constituição apostólica Episcopalis communio publicada esta terça-feira.

Giada Aquilino – Cidade do Vaticano

Faltando poucos dias para o início do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens, foi publicada esta terça-feira (18/09) a Constituição Apostólica do Papa Francisco Episcopalis communio sobre a estrutura do organismo instituído por Paulo VI em 1965.

Pelo bem de toda a Igreja

Francisco define a instituição do Sínodo como uma das “heranças mais preciosas do Concílio Vaticano II”, e destaca a “eficaz colaboração” do organismo com o Romano Pontífice nas questões de maior importância, isto é, que “requerem uma especial ciência e prudência pelo bem de toda a Igreja”. Neste momento histórico em que a Igreja abarca uma nova “etapa evangelizadora”, através de um estado permanente de missão, o Sínodo dos bispos é chamado a se tornar sempre mais um canal adequado para a evangelização do mundo de hoje.

A Secretaria Geral

Paulo VI havia previsto que, com o passar do tempo, esta instituição poderia ser aperfeiçoada; a última edição do Ordo Synodi é de 2006, promulgada por Bento XVI. Diante da eficácia da ação sinodal, nesses anos cresceu o desejo de que o Sínodo se torne sempre mais “uma peculiar manifestação e uma eficaz atuação da solicitude do episcopado para com todas as Igrejas”.

 A escuta

O bispo, reitera o Papa, é contemporaneamente “mestre e discípulo”, num compromisso que é ao mesmo tempo missão e escuta da voz de Cristo que fala através do Povo de Deus. Também o Sínodo então “tem que se tornar sempre mais um instrumento privilegiado de escuta do Povo de Deus”, através da consulta dos fiéis nas Igrejas particulares, porque mesmo que seja um organismo essencialmente episcopal, não vive “separado do restante dos fiéis”.

Portanto, é “um instrumento apto a dar voz a todo o Povo de Deus justamente por meio dos bispos”, “custódios, intérpretes e testemunhas da fé”, mostrando-se, de Assembleia em Assembleia, uma expressão eloquente da “sinodalidade” da própria Igreja, em que se espelha uma comunhão de culturas diferentes. Também graças ao Sínodo dos bispos, ficará mais evidente que nela vige uma “profunda comunhão”, seja entre os pastores e fiéis, seja entre os bispos e o Pontífice.

A unidade do todos os cristãos

A esperança do Papa Francisco é que a atividade do Sínodo possa “a seu modo contribuir ao restabelecimento da unidade entre todos os cristãos, “segundo a vontade do Senhor”. Deste modo, o organismo ajudará a Igreja Católica, segundo o auspício de São João Paulo II expresso na encíclica Ut unum sint, a “encontrar uma forma de exercício de primado que, não renunciando de modo algum à essência de sua missão, se abra a uma nova situação”. Fonte: www.vaticannews.va

O Papa retornou à Sicília nos 25 anos da morte do padre Pino Puglisi, assassinado pela máfia em 1993. Em sua homilia, o Papa fez uma dura advertência aos mafiosos: caso não se converterem ao Deus verdadeiro de Jesus Cristo, "sua vida será perdida e será a pior das derrotas”.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

“Não se pode acreditar em Deus e ser mafiosos. Quem é mafioso não vive como cristão, porque blasfema com a vida contra o nome de Deus-amor”, e hoje “temos necessidade de homens e de mulheres de amor, não de homens e de mulheres de honra”.

Na homilia da Missa celebrada no final da manhã deste sábado no Foro Itálico, em Palermo, o Papa exortou os mafiosos a deixarem de pensar em si mesmos e em seu dinheiro e a converterem-se ao verdadeiro Deus de Jesus Cristo, advertindo que caso contrário, a vida deles "será perdida e será a pior das derrotas”.

Francisco  voltou à Sicília por ocasião do 25º aniversário de morte do padre Pino Puglisi, assassinado pela máfia em 15 de setembro de 1993, “coroando a sua vitória com o sorriso, com aquele sorriso que não deixou dormir de noite seu assassino que disse: «havia uma espécie de luz naquele sorriso»”.

Vitória e derrota

A sua homilia contrapôs o amor e o egoísmo, contrapôs a vida do padre Puglisi com o estilo mafioso de ser e agir. “Hoje Deus nos fala da vitória e da derrota”, disse o Papa referindo-se ao Evangelho de São João, “e somos chamados a escolher de que parte estamos: viver para si  - com a mão fechada - ou doar a vida - a mão aberta. Somente doando a vida se derrota o mal. Um preço alto, mas somente assim”.

“ Somente doando a vida se derrota o mal. Um preço alto, mas somente assim ”

“Quem vive para si, quem multiplica os seus ganhos, quem tem sucesso, quem satisfaz plenamente as suas necessidades, parece vencedor aos olhos do mundo. A publicidade martela esta ideia”, diz Francisco.

Mas para Deus, “quem vive para si não perde somente alguma coisa, mas toda a vida, enquanto quem se doa encontra o sentido da vida e vence”. Portanto, há uma escolha a ser feita: “amor ou egoísmo”: “O egoísta pensa em cuidar da própria vida e se apega às coisas, ao dinheiro, ao poder, ao prazer. Então o diabo tem as portas abertas.  O diabo entra pelos bolsos - eh! - se você é apegado ao dinheiro, isto é, ao diabo. O diabo faz acreditar que tudo está bem, mas na verdade o coração se anestesia com o egoísmo. O egoísmo é uma anestesia muito poderosa.  Este caminho sempre acaba mal: no final se fica sozinho, com um vazio por dentro. O fim dos egoístas é triste: vazios, sozinhos, circundados somente por aqueles que querer herdar”.

“ Quem vive para si não perde somente alguma coisa, mas toda a vida, enquanto quem se doa encontra o sentido da vida e vence ”

Mas para muitos – observa Francisco – essa conversa poderia parecer fora da realidade, pois para seguir em frente “serve dinheiro e poder”. Mas isto, advertiu, “é uma grande ilusão: “Dinheiro e poder não libertam o homem, fazem dele um escravo. Vejam: Deus não exerce poder para resolver nossos males e os males do mundo. Seu caminho é sempre o do amor humilde: somente o amor liberta internamente, dá paz e alegria. Por isso que o verdadeiro poder, o poder segundo Deus, é serviço. Jesus o diz.  E a voz mais forte não é a aquela de quem grita mais. A voz mais forte é a oração. E o maior sucesso não é a própria fama, como o pavão, não! A glória maior é, o sucesso maior é, o próprio testemunho”.

Lógica "perdedora"

Era isso o que padre Pino ensinava – recordou o Pontífice: “não vivia para se mostrar, não vivia de apelos antimáfia, e tampouco se contentava em não fazer nada, mas semeava o bem”. Sua lógica, “parecia uma lógica perdedora”, enquanto a lógica da carteira parecia vencedora”, mas “a lógica do deus-dinheiro é sempre perdedora”.

“ A lógica do deus-dinheiro é sempre perdedora ”

Ao ser morto há 25 anos, o sacerdote coroou a sua vida com um sorriso. Era inofensivo e seu sorriso transmitia a força de Deus, uma luz gentil que é a luz do amor, do dom, do serviço: “Temos necessidade de cristãos sorridentes, não porque levem pouco a sério as coisas, mas porque são ricos somente da alegria de Deus, porque acreditam no amor e vivem para servir”.

Padre Pino sabia que arriscava, “mas sabia sobretudo que o perigo verdadeiro na vida é não arriscar, é ir levando a vida entre comodidades, futilidades e atalhos”. Que Deus nos liberte disso: “Deus nos liberte de vivermos no lado negativo, nos contentando com meias-verdades. As meias-verdades não saciam o coração, não fazem bem. Deus nos liberte de uma vida pequena, que gira em torno das "mesquinharias". Liberte-nos de pensar que tudo está bem se estiver tudo bem comigo, o outro que se arranje. Liberte-nos de acreditarmos que somos justos se não fizermos nada para combater a injustiça. Quem não faz nada para combater a injustiça não é um homem ou uma mulher justo.  Liberte-nos de acreditarmos que somos bons, somente porque não fazemos nada de mal (...). Senhor, dá-nos o desejo de fazer o bem; buscar a verdade detestando a falsidade; de escolher o sacrifício, não a preguiça; o amor, não o ódio; o perdão, não a vingança”.

Quem é mafioso não vive como cristão

Quem diz amar a Deus, mas odeia o seu irmão é um mentiroso - recordou o Papa referindo-se à primeira leitura -, pois “Deus-amor repudia toda a violência e ama todos os homens. Por isso, a palavra ódio deve ser apagada da vida cristã”. Então, dirigindo-se aos mafiosos disse: “ A palavra ódio deve ser apagada da vida cristã ”

Não se pode acreditar em Deus e ser mafiosos. Quem é mafioso não vive como cristão, porque blasfema com sua vida o nome de Deus-amor. Hoje temos necessidade de homens e de mulheres de amor, não de homens e mulheres de honra; de serviço, não de subjugação; temos necessidade de homens e mulheres, de caminhar juntos, não de perseguir o poder. Se a ladainha mafiosa é: "Você não sabe quem eu sou", a cristã é: "Eu preciso de você". Se a ameaça mafiosa é: "Você vai pagar para mim", a oração cristã é: "Senhor, ajuda-me a amar". Por isso aos mafiosos eu digo: mudem irmãos e irmãs! Parem de pensar em si mesmos e em seu dinheiro. Você sabe, vocês sabem, que o Sudário não tem bolsos. Vocês não podem levar nada com vocês.  Convertam-se ao verdadeiro Deus de Jesus Cristo, queridos irmãos e irmãs! Eu digo a vocês, mafiosos: se não fizerem isto a vida de vocês será perdida e será a pior das derrotas”.

O que eu posso fazer?

Nós não podemos seguir Jesus somente com ideias, mas precisamos colocar mãos-à-obra. Seguindo o exemplo de padre Pino que dizia: “Se alguém faz alguma coisa, se pode fazer muito”, o Papa pergunta o que eu posso fazer, pelos outros? Pela Igreja?”:

Não espere que a Igreja faça algo por você, comece você. Não espere que a sociedade o faça, comece você! Não pense em si mesmo, não fuja da sua responsabilidade, escolha o amor! Sinta a vida das pessoas que têm necessidade, escuta o teu povo. Tenham medo, tenham medo, da surdez de não escutar o seu povo.  Este é o único populismo possível: escutar o seu povo, o único "populismo cristão": ouvir e servir o povo, sem gritar, acusar e provocar contendas”.

“ Este é o único populismo possível, o único "populismo cristão": ouvir e servir o povo, sem gritar, acusar e provocar contendas ”

Padre Pino – continuou o Papa - vivia a pobreza, a cadeira no quarto onde estudava estava quebrada, “mas a cadeira não era o centro de sua vida, porque não vivia sentado repousando, mas vivia em caminho para amar. Eis a mentalidade vencedora, eis a vitória da fé, que nasce da doação cotidiana de si. Eis a vitória da fé que leva o sorriso de Deus pelas estradas do mundo. Eis a vitória da fé que nasce do escândalo do martírio”.

“Dar a vida”, disse o Papa ao concluir, “foi o segredo da sua vitória, o segredo de uma vida bela. Hoje, queridos irmãos e irmãs, escolhamos também nós uma vida bela”. Fonte: www.vaticannews.va

Na Festa da Exaltação da Santa Cruz, o Papa Francisco dedicou a homilia matutina à contemplação do fracasso, mas também da exaltação de Jesus, que "assumiu todo o pecado do mundo". Satanás está acorrentado, mas ainda late e se nos aproximarmos dele, nos destruirá.

Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano

A Cruz de Jesus nos ensina que na vida existe o fracasso e a vitória, e que não devemos temer os “momentos maus”, que podem ser iluminados justamente pela cruz, sinal da vitória de Deus sobre o mal. Um mal, satanás, que está destruído e acorrentado, mas “ainda late” e se você se aproximar dele para acariciá-lo, ele “destruirá você”.

Foi o que disse o Papa na homilia da Missa celebrada na manhã desta sexta-feira, 14, na Capela da Casa Santa Marta, na Festa da Exaltação da Santa Cruz.

A "derrota" de Jesus ilumina nossos momentos difíceis

Contemplar a Cruz, sinal do cristão – explica Francisco – é para nós contemplar um sinal de derrota mas também um sinal de vitória. Na cruz fracassa “tudo aquilo que Jesus havia realizado na vida”, e acaba toda a esperança das pessoas que seguiam Jesus. "Não tenhamos medo de contemplar a cruz como um momento de derrota, de fracasso".

E comentando a passagem da Carta aos Filipenses da segunda leitura, o Papa Francisco ressaltou que "Paulo, quando reflete sobre o mistério de Jesus Cristo, nos diz coisas fortes, nos diz que Jesus se esvaziou, aniquilou a si mesmo:

"Assumiu todo o nosso pecado, todo o pecado do mundo: era um "trapo", um condenado. Paulo não teve medo de mostrar essa derrota e também isso pode iluminar um pouco nossos maus momentos, nossos momentos de derrota, mas também a cruz é um sinal de vitória para nós cristãos".

Na Sexta-feira Santa, a "grande armadilha" para satanás

O Livro dos Números, na primeira leitura, narra o momento do Êxodo, no qual o povo judeu que murmurava “foi mordido pelas serpentes”. E isto evoca a antiga serpente, satanás, o Grande Acusador, recorda Francisco. Mas a serpente que provocava a morte – diz o Senhor a Moisés – será elevada e dará a salvação.

E esta - comenta o Papa Francisco - "é uma profecia". De fato, “Jesus feito pecado venceu o autor do pecado, venceu a serpente”. Satanás estava feliz na Sexta-feira Santa – enfatiza Francisco – “tão feliz que não percebeu, a grande armadilha “da história em que cairia”.

Engole Jesus, mas também a sua divindade, e perde!

Como dizem os Padres da Igreja, satanás “viu Jesus tão desfigurado, esfarrapado e como o peixe faminto que vai à isca presa ao anzol, foi lá e o engoliu”. “Mas naquele momento engoliu também a divindade porque era a isca presa ao anzol, com o peixe”.

“Naquele momento – comenta o Pontífice – satanás foi destruído para sempre. Não tem força. A Cruz, naquele momento, torna-se sinal de vitória”.

A antiga serpente está acorrentada, mas não se deve aproximar dela

“A nossa vitória é a cruz de Jesus, vitória diante do nosso inimigo, a grande antiga serpente, o Grande Acusador”. Na cruz – sublinha o Pontífice – “fomos salvos, naquele percurso que Jesus quis percorrer até o mais baixo, mas com a força da divindade”. Jesus disse: “Quando eu for elevado, atrairei todos a mim”:

"Jesus elevado e satanás destruído. A cruz de Jesus deve ser para nós a atração: olhar para ela, porque é a força para continuar em frente. E a antiga serpente destruída ainda late, ainda ameaça, mas, como diziam os Padres da Igreja, é um cão acorrentado: não se aproxime e não morderá você; mas se você for acariciá-lo porque o encanto o leva  até lá como se fosse um cachorrinho, prepare-se, ele destruirá você”.

Estar diante da cruz, sinal de derrota e de vitória

 A nossa vida segue em frente – esclarece o Papa - com Cristo vencedor e ressuscitado, que nos envia o Espírito Santo, mas também com aquele cão acorrentado, "a quem não devo me aproximar, porque ele me morderá":

“A cruz nos ensina isso, que na vida há o fracasso e a vitória. Devemos ser capazes de tolerar as derrotas, levá-las com paciência, as derrotas, também dos nossos pecados, porque Ele pagou por nós. Tolerá-los n’Ele, pedir perdão n’Ele, mas nunca se deixar seduzir por esse cão acorrentado. Hoje seria belo se em casa, tranquilos, ficarmos 5, 10, 15 minutos diante do  crucifixo, ou o que temos em casa ou aquele do  rosário: olhar para ele, é o nosso sinal de derrota, que provoca as perseguições, que nos destrói, é também o nosso sinal de vitória porque Deus venceu ali.” Fonte: www.vaticannews.va

Em um forte discurso, na Sala do Consistório, no Vaticano, o Papa voltou a falar sobre a missão da Igreja, no mundo de hoje. O discurso foi dirigido aos bispos que participam de um curso em Roma

Andressa Collet – Cidade do Vaticano

No final da manhã desta quinta-feira (13), o Papa Francisco recebeu em audiência cerca de 150 novos bispos que participam do curso promovido pela Congregação para os Bispos que termina hoje.

Na Sala do Consistório, no Vaticano, o Papa Francisco começou seu discurso saudando os novos Pastores da Igreja “com o toque de Cristo, Evangelho de Deus que aquece o coração, reabre os ouvidos e solta os lábios para a alegria que não falha e não desaparece, porque nunca é comprada ou merecida, pelo contrário, é pura graça!”.

Ao relembrar o presente precioso de Deus que receberam ao entrar no ministério episcopal, Francisco disse que quase “por acaso” encontraram “o tesouro da vida”. E, então, abordou o tema da santidade, “a tarefa mais urgente” para os Pastores:

“Vocês não são resultado de um escrutínio meramente humano, mas de uma escolha do Alto. Por isso, de vocês se exige não uma dedicação intermitente, uma fidelidade em fases alternadas, uma obediência seletiva, mas vocês são chamados a se consumar noite e dia.”

Igreja precisa responder ao Povo de Deus

Papa Francisco observou a necessidade de ficar sempre vigilante “quando a luz desaparece” ou quando surgem as tentações; ser fiel inclusive quando, no calor do dia, diminuem “as forças da perseverança”. Isso tudo porque, segundo o Pontífice, o povo de Deus tem o direito de encontrar “nos lábios, no coração e na vida” dos bispos a mensagem tão esperada oferecida pela “paternidade de Deus”.

“A Igreja não é nossa, mas é de Deus! Ele veio antes de nós e estará depois de nós! O destino da Igreja, do pequeno rebanho, é vitoriosamente escondido na cruz do Filho de Deus. Os nossos nomes estão esculpidos no seu coração; a nossa sorte está nas suas mãos”, afirmou o Santo Padre. E acrescentou: “Cristo seja a alegria de vocês, o Evangelho seja o nutrimento”, principalmente diante das famílias que frequentam as paróquias.

“ Lá, onde nos corações há a frágil, mas indestrutível certeza que a verdade prevalece, que amar não é vão, que o perdão tem o poder de mudar e de reconciliar, que a unidade vence sempre a divisão, que a coragem de esquecer si próprio para o bem do outro é mais satisfatório do que a primazia intangível do eu. ”

Um ministério perseverante diante das próprias comunidades dos bispos, onde “o bem normalmente não faz barulho, não é tema dos blogs e não aparece nas primeiras páginas”. Um bem que precisa crescer mesmo perante as novas realidades do individualismo e indiferença que bloqueiam os pontos de referência do Povo de Deus: “inclusive as suas feridas nos pertencem”, recordou o Papa.

A missão de distribuir o vinho novo aos fiéis

Papa: o bispo é homem de oração, do anúncio e homem de comunhão

“Este é o objetivo da Igreja: distribuir no mundo este vinho novo que é Cristo. Nada pode nos desviar dessa missão. Temos necessidade contínua de odres novos (Mc 2,22), e tudo aquilo que fazemos não é nunca suficiente para nos tornar dignos do vinho novo que são chamados a conter e a distribuir. Mas, justamente por isso, os recipientes saibam que sem o vinho novo serão, de qualquer forma, jarros de pedra fria, capazes de recordar a falta, mas não de doar a totalidade. Nada os distraia dessa meta: doar a totalidade!”

Papa Francisco, então, enfatizou que a santidade – consciente - não deve ser fruto do isolamento. Aconselhou que os bispos acolham a Igreja, como “esposa para amar, virgem para proteger, mãe para fazer fecunda”; num terreno que precisa “ser fértil para a semente do Verbo e jamais pisado por javalis” (Sal 80,14).

“Não serve a contabilidade das nossas virtudes, nem um programa de levantamentos, uma academia de esforços pessoais ou uma dieta que se renova de uma segunda-feira a outra, como se a santidade fosse resultado somente da vontade. A fonte da santidade é a graça de nos encostarmos na alegria do Evangelho e deixar que seja ela a invadir a nossa vida, de modo que não se poderá mais viver diversamente.”

"Não se envergonhem da carne das suas Igrejas"

O Papa Francisco finalizou seu discurso alertando os bispos para que se perguntem o que podem fazer para tornar mais santa a Igreja, sem “apontar o dedo nos outros, produzir bodes expiatórios”, mas trabalhando juntos e em comunhão.

“Por isso, insisto para que não se envergonhem da carne das suas Igrejas. Entrem em diálogo com os seus questionamentos. Peço uma atenção especial ao clero e aos seminários. Não podemos responder aos desafios que temos em relação a eles sem atualizar os nossos processos de seleção, acompanhamento, análise. Mas as nossas respostas serão privadas de futuro se não alcançarão a profundeza espiritual que, não em poucos casos, permitiu fraquezas escandalosas.”

Três cursos para bispos em Roma

O curso para os novos bispos, que teve como tema “Servidores da alegria do Evangelho”, é um dos três de atualização que estão sendo realizados nestes dias em Roma, além daquele para quem completou 10 anos de episcopado e de outro para 74 pastores dos Territórios de Missão – promovido pela Congregação para a Evangelização dos Povos. O curso da Congregação para os Bispos acontece a cada seis meses. Fonte: www.vaticannews.va

Os cardeais reiteraram, nesta quarta-feira, sua plena solidariedade ao Papa Francisco pelo ocorrido nas últimas semanas.

Cidade do Vaticano

O Papa Francisco encontrará, no Vaticano, de 21 a 24 de fevereiro de 2019, todos os presidentes das Conferências Episcopais, “para falar sobre a prevenção de abusos contra menores e adultos vulneráveis”.

Foi o que disse a vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé, Paloma García Ovejero, no briefing realizado na conclusão da 26ª reunião do Conselho de Cardeais (C9), nesta quarta-feira (12/09).

Francisco tomou esta decisão depois de ser informado pelo cardeal Sean Patrick O’Malley sobre os trabalhos da Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores.

Todos os cardeais manifestaram sua satisfação pelo bom êxito do 9º Encontro Mundial das Famílias realizado, em Dublin, na Irlanda, congratulando-se também com o cardeal Kevin J. Farrell e com o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida que organizaram o evento junto com o arcebispo dom Diarmuid Martin.

Conselho de Cardeais expressa plena solidariedade ao Papa Francisco

O C9 pediu ao Papa Francisco, na abertura dos trabalhos na última segunda-feira (10/09), “uma reflexão sobre o trabalho, a estrutura e a composição do Conselho, considerando a idade avançada de alguns membros”.

A maior parte dos trabalhos do Conselho de Cardeais, instituído em setembro de 2013, foi dedicada aos últimos ajustes no esboço da nova Constituição Apostólica da Cúria Romana, cujo título provisório é Praedicate evangelium. O C9 entregou ao Papa Francisco o texto provisório destinado a uma revisão de estilo e releitura canônica.

Seis cardeais participaram desta reunião do C9. Estiveram ausentes os cardeais Francisco Javier Errázuriz Ossa, arcebispo emérito de Santiago, Chile, Laurent Monsengwo Pasinya, arcebispo de Kinshasa, República Democrática do Congo, e George Pell, prefeito da Secretaria para a Economia.

Os cardeais reiteraram, nesta quarta-feira, sua plena solidariedade ao Papa Francisco pelo ocorrido nas últimas semanas.

O C9 colabora com o Papa Francisco no governo da Igreja e no projeto de reforma da Cúria Romana. A próxima reunião do C9 está marcada de 10 a 12 de dezembro próximo. Fonte: www.vaticannews.va

QUARTA-FEIRA 12: “A verdadeira liberdade é o amor verdadeiro”. Papa Francisco na audiência Geral.

"O amor verdadeiro é a verdadeira liberdade, pois desapega da posse, reconstrói as relações, sabe acolher e valorizar o próximo, transforma todo esforço em um dom alegre e torna-o capaz de comunhão. O amor torna livres mesmo na prisão, ainda se fracos e limitados”, disse Francisco.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

O amor verdadeiro é a verdadeira liberdade. A escravidão do próprio ego aprisiona mais do que uma prisão, mais do que uma crise de pânico, mais do que uma imposição de qualquer gênero. Assim, o terceiro mandamento nos convida a celebrar no repouso a libertação, trazida por Jesus.

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Francisco voltou a refletir sobre os dez mandamentos, retomando o terceiro, sobre o repouso,  sobre o qual havia começado a falar na semana precedente.

Dirigindo-se aos 12 mil presentes na Praça São Pedro, Francisco começou explicando “uma preciosa diferença” existente entre o Decálogo publicado no Livro do Êxodo e aquele publicado no Livro do Deuteronômio. Enquanto no primeiro o motivo do repouso “é a bênção da criação”, no segundo é comemorado “o fim da escravidão”. “Neste dia – observa -  o escravo deve repousar como o patrão, para celebrar a memória da Páscoa da libertação”, e acrescenta:  “Os escravos, na verdade, por definição, não podem descansar. Mas existem tantos tipos de escravidão, quer exteriores como interiores. Existem restrições externas como  as opressões, as vidas sequestradas pela violência e por outros tipos de injustiça. Existem depois, as prisões interiores, que são, por exemplo, bloqueios psicológicos, os complexos, os limites de caráter e outros mais”.

“Existe repouso nessas condições?”, pergunta o Papa. “Pode um homem preso ou oprimido permanecer livre? E pode uma pessoa atormentada por dificuldades internas ser livre?”.

Misericórdia traz liberdade interior

 Francisco responde dizendo que existem pessoas que, mesmo no cárcere, “vivem uma grande liberdade de espírito”. Para ilustrar sua afirmação, cita São Maximiliano Kolbe e o cardeal Van Thuan, “que transformaram obscuras opressões em locais de luz. Assim como pessoas marcadas por grandes fragilidades interiores, que porém conhecem o repouso da misericórdia e sabem transmitir isso”:

"A misericórdia de Deus nos liberta e quando você se encontra com a misericórdia de Deus tem uma grande liberdade interior e tem capacidade de transmiti-la. Por isso é importante ser aberto à misericórdia de Deus para deixar de ser escravo de si mesmo".

A verdadeira liberdade

 O que é então a verdadeira liberdade? A liberdade de escolha, fazendo aquilo que se deseja, “não basta para ser realmente livres, e tampouco felizes. A verdadeira liberdade é muito mais”, afirma, explicando:

“De fato, há uma escravidão que aprisiona mais que uma prisão, mais do que uma crise de pânico, mais do que uma imposição de qualquer tipo: a escravidão do próprio ego.  Aquelas pessoas que parece que durante todo o dia estão se refletindo no espelho para ver o ego. E o próprio ego tem uma estatura mais alta que o próprio corpo. São escravas do ego".

O ego, um torturador

"O ego - observa Francisco -  pode se tornar um torturador que tortura o homem onde quer que esteja e lhe causa a mais profunda opressão, aquela que se chama "pecado", que não é uma simples violação de um código, mas fracasso da existência e condição de escravos”.

O pecado, no final das contas - explica - é dizer e fazer ego: "Eu quero isto, isto, isto e não me importa se existe um limite, se existe um mandamento, nem mesmo me importa se existe amor. Ego! Este é o pecado." Pensemos nas paixões humanas: "O guloso, o lascivo, o avarento, o zangado, o irascível, o invejoso, o preguiçoso, o soberbo, e assim por diante,  são escravos de seus vícios, que os tiranizam e os atormentam. Não há trégua para o guloso, porque a gula é a hipocrisia do estômago, que nos faz acreditar que está vazio. O estômago hipócrita nos faz gulosos, somos escravos do estômago hipócrita. Não há trégua para o guloso".

E o lascivo, que deve viver de prazer, a ânsia de possuir destrói o avarento, sempre acumulando dinheiro, fazendo mal aos outros.  O fogo da ira e o caruncho da inveja arruínam as relações; a preguiça que evita qualquer esforço torna incapazes de viver; o egocentrismo soberbo escava um fosso profundo entre si e os outros.”

E as pessoas invejosas. "Os escritores dizem que a inveja deixa amarelo o corpo e a alma. Como quando uma pessoa tem hepatite fica amarela, os invejosos tem amarela a alma, porque nunca podem ter o frescor da saúde da alma. A inveja destrói".

Celebrar no repouso a libertação em Jesus Cristo

“Queridos irmãos e irmãs, quem é, portanto, o verdadeiro escravo? Quem é aquele que não conhece repouso? Quem não é capaz de amar!”

O Senhor Jesus nos liberta da escravidão do pecado, tornando o homem capaz de amar. Assim, o terceiro mandamento nos convida a celebrar no repouso esta libertação.

O verdadeiro amor

O verdadeiro amor, portanto,  é a resposta para a pergunta “o que é a verdadeira liberdade?”:

“O amor verdadeiro é a verdadeira liberdade: desapega da posse, reconstrói as relações, sabe acolher e valorizar o próximo, transforma todo esforço em um dom alegre e torna-o capaz de comunhão. O amor  torna livres mesmo na prisão, ainda se fracos e limitados”.

Esta é a liberdade – disse o Santo Padre ao concluir -  que recebemos de nosso Redentor, Jesus Cristo. www.vaticannews.va

"A novidade do Evangelho é absoluta, é total. Nos abrange totalmente, porque nos transforma de dentro para fora: o espírito, o corpo e a vida cotidiana.”

Cidade do Vaticano

“Irmãos, ouve-se falar em geral de imoralidade entre vocês, e de imoralidade tal que nem entre os pagãos costuma acontecer. Vocês são cristãos e vivem assim?”

São as palavras de reprovação, extraídas da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, em que Paulo fala aos cristãos, constatando que muitos deles levam uma “vida dupla”.

Paulo, sublinhou o Papa na homilia proferida na Casa Santa Marta, nesta segunda-feira (10/09/2018), está muito zangado com aqueles que se vangloriavam de ser “cristãos abertos”, cuja “a confissão de Jesus Cristo andava de mãos dadas com uma imoralidade tolerada”. O apóstolo lembra-lhes que o fermento faz levedar toda a massa e que é preciso um novo fermento para uma nova massa. Jesus tinha dito: “Vinhos novos em odres novos”.

O Evangelho transforma totalmente a pessoa

“A novidade do Evangelho, a novidade de Cristo não é somente transformar a nossa alma. É transformar tudo em nós: alma, espírito e corpo, tudo, ou seja, transformar o vinho, o fermento, em odres novos. A novidade do Evangelho é absoluta, é total. Nos abrange totalmente, porque nos transforma de dentro para fora: o espírito, o corpo e a vida cotidiana.”

A novidade do Evangelho e as novidades do mundo

Francisco observou que os cristãos de Corinto não tinham entendido a novidade totalizadora do Evangelho que transforma todas as coisas, que não é uma ideologia ou um modo de viver social junto com os costumes pagãos. A novidade do Evangelho é a Ressurreição de Cristo, é o Espírito que ele nos enviou “para nos acompanhar na vida”. Nós cristãos somos homens e mulheres de novidade, afirmou o Papa, não das novidades.

“Muita gente procura viver o seu cristianismo “das novidades”: mas hoje, se pode fazer assim; não, hoje se pode viver assim...”. Essa gente que vive das novidades propostas pelo mundo é mundana, não aceita toda a novidade. Há um confronto entre “a novidade” de Jesus Cristo e “as novidades” que o mundo nos propõe para viver.”

Ser fraco sim, mas não hipócrita

As pessoas que Paulo condena, continuou o Papa, “são mornas, imorais, são pessoas que simulam, pessoas formais, hipócritas”. E reiterou: “O chamado de Jesus é um chamado para a novidade”.

“Mas, alguém pode dizer: Padre, nós somos fracos, somos pecadores. Isso é outra coisa. Se você reconhece ser pecador e fraco, Ele lhe perdoa, porque uma parte da novidade do Evangelho é confessar que Jesus Cristo veio para o perdão dos pecados. Mas se você que se diz cristão convive com as novidades mundanas, não, é hipocrisia. Esta é a diferença. Jesus disse no Evangelho: “Fiquem atentos quando lhes disserem: o Cristo está ali, está lá, ... As novidades são isso: não, a salvação está com este, com aquele. Cristo é um só. E Cristo é claro na sua mensagem.

O caminho de quem segue Cristo é o martírio

Jesus não ilude quem deseja segui-lo e o Papa diante da pergunta: “Como é o caminho daqueles que vivem a novidade e não querem viver as novidades?, recorda como termina a passagem do Evangelho de hoje, ou seja, com a decisão dos escribas e doutores da lei de matar Jesus, de abatê-lo.

“O caminho daqueles que aceitam a novidade de Jesus Cristo é o mesmo de Jesus: o caminho rumo ao martírio”, nem sempre sangrento, mas o de todos os dias. “Nós estamos nas ruas, advertiu o Papa, e somos olhados pelo grande acusador que desperta os acusadores de hoje para nos pegar em contradição”. E concluiu, não devemos negociar com as novidades. Não devemos “enfraquecer o anúncio do Evangelho”. Fonte: www.vaticannews.va

“Talvez Francisco queira unir e assumir, em suas próprias carnes, toda a vileza da crise de abusos, e deixar que toda a ira se dirija a ele. Converter-se assim em um bode expiatório, enviado ao deserto da infâmia e a traição para pagar o preço dos pecados de outros”, analisa Cameron Doody, em artigo publicado por Religión Digital, 31-08-2018. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Entre todos os comentários sobre o silêncio do Papa Francisco diante das acusações do arcebispo Viganò, talvez nenhum chegue à verdade do motivo pelo qual Bergoglio não se defende, nesse momento, que o de seu biógrafo, Austen Ivereigh. Ele acerta o alvo pela simples razão de permitir que o próprio Francisco fale, recordando um texto seu escrito em 1990: Silêncio e palavra.

Neste texto, como explica Ivereigh, Bergoglio medita sobre o silêncio de Cristo em sua Paixão. Não o silêncio da cumplicidade, nem da inação, mas o silêncio do Homem das Dores em seu autoesvaziamento, em sua humildade frente à hostilidade de seus acusadores.
“Este tipo de silêncio supõe uma escolha deliberada de não responder com uma autodefesa intelectual ou arrazoada, que no contexto de confusão, de denúncias, réplicas e meias verdades, não faz mais que alimentar o ciclo de acusações e contra-acusações histéricas”, explica Ivereigh, que qualifica este silêncio de Cristo como “estratégia espiritual” não só para “deixar espaço para que Deus atue”, mas também para “forçar os espíritos por trás do ataque a se revelar”.

Mas, melhor deixar que Bergoglio se expresse em suas próprias palavras: “Na raiz de qualquer ataque feroz está a necessidade das pessoas em descarregar sua própria culpabilidade e limitações”, observa em Silêncio e palavra. Uma verdade como um templo que perfeitamente poderia se aplicar à situação em que se encontra atualmente. E continua: “Em momentos de obscuridade e grande tribulação, quando os nós e enredos não podem se desemaranhar e se endereçar, nem também esclarecer as coisas, então temos que nos calar. A mansidão do silêncio nos demonstrará ainda mais frágeis, com o que será o diabo que, fortalecido, venha à luz e nos mostre suas verdadeiras intenções, já não disfarçado de anjo, mas desmascarado.

Sobretudo, o diabo quer dividir: nós e eles, amigos e inimigos, os “bons” e os “maus”. Mas, o que é mais importante para Francisco, assim como explica Ivereigh, é que Deus quer unir, e que Cristo nos deixou o mandato de que unamos também.

Vejam, então, a possível lógica da estratégia do Papa. Talvez Francisco queira unir e assumir, em suas próprias carnes, toda a vileza da crise de abusos, e deixar que toda a ira se dirija a ele. Converter-se assim em um bode expiatório, enviado ao deserto da infâmia e a traição para pagar o preço dos pecados de outros. Para que o horror das agressões contra menores acabe de uma vez por todas. Não disse isso Ivereigh, nem Bergoglio: aventuro aqui minha própria tese. E não posso evitar de pensar no versículo do profeta Isaías: “Sobre ele descarregou o castigo que nos cura, e com suas cicatrizes nos curamos”. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br