Quando ela chegar

Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista.

Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 2 de agosto-2017.

 

Quando ela chegar não adianta mentir

Ela conhece a nossa história e as nossas desculpas.

Quando ela chegar não vamos fingir de sonso

Ela conhece o nosso olhar e o nosso pensamento.

 

Sim, nos caminhos da vida poderíamos ter feito o bem

Agora ela não vai mais dar uma segunda chance.

Sim, fomos egocêntricos e intransigentes

Agora não adiante chorar o leite derramado.

 

Quando ela chegar não adianta apelar para Deus

Tivemos toda uma vida para amar a vida e o próximo.

Quando ela chegar não adianta prometer mudanças

A nossa vida foi uma eterna caminhada quebrando promessas.

 

Sim, a cada dia sempre tínhamos algo para reclamar

Agora só resta parar e lamentar as noites escuras.

Sim, poderíamos ter cantando a beleza da vida

Mas gostávamos mesmo era de amaldiçoar cada dia.

 

Quando ela chegar não adianta meias verdades

Se fomos nós criadores e cultivadores da mentira.

Quando ela chegar não vamos fingir de super-humanos

Se na verdade fomos verdadeiros animais nas relações.

 

Sim... Seja Bem-vinda IRMÃ MORTE!

Comentário do Frei Petrônio de Petrônio, Padre Carmelita e Jornalista/RJ.

Como compreender o Evangelho do 17º Domingo do Tempo Comum (Mt 13, 44-52) na era digital e da lucratividade da religião? Hoje, o nome JESUS, DEVOÇÃO, NOSSA SENHORA... É rentável, gera lucro... Escolher o reino, digo, a vocação sacerdotal ou religiosa é muitas vezes- quase sempre- ter o futuro garantido em uma ordem religiosa, comunidade de vida, diocese, arquidiocese ou congregação.

E como não falar dos Padres e Pastores midiáticos PopStar que, em nome de Jesus- e da religião- tem a sua lucratividade diária? Aliás, alguns (as) são patrocinados pela grande mídia ou pela “TV Católica” que constroem verdadeiros impérios da comunicação em nome de Jesus Cristo. E mais! O que dizer de algumas instituições que em nome dos pobres e de Jesus Cristo aumentaram a sua conta bancária? Será de fato o Jesus do Evangelho desse domingo?  

Para não radicalizar, acho que a palavra VALOR é o caminho para o olhar desse domingo. Mesmo sabendo que o JESUS DE HOJE GERA LUCRO, usamos dos bens adquiridos EM NOME DE JESUS para construir pontes onde os marginalizados e esquecidos da sociedade possam passar ou construímos muros?     

O Frei Petrônio de Miranda, Carmelita, Delegado Provincial da Ordem Terceira do Carmo, deixa uma mensagem para os devotos da Mãe dos Carmelitas neste dia 16. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 16 de julho-2017.

Por Frei Petrônio de Miranda, Padre e Jornalista Carmelita.

 

Deus disse: “Faça-se a luz”. (Gên 1,3). 

Nós dizemos: Que venha a treva do ódio e da guerra.

Deus disse a Noé: Constrói uma arca contra o dilúvio. (Gênesis 6: 13, 14).

Nós dizemos: Destruamos a natureza e vamos lucrar.

Pedro disse: “Para onde iremos Senhor? Só tu tens palavra de vida eterna”. (João 6, 68).

Nós dizemos: Existem vários caminhos, várias opções, o importante é gozar a vida. 

Será a nossa palavra de vida ou de morte?.  

 

Deus disse a Moisés: Eu ouvi o clamor do meu povo e desci para salvar (Ex 3,7-8)

Nós dizemos: Vamos explorar e escravizar os migrantes, os negros e os índios.

Deus disse a Elias: Pegue o caminho de volta (1º Reis, 19, 15).

Nós dizemos: É melhor cruzar os braços diante das dificuldades da vida.

Paulo disse: “O amor é paciente, tudo suporta, não tem inveja, não guarda rancor e não se irrita”. (1 Coríntios 13)

Nós dizemos: O amor tem prazo de validade, tem marca, tem preço, tem cor e tem etnia.

Será a nossa palavra de vida ou de morte? 

 

Deus disse ao seu povo: Não tenha medo, pois estou com você (Isaias 41, 10).

Nós dizemos: A falta de fé e a depressão me consomem dia e noite.

Deus disse a Jacó: “Todas as famílias da terra serão abençoadas por meio de ti”. (Gênesis 28,14)

Nós dizemos: Sinto-me sozinho, Deus não me escuta... Deus não existe. 

O Anjo disse: “Não tenhas medo José”. (Mt 1, 20).

Nós dizemos: Esta cidade me assusta, as pessoas me assustam, tenho medo do medo.

Será a nossa palavra de vida ou de morte? 

 

Deus disse a Abraão: Sai da tua terra e vai (Gênesis 12:1-5)

Nós dizemos: Nada vai dar certo, prefiro ficar aqui.

Deus disse a Samuel: Eu vejo o homem não pela aparência, mas pelo coração.

(1º Samuel 16, 7)

Nós dizemos: O que importa é a cor, a classe social e a conta bancária.

JÓ Disse: “Nu eu saí do ventre de minha mãe e nu para lá eu voltarei”. (JÓ 1, 21).

Nós dizemos: Ano bom é com muito dinheiro no bolso, prestígio e lucratividade.

Será a nossa palavra de vida ou de morte? 

 

Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida”. (João 11, 25).

Nós dizemos: O mundo não tem jeito, tudo está perdido!

Que as nossas palavras sejam geradoras de vida...

Na Festa de São Pedro e São Paulo-Dia do Papa- veja o vídeo-homilia do Frei Petrônio de Miranda, Carmelita, celebração eucarística de entrada dos irmãos e irmãs da Venerável Ordem Terceira do Carmo de São João del Rei-MG. A Missa foi celebrada por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Delegado Provincial para Ordem Terceira do Carmo. São João del Rei-MG. 1º de julho-2017.

O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista, direto do Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro, reza as Laudes - Oração da manhã da Liturgia das horas, nesta terça-feira, 27.  Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 27 de junho-2017. DIVULGAÇÃO: www.olharjornalistico.com.br

HINO A SÃO JOÃO BATISTA

1 - Um dia, na Galileia / Um homem chamado João /:

Falava com ternura de amor aos seus irmãos. (bis)

2 – Seu rosto resplandecia/ A paz que ele trazia,/:

Fazei penitência, sempre, sempre João dizia. (bis)

Refrão: Viva João Batista! / Viva o precursor! /:

Porque João Batista anunciava o Salvador. (bis)

3- Às margens do Jordão, João batizava o povo, /:

Dizendo que Deus iria instaurar / um Reino Novo! (bis)

4- Às vezes João se sangava/ com os duros de coração/:

Dizendo que já estava muito perto a salvação (bis)

Por Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista, Rio de Janeiro.

Convento do Carmo, São Paulo. 06 de maio-2012. (Atualização: Convento do Carmo de Salvador- BA. 15 de junho-2017)

Ó Jesus no ventre materno
Em Maria a gerar.
Olha para as mães grávidas
Sem família e sem um lar.
Junta todos os pedaços
De sangue, suor e dor.
Ó meu Jesus Eucarístico,
Vem mostrar o teu amor! 

Sacramento do amor
Pão da vida salutar.
Os sem teto chorando
Seu suor a derramar.
Ó meu Jesus Eucarístico
Este povo a clamar.
Junta todos os pedaços
Venha logo ajudar!

Com os Mártires da ética
Nós vamos vos adorar.
Ó meu Jesus Eucarístico
Quanto sangue a derramar.
Estas vidas em pedaços
Este povo a caminhar.
Com os jovens sem futuro 
Nós iremos vos clamar!

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A todos saber amar.
Este Brasil em pedaços
Este povo a protestar.
Ó meu Jesus Eucarístico
Vem logo nos ajudar.
Abraça a mãe solteira
E a viúva a chorar!

Estas famílias sofridas
Os desempregados a lutar.
Destrói do nosso país 
A corrupção a matar.
Ó meu Jesus Eucarístico
Vem logo nos confortar
Estas vidas em pedaços
Este país a sangrar!.


Os negros tombando por terra
Sem a justiça encontrar.
Suas vidas em pedaços
Nas favelas a lamentar.

Ó meu Jesus Eucarístico
Vem logo nos amparar.
Quebra toda corrente
Que possa aprisionar!

No silêncio da madrugada

O suicídio a vencer.

Indígenas e Quilombolas

Sem sonhos para viver.

Ó meu Jesus Eucarístico
Venha sempre nos alentar.
Estas vidas em pedaços
Precisam Ressuscitar! 

Nos corredores do Poder

A mentira a corroer.
A violência levando vidas
A corrupção a vencer.
Ó meu Jesus Eucarístico,
Vem logo nos socorrer.
Estas vidas em pedaços
Contigo vamos vencer!

Se depender de oração
Este povo vai se salvar.
Com as novenas e rezas
Todo o povo a suplicar. 
Mas as vidas em pedaços
Quem poderá ajuntar?
Ó meu Jesus Eucarístico,
Venha conscientizar!

Nesse tempo da Lava Jato
E da propina a vencer.

Às vidas despedaçadas
O Povo sempre a correr.
Ó meu Jesus Eucarístico,
Vem logo nos socorrer.
Livra-nos da corrupção
E mostra o amanhecer!


Em cada cidade clamamos
Meu Jesus libertador.
Olha pelo nosso Brasil
Com carinho e com amor.
Ó meu Jesus Eucarístico.
As lágrimas vêm amparar.
Estas vidas em pedaços
Os cacos vêm logo juntar!

O MENINO, A CONCHA E SANTO AGOSTINHO.

Andando pela praia, após passar dias e dias tentado desvendar o mistério da Trindade, Santo Agostinho submergia vez em pensamentos profundos que se elevavam ao céu. Pensava ele; “Como é que pode haver três Pessoas distintas – Pai, Filho e Espírito Santo – em um mesmo e único Deus?”

Ele avistou, de repente, um menino com uma Conchinha que ia até a água do mar, enchia a sua Concha e voltava, despejando a água em um buraco na areia.

Santo Agostinho, observando atentamente o menino, lhe perguntou:

– O que estás fazendo menino?!

O menino, com grande simplicidade, olhou para Santo Agostinho e respondeu:

– Coloco neste buraco toda a água do mar!

Diante da inocência do menino, o santo lhe sorriu e disse:

– Isto é impossível, menino. Como podes querer colocar toda essa imensidão de água do mar neste pequeno buraco?

O menino, que na verdade era um anjo de Deus o olhou então profundamente e lhe disse com voz forte:

– Em verdade, te digo: é mais fácil colocar toda a água do oceano neste pequeno buraco na areia do que a inteligência humana compreender os mistérios de Deus!

MORAL DA HISTÓRIA:

1-O Mistério da Trindade Santa não é para se compreender, mas contempla e amar.

2- Os nossos olhos humanos enxergam números, cálculos e perguntas com respostas. Já Deus enxerga com o amor infinito que não tem respostas ou régua para medir o tamanho da sua bondade.

3º- Na Festa da Trindade não celebramos três pessoas ou três deuses, mas Um Único e Verdadeiro Deus.

MENSAGEM E ATUALIZAÇÃO PARA OS NOSSOS DIAS

Vivemos no “mundo” das mídias sociais onde a conversa-diálogo acontece do “outro” lado. Não, não!  Somos COMUNIDADE! Repito, COMUNIDADE! Deus nos fez comunidade e que habitar e ser em comunidade. Podemos até usar o WhatsApp para nos comunicar com os nossos filhos e amigos, mas nada, NADA substitui o olho no olho, a conversa em torno da mesa e o sorriso comunitário.

Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ. E-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.. Site: www.olharjornalistico.com.br Face: www.facebook.com/freipetros

Convento do Carmo de Salvador -BA. 11 de junho-2017. Festa da Santíssima Trindade.   

Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista.

Quando nasci, percebi que ele estava do meu lado. Com ele aprendi a dar os meus primeiros passos. O olhar carinhoso estava sempre me vigiando, não para punir, castigar ou criticar, mas para guiar uma caminhada até então inocente de muitos sonhos.

 Na adolescência, tive as primeiras decepções, tristezas e incertezas no contato com às pessoas. Em nenhum momento, ele me decepcionou, ao contrário, foi uma seta indicando os  passos no caminhar de alegria mas também de tristeza.

Fui ingrato quando ele fechou as primeiras portas. Não compreendi e insisti nos meus meus projetos que até então pareciam promissores. Olhei nos olhos dele com o coração ferido. Ele, como que dono da verdade, não me castigou ou esqueceu a minha companhia, ao contrário, ficava ali do meu lado, silencioso.

Os anos se passaram, tive que trabalhar, ganhar a vida e dar sentido à minha existência. Agora, não com a inocência de uma criança ou as fantasias de um adolescente. Era tempo de botar o pé na tábua e ir à luta. Ele, este sim, foi sempre presente nesta aventura de adulto e conquistador.

Quando recebi o primeiro salário, fomos festejar e fazemos compras. Agradeci o seu esforço e paciência na construção da minha história; rimos das conquistas e choramos juntos ao lembrarmos das quedas e das pedras encontradas no caminho. Senti no seu olhar um mal contentamento, parecia que os seus olhos queriam me dizer algo, mas preferi ficar em silêncio. O que seria? O que ele estaria pensando em me falar? Pensei em questioná-lo, mas me contive no silêncio angustiante, cortando o meu ser.

Os dias se passaram e finalmente chegou a manhã fatal. Não era noite, mas a neblina invadia a varanda da nossa casa e tudo ficou escuro. Ouvia vozes, choro, correria. Da janela do meu quarto, fui avisado que a impiedosa morte tinha levado os meus pais. Neste momento de lamento e cruz duas senhoras vinheram me consolar, e mesmo naquela hora eu estava tranquilo. Alguns perguntavam; como você consegue ter esta calma? Nesta hora, não tive como negar, olhei no horizonte e falei que ele, O TEMPO, foi a minha primeira escola e a melhor companhia. Com ele, aprendi a ser gente e me fazer homem. O tempo, este sim, foi  o meu melhor amigo.

Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista.

No cenário sagrado do Mosteiro de São Bento, no coração de São Paulo, a suntuosa construção com suas colunas esplêndidas e suas imagens artísticas de anjos nos remete a idade média através do canto gregoriano dos monges Beneditinos, dos ritos e das belas celebrações. Diante desse cenário a “caverinha” do seu Pedro Barbosa parece avisar que alguma coisa está fora da ordem e que de fato estamos em um novo tempo. Sim, refiro-me a música brega, o protesto dos fatos e acontecimentos do cotidiano da grande metrópole através da expressão musical do artista, cantor e compositor de rua, Pedro Barbosa, natural de São José dos Pinhais, no Paraná. “Meu nome artístico é caveirinha porque criei este boneco para me ajudar a tocar e ganhar a vida”, afirma o músico apontando para o boneco vestido com trajes de  roqueiro manuseando pelos seus próprios pés, criando assim uma sintonia entre a bateria, a música e o violão. 

O paranaense encara o seu lado artístico enquanto meio de sobrevivência e vê com naturalidade o seu trabalho nas ruas de São Paulo. Perguntado sobre essa opção pela música de rua ele não tem vergonha em afirmar: “Sempre trabalhei, quando fiquei com certa idade não conseguia mais trabalho para sustentar os meus cinco filhos, eles precisavam sobreviver. As firmas não querem idosos, daí vim pra rua ganhar a vida com a música”. Esta afirmação do artista do povo traz em sua fisionomia a luta pela sobrevivência na baixada da glicéia, na liberdade, e a irreverência de um brasileiro que viu na expressão musical uma saída alternativa não apenas para ganhar o pão, mas para se autoafirmar no meio da multidão anônima e solitária da grande metrópole.

A simplicidade do “caveirinha”  e o seu jeito perspicaz atrai o público na frente do Mosteiro de São Bento ao som do seu surrado violão. “As minhas músicas falam de corno e futebol, corno eu nunca fui, tenho 26 anos de casado, mas gosto de futebol. Falo também da vida, de casos da tv, lembra a Izabela do prédio? Sabe, eu tenho uma música daquela triste história, coisa feia moço!”. Após contar o fato ele começa a narrar a tragédia da morte da criança jogada do sexto andar do Edificil London no destrito da Vila Guilherme, em São Paulo, na noite do dia 29 de março de 2008. Durante a música, com a melondia triste e a letra melacólica, seu Pedro e a sua caveirinha conseguem milagrosamente juntar transeunte sempre apreçados e agintados. Por alguns minutos o barulho do centro parece parar, as nuvens enegrecidas e o voo dos pombos sobre o templo religioso parece se unir ao tocador e todos; artista, natureza e público, voltam no tunel do tempo através dos versos sangrentos e o grito de dor da triste história paulistana onde o mistério dos fatos e a violência vitimou uma criança.

Questionado sobre a facilidade em se expressar através da música ele confessa uma limitação: “Não gosto de cantar música de política ou do povo que mora na rua, aqueles  que vivem na cracolância. Não, são histórias que não gosto, não consigo fazer rima”. Após fazer esta declação chega um jovem e pede pra ele cantar, “Prá não deizer que não falei das flores” e o seu Pedro foi categórico. “Não, não toco, não sei, não gosto”. Mesmo assim o admirador anônimo coloca uma moeda na sua caxinha de contribuição. Em retribuição ele diz: “Vou tocar uma música sobre o seu time de fotebol”, em seguida, como se estivesse agradecendo pela contribuição faz alguns versos no violão e na voz sobre o Flamengo. Após receber esta ajuda, sempre bem vinda para alimentar a família, ele faz algumas críticas aos músicos de rua: “Tem gente que acha que a rua é para vender CD, DVD e aí a polícia leva. Não vivo disso, sou sou profissional, quem quiser deixa na caixinha a sua ajuda”.

O paranaense e artista das praças, dos morros, dos becos e das favelas faz questão de afirmar que todos os seus filhos já tocaram ou cantaram. “Eu sempre cantei, os meus filhos sempre tocaram ou cantaram. Já tive na Favela da Rocinha no Rio de Janeiro cantando nas ruas e sempre fui respeitado. Tem autoridade policial que as vezes quer me pertubar, tirar o meu ganha pão, mas sempre fui defendido pelo povo que gosta das minhas canções”. Questionado sobre a sua opção religiosa ele faz uma afirmação teológica e filosófica sob o ponto de vista do sagrado: “Tenho muita fé em Deus, mas não sou de religião nenhuma”.

Após diversas perguntas do nosso grupo e várias apresentações do seu valioso trabalho artistico e cultural, ele termina declamando alguns versos sobre São Paulo e saudando os presentes com a sua voz bastante cansada, mas cheia de vigor e sabedoria popular.

Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista. 

Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 4 de junho-2017

 

O que é rezar?

Rezar não é pedir

É sair do nosso individualismo

É saber silenciar

É reconhecer-se pecador

É não fingir que somos santos.

 

O que é rezar?

É solidarizar-se com o indigente

É acolher o pobre, o órfão e a viúva.

É abrir os olhos para a realidade

É ser crítico, enérgico e sensível.

É sujar as mãos em defesa da vida.

 

O que é rezar?

É perceber Deus nos guiando

É ser humilde e humano

É trilhar o caminho estreito

É assumirmos as virtudes de Maria

É ver Deus nas noites escuras do dia-a-dia.

 

O que é rezar?

É um diálogo amigo e fraterno

É um momento não de pensar, mas de amar.

É ver o mundo com os olhos de Deus

É escutar o silêncio no barulho das metrópoles

É se identificar com o Crucificado.

 

O que é rezar?

É não ter medo de conhecer as limitações

É caminhar na contra mão e encontrar Deus

É descer na sujeira da vida e purificar-se

É esperar por Deus até o último segundo

É contemplar Deus nas sujeiras da vida.

 

O que é rezar?

É silenciar diante da morte e olhar prá ressurreição

É acreditar em Deus mesmo nas tempestades

É saber calar nas interrogações da vida

É enfrentar a cruz com os pés no chão

É não fugir da realidade ou fingir que não vê.

 

O que é rezar?

É não se preocupar com as palavras

É não ter medo de ser frágil como um vaso

É reconhecer-se único e amado pelo Criador

É poder viver intensamente os momentos comuns

É não ter a pretensão de aprisionar o sagrado

Rezar, o que é rezar...