Domingo, 9 de novembro: Dedicação da Basílica do Latrão”, a Catedral de Roma.
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Dedicação da igreja
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Quando dia 09 de novembro cai num domingo a Igreja celebra a liturgia da “Dedicação da Basílica do Latrão”, a Catedral de Roma. A dedicação de uma igreja significa consagrá-la a Deus. O Pontifical Romano orienta como deve ser a construção: “a igreja deve ser adequada às celebrações sacras, bela, resplandecente de nobre formosura e não de mera suntuosidade e verdadeiramente sinal e símbolo das realidades celestes”. Depois de construída, a igreja seja dedicada ou abençoado. Para recordar a história da dedicação da Basílica do Latrão, o significado e o importância das catedrais e igrejas dedicadas, transcrevo a mensagem de Bento XVI proferida em 09 de novembro de 2009, na Praça de São Pedro.
“A liturgia faz-nos celebrar hoje a Dedicação da Basílica Lateranense, chamada “mãe e cabeça de todas as igrejas da cidade e do mundo”. De fato, esta basílica foi a primeira a ser construída depois do Edito do imperador Constantino que, em 313, concedeu aos cristãos a liberdade de praticar a sua religião. O mesmo imperador doou ao Papa Melquíades a antiga propriedade da família Lateranenses e nela fez construir a Basílica, o Batistério e a “Patriarquia”, ou seja, a residência do Bispo de Roma, onde os papas habitaram até ao período de Avinhão (1309-1377).
A Dedicação da Basílica foi celebrada pelo Papa Silvestre por volta de 324 e o templo foi intitulado ao Santíssimo Salvador; só por volta do século VI foram acrescentados os títulos dos Santos João Batista e João Evangelista, que deram origem à comum denominação. Esta data interessou primeiro só a cidade de Roma; depois, a partir de 1565, alargou-se a todas as Igrejas do rito romano. Desta forma, honrando o edifício sagrado, pretende-se expressar amor e veneração à Igreja romana que, como afirma Santo Inácio de Antioquia, “preside na caridade” toda a comunhão católica (Rm1,1).
A Palavra de Deus nesta solenidade recorda uma verdade fundamental: o templo de pedra é símbolo da Igreja viva, a comunidade cristã, que já os Apóstolos Pedro e Paulo, nas suas cartas, significavam como “edifício espiritual”, construído por Deus com as “pedras vivas” que são os cristãos, sobre o único fundamento que é Jesus Cristo, por sua vez comparado com a “pedra angular” (Cf.1Cor 3,9-11.16-17; 1Pd 2,4,8; Ef 2,2-22). “Irmãos, vós sois edifício de Deus”, escreve São Paulo e acrescenta: “Santo é o templo de Deus, que sois vós” (1 Cor 3,9.17).
A beleza e a harmonia das igrejas, destinadas a prestar louvor a Deus, convida também nós seres humanos, limitados e pecadores, a converter-nos para formar um “cosmos”, uma construção bem ordenada, em estreita comunhão com Jesus, que é o verdadeiro Santo dos Santos. Isto acontece de modo culminante na liturgia eucarística, na qual a “ecclesia”, isto é, a comunidade dos batizados, se reúne para ouvir a Palavra de Deus e para se alimentar do Corpo e Sangue de Cristo. Em volta desta dúplice mesa a Igreja de pedras vivas edifica-se na verdade e na caridade e é plasmada pelo Espírito Santo transformando-se no que recebe, conformando-se cada vez mais com o seu Senhor Jesus Cristo. Ela mesma, se vive na unidade sincera e fraterna, torna-se assim sacrifício espiritual agradável a Deus.
Queridos amigos, a festa de hoje celebra um Mistério sempre atual: isto é, que Deus quer edificar no mundo um templo espiritual, uma comunidade que o adore em “espírito e verdade” (Cf. 4,23-24). Mas esta celebração recorda também a importância dos edifícios materiais, nos quais as comunidades se reúnem para celebrar o louvor de Deus. Cada comunidade tem, portanto, o dever de conservar com cuidado os próprios edifícios sagrados, que constituem um precioso patrimônio religioso e histórico. Invoquemos então a intercessão de Maria Santíssima, para que nos ajude a tornar-nos como ela, “casa de Deus”, templo vivo do seu amor”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Ao lado dos últimos.
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Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Estar ao lado dos últimos, os pobres, os excluídos e marginalizados, é compromisso intrínseco à fé cristã e fonte de lições para a sociedade – permite iluminar o olhar cidadão. Nessa perspectiva, preciosidades são oferecidas ao mundo contemporâneo a partir da recente Exortação Apostólica Dilexi te (Eu te amei), do Papa Leão XIV, com ensinamentos importantes e inspiradores fundamentados na Doutrina Social da Igreja Católica. A Exortação cultiva o sentido social necessário para que os governantes vivam adequado discernimento e a cidadania seja qualificada, ajudando o mundo a enfrentar tantas injustiças que ferem a dignidade humana. Para os que buscam seguir Jesus, estar ao lado dos pobres, acolhendo o que ensina o Papa, é oportunidade para fazer florescer a santidade, a partir da proximidade com os lugares mais esquecidos e feridos da humanidade. Ora, a todos é lembrado: os mais pobres entre os pobres, carentes não só de bens, mas também de voz, de reconhecimento de sua dignidade, ocupam um lugar especial no coração de Deus. É neles que Cristo, lembra Leão XIV, continua a sofrer e a ressuscitar. Também é neles que a Igreja reencontra o chamamento a mostrar sua realidade mais autêntica.
Oportuna é a lembrança de figuras icônicas na caridade, como Santa Madre Tereza de Calcutá, na Índia, ao viver extrema dedicação aos indigentes e descartados pela sociedade. Lembra o Pontífice, Madre Tereza recolhia moribundos, abandonados nas ruas, lavava suas feridas e os acompanhava até o momento da morte com uma ternura que era autêntica prece. Cuidava de suas necessidades materiais e ensinava-lhes o tesouro do Evangelho de Jesus. Tinha uma força espiritual gigantesca advinda da oração e do amor contemplativo de Jesus, dizia São João Paulo II. O Papa Leão XIV cita também Santa Dulce dos Pobres, o “anjo bom da Bahia”, que agiu de modo semelhante à Madre Tereza, mas com feições brasileiras. Dulce dos Pobres torna-se exemplar ao enfrentar a precariedade com criatividade, os obstáculos com ternura, a carência com fé inabalável. Inicialmente acolhia os doentes em um galinheiro e, depois, consolidou uma das maiores obras sociais do Brasil. A obra de Santa Dulce dos Pobres é uma luz que deve inspirar o compromisso social de governos que, por vezes, empregam mal ou até desviam recursos fartos.
A sensibilidade de governantes, que precisam estar ao lado dos últimos da sociedade, é essencial. O avanço econômico pode ajudar na superação da pobreza que fere grande parte da população, programas técnicos e sistêmicos são importantes e imprescindíveis, mas é muito necessária a proximidade de governantes e políticos em relação aos sofredores, para ouvir seus clamores. Assim, as ações são fundamentadas na solidariedade, diminuindo riscos de se priorizar a lógica da vantagem, da mesquinhez de querer possuir sempre mais, alimentando a indiferença diante de quem tem urgências. Diariamente, fatos extremos apontam a necessidade de aperfeiçoar estratégias para mudar rumos violentos da sociedade. Importa um investimento a longo prazo para consolidar uma luz moral que confronte gigantes escondidos, disfarçados, intocáveis, que perversamente lavam as mãos diante da dor do semelhante. Sem cultivar valores morais capazes de tratar, ostensivamente, a indiferença, a população continuará a sofrer com mortes e a proliferação de organizações criminosas.
Entristecedor e preocupante é saber que o poder do dinheiro comanda um “vale tudo”. Uma realidade que pode ser transformada a partir da lógica de estar “ao lado dos últimos” da sociedade. Essa postura tem força educativa de ordem espiritual e moral, com propriedades para redimensionar interesses. O compromisso de estar ao lado dos pobres faz parte da identidade dos discípulos e discípulas de Jesus, depositários do tesouro do Evangelho, fonte inesgotável de ensinamentos que são essenciais para se exercer a cidadania com nobreza. Estar ao lado dos últimos permite reconhecer a urgência de enfrentar uma economia que mata, assumindo a luta pela equidade.
Fortalece a coragem para combater as diferentes formas de violência, a fome e as muitas emergências educacionais. É preciso deixar-se iluminar pela contemplação do amor de Cristo para alcançar a condição moral e espiritual que possibilita reconhecer a dignidade humana, priorizando o mais fraco, o mísero, o sofredor. Neste caminho, aproximar-se dos ensinamentos da Igreja Católica auxilia o ser humano a corajosamente estar “ao lado dos últimos” – escola que promove mudanças transformadoras, aperfeiçoando critérios, refinando juízos e, sobretudo, criando a oportunidade de se vencer a ilusão promovida pelo dinheiro. A interpelação do Papa Leão XIV, para que todos busquem estar ao lado dos que mais sofrem, projeta para o mundo o que ensina a Igreja: o sentido profundo e profético do amor aos pobres, renovado compromisso para edificar um tempo de mais justiça e solidariedade, reconhecendo a dignidade inviolável de cada ser humano. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Descartes
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Dom Juarez Albino Destro
Bispo Auxiliar de Porto Alegre (RS)
Não, não me refiro ao famoso René Descartes, mundialmente conhecido pela frase que, certamente, já escutamos em algum momento da vida: “Penso, logo existo” (em latim: Cogito, ergo sum). O filósofo e matemático francês viveu entre os anos 1596 e 1650. Autor do “Discurso sobre o Método”, publicado em 1637, seu pensamento deu origem à Filosofia Moderna. Evidência, análise, síntese, enumeração, racionalismo, conhecimento…
Justamente no dia em que eu estava concluindo a leitura – agradável – da autobiografia do papa Francisco, Esperança, naquela parte onde faz referência à sua última Encíclica, a quarta de seu pontificado de 12 anos, com o título em latim: Dilexit nos, sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus Cristo, as notícias não paravam de chegar – desagradáveis – sobre as consequências da chamada “Operação Contenção”, em nossa querida e bela São Sebastião do Rio de Janeiro. “Ver avós chorarem sem que isso seja intolerável só pode ser sinal de um mundo sem coração”, afirmava o papa, referindo-se ao escândalo com o qual se confrontava “demasiadas vezes em demasiadas viagens, em demasiadas audiências, num mundo dilacerado por conflitos devastadores” (p. 348). Nas fotos estampadas no dia seguinte ao que ocorreu naquele conflito nos Complexos da Penha e do Alemão, impossível não se emocionar, sentir um “nó na garganta”, imaginando o choro daquela gente, pais, mães, avós, filhos… Intolerável! E os mortos? Anjos ou demônios? Certamente veremos “juízes” de ambos os lados!
No sábado celebraremos a Solenidade de Todos os Santos, um dia para recordarmos nossa vocação, nosso chamado à santidade. Os santos e santas são os nossos numerosos intercessores. A eles costumamos pedir que interceda a Deus por nós. Como lemos no Apocalipse, um dos livros da Bíblia, trata-se de “uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Quem são esses? São os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7,9.13-14). A Igreja nos propõe os exemplos dos santos para chegarmos a Deus. Mas, por sermos seus filhos e filhas, somos todos chamados à santidade! Desde as primeiras páginas da Bíblia, de várias maneiras, percebemos este chamado: “Anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17,1); “Antes da fundação do mundo Deus nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor” (Ef 1,4). E o Papa Francisco, falecido há pouco mais de seis meses, dentre tantos belos escritos deixados, presenteou-nos também com uma Exortação Apostólica sobre o chamado à santidade no mundo atual: Gaudete et Exsultate (Alegrai-vos e Exultai). Nesse documento ele nos recorda que não devemos pensar que os santos sejam apenas aquelas pessoas já beatificadas e canonizadas: “Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra” (GEx 14). E o Papa Francisco nos encoraja: “Não tenhas medo […] de te deixares amar e libertar por Deus. Não tenhas medo de te deixares guiar pelo Espírito Santo. A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade com a força da graça” (GEx 34). Nessa frase ele acaba nos dando uma definição do que seja santidade: o encontro da nossa fragilidade com a força da graça de Deus! Em outras palavras, o encontro do humano com o divino! Isso nos dá um alento e nos estimula a praticar, no dia a dia, as bem-aventuranças proferidas por Jesus (cf. Mt 5,1-12): desapego, paciência, mansidão, misericórdia, pureza de coração, paz, justiça, alegria, ousadia, ardor… Desafios!
No domingo faremos memória de todos aqueles que já passaram por essa vida e que estão vivos em outra dimensão. Alimentamos, claro, uma saudável saudade em relação aos nossos entes queridos que já não se encontram entre nós. No entanto, fazer memória dos falecidos é também ocasião para recordarmos que a morte é certa para todos e que podemos melhor projetar nossa vida, dando espaço para refletir sobre o autêntico sentido da vida. A morte, pois, ensina-nos a viver! E Deus é o Deus da vida, não é um Deus de mortos, mas de vivos, lemos em São Marcos (12,27). O Texto Conclusivo de Aparecida, a 5ª Conferência do Episcopado Latino-americano e Caribenho, de 2007, tratando dessa questão, afirmou que devemos “neutralizar a cultura da morte com a cultura cristã da solidariedade” (DAp 480), pois não queremos “andar pelas sombras da morte” (DAp 350), mas, sim, no caminho da vida, pois “a vida é presente gratuito de Deus, dom e tarefa que devemos cuidar desde a concepção, em todas as suas etapas, até a morte natural, sem relativismos” (DAp 464). O Dia de Finados, portanto, junto à memória de nossos entes queridos chamados à eternidade, nos ensina, mais uma vez, o valor da vida. E nos convoca a repudiar todo e qualquer sinal de morte em nossa vida.
Na Exortação Apostólica do papa Leão XIV, Dilexi Te, sobre o amor para com os pobres, refletindo sobre as estruturas de pecado que criam pobreza e desigualdades extremas (n. 90-98), assim afirma: “Embora não faltem diversas teorias que tentam justificar o estado atual das coisas ou explicar que a racionalidade econômica nos exige esperar que as forças invisíveis do mercado resolvam tudo, a dignidade de cada pessoa humana deve ser respeitada já agora, não só amanhã, e a situação de miséria de tantas pessoas, a quem é negada esta dignidade, deve ser um apelo constante à nossa consciência” (n. 92). “A falta de equidade é a raiz dos males sociais. Com efeito, muitas vezes constata-se que, de fato, os direitos humanos não são iguais para todos” (n. 94).
Certamente, mesmo sem ser mencionado ou compreendido, Descartes, o filósofo racionalista, com seus métodos de conhecimento, será bastante utilizado nas evidências análises, sínteses, enumerações do massacre histórico de São Sebastião do Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2025. Mas, o título deste singelo artigo quer fazer referência a um outro significado da palavra “descarte”, que nos foi aprofundada pelo saudoso papa Francisco, desde, ao menos, 2015, há 10 anos, com a sua primeira Encíclica, a Laudato Si’, sobre o cuidado da Casa Comum, a Ecologia Integral. Nas páginas finais do livro Esperança, sua autobiografia lançada no início deste ano, lemos: “Na era da inteligência artificial, não podemos esquecer que a poesia e o amor são essenciais para salvar a humanidade” (p. 349). E, querendo indicar um antídoto ou espécie de remédio para as pessoas que não amam, ou mantém um ódio inconsciente, Francisco afirma que “o oposto mais comum ao amor de Deus, à compaixão de Deus, à misericórdia de Deus é a indiferença. Para aniquilar um homem ou uma mulher, basta ignorá-los. A indiferença é uma agressão. A indiferença pode matar. O amor não tolera indiferença” (p. 357).
A cultura do descarte, que diz respeito não apenas aos alimentos e aos bens de consumo, mas, antes de tudo, às pessoas que são marginalizadas por sistemas tecnoeconômicos em cujo centro, mesmo sem percebermos, muitas vezes não está mais a humanidade, mas seus produtos, essa cultura do descarte só pode ser superada pela educação à fraternidade e à solidariedade concreta, recorda Francisco (p. 358).
Que não fiquemos indiferentes aos tantos descartes que fazemos em nosso dia a dia, uma cultura que, de modo urgente, deve mudar. Fonte: https://www.cnbb.org.br
1º de novembro-2025. Solenidade de Todos os Santos
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A Solenidade de Todos os Santos começou no Oriente, no século IV. Depois, difundiu-se em datas diferentes. Em Roma, dia 13 de maio; na Inglaterra e Irlanda, a partir do século VIII, dia 1º de novembro, uma data que também foi adotada em Roma, a partir do século IX.
Vatican News
Ao final do século II, já era grande a veneração dos Santos. No início, os santos mártires, aos quais os Apóstolos foram logo assimilados, eram testemunhas oficiais da fé.
Depois das grandes perseguições do Império Romano, homens e mulheres, que viveram a vida cristã, de modo belo e heroico, começaram a tornar-se, paulatinamente, exemplos de veneração: o primeiro santo, não mártir, foi São Martinho de Tours.
Em fins do ano mil, diante do incontrolado desenvolvimento da veneração dos santos e do "comércio" em torno das suas relíquias, iniciou-se um processo de canonização, até se chegar à comprovação dos milagres.
A Solenidade de Todos os Santos começou no Oriente, no século IV. Depois, difundiu-se em datas diferentes. Em Roma, dia 13 de maio; na Inglaterra e Irlanda, a partir do século VIII, dia 1º de novembro, uma data que também foi adotada em Roma, a partir do século IX.
Esta Solenidade era celebrada no fim do Ano litúrgico, quando a Igreja mantinha seu olhar fixo ao término da vida terrena, pensando naqueles que haviam atravessado as portas do Céu.
O Evangelho deste domingo é o Evangelho das bem-aventuranças
«Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. Então, abriu a boca e lhes ensinava.
Os Santos e as Santas - autênticos amigos de Deus - aos quais a Igreja nos convida, hoje, a dirigir nossos olhares, são homens e mulheres, que se deixaram atrair pela proposta divina, aceitando percorrer o caminho das Bem-aventuranças; não porque sejam melhores ou mais intrépidos que nós, mas, simplesmente, porque "sabiam" que todos nós somos filhos de Deus e assim viveram; sentiram-se “pecadores perdoados”... Eis os verdadeiros de Santos! Eles aprenderam a conhecer-se, a canalizar suas forças para Deus, para si e para os outros, sabendo confiar sempre, nas suas fragilidades, na Misericórdia divina.
Hoje, os Santos nos animam a apontar para o alto, a olhar para longe, para a meta e o prêmio que nos aguardam; exortam-nos a não nos resignar diante das dificuldades da vida diária, pois a vida não só tem fim, mas, sobretudo, tem uma finalidade: a comunhão eterna com Deus.
Com esta Solenidade, a Igreja nos propõe os Santos, amigos de Deus e exemplos de uma vida feliz, que nos acompanham e intercedem por nós; eles nos estimulam a viver com maior intensidade esta última etapa do Ano litúrgico, sinal e símbolo do caminho da nossa vida.
Condições evangélicas
Trata-se de percorrer o caminho, ou melhor, as nove condições traçadas por Jesus e indicadas no Evangelho: as Bem-aventuranças!
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus...”: o ponto forte não é tanto ser “bem-aventurado”, mas o “porquê”. Uma pessoa não é "bem-aventurada" porque é "pobre", mas porque, como pobre, tem a condição privilegiada de entrar no Reino dos Céus.
A mesma coisa acontece com as outras oito condições: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem... Alegrai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos Céus”.
A explicação de tudo encontra-se naquele “porquê”, pois revela onde os mansos encontrarão confiança, onde os pacíficos encontrarão alegria... Logo, "bem-aventurados", não deve ser entendido como uma simples emoção, se bem que importante, mas como um auspício para se reerguer, não desanimar, não desistir e seguir em frente... pois Deus está conosco.
A questão, portanto, consiste em ver Deus, estar da sua parte, ser objeto das suas atenções; contemplar Deus, não no paraíso, mas, aqui e agora.
Enfim, eis o caminho que devemos percorrer para participar também da alegria indicada pelo Apocalipse, que todos nós podemos conseguir: "Caríssimos, considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato... desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser" ”(1 Jo 3,1-2). Nós, diz o refrão do Salmo, em resposta à primeira leitura da Carta de João: “Somos a geração que busca a face do Senhor”. Não porque somos melhores que os outros, mas porque Deus quis assim. Fonte: https://www.vaticannews.va
Sexta-feira, 31 de outubro-2025. 30º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 1-6)
1Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 2Havia ali um homem hidrópico. 3Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: É permitido ou não fazer curas no dia de sábado? 4Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5Depois, dirigindo-se a eles, disse: Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de sábado? 6A isto nada lhe podiam replicar.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz mais um episódio de discussão entre Jesus e os fariseus, acontecido durante a longa viagem de Jesus desde a Galiléia até Jerusalém. É muito difícil de situar este fato no contexto da vida de Jesus. Existem semelhanças com um fato narrado no evangelho de Marcos (Mc 3,1-6). Provavelmente, trata-se de uma das muitas histórias transmitidas oralmente e que, na transmissão oral, foram sendo adaptadas de acordo com a situação, as necessidades e as esperanças do povo das comunidades.
Lucas 14,1: O convite em dia de sábado
“Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam”. Esta informação inicial sobre refeição na casa de um fariseu é o gancho para Lucas contar vários episódios que falam da refeição: cura do homem doente (Lc 14,2-6), escolha dos lugares à mesa (Lc 14,7-11), escolha dos convidados (Lc 14,12-14), convidados que recusam o convite (Lc 14,15-24). Muitas vezes Jesus é convidado pelos fariseus para participar das refeições. No convite deve ter havido também um motivo de curiosidade e um pouco de malícia. Querem observar Jesus de perto para ver se ele observa em tudo as prescrições da lei.
Lucas 14,2: A situação que vai provocar a ação de Jesus
“Havia um homem hidrópico diante de Jesus”. Não se diz como um hidrópico pôde entrar na casa do chefe dos fariseus. Mas se ele está diante de Jesus é porque quer ser curado. Os fariseus que o observam Jesus. Era dia de sábado, e em dia de sábado é proibido curar. O que fazer? Pode ou não pode?
Lucas 14,3: A pergunta de Jesus aos escribas e fariseus
“Tomando a palavra, Jesus falou aos especialistas em leis e aos fariseus: "A Lei permite ou não permite curar em dia de sábado?" Com a sua pergunta Jesus explicita o problema que estava no ar: pode ou não pode curar em dia de sábado? A lei permite, sim ou não? No evangelho de Marcos, a pergunta é mais provocadora: “Em dia de sábado pode fazer o bem ou o mal, salvar ou matar?” (Mc 3,4).
Lucas 14,4-6: A cura
Os fariseus não responderam e ficaram em silêncio. Diante do silêncio de quem não aprova nem desaprova, Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. Em seguida, para responder a uma possível crítica, explicitou o motivo que o levou a curar: "Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tiraria logo, mesmo em dia de sábado?" Com esta pergunta Jesus mostra a incoerência dos doutores e dos fariseus. Se qualquer um deles, em dia de sábado, não vê problema nenhum em socorrer a um filho ou até a um animal, Jesus também tem o direito de ajudar e curar o hidrópico. A pergunta de Jesus evoca o salmo, onde se diz que o próprio Deus socorres a homens e animais (Sl 36,8). Os fariseus “não foram capazes de responder a isso” . Pois diante da evidência não há argumento que a negue.
4) Para um confronto pessoal
1) A liberdade de Jesus diante da situação. Mesmo observado por quem não o aprova, ele não perde a liberdade. Qual a liberdade que existe em mim?
2) Há momentos difíceis na vida, em que somos obrigados a escolher entre a necessidade imediata de um próximo e a letra da lei. Como agir?
5) Oração final
Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembleia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)
Quinta-feira, 30 de outubro-2025. 30º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 13, 31-35)
31No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a Jesus: Sai e vai-te daqui, porque Herodes te quer matar. 32Disse-lhes ele: Ide dizer a essa raposa: eis que expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e ao terceiro dia terminarei a minha vida. 33É necessário, todavia, que eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não é admissível que um profeta morra fora de Jerusalém. 34Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os enviados de Deus, quantas vezes quis ajuntar os teus filhos, como a galinha abriga a sua ninhada debaixo das asas, mas não o quiseste! 35Eis que vos ficará deserta a vossa casa. Digo-vos, porém, que não me vereis até que venha o dia em que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor!
3) Reflexão Lucas 13, 31-35
O evangelho de hoje nos faz sentir o contexto ameaçador e perigoso no qual Jesus vivia e trabalhava. Herodes, o mesmo que tinha matado João Batista, quer matar Jesus.
Lucas 13,31: O aviso dos fariseus a Jesus
“Nesse momento, alguns fariseus se aproximaram, e disseram a Jesus: "Deves ir embora daqui, porque Herodes quer te matar". É importante notar que Jesus recebeu o aviso da parte dos fariseus. Algumas vezes, os fariseus estão juntos com o grupo de Herodes querendo matar Jesus (Mc 3,6; 12,13). Mas aqui, eles são solidários com Jesus e querem evitar a morte dele. Naquele tempo, o poder do rei era absoluto. Ele não prestava conta a ninguém da sua maneira de governar. Herodes já tinha matado a João Batista e agora está querendo acabar também com Jesus.
Lucas 13,32-33: A resposta de Jesus
“Jesus disse: "Vão dizer a essa raposa: eu expulso demônios, e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho”. A resposta de Jesus é muito clara e corajosa. Ele chama Herodes de raposa. Para anunciar o Reino Jesus não depende da licença das autoridades políticas. Ele até manda um recado informando que vai continuar seu trabalho hoje e amanhã e que só vai embora depois de amanhã, isto é, no terceiro dia. Nesta resposta transparece a liberdade de Jesus frente ao poder que queria impedi-lo da realizar a missão recebida do Pai. Pois quem determina os prazos e a hora é Deus e não Herodes! Ao mesmo tempo, na resposta transparece um certo simbolismo relacionado com a morte e a ressurreição ao terceiro dia em Jerusalém. E para dizer que não vai ser morto na Galiléia, mas sim em Jerusalém, capital do seu povo, e que vai ressuscitar no terceiro dia.
Lucas 13,34-35: Lamento de Jesus sobre Jerusalém
"Jerusalém, Jerusalém, você que mata os profetas e apedreja os que lhe foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir seus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas você não quis!” Este lamento de Jesus sobre a capital do seu povo evoca a longa e triste história da resistência das autoridades aos apelos de Deus que chegavam a elas através de tantos profetas e sábios. Em outro lugar Jesus fala dos profetas perseguidos e mortos desde Abel até Zacarias (Lc 11,51). Chegando em Jerusalém pouco antes da sua morte, olhando a cidade do alto do Monte das Oliveiras, Jesus chora sobre ela, porque ela não reconheceu o tempo em que Deus veio para visitá-la." (Lc 19,44).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus qualifica o poder político como raposa. O poder político do seu país merece esta qualificação?
2) Jesus tentou muitas vezes converter o povo de Jerusalém, mas as autoridades religiosas resistiram. E eu, quanto vezes resisti?
5) Oração final
Procurai o SENHOR e o seu poder, não cesseis de buscar sua face. Lembrai-vos dos milagres que fez, dos seus prodígios e dos julgamentos que proferiu. (Sl 104, 4-5)
Festa de Simão e São Judas Tadeu - 28 de outubro
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Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, que, pela pregação dos Apóstolos, nos fizestes chegar ao conhecimento do vosso Evangelho, concedei, pelas preces de São Simão e São Judas, que a vossa Igreja não cesse de crescer, acolhendo com amor novos fiéis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 6, 12-19)
12Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.13Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos:14Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu,15Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador;16Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.17Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades.18E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres.19Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos.
3) Reflexão Lucas 6, 12-19
O evangelho de hoje é o mesmo de 9 de setembro. Ele traz dois assuntos: (1) descreve a escolha dos doze apóstolos (Lc 6,12-16) e (2) informa que uma multidão imensa de gente queria encontrar-se com Jesus para ouvi-lo, tocar nele e ser curada (Lc 6,17-19).
Lucas 6,12-13: Jesus passa noite em oração e escolhe os doze apóstolos
Antes de fazer a escolha definitiva dos doze apóstolos, Jesus subiu a uma montanha e passou uma noite inteira em oração. Rezou para saber a quem escolher e escolheu os Doze, cujos nomes estão registrados nos evangelhos. A eles deu o título de apóstolo. Apóstolo significa enviado, missionário. Eles foram chamados para realizar uma missão, a mesma que Jesus recebeu do Pai (Jo 20,21). Marcos concretiza mais a missão e diz que Jesus os chamou para estar com ele e enviá-los em missão (Mc 3,14).
Lucas 6,14-16: Os nomes dos doze apóstolos
Com pequenas diferenças os nomes dos Doze são iguais nos evangelhos de Mateus (Mt 10,2-4), Marcos (Mc 3,16-19) e Lucas (Lc 6,14-16). Grande parte destes nomes vem do Antigo Testamento: Simeão é o nome de um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que o nome de Jacó (Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Mateus também se chamava Levi (Mc 2,14), que foi outro filho de Jacó (Gn 35,23). Dos doze apóstolos sete tem nome que vem do tempo dos patriarcas: duas vezes Simão, duas vezes Tiago, duas vezes Judas, e uma vez Levi! Isto revela a sabedoria do povo. Através dos nomes dos patriarcas e das matriarcas, dados aos filhos e filhas, eles mantinham viva a tradição dos antigos e ajudavam seus filhos a não perder a identidade. Quais os nomes que nós damos hoje para os nossos filhos e filhas?
Lucas 6,17-19: Jesus desce da montanha e a multidão o procura
Ao descer da montanha com os doze, Jesus encontrou uma multidão imensa de gente que o procurava para ouvir sua palavra e tocá-lo, porque dele saía uma força de vida. Nesta multidão havia judeus e estrangeiros, pois vinham da Judéia e também lá de Tiro e Sidônia. É o povo abandonado, desorientado. Jesus acolhe a todos que o procuram. Judeus e pagãos! Aqui transparece o ecumenismo, a abertura universal da missão, tema preferido de Lucas que escreve para pagãos convertidos.
As pessoas chamadas por Jesus, consolo para nós.
Os primeiros cristãos lembraram e registraram os nomes dos Doze apóstolos e de outros homens e mulheres que seguiram Jesus de perto. Os Doze, chamadas por Jesus para formar com ele a primeira comunidade, não eram santos. Eram pessoas comuns, como todos nós, com suas virtudes e seus defeitos. Os evangelhos informam muito pouco sobre o jeito e o caráter de cada um deles. Mas o pouco que informam é motivo de consolo para nós.
Pedro era uma pessoa generosa e entusiasta (Mc 14,29.31; Mt 14,28-29), mas na hora do perigo e da decisão, o coração dele encolhia e voltava atrás (Mt 14,30; Mc 14,66-72). Chegou a ser satanás (Mc 8,33) e pedra de tropeço (Mt 16,23). Negou Jesus na hora do perigo (Lc 22,56-62). Jesus deu a ele o apelido de Pedra . Pedro, ele por si mesmo, não era Pedra. Tornou-se pedra (rocha), porque Jesus rezou por ele (Lc 22,31-32).
Tiago e João estavam dispostos a sofrer com e por Jesus (Mc 10,39), mas eram muito violentos (Lc 9, 54). Jesus os chamou “filhos do trovão” (Mc 3,17). João parecia ter um certo ciúme, pois queria Jesus só para o grupo dele e proibiu os outros usar o nome de Jesus para expulsar demônios (Mc 9,38).
Filipe tinha um jeito acolhedor. Sabia colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1,45-46), mas não era muito prático em resolver os problemas (Jo 12,20-22; 6,7). Às vezes, era meio ingênuo. Teve hora em que Jesus perdeu a paciência com ele: “Mas Filipe, tanto tempo que estou com vocês, e ainda não me conhece?” (Jo 14,8-9)
André, irmão de Pedro e amigo de Filipe, era mais prático. Filipe recorre a ele para resolver os problemas (Jo 12,21-22). Foi André que chamou Pedro (Jo 1,40-41), e foi André que encontrou o menino com cinco pãezinhos e dois peixes (Jo 6,8-9).
Bartolomeu parece ter sido o mesmo que Natanael. Este era bairrista e não podia admitir que algo de bom pudesse vir de Nazaré (Jo 1,46).
Tomé foi capaz de sustentar sua opinião, uma semana inteira, contra o testemunho de todos os outros (Jo 20,24-25). Mas quando viu que estava equivocado, não teve medo de reconhecer seu erro (Jo 20,26-28). Era generoso, disposto a morrer com Jesus (Jo 11,16).
Mateus ou Levi era publicano, cobrador de impostos, como Zaqueu (Mt 9,9; Lc 19,2). Os publicanos eram pessoas comprometidas com o sistema opressor da época.
Simão, ao contrário, parece ter sido do movimento que se opunha radicalmente ao sistema que o império romano impunha ao povo judeu. Por isso tinha o apelido de Zelota (Lc 6,15). O grupo dos Zelotas chegou a provocar uma revolta armada contra os romanos.
Judas era o que tomava conta do dinheiro do grupo (Jo 13,29). Ele chegou a trair Jesus.
Tiago de Alfeu e Judas Tadeu, destes dois os evangelhos nada informam a não ser o nome.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus passou a noite inteira em oração para saber a quem escolher, e escolheu estes doze! Qual a lição que você tira deste gesto de Jesus?
2) Os primeiros cristãos lembravam os nomes dos doze apóstolos que estavam na origem das suas comunidades. Você lembra dos nomes das pessoas que estão na origem da comunidade a que você pertence? Você lembra o nome de alguma catequista ou professora que foi significativa para a sua formação cristã. O que mais lembra delas: o conteúdo que lhe ensinaram ou o testemunho que deram?
5) Oração final
Exaltai o Senhor nosso Deus, prostrai-vos ante seu santo monte, porque santo é o Senhor, nosso Deus. (Sl 99, 9)
Segunda-feira, 27 de outubro-2025. 30º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 13, 10-17)
10Estava Jesus ensinando na sinagoga em um sábado. 11Havia ali uma mulher que, havia dezoito anos, era possessa de um espírito que a detinha doente: andava curvada e não podia absolutamente erguer-se. 12Ao vê-la, Jesus a chamou e disse-lhe: Estás livre da tua doença. 13Impôs-lhe as mãos e no mesmo instante ela se endireitou, glorificando a Deus. 14Mas o chefe da sinagoga, indignado de ver que Jesus curava no sábado, disse ao povo: São seis os dias em que se deve trabalhar; vinde, pois, nestes dias para vos curar, mas não em dia de sábado. 15Hipócritas!, disse-lhes o Senhor. Não desamarra cada um de vós no sábado o seu boi ou o seu jumento da manjedoura, para os levar a beber? 16Esta filha de Abraão, que Satanás paralisava há dezoito anos, não devia ser livre desta prisão, em dia de sábado? 17Ao proferir estas palavras, todos os seus adversários se encheram de confusão, ao passo que todo o povo, à vista de todos os milagres que ele realizava, se entusiasmava.
3) Reflexão Lucas 13, 10-17
O evangelho de hoje descreve a cura da mulher encurvada. Trata-se de um dos muitos episódios que Lucas vai narrando, sem muita ordem, ao descrever a longa caminhada de Jesus para Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28).
Lucas 13,10-11: A situação que vai provocar a ação de Jesus
Jesus está na sinagoga num dia do repouso. Ele cumpre a lei, guardando o sábado e participando da celebração com seu povo. Lucas informa que Jesus estava ensinando. Havia na sinagoga uma mulher encurvada. Lucas diz que um espírito de fraqueza a impedia de tomar posição reta. Era a maneira do povo daquele tempo explicar as doenças. Já fazia dezoito anos que a mulher estava nessa situação. Ela não fala, não tem nome, não pede para ser curada, não toma nenhuma iniciativa. Sua passividade chama a atenção.
Lucas 13,12-13: Jesus cura a mulher
Vendo a mulher, Jesus a chama e lhe diz: “Mulher, você está livre da sua doença!”. A ação de libertar é realizada pela palavra, dirigida diretamente à mulher, e pelo toque da imposição das mãos. Imediatamente, ela fica de pé e começa a louvar o Senhor. Há uma relação entre o colocar-se de pé e dar glória a Deus. Jesus faz a mulher ficar de pé, para que ela possa louvar a Deus no meio do povo reunido em assembléia. A sogra de Pedro, quando curada, levantou-se e se pôs a servir (Mc 1,31). Louvar a Deus e servir aos irmãos!
Lucas 13,14: A reação do chefe da sinagoga
O chefe da sinagoga ficou furioso com a ação de Jesus, por ele ter feito a cura num dia de sábado: “Há seis dias para o trabalho! Portanto, venham num destes dias para serem curados e não no dia de sábado!”. Na crítica do chefe da sinagoga ao povo ressoa a palavra da Lei de Deus que dizia: “Lembre-se do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalhe durante seis dias e faça todas as suas tarefas. O sétimo dia, porém, é o sábado de Javé seu Deus. Não faça nenhum trabalho”. (Ex 20,8-10). Nesta reação autoritária do chefe temos uma chave para entender por que motivo o povo estava tão oprimido e por que a mulher não podia participar naquele tempo. A dominação das consciências através da manipulação da lei de Deus era muito forte. Era esta a maneira de eles manterem o povo submisso e encurvado.
Lucas 13,15-16: A resposta de Jesus ao chefe da sinagoga
O chefe condenou as pessoas porque ele queria que observassem a Lei de Deus. Aquilo que para o chefe da sinagoga é observância da lei de Deus, é hipocrisia para Jesus: "Hipócritas! Cada um de vocês não solta do curral o boi ou o jumento para dar-lhe de beber, mesmo que seja dia de sábado? Aqui está uma filha de Abraão que Satanás amarrou durante dezoito anos. Será que não deveria ser libertada dessa prisão, em dia de sábado?" Com este exemplo tirado da vida diária, Jesus mostra a incoerência desse tipo de observância da lei de Deus. Se é permitido desamarrar um boi e um jumento em dia de sábado só para dar-lhes de beber, muito mais é permitido desamarrar uma filha de Abraão para liberta-la do poder do mal. O verdadeiro sentido da observância da Lei que agrada a Deus é este: libertar as pessoas do poder do mal e colocá-las de pé, para que possam glorificar a Deus e render-lhe homenagem. Jesus imita Deus que endireita os encurvados (Sl 145,14; 146,8).
Lucas 13,17: A reação do povo diante da ação de Jesus
O ensinamento de Jesus deixa confusos os seus adversários, mas a multidão se enche de alegria pelas coisas maravilhosas que Jesus está realizando: “Toda a multidão se alegrava com as maravilhas que Jesus fazia”. Na Palestina do tempo de Jesus, a mulher vivia encurvada, submissa ao marido, aos pais e aos chefes religiosos do seu povo. Esta situação de submissão era justificada pela religião. Mas Jesus não quer que ela fique encurvada. Desatar e libertar as pessoas não tem dia marcado. É todos os dias, mesmo em dia de sábado!
4) Para um confronto pessoal
- Será que a situação da mulher mudou muito de lá para cá? Qual a situação da mulher hoje na sociedade e na igreja? Tem alguma relação entre religião e opressão da mulher?
- A multidão se alegrou com a ação de Jesus. Qual a libertação que está acontecendo hoje e que está levando a multidão a se alegrar e dar graças a Deus?
5) Oração final
Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores. Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite. (Sl 1, 1-2)
*30º -Domingo do Tempo Comum – Ano: Um Olhar.
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A liturgia do trigésimo domingo comum propõe-nos uma reflexão sobre a forma como Deus exerce a Sua justiça. A justiça de Deus não ignora o sofrimento dos pobres, dos mais fracos, daqueles que nem sempre obtém justiça nos tribunais dos homens. A justiça de Deus concretiza-se essencialmente como amor e misericórdia. Todos os que estiverem disponíveis para acolher o amor misericordioso de Deus, encontrarão graça e salvação.
EVANGELHO – Lucas 18,9-14
A parábola do fariseu e do publicano não é sobre viver bem ou viver mal, realizar boas obras ou realizar más obras, ter comportamentos corretos ou ter comportamentos incorretos em relação à Lei religiosa ou civil; mas é sobre a atitude do homem – de qualquer homem, independentemente das suas ações – face a Deus. Um dos protagonistas – aquele que pertence ao partido dos fariseus – apresenta-se diante de Deus cheio de si próprio, seguro dos seus méritos, plenamente satisfeito com aquilo que é. A sua atitude diante de Deus é de orgulho e de autossuficiência: ele não precisa dos favores de Deus, pois tem feito tudo aquilo que lhe compete fazer e ainda mais… O outro – o cobrador de impostos – sente-se indigno e pecador, pois sabe que a sua vida está marcada pela ganância e pelas inúmeras injustiças que cometeu contra os seus irmãos. Está consciente de que só a misericórdia de Deus o poderá resgatar de uma vida suja e maldita. Reconhece a sua fraqueza e coloca-se humildemente nas mãos de Deus. Jesus, ao contar esta parábola, deixa claro qual é a atitude que o verdadeiro crente deve assumir diante de Deus. Independentemente das nossas boas ou más ações, com qual destes homens nos identificamos? Quando nos apresentamos diante de Deus e Lhe falamos da nossa vida, o que Lhe dizemos? Sentimos que a balança que contém os nossos méritos e os nossos débitos está claramente inclinada a nosso favor? Ousamos lembrar a Deus o nosso “comportamento exemplar” (que nem sempre é assim tão exemplar) e ficamos à espera que Ele nos pague convenientemente?
A parábola do fariseu e do publicano serve também para nos questionarmos sobre a imagem que temos de Deus. Garante-nos que Deus não é a um contabilista eficiente e rigoroso, com o coração cheio de números exatos, empenhado em elaborar uma tabela minuciosa do “deve” e do “haver” de cada um dos seus filhos para lhes atribuir os castigos e as recompensas a que têm direito; mas é um pai cheio de bondade e de misericórdia, sempre disposto a derramar sobre os seus queridos filhos, como puro dom, um veredito de amor, de salvação e de graça. A única condição que Deus põe para que sejamos “justificados” (como aquele publicano que foi rezar ao templo de Jerusalém) é que nos entreguemos humildemente nas suas mãos e que aceitemos a oferta de salvação que Ele faz. O Deus que nos habita é esse Pai cheio de bondade e de amor que quer salvar-nos sempre, mesmo quando o não merecemos? É esse o Deus que testemunhamos no meio dos nossos irmãos?
A certeza de possuir qualidades e méritos em abundância pode conduzir ao orgulho. Do orgulho nasce a arrogância e o desprezo por aqueles que não são como nós. Ora, isto é perigoso. Entrincheirados atrás da nossa importância e da nossa pretensa autoridade moral, julgamo-nos melhores do que os outros; e sentimo-nos no direito de avaliar, de criticar, de julgar e de condenar aqueles que nos rodeiam. O passo seguinte é erguermos muros de separação: do nosso lado colocamos os “bons” (aqueles com os quais nos identificamos, os que têm uma visão do mundo e da vida semelhante à nossa) e no lado oposto colocamos os “pecadores” (aqueles com os quais não nos identificamos, os que têm visões “diferentes”, os que têm comportamentos que reprovamos). Onde é que isto nos conduz? Não servirá para criar exclusão e marginalização? Ajudará a potenciar a fraternidade, a inclusão, a comunhão? Temos o direito de nos considerarmos melhores do que um agnóstico, ou do que um ateu? Poderemos continuar, de forma ligeira, a alimentar a nossa ilusão de inocência, a condenar os outros à luz dos nossos critérios, e a esquecer a compaixão de Deus por todos os seus filhos?
O fariseu da parábola foi conversar com Deus, mas não estava convencido de precisar de Deus. Ele não foi ao encontro de Deus para receber e abraçar os dons de Deus, mas para se gabar das suas brilhantes escolhas e concretizações. Não precisava da salvação que Deus oferecia, porque ele tinha conquistado essa salvação à força do seu bom comportamento. A doença da autossuficiência – que era a doença da qual este fariseu padecia – é uma doença que ainda hoje deixa muitas feridas nos homens. Nos últimos séculos os homens desenvolveram, a par de uma consciência muito profunda da sua dignidade, uma consciência muito viva das suas capacidades e possibilidades. Isto, em sim, nada tem de mal; mas, no limite, conduziu à presunção da autossuficiência do homem, da sua autonomia total em relação a Deus. O desenvolvimento da tecnologia, da medicina, da química, dos sistemas políticos e ideológicos, convenceram o homem de que podia prescindir de Deus pois, por si só, podia ser feliz. Onde nos tem conduzido esta presunção? Podemos chegar à salvação, à felicidade plena, apenas pelos nossos próprios meios?
*Leia a reflexão na integra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.
30º- Domingo do Tempo Comum: Três homens subiram ao Templo: um fariseu, um cobrador de impostos e eu.
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O fariseu, o cobrador de impostos e eu
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
A liturgia dominical continua com o tema da oração a partir da parábola do fariseu e do publicano (Eclesiástico 35,15-22; Salmo 33, 2 Timóteo 4,6-8.16-18 e Lucas 18, 9-14). Nela se revela o íntimo dos homens que rezam e também Deus, a quem é dirigida a oração. Os destinatários da parábola são “alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros”. Quem são estes alguns? Jesus deixa em aberto. Confiar na própria justiça significa confiar única e firmemente em si mesmo. O “justo” no Antigo Testamento é o homem que cumpre a vontade de Deus e que deposita nele a confiança. Deus é a rocha de apoio e o verdadeiro sustento da existência. Quem “confia na própria justiça” não confia em Deus e nem nos outros, pois só confia em si e todos lhe são devedores.
“Dois homens subiram ao Templo para rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos”. Antes de qualificar os personagens, Jesus diz que são “dois homens” que vão rezar no Templo. Ambos vão realizar algo bom e no mesmo lugar. Antes de identificar as diferenças é acentuada a unidade, a humanidade e a dignidade comum dos orantes. Na pluralidade das situações humanas faz-se necessário ressaltar, em primeiro lugar, o que une e depois as diferenças.
As orações feitas revelam o interior dos orantes e como se situam diante de Deus e do próximo. O fariseu reza: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de imposto”. Enquanto o cobrador de impostos reza: “Meus Deus, tem piedade de mim que sou pecador!”
Anteriormente os discípulos pediram que Jesus os ensinasse a rezar. Ensinou-lhes a rezar o Pai-Nosso, não como fórmula, mas como modelo de oração. Somos convidados a olhar a oração do fariseu e do publicano e discernir qual delas está em sintonia com o Pai Nosso. Jesus ensinou a invocar a Deus como Pai Nosso, desejar que seja santificado o seu nome, que venha o seu Reino e mais três pedidos: o pão de cada dia, o perdão e o socorro nas tentações. Toda oração é relação e entrega confiante a Deus e empenho de justa relação com os irmãos.
Diante deste critério, percebe-se que o fariseu não faz uma oração cristã. Ele reza diante de si próprio. Está todo cheio de si e centrado no próprio eu, não tem espaço nem para Deus e nem para os outros. Não quer se relacionar com ninguém. Não sente e nem deseja ser ajudado, pois é autossuficiente e ainda se sente autorizado a condenar os outros.
A oração do cobrador de impostos mostra que ele tem consciência que precisa ser ajudado, compreendido e perdoado, tanto da parte de Deus como dos outros. Tem a postura de humildade, pois fica “à distância” e “nem se atrevia levantar os olhos para o céu; mas batia no peito”, num gesto penitencial. A humildade e o desejo de se relacionar com Deus e com o próximo abrem a porta para a humilde prece.
O livro do Eclesiástico ensina que este deve ser o modelo de oração. “A prece do humilde atravessa as nuvens […] e não descansará até que o Altíssimo intervenha, faça justiça aos justos e execute o julgamento”. São Paulo, escrevendo a Timóteo, testemunha como o Senhor o acompanhou na sua missão evangelizadora, o atendeu e consolou. “Mas o Senhor esteve ao meu lado e meu forças; […] O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu Reino celeste. A ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém”.
A parábola deseja envolver o leitor, somente assim ela ficará completa e terá sentido. Hoje precisamos ler assim: Três homens subiram ao Templo: um fariseu, um cobrador de impostos e eu, o leitor. Somos chamados a identificar-nos com ambos os personagens. Todos precisamos aprender a rezar, somos necessitados de perdão e misericórdia. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Quarta-feira, 22 de outubro-2025. 30ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 39-48)
39Sabei, porém, isto: se o senhor soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria forçar a sua casa. 40Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem. 41Disse-lhe Pedro: Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos? 42O Senhor replicou: Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo? 43Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier! 44Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens. 45Mas, se o tal administrador imaginar consigo: Meu senhor tardará a vir, e começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, 46o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar e na hora em que ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino dos infiéis. 47O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. 48Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir.
3) Reflexão Lucas 12,39-48
O evangelho de hoje traz novamente uma exortação à vigilância com outras duas parábolas. Ontem, a parábola era de patrão e empregado (Lc 12,36-38). Hoje, a primeira parábola é do dono de casa e do ladrão (Lc 12,39-40) e a outra fala do proprietário e do administrador (Lc 12,41-47).
Lucas 12,39-40: A parábola do dono da casa e do ladrão
“Fiquem certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que lhe arrombasse a casa. Vocês também estejam preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que vocês menos esperarem”. Assim como o dono da casa não sabe a que hora chega o ladrão, assim ninguém sabe a hora da chegada do Filho do Homem. Jesus deixa bem claro: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32). Hoje, muita gente vive preocupada com o fim do mundo. Nas ruas das cidades, se vê escrito nas paredes: Jesus voltará! Teve até gente que, angustiada com a proximidade do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o tempo passa e o fim não chega! Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a freqüentar uma determinada igreja! De tanto esperar e especular em torno da vinda de Jesus, muita gente já nem percebe mais a presença dele no meio de nós, nas coisas mais comuns da vida, nos fatos do dia-a-dia. Pois o que importa mesmo não é saber a hora do fim deste mundo, mas sim ter um olhar capaz de perceber a vinda de Jesus já presente no meio de nós na pessoa do pobre (cf Mt 25,40) e em tantos outros modos e acontecimentos da vida de cada dia.
Lucas 12,41: A pergunta de Pedro
“Então Pedro disse a Jesus: "Senhor, estás contando essa parábola só para nós, ou para todos?" Não se vê bem o porquê desta pergunta de Pedro. Ela evoca um outro episódio, no qual Jesus respondeu a uma pergunta semelhante dizendo: “A vocês é dado conhecer o mistério do Reino de Deus, mas aos outros tudo é dado a conhecer em parábolas” (Mt 13,10-11; Lc 8,9-10).
Lucas 12,42-48ª: A parábola do proprietário e do administrador
Na resposta à pergunta de Pedro Jesus formula uma outra pergunta em forma de parábola: "Quem é o administrador fiel e prudente, que o senhor coloca à frente do pessoal de sua casa, para dar a comida a todos na hora certa?” Logo em seguida, o Jesus mesmo, na própria parábola, já dá a resposta: bom administrador é aquele que cumpre sua missão de servidor, nunca usa os bens recebidos em proveito próprio, e está sempre vigilante e atento. Talvez seja uma resposta indireta à pergunta de Pedro, como se dissesse: “Pedro, a parábola é realmente para você! É para você saber administrar bem a missão que Deus lhe deu como coordenador das comunidades. Neste sentido, a resposta vale também para cada um de nós. E aí toma muito sentido a advertência final: “A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido”.
A chegada do Filho do Homem e o fim deste mundo
A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Muita gente das comunidades dizia que o fim deste mundo estava perto e que Jesus voltaria logo. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Por isso, havia até pessoas que já não trabalhavam, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas. Trabalhar para que, se Jesus ia voltar logo? (cf 2Ts 3,11). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisava: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” Outros ficavam só olhando o céu, aguardando o retorno de Jesus sobre as nuvens (cf At 1,11). Outros reclamavam da demora (2Pd 3,4-9). Em geral, os cristãos viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta deste mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4). Até hoje, a vinda final de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? É que já não percebemos que Jesus já voltou, já está no nosso meio: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo." (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. A plenitude ainda não chegou, mas uma amostra ou garantia do Reino já está no meio de nós. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25). E enquanto esperamos e lutamos, dizemos acertadamente: “Ele já está no meio de nós!” (Mt 25,40).
4) Para um confronto pessoal
1) A resposta de Jesus a Pedro serve também para nós, para mim. Será que sou um bom administrador, uma boa administradora da missão que recebi?
2) Como faço para estar vigilante sempre?
5) Oração final
Do nascer ao pôr-do-sol seja louvado o nome do Senhor. O Senhor é excelso sobre todos os povos, mais alta que os céus é sua glória. (Sl 112, 3-4)
Terça-feira, 21 de outubro-2025. 30ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 35-38)
35Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas. 36Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram. 37Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á. 38Se vier na segunda ou se vier na terceira vigília e os achar vigilantes, felizes daqueles servos!
3) Reflexão
Por meio da parábola o evangelho de hoje traz uma exortação à vigilância.
Lucas 12,35: Exortação à vigilância
"Estejam com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas”. Cingir-se significava amarrar um pano ou uma corda ao redor da veste talar, para que ela não atrapalhasse os movimentos do corpo. Estar cingido significava estar preparado, pronto para ação imediata. Na véspera da saída do Egito, na hora de celebrar a páscoa, os israelitas deviam estar cingidos, isto é, preparados, prontos para poder partir imediatamente (Ex 12,11). Quando alguém ia trabalhar, lutar ou executar uma tarefa ele se cingia (Ct 3,8). Na carta aos Efésios, Paulo descreve a armadura de Deus e diz que os rins devem estar cingidos com o cíngulo da verdade (Ef 6,14). As lâmpadas deviam estar acesas, pois a vigilância é tarefa tanto para o dia como para a noite. Sem luz não se anda na escuridão da noite.
Lucas 12,36: A parábola
Para explicar o que significa de estar cingido, Jesus conta uma pequena parábola. “Sejam como homens que estão esperando o seu senhor voltar da festa de casamento: tão logo ele chega e bate, eles imediatamente vão abrir a porta”. A tarefa de aguardar a chegada do patrão exige uma vigilância constante e permanente, sobretudo quando é de noite, pois, o patrão não tem hora marcada. Ele pode voltar a qualquer momento. O empregado deve estar atento, vigilante sempre!
Lucas 12,37: Promessa de felicidade
“Felizes dos empregados que o senhor encontra acordados quando chega. Eu garanto a vocês: ele mesmo se cingirá, os fará sentar à mesa, e, passando, os servirá”. Aqui, nesta promessa de felicidade, os papeis se invertem. O patrão se torna empregado e começa a servir ao empregado que virou patrão. Evoca Jesus na última ceia que, mesmo sendo senhor e mestre, se fez servidor e empregado de todos (Jo 13,4-17). A felicidade prometida tem a ver com o futuro, com a felicidade no fim dos tempos, e é o oposto daquilo que Jesus prometeu numa outra parábola que dizia: “Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: Venha depressa para a mesa? Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: 'Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber'? Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer" (Lc 17,7-10). .
Lucas 12,38: Repete a promessa de felicidade
“E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão se assim os encontra!” Repete a promessa de felicidade que exige vigilância total. O patrão pode voltar meia noite, três da madrugada, ou qualquer outra hora. O empregado deve estar acordado, cingido, pronto para poder entrar em ação.
4) Para um confronto pessoal
1) Somos empregados de Deus. Devemos estar cingidos, de prontidão, atentos e vigilantes, vinte e quatro horas por dia. Você está conseguindo? Como faz?
2) A promessa de felicidade futura é a inversão do presente. O que isto nos revela sobre a bondade de Deus para conosco, para comigo?
5) Oração final
Escutarei o que diz o Senhor Deus, porque ele diz palavras de paz ao seu povo,para seus fiéis, e àqueles cujos corações se voltam para ele. Sim, sua salvação está bem perto dos que o temem, de sorte que sua glória retornará à nossa terra. (Sl 84, 9-10)
Segunda-feira, 20 de outubro-2025. 30ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 13-21)
13Disse-lhe então alguém do meio do povo: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança. 14Jesus respondeu-lhe: Meu amigo, quem me constituiu juiz ou árbitro entre vós? 15E disse então ao povo: Guardai-vos escrupulosamente de toda a avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas. 16E propôs-lhe esta parábola: Havia um homem rico cujos campos produziam muito. 17E ele refletia consigo: Que farei? Porque não tenho onde recolher a minha colheita. 18Disse então ele: Farei o seguinte: derrubarei os meus celeiros e construirei maiores; neles recolherei toda a minha colheita e os meus bens. 19E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te. 20Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão? 21Assim acontece ao homem que entesoura para si mesmo e não é rico para Deus.
3) Reflexão Lucas 12, 13-21
O episódio narrado no evangelho de hoje só se encontra no Evangelho de Lucas e não tem paralelo nos outros evangelhos. Ele faz parte da longa descrição da viagem de Jesus, desde a Galiléia até Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), na qual Lucas colocou a maior parte das informações que ele conseguiu coletar a respeito de Jesus e que não se encontram nos outros três evangelhos (cf. Lc 1,2-3). O evangelho de hoje traz a resposta de Jesus à pessoa que lhe pediu para ser mediador na repartição de uma herança.
Lucas 12,13: Um pedido para repartir herança
“Do meio da multidão, alguém disse a Jesus: "Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo". Até hoje, a distribuição da herança entre os familiares sobreviventes é sempre uma questão delicada e, muitas vezes, ocasião de brigas e tensões sem fim. Naquele tempo, a herança tinha a ver também com a identidade das pessoas (1Rs 21,1-3) e com a sua sobrevivência (Nm 27,1-11; 36,1-12). O problema maior era a distribuição das terras entre os filhos do falecido pai. Sendo a família grande, havia o perigo de a herança se esfacelar em pequenos pedaços de terra que já não poderiam garantir a sobrevivência de todos. Por isso, para evitar o esfacelamento ou desintegração da herança e manter vivo o nome da família, o mais velho recebia o dobro dos outros filhos (Dt 21,17. cf. 2Rs 2,11).
Lucas 12,14-15: Resposta de Jesus: cuidado com a ganância
“Jesus respondeu: "Homem, quem foi que me encarregou de julgar ou dividir os bens entre vocês?" Na resposta de Jesus transparece a consciência que ele tinha da sua missão. Jesus não se sente enviado por Deus para atender ao pedido de arbitrar entre os parentes que brigam entre si por causa da repartição da herança. Mas o pedido do homem despertou nele a missão de orientar as pessoas, pois “ele falou a todos: Atenção! Tenham cuidado com qualquer tipo de ganância. Porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a sua vida não depende de seus bens". Fazia parte da sua missão esclarecer as pessoas a respeito do sentido da vida. O valor de uma vida não consiste em ter muitas coisas mas sim em ser rico para Deus (Lc 12,21). Pois, quando a ganância toma conta do coração, não há como repartir a herança com equidade e paz.
Lucas 12,16-19: Parábola que faz pensar no sentido da vida
Em seguida, Jesus conta uma parábola para ajudar as pessoas a refletir sobre o sentido da vida: "A terra de um homem rico deu uma grande colheita. E o homem pensou: O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita”. O homem rico está totalmente fechado dentro da preocupação com os seus bens que aumentaram de repente por causa de uma colheita abundante. Ele só pensa em acumular para garantir-se uma vida despreocupada. Ele diz: “Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir outros maiores; e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: meu caro, você possui um bom estoque, uma reserva para muitos anos; descanse, coma e beba, alegre-se!”
Lucas 12,20: Primeira conclusão da parábola
“Mas Deus lhe disse: Louco! Nesta mesma noite você vai ter que devolver a sua vida. E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?” A morte é uma chave importante para redescobrir o sentido verdadeiro da vida. Ela relativiza tudo, pois mostra o que perece e o que permanece. Quem só busca o ter e esquece o ser perde tudo na hora da morte. Aqui transparece um pensamento muito freqüente nos livros sapienciais: para que acumular bens nesta vida, se você não sabe para quem vão ficar os bens que você acumulou, nem sabe o que vai fazer o herdeiro com aquilo que você deixou para ele (Ecl 2,12.18-19.21).
Lucas 12,21: Segunda conclusão da parábola
“Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus”. Como tornar-se rico para Deus? Jesus deu várias sugestões e conselhos: quem quer ser o primeiro, seja o último (Mt20,27; Mc 9,35; 10,44); é melhor dar que receber (At 20,35); o maior é o menor (Mt 18,4; 23,11; Lc 9,48) preserva vida quem perde a vida (Mt 10,39; 16,25; Mc 8,35; Lc 9,24).
4) Para um confronto pessoal
1) O homem pediu a Jesus para ajudar na repartição da herança. E você, o que você pede a Deus nas suas orações?
2) O consumismo cria necessidades e desperta em nós a ganância. Como você faz para não ser vítima da ganância provocado pelo consumismo?
5) Oração final
Aclamai o Senhor, por toda a terra. Servi o Senhor com alegria. Vinde, entrai exultantes em sua presença. (Sl 99, 1-2)
*29º Domingo do Tempo Comum – Ano C
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As leituras que a liturgia do vigésimo nono domingo comum nos propõe recordam-nos a importância de manter com Deus uma relação estreita, uma comunhão íntima, um diálogo insistente, uma escuta atenta… O diálogo contínuo com Deus trará à nossa vida uma nova luz: permitir-nos-á compreender os silêncios de Deus, respeitar os tempos de Deus, entender o projeto de Deus, confiar sempre no amor de Deus.
EVANGELHO – Lucas 18,1-8: INTERPELAÇÕES
Porque é que Deus permite que tantos milhões dos seus filhos sobrevivam em condições tão degradantes, despojados da sua dignidade e dos seus direitos básicos? Porque é que os maus, os injustos e os violentos praticam arbitrariedades sem conta contra os mais débeis e, aparentemente, nenhum mal lhes acontece? Como é que Deus aceita que quase dez por cento da população mundial passe fome? Onde está Deus quando as ditaduras ou os imperialismos maltratam povos inteiros? Porque é que Deus deixa que determinadas doenças continuem a ceifar tantas vidas? Porque é que Deus não evita que as catástrofes naturais deixem por todo o lado um rasto de sofrimento e de morte? Será Deus insensível ao sofrimento que atinge os seus filhos que peregrinam no mundo e na história? O evangelista Lucas está convicto de que Deus não fica indiferente aos dramas e sofrimentos dos homens. Mais tarde ou mais cedo, no tempo oportuno, Ele irá intervir para fazer justiça aos seus filhos. Talvez a nossa impaciência tenha dificuldade em compreender o ritmo e o tempo de Deus; mas Deus acompanha a nossa vida, escuta os nossos gritos de aflição, sabe de que necessitamos e, na altura certa, irá atuar. Seremos capazes de confiar em Deus, de acreditar no seu amor, de nos fiarmos na sua bondade, de deixarmos a nossa vida nas suas mãos? Mesmo quando Deus não vai ao ritmo da nossa impaciência, confiamos n’Ele?
Como podemos manter a confiança em Deus? Como podemos acreditar n’Ele quando a lógica dos Seus planos nos escapa completamente? Jesus, a partir da sua própria experiência de Deus, propunha aos seus discípulos uma forma de chegarmos ao coração de Deus: é necessário viver em contínuo diálogo com Deus, numa constante escuta de Deus. Quando dialogamos com Deus, aprofundamos os laços com Ele, consolidamos a comunhão com Ele, aprendemos a confiar completamente n’Ele; quando escutamos Deus, começamos a perceber o seu projeto para o mundo e para os homens e sentimos vontade de nos envolvermos na concretização desse projeto; quando falamos com Deus descobrimos que Ele se interessa pelas nossas questões e que não fica indiferente diante daquilo que nos inquieta; quando questionamos Deus encontramos respostas para a maior parte das nossas dúvidas e incertezas; quando “tocamos” o amor e a misericórdia de Deus percebemos que Ele nunca nos abandonará e que nunca ficará indiferente à nossa sorte. Estamos dispostos a acolher a indicação de Jesus e a manter um diálogo frequente com Deus? Que lugar ocupa a oração na nossa vida? Sentimos que a oração nos aproxima de Deus e nos ajuda a entender o projeto de Deus para nós e para o mundo?
Como se processa o nosso diálogo com Deus? É um monólogo em que nos limitamos a atirar a Deus, de rajada, as nossas reivindicações e as nossas listas de pedidos, porque não temos tempo ou disposição para mais, ou é um diálogo franco, sincero, sem pressas, que é simultaneamente escuta e partilha, agradecimento e prece, obediência e confiança, conversa de Pai para filho e de filho para Pai? A nossa oração é uma simples descarga de palavras e de fórmulas que temos gravadas na nossa mente e que reproduzimos de forma mecânica para acalmar a nossa consciência, ou é uma partilha com Deus daquilo que nos preocupa e inquieta, daquilo que nos assusta e desafia, e também daquilo que enche a nossa vida de felicidade e de encanto? No nosso diálogo com Deus damos-Lhe espaço para falar, para nos contar os seus projetos, para nos dizer o que espera de nós? O nosso diálogo com Deus é constante, ou depende da nossa disposição, do nosso tempo disponível, dos interesses que temos em agenda?
Muitas vezes ficamos com a impressão de que Deus não dá importância aos nossos pedidos. Porque será? Será porque Deus não quer saber, ou será porque os nossos pedidos não fazem sentido à luz da Sua lógica? Às vezes pedimos a Deus coisas que nos compete a nós conseguir; deverá Ele favorecer a nossa preguiça? Às vezes pedimos a Deus coisas que nos parecem boas mas que, em última análise, têm efeitos negativos na construção da nossa vida; fará sentido Deus conceder-no-las? Às vezes pedimos a Deus coisas que são boas para nós, mas que implicam sofrimento e injustiça para os nossos irmãos; poderá Deus beneficiar-nos em prejuízo de outras pessoas?
*Leia a reflexão na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.
Diocese de Roraima afasta Padre Joseph Mampia e cobra prestação de contas de paróquia em Normandia
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Por: Redação | Foto: Reprodução/Youtube Fraternidade Consolai
O padre Joseph Mampia, membro do Instituto Missionário Consolata (IMC), foi afastado de todas as funções na Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, em Normandia, município de Roraima. A medida foi determinada pelo IMC por meio de dois decretos emitidos em 3 de outubro de 2025 e comunicada oficialmente pela Diocese de Roraima.
O primeiro decreto, denominado “Decreto de Afastamento por Prerrogativa de Função”, determina a suspensão de todas as atividades pastorais do sacerdote, incluindo celebrações religiosas, funções administrativas e participação em atividades comunitárias.
Já o segundo, intitulado “Decreto de Pedido de Prestação de Contas”, exige que Mampia apresente relatório detalhado sobre os recursos financeiros arrecadados na paróquia, obedecendo às normas legais e fiscais vigentes, e impede que ele solicite ou receba qualquer valor em nome do IMC ou da Diocese durante o período de afastamento.
O afastamento ocorre enquanto a Diocese e o Instituto aguardam a entrega e análise completa da prestação de contas. Em nota oficial, o bispo de Roraima, Dom Evaristo Pascoal Spengler, e a chanceler da cúria, irmã Sofia Quintáns Bouzada, afirmaram que a Diocese acompanha de perto o caso e que o cumprimento das determinações tem caráter disciplinar, visando garantir transparência na gestão dos recursos. Confira:
NOTA DA DIOCESE DE RORAIMA
Sobre o Rev. do Padre Joseph Motema Mampia
Comunicamos a todas as pessoas e comunidades da nossa Diocese de Roraima que o Instituto Missões Consolata emitiu dois decretos a respeito do Rev. do Pe. Joseph Motema Mampia. Ambos estão datados de 03 de outubro de 2025 e assinados pelo Superior Regional, Pe. Paulo da Conceição Fernando Mzé, e pelo Secretário Regional, Pe. Gianfranco Graziola. O primeiro, intitulado “Decreto de Afastamento por Prerrogativa de Função”, comunica o afastamento do Rev. do Pe. Joseph Mampia “de todas as (suas) funções e responsabilidades”; O segundo, intitulado “Decreto de Pedido de Prestação de Contas”, comunica que o Revdo. Pe. Joseph Mampia “não está autorizado a pedir dinheiro para quaisquer que sejam as finalidades em nome do Instituto Missões Consolata”; e que o mesmo, “antes de deixar a Diocese de Roraima, deverá prestar contas do dinheiro tomado da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, de Normandia, na Diocese de Roraima, de acordo com as orientações em vigor na referida Diocese”.
Diante do exposto, a Diocese de Roraima comunica as seguintes providências que passam a vigorar a partir da data de hoje:
1) O Rev. do Pe. Joseph Mampia está “proibido do exercício de ordem” e afastado de todas as suas funções nesta Diocese;
2) O Rev. do Pe. Joseph Mampia não está autorizado a solicitar recursos financeiros para quaisquer que sejam as finalidades em nome da Diocese de Roraima;
3) A Diocese de Roraima aguarda a prestação de contas do dinheiro que o Pe. Joseph Mampia recebeu da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, em Normandia. Esta prestação de contas deverá ser acompanhada de documentação hábil, legal e emitida no tempo próprio da operação, em conformidade com as regras financeiras, contábeis e a regra fiscal, vigentes no país.
Sem mais, pedimos a todos orações e invocamos as luzes do Espírito Santo que tudo renova e ilumina.
Boa Vista, 06 de outubro de 2025
Dom Evaristo Pascoal Spengler, OFM
Bispo da Diocese de Roraima
Ir. Sofia Quintáns Bouzada, FMMDP
Chanceler da Cúria
O padre Joseph Mampia atuava na Paróquia Nossa Senhora de Nazaré antes da decisão e sua atuação incluía funções pastorais, administrativas e comunitárias. A Diocese reforçou que não há previsão de prazo para o retorno do sacerdote às funções religiosas, que permanecerá suspenso até que a situação seja regularizada.
O IMC é uma instituição missionária com atuação internacional, e seus decretos seguem as normas canônicas e internas do instituto. A decisão de afastamento reflete a necessidade de responsabilização financeira e de gestão transparente dos recursos das paróquias ligadas ao instituto. Fonte: https://www.conexaoboavista.com.br
Igreja 'paga programa' para evangelizar prostitutas
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'Ministérios da meia-noite' acolhem quem muitos cristãos rejeitam. Grupos saem pelas madrugadas para evangelizar pessoas em situação de rua e usuários de drogas
São Paulo
Há pelo menos oito anos o bispo Wesley Carvalho, 29, sai com uma equipe às ruas de Manaus (AM) para evangelizar pessoas marginalizadas. Usuários de drogas, pessoas em situação de rua e prostitutas são convidados para o culto da madrugada, que ocorre na Igreja Terra de Avivamento pelo menos uma vez ao mês.
Para convencer as prostitutas, eles oferecem dinheiro pelas horas que estariam trabalhando --em média, R$ 50. Nem todas aceitam.
Ao chegar na igreja, todos são recebidos com festa, abraços e jantar. Banho, corte de cabelo e escuta atenta também são ofertados.
Durante o apelo [momento no culto em que o líder chama às pessoas ao arrependimento], muitos vão à frente chorando. Entregam cachimbos, cigarros ou garrafas de bebida. A partir daí, a igreja se mobiliza para cuidar deles e, quando possível, sustentar a internação em clínicas de reabilitação.
"Se você não sair de lá, a morte vai te encontrar". Essa foi a frase que Robson Pinheiro, 27, ouviu do bispo Wesley durante um culto. O alerta tinha relação com seu estilo de vida: por quase 10 anos ele atuou como traficante. Em uma madrugada foi convidado pela equipe no momento em que vendia drogas nas ruas.
Casado com Rosana e pai de quatro filhos, chegou a ser preso por dois meses, mas hoje está em liberdade provisória, aguardando julgamento. Ele conta que em todo o tempo a esposa orou para que ele deixasse o crime.
Naquele culto, após o chacoalhão, Robson decidiu abandonar tudo. "Dinheiro amaldiçoado acaba. Hoje trabalho na obra [na igreja] e tenho meu dinheiro honesto. Perdi muita coisa, hoje moro de aluguel, mas durmo a noite toda, não tenho mais medo", conta o obreiro que hoje atua como "anjo da madrugada" no resgate de pessoas que antes compravam drogas dele.
"É área que Jesus trabalharia", diz Wesley Carvalho sobre o trabalho. O líder é casado com a bispa Laís, 26, e pai de três filhos. O casal já atua na área social há 11 anos. "Nunca é cedo ou tarde demais para servir [as pessoas em vulnerabilidade]. Basta amor e vontade. O resto é com Deus", afirma.
Quem partilha do mesmo chamado é o pastor Léo Apicelo, do ministério Marca de Cristo, no Rio de Janeiro (RJ). "A igreja da meia-noite nasceu há seis meses para dar acesso e oportunidade às pessoas que, na sua grande maioria, não são bem aceitas dentro de uma igreja", explica.
"Elas estão exalando um odor forte, algumas alcoolizadas ou sob efeito de drogas, algumas estão maltrapilhas, com roupas consideradas fora dos padrões religiosos, e infelizmente, ainda vivemos num mundo muito preconceituoso", observa.
Em uma das reuniões, durante o apelo para que tirassem tudo aquilo que fazia mal, o pastor conta que um rapaz colocou uma faca enorme sobre o altar. Depois dessa atitude, outro homem também foi tocado e também entregou outra faca. Outros visitantes entregaram pinos [de cocaína], entorpecentes e materiais para preparar droga --tudo em sinal de arrependimento.
"Semanas depois, encontrei o rapaz que jogou a primeira faca. Desde aquele dia as portas se abriram para ele. Conseguiu emprego e estava se planejando para mudar para uma casa", comemora.
A Marca de Cristo abriu mão de seu prédio próprio para oferecer abrigo para 150 pessoas. No local, uma cozinha industrial é responsável por servir cinco refeições por dia para todos eles.
Em outro prédio funciona uma academia comunitária e um centro cultural com alfabetização e cursos profissionalizantes. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Superar desertos!
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Cardeal Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
“Dilexit te!”
A existência humana atual, marcada pela produtividade e consumo, está absorvida pelo ativismo. O próprio tempo livre se torna algo funcional no interior da produção, esquecendo-se que mesmo a ‘inatividade’ representa uma forma intensa de vida. Sem o reconhecimento e as condições necessárias para o repouso, se impõe a ideologia que considera o ser humano como tendo de funcionar. A própria aceleração da vida nos acostuma a ver e julgar o que está verdadeiramente em questão de forma parcial, senão errônea, forjando expressões diversas de pobreza. É a pobreza de quem não tem direitos, nem lugar, nem liberdade; de quem não possui instrumentos para dar voz à sua dignidade e suas capacidades”; de quem experimenta no cotidiano a pobreza material, moral, espiritual, cultural, humana!
A pobreza em suas múltiplas facetas é uma realidade contra a qual todos são chamados a lutar. Ela se constitui, talvez, no maior desafio hodierno, quando milhões de pessoas vivem em condições desumanas e muitas morrem literalmente de cansaço, depressão ou fome. Quando a ética cede lugar a ideologias reducionistas “o deserto cresce” (Nietsche), ou seja, cresce aquela dimensão da vida social onde o ser humano carece do necessário para viver dignamente. Reconhecer e se dispor a acolher com respeito todos os feridos e privados da própria dignidade, liberdade e identidade é um imperativo ético, um chamado à consciência, particularmente dos cristãos.
“As estruturas de injustiça devem ser reconhecidas e destruídas com a força do bem, através da mudança de mentalidades e também com a ajuda da ciência e da técnica, através do desenvolvimento de políticas eficazes na transformação da sociedade” (Papa Leão). Para levar a termo tal missão se faz necessário passar do mundo das ideias e discussões a ações e gestos concretos, unindo para tanto as melhores forças da sociedade. O compromisso em favor do bem comum da sociedade e a promoção dos mais fracos e menos favorecidos empenham todo homem e toda mulher de boa vontade. Fonte: https://www.cnbb.org.br
padre é investigado pela Igreja após ser flagrado com noiva de fiel em casa paroquial de MT
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O vídeo repercutiu nas redes sociais e na cidade, que tem pouco mais de 5 mil habitantes. Religioso nega envolvimento com a mulher.
Por g1 MT
O padre Luciano Braga Simplício, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, foi flagrado com a noiva de um fiel em uma casa paroquial de Nova Maringá (MT)
O vídeo repercutiu nas redes sociais e na cidade, que tem pouco mais de 5,8 mil habitantes, segundo o IBGE.
Em nota, a Diocese de Diamantino, responsável pela comunidade em que o padre atua, informou que iniciou uma investigação sobre o caso nesta terça-feira (14).
Religioso nega envolvimento com a mulher e diz que ela pediu permissão para usar o quarto e tomar banho.
O padre Luciano Braga Simplício, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, foi flagrado com a noiva de um fiel em uma casa paroquial de Nova Maringá, a 392 km de Cuiabá, nesta segunda-feira (13). O vídeo repercutiu nas redes sociais e na cidade, que tem pouco mais de 5 mil habitantes.
O g1 entrou em contato com o padre, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. A família da noiva informou que não vai comentar sobre o caso.
As imagens registradas no local mostram o noivo da mulher arrombando a porta do quarto e do banheiro, após o padre se recusar a abri-las. Em seguida, a noiva é encontrada chorando embaixo da pia do banheiro (assista acima).
Em nota, a Diocese de Diamantino (MT), responsável pela comunidade onde o padre atua, informou que iniciou, nesta terça-feira (14), uma investigação sobre a conduta do padre.
"Comunicamos que, tendo em vista o bem da Igreja e do povo de Deus, todas as medidas canônicas previstas já estão sendo devidamente tomadas. Pedimos a compreensão e a oração de todos", disse.
Em um áudio que circula nas redes sociais, Luciano Simplício justifica a presença da fiel na casa paroquial e afirma que ela pediu permissão para usar o quarto externo para trocar de roupa e tomar banho, pois tinha trabalhado pela manhã na igreja.
“Ela brincou ‘padre, eu vou dormir ali’, e eu disse que era para ela dormir do lado de fora. Ela estava sozinha e o menino [noivo] tinha viajado”, contou. Fonte: https://g1.globo.com
Quem é o padre flagrado “dormindo” com noiva de fiel Publicado por
O padre Luciano Braga Simplício, pároco da Igreja Nossa Senhora Aparecida em Nova Maringá, interior do Mato Grosso, tornou-se o centro de uma polêmica que abalou a comunidade local. Na última segunda-feira (13), ele foi flagrado dentro da casa paroquial na companhia da noiva de um fiel, em um episódio que rapidamente viralizou nas redes sociais e provocou reações intensas entre moradores e católicos da região.
As imagens, registradas pelo próprio noivo da mulher, mostram o momento em que ele, acompanhado de outros homens, arromba as portas da residência paroquial após o padre se recusar a abrir.
O vídeo revela Luciano sem camisa, usando apenas um calção, enquanto tenta impedir a entrada dos fiéis. Na sequência, os invasores encontram a mulher escondida embaixo da pia do banheiro, visivelmente nervosa, pedindo para ir embora. O flagrante, gravado durante a noite, foi divulgado nas redes sociais e rapidamente se espalhou por todo o estado.
O padre Luciano Braga Simplício, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, foi flagrado com a noiva de um fiel em uma casa paroquial de Nova Maringá, a 392 km de Cuiabá, nesta segunda-feira (13). O vídeo repercutiu nas redes sociais e na cidade, que tem pouco mais de 5 mil habitantes.
Diante da repercussão, o padre Luciano divulgou um áudio nas redes sociais para se defender. Ele negou qualquer envolvimento com a mulher e afirmou que o episódio foi mal interpretado.
“Não teve nada com ela, o problema é que na hora que eles chegaram eu tinha ido tomar banho e ela estava lá, ela não queria ser vista (…) Não tem nada, além disso”, declarou o religioso.
Segundo ele, a fiel havia passado o dia ajudando nas atividades da igreja e pediu permissão para tomar banho e trocar de roupa no quarto da casa paroquial. “Ela brincou ‘padre, eu vou dormir ali’, e eu disse que era para ela dormir do lado de fora. Ela estava sozinha e o menino [noivo] tinha viajado”, acrescentou.
Conhecido entre os fiéis pela postura reservada e pelo trabalho social com jovens da paróquia, Luciano Braga Simplício atua há anos na Diocese de Diamantino (MT). Ele também é lembrado por liderar campanhas de arrecadação de alimentos e por celebrar missas voltadas à juventude católica.
A cena do flagrante, no entanto, abalou sua imagem e dividiu opiniões na cidade, de pouco mais de 8 mil habitantes. Parte da comunidade saiu em defesa do padre, pedindo cautela e lembrando sua trajetória religiosa; outros cobraram explicações mais firmes da Igreja.
Em nota oficial, a Diocese de Diamantino informou que abriu uma investigação canônica para apurar o caso e avaliar as medidas cabíveis.
“Comunicamos que, tendo em vista o bem da Igreja e do povo de Deus, todas as medidas canônicas previstas já estão sendo devidamente tomadas. Pedimos a compreensão e a oração de todos”, afirmou a instituição. Até a conclusão da apuração, o padre permanecerá afastado de suas funções públicas na paróquia.
Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br
PM que fazia romaria é morto com tiro em assalto na Dutra, em Lorena
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Outros dois homens que estavam no mesmo grupo da peregrinação até o Santuário Nacional de Aparecida foram baleados. Eles passam bem.

Por g1 Vale do Paraíba e Região
Um policial militar foi morto a tiros durante um assalto no trecho de Lorena da rodovia Presidente Dutra. Segundo a família, a vítima é o soldado Luiz Guilherme Crispim de Oliveira.
Outros dois homens que estavam no mesmo grupo da peregrinação foram baleados. Eles passam bem. Agente fazia a caminhada usando o colete refletivo da PM. Ele foi baleado com um tiro no peito.
Assaltante fugiu após os disparos.
PM é morto em assalto durante romaria na Dutra, em Lorena
Um policial militar de 30 anos foi morto a tiros durante um assalto na madrugada deste sábado (11) no trecho de Lorena da rodovia Presidente Dutra, quando fazia uma romaria até o Santuário Nacional de Aparecida.
Segundo a família, a vítima é o soldado Luiz Guilherme Crispim de Oliveira, que atuava na corporação há 10 anos. Ele deixa esposa e dois filhos, um menino de 4 anos e uma menina de 1 ano e 4 meses. O soldado era devoto da Santa e seguia até Aparecida com primos da esposa.
O crime aconteceu por volta de 1h40, na altura do km 55 da rodovia. Outros dois homens - primos da esposa do soldado - foram baleados - um com um tiro de raspão e o outro no pé. Eles passam bem.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o agente, que fazia a caminhada usando o colete refletivo da PM, foi baleado com um tiro no peito durante um assalto. O criminoso levou a mochila, R$ 800 em dinheiro e o celular do policial. Ele não foi preso.
A esposa do soldado, Aline da Silva Costa, suspeita que o marido tenha sido baleado após o assaltante perceber que ele caminhava com um colete da PM.
“Eles saíram por volta das 18h (de sexta-feira) e foram caminhando. Relataram que pararam em um canteiro para comer alguma coisa e colocar capa de chuva. Aí saíram de novo, quando meu primo sentiu um toque nas costas e falaram que era assalto. Nisso ele correu assustado e foi atrás do Crispim.”
“O assaltante anunciou o assalto também ao Crispim, que não reagiu, levantou a mão e foi tirar a mochila. Mas ele estava com o colete florescente da polícia. A gente estava com medo de atropelamento, então ele foi com esse colete. A gente não imaginava isso. Aí acho que, quando ele foi tirar a mochila, o assaltante viu o símbolo da polícia e atirou”, completa.
O homem ainda chegou a ser socorrido, mas não resistiu e morreu no hospital de Lorena. O caso foi registrado no 1° Distrito Policial de Lorena e será investigado.
O g1 acionou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), que confirmou o caso, que foi registrado como latrocínio, e lamentou a morte do policial.
O corpo do soldado morto será velado na tarde deste sábado na funerária Santa Clara, em Cruzeiro, cidade onde morava. O enterro será no domingo, às 10h.
Romarias
Com a proximidade do 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, a rodovia Presidente Dutra tem ficado cheia de romeiros indo a pé para Aparecida.
Segundo a PRF, pelo menos 12 mil romeiros fizeram peregrinações desde o início do mês. A expectativa é que o volume de romeiros aumente até domingo, dia da Padroeira, com até 40 mil romeiros caminhando pela Dutra.
Na sexta, dois romeiros ficaram feridos após serem atropelados no trecho de Caçapava. Houve uma colisão entre dois veículos e na sequência o atropelamento.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o motorista do carro que atropelou os romeiros apresentava sinais de embriaguez e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Ele foi detido e levado para a delegacia da cidade. Fonte: https://g1.globo.com
DILEXI TE – Eu te amei
- Detalhes
Dom Leomar Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)
No último dia 4 de outubro, na comemoração do Poverello de Assis, São Francisco, o Papa Leão XIV assinou a Exortação Apostólica Dilexi te. É um texto profundamente evangélico que retoma o coração da missão da Igreja: o amor aos pobres. Inspirada na Encíclica Dilexit nos, do Papa Francisco, sobre o Coração de Jesus, a exortação dá continuidade à reflexão sobre o amor divino que se faz concreto na história _ especialmente no cuidado pelos últimos.
O próprio Papa Leão explica que assumiu o projeto que Francisco deixara em preparação, oferecendo-o agora “no início do meu pontificado”, como herança espiritual e caminho de santificação para toda a Igreja.
O título Dilexi te — “Eu te amei” (Ap 3,9) são palavras do Apocalipse dirigidas a uma comunidade frágil e desprezada, mas amada por Cristo. Assim também os pobres, os pequenos e os esquecidos continuam a ouvir do Senhor a mesma declaração: “Eu te amei”. O texto recorda que Jesus, o Messias pobre e servo, é o rosto visível desse amor que se inclina sobre a humanidade ferida.
O Papa mostra que a Igreja, ao longo dos séculos, sempre se ocupou dos pobres — não como um gesto assistencialista, mas como expressão da própria fé. Mais do que uma questão social, trata-se de uma relação que traduz o amor de Deus em comunhão concreta. Desde os tempos apostólicos, cuidar das necessidades foi manifestação da vida cristã: “Quem dá ao pobre empresta ao Senhor”. Os primeiros discípulos organizaram a partilha dos bens e instituíram o serviço dos diáconos para atender às viúvas e aos marginalizados.
Nos séculos seguintes, os santos e doutores da Igreja reconheceram nos pobres um lugar privilegiado de encontro com Deus. São Lourenço chamou-os “os tesouros da Igreja”; São João Crisóstomo advertia: “Não adornes o altar de Cristo com ouro, se o abandonas faminto à porta”; e Santo Agostinho lembrava que dar esmola é “devolver o que pertence ao outro”.
A Dilexi te insiste que o amor aos pobres não é uma opção entre outras, mas uma exigência essencial da fé. “No coração de Deus ocupam lugar preferencial os pobres” — recorda o Papa, ecoando o Evangelho de Jesus: “Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus” (Lc 6,20). Esse amor preferencial não é ideológico nem excludente, mas revela o modo de agir de Deus, que se inclina sobre os pequenos para restaurar a justiça e a dignidade humana.
O texto denuncia as novas formas de pobreza e exclusão que marcam o mundo contemporâneo: desigualdades crescentes, indiferença diante da fome, marginalização das mulheres, exploração dos frágeis e uma cultura que “descarta” os que não produzem. O Papa, convida a Igreja a não se acomodar, mas a reavivar a compaixão.
A Exortação recorda ainda a longa tradição eclesial do serviço caritativo: o cuidado dos enfermos por São Camilo de Léllis e São João de Deus; a hospitalidade dos monges de São Bento e de São Basílio; a libertação dos cativos pelos Mercedários e Trinitários; o trabalho silencioso de tantas congregações femininas junto aos pobres e doentes. Em cada época, a Igreja traduziu o amor de Cristo em gestos concretos, unindo oração e ação, contemplação e serviço.
Mais do que um texto social, Dilexi te é um chamado à conversão do coração. Amar os pobres é amar Cristo. Encontrá-los é tocar as suas chagas. Servi-los é celebrar a Eucaristia prolongada na vida. O Papa Leão XIV convida cada cristão a fazer da misericórdia um estilo de vida e pede que as comunidades sejam “pobres com os pobres”: simples, solidárias e fraternas. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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