Cruz da 1ª missa realizada no Brasil, há 525 anos, volta ao País; saiba onde ver
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Relíquia fica originalmente em Portugal, mas será transportada em peregrinação por cinco Estados e o Distrito Federal até 26 de abril

Cruz original da primeira missa realizada no Brasil fica preservada no Museu da Sé de Braga e foi exposta na Catedral da Sé, em São Paulo. Foto: Luciney Martins/Arquidiocese de São Paulo
Por Giovanna Castro
A cruz utilizada na primeira missa rezada no Brasil está de volta ao País em comemoração aos 525 anos do evento realizado em 26 de abril de 1500 - a chegada dos portugueses ocorreu em 22 de abril de 1500, quando a expedição de Pedro Álvares Cabral desembarcou no litoral sul da Bahia.
A relíquia, que pertence ao Museu da Sé de Braga, em Portugal, chegou em São Paulo, nesta terça-feira, 15, e vai passar em peregrinação por Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pará e Bahia (veja o cronograma mais abaixo).
Uma missa utilizando a cruz foi rezada nesta terça pelo cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, na Catedral da Sé, centro da capital paulista. “Hoje temos a alegria de acolher aqui uma relíquia muito importante para a história do Brasil e para a Igreja do Brasil”, disse Scherer.
“Esse sinal (a cruz) nos lembra tanta coisa da nossa história, mas lembra sobretudo a cruz de Cristo. Lembra Cristo, que está na cruz e que por nós padeceu e que anunciou a boa nova da vida, do perdão, da misericórdia a todos os povos e também aos povos originários que aqui já viviam e que aqui depois chegariam”, afirmou o arcebispo na abertura da missa. Após o culto religioso, a relíquia foi levada em procissão até o Pateo do Collegio.
A cruz deve seguir para outras cidades paulistas, como Cachoeira Paulista e Aparecida, e ser levada a outros Estados, em peregrinação escoltada pela Polícia Rodoviária Federal.
“Ela passará pelos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde a PRF em comboio a acompanhará pela Rodovia Presidente Dutra, BR-116, além do Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pará e Bahia”, diz a PRF.
Por fim, no dia 26 de abril, às 16h, será realizada a Missa Pontifical dos 525 anos da primeira missa no Brasil, presidida pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, cardeal Sérgio da Rocha, em Santa Cruz Cabrália, no litoral sul da Bahia, onde aconteceu a primeira missa e está instalado um monumento em homenagem ao culto.
“A primeira missa celebrada no Brasil, em 26 de abril de 1500, na Praia de Coroa Vermelha, Aldeia do Descobrimento, município de Santa Cruz Cabrália, na Bahia, é amplamente reconhecida como marco fundacional da história nacional“, diz o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, um dos responsáveis pela peregrinação, junto ao Movimento Brasil com Fé e o Instituto Redemptor.
“A cruz original, atualmente preservada no Museu da Sé de Braga, em Portugal, transcende seu significado religioso, simbolizando amor, união e interconexão entre povos”, afirma o Santuário.
Os locais exatos onde ocorrerão as missas utilizando a cruz em cada cidade de passagem da peregrinação podem ser conferidos no Instagram do Movimento Brasil com Fé. Fonte: https://www.estadao.com.br
BEIJO DE JUDAS
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Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
Encontramos na Bíblia uma das páginas mais duras da experiência humana: o beijo, uma das mais genuínas expressões de amor, convertido em estratagema de traição, onde uma das motivações era o “metal vil”. Judas, amigo de mesa e apóstolo de Jesus o entrega aos romanos com um beijo.
Vejamos o que diz o texto:
Predisposição de trair. “Judas Iscariot, um dos Doze, foi aos chefes dos sacerdotes para entregá-Lo a eles. Ao ouví-lo, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele procurava uma oportunidade para entregá-lo” (Mc 14,10-11).
O “cheiro” da traição. “Ao cair da tarde, Ele foi para lá com os Doze. E quando estavam à mesa, comendo, Jesus disse: ‘Em verdade vos digo: um de vós que come comigo há de me entregar’. Começaram a ficar tristes e dizer-lhe, um após outro: ‘acaso sou eu?’ Ele, porérm, disse-lhes: ‘um dos Doze, que coloca a mão no mesmo prato comigo’” (Mc 14,17-20).
O beijo como senha. “E, imediatamente, enquanto ainda falava, chegou Judas, um dos Doze, com uma multidão trazendo espadas e paus, da parte dos chefes, dos sacerdotes, escribas e anciãos. O seu traidor dera-lhes uma senha dizendo: ‘É aquele que eu beijar. Prendei-o e levai-o bem guardado’. Tão logo chegou, aproximando-se dele disse: ‘Rabi!’ E o beijou. Eles lançaram a mão sobre ele e o prenderam” (Mc 14,43-46).
O remorso. “Então, Judas, que o entregara, vendo que Jesus fora condenado, sentiu remorsos e veio devolver aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos as trinta moedas de prata dizendo: ‘Pequei, entregando um sangue inocente’. Mas estes responderam: ‘Que temos nós com isso? O problema é teu!’ Ele, atirando as moedas no Templo, retirou-se e foi enforcar-se” (Mt 27,3-5).
E agora é conosco! O que estas palavras tem a ver conosco? De que modo nos atinge, ensina e corrige? Que problemática concreta ela encerra?
Rastro destruidor. Sabemos que a problemática da traição não se circunscreve, simplesmente, em torno a dramas de ordem sexual. E, mesmo sendo esta uma das que mais afeta vidas, pessoas, e famílias, vai além disso.
Sendo assim, não precisamos recorrer às abstrações e/ou aos eufemismos para dizer que a traição já atingiu a vida de muitas pessoas e deixou o seu rastro destruidor.
“Mediações da traição”. Toda traição tem em comum a utilização de elementos (ou mediações) que são fatores de convivência e do mais genuíno relacionamento humano. No caso de Judas, o beijo e, de “outros” Judas, a casa, a cama, o trabalho, a fé, a amizade, um algo partilhado. Isso, certamente é o que mais influencia no estado da pessoa que é “vítima”.
O problema não é tanto o ato em si, mas as “mediações” que, antes favoreciam o inter-relacionamento saudável e que, de uma hora para outra se transformou em “plataforma” do desespero. E, agora?
Reações imediatas. São diversas as reações de quem foi traído: a desconfiança de tudo e de todo, sentimento de ter sido usado, enojamento da pessoa em questão, distanciamento, agressividade, apassivamento, cumplicidade, depreciação de si mesmo, fuga, sentimentos de auto destruição, humilhação, medo, insegurança… e a rejeição tácita a “freqüentar” a “mediação” que favoreceu a traição.
A experiência concreta demonstra que o cenário da traição escapa da minúscula dimensão de acontecimento e lança raízes na dimensão existencial. Quer dizer, prejudica profundamente a vida de uma pessoa. Sendo assim, se suporta até a morte, mas ninguém admite o “beijo” de Judas, o beijo de traição! Fonte: https://diocesedeoeiras.org
A Semana Maior e o triunfo da esperança
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Quem celebra a Semana Santa não pratica apenas ritos, mas sente-se profundamente envolvido naquilo que é celebrado
Todas as semanas do ano têm a mesma duração. Para a piedade católica, porém, a Semana Santa é a Semana Maior, por vários e bons motivos. Iniciando no Domingo de Ramos e culminando com o Domingo da Páscoa, o povo cristão acompanha misticamente os últimos dias vividos por Jesus na Terra, sobretudo, seus padecimentos, morte na cruz, sepultamento e ressurreição gloriosa.
Não se trata de simples recordação de fatos passados: os eventos lembrados e celebrados envolvem as raízes profundas da fé religiosa cristã, em que a memória se mistura com a profissão de fé, o louvor, o pedido de perdão e o agradecimento por aquilo que Deus realizou e segue realizando. Quem celebra a Semana Santa não pratica apenas ritos, mas sente-se profundamente envolvido naquilo que é celebrado.
No Domingo de Ramos, o povo acompanha o ingresso de Jesus em Jerusalém, aclamando com cânticos e louvores, ramos verdes nas mãos, saudando antecipadamente o triunfo do reinado de Deus e da vida sobre a morte. A celebração da Quinta-feira Santa, recordando a última ceia de Jesus com seus apóstolos, é um momento marcante para os cristãos. Jesus celebrou a ceia pascal judaica, conforme a tradição do seu povo; porém, introduziu um significado novo naquele rito, instituindo a Eucaristia como memorial perene de sua paixão, morte e ressurreição.
No pão que abençoou e repartiu com os apóstolos durante a ceia, Jesus ofereceu a si mesmo, seu corpo entregue sobre a cruz por amor à humanidade. E no vinho que lhes distribuiu no cálice, ele entregou seu sangue derramado na paixão, para que todos tivessem remissão e vida por meio dele. Quando os cristãos celebram a Eucaristia, fazem-no em memória de Jesus Cristo (ver Lucas 22, 14-20), de tudo o que Ele significa para eles e para o mundo.
Ao final da última ceia, Jesus realizou um gesto desconcertante, que os discípulos custaram a entender. Ele lavou os pés deles e explicou: Compreendestes? Se eu, que sou vosso mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que façais a mesma coisa (ver João 12,12-15). Toda a vida de Jesus, mesmo a dura paixão que sofreu, foi um serviço de amor pela humanidade: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (ver João 10,10). Após a última ceia, Jesus despediu-se dos discípulos e lhes fez suas últimas recomendações: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (ver João 13,34-35).
A Sexta-Feira Santa é dedicada a rememorar os passos da paixão e morte de Jesus: sua prisão, o julgamento religioso diante dos sumos-sacerdotes Anás e Caifás, as torturas e humilhações, o julgamento diante das autoridades romanas, a injusta condenação à morte, o caminho doloroso até o Gólgota, a crucificação e a morte. Os relatos evangélicos da paixão, morte e ressurreição de Jesus muito provavelmente foram as primeiras partes escritas dos Evangelhos. Os cristãos das primeiras gerações já faziam algo semelhante ao que ainda hoje se faz no tríduo pascal: narravam os passos da paixão de Jesus e, talvez, também os encenavam.
Na celebração da Sexta-Feira Santa há o momento especialmente intenso, quando os participantes, após terem ouvido o relato da paixão e morte de Jesus, são convidados a externar um gesto de gratidão e homenagem a Jesus diante do crucifixo exposto à sua devoção. É o momento de dizer no íntimo do coração: foi também por mim que ele aceitou morrer na cruz. Não se trata de cena teatral, ou de mero gesto estético, mas de mística profunda, em que cada um pode expressar seu envolvimento na ação celebrada.
O Sábado Santo, para os cristãos, é dia de reflexão e vigília junto da sepultura de Jesus, que experimentou o mistério da morte, o mesmo que também nos angustia. As interrogações e a profunda perplexidade que a morte nos causa têm uma resposta cheia de esperança: o túmulo ficou vazio; Jesus venceu a morte. O Sábado Santo convida a refletir sobre o sentido da vida e da morte à luz da morte e ressurreição de Jesus.
A vigília pascal, no Sábado Santo à noite, é marcada pela luz e a certeza de que a morte não tem a última palavra sobre a existência, porque o Autor da vida venceu a morte e ressuscitou Jesus dentre os mortos. Nesta “mãe de todas as vigílias”, a Igreja celebra e espera o alegre anúncio da ressurreição de Jesus e do seu triunfo sobre o mal e a morte.
Durante a vigília, leem-se trechos da história da salvação, na Bíblia, e se renovam as promessas do Batismo. No final, ainda durante a noite, já se celebra a solene liturgia pascal, que segue durante todo o Domingo de Páscoa da Ressurreição, marcado pelo alegre anúncio da ressurreição de Jesus. É o primeiro de todos os domingos.
A Semana Maior poderia parecer carregada de tonalidades tristes; em vez disso, porém, ela é a celebração sempre renovada da esperança e o anúncio do amor salvador de Deus pela humanidade: “Deus amou tanto o mundo, que lhe entregou seu Filho único para que não pereça todo aquele que nele crer, mas tenha a vida” (ver João 3,16). Fonte: https://www.estadao.com.br
Neste final de semana participe do gesto concreto da Campanha da Fraternidade 2025: a Coleta Nacional da Solidariedade
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Neste final de semana, 12 e 13 de abril, fiéis de todas as dioceses do Brasil se unem em um gesto concreto de solidariedade: a Coleta Nacional da Campanha da Fraternidade 2025, realizada no Domingo de Ramos. Essa coleta representa o compromisso cristão com a transformação social e a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
Os recursos arrecadados serão destinados ao Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), que financia projetos sociais em diversas regiões do país, especialmente aqueles voltados às populações em situação de vulnerabilidade.
Os valores arrecadados são divididos da seguinte maneira:
60% permanecem nas próprias dioceses, por meio dos Fundos Diocesanos de Solidariedade (FDS), para apoiar iniciativas locais voltadas ao enfrentamento das situações de pobreza, fome, exclusão e vulnerabilidade.
40% são enviados à CNBB, que coordena o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), destinando os recursos a projetos sociais em âmbito nacional, priorizando iniciativas que promovam o desenvolvimento humano integral, a justiça social e a cidadania.
Projeto da Associação Amparo Maternal transforma vidas com apoio do FNS em 2024
Um dos projetos que recebeu apoio do FNS em 2024 foi a Associação Amparo Maternal, em São Paulo, que há mais de 80 anos acolhe gestantes, mães e bebês com atendimento integral e humanizado. Fundada em 1939 e localizada na Rua Napoleão de Barros, na Vila Clementino, a entidade dedica-se ao acolhimento integral e humanizado de gestantes, mães e bebês em situação de vulnerabilidade.
Com os recursos recebidos, a Associação fortaleceu o projeto “Amparo Pela Vida”, iniciativa que teve como missão reconstruir o tecido social a partir do cuidado com a vida desde seu início.
“O apoio do FNS foi fundamental para garantir alimentação adequada às mulheres e crianças acolhidas no Pavilhão Irmã Leoni para Gestantes, Mães e Bebês, que possui capacidade para atender até 100 pessoas por dia, em funcionamento 24 horas”.
Distribuição de alimentos
Ao longo do período de execução do projeto foram realizadas compras mensais de alimentos, cuidadosamente planejadas com base nas necessidades nutricionais específicas de gestantes e mulheres no puerpério. Quatro profissionais especializados em culinária atuaram na preparação das refeições, garantindo uma alimentação balanceada, saudável e adequada ao público acolhido.
As refeições foram distribuídas em café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. Essa rotina garantiu que todas as gestantes, puérperas e crianças acolhidas recebessem nutrição adequada, regular e de qualidade, contribuindo diretamente para sua saúde física e emocional durante o período de acolhimento.
Equipe multidisciplinar
A realização e o desenvolvimento das atividades foram acompanhados por uma equipe técnica especializada que garantiu o bem-estar físico, conforto e segurança das mulheres acolhidas no ambiente institucional. A equipe foi composta por gerente de serviço, psicólogo, assistentes pessoais, pedagoga, orientadoras socioeducativas e cuidadoras sociais.
O acompanhamento das ações foi realizado de forma qualitativa e quantitativa, com monitoramento constante ao longo do projeto. Entre os indicadores analisados estiveram a satisfação das usuárias, o alcance das metas estabelecidas e os resultados obtidos junto às gestantes, puérperas e seus filhos.
Projeto solicitude e ações complementares
Paralelamente à alimentação foi executado o Projeto Solicitude, que acompanhou mulheres após a saída qualificada do acolhimento. Essas ex-acolhidas participaram de encontros mensais no centro, onde puderam compartilhar experiências, celebrar conquistas, participar de palestras e receber cestas básicas.
As atividades promoveram o fortalecimento de vínculos e ofereceram suporte emocional e social. Segundo a coordenação do projeto, os temas abordados nas palestras foram fundamentais para o processo de reintegração e autonomia das mulheres.
Beneficiados
Ao final do projeto foram 100 pessoas impactadas diretamente, entre mulheres e crianças. Todas as assistidas receberam alimentação adequada ao longo do período, além de apoio emocional, social e educativo.
“A ação contribuiu de forma efetiva para a redução da vulnerabilidade social, promovendo dignidade, autoestima e oportunidades reais de reconstrução de vidas”, salienta a coordenação do projeto.
A continuidade do projeto será assegurada por meio de parcerias, incluindo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), além de colaborações com pessoas jurídicas, como o Mesa Brasil e a Instituição BibliAsp, juntamente com doações de pessoas físicas. Essas parcerias e contribuições são fundamentais para garantir a manutenção de uma alimentação saudável e de qualidade para as mulheres gestantes, puérperas, bebês e seus filhos até a primeira infância.
“Essa rede de apoio diversificada fortalece o projeto e garante sua sustentabilidade a longo prazo, beneficiando assim as famílias atendidas de forma contínua e consistente”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Papa visita Basílica de São Pedro para rezar no túmulo de Pio X
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Mais uma saída não programada de Francisco, como no domingo passado, a partir da Casa Santa Marta, onde segue em convalescença e retomou alguns encontros. O Pontífice esteve por volta das 13h locais na Basílica vaticana, onde encontrou cerca de uma centena de fiéis muito emocionados que se aproximaram para saudá-lo e receber sua bênção.

Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano
Eram quase 13h (horário local) na Basílica de São Pedro quando algumas mulheres começaram a gritar: “É o Papa! É o Papa!”. Após a surpresa do domingo passado, quando os 20 mil fiéis na Praça São Pedro para o Jubileu dos Enfermos viram, de repente, o Papa chegar de cadeira de rodas, também nesta tarde Francisco quis deixar por alguns minutos a Casa Santa Marta, onde prossegue sua recuperação, para entrar na Basílica. Menos de dez minutos para rezar diante do túmulo do Papa Pio X, o santo pontífice com quem sempre demonstrou forte ligação e a quem já havia rezado no último domingo.
Fiéis saúdam o Papa
Poucos minutos, no entanto, foram suficientes para comover as cerca de cem pessoas que naquele momento visitavam a Basílica e que, “como num boca a boca organizado”, segundo relatos de quem estava presente, se reuniram para saudar o Papa. Entre elas, algumas restauradoras que trabalhavam naquele momento por trás de um pano, nos trabalhos internos destes meses realizados pela Fábrica de São Pedro, apertaram a mão de Jorge Mario Bergoglio; várias crianças foram por ele abençoadas; e grupos inteiros de peregrinos em Roma para o Jubileu se aproximaram.
“Muita emoção, minha visão ficou turva pelas lágrimas e não consegui nem tirar uma foto”, contou aos meios de comunicação do Vaticano monsenhor Valerio Di Palma, cônego da Basílica de São Pedro. Ele havia voltado à sacristia por volta das 12h50 e, dez minutos depois, saiu atraído pelo alvoroço e viu a cadeira de rodas com o Papa, empurrada por Massimiliano Strappetti, seu assistente de saúde pessoal. Ao redor, os guardas tentavam manter a ordem.
Bênçãos e saudações
“O Papa passou pela Porta da Oração e depois foi até o Altar da Cátedra e, por fim, ao túmulo de São Pio X para rezar. No final, cumprimentou algumas pessoas, na medida do possível”, explica monsenhor Di Palma. Nenhuma palavra de Francisco, apenas gestos. Gestos de proximidade e carinho com aqueles que encontrou à sua frente — alguns até formaram fila só para ter um instante de contato com o Bispo de Roma, em um tempo em que, por causa da convalescença, suas aparições públicas têm sido raras: “Todos correram ao saber que o Papa tinha vindo de surpresa”.
Francisco se mostrou ao povo com uma manta sobre as pernas, contra o frio, e as cânulas nasais para receber oxigênio: “Isso nos comoveu — vê-lo assim, ‘à paisana’, simples. Todos choravam, até o pessoal da segurança”. Algumas crianças se aproximaram do Papa, uma senhora recebeu sua bênção entre lágrimas. Por que lágrimas? “Porque é sinal de que ele está se recuperando, que sim, está sofrendo, mas está próximo. O que mais me tocou foram os olhos: grandes, brilhantes. Um olhar penetrante e atento. Não disse nada: apenas cumprimentava e abençoava. Eu disse a ele: ‘Santidade, estamos ansiosos por tê-lo de volta aqui, novamente’. Ele sorriu.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Sexta-feira, 11 de abril-2025. 5ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Perdoai, ó Deus, nós vos pedimos, as culpas do vosso povo. E, na vossa bondade, desfazei os laços dos pecados que em nossa fraqueza cometemos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 10, 31-42)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, 31Os judeus pegaram pela segunda vez em pedras para o apedrejar. 32Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte de meu Pai. Por qual dessas obras me apedrejais? 33Os judeus responderam-lhe: Não é por causa de alguma boa obra que te queremos apedrejar, mas por uma blasfêmia, porque, sendo homem, te fazes Deus. 34Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Vós sois deuses (Sl 81,6)? 35Se a lei chama deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (ora, a Escritura não pode ser desprezada), 36como acusais de blasfemo aquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, porque eu disse: Sou o Filho de Deus? 37Se eu não faço as obras de meu Pai, não me creiais. 38Mas se as faço, e se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai. 39Procuraram então prendê-lo, mas ele se esquivou das suas mãos. 40Ele se retirou novamente para além do Jordão, para o lugar onde João começara a batizar, e lá permaneceu. 41Muitos foram a ele e diziam: João não fez milagre algum, 42mas tudo o que João falou deste homem era verdade. E muitos acreditaram nele. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Estamos chegando perto da Semana Santa, em que comemoramos e atualizamos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Desde a quarta semana da quaresma, os textos dos evangelhos diários são tirado quase exclusivamente do Evangelho de João, dos capítulos que acentuam a tensão dramática entre, de um lado, a revelação progressiva que Jesus faz do mistério do Pai que o enche por inteiro e, de outro lado, o fechamento progressivo da parte dos judeus que se tornam cada vez mais impenetráveis à mensagem de Jesus. O trágico deste fechamento é que ele é feito em nome da fidelidade a Deus. É em nome de Deus que eles rejeitam Jesus.
Esta maneira de João apresentar o conflito entre Jesus e as autoridade religiosas não é só algo que aconteceu no longínquo passado. É também um espelho que reflete o que acontece hoje. É em nome de Deus que algumas pessoas se transformam em bombas vivas e matam os outros. É em nome de Deus que nós, membros das três religiões do Deus de Abraão, judeus, cristãos e muçulmanos, nos condenamos e nos combatemos mutuamente, ao longo da história. É tão difícil e tão necessário o ecumenismo entre nós. Em nome de Deus foram feitas muitas barbaridades e continuam sendo feitas até hoje. A quaresma é um período importante para parar e perguntar qual a imagem de Deus que habita o meu ser?
João 10,31-33: Os judeus querem apedrejar Jesus. Os judeus apanham pedras para matar Jesus. Jesus pergunta: "Por ordem do meu Pai, tenho feito muitas coisas boas na presença de vocês. Por qual delas vocês me querem apedrejar?" A resposta: "Não queremos te apedrejar por causa de boas obras, e sim por causa de uma blasfêmia: tu és apenas um homem, e te fazes passar por Deus." Querem matar Jesus por blasfêmia. A lei mandava apedrejar tais pessoas.
João 10,34-36: A Bíblia chama todos de Filhos de Deus. Eles querem matar Jesus porque ele se faz passar por Deus. Jesus responde em nome da mesma Lei de Deus: "Por acaso, não é na Lei de vocês que está escrito: 'Eu disse: vocês são deuses'? Ninguém pode anular a Escritura. Ora, a Lei chama de deuses as pessoas para as quais a palavra de Deus foi dirigida. O Pai me consagrou e me enviou ao mundo. Por que vocês me acusam de blasfêmia, se eu digo que sou Filho de Deus?”.
Estranhamente, Jesus diz “a lei de vocês”. Ele deveria dizer “nossa lei”. Por que ele fala assim? Aqui transparece novamente a ruptura trágica entre Judeus e Cristãos, dois irmãos, filhos do mesmo pai Abraão, que se tornaram inimigos irredutíveis a ponto de os cristãos dizerem “a lei de vocês”, como se não fosse mais nossa lei.
João 10,37-38: Ao menos acreditem nas obras que faço. Jesus torna a falar das obras que ele faz e que são a revelação do Pai. Se não faço as obras do Pai não precisam crer em mim. Mas se as faço, mesmo que vocês não acreditem em mim, acreditem ao menos nas obras, para que você possam chegar a perceber que o Pai está em mim e eu no pai. As mesmas palavras Jesus vai pronunciar para os discípulos na última Ceia (Jo 14,10-11).
João 10,39-42: Novamente querem matá-lo, mas ele escapou das mãos deles. Não houve nenhum sinal de conversão. Eles continuam achando que Jesus é blasfemo e insistem em querer matá-lo. Não há futuro para Jesus. Sua morte está decretada, mas sua hora ainda não chegou. Jesus sai e atravessa o Jordão para o lugar onde João tinha batizado. Assim mostra a continuidade da sua missão com a missão de João. Ajudava o povo a perceber a linha da ação de Deus na história. O povo reconhece em Jesus aquele que João tinha anunciado.
4) Para um confronto pessoal
1) Os judeus condenam Jesus em nome de Deus, em nome da imagem que eles têm de Deus. Já aconteceu eu condenar alguém em nome de Deus e depois descobrir que eu estava errado?
2) Jesus se diz “Filho de Deus”. Quando eu professo no Credo que Jesus é o Filho de Deus, qual o conteúdo que eu coloco nesta minha profissão de fé?
5) Oração final
Eu te amo, SENHOR, minha força, SENHOR, meu rochedo, minha fortaleza, meu libertador; meu Deus, minha rocha, na qual me refugio; meu escudo e baluarte, minha poderosa salvação. (Sl 17, 2-3)
Carlos e Camilla em visita privada ao Papa em seu aniversário de casamento
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A realeza britânica, em visita de Estado à Itália de 7 a 10 de abril, foi recebida esta tarde por Francisco para uma visita privada, na Casa Santa Marta, onde o Pontífice continua sua convalescença após ficar internado no Hospital Gemelli. O Papa e o Rei trocam votos recíprocos de uma rápida recuperação.
Salvatore Cernuzio – Vatican News
Num dia particularmente significativo para sua família, entre seu vigésimo aniversário de casamento e os quatro anos da morte de Filipe de Edimburgo, os membros da realeza inglesa Carlos e Camilla, em visita oficial à Itália de 7 a 10 de abril, se encontraram com o Papa Francisco na tarde desta quarta-feira (09/04). O encontro realizou-se na Casa Santa Marta, onde o Papa está em convalescença há mais de duas semanas após ter sido internado no Hospital Gemelli, e onde recentemente retomou alguns encontros.
A Sala de Imprensa da Santa Sé informa: "O Papa Francisco encontrou-se em privado com Suas Majestades, o Rei Carlos e a Rainha Camila, esta tarde. Durante o encontro, o Papa teve a oportunidade de expressar seus votos a Suas Majestades por ocasião do aniversário de seu casamento e retribuiu a Sua Majestade os votos de uma rápida recuperação de sua saúde."
Uma referência às condições de saúde do Rei, que foi internado no final de março devido aos efeitos colaterais do tratamento do câncer que lhe foi diagnosticado há um ano.
O Buckingham Palace anunciou um encontro oficial com o Papa no início de março, enquanto Francisco estava internado há alguns dias com pneumonia bilateral, explicando que a realeza inglesa passaria, no Vaticano, a primeira etapa de sua viagem à Itália para celebrar o Jubileu com o Pontífice. Uma nota posterior datada de 24 de março comunicou que o rei Carlos III e sua esposa não encontrariam o Papa devido a necessidades relacionadas à sua convalescença. “Suas Majestades”, dizia a nota, “expressam seus melhores votos ao Papa por sua convalescença e esperam visitar a Santa Sé assim que ele se recuperar”.
Votos que o casal expressou pessoalmente durante o encontro realizado na tarde desta quarta-feira, 9 de abril. Carlos III, além de ser o monarca do Reino Unido, é também, como se sabe, o chefe da Igreja Anglicana. Em 2019, na véspera da canonização do cardeal John Henry Newman, primeiro britânico a ser proclamado santo em mais de quarenta anos, o então príncipe de Gales assinou um artigo no L'Osservatore Romano, chamando o evento de "motivo de celebração não apenas no Reino Unido e não apenas para os católicos, mas também para todos aqueles que prezam os valores que o inspiraram". Carlos participou da cerimônia, no Vaticano, em 13 de outubro de 2019, no final da qual cumprimentou o Papa Francisco.
Durante esses três dias de visita, os soberanos britânicos se encontraram com o presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, e a primeira-ministra, Giorgia Meloni. O Rei falou às Câmaras reunidas no Palácio Montecitório, sede da Câmara dos Deputados da Itália. Fonte: https://www.vaticannews.va
Quinta-feira, 10 de abril-2025. 5ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Assisti, ó Deus, aqueles que vos suplicam e guardai com solicitude os que esperam em vossa misericórdia, para que, libertos de nossos pecados, levemos uma vida santa e sejamos herdeiros das vossas palavras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 8, 51-59)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, 51Disse Jesus aos Judeus em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a minha palavra, não verá jamais a morte. 52Disseram-lhe os judeus: Agora vemos que és possuído de um demônio. Abraão morreu, e também os profetas. E tu dizes que, se alguém guardar a tua palavra, jamais provará a morte... 53És acaso maior do que nosso pai Abraão? E, entretanto, ele morreu... e os profetas também. Quem pretendes ser? 54Respondeu Jesus: Se me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; meu Pai é quem me glorifica, aquele que vós dizeis ser o vosso Deus 55e, contudo, não o conheceis. Eu, porém, o conheço e, se dissesse que não o conheço, seria mentiroso como vós. Mas conheço-o e guardo a sua palavra. 56Abraão, vosso pai, exultou com o pensamento de ver o meu dia. Viu-o e ficou cheio de alegria. 57Os judeus lhe disseram: Não tens ainda cinquenta anos e viste Abraão!... 58Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão fosse, eu sou. 59A essas palavras, pegaram então em pedras para lhas atirar. Jesus, porém, se ocultou e saiu do templo. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O capítulo 8 parece uma exposição de obras de arte, onde se podem admirar e contemplar famosas pinturas, uma ao lado da outra. O evangelho de hoje traz mais uma pintura, mais um diálogo entre Jesus e os judeus. Não há muito nexo entre uma e outra pintura. É o expectador ou a expectadora que, pela sua observação atenta e orante, consegue descobrir o fio invisível que liga entre si as pinturas, os diálogos. Deste modo vamos penetrando aos poucos no mistério divino que envolve a pessoa de Jesus.
João 8,51: Quem guarda a palavra de Jesus jamais verá a morte. Jesus faz um solene afirmação. Os profetas diziam: Oráculo do Senhor! Jesus diz: “Em verdade, em verdade vos digo!” E a afirmação solene é esta: “Se alguém guardar minha palavra jamais verá a morte!” De muitas maneiras este mesmo tema aparece e reaparece no evangelho de João. São palavras de grande profundidade
João 8,52-53: Abraão e os profetas morreram. A reação dos judeus é imediata: "Agora sabemos que estás louco. Abraão morreu e os profetas também. E tu dizes: 'se alguém guarda a minha palavra, nunca vai experimentar a morte'. Por acaso, tu és maior que o nosso pai Abraão, que morreu? Os profetas também morreram. Quem é que pretendes ser?" Eles não entenderam o alcance da afirmação de Jesus. Diálogo de surdos..
João 8,54-56: Quem me glorifica é meu Pai. Sempre de novo Jesus bate na mesma tecla: ele está de tal modo unido ao Pai que nada do que ele diz e faz é dele. Tudo é do Pai. E ele acrescenta: "Quem me glorifica é o meu Pai, aquele que vocês dizem que é o Pai de vocês. Vocês não o conhecem, mas eu o conheço. Se dissesse que não o conheço, eu seria mentiroso como vocês. Mas eu o conheço e guardo a palavra dele. Abraão, o pai de vocês, alegrou-se porque viu o meu dia. Ele viu e encheu-se de alegria." Estas palavras de Jesus devem ter sido como uma espada a ferir a auto-estima dos judeus. Dizer às autoridades religiosas: “Vocês não conhecem o Deus que vocês dizem conhecer. Eu o conheço e vocês não o conhecem!”, é o mesmo que acusa-las de total ignorância exatamente naquele assunto no qual eles pensam ser doutores especializados. E a palavra final encheu a medida: “Abraão, o pai de vocês, alegrou-se porque viu o meu dia. Ele viu e encheu-se de alegria”.
João 8,57-59: Não tens 50 anos e já viu Abraão! Tomaram tudo ao pé de a letra mostrando assim que não entenderam nada do que Jesus estava dizendo. E Jesus faz nova afirmação solene: “Em verdade, em verdade digo a vocês: antes que Abraão existisse, EU SOU!” Para quem crê em Jesus, é aqui que alcançamos o coração do mistério da história. Novamente pedras para matar Jesus. Nem desta vez o conseguiram, pois a hora ainda não chegou. Quem determina o tempo e a hora é o próprio Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Diálogo de surdos entre Jesus e os judeus. Você já teve alguma vez a experiência de conversar com alguém que pensa exatamente o oposto de você e não se dá conta disso?
2) Como entender esta frase: “Abraão, o pai de vocês, alegrou-se porque viu o meu dia. Ele viu e encheu-se de alegria” ?
5) Oração final
Procurai o SENHOR e o seu poder, não cesseis de buscar sua face. Lembrai-vos dos milagres que fez, dos seus prodígios e dos julgamentos que proferiu. (Sl 104, 4-5)
Quarta-feira, 9 de abril-2025. 5ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus de misericórdia, iluminai nossos corações purificados pela penitência. E ouvi com paternal bondade aqueles a quem dais o afeto filial. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 8, 31-42)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, 31Jesus dizia aos judeus que nele creram: Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; 32conhecereis a verdade e a verdade vos livrará. 33Replicaram-lhe: Somos descendentes de Abraão e jamais fomos escravos de alguém. Como dizes tu: Sereis livres? 34Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo. 35Ora, o escravo não fica na casa para sempre, mas o filho sim, fica para sempre. 36Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. 37Bem sei que sois a raça de Abraão; mas quereis matar-me, porque a minha palavra não penetra em vós. 38Eu falo o que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que aprendestes de vosso pai. 39Nosso pai, replicaram eles, é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. 40Mas, agora, procurais tirar-me a vida, a mim que vos falei a verdade que ouvi de Deus! Isso Abraão não o fez. 41Vós fazeis as obras de vosso pai. Retrucaram-lhe eles: Nós não somos filhos da fornicação; temos um só pai: Deus. 42Jesus replicou: Se Deus fosse vosso pai, vós me amaríeis, porque eu saí de Deus. É dele que eu provenho, porque não vim de mim mesmo, mas foi ele quem me enviou. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No evangelho de hoje, continua a reflexão sobre o capítulo 8 de João. Em forma de círculos concêntricos, João vai aprofundando o mistério de Deus que envolve a pessoa de Jesus. Parece repetição, pois ele sempre torna a falar do mesmo assunto. Na realidade, é o mesmo assunto, mas é cada vez num nível mais profundo. O evangelho de hoje aborda o tema do relacionamento de Jesus com Abraão, o Pai do povo de Deus. João procura ajudar as comunidades a compreender como Jesus se situa dentro do conjunto da história do Povo de Deus. Ajuda-as a perceber a diferença que existe entre Jesus e os judeus, pois também os judeus e aliás todos nós somos filhos e filhas de Abraão.
João 8,31-32: A liberdade que nasce da fidelidade à palavra de Jesus. Jesus afirma aos judeus: "Se vocês guardarem a minha palavra, vocês de fato serão meus discípulos; conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês". Ser discípulo de Jesus é o mesmo que abrir-se para Deus. As palavras de Jesus são na realidade palavras de Deus. Elas comunicam a verdade, pois fazem conhecer as coisas do jeito que elas são aos olhos de Deus e não aos olhos dos fariseus. Mais tarde, durante a última Ceia, Jesus ensinará a mesma coisa aos discípulos.
João 8,33-38: O que é ser filho e filha de Abraão? A reação dos judeus é imediata: "Nós somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: 'vocês ficarão livres'?” Jesus rebate fazendo uma distinção entre filho e escravo e diz: "Quem comete o pecado, é escravo do pecado. O escravo não fica para sempre na casa, mas o filho fica aí para sempre. Por isso, se o Filho os libertar, vocês realmente ficarão livres”. Jesus é o filho e vive na casa do Pai. O escravo não vive na casa. Viver fora de casa, fora de Deus, é viver em pecado. Se eles aceitarem a palavra de Jesus poderão tornar-se filhos e terão a liberdade. Deixarão de ser escravos. E Jesus continua: “Eu sei que vocês são descendentes de Abraão; no entanto, estão procurando me matar, porque minha palavra não entra na cabeça de vocês”. Em seguida aparece bem clara a distinção: “Eu falo das coisas que vi junto do Pai; vocês também devem fazer aquilo que ouvem do pai de vocês”. Jesus lhes nega o direito de dizer que são filhos de Abraão, pois as obras deles dizem o contrário.
João 8,39-41a: Um filho de Abraão pratica as obras de Abraão. Eles insistem em afirmar: “Nosso Pai è Abraão!” como se quisessem apresentar a Jesus o documento de sua identidade. Jesus rebate: "Se vocês são filhos de Abraão, façam as obras de Abraão. Agora, porém, vocês querem me matar, e o que eu fiz, foi dizer a verdade que ouvi junto de Deus. Isso Abraão nunca fez. Vocês fazem a obra do pai de vocês”. Nas entrelinhas, ele sugere que o pai deles é satanás (Jo 8,44). Sugere que são filhos da prostituição.
João 8,41b-42: Se Deus fosse pai de vocês, vocês me amariam, porque eu saí de Deus. Usando palavras diferentes, Jesus repete a mesma verdade: “Quem é de Deus escuta as palavras de Deus”. A origem desta afirmação vem de Jeremias que disse: “Colocarei minha lei em seu peito e a escreverei em seu coração; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais precisará ensinar seu próximo ou seu irmão, dizendo: "Procure conhecer a Javé". Porque todos, grandes e pequenos, me conhecerão - oráculo de Javé. Pois eu perdôo suas culpas e esqueço seus erros” (Jr 31,33-34). Mas eles não se abriram para esta nova experiência de Deus, e por isso não reconhecem Jesus como o enviado do Pai.
4) Para um confronto pessoal
1) Liberdade que se submete totalmente ao Pai. Existe algo assim em você? Conhece pessoas assim?
2) Qual a experiência mais profunda em mim que me leva a reconhecer Jesus como o enviado de Deus?
5) Oração final
Bendito és tu, Senhor, Deus dos nossos pais, sejas louvado e exaltado para sempre! Bendito seja o teu nome santo e glorioso! Sejas louvado e exaltado para sempre! (Dn 3, 52)
Semana Santa em Salvador: Devoção, Tradição e Fé.
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RECORDAÇÃO DO OLHAR JORNALÍSTICO. Ritual da Semana Santa- Março/ 2018- em Salvador/BA. Imagens: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
Terça-feira, 8 de abril-2025. 5ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Concedei-nos, ó Deus, perseverar no vosso serviço para que, em nossos dias, cresça em número e santidade o povo que vos serve. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 8, 21-30)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, 21Jesus disse-lhes: Eu me vou, e procurar-me-eis e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir. 22Perguntavam os judeus: Será que ele se vai matar, pois diz: Para onde eu vou, vós não podeis ir? 23Ele lhes disse: Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. 24Por isso vos disse: morrereis no vosso pecado; porque, se não crerdes o que eu sou, morrereis no vosso pecado. 25Quem és tu?, perguntaram-lhe eles então. Jesus respondeu: Exatamente o que eu vos declaro. 26Tenho muitas coisas a dizer e a julgar a vosso respeito, mas o que me enviou é verdadeiro e o que dele ouvi eu o digo ao mundo. 27Eles, porém, não compreenderam que ele lhes falava do Pai. 28Jesus então lhes disse: Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis quem sou e que nada faço de mim mesmo, mas falo do modo como o Pai me ensinou. 29Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou sozinho, porque faço sempre o que é do seu agrado. 30Tendo proferido essas palavras, muitos creram nele. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
Na semana passada, a liturgia nos levava a meditar o capítulo 5 do Evangelho de João. Esta semana ela nos confronta com o capítulo 8 do mesmo evangelho. Como o capítulo 5, também o capítulo 8 contém reflexões profundas sobre o mistério de Deus que envolve a pessoa de Jesus. Aparentemente, trata-se de diálogos entre Jesus e os fariseus (Jo 8,13). Os fariseus querem saber quem é Jesus. Eles o criticam por ele dar testemunho de si mesmo sem nenhuma prova ou testemunho para legitimar-se diante do povo (Jo 8,13). Jesus responde dizendo que ele não fala a partir de si mesmo, mas sempre a partir do Pai e em nome do Pai (Jo 8,14-19).
Na realidade, os diálogos são também expressão de como era a transmissão catequética da fé nas comunidades do discípulo amado no fim do primeiro século. Eles refletem a leitura orante que os cristãos faziam das palavras de Jesus como expressão da Palavra de Deus. O método de pergunta e resposta ajudava-os a encontrar a resposta para os problemas que, naquele fim de século, os judeus levantavam para os cristãos. Era uma maneira concreta de ajudar a comunidade a ir aprofundando sua fé em Jesus e sua mensagem.
João 8,21-22: Onde eu vou, vocês não podem me seguir. Aqui João aborda um novo assunto ou um outro aspecto do mistério que envolve a pessoa de Jesus. Jesus fala da sua partida e diz que, para onde ele vai, os fariseus não podem segui-lo. “Eu vou e vocês me procuram e vão morrer no seu pecado”. Eles procuram Jesus, mas não vão encontra-lo, pois não o conhecem e o procuram com critérios errados. Eles vivem no pecado e vão morrer no pecado. Viver no pecado é viver afastado de Deus. Eles imaginam Deus de um jeito, e Deus é diferente do que eles o imaginam. Por isso não são capazes de reconhecer a presença de Deus em Jesus. Os fariseus não entendem o que Jesus quer dizer e tomam tudo ao pé da letra: “Será que ele vai se matar?”
João 8,23-24: Vocês são aqui de baixo e eu sou lá de cima. Os fariseus se orientam em tudo pelos critérios deste mundo. “Vocês são deste mundo e eu não sou deste mundo!” O quadro de referências que orienta Jesus em tudo que ele diz e faz é o mundo lá de cima, isto é, Deus, o Pai, e a missão que recebeu do Pai. O quadro de referências dos fariseus é o mundo cá de baixo, sem abertura, fechado nos seus próprios critérios. Por isso, eles vivem em pecado. Viver em pecado é não ter o olhar de Jesus sobre a vida. O olhar de Jesus é totalmente aberto para Deus a ponto de Deus estar nele em toda a sua plenitude (cf. Col 1,19). Nós dizemos: “Jesus é Deus”. João nos convida a dizer: “Deus é Jesus!”. Por isso, Jesus diz. “Se vocês não acreditarem que EU SOU, vocês vão morrer em seus pecados”. EU SOU é a afirmação com que Deus se apresentou a Moisés no momento de libertar o seu povo da opressão do Egito (Ex 3,13-14). É a expressão máxima da certeza absoluta de que Deus está no meio de nós através de Jesus. Jesus é a prova definitiva de que Deus está conosco. Emanuel.
João 8,25-26: Quem è você? O mistério de Deus em Jesus não cabe nos critérios com que os fariseus olham para Jesus. De novo perguntam: “Quem è você?” Eles nada entenderam porque não entendem a linguagem de Jesus. Jesus teria muito a falar a eles a partir de tudo que ele experimentava e vivia em contato com o Pai e a partir da consciência da sua missão. Jesus não se auto-promove. Ele apenas diz e expressa o que ouve do Pai. Ele é pura revelação porque é pura e total obediência.
João 8,27-30: Quando vocês tiverem elevado o Filho do Homem saberão que EU SOU. Os fariseus não entendem que Jesus, em tudo que diz e faz, é expressão do Pai. Só vão compreendê-lo depois que tiverem elevado o Filho do Homem. “Aí vocês saberão que EU SOU”. A palavra elevar tem o duplo sentido de elevar sobre a Cruz e de ser elevado à direita do Pai. A Boa Nova da morte e ressurreição vai revelar quem é Jesus, e eles saberão que Jesus é a presença de Deus no meio de nós. O fundamento desta certeza da nossa fé é duplo: de um lado, a certeza de que o Pai está sempre com Jesus e nunca o deixa sozinho e, de outro lado, a radical e total obediência de Jesus ao Pai, pela qual ele se torna abertura total e total transparência do Pai para nós
4) Para um confronto pessoal
1) Quem se fecha nos seus critérios e acha que já sabe tudo, nunca será capaz de compreender o outro. Assim eram os fariseus frente a Jesus. E eu frente aos outros, como me comporto?
2) Jesus é radical obediência ao Pai e por isso é total revelação do Pai. E eu, que imagem de Deus se irradia a partir de mim?
5) Oração final
SENHOR, escuta minha oração, e chegue a ti meu clamor. Não me ocultes teu rosto no dia da minha angústia. Inclina para mim teu ouvido; quando te invoco, atende-me depressa. (Sl 101, 2-3)
Restauração faz 'harmonização facial' em imagem de santa que é patrimônio nacional e causa revolta em fiéis; veja antes e depois
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Iphan nega ter autorizado a restauração. Fiéis dizem que a imagem perdeu traços que remetem a dor e sofrimento.
Mudanças na imagem de Nossa Senhora das Dores — Foto: Reprodução / TV Anhanguera
Por Vinícius Silva, g1 Goiás
Alteração de imagem de Nossa Senhora das Dores gera indignação em Pirenópolis
Uma restauração feita na imagem de Nossa Senhora das Dores, em Pirenópolis, no Entorno do Distrito Federal, está causando revolta nos fiéis que viram diferenças em comparação com a pintura anterior da imagem. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), disse que não autorizou a restauração e enviou um ofício à Diocese de Anápolis, que responde pela paróquia onde está a santa em busca de explicações.
A imagem é do século XVIII e fica exposta na igreja Nossa Senhora do Rosário, no centro histórico de Pirenópolis. Conhecida pela expressão carregada de tristeza e com detalhes de lágrimas que escorrem pelo seu rosto, e sobrancelhas curvadas de quem vê o corpo do próprio filho morto depois de ser crucificado, a santa agora ganhou tons de maquiagem. Os fiéis não gostaram da mudança.
"Ela está sem a lágrima, sem a feição, está com cílios. Praticamente maquiada com blush. É a mãe de Jesus, nossa mãe e quando chega essa época a gente quer ir adorar, participar. Pede para ela porque a feição dessa imagem e a semelhança da gente", disse a devota Helena Cristina de Pina.
Quando as fotos do antes e depois da restauração são colocadas lado a lado é possível notar algumas mudanças como a tonalidade da pintura, a boca que parece estar com batom, as bochechas mais rosadas e cílios bem delineados. As lágrimas quase não são aparecem na imagem atual. Diferente da expressão anterior.
A mudança aconteceu também nas mãos da santa que antes tinha tons mais escuros, e agora estão mais brancas e sem sombreado - compare abaixo.
"Nós observamos que mudou a cor da imagem. A técnica de pintura é diferente porque essas imagens antigas são pintadas com policromia, uma técnica que usa várias cores para dar tonalidades da pele, feição. E a pintura que tem lá é simples com tinta de uma cor só, isso mudou completamente os traços e características que ela tinha", explicou o devoto e jornalista Ronaldo Félix.
O Iphan mandou um ofício para a Diocese de Anápolis, responsável pelas igrejas católicas de Pirenópolis. O documento relata que Virgínia Conrrade Lopes da Silva, restauradora do instituto, esteve na igreja em março de 2025 e não foi informada sobre a necessidade de reformar a imagem da santa.
O Iphan solicitou o esclarecimento sobre a pintura feita na imagem sem autorização do instituto e sem o acompanhamento de um técnico restaurador habilitado. O prazo para esse esclarecimento é de 15 dias.
"Não foi uma obra de restauração pelo dano que causou à Nossa Senhora das Dores", disse Margareth de Lourdes Souza, chefe substituta do escritório do Iphan em Pirenópolis.
Margareth também disse que essa restauração não foi autorizada pelo Iphan. "De maneira alguma", frisou.
No próximo dia 18 quando a igreja católica celebra a Sexta-feira Santa, ou Sexta-feira da Paixão de Cristo, a imagem de Nossa Senhora das Dores sai às ruas para uma procissão.
O g1 tentou contato com o pároco de Pirenópolis, mas não teve retorno até a última atualização desta matéria. A reportagem entrou em contato também com a Diocese de Anápolis, mas não consegui contato com o responsável. Fonte: https://g1.globo.com
Reflexão para o V Domingo da Quaresma
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O pecado é um mal que fere o homem. Por isso, Deus o detesta, Jesus o detestou. Mas ele não condena o pecador, ao contrário, ele veio salvar o pecador, veio dar sua vida para salvá-lo.
Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News
No Evangelho deste domingo temos a má vontade e a hipocrisia, de um lado, e a justiça e bondade de Deus, do outro. Evidentemente, o Amor é mais inteligente e vence a hipocrisia.
Uma mulher é apanhada em adultério. Naquela época cometer adultério não significava necessariamente estar com outra pessoa, mas bastava apenas a insinuação. Preferimos entender assim, já que não se fala do parceiro com quem a adúltera pecava.
Os fariseus, plenos de malícia, mais uma vez preparam uma cilada para que Jesus caia como blasfemo e entre em contradição com sua doutrina, a do amor.
Podemos ver aí duas atitudes:
Do lado dos fariseus temos pessoas altamente preocupadas pela legalidade e pelo cumprimento das prescrições mosaicas. Elas não suportam o pecado, dos outros! Por isso Jesus diz : “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra!” Existem pessoas que têm verdadeira obsessão pelos pecados, sobretudo sexuais, dos outros. Por que se deleitam em divulgar os pecados dos outros? Sempre arranjam justificativas para isso. Serão de fato puros e inocentes estes pregoeiros da moral?
Por outro lado Jesus, condoído pelo vexame e constrangimento vivido pela mulher, quer ajudá-la, quer revesti-la com a dignidade que havia perdido – por seu pecado e pela exposição feita pelos fariseus - , quer levantá-la. Afinal ele veio para salvar, para dar vida!
Mas nesse “imbroglio” está em jogo a missão de Jesus como Redentor – e é isso que os fariseus desejam verdadeiramente atingir. Podemos dizer que os fariseus queriam pegar dois coelhos com uma única cajadada: eliminar a mulher e desmoralizar Jesus, destruí-lo.
O Senhor, conhecendo os corações e pleno de sabedoria, dá tempo ao seu sentimento humano e respira fundo, rabiscando no chão. Depois, levanta a cabeça e, senhor da situação, com toda serenidade diz: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra!” Quem dentre os presentes jamais tivera um pensamento impuro? Quem dentre os presentes foi feito de natureza diferente? Quem dentre os presentes respeitava plenamente os dez mandamentos?
O pecado é um mal que fere o homem. Por isso, Deus o detesta, Jesus o detestou. Mas ele não condena o pecador, ao contrário, ele veio salvar o pecador, veio dar sua vida para salvá-lo. O que Jesus mais deseja é a salvação de quem errou. Ele não veio para julgar, mas para salvar!
Aprendamos com o Senhor. Qualquer que seja a situação que estejamos, qualquer que seja o deslize de um irmão nosso, seja ele quem for, sejamos discípulos do Mestre e procuremos salvar, vestir de dignidade quem a perdeu. Isso não significa acobertar o pecado e deixar a vítima de lado, mas ter um coração como o de Deus, onde existe lugar para todos. Deus é vida, sejamos também vida! Fonte: https://www.vaticannews.va
Quinta-feira, 3 de abril-2025. 4ª- SEMANA DA QUARESMA- Ano Litúrgico -C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Nós vos pedimos, ó Deus de bondade, que, corrigidos pela penitência e renovados pelas boas obras, possamos perseverar nos vossos mandamentos e chegar purificados às festas pascais. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 5, 31-47)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João - Naquele tempo, 31Se eu der testemunho de mim mesmo, não é digno de fé o meu testemunho. 32Há outro que dá testemunho de mim, e sei que é digno de fé o testemunho que dá de mim. 33Vós enviastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. 34Não invoco, porém, o testemunho de homem algum. Digo-vos essas coisas, a fim de que sejais salvos. 35João era uma lâmpada que arde e ilumina; vós, porém, só por uma hora quisestes alegrar-vos com a sua luz. 36Mas tenho maior testemunho do que o de João, porque as obras que meu Pai me deu para executar - essas mesmas obras que faço - testemunham a meu respeito que o Pai me enviou. 37E o Pai que me enviou, ele mesmo deu testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz nem vistes a sua face... 38e não tendes a sua palavra permanente em vós, pois não credes naquele que ele enviou. 39Vós perscrutais as Escrituras, julgando encontrar nelas a vida eterna. Pois bem! São elas mesmas que dão testemunho de mim. 40E vós não quereis vir a mim para que tenhais a vida... 41Não espero a minha glória dos homens, 42mas sei que não tendes em vós o amor de Deus. 43Vim em nome de meu Pai, mas não me recebeis. Se vier outro em seu próprio nome, haveis de recebê-lo... 44Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a glória que é só de Deus? 45Não julgueis que vos hei de acusar diante do Pai; há quem vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa esperança. 46Pois se crêsseis em Moisés, certamente creríeis em mim, porque ele escreveu a meu respeito. 47Mas, se não acreditais nos seus escritos, como acreditareis nas minhas palavras? - Palavra da salvação.
3) Reflexão
João, intérprete de Jesus. João é um bom intérprete das palavras de Jesus. Um bom intérprete deve ter uma dupla fidelidade. Fidelidade às palavras de quem fala, e fidelidade à linguagem de quem escuta. No Evangelho de João, as palavras de Jesus não são transmitidas materialmente ao pé da letra, mas são traduzidas e transpostas na linguagem do povo das comunidades cristãs do fim do primeiro século lá na Ásia Menor. Por este motivo, as reflexões do Evangelho de João nem sempre são fáceis de serem entendidas. Pois nelas se misturam as palavras de Jesus e as palavras do próprio evangelista que reflete a linguagem da fé das comunidades da Ásia Menor. Por isso mesmo, não basta o estudo erudito ou científico das palavras para podermos captar o sentido pleno e profundo das palavras de Jesus. É necessário ter em nós também a vivência comunitária da fé. O evangelho deste dia de hoje é um exemplo típico da profundidade espiritual e mística do evangelho do discípulo amado.
Iluminação mútua entre vida e fé. Aqui vale repetir o que João Cassiano disse a respeito da descoberta do sentido pleno e profundo dos salmos: “Instruídos por aquilo que nós mesmos sentimos, já não percebemos o texto como algo que só ouvimos, mas sim como algo que experimentamos e tocamos com nossas mãos; não como uma história estranha e inaudita, mas como algo que damos à luz desde o mais profundo do nosso coração, como se fossem sentimentos que formam parte do nosso ser. repitamo-lo: não é a leitura (estudo) que nos faz penetrar no sentido das palavras, mas sim a própria experiência nossa adquirida anteriormente na vida de cada dia” (Collationes X,11). A vida ilumina o texto, o texto ilumina a vida. Se, por vezes, o texto não nos diz nada, não é por falta de estudo nem por falta de oração, mas simplesmente por falta de aprofundar a própria vida.
João 5,31-32: O valor do testemunho de Jesus. O testemunho de Jesus é verdadeiro, porque ele não faz auto-promoção, nem exaltação de si mesmo. “Um outro dá testemunho de mim”, isto é o Pai. E o testemunho dele é verdadeiro e merece fé.
João 5,33-36: O valor do testemunho de João Batista e das obras de Jesus. João Batista também deu testemunho a respeito de Jesus e o apresento ao povo como o enviado de Deus que devia vir a este mundo (cf. Jo 1,29.33-34; 3,28-34). Porém, por mais importante que seja o testemunho de João, Jesus não depende dele. Ele tem um testemunho a seu favor que é maior do que o testemunho de João, a saber, as obras que o Pai realiza por meio dele (cf. Jo 14,10-11).
João 5,37-38: O Pai dá testemunho em favor de Jesus. Anteriormente, Jesus tinha dito: “Quem é de Deus ouve as palavras de Deus” (Jo 8,47). Os judeus que acusam Jesus não têm a mente aberta para Deus. Por isso, eles não conseguem perceber o testemunho do Pai que chega até eles através de Jesus.
João 5,39-41: A própria escritura dá testemunho em favor de Jesus. Os judeus dizem ter fé nas escrituras, mas, mas realidade, eles não entendem a Escritura, pois a própria Escritura fala de Jesus (cf. Jo 5,46; 12,16.41; 20,9).
João 5,42-47: O Pai não julga, mas confiou o julgamento ao filho. Os judeus se dizem fiéis à Escritura e a Moisés e, por isso, condenam Jesus. Na realidade, Moisés e a escritura falam a respeito de Jesus e pedem para crer nele.
4) Para um confronto pessoal
1) A vida ilumina o texto, o texto ilumina a vida. Já experimentou isto alguma vez?
2) Procure aprofundar o valor do testemunho de Jesus
5) Oração final
O SENHOR ampara todos os que caem e reergue todos os combalidos. Teu reino é reino de todos os séculos, teu domínio se estende a todas as gerações. (Sl 144, 14.13)
Quarta-feira, 2 de março-2024. 4ª- SEMANA DA QUARESMA- Ano Litúrgico - C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, que recompensais os méritos dos justos e perdoais aos pecadores que fazem penitência, sede misericordioso para conosco: fazei que a confissão de nossas culpas alcance o vosso perdão. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 5, 17-30)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 26No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. 28Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. 29Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. 30O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 32Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, 33e o seu reino não terá fim. 34Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem? 35Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, 37porque a Deus nenhuma coisa é impossível. 38Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O Evangelho de João è diferente dos outros três. Ele revela uma dimensão mais profunda que só a fé consegue perceber nas palavras e gestos de Jesus. Os Padres da Igreja diziam que o Evangelho de João é “espiritual”, revela aquilo que o Espírito faz descobrir nas palavras de Jesus (cf. Jo 16,12-13). Um exemplo bonito desta dimensão espiritual do evangelho de João é o trecho que meditamos hoje.
João 5,17-18: Jesus explicita o significado profundo da cura do paralítico. Criticado pelos judeus por ter feito uma cura em dia de sábado, Jesus responde: “Meu Pai trabalha até agora e por isso eu também trabalha!”. Os judeus ensinavam que em dia de sábado não se podia trabalhar, pois até o próprio Deus descansou e não trabalhou no sétimo dia da criação (Ex 20,8-11). Jesus afirma o contrário. Ele diz que o Pai não parou de trabalhar até agora. Por isso, ele, Jesus, também trabalha, mesmo em dia de sábado. Ele imita o Pai! Para Jesus, a obra criadora não terminou. Deus continua trabalhando, sem cessar, dia e noite, sustentando o universo e a todos nós. Jesus colabora com o Pai dando continuidade à obra da criação, para que um dia todos possam entrar no repouso prometido. A reação dos judeus foi violenta. Querem matá-lo por dois motivos: por negar o sentido do sábado e por se dizer igual a Deus.
João 5,19-21: É o amor que deixa transparecer a ação criadora de Deus. Estes versículos revelam algo do mistério do relacionamento entre Jesus e o Pai. Jesus, o filho, vive em atenção permanente diante do Pai. Aquilo que vê o Pai fazer, ele também faz. Jesus é o reflexo do Pai. É a cara do Pai! Esta atenção total do Filho ao Pai, faz com que o amor do Pai possa entrar totalmente no Filho e, através do Filho, realizar a sua ação no mundo. A grande preocupação do Pai é vencer a morte e fazer viver. A cura do paralítico foi uma forma de tirar as pessoas da morte e faze-las viver. É uma forma de dar continuidade à obra criadora do Pai.
João 5,22-23: O Pai não julga, mas confiou o julgamento ao filho. O decisivo na vida é a maneira como nós nos situamos frente ao Criador, pois dele dependemos radicalmente. Ora, o Criador se faz presente para nós em Jesus. Em Jesus habita a plenitude da divindade (cf. Col 1,19). Por isso, é na maneira como nos definimos diante de Jesus, que expressamos nossa posição frente ao Deus Criador. O que o Pai quer é que o conheçamos e honremos na revelação que Ele fez de si mesmo em Jesus.
João 5,24: A vida de Deus em nós através de Jesus. Deus é vida, é força criadora. Onde ele se faz presente, a vida renasce. Ele se faz presente através da Palavra de Jesus. Quem escuta a palavra de Jesus como sendo de Deus já está ressuscitado. Já recebeu o toque vivificante que o leva para além da morte. Já passou da morte para a vida. A cura do paralítico é a prova disso.
João 5,25-29: A ressurreição já está acontecendo. Os mortos somos todos nós que ainda não nos abrimos para a voz de Jesus que vem do Pai. Mas “vem a hora, e é agora, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que o ouvirem viverão”. Com a palavra de Jesus, vinda do. Pai, iniciou-se a nova criação. Ela já está em andamento. A palavra criadora de Jesus vai atingir a todos, mesmo os que já morreram. Eles ouvirão e viverão.
João 5,30: Jesus é o reflexo do Pai. “Por mim mesmo nada posso fazer, eu julgo segundo o que ouço, e meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas sim a vontade daquele que me enviou”. Esta frase final é o resumo de tudo que foi refletido anteriormente. Esta era a compreensão que as comunidades da época de João tinham e irradiavam a respeito de Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Como você imagina o relacionamento entre Jesus e o Pai?
2) Como você vive a fé na ressurreição?
5) Oração final
O SENHOR é clemente e misericordioso, lento para a ira e rico de graça. O SENHOR é bom para com todos, compassivo com todas as suas criaturas. (Sl 144, 8-9)
Vídeo com evangelista e travesti cantando juntos viraliza nas redes e mostra que fronteiras são porosas
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Encontro que desafia estereótipo religioso já teve mais de 3 milhões de visualizações
João Igor, da igreja Tua Graça & Vida, em Arujá (SP) canta com a travesti Fernanda Ganzarolli, que parou para participar da evangelização - @joao_igoroficial no Instagram
Daniel Guanaes
PhD em teologia pela Universidade de Aberdeen, é pastor presbiteriano, psicólogo e líder do movimento Pastores pela Vida (Visão Mundial)
Um encontro inesperado entre um cantor evangélico e uma travesti ganhou destaque nas redes sociais na última semana. Durante uma de suas apresentações de evangelização, João Igor, da igreja Tua Graça & Vida, em Arujá, na grande São Paulo, foi surpreendido por Fernanda Ganzarolli, que passava pela calçada e resolveu participar daquele momento.
João evangeliza nas ruas de Arujá, com seu violão e uma câmera de vídeo para transmitir seu trabalho. Enquanto encorajava as pessoas a pedirem para que Deus falasse com elas, Fernanda se aproximou. Olhando para a câmera do celular, disse: "É isso aí, galerinha. Vamos dar uma força pra quem está começando". E pediu: "Toca uma moda aí!"
A cena rapidamente se espalhou pela internet. O vídeo, que já ultrapassou 3 milhões de visualizações no perfil do cantor, se transformou em um símbolo de empatia — algo cada vez mais difícil de encontrar em tempos de radicalização.
A dinâmica do encontro chamou a minha atenção pelo mútuo respeito e generosidade. Fernanda animou o momento com músicas populares, sem saber que era uma apresentação evangélica. João Igor acolheu o gesto e retribuiu com suas canções de fé.
Quando Fernanda entendeu o contexto, respondeu com o mesmo respeito, participando dos louvores. No final do vídeo, João Igor disse: "que Deus abençoe a nossa amiga", e completou, dizendo que Deus traz os anjos para nos abençoar.
A fala final de João Igor me lembrou de um trecho da Bíblia. Na carta aos Hebreus, há uma recomendação: "Seja constante o amor fraternal. Não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem o saber, alguns acolheram anjos" (Hb 13.1-2).
O texto traz duas palavras cheias de significado: hospitalidade e anjos. Hospitalidade, no original grego, é "philoxenia" —amor ao que nos é estranho, ao que vem de fora. Já "aggelos", traduzida como anjo, significa mensageiro. Em outras palavras, quem acolhe com amor o diferente pode, sem saber, estar ouvindo algo que vem do próprio Deus. Teria sido isso que João e Fernanda experimentaram naquele gesto de hospitalidade?
A maneira como o encontro se deu mostra que as fronteiras entre universos aparentemente distintos podem ser mais tênues e porosas do que muitos imaginam. A mesma sociedade que abriga uma travesti também forma evangelistas de rua. E, muitas vezes, esses mundos não apenas coexistem, mas se entrelaçam dentro das próprias comunidades.
Talvez, aos que não conhecem de perto a realidade do universo evangélico, toda família evangélica se assemelha às representações estereotipadas de um pai, uma mãe e filhos, todos frequentando cultos juntos e seguindo os mesmos valores. Mas, como pastor, meu cotidiano é feito de visitas a casas onde a realidade é bem mais diversa.
É mais comum do que se imagina encontrar um pai pastor e um filho gay ou trans sob o mesmo teto. E nem sempre esses ambientes são espaços de conflito, violência e rejeição. Alguns desses pais reconsideram seus dogmas, como o pastor Bill White e seu filho relataram em fevereiro pelo New York Times. Outros, embora mantenham sua fé e visão doutrinária, continuam amando e protegendo esse filho com dignidade.
O cotidiano da fé nem sempre resolve as tensões, mas pode oferecer lugar para que elas coabitem sem se destruírem.
O encontro casual do João Igor com a Fernanda na rua pode parecer inusitado, mas, para quem vive o chão das igrejas e das casas, ele é a metáfora viva de muitos lares evangélicos: complexos, contraditórios e, ainda assim, profundamente humanos. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Confissão de pastor faz evangélicos debaterem abuso espiritual
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Parte das pessoas que acompanham o debate têm tratado Paulo Junior como vítima
O pastor Paulo Junior, da Igreja Aliança do Calvário - @pr.paulojunioroficial no Instagram
Abuso de poder, Abusos de Poder na Igreja, Abuso de poder
Antropólogo e historiador, autor de 'Crentes' (Record) e 'Povo de Deus' (Geração), pesquisa cristianismo, mundo popular, mídias digitais e esportes de combate
Um pastor confessou na semana passada ter cometido um pecado e anunciou que, por esse motivo, estava deixando a igreja que ele criou e tornou famosa. Desde então, evangélicos não falam de outro assunto. Por quê?
Ainda sabemos pouco sobre o que o ex-pastor Paulo Junior fez. Mas, aparentemente, seu pecado não tem a ver com sexo fora do casamento, com beber ou usar drogas nem com roubar a congregação. Seu "crime" foi tratar mal as pessoas de sua igreja.
Em vez de algoz, Paulo Junior vem sendo tratado como vítima por parte das pessoas que acompanham o debate —como se a cultura woke e o vitimismo da geração Z tivessem abatido um "guerreiro do Evangelho". No Instagram, o número de seguidores dele continua aumentando.
Mas Paulo Junior é polêmico, conhecido por apontar publicamente o pecado dos outros. Por causa dessa postura, o pastor Silas Malafaia —que tem fama de julgar e criticar— profetizou que ele perderia seu ministério.
Paulo Junior é uma estrela no nicho calvinista do país —uma turma teologicamente mais intelectualizada, puritana e tradicionalista. Também é descrito como um desequilibrado emocionalmente, que não foi treinado em seminário para atuar como pastor.
Relatos de vítimas do ex-pastor nas redes sociais mencionam situações de humilhação pública. Por exemplo, mandar alguém trocar de roupa por achar a vestimenta imoral ou obrigar quem erra a comunicar a falta e pedir perdão a outros líderes da igreja.
O nome dado a esse pecado é "abuso espiritual". É parecido ao assédio moral, agravado pela posição do pastor —alguém que fala e age em nome de Deus. A vítima se resigna diante da perspectiva de ser excluída do emaranhado de afetos constituído na igreja e pela culpa de contradizer a vontade de Deus.
Diferente da agressão física ou sexual, o abuso espiritual não deixa marcas visíveis. Os efeitos ficam dentro, não fora do corpo.
Livros populares entre evangélicos, como "Uma Igreja Chamada Tov" e "Jesus e John Wayne", expõem práticas de assédio espiritual. Algumas vezes aparecem associadas à aproximação entre política e religião, à promoção de valores masculinos no estilo "cowboy" e à defesa da submissão das mulheres aos maridos.
O caso atual deve energizar evangélicos que sofrem ou sofreram abusos. Em comentário ao artigo do pastor Kenner Terra sobre o episódio, um leitor desabafa: "Eu costumava frequentar a Assembleia de Deus Brás 20 anos atrás, e só eu sei os abusos eclesiásticos que vi ali... Hoje nutro completa ojeriza por líderes religiosos".
Essas práticas não acontecem em todas as igrejas nem são exclusividade do campo evangélico. Igrejas são frequentemente espaços de acolhimento para quem está no "lixão das almas", descartado pela sociedade. Em tempos de polarização irracional, generalizar este caso provavelmente fortalecerá a liderança radicalizada.
Comentaristas influentes no campo, como Victor Fontana e Yago Martins, afirmaram que Paulo Junior errou, que as vítimas devem ser ouvidas e acolhidas e que pastores e suas comunidades devem repensar suas posturas. Isso é positivo. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Caminho da cruz
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Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
A cruz finaliza o processo da Paixão do Senhor, e tem um significado profundo e misterioso, fonte de esperança para a vida dos cristãos. Expressa e confirma a evidência da missão de Jesus Cristo, enquanto Deus e enquanto Homem. É na direção dela que o cristão faz o seu próprio caminho quaresmal, na expectativa feliz e alegre da Páscoa da Ressurreição, sabendo que a vida não termina ali.
A crucificação de Cristo, numa cruz, não tirou dos cristãos a alegria. Pelo contrário, porque nela a morte foi vencida pela vida, confirmando que Deus não é Deus da morte, mas da vida. A Páscoa é alegria pelo Cristo Ressuscitado, vivo e presente nas comunidades cristãs, como afirma o Evangelho: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20).
Nos momentos de grande sofrimento do povo da antiga Aliança, Deus vinha sempre em seu socorro. Por isto, libertou-o das mãos dos Faraós do Egito. O sofrimento causa desespero e atitudes preocupantes para uma sociedade, porque desestrutura as pessoas e as deixa “sem chão”, sem esperança. Podemos imaginar o desespero do passado, que não é diferente do formato dos dias de hoje.
Entende-se a cruz numa perspectiva de total esvaziamento pessoal. Assim é possível afirmar os dizeres do apóstolo Paulo, ao citar a expressão: “Por causa dele, perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo” (Fl 3,8). Isto choca profundamente com o pensamento e com a prática da cultura atual do consumismo, sem domínio e envernizada pelas atraentes vaidades individuais.
O cenário de fundo de toda essa realidade, mencionada acima, é mostrar o nível infinito da misericórdia de Deus. A vida das pessoas tem seus altos e baixos, tem a graça e o pecado, mas tudo culmina com a forma graciosa e generosa do agir amoroso do Senhor, sintetizada no perdão incondicional para todos aqueles que fazem o processo da conversão sugerido pelo tempo da quaresma.
Portanto, a cruz não é local de julgamento e condenação. É sim oportunidade de vida nova. Queriam apedrejar a mulher adúltera, com atitudes truculentas de feminicídio, da mesma forma que hoje está acontecendo, mas a atitude de Jesus foi totalmente outra, foi de perdão (cf. Jo 8,10-11). O que exigiu dela, para se tornar livre, foi assumir as consequências da cruz, isto é, não pecar mais. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Papa Francisco fala sobre 'tempo de cura' em mensagem no Vaticano
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Pontífice falta pela 7ª vez a oração do Angelus, mas diz em texto que 'fragilidade e a doença são experiências que nos unem'
O papa Francisco aparece na janela do hospital Gemelli antes de receber alta após cinco semanas de internação por pneumonia, em Roma - 23.mar.25 - Filippo Monteforte/AFP
Cidade do Vaticano | AFP
O papa Francisco, em recuperação no Vaticano após mais de cinco semanas hospitalizado por uma grave pneumonia, instou os católicos neste domingo (30) a viver a quaresma como um "tempo de cura", no sétimo Angelus, a tradicional oração dominical, em que não esteve presente.
O pontífice argentino, de 88 anos de idade, deixou o hospital Agostino Gemelli de Roma no domingo passado após 38 dias de hospitalização por uma pneumonia bilateral que colocou sua vida em perigo em duas ocasiões.
Jorge Mario Bergoglio agora deve continuar sua recuperação de pelo menos dois meses, com terapias de reabilitação e sem atividades públicas, de acordo com os médicos.
Francisco voltou a se ausentar neste domingo para a oração do Angelus, que costuma ser pronunciada ao meio-dia no horário local de uma janela do Palácio Apostólico com vista para a Praça São Pedro. Em substituição, um texto do papa foi divulgado.
"Queridíssimos, vivamos esta Quaresma, especialmente no Jubileu, como um tempo de cura", escreveu Francisco, referindo-se ao período que antecede a Páscoa, a mais sagrada celebração do calendário cristão que este ano será no dia 20 de abril.
"Também estou experimentando assim, na alma e no corpo", acrescentou. E continuou: "A fragilidade e a doença são experiências que nos unem a todos; mas com mais razão somos irmãos na salvação que Cristo nos deu".
A Santa Sé informou na sexta-feira (28) que o papa apresentava "leves melhorias" e progressos em sua capacidade de falar. Antes de deixar o centro médico, o papa apareceu publicamente com aparência fraca, inchada e com a voz frágil, respirando com dificuldade. Foi a hospitalização mais longa de seus 12 anos à frente da Igreja Católica.
O papa Francisco acena a fiéis em sua primeira aparição pública após quase 40 dias internado e antes de receber alta do hospital Filippo Monteforte/AFPMais
O jesuíta argentino também ofereceu neste domingo suas orações pelas vítimas dos conflitos na Ucrânia, nos territórios palestinos e em Israel, no Líbano, na República Democrática do Congo e em Mianmar, país atingido por um terremoto. Também disse que acompanha "com preocupação" a situação no Sudão do Sul, onde nas últimas semanas os confrontos entre facções rivais que lutaram na guerra civil de 2013-2018 se intensificaram. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Aquela praça vazia e o pastor em sintonia com o mundo
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Há cinco anos da Statio Orbis para a oração em tempos de pandemia.
Andrea Tornielli
Cinco anos se passaram desde que o Papa Francisco, sozinho, caminhava até o sagrado da Basílica de São Pedro. Chovia naquela noite. A praça estava dramaticamente vazia, embora milhões de pessoas em todo o mundo estivessem sintonizadas com ele, grudadas em suas telas de TV, ainda presas na longa quarentena de lockdown, com medo do vírus invisível que estava colhendo tantas vítimas e levando-as para as unidades de terapia intensiva dos hospitais, sem que seus parentes pudessem vê-las, saudá-las ou até mesmo celebrar as exéquias.
Com aquele gesto, com aquela oração e, depois, com a missa diária na capela de Santa Marta, o Sucessor de Pedro se fez próximo de todos. Havia incluído todos no abraço da praça vazia, na bênção com o Santíssimo, no simples gesto de beijar os pés do crucifixo que parecia lacrimejar por estar exposto às intempéries do clima inclemente de uma noite de início de primavera. “Estava em contato com as pessoas. Não estive sozinho em nenhum momento...”, contaria o Papa algum tempo depois. Só, mas não sozinho. Em oração por um mundo perdido. Uma imagem poderosa, inesquecível que marcou o pontificado.
Naquela ocasião, Francisco disse, dirigindo-se a Deus: “chamas-nos a aproveitar este tempo de prova como um tempo de decisão. Não é o tempo do teu juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros”. Nos meses seguintes, teria repetido que “de uma crise nunca se sai como antes, nunca. Saímos melhores ou piores”.
Cinco anos depois, olhando ao redor, é impossível afirmar que saímos melhores, com um mundo dilacerado pela violência dos senhores da guerra, que pensa em rearmamento em vez de combater a fome.
Não estamos mais em quarentena, e agora a situação se inverteu: a praça está cheia de pessoas que celebram o Jubileu, e quem não está lá agora é o bispo de Roma, que reza por nós e pela paz do seu quarto na Santa Marta, recuperando-se de uma grave pneumonia. Mas aquela harmonia não foi quebrada. E as suas palavras da época são mais atuais do que nunca: ainda hoje, especialmente hoje, é “tempo de escolher o que conta e o que passa”. Fonte: https://www.vaticannews.va
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