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EVANGELHO DO DIA- O MAIOR TESOURO... Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. ( Mt 6, 9-23). Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. Sexta-feira, 18 de junho-2021. www.instagram.com/freipetronio
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 19-23)
19Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. 20Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. 21Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração. 22O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. 23Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!
3) Reflexão - Mt 6, 19-23
No evangelho de hoje continuamos nossa reflexão sobre o Sermão da Montanha. Anteontem e ontem refletimos sobre a prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt 6,16-18). O evangelho de hoje e de amanhã trazem quatro recomendações sobre o relacionamento com os bens materiais, explicitando assim como viver a pobreza da primeira bem-aventurança: (1) não acumular (Mt 6,19-21); (2) ter a visão correta dos bens materiais (Mt 6,22-23); (3) não servir a dois senhores (Mt 6,24); (4) abandonar-se à providência divina (Mt 6,25-34). O evangelho de hoje trata das duas primeiras recomendações: não acumular bens (6,19-21) e não olhar o mundo com olhos doentes (6,22-23).
Mateus 6,19-21: Não acumular tesouros na terra
Se, por exemplo, hoje na TV é dado o aviso de que vai faltar açúcar e café no próximo mês, todos vamos comprar o máximo possível de café e de açúcar. Acumulamos, porque não confiamos. Nos quarenta anos de deserto, o povo foi provado para ver se era capaz de observar a lei de Deus (Ex 16,4). A prova consistia nisto: ver se eles eram capazes de recolher só o necessário de maná para um único dia e de não acumular para o dia seguinte. Jesus diz: "Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões assaltam e roubam. Ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam”. O que significa ajuntar tesouros no céu? Trata-se de saber onde coloco o fundamento da minha existência. Se o coloco nos bens materiais desta terra, sempre corro o perigo de perder o que acumulei. Se coloco o fundamento em Deus, ninguém vai poder destruí-lo e terei a liberdade interior de partilhar com os outros os bens que possuo. Para que isto seja possível e viável, é importante que se crie uma convivência comunitária que favoreça a partilha e a ajuda mútua, e na qual a maior riqueza ou tesouro não é a riqueza material, mas sim a riqueza ou o tesouro da convivência fraterna nascida a partir da certeza trazida por Jesus de que Deus é Pai/Mãe de todos. Onde está o teu tesouro (riqueza), aí está o teu coração.
Mateus 6,22-23: A lâmpada do corpo é o olho
Para entender o que Jesus pede é necessário ter olhos novos. Jesus é exigente e pede muita coisa: não acumular (6,19-21), não servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo (6,24), não se preocupar com comida e bebida (6,25-34). Estas recomendações exigentes tratam daquela parte da vida humana, onde as pessoas tem mais angústias e preocupações. É também a parte do Sermão da Montanha, que é a mais difícil de se entender e de praticar. Por isso Jesus diz: "Se teu olho estiver doente, ....". Alguns traduzem olho doente e olho são. Outros traduzem olho mesquinho e olho generoso. Tanto faz. Na realidade, a pior doença que se possa imaginar é uma pessoa se fechar sobre si mesma e sobre seus bens e confiar só neles. É a doença da mesquinhez! Quem olha a vida com este olhar viverá na tristeza e na escuridão. O remédio para curar esta doença é a conversão, a mudança de mentalidade e de ideologia. Colocando o fundamento da vida em Deus, o olhar se torna generoso e a vida toda se torna luminosa, pois faz nascer a partilha e a fraternidade.
Jesus quer uma mudança radical. Quer a observância da lei do ano sabático, onde se diz que, na comunidade dos que crêem, não pode haver pobres (Dt 15,4). A convivência humana deve ser organizada de tal maneira que já não seja necessário uma pessoa se preocupar com comida e bebida, roupa e moradia, saúde e educação (Mt 6,25-34). Mas isto só é possível se todos buscarem primeiro o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6,33). O Reino de Deus é permitir que Deus reine e tome conta: é imitar Deus (Mt 5,48). A imitação de Deus leva à partilha justa dos bens e ao amor criativo, que gera fraternidade verdadeira. A Providência Divina deve ser mediada pela organização fraterna, Só assim é possível jogar fora toda a preocupação pelo dia de amanhã (Mt 6,34).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus disse: “Onde está tua riqueza, aí estará o teu coração”. Onde está minha riqueza: no dinheiro ou na fraternidade?
2) Qual a luz que está nos meus olhos para olhar a vida, os acontecimentos?
5) Oração final
Porque o Senhor escolheu Sião, ele a preferiu para sua morada. É aqui para sempre o lugar de meu repouso, é aqui que habitarei porque o escolhi. (Sl 131, 13-14)
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Velório e sepultamento ocorrem nesta quinta-feira (17).
Morreu na manhã desta quinta-feira (17), o padre João Batista Oliveira, de 69 anos, que atuava na Capela Senhora Sant'Ana, em Itabaiana. De acordo com a Arquidiocese de Aracaju, ele estava internado há 26 dias em um hospital particular da capital, em tratamento contra uma infecção pulmonar decorrente da Covid-19. O quadro foi agravado após um infarto.
O corpo do padre será velado, a partir das 12h, na matriz da paróquia Santo Antônio e Almas, em Itabaiana, mesmo local da missa de corpo presente, às 16h. O sepultamento ocorrerá às 17h na Capela Senhora Sant´Ana.
No dia 24 de janeiro deste ano, o padre havia completado 41 anos de ordenação presbiteral. Fonte: https://g1.globo.com
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Carmo de Angra/RJ. Dia da Caridade, Adoração e Confissão. Das 9h às 16h 30 (Bênção do Santíssimo). 19h, Santa Missa.
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 7-15)
7Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. 8Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais. 9Eis como deveis rezar: PAI NOSSO, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; 10venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. 11O pão nosso de cada dia nos dai hoje; 12perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; 13e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. 14Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. 15Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará.
3) Reflexão - Mt 6, 7-15
O evangelho de hoje traz a oração do Pai Nosso, o Salmo que Jesus nos deixou. Há duas redações do Pai Nosso: de Lucas (Lc 11,1-4) e de Mateus (Mt 6,7-13). A redação de Lucas é mais curta. Lucas escreve para comunidades que vieram do paganismo. Ele busca ajudar pessoas que estão se iniciando no caminho da oração. No Evangelho de Mateus, o Pai Nosso está situado naquela parte do Sermão da Montanha, onde Jesus orienta os discípulos e as discípulas na prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt 6,16-18). O Pai Nosso faz parte de uma catequese para judeus convertidos. Eles já estavam habituados a rezar, mas tinham certos vícios que Mateus tenta corrigir. No Pai Nosso Jesus resume todo o seu ensinamento em sete preces dirigidas ao Pai. Nestes sete pedidos, ele retoma as promessas do Antigo Testamento e mandar pedir ao Pai que Ele nos ajude a realizá-las. Os primeiros três dizem respeito ao relacionamento nosso com Deus. Os outros quatro dizem respeito ao nosso relacionamento comunitário com os outros.
Mateus 6,7-8: A introdução ao Pai-nosso.
Jesus critica as pessoas para as quais a oração era uma repetição de fórmulas mágicas, de palavras fortes, dirigidas a Deus para obrigá-lo a atender a seus pedidos e necessidades. Quem reza deve buscar em primeiro lugar o Reino, muito mais que os interesses pessoais. A acolhida da oração por parte de Deus não depende da repetição das palavras, mas sim da bondade de Deus que é Amor e Misericórdia. Ele quer o nosso bem e conhece as nossas necessidades, antes mesmo das nossas preces.
Mateus 6,9a: As primeiras palavras: “Pai Nosso que estás no céu!”
Abba, Pai, é o nome que Jesus usa para dirigir-se a Deus. Expressa a intimidade que ele tinha com Deus e manifesta a nova relação com Deus que deve caracterizar a vida do povo nas comunidades cristãs (Gl 4,6; Rm 8,15). Mateus acrescenta ao nome do Pai o adjetivo nosso e a expressão que estais no Céu. A oração verdadeira é uma relação que nos une ao Pai, aos irmãos e irmãs e à natureza. A familiaridade com Deus não é intimista, mas expressa a consciência de pertencermos à grande família humana, da qual participam todas as pessoas, de todas as raças e credos: Pai Nosso. Rezar ao Pai e entrar em intimidade com ele, é também colocar-se em sintonia com os gritos de todos os irmãos e irmãs. É buscar o Reino de Deus em primeiro lugar. A experiência de Deus como Pai é o fundamento da fraternidade universal.
Mateus 6,9b-10: Os três pedidos pela causa de Deus: o Nome, o Reino, a Vontade
Na primeira parte do Pai-nosso, pedimos para que seja restaurado o nosso relacionamento com Deus. Para restaurar o relacionamento com Deus, Jesus pede (1) a santificação do Nome revelado no Êxodo por ocasião da libertação do Egito; (2) pede a vinda do Reino, esperado pelo povo depois do fracasso da monarquia; (3) pede o cumprimento da Vontade de Deus, revelada na Lei que estava no centro da Aliança. O Nome, o Reino, a Lei: são os três eixos tirados do Antigo Testamento que expressam como deve ser o novo relacionamento com Deus. Os três pedidos mostram que é preciso viver na intimidade com o Pai, fazendo com que o seu Nome seja conhecido e amado, que o seu Reino de amor e de comunhão se torne uma realidade, e que a sua Vontade seja feita assim na terra como no céu. No céu, o sol e as estrelas obedecem à lei de Deus e criam a ordem do universo. A observância da lei Deus "assim na terra como no céu" deve ser a fonte e o espelho de harmonia e de bem-estar para toda a criação. Este relacionamento renovado com Deus, porém, só se torna visível no relacionamento renovado entra nós que, por sua vez, é objeto de mais quatro pedidos: o pão de cada dia, o perdão das dívidas, o não cair em tentação e a libertação do Mal.
Mateus 6,11-13: Os quatro pedidos pela causa dos irmãos: Pão, Perdão, Vitória, Liberdade
Na segunda parte do Pai-nosso pedimos que seja restaurado e renovado o relacionamento entre as pessoas. Os quatro pedidos mostram como devem ser transformadas as estruturas da comunidade e da sociedade para que todos os filhos e filhas de Deus vivam com igual dignidade. Pão de cada dia: O pedida do "Pão de cada dia" (Mt 6,11) lembra o maná de cada dia no deserto (Ex 16,1-36), O maná era uma “prova" para ver se o povo era capaz de andar na Lei do Senhor (Ex 16,4), isto é, se era capaz de acumular comida apenas para um único dia como sinal da fé de que a providência divina passa pela organização fraterna. Jesus convida para realizar um novo êxodo, uma nova convivência fraterna que garante o pão para todos. Perdão das dívidas: O pedido, do "perdão das dívidas" (6,12) lembra o ano sabático que obrigava os credores a perdoar todas as dívidas aos irmãos (Dt 15,1-2). O objetivo do ano sabático e do ano jubilar (Lv 25,1-22) era desfazer as desigualdades e recomeçar tudo de novo. Como rezar hoje: “Perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores”? E' pela dívida externa dos países pobres que os países ricos, todos cristãos, se enriquecem. Não cair na Tentação: O pedido de "não cair em tentação" (6,13) lembra os erros cometidos no deserto, onde o povo caiu na tentação (Ex 18,1-7; Nm 20,1-13; Dt 9,7-29). É para imitar Jesus que foi tentado e venceu (Mt 4,1-17). No deserto, a tentação levava o povo a seguir por outros caminhos, a voltar atrás, a não assumir a caminhada da libertação e reclamar de Moisés que o conduzia. Libertação do Mal: O mal é o Maligno, o Satanás, que tenta desviar e que, de muitas maneiras, procura levar as pessoas a não seguir o rumo do Reino, indicado por Jesus. Tentou Jesus para abandonar o Projeto do Pai e ser o Messias conforme as idéias dos fariseus, escribas ou de outros grupos. O Maligno afasta de Deus e é motivo de escândalo. Chegou a entrar em Pedro (Mt 16,23) e tentou Jesus no deserto. Jesus o venceu (Mt 4,1-11).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus falou "perdoai as nossas dívidas", mas hoje nós rezamos "perdoai as nossas ofensas" O que é mais fácil: perdoar ofensas ou perdoar dívidas?
2) Como você costuma rezar o Pai Nosso: mecanicamente ou colocando toda a sua vida e o seu compromisso?
5) Oração final
Na presença do Senhor, fundem-se as montanhas como a cera, em presença do Senhor de toda a terra. Os céus anunciam a sua justiça e todos os povos contemplam a sua glória. (Sl 96, 5-6)
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Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta (RS)
No Ano do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que o Papa Francisco instituiu, em 13 de março de 2015, escrevi algumas “Orientações Pastorais sobre a Misericórdia e o Sacramento da Reconciliação”, em 20 de fevereiro de 2016. De fato, tinha como objetivo experimentarmos a misericórdia divina e um estilo de vida misericordioso. Na oportunidade, salientei que queria “sublinhar o valor e a beleza do sacramento da Reconciliação, como lugar privilegiado da manifestação gratuita da misericórdia de Deus, que nos move a sermos “misericordiosos como o Pai” (Lc 6,36)” (n.2). Neste tempo de pandemia, neste ano mais em casa do que nas comunidades, mais nos ambientes familiares do que nos retiros e formações, nossos católicos precisam novamente ter o sentido deste sacramento. Pode ter sido insuficiente em nossos católicos a iniciação cristã, que não conseguiu fazer nossos cristãos verem este rosto misericordioso de Deus. Faltou a experiência da gratuidade do homem, amado para amar, e, nunca, marcado pela justiça fria e cega. A misericórdia é gratuidade pura.
Mas, sem dúvidas, a grande causa é o esfriamento da fé, que leva a um afastamento da penitência. Em todas pessoas pode-se perceber uma falta da busca do sacramento da penitência. Sabemos que não é fácil confessar os pecados. Exige um grande ato de humildade. O próprio fato, em si, de poder falar de si mesmo a alguém que escuta com o coração já é libertador e possui um caráter de não permitir que nossa consciência se acostume com o erro ou a não mais vê-los como pecado. A descristianização e o secularismo da sociedade, leva a perder a fé, no sentido do pecado e da necessidade da confissão. A nossa autorreferencialidade humana é o critério para nossas decisões morais, levando ao relativismo. A antropologia cristã não é ingênua: sabe que no coração humano residem a ambição, o ódio, a violência e o egoísmo. Especialmente no nosso tempo, onde tantos se deixam levar pelos meios de comunicação social, o pecado está muito presente, sobretudo pelo sentimento interior, pela divisão existente e pelas palavras ditas.
Mas, não basta pedir perdão a Deus diretamente? Nosso Papa responde: “Não basta pedir perdão ao Senhor na própria mente e no próprio coração, mas é necessário confessar humildemente e com confiança os próprios pecados ao ministro da Igreja. Na celebração deste Sacramento, o sacerdote não representa somente Deus, mas toda a comunidade, que se reconhece na fragilidade de cada um de seus membros, que escuta comovida o seu arrependimento, que se reconcilia com ele, que o encoraja e o acompanha no caminho de conversão e amadurecimento cristão. Alguém pode dizer: eu me confesso somente com Deus. Sim, você pode dizer a Deus “perdoa-me”, e dizer os teus pecados, mas os nossos pecados são também contra os irmãos, contra a Igreja. Por isto é necessário pedir perdão à Igreja, aos irmãos, na pessoa do sacerdote” (Audiência Geral, 19/02/14). Não devemos temer a confissão de nossos pecados. Como o filho pródigo arrependido, nós também temos necessidade de dizer a Deus Pai o que nos pesa e a esperança que carregamos de uma vida nova.
A confissão de nossos pecados é uma graça, que cura e liberta. O próprio sacerdote, ao acolher, sabe-se pecador e necessitado da graça do perdão. Quando nos apresentamos ao sacerdote, “que se sinta pecador, que se deixe surpreender, ser tocado por Deus. Para que Ele nos preencha com o dom da Sua misericórdia infinita, temos de sentir a nossa necessidade, o nosso vazio, a nossa miséria” (FRANCISCO, O nome de Deus é misericórdia, 2016, p. 77). Fonte: https://www.cnbb.org.br
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 1-6.16-18)
1Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu. 2Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. 3Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. 4Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á. 5Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. 6Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á. 16Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. 17Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. 18Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.
3) Reflexão - Mt 6,1-6.16-18
O evangelho de hoje dá continuidade à meditação sobre o Sermão da Montanha. Nos dias anteriores, de 9 até 17 de junho, refletimos longamente sobre a mensagem do capítulo 5 do evangelho de Mateus. No evangelho de hoje e dos dias seguintes, de 18 a 21 de junho, vamos meditar a mensagem do capítulo 6 do mesmo evangelho. A seqüência dos capítulos 5 e 6 pode ajudar na sua compreensão. Os trechos em itálico indicam o texto do evangelho de hoje. Eis o esquema:
Mateus 5,1-12: As Bem-aventuranças: solene abertura da nova Lei
Mateus 5,13-16: A nova presença no mundo: Sal da terra e Luz do mundo
Mateus 5,17-19: A nova prática da justiça: relacionamento com a antiga lei
Mateus 5, 20-48; A nova prática da justiça: observando a nova Lei.
Mateus 6,1-4: A nova prática das obras de piedade: a esmola
Mateus 6,5-15: A nova prática das obras de piedade: a oração
Mateus 6,16-18: A nova prática das obras de piedade: o jejum
Mateus 6,19-21: Novo relacionamento com os bens materiais: não acumular
Mateus 6,22-23: Novo relacionamento com os bens materiais: visão correta
Mateus 6,24: Novo relacionamento com os bens materiais: Deus ou dinheiro
Mateus 6,25-34: Novo relacionamento com os bens materiais: abandono à Providência
O evangelho de hoje trata de três assuntos: da esmola (6,1-4), da oração (6,5-6) e do jejum (6,16-18). São as três obras de piedade dos judeus.
Mateus 6,1: Não praticar o bem para ser visto pelos outros
Jesus critica os que praticam as boas obras só para serem vistos pelos homens (Mt 6,1). Jesus pede para construir a segurança interior não naquilo que nós fazemos por Deus, mas sim naquilo que Deus faz por nós. Nos conselhos que ele dá transparece um novo tipo de relacionamento com Deus: “O teu Pai que vê no segredo te recompensará" (Mt 6,4). "Vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de o pedirdes a Ele” (Mt 6,8). "Se Perdoardes aos homens seus delitos, também vosso Pai celeste vos perdoará" (Mt 6,14). É um novo caminho que aqui se abre de acesso ao coração de Deus Pai. Jesus não permite que a prática da justiça e da piedade seja usada como meio de auto-promoção diante de Deus e diante da comunidade (Mt 6,2.5.16).
Mateus 6,,2-4: Como praticar a esmola
Dar esmola é uma maneira de realizar a partilha tão recomendada pelos primeiros cristãos (At 2,44-45; 4,32-35). A pessoa que pratica a esmola e a partilha para se promover a si mesmo diante dos outros merece a exclusão da comunidade, como foi o caso de Ananias e Safira (At 5,1-11). Hoje, tanto na sociedade como na igreja, há pessoas que fazem grande publicidade do bem que fazem aos outros. Jesus pede o contrário: fazer o bem de tal maneira que a mão esquerda não fique sabendo o que a mão direita está fazendo. É o total desapego e a total entrega na gratuidade do amor que crê em Deus Pai e o imita em tudo que faz.
Mateus 6,5-6: Como praticar a oração
A oração coloca a pessoa em relação direta com Deus. Alguns fariseus transformavam a oração numa ocasião para aparecer e se exibir diante dos outros. Naquele tempo, quando tocava a trombeta nos três momentos de oração, manhã, meio dia e entardecer, eles deviam parar no lugar onde estavam para fazer as suas orações. Havia gente que procurava estar nas esquinas em lugares públicos, para que todos pudessem ver como rezavam. Ora, uma atitude assim perverte nossa relação com Deus. É falsa e sem sentido. Por isso, Jesus diz que é melhor fechar-se no quarto e rezar em segredo, preservando a autenticidade da relação. Deus te vê mesmo no segredo e ele sempre te escutar.Trata-se da oração pessoal, não da oração comunitária.
Mateus 6,16-18: Como praticar o jejum
Naquele tempo a prática do jejum era acompanhada de alguns gestos exteriores bem visíveis: não lavar o rosto nem alinhar os cabelos, usar roupa sombria. Era o sinal visível de jejum. Jesus critica este jeito de jejuar e manda fazer o contrário, para que ninguém consiga perceber que você está jejuando: tome banho, use perfume, arrume bem o cabelo. Aí, só o Pai que vê no segredo sabe que você está jejuando e ele saberá recompensa-lo.
4) Para um confronto pessoal
1) Quando você reza, como você vive a sua relação com Deus?
2) Como vive o seu relacionamento com os outros em família e na comunidade?
5) Oração final
Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos. (Sl 30, 20)
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 43-48)
43Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. 44Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. 45Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. 46Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? 47Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? 48Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.
3) Reflexão - Mt 5, 43-48
No evangelho de hoje alcançamos o topo da Montanha das Bem-aventuranças, onde Jesus proclamou a Lei do Reino de Deus, cujo ideal se resume nesta frase lapidar: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Jesus estava corrigindo a Lei de Deus! Cinco vezes em seguida ele já tinha afirmado: “Antigamente foi dito, mas eu digo!” (Mt 5,21.27,31.33.38). Era sinal de muita coragem da parte dele de corrigir, publicamente, diante de todo o povo reunido, o tesouro mais sagrado do povo, a raiz da sua identidade, que era a Lei de Deus. Jesus quer comunicar um novo olhar para entender e praticar a Lei de Deus. A chave para poder atingir este novo olhar é a afirmação: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito”. Nunca ninguém poderá chegar a dizer: “Hoje fui perfeito como o Pai do céu é perfeito!” Estaremos sempre abaixo da medida que Jesus colocou diante de nós. Por que será que ele colocou diante de nós um ideal impossível a ser atingido por nós mortais?
Mateus 5,43-45: Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo
Nesta frase Jesus explicita a mentalidade com que os escribas explicavam a lei; mentalidade que nascia das divisões entre judeu e não-Judeu, entre próximo e não-próximo, entre santo e pecador, entre puro o impuro, etc. Jesus manda subverter esta pretensa ordem nascida de divisões interesseiras. Ele manda ultrapassar as divisões. “Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos” .E aqui atingimos a fonte, de onde brota a novidade do Reino. Esta fonte é o próprio Deus, reconhecido como Pai, que faz nascer o sol sobre maus e bons. Jesus manda que imitemos este Deus: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (5,48). E' imitando este Deus que criamos uma sociedade justa, radicalmente nova:
Mateus 5,46-48: Ser perfeito como o Pai celeste é perfeito
Tudo se resume em imitar Deus: "Pois, se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu" (Mt 5,43-48). O amor é o princípio e o fim de tudo. Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão (Jo 15,13). Jesus imitou o Pai e revelou o seu amor. Cada gesto, cada palavra de Jesus, desde o nascimento até à hora de morrer na cruz, era uma expressão deste amor criador que não depende do presente que recebe, nem descrimina o outro por motivo de raça, sexo, sexo, religião ou classe social, mas que nasce de um bem querer totalmente gratuito. Foi um crescendo contínuo, desde o nascimento até à morte na Cruz.
A manifestação plena do amor criador em Jesus. Foi quando na Cruz ele ofereceu o perdão ao soldado que o torturava e matava. O soldado, empregado do império, prendeu o pulso de Jesus no braço da cruz, colocou um prego e começou a bater. Deu várias pancadas. O sangue espirrava. O corpo de Jesus se contorcia de dor. O soldado, mercenário ignorante, alheio ao que estava fazendo e ao que estava acontecendo ao redor, continuava batendo como se fosse um prego na parede da casa para pendurar um quadro. Neste momento Jesus dirige ao Pai esta prece: “Pai, perdoa! Eles não sabem o que estão fazendo!” (Lc 23,34). Por mais que os homens quisessem, a desumanidade não conseguiu apagar em Jesus a humanidade. Eles o prenderam, xingaram, cuspiram no rosto dele, deram soco na cara, fizeram dele um rei palhaço com coroa de espinhos na cabeça, flagelaram, torturaram, fizeram-no andar pelas ruas como um criminoso, teve de ouvir os insultos das autoridades religiosas, no calvário deixaram-no totalmente nu à vista de todos e de todas. Mas o veneno da desumanidade não conseguiu alcançar a fonte da humanidade que brotava de dentro de Jesus. A água que jorrava de dentro era mais forte que o veneno que vinha de fora, querendo de novo contaminar tudo. Olhando aquele soldado ignorante e bruto, Jesus teve dó do rapaz e rezou por ele e por todos: “Pai, perdoa!” E ainda arrumou uma desculpa: “São ignorantes. Não sabem o que estão fazendo!” Diante do Pai, Jesus se fez solidário daqueles que o torturavam e maltratavam. Era como o irmão que vem com seus irmãos assassinos diante do juiz e ele, vítima dos próprios irmãos, diz ao juiz: “São meus irmãos, sabe. São uns ignorantes. Perdoa. Eles vão melhorar!” Era como se Jesus estivesse com medo que o mínimo de raiva contra o rapaz pudesse apagar nele o restinho de humanidade que ainda sobrava. Este gesto incrível de humanidade e de fé na possibilidade de recuperação daquele soldado foi a maior revelação do amor de Deus. Jesus pôde morrer: “Está tudo consumado!” E inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 19,30). Realizou a profecia do Servo Sofredor (Is 53).
4) Para um confronto pessoal
1) Qual a motivação mais profunda do esforço que você faz para observar a Lei de Deus: merecer a salvação ou agradecer a bondade imensa de Deus que te criou, te mantém em vida e te salva?
2) Como você entende a frase “ser perfeito como o Pai do céu é perfeito”?
5) Oração final
Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E conforme a imensidade de vossa misericórdia, apagai a minha iniquidade. Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado. (Sl 50, 3-4)
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 38-42)
Naquele tempo disse Jesus: 38Tendes ouvido o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. 39Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. 40Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. 41Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil. 42Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado. 43Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo.
3) Reflexão - Mt 5, 38-42
O evangelho de hoje faz parte de uma pequena unidade literária que vai desde Mt 5,17 até Mt 5,48, na qual se descreve como passar da antiga justiça dos fariseus (Mt 5,20) para a nova justiça do Reino de Deus (Mt 5,48). Descreve como subir a Montanha das Bem-aventuranças, de onde Jesus anunciou a nova Lei do Amor. O grande desejo dos fariseus era alcançar a justiça, ser justo diante de Deus. Este é também o desejo de todos nós. Justo é aquele ou aquela que consegue viver no lugar onde Deus o quer. Os fariseus se esforçavam para alcançar a justiça através da observância estrita da Lei. Pensavam que era pelo próprio esforço que poderiam chegar até o lugar onde Deus os queria, Jesus toma posição diante desta prática e anuncia a nova justiça que deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). No evangelho de hoje estamos quase chegando no topo da montanha. Falta pouco. O topo é descrita com a frase: “Sede perfeito como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48), que meditaremos no evangelho de amanhã. Vejamos de perto este último degrau que nos falta para chegar ao topo da Montanha, da qual São João da Cruz diz: “Aqui reinam o silêncio e o amor”.
Mateus 5,38: Olho por olho, dente por dente
Jesus cita um texto da Lei antiga dizendo: "Vocês ouviram o que foi dito: Olho por olho e dente por dente!”. Ele abreviou o texto. O texto inteiro dizia: ”Vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,23-25). Como nos casos anteriores, também aqui Jesus faz uma releitura inteiramente nova. O princípio “olho por olho, dente por dente” estava na raiz da interpretação que os escribas faziam da lei. Este princípio deve ser subvertido, pois ele perverte e estraga o relacionamento entre as pessoas e com Deus.
Mateus 5,39ª: Não retribuir o mal com o mal
Jesus afirma exatamente o contrário: “Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês”. Diante de uma violência recebida, nossa reação natural é pagar o outro com a mesma moeda. A vingança pede “olho por olho, dente por dente”. Jesus pede para retribuir o mal não com o mal, mas com o bem. Pois, se não soubermos superar a violência recebida, a espiral da violência tomará conta de tudo e já não haverá mais saída. Lameque dizia: “Por uma ferida recebida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete” (Gn 4,24). Foi por causa desta vingança extremada que tudo terminou na confusão da Torre de Babel (Gn 11,1-9). Fiel ao ensinamento de Jesus, Paulo escreve na carta aos Romanos: “Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os homens. Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem”. (Rm 12,17.21). Para poder ter esta atitude é necessário ter muita fé na possibilidade da recuperação do ser humano. Como fazer isto na prática. Jesus oferece 4 exemplos concretos.
Mateus 5,39b-42: Os quatro exemplos para superar a espiral da violência
Jesus diz: “Pelo contrário: (1) se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda! (2) Se alguém faz um processo para tomar de você a túnica, deixe também o manto! (3) Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele. (4) Dê a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pedir emprestado.” (Mt 5,40-42). Como entender estas quatro afirmações? Jesus mesmo nos ofereceu uma ajuda de como devemos entendê-las. Quando o soldado lhe deu uma bofetada numa face, ele não ofereceu a outra. Pelo contrário, ele reagiu energicamente: "Se falei mal, mostre o que há de mal. Mas se falei bem, por que você bate em mim?" (Jo 18,23) Jesus não ensina passividade. São Paulo acredita que, retribuindo o mal com o bem, “você fará o outro corar de vergonha” (Rm 12,20). Esta fé na possibilidade da recuperação do ser humano só é possível a partir de uma raiz que nasce da total gratuidade do amor criador que Deus mostrou para conosco na vida e nas atitudes de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Você já sentiu alguma vez uma raiva tão grande de querer aplicar a vingança “olho por olho, dente por dente”? Como fez para supera-la?
2) Será que a convivência comunitária hoje na igreja favorece a ter em nós o amor criador que Jesus sugere no evangelho de hoje?
5) Oração final
Senhor, ouvi minhas palavras, escutai meus gemidos. Atendei à voz de minha prece, ó meu rei, ó meu Deus. É a vós que eu invoco, Senhor. (Sl 5, 2-4)
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Afresco atribuído ao pintor Filippo da Verona e provavelmente feita em 1510 mostra Santo Antônio em aparição a seu confrade e seguidor Luca Belludi.
Para muitos, é santo casamenteiro, para os devotos católicos, é um santo milagroso, daqueles mais eficientes na intercessão junto a Deus
Edison Veiga* - De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil
Para muitos, é santo casamenteiro — folclore e tradições populares são pródigos em reservar a ele toda sorte de simpatias para trazer, para sempre enquanto dure, aquele amor perfeito. Para os devotos católicos, é um santo milagroso, daqueles mais eficientes na intercessão junto a Deus. Para a Igreja, é a figura que detém o recorde da canonização mais rápida da história. Para a historiografia, foi um homem notável do seu tempo: intelectual, o frade circulou por parte considerável da Europa do século 13 e ajudou a consolidar o papel dos franciscanos, cuja ordem havia acabado de ser fundada.
Este personagem é Santo Antônio de Pádua — assim chamado por aqueles que preferem enfatizar o auge de sua vida. Ou Santo Antônio de Lisboa — como preferem sobretudo os portugueses, enaltecendo suas raízes.
Se muito de sua vida, oito séculos mais tarde, se mistura com lendas, relatos extraordinários e fé religiosa, fato certo e comprovado é que o frade franciscano morreu há exatos 790 anos, em uma sexta-feira, 13 de junho de 1231.
"Ele era um homem bastante erudito mas, mesmo assim, mesmo muito ortodoxo em sua postura de combate às heresias, ele foi acometido dessa aura de um taumaturgo, alguém que tinha habilidade de manipular os poderes da natureza", contextualiza à BBC News Brasil o historiador, filósofo e teólogo Gerson Leite de Moraes, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. "Com o passar do tempo, várias camadas narrativas foram sendo colocadas neste homem. A história dos santos é muito recheada dessas narrativas que vão sendo acrescentadas, somadas, transformando aquilo num ícone."
Em terras brasileiras, a devoção antoniana ganhou seu próprio sotaque. O sincretismo fez dele uma figura simpática a outras religiões fora do catolicismo. E o folclore garantiu ao santo lugar de honra, seja na hora de pendurar sua imagem de cabeça para baixo até que um namorado dos sonhos apareça, seja em formatos de orações característicos, como a trezena — treze dias de rezas dedicadas a ele ou no considerado infalível "responso", cujo texto original é atribuído a um frade italiano chamado Giuliano da Spira, que viveu no século 13 e teria escrito a oração dois anos após a morte do santo.
No 'Dicionário do Folclore Brasileiro', o sociólogo, antropólogo e historiador Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) registrou uma das tantas versões da oração, originalmente em latim, no português coloquial. "Quem milhares quer achar/ Contra os males e o demônio/ Busque logo a Santo Antônio/ Que só o há de encontrar", dizem os primeiros versos.
"Seu nome batiza igrejas, ruas e continua sendo um dos mais escolhidos para menino, em Portugal e Brasil", aponta Cascudo. "Rara será a cidade, vila ou povoado sem uma rua de Santo Antônio ou uma igreja de Santo Antônio, em todas as terras do idioma português."
Em 2019, um sacerdote italiano que atuava na cidade de Pádua comentou informalmente com este repórter que a fama de Antônio junto aos fiéis, em especial os brasileiros, advém desta maneira simples e brejeira como se desenvolveu a relação de fé com ele — entre simpatias que mais parecem travessuras. "Essas coisas, para quem vê de fora, podem parecer heresia ou falta de respeito. Mas, na verdade, aproximam o santo do povo. É como se ele não estivesse no altar, inacessível e distante, mas preferisse se sentar no banco da igreja, ao lado do fiel, como um amigo, um companheiro, alguém de confiança", filosofou o religioso.
"No Brasil, a religião nunca foi austera, sempre foi uma religiosidade com características populares", completa Moraes. "A religião no Brasil se desenvolveu muito nessa coisa da proximidade, da relação quase desrespeitosa com o sagrado, mas ao mesmo tempo muito íntima."
Autor do livro 'Santo Antônio: Por Onde Passa, Entusiasma', o vaticanista italiano Domenico Agasso Jr. concorda que chama a atenção o fato de a figura de Santo Antônio, ainda no século 21, conservar grande relevância. "A primeira razão reside sobretudo no fato de ele não ter sido um menino 'santo', mas sim ter passado por uma transformação interior e exterior na juventude — e isso o coloca como uma mostra de que Deus é acessível a todos os homens e mulheres de todos os tempos e lugares", comenta ele, à BBC News Brasil.
"São muitos os que contam que graças a Antônio compreenderam uma coisa fundamental: só por meio da caridade podemos viver verdadeiramente na alegria", prossegue ele. "É por isso que Antônio ainda é muito amado. É uma presença que continua a gerar alegria. As pessoas sentem que ele é um pai, uma referência acolhedora e encorajadora, uma fonte inesgotável de esperança contra a resignação, o desespero, os medos."
A seguir, cinco curiosidades sobre este religioso cuja fama transcende o catolicismo.
1-Ele não morreu em Pádua, mas em Capo di Ponte
De acordo com relatos de seus contemporâneos, Antônio sofria de um quadro de hidropisia, ou seja, acúmulo de fluidos corporais. Na antiguidade, costumavam serem diagnosticados assim muitos distúrbios de circulação sanguínea — e o quadro, sabe-se hoje, é causa de edemas generalizados e pode acarretar insuficiência cardíaca congestiva.
Antônio era um homem na faixa dos 40 anos — há dúvidas sobre sua data de nascimento —, mas a condição de saúde associada à rotina de peregrinações, jejuns e penitência faziam-no parecer mais velho. Cansado depois de uma intensa quaresma naquele ano, ele havia solicitado, em maio, um período de descanso a seus superiores.
Em 19 de maio de 1231, recolheu-se então na propriedade de um nobre da região, conde Tiso VI (?-1234), em Camposampiero, a 20 quilômetros de Pádua, no norte da Itália, onde vivia.
Conforme conta a primeira crônica biográfica sobre o santo, publicada pela Ordem dos Frades Menores em 1232, 'Beati Antonii Vita Prima', ele parecia muito fraco naquela manhã de 13 de junho e desmaiou. Foi acomodado em uma cama rudimentar, de palha. Quando recobrou a consciência, pediu que o levassem de volta a Pádua, onde teria a assistência de irmãos religiosos.
Foi colocado então sobre um carro de boi. No caminho, contudo, com o frade visivelmente agonizando, os que o acompanhavam no traslado decidiram parar em um convento localizado em um pequeno burgo, na época chamado de Capo di Ponte — hoje, bairro de Arcella, no subúrbio de Pádua.
E foi ali, numa cela da pequena casa religiosa, que o santo morreu. Só depois foi levado para a Pádua que se tornaria famosa por conta dele.
Depois de atuar em diversas cidades — há registros comprovados de sua passagem por 37 localidades, hoje pertencentes a nações como Portugal, Espanha, Marrocos, Itália e França, mas é altamente provável que suas andanças como pregador tenham chegado a locais nas atuais Alemanha, Suíça, Eslovênia e Áustria —, foi no ano anterior à sua morte que Antônio decidiu resignar ao posto de provincial dos franciscanos em Milão e escolheu Pádua para viver.
Mesmo a cidade italiana, hoje com 211 mil habitantes, tendo sido endereço em algum momento inúmeros personalidades de vulto, como Nicolau Copérnico (1473-1543), Cristóvão Colombo (1451-1506) e Galileu Galilei (1564-1506), é inegável que a maior parte dos turistas que a visitam atualmente estão em busca de Santo Antônio — ou, como se diz por lá, simplesmente Il Santo, "O Santo".
2-Ele não nasceu em 1195, como a tradição acabou consagrando
Não há um consenso sobre a data exata de nascimento de Santo Antônio. A tradição católica havia consagrado o dia 15 de agosto de 1195. Hoje, especialistas concordam que o dia tenha sido inventando em algum momento, intencionalmente no mesmo 15 de agosto que a Igreja celebra a festa da Assunção de Nossa Senhora.
No seu livro 'Santo Antônio: Vida, Milagres, Culto', Frei Basílio — cujo nome civil era Hugo Röwer (1877-1958) — escreveu que "a circunstância de ter nascido no dia festivo da Assunção de Nossa Senhora foi o presságio de sua terna devoção à Maria Santíssima, cuja Assunção gloriosa ao céu iria mais tarde pregar nos seus sermões e com cujo hino nos lábios iria transportar o limiar da eternidade". Já o frade português Fernando Félix Lopes, em seu 'Santo António de Lisboa: Doutor Evangélico', adota o ceticismo mais compatível com o que se entende como verdade atualmente: "eu diria que foi o povo quem imaginou a data de modo tão preciso", pontuou, consciente da precária documentação existente.
Em 1981, durante as celebrações pelos 750 anos de sua morte, o Vaticano autorizou que seus restos mortais, sepultados na basílica a ele dedicada em Pádua, fossem exumados para análise científica. Exames antropométricos foram então realizados, por uma junta de pesquisadores, alguns ligados à Santa Sé, outros vinculados à Universidade de Pádua. A principal conclusão: o material era compatível com um homem de mais de 40 anos.
Seus biógrafos passaram então a situar seu nascimento como tendo sido provavelmente em 1188. Isto tornaria compatíveis com a realidade diversas datas sobre as quais há registros em sua vida, como seus ingressos às ordens religiosas — primeiro, ele foi agostiniano; depois, franciscano — e sua ordenação sacerdotal. Se for admitido o nascimento em 1195, é preciso crer nele um prodígio capaz de ter abreviado etapas de estudo, galgando degraus em idade inferior ao usual para a época.
As incertezas, contudo, persistem até em locais onde essas informações poderiam dirimir dúvidas. Inaugurado em 2014 no centro de Lisboa, o Museu de Lisboa: Santo Antônio afirma, no site, que o religioso nasceu em 1195, embora admita que o 15 de agosto tenha sido uma tradição, possivelmente criada no século 17. Em letreiro afixado no memorial, por outro lado, a instituição diz que Antônio veio ao mundo em 1191.
Em 2014, novos estudos científicos foram realizados nos restos mortais de Antônio, por pesquisadores do Museu de Antropologia da Universidade de Pádua, em parceria com o Centro de Estudos Antonianos e com o grupo Arc-Team Open Research. O designer brasileiro Cícero Moraes foi encarregado de fazer, por computação gráfica, a reconstituição facial tridimensional fidedigna do santo. Mais uma vez, a confirmação: tratava-se de um homem de mais de 40 anos.
O que não há dúvidas, contudo, é que seu nome de batismo era Fernando, e não Antônio. Muito provavelmente, a julgar inclusive por ter tido acesso a estudos básicos em uma época de parcos escolarizados, filho de uma família importante da sociedade lisboeta da época. Diversos pesquisadores concordam que seu nome completo era Fernando Martins de Bulhões e Taveira de Azevedo.
Quando decidiu ingressar para a vida religiosa, Fernando buscou o Mosteiro de São Vicente de Fora, mantido pelos cónegos regrantes de Santo Agostinho. Sua entrada para o convento está nos registros históricos da instituição devidamente preservados pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo. "Em 1210, professou em São Vicente aquele que viria a ser Santo Antônio de Lisboa", afirma o verbete.
A vida junto aos agostinianos foi o que conferiu erudição ao jovem religioso. Teve acessos a livros e ensino não só de teologia e doutrina católica, mas também de história, astronomia, medicina, matemática, retórica e letras jurídicas.
Insatisfeito com as limitações do convento, Fernando solicitou transferência para o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra — o que aconteceu entre o fim de 1211 e início de 1212. Trata-se da mais antiga casa agostiniana de Portugal, fundada em 1131. E ficava na cidade que era então a capital de Portugal.
"Ele era de origem nobre, e [tornou-se] um intelectual bem preparado. Era professor de teologia. Vivia como Fernando em um mosteiro […] onde o estudo e a ciência eram prioridades. Mas ficou impressionado com a vida dos seguidores de Francisco de Assis, e ao se tornar franciscano, atraído pela simplicidade, revelou-se em uma tal humildade que, no começo, nem os confrades desconfiaram do grande intelectual que estava no meio deles", conta à BBC News Brasil o teólogo Luiz Carlos Susin, professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana.
Esta mudança para a Ordem dos Frades Menores, ou seja, a transformação de agostiniano em franciscano, ocorreu em algum momento entre junho e agosto de 1220. Em um sinal de que deixava a vida pregressa para trás, Fernando assumiu nova identidade. Escolheu Antônio.
O nome tinha motivos, é claro. O eremitério franciscano em Coimbra, local hoje ocupado pela Igreja de Santo Antônio dos Olivais, era chamado de Santo Antão — em sua forma latina, Antonius. Santo Antão do Deserto (251-356), conhecido como "pai de todos os monges", foi um religioso considerado pela Igreja como o precursor da vida monástica. Assim, Antônio homenageava também, de certa forma, os agostinianos que deixava para trás, já que Santo Agostinho bebeu na fonte de Antão ao criar sua regra monástica.
O relato 'Beati Antonii Vita Prima' explica de forma poética esse momento. "Assim foi o próprio Antônio em pessoa, que, substituído o vocábulo, se impôs o nome e com ele, por um feliz presságio, designou qual havia de ser o arauto da palavra de Deus", afirma o texto. "Antônio, pois significa por assim dizer aquele que atroa os ares. E na realidade a sua voz, qual trombeta portentosa, quando expressava entre os doutos a Sabedoria oculta no mistério de Deus, proclamava com ênfase tais e tão profundas verdades das Escrituras, que mesmo, e nem sempre, o exegeta poderia compreender a eloquência da sua pregação."
3-Nenhum dos 53 milagres de sua canonização tem a ver com casamento
Nem bem foi sepultado em Pádua, no dia 17 de junho de 1231, começaram a pipocar pela região relatos de milagres atribuídos à intercessão daquele que já era chamado de santo ainda em vida. Seu túmulo começou a atrair devotos e pagadores de promessa.
Menos de um mês após sua morte, o bispo Jacopo Corrado (?-1239) solicitou ao papa Gregorio IX (1170-1241) que abrisse um processo para canonizar o frade. Admirador dos franciscanos, o sumo pontífice, que havia conhecido Antônio em vida, aceitou. Mas houve uma resistência na cúpula da Igreja.
O maior problema seria canonizar, quase que sequencialmente, dois frades franciscanos — além de tudo, uma ordem fundada há tão pouco tempo, em 1209. Francisco de Assis (1181 ou 1182-1226) havia sido oficializado santo, pelo mesmo papa Gregório IX, em 1228.
A celeuma político-clerical foi contornada com um apelo popular materializado em enxurrada de histórias de milagres. Em uma época em que os processos de canonização careciam das padronizações metodológicas hoje existentes, o papa mandou criar duas comissões: em Pádua, conferiu poderes ao bispo Corrado e aos superiores dos beneditinos e dos dominicanos para que reunissem casos milagrosos e examinassem as pessoas que se diziam curadas; em Roma, designou dois cardeais para analisarem os relatórios.
A esses esforços foram juntados documentos produzidos por dois cardeais que, em visita à região de Milão, também coletaram narrativas de prodígios ocorridos, de acordo com a fé popular, graças a Antônio.
O documento que serviu para justificar sua canonização acabou reunindo, depois desses crivos, 53 milagres atribuídos a sua intercessão. A grande maioria dizia respeito a problemas de saúde, de paralisias a surdez, passando pela fantástica história de uma menina que teria morrido afogada e voltado a viver. Alguns dos casos listados, contudo, são mais prosaicos — como o de uma taça de vidro atirada contra a parede — apenas para testar o poder do santo — que não teria se quebrado e de tripulantes de um barco à deriva que, em meio a uma tempestade, fiaram-se em Santo Antônio para reencontrar o caminho de volta.
Em 30 de maio de 1232, menos de um ano após a morte do franciscano, papa Gregório IX anunciou que Antônio já podia ser eternizado no rol dos santos da Igreja. "Em honra e louvor à Santíssima Trindade e para exaltação da santa Igreja, inscrevemos o servo de Deus, Frei Antônio, confessor da Ordem dos Frades Menores, no catálogo dos santos, e ordenamos que a sua festa seja celebrada todos os anos em 13 de junho", declarou o pontífice.
Em 13 de junho daquele ano, a missa do primeiro aniversário da morte dele foi especial para a cidade de Pádua: não só ele podia ser chamado de santo, como foi lançada ali a pedra fundamental da construção do santuário a ele dedicado: é a base da mesma construção atual, oficialmente Pontifícia Basílica Menor de Santo Antônio de Pádua — que seria concluída apenas em 1310 e, com o passar dos séculos, passou por várias reformas e modificações.
Mas se nenhum dos milagres compilados pelo Vaticano tratava de casamento, de onde veio essa fama? Para hagiógrafos, há algumas explicações. A primeira é que, ainda em vida, ele teria sido um grande opositor dos casamentos combinados por interesse entre famílias, o que ele chamava de mercantilização do sacramento — defendia que os casais fossem formados por amor.
Há ainda uma versão, com contornos de lenda, de que ele teria desviado, certa vez, donativos recebidos pela Igreja, para ajudar uma moça a conseguir dinheiro suficiente para o dote que era necessário ao seu casamento.
"Ele é arranjador de bons casamentos somente em alguns países. Na maior parte dos países europeus e nos Estados Unidos, o santo dos namorados é São Valentim", lembra o teólogo Susin. "Na biografia de Santo Antônio e nas lendas medievais não há nada que su gira esse título. Mais tarde, porém, o santo de Lisboa e Pádua substituiu, nas lendas populares, o deus romano Mercúrio como o mensageiro de boas notícias, o portador e o intérprete de boas encomendas."
"Na Itália e em alguns países latinos esta permanece sua qualidade especial", prossegue. "Talvez o fato de Antônio levar a Palavra de Deus para o povo como boa notícia, e o povo procurar sua palavra, seja a origem do santo que acha o que foi perdido, que acha o que é difícil, e acerta no amor."
4-Embora fosse contra as armas, acabou virando militar — postumamente
Desde as mais antigas biografias, há ênfase no fato de que Antônio era contrário às armas e qualquer postura bélica. Quando jovem, seu pai teria tentado demovê-lo da ideia de se tornar padre — e a alternativa era que o filho se tornasse militar.
Aos 15 anos, por ordens paternas, o então menino Fernando teria estudado cavalaria e esgrima, mas nunca demonstrou muita aptidão para isso. Já como sacerdote, em diversos sermões defendeu que as Cruzadas ocorrem pelo diálogo, que o convencimento e a conversão fossem resultantes da argumentação, nunca das armas.
Contudo, como em casos de guerra é o santo de casa que faz milagre, é o santo de casa que luta do lado nacional, nos séculos seguintes à sua morte, Antônio passou a ser requisitado por soldados portugueses. As primeiras referências do santo sendo considerado militar no exército português datam de 1623. Durante o reinado de Afonso VI (1643-1683), em batalhas contra o domínio de Castela, ficou determinado que Antônio fosse "alistado no exército, como seu patrono" e "assentasse praça como soldado".
A ideia era dar ânimo aos soldados de carne e osso. E, ao mesmo tempo, esses salários funcionavam como verba oficial para algum convento — que ficava com o dinheiro. A partir de então, Antônio passou a galgar posições dentro das forças portuguesas, com direito a novos postos e sucessivos aumentos de salário.
Em 1777, o então comandante do Regimento de Lagos escreveu à rainha Maria I (1734-1816) uma carta bastante curiosa pedindo melhor patente ao santo. "Durante todo o tempo em que tem sido capitão, vai para quase cem anos, constantemente cumpriu seu dever com maior prazer à frente de sua companhia, em todas as ocasiões, em paz e em guerra, e tal que tem sido visto por seus soldados vezes sem-número, como eles todos estão pontos para testemunhar: e em tudo o mais tem-se comportado sempre como fidalgo e oficial", argumentou ele, dizendo que o capitão Antônio era "muito digno e merecedor do posto de major", ressaltando que não havia nos registros nada relativo a "mau comportamento ou irregularidade praticada por ele".
No Brasil, o santo teve cargos em diversas corporações desde os tempos coloniais. Em 1595, seu primeiro posto foi como soldado, na Bahia. A explicação é contada pelo historiador José Carlos de Macedo Soares, no livro 'Santo Antonio de Lisboa, Militar no Brasil': uma imagem do santo teria protegido portugueses em um episódio envolvendo uma frota holandesa que pretendia invadir a costa brasileira. A partir de então, o santo passou a ganhar salário de soldado naquela região.
Histórias do tipo foram se somando. Há indícios de que só na Bahia tenham sido quatro salários simultâneos. Quando assumiu a capitania de Pernambuco, em 1685, João da Cunha Souto Maior também determinou que Santo Antônio se tornasse soldado — o convento de Olinda tornou-se beneficiário dos vencimentos.
Há relatos de Santo Antônio militar na Paraíba, no Rio e no Espírito Santo. Em São Paulo chegou a coronel, maior patente de sua carreira no país, conforme está manuscrito na página 154 o livro 17 do Arquivo do Estado. O texto, assinado pelo então governador Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão (1722-1798) em 5 de janeiro de 1767 justifica que o gesto é "para aumento da devoção do mesmo santo e à imitação do que se tem praticado nas mais capitanias deste Brasil".
Com a transferência da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, essas nomeações passaram a se tornar mais abrangentes. Em 1810, o então príncipe-regente João VI (1767-1826) fez do religioso sargento-mor de todo o exército luso-brasileiro. Em 1813, o santo foi promovido para tenente-coronel de infantaria — os salários eram repassados aos franciscanos do convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro.
A proclamação da República, em 1889, com a oficial separação entre Igreja e Estado, seria o ponto final na bem-sucedida carreira antoniana no exército nacional. Mas o processo não foi imediato. Conforme jornais da época, a legitimidade do holerite de Santo Antônio foi discutida ainda na primeira gestão. Em outubro de 1890, o então ministro da Guerra, Floriano Peixoto (1839-1895), determinou que não fosse anulado o decreto de 1814. "Deferindo a reclamação pelo provincial dos franciscanos, […], vos declaro, enquanto por ato especial não for anulado, o decreto de 26 de julho de 1814, que conferiu a patente de tenente-coronel de infantaria à imagem de Santo Antônio do Rio de Janeiro, deve continuar a pagar-se o soldo a que tem direito", diz trecho do documento.
Em 1907, o delegado fiscal do Tesouro Nacional, que por um capricho do destino se chamava Antônio de Pádua Mamede, finalmente retirou Santo Antônio das folhas de pagamento. "Não é lícito que a nação continue a pagar aquele soldo […] concorrendo-se, assim, para conservar a crendice que teve o príncipe regente ao expedir aquelas patentes", justificou.
Mesmo assim, foram cinco anos de idas e vindas até que essa decisão fosse aprovada pelo ministério da Fazenda. A identidade do ministro, aliás, também guardava irônica coincidência: coube a Francisco Antônio de Sales (1863-1933) registrar, na folha 21 do livro 486 da então Diretoria de Contabilidade da Guerra a extinção dos holerites antonianos.
Só que suas patentes não foram revogadas, mesmo sem salário. Em 1924, o presidente Artur Bernardes (1875-1955) cobrou providências ao ministro da Guerra. "O coronel Antônio de Pádua vai quase em três séculos de serviço. Nomeio-o general e ponha-o na reserva", escreveu, em carta. A partir de então, Santo Antônio passou para a reserva.
5-Ele foi 'adotado' pelos brasileiros, por causa dos franciscanos portugueses
Muitos apontam Santo Antônio como o mais populares entre os altares brasileiros. Em 1995, a instituição Associação do Senhor Jesus realizou pesquisa entre católicos praticantes para saber quais são os de maior predileção. Antônio apareceu no topo do ranking, com 20% das respostas — 4 mil pessoas foram ouvidas.
Entre pesquisadores, é unânime a explicação de que a devoção ao santo ganhou popularidade no Brasil por conta da colonização portuguesa. E é altamente provável que a primeira imagem de Antônio tenha sido trazida já pela frota de Pedro Álvares Cabral (1467-1520), em 22 de abril de 1500. Na esquadra, estavam oito frades franciscanos, entre eles Henrique Soares de Coimbra (1465-1532), celebrante da primeira missa em solo brasileiro.
Eram franciscanos como Santo Antônio. Eram portugueses como Santo Antônio. Eram devotos de Santo Antônio. Nas décadas seguintes, conventos franciscanos começaram a se espalhar pela colônia. "De certo modo, todo este histórico contribuiu para a difusão do Santo. Independentemente dos religiosos que nos catequizaram, tem o fato de Santo Antônio ser português e isto era muito motivo de orgulho ao colonizador", diz à BBC News Brasil o pesquisador José Luís Lira, presidente da Academia Brasileira de Hagiologia.
E sua fama acabou se difundindo pelo Brasil. "A figura do santo casamenteiro, do santo das coisas perdidas, suas pregações", prossegue Lira. "Somando-se a tudo isso, vieram as festas juninas que, embora trazidas pelo colonizador, aqui assumiram conotação própria. Todos esses fatores, mais a presença ininterrupta dos franciscanos no Brasil, contribuíram, em muito, para que Santo Antônio se tornasse um dos santos mais amados e populares."
"Os franciscanos sempre foram muito importantes no Brasil. Depois da expulsão dos jesuítas, no século 18, se tornaram a ordem religiosa mais influente no país. Era natural que difundissem a devoção a um dos seus maiores santos, que além de tudo era português", acrescenta à BBC News Brasil o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). "Por outro lado, Antônio, mesmo entre os franciscanos, é um santo particularmente próximo a São Francisco de Assis. Ambos se voltam para os pobres e desvalidos, falam com animais, são modelos de vida na pobreza."
"O povo procura santos que sejam próximos às pessoas e a humildade e o apego à pobreza são considerados sinais inconfundíveis dessa proximidade. Sua fama de casamenteiro ilumina essa devoção. A jovem aflita pede ao santo aquilo que é a definição mais importante de sua vida", diz o sociólogo. "Para os adultos pragmáticos, trata-se de um pedido e de uma insegurança até pueril. A jovem casamenteira é até ridicularizada na tradição popular. Santo Antônio é, portanto, o santo suficientemente poderoso para interceder pelo desejo mais importante da vida, e suficientemente humilde e atencioso para receber aquele pedido que pode parecer pueril e até envergonhado."
"No Brasil, tornou-se um santo muito popular, muito amado, muito aclamado. Veja a quantidade de pessoas no Brasil que se chamam Antônio e a quantidade de cidades que têm o nome de Santo Antônio", atenta Moraes.
Trinta e oito municípios brasileiros têm seus nomes em alusão ao santo. Há a cidade de Santo Antônio, no Rio Grande do Norte, ou variações como Santo Antônio do Içá, no Amazonas, ou Santo Antônio do Pinhal, em São Paulo. E duas Novo Santo Antônio, uma no Mato Grosso, outra no Piauí.
Para o frade franciscano Diogo Luís Fuitem, diretor da revista Mensageiro de S. Antônio e autor do livro "Antônio: O Santo do Povo", o santo caiu no "gosto popular" do Brasil porque sua mensagem conseguiu "cativar a todos". "'Santo casamenteiro', 'santo milagreiro', 'restituidor de coisas perdidas'…", elenca ele, à BBC News Brasil. "Esses títulos mostram que ele conseguiu se identificar com o povo necessitado de orientação e de amparo. [Antônio,] em sua breve vida, foi um reflexo da presença de Deus."
*O jornalista é autor do livro-reportagem 'Santo Antônio: A história do intelectual português que se chamava Fernando, quase morreu na África, pregou por toda a Itália, ganhou fama de casamenteiro e se tornou o santo mais querido do Brasil' (Editora Planeta, 2021). Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br
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EVANGELHO DO DIA: Outro Olhar. (Mt 5, 20-26). Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 10 de junho-2021. www.instagram.com/freipetronio
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1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 20-26)
20Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus. 21Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal. 22Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: Raca, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: Louco, será condenado ao fogo da geena. 23Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. 25Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. 26Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo.
3) Reflexão – Mt 5, 20-26
O texto do evangelho de hoje está dentro da unidade maior de Mt 5,20 até Mt 5,48. Nela Mateus mostra como Jesus interpretava e explicava a Lei de Deus. Por cinco vezes ele repetiu a frase: "Antigamente foi dito, eu, porém, lhes digo!" (Mt 5,21.27.33.38.43). Na opinião de alguns fariseus, Jesus estava acabando com a lei. Mas era exatamente o contrário. Ele dizia: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os Profetas. Não vim acabar, mas sim dar-lhes pleno cumprimento (Mt 5,17). Frente à Lei de Moisés, Jesus tem uma atitude de ruptura e de continuidade. Ele rompe com as interpretações erradas que se fechavam na prisão da letra, mas reafirma categoricamente o objetivo último da lei: alcançar a justiça maior que é o Amor.
Nas comunidades para as quais Mateus escreve o seu Evangelho havia opiniões diferentes frente à Lei de Moisés. Para alguns, ela não tinha mais sentido. Para outros, ela devia ser observada até nos mínimos detalhes. Por isso, havia muitos conflitos e brigas. Uns chamavam os outros de imbecil e de idiota. Mateus tenta ajudar os dois grupos a entender melhor o verdadeiro sentido da Lei e traz alguns conselhos de Jesus para ajudar a enfrentar e superar os conflitos que surgem dentro da família e dentro da comunidade.
Mateus 5,20: A justiça de vocês deve ser maior que a justiça dos fariseus.
Este primeiro versículo dá a chave geral de tudo que segue no conjunto de Mt 5,20-48. O evangelista vai mostrar às comunidades como elas devem praticar a justiça maior que supera a justiça dos escribas e dos fariseus e que levará à observância plena da lei. Em seguida, depois desta chave geral sobre a justiça maior, Mateus traz cinco exemplos bem concretos de como praticar a Lei de tal maneira que a sua observância leve à prática perfeita do amor. No primeiro exemplo do evangelho de hoje, Jesus revela o que Deus queria quando entregou a Moisés o quinto mandamento “Não Matarás!”.
Mateus 5,21-22: Não Matar
“Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal" (Ex 20,13) Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar de dentro de si tudo aquilo que, de uma ou de outra maneira, possa levar ao assassinato, como por exemplo, raiva, ódio, xingamento, desejo de vingança, exploração, etc. “Todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal”. Ou seja, quem fica com raiva do irmão já merece o mesmo castigo de condenação pelo tribunal que, na antiga lei, era reservado para o assassino! E Jesus vai mais longe ainda. Ele quer arrancar a raiz do assassinato: Quem diz ao seu irmão: 'imbecil', se torna réu perante o Sinédrio; e quem chama o irmão de 'idiota', merece o fogo do inferno. Com outras palavras, eu só observei plenamente o mandamento Não Matar se consegui tirar de dentro do meu coração qualquer sentimento de raiva que leva a insultar o irmão. Ou seja, se cheguei à perfeição do amor.
Mateus 5,23-24: O culto perfeito que Deus quer
“Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, deixe a oferta aí diante do altar, e vá primeiro fazer as pazes com seu irmão; depois, volte para apresentar a oferta”. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo do ano 70, quando os cristãos ainda participavam das romarias a Jerusalém para fazer suas ofertas no altar do Templo, eles sempre se lembravam desta frase de Jesus. Agora, nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existiam. A própria comunidade passou ser o Templo e o Altar de Deus (1Cor 3,16).
Mateus 5,25-26: Reconciliar
Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação, pois nas comunidades daquela época, havia muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes, sem diálogo. Ninguém queria ceder diante do outro. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhimento e compreensão. Pois o único pecado que Deus não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros (Mt 6,14). Por isso, procure a reconciliação, antes que seja tarde demais!
O ideal da justiça maior
Por cinco vezes, Jesus cita um mandamento ou um costume da lei antiga: Não matar (Mt 5,21), Não cometer adultério (Mt 5,27), Não jurar falso (Mt 5,33), Olho por olho, dente por dente (Mt 5,38), Amar o próximo e odiar o inimigo (Mt 5,43). E por cinco vezes, ele critica a maneira antiga de observar estes mandamentos e aponta um caminho novo para atingir a justiça, o objetivo da lei (Mt 5,22-26; 5, 28-32; 5,34-37; 5,39-42; 5,44-48). A palavra Justiça aparece sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). O ideal religioso dos judeus da época era "ser justo diante de Deus". Os fariseus ensinavam: "A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando chega a observar todas as normas da lei em todos os seus detalhes!" Este ensinamento gerava uma opressão legalista e trazia muitas angústias para as pessoas de boa vontade, pois era muito difícil alguém observar todas as normas (Rom 7,21-24). Por isso, Mateus recolhe palavras de Jesus sobre a justiça mostrando que ela deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem daquilo que eu faço para Deus observando a lei, mas sim vem do que Deus faz por mim, me acolhendo com amor como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: "Ser perfeito com o Pai do céu é perfeito!" (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas da mesma maneira como Deus me acolhe e me perdoa gratuitamente, apesar dos meus muitos defeitos e pecados.
4) Para um confronto pessoal
1) Quais os conflitos mais freqüentes na nossa família? E na nossa comunidade? É fácil a reconciliação na família e na comunidade? Sim ou não? Por que?
2) De que maneira os conselhos de Jesus podem ajudar a melhorar o relacionamento dentro da nossa família e da comunidade?
5) Oração final
Visitastes a terra e a regastes, cumulando-a de fertilidade. De água encheu-se a divina fonte e fizestes germinar o trigo. (Sl 64, 10)
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Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 17 «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição. 18Porque em verdade vos digo: Até que passem o céu e a terra, não passará um só jota ou um só ápice da Lei, sem que tudo se cumpra. 19Portanto, se alguém violar um destes preceitos mais pequenos, e ensinar assim aos homens, será o menor no Reino do Céu. Mas aquele que os praticar e ensinar, esse será grande no Reino do Céu.
Meditação
Jesus, tendo concluído o seu próprio ensinamento, toma agora posição perante a doutrina tradicional, introduzindo, de modo autorizado e solene, o seu próprio ensinamento com o «Amen ... vos digo», ou, como traduz o nosso texto, com o «em verdade vos digo». Esta expressão, recorrente no Sermão da Montanha, indica que aquilo que Jesus está para dizer é verdade, é digno de fé. Antes de sintetizar o ensinamento numa frase lapidar e programática (Mt 7, 12), Jesus esclarece a sua atitude e a dos seus discípulos perante a lei antiga. Não se trata de aboli-la, mas de aperfeiçoá-la, como várias vezes regista Mateus: 1, 22; 2, 15.17; 3, 15; 4, 14, etc.). Mas o carácter provocador das antíteses usadas por Jesus levará a que seja acusado de querer destruir a Lei e os Profetas.
*Leia na íntegra. Clique ao lado no link- EVANGELHO DO DIA.
Santo do dia: São José de Anchieta
Padre Anchieta
Padre José de Anchieta, missionário da Companhia de Jesus, também conhecido como o apóstolo do Brasil, foi assim distinto pelo fato de ter participado do início da catequização em terras brasileiras. José de Anchieta foi beatificado em 1980 e canonizado em 2014.
Biografia
José de Anchieta nasceu no dia 19 de março de 1534, em Tenerife, Arquipélago das Canárias - Espanha. Filho de João López de Anchieta com Mência Diaz de Clavijo y Llarena e era parente do fundador da Companhia de Jesus - Inácio de Loyola.
Estudou em Portugal e, decorrente da doença de ossos de que sofria, por orientação médica, foi ainda noviço para o Brasil onde, através do contato com os índios aprendeu a linguagem indígena e passou a comunicar e a defendê-los dos colonizadores portugueses.
Missão
Com a finalidade de ensinar e catequizar os nativos, José de Anchieta participou da fundação do colégio da vila de São Paulo, que viria a ser mais tarde a própria cidade de São Paulo, com esse nome porque no dia da sua fundação, 25 de janeiro de 1554, é comemorado o dia do apóstolo São Paulo.
José de Anchieta acumulou várias funções durante a sua vida. Para além de padre jesuíta, foi historiador, gramático, teatrólogo, poeta e, assim, merece lugar de destaque na literatura brasileira, dada a riqueza e relevância dos seus trabalhos.
Obras
Anchieta escreveu Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e Sermões publicados pela Academia Brasileira de Letras em 1933. Escreveu, ainda, os seguintes autos: Auto Representado na Festa de São Lourenço, Na Vila de Vitória e Na Visitação de Sta. Isabel.
Dentre as suas obras mais conhecidas se distingue o Poema à Virgem, escrito durante o tempo em que fez-se refém dos índios enquanto era negociada a paz entre indígenas e portugueses, e Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil, gramática sobre o tupi que foi utilizada na missão jesuíta.
O Poema à Virgem é composto por mais de cinco mil versos. José de Anchieta decorou todos os versos, escritos na na areia da praia de Ubatuba e, somente meses mais tarde, transcreveu-os para o papel em São Vicente, primeira vila do Brasil.
Homenagens
No Brasil, destaca-se o dia de José de Anchieta na data do seu falecimento, que ocorreu no dia 9 de junho de 1597.
Além disso, o nome da cidade onde ele faleceu - antiga Iriritiba ou Reritiba, no Espírito Santo, atualmente tem o nome de Anchieta, bem como uma das principais estradas de São Paulo recebe o nome de Rodovia Anchieta. Fonte: https://www.todamateria.com.br
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1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5,13-16)
13Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens. 14Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha 15nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. 16Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.
3) Reflexão - Mt 5,13-16
Ontem, meditando as oito bem-aventuranças, passamos pelo portão de entrada do Sermão da Montanha (Mt 5,1-12). No evangelho de hoje recebemos uma importante instrução sobre a missão da Comunidade. Ela deve ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-16). Sal não existe para si, mas para dar sabor à comida. Luz não existe para si, mas para iluminar o caminho. A comunidade não existe para si, mas para servir ao povo. Na época em que Mateus escrevia o seu evangelho, esta missão estava sendo difícil para as comunidades dos judeus convertidas. Apesar de viverem na observância fiel da lei de Moisés, elas estavam sendo expulsas das sinagogas, cortadas do seu passado judeu. Enquanto isso, entre os pagãos convertidos alguns diziam: “Depois que Jesus veio, a Lei de Moisés está superada”. Tudo isto era causa de tensões e incertezas. A abertura de uns parecia criticar a observância dos outros, e vice-versa. Este conflito gerou uma crise que levou cada um a se fechar na sua própria posição. Uns querendo avançar, outros querendo colocar a luz debaixo da mesa. Muitos se perguntavam: "Afinal, qual a nossa missão?" Lembrando e atualizando as palavras de Jesus, o Evangelho de Mateus procura ajudá-los:
Mateus 5,13-16: Sal da terra.
Usando imagens do quotidiano, com palavras simples e diretas, Jesus faz saber qual a missão e a razão de ser de uma comunidade cristã: ser sal. Naquele tempo, com o calor que fazia, o povo e os animais precisavam de consumir muito sal. O sal, entregue pelo fornecedor em grandes blocos colocados em praça pública, ia sendo consumido pelo povo. No fim, aquilo que sobrava ficava espalhado como poeira no chão, tinha perdido o gosto. “Não serve para mais nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”. Jesus evoca este costume para esclarecer os discípulos e as discípulas sobre a missão que devem realizar.
Mateus 5,14-16: Luz do mundo.
A comparação é obvia. Ninguém acende uma vela para colocá-la debaixo de um caixote. Uma cidade situada em cima de um morro não consegue ficar escondida. A comunidade deve ser luz, deve iluminar. Não deve ter medo que apareça o bem que faz. Não o faz para aparecer, mas o que faz pode aparecer. Sal não existe para si. Luz não existe para si! Assim deve ser a comunidade: ela não pode fechar-se sobre si mesma. “Que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu."
Mateus 5,17-19: Nenhuma vírgula da lei vai cair.
Entre os judeus convertidos havia duas tendências. Uns achavam que já não era necessário observar as leis do AT, pois é pela fé em Jesus que somos salvos e não pela observância da Lei (Rm 3,21-26). Outros achavam que eles, sendo judeus, deviam continuar observando as leis do AT (At 15,1-2). Em cada uma das duas tendências havia grupos mais radicais. Diante deste conflito, Mateus procura um equilíbrio para além dos dois extremos. A comunidade deve ser o espaço, onde este equilíbrio possa ser alcançado e vivido. A resposta dada por Jesus aos que o criticavam continuava bem atual: “Não vim abolir a lei, mas dar-lhe pleno cumprimento!”. As comunidades não podem ser contra a Lei, nem podem fechar-se dentro da observância da lei. Como Jesus, devem dar um passo e mostrar, na prática, que o objetivo que a lei quer alcançar na vida é a prática perfeita do amor.
As várias tendências nas primeiras comunidades cristãs. O plano de salvação tem três etapas unidas entre si pelo chão da vida: 1) O Antigo Testamento: a caminhada do povo hebreu, orientada pela Lei de Deus. 2) A vida de Jesus de Nazaré: ele renova a Lei de Moisés a partir da sua experiência de Deus como Pai/Mãe. 3) A vida das Comunidades: através do Espírito de Jesus, elas procuram viver a vida como Jesus a viveu. A unidade destas três etapas gera a certeza de fé de que Deus está no meio de nós. As tentativas de quebrar ou de enfraquecer a unidade deste plano de salvação geravam os vários grupos e tendências nas comunidades:
- Os fariseus não reconheciam Jesus como Messias e aceitavam só o AT. Dentro das comunidades havia gente simpatizante com a linha dos fariseus (At 15,5)
- Alguns judeus convertidos aceitavam Jesus como Messias, mas não aceitavam a liberdade do Espírito com que as comunidades viviam a presença de Jesus ressuscitado. (At 15,1).
- Outros, tanto judeus como pagãos convertidos, achavam que com Jesus tinha chegado o fim do AT. Daqui para a frente, só Jesus e a vida no Espírito.
- Havia ainda cristãos que viviam tão plenamente a vida na liberdade do Espírito, que já não olhavam mais para a vida de Jesus de Nazaré nem para o Antigo Testamento (1Cor 12,3).
- Ora, a grande preocupação do Evangelho de Mateus é mostrar que o AT, Jesus de Nazaré e a vida no Espírito não podem ser separados. Os três fazem parte do mesmo e único projeto de Deus e nos comunicam a certeza central da fé: o Deus de Abraão e Sara está presente no meio das comunidades pela fé em Jesus de Nazaré.
4) Para um confronto pessoal
- Para você, na sua experiência de vida, para que serve o sal? Sua comunidade está sendo sal? Para você, o que significa a luz na sua vida? De que maneira sua comunidade está sendo Luz?
- Como as pessoas do bairro vêem a sua comunidade? Sua comunidade exerce alguma atração? É sinal? Sinal de que? Para quem?
5) Oração final
Quando vos invoco, respondei-me, ó Deus de minha justiça, vós que na hora da angústia me reconfortastes. Tende piedade de mim e ouvi minha oração. (Sl 4, 2)
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Por ocasião do Jubileu proclamado pelos 900 anos da fundação da abadia de Premontrè, na França, o Papa Francisco escreveu uma carta ao Abade Wouters, em memória de São Norberto. O Papa exorta as comunidades espalhadas pelos cinco continentes a se deixarem guiar sempre pelo Evangelho, escutando Deus e seus irmãos
Benedetta Capelli – Vatican News
Apóstolo da paz, da Eucaristia, pregador incansável com um coração aberto para os que pediam ajuda ou uma simples oração. O Papa Francisco destaca as muitas características de São Norberto em sua carta ao Padre Jozef Wouters, abade geral dos Cônegos Regulares Premonstratenses, por ocasião do Jubileu proclamado para celebrar os 900 anos da Abadia de Prémontré e o nascimento da primeira comunidade da qual se originou a ordem.
Uma nova sensibilidade
Francisco recorda São Norberto, nascido em 1075 em Xanten, Alemanha, como "um dos mais solícitos artífices da reforma gregoriana", traçando sua vida e vocação que surgiram enquanto uma nova sensibilidade crescia na Igreja. "Não faltaram”, escreve o Papa, "homens e mulheres, inspirados por Deus, que começaram a questionar os laços dos ministros da Igreja com os interesses meramente mundanos. Norberto foi um desses". Daí a escolha de renunciar à vida de corte e seguir o caminho dos apóstolos, abraçando a Regra de Santo Agostinho.
As comunidades de sua Ordem aceitaram esta herança e, durante nove séculos, cumpriram sua missão no espírito da Regra de Santo Agostinho, em fidelidade à meditação e à pregação do Evangelho, inspirando-se no Mistério Eucarístico, fonte e ápice da vida da Igreja.
Testemunhas do Evangelho
Seu encontro com o Papa Gelásio II o levou a trabalhar como pregador apostólico. "Hoje mais do que nunca, querido Irmão, a proclamação da Boa Nova", escreve o Papa, "é necessária e exige de todos, especialmente dos sacerdotes, um compromisso generoso e, mais ainda, uma forte coerência entre a mensagem proclamada e a vida pessoal e comunitária". "Norberto era um servo fiel do Evangelho e um filho amoroso da Igreja, obediente ao Papa", "curava os doentes ao longo do caminho, expulsava os espíritos maus e conseguia aplacar as antigas rixas entre famílias nobres" a ponto de ser considerado um "apóstolo da paz".
As portas abertas
Em 1121 Norberto escolheu o vale de Prémontré para reunir seus seguidores, fundando assim a primeira comunidade com "a missão de rezar por e com toda a Igreja". Havia um grande fascínio em torno de Premontré, onde "se vivia uma vida religiosa austera, da qual a hospitalidade e o cuidado com os pobres e os peregrinos eram parte integrante".
Queridos filhos de São Norberto, mantenham sempre esta abertura de coração, que também sabe como abrir as portas da casa, para acolher os que procuram um conselho espiritual, os que pedem ajuda material, os que desejam compartilhar suas orações. Que sua liturgia seja sempre "canonical", ou seja, louvor a Deus pelo povo de Deus e com o povo.
Modelo de fé
Norberto sempre extraiu grande força da Eucaristia – afirma o Papa - tornando-se assim, ainda hoje, "um modelo de fé para todos e, em particular, para os sacerdotes". Francisco também lembra que muitas mulheres aderiram ao ideal Norbertino, dedicando-se à vida contemplativa enquanto várias congregações religiosas, compartilhando sua espiritualidade, se dedicaram ao apostolado e ao serviço dos mais frágeis. Desta forma, a ligação entre as abadias Premonstratenses e as paróquias foi fortalecida, mantendo vivo o ensinamento de Norberto.
Seu Fundador viveu em muitos ambientes diferentes, mas em cada circunstância ele se deixou guiar pelo Evangelho: pregador itinerante, sacerdote, superior de uma comunidade, bispo, continuou a escutar a Deus e a seus irmãos, e soube discernir nas diversas circunstâncias da vida, sem perder de vista sua inspiração fundamental.
Ao dar sua bênção, o Papa exorta os Premonstratenses, agora espalhados em cinco continentes, a permanecerem constantemente fiéis à vida escolhida, a exemplo dos apóstolos. Fonte: https://www.vaticannews.va
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1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5,1-12)
1Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. 2Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo: 3Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus! 4Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! 5Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! 6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! 7Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! 8Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! 9Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! 10Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus! 11Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. 12Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
3) Reflexão - Mt 5,1-12
A partir de hoje, início da 10ª Semana Comum, até o fim da 21ª Semana Comum, os evangelhos diários serão tomados do evangelho de Mateus. E a partir de 1 de setembro, início da 22ª Semana Comum, até 29 de novembro, fim do ano litúrgico, eles serão do evangelho de Lucas.
No Evangelho de Mateus, escrito para as comunidades de judeus convertidos da Galileia e Síria, Jesus é apresentado como o novo Moisés, o novo legislador. No AT a Lei de Moisés foi codificada em cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Imitando o modelo antigo, Mateus apresenta a Nova Lei em cinco grandes Sermões espalhados pelo evangelho: 1) O Sermão da Montanha (Mt 5,1 a 7,29); 2) O Sermão da Missão (Mt 10,1-42); 3) O Sermão das Parábolas (Mt 13,1-52); 4) O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35); 5) O Sermão do Futuro do Reino (Mt 24,1 a 25,46). As partes narrativas, intercaladas entre os cinco Sermões, descrevem a prática de Jesus e mostram como ele observava a nova Lei e a encarnava em sua vida.
Mateus 5,1-2: O solene anúncio da Nova Lei
De acordo com o contexto do evangelho de Mateus, no momento em que Jesus pronunciou o Sermão da Montanha, havia apenas quatro discípulos com ele (cf. Mt 4,18-22). Pouca gente. Mas uma multidão imensa estava à sua procura (Mt 4,25). No AT, Moisés subiu o Monte Sinai para receber a Lei de Deus. Como Moisés, Jesus sobe a Montanha e, olhando o povo, proclama a Nova Lei. É significativa a maneira solene como Mateus introduz a proclamação da Nova Lei: “Ao ver as multidões Jesus subiu o monte e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los, dizendo: Felizes os pobres em Espírito, pois deles é o Reino do Céu!” As oito Bem-Aventuranças formam a solene abertura do "Sermão da Montanha". Nelas Jesus define quem pode ser considerado feliz, quem pode entrar no Reino. São oito categorias de pessoas, oito portas de entrada para o Reino, para a Comunidade. Não há outras entradas! Quem quiser entrar no Reino terá que identificar-se ao menos com uma destas oito categorias.
Mateus 5,3: Felizes os pobres em espírito
Jesus reconhece a riqueza e o valor dos pobres (Mt 11,25-26). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18). Ele mesmo, vive como pobre. Não possui nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Mt 8,20). E a quem quer segui-lo ele manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). No evangelho de Lucas se diz: “Felizes vocês pobres!” (Lc 6,20). Então, quem é o “pobre em espírito”? É o pobre que tem o mesmo espírito que animou Jesus. Não é o rico. Nem é o pobre com cabeça de rico. Mas é o pobre que, como Jesus, acredita nos pobres e reconhece o valor deles. É o pobre que diz: “Eu acredito que o mundo será melhor quando o menor que padece acreditar no menor”.
- 1. Felizes os pobres em espírito 1 deles é o Reino dos Céus
- 2. Felizes os mansos 2 herdarão a terra
- Felizes os aflitos 3 serão consolados
- 4. Felizes os que têm fome e sede de justiça 4 serão saciados
- 5. Felizes os misericordiosos 5 obterão misericórdia
- 6. Felizes os de coração puro 6 verão a Deus
- 7. Felizes os promotores da paz 7 serão filhos de Deus
- 8. Felizes os perseguidos por causa da justiça 8 deles é o Reino dos Céus
Mateus 5,4-9: O novo projeto de vida
Cada vez que na Bíblia se tenta renovar a Aliança, se recomeça restabelecendo o direito dos pobres e dos excluídos. Sem isto, a Aliança não se refaz! Assim faziam os profetas, assim faz Jesus. Nas bem-aventuranças, ele anuncia o novo Projeto de Deus que acolhe os pobres e os excluídos. Ele denuncia o sistema que exclui os pobres e persegue os que lutam pela justiça. A primeira categoria dos “pobres em espírito” e a última categoria dos “perseguidos por causa da justiça” recebem a mesma promessa do Reino dos Céus. E a recebem desde agora, no presente, pois Jesus diz “deles é o Reino!” O Reino já está presente na vida deles. Entre a primeira e a última categoria, há três duplas ou seis outras categorias de pessoas que recebem a promessa do Reino. Nestas três duplas transparece o novo projeto de vida que quer reconstruir a vida na sua totalidade através de um novo tipo de relacionamento: com os bens materiais (1ª dupla); com as pessoas entre si (2ª dupla); com Deus (3ª dupla). A comunidade cristã deve ser uma amostra deste Reino, um lugar onde o Reino começa a tomar forma desde agora.
As três duplas:
Primeira dupla: os mansos e os aflitos: Os mansos são os pobres de que fala o salmo 37. Eles foram privados de suas terras e vão herdá-las de novo (Sl 37,11; cf Sl 37.22.29.34). Os aflitos são os que choram diante da injustiça no mundo e no povo (cf. Sl 119,136; Ez 9,4; Tob 13,16; 2Pd 2,7). Estas duas bem-aventuranças querem reconstruir o relacionamento com os bens materiais: a posse da terra e o mundo reconciliado.
Segunda dupla: os que tem fome e sede de justiça e os misericordiosos: Os que tem fome e sede de justiça são os que desejam renovar a convivência humana, para que ela esteja novamente de acordo com as exigências da justiça. Os misericordiosos são os que tem o coração na miséria dos outros porque querem eliminar as desigualdades entre os irmãos e irmãs. Estas duas bem-aventuranças querem reconstruir o relacionamento entre as pessoas através da prática da justiça e da solidariedade.
Terceira dupla: os puros de coração e os pacíficos: Os puros de coração são os que tem um olhar contemplativo que lhes permite perceber a presença de Deus em tudo. Os que promovem a paz serão chamados filhos de Deus, porque eles se esforçam para que a nova experiência de Deus possa penetrar tudo e realize a integração de tudo (Shalôm). Estas duas bem-aventuranças querem reconstruir o relacionamento com Deus: ver a presença atuante de Deus em tudo e ser chamado filho e filha de Deus.
Mateus 5,10-12: Os perseguidos por causa da justiça e do evangelho
As bem-aventuranças dizem exatamente o contrário do que diz a sociedade em que vivemos. Nesta, o perseguido pela causa da justiça é visto como um infeliz. O pobre é um infeliz. Feliz é quem tem dinheiro e pode ir no supermercado e gastar à vontade. Feliz é quem tem fama e poder. Os infelizes são os pobres, os que choram! Na televisão, as novelas divulgam este mito da pessoa feliz e realizada. E sem nos se dar conta, as novelas acabam se tornando o padrão de vida para muitos de nós. Será que na nossa sociedade ainda há lugar para estas palavras de Jesus: “Felizes os perseguidos por causa da justiça e do evangelho! Felizes os pobres! Felizes os que choram!”? E para mim, que sou cristão ou cristã, quem é feliz de fato?
4) Para um confronto pessoal
1) Todos queremos ser felizes. Todos e todas! Mas somos realmente felizes? Por que sim? Por que não? Como entender que uma pessoa possa ser pobre e feliz ao mesmo tempo?
2) Quais os momentos em sua vida em que você se sentiu realmente feliz. Era uma felicidade como aquela que foi proclamada por Jesus nas bem-aventuranças, ou era de outro tipo?
5) Oração final
Para os montes levanto os olhos: de onde me virá socorro? O meu socorro virá do Senhor, criador do céu e da terra. (Sl 120, 1-2)
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Romildo Ribeiro Soares, conhecido como R.R. Soares, é líder da Igreja Internacional da Graça e tem cultos transmitidos pela TV e pela internet | Reprodução
Bernardo Mello
RIO - Em um grupo de WhatsApp que reúne os integrantes da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) na Câmara, o deputado federal David Soares (DEM-SP) pediu orações para o pai, o pastor evangélico Romildo Ribeiro Soares, internado há pelo menos três dias após contrair a Covid-19. Na mensagem, o parlamentar negou que o pastor, conhecido como R.R. Soares, tenha precisado passar por intubação, informação que chegou a circular em veículos de imprensa no sábado.
Líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, R.R. Soares, que tem 73 anos, foi internado no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio, conforme revelou o colunista do GLOBO Ancelmo Gois na última sexta-feira. A última aparição do pastor nos cultos de sua igreja, transmitidos ao vivo pelas redes sociais, havia ocorrido no último dia 29, há cerca de uma semana. Desde então, R.R. Soares vinha aparecendo somente em vídeos gravados previamente.
"Meus irmãos, bom dia. Peço primeiramente desculpas pelo silêncio. Foram dias complicados. Agradeço as orações pelo nosso missionário. Em momento algum ele foi intubado", escreveu seu filho, David, em mensagem no grupo da bancada evangélica, cujo print foi divulgado primeiramente pelo site "O Fuxico Gospel". O GLOBO confirmou a veracidade do print.
"Está consciente e já dialoguei com ele hoje por vídeo. Está com voz firme, corado, e com os exames excelentes. Venceremos, com a ajuda de Deus e todo o apoio médico que estamos tendo. Deus abençoe a todos e contamos com vossas orações", completa a mensagem.
Esta foi a primeira manifestação oficial de familiares sobre o estado de saúde de R.R. Soares. Mesmo depois da notícia da internação, na última sexta, as redes sociais do pastor e de seus filhos não faziam referência ao assunto. Ao GLOBO, o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), líder da bancada evangélica, mostrou incômodo com o vazamento do print do grupo de parlamentares, mas reiterou a informação dada por David Soares: "A informação que tenho do próprio filho é de que seu pai está bem".
Procurado pelo portal G1, o Copa Star confirmou que R.R. Soares seguia internado na tarde deste domingo, mas não informou detalhes sobre seu estado de saúde. Em "nota de esclarecimento" divulgada no início da tarde na página de R.R. Soares no Facebook, a assessoria do pastor disse que, "depois de dias de tribulação", ele segue na "batalha pela restauração completa e a melhora tem sido contínua", também sem detalhar condições de saúde, e sem referência a intubação.
No sábado, o jornal "A Tribuna" noticiou que R.R. Soares teria sido intubado. Embora negada pelo filho do pastor no grupo da bancada evangélica, a informação não foi desmentida no comunicado da assessoria. Em culto transmitido ao vivo pelas redes da igreja neste domingo, diversos internautas perguntavam nos comentários pelo estado de saúde de Soares, que não foi mencionado diretamente pelo pastor à frente da cerimônia.
Considerado uma das principais lideranças evangélicas do país, R.R. Soares é próximo ao presidente Jair Bolsonaro e do círculo mais íntimo do Planalto. Em depoimento à CPI da Covid, o ex-secretário de comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, disse que se aconselhava com Soares e com outros pastores aliados de Bolsonaro, como Silas Malafaia.
Nos cultos de sua igreja, R.R. Soares mantém um "placar da vida" com uma contagem de pessoas que dizem ter se recuperado de diversas doenças, inclusive da Covid-19, através de orações e de uma "água consagrada" pelo pastor.
Sobrinho de R.R. Soares, o ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella, foi uma das poucas lideranças do meio evangélico a se manifestar publicamente sobre a internação do pastor:
"Nosso irmão Missionário RR Soares está graças a Deus se recuperando. Peço a todos que o mantenham em suas preces", escreveu Crivella em suas redes neste domingo. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
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O tema deste 10.º Domingo do Tempo Comum gravita à volta da identidade de Jesus e da comunhão que Ele deseja estabelecer com aqueles que se colocam na disposição de o seguir: fica claro que Jesus não tem qualquer aliança com o Demónio e com o poder do mal e que se quer definir pela sua relação de obediência com Deus Pai, à qual convida todos aqueles que se querem sentir parte da sua família.
No Evangelho, Jesus demonstra que, na sua atividade de libertação do poder do mal, não pode estar a pactuar com o Demónio, mas vem para libertar os homens e as mulheres de todos os tempos. Também nisso está a fazer a vontade de Deus e convida todos a fazer comunidade centrada na sua pessoa e decidida a construir um mundo que se baseie neste desejo de fazer a vontade de Deus.
A primeira leitura traz-nos o diálogo de Deus com as figuras poéticas do primeiro homem e da primeira mulher, depois da queda. Este texto procura chamar-nos ao sentido da existência, deixando claro que todos somos chamados a não pactuar com o mal e a estar de sobreaviso diante das tentações do Maligno.
LEITURA I - Gn 3,9-15
Leitura do Livro do Génesis
Depois de Adão ter comido da árvore,
o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe:
«Onde estás?»
Ele respondeu:
«Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim
e, como estava nu, tive medo e escondi-me».
Disse Deus:
«Quem te deu a conhecer que estavas nu?
Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?»
Adão respondeu:
«A mulher que me destes por companheira
deu-me do fruto da árvore e eu comi».
O Senhor Deus perguntou à mulher:
«Que fizeste?»
E a mulher respondeu:
«A serpente enganou-me e eu comi».
Disse então o Senhor Deus à serpente:
«Por teres feito semelhante coisa,
maldita sejas entre todos os animais domésticos
e todos os animais selvagens.
Hás de rastejar e comer do pó da terra
todos os dias da tua vida.
Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher,
entre a tua descendência e a descendência dela.
Ela há de atingir-te na cabeça
e tu a atingirás no calcanhar».
AMBIENTE
Como indica a palavra Génesis (quer dizer «origem»), que intitula o primeiro livro da Sagrada Escritura, este é o livro das origens, não apenas porque narra as origens da criação e do mundo (cf. Gn 1,1: «No princípio, Deus criou...»), mas porque vem de encontro às perguntas existenciais de todos os homens e mulheres: «Quem sou eu? Donde venho? Para onde vou?». Assim, mesmo na divisão clássica em duas partes, o primeiro livro da Bíblia responde à pergunta sobre as origens: primeiro, as origens da criação e do ser humano (cf. Gn 1,1–11,26); depois, as origens de Israel, com os chamados ciclos dos patriarcas (cf. Gn 11,27–50,26).
Esta primeira leitura faz parte do segundo relato da criação (cf. Gn 2,4b–3,24), o único a narrar a transgressão, não como um fato histórico, mas como um modo de perceber as origens do mal - que, como veremos, não se encontra em Deus nem no ser humano, mas é externa - e da luta intrínseca dos homens e mulheres contra o autor do mal. Leva-nos até ao relato do encontro de Deus com o homem e a mulher, depois de estes terem comido do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (cf. Gn 3,1-7), transgredindo a ordem que lhes tinha sido expressamente dada de não comer de duas árvores, da árvore do conhecimento do bem e do mal e da árvore da vida (cf. Gn 2,16-17).
MENSAGEM
Para compreender a mensagem do nosso texto, é necessário ter presente o seu contexto, que descrevemos no ambiente. O fato de o homem e a mulher terem comido do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, contrariando uma ordem do Senhor Deus em Gn 2,16-17, quebra a harmonia existente entre o ser humano e Deus, e mesmo com a criação. Mesmo assim, isto não quebra a relação de Deus com o homem e a mulher, uma vez que todo o texto se desenrola num diálogo, feito de perguntas de Deus e de respostas do homem e da mulher.
A origem última de toda a complicação remonta ao fato de se ter dado ouvidos à serpente: «A serpente enganou-me e eu comi» (v. 13). Se vemos na serpente uma imagem do diabo e do poder do mal, é importante estar de sobreaviso diante da tentação do maligno. Como várias vezes tem ensinado o Papa Francisco: «Não se dialoga com o demônio». Ainda o Papa Francisco: «A vida cristã é uma luta permanente. Requer-se força e coragem para resistir às tentações do demônio e anunciar o Evangelho. [...] Não pensemos que é um mito, uma representação, um símbolo, uma figura ou uma ideia. Este engano leva-nos a diminuir a vigilância, a descuidar-nos e a ficar mais expostos. O demônio não precisa de nos possuir. Envenena-nos com o ódio, a tristeza, a inveja, os vícios. E assim, enquanto abrandamos a vigilância, ele aproveita para destruir a nossa vida, as nossas famílias e as nossas comunidades, porque, "como um leão a rugir, anda a rondar-vos, procurando a quem devorar" (1Pd 5,8)» (Gaudete et Exsultate 158.161).
EVANGELHO – Mc 3,20-35
ATUALIZAÇÃO
O tema principal do texto do Evangelho deste domingo - sobre a identidade de Jesus - mostra que desde os inícios do cristianismo os cristãos sentiram necessidade de responder à pergunta: "Quem é Jesus?". Ainda hoje, na ação pastoral da Igreja, sobretudo nas catequeses, é importante que todos os cristãos conheçam a identidade de Jesus, até mesmo para poderem estabelecer com ele uma relação personalizada.
Fazer parte da família de Jesus é a vocação fundamental dos cristãos de todos os tempos. Por isso, são chamados a formar comunidade, que está centrada na pessoa de Jesus e que tem como única missão fazer a vontade de Deus em todas as circunstâncias da vida. É a isso que chama o Evangelho quando Jesus apresenta a sua verdadeira família: é quem faz a vontade de Deus e toma lugar ao redor de Jesus.
O método para estabelecer uma relação de familiaridade com Jesus passa necessariamente por seguir o seu exemplo: é Ele o primeiro a fazer a vontade de Deus, mesmo quando isso acarreta incompreensão e rejeição do seu ministério. O cristão continua no mundo a missão de Jesus e tem como único horizonte fazer a vontade de Deus; esta é uma das petições do Pai Nosso, a oração que Jesus ensina a rezar: «Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu».
Quando o cristão se decide a seguir Jesus, isso implica necessariamente que renuncie ao mal e ao demónio. Tal como Jesus estabelece uma clara separação entre o seu serviço e o poder de Satanás, desde o primeiro momento da vida cristã, os cristãos são chamados a renunciar a Satanás e a fazer a sua profissão de fé em Deus. Na vida ordinária, isso implica que se tenha claro que algumas práticas de bruxaria, feitiçaria e cartomancia não são práticas próprias de um cristão, mas aprisionam; Jesus vem libertar-nos desse aprisionamento de Satanás e é necessário deixar-se libertar.
*Leia a reflexão na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.
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O purpurado alemão explica que quer deixar a liderança da Diocese de Munique e Frisinga por causa do escândalo de abuso de menores na Alemanha.
Salvatore Cernuzio/Mariangela Jaguraba – Vatican News
Numa carta enviada ao Papa Francisco, o cardeal Reinhard Marx anuncia sua renúncia como arcebispo de Munique e Frisinga, fala de "falhas no âmbito pessoal" e "erros administrativos", mas também de "um fracasso institucional e sistemático" sobre a crise de abuso de menores na Alemanha. Um comunicado da arquidiocese alemã, postado on-line no site oficial, informa que o Papa autorizou a publicação da carta. “O Papa Francisco informou ao cardeal Marx que esta carta agora poderia ser publicada e que o purpurado continuaria seu serviço episcopal até que uma decisão fosse tomada”.
Um beco sem saída que pode ser uma virada
Na carta, o cardeal, até 2020 presidente da Conferência Episcopal Alemã, parte da situação de crise que a Igreja alemã está atravessando: uma crise, segundo ele, "causada também por nosso fracasso pessoal, por nossa culpa". "Parece-me que chegamos a um 'beco sem saída' que também pode se tornar um ponto de virada segundo minha esperança pascal", ressalta.
Corresponsabilidade na crise do abuso
Marx explica que tomou a decisão de renunciar há cerca de um ano. No comunicado que acompanha a publicação, ele dá mais detalhes: “Nos últimos meses, eu refleti várias vezes sobre a renúncia, me questionei e na oração, procurei encontrar no diálogo espiritual, através do 'discernimento espiritual', a decisão certa a ser tomada". O Papa explica que: “Basicamente, para mim, trata-se de assumir a corresponsabilidade pela catástrofe dos abusos sexuais perpetrados pelos representantes da Igreja nas últimas décadas”. Nos últimos meses, o próprio cardeal recorreu ao escritório Westpfahl Spilker Wastl, o mesmo escritório encarregado pela primeira investigação de casos de pedofilia na Arquidiocese de Colônia, para redigir um relatório sobre os abusos na igreja de Munique e Fresinga, garantindo que ele não queria intervir para não influenciar os resultados finais. No ano passado, Marx criou em sua diocese a fundação de pública utilidade “Spes et Salus”, encarregada de oferecer “cura e reconciliação” a todas as vítimas de violência sexual. O purpurado decidiu doar a maior parte de seu patrimônio privado à Fundação.
Erros pessoais e administrativos
Na carta ao Pontífice, publicada hoje em várias línguas, Marx se refere a "investigações" e "perícias" dos últimos dez anos que, enfatiza ele, "me mostram constantemente que houve erros pessoais e administrativos, mas também uma falha institucional e sistemática". Marx também analisa as mais recentes polêmicas e discussões que, em sua opinião, mostram que “alguns na Igreja não querem aceitar este aspecto da corresponsabilidade e com ele a concomitância da culpa da instituição”. Consequentemente, “assumem uma atitude hostil em relação a qualquer diálogo de reforma e renovação em relação à crise do abuso sexual”.
Uma reforma da Igreja
Segundo o purpurado, “há dois elementos que não se podem perder de vista: os erros imputáveis às pessoas e as falhas institucionais que apresentam à Igreja o desafio de mudança e reforma”. Uma “virada” para sair da crise poderia ser, segundo o arcebispo, “apenas a do 'caminho sinodal', um caminho que realmente permite o 'discernimento dos ânimos'”. O purpurado recorda seus 42 anos como sacerdote e 25 como bispo, vinte dos quais ordinário de uma grande diocese, e justamente à luz de sua longa experiência, diz sentir dolorosamente o “quanto caiu a estima pelos bispos no meio eclesiástico e secular. De fato, provavelmente atingiu seu ponto mais baixo”. Segundo o seu ponto de vista, “não basta responsabilizar-se e reagir apenas quando, com base em documentação diversa, é possível identificar os responsáveis com os seus erros e omissões, mas é necessário esclarecer que nós, como bispos, também assumamos a responsabilidade pela Igreja como um todo”.
“Negligência e desinteresse pelas vítimas a maior culpa do passado”
Não é preciso "limitar-se a vincular as irregularidades substancialmente ao passado e aos responsáveis da época, e desta forma enterrá-los". Marx diz que se sente "pessoalmente" culpado e corresponsável também pelo silêncio, omissões e ao muito peso dado à imagem da Instituição”. “Somente a partir de 2002, e mais fortemente a partir de 2010, foram identificados os responsáveis de abusos sexuais, e essa mudança de perspectiva ainda não acabou”, afirma. “O fato de ter transcurado e ignorado as vítimas é certamente a nossa maior culpa do passado".
Um sinal para o reinício
“Fracassamos”, reitera o cardeal Marx, explicando que ele mesmo pertence certamente a esse “nós” de que fala. Por isso, renuncio como “possibilidade de expressar a minha disponibilidade de assumir responsabilidades”, e também como “sinal pessoal para novos inícios, para um novo reinício da Igreja não só na Alemanha”. “Quero mostrar que não é o cargo que está em primeiro plano, mas a missão do Evangelho. Também isso faz parte da pastoral”, conclui, assegurando que continua “com satisfação” a ser sacerdote e bispo e a comprometer-se no âmbito pastoral “sempre e em qualquer caso”, intensificando o trabalho por uma renovação espiritual da Igreja.
Cargos
Reinhard Marx é membro do Conselho de Cardeais desde 2013, instituído pelo Papa Francisco para auxiliá-lo no governo da Igreja e estudar um projeto de revisão da Cúria Romana. Em 2014, o Papa Francisco também o nomeou coordenador do Conselho para a Economia. Em 2012, foi eleito presidente da Conferência Episcopal Alemã, cargo que ocupou até fevereiro de 2020, quando anunciou que não se candidataria a um novo mandato durante a assembleia geral em março. Fonte: https://www.vaticannews.va
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