Olhar Jornalístico

Terça-feira, 13 de maio-2025. 4ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita

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Publicado em 12 maio 2025
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1) Oração

Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, celebrando o mistério da ressurreição do Senhor, possamos acolher com alegria a nossa redenção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (João 10, 22-30)

Naquele tempo, 22Em Jerusalém celebrava-se a festa da Dedicação. Era inverno. 23Jesus andava pelo templo, no pórtico de Salomão. 24Os judeus, então, o rodearam e disseram-lhe: “Até quando nos deixarás em suspenso? Se tu és o Cristo, dize-nos abertamente!” 25Jesus respondeu: “Eu já vos disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu pai dão testemunho de mim. 26Vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. 27As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28Eu lhes dou a vida eterna. Por isso, elas nunca se perderão e ninguém vai arrancá-las da minha mão. 29Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior do que todos, e ninguém pode arrancá-las da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos um”.

 

3) Reflexão

Os capítulos 1 a 12 do evangelho de João são chamados “O Livro dos Sinais”. Neles acontece a revelação progressiva do Mistério de Deus em Jesus. Na mesma medida em que Jesus vai fazendo a revelação, crescem a adesão e a oposição a ele de acordo com a visão com que cada um espera a chegada do Messias. Esta maneira de descrever a atividade de Jesus não é só para informar como a adesão a Jesus acontecia naquele tempo, mas também e sobretudo como ela deve acontecer hoje em nós, seus leitores e suas leitoras. Naquele tempo, todos esperavam a chegada do Messias e tinham os seus critérios para poder reconhecê-lo. Queriam que ele fosse do jeito que eles o imaginavam. Mas Jesus não se submete a esta exigência. Ele revela o Pai do jeito que o Pai é e não do jeito que o auditório o gostaria. Ele pede conversão no modo de pensar e de agir.  Hoje também, cada um de nós tem os seus gostos e preferências. Às vezes, lemos o evangelho para ver se encontramos nele a confirmação dos nossos desejos. O evangelho de hoje traz uma luz a este respeito.

João 10,22-24: Os Judeus interpelam Jesus.  Era frio. Mês de outubro. Festa da dedicação que celebrava a purificação do templo feita por Judas Macabeu (2Mc 4,36.59). Era uma festa bem popular de muitas luzes. Jesus anda na esplanada do Templo, no Pórtico de Salomão. Os judeus o questionam: "Até quando nos irás deixar em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente". Eles querem que Jesus se defina e que eles possam verificar, a partir dos critérios deles, se Jesus é ou não é o Messias. Querem provas. É a atitude de quem se sente dono da situação. Os novatos devem apresentar suas credenciais. Do contrário não terão direito de falar e de atuar.

João 10,25-26: Resposta de Jesus: as obras que faço dão testemunho de mim.  A resposta de Jesus é sempre a mesma: "Eu já disse, mas vocês não acreditam em mim. As obras que eu faço em nome do meu Pai, dão testemunho de mim; vocês, porém, não querem acreditar, porque vocês não são minhas ovelhas”. Não se trata de dar provas. Nem adiantaria. Quando uma pessoa não quer aceitar o testemunho de alguém, não há prova que o leve a pensar diferente. O problema de fundo é a abertura desinteressada da pessoa para Deus e para a verdade. Onde houver esta abertura, Jesus é reconhecido pelas suas ovelhas. “Quem é pela verdade escuta minha voz” dirá Jesus mais adiante a Pilatos (Jo 18,37). Esta abertura estava faltando nos fariseus.

João 10,27-28: As minhas ovelhas conhecem minha voz.  Jesus retoma a parábola do Bom Pastor que conhece suas ovelhas e é conhecido por elas. Este mútuo entendimento  -  entre Jesus que vem em nome do Pai e as pessoas que se abrem para a verdade  -  é fonte de vida eterna. Esta união entre o criador e a criatura através de Jesus supera a ameaça da morte: “Elas jamais perecerão e ninguém as arrebatará de minha mão!” Estão seguras e salvas e, por isso mesmo, em paz e com plena liberdade.

João 10,29-30: Eu e o Pai somos um.  Estes dois versículos abordam o mistério da unidade entre Jesus e o Pai: “Meu Pai, que tudo entregou a mim, é maior do que todos. Ninguém pode arrancar coisa alguma da mão do Pai. O Pai e eu somos um”. Esta e várias outras frases nos deixam entrever algo deste mistério maior: “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). “Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 10,38). Esta unidade entre Jesus e o Pai não é automática, mas é fruto da obediência: “Eu sempre  faço o que o Pai me mostra que é para fazer” (Jo 8,29; 6,38; 17,4). “Meu alimento é fazer a vontade do Pai (Jo 4,34; 5,30). A carta aos hebreus diz que Jesus teve que aprender, através do sofrimento, o que é ser obediente (Hb 5,8). “Ele foi obediente até à morte, e morte de Cruz” (Fl 2,8). A obediência de Jesus não é disciplinar, mas é profética. Ele obedece para ser total transparência e, assim, ser revelação do Pai. Por isso, ele podia dizer: “Eu e o pai somos um!” Foi um longo processo de obediência e de encarnação que durou 33 anos. Começou com o Sim de Maria (Lc 1,38) e terminou com “Tudo está consumado!” (Jo 19,30).

 

4) Para um confronto pessoal

 1) Minha obediência a Deus é disciplinar ou profética? Revelo algo de Deus ou só me preocupa com a minha própria salvação?

2) Jesus não se submeteu às exigências dos que queriam verificar se ele era mesmo o messias. Existe em mim algo desta atitude dominadora e inquisidora dos adversários de Jesus?

 

5) Oração final

Deus tenha pena de nós e nos abençoe, faça brilhar sobre nós a sua face. para que se conheça na terra o teu caminho, entre todos os povos a tua salvação. (66, 2-3)

Como um cardeal americano calado tornou-se papa; leia os bastidores da eleição de Leão XIV

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Publicado em 12 maio 2025
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Com eleitorado formado basicamente por indicados por Francisco, Robert Prevost, o cardeal de duas Américas, emergiu rapidamente no conclave

Prefeito do Dicastério para os Bispos, ele é o primeiro pontífice norte-americano e foi missionário no Peru

 

CIDADE DO VATICANO — Os cardeais que elegeram um novo papa para liderar a Igreja Católica saíram da Capela Sistina exaustos e famintos.

Uma meditação para iniciar o conclave se prolongou e empurrou sua primeira votação até bem para dentro da noite de quarta-feira, 7. O resultado foi uma contagem inconclusiva, com três principais concorrentes. Mantendo seu voto de segredo, eles retornaram para a Casa Santa Marta, a casa de hóspedes onde estavam isolados sem seus telefones, e começaram a conversar.

Durante o jantar, enquanto um cardeal celíaco selecionava seus vegetais e outros davam de ombros para a comida simples, eles ponderaram suas escolhas. O cardeal Pietro Parolin, de 70 anos, o italiano que comandava o Vaticano sob o papa Francisco, havia entrado no conclave como favorito, mas não recebeu apoio esmagador na votação.

Os italianos estavam divididos, e alguns dos cardeais na sala estavam incomodados por sua falha em enfatizar as reuniões colaborativas que Francisco priorizou para governar a igreja.

O cardeal Peter Erdo, da Hungria, de 72 anos, apoiado por uma coalizão de conservadores que incluía alguns apoiadores africanos, não teve como construir um clima a seu favor, em um eleitorado amplamente nomeado por Francisco.

Isso deixou o Cardeal Robert Francis Prevost, 69, um americano calado e um azarão surpreendente que havia emergido na votação da noite como uma fonte de interesse particular.

Missionário transformado em líder de ordem religiosa, transformado em bispo peruano, transformado em jogador de poder do Vaticano, ele preenchia muitos dos requisitos que uma ampla gama de cardeais esperava completar. Sua aparente capacidade de ser de dois lugares ao mesmo tempo — América do Norte e do Sul — agradou cardeais de dois continentes. À medida que os prelados sondavam os cardeais latino-americanos que o conheciam bem, eles gostaram do que ouviram.

Durante o jantar, Prevost evitou qualquer politicagem ou maquinação óbvia, disseram os cardeais. Até a manhã seguinte, ele havia se transformado em um fenômeno inesperado que, no fim das contas, deixou pouco espaço para candidaturas rivais e campos ideológicos.

“Você começa a ver a direção e diz, ‘Nossa senhora, não vou usar minhas roupas de cinco dias’”, brincou o Cardeal Pablo Virgilio Siongco David das Filipinas. “Vai ser resolvido muito rápido.”

Entrevistas com mais de uma dúzia de cardeais, que só podiam revelar até certo ponto por causa das regras de sigilo que carregam a pena de excomunhão, e relatos de insiders do Vaticano contaram a história de como Prevost se tornou o Papa Leão XIV. O consenso rápido, impressionante e que quebrou tabus em torno de um americano desconhecido para muitos de fora da igreja surgiu na quinta-feira, 8, entre um Colégio de Cardeais difícil de manejar com muitos novos membros que não se conheciam. Tinham interesses, línguas e prioridades diferentes, mas uma única escolha.

 

A construção do apoio

Após a morte de Francisco em 21 de abril, cardeais de todo o mundo começaram a chegar em Roma. Eles se juntaram a poderosos jogadores no Vaticano que comandavam a burocracia da igreja, incluindo Prevost, cuja carreira Francisco havia impulsionado.

Apesar de seu entendimento íntimo do Vaticano, Prevost ainda estava entre os novatos, tendo sido cardeal por nem mesmo dois anos. Ele tinha perguntas sobre o conclave.

Prevost recorreu a um dos supostos favoritos, o Cardeal Luis Antonio Gokim Tagle das Filipinas, em busca de ajuda.

“‘Como isso funciona?’” o americano disse, de acordo com Tagle, que contou a conversa. “Eu tinha experiência em um conclave,” disse Tagle, “e ele não tinha.”

Ao contrário de Tagle, ele também não tinha o reconhecimento de nome considerado necessário em uma eleição entre tantos novos cardeais que mal se conheciam. Sem um perfil alto ou base de apoio óbvia, o graduado pela Villanova University, nascido em Chicago, moveu-se sob o radar.

“Eu nem sabia o nome dele,” disse David das Filipinas.

Mas Prevost não era um completo desconhecido. Como ex-líder da Ordem de Santo Agostinho, que opera em todo o mundo, e como chefe do escritório do Vaticano supervisionando os bispos do mundo, ele havia desenvolvido conexões poderosas e apoiadores. O primeiro entre eles havia sido Francisco, que colocou sua carreira na via rápida. E suas décadas no Peru, espanhol fluente e liderança da Comissão Pontifícia para a América Latina lhe deram relações profundas e decisivas no continente.

“Quase todos nós o conhecemos. Ele é um de nós,” disse o Cardeal Baltazar Enrique Porras Cardozo, da Venezuela, que o conhece há décadas.

Nas semanas antes do conclave, os cardeais participaram de uma série de reuniões privadas para discutir suas preocupações sobre o futuro da igreja. Ao contrário de Francisco, que marcou sua presença com um discurso curto compartilhando sua visão para a igreja, vários cardeais disseram que os comentários de Prevost não se destacaram. “Como todos os demais”, disse o Cardeal Juan José Omella Omella, da Espanha.

O Cardeal Jean-Paul Vesco, da França, o arcebispo de Argel, também não conseguia se lembrar do que o americano havia dito, mas conseguiu falar com ele à margem das reuniões — o que foi importante, disse ele, porque ele estava sendo cada vez mais mencionado como um candidato com base em seu currículo “incrível”, italiano fluente, reputação de moderado e conexão com Francisco. O cardeal começou a perguntar às pessoas que haviam trabalhado com o americano para avaliá-lo, e aprendeu que ele ouvia e trabalhava bem em grupos. “Fiz meu trabalho,” disse Vesco. “Eu tenho de votar. Eu tenho que conhecer a pessoa.”

O Cardeal Wilton Gregory, dos Estados Unidos, também disse que Prevost havia se engajado “bastante eficazmente” nas discussões em grupo menor com cardeais.

Esses ambientes mais íntimos jogaram a favor de Prevost, pois ele havia ganhado reputação em Roma como um colaborador estudiosamente preparado, colegiado e organizado, especialmente como chefe de um departamento importante do Vaticano.

“Eu simplesmente admiro a maneira como ele conduz uma reunião,” disse o Cardeal Blase J. Cupich, de Chicago, sua cidade natal. “Quero dizer, isso é difícil de fazer, quando você tem pessoas de diferentes grupos linguísticos e culturas, e você está tentando aconselhar um papa sobre quem deveria ser um bispo, e você está ouvindo todas essas pessoas.”

No sábado, 3 de maio, cinco dias antes do conclave, os cardeais foram sorteados e atribuíram funções-chave. Com 127 dos 133 que votaram finalmente presentes, Prevost foi escolhido para ajudar na condução das reuniões diárias antes de serem isolados e começarem a votação.

À medida que as diferentes facções discutiam nessas reuniões diárias sobre a futura direção da igreja, os cardeais das Américas pareciam se unificar em torno dele.

O Cardeal Timothy M. Dolan, de Nova York, uma figura franca e extrovertida, disse que tentou conhecer melhor seu colega americano durante um café da manhã.

O Cardeal Gerhard Ludwig Müller, da Alemanha, notou uma base eleitoral que parecia estar se formando, dizendo, “É um bom número de cardeais da América do Sul e América do Norte.”

Porras, da Venezuela, disse que os cardeais da América Latina e dos Estados Unidos pareciam estar na mesma página sobre Prevost. “Quando você tem amizade primeiro”, ele disse, “tudo é mais fácil.”

Quanto mais os cardeais aprendiam sobre Prevost, mais eles gostavam, disseram os religiosos. “Bob, isso poderia ser proposto a você,” o Cardeal Joseph W. Tobin de Newark, Nova Jersey, contou que disse a Prevost logo antes do conclave começar.

Prevost tinha muito da experiência que eles estavam procurando, disse o Cardeal Vincent Nichols, da Inglaterra. Ele tinha o coração de um missionário, profundidade acadêmica e conhecimento do mundo. Ele havia comandado uma diocese como bispo, o que o colocou em contato próximo com os paroquianos, mas também havia trabalhado na Cúria, a burocracia romana que ajuda a governar a Igreja.

Não escapou aos cardeais, Nichols disse, que Parolin, o principal diplomata do Vaticano, que estava sendo promovido por seus apoiadores dentro e fora do conclave, tinha experiência profunda apenas na burocracia da igreja.

“Nós não somos estúpidos”, ele disse.

 

Rápida mudança

Na quarta-feira, 7, após uma longa e solene procissão até a Capela Sistina, os cardeais se reuniram em seus assentos designados e fizeram seus votos. Pouco antes das 18h, as portas se fecharam para o início do conclave.

A meditação no início, comentários sobre a gravidade da tarefa em mãos, durou cerca de uma hora. Foi tão longa que Parolin, que estava conduzindo o conclave, perguntou se eles queriam encerrar por ali e adiar a primeira votação para a manhã seguinte.

“Não tivemos jantar, e também não houve intervalos — nem para ir ao banheiro”, disse David das Filipinas, mas o grupo decidiu que queria uma votação.

À medida que a votação começou por volta das 19:30, o atraso, sem explicação para o mundo externo, causou agitação entre as multidões que esperavam. Parecia, talvez, que os cardeais já haviam escolhido um papa que estava se vestindo para sair na varanda.

Em vez disso, a primeira votação naquela noite resultou no que Omella, da Espanha, chamou de “uma espécie de pesquisa preliminar.”

“Na primeira votação, houve vários candidatos que ganharam votos significativos,” disse o Cardeal Lazarus You Heung-sik, da Coreia do Sul, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap. Insiders do Vaticano disseram que esses candidatos incluíam Parolin, Erdo e Prevost.

Foi quando os cardeais retornaram à casa de hóspedes e começaram a discutir os pontos fortes e fracos de cada um deles.

“Uma vez que em Santa Marta, houve conversa sobre candidatos individuais”, Nichols, da Inglaterra, disse. “É isso que se supõe fazer.”

Müller, da Alemanha, um crítico conservador destacado de Francisco que o falecido papa havia demitido de sua posição como chefe do oficial doutrinário da Igreja, disse ter falado com os latino-americanos sobre Prevost e foi informado que ele “não era divisivo.”

O clima favorável a Prevost parecia estar crescendo. A eleição estava chegando até ele.

As votações da manhã seguinte — a segunda e terceira do conclave — esclareceram o panorama.

“Na quarta votação, os votos mudaram esmagadoramente” para Prevost, disse You, da Coreia do Sul.

Müller sentou-se atrás do favorito americano na Capela Sistina e percebeu que ele parecia calmo. Tagle, que se sentou ao lado de Prevost, notou que ele respirava fundo à medida que os votos se acumulavam a seu favor.

“Eu perguntei a ele, ‘Você quer um doce?’ e ele disse ‘Sim’”, disse Tagle.

Durante uma das votações, Tobin, enquanto segurava sua cédula alto e a colocava na urna, virou-se e viu Prevost, a quem conhecia há cerca de 30 anos.

“Eu olhei para o Bob”, disse Tobin, de Nova Jersey, “e ele estava com a cabeça entre as mãos.”

Posteriormente, na parte da tarde, eles votaram novamente, e então contaram as cédulas uma a uma. Quando Prevost atingiu 89 votos, o limiar da maioria de dois terços necessário para se tornar papa, a sala irrompeu em uma ovação de pé. “E ele permaneceu sentado!” disse David. “Alguém teve que puxá-lo para cima. Todos nós ficamos com lágrimas nos olhos.”

À medida que a contagem continuava e os votos para Prevost se aproximavam dos três dígitos, Parolin teve que pedir para que se sentassem para que pudessem terminar.

“Ele obteve uma maioria muito, muito grande dos votos”, disse o Cardeal Désiré Tsarahazana, de Madagascar.

Após sua eleição, os cardeais felicitaram entusiasticamente o novo papa. Um conclave curto e sem contendas estava encerrado e Leão XIV atravessou as cortinas carmesim para a varanda da Basílica de São Pedro e para o palco mundial.

Tagle, o outrora favorito que dias antes havia sido questionado pelo americano sobre as regras, lhe disse: “‘Se há algo que você quer mudar sobre as regras do conclave — está tudo em suas mãos agora.’”.  Fonte: https://www.estadao.com.br

Papa Leão XIV agradece aos jornalistas pelo "serviço à verdade"

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Publicado em 12 maio 2025
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"Dou-lhes as boas-vindas, representantes da mídia de todo o mundo. Agradeço o trabalho que realizaram e realizam neste tempo que, para a Igreja, é essencialmente um tempo de Graça", disse o Papa Leão XIV durante o encontro com a imprensa mundial.

 

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Leão XIV encontrou-se, nesta segunda-feira (12/05), na Sala Paulo VI, no Vaticano, com a imprensa mundial.

Dou-lhes as boas-vindas, representantes da mídia de todo o mundo. Agradeço o trabalho que realizaram e realizam neste tempo que, para a Igreja, é essencialmente um tempo de Graça.

Depois dessas palavras de boas-vindas no início de seu discurso, Leão XIV prosseguiu, citando o “Sermão da Montanha”, no Evangelho de Mateus, em que Jesus proclamou: “Felizes os que promovem a paz”.

 

O modo como comunicamos é de fundamental importância

Segundo o Pontífice, esta é uma bem-aventurança que nos interpela a todos e chama quem trabalha nos meios de comunicação "ao compromisso de levar adiante uma forma de comunicação diferente, que não busque o consenso a todo custo, não se revista de palavras agressivas, não abrace o modelo da competição, não separe nunca a busca da verdade do amor com que devemos humildemente buscá-la".

“A paz começa em cada um de nós: no modo como olhamos os outros, ouvimos os outros, falamos dos outros. Neste sentido, o modo como comunicamos é de fundamental importância: devemos dizer “não” à guerra das palavras e das imagens, devemos rejeitar o paradigma da guerra.”

 

A solidariedade da Igreja aos jornalistas presos

A seguir, Leão XIV reiterou "a solidariedade da Igreja aos jornalistas presos por terem buscado e relatado a verdade", pedindo sua libertação.

“A Igreja reconhece nestas testemunhas, penso naqueles que relatam a guerra mesmo à custa da própria vida, a coragem de quem defende a dignidade, a justiça e o direito dos povos à informação, porque só os povos informados podem fazer escolhas livres. O sofrimento destes jornalistas presos interpela a consciência das Nações e da Comunidade internacional, chamando-nos a todos a salvaguardar o bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa.”

 

Agradecimento pelo "serviço à verdade"

A seguir, Leão XIV agradeceu aos jornalistas pelo seu "serviço à verdade".

 

“Vocês estiveram em Roma nestas semanas para contar a Igreja, a sua variedade e, ao mesmo tempo, a sua unidade. Vocês acompanharam os ritos da Semana Santa; depois, contaram a história da dor pela morte do Papa Francisco, que, no entanto, ocorreu à luz da Páscoa. Essa mesma fé pascal nos introduziu no espírito do Conclave, que os viu particularmente ocupados em dias cansativos; e, também nessa ocasião, vocês conseguiram narrar a beleza do amor de Cristo que nos une a todos e nos torna um só povo, guiados pelo Bom Pastor.”

 

Uma comunicação capaz de nos tirar da “Torre de Babel” 

Leão XIV recordou, em seu discurso, que "vivemos tempos difíceis de percorrer e contar, que são um desafio para todos nós e dos quais não devemos fugir. Pelo contrário, pedem a cada um de nós, em nossos diferentes papéis e serviços, para nunca ceder à mediocridade. A Igreja deve aceitar o desafio dos tempos e, da mesma forma, não pode haver comunicação e jornalismo fora do tempo e da história. Como nos lembra Santo Agostinho, que disse: «Vivamos bem e os tempos serão bons. Nós somos os tempos»".

Segundo o Papa Leão XIV, "um dos desafios mais importantes hoje é promover uma comunicação capaz de nos tirar da “Torre de Babel” em que às vezes nos encontramos, da confusão de linguagens sem amor, muitas vezes ideológicas ou tendenciosas. Por isso, o seu serviço, com as palavras que vocês usam e o estilo que vocês adotam, é importante".

 

Comunicação, criação de ambientes humanos e digitais

"A comunicação, de fato", disse o Pontífice, "não é apenas a transmissão de informações, mas a criação de uma cultura, de ambientes humanos e digitais que se tornam espaços de diálogo e discussão".

“Olhando para a evolução tecnológica, essa missão se torna ainda mais necessária. Penso, em particular, na inteligência artificial com seu imenso potencial, que exige, no entanto, responsabilidade e discernimento para orientar os instrumentos para o bem de todos, para que possam produzir benefícios para a humanidade. Essa responsabilidade diz respeito a todos, na proporção da idade e dos papéis sociais.”

"Queridos amigos, com o tempo aprenderemos a conhecer-nos melhor. Vivemos, podemos dizer juntos, dias realmente especiais", partilhados "por todos os meios de comunicação: TV, rádio, internet, redes sociais".

 

Desarmar a comunicação do ódio e do preconceito

"Gostaria que cada um de nós pudesse dizer deles que eles nos revelaram um pouco do mistério da nossa humanidade e que nos deixaram um desejo de amor e de paz", disse o Papa Leão XIV, recordando o convite do Papa Francisco em sua última mensagem para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado em 1º de junho próximo:

“Desarmemos a comunicação de todo preconceito, rancor, fanatismo e ódio; purifiquemo-la da agressividade. Não precisamos de uma comunicação estrondosa e muscular, mas de uma comunicação capaz de ouvir, de acolher a voz dos frágeis que não têm voz. Desarmemos as palavras e ajudaremos a desarmar a Terra. Uma comunicação desarmada e desarmante permite-nos partilhar uma visão diferente do mundo e agir de modo coerente com a nossa dignidade humana.”

"Vocês estão na linha de frente narrando conflitos e esperanças de paz, situações de injustiça e pobreza, e o trabalho silencioso de muitos por um mundo melhor. Por isso, peço-lhes que escolham com consciência e coragem o caminho da comunicação da paz", concluiu o Papa Leão XIV. Fonte: https://www.vaticannews.va

'A Igreja criou uma armadilha para Trump' com Papa Leão XIV, diz teólogo.

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Publicado em 09 maio 2025
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Para o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, as críticas ao governo americano, como fazia Francisco, agora 'virão de um Papa conterrâneo e branco', tornando o 'embate' um assunto interno

 

Por Amanda Scatolini

Em um conclave que se definiu de forma surpreendentemente rápida para as expectativas, o cardeal Robert Prevost emergiu como novo líder da Igreja Católica, tornando-se Papa Leão XIV, um nome que ecoa e reforça a continuidade do legado de Francisco, seu antecessor. Além de ter se destacado por um discurso pacificador e de visão reformista, o primeiro Pontífice americano, que também é naturalizado peruano, chama a atenção por ser um crítico do conservador governo americano, representando um desafio simbólico ao presidente Donald Trump.

Para o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, ex-coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, não há dúvidas de que há possibilidade de um diálogo em um primeiro momento. Porém, agora, as críticas ao governo americano, sobretudo em relação a questões como a imigração, "virão de um Papa conterrâneo e branco", lembra o especialista, tornando um possível embate um assunto "interno".

 

A escolha do novo Papa ocorreu de forma relativamente rápida, surpreendendo todas as expectativas. Quais fatores o senhor apontaria que podem ter contribuído para essa rapidez?

 

Prevost é muito semelhante a Francisco. No social, no pastoral, no espiritual. O discurso dele foi curto, mas pra quem está acostumado a ler os textos de Francisco, vê que ele tem uma sensibilidade muito parecida, sobretudo em relação ao amor de Deus por nós. E, apesar de ser um reformador na linha de Bergoglio, tem posições mais cautelosas, como Francisco também tinha, em relação a vários temas controversos, como, por exemplo, a questão do sacerdócio feminino.

Então, de certa forma, ele representava uma garantia muito grande de continuidade, sobretudo segura, do trabalho de Francisco. Ele dificilmente vai criar mais "problemas" do que Francisco. Pelo contrário, deve dar continuidade ao trabalho com até menos desafios do que os que Francisco enfrentou.

O fato de ser um cardeal com uma função estratégica dentro da Cúria Romana também pode ter influenciado na decisão. Ele estava à frente do órgão que escolhe e orienta o Papa na escolha dos novos bispos, o que o obrigava a estar o tempo todo em contato com a Igreja no mundo inteiro, e esse pode ter sido um diferencial.

 

Essa semelhança com Francisco se reflete também na escolha do nome Leão XIV, especialmente em relação às questões sociais...

 

Sim, Leão XIII é considerado o fundador da doutrina social da Igreja contemporânea. Foi um grande defensor dos pobres e que criticou muito, dentro dos padrões do século XIX, o capitalismo na época. Então, a escolha por Leão XIV o faz se aproximar muito de um perfil social como o de Francisco.

 

Diferente de Francisco, que optou por vestes papais mais simples logo em sua primeira aparição, Leão XIV apareceu com uma mais tradicional. Que mensagem isso passou, mesmo diante das semelhanças e da promessa de continuidade?

 

Francisco, desde o início como um grande reformista, teve a necessidade de demonstrar uma posição diferente, de explicitar e visibilizar a sua postura. Prevost já está num contexto que, depois de 12 anos de Francisco, não há uma necessidade premente de adotar sinais claros de uma grande mudança de postura. Além disso, um posicionamento muito explícito poderia dificultar um diálogo com os conservadores agora no início de seu pontificado.

 

Um dos assuntos mais comentados foram as críticas quanto à forma como ele lidou com casos de abuso sexual na Igreja no passado, embora tenha apresentado as denúncias recebidas ao Vaticano. É uma questão que ainda pode balançar seu pontificado?

 

É muito difícil um bispo com mais de 60 anos que não seja passível desse tipo de crítica. O problema era como a Igreja enfrentava o problema, não como ele pessoalmente o fazia. Havia uma orientação explícita para "lavar a roupa suja em casa" e resolver os problemas internamente.

O próprio Joseph Ratzinger, antes de se tornar Bento XVI, tentou acabar com essa orientação na época de João Paulo II, mas foi voto vencido entre os cardeais.

 

E essa acabou sendo uma das grandes questões do pontificado de Bento XVI também.

 

Exatamente. Enquanto cardeal, Ratzinger foi contra essa postura. E quem depois teve que segurar o rojão foi ele mesmo, que não queria segurar.

 

Alguns já consideram Leão XIV o segundo Papa latino-americano, apesar de ser nascido nos Estados Unidos. Como essa proximidade pode influenciar sua relação com a América Latina? E o que esperar da relação da Igreja Católica com o governo de Donald Trump, sabendo que Prevost é um crítico de sua agenda?

 

Eu diria para você que nós temos, sim, o segundo Papa latino-americano. Afinal de contas, ele é naturalizado peruano. E não deixa de ser uma coisa inesperada. A análise que se fazia era que, de modo geral, teríamos dificuldade de ter um segundo Papa sul-americano, pois haveria uma tendência dos cardeais de procurá-lo em outros continentes.

Em relação aos Estados Unidos, provavelmente vai haver uma facilitação do diálogo num primeiro momento. Trump se manifestou falando que estava muito feliz, orgulhoso. Um discurso protocolar e que se esperaria dele. Mas não deixa de ser um sinal de que ele terá de procurar um diálogo favorável com Leão XIV.

Então, de certa forma, a Igreja criou uma armadilha para Trump. Agora, ele não pode mais dizer que as críticas ao seu governo são antiamericanas, terceiro-mundistas, comunistas ou coisa parecida. As críticas agora vêm de um Papa conterrâneo e branco, como ele. É uma situação que facilita, por um lado, o diálogo, mas também fortalece a moral católica ao criticar as posturas de Trump. Agora, a crítica, de certa forma, é interna. Fonte: https://oglobo.globo.com

Leão XIV: "O Senhor me chamou para carregar uma cruz e realizar uma missão"

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Publicado em 09 maio 2025
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Depois de eleito, Leão XIV celebra sua primeira missa com os cardeais. Em sua homilia, citou o Concílio Vaticano II, Santo Inácio de Antioquia e seu predecessor Francisco.

 

Vatican News

Após a eleição na tarde de 8 de maio, o Papa Leão XIV voltou esta manhã à Capela Sistina para presidir à Santa Missa com todos os membros do Colégio Cardinalício.

No início de sua homilia, fez em inglês uma saudação aos cardeais, repetindo as palavras do Salmo responsorial: “Cantarei um cântico novo ao Senhor, porque ele fez maravilhas”.

"E, de fato, não apenas comigo, mas com todos nós. Meus irmãos cardeais, ao celebrarmos esta manhã, convido-os a refletir sobre as maravilhas que o Senhor fez, as bênçãos que o Senhor continua a derramar sobre todos nós por meio do Ministério de Pedro. O Senhor me chamou para carregar essa cruz e realizar essa missão, e sei que posso contar com cada um de vocês para caminhar comigo, continuamos como Igreja, como uma comunidade de amigos de Jesus, como fiéis para anunciar a Boa Nova, para anunciar o Evangelho."

 

Fiel administrador a favor de todo o Corpo místico da Igreja

Em seguida, começou a ler o texto previamente preparado, em que refletiu sobre a frase que Simão Pedro dirige a Jesus, contida no capítulo 16 do Evangelho de Mateus: 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo'."

Essas palavras de Pedro, afirma o Papa recém-eleito, expressam em síntese o patrimônio que há dois mil anos a Igreja preserva, aprofunda e transmite através da sucessão apostólica. Ou seja, Jesus é o único Salvador e o revelador da face do Pai.

Citando a “Gaudium et spes” do Concílio Vaticano II, Leão XIV recorda que o Filho de Deus se revela a nós através dos olhos confiantes de uma criança, mostrando-nos assim um modelo de humanidade santa que todos podemos imitar.

Este tesouro agora “é confiado também a mim, para que eu seja um fiel administrador a favor de todo o Corpo místico da Igreja, de modo que esta seja sempre mais cidade colocada sobre o monte (cfr Ap 21,10), arca de salvação que navega através das ondas da história, farol que ilumina as noites do mundo. E isso não tanto pela grandiosidade de suas estruturas, mas pela santidade dos seus membros".

 

Chamados a testemunhar a alegria da fé

Retomando o episódio bíblico narrado em Mateus, Leão XIV reflete ainda sobre a resposta de Jesus a Pedro, quando diz “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?”.

Não se trata de uma questão banal, afirma o Papa, pelo contrário, é de grande atualidade. Pois há duas possíveis interpretações. A primeira é a que identifica Jesus como uma pessoa sem importância alguma, ao máximo um personagem curioso, como fizeram os habitantes de Cesareia de Filipe. Outra possível resposta é a das pessoas comuns, que veem Jesus não como um charlatão, mas uma pessoa reta, com coragem e que diz coisas justas. Mas o consideram somente um homem e, por isso, no momento do perigo, durante a Paixão, O abandonam.

“Também hoje, não são poucos os contextos em que a fé cristã é considerada algo absurdo destinada a pessoas débeis e pouco inteligentes; contextos em que a ela preferem-se outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer.”

Trata-se de ambientes onde não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho, e onde quem acredita se vê ridicularizado, contrastado, desprezado, ou, quando muito, suportado e digno de pena.

No entanto, precisamente por isso, são lugares onde a missão se torna urgente, porque a falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação da dignidade da pessoa, a crise da família e tantas outras feridas das quais a nossa sociedade sofre, e não pouco.

 

“Ainda hoje, não faltam contextos nos quais Jesus, embora apreciado como homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem, e isto não apenas entre quem não crê, mas também entre muitos batizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático.”

 

Este, portanto, é o mundo que nos está confiado e no qual, como tantas vezes nos ensinou o Papa Francisco, somos chamados a testemunhar a alegria da fé em Jesus Salvador.

Antes de concluir, citou a frase de Santo Inácio de Antioquia ao se encaminhar para o seu martírio: «Então serei verdadeiro discípulo de Jesus, quando o meu corpo for subtraído à vista do mundo» (Carta aos Romanos, IV, 1).

Essas palavras, afirmou, recordam um compromisso irrenunciável para quem, na Igreja, exerce um ministério de autoridade: desaparecer para que Cristo permaneça, fazer-se pequeno para que Ele seja conhecido e glorificado gastar-se até ao limite para que a ninguém falte a oportunidade de O conhecer e amar.

“Que Deus me dê esta graça, hoje e sempre, com a ajuda da terna intercessão de Maria, Mãe da Igreja.” Fonte: https://www.vaticannews.va

O desafio de Leão XIV

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Publicado em 09 maio 2025
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O papa herda uma Igreja em transformação em um mundo conturbado. Para ser um pontífice da paz numa era de conflitos, precisará dialogar sem abandonar convicções, reformar sem romper

“Após um papa gordo, um papa magro”, diz o provérbio. Após um papa “do fim do mundo”, um papa da nação mais rica e poderosa do planeta, que liderou uma nova ordem mundial – e agora abala seus fundamentos.

A Igreja que escolheu o americano Robert Prevost para chefiá-la também é diferente da que elegeu o falecido Francisco. Foi o conclave mais global da História. A fé definha no Ocidente, mas cresce no Oriente. Na América Latina, os evangélicos trazem uma visão nova de Cristo, mas também dúvidas e desafios. Conversões florescem na África e Ásia, mas também atritos com ditaduras e o Islã.

O mundo é diferente: conflitos despertam o espectro da guerra mundial; as democracias estão em recessão, as autocracias, em ascensão, o multilateralismo, em descrédito. A economia se desacelera; as populações envelhecem; tecnologias despertam sonhos de empoderamento sobre-humano, mas também o pesadelo da desumanização.

Na Praça São Pedro, em seu primeiro pronunciamento após ser eleito papa, Leão XIV pronunciou dez vezes a palavra “paz”. “Que a paz esteja convosco”, disse, repetindo a saudação do Cristo ressuscitado. “Uma paz desarmada, uma paz desarmadora, humilde e perseverante, que vem de Deus”, e que o papa gostaria que entrasse em nosso “coração”, alcançasse nossas “famílias”, “todas as pessoas, onde quer que estejam”. E disse como cumprirá essa missão: com uma Igreja que “constrói pontes, que dialoga, sempre aberta a receber”, que “caminha”, que busca “sempre a caridade” e “sempre estar próxima, especialmente dos que sofrem”.

Rios de tinta e saliva correrão sobre o perfil do pontífice. Seu pontificado se adaptará ao mundo moderno, ou tentará adaptá-lo? Qual será sua posição ante a causa LGBT, a ordenação de mulheres, a guerra na Ucrânia ou – inevitável – seu conterrâneo Donald Trump?

Perguntas legítimas, desde que não sejam reducionistas. A mídia secular aplica sua régua – conservador versus progressista –, mas os riscos desse achatamento cognitivo são evidentes. Basta olhar para aquele de quem Leão XIV é vicário. Pode-se afirmar que Jesus não era nem reacionário nem revolucionário, mas a pergunta sobre se era conservador ou progressista colapsa tão logo é formulada. Leão XIII, por exemplo, propôs uma doutrina robusta da justiça social, mas criticou o socialismo e o capitalismo; dialogou com a modernidade, mas reavivou a teologia patrística e escolástica. Conservador ou progressista?

A Igreja precisa ser conservadora: ela se vê como depositária de um dom divino. Mas precisa ser progressista, porque esse dom não pode só ser conservado: deve penetrar o mundo, expandir-se sobre ele, transformá-lo. O cristianismo se vê como a síntese de um acontecimento – a encarnação do Deus-homem –, uma promessa – a união de Deus com a humanidade e a criação – e uma missão – a realização dessa promessa pela regeneração pessoal, social e natural.

Prevost tem formação científica, foi missionário, prior agostiniano e próximo a Francisco. Se quer trazer paz a um mundo conturbado, tem formidáveis instrumentos nas mãos. A Igreja Católica é a instituição mais antiga e mais globalizada do planeta – não só seus 1,4 bilhão de fiéis de todas as etnias, classes e culturas, mas as homenagens de líderes religiosos, chefes de Estado e pessoas de todo o mundo no funeral de Francisco são a prova viva.

A Igreja não tem armas nem capital, mas está na melhor posição para dialogar com protestantes e ortodoxos; com judeus e muçulmanos – todos filhos de Abraão e tributários de Moisés. Ela compartilha da fé humanista na dignidade absoluta do ser humano e na fraternidade universal – mas porque crê em um Pai –; compartilha o anseio muçulmano de servir a um Deus absolutamente bom – mas um Deus humano.

Nessa missão, o juízo sobre se Leão XIV – como Francisco e os sucessores de Pedro – será um bom “progressista” ou um bom “conservador” é secundário. O mundo deve julgar se o papa é um bom homem e um bom cristão. O critério foi dado pelo seu mestre: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, ou, em outras palavras, amar como Cristo amou. Se Leão XIV for fiel a esse mandamento, será um bom papa – e o mundo terá um pouco mais de paz. Fonte: https://www.estadao.com.br

A vida e história de Papa Leão XIV: Robertum Franciscum Prevost

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Publicado em 08 maio 2025
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Primeiro papa agostiniano, é o segundo pontífice americano depois de Francisco, mas, ao contrário de Bergoglio, o estadunidense Robert Francis Prevost, de 69 anos, é originário do norte do continente. De fato, o novo bispo de Roma nasceu em 14 de setembro de 1955 em Chicago, Illinois, filho de Louis Marius Prevost, de ascendência francesa e italiana, e de Mildred Martínez, de ascendência espanhola. Ele tem dois irmãos, Louis Martín e John Joseph.

Passou a infância e a adolescência com a família e estudou primeiro no Seminário Menor dos Padres Agostinianos e depois na Villanova University, na Pensilvânia, onde se formou em 1977 em Matemática e estudou Filosofia. Em 1º de setembro do mesmo ano, ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho (OSA) em St. Louis, na província de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Chicago, e fez sua primeira profissão em 2 de setembro de 1978. Em 29 de agosto de 1981, emitiu seus votos solenes.

Estudou na Catholic Theological Union em Chicago, graduando-se em Teologia. Aos 27 anos, foi enviado por seus superiores a Roma para estudar Direito Canônico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino (Angelicum). Na Urbe, foi ordenado sacerdote em 19 de junho de 1982, no Colégio Agostiniano de Santa Mônica, por Dom Jean Jadot, pró-presidente do Pontifício Conselho para os Não Cristãos, hoje Dicastério para o Diálogo Inter-religioso.

Prevost obteve a licenciatura em 1984 e, no ano seguinte, enquanto preparava sua tese de doutorado, foi enviado para a missão agostiniana em Chulucanas, Piura, Peru (1985-1986). Em 1987 defendeu sua tese de doutorado sobre "O papel do prior local da Ordem de Santo Agostinho" e foi nomeado Diretor de Vocações e Diretor de Missões da Província Agostiniana "Mãe do Bom Conselho" em Olympia Fields, Illinois (EUA).

No ano seguinte, ingressou na missão de Trujillo, também no Peru, como diretor do projeto de formação comum para os aspirantes agostinianos dos vicariatos de Chulucanas, Iquitos e Apurímac. Durante onze anos, ocupou os cargos de Prior da comunidade (1988-1992), Diretor de Formação (1988-1998) e formador dos professos (1992-1998) e na Arquidiocese de Trujillo foi Vigário Judicial (1989-1998) e Professor de Direito Canônico, Patrística e Moral no Seminário Maior “São Carlos e São Marcelo”. Ao mesmo tempo, também lhe foi confiado o cuidado pastoral de Nossa Senhora Mãe da Igreja, que mais tarde foi erigida como paróquia com o título de Santa Rita (1988-1999), na periferia pobre da cidade, e foi administrador paroquial de Nossa Senhora de Monserrat de 1992 a 1999.

Em 1999, foi eleito prior provincial da Província Agostiniana “Mãe do Bom Conselho” de Chicago, e dois anos e meio depois, no Capítulo Geral Ordinário da Ordem de Santo Agostinho, seus coirmãos o escolheram como prior geral, confirmando-o em 2007 para um segundo mandato.

Em outubro de 2013, retornou à sua província agostiniana, em Chicago, e foi diretor de formação no convento de Santo Agostinho, primeiro conselheiro e vigário provincial; cargos que ocupou até que o Papa Francisco o nomeou, em 3 de novembro de 2014, administrador apostólico da diocese peruana de Chiclayo, elevando-o à dignidade episcopal como bispo titular de Sufar. Ele entrou na diocese em 7 de novembro, na presença do Núncio Apostólico James Patrick Green, que o ordenou bispo pouco mais de um mês depois, em 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, na Catedral de Santa Maria.

O seu lema episcopal é “In Illo uno unum”, palavras que Santo Agostinho pronunciou em um sermão, a Exposição sobre o Salmo 127, para explicar que “embora nós cristãos sejamos muitos, no único Cristo somos um”.

Em 26 de setembro de 2015, foi nomeado bispo de Chiclayo pelo pontífice argentino e, em março de 2018, foi eleito segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana, na qual também foi membro do Conselho Econômico e presidente da Comissão de Cultura e Educação.

Em 2019, por decisão de Francisco, foi incluído entre os membros da Congregação para o Clero em 13 de julho de 2019 e, no ano seguinte, entre os membros da Congregação para os Bispos (21 de novembro). Nesse meio tempo, em 15 de abril de 2020, recebe a nomeação pontifícia também como administrador apostólico da diocese peruana de Callao.

Em 30 de janeiro de 2023, o Papa o chamou a Roma como Prefeito do Dicastério para os Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, promovendo-o a arcebispo. E no Consistório de 30 de setembro do mesmo ano, ele o criou e o tornou cardeal, atribuindo-lhe o diaconato de Santa Mônica. Prevost tomou posse em 28 de janeiro de 2024 e, como chefe do dicastério, participou das últimas viagens apostólicas do Papa Francisco e da primeira e segunda sessões da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, realizadas em Roma de 4 a 29 de outubro de 2023 e de 2 a 27 de outubro de 2024, respectivamente. Uma experiência em assembleias sinodais já adquirida no passado como Prior dos Agostinianos e representante da União dos Superiores Gerais (UGS).

Enquanto isso, em 4 de outubro de 2023, Francisco o incluiu entre os membros dos Dicastérios para a Evangelização, Seção para a Primeira Evangelização e as Novas Igrejas Particulares; para a Doutrina da Fé; para as Igrejas Orientais; para o Clero; para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica; para a Cultura e a Educação; para os Textos Legislativos; da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano.

Finalmente, em 6 de fevereiro deste ano, ele foi promovido à ordem dos bispos pelo Pontífice argentino, obtendo o título de Igreja Suburbicária de Albano.

Durante a última hospitalização de seu predecessor no hospital ‘Gemelli’, Prevost presidiu o rosário pela saúde de Francisco em 3 de março na Praça São Pedro. Fonte: https://www.vaticannews.va

Habemus Papam: Leão XIV

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Publicado em 08 maio 2025
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  • Annuntio vobis gaudium magnum; Habemus Papam
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  • novo Sucessor de Pedro

O Conclave elegeu o cardeal Robert Prevost como o 267º Bispo de Roma. O anúncio à multidão foi dado pelo cardeal protodiácono Dominique Mamberti.

 

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Annuntio vobis gaudium magnum; Habemus Papam! "Anuncio-vos uma grande alegria; temos um Papa!".

Há poucos instantes, da Sacada Central da Basílica de São Pedro, o cardeal protodiácono Dominique Mamberti pronunciou a tão aguardada fórmula em latim, comunicando a Roma e ao mundo o nome do novo Sucessor de Pedro:

“Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum, Dominum Robertum Franciscum, Sanctæ Romanæ Ecclesiæ Cardinali Prevost, qui sibi nomen imposuit Leo XIII.

Traduzindo para o português: "O eminentíssimo e reverendíssimo senhor, senhor Robert Francis, cardeal da Santa Igreja Romana PREVOST, que se impôs o nome de Leão XIV". Fonte: https://www.vaticannews.va

Com fumaça preta na manhã desta quinta-feira, cardeais retomam votações à tarde

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Publicado em 08 maio 2025
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  • Palácio Apostólico

Para ser eleito, o novo Papa deve alcançar 2/3 dos votos dos cardeais eleitores.

 

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Ainda não foi desta vez. Reunidos para duas votações na Capela Sistina na manhã desta quinta-feira, segundo dia do Conclave, os 133 cardeais votantes ainda não chegaram a um consenso em torno do nome do próximo Sucessor de Pedro. A indicar, a fumaça preta que saiu da chaminé instalada no telhado da Capela Sistina por volta das 11h50, sob o olhar das cerca de 12 mil pessoas presentes na Praça São Pedro e das câmaras e lentes de jornalistas de todo o mundo.

Os 133 cardeais eleitores ainda não escolheram o novo Papa. Para esta quinta-feira (08/05) estão previstas mais quatro votações.

Concluídas as votações da manhã, os cardeais retornam à Casa Santa Marta e às 15h45 novamente o traslado para o Palácio Apostólico, para mais uma rodada de votações na Capela Sistina. Prováveis horários da fumaça: após as 17h30 e por volta das 19h.

Para ser eleito, o novo Papa deve alcançar 2/3 dos votos dos cardeais eleitores.  Fonte: https://www.vaticannews.va

A barca de Pedro nas ondas da História

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Publicado em 07 maio 2025
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  • A morte do papa Francisco
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Concílio arejou a Igreja, a despeito de uma minoria que se opôs e ainda se opõe às suas decisões. Foi como se uma lufada de ar fresco entrasse em seu interior

 

*Por Isaías Pascoal

A morte do papa Francisco colocou em operação o cerimonial tradicional das exéquias do pontífice morto e da eleição do seu sucessor por uma das mais antigas instituições do mundo atual: a Igreja Católica, com sua jornada histórica de aproximadamente 2 mil anos.

Nesse tempo ela enfrentou desafios inauditos, criou um cânon doutrinário substancioso, construiu uma institucionalidade sólida e um modus operandi que lhe deu identidade com raízes profundas. Foi com esse aparato que ela atravessou inúmeras transformações históricas e estabeleceu relações com povos e culturas dos mais diversos matizes.

Nos séculos 1 e 2, era impossível vislumbrar que o cristianismo se tornaria a religião oficial do Império Romano no século 4, que a Igreja seria a principal referência política, cultural e religiosa da Idade Média europeia, e que, no alvorecer dos tempos modernos, estaria presente nos demais continentes para a maior obra evangelizadora da sua história.

Até então, os desafios que enfrentou, embora gigantescos, se situavam na dimensão religiosa e da fé. Não foi assim nos séculos posteriores ao Iluminismo, quando uma cultura laica, materialista e secularizada ocupou espaços mais amplos na sociedade e impulsionou os papas Pio IX (1846-1878) e Pio X (1903-1914) a se pronunciarem contra o “mal do modernismo”. A encíclica Pascendi (1907), de Pio X, é a mais alta expressão da guerra movida pela Igreja contra o que ela denominava de modernismo. Além dos “ídolos” que ele criava em competição com o sentimento religioso, no final conduzia ao ateísmo, à negação da fé e, portanto, do homo religiosus.

Na nova situação, a Igreja se colocou na defensiva, hostil ao mundo e em conflito contínuo com a modernidade. No pontificado de Pio XII (1939-1958), o seu sentido místico e espiritualista se acentuou, como demonstra expressamente a encíclica Mystici Corporis (1943).

O conclave que escolheu o sucessor de Pio XII, morto em 9 de outubro de 1958, se reuniu entre os dias 25 e 28 de outubro. Somente no quarto dia, na 11.ª votação, é que foi eleito o novo papa: o cardeal Roncalli, patriarca de Veneza, com quase 77 anos, e que adotou o nome de João XXIII. Foi visto como um papa de transição, com curto pontificado, para permitir à Igreja se preparar para algo mais seguro e longevo à frente.

O novo papa, contudo, chocou a Igreja e o mundo ao convocar, em 25 de janeiro de 1959, um novo concílio ecumênico. Papas anteriores haviam pensado na convocação de um concílio, mas desistiram da ideia em razão da dimensão dos esforços para colocá-lo em prática. João XXIII não desistiu e preparou o ambiente e as condições para a sua realização.

Em 11 de outubro de 1962, ele teve início. O papa morreu no ano seguinte, em 3 de junho de 1963, com apenas uma sessão do concílio tendo se realizado.

O seu sucessor, o cardeal Montini, arcebispo de Milão, adotou o nome de Paulo VI e deu continuidade ao concílio, que terminou em 8 de dezembro de 1965, após quatro sessões deliberativas. Desde então, a Igreja vive sob a moldura das decisões tomadas no Vaticano II.

Ela mudou a sua face e a sua relação com o mundo. Foi aggiornata (modernizada) e cumpriu os anseios do papa João XXIII, que deixou bem claro desde o início o seu intento. No seu discurso solene de abertura do concílio, afirmou: “No exercício cotidiano do nosso ministério pastoral, ferem nossos ouvidos sugestões de almas, ardorosas sem dúvida no zelo, mas não dotadas de grande sentido de discrição e moderação. Nos tempos atuais, elas não veem senão prevaricações e ruínas; vão repetindo que a nossa época, em comparação com as passadas, foi piorando; e portam-se como quem nada aprendeu da História, que é também mestra da vida, e como se no tempo dos concílios ecumênicos precedentes tudo fosse triunfo completo da ideia e da vida cristã, e da justa liberdade religiosa. Mas parece-nos que devemos discordar desses profetas da desventura, que anunciam acontecimentos sempre infaustos, como se estivesse iminente o fim do mundo. No presente momento histórico, a Providência está-nos levando para uma nova ordem de relações humanas, que, por obra dos homens e o mais das vezes para além do que eles esperam, se dirigem para o cumprimento de desígnios superiores e inesperados; e tudo, mesmo as adversidades humanas, dispõe para o bem maior da Igreja.”

O concílio arejou a Igreja, a despeito de uma minoria que se opôs e ainda se opõe às suas decisões. Foi como se uma lufada de ar fresco entrasse em seu interior. Documentos como a Lumen Gentium e Gaudium et Spes deram nova roupagem aos conceitos tradicionais do seu “depósito” doutrinário milenar. Deles emerge uma Igreja sorridente, otimista e acolhedora, que está no mundo, com ele, e não contra ele, padecendo as suas dores e lhe oferecendo o lenitivo do seu “tesouro”. Em maior ou menor medida, foi assim que os papas pós-concílio se apresentaram ao mundo, e que Francisco expressou no limite. As ondas estão agitadas, mas a barca precisa continuar a viagem.

*Opinião por Isaías Pascoal. Doutor em Ciências Sociais. Fonte: https://www.estadao.com.br

Conclave: A Espera do novo Papa.

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Publicado em 07 maio 2025
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Quem é o cardeal que pode se tornar o 1º papa negro da Igreja

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Publicado em 07 maio 2025
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Ganês Peter Turkson era considerado um dos favoritos na eleição de Bento XVI e, novamente, no conclave que elegeu Francisco

 

O cardeal Peter Kodwo Turkson é um dos apontados como forte candidato ao trono de São Pedro. Foto: Filippo Monteforte/AFP - 08/03/2013

 

Por Roberta Jansen

Se for eleito por seus colegas no conclave que começa nesta quarta-feira, 7, o influente cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson terá a distinção de ser o primeiro papa negro da Igreja Católica. O cardeal ganês de 76 já teria declarado, no entanto, não querer o posto.

“Eu não tenho muita certeza se alguém realmente aspira se tornar um papa”, disse ele, em entrevista à BBC, em 2013, por ocasião da eleição de Francisco.

Perguntado se o próximo papa deveria vir da África já que se trata do continente que mais tem ampliado o número de igrejas e fiéis, Turkson afirmou que a escolha de um pontífice não pode ser baseada em estatísticas porque esse tipo de argumento, segundo ele, tende a “turvar as águas”.

Turkson foi o primeiro ganês a se tornar cardeal, em 2003, ainda sob o papado de João Paulo II. Ele já era considerado um nome de peso para a eleição no conclave que escolheu Bento XVI como o novo pontífice e, mais uma vez, na eleição de Francisco. Na verdade, nas casas de aposta, ele era o franco favorito naquela ocasião.

Um guitarrista que já tocou numa banda de funk, o cardeal Turkson é conhecido por sua presença energética. Como muitos cardeais da África, ele é do campo mais conservador da Igreja. Ainda assim, ele se opôs à criminalização das relações homossexuais em países africanos, incluindo Gana, onde nasceu.

Em uma entrevista à BBC em 2023, quando o parlamento de Gana estava discutindo uma lei recrudescendo as penas para os LBGTQIA+, Turkson afirmou que a homossexualidade não deveria ser tratada como um crime.

Em 2012, em uma conferência de bispos no Vaticano, ele foi acusado de disseminar previsões alarmistas sobre o avanço do islamismo na Europa, pelas quais acabou pedindo desculpas depois.

Nascido em 1948, Turkson foi nomeado em 2009 presidente do Pontifício Conselho de Paz e Justiça. Ele também integrou a Congregação para a Evangelização dos Povos, a Congregação para a Educação Católica e a Congregação para a Doutrina da Fé, entre muitas outras. Desde 2022, ele é chanceler da Pontifícia Academia de Ciências. Fonte: https://www.estadao.com.br

Última Congregação Geral: cardeais refletem sobre as qualidades do futuro Papa

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Publicado em 07 maio 2025
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  • abertura oficial do Conclave,
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Na véspera do início do Conclave, os cardeais reunidos para 12ª Congregação Geral refletiram sobre o perfil desejado para o novo Pontífice. Eles ressaltaram a importância de virtudes como o pastoreio, a construção de pontes e o compromisso com a reforma da Igreja iniciada por Francisco.

 

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Um dia antes da abertura oficial do Conclave, na manhã desta terça-feira, 6 de maio, foi realizada a décima segunda e última Congregação Geral dos Cardeais. Ao todo, participaram 173 membros do Colégio Cardinalício, sendo 130 com direito a voto, conforme informou Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Como de costume, os trabalhos iniciaram-se às 9h locais com um momento de oração. Em seguida, foram proferidas 26 intervenções, nas quais se abordou uma ampla variedade de temas que dizem respeito diretamente aos desafios contemporâneos da Igreja e o perfil desejado para o próximo Sucessor de Pedro.

Entre os assuntos tratados, destacou-se a necessidade de dar continuidade às reformas iniciadas pelo Papa Francisco. Temas como as leis contra os abusos, questões econômicas, a renovação da Cúria Romana, a sinodalidade, o compromisso com a paz e o cuidado com a criação foram amplamente debatidos.

Com particular ênfase, refletiu-se sobre a missão do novo Papa como um "Pontifex" — literalmente, um construtor de pontes — que seja também pastor, mestre de humanidade e rosto de uma Igreja samaritana. Diante de um cenário mundial marcado por guerras, polarizações e violências, emergiu o apelo por um Papa da misericórdia, da escuta sinodal e da esperança.

A Congregação também abordou temas como o Direito Canônico e o exercício do poder pontifício, a unidade da Igreja frente às divisões internas, e o papel dos cardeais na comunhão eclesial. Foi sugerido, inclusive, que a Solenidade de Cristo Rei e a Jornada Mundial dos Pobres sejam consideradas, em conjunto, como momentos fortes do calendário litúrgico e pastoral. Mencionou-se ainda a necessidade de encontros mais frequentes do Colégio Cardinalício por ocasião dos Consistórios.

Outras reflexões incluíram a iniciação cristã e a formação como atos missionários, o testemunho dos mártires da fé em regiões de conflito e onde há restrições à liberdade religiosa, bem como a urgência da crise climática. Também foi citado o tema da data da Páscoa, em referência ao Concílio de Niceia e ao ecumenismo.

Matteo Bruni anunciou ainda que o Anel do Pescador do Papa Francisco foi formalmente invalidado, conforme a tradição quando se encerra um pontificado, e foi lido um apelo às partes envolvidas em diversos conflitos armados, conclamando a um cessar-fogo permanente e ao início de negociações em prol de uma paz justa e duradoura.

A sessão foi encerrada às 12h30 locais, e Bruni confirmou que não haverá outras Congregações Gerais antes do Conclave.

Comunicado da Santa Sé sobre a Congregação Geral pré-Conclave: os purpurados expressam toda a preocupação com as populações ainda vítimas de conflitos. À luz dos ataques que se ...


Detalhes da programação do Conclave

O diretor da Sala de Imprensa também esclareceu aspectos práticos da programação litúrgica e processual do Conclave, que terá início na tarde de quarta-feira, 7 de maio.

Pela manhã será celebrada a Missa "pro eligendo Pontifice", às 10h locais (5h no Brasil), na Basílica de São Pedro. Às 15h45 locais (10h45 no Brasil), os cardeais sairão da Casa Santa Marta rumo ao Palácio Apostólico para o início do Conclave.

Na quinta-feira, os cardeais deixarão Santa Marta às 7h45. Às 8h15, celebrarão a Missa e as Laudes na Capela Paulina. Às 9h15, terão a oração da Hora Média (Terça) na Capela Sistina e darão início às votações.

Bruni indicou que, se a fumaça for branca, poderá ser vista a partir das 10h30 locais ou após o meio-dia. O almoço será servido na Casa Santa Marta às 12h30, com retorno à Sistina às 15h45. As votações da tarde recomeçarão às 16h30.

Se houver fumaça branca durante a tarde, é possível que apareça por volta das 17h30; caso contrário, a fumaça preta poderá ser vista por volta das 19h. As atividades do dia se concluirão com a oração das Vésperas na Capela Sistina, e às 19h30 locais os cardeais retornarão à Casa Santa Marta. Fonte: https://www.vaticannews.va

Confusão em festa de igreja termina com dois mortos e um ferido após idoso atirar contra o próprio cunhado, no Paraná

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Publicado em 06 maio 2025
  • Diocese de Guarapuava
  • Confusão em festa de igreja termina com dois mortos
  • salão de festas da Capela Santa Rita de Cássia,
  • Lagoa Rica

Confusão em festa de igreja termina com dois mortos e um ferido após idoso atirar contra o próprio cunhado, no Paraná

Jacir Salvador, de 71 anos, matou o cunhado, João Irineu Chimanski, de 69 anos, e foi baleado por um policial que estava à paisana, almoçando no local.

 

Confusão em festa da Capela Santa Rita de Cássia — Foto: Eduardo Andrade/RPC

 

Por Nádia Moccelin, Eduardo Andrade, Millena Sartori, g1 PR e RPC Guarapuava

Uma festa de igreja em Guarapuava, na região central do Paraná, terminou com dois mortos e um terceiro homem ferido após uma confusão registrada por volta do meio-dia de domingo (4).

Segundo a Polícia Militar (PM), um idoso de 71 anos invadiu o salão de festas durante o almoço e atirou contra o próprio cunhado, de 69 anos. Na sequência, um PM que estava à paisana no local abordou o atirador e ordenou que ele colocasse as mãos na cabeça. No entanto, o homem desrespeitou a ordem, sacou um revólver e apontou ao policial e outras pessoas, e foi alvejado pelo PM, diz a corporação.

O caso aconteceu no salão de festas da Capela Santa Rita de Cássia, que fica na localidade conhecida como Lagoa Rica.

A PM informou que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas constatou que Chimanski morreu no local. Salvador chegou a ser socorrido com vida, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória na ambulância e não resistiu aos ferimentos.

A corporação também afirma que, enquanto ainda estava no local, foi informada que um homem de 48 anos foi atingido por um tiro. Ele foi socorrido por pessoas que estavam no local e levado ao hospital. A PM não informou quem foi o autor do disparo que atingiu o homem.

A Polícia Civil está investigando o caso. O motivo do ataque de Jacir ao cunhado não foi revelado.

 

Armas

Depois do tiroteio na festa da igreja, policiais militares receberam informações de que tanto Jacir, quanto João tinham armas de fogo em casa.

Equipes foram até as residências deles ainda na tarde de domingo (4) e afirmam que na de João encontraram sete munições intactas de revólver calibre 32 e um coldre e, na de Jacir apreenderam 11 munições de espingarda calibre 32.

 

Sepultamentos

João Irineu Chimanski está sendo velado na Capela de Invernadinha, na região de Guairacá. O sepultamento do idoso de 69 anos morto pelo cunhado está agendado para às 9h de terça-feira (6), no Cemitério Saltinho.

Jacir Salvador está sendo velado na Capela Mortuária Pax Cristo Rei de Guarapuava. O sepultamento do idoso de 71 anos está agendado para as 16h desta segunda-feira (5) no Cemitério Municipal Jardim da Paz. Fonte: https://g1.globo.com

Segunda-feira, 5 de maio-2025. 3ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 05 maio 2025
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  • 3ª Semana da Páscoa
  • Lectio Divina do Frei Carlos Mesters,

 

1) Oração

Ó Deus, vós que mostrais aos que erram a luz da verdade para que possam voltar ao bom caminho, concedei a todos os que se gloriam da vocação cristã rejeitem o que se opõe a este nome e abracem quanto possa honrá-lo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (João 6, 22-29)

Naquele tempo, 22No dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar notou que antes havia aí um só barco e que Jesus não tinha entrado nele com os discípulos, os quais tinham partido sozinhos. 23Entretanto, outros barcos chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde tinham comido o pão depois de o Senhor ter dado graças. 24Quando a multidão percebeu que Jesus não estava aí, nem os seus discípulos, entraram nos barcos e foram procurar Jesus em Cafarnaum. 25Encontrando- o do outro lado do mar, perguntaram-lhe: “Rabi, quando chegaste aqui?” 26Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes saciados. 27Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará. Pois a este, Deus Pai o assinalou com seu selo. 28Perguntaram então: “Que devemos fazer para praticar as obras de Deus?” 29Jesus respondeu: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”.

 

3) Reflexão

No evangelho de hoje iniciamos a reflexão sobre o Discurso do Pão da Vida (Jo 6,22-71), que se prolongará durante os próximos seis dias, até o fim desta semana. Depois da multiplicação dos pães, o povo foi atrás de Jesus. Tinha visto o milagre, comeu com fartura e queria mais! Não se preocupou em procurar o sinal ou o apelo de Deus que havia em tudo isso. Quando o povo encontrou Jesus na sinagoga de Cafarnaum, teve com ele uma longa conversa, chamada Discurso do Pão da Vida. Não é propriamente um discurso, mas trata-se de um conjunto de sete pequenos diálogos que explicam o significado da multiplicação dos pães como símbolo do novo Êxodo e da Ceia Eucarística.

É bom ter presente a divisão do capítulo para poder perceber melhor o seu sentido:

6,1-15: o grande da multiplicação dos pães

6,16-21: a travessia do lago, e Jesus caminhando sobre as águas

6,22-71: o diálogo de Jesus com o povo, com os judeus e com os discípulos

1º diálogo:  6,22-27  com o povo:            o povo procura Jesus e o encontra em Cafarnaum

2º diálogo: 6,28-34  com o povo:            a fé como obra de Deus e o maná no deserto

3º diálogo: 6,35-40  com o povo:            o pão verdadeiro é fazer a vontade de Deus

4º diálogo: 6,41-51    com os judeus:       murmurações dos judeus

5º diálogo: 6,52-58  com os judeus:       Jesus e os judeus

6º diálogo: 6,59-66  com os discípulos:   reação dos discípulos

7º diálogo: 6,67-71   com os discípulos:  confissão de Pedro

A conversa de Jesus com o povo, com os judeus e com os discípulos é um diálogo bonito, mas exigente. Jesus procura abrir os olhos do povo para que aprenda a ler os acontecimentos e descubra neles o rumo que deve tomar na vida. Pois não basta ir atrás de sinais milagrosos que multiplicam o pão para o corpo. Não só de pão vive o homem. A luta pela vida sem uma mística não alcança a raiz. Enquanto vai conversando com Jesus, o povo fica cada vez mais contrariado com as palavras dele. Mas Jesus não cede, nem muda as exigências. O discurso parece um funil. Na medida em que a conversa avança, é cada vez menos gente que sobra para ficar com Jesus. No fim só sobram os doze, e nem assim Jesus pode confiar em todos eles! Hoje acontece a mesma coisa. Quando o evangelho começa a exigir compromisso, muita gente se afasta.

João 6,22-27: O povo procura Jesus porque quer mais pão.  O povo foi atrás de Jesus. Viu que ele não tinha entrado no barco com os discípulos e, por isso, não entendeu como ele tinha feito para chegar em Cafarnaum. Também não entendeu o milagre da multiplicação dos pães. O povo viu o que aconteceu, mas não chegou a entende-lo como um sinal de algo mais alto ou mais profundo. Parou na superfície: na fartura de comida. Buscou pão e vida, mas só para o corpo. No entender do povo, Jesus fez o que Moisés tinha feito no passado: deu alimento farto para todos no deserto. Indo atrás de Jesus, eles queriam que o passado se repetisse. Mas Jesus pede que o povo dê um passo adiante. Além do trabalho pelo pão que perece, deve trabalhar pelo alimento não perecível. Este novo alimento será dado pelo Filho do Homem, indicado pelo próprio Deus. Ele traz a vida que dura para sempre. Ele abre para nós um novo horizonte sobre o sentido da vida e sobre Deus.

João 6,28-29: Qual é a obra de Deus?  O povo pergunta: O que devemos fazer para realizar este trabalho (obra) de Deus? Jesus responde que a grande obra que Deus pede de nós “é crer naquele que Deus enviou” . Ou seja, crer em Jesus!

 

4) Para um confronto pessoal

1) O povo estava com fome, comeu do pão e procurava mais pão. Procurou o milagroso e não buscou o sinal de Deus que nele se escondia. O que eu mais procuro na minha vida: milagre ou sinal?

2) Pare um momento, faça silêncio dentro de você e pergunte a si mesmo: “Crer em Jesus: o que significa isto para mim bem concretamente no dia a dia da minha vida?”

 

5) Oração final

Eu te expus meus caminhos e me respondeste; ensina-me teus estatutos. Faze-me conhecer o caminho dos teus preceitos e meditarei nos teus prodígios. (Sl 118, 26-27)

Intrigas pré-conclave: Cardeais recebem dossiê secret

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Publicado em 05 maio 2025
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Intrigas pré-conclave: Cardeais recebem dossiê secreto com 20 nomes de papáveis

Encadernado e com boa qualidade de impressão, o documento foi enviado, segundo cardeal, por ‘gente que tem saudade de um tempo que não existe mais’

O cardeal-arcebispo de Brasília, d. Paulo Cezar Costa, rezou missa na Basílica de Bonifácio e Aleixo, em Roma, na véspera do conclave Foto: Marcelo Godoy / Estadão

 

Dos 135 votantes, 108 foram escolhidos durante o papado de Francisco.

 

Por Marcelo Godoy e Luisa Laval

ROMA - O tempo das discussões sobre o futuro da Igreja começou no dia 23 com a primeira das congregações entre os cardeais. E com elas também foi aberta a temporada das fofocas, intrigas e tentativas vindas do mundo exterior e de dentro da própria Igreja de influenciar a escolha do novo papa.

Um dossiê, que busca interferir na eleição, foi enviado aos cardeais com uma seleção de nomes - uma lista com 20 possíveis papáveis. “Eu pensei que ia encontrar a minha biografia ali, mas graças a Deus não a encontrei”, contou um dos cardeais ouvidos pelo Estadão.

A lista tinha um claro objetivo, segundo revelou um purpurado: o de querer influenciar, direcionar o voto dos cardeais que entram na Capela Sistina no próximo dia 7 para eleger o futuro pontífice. Buscava mostrar quem eram os cardeais “mais expostos”. Entre os cardeais citados no dossiê estava o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.

Um dos cardeais contou que ficou impressionado com a qualidade da impressão do documento. “Ali tem muito dinheiro. Quem fez fez com gosto. É um totopapa (uma loteria papal)”, afirmou.

O cardeal incluiu a distribuição do dossiê entre “as bobagens” que começaram a circular recentemente sobre o conclave, como a fotografia publicada pelo presidente americano Donald Trump com as vestes papais em suas redes sociais. “É tanta bobagem...”, disse.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, se recusou a comentar anteontem o caso de Trump.

Segundo o cardeal ouvido pelo Estadão, as tentativas de influenciar o processo do conclave não vêm apenas de fora da Igreja. “Vêm de dentro também. Tem influências internas que buscam de alguma forma criar uma atmosfera que não ajuda. Gente com saudade de um tempo que não existe mais. Nós não podemos nunca perder de vista que nós estamos no tempo e, como dizia o compositor e cantor, o tempo não para. E nós também não podemos parar no tempo.”

O incômodo com o assédio, segundo os cardeais, afeta “amplos setores da Igreja”, ou seja, parte tanto de conservadores quanto de progressistas. “Seja num sentido ou no outro. Os que querem ir avante e pedem coragem. O espírito de Deus é que age sobre nós. Se perdemos a dimensão da fé, vamos fazer outra coisa”, resumiu.

Oficialmente, os cardeais evitam abordar esse e outros temas polêmicos em público. Mas em pelo menos um caso o Vaticano se viu forçado a se manifestar. Foi para desmentir que o cardeal Parolin estava doente, como fora divulgado por uma publicação católica conservadora dos Estados Unidos.

Aos jornalistas, Matteo Bruni negou a hipótese de um mal-estar do cardeal Parolin, esclarecendo que nenhum episódio desse tipo ocorreu. Ele também negou a necessidade de intervenção por parte de equipe médica ou de enfermagem.

Parolin é um dos papáveis. Em 2013, quando o então cardeal-arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, despontava como um dos fortes candidatos no conclave após a renúncia de Bento XVI, também circulou entre os cardeais a informação de que Bergoglio estava doente. Aproveitaram o fato de ele ter tido nos anos 1950 uma grave doença pulmonar para tentar influenciar o voto do colégio cardinalício.

 

Outras polêmicas

As polêmicas da fase pré-conclave envolveram ainda dois cardeais que não vão participar da escolha do novo papa. O primeiro foi o italiano Giovanni Angelo Becciu, que fora afastado por Francisco sob a acusação de malversação de fundos do Vaticano. Ele foi condenado em primeira instância e, após a morte do papa, manifestou seu desejo de ir a Roma, mas acabou desistindo após perceber que seria impedido.

Outro caso rumoroso envolve o cardeal peruano Juan Luis Cipriani, que compareceu às congregações apesar de ser acusado de abusos sexuais e de ter sido proibido por Francisco de usar hábitos ou símbolos cardinalícios.

Oficialmente, os cardeias procuram afirmar a existência de um clima harmônico entre seus pares, mesmo sabendo que muitos vêm de realidades diferentes e com formas particulares para lidar com as angústias dos fiéis e com a crise da Igreja. “É um desafio que estamos enfrentando com alegria”, afirmou o cardeal-arcebispo de Brasília, d. Paulo Cezar Costa, para quem o próximo papa deve ser “um papa dos nossos tempos, que fale ao homem, à mulher, ao ser humano de hoje”.

Dom Paulo afirmou que “ouve falar”, nos bastidores da Igreja Católica, sobre um próximo papa com perfil “conciliador”, assim como Francisco. Já d. Odilo Scherer afirmou neste domingo, após rezar missa na Igreja Sant’Andrea al Quirinale, que os cardeais se conhecem suficientemente para votar. “Não é de agora que eles estão pensando em quem votar. Isso já vem de mais tempo.” O que significa que o espaço para manobras como a do dossiê seria pequeno.

“É muito bonito nesses dias poder colher as diversas manifestações, posições, compreensões distintas, marcadas pela cultura e pela formação de cada um, mas ao mesmo tempo o desejo, a intenção de cooperar para buscar a unidade. E que seja a pessoa certa para o tempo certo”, afirmou o cardeal-arcebispo de Porto Alegre, d. Jaime Spengler.

Os cardeais negam a influência das intrigas, mas elas existem e são tão antigas quanto a instituição que elas procuram influenciar. Fonte: https://www.estadao.com.br

Entre Trump e memes, conclave decide futuro do legado de Francisco

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Publicado em 04 maio 2025
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Cardeais se reúnem a partir de quarta (7) para definir quem será o próximo papa a partir de novos parâmetros e a necessidade de manter a relevância da Igreja Católica

 

José Henrique Mariante

Berlim

Foi em 236, tipo de número que precisa de um "depois de Cristo" para ser entendido como ano. Uma pomba pousou na cabeça de um padre, que se chamava Fabiano. A cena inusitada fez os cardeais acharem que aquilo era um evidente sinal do Espírito Santo. Fabiano foi unanimemente eleito papa e governou a Igreja e os católicos por 14 anos.

Ser escolhido por uma pomba branca pode soar aleatório, mas o que dizer de tempos em que o presidente dos EUA publica sua imagem como pontífice em redes sociais às vésperas do conclave? A partir da próxima quarta-feira (7), 133 cardeais se trancam, sem celular, para escolher o sucessor de Francisco, morto no último dia 21.

Entre Donald Trump, figura de proa do conservadorismo populista, memes de churrasco na Capela Sistina e a demanda de uma Igreja palatável às novas gerações, um Colégio Cardinalício renovado decidirá o que será feito do legado do primeiro papa sul-americano, o primeiro que veio "do fim do mundo", como o próprio se colocou no início de seu pontificado.

O fim do mundo a que Jorge Bergoglio se referia era sua Argentina, o sul das Américas, o último ponto da exploração europeia. Uma releitura do Finisterra, de antes das caravelas, um dos pontos mais ocidentais da Europa, o fim e a razão do Caminho de Santiago de Compostela.

Superada a geografia, o fim do mundo se tornou existencial. Depois da ameaça nuclear da guerra fria e da crise do clima, seu agente atual é a inteligência artificial. Francisco, por sinal, foi o primeiro protagonista planetário de uma imagem fraudulenta criada por IA.

Seu momento fashion de casacão branco parecia real não só pela perfeição da imagem sintética, mas pelo histórico do papa, de atos inusitados e inéditos, ainda que para muitos insuficientes. Um deles foi entender que a Igreja Católica cresce para as periferias e que o próximo papa pode sair de outro fim de mundo, se os cardeais concordarem. Cerca de 80% do atual colégio foi nomeado por Francisco, a maioria vinda de fora da Europa.

Sua intenção, porém, não era fabricar um sucessor de algum local remoto, mas fazer o Vaticano espelhar a Igreja que existe, que está cada vez mais distante de uma Europa secular. A delicada costura política de Francisco, dentro do catolicismo e fora dele, sugere a continuidade de seu trabalho de renovação, tanto que o favorito para o conclave é seu secretário de Estado, Pietro Parolin.

O cardeal italiano, 70, cuida das relações internacionais do Vaticano desde o início do pontificado de Francisco, em 2013. Vai presidir o conclave por ser o cardeal-bispo de nomeação mais antiga e também pelos decanos do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, 91, e Leonardo Sandri, 81, terem superado a idade limite de 80 anos.

Vaticanistas dizem que Parolin teria uma vantagem natural no processo, pois determinará a dinâmica de debates e votações, em situação semelhante à do alemão Joseph Ratzinger, que conduziu os trabalhos e saiu da Capela Sistina como Bento 16 em 2005.

 

A idade média dos cardeais é 69,8 anos

Seu principal trunfo, no entanto, seria o perfil ponderado, que lhe rendeu elogios em negociações difíceis com a China, por exemplo. Ajudará o próximo papa ser um diplomata para lidar com um presidente americano cercado de católicos conservadores, como o vice-presidente J. D. Vance, e anseios intervencionistas de toda ordem. A convivência de Trump, desde o primeiro mandato, com a Igreja sob Francisco foi pontuada por farpas e recados públicos, como o dado por Battista Re, na cerimônia do funeral, que lembrou as demandas do papa pelo fim de guerras e da intolerância com a imigração.

A escolha de Parolin, apesar de fazer sentido político, é tão incerta como a de outros favoritos nas casas de apostas e nos prognósticos dos estudiosos do assunto. Entre os mais citados estão Fridolin Ambongo, 65, arcebispo de Kinshasa, que se tornaria o primeiro papa negro, mas que teria o ineditismo concorrendo com seu perfil conservador; e o filipino Luis Antonio Tagle, 67, já chamado de "Francisco asiático", de tendência liberal.

Da Europa, o húngaro Péter Erdo, 72, nomeado por João Paulo 2º aos 50 anos, outra aposta conservadora; e o sueco Anders Arborelius, 75, representante de um dos poucos países do continente que registra crescimento no número de católicos. Da Itália, além de Parolin, Matteo Zuppi, 69, arcebispo de Bolonha, midiático e mais à esquerda; e Pierbattista Pizzaballa, que chefia o Patriarcado Latino de Jerusalém e fez 60 anos no dia da morte de Bergoglio.

Nomeado por Francisco em 2023, Pizzaballa não aparece tanto nas casas de apostas, mas é bem cotado no universo da diplomacia. Há 30 anos no Oriente Médio, manteve igrejas de pé em Gaza, que serviram de escudo para muitos palestinos, inclusive brasileiros, durante os bombardeios de Israel. Segundo testemunhas, não apenas na base da negociação, mas também à custa de diálogos ríspidos com autoridades israelenses.

Qualquer que seja o escolhido, conservador ou reformista, seu parâmetro será Francisco, que, dentro de suas possibilidades ou de sua crença pastoral, fez a Igreja encarar suas muitas questões, como os escândalos financeiros do Vaticano, os casos de abuso sexual, o celibato, a ordenação de mulheres, o casamento homossexual e tantas outras.

Como discutido na congregação geral de cardeais deste sábado (3), de acordo com relato da assessoria de imprensa do Vaticano: "Surgiu a consciência do risco de a Igreja se tornar autorreferencial e perder sua relevância se não viver no mundo e com o mundo".

Ou no fim do mundo, seja ele onde for. Fonte: www1.folha.uol.com.br

Cardeal peruano acusado de abuso sexual e afastado da Igreja desafia Francisco ao participar das atividades pré-conclave

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Publicado em 02 maio 2025
  • Papa Francisco,
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  • cardeal peruano Juan Luis Cipriani
  • denúncias de abuso sexual.

Em 2019, Francisco o forçou a se exilar do Peru, a não fazer declarações e a não usar os hábitos ou os símbolos cardinalícios

 

Juan Luis Cipriani — Foto: Reprodução/Vaticano

 

Por AFP — Cidade do Vaticano, Santa Sé

O cardeal peruano Juan Luis Cipriani está de pé em frente ao caixão do papa Francisco, com um ar sério e as mãos entrelaçadas. Ele veste uma batina preta, faixa e solidéu vermelhos e cruz peitoral, as vestimentas que o próprio pontífice o proibiu de usar após as denúncias de abuso sexual.

Cipriani chegou a ser o religioso mais influente do Peru, arcebispo de Lima e primeiro purpurado da Opus Dei. Ele é colocado no lado mais conservador do clero. Foi acusado de abusar de um adolescente há quatro décadas, o que ele nega.

Em 2019, Francisco o forçou a se exilar do Peru, a não fazer declarações e a não usar os hábitos ou os símbolos cardinalícios, indicou o Vaticano em janeiro. Também o proibiu - segundo o diário El País - de participar do próximo conclave, algo que também não é possível, porque tem 81 anos.

O cardeal tem, no entanto, acesso às reuniões convocadas após a morte do primeiro pontífice latino-americano, nas quais os cardeais discutem as prioridades no futuro da Igreja e traçam o retrato do novo papa na eleição que começa em 7 de maio.

"Cipriani e os cardeais que permitam que ele faça isso revitimizam a vítima denunciante, o que é imperdoável", disse em um comunicado a Rede de Sobreviventes do Peru. "É uma mensagem preocupante que afeta a confiança nos critérios da eleição do próximo pontífice", acrescentou.

Fotos publicadas na imprensa o mostram na capela-ardente na Basílica de São Pedro e no túmulo papal em Santa Maria Maior, sempre vestido com o traje de cardeal.

— É um ato enormemente provocador. É uma afronta à autoridade do papa morto e uma demonstração de força da ala ultraconservadora da Igreja antes do próximo conclave — explicou à AFP Gareth Gore, autor de vários livros sobre a Opus Dei.

Em uma carta aberta na qual defende sua inocência, Cipriani afirma que Francisco lhe permitiu em 2020 "retomar suas tarefas pastorais". O Vaticano tem evitado as perguntas sobre esse cardeal nomeado por João Paulo II.

 

"Slogan vazio"

Francisco assumiu seu pontificado em 2013 quando a Igreja teve dificuldades para responder uma avalanche de revelações de crimes sexuais contra crianças por parte de padres, que foram encobertos por décadas pelo próprio clero. O papa argentino sancionou prelados e tornou obrigatório denunciar possíveis crimes ou tentativas de ocultação, mas diversas vítimas e especialistas concordam que essas medidas não foram suficientes.

— A tolerância zero é um slogan vazio, enquanto não estiver consagrada no direito canônico — disse ao site Crux Matthias Katsch, sobrevivente e ativista alemão da associação Eckiger Tisch.

Na reunião da segunda-feira, os cardeais colocaram o tema dos abusos entre os principais desafios do próximo papa. Não está claro se Cipriani participou, mas sua possível presença já é uma "zombaria" com a declaração, afirmou Anne Barrett Doyle, codiretora da ONG americana Bishop Accountability, que documenta a violência clerical.

— Põe em destaque a desconexão entre as palavras e as ações da Igreja em matéria de abusos —alertou.

 

"Não cometi nenhum crime"

Cipriani foi arcebispo de Lima entre 1999 e 2019, quando o papa aceitou sua renúncia por idade, mas o puniu. O jornal El País publicou que sua suposta vítima agora tem 58 anos e escreveu ao pontífice para denunciar o purpurado em 2018. Afirmou que Cipriani o tocou, o acariciou e o beijou quando tinha entre 16 e 17 anos.

"Não cometi nenhum crime nem abusei sexualmente de ninguém nem em 1983, nem antes, nem depois", escreveu o cardeal nessa carta aberta. E denunciou que foi punido "sem ter sido escutado" e "sem que se abrisse um processo".

O Peru tem outros dois cardeais nomeados por Francisco: Pedro Barreto, de 81 anos, e Carlos Castillo, um sacerdote comum progressista de 75 anos e o único que pode votar no conclave.

O escândalo Cipriani segue ao do italiano Angelo Becciu, que desistiu de participar do conclave, apesar de sua insistência, já que Francisco retirou seus privilégios por um caso de malversação no Vaticano. Fonte: https://oglobo.globo.com

'Francisco asiático', cardeal filipino pode continuar abertura de pontífice argentino e ser ponte com China

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Publicado em 02 maio 2025
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Luis Antonio Tagle tem postura informal e declarações progressistas que lhe renderam apelido ligado ao último papa

 

O cardeal filipino Luis Antonio Tagle durante reza do rosário na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, antes do funeral do papa Francisco - Marco Bertorello - 25.abr.25/AFP

 

Guilherme Botacini

Brasília

A trajetória de Luis Antonio Tagle na Igreja Católica começou com uma piada, diz ele. Em entrevista à rede católica Shalom World, o hoje arcebispo de Manila, capital das Filipinas, contou que queria ser médico quando jovem, mas um padre da paróquia que ele frequentava disse que Tagle conseguiria uma bolsa de estudos se passasse nas provas de certa universidade.

A peça estava pregada: a tal universidade era um seminário, e ser aprovado no exame fez Tagle se questionar se queria de fato a medicina ou se Deus tinha outros planos para ele. "Quem diria que hoje eu seria cardeal? Graças às piadas de Deus e de outras pessoas", disse, sorridente.

Tagle é um dos cardeais mais bem posicionados para suceder Francisco, caso os votantes no conclave busquem continuidade do pontificado do argentino e um novo papa do chamado Sul Global, de acordo com o site The College of Cardinals Report, criado pelo vaticanista Edward Pentin com uma equipe de jornalistas e especialistas católicos.

De forma semelhante a Francisco, que sempre buscou demonstrar informalidade, rejeição à ostentação do Vaticano e abertura progressista, o cardeal filipino prefere ser chamado pelo seu apelido, Chito.

Ele se opõe ao uso do que que chama de linguagem dura e severa da Igreja para condenar pecados, incluindo a homossexualidade, e em entrevistas cita declarações famosas do papa argentino sobre o assunto, como quando o pontífice questionou "quem sou eu para julgar?", no início de seu pontificado.

Sua abordagem branda com relação a temas caros a conservadores na Igreja Católica é alvo de críticas dentro e fora das Filipinas, país de forte tradição católica.

Exemplo dessas críticas internas é a aprovação por Manila, em 2012, de uma legislação ampla sobre saúde reprodutiva. Embora apoiada pela maioria dos católicos e sem avanços em relação a temas mais espinhosos, como o aborto, que continua ilegal, a lei foi vista como resultado de uma postura menos combativa de parte da Igreja filipina após décadas de oposição do clero nacional a esse tipo de discussão.

Na ocasião, Tagle havia sido recém-nomeado arcebispo de Manila. Alguns anos depois, em 2016, ele fez críticas à política agressiva de guerra às drogas do ex-presidente Rodrigo Duterte —hoje preso pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade—, e comparou os assassinatos resultantes ao aborto.

"Muitos estão preocupados com os assassinatos extrajudiciais e deveríamos mesmo estar. Mas eu espero que também nos preocupemos com o aborto. Por que apenas algumas pessoas estão se posicionando contra o aborto? Isso também é assassinato", disse na ocasião.

Outro ponto relevante da biografia de Tagle para eventual pontificado é sua origem chinesa —seu avô materno nasceu na China e migrou para as Filipinas—, o que pode abrir espaço para o diálogo entre a Santa Sé e Pequim.

Em 2018, Francisco fechou acordos com a China que tratam do procedimento de escolha e nomeação de bispos católicos no país.

Os acordos foram renovados em 2024 por mais quatro anos, em medida que foi vista por analistas como sinal de avanço na confiança entre os dois Estados, embora o histórico esteja cheio de tensões e persistam limitações à liberdade de culto no país.

A China e o Vaticano não têm relações diplomáticas desde a década de 1950, e a Santa Sé é um dos poucos Estados no mundo que reconhecem Taiwan como país —Pequim vê a China continental e a ilha como partes de uma mesma China e tem aumentado a pressão sobre o território recentemente.

Embora não seja jesuíta como Francisco, Tagle foi influenciado pela ordem ao estudar em seminário jesuíta em Manila. O filipino foi ainda presidente da Cáritas, instituição humanitária filantrópica do Vaticano, e estudou nos Estados Unidos.

Ordenado em 1982 e elevado a bispo em 2001, o filipino foi nomeado cardeal por Bento 16, em 2012, aos 54 anos, um dos mais jovens na ocasião. Tagle é fluente em inglês e italiano, além de seu idioma nativo, o tagalo, e tem conhecimentos de francês, coreano, chinês e latim. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

São José Operário

Detalhes
Publicado em 01 maio 2025
  • Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro,
  • Cardeal Orani João Tempesta,
  • São José Operário,
  • oração a São José Operário
  • festa litúrgica de São José Operário

Ao celebrarmos a festa de São José Operário, recordamos que todo trabalho é digno e que não existe trabalho pior ou melhor do que o outro. Através do trabalho, é possível garantir o salário para o sustento da família e para as necessidades básicas.

 

 

Cardeal Orani João Tempesta, O.Cist. – Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Celebramos no dia 1º de maio a festa litúrgica de São José Operário. Recordamos, nesse dia, São José como o homem trabalhador, chefe da família e carpinteiro. No dia 19 de março, recordamos São José como patrono universal da Igreja e pai adotivo de Jesus, protetor das famílias, e, nesse dia 1º de maio, recordamos São José como protetor dos trabalhadores e intercessor dos desempregados.

O dia de São José Operário, artesão e do trabalhador é feriado nacional, momento oportuno para participarmos da Santa Missa e agradecer a Deus pelo trabalho que temos, e, quem está desempregado, pedir um emprego por intercessão de São José Operário. Que São José interceda para que todos tenham condições dignas de trabalho e que ninguém seja explorado.

Ao celebrarmos a festa de São José Operário, recordamos que todo trabalho é digno e que não existe trabalho pior ou melhor do que o outro. Através do trabalho, é possível garantir o salário para o sustento da família e para as necessidades básicas.

Podemos nos espelhar em São José, que era um humilde carpinteiro, mas, com o suor e a dignidade de seu trabalho, levava o alimento para a mesa da Sagrada Família. Que todos os homens sigam o exemplo de São José como chefe de família e com o seu salário sustente a sua família.

Nos dias de hoje, infelizmente, acontecem muitas discriminações no ambiente de trabalho: homens ganham mais que as mulheres; pessoas brancas ganham mais que pessoas negras, ocupando o mesmo cargo. Até mesmo aqueles que ocupam determinados cargos menosprezam os outros que estão em cargos inferiores.

Peçamos, nesse dia, que São José abençoe todos aqueles que têm trabalho, para que continuem firmes em seus empregos e, trabalhando com dignidade, levem o alimento diário para a mesa de suas famílias. E peçamos por todos os desempregados, para que logo encontrem um trabalho e possam levar o sustento para a sua família.

A comemoração do dia de São José Operário teve início em 1955, através do Papa Pio XII. A Praça de São Pedro estava lotada, com mais de 200 mil pessoas. Já se comemorava o Dia do Trabalho e, para dar um caráter religioso à festa civil, o Papa cristianizou essa festa, e assim dignificou os frutos do esforço do trabalho de cada um.

Através da comemoração desse Dia do Trabalho e de São José Operário, pedimos a Deus, por intercessão de São José, que ninguém seja explorado em seu trabalho, mas seja respeitado naquilo que faz e ganhe o seu salário dignamente. Rezemos por aqueles que estão desempregados, para que logo consigam uma colocação e, com o salário que receberem no trabalho, possam pagar as contas e sustentar a família. Recordamos que o trabalho dignifica a pessoa humana. Todos devem ter um trabalho ou uma ocupação, de forma honesta. Os pais que trabalham são exemplos para os filhos, pois, vendo que os pais trabalham, seguirão o exemplo no futuro e darão a mesma importância ao trabalho.

Em nosso trabalho devemos ser como São José: justos e, no silêncio, realizar as nossas obrigações. Somos chamados a viver a santidade no dia a dia, através do nosso batismo. Inclusive, podemos santificar o nosso trabalho, ou seja, trabalhar rezando ou, no descanso da hora do almoço, rezar o terço, como somos convidados no mês de maio, dedicado a Nossa Senhora, ou ler um livro espiritual. Enfim, falar de Deus para os outros, convidar os colegas de trabalho a participarem da Igreja. Dessa forma, vamos tornando o ambiente de trabalho mais agradável.

Peçamos a intercessão de São José por todos aqueles que sofrem algum tipo de discriminação ou injustiça no trabalho, para que sejam respeitados em sua dignidade e tenham paz no seu ambiente de trabalho.

O ambiente de trabalho deve ser um lugar de satisfação e alegria, pois é de lá que tiramos o nosso sustento, e passamos boa parte do nosso dia. Não deve ser um local triste e de insatisfação. Se temos um trabalho, é porque foi abençoado por Deus, e devemos dar graças a Ele por esse emprego. Ao acordar pela manhã, devemos ter satisfação em levantar e ir para o trabalho.

Que São José Operário, modelo de todo trabalhador, seja nosso socorro e auxílio em meio às labutas do dia a dia. Que Ele abençoe o nosso trabalho e, para aqueles que ainda não têm trabalho, que tão logo possam conseguir um emprego. Sejamos fiéis ao nosso trabalho, à nossa família e a Deus. Que, da mesma forma, possamos ser gratos com aqueles que nos deram a oportunidade do emprego. Tenhamos fé em Deus e em São José, que tudo vai melhorar.

 

Segue a oração a São José Operário composta por São Pio X:

 

Glorioso São José, modelo de todos os que se dedicam ao trabalho, obtende-me a graça de trabalhar com espírito de penitência, para expiação de meus numerosos pecados; de trabalhar com consciência, pondo o culto do dever acima de minhas inclinações;

De trabalhar com recolhimento e alegria, olhando como uma honra empregar e desenvolver pelo trabalho os dons recebidos de Deus. De trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca recuar perante o cansaço e as dificuldades;

De trabalhar, sobretudo, com pureza de intenção e com desapego de mim mesmo, tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que deverei dar do tempo perdido, dos talentos inutilizados, do bem omitido e da vã complacência nos sucessos, tão funesta à obra de Deus!

Tudo por Jesus, tudo por Maria, tudo à vossa imitação, oh! Patriarca São José!

Tal será a minha divisa na vida e na morte. Amém.

São José Operário, rogai por nós! Fonte: https://www.vaticannews.va

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