Bolsonaro, que passou toda a pandemia a maldizer vacinas e máscaras, quer ser reconhecido como campeão da imunização

 

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

O ex-presidente Lula da Silva, que fez da polarização do “nós” contra “eles” a força motriz de sua seita, agora se apresenta disposto ao “diálogo”. O presidente Jair Bolsonaro, que passou toda a pandemia de covid-19 a maldizer vacinas e máscaras, quer ser reconhecido como campeão da imunização dos brasileiros. Formidáveis metamorfoses, nas quais acredita quem quer.

Que ninguém se engane: a única motivação de ambos, como sempre foi, é eleitoral. Nenhum deles sequer acorda pela manhã se não for por cálculo político. Os interesses nacionais e as aflições dos eleitores são sempre secundários, ou meramente instrumentais, em seus projetos de poder.

O presidente Bolsonaro, de uma hora para outra, protagonizou uma solenidade oficial usando máscara, bem como seus assessores. A imagem exótica espantou os brasileiros em geral, acostumados a ver Bolsonaro não somente sem máscara, mas promovendo aglomerações País afora e estimulando comportamento irresponsável da população em meio a uma pandemia mortal.

Mais do que isso: a solenidade se prestava à assinatura de leis que facilitam a compra de vacinas contra a covid-19. O presidente prometeu que, “até o final do ano, teremos mais de 400 milhões de doses (de imunizantes) disponíveis aos brasileiros”. Não se sabe de onde o presidente tirou esse número, uma vez que o Ministério da Saúde tem sido incapaz de determinar quantas vacinas estarão disponíveis para os brasileiros neste mês, que dirá no resto do ano.

Seja como for, trata-se de uma mudança drástica de atitude, que, se mantida, aliviará um País agoniado com a sabotagem promovida por Bolsonaro e seus camisas pardas contra a vacinação e as medidas de restrição para enfrentar o vírus, em meio à escalada de mortes e o colapso do sistema de saúde. Já não seria sem tempo.

Mas não se pense que Bolsonaro de repente se conscientizou de que não é possível superar a pandemia sem imunização em massa e sem adotar ações preventivas. Ainda está fresco, na memória dos brasileiros que prezam os valores morais, o horror provocado pelas reações grosseiras e desumanas de Bolsonaro sempre que cobrado a assumir suas responsabilidades como presidente. Na mais recente delas, apenas uma semana atrás, mandou o “idiota” que lhe pedia vacinas comprá-las “na casa da tua mãe”.

É evidente que esse é o verdadeiro Bolsonaro, e não o personagem contrito que agora prega a necessidade urgente de uma vacinação nacional. O verdadeiro Bolsonaro só se preocupa com sua reeleição – agora ameaçada pela escalada da crise causada pela pandemia e, principalmente, pela ressurreição de Lula da Silva.

Não parece ter sido um mero acaso o fato de o “novo” Bolsonaro se apresentar aos brasileiros momentos depois que o chefão petista fez seu primeiro pronunciamento após o restabelecimento de seus direitos políticos por decisão judicial. No discurso, Lula da Silva, que apareceu de máscara, atacou vigorosamente a irresponsabilidade do presidente diante da pandemia.

Para fazer o contraponto a Bolsonaro, Lula da Silva vestiu o figurino de estadista. Além de fazer uma defesa enfática da vacinação e das medidas de isolamento, o ex-presidente anunciou sua disposição de “dialogar com todos”, inclusive fora da esquerda, contrastando com a dificuldade de articulação política do presidente. “Não tenham medo de mim”, disse Lula.

Ninguém tem medo de Lula; o que se tem é enfado. O demiurgo de Garanhuns tornou-se previsível. O Lula que mais uma vez promete um amplo diálogo político é o mesmo que construiu sua base parlamentar na base do talão de cheques e é o mesmo que até na esquerda é visto como autoritário.

Ademais, a receita de Lula para a retomada do crescimento – fim das privatizações, freio nas reformas e aumento dos gastos públicos – é a mesma que foi responsável pela profunda crise produzida no governo de Dilma Rousseff, da qual o País ainda não saiu. Não por acaso, Lula esqueceu-se de citar sua criatura no discurso, talvez na expectativa de que os brasileiros não se lembrassem.

Mas os brasileiros lembram bem.

Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

Governo excluiu serviços da lista de essenciais e instituiu toque de recolher das 20h às 5h. Medidas entram em vigor no dia 15 e devem permanecer até 30 de março.

 

Por G1 SP — São Paulo

O governo de São Paulo anunciou nesta quinta-feira (11) a fase emergencial, que prevê regras mais rígidas de funcionamento da fase vermelha da quarentena. As medidas passam a valer a partir de 15 de março e devem permanecer até o dia 30.

A gestão de João Doria (PSDB) suspendeu a liberação para realização de cultos, missas e outras atividades religiosas coletivas, além de todos os eventos esportivos, como jogos de futebol, e instituiu o toque de recolher das 20h às 5h.

No entanto, o governo estadual não esclareceu o que muda com a alteração do "toque de restrição" para o "toque de recolher". Quando foi anunciado o chamado "toque de restrição", o governo anunciou a criação de uma força-tarefa para ampliar a fiscalização dos estabelecimentos, mas a Polícia Militar não foi incumbida de proibir a circulação de pessoas no horário restrito.

Alguns serviços que estavam na lista dos considerados essenciais, como lojas de materiais de construção, foram excluídos e deverão permanecer fechados.

Foi ainda determinado o teletrabalho obrigatório para atividades administrativas não essenciais, e vetada a retirada presencial de mercadorias em lojas ou restaurantes. Apenas serviços de delivery poderão operar.

 

Escolas

Na educação, o governo recomendou que a prioridade seja para o ensino remoto, mas permitiu que a rede particular opere com 35% da capacidade. Já na rede pública, as unidades ficarão abertas apenas para oferta de merenda.

A educação e as e atividades religiosas tinham sido incluídas por meio de decretos estaduais na lista de serviços essenciais. Entretanto, com o avanço da pandemia no estado e o risco de colapso do sistema de saúde, o governo recuou e vetou a liberação de funcionamento.

 

O que muda:

- Atividades religiosas como missas e cultos não poderão mais ocorrer presencialmente

- Campeonatos esportivos, como jogos de futebol, ficam suspensos

- Escolas da rede estadual ficarão abertas apenas para oferta de merenda. Rede privada poderá atender alunos de pais que precisam trabalhar fora, com limite de 35% da capacidade

- Lojas de material de construção não poderão abrir

- Teletrabalho obrigatório para atividades administrativas não essenciais

- Estabelecimentos não poderão operar com serviço de retirada presencial, apenas delivery

 

Crise sanitária

Doria abriu a coletiva com tom pesaroso dizendo que o estado chegou ao momento mais crítico da pandemia e mostrou um vídeo com pessoas internadas em hospitais com lotação máxima.

“Eu, pessoalmente, estou bastante triste em anunciar o que temos que anunciar antes aqui mas a nossa prioridade desde março do ano passado foi e continua sendo preservar as pessoas, preservar vidas”, disse o governador.

O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, destacou que o estado enfrenta o pior momento da pandemia.

"Hoje, 53 municípios estão com 100% na taxa de ocupação. Lembrando que na segunda-feira nós tínhamos 31 municípios nesta situação."

No início da semana, a Justiça já havia proibido a convocação de professores para atividades presenciais em escolas públicas e privadas do estado.

O fechamento de todos os setores, inclusive das escolas, chegou a ser defendido pelo procurador-geral de Justiça, Mario Luiz Sarrubbo, que enviou uma recomendação ao governador.

Desde o último sábado (6), todo o estado está na fase vermelha, considerada até então a mais restritiva pelo Plano SP.

Pela regra, a fase vermelha autoriza apenas o funcionamento de setores da saúde, transporte, imprensa, estabelecimentos como padarias, mercados, farmácias e postos de combustíveis.

 

Mortes à espera de UTI

Apesar da fase vermelha, a situação no estado se agrava a cada dia.

Levantamento feito pelo G1 nesta terça aponta que ao menos 38 pacientes com Covid-19 morreram na fila de espera por leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no estado de São Paulo nestes primeiros nove dias de março.

As mortes de pacientes que aguardavam liberação de leitos intensivos ocorreram em cidades localizadas na Grande São Paulo e no interior do estado.

 

Recordes

São Paulo teve nesta quarta (10) a maior média móvel de mortes de toda a pandemia. O índice superou o recorde de agosto de 2020, quando o índice chegou a 289 mortes diárias, pelo terceiro dia seguido.

A média móvel, que leva em consideração os registros dos últimos sete dias e minimiza as diferenças das notificações, foi de 312 óbitos por dia nesta quarta.

Foi a primeira vez que o índice supera 300 mortes. O número representa um aumento de 34% em relação ao verificado há 14 dias, o que, segundo os especialistas, indica tendência de alta.

 

Cidades do ABC paulista estão praticamente sem vagas disponíveis de UTI

O estado registrou também 517 novas mortes por Covid-19 nas últimas 24h, além de 16.058 novos casos confirmados da doença.

A taxa de ocupação de UTIs do estado de São Paulo também alcançou seu maior índice histórico, com 82% dos leitos ocupados. Na Grande São Paulo, a taxa média é de 83,6%.

A lotação também abala a rede particular da capital paulista. Nesta terça, o hospital Sírio-Libanês divulgou medidas para ampliar a acomodação de pacientes com Covid-19, dada a elevada taxa de ocupação de leitos.

Foram suspensas cirurgias eletivas estéticas e funcionais e de intervenção guiada por imagem, além de exames também eletivos de colonoscopia, endoscopia, broncoscopia e exames ambulatoriais de polissonografia.

Na rede pública da capital, a prefeitura vai começar a transferir pacientes sem Covid da rede municipal para hospitais particulares e liberar leitos para a doença no SUS.

 

O que pode funcionar na fase vermelha:

- Escolas privadas, com 35% da capacidade

- Hospitais, clínicas, farmácias, dentistas e estabelecimentos de saúde animal (veterinários)

- Supermercados, hipermercados, açougues e padarias, lojas de suplemento, feiras livres

- Delivery e drive-thru para bares, lanchonetes e restaurantes: permitido serviços de entrega

- Cadeia de abastecimento e logística, produção agropecuária e agroindústria, transportadoras, armazéns, postos de combustíveis

- Empresas de locação de veículos, oficinas de veículos, transporte público coletivo, táxis, aplicativos de transporte, serviços de entrega e estacionamentos

- Serviços de segurança pública e privada

- Construção civil e indústria

- Meios de comunicação, empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens

Outros serviços: lavanderias, serviços de limpeza, hotéis, manutenção e zeladoria, serviços bancários (incluindo lotéricas), serviços de call center, assistência técnica e bancas de jornais. Fonte: https://g1.globo.com

Por Vera Magalhães

 

Já escrevi inúmeras vezes, já falei em comentários na CBN: uma das facetas mais evidentes da personalidade política de Jair Bolsonaro é a covardia extrema.

Trata-se de um atributo típico de quem, mesmo sem grande inteligência, ou justamente por isso, sabe que ocupa um cargo muito além de sua capacidade, para o qual foi eleito por circunstâncias muito anômalas.

O medo de Bolsonaro saltava aos seus olhos mesmo de máscara nesta quarta-feira. Visivelmente desconfortável por ter sido forçado a ostentar o acessório contra o qual investe há um ano, por puro capricho negacionista e por absoluta falta de empatia com e de senso de emergência diante do flagelo da pandemia, o presidente mostrou que a máscara, ali, era uma carapuça. 

Uma carapuça que ele vestiu imediatamente em seguida ao discurso de seu principal rival, Lula.

Não, Lula não fez um discurso de estadista, como análises apressadas e entusiasmadas trataram de cravar logo depois. Sua longa fala é dividida em duas etapas: a autolouvação de sempre e o contraponto a Bolsonaro.

A primeira é a mais cheia de fake news. Lula falou como se tivesse sido absolvido pelo STF, o que não ocorreu. Exigiu desculpas da imprensa, do Ministério Público e da Justiça, deu uma de Bolsonaro ao insinuar fraude inexistente na eleição de 1989 e pintou um governo do PT bastante maquiado, no qual as empresas públicas como Petrobras e Banco do Brasil eram exemplo de gestão. Ou seja: parece ter encarado o habeas corpus concedido por Fachin como licença para reescrever a História a seu bel prazer, algo em que é imbatível.

A segunda parte da fala começa quando ele diz que não poderia deixar de falar do momento atual do Brasil. E é uma parte realmente boa do discurso. Não só porque Lula é imbatível nas artes da oratória e do faro político. Mas porque ele realmente acertou nos conceitos e na comparação ao defender a vacinação, ao pontuar que em seu governo não havia negacionismo científico e que Bolsonaro e Pazuello são ameaças ao Brasil e não devem ter suas "sandices" escutadas.

É importantíssimo que um líder popular com o carisma de Lula, sem entrar aqui em nenhum juízo de valor além deste, diga que vai se vacinar tão logo possa e incentive a população a fazer isso. É necessário que mais lideranças saiam das suas torres de marfim e peguem esse touro a unha.

E é aí que Bolsonaro se pela de medo. E se é preciso que Lula ressurja no cenário para que o presidente incapaz aja, ainda que por covardia, ponto para Lula.

Os filhos zeros de Bolsonaro também saíram em defesa do "meu paipai". Flávio, direto da mansão de R$ 6 milhões, disparou no grupo do Telegram a ordem para que o gado difundisse uma frase do presidente a favor de vacina. 

Carluxo fez um vídeo tosco de colagem de frases de Bolsonaro para atestar que ele nunca teria sido contra a vacinação.

Mas a pouca inteligência bolsonariana, uma herança de pai para filhos tanto quanto os mandatos e o patrimônio amealhado na política, se esquece de que o próprio Bolsonaro, orgulhoso que é das lives tenebrosas que promove, das paradinhas delinquentes na frente do Alvorada, dos palanques nos quais se empolga e dos atos antidemocráticos que promoveu na rampa do Planalto produziu toneladas de vídeos, audios e decisões antivacinas e anticiência que estão guardados, como documentos que são. 

O que se espera é que o STF e o Congresso, além do Ministério Público e do TCU, ajam, tomem as providências para evitar que a pandemia saia da arena política de Lula x Bolsonaro e que o presidente seja obrigado não só a envergar uma máscara como cosplay, mas a comprar já as vacinas que deliberadamente sonegou do povo brasileiro. Não porque Lula mandou e ele se apavorou, mas porque a sociedade exige. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com

Partidos que não querem nem PT nem Bolsonaro precisarão se unir em chapa única se quiserem ir para segundo turno na eleição presidencial, segundo analistas ouvidos pelo GLOBO

 

Sergio Moro, João Doria, Ciro Gomes e Luciano Huck (da esq. para a dir) Foto: Arquivo O Globo

 

 

Guilherme Caetano

SÃO PAULO — Se não consolidar uma candidatura única, o centro político pode ficar esmagado entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro em 2022. Essa é a avaliação de cientistas políticos e analistas de instituto de pesquisa sobre o impacto de Lula no pleito do ano que vem, após a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulando as condenações do petista na Lava-Jato, o que o tornou elegível novamente.

Com dois candidatos populares, à esquerda e à direita, o que pode vir a ser considerado uma "terceira via" deve ter problemas em se viabilizar caso não construa um discurso e um projeto coeso para aglutinar aqueles que são tanto antipetistas quanto antibolsonaristas, dizem especialistas.

A última pesquisa do Ipec mostra que 50% dos brasileiros dizem que votariam com certeza ou poderiam votar em Lula, e 44% não o escolheriam de jeito nenhum. Bolsonaro aparece 12 pontos atrás de Lula em potencial de votos (38%) e 12 pontos à frente em rejeição (56%).

Sobraria pouco espaço, na avaliação de alguns analistas, para o centro concorrer com várias candidaturas, como aconteceu em 2018. Até o momento, são tratados como possíveis presidenciáveis desse campo os governadores tucanos João Doria (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), os ex-ministros de Bolsonaro Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta (DEM), além do apresentador da TV Globo Luciano Huck e de Ciro Gomes (PDT).

Andrei Roman, diretor do Atlas Intelligence, diz que apenas dois nomes superam 10% de intenção de votos nas pesquisas que o instituto vem fazendo, além de Lula e Bolsonaro: Sergio Moro e Ciro Gomes — com a ressalva de que o último só alcança os dois dígitos quando Lula não está no páreo.

— Para emplacar o centro no segundo turno, você precisa de duas coisas: uma redução muito rápida da fragmentação do campo e alguém que consiga agregar um apoio muito mais espontâneo do que temos agora — afirma Roman.

O analista destaca o que considera ser uma boa avaliação de Mandetta, que tem o menor índice de rejeição e o maior percentual positivo, adquirido com a exposição à frente do Ministério da Saúde, em plena pandemia, antes de ser demitido por Bolsonaro. No entanto, diz ele, essa imagem não se cristaliza numa plataforma muito clara que possa rivalizar com Lula.

Já Huck, segundo Roman, tem problemas de posicionamento estratégico, como ainda não ter deixado clara sua intenção de concorrer, que o coloca sob críticas nas redes sociais.

— Esse é um problema clássico dos candidatos de centro, porque são atacados pela esquerda e pela direita. Vimos isso com Marina Silva. A candidatura dele, se prosperar, vai ter que descobrir como se contrapor a esses ataques.

Ciro Gomes, por sua vez, enfrentaria um problema de credibilidade com seu eleitorado, identificado com a esquerda, ao se mover ao centro e articular com partidos de centro-direita e direita — um movimento que, para Roman, precisaria ser executado com "muita cautela".

O cientista político Luiz Felipe D'Ávila, presidente do Centro de Liderança Política (CLP), concorda com a necessidade de uma candidatura única para o centro prosperar. E considera a empreitada de João Doria difícil de obter êxito.

— O Doria tem dificuldade em articular esse acordo com o centro, porque ele fez uma carreira muito individual para chegar ao governo de São Paulo. Foi praticamente um voo solo. Para mim, os nomes mais fortes são Huck, Moro e Eduardo Leite — diz D'Ávila.

 

"Menor número possível"

Para o presidente do PSDB, Bruno Araújo, a decisão de Fachin obriga os partidos de centro a se dedicarem mais numa alternativa eleitoral, "desde que com o menor número de candidatos possível".

— O ideal é que tenhamos um candidato só. É pouco factível e talvez seja sonhar demais, mas precisamos reduzir a pulverização no centro. Mais de duas candidaturas praticamente inviabiliza a participação do centro no segundo turno.

Roberto Freire, presidente do Cidadania que trabalha para viabilizar Huck como candidato da legenda, afirma que o centro já trabalhava, de qualquer forma, com a possibilidade de concorrer contra Bolsonaro e um candidato do PT. O que muda, segundo ele, é a constatação da necessidade de maior unidade, a fim de não deixar o campo fragmentado.

— Objetivamente, não muda quase nada. O centro já estava se articulando politicamente admitindo ter que disputar com um candidato de Lula. Mas essa decisão do Fachin cria mais a necessidade da unidade — diz Freire.

Para Renato Dorgan, especialista em pesquisas qualitativas e marketing político do Instituto Travessia, o centro precisará emplacar uma candidatura cujo discurso "não signifique nem a continuação do presente e nem a volta do passado". 

Ele diz que a candidatura de Lula deve esvaziar o eleitorado de Luciano Huck, que também brigaria pelo voto das classes mais baixas, e fortalecer Sergio Moro. Para Dorgan, o ex-juiz da Lava-Jato e ex-ministro de Bolsonaro é o nome que melhor consegue se distinguir tanto do PT quando do presidente, e assim capitalizar em cima dos desafetos.

— Moro é o único candidato que poderia dizer: "Briguei com o louco e prendi o corrupto. Vocês têm motivo para votar em mim". Mas o Moro não é um animal político. Não se mexe, não faz nada — afirma.

A pesquisadora Lara Mesquita, do Centro Estudos de Política e Economia do Setor Público da FGV, não vê tanta interferência na decisão de Fachin sobre o tabuleiro político de 2022. Lula disputar a eleição, diz ela, pode ser positivo para o centro, uma vez que dificultará a formação de uma frente ampla.

— Se tem um segundo turno entre Bolsonaro e a esquerda, não está claro que o centro vai ficar com a esquerda. Em 2018, foi mais fácil para esses eleitores convergirem à extrema-direita do que para a centro-esquerda. Mas, para alguns eleitores de esquerda que torcem por uma frente ampla, a única chance será apoiar o candidato de centro, caso seja ele quem vá para o segundo turno — declara. Fonte: https://oglobo.globo.com

Bolsonaro está conseguindo fazer o que parecia impossível. Ao ignorar suas responsabilidades, está abrindo caminho para o retorno político de Lula

 

Jair Bolsonaro está conseguindo fazer o que parecia impossível. Ao ignorar suas responsabilidades e debochar continuamente dos problemas do País e da saúde dos brasileiros, está abrindo caminho para o retorno político do sr. Luiz Inácio Lula da Silva, seja por meio de algum preposto, seja pessoalmente, agora que o ministro Edson Fachin anulou todas as condenações do demiurgo de Garanhuns – e na hipótese de que o Supremo mantenha essa nefasta sentença. Bolsonaro, por palavras e omissões, ajudou a recriar o monstrengo que já atormentou em demasia este país.

O assunto é da maior gravidade, pois traz de volta ao cenário político um grande perigo para o País. Aquele que foi eleito por ser o mais antipetista dos candidatos não apenas descumpre suas promessas de campanha, como está produzindo a perfeita antítese das expectativas do seu eleitorado: o ressurgimento do fantasma do Bolsonaro

Não se trata de mera hipótese ou recurso retórico. Recente pesquisa de opinião feita pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) constatou que, nas atuais circunstâncias, o líder político com maior potencial de voto é o sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Nada mais nada menos que metade dos entrevistados revelou a possibilidade de votar em Lula.

É desolador constatar que o mais famoso ficha-suja do País, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, voltou a ser, para metade do eleitorado, uma opção possível de voto. Tal resultado não se refere obviamente a nenhum mérito do sr. Luiz Inácio Lula da Silva, que, como se sabe, tem nos últimos tempos se dedicado especialmente às suas pendências com a Justiça penal.

A pesquisa revela o que o governo de Jair Bolsonaro tem sido capaz de despertar no ânimo dos brasileiros. Tal é o descalabro da atual administração federal que metade da população já não vê como impossível votar naquele cujo governo produziu os maiores escândalos de corrupção da história do País.

Pode parecer ironia, mas Jair Bolsonaro está fazendo com que parte considerável da população se esqueça dos males e prejuízos causados pelo mensalão e petrolão e já não exclua do horizonte o voto em Lula – ou no seu preposto. Aquele que prometeu eliminar o lulopetismo é quem está agora lhe dando uma inesperada e perigosa sobrevida.

Há quem pense que, por estar inelegível em razão da condenação criminal, o sr. Luiz Inácio Lula da Silva não representaria perigo ao País. Não seria, assim, preciso preocupar-se com o líder petista. Nada mais distante da realidade. Mesmo quando esteve impedido de se eleger, Lula foi capaz de produzir sérios estragos por meio de seus testas de ferro. Basta pensar no governo de Dilma Rousseff e nas eleições de 2018. Fernando Haddad chegou ao segundo turno por obra e graça daquele que, na ocasião, estava na carceragem da Polícia Federal de Curitiba.

Não há como amenizar a gravidade da situação criada pelo presidente Jair Bolsonaro. É um tremendo retrocesso para o País o fato de que parcela relevante da população, estupefata com os contínuos desastres produzidos pelo atual governo federal, volte a considerar o PT como um voto possível. É como se o despautério do tempo presente levasse a esquecer ou, ao menos, a relevar o aparelhamento político-ideológico da máquina estatal, os desvios da Petrobrás, a interferência na autonomia do Congresso, a omissão nas reformas, o abuso do poder político, os privilégios às corporações.

Em 2018, muitos eleitores votaram em Jair Bolsonaro convictos de que era a melhor opção para o País. Outros deram o seu voto ao ex-capitão do Exército pensando que era o único jeito de derrotar o sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Sabiam que, apesar de constar na cédula o nome de Fernando Haddad, o verdadeiro candidato do PT – quem iria de fato mandar caso a chapa fosse eleita – era Lula. Agora, há uma situação inteiramente inversa. Em vez de ser o ex-prefeito petista de São Paulo, é o próprio Bolsonaro que faz Lula sonhar em ter viabilidade política.

A situação esdrúxula expõe um novo engano. Quem continua apoiando Jair Bolsonaro achando que, assim, ao menos impede um mal maior – a volta do PT ao poder – pode, na verdade, estar contribuindo exatamente para aquilo que tanto rejeita. Não se vence a irresponsabilidade petista com outra irresponsabilidade. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

A epidemia e a política

Como disse o senador Jereissati, é preciso gritar alto um ‘basta’ e dar nome aos bois

 

Fernando Henrique Cardoso, O Estado de S. Paulo

 

Primeiro é bom ressaltar que a “crise” (usa-se tão amiúde o vocábulo que ele acaba por perder o significado) começou a se manifestar antes do maldito vírus ter sido percebido entre nós. Nisso me refiro à “crise econômica”, não à política, que parece ser permanente em nosso caso. Mas o certo é que o mar tranquilo em que navegaram os governos de Lula e, parcialmente, de Dilma perdeu-se no passado, antes da pandemia, apesar dos esforços corretos do governo Temer.

Com isso não quero dizer que o governo Bolsonaro seja “o” responsável pelos descaminhos por que passa a economia brasileira. A questão é mais complicada, depende de vários fatores, alguns internacionais. Tampouco seria correto imaginar que a pandemia seja “a causa” do fraco desempenho da economia. Este a antecedeu.

Mas, convenhamos, é muita má sorte do País ter de enfrentar, além da epidemia, uma economia trôpega, com exceção apenas do setor agrícola. Este já ia bem e assim continua, ao menos quanto às exportações. Pior, aos maus ventos anteriores somou-se o apego popular a um líder que não chega a ser populista, mas parece haver-se sentado numa cadeira na qual não se sente bem, ou não foi preparado para ela, apesar dos anos de Câmara. Os tempos de “baixo clero” fazem custar-lhe a se adaptar a situações novas. Coisas da democracia.

Os mais inquietos só veem uma saída, o impeachment. Eu, que já vi de perto dois, sou cauteloso: é alto o custo político de uma intervenção congressual no que foi popularmente decidido. Às vezes não há outro jeito. Mas tal desiderato depende mais das ações (ou inações) de quem foi eleito do que, como comumente se diz, da “vontade política”. É melhor ir devagar com o andor.

Melhor aguentar quem hoje manda – o quanto seja possível – e preparar candidatos para as próximas eleições que possam bem desempenhar a função presidencial. Enquanto isso não ocorre, aproveitemos o tempo para treinar civicamente o eleitorado. Ingenuidade? Talvez. Mas sem certa dose de otimismo corre-se o risco de jogar fora não só a água do banho, mas a criança, a democracia.

Quousque tandem?, perguntava Cícero na antiga Roma. Vale repetir a pergunta: até que ponto os “mimimis” de Bolsonaro serão suportáveis? Ninguém sabe ao certo, e ele pode dar a volta por cima. Em larga medida depende não só da paciência do povo, mas dele próprio, Bolsonaro, manter seus “fiéis” e também conter seus impulsos de franqueza autoritária. Do ponto de vista político, mais que tudo depende de quem vocalize o “outro lado”. Por enquanto o que se vê é uma mídia quase unânime na crítica à falta de condições de quem nos governa para manter um mínimo de coerência na ação. É muito, mas é pouco. Enquanto não aparecer alguém com força para expressar outro caminho viável, o presidente leva vantagem.

A verdade é que os partidos ou não são capazes de se opor, ou quando o fazem não convencem os seguidores de forma a abalar quem está no poder. Será sempre assim? Depende, por exemplo, dos trejeitos do presidente, que costuma jogar a culpa nos outros, ou, em outro exemplo, menosprezar o sofrimento das vítimas da pandemia. Mas depende, sobretudo, do surgimento de quem encarne “o novo”. Como disse o senador Jereissati, é preciso gritar bem alto um “basta” e dar nome aos bois.

Não é novidade que o sistema de partidos, por si, perdeu a capacidade de guiar as escolhas populares. Daí que o que aparece como “personalismo” acaba por ser condição necessária para sair da paralisia em que nos encontramos. E enquanto houver democracia e liberdade de opinião, o verbo conta. As falas, por enquanto não chegam a ser ouvidas pelos eleitores. Há, sim, murmúrios no povo, mas não ainda contra quem governa, e sim contra a difícil situação de vida.

De imediato, o que interessa é a saúde. Logo depois será o emprego. Os dados recentes mostrando um encolhimento de 4,1% do PIB somam-se ao aumento consequente do desemprego, que vinha de antes. Se já havia 12% de desempregados, agora não se trata apenas de serem 13% ou 14%, mas de a economia não dar sinais de vida para absorver cerca de 25 milhões de pessoas, somando-se aos que procuram trabalho, os “inimpregáveis”. É muita gente. Terminada a pandemia (oxalá!), daremos com a insuficiência da economia para abrigar tantos, principalmente os de menor qualificação.

O panorama é desanimador. Para quem governa e para quem está contra os governantes. Só há um jeito: buscar uma trilha de maior prosperidade e alento. Recordo-me dos tempos de JK: ele “inventou” um país. Abriu a economia a capitais de fora, ampliou a produção de automóveis, expandiu a indústria naval, etc. E ainda por cima “inventou” Brasília. Reatou um sonho antigo num horizonte de esperanças. Não me esquecerei jamais da conferência que André Malraux fez na FFCL da USP, na qual mostrava a nós, críticos de tudo, o significado simbólico de transcendência da capital imaginada por Niemeyer e Lúcio Costa.

É disso que precisamos: de alguém que indique um caminho de superação e permita voltarmos a acreditar em nós próprios. E cujas palavras e ação não se percam na retórica chinfrim, mas animem muitos outros mais a dar vida ao que se propõe. Que se reinvente nosso futuro.

SOCIÓLOGO, FOI PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

O Ministério Público, a Câmara e o Senado precisam cumprir o dever de salvar o País

 

Miguel Reale Júnior, O Estado de S. Paulo

Em que momento a considerável parcela da população que ainda acorre às aglomerações ilícitas provocadas pelo presidente vai se dar conta de estar, em crença fanática, a louvar um perverso para quem o medo da morte por asfixia é “mimimi”? Até quando o Brasil será conduzido pelo quarto cavaleiro do apocalipse?

Bolsonaro não é presidente para administrar o País, mas tão só para se reeleger em 2022, seu único interesse, mesmo que venha a ser apenas presidente do cemitério. Jamais assumiu a liderança do enfrentamento da covid-19, preocupado só em atribuir a crise econômica e a perda de empregos a governadores e prefeitos, para se livrar dessa responsabilidade e angariar votos.

Bolsonaro, absolutamente indiferente ao crescente número de mortos, muitos sem oxigênio ou nos corredores por falta de leitos em UTIs, passeia pelo País sem máscara, promovendo aglomerações, nunca se compungindo diante da dor ou visitando algum hospital. Somente mandou sequazes invadir hospitais para flagrar ser mentira sua superlotação!

Continuamente conspirou contra a importância da vacina, cuja pressa em obtê-la ridicularizou, proclamando mentirosamente haver efeitos colaterais nocivos, desorientando a população.

Os obstáculos ao combate ao vírus não se limitaram aos maus exemplos. Deixou de adquirir, em julho, vacinas Coronavac e da Pfizer, impôs vetos de verbas e ignorou a cooperação com Estados e municípios na precaução e reação contra a doença, como ressalta estudo realizado pela Universidade de São Paulo, por meio do Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário (Cepedisa) da Faculdade de Saúde Pública, em conjunto com a Conectas Direitos Humanos (Direitos na Pandemia – Mapeamento e Análise das Normas Jurídicas de Resposta à Covid-19 no Brasil, em https://www.conectas.org/publicacoes/download/boletim-direitos-na-pandemia-no-3).

Esse estudo revelou a existência de uma “estratégia institucional de propagação do vírus”, entendendo ser “razoável afirmar que muitas pessoas teriam hoje” a mãe, o pai, irmãos e filhos vivos “caso não houvesse esse projeto institucional”. Conclui-se, então, não haver tão só incompetência e negligência, mas “empenho em prol da ampla disseminação do vírus no território nacional, declaradamente com o objetivo de retomar a atividade econômica o mais rápido possível e a qualquer custo”.

A comprovar tal conclusão, verifica-se que, de R$ 24 bilhões disponíveis no Orçamento para compra de vacinas, apenas R$ 2 bilhões foram gastos em 2020 (Folha de S. Paulo, 1.º/3, pág. A13). Tão grave quanto isso foi o corte de financiamento de leitos de UTI nos Estados para atendimento a pacientes com covid-19, que o STF acaba de mandar seja realizado (Estado, 1.º/3, A12).

Ao pôr a ambição política acima da proteção da saúde de seu povo, Bolsonaro revela egocentrismo incompatível com a permanência como primeiro mandatário, pois brasileiros foram lançados, por sua insensibilidade, na tragédia que a OMS reconhece estar instalada entre nós.

Quatro ex-ministros da Saúde clamam por um governo de salvação nacional ou pela criação de um gabinete de crise que dirija e coordene o enfrentamento da pandemia, sob o risco de afundarmos definitivamente na desgraça. Como fazer?

Há meio breve, justo e correto, já aventado antes por vários juristas. Ao Ministério Público, que tem por missão a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos direitos sociais, entre eles o da saúde, cumpre promover, em face desses fatos, ação penal por crimes contra a saúde pública e contra a paz pública, o primeiro previsto no artigo 268 do Código Penal: “Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa”.

Ademais, ao estimular a população a se aglomerar, não usar máscara e não se vacinar, o presidente incita-a a praticar o crime acima mencionado, configurando-se, então, o delito do artigo 286 do Código Penal: “Incitar, publicamente, a prática de crime”. Ou seja, compele a se infringir determinação do poder público destinada a impedir a propagação de doença contagiosa.

Há, evidentemente, dois desafios: 1) fazer o procurador Aras sair de seu imobilismo, sendo essencial a pressão da sociedade e de colegas procuradores; e 2) a Câmara dos Deputados, ciente da gravidade do momento, aceitar a denúncia, afastando o presidente, para o vice, em governo de união nacional, atuar em prol da salvação de nossa gente.

Outra forma seria a assunção da condução da área da Saúde pelo Congresso Nacional, via CPI ou promovendo o impeachment do ministro (artigo 14 da Lei n.º 1.079/50), cabendo ao novo titular da pasta atuar em conjugação com secretários de Saúde dos Estados.

A sociedade civil organizada, hoje silente, deve se manifestar por via de suas inúmeras entidades, exigindo que Ministério Público (competente, sim, para processar o presidente, como o fez contra Temer), Câmara dos Deputados e Senado cumpram o dever de salvar o País. Mexa-se, Brasil!

ADVOGADO, PROFESSOR TITULAR SÊNIOR DA FACULDADE DE DIREITO DA USP, MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, FOI MINISTRO DA JUSTIÇA. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

 

Presidente afirma que imprensa está criando “pânico” na população e se queixa de lockdown

 

Emilly Behnke, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Um dia depois de o Brasil ter registrado recorde de mortes por covid-19, o presidente Jair Bolsonaro disse que a imprensa está criando “pânico” na população e se queixou de medidas de restrição e lockdown adotadas para conter a disseminação de covid-19. Desde o início da pandemia, há um ano, o maior número diário de mortes (1.726) foi verificado nesta terça-feira, 2. Além disso, o País já ultrapassa a marca de 257 mil vidas perdidas em decorrência da doença.

"Para a mídia, o vírus sou eu”, disse Bolsonaro, em conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada. “Criaram o pânico. O problema está aí, lamentamos, mas você não pode viver em pânico. Que nem a política, de novo, do ‘Fique em Casa’. O pessoal vai morrer de fome, de depressão?”, perguntou.

Apesar dos problemas constatados até agora, o presidente afirmou que o Brasil é, “em valores absolutos”, o País que mais tem vacinado a população. A informação, no entanto, não é correta. De acordo com dados do site Our World in Data, o Brasil aparece em quarto no ranking de países que aplicou ao menos uma dose da vacina. Ao comparar proporcionalmente pela tamanho de cada população, o Brasil ficar em 17º. Destacou, ainda, que o País deve contar com mais 22 milhões de doses de vacina neste mês e outras 40 milhões em abril.

O foco nas vacinas marca uma mudança de discurso de Bolsonaro, que, no ano passado, questionava sua eficácia e segurança. Recentemente, no entanto, o presidente tem dado declarações favoráveis à imunização. Em 8 de fevereiro, por exemplo, ele atribuiu à vacinação as maiores chances de retomada da economia

"O País está mais avançado nisso. Assinei no ano passado uma MP (medida provisória) deixando R$ 20 bilhões para comprar a vacina. Então, nós estamos fazendo o dever de casa", afirmou.

 

Spray

Bolsonaro disse que uma comitiva com dez integrantes do governo embarcará no próximo sábado à noite para Israel, para tratar da adesão aos testes de um medicamento em spray (EXO-CD24), usado para tratar pacientes com covid-19. A comitiva deve ser recebida pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

"As primeiras informações (sobre o remédio) são as melhores possíveis. Então, vamos ver se a gente consegue assinar o acordo e começar a aplicar a terceira fase (de testes do medicamento) no Brasil. E é para quem está em estado grave. Então dificilmente alguém vai, no meu entender, se opor a esse tratamento", observou. Nesta terça-feira, 2, o presidente disse que o spray parecia um “produto milagroso”, mas admitiu desconhecer sua eficácia. “Como é para ser usado em quem está hospitalizado, quem está em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), eu acho que não tem problema nenhum em usar esse spray no nariz do cara”, comentou.

Após desistir de fazer um pronunciamento em rede nacional, na noite desta terça, Bolsonaro avisou que abordará o assunto da vacinação na sua próxima aparição em rede nacional de rádio e TV. Embora Bolsonaro não tenha feito pronunciamento, alguns pontos do País registraram panelaços no horário previsto para ele entrar no ar.

“O assunto (do pronunciamento), quando tiver, vai ser a pandemia, vacinas”, disse o presidente. Questionado sobre a data do pronunciamento, Bolsonaro evitou dizer: "Vai ficar a dúvida aí". Fonte: https://brasil.estadao.com.br

 "O que é mais importante: 48 horas de uma loja funcionando ou vidas humanas?", falou o governador sobre medidas restritivas

O governador Rui Costa se emocionou ao falar sobre as mortes causadas pela covid-19, durante uma entrevista na manhã desta segunda-feira (1º). O gestor citou um vídeo de um pai que perdeu uma filha de 16 anos para a doença. 

"Quantas vidas humanas a minha bebedeira vale? Quantas vidas humanas serão necessárias para justificar meu comportamento? Ah, as pessoas falam:  'eu tenho o direito individual de encher os bares'. O seu direito individual é superior às mães e pais que estão perdendo seus filhos? Acabei de ver antes de dar entrevista um pai chorando desesperado porque perdeu a filha de 16 anos para a covid", disse Rui, sem conter a emoção.

Ele falou ainda que é difícil lidar com a cobrança dos comerciantes sobre as medidas restritivas. "Não é fácil não. As pessoas vêm me perguntar: 'e o meu negócio? e a minha loja?' O que é mais importante: 48 horas de uma loja funcionando ou vidas humanas?", completou, ainda emocionado sobre a situação. Fonte: https://www.correio24horas.com.br

 

Por diferentes motivos, mesmo os crédulos que confiaram nas promessas liberais e modernizantes de Bolsonaro começam a suspeitar que foram enganados

O desapontamento com o governo Bolsonaro não é um fato novo. Há quem tenha se desencantado com Jair Bolsonaro em razão, por exemplo, da saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça em abril de 2020. Na ocasião, o ex-juiz da Lava Jato relatou tentativas de interferência por parte do presidente na condução da Polícia Federal. O episódio levou a que muita gente revisse sua ideia sobre a suposta carta branca que Jair Bolsonaro teria dado a Sérgio Moro para o combate à corrupção.

Na semana passada, a interferência de Jair Bolsonaro na presidência da Petrobrás produziu uma nova onda de decepção. Além dos efeitos devastadores sobre a empresa, com prejuízos muito concretos para as centenas de milhares de acionistas minoritários, a ordem para mudar a chefia da empresa consolidou a percepção de que Jair Bolsonaro não tem nenhum compromisso com a agenda liberal proposta na campanha de 2018. Não há mais nem mesmo o cuidado de manter as aparências.

Sempre houve bons motivos para desconfiar da adesão de Jair Bolsonaro a uma pauta de reformas. Basta pensar, por exemplo, que, por mais de duas décadas, a atuação do ex-capitão na Câmara dos Deputados foi oposta a todo o conjunto de reformas anunciado por Paulo Guedes na campanha eleitoral do então candidato do PSL à Presidência da República.

O fato, no entanto, é que muita gente confiou em Jair Bolsonaro: em sua disposição e capacidade de promover uma profunda mudança liberal no Estado brasileiro. A ideia era a de que, sob a batuta de Paulo Guedes, haveria um choque de gestão. O déficit fiscal acabaria, muitas privatizações seriam feitas, o poder público seria mais eficiente e o ambiente de negócios sofreria uma revolução.

“Quando candidato, Bolsonaro falava em privatização, e o ministro Guedes, que é liberal, defendia a tese da redução do tamanho do Estado. Me senti motivado a deixar meus negócios para contribuir com isso”, disse o empresário Salim Mattar ao Estado. De janeiro de 2019 até agosto de 2020, Salim Mattar foi o secretário especial de Desestatização e Privatização do Ministério da Economia.

Hoje, ao falar daquele sonho liberal, Salim Mattar não esconde sua decepção. “O ministro Guedes é resiliente, obstinado e determinado, mas não percebeu que foi vencido. Por exemplo, há quanto tempo a história da Eletrobrás está no Congresso e não consegue autorização?” Como se sabe, a resistência à venda da Eletrobrás não vem apenas do Legislativo. Até a edição da MP 1.031/21, Jair Bolsonaro tinha colocado mais condições do que defendido sua privatização.

Ao avaliar o panorama atual do País, citando, entre outros pontos, o episódio do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) e a mudança no comando da Petrobrás, Salim Mattar não é otimista. “Nós perdemos o foco como país, não vai dar certo, não tem jeito de dar certo. O País precisa de foco para aquilo que é importante para o cidadão”, disse.

Paulo Uebel também não esconde sua decepção com os rumos do governo federal. Segundo o ex-secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, mais do que simplesmente não promover as reformas, o presidente Jair Bolsonaro segue o caminho das administrações petistas. “Isso (a interferência na política de preços da Petrobrás) é uma mudança que vai contra o que foi aprovado nas urnas e aproxima Bolsonaro de práticas que o PT fazia. E isso é o oposto do que o eleitor de Bolsonaro gostaria de ver”, disse Paulo Uebel ao Estado. Em sua avaliação, o resultado da interferência pode ser a “destruição de valor muito grande da empresa, como vimos durante a gestão do PT”.

O abandono de qualquer imagem de governo reformista se dá num momento em que a aprovação de Jair Bolsonaro caiu para 44%, uma queda de oito pontos em quatro meses, de acordo com a pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em parceria com o Instituto MDA. No período, também diminuiu a avaliação positiva do governo (ótimo e bom) de 41% para 33%. Por diferentes motivos – a irresponsável atuação do governo federal na pandemia é apenas um deles –, mesmo os crédulos que confiaram nas promessas liberais e modernizantes de Bolsonaro começam a suspeitar, ora vejam, que foram enganados. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

Por Fernando Gabeira

 

Festas clandestinas, variante do corona, vacina em falta, vacina de vento, às vezes acho que o Brasil se deixa devastar pelo vírus.

É importante compreender não só pela pandemia, mas também pela sensação de que somos muito vulneráveis diante de obstáculos futuros. O governo tem uma grande culpa na tragédia. Um estudo divulgado pela “Lancet” afirma que os erros de Trump contribuíram para 40% das mortes nos EUA.

Estudo semelhante no Brasil, certamente, mostraria que a política de Bolsonaro matou muito mais. Trump pelo menos financiou a vacina, Bolsonaro foi o único estadista no mundo a contestá-la.

Quanto ao governo, resta apenas denunciar seus erros, juntar documentos e esperar que os tribunais o julguem.

Mas há algo na própria sociedade brasileira que precisa de uma análise. Tanta gente nas festas de fim de ano, tanta gente nos bailes de carnaval clandestinos, tanta gente sem máscara, é um movimento inevitável. Por que valorizamos tanto a liberdade individual em contraste com um certo descuido pelo coletivo, pela sensação de pertencimento?

Se minha hipótese é verdadeira, não vão adiantar muito lições de moral, campanhas educativas. Elas apenas patinam na superfície do problema. No Brasil, as pessoas sentem que a cidadania traz poucas vantagens; logo, não merece nenhum tipo de sacrifício.

Ali em 2013, o grande movimento espontâneo já parecia indicar uma insatisfação com os serviços públicos que pouco devolviam aos impostos pagos.

No princípio da pandemia, que demandava tanta solidariedade, surgiram notícias de corrupção em diferentes estados. Respiradores comprados em casas de vinho, hospitais de campanha superfaturados; a sensação de que esses fatos transmitiram era que entre os governantes reinava o lema de cada um por si.

Quando surgiu a quarentena, era evidente para todos a impossibilidade de realizá-la no exíguo espaço de algumas moradias. A orientação moral era esta: façam quarentena, inclusive para proteger os outros. Mas fomos incapazes de oferecer uma rede de hotéis, pousadas e abrigos que pudessem ser usados para isso. Da mesma maneira, dizíamos: “Lavem as mãos”. Mas fomos incapazes de pensar um esquema de abastecimento emergencial nas comunidades onde a água é rara, às vezes inexistente.

Não houve uma configuração especial no transporte público para oferecer alternativas para que circulasse mais vazio, com álcool disponível e até máscaras para quem não as tinha.

A educação e a cultura passaram a depender do mundo virtual. Mas não foi feito um grande esforço para estender a conexão de qualidade para que as crianças tivessem algumas aulas, e os adultos, alguma diversão e arte.

É nesse quadro que nossas campanhas se movem. Teríamos muito mais eficácia se houvesse mais proximidade, se as pessoas sentissem que os conselheiros também buscam soluções para atenuar a aspereza de suas vidas.

Tudo isso não impediu ações de solidariedade nos morros do Rio e uma atividade assistencial intensa em Paraisópolis, uma região que foi sacudida antes da pandemia por uma violenta ação da PM.

Mas, de um modo geral, creio, a raiz da nossa vulnerabilidade está na distância entre os dirigentes e as pessoas. Não há partidos, organizações intermediárias; os indivíduos se sentem sós e aprofundam a ilusão de uma existência isolada. Acreditam que estão arriscando apenas sua vida, mas, na verdade, levam muitas consigo.

Enquanto não nos livrarmos de um tipo de governo e buscarmos uma correção de rumos, o Brasil poderá até escapar do coronavírus, mas será sempre um país vulnerável, quase indefeso.

Talvez essas reflexões sejam mais adequadas para depois da pandemia, mas sinceramente ninguém sabe quando acabará: melhor é aceitar que o próximo desastre já começou, sem que nos déssemos conta. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com

 

Por Editorial

A prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) na terça-feira serviu para transmitir um recado aos bolsonaristas que, como ele, fazem pouco da democracia, se comportam como valentões ginasianos diante das instituições e defendem abertamente uma ditadura. Em decisão unânime, o Supremo Tribunal Federal (STF) referendou a prisão decretada na véspera pelo ministro Alexandre de Moraes. Foi uma forte demonstração de unidade num momento de divisões na mais alta Corte do país.

A Procuradoria-Geral da República imediatamente denunciou Silveira pelo conteúdo do vídeo em que instiga agressões físicas a ministros do Supremo, xinga e desqualifica a instituição, além de defender o AI-5, ato da ditadura que permitiu a cassação de juízes e parlamentares, prisões, tortura e mortes. Cabe agora à Câmara tomar uma decisão sobre o destino do deputado. Ele precisa ser afastado do mandato.

Não há a menor condição de alguém com o pensamento antidemocrático e defensor da violência continuar a ocupar assento num Parlamento democrático. Silveira, expoente das falanges radicais do bolsonarismo, já é investigado em inquéritos conduzidos por Moraes sobre manifestações antidemocráticas e desinformação. Na iminência de ser preso, repetiu as agressões em seu perfil no Twitter, reforçando a justificativa da prisão em “flagrante delito”, sem direito a fiança.

Decisões como a de Moraes costumam ser criticadas com base no direito à liberdade de expressão e na imunidade parlamentar. Em seu voto, porém, o ministro demonstrou que são inconstitucionais tanto manifestações que tentam “aniquilar a força do pensamento crítico” quanto as que procuram destruir o regime democrático e as “instituições republicanas”.

Além de acusar Silveira por desrespeitar a Carta, difundir ideias contra a ordem constitucional e o Estado de direito, Moraes também o enquadrou, por ironia, na Lei de Segurança Nacional, herdada da ditadura tão defendida por ele. Tal lei não poderia ser mais clara ao definir os crimes. “Atentar contra a democracia, contra o estado de direito, não configura exercício da imunidade parlamentar”, afirmou Moraes. “Em nenhum país se confunde imunidade com impunidade.”

Uma sucessão de fatos preocupantes precedeu a crise. O vídeo de Silveira foi lançado logo depois da controvérsia que cercou o lançamento do depoimento do general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, revelando ter contado com o aval do Alto-Comando para o tuíte publicado às vésperas do julgamento de um habeas corpus em favor do ex-presidente Lula em 2018, classificado pelo general como “alerta”, mas entendido como ameaça.

O ministro Edson Fachin, relator daquele processo, afirmou que “a declaração de tal intuito, se confirmado, é gravíssima e atenta contra a ordem constitucional”. Foi seguido pelo ministro Gilmar Mendes, que, respondendo a uma ironia de Villas Bôas a respeito da nota de Fachin, disse: “A harmonia institucional e o respeito à separação entre os Poderes são valores fundamentais da nossa República. Ao deboche daqueles que deveriam dar o exemplo, responda-se com firmeza e senso histórico: Ditadura nunca mais!”.

Tais palavras em defesa da democracia deveriam inspirar a Câmara a afastar Silveira, para que depois ele responda à denúncia, seja julgado e punido nos termos da lei. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com

Os corruptos, unidos, jamais serão vencidos

Após intervalo da Lava Jato, ratos do erário unem-se sob Bolsonaro e fogem dos porões

 

*José Nêumanne, O Estado de S.Paulo

 

“Corrupção é como inflação: não acaba nunca”, disse o ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianotto no vídeo editado no Blog do Nêumanne no portal do Estadão. Desalentadora, a sentença soa realista neste momento em que mais um surto moralizador da gestão da renda republicana se desmancha sob as fantasias de Jair Bolsonaro, eleito presidente nas vagas antipetista e de exaltação ao combate à roubalheira.

A onda anterior foi causada pelo oportunismo do ignoto governador de Alagoas Fernando Collor, que sepultou as pretensões presidenciais de desunidas lideranças “democráticas” da época: Ulysses Guimarães, Mário Covas, Aureliano Chaves e Lula da Silva. Denúncias tornadas públicas pelos procuradores da República Luiz Francisco de Souza, o “Torquemada”, e Guilherme Shelb, ambos regidos por José Dirceu, do PT, desmascararam a hipocrisia do “caçador de marajás”, que teve seu impeachment aprovado no Senado. Apesar do apoio de Roberto Jefferson, do PTB, e da tentativa vã de renunciar para evitar a quarentena imposta a punidos pela perda do mandato presidencial.

O luto usado no lugar das cores do “auriverde pendão” dos manifestantes nas ruas tornou protocolar a adesão de governos federais aos acordos internacionais que apenaram com dureza o furto dos cofres públicos. A regulamentação das delações premiadas, a ressurreição da autorização para início de cumprimento de pena após a condenação em segunda instância e a criação de forças-tarefa no Ministério Público Federal costuraram os buracos pelos quais os fora da lei escapavam das redes de operações, caso da Castelo de Areia. Nesta, a chicana da anulação da montanha de provas contra a empreiteira Camargo Corrêa ruiu por causa de a primeira delas ter sido anônima. Por propina, como relatou o delator Antônio Palocci. O cidadão comum desfraldou as bandeiras e foi às ruas.

Em 2018, candidato sem fazer campanha, sem participar de debates na televisão e, em teoria, com caixa reduzido, o Collor da vez, Jair Bolsonaro, capitão flagrado em tentativa terrorista que o fez desistir da carreira militar, deixou nomes consagrados da “velha política” na poeira – Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e Marina Silva. E prostrou ao solo o poste de Lula, Fernando Haddad, no segundo turno.

Enquanto isso, o Congresso, com maioria composta de condenados, culpados, denunciados, investigados e temerosos de virem a sê-lo, solapou, tijolo por tijolo, a frágil construção da luta contra a corrupção, com a cumplicidade da cúpula do Poder Judiciário, jogando o combate à corrupção às favas. O trabalho minucioso de agentes, procuradores e juízes federais foi reduzido a cinzas pelo “garantismo” de ocasião, e de plantão, de ministros nomeados por favores a serem cobrados por chefões das organizações ditas partidárias, no mínimo, coniventes com o crime.

Com 28 anos de convívio com raposas acostumadas a arrombar galinheiros no Congresso, onde nunca fez nada, Bolsonaro logo abandonou os disfarces e mostrou a que veio. Nomeou o petista André Mendonça, que fez carreira na Advocacia-Geral da União sob os auspícios do PT de Dias Toffoli, ministro da Justiça no lugar do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro. Atropelou a tradição da lista tríplice e fez procurador-geral da República o dublê de advogado e procurador Augusto Aras, com públicas manifestações de apreço à esquerda, cultivadas na infância, inspirado no pai, Roque Aras, assessor de confiança de Chico Pinto, ícone esquerdista, apesar de suspeitas de intimidade com oficiais de informação do Exército. Neste carnaval da pandemia, com velório e sem samba, Kassio Marques, fina-flor da aristocracia coronelista e petista do Piauí, mostrou a que veio votando a favor do pleito da defesa de Lula para ter acesso a conteúdo de mensagens roubadas de telefones das autoridades. O objetivo é expulsar Moro da disputa que o presidente pretende travar no segundo turno, em 2022, com Lula, já então autorizado a perdê-la com a destruição planejada da Lei da Ficha Limpa.

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo/ Perdeste o senso!”, reza o soneto de Olavo Bilac. Mas sem Moro, caçado pelo Supremo Tribunal Federal de seus inimigos Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Kassio Marques e, pelo visto, Cármen Lúcia, Bolsonaro confia que esmagará o ex-sindicalista ou algum preposto, apostando no antipetismo. O capitão de milícias terá as batatas como prêmio por ter conseguido reunir corruptos e outros com pretensões a sê-lo, entre os quais Collor e Jefferson.

O tal “centro democrático”, que ora se açoita nas ambições de Doria, Aécio e Leite ou no carreirismo de Rodrigo contra ACM Neto, disputa o lugar reservado aos comedores de sobejos no banquete do poder na república onde ou se furta ou se mente. Na luta entre covardes que ousam contra oportunistas que não se arriscam a perder o privilégio da migalha da sobra cuspida, continua difícil saber quem ganhará. A Nação, como de hábito, perderá. E os nostálgicos da ditadura militar poderão, enfim, trocar o dístico do pavilhão para “quem perder chorará”.

*JORNALISTA, POETA E ESCRITOR

Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

Militares podem até lucrar com Bolsonaro, mas o ônus para as Forças Armadas é imenso

No caso do ministro Eduardo Pazuello, todo atrapalhado e respondendo à PF, ao MP e ao Congresso, o risco é um general da ativa no foco de uma CPI da Pandemia

 

Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo

A conta do mergulho na política e da adesão ao candidato e agora presidente Jair Bolsonaro começa a chegar para as Forças Armadas, obrigadas a explicar milhões de reais em chiclete e leite condensado e agora a defender seus churrascos em 2020, com 700 mil quilos de picanha e, como ninguém é de ferro, 80 mil cervejas puro malte. O preço foi bem salgado, R$84,14 o quilo da carne, R$ 9,80 cada cervejinha.

Também é desanimador os hospitais do Exército e da Aeronáutica bloquearem só para militares e deixarem vazios 72% (84 de 116) dos seus leitos no Amazonas, segundo o UOL, enquanto 276 pacientes de Covid aguardavam vagas ontem e 529 tiveram de ser “exportados” para outros Estados e o DF desde 15 de janeiro. Leito vazio? Pago com dinheiro público, mas só para militares? Coisa feia!

O vice Hamilton Mourão anunciou que a Operação Verde Brasil 2, prevista para até 2022, vai acabar em 30 de abril, com a retirada de militares das ações contra queimadas e desmatamentos na Amazônia. Com a volta desses contingentes às suas bases, serão mantidas as montanhas de chiclete e leite condensado? E as carnes nobres e o puro malte são para quem?

A sensação é de que a retirada foi uma puxada de tapete em Mourão. Indagado se foi um pedido (ou retaliação?) de Bolsonaro, Defesa e ou Comando do Exército, ele respondeu à coluna: “Fim da missão, apenas isso”. E, assim, após pisoteados pela “boiada” do ministro Ricardo Salles, o Ibama e o ICMBio, atualmente cheios de militares, vão retomar a dianteira na proteção da Amazônia, com Inpe, Polícia Federal e Polícia Rodoviária.

Não é exclusivo do Meio Ambiente, porque o capitão Bolsonaro levou generais para a Vice e todos os cargos relevantes do Planalto, expôs um general da ativa a vexame público na Saúde numa pandemia e encheu diferentes pastas – até a pobre Secretaria de Cultura – com militares. Toma lá, dá cá de cargos com político não podia, mas com militar e agora com Centrão é uma festa.

O resultado nem sempre é engrandecedor para as FA, particularmente para o Exército, como no caso do ministro Eduardo Pazuello, todo atrapalhado e respondendo à PF, ao MP e ao Congresso por falta de oxigênio e vacinas, excesso de cloroquina inútil, descaso com seringas, agulhas e testes de Covid. O risco é um general da ativa no foco de uma CPI da Pandemia (que pode chegar até aos 73 mil militares que receberam ilegalmente o auxílio emergencial).

Pazuello gosta de cantar de galo e o secretário-geral da Saúde, coronel Elcio Franco, entrou de mau jeito na guerra política de Bolsonaro com João Doria. Quando o governador anunciou a vacinação em janeiro, o militar chamou de “devaneio” e o acusou de “estar sonhando acordado”. E ainda ensinou: “Não será com discursos de ódio ou tendenciosos que serão encontradas soluções”. Pois é...

Em meio à confusão, vem aí um livro-entrevista em que o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Boas confirma que o Alto Comando participou diretamente da advertência (ou ameaça) que ele fez ao Supremo, em 2018, na véspera do julgamento de um habeas corpus contra a prisão do ex-presidente Lula.

Por essas e outras, as Forças Armadas são suspeitas de atuar politicamente para tirar Lula do páreo e dar a vitória a um capitão que dá poder a generais e empregos e reformas (previdenciária e administrativa) diferenciadas para militares, enquanto discursa num ato golpista com o QG do Exército ao fundo e sobrevoa outro em helicóptero militar e com o ministro da Defesa, general de quatro estrelas.

Bolsonaro lucra muito com essa parceria, mas o ônus de médio e longo prazos para as Forças Armadas, inclusive para sua imagem, tende a ser muito maior do que o bônus fugaz para dez, cem ou milhares de seus integrantes. A História dirá. Fonte: https://politica.estadao.com.br

 

Bolsonaro ao lado do deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente eleito da Câmara (Crédito: Reprodução/ Facebook)

 

O Ato Institucional Número Cinco (AI-5) foi o quinto e mais severo dos dezessete atos do regime militar inaugurado pelo golpe de estado de 1964. Decretado por Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968, significou a cassação dos mandatos parlamentares e a suspensão de todas as garantias constitucionais até então vigentes.

Jair Bolsonaro, a partir do início da pandemia do novo coronavírus no Brasil, precisamente a partir de março de 2019, encarnou os mais virulentos generais (e torturadores) do passado e decidiu ser a hora de um novo AI-5 no País. Ele, os filhos, os aloprados mais próximos e uma malta fascista passaram a pregar abertamente o fechamento do Congresso Nacional.

O choque de realidade chegou sob a forma de três fatos: 1) Forte reação do STF, como a prisão das Saras Winter da vida; 2) Declarações públicas e recados privados de importantes oficiais contrários à aventura tresloucada; 3) O mais importante deles: a prisão do amigo de décadas, o operador das rachadinhas, o faz tudo da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz.

Acuado, ao maridão da receptora de cheques de milicianos só restou enfiar o rabinho entre as pernas e calar a boca profana por dias. Porém, passado o susto – e o medo de cadeia! – e com os devidos conchavos jurídicos ajambrados, pouco a pouco o maníaco do tratamento precoce foi colocando as asinhas de fora e voltou a praticar arruaças públicas.

Contudo, desde então, o devoto da cloroquina desistiu de atentar contra a democracia e o Estado de Direito, até que, ligando o “foda-se” para os fanáticos seguidores (já que fanáticos mesmo), rasgou de vez a fantasia de probo e se atirou, de boca e tudo, no colo dos barões do Centrão. Quem não tem canhão, caça com gato. Neste caso, com gatunos.

Arthur Lira (PP) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados, com o apoio bilionário de Jair Bolsonaro. Para quem não sabe, Lira é condenado em duas instâncias e responde a dois processos no STF. Porém o cacique do Centrão significa para o pai do senador das rachadinhas a devida proteção contra pedidos de impeachment.

Bolsonaro casou com Arthur Lira e seu bando, mas terá que levar a família para os finais de semana no sítio. O mito de araque foi dormir sonhando com o golpe – em ser o novo João Figueiredo -, mas o que conseguiu foi acordar ao lado da noiva feia; o Centrão. Uma esposa cara e infiel que não hesitará em trocar de marido por alguns poucos tostões do vizinho. Fonte: https://istoe.com.br

 

 

Imagem da ativista Hariet Tubman vai estar nas notas de 20 dólares Foto: Reprodução

 

Projeto criado pelo governo de Barack Obama e engavetado por Donald Trump é retomado por Joe Biden: 'É importante que nosso dinheiro reflita a história do país", disse porta-voz da Casa Branca

AFP

WASHINGTON - A Casa Branca anunciou que vai retomar o projeto de incluir o retrato da ativista negra Harriet Tubman nas notas de 20 dólares. A ideia tinha sido abandonada pelo governo do Republicano Donald Trump.

"O Tesouro está tomando as medidas para reativar os esforços e colocar Harriet Tubman nas novas notas de 20 dólares", afirmou a porta-voz do governo do democrata Joe Biden, Jen Psaki. "É importante que as nossas notas, o nosso dinheiro (...) reflitam a história e a diversidade do nosso país", disse.

O projeto de ter Harriet Tubman na nota de 20 dólares nasceu no governo do democrata Barack Obama e tornará a ativista na primeira pessoa negra a ter sua imagem em uma nota de dólar americano.

Harriet Tubman nasceu em 1822, no estado do Maryland. Escravizada desde o nascimento, foi açoitada e espancada durante a infância e a juventude, incluindo uma lesão craniana que a fez ter tonturas e dores por toda a vida. Depois de fugir para a Philadelphia, ela voltou ao seu estado natal para resgatar familiares e amigos. Em cerca de 20 fugas para o Norte dos EUA ou para o Canadá, Tubman ajudou mais de 300 pessoas a conquistarem a liberdade.

Durante a Guerra Civil (1860-1865), ela trabalhou para o exército da União como cozinheira e enfermeira e chegou a liderar uma expedição armada que libertou mais de 700 escravizados. Tubman lutou pelo direito das mulheres ao voto até que a doença a fez se retirar para um asilo para afro-americanos idosos que ela mesma tinha criado. Ela morreu em 1913.

O rosto de Harriet Tubman substituirá o do ex-presidente americano Andrew Jackson, admirado por Trump, na nota de 20 dólares. Fonte: https://oglobo.globo.com

 

Em sua rinha contra o governador João Doria, Bolsonaro esgarça ainda mais os limites aceitáveis das lides políticas da democracia

 

A postura antirrepublicana do presidente Jair Bolsonaro é mais uma entre tantas evidências de que ele não cabe no cargo que ocupa. A bem da verdade, jamais coube. A notória mediocridade de seu currículo, por assim dizer, e a intolerância a tudo e a todos que contrariem seus interesses já apontavam desde antes da eleição que, caso ele chegasse à Presidência, como de fato chegou, a Nação haveria de lidar com o mais nefasto governo de sua história. Em vez de se moldar à dignidade da Presidência da República, Jair Bolsonaro a rebaixou como nenhum outro presidente antes dele.

Em sua rinha contra o governador de São Paulo, João Doria, o presidente esgarça ainda mais os limites aceitáveis das lides políticas próprias da democracia. Por raiva, medo, inveja ou outros sentimentos inconfessáveis em relação ao tucano, o comportamento de Bolsonaro põe em risco projetos de interesse da população do maior Estado da Federação.

Há dezenas de obras em São Paulo que dependem fundamentalmente do aval da União, da ação de Ministérios ou de financiamentos de bancos públicos. A esmagadora maioria delas tem sido sabotada pelo governo central, por ordem de Bolsonaro. O presidente da República proíbe ministros e assessores de atender a qualquer pedido do governo paulista. Quem desobedecer à ordem, conversar e “fizer graça” com Doria está sujeito a “cartão vermelho”. Quão mais mesquinho pode ser o presidente?

Uma das obras em risco é a construção do Piscinão de Jaboticabal, que é fundamental para solucionar o problema das enchentes do Rio Tamanduateí e dos Ribeirões dos Couros e dos Meninos. Mas a angústia das famílias ribeirinhas, que sofrem ano após ano com as enchentes, é irrelevante para Bolsonaro diante de sua necessidade de impor um revés político para alguém que ele trata não como um governador de Estado que lhe faz oposição, e sim como um inimigo figadal. A obra está orçada em R$ 300 milhões e seria financiada pela Caixa, de acordo com o secretário estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido. Mas, de uma hora para outra, a linha de crédito foi “congelada”. A fim de concluir a obra, o governo paulista vai buscar recursos no Tesouro do Estado.

A construção de uma ponte entre Santos e Guarujá é mais uma obra atrasada em função das disputas políticas entre o governo federal e o Estado de São Paulo. Não há desembolso de dinheiro público na obra, que será custeada pela concessionária Ecovias, mas a ponte precisa passar por uma área do Porto de Santos, que está sob responsabilidade federal. Sem a autorização do Palácio do Planalto, a obra não anda.

Por meio de nota, tanto a Caixa como o Ministério da Infraestrutura afirmaram que pautam a análise dos projetos “por critérios estritamente técnicos” e de maneira “isenta”. Espera-se que seja assim. Mas é no mínimo estranho que as obras que dependem do governo federal justamente no Estado governado pelo maior desafeto de Bolsonaro tenham um andamento tão acidentado.

A ira de Jair Bolsonaro contra João Doria aumentou significativamente após o início da vacinação contra a covid-19 em São Paulo, mas não é de hoje que o presidente atua para dificultar o avanço de projetos importantes para os paulistas e para os paulistanos.

Há muito tempo se negocia a devolução da área do Campo de Marte para a Prefeitura de São Paulo. Mas, no que depender de Jair Bolsonaro, o Campo de Marte pode até deixar de ser um aeroporto, mas não será reintegrado pelo Município. O presidente tem planos de instalar ali uma escola cívico-militar.

Em abril de 2019, Bolsonaro também firmou compromisso com o governo paulista para transferir a gestão da Ceagesp para o âmbito estadual. A ideia do governador João Doria é mudar o entreposto da Vila Leopoldina para outro local. Mas, no final do ano passado, o presidente renegou a própria assinatura e afirmou que nada muda na Ceagesp enquanto ele ocupar o cargo. O presidente age contra os interesses dos brasileiros, os de São Paulo em particular. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br

 

Lady Gaga  Foto: Lucas Jackson/Reuters

Cantora, que apoia impeachment de Donald Trump, está entre os artistas que confirmaram presença no evento

Lady Gaga usou suas redes sociais nesta quinta-feira, 14, para agradecer o convite para cantar o hino nacional dos Estados Unidos na posse do presidente eleito Joe Biden.

"Estou profundamente honrada por fazer parte da posse de Biden no dia 20 de janeiro e cantar o hino nacional e celebrar a histórica inauguração de Joe Biden e Kamala Harris", escreveu a cantora em seu Instagram. 

Recentemente, Lady Gaga usou o Twitter para pedir pelo impeachment de Donald Trump, alegando que o atual presidente do país "incita o terrorismo" (leia mais aqui).

Além da cantora, outros nomes conhecidos como Jon Bon JoviDemi LovatoJustin Timberlake e Jennifer Lopez também confirmaram presença no evento da posse que, segundo a equipe de transição, mostrará um país diverso.

O evento também contará com comentários de um bombeiro negro da Geórgia, uma ex-vencedora do Prêmio Nacional de Poeta da Juventude, um padre católico e um pastor da cidade onde mora Biden, Wilmington, no Delaware.

"Elas representam uma imagem clara da grande diversidade da nossa grande nação", disse a equipe de Biden sobre as apresentações musicais de Lady Gaga e Jennifer Lopez em comunicado feito nesta quinta-feira, 14.

Os participantes refletem a "visão inabalável" de Biden e da vice-presidente eleita Kamala Harris "de um novo capítulo em nossa história norte-americana, no qual somos uma América unida para superar as profundas divisões e desafios enfrentados por nosso povo, unificar o país e restaurar a alma de nossa nação". Fonte: https://emais.estadao.com.br

 

 

Por Hu Xijin

O Twitter anunciou na sexta-feira que suspendeu permanentemente a conta pessoal do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Essa notícia gerou diversas reações nos Estados Unidos. Quando vi as notícias esta manhã, a primeira coisa que me veio à mente foi - sem Trump, esta plataforma perderá muito de sua diversão. Em seguida, pensei que a proibição da conta de mídia social do presidente dos EUA para "riscos de mais incitamento à violência" mostra que a liberdade de expressão de fato tem limites em todas as sociedades, e os humanos não são capazes de regulamentar a liberdade de expressão em seu sentido completo. É uma pena, mas também é uma realidade.

Algumas pessoas podem acreditar que a decisão do Twitter de suspender a conta do presidente dos Estados Unidos é um sinal de democracia. Esta é uma espécie de lógica teimosa. Acredito que seja mais correto dizer que a divisão e as lutas da sociedade dos Estados Unidos deixaram o país fora de ordem. O presidente dos EUA e o partido da oposição não são mais o que costumavam ser. A luta política não deveria ter sido realizada dessa maneira. Não é o que se esperava quando os pais fundadores dos EUA criaram a separação de poderes. O presidente dos EUA não deve se comportar "loucamente". A atual ecologia política dos Estados Unidos não deve deixar um presidente "louco". Concluo, portanto, que foi a degeneração do sistema político dos Estados Unidos que resultou nesses problemas.

O autor é editor-chefe do Global Times. Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. Fonte: https://www.globaltimes.cn

 

 

Twitter bane permanentemente Donald Trump de sua plataforma, citando "risco de mais incitação à violência"

O Twitter suspendeu permanentemente a conta do presidente Donald Trump nesta sexta-feira após a invasão do Capitólio dos Estados Unidos na quarta-feira, que terminou com vítimas fatais.

O Twitter disse: "Nossa estrutura de interesse público existe para que o público possa ouvir políticos eleitos e líderes mundiais de maneira direta. E foi construída com base no princípio de que as pessoas têm o direito de fiscalizar o poder público de maneira aberta. Contudo, deixamos claro há anos que essas contas não estão acima de nossas regras e não podem usar o Twitter para incitar a violência. Continuaremos a ser transparentes sobre nossas regras e suas aplicações." Fonte: Twiter