ESTAR ESPERANDO
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Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Esperar alguém ou um compromisso importante com dia marcado e hora exata permite se organizar e se preparar. Seguramente se toma todas as medidas para ter tudo planejado, encaminhado e, assim, o encontro ou evento ocorra sem sobressaltos. A maioria dos nossos compromissos são possíveis de prever e tomar as medidas cabíveis. Porém, muitos fatos acontecem de forma imprevista. Por não estarem previstos nem sempre se toma medidas para viver os imprevistos.
Jesus aborda com os seus discípulos e hoje conosco tudo que se refere à vida humana. Hoje, como nos relata Lucas 12, 32-48, nos convida a refletir sobre o dia imprevisto da morte. “Por que o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes”. Na profissão de fé cristã afirmamos que Jesus “há de vir a julgar os vivos e os mortos”. Além de afirmar que cremos “na vida eterna”. Estas realidades últimas chamamos de morte, juízo final, eternidade, inferno e paraíso. Escatologia é o nome técnico usado na teologia para estas realidades últimas.
O dia da morte é imprevisível, mas o morrer é uma certeza. Como viver esta incerteza e esta certeza? Jesus ajuda a viver até aquele dia imprevisível de uma maneira que traga felicidade. Começa ensinando: “não tenhais medo”. A consciência da morte pode levar a uma vida de constante angústia. Jesus conduz os discípulos confiarem Nele e diz que a morte não é o fim da jornada, mas é o retorno à casa do Pai. Viver com medo impede de tomar atitudes, além de trazer tristeza.
Os seguintes ensinamentos tirados da vida cotidiana convida os discípulos a saírem da acomodação e terem uma vida muito ativa, propositiva e dispostos para qualquer hora. “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas”. Para entender a força deste ensinamento se faz necessário recordar as vestes daquele tempo. As vestes eram largas e quando se precisava trabalhar ou correr era preciso amarrá-las na cintura. O mesmo refere-se à lâmpada, não havendo ainda fósforo, era muito demorado acender o fogo. Portanto, o discípulo deve estar pronto para o trabalho e ter o fogo aceso para não perder tempo de agir.
Estar preparado e em constante atenção não é simplesmente um dever, mas também exprime atenção e amor para com Deus. Relação que traz alegria e recompensa. “Felizes os (…) que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá”. Quem ficou em prontidão, sentir-se-á feliz, além de receber a gratidão e de ser servido por Deus.
“A passagem do Evangelho nos educa a viver em plenitude o nosso tempo, tornando plena e frutuosa a espera mediante uma vigilância amorosa e uma fidelidade a toda prova. A responsabilidade de amar faz passar o tempo veloz e frutuosamente. Vigiar significa ter em mãos a direção da situação e operar eventuais correções de rota, servir o presente com fidelidade e direcionar-se ao futuro com esperança. O cristão não é chamado a conservar o status quo de uma situação oxidada e mumificada da rotina, porque o Evangelho deslegitima o estado sonolento de um cristianismo opaco e apagado. A vigilância requer capacidade de ler e interpretar os sinais dos tempos, é brilhante imaginação que cria novas situações e se adapta àqueles presentes, conservando a fidelidade ao Senhor que veio, na espera do Senhor que virá, vivendo em comunhão com o Senhor sempre presente” (Mauro Orsatti). Fonte: https://www.cnbb.org.br
Família de menino que ligou para a polícia pedindo comida recebe doações
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Após a repercussão da história, família de Miguel recebeu doações de alimentos
Um menino de 11 anos ligou para a polícia para falar que estava passando fome e pedir ajuda. Após a repercussão da história, a família de Miguel recebeu diversas doações de alimentos na tarde desta quarta-feira (03).
Miguel vive com a mãe, Célia Arquimino Barros, de 46 anos, e mais cinco irmãos em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte. Célia está desempregada e não conseguia comprar alimentos há quase três semanas. A criança resolveu, então, ligar para o 190 pedindo ajuda.
Após o chamado, uma equipe da polícia foi até a residência deles e constatou que não se tratava de um caso de maus-tratos, mas, sim, de uma família que passava necessidades. A própria polícia, os vizinhos e conhecidos se mobilizaram para ajudar. Fonte: https://www.band.uol.com.br
Investigação já tem hipótese para morte de padre dentro de igreja
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Na tarde desta terça-feira (2), o padre Marcos Leite Azevedo, responsável pela Igreja Bom Jesus do Cabral, em Curitiba, foi encontrado morto dentro da paróquia.
O delegado Thiago Teixeira informou que o padre foi encontrado enforcado no sótão da igreja. A polícia não encontrou indícios de arrombamento e nem de furtos. Por essa razão, a Polícia Civil (PC) trabalha com a hipótese de que o padre tirou a própria vida.
A delegacia ainda aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML). Se for comprovado que ele tirou a própria vida, o caso irá para a Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP).
Apesar da apuração inicial da investigação, pessoas próximas não acreditam nessa versão. O caso ainda está em investigação.
O padre Marcos atuava na Igreja Bom Jesus desde fevereiro de 2022.
Em nota, a Arquidiocese de Curitiba confirmou a morte do padre. Confira:
Com muito pesar, informamos o falecimento do padre Marcos Leite Azevedo, CP. Ele foi encontrado morto nas dependências da Igreja Bom Jesus do Cabral, onde atuava como pároco desde fevereiro de 2022.
Até o presente momento, não temos informações sobre o ocorrido e as autoridades competentes estão cuidando das investigações.
Em breve, informaremos sobre o velório e o sepultamento.
A Arquidiocese de Curitiba lamenta o ocorrido e pede orações pela alma do padre Marcos Azevedo e pela congregação passionista. Fonte: https://massanews.com
Contra calor na Itália, padre usa boia como altar em missa na praia e vira alvo de investigação
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Evento inusitado foi filmado e transmitido por diversos meios de comunicação; promotoria de Crotone abre investigação por "ofensa a uma instituição religiosa"
Dom Mattia Bernasconi decidiu celebrar a missa nas águas do Mediterrâneo em meio à onda de calor Foto: Reprodução Twitter
Por AFP — Crotone, Itália
Um padre católico que celebrou uma missa no último domingo dentro do mar, sem camisa e usando uma boia como altar, virou alvo de investigação pelas autoridades italianas. A Promotoria de Crotone, no sul da Itália, onde foi celebrada a missa, abriu uma investigação por "ofensa a uma instituição religiosa".
Em um comunicado de imprensa publicado em seu site, a arquidiocese de Crotone condenou o padre:
"A celebração eucarística tem uma linguagem particular, é feita com gestos e símbolos que é justo respeitar e valorizar. Não devem ser renunciados com tanta superficialidade", escreveu. "É necessário manter esse mínimo de decoro e atenção aos símbolos", complementou.
Devido à onda de calor que atinge a península e à falta de sombra, Dom Mattia Bernasconi decidiu celebrar a missa nas águas do Mediterrâneo. A celebração religiosa concluía as atividades de um acampamento de jovens voluntários da associação antimáfia Libera, que administra terras confiscadas da máfia. O evento inusitado foi filmado e transmitido por diversos meios de comunicação.
Nas imagens é possível ver o padre, sem camisa, diante de seu altar improvisado e de um grupo de pessoas em trajes de banho. Na quarta-feira, Dom Mattia divulgou uma carta enviada à arquidiocese, na qual explica que não queria banalizar a Eucaristia ou manipulá-la para enviar algum tipo de mensagem.
— Foi simplesmente uma missa que concluiu uma semana de trabalho com os jovens que participaram do acampamento — declarou. — Os símbolos são fortes, é verdade, e são eloquentes (...) Houve uma certa ingenuidade em não lhes dar o devido peso. Peço humildes desculpas do fundo do meu coração pela confusão causada pelas imagens divulgadas na imprensa — acrescentou.
Por sua parte, um deputado manifestou sua solidariedade ao padre e agradeceu "que leve os valores cristãos até as praias". Fonte: https://oglobo.globo.com
Festa de São Tiago Apóstolo - 25 de julho. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que pelo sangue de São Tiago consagrastes as primícias dos trabalhos Apostólicos, concedei que a vossa igreja seja confirmada pelo seu testemunho e sustentada pela sua proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 20, 20-28)
20A mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, aproximou-se de Jesus e prostrou-se para lhe fazer um pedido. 21Ele perguntou: “Que queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22Jesus disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23“Sim”, declarou Jesus, “do meu cálice bebereis, mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda não depende de mim. É para aqueles a quem meu Pai o preparou”. 24Quando os outros dez ouviram isso, ficaram zangados com os dois irmãos. 25Jesus, porém, chamou-os e disse: “Sabeis que os chefes das nações as dominam e os grandes fazem sentir seu poder. 26Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, 27e quem quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso escravo. 28Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”.
3) Reflexão (Mateus 20,20-28)
Jesus e os discípulos estão a caminho de Jerusalém (Mt 20,17). Jesus sabe que vão matá-lo (Mt 20,8). O profeta Isaías já o tinha anunciado (Is 50,4-6; 53,1-10). Sua morte não será fruto de um destino cego ou de um plano já preestabelecido, mas será conseqüência do compromisso livremente assumido de ser fiel à missão que recebeu do Pai junto aos pobres da sua terra. Jesus já tinha avisado que o discípulo deve seguir o mestre e carregar sua cruz atrás dele (Mt 16,21.24), Mas os discípulos não entendiam bem o que estava acontecendo (Mt 16,22-23; 17,23). O sofrimento e a cruz não combinavam com a idéia que eles tinham do messias.
Mateus 20,20-21: O pedido da mãe dos filhos de Zebedeu
Os discípulos não só não entendem, mas continuam com suas ambições pessoais. A mãe dos filhos de Zebedeu, como porta-voz de seus dois filhos Tiago e João, chega perto de Jesus para pedir um favor: "Promete que meus dois filhos se sentem, um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino". Eles não tinham entendido a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com os próprios interesses. Isto reflete as tensões nas comunidades, tanto no tempo de Jesus e de Mateus, como hoje nas nossas comunidades.
Mateus 20,22-23: A resposta de Jesus
Jesus reage com firmeza. Ele responde aos filhos e não à mãe: "Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso, vocês podem beber o cálice que eu vou beber?" Trata-se do cálice do sofrimento. Jesus quer saber se eles, em vez do lugar de honra, aceitam entregar sua vida até à morte. Os dois respondem: “Podemos!” Era uma resposta sincera e Jesus confirma: "Vocês vão beber do meu cálice”. Ao mesmo tempo, parece uma resposta precipitada, pois, poucos dias depois, abandonaram Jesus e o deixaram sozinho na hora do sofrimento (Mt 26,51). Eles não têm muita consciência crítica, nem percebem sua realidade pessoal. E Jesus completa: “Não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou esquerda. É meu Pai quem dará esses lugares àqueles para os quais ele mesmo preparou". O que ele, Jesus, tem para oferecer é o cálice do sofrimento da cruz.
Mateus 20,24-27: Entre vocês não seja assim
“Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram com raiva dos dois irmãos”. O pedido que a mãe fez em nome dos dois, provocou briga e discussão no grupo. Jesus os chamou e falou sobre o exercício do poder:"Vocês sabem: os governadores das nações têm poder sobre elas, e os grandes têm autoridade sobre elas. Entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês; e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se servo de vocês. Entre vocês não deve ser assim! Quem quiser ser o maior, seja o servidor de todos!”. Naquele tempo, os que detinham o poder não prestavam conta ao povo. Agiam conforme bem entendiam (cf. Mc 14,3-12). O império romano controlava o mundo e o mantinha submisso pela força das armas e, assim, através de tributos, taxas e impostos, conseguia concentrar a riqueza dos povos na mão de poucos lá em Roma. A sociedade era caracterizada pelo exercício repressivo e abusivo do poder. Jesus tem outra proposta. Ele traz ensinamentos contra os privilégios e contra a rivalidade. Inverte o sistema e insiste na atitude de serviço como remédio contra a ambição pessoal. A comunidade deve preparar uma alternativa. Quando império romano desintegrar, vítima das suas próprias contradições internas, as comunidades deverão estar preparadas para oferecer ao povo um modelo alternativo de convivência social.
Mateus 20,28: O resumo da vida de Jesus
Jesus define a sua vida e a sua missão: “O Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos”. Nesta auto-definição de Jesus estão implicados três títulos que o definem e que eram para os primeiros cristãos o início da Cristologia: Filho do Homem, Servo de Javé e Irmão mais velho (Parente próximo ou Goêl). Jesus é o messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu da mãe que disse: “Eis aqui a serva do Senhor!”(Lc 1,38). Proposta totalmente nova para a sociedade daquele tempo.
4) Para um confronto pessoal
- Tiago e João pedem favores, Jesus promete sofrimento. E eu, o que busco na minha relação com Deus e o que peço na oração? Como acolho o sofrimento que acontece na vida e que é o contrário daquilo que pedimos na oração?
- Jesus diz: “Entre vocês não deve ser assim!” Nosso jeito de viver na comunidade e na igreja está de acordo com este conselho de Jesus?
5) Oração final
Então se comentava entre os povos: “O Senhor fez por eles maravilhas”. Maravilhas o Senhor fez por nós, encheu-nos de alegria. (Sl 125, 2-3)
EVANGELHO DO DIA-16ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Quinta, 21 de julho-2022. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 13, 10-17)
10Os discípulos aproximaram-se dele, então, para dizer-lhe: Por que lhes falas em parábolas? 11Respondeu Jesus: Porque a vós é dado compreender os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não. 12Ao que tem, se lhe dará e terá em abundância, mas ao que não tem será tirado até mesmo o que tem. 13Eis por que lhes falo em parábolas: para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não ouçam nem compreendam. 14Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo profeta Isaías: Ouvireis com vossos ouvidos e não entendereis, olhareis com vossos olhos e não vereis, 15porque o coração deste povo se endureceu: taparam os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda; para que não se convertam e eu os sare (Is 6,9s). 16Mas, quanto a vós, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem! Ditosos os vossos ouvidos, porque ouvem! 17Eu vos declaro, em verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não ouviram.
3) Reflexão Mateus 13,10-17
O Capítulo 13 traz o Sermão das Parábolas. Seguindo o texto de Marcos (Mc 4,1-34), Mateus omitiu a parábola da semente que germina sozinha (Mc 4,26-29), ampliou a discussão sobre o porque das parábolas (Mt 13,10-17) e acrescentou as parábolas do joio e do trigo (Mt 13,24-30), do fermento (Mt 13,33), do tesouro (Mt 13,44), da pérola (Mt 13,45-46) e da rede (Mt 13,47-50). Junto com as do semeador (Mt 13,4-11) e do grão de mostarda (Mt 13,31-32), são ao todo sete parábolas no Sermão das Parábolas (Mt 13,1-50).
Mateus 13,10: A pergunta
No evangelho de Marcos, os discípulos pedem uma explicação das parábolas (Mc 4,10). Aqui em Mateus, a perspectiva é outra. Eles querem saber por que Jesus, quando fala ao povo, só fala em parábolas: "Por que usas parábolas para falar com eles?" Qual o motivo desta diferença?
Mateus 13,11-13: A vocês é dado conhecer o mistério do Reino
Jesus responde: "Porque a vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não. Pois, a quem tem, será dado ainda mais, será dado em abundância; mas daquele que não tem, será tirado até o pouco que tem”. Por que será que aos apóstolos era dado conhecer, e aos outros não? Uma comparação para ajudar na compreensão. Duas pessoas escutam a mãe ensinar: "quem ama não corta casaco". Uma das duas é filha e outra não. A filha entendeu e a outra não entendeu nada. Por que? É que na casa da mãe a expressão "cortar casaco" significava caluniar. Assim, o ensinamento da mãe ajudou a filha a entender melhor como praticar o amor. Cresceu nela aquilo que ela já sabia. A quem tem, será dado ainda mais. A outra pessoa não entendeu nada e perdeu até o pouco que pensava entender a respeito de amor e de casaco. Ficou confusa e não conseguiu entender o que o amor tem a ver com casaco. Daquele que não tem, será tirado até o pouco que tem. Uma parábola revela e esconde ao mesmo tempo! Revela para “os de dentro”, que aceitam Jesus como Messias Servo. Esconde para os que insistem em dizer que o Messias será e deve ser um Rei Glorioso. Estes entendem as imagens da parábola, mas não chegam a entender o seu significado. Enquanto os discípulos crescem naquilo que já sabem a respeito do Messias. Os outros não entendem nada e perdem até o pouco que pensavam saber sobre o Reino e o Messias.
Mateus 13,14-15: A realização da profecia de Isaías
Como da outra vez (Mt 12,18-21), nesta reação diferente do povo e dos fariseus frente ao ensinamento das parábolas, Mateus vê novamente uma realização da profecia de Isaías. Ele até cita por extenso o texto de Isaías que fala por si: “É certo que vocês ouvirão, porém nada compreenderão. É certo que vocês enxergarão, porém nada verão. Porque o coração desse povo se tornou insensível. Eles são duros de ouvido e fecharam os olhos, para não ver com os olhos, e não ouvir com os ouvidos, não compreender com o coração e não se converter. Assim eles não podem ser curados”.
Mateus 13,16-17: Felizes os olhos que vêem o que vocês estão vendo
Tudo isso explica a frase final: “Vocês, porém, são felizes, porque seus olhos vêem e seus ouvidos ouvem. Eu garanto a vocês: muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês estão vendo, e não puderam ver; desejaram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não puderam ouvir”.
As parábolas: um novo jeito de falar ao povo sobre Deus
O povo ficava impressionado com o jeito que Jesus tinha de ensinar. “Um novo ensinamento! Dado com autoridade! Diferente dos escribas!” (Mc 7,28). Jesus tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o povo conhecia e experimentava na sua luta diária pela sobrevivência. Isto supõe duas coisas: estar por dentro das coisas da vida do povo, e estar por dentro das coisas de Deus, do Reino de Deus. Em algumas parábolas acontecem coisas que não costumam acontecer na vida. Por exemplo, onde se viu um pastor de cem ovelhas abandonar noventa e nove para encontrar aquela única que se perdeu? (Lc 15,4) Onde se viu um pai acolher com festa o filho devasso, sem dar nenhuma palavra de censura? (Lc 15,20-24). Onde se viu um samaritano ser melhor que o levita e o sacerdote? (Lc 10,29-37). A parábola provoca para pensar. Ela leva a pessoa a se envolver na história a partir da sua própria experiência de vida. Faz com que nossa própria experiência nos leve a descobrir que Deus está presente no cotidiano da nossa vida. A parábola é uma forma participativa de ensinar, de educar. Não dá tudo trocado em miúdo. Não faz saber, mas faz descobrir. A parábola muda os olhos, faz a pessoa ser contemplativa, observadora da realidade. Aqui está a novidade do ensino das parábolas de Jesus, diferente dos doutores que ensinavam que Deus só se manifestava na observância da lei. Para Jesus, “o Reino não é fruto de observância. O Reino está presente no meio de vocês!” (Lc 17,21). Mas os ouvintes nem sempre o percebiam.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus disse: “A vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino”. Quando leio os evangelhos, sou como os que não entendem nada ou como aqueles a quem é dado conhecer o Reino?
2) Qual a parábola de Jesus com mais me identifica? Por que°
5) Oração final
6Senhor, vossa bondade chega até os céus, vossa fidelidade se eleva até as nuvens. Vossa justiça é semelhante às montanhas de Deus, vossos juízos são profundos como o mar. (Sl 35)
MISSA DE SANTO ELIAS, PROFETA E INSPIRADOR DA ORDEM DO CARMO (Do Missal Carmelitano)
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Comentário inicial
O profeta Elias aparece nas Sagradas Escrituras como o homem de Deus que caminha na presença do Senhor, e que, abrasado de zelo, luta pela defesa do culto do único Deus verdadeiro.
Defendeu os direitos de Deus num desafio público, realizado no monte Carmelo entre ele e os sacerdotes de Baal. Entregou-se à íntima experiência do Deus vivo no monte Horeb.
Nele se inspiraram os primeiros eremitas que, por volta do séc. XII, iniciaram no Monte Carmelo um novo estilo de vida que originou a Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Por este motivo, o profeta Elias é considerado o Fundador ideal da Ordem.
De pé, acolhamos a procissão de entrada cantando.
ANTÍFONA DE ENTRADA 1Rs 17, 1
O profeta Elias disse: «Vive o Senhor, Deus de Israel, a quem eu sirvo».
ORAÇÃO COLETA
Deus eterno e onipotente, que concedestes ao bem-aventurado Elias, vosso profeta e nosso pai, a graça de viver na vossa presença e de se inflamar de zelo pela vossa glória,
Fazei que, procurando sempre a vossa presença, nos tornemos testemunhas do vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
1ª LEITURA: 1Rs 19,1-9.11-14
Leitura do primeiro livros dos Reis.
Acab contou a Jezabel tudo que Elias tinha feito e como tinha passado ao fio da espada todos os profetas de Baal. Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias para lhe dizer: “Os deuses me cumulem de castigos, se amanhã, a esta hora, eu não tiver feito contigo o mesmo que fizeste com a vida desses profetas”. Elias ficou com medo e, para salvar sua vida, partiu. Chegou a Bersabéia de Judá e ali deixou o seu servo. Depois, adentrou o deserto e caminhou o dia todo. Sentou-se, finalmente, debaixo de um junípero e pediu para si a morte, dizendo: “Agora basta, Senhor! Tira a minha vida, pois não sou melhor que meus pais”. E, deitando-se no chão, adormeceu à sombra do junípero. De repente, um anjo tocou-o e disse: “Levanta-te e come!” Ele abriu os olhos e viu junto à sua cabeça um pão assado na pedra e um jarro de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. Mas o anjo do SENHOR veio pela segunda vez, tocou-o e disse: “Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer”. Elias levantou-se, comeu e bebeu, e, com a força desse alimento, andou quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao Horeb, o monte de Deus. Chegando ali, entrou numa gruta, onde passou a noite. Então a palavra do SENHOR veio a ele, dizendo: “Que fazes aqui, Elias?” Ele respondeu: “Estou ardendo de zelo pelo SENHOR, Deus dos exércitos, porque os israelitas abandonaram tua aliança, demoliram teus altares, mataram à espada teus profetas. Só eu escapei; mas agora querem matar-me também”. O SENHOR disse-lhe: “Sai e permanece sobre o monte diante do SENHOR”. Então o SENHOR passou. Antes do SENHOR, porém, veio um vento impetuoso e forte, que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos, mas o SENHOR não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o SENHOR não estava no terremoto. Passado o terremoto, veio um fogo, mas o SENHOR não estava no fogo. E depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isto, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta. Ouviu, então, uma voz que dizia: “Que fazes aqui, Elias?” Ele respondeu: “Estou ardendo de zelo pelo SENHOR, Deus dos exércitos, porque os israelitas abandonaram tua aliança, demoliram teus altares e mataram à espada teus profetas. Só eu escapei. Mas, agora, querem matar-me também”. – Palavra do Senhor.
SALMO DE MEDITAÇÃO
Diante dos meus olhos tenho presente o Senhor.
Protege-me, ó Deus: em ti me refugio.
Eu digo ao SENHOR: “És tu o meu Senhor,
Fora de ti não tenho bem algum”.
O SENHOR é a minha parte da herança e meu cálice.
Nas tuas mãos, a minha porção.
Para mim a sorte caiu em lugares deliciosos,
maravilhosa é minha herança.
Sempre coloco à minha frente o SENHOR,
Ele está à minha direita, não vacilo.
Disso se alegra meu coração, exulta a minha alma;
também meu corpo repousa seguro,
Pois não vais abandonar minha vida no sepulcro,
Nem vais deixar que teu santo experimente a corrupção,
O caminho da vida me indicarás,
alegria plena à tua direita, para sempre.
2ª LEITURA: 1Pd 1,8-12
Leitura da primeira carta de São Pedro.
Sem terdes visto o Senhor, vós o amais. Sem que agora o estejais vendo, credes nele. Isto será para vós fonte de alegria inefável e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação. Esta salvação tem sido objeto das investigações e meditações dos profetas. Eles profetizaram a respeito da graça que estava destinada para vós. Procuraram saber a que época e a que circunstâncias se referia o Espírito de Cristo, que estava neles, ao anunciar com antecedência os sofrimentos de Cristo e a glória que viria depois. Foi-lhes revelado que não para si mesmos, mas para vós é que estavam ministrando esses ensinamentos, que agora são anunciados a vós. Agora vo-los anunciam aqueles que vos pregam a Boa Nova em virtude do Espírito Santo, enviado do céu; são revelações que até os anjos desejam contemplar! – Palavra do Senhor.
EVANGELHO: Lc 9,28B-36
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para orar. Enquanto orava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou branca e brilhante. Dois homens conversavam com ele: eram Moisés e Elias. Apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a saída deste mundo que Jesus iria consumar em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Quando acordaram, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. E enquanto esses homens iam se afastando, Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Nem sabia o que estava dizendo. Estava ainda falando, quando desceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Ao entrarem na nuvem, os discípulos ficaram cheios de temor. E da nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o!” Enquanto a voz ressoava, Jesus ficou sozinho. Os discípulos ficaram calados e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto. – Palavra da Salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS
Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja, e, assim como aceitastes o sacrifício do profeta Elias, dignai-Vos, de igual modo, receber as nossas ofertas de pão e vinho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
PREFÁCIO O profeta Elias, amigo de Deus e apóstolo.
- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Corações ao alto.
- O nosso coração está em Deus.
- Demos graças ao Senhor nosso Deus.
- É nosso dever, é nossa salvação.
Senhor, Pai Santo, Deus eterno e onipotente é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte, por Cristo nosso Senhor. Vós suscitastes profetas para que proclamassem que sois o Deus vivo e verdadeiro e conduzissem o vosso povo na esperança da salvação. Entre eles honrastes com a vossa divina amizade o profeta Elias, para que, devorado pelo zelo da vossa glória, manifestasse a vossa onipotência e a vossa misericórdia. Ele caminhou sempre na vossa presença e por isso o quisestes junto a Cristo no Tabor, como testemunha da Transfiguração, para se alegrar com a presença gloriosa do vosso Filho. Por isso, com os Anjos e os Santos, proclamamos a vossa glória, cantando numa só voz: Santo, Santo, Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Cfr 1Rs 19, 8
Elias comeu e bebeu, e, fortalecido com o alimento, caminhou até ao monte de Deus.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fortalecidos com a comida e a bebida angélica da mesa do vosso Filho, concedei-nos, Senhor, que, procurando-Vos sempre por meio da fé, alcancemos a contemplação da vossa presença no monte santo da glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
BÊNÇÃO SOLENE
- Deus, nosso Pai, que hoje nos reuniu para celebrar a festa de Santo Elias, vos abençoe e proteja e vos confirme na sua paz.
- Amém
- Cristo Nosso Senhor, que manifestou de modo admirável em Santo Elias a força e a imagem do mistério pascal, faça de vós testemunhas fiéis do seu Evangelho.
- Amém.
- O Espírito Santo, que em Santo Elias nos deu um sinal da caridade divina, vos torne capazes de formar uma verdadeira comunidade de fé e amor.
- Amém.
- Abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo.
- Amém.
EVANGELHO DO DIA-16ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Segunda-feira, 18 de julho-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 12,38-42)
38Então alguns escribas e fariseus tomaram a palavra: Mestre, quiséramos ver-te fazer um milagre.39Respondeu-lhes Jesus: Esta geração adúltera e perversa pede um sinal, mas não lhe será dado outro sinal do que aquele do profeta Jonas:40do mesmo modo que Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe, assim o Filho do Homem ficará três dias e três noites no seio da terra.41No dia do juízo, os ninivitas se levantarão com esta raça e a condenarão, porque fizeram penitência à voz de Jonas. Ora, aqui está quem é mais do que Jonas.42No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará com esta raça e a condenará, porque veio das extremidades da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora, aqui está quem é mais do que Salomão.
3) Reflexão Mateus 12,38-42
O evangelho de hoje traz mais uma discussão entre Jesus e as autoridades religiosas da época. Desta vez são os doutores da lei e os fariseus que pedem que Jesus faça um sinal para eles. Jesus já tinha realizado muitos sinais: curou o leproso (Mt 8,1-4), curou o empregado do centurião (Mt 8,5-13), a sogra de Pedro (Mt 8,14-15), os doentes e possessos da cidade (Mt 8,16), acalmou a tempestade (Mt 8,23-27), expulsou os demônios (Mt 8,28-34) e tantos outros milagres. O povo, vendo os sinais reconheceu em Jesus o Servo de Javé (Mt 8,17; 12,17-21). Mas os doutores e os fariseus não foram capazes de perceber o significado de tantos sinais que Jesus já tinha realizado. Eles queriam algo diferente.
Mateus 12,38: O pedido de doutores e fariseus por um sinal
Os fariseus chegam e dizem a Jesus: "Mestre, queremos ver um sinal realizado por ti". Querem que Jesus realize para eles um sinal, um milagre, para que eles possam examinar e verificar se Jesus é ou não o enviado por Deus conforme eles o imaginavam e esperavam. Querem prová-lo. Querem que se Jesus se submeta aos critérios deles, para que possam enquadrá-lo dentro do esquema do messianismo deles. Não há neles abertura para uma possível conversão. Não tinham entendido nada de tudo que Jesus tinha feito.
Mateus 12,39: A resposta de Jesus: o sinal de Jonas
Jesus não se submete ao pedido das autoridades religiosas, pois não há sinceridade no pedido deles. "Uma geração má e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas”. Estas palavras proferem um julgamento muito forte a respeito dos doutores e fariseus. Elas evocam o oráculo de Oséias que denunciava o povo como esposa infiel e adúltera (Os 2,4). O evangelho de Marcos diz que Jesus, diante do pedido dos fariseus, soltou um profundo suspiro (Mc 8,12), provavelmente de desgosto e de tristeza diante de tão grande cegueira. Pois não adianta mostrar uma pintura bonita a quem não quer abrir os olhos. Quem fecha os olhos não pode ver! O único sinal que lhe será dado é o sinal de Jonas.
Mateus 12,41: Aqui está mais do que Jonas
Jesus aponta para o futuro: “Assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem passará três dias e três noites no seio da terra”. Ou seja, o único sinal será a ressurreição de Jesus que se prolongará na ressurreição de seus seguidores. Este é o sinal que, futuramente, vai ser dado aos doutores e fariseus. Eles serão confrontados com o fato de que Jesus, por eles condenado à morte de cruz, será ressuscitado por Deus e continuará ressuscitando de muitas maneiras naqueles que nele acreditarem, por exemplo, ele ressuscitará no testemunho dos apóstolos “pessoas iletradas” que terão a coragem de enfrentar as autoridades anunciando a ressurreição de Jesus (At 4,13). O que converte é o testemunho! Não os milagres. “No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração, e a condenarão. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar”. O povo de Nínive se converteu diante do testemunho da pregação de Jonas e vai denunciar a incredulidade dos doutores e dos fariseus. Pois “aqui está quem é maior do que Jonas”.
Mateus 12,42: Aqui está mais do que Salomão
A alusão à conversão do povo de Nínive associou e fez lembrar o episódio da Rainha de Sabá: “No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra esta geração, e a condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão". Esta evocação quase ocasional do episódio da Rainha de Sabá que reconheceu a sabedoria de Salomão, mostra como se usava a Bíblia naquele tempo. Era por associação. A regra principal da interpretação era esta: “A Bíblia se explica pela Bíblia”. Até hoje, esta é uma das normas mais importantes para a interpretação da Bíblia, sobretudo para a Leitura Orante da Palavra de Deus.
4) Para um confronto pessoal
1) Converter-se é mudar não só de comportamento moral, mas também de idéias e de modo de pensar. Moralista é quem muda de comportamento, mas mantém seu modo de pensar inalterável. E eu, quem sou?
2) Diante da atual renovação da Igreja, sou fariseu que pede mais um sinal ou sou como o povo que reconhece que este é o caminho que Deus quer?
5) Oração final
4Porque vossa graça me é mais preciosa do que a vida, meus lábios entoarão vossos louvores.
16° DOMINGO: agir como Maria, sem, no entanto, esquecer o trabalho de Marta. (das Martas…)
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Dom Carmo João Rhoden
Bispo Emérito de Taubaté (SP)
16° Domingo:17/07/2022 (Lc10,38-42).
(Aconselho lê-lo, meditando-o).
Mensagem principal: “uma só coisa é necessária”, agir como Maria, sem, no entanto, esquecer o trabalho de Marta. (das Martas…)
1° Entender o texto. Jesus se está dirigindo à Jerusalém: é Deus visitando seu povo, pelo qual, no caso, é acolhido. Por isso, a hospitalidade em Lucas é tão acentuada. Tão importante. Jesus é mestre: falando, deve ser ouvido. Na eucaristia, deve ser recebido e acolhido com amor, para na vida, segui-lo. É necessário, recebe-lo como Maria. Jesus não censura a atitude de Marta, poque trabalha, (onde ficaria a limpeza da casa etc??). Mas, porque ela se preocupa, com muitas coisas. Está agitada. Estressada. Naquele tempo, as mulheres não eram muito valorizadas. Hoje isso mudou, graças a Deus. Chegam até ser teólogas, ministras de governos etc. Jesus, já então, as valorizava, por exemplo, entrando na casa destas irmãs. Lucas nem fala de Lázaro (o irmão) e grande amigo de Jesus. Por que, só fala das duas mulheres? Convém meditá-lo e meditá-lo bem…
2° Maria busca, por primeiro, o Reino de Deus, porque o restante, lhe será concedido. (Mt 6,33). Jesus tem ensinado que o Reino de Deus é um tesouro muito grande. É preciso vender tudo, para adquiri-lo. O mundo atual, infelizmente, não valoriza devidamente a Deus e o Reino, colocando-os em 2° e 3° lugar. Para alguns, Ele, nem mesmo existe. De fato, a sociedade, em nossos dias, está repleta de muitas Martas, e de poucas Marias. Aquelas (as Martas) continuam, também hoje, muito agitadas, estressadas, imersas no ativismo. Repito: o cuidado pelas coisas deste mundo (família, sociedade, política) continua importante, também hoje. Porém, o Reino de Deus é importantíssimo: acima de tudo. Da sua vivência, depende a eternidade feliz. O bom negociante (e nós todos deveríamos sê-lo), não troca diamante por prata, nem faz maus negócios. E nós?
3° Maria-Mãe de Jesus-soube conjugar bem todos os valores, priorizando o mais importante: Jesus Cristo e o Reino de Deus. Em Caná, Ela, por primeiro, percebeu o problema do casal e soube intervir, para solucioná-lo. Quando o “menino Jesus” ficou no templo, retornou para buscá-lo, e Ele voltou feliz, a seu lado para casa. Na crucificação, isto é, no Calvário, Ela esteve. Na vinda do Espírito Santo (em Pentecostes) esteve ao lado dos apóstolos, e presente, assim, no nascimento da Igreja de Cristo. Como dela participamos, hoje? Fonte: https://www.cnbb.org.br
16º Domingo do Tempo Comum: Um olhar sobre a visita
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A VISITA
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Os textos sagrados deste domingo (Gênesis 18,1-10ª; Salmo 14(15); Colossenses 1,24-28; Lucas10, 38-42) refletem sobre a virtude da hospitalidade. Abraão acolhe calorosamente três homens que passavam pela frente da sua tenda. Prostra-se diante deles e os convida para um banquete. Na verdade, estava acolhendo os anjos que lhe confirmaram a promessa de ter um filho em breve. Lucas relata que Jesus é acolhido na casa das irmãs Marta e Maria e com elas estabelece um diálogo. Nos dois relatos, quem hospedou recebeu mais do que ofereceu aos hóspedes. Receberam a visita de Deus que não se caracteriza somente pela cortesia, mas faz desabrochar a vida. Sempre é uma visita fecunda.
Jesus se apresentou na condição de “viajante”, “peregrino”. Vai encontrando as pessoas, se entretém com as massas, outras vezes dirige-se a indivíduos. Frequentemente Jesus aceita convites para fazer refeições na casa de amigos (Marta e Maria), de adversários (Simão, o fariseu), também toma a iniciativa de auto convidar-se (Zaqueu), faz refeição com publicanos e pecadores (Mateus). Em todas estas refeições desenvolvem-se diálogos muito fecundos, pois os outros comensais observam atentamente o que Jesus fazia e dizia.
Jesus está em Betânia na casa de Marta e Maria, as irmãs de Lázaro que neste episódio não é mencionado. Uma família de amigos onde repousava e que também visitou por ocasião da morte de Lázaro. Recebido por Marta, porém quem o escuta é Maria que “sentou-se aos pés do Senhor, e escutava a sua palavra”. Marta preocupada em oferecer o melhor fica incomodada com a atitude da irmã – talvez também quisesse estar no lugar dela – e questiona Jesus.
A resposta dada por Jesus é cheia de sabedoria: Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada.
Se faz necessário esquecer a casa de Marta e Maria e nos transpor ao tempo presente. Somos nós que temos a visita em casa. A figura de Marta retrata o nosso modo de vida: corremos de um lado para outro, agenda cheia de compromissos desde os profissionais aos sociais, corremos atrás de projetos e sonhos. E, quando nos encontramos, frequentemente, o celular comanda a convivência. Certamente, se Jesus avaliasse o nosso modo de hospitalidade diria também ‘Marta, Marta. Vocês se ocupam com tantas coisas e estão se perdendo em coisas secundárias. Esquecem de quem está na sua frente, tem dificuldades de escutar e de dar atenção. Querem estar próximos de quem está distante e se distanciam de quem está próximo’.
A palavra de Cristo sobre o proceder de Marta não revela desprezo pela vida ativa, pelos muitos compromissos, por uma refeição abundante e bem preparada. É sim um alerta, uma provocação para não fazermos dos compromissos desculpas e relegar coisas de primeira importância para um segundo plano.
O conselho que Jesus dá é escolher “a coisa necessária”. O que seria isto? É o que Maria escolheu: escutar a Palavra de Jesus. Escolheu Jesus que estava na sua frente. Para o cristão a chamada exigente da escuta da palavra deve preceder, alimentar e sustentar cada escolha religiosa e humana. É uma atitude de discípulo que escuta, aprende e deste modo torna fecundos os tempos, os espaços e todos os esforços humanos. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Sexta-feira, 15 de julho. 15º Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé, rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 12, 1-8)
1Atravessava Jesus os campos de trigo num dia de sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a arrancar as espigas para comê-las. 2Vendo isto, os fariseus disseram-lhe: Eis que teus discípulos fazem o que é proibido no dia de sábado. 3Jesus respondeu-lhes: Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros, 4como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição? Ora, nem a ele nem àqueles que o acompanhavam era permitido comer esses pães reservados só aos sacerdotes. 5Não lestes na lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no templo o descanso do sábado e não se tornam culpados? 6Ora, eu vos declaro que aqui está quem é maior que o templo. 7Se compreendêsseis o sentido destas palavras: Quero a misericórdia e não o sacrifício... não condenaríeis os inocentes. 8Porque o Filho do Homem é senhor também do sábado.
3) Reflexão Mateus 12,1-8 (Mc 2,23-28; Lc 6,1-5)
No evangelho de hoje veremos de perto um dos muitos conflitos entre Jesus e as autoridades religiosas da época. São conflitos em torno das práticas religiosas daquele tempo: jejum, pureza, observância do sábado, etc. Colocados em termos de hoje seriam conflitos como, por exemplo, casamento de pessoas divorciadas, amizade com prostitutas, acolher os homossexuais, comungar sem estar casado na igreja, faltar à missa no domingo, não fazer jejum na sexta feira santa. São muitos os conflitos: em casa, na escola, no trabalho, na comunidade, na igreja, na vida pessoal, na sociedade. Conflitos de crescimento, de relacionamento, de idade, de mentalidade. Tantos! Viver a vida sem conflito é impossível. O conflito faz parte da vida e já aparece no nosso próprio nascimento. Nascemos com dor de parto. Os conflitos não são acidentes na estrada, mas são parte integrante do caminho, do processo de conversão. O que chama atenção é a maneira como Jesus enfrenta os conflitos. Na discussão com os adversários, não se tratava de ele obter razão contra eles, mas sim de fazer prevalecer a experiência que ele, Jesus, tinha de Deus como Pai e Mãe. A imagem de Deus dos outros era a de um juiz severo que só ameaçava e condenava. Jesus procurava fazer prevalecer a misericórdia sobre a observância cega de normas e de leis que não tinham mais nada a ver com o objetivo da Lei que é a prática do amor.
Mateus 12,1-2: Colher trigo em dia de sábado e a crítica dos fariseus
Num dia de sábado, os discípulos passavam pelas plantações e abriam caminho arrancando espigas para come-las. Estavam com fome. Os fariseus chegam e invocam a Bíblia para dizer que os discípulos estão cometendo uma transgressão da lei do Sábado (cf Ex 20,8-11). Jesus também usa a Bíblia e responde evocando três exemplos tirados da Escritura: (1) de Davi, (2) da legislação sobre o trabalho dos sacerdotes no templo e (3) da ação do profeta Oséias, ou seja, ele cita um livro histórico, um livro legislativo e um livro profético.
Mateus 12,3-4: O exemplo de Davi
Jesus lembra que o próprio Davi também fez uma coisa proibida pela lei, pois tirou os pães sagrados do templo e os deu de comer aos soldados que estavam com fome (1 Sm 21,2-7). Nenhum fariseu teria coragem de criticar o rei Davi!
Mateus 12,5-6: O exemplo dos sacerdotes
Acusado pelas autoridades religiosas, Jesus argumenta a partir do que elas mesmas, as próprias autoridades religiosas, fazem em dia de sábado. No templo de Jerusalém, em dia de sábado, os sacerdotes trabalham muito mais do que nos dias de semana, pois devem sacrificar os animais para os sacrifícios, devem limpar, varrer, carregar peso, degolar os animais etc. E ninguém dizia que era contra a lei, pois achavam normal. A própria lei os obrigava a fazer isto (Nm 28,9-10).
Mateus 12,7: O exemplo do profeta
Jesus cita a frase do profeta Oséias: Quero misericórdia e não sacrifício. A palavra misericórdia significa ter o coração (cor) na miséria (miseri) dos outros, ou seja, a pessoa misericordiosa deve estar bem perto do sofrimento das pessoas, deve identificar-se com elas. A palavra sacrifício significa fazer (fício) com que uma coisa fique consagrada (sacri), ou seja, quem oferece um sacrifício separa o objeto sacrificado do uso profano e o distancia da vida diária do povo. Se os fariseus tivessem em si este olhar do profeta Oséias, saberiam que o sacrifício mais agradável a Deus não a pessoa consagrada viver distanciada da realidade, mas sim ela colocar o coração inteiramente consagrado para aliviar a miséria dos irmãos e das irmãs. Eles não teriam condenado como culpados os que, na realidade eram inocentes.
Mateus 12,8: O Filho do Homem é dono do sábado
Jesus termina com esta frase: o Filho do Homem é dono até do sábado! Jesus, ele mesmo, é o critério da interpretação da Lei de Deus.Jesus conhecia a Bíblia de cor e salteado, e a invocava para mostrar que os argumentos dos outros não tinham fundamento. Naquele tempo, não havia Bíblias impressas como temos hoje em dia. Em cada comunidade só havia uma única Bíblia, escrita a mão, que ficava na sinagoga. Se Jesus conhecia tão bem a Bíblia, é sinal de que ele, durante os trinta anos de vida em Nazaré, deve ter participado intensamente da vida da comunidade, onde todo sábado se liam as escrituras. A nova experiência de Deus como Pai fazia com que Jesus chegasse a descobrir melhor qual tinha sido a intenção de Deus ao decretar as leis do Antigo Testamento. Convivendo com o povo da Galiléia durante trinta anos em Nazaré e sentindo na pele a opressão e a exclusão de tantos irmãos e irmãs em nome da Lei de Deus, Jesus deve ter percebido que isto não podia ser o sentido daquelas leis. Se Deus é Pai, então ele acolhe a todos como filhos e filhas. Se Deus é Pai, então nós temos que ser irmãos e irmãs uns dos outros. Foi o que Jesus viveu e pregou, desde o começo até o fim. A Lei deve estar a serviço da vida e da fraternidade. “O ser humano não foi feito para o sábado, mas o sábado para o ser humano” (Mc 2,27). Foi por causa da sua fidelidade a esta mensagem que Jesus foi preso e condenado à morte. Ele incomodou o sistema, e o sistema se defendeu, usando a força contra Jesus, pois ele queria a Lei a serviço da vida, e não vice-versa. Ainda falta muito para nós termos a mesma familiaridade com a Bíblia e a mesma participação na comunidade como Jesus.
4) Para um confronto pessoal
- Que tipo de conflitos você vive na família, na sociedade e na igreja? Quais os conflitos em torno de práticas religiosas que, hoje, trazem sofrimento para as pessoas e são motivo de muita discussão e polêmica? Qual a imagem de Deus que está por trás de todos estes preconceitos, normas e proibições?
- O que o conflito já ensinou a você nestes anos todos? Qual a mensagem que você tira de tudo isto para as nossas comunidades de hoje?
5) Oração final
No meu leito te recordo, penso em ti nas vigílias noturnas, pois tu foste meu auxílio; exulto de alegria à sombra de tuas asas. A ti está ligada a minha alma, a tua mão direita me sustenta. (Sl 62, 7-9)
Quinta-feira, 14 de julho. 15º Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé, rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 11, 28-30)
Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: 28Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. 29Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. 30Porque meu jugo é suave e meu peso é leve.
3) Reflexão
O evangelho de hoje tem apenas três versículos (Mt 11,28-30) que fazem parte de uma pequena unidade literária, uma das mais bonitas, na qual Jesus agradece ao Pai por ele revelar a sabedoria do Reino aos pequenos e por escondê-la aos doutores e entendidos (Mt 11,25-30). No breve comentário que segue incluiremos toda a pequena unidade literária.
Mateus 11,25-26: Só os pequenos entendem e aceitam a Boa Nova do Reino
Jesus faz uma prece: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequenos”. Os sábios, os doutores daquela época, tinham criado um sistema de leis que eles impunham ao povo em nome de Deus (Mt 23,3-4). Eles achavam que Deus exigia do povo estas observâncias. Mas a lei do amor, trazida por Jesus, dizia o contrário. O que importa para salvar-nos, não é o que nós fazemos para Deus, mas sim o que Deus, no seu grande amor, faz por nós! Deus quer misericórdia e não sacrifício (Mt 9,13). O povo pequeno e pobre entendia esta fala de Jesus e ficava alegre. Os sábios diziam que Jesus estava errado. Eles não podiam entender tal ensinamento. Sim, Pai, assim foi do teu agrado! É do agrado do Pai que os pequenos entendam a mensagem do Reino e que os sábios e entendidos não o entendam! Se eles quiserem entendê-lo deverão fazer-se alunos dos pequenos! Este modo de pensar e ensinar subverte a convivência e incomoda.
Mateus 11,27: A origem da nova Lei: o Filho conhece o Pai.
Aquilo que o Pai nos tem a dizer, Ele o entregou a Jesus, e Jesus o revela aos pequenos, porque estes se abrem para a sua mensagem. Jesus, o Filho, conhece o Pai. Ele sabe o que o Pai nos queria comunicar quando, séculos atrás, entregou sua Lei a Moisés. Hoje também, Jesus está ensinando muita coisa aos pobres e pequenos e, através deles, à toda a sua Igreja.
Mateus 11,28-30: O convite de Jesus que vale até hoje
Jesus convida a todos que estão cansados para vir até ele, e lhes promete descanso. Nós, das comunidades de hoje, deveríamos ser a continuação deste mesmo convite que Jesus dirigia ao povo cansado e oprimido debaixo do peso das observâncias exigidas pelas leis de pureza. Ele dizia: “Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração”. Muitas vezes, esta frase foi manipulada para pedir ao povo submissão, mansidão e passividade. O que Jesus quer dizer é o contrário. Ele pede que o povo deixe de lado “os sábios e entendidos”, os professores de religião da época, e comece a aprender dele, de Jesus, um camponês do interior da Galiléia, sem instrução superior, que se diz "manso e humilde de coração". Jesus não faz como os escribas que se exaltam de sua ciência, mas é como o povo que vive humilhado e explorado. Jesus, o novo mestre, sabia por experiência o que se passava no coração do povo e o que o povo sofria. Ele o viveu e conheceu de perto durante os trinta anos em Nazaré.
O jeito de Jesus praticar o que ensinou no Sermão da Missão
Uma paixão se revela no jeito de Jesus anunciar a Boa Nova do Reino. Paixão pelo Pai e pelo povo pobre e abandonado da sua terra. Onde encontrava gente para escutá-lo, Jesus transmitia a Boa Nova. Em qualquer lugar. Nas sinagogas durante a celebração da Palavra (Mt 4,23). Nas casas de amigos (Mt 13,36). Andando pelo caminho com os discípulos (Mt 12,1-8). Ao longo do mar, à beira da praia, sentado num barco (Mt 13,1-3). Na montanha, de onde proclamou as bem-aventuranças (Mt 5,1). Nas praças das aldeias e cidades, onde o povo carregava seus doentes (Mt 14,34-36). Mesmo no Templo de Jerusalém, durante as romarias (Mt 26,55)! Em Jesus, tudo é revelação daquilo que o animava por dentro! Ele não só anunciava a Boa Nova do Reino. Ele mesmo era e continua sendo uma amostra viva do Reino. Nele aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar e tomar conta de sua vida. O evangelho de hoje revela a ternura com que Jesus acolhia os pequenos. Ele queria que eles encontrassem descanso e paz. Por causa desta sua opção pelos pequenos e excluídos, Jesus foi criticado e perseguido. Sofreu muito! O mesmo acontece hoje. Quando uma comunidade se abre e procura ser um lugar de acolhida e consolo, de descanso e paz também para os pequenos e excluídos de hoje que os estrangeiros e imigrantes, muitas pessoas reclamam e criticam.
4) Para um confronto pessoal
1) Você já experimentou alguma vez o descanse que Jesus prometeu?
2) Como as palavras de Jesus podem ajudar a nossa comunidade a ser um lugar de descanso para as nossas vidas?
5) Oração final
Em ti está a fonte da vida e à tua luz vemos a luz. Concede sempre a tua graça a quem te conhece, e a tua justiça aos retos de coração. (Sl 35)
Pastores na tormenta
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A política não tem o direito de convocar religiosos como cabos eleitorais e manipular as escolhas espirituais de quem busca suas próprias luzes.
Paulo Delgado, O Estado de S.Paulo
A chave do cidadão não está virando bem na fechadura das instituições. A escalada da ambição mundana manipula a fé de forma profana, o Parlamento ludibria a Constituição e a violência começa a visitar as eleições.
Há, no Brasil, uma ordem constitucional que identifica um regime democrático, mas não há uma ordem cultural, um costume provido de um sentimento que caracteriza plenamente a democracia. As elites do poder não se sentem constitucionalmente iguais aos brasileiros, que acabam resignados a Deus-dará.
Políticos, ministros, juízes, procuradores, militares e policiais deveriam cumprir com seu dever atuando nos seus lugares de forma exemplar. Por mais preparados, motivados e articulados que se sintam, não podem seguir impondo doutrina própria, conceitos corporativos, sem conectividade social. O rapapé entre o Executivo e o Legislativo está desconectando a política das regras legais como moinhos viciados que se movimentam pelo vento de si mesmos.
Caneta, arma, querer é poder são falácias de força. Cegueira do topo querer se sustentar tirando a grandeza da posição hierárquica que é respeitada se aceita a contraparte de controle que a limita. Barganha, arbítrio, isso diminui a capacidade de ação democrática ao criar conexões e camuflagem entre governo e oposição.
As leis não são madeira para queimar. A maioria dos empresários e dos trabalhadores clama por um governo estável, amigo de regras, contratos, tratados, acordos à luz do dia. A minoria, amiga do usufruto de governantes, tem sido mais influente e tolera solavancos, as improvisações, pois sua forma de proteção não é a Constituição.
A desinstitucionalização geral é uma das armas combinadas da má-fé, patologia da ambivalência. Faz chantagem com a necessidade social, não apura delitos e projeta um Jesus partidário, sem ênfase poética e espiritual. Carestia, inflação, violência política, improbidade, guerras de religião – o Brasil precisa estar em mãos capazes de tornar as coisas mais bonitas para nosso povo. O mundo do progresso exige um projeto de nação em que o cidadão possa viver segundo suas próprias convicções, sem a defesa violenta de ideias ou a pressão transgressora de ninguém.
Se a Califórnia decide que contra roubo de até US$ 100 a polícia não está autorizada a agir, reconhece o fracasso das políticas de proteção social no país mais rico do mundo. Enquanto isso, aqui, a mistura de religião e política consolida a decadência do Estado Social de que nem mais Deus duvida.
Os erros se agravam quando evangélicos aceitam que o escotismo e o emotivismo interesseiro da política interfiram nas controvérsias morais das igrejas. A política não tem o direito de convocar religiosos como cabos eleitorais e manipular as escolhas espirituais de quem busca suas próprias luzes. Nem tem titularidade para se meter no direito de livre prática da fé para se beneficiar do seu uso como autocracia teológica.
Administrar seus próprios assuntos é o princípio de um sistema justo em que cidadãos livres toleram a objeção de consciência, não aceitam o preconceito nem se acham pessoas especiais, únicas e isoladas. Estados confessionais e governantes que usufruem de igrejas como bureau eleitoral não governam para iguais. A mesma limitação de competência se exige do Estado laico, se quer assegurar a liberdade de crença.
A defesa da equidade dirige-se aos princípios da justiça coletivamente partilhada, e não a discussões sobre verdade e transcendência. Se as premissas da consciência são fundamentadas na fé, as da justiça social o são na evidência, na liberdade e na igualdade. Se um religioso se corrompe e não é atormentado na sua fé, deve estar certo de que só há salvação na sua igreja. Quando enfrenta a doutrina do Estado de Direito, invoca o princípio da tolerância religiosa com um ardil. Advoga que seus fiéis é que devem separar o joio do trigo, pois não pode ser réu quem serviu a um Estado enganadoramente laico.
Melhor confessar, se arrepender. Evite o anátema, pois, neste caso, amar a justiça não significa odiar a Deus. Confie na salvação também fora da igreja.
A igreja reformada deveria estudar melhor a história do protestantismo, as revoltas e os dogmas que o formaram. E reler Martinho Lutero, que dizia que todo homem odeia a verdade, especialmente se diz respeito a ele.
Em todas as religiões ou entre ateus e agnósticos existem cidadãos exemplares. A espiritualidade ajuda muito a maioria das pessoas, a constitucionalidade ajuda todos. A intolerância a artigos de lei enfraquece os argumentos na defesa da tolerância aos artigos de fé.
Quem se acha perfeito costuma exigir pouco de si mesmo. O poder oferece sucessivas distrações, e uma das mais graves diz respeito à confusão entre a ética das relações privadas e a das relações públicas. A ética diz respeito ao ato de fazer em si mesmo. Se o ato original é imoral, suas consequências se completam.
Na vida pública, quem tergiversa pode se encontrar com a fatalidade do julgamento de seus atos. Se escapar, que se acerte com seus deuses para não ter uma velhice cheia de litígios com a consciência.
* SOCIÓLOGO. E-MAIL: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Terça-feira, 12 de julho. 15º Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé, rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 11, 20-24)
20Depois Jesus começou a censurar as cidades, onde tinha feito grande número de seus milagres, por terem recusado arrepender-se: 21Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e a cinza. 22Por isso vos digo: no dia do juízo, haverá menor rigor para Tiro e para Sidônia que para vós! 23E tu, Cafarnaum, serás elevada até o céu? Não! Serás atirada até o inferno! Porque, se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos dentro dos teus muros, subsistiria até este dia. 24Por isso te digo: no dia do juízo, haverá menor rigor para Sodoma do que para ti!
3) Reflexão Mateus 11,20-24 (Lc 10,13-15)
O Sermão da Missão ocupou o capítulo 10. Os capítulos 11 e 12 vão descrever como Jesus realizava a Missão. Ao longo destes dois capítulos, aparecem as adesões, as dúvidas e as recusas que a ação evangelizadora de Jesus ia provocando. João Batista, que olhava Jesus com os olhos do passado, não conseguia entendê-lo (Mt 11,1-15). O povo, que olhava para Jesus com finalidade interesseira, não foi capaz de entendê-lo (Mt 11,16-19). As grandes cidades ao redor do lago, que ouviram a pregação de Jesus e viram seus milagres, não quiseram abrir-se para a sua mensagem (é o texto do evangelho de hoje) (Mt 11,20-24). Os sábios e doutores, que apreciavam tudo a partir da sua própria ciência, não foram capazes de entender a pregação de Jesus (Mt 11,25). Os fariseus que confiavam só na observância da lei, criticavam Jesus (Mt 12,1-8) e decidiram matá-lo (Mt 12,9-14). Diziam que Jesus agia em nome de Beelzebu (Mt 12,22-37). Queriam dele uma prova para poder crer nele (Mt 12,38-45). Nem os parentes apoiavam Jesus (Mt 12,46-50). Só os pequenos e o povo doente o entendiam e aceitavam a Boa Nova do Reino (Mt 11,25-30). Iam atrás dele (Mt 12,15-16) e viam nele o Servo anunciado por Isaías (Mt 12,17-21).
Esta maneira de descrever a ação missionária de Jesus era uma advertência clara para os discípulos e discípulas que andavam com Jesus pela Galileia. Não podiam esperar muita recompensa nem elogio pelo fato de serem missionários de Jesus. A advertência vale também para nós que hoje lemos e meditamos este mesmo Sermão da Missão, pois os evangelhos são escritos envolventes. Eles nos convidam a confrontar nossa atitude frente a Jesus com a atitude das personagens que aparecem no evangelho e a nos perguntar se somos como João Batista (Mt 11,1-15), como o povo interesseiro (Mt 11,16-19), como as cidades incrédulas (Mt 11,20-24), como os doutores que pensavam saber tudo e não entendiam nada (Mt 11,25), como os fariseus que só sabiam criticar (Mt 12,1-45) ou como o povo pequeno que andava à procura de Jesus (Mt 12,15) e que, com a sua sabedoria, soube entender e aceitar a mensagem do Reino(Mt 11,25-30).
Mateus 11,20: A palavra contra as cidades que não o receberam
O espaço por onde Jesus andou durante aqueles três anos da sua vida missionária era pequeno. Abrangia uns poucos quilômetros quadrados ao longo do Mar da Galileia em torno das cidades Cafarnaum, Betsaida e Corazain. Só! Ora, foi neste espaço tão pequeno que Jesus realizou a maior parte dos seus discursos e milagres. Ele veio salvar a humanidade inteira, e quase não saiu do limitado espaço da sua terra. Tragicamente, Jesus teve que constatar que o povo daquelas cidades não quis aceitar a mensagem do Reino e não se converteu. As cidades se fixaram na rigidez das suas crenças, tradições e costumes e não aceitaram o convite de Jesus mudar de vida.
Mateus 11,21-24: Corazain, Betsaida e Cafarnaum são piores que Tiro, Sidônia e Sodoma
No passado, Tiro e Sidônia, inimigos ferrenhos de Israel, maltrataram o povo de Deus. Por isso, foram amaldiçoadas pelos profetas (Is 23,1; Jr 25,22; 47,4; Ez 26,3; 27,2; 28,2; Jl 4,4; Am 1,10). E agora, Jesus diz que estas cidades, símbolos de toda a malvadeza, já teriam feito conversão se nelas tivessem acontecido tantos milagres como em Corazain e Betsaida. A cidade de Sodoma, símbolo da pior perversão, foi destruída pela ira de Deus (Gn 18,16 a 19,29). E agora, Jesus diz que Sodoma existiria até hoje, pois teria feito a conversão se tivesse visto os milagres que Jesus fez em Cafarnaum. Hoje continua o mesmo paradoxo. Muitos de nós, que somos católicos desde criança, temos tantas convicções consolidadas, que ninguém é capaz de nos converter. E em alguns lugares, o cristianismo, em vez de ser fonte de mudança e de conversão, tornou-se o reduto das forças mais reacionárias da política do país.
4) Para um confronto pessoal
1) Como me coloco diante da Boa Nova de Jesus: como João Batista, como o povo interesseiro, como os doutores, como os fariseus ou como o povo pequeno e pobre?
2) Minha cidade e meu país merecem a advertência de Jesus contra Cafarnaum, Corazaim e Betsaida?
5) Oração final
Grande é o Senhor e digno de todo louvor, na cidade de nosso Deus. O seu monte santo, colina magnífica, é uma alegria para toda a terra. (Sl 47, 2-3)
Sábado, 9 de julho. 14º Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria, e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 10, 24-33)
24O discípulo não é mais que o mestre, o servidor não é mais que o patrão.25Basta ao discípulo ser tratado como seu mestre, e ao servidor como seu patrão. Se chamaram de Beelzebul ao pai de família, quanto mais o farão às pessoas de sua casa!26Não os temais, pois; porque nada há de escondido que não venha à luz, nada de secreto que não se venha a saber.27O que vos digo na escuridão, dizei-o às claras. O que vos é dito ao ouvido, publicai-o de cima dos telhados.28Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena.29Não se vendem dois passarinhos por um asse? No entanto, nenhum cai por terra sem a vontade de vosso Pai.30Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados.31Não temais, pois! Bem mais que os pássaros valeis vós.32Portanto, quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus.33Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz várias instruções de Jesus a respeito do comportamento que os discípulos devem adotar durante o exercício da sua missão. O que mais chama a atenção nestas instruções são duas advertências: (1) a frequência com que Jesus alude às perseguições e aos sofrimentos que eles vão ter; (2) a insistência três vezes repetida para o discípulo não ter medo.
Mateus 10,24-25: Perseguições e sofrimentos marcam a vida dos discípulos
Estes dois versículos são a parte final de uma advertência de Jesus aos discípulos a respeito das perseguições. Os discípulos devem saber que, pelo fato de serem discípulos de Jesus, vão ser perseguidos (Mt 10,17-23). Eles não poderão reclamar nem ficar preocupados com isso, pois um discípulo deve imitar a vida do mestre e participar com ele nas provações. Isto faz parte do discipulado. “O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. Para o discípulo basta ser como o seu mestre, e para o servo ser como o seu senhor”. Se chamaram a Jesus de Belzebu, quanto mais vão insultar os discípulos dele. Com outras palavras, o discípulo de Jesus só deverá ficar preocupado seriamente no caso em que não aparecer nenhuma perseguição em sua vida.
Mateus 10,26-27: Não ter medo de dizer a verdade
Os discípulos não devem ter medo dos perseguidores. Estes conseguem perverter o sentido dos fatos e espalham calúnias a ponto de a verdade aparecer como mentira, e a mentira como a verdade. Mas por maior que seja a mentira, a verdade acabará vencendo e derrubará a mentira. Por isso, não devem ter medo de proclamar a verdade, as coisas que Jesus ensinou. Hoje em dia, os meios de comunicação conseguem perverter o sentido dos fatos e fazem aparecer como criminosos as pessoas que proclamam a verdade; fazem aparecer como justo o sistema neo-liberal que perverte o sentido da vida humana.
Mateus 10,28: Não ter medo dos que podem matar o corpo
Os discípulos não devem ter medo daqueles que matam o corpo, que torturam, machucam e fazem sofrer. Os torturadores podem até matar o corpo, mas não conseguem matar neles a liberdade e o espírito. Devem ter medo, isto sim, de que o medo do sofrimento os leve a esconder ou a negar a verdade e, assim, os faça ofender a Deus. Pois quem se afasta de Deus se perde para sempre.
Mateus 10,29-31: Não ter medo, mas ter confiança na Providência Divina
Os discípulos não devem ter medo de nada, pois eles estão na mão de Deus. Jesus manda olhar os passarinhos. Dois pardais se vendem por poucos centavos e no entanto nenhum pardal cai no chão sem o consentimento do Pai. Até os cabelos na cabeça estão contados. Lucas diz que nenhum cabelo cai sem a licença do Pai (Lc 21,18). E caem tantos cabelos! Por isso, “não tenham medo. Você valem muito mais que muitos pardais”. É a lição que Jesus tirou da contemplação da natureza.
Mateus 10,32-33: Não ter vergonha de dar testemunho de Jesus
No fim, Jesus resume tudo nesta frase: “Portanto, todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante do meu Pai que está no céu. Aquele, porém, que me renegar diante dos homens, eu também o renegarei diante do meu Pai que está no céu”. Sabendo que estamos na mão de Deus e que Deus está conosco a cada momento, teremos a coragem e a paz necessárias para dar testemunho de sermos discípulos e discípulas de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Você tem medo? Medo de que? Por que?
2) Você já sofreu ou já foi perseguido ou perseguida por causa do seu compromisso com o anúncio da Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe?
5) Oração final
Vossas promessas são sempre dignas de fé, e a vossa casa, Senhor, é santa na duração dos séculos. (Sl 92, 5)
15º Domingo do Tempo Comum: Um Olhar.
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VAI E FAZE A MESMA COISA
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Celebramos, neste domingo, o 15º desse Tempo Comum, um tempo propício de escuta da Palavra de Deus e para colocarmos o Reino de Deus em prática. Que as nossas atitudes cotidianas sejam de acordo com aquilo que condiz ao reino de Deus. Uma das coisas que o Reino de Deus nos pede é servir e cuidar dos necessitados. Sejamos bons samaritanos com o nosso próximo e tenhamos pelo próximo a mesma compaixão que Jesus tinha.
Que esta missa de hoje nos ajude a nutrir em nós o compromisso de sermos bons samaritanos com o nosso próximo, sobretudo, com aqueles que mais sofrem. Em tempos de pandemia da covid-19 que ainda vivemos, muitas famílias perderam seus entes queridos, ou têm alguém doente, desempregado ou ainda que, infelizmente, sofre com falta de alimento. Muitas são as pessoas que estão tendo dificuldades para a aquisição do básico para a alimentação e enfrentam, também, o altos preços que prejudica os mais humildades e os mais pobres. Nesse momento, podemos ser solidários e bons samaritanos com o próximo, ajudando naquilo que precisam.
Ao participarmos da Missa todos os domingos, a Palavra de Deus nos ensina partilhar o pão com aqueles que mais sofrem e sermos solidários com o próximo. Da mesma forma, se partilhamos o pão espiritual na Igreja, temos que partilhar o pão material com aqueles que mais precisam. Como família cristã de batizados que somos, e pertencentes a Jesus, sejamos abertos a dor do próximo. O Espírito Santo sempre faz novas todas as coisas, por meio desse espírito recebido no batismo, sejamos sacerdotes profetas e reis.
A primeira leitura deste domingo é do livro do Deuteronômio (Dt 30, 10-14). O livro do Deuteronômio é o livro da lei. Moisés incita ao povo a seguir aos mandamentos e preceitos de Deus. O povo de Israel é conhecido por ser um povo de “cabeça dura”, ou seja, por vezes seguiam os seus próprios caminhos e não aquilo que Deus lhes prescrevia. Esse povo, algumas vezes, se revoltava contra Deus, mesmo Ele tendo o libertado da escravidão que sofria no Egito. Moisés pede ao povo que se converta a Deus de todo o coração e com toda a alma. Esse mandamento está próximo e claro para ser cumprido, basta que ele entre e penetre o coração. Cumprindo esse mandamento, não será difícil cumprir os demais, sobretudo, o mandamento que advém desse, que é amar e servir o próximo.
O salmo responsorial é o 68 (69). O salmista nos convida a ver as maravilhas realizadas por Deus. Se somos salvos dos perigos é por graça de Deus, se somos perdoados dos pecados, é por graça de Deus e se estamos vivos, é também por graça divina. Aquele que vive na humildade e que ama e serve ao próximo consegue ver as maravilhas de Deus.
A segunda leitura é da carta de São Paulo aos Colossenses (Cl 1, 15-20). Paulo diz à comunidade que Cristo é a imagem do Deus invisível, por causa dele é que tudo foi criado. Como está descrito no prólogo de São João: “O verbo se fez carne e habitou entre nós”. Ele existe antes do tempo, é a cabeça do corpo, isto é, da igreja. Nós somos os membros que fazemos dessa igreja que tem Cristo como cabeça. Por meio D’Ele, os nossos pecados são perdoados e abre-se para nós as portas da eternidade.
O Evangelho desse domingo é de Lucas (Lc 10, 25 -37). Um mestre da Lei se aproxima de Jesus e querendo pô-lo em dificuldade pergunta: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” (Lc 10,25). Jesus pergunta a ele o que está escrito na Lei e como ele a lê. Ele responde corretamente, dizendo o que está escrito no livro da lei, amar a Deus de todo o coração e com todo o entendimento e o próximo como a si mesmo. Jesus lhe diz que ele respondeu corretamente, mas querendo justificar-se questiona: “E quem é meu próximo?” (Lc 10,29).
Após essa indagação, Jesus conta a parábola do bom samaritano. Os samaritanos eram um povo malvisto pelos judeus, eles diziam que eles eram uma raça impura e que a salvação divina só viria ao povo judeu. Na parábola do bom samaritano, Jesus conta que um homem havia caído de seu cavalo após ser assaltado, e estava caído ferido, quase morto, a beira do caminho. Um sacerdote e um levita que passavam pelo caminho viram o homem no chão e seguiram adiante. Um samaritano que estava viajando e passou por ali, acudiu o homem e sentiu compaixão. Cuidou de suas feriadas, fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois, colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele.
No dia seguinte, pegou duas moedas de prata, entregou ao dono da pensão, recomendando: “Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais!” (Lc 10,35). Jesus pergunta ao mestre da Lei: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com Ele.” E Jesus disse: “Vai e faze a mesma coisa”.
Essa frase que Jesus disse ao mestre da lei, ao final do Evangelho, Ele diz a cada um de nós, hoje. Sejamos misericordiosos com o nosso próximo e tenhamos compaixão. Não fechemos os olhos aos que mais precisam e partilhemos o que temos com quem mais necessita. Visitemos, também, os doentes e as famílias enlutadas, sendo a presença samaritana de Jesus para essas pessoas. Lembremos, sempre, somos todos irmãos por meio do batismo, e pertencemos à família de Deus. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Fazer as pazes com Lula 'é impossível', diz idealizador da Marcha para Jesus
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Estevam Hernandes afirma, contudo, que vai orar pela autoridade constituída por Deus, seja ela qual for

Estevam Hernandes, idealizador da Marcha para Jesus e líder da Renascer em Cristo - Divulgação
SÃO PAULO
Os principais pastores do Brasil escolheram seu caminho: podem até ter apoiado Lula no passado, mas esse erro não se repetirá, diz o apóstolo Estevam Hernandes. "Acho impossível", diz sobre uma reconciliação com o petista que, hoje, está na cabeceira das intenções de voto para presidente.
Evangélicos, contudo, vão orar pela "autoridade constituída por Deus", seja ela qual for, e não vão compactuar com um repeteco do Capitólio —quando extremistas tentaram invadir a sede do Legislativo americano após ver seu candidato predileto, Donald Trump, perder a eleição de 2020.
Hernandes lidera neste sábado (9) a Marcha para Jesus, por ele idealizada 30 anos atrás, após ter um sonho que envolveu "tipo uma procissão". Hoje ela arrasta centenas de milhares de pessoas por ruas de São Paulo. Maior evento evangélico do continente, volta após duas edições suspensas —2020 e 2021—, culpa da pandemia.
Em entrevista à Folha, o apóstolo diverge ainda de alguns líderes que condenaram o aborto legal de uma menina de 11 anos. "Ela é uma criança carregando outra criança", diz. "Não podemos impor a uma pessoa que sofreu um estupro que ela dê continuidade à gravidez."
Foram três anos sem Marcha. Havia no coração do povo essa expectativa de um dia poder vencer a pandemia. Será uma marcha bem solidária, bem de amor ao próximo.
Pesquisa Datafolha mostra queda na frequência de cultos. Em 2016, 65% dos evangélicos iam em mais de um por semana. Agora, 53%. Eles têm dado menos ofertas também. Por quê?
Temos vários fatores aí. Por exemplo, o advento da internet. A própria pandemia deu a possibilidade de você assistir ao culto de dentro da sua casa. Agora, em termos gerais, a gente não tem esse número tão significativo como a pesquisa aponta.
Temos visto igrejas aderindo ao metaverso e conduzido até conversão em avatar, o que cria polêmica no meio. A Renascer aderiu?
Nós fizemos uma balada [gospel] metaverso completinha: tinha o som, o palco, reproduzimos aquilo que era a balada mesmo. Cada um criou seu avatar. A pessoa entrava, participava, assistia, dançava. Foi uma experiência muito legal, veio para ficar. Acho muito importante que a tecnologia possa ser um instrumento de aproximação das pessoas com Deus.
Pastores criticaram o aborto legal feito em uma menina de 11 anos. O sr. concorda que ela deveria ter abortado?
Olha, acho assim: a gente deve recorrer ao aborto em última instância. Mas isso também é muito de foro íntimo. Não podemos julgar a menina. Ela é uma criança carregando outra criança. Claro que, espiritualmente, ela não deveria fazer o aborto. Só que temos que preservar sempre a individualidade da pessoa, aquilo que ela enfrentaria diante dessas circunstâncias. No caso específico, a legislação prevê o aborto. Então estamos amparados no aspecto espiritual, porque a gente tem que cumprir aquilo que está determinado na lei.
O Datafolha aponta que a maioria dos evangélicos quer manter as previsões legais do aborto ou restringi-las ainda mais. E o sr.?
O Código Penal é perfeito nesse aspecto, porque, claro, não podemos impor a uma mulher que sofreu um estupro que dê continuidade à gravidez. A legislação contempla exatamente aquilo que é nossa expectativa em termos espirituais e bíblicos. Mas deixa só completar uma coisa. É o caso daquela menina, que entregou o bebê à adoção.
A atriz Klara Castanho. Acho isso realmente fantástico. Sempre foi uma opção muito humana. Uma saída muito abençoadora tanto para a mãe quanto para a criança. Você não é obrigado a manter uma criança que traga a recordação do estupro, mas pode fazer com que ela tenha a oportunidade de vida.
A família Bolsonaro defende a ampliação do acesso às armas pela população, inclusive em eventos cristãos. Evangélicos apoiam essa pauta?
Não existe uma unanimidade em relação a isso. Não diria que essa é uma pauta que os evangélicos apoiam. Mas também é aquilo da liberdade individual. Acredito que a liberação de armas inconsequente é um perigo para a sociedade. A gente vê o que acontece nos EUA. De repente um cara louco lá, um psicopata, ele vai, compra uma arma e sai matando todo mundo. Por outro lado, a pessoa não pode ser tolhida de ter a defesa pessoal. Como quem mora em zonas rurais, remotas.
Como o sr. vê a dianteira de Lula nas pesquisas?
Confesso que pra mim é surpreendente, porque o que a gente vê nas ruas nos dá um outro indicativo. Agora, obviamente, se você tem uma pesquisa, e ela é séria e honesta... Acredito que é um cenário, assim, bem prematuro. Vamos iniciar toda essa jornada de campanha eleitoral, de horário político, ele deve mudar bastante.
O sr. já votou no Lula e hoje diz que isso está descartado. Vou repetir a pergunta que lhe fiz um ano atrás. Vê alguma reconciliação possível entre Lula e os grandes pastores?
No sentido de que agora os grandes líderes pudessem vir a apoiá-lo, na minha concepção acho impossível. Creio que [as predileções eleitorais] são caminhos bem definidos, e que obviamente se vai até o final por esse caminho. Agora, claro, a gente tem que aguardar o resultado das urnas para saber aquilo que vai acontecer do governo que virá.
Se Lula ganhar, pode haver uma ponte de diálogo de novo?
Creio que isso é praticamente obrigatório, porque se você realmente tem resultado nas urnas, e tem um processo democrático, então nós vamos ser presididos por A ou B, não tem como se insurgir, um "não aceito A ou B". Aquele que for eleito é o presidente dos brasileiros
O sr. vai votar em quem?
No Bolsonaro.
O presidente tem questionado a lisura das urnas eletrônicas, um sinal de que poderá questionar o resultado da eleição. Caso o faça, terá respaldo dos líderes evangélicos?
Acho uma coisa, assim, tão remota. Acredito que não haverá esse tipo de ruptura, de não aceitar um resultado. Na minha cabeça é improvável isso. Se [o pleito] corre um risco de fraude, tem que provar essa fraude, a Justiça teria que levantar [essas fraudes]. Contrariamente a isso, aquilo que as pessoas falam, de que pode haver golpe, que Bolsonaro não passaria a faixa, nós já superamos isso como nação há muito tempo.
Bolsonaro dá a entender que o Brasil pode ter algo parecido com o Capitólio americano. Pastores não estariam apoiando isso. Se acontecer, pode partir de alguns grupos, mas não seria absolutamente algo incentivado pela igreja.
O envolvimento de dois pastores no escândalo do MEC pode respingar na imagem do segmento?
Se fizéssemos qualquer tipo de movimento de "vamos acobertar, omitir fatos", aí realmente poderia trazer um prejuízo. Mas a partir do momento em que nós mesmos exigimos que se fizesse uma investigação, fica bem claro para a sociedade que é um movimento isolado de duas pessoas.
Existe uma tendência de generalizar evangélicos?
Se você, por exemplo, pega o jogador de futebol, e ele dá uma canelada em outro, aí diz que o jogador fez tal coisa. Se ele é evangélico, a primeira coisa que se escreve é: o jogador evangélico deu uma botinada no outro. Existe uma cobrança que leva a uma generalização, infelizmente.
O sr. fala que a Marcha é sobre a alegria de servir a Deus.
Em 2021, me disse que vivíamos na república do ódio. Olha, o ser humano está meio estranho, né? Sempre tive expectativas de que a pandemia trouxesse algum tipo de conscientização, que a gente pudesse ter essa convivência muito mais saudável e amigável. O que a gente percebe é que muitas pessoas passaram pela pandemia, mas não houve absolutamente alteração em nada no comportamento. Pelo contrário.
O sr. afirmou que esse ódio se voltava contra Bolsonaro. Já em 2018, antes da eleição dele, chegou a sugerir que ele pregasse mais amor. Ele é o presidente do amor ou do ódio?
O homem que foi esfaqueado daquele jeito, que enfrentou um governo de oposição ferrenha, de policiamento absurdo, é um homem muito mais, eu diria, sensível. Até com respeito à diferença. Sei que ele não é exatamente aquilo que muitas vezes as pessoas traduzem. Ele é um pai de família, preocupado com o próximo. Claro que tem a forma dele.
Bolsonaro se refere à sua Presidência como um projeto de Deus. É um discurso adequado?
Oramos por um presidente que pudesse ter realmente Deus acima de tudo, e Bolsonaro é esse homem, que tem os valores que sempre preconizamos: pátria, Deus, família. A Bíblia fala que as autoridades são constituídas por Deus. Uma pessoa que não tinha horário de TV, projeção nacional, ele realmente andava na contramão de tudo.
Evangélicos vão orar por qualquer autoridade constituída, seja Lula ou Bolsonaro?
Com certeza absoluta. Isso é não só uma obrigação, mas uma determinação bíblica. Jesus nos deixou ensinamentos muito profundos. Se você amar só quem te ama, não tem muito valor. O verdadeiro cristianismo é conseguir amar seus inimigos.
RAIO-X
Estevam Hernandes, 68
Nascido em São Paulo, fundou a Igreja Apostólica Renascer em Cristo em 1986, com a esposa, a bispa Sonia Hernandes. No braço de mídia, o casal é dono da Rede Gospel e da Gospel FM. Em 1993, o apóstolo lançou a primeira Marcha para Jesus, que se tornou o maior evento do calendário evangélico da América Latina. Em 2009, o então presidente Lula (PT) sancionou a lei que criou o Dia Nacional da Marcha para Jesus. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Morre o Eminentíssimo Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo emérito de São Paulo e Prefeito emérito da Congregação para o Clero
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"Comunico, com grande pesar, o falecimento do Eminentíssimo Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo emérito de São Paulo e Prefeito emérito da Congregação para o Clero, no dia de hoje, com a idade de 88 anos incompletos, após prolongada enfermidade, que suportou com paciência e fé em Deus. O médico Dr. Rodrigo Paulino constatou a morte do Cardeal, ocorrida um pouco após às 9h da manhã de 4/07/2022.
Nascido em Salvador do Sul (RS), em 08.08.1934, entrou na vida religiosa da Ordem Franciscana dos Frades Menores; recebeu a ordenação sacerdotal em 3 de agosto de 1958 e a ordenação episcopal em 25 de maio de 1975. Foi bispo diocesano de Santo André (SP), Arcebispo de Fortaleza e Arcebispo de São Paulo.
Foi feito membro do Colégio Cardinalício pelo Papa São João Paulo II no Consistório de 21 de fevereiro de 2001. De 2006 a 2011 trabalhou ao lado do Papa Bento XVI em Roma, como Prefeito da Congregação para o Clero. De volta ao Brasil, ocupou a função de Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, da CNBB, e da recém criada Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA)."
@DomOdiloScherer
O Papa desmente rumores de renúncia e diz querer viajar a Moscou e Kiev.
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Entrevista da agência Reuters com Francisco, que disse "respeitar" a decisão da Suprema Corte dos EUA sobre o aborto e reiterou sua condenação à interrupção da gravidez
Vatican News
O Papa Francisco nega ter qualquer intenção de renunciar ("Nunca me passou pela cabeça. Não por enquanto"), nega os rumores de que ele estaria doente de câncer. E reitera, ao invés, seu desejo de ir à Rússia e Ucrânia assim que for possível, talvez em setembro. Também diz respeitar a decisão da Suprema Corte dos EUA sobre a interrupção da gravidez e reitera sua forte condenação ao aborto. O Bispo de Roma concedeu uma longa entrevista ao correspondente da Reuters, Phil Pullella, no sábado. O encontro durou cerca de 90 minutos e este é um relato inicial com alguns dos conteúdos publicados pela agência.
Como é sabido, de acordo com vários artigos e comentários na mídia, alguns eventos recentes ou programados (desde o consistório no final de agosto até a visita a L'Aquila onde Celestino V, que renunciou em 1294, está enterrado) sugeririam a intenção do Papa de renunciar ao pontificado. Mas Francisco desmentiu esta interpretação: "Todas estas coincidências fizeram alguns pensarem que a mesma 'liturgia' ocorreria. Mas isso nunca me passou pela cabeça. Não por enquanto, não por enquanto. Realmente!" Ao mesmo tempo, o Papa, como havia feito várias vezes no passado, explicou que a possibilidade de renunciar é levada em consideração, sobretudo após a escolha feita por Bento XVI em 2013, caso a saúde o impossibilite de continuar em seu ministério. Mas quando perguntado quando isso poderia acontecer, respondeu: "Não sabemos. Deus dirá", com palavras semelhantes às usadas na sexta-feira 1º de julho em uma entrevista com a agência de notícias Télam.
Sobre a questão dos problemas no joelho, Francisco falou sobre o adiamento da viagem à África e da necessidade de terapia e descanso. Ele disse que a decisão de adiar lhe causou "muito sofrimento", sobretudo porque ele queria promover a paz tanto na República Democrática do Congo quanto no Sudão do Sul. O Papa, observa o entrevistador, usou uma bengala para entrar na sala de recepção no andar térreo da Casa Santa Marta, no Vaticano. E em seguida deu detalhes sobre o estado de seu joelho, dizendo que sofreu "uma pequena fratura" quando deu um passo falso enquanto um ligamento estava inflamado. "Estou bem, estou melhorando lentamente", acrescentou, explicando que a fratura está curando, auxiliada pela terapia com laser e magnetes.
Em seguida, Francisco desmentiu os rumores de que havia sido diagnosticado com câncer há um ano, quando foi submetido a uma operação de seis horas para remover uma parte de seu cólon devido a diverticulite, uma condição comum em idosos. "A operação foi um grande sucesso", disse o Papa, acrescentando com um sorriso em seu rosto que "eles não me disseram nada" sobre o suposto câncer, o que descartou como "fofocas de corte". Sucessivamente, declarou à Reuters que não queria uma operação no joelho porque a anestesia geral da cirurgia do ano passado tinha tido efeitos colaterais negativos.
A entrevista abordou em seguida questões internacionais. Falando da situação na Ucrânia, Francisco observou que houve contatos entre o Secretário de Estado Pietro Parolin e o Ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov, sobre uma possível viagem a Moscou. Os sinais iniciais não eram bons. Falou-se desta possível viagem pela primeira vez há vários meses, disse o Papa, explicando que Moscou respondeu que este não era o momento certo. Deixou entender, no entanto, que algo poderia ter mudado agora. "Eu gostaria de ir à Ucrânia e queria ir primeiro a Moscou. Trocamos mensagens sobre isso, porque pensei que se o presidente russo me concedesse uma pequena janela para servir a causa da paz.... E agora é possível, depois que eu voltar do Canadá, que eu consiga ir à Ucrânia. A primeira coisa a fazer é ir à Rússia para tentar ajudar de alguma forma, mas eu gostaria de ir às duas capitais."
Por fim, o Papa na entrevista com Phil Pullella tocou no assunto da decisão da Suprema Corte dos EUA que derrubou a histórica decisão Roe contra Wade que estabelecia o direito de uma mulher a abortar, Francisco disse que respeitava a decisão, mas não tinha informações suficientes para falar sobre ela de um ponto de vista jurídico. Mas também condenou fortemente o aborto, comparando-o - como havia feito muitas vezes antes - à "contratação de um sicário". "Eu pergunto: é legítimo, é justo, eliminar uma vida humana para resolver um problema?"
O Papa também foi solicitado a comentar sobre o debate em curso nos Estados Unidos sobre se um político católico, que se opõe pessoalmente ao aborto, mas apoia o direito de outros de escolher, pode receber a comunhão. A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, por exemplo, foi proibida de receber a Eucaristia pelo arcebispo de sua arquidiocese, São Francisco, mas recebe regularmente a comunhão em uma paróquia em Washington, e na semana passada recebeu a comunhão de um padre durante a Missa em São Pedro presidida pelo Pontífice.
"Quando a Igreja perde sua natureza pastoral, quando um bispo perde sua natureza pastoral, isto causa um problema político", comentou o Papa. "Isto é tudo o que posso dizer." Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira, 4 de julho. 14º Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes

1) Oração
Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria, e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 9, 18-26)
18Falava ele ainda, quando se apresentou um chefe da sinagoga. Prostrou-se diante dele e lhe disse: Senhor, minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe-lhe as mãos e ela viverá.19Jesus levantou-se e o foi seguindo com seus discípulos.20Ora, uma mulher atormentada por um fluxo de sangue, havia doze anos, aproximou-se dele por trás e tocou-lhe a orla do manto.21Dizia consigo: Se eu somente tocar na sua vestimenta, serei curada.22Jesus virou-se, viu-a e disse-lhe: Tem confiança, minha filha, tua fé te salvou. E a mulher ficou curada instantaneamente.23Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus os tocadores de flauta e uma multidão alvoroçada. Disse-lhes:24Retirai-vos, porque a menina não está morta; ela dorme. Eles, porém, zombavam dele.25Tendo saído a multidão, ele entrou, tomou a menina pela mão e ela levantou-se.26Esta notícia espalhou-se por toda a região.
3) Reflexão - Mateus 9,18-26
O evangelho de hoje nos leva a meditar dois milagres de Jesus em favor de duas mulheres. O primeiro foi em favor de uma senhora, considerada impura por causa de uma hemorragia irregular que já durava doze anos. O outro, em favor de uma menina que acabava de falecer. Conforme a mentalidade daquela época, qualquer pessoa que tocasse em sangue ou em cadáver era considerada impura e quem tocasse nela também ficava impura. Sangue e morte eram fatores de exclusão! Por isso, aquelas duas mulheres eram pessoas marginalizadas, excluídas da participação na comunidade. Quem nelas tocasse também estaria impura, impedida de participar na comunidade, e já não poderia relacionar-se com Deus. Para poder ser readmitida na plena participação comunitária teria de fazer o rito de purificação, prescrito pelas normas da lei. Ora, curando através da fé a impureza daquela senhora, Jesus abriu um novo caminho para Deus que já não dependia dos ritos de purificação, controlados pelos sacerdotes. Ressuscitando a menina, venceu o poder da morte e abriu um novo horizonte para a vida.
Mateus 9,18-19: A morte da menina.
Enquanto Jesus ainda estava falando, um chefe do lugar vem interceder pela filha que acabava de morrer. Ele pede que Jesus venha e imponha a mão na menina, “e ela viverá”. O chefe crê que Jesus tem o poder de devolver a vida à filha. Sinal de muita fé em Jesus da parte do pai da menina. Jesus se levanta e vai com ele levando consigo os discípulos. Este é o ponto de partida para os dois episódios que seguem: a cura da mulher com doze anos de hemorragia e a ressurreição da menina. O evangelho de Marcos traz os mesmos dois episódios, mas com muitos detalhes: o chefe se chamava Jairo e era um dos chefes da sinagoga. A menina ainda não estava morta, e tinha doze anos, etc (Mc 5,21-43). Mateus abreviou a narração tão viva de Marcos.
Mateus 9,20-21: A situação da mulher.
Durante a caminhada para a casa do chefe, uma mulher que sofria doze anos de hemorragia irregular aproxima-se de Jesus em busca de cura. Doze anos de hemorragia! Por isso, ela vivia excluída, pois, como dissemos, naquele tempo o sangue tornava a pessoa impura. Marcos informa que a mulher tinha gastado toda a sua economia com os médicos e, em vez de ficar melhor, ficou pior (Mc 5,25-26). Ela tinha ouvido falar de Jesus (Mc 5,27). Por isso, nasceu nela uma nova esperança. Dizia consigo: “Se ao menos tocar na roupa dele, eu ficarei curada”. O catecismo da época mandava dizer: “Se eu tocar na roupa dele, ele ficará impuro”. A mulher pensava exatamente o contrário! Sinal de muita coragem. Sinal de que as mulheres não concordavam com tudo o que as autoridades religiosas ensinavam. O ensinamento dos fariseus e dos escribas não conseguia controlar o pensamento do povo! Graças a Deus! A mulher aproximou-se por de trás de Jesus, tocou na roupa dele, e ficou curada.
Mateus 9,22. A palavra iluminadora de Jesus
Jesus voltando-se e vendo a mulher declara: “Coragem, minha filha, sua fé curou você!” Frase curta, mas que deixa transparecer três pontos muito importantes: (1) Dizendo “Minha filha”, Jesus acolhe a mulher na nova comunidade, que se formava ao seu redor. Ela já não é uma excluída. (2) Aquilo que ela esperava e acreditava aconteceu de fato. Ela ficou curada. Prova de que o catecismo das autoridades religiosas não estava correta e que em Jesus se abriu um novo caminho para as pessoas poderem obter a pureza exigida pela lei e entrar em contato com Deus. (3) Jesus reconhece que, sem a fé daquela senhora, ele não poderia ter feito o milagre. A cura não foi um rito mágico, mas um ato de fé.
Mateus 9,23-24: Na casa de chefe.
Em seguida, Jesus vai para a casa do chefe. Ao ver o alvoroço dos que faziam luto pela morte da menina, mandou que todo mundo saísse. Dizia: “A criança não morreu. Está dormindo!”. O pessoal deu risada. O povo sabe distinguir quando uma pessoa está dormindo ou quando está morta. Para eles, a morte era uma barreira que ninguém poderia ultrapassar! É a risada de Abraão e de Sara, isto é, dos que não conseguem crer que para Deus nada é impossível (Gn 17,17; 18,12-14; Lc 1,37). As palavras de Jesus têm ainda um significado mais profundo. A situação das comunidades do tempo de Mateus parecia uma situação de morte. Elas também tinham que ouvir: “Não é morte! Vocês é que estão dormindo! Acordem!”
Mateus 9,25-26: A ressurreição da menina.
Jesus não deu importância à risada do povo. Ele esperou até que todos saíssem da casa. Aí ele entrou, tomou a criança pela mão e ela se levantou. Marcos conservou as palavras de Jesus: “Talita kúmi!”, o que quer dizer: Menina, levanta-te (Mc 5,41). A notícia espalhou-se por toda aquela região. Fez o povo acreditar que Jesus é o Senhor da vida que vence a morte.
4) Para um confronto pessoal
- Hoje, quais as categorias de pessoas que se sentem excluídas da participação na comunidade cristã? Quais os fatores que hoje causam a exclusão de tantas pessoas e lhes dificultam a vida tanto na família como na sociedade?
- “A criança não morreu. Está dormindo!” “Não é morte! Vocês é que estão dormindo! Acordem!” Esta é a mensagem do evangelho de hoje. O que ela diz para mim? Sou daqueles que dão risada?
5) Oração final
Dia a dia vos bendirei, e louvarei o vosso nome eternamente. Grande é o Senhor e sumamente louvável, insondável é a sua grandeza. (Sl 144, 2-3)
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