"Que todos nós possamos entender e contemplar que no matrimônio há a imagem e a semelhança de Deus”, disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta.

Adriana Masotti – Cidade do Vaticano (25/05/2018)

A beleza do matrimônio foi o tema homilia do Papa Francisco na missa celebrada na manhã de sexta-feira na capela da Casa Santa Marta. Entre os fiéis, havia sete casais que celebravam 50 e 25 anos de casamento.

O trecho do Evangelho segundo São Marcos fala da intenção dos fariseus de colocar Jesus à prova fazendo-lhe uma pergunta que o Papa define “casística”, isto é, quando se reduz a fé a “um sim ou um não”. E explica:

Não o grande "sim" ou o grande "não" dos quais ouvimos falar, que é Deus. Não: se pode ou não se pode. E a vida cristã, a vida segundo Deus, segundo essas pessoas, está sempre no ‘se pode’ e ‘não se pode’.

A pergunta diz respeito ao matrimônio, querem saber se é lícito ou não que um marido repudie a própria mulher. Mas, afirma Francisco, Jesus vai além, eleva o nível e “chega até a Criação e fala do matrimônio que é talvez a coisa mais bela” que o Senhor criou naqueles sete dias.

A desgraça da separação

‘Desde o início da criação [Deus] os fez homem e mulher; o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher e os dois se tornarão uma só carne’. “É forte o que diz o Senhor”, comenta o Papa, fala de “uma carne” que não se pode dividir. Jesus “deixa o problema da divisão e vai à beleza do casal que deve caminhar como um só”. Francisco destaca que o homem e a mulher devem abandonar aquilo que eram antes “para começar uma nova estrada, um novo caminho”. E depois toda a vida realizam este caminho de “ir avante juntos: não dois, um”. O Papa então recomenda: “Não devemos nos deter, como esses doutores, num ‘se pode’ ou ‘não se pode’ dividir um matrimônio. Às vezes, acontece a desgraça de não funcionar e é melhor se separar para evitar uma guerra mundial, mas isso é uma desgraça. Devemos ver o positivo”.

Francisco citou um casal que festejava 60 anos de casamento e, diante da pergunta se eram felizes, os dois se olharam nos olhos, que ficaram repletos de lágrimas pela comoção, e responderam: "Somos apaixonados!”.

É verdade que existem dificuldades, que existem problemas dos filhos ou do próprio matrimônio, do próprio casal, discussões, brigas... mas o importante é que a carne permaneça uma e superam, superam, superam isso. E este não é somente um sacramento para eles, mas também para a Igreja, como se fosse um sacramento que chama a atenção, que atrai a atenção: “Mas olhem que o amor é possível!”. E o amor é capaz de fazer viver apaixonados toda uma vida: na alegria e na dor, com o problema dos filhos e os próprios problemas... mas ir sempre avante. Na saúde e na doença, mas ir sempre avante. Esta é a beleza.

O matrimônio feliz não é notícia

O homem e a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus e o próprio matrimônio se torna assim Sua imagem. E é por isso, afirma o Papa, que é tão bonito: “O matrimônio é uma pregação silenciosa a todos os outros, uma pregação de todos os dias”.

É doloroso quando isso não faz notícia: os jornais, os telejornais não veem isso como notícia. Aquele casal tantos anos juntos.. não é notícia. Sim, a notícia é o escândalo, o divórcio ou que se separam – às vezes se devem separar, como disse, para evitar um mal maior... Mas a imagem de Deus não é notícia. E esta é a beleza do matrimônio. São a imagem e a semelhança de Deus. E esta é a nossa notícia, a notícia cristã.

Francisco repete que a vida matrimonial e familiar não é fácil, e cita a Primeira Leitura extraída da carta de São Tiago Apóstolo, que fala da paciência. Diz que talvez seja a virtude mais importante no casal – seja do homem, seja da mulher – e conclui com uma oração ao Senhor “para que dê à Igreja e à sociedade uma consciência mais profunda, mais bela do matrimônio, que todos nós possamos entender e contemplar que no matrimônio há a imagem e a semelhança de Deus”. Fonte: www.vaticannews.va

Dedicando a missa na Casa Santa Marta ao “nobre povo chinês”, que hoje festeja Nossa Senhora de Sheshan, Francisco exorta a tomar distância das riquezas que seduzem e escravizam.

Giada Aquilino – Cidade do Vaticano

Tomar distância das riquezas, porque estas nos foram oferecidas por Deus para doá-las aos outros. A este tema o Papa Francisco dedicou a missa celebrada na manhã de quinta-feira (24/04) na Casa Santa Marta.

Na memória de Nossa Senhora Auxiliadora, o Pontífice celebrou a missa na intenção do “nobre povo chinês”, que festeja a Virgem de Sheshan em Xangai.

Riqueza apodrecida

O Papa se inspirou Leitura de São Tiago apóstolo, que fala do salário não pago aos trabalhadores e o seu clamor que chega aos ouvidos do Senhor. Francisco destaca que Tiago usa expressões contundentes para falar aos ricos, sem meias palavras, condenando a “riqueza apodrecida”, como fez Jesus:

“Ai de vós ricos!”, é o primeiro ataque depois das Bem-aventuranças na versão de Lucas. “Ai de vós ricos!”. Se alguém fizer uma pregação assim, no dia seguinte nos jornais aparece: “Aquele padre é comunista!”. Mas a pobreza está no centro do Evangelho. A pregação sobre a pobreza está no centro da pregação de Jesus: “Bem-aventurados os pobres” é a primeira das Bem-aventuranças. E a carteira de identidade com a qual Jesus se apresenta quando volta ao seu vilarejo, a Nazaré, na sinagoga, é: “O Espírito está sobre mim, fui enviado para anunciar o Evangelho, a Boa Nova aos pobres, o alegre anúncio aos pobres”. Mas na história sempre tivemos esta fraqueza de tentar tirar esta pregação sobre a pobreza, acreditando se tratar de algo social, político. Não! É Evangelho puro, é Evangelho puro.

Dois senhores

Francisco convidou a refletir sobre o porquê de uma pregação assim “tão dura”. A razão está no fato de que “as riquezas são uma idolatria”, são capazes de “seduzir”. O próprio Jesus, explicou o Papa, disse que “não se pode servir a dois senhores: ou você serve a Deus ou às riquezas”: dá, portanto, uma “categoria de ‘senhor’ às riquezas, isto é, a riqueza “o pega e não o larga e vai contra o primeiro mandamento”, amar a Deus com todo o coração.

As riquezas vão também contra o segundo mandamento, porque destroem a relação harmoniosa “entre nós homens”, “estragamos a vida”, “estragamos a alma”. O Papa recordou a Parábola do rico - que pensava na “boa vida”, nas festas, nas roupas luxuosas – e do mendicante Lázaro, “que não tinha nada”.

Tiago sindicalista

As riquezas, reiterou, “nos levam embora a harmonia com os irmãos, o amor ao próximo, nos fazem egoístas”. Tiago reivindica o salário dos trabalhadores que cultivaram a terra dos ricos e não foram pagos: “alguém poderia confundir o apóstolo Tiago com um sindicalista”, afirmou Francisco. E na verdade, acrescentou, o apóstolo “fala sob a inspiração do Espírito Santo”. Parece uma coisa dos nossos dias, disse o Papa:

Também aqui, na Itália, para salvar os grandes capitais deixam as pessoas sem trabalho. Vai contra o segundo mandamento e quem faz isto: “Ai de vós!”. Não eu, Jesus. Ai de vocês que exploram as pessoas, que exploram o trabalho, que pagam de maneira informal, que não pagam a contribuição para a aposentadoria, que não dão férias. Ai de vós! Fazer “economias”, fraudar o que se deve pagar, o salário, é pecado, é pecado. “Não, padre, eu vou à missa todos os domingos e participo daquela associação católica e sou muito católico e faço a novena disso…”. Mas você não paga? Essa injustiça é pecado mortal. Você não está nas graças de Deus. Não sou eu que estou dizendo, é Jesus, é o apóstolo Tiago. Por isso as riquezas nos afastam do segundo mandamento, do amor ao próximo.

Rezar pelos ricos

As riquezas, portanto, têm uma capacidade que nos tornar “escravos”: por isso Francisco exorta a “fazer um pouco mais de oração e um pouco mais de penitência” não pelos pobres, mas pelos ricos.

Você não é livre diante das riquezas. Você para ser livre diante das riquezas deve tomar distância e rezar para o Senhor. Se o Senhor lhe deu riquezas é para distribui-las aos outros, para fazer em seu nome tantas coisas boas para os outros. Mas as riquezas têm esta capacidade de nos seduzir e nesta sedução nós caímos, somos escravos das riquezas.

Fonte: www.vaticannews.va

“Quem crê não pode falar de pobreza e viver como um faraó”, Francisco

O Papa Francisco abriu, no final da tarde desta segunda-feira (21/05), a 71ª Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI). Com o tema “Qual presença eclesial no atual contexto comunicativo”, os trabalhos da plenária prosseguirão até esta quinta-feira, 24 de maio.

Cidade do Vaticano

Se na região do Piemonte há poucas vocações e na Puglia há muitas, pensem numa partilha “fidei donum” dos sacerdotes. Administrem sempre de modo transparente os recursos das dioceses e se convidarem alguém para o jantar, usem o dinheiro de vocês, não da Igreja. Por fim, reduzam o número das dioceses, juntando as menores, como fazia Paulo VI em 1964.

Essas foram as preocupações expostas pelo Papa Francisco aos bispos italianos, ao abrir, no final da tarde desta segunda-feira (21/05) na Sala Nova do Sínodo, no Vaticano, a 71ª Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI). Com o tema “Qual presença eclesial no atual contexto comunicativo”, os trabalhos da plenária prosseguirão até esta quinta-feira, 24 de maio.

Hemorragia de vocações, devido também ao testemunho morno

Sobre a hemorragia das vocações, num país de grande tradição como a Itália e em toda a Europa, o Santo Padre reiterou que este é “o fruto envenenado da cultura do provisório, do relativismo e do culto ao dinheiro”, que distancia os jovens da vocação, somando-se a isso os escândalos e o testemunho morno.

Partilha “fidei donum” de sacerdotes entre as dioceses

A proposta prática é a de uma mais concreta partilha “fidei donum” entre as dioceses italianas, que enriquece as dioceses que doam e as que recebem. No Piemonte, por exemplo, há uma grande aridez, e na Puglia, ao invés, há uma abundância de vocações. “Pensem numa criatividade bonita, vejamos se serão capazes disso”, exortou o Pontífice.

Pobreza evangélica e transparência

A segunda preocupação expressa por Francisco aos bispos italianos diz respeito à pobreza evangélica e à transparência. Para mim, como jesuíta, “a pobreza é sempre mãe e muro da vida apostólica, mãe porque a faz nascer e muro porque a protege.” Sem pobreza não há zelo apostólico, frisou.

Coerência dos pastores entre fé professada e fé vivida

“Quem crê não pode falar de pobreza e viver como um faraó”, observou. É escandaloso “administrar os bens da Igreja como se fossem bens pessoais”. E me faz mal ouvir que um eclesiástico deixou-se manipular administrando “os trocados da viúva”. É preciso regras claras e comuns, acrescentou.

Não convidem para o jantar com o dinheiro da diocese

“Conheço um de vocês que jamais convida alguém para o jantar utilizando o dinheiro da diocese, mas paga do próprio bolso. São pequenos gestos, mas são importantes”, contou o Papa. Tenho consciência e sou reconhecedor de “que na CEI se fez muito no âmbito da pobreza e da transparência, mas se pode fazer mais ainda”, acrescentou Francisco.

Dioceses maiores e em menor número; aspecto funcional

Por fim, sobre a redução e anexação das dioceses, “não é fácil, mas há dioceses que podem ser anexadas”, reconheceu o Pontífice. Já acenei isso em 23 de maio de 2013. Trata-se de “uma exigência pastoral estudada reiteradas vezes. Paulo VI em 1964, e depois em 1966, pediu a fusão de várias dioceses”, para criar circunscrições com territórios, habitantes, clero e obras suficientes para uma organização diocesana verdadeiramente funcional.

Concluir projeto de reforma solicitado pela Congregação para os Bispos

“Em 2016 a Congregação para os Bispos pediu às Conferências episcopais regionais que enviassem um projeto de reforma. É um projeto amadurecido e atual. É chegado a hora de concluí-lo o mais rápido possível!”

Agradeço a todos pela parresia (audácia, coragem, destemor, ndr) – foi o agradecimento final do Santo Padre. “Agora, a palavra a vocês bispos.” As portas da Sala do Sínodo se fecham para todos, menos para o Papa e os coirmãos bispos, concluiu Francisco. Fonte: www.vaticannews.va

QUARTA-FEIRA 23: CATEQUESE DO PAPA SOBRE O SACRAMENTO DA CRISMA: “Com o Sacramento da Crisma ser sal e luz do mundo”

O Pontífice deu início a um novo ciclo de catequeses, desta vez dedicado ao Sacramento da Confirmação.

Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano

Apesar do mau tempo, milhares de fiéis participaram com o Papa Francisco da Audiência Geral desta quarta-feira (23/05/2018). Na Praça S. Pedro, os peregrinos ouviram o Pontífice iniciar um novo ciclo de catequeses, desta vez dedicado ao sacramento da Crisma, também chamado Confirmação, quando os fiéis recebem o dom do Espírito Santo.

Sal e luz do mundo

Aos seus discípulos, Jesus confiou uma grande missão: ser sal da terra e luz do mundo. “São imagens que nos levam a pensar no nosso comportamento, porque seja a carência, seja o excesso de sal comprometem o alimento, assim como a falta ou excesso de luz impedem de ver”, disse o Papa, acrescentando que somente o Espírito de Cristo nos dá o sabor e a luz que clareia o mundo.

Este dom é recebido justamente no Sacramento da Confirmação. “Confirmação porque confirma o Batismo e reforça a sua graça; assim também “Crisma” porque recebemos o Espírito mediante a unção com o “crisma” – óleo consagrado pelo Bispo – termo que remete a “Cristo”, o Ungido pelo Espírito.

Nada podemos sem o Espírito Santo

Renascer para a vida divina no Batismo é o primeiro passo, explicou o Papa, depois é preciso se comportar como filhos de Deus, ou seja, conformar-se ao Cristo que atua na santa Igreja. “Sem a força do Espírito Santo não podemos fazer nada. Assim como toda a vida de Jesus foi animada pelo Espírito, assim também a vida da Igreja e de cada seu membro está sob a guia do mesmo Espírito.”

A carteira de identidade de Cristo

Francisco ressaltou o modo com o qual Jesus se apresenta na sinagoga de Nazaré, a sua a carteira de identidade, isto é, Ungido pelo Espírito. «O Espírito do Senhor está sobre mim; por isso me consagrou com a unção e me enviou a levar aos pobres o alegre anúncio » (Lc 4,18).

O “Respiro” do Cristo Ressuscitado enche de vida os pulmões da Igreja. Pentecostes é para a Igreja aquilo que para Cristo foi a unção do Espírito recebida no Jordão, isto é, o impulso missionário a viver a vida pela santificação dos homens, a glória de Deus.

Deixar-se guiar pelo Espírito

No momento de fazer a unção, explicou ainda Francisco, o bispo diz estas palavras: “Receba o Espírito Santo que lhe foi confiado como dom”.

“É o grande dom de Deus”, finalizou o Pontífice. “Todos nós temos o Espírito dentro, o Espírito está no nosso coração, na nossa alma. E o Espírito nos guia para que nos tornemos sal e luz na medida certa aos homens. O testemunho cristão consiste em fazer somente e tudo aquilo que o Espírito de Cristo nos pede, concedendo-nos a graça de o realizar.” Fonte: www.vaticannews.va

Na homilia, o Santo Padre ressaltou que nos Evangelhos, Maria sempre é indicada como “Mãe de Jesus”, não “a Senhora” ou “a viúva de José”: a sua maternidade percorre toda a Sagrada Escritura, desde a Anunciação até o fim.

Cidade do Vaticano

“A Igreja é feminina”, “é mãe” e quando falta esta identidade ela se torna “uma associação beneficente ou um time de futebol”; quando “é uma Igreja masculina”, infelizmente se torna “uma Igreja de solteirões”, “incapaz de amor, incapaz de fecundidade”.

Foi o que disse o Papa Francisco na missa celebrada nesta segunda-feira (21/05/2018), na capela da Casa Santa Marta, dia em que a Igreja recorda a Beata Virgem Maria, Mãe da Igreja. Esta memória é celebrada pela primeira vez, este ano, após a publicação em 3 de março passado, do decreto “Ecclesia Mater” da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

O Papa Francisco quis que esta memória fosse celebrada na segunda-feira depois de Pentecostes para “favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, nos religiosos e fiéis, como também a genuína piedade mariana”.

A Igreja é feminina

Na homilia, o Santo Padre ressaltou que nos Evangelhos, Maria sempre é indicada como “Mãe de Jesus”, não “a Senhora” ou “a viúva de José”: a sua maternidade percorre toda a Sagrada Escritura, desde a Anunciação até o fim. Uma especificidade que os Padres da Igreja entenderam rapidamente, bem que alcança e cinge a Igreja.

“A Igreja é feminina, porque é igreja, esposa: é feminina. É mãe, dá à luz. Esposa e mãe. E os Padres vão além e dizem: ‘A sua alma também é esposa de Cristo e mãe’. Nessa atitude de Maria, que é Mãe da Igreja, neste comportamento podemos entender essa dimensão feminina da Igreja que, quando não existe, a Igreja perde a verdadeira identidade e se torna uma associação beneficente ou um time de futebol ou qualquer outra coisa, mas não a Igreja.”

Somente uma Igreja feminina poderá ter “comportamentos de fecundidade”, segundo as intenções de Deus, que “quis nascer de uma mulher para nos ensinar este caminho de mulher”.

Não a uma Igreja de solteirões

“O importante é que a Igreja seja mulher, que tenha esta atitude de esposa e mãe. Quando nos esquecemos disso, é uma Igreja masculina, sem esta dimensão, e se torna tristemente uma Igreja de solteirões, que vivem no isolamento, incapazes de amor, incapazes de fecundidade. Sem a mulher, a Igreja não vai adiante, porque ela é mulher. Esta atitude de mulher vem de Maria, porque Jesus quis assim.”

A ternura de uma mãe

Uma das virtudes que mais distingue uma mulher, observou o Papa Francisco, é a ternura, como Maria que “deu à luz seu filho primogênito, o enfaixou e o colocou numa manjedoura”: cuidar, com mansidão e humildade são as qualidades fortes das mães”.

“Uma Igreja que é mãe segue o caminho da ternura. Conhece a linguagem da sabedoria do carinho, do silêncio, do olhar cheio de compaixão, que tem gosto de silêncio. E, também, uma alma, uma pessoa que vive essa pertença à Igreja, sabendo que também é mãe, deve seguir o mesmo caminho: uma pessoa afável, terna, sorridente e cheia de amor”.

Fonte: www.vaticannews.va

(Festa do Divino em Angra dos Reis, Rio de Janeiro)

Em sua homilia, o Papa afirmou que "o Espírito lembra à Igreja que não obstante os seus séculos de história, é sempre uma jovem de vinte anos, a Noiva jovem por quem está perdidamente apaixonado o Senhor".

Cidade do Vaticano

A Basílica de São Pedro ficou lotada na manhã deste domingo (20/05/2018) para a celebração da missa de Pentecostes, presidida pelo Papa Francisco. Cardeais, bispos e sacerdotes, usando paramentos vermelhos, concelebraram a liturgia com o Papa.

A homilia do Papa Francisco começou com a explicação da primeira leitura do dia, que narra a rajada de vento que veio do céu com um ruído e que encheu toda a casa em que os discípulos se encontravam: a vinda do Espírito Santo no Pentecostes é a força divina que muda o mundo.

Muda os corações

“Aqueles discípulos que antes viviam no medo, fechados em casa, mesmo depois da ressurreição do Mestre, são transformados pelo Espírito e – disse o Papa, desta vez mencionando o Evangelho do dia – «dão testemunho d’Ele»”.

“De hesitantes, tornam-se corajosos e, partindo de Jerusalém, lançam-se até aos confins do mundo. Medrosos quando Jesus estava entre eles, agora são ousados sem Ele, porque o Espírito mudou os seus corações”.

“ A experiência ensina que nenhuma tentativa terrena de mudar as coisas satisfaz plenamente o coração do homem ”

"A mudança do Espírito é diferente: não revoluciona a vida ao nosso redor, mas muda o nosso coração, transformando-o de pecador em perdoado”.

O Espírito como um reconstituinte de vida

A partir desta reflexão, o Papa sugeriu que quando precisarmos de uma verdadeira mudança, quando as nossas fraquezas nos oprimem, quando avançar é difícil e amar parece impossível, faria bem tomar diariamente este reconstituinte de vida: é Ele, a força de Deus.

Muda as vicissitudes

Prosseguindo a homilia, o Papa disse que depois dos corações, o Espírito, como o vento, sopra por todo o lado e chega às situações mais imprevistas.

“Como na família, quando nasce uma criança, esta complica os horários, faz perder o sono, mas traz uma alegria que renova a vida, impelindo-a para a frente, dilatando-a no amor, do mesmo modo o Espírito traz à Igreja um «sabor de infância»; realiza renascimentos contínuos. Reaviva o amor do começo".

“ O Espírito lembra à Igreja que, não obstante os seus séculos de história, é sempre uma jovem de vinte anos, a Noiva jovem por quem está perdidamente apaixonado o Senhor ”

Gaza, nome que suscita dor

Citando o episódio dos Atos dos Apóstolos em que o diácono Filipe é impelido “por uma estrada deserta, de Jerusalém a Gaza”, o Papa acrescentou: “como este nome soa doloroso, hoje! Que o Espírito mude os corações e as vicissitudes e dê paz à Terra Santa!”.

Terminando, o Papa pediu que Espírito Santo, rajada de vento de Deus, sopre sobre nós: “Soprai nos nossos corações e fazei-nos respirar a ternura do Pai. Soprai sobre a Igreja e impeli-a até aos últimos confins; vinde, Espírito Santo, mudai-nos por dentro e renovai a face da terra”. Fonte: www.vaticannews.va

Na co Pontífice celebrou a missa comentando o trecho do Evangelho de João dedicado ao último diálogo entre o Senhor e Pedro. ((Jo 21, 15-19)

Barbara Castelli – Cidade do Vaticano (18/05/2018).

“Amar, apascentar e preparar-se para a cruz”, mas sobretudo não cair na tentação de “se intrometer na vida dos outros”. Na missa celebrada na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco traduz em comportamentos concretos o “segue-me” que Jesus dirige aos seus discípulos. O ponto de partida é o trecho do Evangelho de João, em que descreve o último diálogo entre o Senhor e Pedro. Um colóquio repleto de recordações de “Simão, filho de João”: desde que mudou o seu nome, passando por momentos de fraqueza até o “canto do galo”. Um itinerário mental que o Senhor quer para cada um de nós, para que “se faça memória do caminho realizado” com Ele.

O primeiro passo no diálogo com o Senhor é o amor

Na homilia, o Pontífice recordou as três indicações que o Senhor dirige a Pedro: “ama-me, apascenta e prepara-te”. Antes de tudo, o amor, a gramática essencial para ser verdadeiros discípulos do Filho de Deus; e, depois, apascentar, cuidar, porque a verdadeira identidade do pastor é apascentar, “a identidade de um bispo, de um padre, é ser pastor”.

“‘Ama-me, apascenta e prepara-te. Ama-me mais do que os outros, ama-me como puder, mas me ama. É o que o Senhor pede aos pastores e também a todos nós. ‘Ama-me.’ O primeiro passo no diálogo com o Senhor é o amor”.

A bússola de um pastor

O Papa recordou que quem abraça o Senhor está destinado ao “martírio”, a “carregar a cruz”, a ser conduzido para onde não deseja. Esta é a bússola que orienta o caminho do pastor. “Preparar-se para as provações, a deixar tudo para que venha outro e faça coisas diferentes. Prepare-se para esta aniquilação na vida. E o levarão na estrada das humilhações, talvez para a estrada do martírio. E aqueles que quando você era pastor o louvavam e falavam bem de você, agora falarão mal, porque o outro que vem parece melhor. Prepare-se. Prepare-se para a cruz quando o levarem para onde você não quer. ‘Ama-me, apascenta e prepara-te’. Esta é a rota de um pastor, a bússola”.

Não às alianças eclesiásticas

A última parte do diálogo permite a Francisco falar da última tentação, tão comum: o desejo de se intrometer na vida dos outros, sem se contentar em olhar para a própria vida. Í á

“Coloque-se no seu lugar, não enfie o nariz na vida dos outros. O pastor ama, apascenta e se prepara para a cruz, para o despojamento e não enfia o nariz na vida dos outros, não perde tempo em alianças, em alianças eclesiásticas. Ama, apascenta e se prepara e não cai na tentação”. Fonte: www.vaticannews.va

Na missa matutina, Francisco condenou a intriga como método utilizado ainda hoje para dividir, seja na Igreja, seja na vida política.

Debora Donnini - Cidade do Vaticano

Na missa celebrada esta quinta-feira (17/05/2018) na Casa Santa Marta, o Papa Francisco dedicou a sua homilia ao tema da unidade, inspirando-se na Liturgia da Palavra.

Existem dois tipos de unidade, comentou o Pontífice. A primeira é a verdadeira unidade de que fala Jesus no Evangelho, a unidade que Ele tem com o Pai e que quer trazer também a nós. Trata-se de uma “unidade de salvação”, “que faz a Igreja”, uma unidade que vai rumo à eternidade. “Quando nós na vida, na Igreja ou na sociedade civil trabalhamos pela unidade, estamos no caminho que Jesus traçou”, disse Francisco.

A falsa unidade divide

Porém, há uma “falsa unidade”, como aquela dos acusadores de São Paulo na Primeira Leitura. Inicialmente, eles se apresentam como um bloco único para acusá-lo. Mas Paulo, que era “sagaz”, isto é, tinha uma sabedoria humana e também a sabedoria do Espírito Santo, lança a “pedra da divisão”, dizendo estar sendo julgado pela esperança na ressurreição dos mortos”.

Uma parte desta falsa unidade, de fato, era composta por saduceus, que diziam não existir “ressurreição nem anjo nem espírito”, enquanto os fariseus professavam esses conceitos. Paulo então consegue destruir esta falsa unidade porque eclode um conflito e a assembleia que o acusava se divide.

De povo a massa anônima

Em outras perseguições sofridas por São Paulo, se vê que o povo grita sem nem mesmo saber o que está dizendo, e são “os dirigentes” que sugerem o que gritar:

Esta instrumentalização do povo é também um desprezo pelo povo, porque o transforma em massa. É um elemento que se repete com frequência, desde os primeiros tempos até hoje. Pensemos nisso. O Domingo de Ramos é: todos ali aclamam “Bendito o que vem em nome do Senhor”. Na sexta-feira sucessiva, as mesmas pessoas gritam: “Crucifiquem-no”. O que aconteceu? Fizeram uma lavagem cerebral e mudaram as coisas. E transformaram o povo em massa, que destrói.

Intrigar: um método usado também hoje

“Criam-se condições obscuras” para condenar a pessoa, explicou o Papa, e depois a unidade se desfaz. Um método com o qual perseguiram Jesus, Paulo, Estevão e todos os mártires e muito usado ainda hoje. E Francisco citou como exemplo “a vida civil, a vida política, quando se quer fazer um golpe de Estado”: “a mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas”. Depois chega a justiça, “as condena e, no final, se faz um golpe de Estado”. Uma perseguição que se vê também quando as pessoas no circo gritavam para ver a luta entre os mártires ou os gladiadores.

A fofoca é uma atitude assassina

O elo da corrente para se chegar a esta condenação é um “ambiente de falsa unidade”, destacou Francisco.

Numa medida mais restrita, acontece o mesmo também nas nossas comunidades paroquiais, por exemplo, quando dois ou três começam a criticar o outro. E começam a falar mal daquele outro… E fazem uma falsa unidade para condená-lo; sentem-se seguros e o condenam. O condenam mentalmente, como atitude; depois se separam e falam mal um contra o outro, porque estão divididos. Por isso a fofoca é uma atitude assassina, porque mata, exclui as pessoas, destrói a “reputação” das pessoas.

Caminhar na estrada da verdadeira unidade

“A intriga” foi usada contra Jesus para desacreditá-lo e, uma vez desacreditado, eliminá-lo: Pensemos na grande vocação à qual fomos chamados: a unidade com Jesus, o Pai. E este caminho devemos seguir, homens e mulheres que se unem e buscam sempre prosseguir no caminho da unidade. E não as falsas unidades, que não têm substância, e servem somente para dar um passo a mais e condenar as pessoas, e levar avante interesses que não são os nossos: interesses do príncipe deste mundo, que é a destruição. Que o Senhor nos dê a graça de caminhar sempre na estrada da verdadeira unidade. Fonte: www.vaticannews.va

Francisco falou da missão do bispo inspirando-se na despedida de Paulo dos anciãos em Éfeso. "Paulo não tinha nada, somente a graça de Deus, a coragem apostólica e a revelação de Jesus Cristo."

Adriana Masotti – Cidade do Vaticano

“É uma passagem forte, que chega ao coração, é também um trecho que nos mostra o caminho de cada bispo no momento da despedida”. Na homilia da missa celebrada na manhã desta terça-feira (15/05) na capela da Casa Santa Marta, o Papa escolheu comentar a Primeira Leitura, extraída dos Atos dos Apóstolos.

O momento da despedida

O trecho narra o momento em que Paulo convoca em Éfeso os anciãos da Igreja, os presbíteros. É feita uma reunião do conselho presbiteral para que Paulo se despeça deles e como primeiro ato ele faz uma espécie de exame de consciência, dizendo o que fez pela comunidade, submetendo-se ao juízo deles. Paulo parece um pouco orgulhoso, disse Francisco, mas ao invés é objetivo. Vangloria-se somente de suas coisas: dos próprios pecados e da cruz de Jesus Cristo que o salvou. Depois, explica que agora, advertido pelo Espírito Santo, deve ir a Jerusalém.

E o Papa comentou: “Esta é experiência do bispo, o bispo que sabe discernir o Espírito, que sabe discernir quando é o Espírito de Deus que fala e que sabe defender-se quando fala o espírito do mundo”.

Paulo sabe que, de alguma forma, está indo ao encontro de “tribulações, rumo à cruz e isso nos faz pensar no ingresso de Jesus em Jerusalém. Ele entra para sofrer e Paulo vai rumo à paixão”. O apóstolo – disse ainda Francisco – “se oferece ao Senhor, obediente. Advertido pelo Espírito. O bispo que vai avante sempre, mas segundo o Espírito Santo. Este é Paulo”.

Testamento espiritual

Por fim, se despede em meio à dor dos presentes, e deixa conselhos, o seu testamento:

Ele não aconselha: “Este bem que deixo deem a ele, isto àquele, àquele outro...”. O testamento mundano, não?. O seu grande amor é Jesus Cristo. O segundo amor, o rebanho. “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho”. Cuidem do rebanho; sejam bispos para o rebanho, para proteger o rebanho, não para subir numa carreira eclesiástica, não.

Paulo confia os presbíteros a Deus certos de que Ele os protegerá, e os ajudará. Depois, retoma a sua experiência dizendo que não desejou para si ‘nem prata nem ouro ou vestes de ninguém’.

O testamento de Paulo é um testemunho. É também um anúncio. É também um desafio: “Eu fiz este caminho. Continuem vocês”. Quão distante é este testamento dos testamentos mundanos: “Isso eu deixo a ele, isto àquele, isto àquele outro …”, tantos bens. Paulo não tinha nada, somente a graça de Deus, a coragem apostólica, a revelação de Jesus Cristo e a salvação que o Senhor tinha dado a ele.

Despedir-se com amor

“Quando eu leio isto, penso em mim” – afirmou Francisco - “porque sou bispo e devo me despedir”. E concluiu:

Peço ao Senhor a graça de me despedir assim. E no exame de consciência, não sairei vencedor como Paulo … Mas o Senhor é bom, é misericordioso, mas … Penso nos bispos, em todos os bispos. Que o Senhor dê a graça a todos nós de poder nos despedir assim, com este espírito, com esta força, com este amor a Jesus Cristo, com esta confiança no Espírito Santo.

Fonte: Fonte: www.vaticannews.va

Todos nós cristãos recebemos este dom: a abertura, o acesso ao coração de Jesus, à amizade de Jesus. Recebemos na sorte o dom da sua amizade. O nosso destino é ser seus amigos", disse Francisco na homilia na Casa Santa Marta.

Debora Donnini - Cidade do Vaticano

Recebemos como “destino” e não “casualmente” a amizade com Jesus e a nossa vocação é justamente permanecer amigos do Senhor. Foi o que disse o Papa Francisco na homilia da Missa celebrada na manhã de segunda-feira (14/05) na Casa Santa Marta. A reflexão do Pontífice foi inspirada na Liturgia do dia, em que várias vezes aparece a palavra “sorte”.

Nosso destino é viver como amigos de Jesus

Nós recebemos este dom como destino, a amizade do Senhor, esta é a nossa vocação: viver amigos do Senhor, amigos do Senhor. E o mesmo receberam os apóstolos, mais forte ainda, mas o mesmo. Todos nós cristãos recebemos este dom: a abertura, o acesso ao coração de Jesus, à amizade de Jesus. Recebemos na sorte o dom da sua amizade. O nosso destino é ser seus amigos. É um dom que o Senhor mantém sempre e Ele é fiel a este dom.

Jesus não renega a sua amizade nem mesmo com quem trai

Muitas vezes, porém, nós não agimos como amigos e nos afastamos “com os nossos pecados, com as nossas teimosias”, mas “Ele é fiel à amizade”. Como recorda o Evangelho de hoje (Jo 15,9-17), Jesus não nos chama mais “servos”, mas “amigos” e mantém esta palavra até o fim porque é fiel. Até mesmo com Judas: a última palavra que dirige a ele, antes da traição, é “amigo”, não lhe diz “vai embora”:

Jesus é o nosso amigo. E Judas, como diz aqui, seguiu sua nova sorte, seu destino que ele mesmo escolheu livremente, se afastou de Jesus. E a apostasia é isso: afastar-se de Jesus. Um amigo que se torna inimigo ou um amigo que se torna indiferente ou um amigo que se torna traidor.

Permanecer na amizade com Jesus

Como narra a Primeira Leitura (At 1,15-17.20-26), no lugar de Judas a sorte caiu em Matias “para ser testemunha da Ressurreição”, “testemunha deste dom de amor”. “O amigo – recordou o Papa – é quem compartilha os próprios segredos” com o outro. “Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai”, diz de fato Jesus no Evangelho. Trata-se, portanto, de uma amizade que “recebemos como sorte, isto é, como destino”, como a receberam Judas e Matias.

Pensemos nisto, Ele não renega este dom, não nos renega, nos espera até o fim. E quando nós pela nossa fraqueza nos afastamos Dele, Ele espera, Ele espera, Ele continua dizendo: “Amigo, eu o espero. Amigo o que quer? Amigo, por que você me trai com um beijo?”. Ele é fiel na amizade e nós devemos pedir-Lhe esta graça de permanecer no seu amor, permanecer na sua amizade, aquela amizade que nós recebemos como dom na sorte por Ele. Fonte: www.vaticannews.va

Tema: «"A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32). Fake news e jornalismo de paz» [13 de maio de 2018]

Queridos irmãos e irmãs!

No projeto de Deus, a comunicação humana é uma modalidade essencial para viver a comunhão. Imagem e semelhança do Criador, o ser humano é capaz de expressar e compartilhar o verdadeiro, o bom e o belo. É capaz de narrar a sua própria experiência e o mundo, construindo assim a memória e a compreensão dos acontecimentos. Mas, se orgulhosamente seguir o seu egoísmo, o homem pode usar de modo distorcido a própria faculdade de comunicar, como o atestam, já nos primórdios, os episódios bíblicos dos irmãos Caim e Abel e da Torre de Babel (cf. Gn 4, 1-16; 11, 1-9). Sintoma típico de tal distorção é a alteração da verdade, tanto no plano individual como no coletivo. Se, pelo contrário, se mantiver fiel ao projeto de Deus, a comunicação torna-se lugar para exprimir a própria responsabilidade na busca da verdade e na construção do bem. Hoje, no contexto duma comunicação cada vez mais rápida e dentro dum sistema digital, assistimos ao fenómeno das «notícias falsas», as chamadas fake news: isto convida-nos a refletir, sugerindo-me dedicar esta Mensagem ao tema da verdade, como aliás já mais vezes o fizeram os meus predecessores a começar por Paulo VI (cf. Mensagem de 1972: «Os instrumentos de comunicação social ao serviço da Verdade»). Gostaria, assim, de contribuir para o esforço comum de prevenir a difusão das notícias falsas e para redescobrir o valor da profissão jornalística e a responsabilidade pessoal de cada um na comunicação da verdade.

1- Que há de falso nas «notícias falsas»?

A expressão fake news é objeto de discussão e debate. Geralmente diz respeito à desinformação transmitida on-line ou nos mass-media tradicionais. Assim, a referida expressão alude a informações infundadas, baseadas em dados inexistentes ou distorcidos, tendentes a enganar e até manipular o destinatário. A sua divulgação pode visar objetivos prefixados, influenciar opções políticas e favorecer lucros económicos.

A eficácia das fake news fica-se a dever, em primeiro lugar, à sua natureza mimética, ou seja, à capacidade de se apresentar como plausíveis. Falsas mas verosímeis, tais notícias são capciosas, no sentido que se mostram hábeis a capturar a atenção dos destinatários, apoiando-se sobre estereótipos e preconceitos generalizados no seio dum certo tecido social, explorando emoções imediatas e fáceis de suscitar como a ansiedade, o desprezo, a ira e a frustração. A sua difusão pode contar com um uso manipulador das redes sociais e das lógicas que subjazem ao seu funcionamento: assim os conteúdos, embora desprovidos de fundamento, ganham tal visibilidade que os próprios desmentidos categorizados dificilmente conseguem circunscrever os seus danos.

A dificuldade em desvendar e erradicar as fake news é devida também ao facto de as pessoas interagirem muitas vezes dentro de ambientes digitais homogéneos e impermeáveis a perspetivas e opiniões divergentes. Esta lógica da desinformação tem êxito, porque, em vez de haver um confronto sadio com outras fontes de informação (que poderia colocar positivamente em discussão os preconceitos e abrir para um diálogo construtivo), corre-se o risco de se tornar atores involuntários na difusão de opiniões tendenciosas e infundadas. O drama da desinformação é o descrédito do outro, a sua representação como inimigo, chegando-se a uma demonização que pode fomentar conflitos. Deste modo, as notícias falsas revelam a presença de atitudes simultaneamente intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a arrogância e o ódio. É a isto que leva, em última análise, a falsidade.

2- Como podemos reconhecê-las?

Nenhum de nós se pode eximir da responsabilidade de contrastar estas falsidades. Não é tarefa fácil, porque a desinformação se baseia muitas vezes sobre discursos variegados, deliberadamente evasivos e subtilmente enganadores, valendo-se por vezes de mecanismos refinados. Por isso, são louváveis as iniciativas educativas que permitem apreender como ler e avaliar o contexto comunicativo, ensinando a não ser divulgadores inconscientes de desinformação, mas atores do seu desvendamento. Igualmente louváveis são as iniciativas institucionais e jurídicas empenhadas na definição de normativas que visam circunscrever o fenômeno, e ainda iniciativas, como as empreendidas pelas tech e media company, idoneas para definir novos critérios capazes de verificar as identidades pessoais que se escondem por detrás de milhões de perfis digitais.

Mas a prevenção e identificação dos mecanismos da desinformação requerem também um discernimento profundo e cuidadoso. Com efeito, é preciso desmascarar uma lógica, que se poderia definir como a «lógica da serpente», capaz de se camuflar e morder em qualquer lugar. Trata-se da estratégia utilizada pela serpente – «o mais astuto de todos os animais», como diz o livro do Génesis (cf. 3, 1-15) – a qual se tornou, nos primórdios da humanidade, artífice da primeira fake news, que levou às trágicas consequências do pecado, concretizadas depois no primeiro fratricídio (cf. Gn 4) e em inúmeras outras formas de mal contra Deus, o próximo, a sociedade e a criação. A estratégia deste habilidoso «pai da mentira» (Jo 8, 44) é precisamente a mimese, uma rastejante e perigosa sedução que abre caminho no coração do homem com argumentações falsas e aliciantes. De facto, na narração do pecado original, o tentador aproxima-se da mulher, fingindo ser seu amigo e interessar-se pelo seu bem. Começa o diálogo com uma afirmação verdadeira, mas só em parte: «É verdade ter-vos Deus proibido comer o fruto de alguma árvore do jardim?» (Gn 3, 1). Na realidade, o que Deus dissera a Adão não foi que não comesse de nenhuma árvore, mas apenas de uma árvore: «Não comas o [fruto] da árvore do conhecimento do bem e do mal» (Gn 2, 17). Retorquindo, a mulher explica isso mesmo à serpente, mas deixa-se atrair pela sua provocação: «Podemos comer o fruto das árvores do jardim; mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: “Nunca o deveis comer nem sequer tocar nele, pois, se o fizerdes, morrereis”» (Gn3, 2-3). Esta resposta tem sabor a legalismo e pessimismo: dando crédito ao falsário e deixando-se atrair pela sua apresentação dos factos, a mulher extravia-se. Em primeiro lugar, dá ouvidos à sua réplica tranquilizadora: «Não, não morrereis»(3, 4). Depois a argumentação do tentador assume uma aparência credível: «Deus sabe que, no dia em que comerdes [desse fruto], abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal»(3, 5). Enfim, ela chega a desconfiar da recomendação paterna de Deus, que tinha em vista o seu bem, para seguir o aliciamento sedutor do inimigo: «Vendo a mulher que o fruto devia ser bom para comer, pois era de atraente aspeto (…) agarrou do fruto, comeu»(3, 6). Este episódio bíblico revela assim um facto essencial para o nosso tema: nenhuma desinformação é inofensiva; antes pelo contrário, fiar-se daquilo que é falso produz consequências nefastas. Mesmo uma distorção da verdade aparentemente leve pode ter efeitos perigosos.

De facto, está em jogo a nossa avidez. As fake news tornam-se frequentemente virais, ou seja, propagam-se com grande rapidez e de forma dificilmente controlável, não tanto pela lógica de partilha que carateriza os meios de comunicação social como sobretudo pelo fascínio que detêm sobre a avidez insaciável que facilmente se acende no ser humano. As próprias motivações económicas e oportunistas da desinformação têm a sua raiz na sede de poder, ter e gozar, que, em última instância, nos torna vítimas de um embuste muito mais trágico do que cada uma das suas manifestações: o embuste do mal, que se move de falsidade em falsidade para nos roubar a liberdade do coração. Por isso mesmo, educar para a verdade significa ensinar a discernir, a avaliar e ponderar os desejos e as inclinações que se movem dentro de nós, para não nos encontrarmos despojados do bem «mordendo a isca» em cada tentação.

3- «A verdade vos tornará livres» (Jo 8, 32)

De facto, a contaminação contínua por uma linguagem enganadora acaba por ofuscar o íntimo da pessoa. Dostoevskij deixou escrito algo de notável neste sentido: «Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega a pontos de já não poder distinguir a verdade dentro de si mesmo nem ao seu redor, e assim começa a deixar de ter estima de si mesmo e dos outros. Depois, dado que já não tem estima de ninguém, cessa também de amar, e então na falta de amor, para se sentir ocupado e distrair, abandona-se às paixões e aos prazeres triviais e, por culpa dos seus vícios, torna-se como uma besta; e tudo isso deriva do mentir contínuo aos outros e a si mesmo» (Os irmãos Karamazov, II, 2).

E então como defender-nos? O antídoto mais radical ao vírus da falsidade é deixar-se purificar pela verdade. Na visão cristã, a verdade não é uma realidade apenas conceptual, que diz respeito ao juízo sobre as coisas, definindo-as verdadeiras ou falsas. A verdade não é apenas trazer à luz coisas obscuras, «desvendar a realidade», como faz pensar o termo que a designa em grego:aletheia, de a-lethès, «não escondido». A verdade tem a ver com a vida inteira. Na Bíblia, reúne os significados de apoio, solidez, confiança, como sugere a raiz ‘aman (daqui provém o próprio Amen litúrgico). A verdade é aquilo sobre o qual nos podemos apoiar para não cair. Neste sentido relacional, o único verdadeiramente fiável e digno de confiança sobre o qual se pode contar, ou seja, o único «verdadeiro» é o Deus vivo. Eis a afirmação de Jesus: «Eu sou a verdade» (Jo 14, 6). Sendo assim, o homem descobre sempre mais a verdade, quando a experimenta em si mesmo como fidelidade e fiabilidade de quem o ama. Só isto liberta o homem: «A verdade vos tornará livres»(Jo 8, 32).

Libertação da falsidade e busca do relacionamento: eis aqui os dois ingredientes que não podem faltar, para que as nossas palavras e os nossos gestos sejam verdadeiros, autênticos e fiáveis. Para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor. Por isso, a verdade não se alcança autenticamente quando é imposta como algo de extrínseco e impessoal; mas brota de relações livres entre as pessoas, na escuta recíproca. Além disso, não se acaba jamais de procurar a verdade, porque algo de falso sempre se pode insinuar, mesmo ao dizer coisas verdadeiras. De facto, uma argumentação impecável pode basear-se em fatos inegáveis, mas, se for usada para ferir o outro e desacreditá-lo à vista alheia, por mais justa que apareça, não é habitada pela verdade. A partir dos frutos, podemos distinguir a verdade dos vários enunciados: se suscitam polémica, fomentam divisões, infundem resignação ou se, em vez disso, levam a uma reflexão consciente e madura, ao diálogo construtivo, a uma profícua atividade.

4- A paz é a verdadeira notícia

O melhor antídoto contra as falsidades não são as estratégias, mas as pessoas: pessoas que, livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga dum diálogo sincero, deixam emergir a verdade; pessoas que, atraídas pelo bem, se mostram responsáveis no uso da linguagem. Se a via de saída da difusão da desinformação é a responsabilidade, particularmente envolvido está quem, por profissão, é obrigado a ser responsável ao informar, ou seja, o jornalista, guardião das notícias. No mundo atual, ele não desempenha apenas uma profissão, mas uma verdadeira e própria missão. No meio do frenesim das notícias e na voragem dos scoop, tem o dever de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a audience, mas as pessoas. Informar é formar, é lidar com a vida das pessoas. Por isso, a precisão das fontes e a custódia da comunicação são verdadeiros e próprios processos de desenvolvimento do bem, que geram confiança e abrem vias de comunhão e de paz.

Por isso desejo convidar a que se promova um jornalismo de paz, sem entender, com esta expressão, um jornalismo «bonzinho», que negue a existência de problemas graves e assuma tons melífluos. Pelo contrário, penso num jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas; um jornalismo feito por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especialmente àquelas – e no mundo, são a maioria – que não têm voz; um jornalismo que não se limite a queimar notícias, mas se comprometa na busca das causas reais dos conflitos, para favorecer a sua compreensão das raízes e a sua superação através do aviamento de processos virtuosos; um jornalismo empenhado a indicar soluções alternativas às escalation do clamor e da violência verbal.

Por isso, inspirando-nos numa conhecida oração franciscana, poderemos dirigir-nos, à Verdade em pessoa, nestes termos:

Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz.
Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não
cria comunhão.
Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.
Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.
Vós sois fiel e digno de confiança;
fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo:
onde houver rumor, fazei que pratiquemos a escuta;
onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia;
onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza;
onde houver exclusão, fazei que levemos partilha;
onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade;
onde houver superficialidade, fazei que ponhamos interrogativos
verdadeiros;
onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança;
onde houver agressividade, fazei que levemos respeito;
onde houver falsidade, fazei que levemos verdade.
Amem.

Vaticano, 24 de janeiro – Memória de São Francisco de Sales – do ano de 2018.

Franciscus

Fonte: https://w2.vatican.va

A missão dos leigos, tema da oração do Papa este mês

  “Os leigos encontram-se na linha mais avançada da vida da Igreja”

O Papa Francisco, na quinta edição do ano de O Vídeo do Papa, afirma a necessidade dos leigos colocarem sua criatividade a serviço dos desafios do mundo. Também os chama a dar exemplo com sua fé através da solidariedade e do compromisso com a sociedade.

“Peçamos juntos neste mês para que os fiéis leigos cumpram sua missão específica, a missão que receberam no batismo, colocando sua criatividade a serviço dos desafios do mundo atual”, diz o Papa. “Precisamos do seu testemunho sobre a verdade do Evangelho e de seu exemplo ao expressar sua fé com a prática da solidariedade”, acrescentou.

Depois da celebração do Concílio Vaticano II, em 1965, a Igreja Católica se esforçou para deixar mais claro o papel dos leigos, que têm sido fundamental desde os primeiros séculos. A função dos membros que não integram o clero é ajudar nas quatro dimensiones tradicionais da Igreja: a caridade, a comunhão, a evangelização e a liturgia.

“Os leigos encontram-se na linha mais avançada da vida da Igreja”, enfatizou Francisco. “Demos graças pelos leigos que arriscam, que não têm medo e que oferecem razões de esperança aos mais pobres, excluídos e marginalizados”, disse.

“Muitas vezes pensamos que os sacerdotes são os responsáveis por impulsionar a missão da Igreja. No entanto, são os leigos que estão no coração do mundo e os que têm um papel chave para transformar a sociedade”, sublinhou o P. Frédéric Fornos, SJ, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa e do Movimento Eucarístico Juvenil. “É nas famílias, nas salas de aula, nos escritórios, nas fábricas, no campo, na vida cotidiana onde encontramos a oportunidade de ser sal e luz do Reino de Deus, sabor do Evangelho”, acrescentou.

Sobre O Vídeo do Papa

O Vídeo do Papa é uma iniciativa global, promovida pela Rede Mundial de Oração do Papa (Apostolado da Oração), para colaborar na difusão das intenções mensais do Santo Padre sobre os desafios da humanidade. Conta com o apoio do Vatican Media, único proprietário dos direitos de imagem do Papa. Cada mês, acompanha o Papa Francisco nos seus pedidos de oração. Mais informação em http://www.ovideodopapa.org

As intenções de oração são confiadas mensalmente à Rede Mundial de Oração do Papa. O Vídeo do Papaé produzido pela La Machi Comunicação para Boas Causascom o apoio da Companhia de Jesus, IndigoMusic, GettyImagesLatam,Doppler Email Marketinge a colaboração do Vatican Media. Tem também como parceiro de mídiaAleteia. Desde seu lançamento em janeiro de 2016, teve mais de 24 milhões de visualizações em suas redes próprias.

Sobre a Rede Mundial de Oração do Papa

O Apostolado da Oração é a Rede Mundial de Oração do Papa ao serviço dos desafios da humanidade e da missão da Igreja. A sua missão é rezar e viver os desafios da humanidade que preocupam o Santo Padre, expressos nas suas intenções mensais. A missão dos membros desta Rede é serem apóstolos na vida diária, por meio de um caminho espiritual chamado “caminho do coração”, que transforma o nosso modo de estar ao serviço da missão de Cristo. Foi fundada em 1844, está presente em mais de 98 países e mais de 35 milhões de pessoas integram a Rede, incluindo a sua secção juvenil, o Movimento Eucarístico Juvenil. Mais informações em http://www.popesprayer.net/pt-pt/.

Sobre a La Machi

Fundada em 2012, La Machi é uma agência de comunicação especializada em boas causas, com escritórios em Barcelona, Buenos Aires e Roma. A sua missão é ajudar as empresas, ONG’s e instituições religiosas a comunicar através de boas causas. As suas áreas de intervenção são Consultoria Estratégica em Comunicação, Criatividade Publicitária, Desenvolvimento Digital e Fundraising. Foi reconhecida como “Projeto Amigo da Rede” RIIAL e ganhou o prémio Mercúrio para a melhor PME Internacional de Marketing de 2015 e de 2016, atribuído pela Associação Argentina de Marketing. Mais informação em http://www.lamachi.com/en Fonte: https://pt.aleteia.org

Na capela da Casa Santa Marta, o Pontífice celebrou a Missa e falou das atitudes que devem caracterizar a transmissão da fé.

Barbara Castelli – Cidade do Vaticano (3/04/2018)

“Transmitir a fé” não quer dizer “fazer proselitismo”, “buscar pessoas que torçam por um time de futebol” o um “centro cultural”, mas testemunhar com amor. Foi o que disse o Papa na homilia da Missa celebrada na Casa Santa Marta.

Partindo de um trecho da Carta de São Paulo aos Coríntios, o Pontífice afirmou que ser cristão não é aprender mecanicamente um livreto ou algumas noções, mas significa ser “fecundo na transmissão da fé”, assim como a Igreja, que é “mãe” e dá à luz “filhos na fé”.

“Transmitir a fé não é dar informações, mas fundar um coração, fundar um coração na fé em Jesus Cristo. Não se pode transmitir a fé mecanicamente: ‘Mas pegue este livreto, estude e depois o batizo’. Não. O caminho para transmitir a fé é outro: transmitir aquilo que nós recebemos. E este é o desafio de um cristão: ser fecundo na transmissão da fé. E também é o desafio da Igreja: ser mãe fecunda, dar à luz filhos na fé”.

Transmitir a fé com carinho

O Pontífice insistiu na transmissão da fé que atravessa gerações, da avó à mãe, numa atmosfera que perfuma de amor. O próprio credo è feito não só de palavras, mas de “carícias”, com a “ternura”, até mesmo “em dialeto”. O Papa citou as babás, que são quase uma segunda mãe. São sempre mais comuns os casos em que são elas a transmitir a fé com atenção, ajudando a crescer.

A Igreja cresce por atração

Portanto, a primeira atitude na transmissão da fé é certamente o amor; enquanto a segunda é o testemunho.

“Transmitir a fé não é fazer proselitismo, é outra coisa, é ainda maior. Não é buscar pessoas que torçam por um time de futebol, um clube, um centro cultural; isso pode ser, mas a fé não se propaga com proselitismo. Bento XVI disse bem: ‘A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração’. A fé se transmite, mas por atração, isto é, por testemunho”.

O testemunho gera curiosidade

Testemunhar na vida de todos os dias aquilo em que se acredita nos torna justos “aos olhos de Deus”, suscitando curiosidade em quem nos circunda.

“E o testemunho provoca curiosidade no coração do outro e aquela curiosidade o Espírito Santo a pega e trabalha a partir de dentro. A Igreja cresce por atração, atração. E a transmissão da fé se dá com o testemunho, até o martírio. Quando se vê esta coerência de vida com aquilo que nós dizemos, sempre vem a curiosidade: ‘Mas por que esta pessoa vive assim? Por que leva uma vida de serviço aos outros?’. E aquela curiosidade é a semente que pega o Espírito Santo e a leva avante. E a transmissão da fé nos faz justos, nos justifica. A fé nos justifica e na transmissão nós damos a verdadeira justiça aos outros”. Fonte: www.vaticannews.va

Já é cena corriqueira ver o Papa Francisco se dirigir à Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, todas as vezes que sai e que volta de uma viagem apostólica. Ele pede a intercessão pelo êxito da missão e, depois, leva flores para agradecer. Ele realiza essas orações diante da imagem da Virgem “Salus Populi Romani”, num dos principais altares laterais da Basílica. Mas, a devoção mariana do Papa é manifestada constantemente, sobretudo nas orações que faz na janela do seu escritório de trabalho, ao meio dia, todos os domingos que se encontra no Vaticano.

Homilias

Trechos de homilias feitas pelo Papa Francisco nesses cinco anos de pontificado revelam a profundidade de sua devoção à Mãe de Jesus. Ele foi eleito para suceder Bento XVI, em 13 março de 2013 e no dia 19, ao celebrar o dia de São José, ele confiou seu pastoreio aos céus, lembrando a companhia de Maria: “Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu! Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim! Amém“.

Na festa de Maria, Mãe de Deus, em 1º de janeiro do ano seguinte, Francisco disse: “O nosso caminho de fé está indissoluvelmente ligado a Maria, desde o momento em que Jesus, quando estava para morrer na cruz, no-La deu como Mãe, dizendo: ‘Eis a tua mãe!’ (Jo 19, 27). Estas palavras têm o valor dum testamento, e dão ao mundo uma Mãe. Desde então, a Mãe de Deus tornou-Se também nossa Mãe! Na hora em que a fé dos discípulos se ia quebrantando com tantas dificuldades e incertezas, Jesus confiava-lhes Aquela que fora a primeira a acreditar e cuja fé não desfaleceria jamais. E a ‘mulher’ torna-Se nossa Mãe, no momento em que perde o Filho divino. O seu coração ferido dilata-se para dar espaço a todos os homens, bons e maus, todos; e ama-os como os amava Jesus. A mulher que, nas bodas de Caná da Galileia, dera a sua colaboração de fé para a manifestação das maravilhas de Deus na mundo, no Calvário mantém acesa a chama da fé na ressurreição do Filho, e comunica-a aos outros com carinho maternal. Assim Maria torna-Se fonte de esperança e de alegria verdadeira”.

Na mesma data, no ano de 2015, em uma parte da homilia, estas foram as palavras do Papa: “Amados irmãos e irmãs! Jesus Cristo é a bênção para cada homem e para a humanidade inteira. Ao dar-nos Jesus, a Igreja oferece-nos a plenitude da bênção do Senhor. Esta é precisamente a missão do povo de Deus: irradiar sobre todos os povos a bênção de Deus encarnada em Jesus Cristo. E Maria, a primeira e perfeita discípula de Jesus, a primeira e perfeita crente, modelo da Igreja em caminho, é Aquela que abre esta estrada de maternidade da Igreja e sempre sustenta a sua missão materna destinada a todos os homens. O seu testemunho discreto e materno caminha com a Igreja desde as origens. Ela, Mãe de Deus, é também Mãe da Igreja e, por intermédio dela, é Mãe de todos os homens e de todos os povos“.

“E Maria, a primeira e perfeita discípula de Jesus, a primeira e perfeita crente, modelo da Igreja em caminho, é Aquela que abre esta estrada de maternidade da Igreja e sempre sustenta a sua missão materna destinada a todos os homens”

Papa Francisco

Na festa de 2016, celebrada na Basílica Vaticana, Papa Francisco nos deixou essas palavras sobre Nossa Senhora: “No início dum novo ano, a Igreja faz-nos contemplar, como ícone de paz, a maternidade divina de Maria. A antiga promessa realiza-se na sua pessoa, que acreditou nas palavras do Anjo, concebeu o Filho, tornou-Se Mãe do Senhor. Através d’Ela, por meio do seu «sim», chegou a plenitude do tempo. O Evangelho, que escutamos, diz que a Virgem ‘conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração’ (Lc 2, 19). Aparece-nos como vaso sempre cheio da memória de Jesus, Sede da Sabedoria, onde recorrer para termos a interpretação coerente do seu ensinamento. Hoje dá-nos a possibilidade de individuar o sentido dos acontecimentos que nos tocam pessoalmente a nós, às nossas famílias, aos nossos países e ao mundo inteiro. Aonde não pode chegar a razão dos filósofos, nem as negociações da política, consegue fazê-lo a força da fé que a graça do Evangelho de Cristo nos traz e que pode abrir sempre novos caminhos à razão e às negociações“.

Ao falar, na homilia da Festa da Mãe de Deus do ano passado, Papa Francisco destacou o papel das mães: “As mães são o antídoto mais forte contra as nossas tendências individualistas e egoístas, contra os nossos isolamentos e apatias. Uma sociedade sem mães seria não apenas uma sociedade fria, mas também uma sociedade que perdeu o coração, que perdeu o ‘sabor de família’. Uma sociedade sem mães seria uma sociedade sem piedade, com lugar apenas para o cálculo e a especulação. Com efeito as mães, mesmo nos momentos piores, sabem testemunhar a ternura, a dedicação incondicional, a força da esperança. Aprendi muito com as mães que, tendo os filhos na prisão ou estendidos numa cama de hospital ou subjugados pela escravidão da droga, esteja frio ou calor, faça chuva ou sol, não desistem e continuam a lutar para lhes dar o melhor; ou com as mães que, nos campos de refugiados ou até no meio da guerra, conseguem abraçar e sustentar, sem hesitação, o sofrimento dos seus filhos. Mães que dão, literalmente, a vida para que nenhum dos filhos se perca. Onde estiver a mãe, há unidade, há sentido de pertença: pertença de filhos“.

“A devoção a Maria não é galanteria espiritual, mas uma exigência da vida cristã. Olhando para a Mãe, somos encorajados a deixar tantas bagatelas inúteis e reencontrar aquilo que conta”.

Papa Francisco

Na homilia da Festa deste ano, Francisco disse: “A devoção a Maria não é galanteria espiritual, mas uma exigência da vida cristã. Olhando para a Mãe, somos encorajados a deixar tantas bagatelas inúteis e reencontrar aquilo que conta. O dom da Mãe, o dom de cada mãe e cada mulher é tão precioso para a Igreja, que é mãe e mulher. E, enquanto o homem muitas vezes abstrai, afirma e impõe ideias, a mulher, a mãe sabe guardar, fazer a ligação no coração, vivificar. Porque a fé não se pode reduzir apenas a ideia ou a doutrina; precisamos, todos, de um coração de mãe que saiba guardar a ternura de Deus e ouvir as palpitações do homem. A Mãe, autógrafo de Deus sobre a humanidade, guarde este Ano e leve a paz de seu Filho aos corações, aos nossos corações, e ao mundo inteiro. E, como filhos d’Ela, convido-vos a saudá-La hoje, simplesmente, com a saudação que os cristãos de Éfeso pronunciavam diante dos seus Bispos: ‘Santa Mãe de Deus!’ “.

Rosário

No final das celebrações do centenário das aparições de Nossa Senhora, no ano passado, em Fátima, Portugal, Papa Francisco enviou mensagem em vídeo sublinhando a importância da oração do rosário. “Quero vos dar um conselho: Nunca deixeis o Rosário; Nunca deixeis o Rosário, rezai o Rosário, como Ela o pediu”, expressou o Pontífice. Na verdade, durante as celebrações, ele visitou a cidadezinha portuguesa onde presidiu a primeira Peregrinação Aniversária Internacional do Centenário e também canonizou dois dos pastorezinhos videntes da Virgem, os agora Santos Jacinta e Francisco Marto. “Ide em frente. E nunca vos afasteis da Mãe. Como uma criança que está junto a sua mãe e se sente segura, assim também nós ao lado da Virgem nos sentimos muito seguros. Ela é a nossa garantia”, acrescentou o Papa.

“Quero vos dar um conselho: Nunca deixeis o Rosário; Nunca deixeis o Rosário, rezai o Rosário, como Ela o pediu”.

Papa Francisco

Conforme registrou a agência de notícias Zenit, em agosto do ano passado, o Papa voltou ao tema durante saudção feita aos peregrinos presentes na Sala Paulo VI para a Audiência Geral, e depois da catequese convidou aos peregrinos italianos: “Não esqueçam de rezar cada dia o terço”. Aos Jovens Santo Padre disse: “Caríssimos, elevemos o olhar ao Céu para contemplar o esplendor da Santa Mãe de Deus, que na última semana recordamos na sua Assunção, e ontem a invocamos como nossa Rainha. Cultivem em relação a ela uma devoção sincera, para que esteja ao vosso lado na cotidiana existência”.  Ao dirigir-se aos peregrinos de língua alemã, o Santo Padre recordou que nestes dias “contemplamos Maria Rainha do Céu”: “Cristo tornou sua mãe partícipe de sua vitória sobre a morte. Confiemo-nos a Mãe Celeste para que, como ela, ao final de nosso caminho terreno, possamos alcançar a meta da nossa vida, segundo o projeto de Deus”.

Naquela mesma ocasião, uma saudação mariana também foi dirigida aos poloneses: “Dentro de poucos dias, sábado e domingo próximo, muitos de vós, pessoal ou espiritualmente, se reunirão na assim chamada ‘Caná Polonesa’, o vosso Santuário nacional em Jasna Góra, para celebrar a Solenidade da bem-aventurada Maria Virgem de Częstochowa e o terceiro centenário da coroação de sua efígie milagrosa. Apresentando-vos diante do rosto da vossa Mãe e Rainha, colocai-vos em escuta atenta da sua palavra: ‘Fazei tudo o que ele vos disser’. Que ela seja para cada um de vós uma indicação na formação da consciência, no colocar ordem na vida pessoal e familiar, na construção do futuro da sociedade e da nação”.

Fonte: http://www.cnbb.org.br

 

Na manhã de terça-feira (01/05), dia dedicado a São José Operário, Francisco refletiu sobre a figura deste ‘homem do silêncio’ e alertou os jornalistas: “Não devemos fazer o bem de quem nos ouve, mas educá-los a pensar e a julgar”.

Cidade do Vaticano

Na manhã de terça-feira (01/05), o Papa Francisco recebeu em audiência especial no Vaticano cerca de 400 funcionários do jornal italiano católico ‘Avvenire’ e seus familiares. O cotidiano foi fundado em Milão há 50 anos.

No dia dedicado a São José Operário, Francisco presenteou o grupo com uma reflexão sobre a figura deste santo trabalhador definindo-o ‘homem do silêncio’.

O silêncio e a dignidade atribuída pelo trabalho

Lembrando que “o silêncio pode parecer como a antítese do comunicador”, o Papa iniciou afirmando que “o silêncio de José é habitado pela voz de Deus e gera a obediência da fé”.
“Homem justo, capaz de se doar ao sonho de Deus, José se encarrega das pessoas e situações que a vida lhe confia: é um educador e pai que sabe fazer crescer a vida, acompanhar as pessoas e transmitir o trabalho”, prosseguiu.

“A dignidade humana não se relaciona ao dinheiro, à visibilidade ou ao poder, mas ao trabalho”, frisou, comparando a marcenaria de José à redação deste jornal, onde o trabalho teve que ser reorganizado e harmonizado com as novas tecnologias e a colaboração com as outras mídias ligadas à Conferência Episcopal Italiana.

O Evangelho anunciado como beleza e bem comum

“Neste panorama, a Igreja sente que sua voz não pode faltar, fiel à missão que a chama ao anúncio do Evangelho da misericórdia. A mídia oferece enormes potencialidades para contribuir na cultura do encontro”, destacou, convidando os jornalistas, por um momento, a focarem a comunicação como verdade, beleza e bem comum.

O marceneiro de Nazaré nos convida a reencontrar o sentido da saudável lentidão, da calma e da paciência: “Com o seu silêncio, nos recorda que tudo tem início com a escuta, para abrir-se à palavra e à história do próximo”, ressaltou Francisco. 

“ É o diálogo a vencer o medo e a Igreja deve ser seu artífice ”

O Papa dirigiu algumas recomendações aos ‘amigos do Avvenire’: “Não se cansem de buscar a verdade com humildade; escutem, aprofundem, comparem. Contribuam para superar contraposições estéreis e prejudiciais e sejam companheiros de quem se dedica à justiça e à paz”.

Ninguém é 'excesso'

“Desejo que vocês saibam afinar e defender esta visão; que superem a tentação de não ver, afastar ou excluir. Encorajo-os a não discriminar, a não considerar ninguém como ‘excesso’, a não se contentarem do que os outros já veem. Que ninguém, além dos pobres, dos últimos e dos sofredores, dite a sua agenda. Não aumentem a fila daqueles que contam a parte de realidade já iluminada pelos refletores. Comecem pelas periferias, conscientes de que não são o fim, mas início da cidade”.

Francisco mencionou um discurso feito por Paulo VI em 1971 aos comunicadores: “Não devemos fazer o bem de quem nos ouve, mas educá-los a pensar e a julgar”. E neste sentido, encorajou os jornalistas a evitar a informação de fácil consumo, que não compromete; a aproximar-se das pessoas com respeito e a apostar em relações que constituem e reforçam as comunidades.

Amor pela causa

“Nada cria proximidade como a misericórdia”, frisou, concluindo com outras palavras de Paulo VI: “Temos que ter um grande amor pela causa, dizer que acreditamos no que fazemos e no que queremos fazer.” Fonte: www.vaticannews.va

No Dia do Trabalhador e de São José Operário, repropomos alguns pronunciamentos do Papa Francisco a respeito do trabalho e do trabalhador.

Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano

“Celebramos São José trabalhador, recordando-nos sempre que o trabalho é um elemento fundamental para a dignidade da pessoa humana.”

Esta é a mensagem do Papa Francisco a seus seguidores no Twitter no dia em que a Igreja recorda a memória litúrgica de São José e Dia do Trabalhador.

Trabalho significa amar

“Trabalho quer dizer dignidade, trabalho significa trazer o pão para casa, trabalho quer dizer amar!” (visita pastoral a Cagliari, 22 de setembro de 2013).

Foram muitos os discursos pronunciados pelo Papa Francisco a respeito do trabalho. O Pontífice não se cansa de pedir dignidade para os trabalhadores, igualdade na retribuição salarial entre homens e mulheres e respeito pelos direitos conquistados.

Para Francisco, é urgente um novo pacto social humano, um novo pacto social para o trabalho, que diminua as horas de trabalho de quem está na última fase laboral, a fim de criar trabalho para os jovens que têm o direito-dever de trabalhar. “O do trabalho é o primeiro dom dos pais e das mães aos filhos e às filhas, é o primeiro patrimônio de uma sociedade. É o primeiro dote com o qual os ajudamos a levantar voo para a vida adulta.” (Discurso aos delegados da Confederação Italiana Sindical dos Trabalhadores, 28 de junho de 2017)

Mulher trabalhadora

Aos empresários, o Pontífice pede uma atenção especial para a qualidade da vida laboral dos funcionários, que são o recurso mais precioso de uma empresa; em particular, para favorecer a harmonização entre trabalho e família.

“Penso sobretudo nas trabalhadoras: o desafio é tutelar, ao mesmo tempo, quer o seu direito a um trabalho plenamente reconhecido quer a sua vocação à maternidade e à presença na família. Quantas vezes, quantas vezes ouvimos que uma mulher foi ter com o chefe para lhe dizer: ‘Tenho que lhe comunicar que estou grávida’ — ‘A partir do fim de mês já não vais trabalhar’. A mulher deve ser preservada, ajudada neste duplo trabalho: o direito a trabalhar e o direito à maternidade.” (Discurso à União Cristã de Empresários Dirigentes, 31 de outubro de 2015)

Precariedade

“Sem trabalho não há dignidade”, recorda o Papa, mas “nem todos os trabalhos são trabalhos dignos. Há trabalhos que humilham a dignidade das pessoas, os que nutrem as guerras com a construção de armas, que vendem o corpo para a prostituição e que exploram os menores.”

Francisco denuncia de modo contundente também o trabalho precário: “É uma ferida aberta para muitos trabalhadores, que vivem no medo de perder o próprio trabalho. Precariedade total. Isso é imoral. Isso mata: mata a dignidade, mata a saúde, mata a família, mata a sociedade” (videomensagem para a Semana Social da Conferência Episcopal Italiana 26 de outubro de 2017).

Prioridade humana

Por isso, reitera o Pontífice, mundo do trabalho é uma prioridade humana. “Por conseguinte, é uma prioridade cristã, nossa, e inclusive uma prioridade do Papa. Porque se origina daquele primeiro mandamento que Deus deu a Adão: «Vai, faz crescer a terra, trabalha a terra, domina-a». Sempre houve uma amizade entre a Igreja e o trabalho, a partir de Jesus trabalhador. Onde houver um trabalhador ali estarão o interesse e o olhar de amor do Senhor e da Igreja. Penso que isto é claro. (visita pastoral a Gênova, 27 de maio de 2017). Fonte: www.vaticannews.va

As crianças são curiosas e no mundo virtual encontram tantas coisas ruins. Portanto, é necessário ajudar os jovens a não se tornarem prisioneiros desta curiosidade. É a advertência que o Papa lançou nesta manhã na Missa na Casa Santa Marta. Em vez disso, Francisco exorta a pedir o Espírito Santo que dá certeza.

Cidade do Vaticano

Saber discernir entre as curiosidades boas e as curiosidades más e abrir o coração ao Espírito Santo que dá certeza. Estas são as duas exortações que o Papa Francisco abordou na homilia da missa na Casa Santa Marta nesta segunda-feira (30/04/2018), a partir do Evangelho de hoje (Jo 14, 21-26). De fato, no Evangelho há um diálogo entre Jesus e os discípulos, que o Papa define como "diálogo entre as curiosidades e a certeza".

Na homilia o Papa explica a diferença entre as curiosidades boas e as más, porque "a nossa vida está cheia de curiosidades". Como exemplo de curiosidade boa, refere-se às crianças quando estão na chamada "idade do por quê". Elas perguntam, por quê, quando estão crescendo, percebem coisas que não entendem, estão procurando uma explicação. Essa é uma boa curiosidade, porque serve para crescer e "ter mais autonomia" e é também uma "curiosidade contemplativa", porque "as crianças vêem, contemplam, não entendem e perguntam".

"As fofocas" são, ao invés, uma curiosidade não boa, "patrimônio de mulheres e homens", mesmo que alguém afirme que os homens são "mais fofoqueiros do que as mulheres". A curiosidade má consiste em querer "cheirar a vida dos outros" - explica o papa - em "tentar ir a lugares que acabam sujando outras pessoas", em fazer entender coisas que você não tem o direito de conhecer. Este tipo de curiosidade má "nos acompanha por toda a vida: é uma tentação que sempre teremos": é a advertência do Papa.

Não ter medo, mas ter cuidado: "isso eu não pergunto, isso eu não olho, isso eu não quero". E tantas curiosidades, por exemplo, no mundo virtual, com os celulares e coisas do gênero ... As crianças vão ali e ficam curiosas para ver; e encontram ali muitas coisas ruins. Não há disciplina nessa curiosidade. Devemos ajudar as crianças a viver neste mundo, para que o desejo de conhecer não seja o desejo de ser curiosa, e acabem prisioneiras dessa curiosidade.

A curiosidade dos Apóstolos no Evangelho, porém, é boa: eles querem saber o que acorrerá, e Jesus responde dando certezas, "nunca engana", prometendo a eles o Espírito Santo que - afirma - "ensinará tudo a vocês e recordará tudo o que eu lhes disse".

A certeza nos dará o Espírito Santo na vida. O Espírito Santo não vem com um pacote de certezas e você aceita. Não. Na medida em que caminhamos na vida e pedimos ao Espírito Santo, abrindo o coração, ele nos dá a certeza para aquele momento, a resposta para aquele momento. O Espírito Santo é o companheiro, companheiro de caminho do cristão.

De fato, o Espírito Santo "recorda as palavras do Senhor iluminando-as" e este diálogo à mesa com os Apóstolos, que é "um diálogo entre curiosidade humana e certezas", termina precisamente com esta referência ao Espírito Santo, "companheiro da memória", que "conduz aonde há a felicidade fixa, que não se move". Francisco exorta, portanto, a ir aonde há a verdadeira alegria com o Espírito Santo, que ajuda a não cometer erros:

Peçamos ao Senhor duas coisas hoje: primeiro, de nos purificar ao aceitar as curiosidades – há curiosidades boas e não tão boas - e saber discernir: não, isso eu não devo ver, isso eu não devo ver, isso não devo perguntar. E segunda graça: abrir o coração ao Espírito Santo, porque ele é a certeza, nos dá a certeza, como companheiro de caminho, das coisas que Jesus nos ensinou, e nos faz recordar tudo. Fonte: www.vaticannews.va

"Alguns pensam: Mas não será um pouco entediante estar ali toda a eternidade? Não: o céu não é isso. Nós caminhamos rumo a um encontro: o encontro definitivo com Jesus", disse o Papa na homilia.

Adriana Masotti - Cidade do Vaticano

O Papa Francisco celebrou na manhã desta sexta-feira (27/04) a missa na capela da Casa Santa Marta e dedicou sua homilia à Primeira Leitura. Trata-se do trecho dos Atos dos apóstolos, com o discurso de Paulo na sinagoga de Antioquia.

Os habitantes de Jerusalém, e os seus chefes, diz o Apóstolo, não reconheceram Jesus, mas Ele ressuscitou depois de morto. E assim conclui: “Nós vos anunciamos que a promessa que Deus fez aos antepassados, ele a cumpriu para nós, seus filhos, quando ressuscitou Jesus”.

Fidelidade de Deus

Tendo no coração esta promessa de Deus, prosseguiu o Papa, o povo se colocou em caminho com a segurança de saber que era o “povo eleito”. O povo, com frequência infiel, “confiava na promessa, porque sabia que Deus é fiel”. Por isso ia avante, confiante na fidelidade de Deus.

Também nós estamos em caminho: nós estamos em caminho. Estamos em caminho… e quando fazemos esta pergunta – “Sim, em caminho: mas em caminho para onde?” – “Sim, para o céu!” – “E o que é o céu?”. E ali começamos a escorregar nas respostas, não sabemos bem como dizer “o que é o céu”. E muitas vezes pensamos num céu abstrato, um céu distante, um céu… sim, ali se está bem. Alguns pensam: “Mas será um pouco entediante estar ali toda a eternidade?”. Não: o céu não é isso. Nós caminhamos rumo a um encontro: o encontro definitivo com Jesus. O céu é o encontro com Jesus.
Um encontro que nos fará alegrar para sempre, afirmou Francisco, “Jesus, Deus e homem; Jesus, em corpo e alma, nos espera”.

Tende fé em mim também

Para Francisco, devemos pensar nisto: “Eu estou caminhando na vida para encontrar Jesus. E o que faz Jesus enquanto isso? Ele não está sentando me esperando, mas, como diz o Evangelho, trabalha para nós. Ele mesmo diz: ‘Tende fé em mim também’, ‘Vou preparar um lugar para vós’”.

“E qual é o trabalho de Jesus? A intercessão. A oração de intercessão”, explicou o Papa.

Jesus reza por mim, por cada um de nós. Mas isso devemos repeti-lo para nos convencer: Ele é fiel e Ele reza por mim. Neste momento.

Francisco recordou as palavras de Jesus na Última Ceia, quando promete a Pedro: “Eu rezarei por ti”. “O que ele disse a Pedro diz a todos nós: ‘Eu rezo por ti’”.

E cada um de nós deve dizer: “Jesus está rezando por mim”, está trabalhando, está preparando aquele lugar. E Ele é fiel; Ele é fiel: o fará porque prometeu. O céu será este encontro, um encontro com o Senhor que foi ali preparar o lugar, o encontro com cada um de nós. E isso nos dá confiança, faz crescer a confiança.

Jesus é o sacerdote intercessor até o final do mundo, lembrou o Papa, que concluiu: “Que o Senhor nos dê esta consciência de estar em caminho com esta promessa. O Senhor nos dê esta graça: de olhar para o alto e pensar: ‘O Senhor está rezando por mim”. www.vaticannews.va

"Sem amor, a Igreja não vai para frente, a Igreja não respira. Sem o amor, não cresce, se transforma numa instituição vazia, de aparências, de gestos sem fecundidade", disse Francisco na missa matutina.

Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano

Jesus nos ensina o amor com a Eucaristia; nos ensina o serviço com o lava-pés; e nos diz que um servo jamais está acima do seu senhor. Estes três elementos são o fundamento da Igreja. Foi o que disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã de quinta-feira (26/04/2018) na capela da Casa Santa Marta. O Pontífice comentou o Evangelho do dia, no qual João refere as palavras de Jesus depois do lava-pés.

Na Última Ceia, explicou o Papa, Jesus se despede dos discípulos com um discurso longo e belo e “faz dois gestos que são instituições”. Dois gestos para os discípulos e para a Igreja que virá, “que são o fundamento, por assim dizer, da sua doutrina”. Jesus “dá de comer o seu corpo e de beber o seu sangue”, isto é, institui a Eucaristia, e faz o lava-pés. “Desses gestos nascem os dois mandamentos – explicou Francisco – que farão crescer a Igreja se formos fiéis”.

Amor sem limites

O primeiro é o mandamento do amor: não somente “amar o próximo como a si mesmo”, mas um passo a mais: “amar o próximo como eu os amei”.

“ O amor sem limites. Sem isto, a Igreja não vai para frente, a Igreja não respira. Sem o amor, não cresce, se transforma numa instituição vazia, de aparências, de gestos sem fecundidade. Ir ao seu corpo: Jesus diz como devemos amar, até o fim. ”

Depois, o segundo novo mandamento, que nasce do lava-pés: “servir uns aos outros”, lavar os pés uns aos outros, como eu os lavei. Dois novos mandamentos e uma única advertência: “vocês podem servir, mas enviados por mim. Não estão acima de mim.

Humildade simples e verdadeira

De fato, Jesus esclarece: o servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o enviou”. Assim é a humildade simples e verdadeira, não a humildade fingida.

A consciência de que Ele é maior do que todos nós, e nós somos servos, e não podemos ultrapassar Jesus, não podemos usar Jesus. Ele é o Senhor, não nós. Este é o testamento do Senhor. Ele se dá de comer e beber e nos diz: amem-se assim. Lava os pés e nos diz: sirvam assim, mas estejam atentos, um servo jamais é maior que aquele que o enviou, do senhor. São palavras e gestos contundentes: é o fundamento da Igreja. Se formos avante com essas três coisas, nunca vamos errar.

Os mártires e os muitos santos, prosseguiu o Papa, foram avante assim: “com esta consciência de ser servos”.

Subordinação

E depois Jesus insere outra advertência: “Eu conheço aqueles que escolhi” e diz: “Mas sei que um de vocês me trairá”. Por isso, Francisco conclui convidando todos, num momento de silêncio, a deixar-se olhar pelo Senhor:

“ É deixar que o olhar de Jesus entre em mim. Sentiremos tantas coisas: sentiremos amor, sentiremos talvez nada... ficaremos bloqueados ali, sentiremos vergonha. Mas deixar sempre que o olhar de Jesus venha. O mesmo olhar com o qual olhava, naquela noite, os seus na ceia. Senhor conhece, sabe tudo. ”

Amor até o fim, finalizou o Papa, serviço, e “vamos usar uma palavra um pouco militar, mas que é útil: subordinação, isto é, Ele é o maior, eu sou servo, ninguém pode passar na sua frente”. Fonte: www.vaticannews.va