O Advento é o tempo que nos foi dado para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, para reconhecê-lo nos irmãos e para aprender a amar. Repropomos algumas catequeses do Papa Francisco para aprofundar o significado deste tempo que dá início ao novo ano litúrgico

Cidade do Vaticano

Neste domingo inicia o Tempo do Advento que terá seu ápice no Natal. No Angelus de 3 de dezembro do ano passado, Papa Francisco explicou que “O Advento é o tempo que nos é concedido para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, também para verificar o nosso desejo de Deus, para olhar em frente e nos preparar ao regresso de Cristo. Ele voltará a nós na festa do Natal, quando fizermos memória da sua vinda histórica na humildade da condição humana; mas vem dentro de nós todas as vezes que estamos dispostos a recebê-lo, e virá de novo no fim dos tempos para ‘julgar os vivos e os mortos’. Por isso, devemos estar vigilantes e esperar o Senhor com a expectativa de o encontrar”.

As três visitas do Senhor

São as três visitas do Senhor à humanidade (Angelus, 27 de novembro de 2016): “A primeira visita foi a Encarnação, o nascimento de Jesus na gruta de Belém; a segunda acontece no presente: o Senhor visita-nos continuamente, todos os dias, caminha ao nosso lado e é uma presença de consolação; por fim, teremos a terceira, a última visita”, o encontro com Cristo no Juízo Final, que o Papa recorda citanto o capítulo 25 do Evangelho de Mateus: “Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim". Na noite da vida seremos julgados no amor.

Atentos e vigilantes para acolher as ocasiões para amar

O convite de Jesus no Tempo do Advento é para estarmos atentos e vigilantes, para não desperdiçar as ocasiões de amor que nos doa: “A pessoa atenta é a que, em meio ao barulho do mundo, não se deixa tomar pela distração ou pela superficialidade, mas vive de maneira plena e consciente, com uma preocupação voltada antes de tudo aos outros. Com esta atitude percebemos as lágrimas e as necessidades do próximo e podemos dar-nos conta também das suas capacidades e qualidades humanas e espirituais”. (Angelus, 3 de dezembro de 2017)

No mundo, mas não do mundo

O Advento nos faz olhar para o céu, mas com os pés na terra: “A pessoa atenta também se preocupa com o mundo, procurando contrastar a indiferença e a crueldade presentes nele, e alegrando-se pelos tesouros de beleza que contudo existem e devem ser preservados. Trata-se de ter um olhar de compreensão para reconhecer quer as misérias e as pobrezas dos indivíduos e da sociedade, quer a riqueza escondida nas pequenas coisas de cada dia, precisamente ali onde nos colocou o Senhor. A pessoa vigilante é a que aceita o convite a vigiar, ou seja, a não se deixar dominar pelo sono do desencorajamento, da falta de esperança, da desilusão; e ao mesmo tempo, rejeita a solicitação de tantas vaidades de que o mundo está cheio e atrás das quais, por vezes, se sacrificam tempo e serenidade pessoal e familiar”. (Angelus, 3 de dezembro de 2017)

“ Estar atentos e vigilantes são os pressupostos para não continuar a ‘desviar para longe dos caminhos do Senhor’, perdidos nos nossos pecados e nas nossa infidelidades; estar atentos e ser vigilantes são as condições para permitir que Deus irrompa na nossa existência, para lhe restituir significado e valor com a sua presença cheia de bondade e ternura ”

As boas batalhas da fé

Com o tempo do Advento recomeça o nosso caminho para o Senhor. Um caminho feito de alegria, mas também de dores, de luz mas também de escuro. O caminho torna-se um combate, é a boa batalha da fé. Papa Francisco afirma: “Deus é mais poderoso e mais forte que tudo. Esta convicção dá ao crente serenidade, coragem e a força de perseverar no bem frente às piores adversidades. Mesmo quando se desencadeiam as forças do mal, os cristãos devem responder ao apelo, de cabeça erguida, prontos a resistir nesta batalha em que Deus terá a última palavra. E será uma palavra de amor e de paz”. (Homilia do Primeiro Domingo do Advento na Catedral de Bangui, 29 de novembro de 2015)

A coisa mais importante é o encontro com o Senhor

O Advento no indica o essencial da vida. “A relação com o Deus que vem visitar-nos confere a cada gesto, a todas as coisas uma luz diversa, uma importância, um valor simbólico. Desta perspetiva vem também um convite à sobriedade, a não sermos dominados pelas coisas deste mundo, pelas realidades materiais, mas antes a governá-las. Se, ao contrário, nos deixarmos condicionar e dominar por elas, não podemos perceber que há algo muito mais importante: o nosso encontro final com o Senhor: e isto é importante. Aquele, aquele encontro. E as coisas de todos os dias devem ter este horizonte, devem ser orientadas para aquele horizonte. Este encontro com o Senhor que vem por nós”. (Angelus, 27 de novembro de 2016)

Maria nos conduz pela mão de Jesus

Papa Francisco confia a humanidade à Maria: “Nossa Senhora, Virgem do Advento, nos ajude a não nos considerarmos proprietários da nossa vida, a não opormos resistência quando o Senhor vem para a mudar, mas a estar preparados para nos deixarmos visitar por Ele, hóspede esperado e agradável mesmo se transtorna os nossos planos". (Angelus, 27 de novembro de 2017). Fonte: www.vaticannews.va

Na manhã deste sábado, 1º de dezembro o Papa recebeu os peregrinos das Dioceses de Ugento e de Molfetta situadas na Itália central. Os peregrinos vieram visitar o Papa em agradecimento pela visita que o Santo Padre fez em abril passado homenageando Dom Tonino Bello.

Jane Nogara - Cidade do Vaticano

"Uma vida 'privada' sem riscos e cheia de medos, que salvaguarda a si mesmos não é uma vida cristã. Não somos feitos para sonos tranquilos, mas para sonhos audaciosos", foi a advertência do Papa ao encontrar os peregrinos do interior da Itália. 

O Papa iniciou o encontro reiterando a atualidade da mensagem de Dom Tonino ao dizer que afirmava: “Por favor, não fiquem triste por nenhuma amargura de casa. Não entristeçam suas vidas”. Quem acredita em Jesus não pode ficar triste; porque “o contrário de um povo cristão é um povo triste”. Sigamos o pensamento de dom Tonino disse o Papa:

“ Não fiquemos tristes: se fizermos isso levaremos o tesouro da alegria de Deus à pobreza do homem de hoje. De fato, quem se entristece fica sozinho e só vê problemas; ao contrário quem coloca o Senhor antes de seus problemas encontra a alegria. Por isso vamos deixar de nos lamentar e ao invés de nos entristecer, comecemos a fazer o contrário: consolar e ajudar”

Advento traz novidades

Ao falar sobre o Advento que inicia neste domingo afirmou que o novo ano litúrgico traz uma novidade do nosso Deus que é o Deus de todas as consolações. Se olharmos dentro de nós mesmos vemos que todas as novidades que chegam não bastam para saciar nossas expectativas: “’Queremos coisas novas porque nascemos para coisas grandes’ escrevia dom Tonino, e é verdade, nascemos para estar com o Senhor, quando ele entra em nós chega a verdadeira novidade, Ele renova e surpreende sempre”.

Mas, adverte o Papa:

“ Não devemos viver de esperas, que talvez não se realizem, mas devemos viver na espera, ou seja desejar o Senhor que sempre traz novidade. É importante saber esperar, e esperar sempre ativos no amor ”

A verdadeira tristeza é quando não se espera mais nada, dizia dom Tonino, e nós cristãos somos chamados a proteger e espalhar a alegria da espera: esperamos Deus que nos ama infinitamente e ao mesmo tempo somos esperados por Ele. Considerando desse modo, parece um namoro. Não estamos sozinhos, Deus nos visita e espera estar conosco sempre".

Evangelho anti-medo

O Papa recordou também aos peregrinos algumas palavras de dom Tonino pronunciadas 30 anos atrás que parecem ter sido escritas hoje: “A vida é cheia de medos, medo do próprio semelhante, do vizinho de casa… medo do outro… medo da violência… medo de não conseguir, medo de não ser aceitos… medo que seja inútil esforçar-se… medo que o mundo não mude… medo de não achar emprego” para isso, continuou o Papa:

“ O Advento responde com o “Evangelho anti-medo”, porque quem tem medo e está abatido, é reanimado pelo Senhor com a sua palavra. E o faz com dois verbos anti-medo, os dois verbos do Advento: reanimai-vos e levantai as vossas cabeças ”

Se o medo o deixa desolado, o Senhor pede que se reanimem, se as negatividades levam a olhar para baixo, Jesus convida a olhar para o céu, de onde ele chegará. Porque não somos filhos do medo, mas filhos de Deus, porque o medo se derrota dominando a si mesmo tendo ao lado Jesus.

Em seguida convidou todos a alargarem seus horizonte a pensarem no sentido da vida:

“ Não se pode ficar sempre no porto seguro, somos chamados a partir. O Senhor chama cada um de nós a entrar em mar aberto. Não nos quer ancorados no porto ou guardiões de faróis, mas navegantes confiantes e corajosos, que seguem rotas inéditas do Senhor, jogando as redes da vida sobre a sua Palavra ”. Fonte: www.vaticannews.va

QUARTA-FEIRA, 28. Papa na Audiência Geral: Decálogo é a "radiografia" de Cristo

"Somente em Cristo o Decálogo deixa de ser condenação, tornando-se “a autêntica verdade da vida humana, isto é, desejo de amor, de alegria, de paz, de magnanimidade, benevolência, bondade, fidelidade, brandura, domínio de si”, disse o Papa Francisco ao concluir sua série de catequeses sobre os Mandamentos.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano ( 28/11/2018)

O Papa Francisco concluiu a série de catequeses sobre os Mandamentos iniciada na Audiência Geral de 23 de junho, usando o tema-chave dos “desejos”, que permite repassar o caminho feito e reassumir as etapas percorridas lendo o texto do Decálogo “à luz da plena revelação em Cristo”. Devido ao frio, o tradicional encontro das quartas-feiras foi realizado na Sala Paulo VI.

Falando aos 7 mil presentes, Francisco recordou que “partimos da gratidão como base da relação de confiança e de obediência: Deus não pede nada antes de ter dado muito. “Ele nos convida à obediência para nos resgatar das idolatrias que tanto poder têm sobre nós”, pois nos esvaziam e nos escravizam, enquanto que, aquilo “que nos dá estatura e consistência é a relação com Ele, que em Cristo nos torna filhos a partir de sua paternidade”.

Chamado à beleza da fidelidade, generosidade e autenticidade

 “Isto – observou – implica um processo de bênção e de libertação, que são o repouso autêntico”: “Esta vida libertada torna-se a aceitação da nossa história pessoal e nos reconcilia com aquilo que vivemos da infância ao presente, fazendo-nos adultos e capazes de dar a justa medida às realidades e às pessoas de nossa vida. Por este caminho entramos na relação com o próximo que, a partir do amor que Deus mostra em Jesus Cristo, é um chamado à beleza da fidelidade, da generosidade e da autenticidade”.

Coração novo

Para isto, temos necessidade de “um coração novo”, que se realiza pelo “dom de desejos novos”, que são “semeados em nós pela graça de Deus, em particular pelos Dez Mandamentos levados ao seu termo por Jesus”, como ensinou no Sermão da Montanha.

“Na contemplação da vida descrita no Decálogo – uma existência agradecida, livre, autêntica, que abençoa,  custódia e amante da vida, fiel, generosa e sincera - nós, quase sem perceber, nos encontramos diante de Cristo”.

Decálogo, “radiografia” de Cristo

O Decálogo – disse o Pontífice – “é a sua “radiografia”, o descreve como um negativo fotográfico que deixa aparecer a sua face – como no Santo Sudário”.

Desta forma, “o Espírito Santo fecunda o nosso coração, colocando nele os desejos que são um dom seu, os desejos do Espírito. Os desejos do Espírito, desejar segundo o Espírito. Desejar no ritmo do Espírito, desejar com a música do Espírito". “E o Espírito gera uma vida que, seguindo esses desejos, suscita em nós a esperança, a fé e o amor”.

Com o Espírito, a lei torna-se vida

Assim, é possível descobrir o que significa que “o Senhor Jesus não veio para abolir a lei”, mas levá-la ao seu cumprimento, para fazê-la crescer."

Se a lei segundo a carne era uma série de prescrições e de proibições, "segundo o Espírito, a lei torna-se vida, “porque não é mais uma norma, mas a própria carne de Cristo, que nos ama, nos procura, nos perdoa, nos consola e no seu Corpo recompõe a comunhão com o Pai, perdida pela desobediência do pecado”:

"E assim (...), a negatividade na expressão do Mandamento: "não roubar, não insultar, não matar", aquele "não", transforma-se em uma atitude positiva: amar, dar lugar aos outros no meu coração, desejos que semeiam positividade. E esta é a plenitude da lei que Jesus veio nos trazer".

Somente em Cristo – explicou o Papa – o Decálogo deixa de ser condenação, tornando-se “a autêntica verdade da vida humana, isto é, desejo de amor. Aqui nasce um desejo de bem, de fazer o bem, desejo de alegria, de paz, de magnanimidade, benevolência, bondade, fidelidade, brandura, domínio de si. Daquele "não" passa-se a este "sim". Atitude positiva de um coração que se abre com a força do Espírito Santo".

Abrir a porta à salvação

“Quando o homem segue o desejo de viver segundo Cristo, então está abrindo a porta à salvação (...). Deus Pai é generoso, tem sede que nós tenhamos sede dele”.

Em contraposição aos maus desejos que arruínam o homem, “o Espírito coloca em nosso coração os seus santos desejos, que são o germe da vida nova”.

A vida nova – disse o Papa – “não é um titânico esforço para sermos coerentes com uma norma, mas o próprio Espírito de Deus que começa a nos guiar até os seus frutos, em uma feliz sinergia entre a nossa alegria de ser amados e a sua alegria de amar-nos. Encontram-se as duas alegrias." 

“Contemplar Cristo para abrir-nos a receber o seu coração, os seus desejos, o seu Santo Espírito”, eis o que é o Decálogo para nós cristãos, disse o Santo Padre ao concluir. Fonte: www.vaticannews.va

"A oração pelos corruptos é que haja um terremoto que os mova a tal ponto que eles percebam que o mundo não começou com eles e não terminará com eles". Foi o que afirmou o Papa Francisco entrevistado pelo padre Marco Pozza no novo episódio do programa 'Ave Maria' transmitido pela TV2000, da igreja italiana.

Silvonei José - Cidade do Vaticano

O Papa Francisco aborda o tema dos corruptos no sétimo episódio do programa "Ave Maria" da TV200. "Se eu dissesse que não sou pecador, seria o mais corrupto", disse em resposta às perguntas de padre Marco Pozza.

Os corruptos

"Maria não pode ser a mãe dos corruptos, porque os corruptos vendem sua mãe - acrescenta o Papa -, vendem a pertença a um povo, vendem a pertença à família. Eles apenas buscam seu próprio lucro econômico, intelectual e político. Fazem uma escolha egoísta, eu diria satânica. Eles fecham a porta por dentro e Maria não pode entrar. Não deixam a mãe entrar ". "Por isso - explica - eles se fecham, não precisam de uma mãe, de um pai, de pertencer a um povo, a uma pátria, a uma família. Vivem no egoísmo e o pai disso, que lhes ensinou isso, é o diabo". A oração pelos corruptos, continua Francisco, "é que haja um terremoto que os mova de tal maneira que percebam que o mundo não começou com eles e não terminará com eles".

Maria acolhe a todos

No entanto, Nossa Senhora acolhe a todos. "Maria - explica ainda Francisco - acompanha o caminho de nós pecadores, cada um com seus pecados e intercede por nós pecadores. Devemos dizer a Maria: "Eu sou um pecador, mas a Senhora cuide de mim". E ela cuida de nós". Em seguida o Papa falou da sua infância. "Minha mãe, falando de nós, 5 filhos, dizia: 'Meus filhos são como os dedos da mão: eles são todos diferentes, mas se dou uma picada em um dos dedos, causa a mesma dor se dou uma picada em outro dedo'".

O programa da TV2000 inspirou o livro "Ave Maria", do Papa Francisco. Publicado por Rizzoli e pela Livraria Editora Vaticana, foi traduzido em 10 idiomas e está sendo publicado em 22 países. Fonte: www.vaticannews.va

O Papa Francisco, na homilia na Missa na Casa Santa Marta, fala de nosso fim e do fim do mundo, "a colheita" do livro do Apocalipse. "Como será o meu fim? Como eu gostaria que o Senhor me encontrasse quando me chamar? Pensar nisso é sábio e nos ajuda a ir em frente, até o encontro com Deus, uma prestação de contas mas também um momento de "alegria".

Alessandro Di Bussolo - Cidade do Vaticano (27/11/2018)

"Como será o meu fim? Como eu gostaria que o Senhor me encontrasse quando me chamar?" É sábio pensar no fim", “nos ajuda a seguir em frente”,  a fazer um exame de consciência sobre que coisas eu deveria corrigir e quais “levar em frente porque são boas".

O Papa Francisco dedicou sua homilia matutina na Casa Santa Marta, ao fim do mundo e da própria vida, porque "nesta última semana do ano litúrgico, a Igreja nos faz refletir sobre isso, e “é uma graça", comenta Papa, "porque não gostamos de pensar no fim", "adiamos esta reflexão sempre para amanhã”.

Na primeira leitura, tirada do livro do Apocalipse, São João fala do fim do mundo "com a figura da colheita", com Cristo e um Anjo armado com uma foice. Quando chegar nossa hora, prossegue Francisco, deveremos "mostrar a qualidade do nosso trigo, a qualidade da nossa vida". E acrescenta: "Talvez alguém entre vocês diga: 'Padre, não seja tão sombrio, que estas coisas não nos agradam ...', mas é a verdade":

“É a colheita, onde cada um de nós se encontrará com o Senhor. Será um encontro e cada um de nós dirá ao Senhor: "Esta é a minha vida. Este é meu trigo. Esta é minha qualidade de vida. Errei? "- todos deveremos dizer isso, porque todos erramos - "Fiz coisas boas" - todos fazemos coisas boas; e um pouco mostrar ao Senhor o trigo”.

O que eu diria, pergunta-se ainda o Pontífice, "se hoje o Senhor me chamasse? 'Ah, nem percebi, eu estava distraído ...'. Nós não sabemos nem o dia nem a hora. 'Mas padre, não fale assim que eu sou jovem' - 'Mas olha quantos jovens partem, quantos jovens são chamados ...'. Ninguém tem a própria vida assegurada ".

Em vez disso, é certo que todos nós teremos um fim. Quando? Somente Deus o sabe:

“Nos fará bem nesta semana pensar no fim. Se o Senhor me chamasse hoje, o que eu faria? O que eu diria? Que trigo eu mostraria a ele? o pensamento do fim nos ajuda a seguir em frente; não é um pensamento estático: é um pensamento que avança  porque é levado em frente pela virtude, pela esperança. Sim, haverá um fim, mas esse fim será um encontro: um encontro com o Senhor. É verdade, será uma prestação de contas daquilo que fiz, mas também será um encontro de misericórdia, de alegria, de felicidade. Pensar no fim, no final da criação, no fim da própria vida é sabedoria; os sábios fazem isso”.

Assim, conclui o Papa Francisco, a Igreja convida-nos esta semana a nos perguntarmos "como será o meu fim? Como eu gostaria que o Senhor me encontrasse quando ele me chamar? Devo fazer  "um exame de consciência" e avaliar "que coisas eu deveria corrigir, porque não estão bem? Que coisas devo apoiar e levar em frente porque são boas? Cada um de nós tem tantas coisas boas!". E neste pensamento não estamos sozinhos: "há o Espírito Santo que nos ajuda":  

“Esta semana peçamos ao Espírito Santo a sabedoria do tempo, a sabedoria do fim, a sabedoria da ressurreição, a sabedoria do encontro eterno com Jesus; que nos faça entender essa sabedoria que existe na nossa fé. Será um dia de alegria o encontro com Jesus. Rezemos para que o Senhor nos prepare. E cada um de nós, esta semana, termine a semana pensando no final: "Eu acabarei. Eu não permanecerei eternamente. Como gostaria de acabar?”. Fonte: www.vaticannews.va

Em conversa franca e aberta com os seminaristas de Agrigento, Sicília, o Papa Francisco falou sobre a importância do relacionamento do sacerdote com o bispo, de que "não se pode viver o sacerdócio sem uma missão", e alertou que "o clericalismo é a nossa pior perversão" e que "a fofoca, a tagarelice, é a peste do presbitério."

Cidade do Vaticano

Na manhã de sábado, 24, o Papa Francisco encontrou 40 seminaristas da Diocese de Agrigento, Sicília. Deixando de lado o discurso preparado previamente, o Papa Francisco preferiu falar de forma espontânea, segundo a inspiração do momento. Eis a íntegra de suas palavras:

“Há um discurso preparado, com o ícone dos discípulos de Emaús, que vocês podem ler em casa tranquilos e meditar em paz. Eu o entrego ao reitor. Eu me sentirei mais confortável falando um pouco espontaneamente.

Naquele discurso, a última palavra era a "missão". Gostei do que o Reitor disse sobre o horizonte da Albânia. Porque a missão, é verdade, é algo que o Espírito nos impele a sair, sair, sempre sair; mas se não há horizonte apostólico, há o perigo de errar e sair não para levar uma mensagem, mas para "passear", isto é, sair mal.

O diálogo com o bispo

Em vez de fazer um caminho de força, sair de si mesmo, está fazendo o labirinto, de onde não se consegue nunca encontrar um caminho, ou errar o caminho!

"Como posso ter certeza de que minha saída apostólica é aquela que o Senhor quer, aquela que o Senhor quer de mim, quer na formação como depois?" Existe o bispo! O bispo é aquele que em nome de Deus diz: "Este é o caminho". Você pode ir ao bispo e dizer: "Eu sinto isto", e ele vai discernir se é isso ou não. Mas, definitivamente, quem dá a missão é o bispo.

Por que eu digo isso? Não se pode viver o sacerdócio sem uma missão. O bispo dá somente um encargo - "se ocupe desta paróquia", como o chefe de um banco dá tarefas aos empregados? não! O bispo dá uma missão: "Santifica aquelas pessoas, leva Cristo àquelas pessoas". É outro nível. É por isso que é importante o diálogo com o bispo: aqui eu queria chegar ao diálogo com o bispo.

O bispo deve conhecer vocês assim como são: cada um tem a própria personalidade, a própria maneira de sentir, seu modo de pensar, suas virtudes, seus defeitos ... O bispo é pai! É pai que ajuda a crescer, é  pai que prepara para a missão. E quanto mais o bispo conhece o sacerdote, tanto menor será o perigo de errar na missão que ele dará. Não pode ser um bom padre sem um diálogo filial com o bispo. Isso é algo não negociável, como agrada dizer a alguém. "Não, eu sou um empregado da Igreja". Você errou. Aqui há um bispo, não há uma assembleia onde se negocia o lugar.

Há um pai que faz a unidade: assim Jesus quis as coisas. Um pai que faz a unidade. É lindo quando Paulo escreve a Tito, a Tito que deixou em Creta, para "organizar" as coisas. E ele diz as virtudes dos presbíteros, do bispo e dos leigos, também dos diáconos. Mas deixa o bispo para organizar: organizar no Espírito, que não equivale a organizar no organograma. A Igreja não é um organograma. É verdade que às vezes usamos um organograma para ser mais funcionais, mas a Igreja vai além do organograma, é outra coisa: é a vida, a vida "organizada" no Espírito Santo.

E quem está no lugar do pai? O bispo. Ele não é o dono da empresa, o bispo, não. Ele não é o patrão. Ele não é aquele que manda: "aqui mando eu", alguns obedecem, outros fingem obedecer e outros não fazem nada. Não, o bispo é o pai, é fecundo, é aquele quem gera a missão. Esta palavra missão, que eu quis pegar, é carregada, carregada com a vontade de Jesus, é carregada com o Espírito Santo. Por isso, eu recomendo, do seminário aprendam a ver no bispo que foi colocado ali para ajudá-los a crescer, a ir em frente e para acompanhar vocês nos momentos de apostolado: nos bons momentos, nos momentos maus, mas acompanhar sempre; nos momentos de sucesso, nos momentos das derrotas que vocês sempre terão na vida, todos ... Isso é algo muito, muito importante.

Deixar-se formar

Outra coisa, é a do barro do oleiro. Gosto de pegar Jeremias. Ele diz: quando o vaso não está bom, o oleiro o faz de novo. Enquanto se está fazendo o vaso e há algo errado, há tempo para retomar tudo e recomeçar; mas uma vez cozido ... Por favor, deixem-se formar. Não são caprichos aquilo que pedem os formadores. Se vocês não estão de acordo, falem sobre isso. Mas sejam homens, e não crianças, homens, corajosos e digam ao reitor: "Eu não concordo com isso, não entendo isso.”

Isso é importante, para dizer o que você sente. Assim se pode formar sua personalidade, para ser verdadeiramente um vaso cheio de graça. Mas se você permanecer calado e não dialogar, não contar suas dificuldades, não contar suas ansiedades apostólicas e tudo aquilo que queres, um homem calado, uma vez "cozido", não se pode mudar. E toda a vida é assim. É verdade que às vezes não é agradável que o oleiro intervenha decisivamente, mas é para o seu próprio bem. Deixem-formar, deixem-se formar. Antes de cozimento, porque assim vocês serão bravos.

Espiritualidade do clero diocesano

E depois, outras duas coisas. Qual é a espiritualidade do clero diocesano? Como dizia aquele padre aos religiosos: "Eu tenho a espiritualidade da congregação religiosa que fundou São Pedro". A espiritualidade do clero diocesano, qual é? É a diocesanidade.

A diocesanidade tem três endereços, três relações. O primeiro é a relação com o bispo, mas já falei bastante sobre isso. A primeira relação: não se pode ser um bom sacerdote diocesano sem a relação com o bispo. Segundo: a relação no presbitério. Amizade entre vocês. É verdade que não pode ser amigo íntimo de todos, porque não somos iguais, mas bons irmãos sim, que se querem bem.

E qual é o sinal de que em um presbitério há irmandade, há fraternidade? Qual é o sinal? Quando não há fofocas. A fofoca, a tagarelice, é a peste do presbitério. Se você tem algo contra ele, diga isso na sua cara. Diga de homem para homem! Mas não fale nas costas, isto não é de homem! Não digo como homem espiritual, não, não, simplesmente como homem.

Quando não há tagarelice em um presbitério, quando essa porta está fechada, o que acontece? Bem, há um pouco de barulho, nas reuniões se dizem as coisas na cara, “eu não concordo!", se levanta um pouco a voz ... Mas como irmãos! Em casa, nós irmãos brigávamos assim. Mas na verdade. E depois, cuidar dos irmãos, querer-se bem. "Sim, padre, mas o senhor sabe, esse outro me é antipático...". Mas eu também tenho muitos que me são antipáticos e eu sou antipático para alguém, isso é uma coisa natural da vida, mas o nível de nossa consagração nos leva a outra coisa, a ser harmonioso, a estar em harmonia. Esta é uma graça que vocês devem pedir ao Espírito Santo.

Aquela frase de São Basílio - que alguns dizem não ser de São Basílio - no Tratado sobre o Espírito Santo: "Ipse harmonia est", Ele é harmonia. Parece um pouco estranho, o Espírito Santo, porque com os carismas - porque todos vocês são diferentes - ele, por assim dizer, cria uma desordem: todos diferentes. Mas depois tem o poder de fazer daquela desordem uma ordem mais rica, com tantos carismas diferentes que não anulam a personalidade de ninguém. O Espírito Santo é o que faz a unidade: a unidade no presbitério.

O relacionamento com o bispo, o relacionamento entre vocês. Sinal negativo: a fofoca. Nada de tagarelice. Sinal positivo: dizer as coisas claras, discutir, até mesmo irritar-se, mas isso é saudável, isso é dos homens. A fofoca é covarde.

O relacionamento com o bispo, a relação entre você e o terceiro: o relacionamento com o povo de Deus. Nós somos chamados pelo Senhor para servir ao Senhor. Senhor no povo de Deus. Antes ainda, fomos tirados do povo de Deus! Isso ajuda muito! A memória, aquela de Amós, quando  diz: "Você é um profeta ...". - eu? Qual profeta? Eu fui tirado de trás do rebanho, eu era um pastor ... Cada um de nós foi tirado do povo de Deus, foi escolhido e não podemos esquecer de onde viemos.

Porque muitas vezes, quando nos esquecemos disso, caímos no clericalismo e esquecemos o povo do qual viemos. Por favor, não se esqueçam da mãe, do pai, da avó, do avô, do povoado, da pobreza, das dificuldades das famílias: não se esqueça deles! O Senhor tirou vocês dali, do povo de Deus, pois com isso, com esta memória, vocês saberão falar ao povo de Deus, como servir ao povo de Deus. O sacerdote que vem do povo e não se esquece de que é tirado do povo por Deus, da comunidade cristã, a serviço do povo. "Mas não, eu esqueci, agora me sinto um pouco superior a todos ...". O clericalismo, caríssimos, é a nossa pior perversão. O Senhor quer vocês pastores, pastores do povo, não clérigos de Estado.

Esta é a espiritualidade [do sacerdote diocesano]: a relação com o bispo, a relação entre você e o contato, a relação com o povo de Deus na memória - de onde eu venho - e no serviço - para onde vou.

E como se faz crescer isso? Com a vida espiritual. Vocês têm um pai espiritual: abram seu coração ao pai espiritual. E ele vai  ensinar vocês como rezar, a oração; como amar Nossa Senhora ...: não se esqueçam disso, porque Ela está sempre próxima à vocação de cada um de vocês. A conversa com o pai espiritual. Que não é um inspetor da consciência, é alguém que, em nome do bispo, ajuda você a crescer. Vida espiritual.

Obrigado pela visita. Esqueci de trazer um livrinho que que queria dar para vocês, mas vou enviá-lo pelo bispo, para cada um de vocês. E rezem por mim e eu rezarei por vocês. Não se esqueçam disso: a espiritualidade do clero diocesano. Coragem! Fonte: www.vaticannews.va

O Evangelho desta segunda-feira (Lc 21,1-4) inspirou a homilia do Papa Francisco na Casa Santa Marta, em que advertiu para a "doença do consumismo".

Debora Donnini - Cidade do Vaticano (26/11/2018)

O Papa começou a semana celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta. Na homilia, o Pontífice comentou o Evangelho do dia, onde há um contraste entre ricos e pobres.

O Papa destacou como muitas vezes no Evangelho Jesus faz este contraste e alguém poderia “etiquetar” Cristo como “comunista”, mas “o Senhor, quando dizia essas coisas, sabia que por trás das riquezas havia sempre o espírito maligno: o senhor do mundo”. Por isso, disse uma vez: “Não se pode servir a dois senhores, servir a Deus e servir às riquezas”.

A generosidade nasce da confiança em Deus

Também no Evangelho de hoje há um contraste entre os ricos que “depositavam ofertas no tesouro” e uma viúva pobre que depositava duas pequenas moedas. Esses ricos são diferentes do rico Epulão: “não são maus”, destacou o Papa. “Parecem ser pessoas boas que vão ao Templo dar uma oferta”. Trata-se, portanto, de um contraste diferente. O Senhor quer nos dizer outra coisa quando afirma que a viúva lançou mais do que todos porque deu “tudo quanto tinha para viver”. “A viúva, o órfão, o migrante, o estrangeiro eram os mais pobres na vida de Israel” a ponto que quando se queria falar dos mais pobres, se fazia referência eles. Esta mulher “deu o pouco que tinha para viver” porque confiava em Deus, era uma mulher das bem-aventuranças, era muito generosa: “dá tudo porque o Senhor é mais que tudo. A mensagem desta trecho do Evangelho é um convite à generosidade”, evidenciou o Papa.

Fazer o bem

Diante das estatísticas da pobreza no mundo, das crianças que morrem de fome, que não têm nada para comer, não têm remédios, tanta pobreza – que se ouve todos os dias nos telejornais e nos jornais – é uma atitude positiva questionar-se: “Mas como posso resolver isto?”. Nasce da preocupação de fazer o bem. E quando uma pessoa que tem um pouco de dinheiro se pergunta se o pouco que tem serve, o Papa responde que sim, “como as duas pequenas moedas da viúva”.

Um chamado à generosidade. E a generosidade é uma coisa de todos os dias, é uma coisa que nós devemos pensar: como posso ser mais generoso com os pobres, com os necessitados... como posso ajudar mais? “mas o senhor sabe, padre, que nós mal chegamos ao final do mês” – “mas sobra alguma pequena moeda? Pense: é possível ser generoso com estas... Pense. As pequenas coisas: façamos, por exemplo, uma viagem nos nossos quartos, uma viagem no nosso armário. Quantos sapatos tenho? Um, dois, três, quatro, 15, 20... cada um pode dizer. Demasiados... Eu conheci um monsenhor que tinha 40... mas se você tem tantos calçados, dê a metade. Quantas roupas que não uso ou uso uma vez por ano? É um modo de ser generoso, de dar o que temos, de compartilhar.

A doença do consumismo

Depois, Francisco contou que conheceu uma senhora que quando fazia compras no supermercado, sempre comprava para os pobres 10% do que gastava: dava o “dízimo” aos pobres, destacou.

Nós podemos fazer milagres com a generosidade. A generosidade das pequenas coisas, poucas coisas. Talvez não fazemos isso porque não pensamos. A mensagem do Evangelho nos faz pensar: como posso ser mais generoso? Um pouco mais, não muito... “É verdade, padre, é assim, mas... não sei porque, mas sempre há o medo...” Mas há outra doença, que é a doença contra a generosidade hoje: a doença do consumismo.

Doença que consiste em comprar sempre coisas. O Papa recordou que quando vivia em Buenos Aires “todo final de semana tinha um programa de turismo-compras”: o avião lotava na sexta à noite e se dirigia a um país a cerca de 10 horas de voo e todo o sábado e parte do domingo ficavam comprando. Depois voltavam.

Uma doença séria, a do consumismo, de hoje! Eu não digo que todos nós fazemos isso, não. Mas o consumismo, o gastar mais do que precisamos, uma falta de austeridade de vida: este é um inimigo da generosidade. E a generosidade material – pensar nos pobres, “isso posso dar para que possam comer, para que se vistam” – essas coisas, tem outra consequência: alarga o coração e o leva à magnanimidade.

Pedir a graça da generosidade

Trata-se, portanto, de ter um coração magnânimo onde todos entram. Concluindo, o Papa exortou a percorrer o caminho da generosidade, iniciando com um “controle em casa”, isto é, pensando “naquilo que não me serve, que servirá a outra pessoa, para um pouco de austeridade”. É preciso pedir ao Senhor “para que nos liberte” daquele mal tão perigoso que é o consumismo, que torna escravos, uma dependência do gastar. “É uma doença psiquiátrica.” O Papa concluiu: “Peçamos esta graça ao Senhor: a generosidade, que alarga o nosso coração e nos leva à magnanimidade.” Fonte: www.vaticannews.va

CRISTO REI: “Paz, liberdade e plenitude de vida a quem acolhe o reino de Deus”. Papa Francisco.

O reino de Deus é um reino "fundado no amor e se enraíza nos corações, dando àqueles que o acolhem paz, liberdade e plenitude de vida”, não é alcançado por meios humanos, está acima do poder político, e não se realiza "com a revolta, a violência e a força das armas", destacou o Papa Francisco no Angelus da Solenidade de Cristo Rei.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano (25 /11/2018)

O reino de Jesus não é deste mundo, é um reino de amor que não é alcançado por meios humanos. Seu pedido hoje, é deixarmos que Ele se torne nosso rei. Mas Jesus somente poderá dar um novo sentido à nossa vida, com a condição de que não sigamos as lógicas do mundo e de seus "reis".

Senhor da história e de toda a criação

O Papa Francisco começou explicando aos milhares de fiéis e turistas presentes na Praça São Pedro em um dia chuvoso, que a Solenidade de Jesus Cristo Rei do universo celebrada neste domingo,  “é colocada no final do ano litúrgico e recorda que a vida da criação não avança por acaso, mas prossegue em direção a uma meta final: a manifestação definitiva de Cristo, Senhor da história e de toda a criação. A conclusão da história será o seu reino eterno”.

A alocução do Santo Padre é inspirada na passagem do Evangelho de São João (Jo 18, 33b-37)  proposto pela liturgia do dia, que relata “a situação humilhante em que Jesus encontrou-se depois de ter sido preso no Getsêmani: amarrado, insultado, acusado e levado perante as autoridades de Jerusalém”.

É apresentado à autoridade romana como alguém que atenta contra o poder político para se tornar rei dos judeu. Em um “interrogatório dramático”, por duas vezes Pilatos o questiona se é um rei. Primeiro Jesus responde que seu reino "não é deste mundo" e depois: "Tu o dizes: eu sou rei".

Jesus não tinha ambições políticas, observa o Papa, recordando que após o milagre da multiplicação dos pães o povo queria proclamá-lo rei “para derrubar o poder romano e restaurar o reino de Israel”, mas "Ele retira-se para a montanha para rezar".

Poder do amor

O reino para Jesus – explica Francisco – “é outra coisa, e não se realiza, certamente, com a revolta, a violência e a força das armas”. Como disse a Pilatos, "se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus”:

“Jesus quer deixar claro que acima do poder político existe outro muito maior, que não é alcançado por meios humanos. Ele veio à Terra para exercer esse poder, que é amor, dando testemunho da verdade. Trata-se da verdade divina que, em última análise, é a mensagem essencial do Evangelho: "Deus é amor" e quer estabelecer no mundo o seu reino de amor, de justiça e de paz”.

E este – reitera o Pontífice – “é o reino do qual Jesus é o rei, e que se estende até o fim dos tempos”.

Como a história nos ensina – recordou o Papa – “os reinos fundados no poder das armas e na prevaricação são frágeis e, mais cedo ou mais tarde, caem”.

“ Mas o reino de Deus é fundado no amor e se enraíza nos corações, dando àqueles que o acolhem paz, liberdade e plenitude de vida. ”

"Todos nós queremos paz, todos nós queremos liberdade e queremos plenitude. E como se consegue isso? Deixe que o amor de Deus, o reino de Deus, o amor de Jesus se enraíze em seu coração e terás paz, terás liberdade e terás plenitude".

Deixar Jesus ser nosso rei

Jesus hoje nos pede para deixar que Ele se torne nosso rei:

Um rei que com sua palavra, seu exemplo e sua vida imolada na Cruz nos salvou da morte, e indica - este rei - o caminho para o homem perdido, dá nova luz à nossa existência marcada pela dúvida, pelo medo e pelas provações do dia-a-dia”.  

Mas não devemos esquecer – disse Francisco - que o reino de Jesus não é deste mundo”:

Ele poderá dar um novo sentido à nossa vida - às vezes colocada  à dura prova também por nossos erros e pecados - somente com a condição de que nós não sigamos as lógicas do mundo e de seus 'reis'”.

Que a Virgem Maria - disse o Papa ao concluir - nos ajude a acolher Jesus como o rei da nossa vida e a difundir o seu reino, dando testemunho da verdade que é amor. Fonte: www.vaticannews.va

O Santo Padre recebeu em audiência na manhã desta sexta-feira 200 membros da Fundação “Giorgio La Pira”, que foi um ativista católico e político italiano. Além da sua atividade profissional, participou do Movimento da Ação Católica., foi membro da Ordem Terceira de São Domingos, do Instituto Secular dos Missionários da Realeza de Cristo e dirigente das Conferências de São Vicente Paulo.

Manuel Tavares - Cidade do Vaticano

O Santo Padre concluiu suas atividades na manhã desta sexta-feira (23/11), recebendo na Sala Clementina cerca de 200 membros da Fundação “Giorgio La Pira”, reunidos em Roma.

Giorgio nasceu em Pozzallo, na Sicília, em 9 de janeiro de 1904 e faleceu em 5 de novembro de 1977. Foi um ativista católico e político italiano. Além da sua atividade profissional, participou do Movimento da Ação Católica. Em 1925 tornou-se membro da Ordem Terceira de São Domingos e, em 1928, membro do Instituto Secular dos Missionários da Realeza de Cristo e dirigente das Conferências de São Vicente Paulo.

Em seu discurso aos participantes do encontro sobre o Venerável Servo de Deus, o Papa expressou seu desejo de que, esta reunião em Roma, possa contribuir para um maior compromisso com o desenvolvimento integral das pessoas.

Fiéis leigos engajados

Falando sobre a figura deste estadista italiano, no âmbito do atual momento complexo da vida política italiana e internacional, Francisco disse que a Igreja precisa de fiéis leigos engajados na vida eclesial a serviço do bem comum. E acrescentou:

É importante descobrir Giorgio La Pira, uma figura exemplar para a Igreja e para o mundo moderno. Ele foi uma testemunha entusiasta do Evangelho e um profeta dos nossos tempos. A sua atitude e ação sempre foram inspiradas na perspectiva cristã”.

Suas atividades como professor universitário, sobretudo em Florença, Sena e Pisa, foram multiformes: fundou várias obras de caridade, como a "Missa dos Pobres". Como supervisor da revista “Princípios”, fez diversas críticas sobre o fascismo. Sendo perseguido pela polícia do então regime, foi obrigado a refugiar-se no Vaticano, na residência do então Substituto de Estado, o arcebispo Giovanni Battista Montini, futuro Papa Paulo VI.

Promoção da paz social

No entanto, o estadista contribuiu para a elaboração da Constituição Italiana. Mas, a sua missão, a serviço do bem comum, teve seu ápice como Prefeito de Florença, nos anos cinquenta, quando assumiu uma linha política aberta às necessidades do catolicismo social, dos últimos e das camadas mais frágeis da população. E o Papa Francisco ponderou:

Ele se comprometeu também com um grande programa para a promoção da paz social e internacional, promovendo conferências "pela a paz e a civilização cristã", fazendo apelos vibrantes contra a guerra nuclear. Pela mesma razão, ele fez uma viagem histórica a Moscou, como político-diplomático, chegando a convocar, em 1965, em Florença, um Simpósio pela paz no Vietnã”.

Mensagem social da Igreja Católica

Por isso, o Santo Padre encorajou os presentes “a manter vivo e difundir o patrimônio da ação eclesial e social do Venerável Giorgio La Pira, sobretudo, seu testemunho de fé e amor pelos pobres e marginalizados, seu trabalho pela paz e atuação da mensagem social da Igreja católica”. E o Papa afirmou:

O seu exemplo é precioso, especialmente para os que trabalham no setor público, chamados a serem vigilantes sobre as situações negativas que, São João Paulo II chamava "estruturas de pecado": situações que atuavam na direção contrária à realização do bem comum e ao respeito da dignidade da pessoa”.

Política, compromisso de humanidade e santidade

De fato, o Venerável Giorgio La Pira dizia: "A política é um compromisso de humanidade e santidade" e, portanto, um caminho exigente de serviço e responsabilidade aos fiéis leigos, chamados à animação cristã das realidades temporais.

Francisco concluiu seu discurso, recordando os inúmeros talentos que estadista italiano deixou aos seus seguidores para serem frutificados. E os exortou:

Exorto-os, portanto, a dar valor às virtudes humanas e cristãs, que fazem parte do patrimônio ideal e espiritual do Venerável Giorgio La Pira. Assim, vocês poderão ser construtores da paz, arquitetos da justiça, testemunhas da solidariedade e da caridade, como também fermento dos valores evangélicos na sociedade, especialmente na esfera da cultura e da política”. www.vaticannews.va

Diante de cerca de 15 mil fiéis na Praça S. Pedro, o Papa Francisco explicou o último mandamento: não cobiçar o cônjuge do próximo e as coisas alheias.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Não cobiçar o cônjuge do próximo e as coisas alheias: a catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (21/11/2018) foi dedicada ao último mandamento.

Diante de cerca de 15 mil fiéis na Praça S. Pedro, o Pontífice explicou que aparentemente estas palavras não acrescentam um novo conteúdo, podendo ser exaurido nos mandamentos sobre o adultério e sobre o furto.

Mas todos os mandamentos têm como finalidade assinalar a fronteira da vida, isto é, o limite para além do qual o homem destrói a si mesmo e ao próximo, arruinando a sua relação com Deus.

O coração do homem

O décimo mandamento evidencia o fato de que todas as transgressões nascem de uma raiz interior comum: os desejos malévolos que saem do coração do homem.

“Todos os pecados nascem de um desejo malévolo e acabam numa transgressão não formal, mas que fere a si mesmo e aos outros”, disse o Papa, que repetiu duas vezes a “bela lista” que o Senhor faz descrita no Evangelho de Marcos: impuridades, furtos, homicídios, adultérios, cobiças, maldades, enganos, devassidão, inveja, calúnia, arrogância e insensatez.

Por isso, o percurso feito através do Decálogo não teria alguma utilidade se não chegasse a tocar este nível, o coração do homem. O ponto de chegada desta viagem é o coração e, se este não for libertado, o resto vale pouco. Este é o desafio, apontou o Papa: “Libertar o coração de todas essas coisas malévolas”.

Estes mandamentos sobre os desejos mostram a nossa pobreza e nos conduzem a uma santa humilhação, disse Francisco, convidando os fiéis a se questionarem sobre qual desejo malévolo sentem com mais frequência.

Abrir-se à relação com Deus

O Papa recordou que é em vão o homem pensar que pode se libertar sozinho, somente com um esforço titânico da própria vontade. Ele necessita do dom do Espírito Santo, abrir-se à relação com Deus, na verdade e na liberdade: somente assim as fadigas podem produzir fruto, “porque tem o Espírito Santo que nos leva avante”.

O homem não pode se iludir de que uma obediência literal ao Decálogo o levará à salvação. A função dos mandamentos é levar o homem à sua verdade, isto é, à sua pobreza, que se torna abertura autêntica e pessoal à misericórdia de Deus, que nos transforma e nos renova. “Deus é o único capaz de renovar o nosso coração, com a condição de que abramos o coração a Ele.”

Somos mendicantes

As últimas palavras do Decálogo nos educam a nos reconhecermos mendicantes. “Deixemo-nos ajudar, somos mendicantes. Peçamos esta graça”, acrescentou Francisco, que concluiu:

“«Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus» (Mt 5,3). Sim, bem-aventurados os que deixam de se iludir acreditando que podem se salvar da própria fraqueza sem a misericórdia de Deus, que é a única que pode curar o coração.” Fonte: https://www.vaticannews.va

“Este pobre clama e o Senhor o escuta” (Sal 34, 7). Façamos também nossas estas palavras do salmista, quando nos vemos confrontados com as mais variadas condições de sofrimento e marginalização em que vivem tantos irmãos e irmãs, que nos habituamos a designar com o termo genérico de ‘pobres’. O autor de tais palavras não é alheio a esta condição; antes pelo contrário, experimenta diretamente a pobreza e, todavia, transforma-a num cântico de louvor e agradecimento ao Senhor. Hoje, este Salmo permite-nos também a nós, rodeados por tantas formas de pobreza, compreender quem são os verdadeiros pobres para os quais somos chamados a dirigir o olhar a fim de escutar o seu clamor e reconhecer as suas necessidades.

Nele se diz, antes de mais nada, que o Senhor escuta os pobres que clamam por Ele e é bom para quantos, de coração dilacerado pela tristeza, a solidão e a exclusão, n’Ele procuram refúgio. Escuta todos os que são espezinhados na sua dignidade e, apesar disso, têm a força de levantar o olhar para o Alto a fim de receber luz e conforto. Escuta os que se veem perseguidos em nome de uma falsa justiça, oprimidos por políticas indignas deste nome e intimidados pela violência; e, contudo, sabem que têm em Deus o seu Salvador. O primeiro elemento que sobressai nesta oração é o sentimento de abandono e confiança num Pai que escuta e acolhe. Sintonizados com estas palavras, podemos compreender mais profundamente aquilo que Jesus proclamou com a bem-aventurança: “felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu” (Mt 5, 3).

Entretanto, devido ao caráter único desta experiência, sob muitos aspetos imerecida e impossível de se expressar plenamente, sente-se o desejo de a comunicar a outros, a começar pelos que são – como o salmista – pobres, rejeitados e marginalizados. De fato, ninguém se pode sentir excluído do amor do Pai, sobretudo num mundo onde frequentemente se eleva a riqueza ao nível de primeiro objetivo e faz com que as pessoas se fechem em si mesmas.

O Salmo caracteriza a atitude do pobre e a sua relação com Deus, por meio de três verbos. O primeiro: ‘clamar’. A condição de pobreza não se esgota numa palavra, mas torna-se um brado que atravessa os céus e chega a Deus. Que exprime o brado dos pobres senão o seu sofrimento e solidão, a sua desilusão e esperança? Podemos interrogar-nos: como é possível que este brado, que sobe à presença de Deus, não consiga chegar aos nossos ouvidos e nos deixe indiferentes e impassíveis? Num dia como este, somos chamados a fazer um sério exame de consciência para compreender se somos verdadeiramente capazes de escutar os pobres.

Necessitamos da escuta silenciosa para reconhecer a sua voz. Se nós falarmos demasiado, não conseguiremos escutá-los. Muitas vezes, temo que tantas iniciativas, apesar de meritórias e necessárias, visem mais comprazer-nos a nós mesmos do que acolher verdadeiramente o clamor do pobre. Se assim for, na hora em que os pobres fazem ouvir o seu brado, a reação não é coerente, não é capaz de sintonizar com a condição deles. Vive-se tão encurralado numa cultura do indivíduo obrigado a olhar-se no espelho e a cuidar exageradamente de si mesmo, que se considera suficiente um gesto de altruísmo para ficar satisfeito, sem se comprometer diretamente.

Um segundo verbo é ‘responder’. O salmista diz que o Senhor não só escuta o clamor do pobre, mas também responde. A sua resposta – como atesta toda a história da salvação – é uma intervenção cheia de amor na condição do pobre. Foi assim quando Abraão expressara a Deus o seu desejo de possuir uma descendência, apesar de ele e a esposa Sara, já idosos, não terem filhos (cf. Gn 15, 1-6). O mesmo aconteceu quando Moisés, do fogo de uma sarça que ardia sem se consumir, recebeu a revelação do nome divino e a missão de fazer sair o povo do Egito (cf. Ex 3, 1-15). E esta resposta confirmou-se ao longo de todo o caminho do povo pelo deserto: tanto quando sentia os apertos da fome e da sede (cf. Ex 16, 1-16; 17, 1-7), como quando caía na miséria pior, ou seja, na infidelidade à aliança e na idolatria (cf. Ex 32, 1-14).

A resposta de Deus ao pobre é sempre uma intervenção salvadora para cuidar das feridas da alma e do corpo, repor a justiça e ajudar a retomar a vida com dignidade. A resposta de Deus é também um apelo para que toda a pessoa que acredita n’Ele possa, dentro dos limites humanos, fazer o mesmo. O Dia Mundial dos Pobres pretende ser uma pequena resposta, dirigida pela Igreja inteira dispersa por todo o mundo, aos pobres de todo o gênero e de todo o lugar a fim de não pensarem que o seu clamor caíra em saco roto. Provavelmente, é como uma gota de água no deserto da pobreza; e, contudo, pode ser um sinal de solidariedade para quantos passam necessidade a fim de sentirem a presença ativa de um irmão ou de uma irmã. Não é de um ato de delegação que os pobres precisam, mas do envolvimento pessoal de quantos escutam o seu brado. A solicitude dos crentes não pode limitar-se a uma forma de assistência – embora necessária e providencial num primeiro momento –, mas requer aquela “atenção amiga” (Francisco, Exort. ap. “Evangelii gaudium”, 199) que aprecia o outro como pessoa e procura o seu bem.

O terceiro verbo é ‘libertar’. O pobre da Bíblia vive com a certeza de que Deus intervém em seu favor para lhe devolver dignidade. A pobreza não é procurada, mas criada pelo egoísmo, a soberba, a avidez e a injustiça: males tão antigos como o homem, mas sempre são pecados, acabando enredados neles tantos inocentes com dramáticas consequências sociais. A ação libertadora do Senhor é um ato de salvação em prol de quantos Lhe manifestaram a sua aflição e angústia. As amarras da pobreza são quebradas pelo poder da intervenção de Deus. Muitos Salmos narram e celebram esta história da salvação, que se verifica na vida pessoal do pobre: “Ele não desprezou nem desdenhou a aflição do pobre, nem desviou dele a sua face; mas ouviu-o, quando Lhe pediu socorro” (Sal 22, 25). Poder contemplar a face de Deus é sinal da sua amizade, da sua proximidade, da sua salvação. “Viste a minha miséria e conheceste a angústia da minha alma; (…) deste aos meus pés um caminho espaçoso” (Sal 31, 8b.9). Dar ao pobre um “caminho espaçoso” equivale a libertá-lo da “armadilha do caçador” (cf. Sal 91, 3), a tirá-lo da armadilha montada no seu caminho, para poder caminhar sem impedimentos e olhar serenamente a vida. A salvação de Deus toma a forma de uma mão estendida ao pobre, que oferece acolhimento, protege e permite sentir a amizade de que necessita. É a partir desta proximidade concreta e palpável que tem início um genuíno percurso de libertação: “Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus a serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo” (“Evangelii gaudium”, 187).

Não cessa de comover-me o caso – referido pelo evangelista Marcos (cf. 10, 46-52) – de Bartimeu, na pessoa de quem vejo identificados tantos pobres. O cego Bartimeu era um mendigo, que “estava sentado à beira do caminho” (10, 46); tendo ouvido dizer que ia a passar Jesus, “começou a gritar” e a invocar o “Filho de David” para que tivesse piedade dele (cf. 10, 47). “Muitos repreendiam-no para o fazer calar, mas ele gritava cada vez mais” (10, 48). O Filho de Deus escutou o seu brado e perguntou-lhe: “Que queres que te faça?” “Mestre, que eu veja!” – respondeu o cego (10, 51). Esta página do Evangelho torna visível aquilo que o Salmo anunciava como promessa. Bartimeu é um pobre que se encontra desprovido de capacidades fundamentais, como o ver e o poder trabalhar. Também hoje não faltam percursos que levam a formas de precariedade. A falta de meios basilares de subsistência, a marginalização quando já não se está na plenitude das próprias forças laborais, as diversas formas de escravidão social, apesar dos progressos realizados pela Humanidade... Como Bartimeu, quantos pobres há hoje à beira da estrada e procuram um significado para a sua condição! Quantos se interrogam acerca dos motivos por que chegaram ao fundo deste abismo e sobre o modo como sair dele! Esperam que alguém se aproxime deles, dizendo: “Coragem, levanta-te que Ele chama-te” (10, 49).

Com frequência, infelizmente, verifica-se o contrário: as vozes que se ouvem são de repreensão e convite a estar calados e a sofrer. São vozes desafinadas, muitas vezes regidas por uma fobia para com os pobres, considerados como pessoas não apenas indigentes, mas também portadoras de insegurança, instabilidade, extravio dos costumes da vida diária e, consequentemente, pessoas que devem ser repelidas e mantidas ao longe. Tende-se a criar distância entre nós e eles, não nos dando conta de que, assim, acabamos distantes do Senhor Jesus, que não os afasta, mas chama-os a Si e consola-os. Como soam apropriadas a este caso as palavras do profeta relativas ao estilo de vida do crente: “libertar os que foram presos injustamente, livrá-los do jugo que levam às costas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de opressão, repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus» (Is 58, 6-7). Este modo de agir faz com que o pecado seja perdoado (cf. 1 Ped 4, 8), a justiça percorra a sua estrada e, quando formos nós a clamar pelo Senhor, Ele nos responda dizendo: Aqui estou! (cf. Is 58, 9).

Os primeiros habilitados a reconhecer a presença de Deus e a dar testemunho da sua proximidade à própria vida são os pobres. Deus permanece fiel à sua promessa e, mesmo na escuridão da noite, não deixa faltar o calor do seu amor e da sua consolação. Contudo, para superar a opressiva condição de pobreza, é necessário aperceber-se da presença de irmãos e irmãs que se ocupem deles e que, abrindo a porta do coração e da vida, lhes façam sentir benvindos como amigos e familiares. Somente deste modo podemos descobrir “a força salvífica das suas vidas” e “colocá-los no centro do caminho da Igreja” (“Evangelii gaudium”, 198).

Neste Dia Mundial, somos convidados a tornar concretas as palavras do Salmo: “Os pobres comerão e serão saciados” (Sal 22, 27). Sabemos que no templo de Jerusalém, depois do rito do sacrifício, tinha lugar o banquete. Esta foi uma experiência que, no ano passado, enriqueceu a celebração do primeiro Dia Mundial dos Pobres, em muitas dioceses. Muitos encontraram o calor de uma casa, a alegria de uma refeição festiva e a solidariedade de quantos quiseram compartilhar a mesa de forma simples e fraterna. Gostaria que, também neste ano e para o futuro, este dia fosse celebrado sob o signo da alegria pela reencontrada capacidade de estar juntos. Rezar juntos em comunidade e compartilhar a refeição no dia de domingo são experiências que nos levam de volta à primitiva comunidade cristã, que o evangelista Lucas descreve em toda a sua originalidade e simplicidade: “Eram assíduos ao ensino dos apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações. (…) Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um” (At 2, 42.44-45).

Inúmeras são as iniciativas que a comunidade cristã empreende para dar um sinal de proximidade e alívio às muitas formas de pobreza que estão diante dos nossos olhos. Muitas vezes, a colaboração com outras realidades, que se movem impelidas não pela fé, mas pela solidariedade humana, consegue prestar uma ajuda que, sozinhos, não poderíamos realizar. O fato de reconhecer que, no mundo imenso da pobreza a nossa própria intervenção é limitada, frágil e insuficiente, leva a estender as mãos aos outros, para que a mútua colaboração possa alcançar o objetivo de maneira mais eficaz. Somos movidos pela fé e pelo imperativo da caridade, mas sabemos reconhecer outras formas de ajuda e solidariedade que se propõem, em parte, os mesmos objetivos; desde que não transcuremos aquilo que nos é próprio, ou seja, conduzir todos a Deus e à santidade. Uma resposta adequada e plenamente evangélica que podemos realizar é o diálogo entre as diversas experiências e a humildade de prestar a nossa colaboração, sem qualquer espécie de protagonismo.

À vista dos pobres, não se perca tempo a lutar pela primazia da intervenção, mas reconheçamos humildemente que é o Espírito quem suscita gestos que sejam sinais da resposta e da proximidade de Deus. Quando encontramos o modo para nos aproximar dos pobres, saibamos que a primazia compete a Ele que abriu os nossos olhos e o nosso coração à conversão. Não é de protagonismo que os pobres têm necessidade, mas de amor que sabe esconder-se e esquecer o bem realizado. Os verdadeiros protagonistas são o Senhor e os pobres. Quem se coloca ao serviço é instrumento nas mãos de Deus, para fazer reconhecer a sua presença e a sua salvação. Recorda-o São Paulo quando escreve aos cristãos de Corinto, que competiam entre eles a propósito dos carismas, procurando os mais prestigiosos: “Não pode o olho dizer à mão: Não tenho necessidade de ti”; nem tão pouco a cabeça dizer aos pés: “Não tenho necessidade de vós” (1 Cor 12, 21). Depois, o apóstolo faz uma consideração importante, observando que os membros do corpo que parecem mais fracos são os mais necessários (cf. 12, 22) e, “aqueles que parecem ser os menos honrosos do corpo, a esses rodeamos de maior honra e, aqueles que são menos decentes, nós os tratamos com mais decoro; os que são decentes, não têm necessidade disso” (12, 23-24). Ao mesmo tempo que dá um ensinamento fundamental sobre os carismas, Paulo educa também a comunidade para a conduta evangélica com os seus membros mais fracos e necessitados. Longe dos discípulos de Cristo sentimentos desprezo e pietismo para com eles; antes, são chamados a honrá-los, a dar-lhes a precedência, convictos de que eles são uma presença real de Jesus no meio de nós. “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 40).

Por isto se compreende quão distante esteja o nosso modo de viver do modo de viver do mundo, que louva, segue e imita aqueles que têm poder e riqueza, enquanto marginaliza os pobres considerando-os um descarte e uma vergonha. As palavras do apóstolo são um convite a dar plenitude evangélica à solidariedade com os membros mais fracos e menos dotados do corpo de Cristo: “Se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria” (1 Cor 12, 26). Na mesma linha, nos exorta ele na Carta aos Romanos: “Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram. Preocupai-vos em andar de acordo uns com os outros; não vos preocupeis com as grandezas, mas entregai-vos ao que é humilde” (12, 15-16). Esta é a vocação do discípulo de Cristo; o ideal para o qual se deve tender constantemente é assimilar cada vez mais em nós “os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus” (Flp 2, 5).

Uma palavra de esperança torna-se o epílogo natural para onde nos encaminha a fé. Muitas vezes, são precisamente os pobres que põem em crise a nossa indiferença, filha de uma visão da vida, demasiado imanente e ligada ao presente. O clamor do pobre é também um brado de esperança com que manifesta a certeza de ser libertado; esperança fundada no amor de Deus, que não abandona quem a Ele se entrega (cf. Rm 8, 31-39). Santa Teresa de Ávila deixara escrito no seu Caminho de Perfeição: “A pobreza é um bem que encerra em si todos os bens do mundo; assegura-nos um grande domínio; quero dizer que nos torna senhores de todos os bens terrenos, uma vez que nos leva a desprezá-los” (2, 5). Na medida em que somos capazes de discernir o verdadeiro bem é que nos tornamos ricos diante de Deus e sábios diante de nós mesmos e dos outros. É mesmo assim: na medida em que se consegue dar à riqueza o seu justo e verdadeiro significado, cresce-se em humanidade e torna-se capaz de partilha.

Convido os irmãos bispos, os sacerdotes e, de modo particular, os diáconos, a quem foram impostas as mãos para o serviço dos pobres (cf. At 6, 1-7), juntamente com as pessoas consagradas e tantos leigos e leigas que, nas paróquias, associações e movimentos, tornam palpável a resposta da Igreja ao clamor dos pobres, a viver este Dia Mundial como um momento privilegiado de nova evangelização. Os pobres evangelizam-nos, ajudando-nos a descobrir a cada dia a beleza do Evangelho. Não deixemos cair em saco roto esta oportunidade de graça. Neste dia, sintamo-nos todos devedores para com eles, a fim de que, estendendo reciprocamente as mãos uns para os outros, se realize o encontro salvífico que sustenta a fé, torna concreta a caridade e habilita a esperança a prosseguir segura no caminho rumo ao Senhor que vem.

 Vaticano, na memória litúrgica de Santo Antônio de Lisboa, 13 de junho de 2018.

Francisco.

Fonte: http://arqrio.org

Na Audiência Geral de quarta-feira, o Papa Francisco deu continuidade às catequeses sobre os 10 mandamentos, falando sobre o oitavo: “Não levantarás falso testemunho contra teu próximo”.

Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano

“Não levantarás falso testemunho contra teu próximo”: a catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (14/11/2018) foi dedicada ao oitavo mandamento. Aos milhares de fiéis e peregrinos na Praça São Pedro, o Pontífice explicou o significado profundo da verdade. Este mandamento ensina que não podemos falsificar a verdade nas nossas relações com os outros.

Frágil equilíbrio entre a verdade e a mentira

“Viver de comunicações não autênticas é grave, porque impede as relações e, portanto, o amor. Onde há mentira, não pode haver amor. E quando falamos de comunicação entre as pessoas não entendemos somente as palavras, mas também os gestos, as atitudes e até mesmo os silêncios e as ausências. “Uma pessoa fala com tudo aquilo que é e o que faz. Todos nós vivemos comunicando e estamos continuamente num frágil equilíbrio entre a verdade e a mentira.”

Que significa dizer a verdade?, perguntou Francisco. É algo que vai além do nosso ponto de vista ou a revelação de fatos pessoais ou reservados. É um modo de manifestar o amor.

“As fofocas matam”, recordou o Papa. “É o que disse o apóstolo Tiago na sua carta. Os fofoqueiros são pessoas que matam os outros porque a língua mata como uma faca. Fiquem atentos. O fofoqueiro é um terrorista, porque com a sua língua lança a bomba e vai embora e esta bomba destrói a fama dos outros. Fofocar é matar, não esqueçam.”

Testemunhar a verdade

Francisco prosseguiu explicando que as palavras “Não levantarás falso testemunho contra teu próximo” pertencem à linguagem jurídica. Os Evangelhos culminam com a narração do processo, da execução da sentença contra Jesus e sua consequência inaudita.

Jesus, quando interrogado por Pilatos, disse que veio a este mundo para dar testemunho da verdade.

A verdade, portanto, encontra sua plena realização na própria pessoa de Jesus, no seu modo de viver e de morrer, fruto da sua relação com o Pai. E esta existência como filho de Deus Jesus a doa também a nós. Em cada ato, o homem afirma ou nega esta verdade. “Eu sou uma testemunha da verdade ou sou um mentiroso fantasiado de verdadeiro? Cada um se questione”, recomendou o Papa.

Amor sem limites

A verdade não se limita a discursos, mas é um modo de existir, de viver. A verdade é a revelação maravilhosa de Deus, do seu rosto de Pai, do seu amor sem limites. Esta verdade corresponde à razão humana, mas a supera infinitamente.

Francisco então concluiu:

“ Não levantar falso testemunho quer dizer viver como filhos de Deus, que jamais desmente a si mesmo, jamais mente, deixando emergir em cada ato a grande verdade: que Deus é Pai e é possível confiar Nele. Eu confio em Deus, esta é a grande verdade. E dessa nossa confiança em Deus Pai, de que Ele nos ama, nasce a minha verdade e o ser verdadeiro e não mentiroso. ”. Fonte: https://www.vaticannews.va

Em sua homilia na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco comentou o episódio evangélico da "purificação do templo" e convida os fiéis a refletirem sobre o zelo e o respeito que reservam hoje às "nossas igrejas".

Barbara Castelli – Cidade do Vaticano

O Papa Francisco iniciou a sexta-feira (09/11/2018) celebrando a missa na capela de sua residência, a Casa Santa Marta.

Na homilia, ele comentou o Evangelho do dia, extraído de João, explicando as motivações que levam à agressividade de Jesus, que expulsa violentamente os mercantes do Templo. O Filho de Deus é impulsionado pelo amor, “pelo zelo” que sente pela casa do Senhor, “convertida num mercado”.

Os ídolos escravizam

Entrando no templo, onde se vendiam bois, ovelhas e pombas, na presença dos cambistas, Jesus reconhece que aquele lugar era povoado por idolatras, homens prontos a servir ao “dinheiro” ao invés de “Deus”. “Por trás do dinheiro há o ídolo”, destacou Francisco, os ídolos são sempre de ouro. E os ídolos escravizam:

Isso nos chama a atenção e nos faz pensar em como nós tratamos os nossos templos, as nossas igrejas; se realmente são casa de Deus, casa de oração, de encontro com o Senhor; se os sacerdotes favorecem isso. Ou se parecem com os mercados. Eu sei... algumas vezes eu vi – não aqui em Roma, mas em outro lugar – vi uma lista de preços. “Mas como pagar pelos Sacramentos?”. “Não, é uma oferta”. Mas se querem dar uma oferta – e devem dá-la – que a coloquem na caixa das ofertas, escondido, que ninguém veja quanto está dando. Também hoje existe este perigo: “Mas devemos manter a Igreja. Sim, sim, sim, realmente.” Que os fiéis a mantenham, mas na caixa das ofertas, não com uma lista de preços. Fonte: https://www.vaticannews.va

E a rejeição também deve nos fazer pensar nas vezes que Jesus nos chama; nos chama a fazer festa com Ele, a estar perto Dele, a mudar de vida., disse o Papa na homilia.

Adriana Masotti – Cidade do Vaticano

O Papa Francisco começou a terça-feira (06/11) celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta. O tema da homilia foi o trecho do Evangelho do dia, extraído do capítulo 14 de Lucas, sobre os convidados que rejeitam o banquete.

A narração é sobre um almoço, o banquete que um chefe dos fariseus organizou e ao qual Jesus também foi convidado. Naquela ocasião, narra o Evangelho de ontem, cujo de hoje é a continuação, Jesus tinha curado um doente e observou que muitos convidados tentavam ocupar os primeiros lugares. E recomendou ao fariseu que convidasse para o almoço os últimos, aqueles que não podem retribuir o favor.

Dupla rejeição

A um certo ponto, no banquete, e aqui começa o trecho de Lucas de hoje, um dos comensais exclama: “Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!”.

É o trecho da rejeição dupla, disse o Papa. E Jesus então conta a história de um homem que pede um grande jantar e faz muitos convites. Os seus servos dizem aos convidados: “Vinde, pois tudo está pronto! Mas todos começam a arrumar desculpas para não ir. Quem comprou um campo, quem comprou cinco juntas de bois, quem acabou de se casar. “E sempre desculpas. Eles se desculpam.”

Desculpar-se é a palavra educada para não dizer: “Rejeito”, disse o Papa. Eles recusam, mas educadamente. Então o patrão fica zangado e diz ao empregado para sair pelas praças e ruas da cidade, obrigando os aleijados, cegos e coxos a participar. E o trecho do Evangelho – afirmou Francisco – termina com a segunda rejeição, mas desta vez da boca de Jesus”. (…) “Quem recusa Jesus, Jesus espera, dá uma segunda oportunidade, talvez uma terceira, uma quarta, quinta.. Mas no final recusa Jesus.”

E a rejeição também deve nos fazer pensar nas vezes que Jesus nos chama; nos chama a fazer festa com Ele, a estar perto Dele, mudar de vida. Pensem que ele busca seus amigos mais íntimos e eles O rejeitam! Depois busca os doentes...e vão; talvez alguém rejeita. Mas quantas vezes nós sentimos a chamada de Jesus para ir até Ele, para fazer uma obra de caridade, para rezar, para encontra-Lo e nós dizemos: “Mas desculpe, Senhor, estou atarefado, não tenho tempo. Sim, amanhã, não posso...” E Jesus fica ali.

Desculpas para Jesus

O Papa se pergunta quantas vezes também nós pedimos a Jesus que nos desculpe quando Ele “nos chama para nos encontrar, a falar, a fazer uma bela conversa”. Também nós rejeitamos o convite de Jesus:

Cada um de nós pense: na minha vida, quantas vezes senti a inspiração do Espírito Santo a fazer uma obra de caridade, a encontrar Jesus naquela obra de caridade, ir rezar, de mudar de vida nisto, nisto que não vai bem? E sempre encontrei um motivo para me desculpar, para rejeitar.

Jesus é bom, mas é justo

Francisco diz que entrará no Reino de Deus quem não recusa Jesus ou quem não é rejeitado por Ele. Para quem diz que Jesus é bom e perdoa tudo, o Papa observou:

“Sim, é bom, é misericordioso” – é misericordioso, mas é justo. Se você fecha a porta do seu coração, Ele não pode abri-la, porque respeita o nosso coração. Rejeitar Jesus é fechar a porta a partir de dentro e Ele não pode entrar.

Com sua morte, Jesus pagou o banquete

Há outro elemento que o Papa observa, isto é, quem paga o banquete? É Jesus! O Apóstolo na Primeira Leitura “nos mostra o recibo desta festa”, falando de Jesus que ‘esvaziou-se a si mesmo, assumindo uma condição de servo e fazendo-se obediente até a morte na cruz’. “Com a sua vida – disse Francisco – Jesus pagou a festa. E eu digo: ‘Não posso’ (...) Que o Senhor nos dê graça – concluiu – de entender este mistério da dureza de coração, de obstinação, de rejeição e a graça de chorar”.

Fonte: www.vaticannews.va

Na missa celebrada na convite do Papa Francisco é para “fazer” e “consolidar” a unidade no mundo de hoje, em que as instituições internacionais “se sentem incapazes de encontrar um acordo” pela paz.

Giada Aquilino – Cidade do Vaticano

A paz passa pela humildade, a doçura e a magnanimidade: foi o que disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã de sexta-feira (26/10) na capela da Casa Santa Marta.

Refletindo sobre a Primeira Leitura, extraída da Carta de São Paulo aos Efésios, Francisco recordou que Paulo dirigiu aos cristãos um verdadeiro “hino à unidade” quando estava na prisão, evocando a “dignidade da vocação”.

A dificuldade dos acordos de 

O próprio Jesus, destacou o Papa, “antes de morrer, na Última Ceia, pediu ao Pai a graça da unidade para todos nós”. E mesmo assim, constatou Francisco, estamos acostumados a respirar o “ar dos conflitos”: todos os dias, na tv e nos jornais, se fala de conflitos, “um atrás do outro”, de guerras, “sem paz, sem unidade”. Não obstante “se façam pactos” para deter qualquer tipo de conflito, pois esses mesmos acordos não são respeitados. Deste modo, “a corrida armamentista, a preparação às guerras, à destruição, avança”.

Também as instituições mundiais – hoje vemos – criadas com a melhor vontade de ajudar a unidade da humanidade, a paz, se sentem incapazes de encontrar um acordo: que há um veto aqui, um interesse lá… E têm dificuldade em chegar a acordos de paz. Enquanto isso, as crianças não têm o que comer, não vão à escola, não são educadas, não há hospitais porque a guerra destrói tudo. Temos uma tendência à destruição, à guerra, à desunião. É a tendência que semeia no nosso coração a inimigo, o destruir a humanidade: o diabo. Paulo, neste trecho, nos ensina o caminho rumo à unidade, que ele diz: “A unidade está coberta, está ‘blindada’ – podemos dizer – com o vínculo da paz”. A paz leva à unidade.

Abrir o coração

Eis então o chamado a um comportamento digno “do chamado” recebido, “com toda humildade, doçura e magnanimidade”.

Para fazer a paz, a unidade entre nós, “humildade, doçura – nós que estamos acostumados a nos insultar, a gritar... doçura – e magnanimidade”. Deixa para lá, mas abra o coração. Mas é possível fazer a paz no mundo com essas três pequenas coisas? Sim, é o caminho. É possível chegar à unidade? Sim, aquele caminho: “humildade, doçura e magnanimidade”. E Paulo é prático, e continua com um conselho muito prático: “suportai-vos uns aos outros no amor”. suportai-vos uns aos outros. Não é fácil, sempre escapa o juízo, a condenação, que leva à separação, à distância …

Acordo desde o início

Acontece o mesmo quando se cria uma distância entre os membros de uma mesma família, notou o Papa. E “o diabo fica feliz” com isso, é o “início da guerra”. O conselho é então “suportar”, “porque todos nós causamos incômodo, impaciência, porque todos nós – recordou – somos pecadores, todos temos os nossos defeitos”. São Paulo recomenda “preservar a unidade do espírito por meio do vínculo da paz”, “certamente sob a inspiração das palavras de Jesus na Última Ceia: ‘Um só corpo e um só espírito’”. Depois segue em frente e “nos faz ver o horizonte da paz, com Deus; assim como Jesus nos fez ver o horizonte da paz na oração: ‘Pai, que sejam um, como eu e Ti’. A unidade”.

Francisco recordou ainda que no Evangelho de Lucas proclamado hoje, Jesus aconselha a encontrar um acordo com o nosso adversário “enquanto estais a caminho”: um “belo conselho”, comentou o Pontífice, porque “não é difícil encontrar um acordo no início do conflito”.

O conselho de Jesus: entre num acordo no início, fazer as pazes no início: esta é humildade, isso é doçura, isso é magnanimidade. Pode-se construir a paz em todo o mundo com essas três pequenas coisas, porque essas atitudes são a atitude de Jesus: humilde, manso, perdoa tudo. O mundo hoje necessita de paz, as nossas famílias necessitam de paz, a nossa sociedade necessita de paz. Vamos começar em casa a praticar essas coisas simples: magnanimidade, doçura e humildade. Vamos avante nesta estrada: de fazer sempre a unidade, consolidar a unidade. Que o Senhor nos ajude neste caminho. Fonte: https://www.vaticannews.va

Na Audiência Geral de hoje, o Papa falou sobre o sexto mandamento: não cometer adultério. E pediu uma preparação madura ao sacramento do matrimônio, "um verdadeiro catecumenato".

Cidade do Vaticano

Cerca de 20 mil fiéis, entre os quais inúmeros brasileiros, participaram na manhã desta quarta-feira (24/10/2018) da Audiência Geral na Praça São Pedro. No âmbito do ciclo sobre os 10 Mandamentos, o Papa Francisco falou da sexta Lei de Deus: não cometer adultério.

Amar sem reservas

Nenhuma relação humana é autêntica sem fidelidade e lealdade, afirmou o Papa. Isso vale também para as amizades. “Não se pode amar somente até quando convém. O amor se manifesta quando se doa totalmente sem reservas.” Como diz o Catecismo, o amor tem que ser definitivo, não até segunda ordem.

A fidelidade é a característica da relação humana livre, madura e responsável, disse ainda o Pontífice. O ser humano necessita ser amado sem condições. Por isso, a chamada à vida conjugal requer um discernimento cuidadoso sobre a qualidade da relação e um período de noivado para verificá-la.

Com o amor não se brinca

Para aceder ao matrimônio, "os noivos devem amadurecer a certeza de que seu elo tem a mão de Deus, que os precede e os acompanha".

Não podem jurar fidelidade na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amar-se e honrar-se todos os dias de sua vida somente na base na boa vontade ou na esperança de que “as coisas corram bem”. É preciso basear-se no terreno sólido do Amor fiel de Deus.

“Aposta-se toda a vida no amor. E com o amor não se brinca”, disse o Papa falando da preparação ao matrimônio, que deve ser feita de maneira cuidadosa.

“ Não se pode chamar de preparação três ou quatro conferências realizadas na paróquia. Isso não é preparação, é fingir uma preparação. A responsabilidade de quem faz isso recai sobre o pároco, o bispo, que permite essas coisas. A preparação deve ser madura e precisa de tempo. Não é um ato formal, é um sacramento. Deve ser preparado com um verdadeiro catecumenato. ”

A fidelidade é um estilo de vida

A fidelidade, de fato, é um modo de ser, um estilo de vida, disse o Pontífice. Trabalha-se com lealdade, fala-se com sinceridade, permanece-se fiel à verdade nos próprios pensamentos e ações. 

Mas, para se chegar a uma vida assim boa, não basta a nossa natureza humana; é preciso que a fidelidade de Deus entre na nossa existência, acrescentou Francisco.

O Sexto Mandamento nos chama a dirigir o olhar a Cristo, que com a sua fidelidade pode tirar de nós um coração adúltero e doar-nos um coração fiel. "Em Deus, e só Nele, é possível existir o amor sem reservas nem reticências, a doação completa sem interrupções e a tenacidade de um acolhimento sem medida."

Da morte e da ressurreição de Cristo deriva a nossa fidelidade, do seu amor incondicionado deriva a constância nas relações. "Da comunhão com Ele, com o Pai e o Espírito Santo deriva a comunhão entre nós e saber viver na fidelidade as nossas relações."

Peregrinos do Brasil

Ao se dirigir aos grupos presentes na Praça, o Papa Francisco saudou os peregrinos de língua portuguesa, em especial os fiéis da Diocese de Januária (MG), acompanhados do Bispo Dom José Moreira da Silva. Além dos mineiros, havia fiéis de Jundiaí, Diadema, São Bernardo do Campo, Santo Amaro e membros da Comunidade Divino Oleiro.

Fonte: https://www.vaticannews.va

Para explicar a esperança, o Papa Francisco fez um exemplo concreto: a mulher grávida que vive para encontrar o seu filho. A esperança, portanto, é viver em vista do encontro concreto com Jesus.

Debora Donnini - Cidade do Vaticano

A mulher grávida que espera feliz o encontro com o filho e todos os dias toca a barriga para acariciá-lo. Esta é a imagem usada pelo Papa Francisco para explicar o que é a esperança, na homilia da missa celebrada esta manhã (23/10) na Casa Santa Marta. A esperança, portanto, é viver em vista do encontro concreto com Jesus.

No início da homilia, o Pontífice refletiu sobre duas palavras da mensagem litúrgica de hoje: “cidadania” e “herança”. Na Carta de São Paulo aos Efésios, se fala de Deus que fez um presente, nos tornou “cidadãos”, que consiste em ter nos dado uma identidade, “uma carteira de identidade”. Em Jesus, de fato, Deus “aboliu a Lei” para nos reconciliar, eliminando a inimizade, de modo que podemos nos apresentar, uns aos outros, ao Pai num só Espírito”, isto é, “nos fez um”. Assim, somos concidadãos dos santos em Jesus, destacou o Papa.

Deus, portanto, “nos faz caminhar” rumo à herança com esta certeza de sermos “concidadãos” e que “Deus está conosco”. E a herança, explicou Francisco, “é o que buscamos no nosso caminho, o que receberemos no final”. Mas é preciso buscá-la todos os dias e o que nos leva avante no caminho da nossa identidade rumo à herança é justamente a esperança, “talvez a menor virtude, talvez a mais difícil de entender”.

O que é a esperança?

Fé, esperança e caridade são um dom. A fé é fácil de compreender, assim como a caridade. Mas o que é a esperança?”, questionou Francisco, destacando que sim, é esperar o Céu, “encontrar os santos”, “uma felicidade eterna”. “Mas o que é o céu para você?”, perguntou ainda o Papa:

Viver na esperança é caminhar, sim, rumo a um prêmio, rumo à felicidade que não temos aqui, mas teremos lá … é uma virtude difícil de entender. É uma virtude humilde, muito humilde. É uma virtude que jamais desilude: se você espera, jamais ficará desiludido. Jamais, jamais. É também uma virtude concreta. “Mas como pode ser concreta, se eu não conheço o Céu e o que me espera?”. A esperança. A herança mostra que é a esperança em algo, não é uma ideia, não é estar num belo lugar...não. É um encontro. Jesus sempre destaca esta parte da esperança, este estar à espera, encontrar.

Gravidez

No Evangelho de hoje (Lc 12,35-38), a esperança consiste no encontro com o senhor quando volta da festa do casamento. Portanto, é sempre um encontro com o Senhor, algo concreto. E para explicar, o Papa fez este exemplo:

Vem-me à mente, quando penso na esperança, uma imagem: a mulher grávida, a mulher que espera uma criança. Vai ao médico, mostra a ecografia – “ah, sim, a criança… tudo bem” … Não! Está feliz! E todos os dias toca a barriga para acariciar aquela criança, está à espera da criança, vive esperando aquele filho. Esta imagem pode nos ajudar a entender o que é a esperança: viver para aquele encontro. Aquela mulher imagina como serão os olhos do filho, como será o sorriso, como será, loiro ou moreno...mas imagina o encontro com o filho. Imagina o encontro com o filho.

Sabedoria dos pequenos encontros

Esta imagem, portanto, pode nos ajudar a entender o que é a esperança e a nos fazer algumas perguntas, prosseguiu Francisco:

“Eu espero assim, concretamente, ou espero um pouco no ar, um pouco gnosticamente?”. A esperança é concreta, é de todos os dias porque é um encontro. E todas as vezes que encontramos Jesus na Eucaristia, na oração, no Evangelho, nos pobres, na vida comunitária, todas as vezes damos um passo a mais rumo a este encontro definitivo. A sabedoria de se alegrar com os pequenos encontros da vida com Jesus, preparando aquele encontro definitivo.

Concluindo, Francisco destacou ainda que a herança é a força com a qual o Espírito Santo “nos leva avante com a esperança” e exorta a nos questionar se como cristãos esperamos como herança um Céu abstrato ou um encontro. Fonte: http://press.vatican.va

Na missa celebrada esta manhã (18/10) na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco falou de três formas de pobreza às quais o discípulo é chamado: pobreza das riquezas, das perseguições e da solidão.

Debora Donnini - Cidade do Vaticano

Na missa celebrada esta manhã (18/10) na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco falou de três formas de pobreza às quais o discípulo é chamado: das riquezas, das perseguições e da solidão.

A reflexão do Pontífice foi inspirada na Oração da Coleta e no Evangelho de Lucas, que narra do envio dos 72 discípulos em pobreza, “sem bolsa, nem sacola, nem sandálias”, porque o Senhor quer que o caminho do discípulo seja pobre.

Desapegar das riquezas

As “três etapas” da pobreza começam com o distanciamento do dinheiro e das riquezas e é a condição para empreender o caminho do discipulado. Consiste em ter um “coração pobre”. E se no trabalho apostólico são necessárias estruturas ou organizações que pareçam um sinal de riqueza, que sejam bem usadas, mas com a atitude de desapego, advertiu o Papa.

O jovem rico do Evangelho, de fato, comoveu o coração de Jesus, mas depois não foi capaz de seguir o Senhor porque tinha “o coração preso às riquezas”. “Se você quiser seguir o Senhor, escolha o caminho da pobreza e se tiver riquezas, que sejam para servir os outros, mas com o coração desapegado. O discípulo, afirmou ainda o Papa, não deve ter medo da pobreza, ou melhor: deve ser pobre.

As perseguições por causa do Evangelho

A segunda forma de pobreza é a das perseguições. Sempre no Evangelho de hoje, o Senhor envia os discípulos “como cordeiros para o meio dos lobos”. E ainda hoje existem muitos cristãos perseguidos e caluniados por causa do Evangelho:

Ontem, na Sala do Sínodo, um bispo de um desses países onde há perseguição contou de um jovem católico levado por um grupo de rapazes que odiavam a Igreja, fundamentalistas; foi agredido e depois jogado dentro de uma cisterna, lançando lama até que chegou ao seu pescoço: “Diga pela última vez: você renuncia a Jesus Cristo?” – “Não!”. Jogaram uma pedra e o mataram. Todos nós ouvimos isso. E não aconteceu nos primeiros séculos: é de dois meses atrás! É um exemplo. Mas quantos cristãos hoje sofrem as perseguições físicas: “Oh, ele blasfemou! Para a forca!”.

Francisco recordou ainda que existem outras formas de perseguição:

A perseguição da calúnia, das fofocas e o cristão fica calado, tolera esta “pobreza”. Às vezes, é necessário se defender para não provocar escândalo… As pequenas perseguições no bairro, na paróquia… pequenas, mas são a prova: a prova de uma pobreza. É o segundo tipo de pobreza que o Senhor nos pede. O primeiro, deixar as riquezas, não ser apegado com o coração às riquezas; o segundo, receber humildemente as perseguições, tolerar as perseguições. Esta é uma pobreza.

A pobreza do sentir-se abandonado

Há uma terceira forma de pobreza: a da solidão, do abandono. O exemplo nos é dado na Primeira Leitura da liturgia de hoje, extraída da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo, na qual o “grande Paulo”, “que não tinha medo de nada”, diz que em sua primeira defesa no tribunal, ninguém o assistiu: “Todos me abandonaram”, disse ele, acrescentando que o senhor esteve ao seu lado e lhe deu forças.

O Papa Francisco se deteve no abandono do discípulo: como pode acontecer a um jovem ou uma jovem de 17 ou 20 anos, que com entusiasmo deixam as riquezas para seguir Jesus, depois “com firmeza e fidelidade” toleram “calúnias, perseguições diárias e ciúmes”, “pequenas ou grandes perseguições”, e no final o Senhor também pode pedir “a solidão do fim”:

Penso no maior homem da humanidade, e esta qualificação vem da boca de Jesus: João Batista. O maior homem nascido de uma mulher. Grande pregador: as pessoas iam a ele para serem batizadas. Como foi o seu fim? Sozinho, no cárcere. Pensem no que é um cárcere e como poderiam ser as prisões daquele tempo, porque se as de hoje são assim, pensem naquelas... Sozinho, esquecido, degolado pela fraqueza de um rei, o ódio de uma adúltera e o capricho de uma garota: assim, terminou o maior homem da história. Sem ir muito longe, muitas vezes nas casas para idosos onde vivem sacerdotes e religiosas que dedicaram suas vidas à pregação, eles se sentem sozinhos, sós com o Senhor: ninguém se lembra deles.

Uma forma de pobreza que Jesus prometeu a Pedro, dizendo-lhe: “Quando você era jovem, ia aonde queria; quando for velho, vão levar você para onde não quer”. O discípulo é pobre no sentido que não é apegado às riqueza. Este é o primeiro passo. Depois é pobre porque “é paciente diante das perseguições pequenas ou grandes”, e terceiro passo, é pobre porque entra no  estado de espírito de sentir-se abandonado ou no final da vida. O caminho de Jesus termina com a oração ao Pai: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?

O Papa convidou a rezar por todos os discípulos, “sacerdotes, religiosas, bispos, papas, leigos para que “saibam percorrer o caminho da pobreza como o Senhor deseja”.  Fonte: www.vaticannews.va

(Carmelitas na Audiência Geral com o Papa Francisco nesta quarta-feira, 17)

Como na semana passada, Francisco aprofundou a quinta palavra do Decálogo: ‘não matarás’, recordando que aos olhos de Deus a vida humana é preciosa, sagrada e inviolável.

Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano

Cerca de 20 mil fiéis participaram esta quarta-feira (17/10/2018) da Audiência Geral na Praça São Pedro.

Sob um céu nublado, o Papa fez a alegria dos peregrinos passando de papamóvel entre a multidão antes de pronunciar a sua catequese, dando prosseguimento ao ciclo sobre os 10 mandamentos.

Como na semana passada, Francisco aprofundou a quinta palavra do Decálogo: ‘não matarás’, recordando que aos olhos de Deus a vida humana é preciosa, sagrada e inviolável.

Desprezar é matar

Jesus no Evangelho revela um sentido ainda mais profundo para este Mandamento: a ira, o insulto e o desprezo contra um irmão é uma forma de assassinato. “Nós estamos acostumados a insultar. Isso faz mal, é uma forma de matar a dignidade de uma pessoa. Seria belo se este ensinamento de Jesus entrasse na mente e no coração. Não insultar mais ninguém: seria um bom propósito. Para Jesus, se você despreza, insulta e odeia, isso é homicídio.”

Quando vamos à missa, prosseguiu o Papa, deveríamos ter esta atitude de reconciliação com as pessoas com as quais tivemos problemas. “Mas às vezes falamos mal das pessoas enquanto esperamos o sacerdote. Isso não é possível. Vamos pensar na importância do insulto, do desprezo, do ódio. Jesus os insere na linha do assassinato.”

Para aniquilar uma pessoa, portanto, basta ignorá-la.

“ A indiferença mata. É como dizer ao outro: você é um morto para mim, porque você o matou em seu coração Não amar é o primeiro passo para matar; e não matar é o primeiro passo para amar. ”

De fato, desprezar o irmão é fazer como Caim que, quando Deus lhe perguntou onde estava seu irmão Abel, respondeu: “Por acaso sou guardião do meu irmão?” “Somos sim os guardiões dos nossos irmãos, somos guardiões uns dos outros!”, respondeu o Pontífice.

Precisamos de perdão

A vida humana necessita de amor, disse ainda o Papa, reiterando que o amor autêntico é o que Cristo nos mostrou, isto é, a misericórdia. Não matar é incluir, valorizar, perdoar.

Não podemos viver sem o amor que perdoa, que acolhe quem nos fez mal. Nenhum de nós sobrevive sem misericórdia, todos necessitamos do perdão. Não basta “não fazer nada de mal”, do homem se exige mais, ele deve fazer o bem, significa viver segundo o Senhor Jesus, que deu a vida por nós e por nós ressuscitou.

“Uma vez, repetimos todos juntos uma frase de um santo sobre isto: não fazer mal é coisa boa, mas não fazer o bem não é bom. Precisamos sempre fazer o bem, ir além”, disse ainda Francisco.

Eis então que a Palavra “não matarás” se torna um apelo essencial: é um apelo ao amor. Fonte: www.vaticannews.va